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COLÉGIO PEDRO II CAMPUS REALENGO II ATIVIDADE 11 DE GEOGRAFIA 1º ANO ENSINO MÉDIO 2/07/2020 Olá primeiro ano, hoje vamos trabalhar sobre os tipos de rocha e a mineração. A maior parte do texto foi retirado do livro didático de vocês: “Geografia no Cotidiano”. A litosfera, conhecida também como crosta terrestre, é a camada sólida que se encontra na superfície do planeta Terra. É a camada que compõe os continentes terrestres e os fundos oceânicos. Assim, podemos dizer que a litosfera é uma espécie de “casca” do planeta. As rochas que compõem a litosfera Desde as primeiras sociedades humanas, os recursos minerais, como rochas e minerais, têm sido utilizados com diversos fins: instrumentos de caça, construção de abrigos, calçamentos de estradas, armas, ferramentas e moedas. Os mais cobiçados sempre foram os materiais metálicos, como ouro, prata, cobre, zinco, por suas diversas utilizações. Estudar as rochas envolve não somente conhecimento científico, mas também suas aplicações econômicas. Por definição as rochas são conjuntos de um ou mais minerais sólidos que se originam de forma natural na crosta terrestre. Elas variam em relação às características como forma, cor, textura e tamanho. Podem ser classificadas em: magmáticas ou ígneas, sedimentares e metamórficas. Rochas magmáticas ou ígneas São formadas pelo processo de resfriamento e consolidação do magma. Quando o magma se solidifica lentamente no interior do planeta, dá origem às rochas intrusivas ou plutônicas. O exemplo mais comum desse tipo de rocha é o granito, bastante utilizado na fabricação de pias, pisos e calçamentos. Quando o magma expelido pelos vulcões se resfria na superfície dá origem as rochas extrusivas ou vulcânicas, como o basalto. Na atividade 10 apareceu o termo “rochas basálticas” para explicar a formação do aquífero Guarani, no Sul do Brasil.

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COLÉGIO PEDRO II – CAMPUS REALENGO II

ATIVIDADE 11 DE GEOGRAFIA

1º ANO – ENSINO MÉDIO

2/07/2020

Olá primeiro ano, hoje vamos trabalhar sobre os tipos de rocha e a mineração. A maior parte

do texto foi retirado do livro didático de vocês: “Geografia no Cotidiano”.

A litosfera, conhecida também como crosta terrestre, é a camada sólida que se encontra na

superfície do planeta Terra. É a camada que compõe os continentes terrestres e os fundos oceânicos.

Assim, podemos dizer que a litosfera é uma espécie de “casca” do planeta.

As rochas que compõem a litosfera

Desde as primeiras sociedades humanas, os recursos minerais, como rochas e minerais, têm

sido utilizados com diversos fins: instrumentos de caça, construção de abrigos, calçamentos de

estradas, armas, ferramentas e moedas. Os mais cobiçados sempre foram os materiais metálicos,

como ouro, prata, cobre, zinco, por suas diversas utilizações. Estudar as rochas envolve não somente

conhecimento científico, mas também suas aplicações econômicas.

Por definição as rochas são conjuntos de um ou mais minerais sólidos que se originam de

forma natural na crosta terrestre. Elas variam em relação às características como forma, cor, textura

e tamanho. Podem ser classificadas em: magmáticas ou ígneas, sedimentares e metamórficas.

Rochas magmáticas ou ígneas

São formadas pelo processo de resfriamento e consolidação do magma. Quando o magma se

solidifica lentamente no interior do planeta, dá origem às rochas intrusivas ou plutônicas. O exemplo

mais comum desse tipo de rocha é o granito, bastante utilizado na fabricação de pias, pisos e

calçamentos.

Quando o magma expelido pelos vulcões se resfria na superfície dá origem as rochas

extrusivas ou vulcânicas, como o basalto. Na atividade 10 apareceu o termo “rochas basálticas” para

explicar a formação do aquífero Guarani, no Sul do Brasil.

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Rochas sedimentares

Essas rochas se formam do processo de intemperismo físico e químico pelo qual passam

outras rochas. O intemperismo ocorre em virtude dos agentes externos, principalmente o vento e as

águas, que causam a erosão das rochas. Em seguida, os sedimentos – fragmentos de rochas de

diversos tamanhos) são transportados e depositados em áreas mais baixas, onde as camadas

inferiores sofrem um processo de compactação.

Devido ao processo de erosão essas rochas estão dispostas em camadas, de acordo com o

material de origem. Destacam-se nesse grupo o arenito (utilizado em materiais de construção), o

calcário (usado na agricultura) e o carvão mineral. Veja abaixo algumas fotos de rochas

sedimentares:

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Rochas metamórficas

Resultam da transformação – metamorfismo – de uma rocha já existente. Esse processo

geológico ocorre por causa de transformações de temperatura, pressão ou atrito às quais as rochas

passam a ser submetidas. Como exemplos de rochas metamórficas podemos citar o gnaisse

(originário do granito) e o mármore (originário do calcário), usados principalmente na indústria de

construção civil.

Observe nas figuras abaixo o ciclo das rochas que foram citadas acima:

Esquema de Ciclo das Rochas. Fonte: http://rst.gsfc.nasa.gov/Sect2/rock_cycle_800x609.jpg

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Províncias geológicas

A distribuição dos vários tipos de rocha na superfície terrestre determina a localização das

grandes formações geológicas estruturais do planeta, as províncias geológicas:

Escudos cristalinos ou escudos antigos – constituem imensos blocos de rochas antigas, com

idade que varia de 900 milhões a 4,5 bilhões de anos. Esses escudos são constituídos de rochas

cristalinas (magmático-plutônicas), formadas em eras pré-cambrianas, ou de rochas

metamórficas que se formaram a partir de rochas sedimentares, como o mármore, no

Paleozoico. São resistentes, estáveis e, por serem muito antigas, estão desgastadas por processos

erosivos. No Brasil, essa província geológica corresponde a 36% do território e divide-se em

duas grandes porções: o escudo das Guianas e o escudo Brasileiro. Nessas áreas, existem as

principais províncias mineralógicas do país, como o Quadrilátero ferrífero, a Serra dos Carajás

e o Maciço do Urucum, ricas em minerais metálicos, como ferro, ouro, manganês, bauxita.

Níquel e cobre.

Bacias sedimentares – constituem grandes áreas que, por serem mais baixas que as do seu

entorno, foram preenchidas por detritos ou sedimentos das áreas próximas. Esse processo se

iniciou após a solidificação da crosta e continua até hoje. Nessas áreas, existem minerais fósseis,

como petróleo, carvão, xisto e gás natural. No Brasil, elas correspondem a 64% da superfície

do território, constituindo grandes bacias, como a Amazônica, do Paraná e do Pantanal. Vale

salientar que apenas podemos encontrar fósseis em bacias sedimentares.

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Mapa das bacias sedimentares no Brasil

Fonte: http://recursomineralmg.codemge.com.br/historia-geologica-de-minas-gerais/

Dobramentos modernos – são estruturas formadas por rochas magmáticas e sedimentares

pouco resistentes. Foram influenciadas por forças tectônicas durante o período Terciário e

deram origem às cadeias montanhosas ou cordilheiras. Em regiões como os Andes, as

Montanhas Rochosas e o Himalaia ocorrem terremotos e atividades vulcânicas. Veja abaixo

exemplos de dobramentos modernos:

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Fonte: https://www.sobregeologia.com.br/2018/03/dobras-e-relevos-em-estruturas-dobradas.html

Minerais

Os minerais são encontrados em todos os tipos de rocha. São bastante usados nas atividades

humanas e podem ser classificados em metálicos – como ferro, manganês, bauxita, ouro, prata, etc

– e não metálicos – como carvão, quartzo e rubi. Muitos minerais constituem metais preciosos,

como o ouro, a prata e o diamante.

Atualmente, os minerais metálicos e não metálicos são empregados de inúmeras formas,

como fogões, geladeiras e automóveis que são feitos com chapas de aço ou ferro; latas de

refrigerante que são feitas de alumínio; fios elétricos de cobre; garrafas de plástico que são

produzidas com a transformação do petróleo.

Esses recursos são intensamente explorados nos dias atuais e virtude do padrão de grande

parte das sociedades humanas, principalmente nos países mais industrializados. Os minerais são

recursos naturais não renováveis, portanto, seu aproveitamento deve ser feito de forma racional.

Toda atividade minerária causa grande impacto ambiental – desmatamento, poluição dos

recursos hídricos com sedimentos e metais pesados, rebaixamento do lençol freático, contaminação

do ar, perda de biodiversidade, modificação na paisagem, etc. Seguem abaixo algumas fotos da

extração mineral.

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Observe abaixo as imagens de satélite – de uma mesma área antes (2016) e depois (2019) –

mostrando o impacto do garimpo ilegal em território Yanomami, no Estado do Amazônas.

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Abaixo, segue um artigo, publicado em uma revista nacional, que aborda de forma ampla os

impactos sociais da mineração no Brasil. Leia atentamente o texto e faça os exercícios ao final.

Luiz Jardim Wanderley

Por trás dos desastres e conflitos da mineração

Revista Ciência Hoje

Junho de 2019 / Edição no 355

“Aceleração e queda no mercado global do setor estão associadas a afrouxamento

da legislação ambiental e práticas das companhias que privilegiam o lucro em

detrimento da segurança humana e da proteção ao meio ambiente”

A mineração é uma atividade secular em terras brasileiras. Existe desde o século 16, quando

os bandeirantes colonizadores encontraram os primeiros minérios de ouro nos arredores da atual

região metropolitana de São Paulo. A atividade mineral foi propulsora de transformações

representativas: abertura de rotas, formação de cidades, ocupação do território colonial e expansão

da fronteira política. Sobretudo a partir do século 18, por conta da expansão da mineração de ouro

e diamante em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso.

Apesar da histórica e intensa relação com a mineração, o Brasil nunca discutiu tanto seus

impactos como hoje, após os desastres sociotécnicos recentes decorrentes dos rompimentos das

barragens da Samarco/Vale/BHP Billiton, em Mariana, e da Vale, em Brumadinho, ambas em Minas

Gerais. Mas por que grandes desastres envolvendo a atividade mineradora têm sido cada vez mais

comuns? De que forma a mudança no mercado global de minério está associada a esse cenário

catastrófico e violento?

Antes de responder a essas perguntas, é importante voltar no tempo para observar as estreitas

e contínuas ligações da atividade com o país. O Brasil sempre teve papel de destaque no setor

internacionalmente. Durante o século 18, foi o principal produtor de ouro no mundo: daqui saíram

quase dois terços de todo o metal aurífero extraído no planeta. E, ainda hoje, o país mantém sua

relevância global no setor. Em 2017, foi o segundo maior exportador de minérios, com 11% do valor

total das exportações mundiais, atrás apenas da Austrália (28,5%) – segundo dados do Banco

Mundial.

A produção brasileira está em primeiro lugar mundial na extração de nióbio; segundo em

bauxita e amianto; terceiro em ferro e estanho; e quinto em manganês. Em 2014, os minérios

sozinhos representavam 13% das exportações brasileiras, mas uma participação no Produto Interno

Bruto (PIB) de quase 5%.

Mesmo com passado e presente conectados à mineração, a população brasileira não costuma

se ver e se identificar como uma sociedade minerada. As exceções são regiões pontuais como Minas

Gerais, cujo nome faz referência a uma pretensa vocação mineral ou mesmo à inevitabilidade da

mineração como via para o desenvolvimento.

Assim, sempre foi difícil promover um debate nacional sobre a questão da mineração, que

foi sistematicamente tratada como um problema pontual, circunscrito à mina e sem maiores efeitos

para a sociedade brasileira, como um todo. Isso até os desastres recentes, que contabilizaram

centenas de mortos, desaparecimento de comunidades e enormes danos ambientais e mudaram os

olhares dos brasileiros sobre a atividade, seus impactos e retorno à sociedade.

O boom das commodities e os desastres

Mas se a atividade está presente de modo tão intenso no país há séculos, o que mudou a

ponto de desastres se tornarem mais frequentes? Nas últimas duas décadas, a mineração ganhou

ainda mais escala de produção no Brasil, acompanhando o crescimento nos preços

das commodities minerais no mercado internacional entre 2002 e 2011, período conhecido

como boom dascommodities.

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Para aproveitar a maior oportunidade de lucratividade com a comercialização de minérios,

as corporações de mineração promoveram uma rápida expansão de novos projetos em novas regiões

e a intensificação da exploração mineral em regiões historicamente mineradas.

O Estado brasileiro foi um fundamental entusiasta do avanço das mineradoras, destinando

empréstimos por meio de bancos públicos com juros baixos, concedendo isenções fiscais e

flexibilizando legislações ambientais, sobretudo, por meio da aceleração do licenciamento

ambiental e da inação em políticas de fiscalização e controle da atividade.

Com a baixa regulação estatal, as mineradoras podem priorizar as decisões econômicas

acima das de segurança, como a realização de estudos de impacto insuficientes e limitados, a

promoção de procedimentos construtivos impróprios tecnicamente ou com o uso de materiais de

pior qualidade, e até a promoção de operações irregulares ou mesmo ilegais.

Talvez o exemplo hoje mais conhecido da população seja a escolha de técnicas mais baratas

e perigosas, como as barragens de rejeito a montante, usadas em Mariana e Brumadinho. Nessa

técnica, a barragem se eleva conforme a quantidade de rejeitos aumenta, apresentando assim maior

risco de rompimento, se comparada a métodos mais seguros, como a disposição a seco sem

barragens, em que os rejeitos sem água são colocados em pilhas compactadas, reservatórios ou

antigas cavas abertas pela mineração.

Conflitos em alta com os atingidos

Em consequência dessas mudanças, também cresceram, nesse período, os conflitos

envolvendo as mineradoras e as comunidades do entorno da extração mineral ou aquelas afetadas

pela infraestrutura de empreendimentos de transporte, beneficiamento ou disposição de rejeitos.

Segundo dados da Comissão Pastoral da Terra, o número de conflitos no campo envolvendo

mineradoras saltou de quatro ocorrências, em 2004, para 58, em 2011, período em que ocorria

o boom das commodities minerais. Anualmente, os conflitos seguem aumentando: foram 211 em

2018. Mas o que explica esse crescimento da violência ou pelo menos da percepção de violência

pela sociedade brasileira?

É fundamental compreender que a mineração é uma atividade geradora de elevados impactos

e riscos socioambientais, que afetam, sobretudo, os trabalhadores e as populações situadas no

entorno da atividade e de suas infraestruturas. Desde a instalação ao fechamento de uma mina, as

extrações minerais provocam contaminações, transformações das relações sociais e econômicas,

alteração do ambiente natural e da paisagem, rompimentos de barragens, doenças e até mortes.

Os rompimentos de barragens, por exemplo, não são fenômenos raros no Brasil e no mundo.

Dados da pesquisadora canadense Lindsay Bowker identificaram, no último século, quase 350

incidentes com barragens no mundo, sendo 13 no Brasil. Além disso, o setor mineral apresenta alto

grau de mortalidade, mutilações e adoecimentos entre os trabalhadores. O rompimento da barragem

I, em Brumadinho, gerou o maior acidente de trabalho já registrado no país, com 270 mortos e

desaparecidos, a grande maioria de trabalhadores diretos e terceirizados da Vale.

Por essas características, a ideia de uma mineração sustentável é ilusória, tendo em vista a

forte interferência social e ambiental e o caráter violento da atividade, que amputa a natureza e

desestrutura as sociedades, em especial nos países periféricos situados no sul global.

Se, em um primeiro momento, até 2011, o crescimento dos conflitos estava associado à

expansão dos empreendimentos e à intensificação da mineração, apenas essa informação não explica

tudo. Devemos acrescentar que, ao final desse ciclo de avanço da mineração e dos conflitos,

identifica-se a emergência de movimentos e organizações sociais preocupadas com a questão

mineral, como o Movimento Pela Soberania Popular na Mineração (MAM), o Comitê em Defesa

dos Territórios Frente à Mineração e diferentes organizações não governamentais (ONGs).

Somados a esses novos atores, antigos movimentos sociais e ONGs também passaram a se

preocupar com os efeitos da atividade mineral, como o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra

(MST), o Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), a Comissão Pastoral da Terra, entre

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outros. Dessa forma, os movimentos sociais organizados passaram a denunciar de maneira mais

sistemática as mineradoras, levando ao aumento da identificação de conflitos.

Minério em baixa, e a segurança também

A partir de 2012, um novo cenário no mercado global de minério se instaura: os preços

começaram a cair rapidamente, chegando ao ponto mais baixo em 2016. Nesse contexto de pós-

boom, ou seja, de preços declinantes, alterou-se a natureza dos conflitos envolvendo mineradoras,

em grande parte porque o comportamento corporativo e as características dos impactos causados

pela mineração no país também mudaram.

O crescimento dos conflitos, a partir de 2012, está fortemente associado aos grandes

desastres socioambientais e outros impactos, expressões diretas da nova conjuntura de mercado. O

rompimento das barragens de rejeito em Mariana (MG), Barcarena (PA) e Brumadinho (MG) é

reflexo da violência das ações corporativas para compensar as perdas econômicas do cenário de

depreciação dos preços dos minérios.

Para garantir os lucros de curto prazo dos acionistas, minérios são extraídos de maneira ainda

mais acelerada, minas e infraestruturas de apoio em condição de esgotamento são superexploradas

e cortes significativos são feitos nos custos operacionais, em particular relacionados aos

trabalhadores, segurança e programas de responsabilidade social. Por outro lado, o poder público,

em contexto de crise fiscal com a queda das receitas, reduz suas já combalidas ações de fiscalização

e ainda flexibiliza mais as legislações trabalhistas e ambientais no intuito de manter as mineradoras

operando e para assegurar as arrecadações aos cofres públicos.

A construção acelerada e as escolhas com viés econômico para atender rapidamente à

lucratividade no período de boom, associadas ao comportamento corporativo e estatal no pós-boom,

propiciam condições para mais impactos e tragédias ocorrerem.

O futuro da mineração

Mas quais são as perspectivas para a mineração e seus impactos ambientais? O Brasil já

possui sérios problemas de fiscalização ambiental, que tendem a se agravar nos próximos anos. A

Agência Nacional de Mineração (ANM), responsáveis pela fiscalização das barragens, e os órgãos

ambientais federal (Ibama) e estaduais estão sendo gradativamente sucateados, sem recursos,

equipamentos e pessoal suficientes para monitoramentos frequentes, necessários para o controle do

comportamento das corporações mineradoras.

Os governos, por outro lado, possuem relações problemáticas com mineradoras, que vão

desde financiamento de campanhas (proibido em 2015) até a participação direta de ex-funcionários

das corporações em cargos políticos ou de ex-agentes público se políticos contratados para trabalhar

em empresas de mineração (fenômeno conhecido com porta giratória).

Além disso, o processo de monitoramento das condições ambientais é promovido quase

exclusivamente pelas próprias mineradoras ou por auditores contratados por elas, o que produz

conflito de interesse em favorecimento das irregularidades das companhias e impossibilita maior

transparência e controle social. No desastre de Brumadinho, por exemplo, identificou-se pressão da

Vale sobre as auditoras para produzirem laudos atestando a estabilidade da barragem, apesar dos

problemas encontrados durante o monitoramento.

Tudo indica que o atual Governo Federal trabalhará no sentido de enfraquecer ainda mais as

instituições públicas e populares de controle. O discurso político e algumas ações já tomadas vão

no sentido de banalizar o discurso ambiental, inviabilizar o funcionamento democrático e

participativo das instituições públicas e desmoralizar os servidores públicos. Além disso, conselhos

públicos regulares e elaboradores de política pública já foram extintos ou desmobilizados.

No Executivo e no Congresso Nacional, atreladas à falsa promessa de crescimento

econômico, retornam propostas de maior flexibilização do licenciamento ambiental ou mesmo de

auto licenciamento por parte das empresas, como o Projeto de Lei (PL) nº 3.729/2004, conhecido

como ‘Lei Geral do Licenciamento Ambiental’, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC)

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65/2012 e o Projeto de Lei do Senado (PLS) 654/2015. No caso particular da mineração, ganham

força propostas de leis favoráveis à liberação da mineração em terras indígenas e em áreas de

proteção ambiental restrita, como o PL n.º 1610/1996, sobre regulamentação de mineração em terra

indígena, e os PLs37/2011 e 3682/2012, sobre liberalização da mineração em áreas de preservação

da natureza.

Nesse cenário, a Amazônia se torna uma região privilegiada para a instalação de novos

empreendimentos mineradores, sobretudo por concentrar a maior parte das áreas onde atualmente é

proibido minerar. O resultado, caso avancem tais propostas, será a expansão de uma mineração

ainda mais desregulada e insegura, promotora de mais impactos e desastres socioambientais sobre

ambientes e grupos sociais sensíveis e vulneráveis.

Atividades

1ª QUESTÃO: Pesquise a diferença conceitual entre intemperismo e erosão.

2ª QUESTÃO: “Produção de commodities para exportação prejudica o meio ambiente, segundo

IPEA”. Fonte: Revista Globo Rural, 2011.

Discorra sobre a frase acima, explicando o que são commodities e exemplificando com

commoditie mineral e agrícola.

3ª QUESTÃO: (ENEM, 2010)

O esquema mostra depósitos em que aparecem fósseis de animais do Período Jurássico. As

rochas em que se encontram esses fósseis são:

A) magmáticas, pois a ação dos vulcões causou as maiores extinções desses animais já conhecidas

ao longo da história terrestre.

B) sedimentares, pois os restos podem ter sido soterrados e litificados com o restante dos

sedimentos.

C) magmáticas, pois são as rochas mais facilmente erodidas, possibilitando a formação de tocas que

foram posteriormente lacradas.

D) metamórficas, pois os animais representados precisavam estar perto de locais quentes.

Quem tiver dúvida em qualquer atividade e/ou quiser corrigir os

exercícios realizados, pode encaminhar email para

[email protected] que será respondido prontamente.

Lembre-se de identificar sua turma ao fazer qualquer contato.