coleta, classifcação e maturação in vitro de oócitos · oócito conceito: • ovário tem como...
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Coleta, Classificação e
Maturação in vitro de Oócitos
Priscila Marques Moura de Leon Dr., Médica Veterinária
PNPD Biotecnologia/UFPel
Agosto, 2014
Universidade Federal de Pelotas
Graduação em Biotecnologias
Manipulação de Gametas e Embriões
Oócito
Conceito:
• Ovário tem como uma das funções produzir oócitos capacitados através da oogênese.
• Oogênese: processo de maturação das oogônias em oócitos. Este processo inicia-se na vida fetal e termina após a puberdade.
• Oócitos são células germinativas femininas resultantes do processo determinado Oogênese.
• Nomenclaturas: Oócito ou Ovócito
Estrutura do Oócito:
• Células do Cumulus
• Coroa Radiada
• Zona Pelúcida
• Membrana Plasmática
• Citoplasma
• Núcleo
• Nucléolo
Oócitos Equinos
Oogênese
• Oogênese inicia-se na vida fetal com a divisão mitótica das oogonias;
• Ao nascimento estas células entraram em meiose e encontram-se em
Diplóteno da Prófase I → Oócito I
• Na puberdade, no momento do pico pré-ovulatório de LH, o oócito
retoma a meiose até o estágio de Metáfase II → Oócito II
• A ovulação se dá no estágio de Metáfase II;
• Somente após a fecundação da meiose é finalizada → Óvulo
Oogênese:
Embrionária Nascimento A partir da Puberdade
Ovogonias Ovócito I Fecundação Ovócito II
Diplóteno da Prófase I
Metáfase II
Fases da Ovogênese
Óvulo
Nos humanos:
a maioria dos oócitos, aproximadamente 7 milhões, é perdida e sofre
atresia ao longo da vida da mulher, desde o período fetal até a
maturidade sexual;
99% dos folículos não atingem a maturação;
Somente 400 a 500 oócitos ovulam desde a puberdade até a menopausa;
Estágio Cromossomos Cromatide Processo Período
Oogonia Diplóide/46 2N Mitose Fetal
Oócito I Diplóide/46 2N Meiose I Foliculogênese
Oócito II Haplóide/23 1N Meiose II Ovulação
Óvulo Haplóide/23 1N Fertilização
• Diplóteno da Prófase I Estágio de Vesícula Germinativa
• VG: núcleo desenvolvido e imaturo;
• Complexo cumulus oophuros (CCO)
Oócito
Oócito humano em VG
• A foliculogênese se inicia na vida fetal e ocorre até após a
puberdade;
• Processo de transformação de folículos primários (formados na
vida fetal) em folículos pré-ovulatórios (pós-puberdade);
• Apresentam transformações celulares e moleculares, tanto do
oócito quanto de células foliculares (da teca e da granulosa);
• Controle: Hormonal, Fatores Intra-ovarianos e Fatores Intra-
foliculares;
Foliculogênese
• Folículo Primário: oócito envolto por camada simples de céls. pavimentosas;
Bovinos → Folículo = 35 µm; Oócito = 30 µm
• Folículo Secundário: duas ou + céls. Foliculares – Formação da zona pelúcida; – Oócito começa a crescer; – Formação de junções comunicantes (gap junctions); – Meiose permanece bloqueada (oócito em Vesícula Germinativa);
• Folículo Antral (Terciário e Pré-Ovulatório ou De Graaf): – Formação da cavidade antral do folículo (Fluído Folicular); – Crescimento folicular; – Crescimento e maturação do oócito;
Bovinos → Folículo = 1 mm; Oócito = 80 µm
→ Folículo = 15 mm; Oócito = 120 µm
Foliculogênese
• Quebra da Vesícula Germinativa → marca a retomada da meiose e início do processo de Maturação Oocitária;
– In vivo ocorre pela estimulação por LH (Hormônio Luteinizante)
– In vitro ocorre na coleta do oócito
• Nesta fase ocorre a condensação da cromatina e quebra da membrana nuclear
• Metáfase I → duplicação dos centríolos e cromossomos em pares diplóides;
• 2º bloqueio meiótico: oócitos em Metáfase II
– Estágio em que o oócito é ovulado
– A meiose só prosseguirá se ocorrer a fertilização
Oócito
Folículo Primário
Folículo Secundário
Folículo Antral (Terciário)
Folículo Pré-Ovulatório
Oócito I
Oócito I
Oócito I
Oócito II
Fecundação Óvulo
VG
QVG
MII Ovulação Oócito II
MI
Foliculogênese: Oogênese: Meiose:
A: Desenvolvimento de Folículos
B: Níveis Hormonais
1. FSH, Hormônio Folículo Estimulante: crescimento folicular, proliferação e diferenciação das células da granulosa, formação do antro 2. Estrogênio: produzido pelas céls foliculares, possui ação sinérgica ao FSH e LH 3. LH, Hormônio Luteinizante: ovulação, estimula luteinização das células da granulosa e da teca; 4. Progesterona: preparação e manutenção da gestação, ação imuno supressora;
1. Crescimento Oocitário
2. Capacitação Oocitária
3. Maturação Oocitária
a. Maturação Citoplasmática
b. Maturação Nuclear
4. Ativação do Oócito
Maturação Oocitária Vesícula Germinativa
Metáfase II
• Crescimento Oocitário se inicia com o Crescimento
Folicular;
• Finalizado na formação do Folículo Antral;
• Aumento de tamanho do oócito (em até 3x);
• Aumento e organização de Organelas (6.000 para 193.000
mitocôndrias no oócito em humanos);
• Síntese de RNA e proteínas :
Maturação, Fecundação e Desenvolvimento Embrionário
1. Crescimento Oocitário
• Entre final do Crescimento e início da Maturação
• Ocorre no Folículo Antral
• Modificações Estruturais
• Finaliza a síntese de RNA
• Ainda se mantém no 1º bloqueio meiótico
2. Capacitação Oocitária
• Quando o oócito retoma a Meiose
• Após o pico de LH (causa queda de cAMP)
• Abrange 2 estágios:
Maturação Citoplasmática
Maturação Nuclear
3. Maturação Oocitária
• Reversão do 1º bloqueio meiótico (mantido pela alta de
cAMP produzido pelas céls. da granulosa)
• Vai até o segundo bloqueio meiótico → Metáfase II
• Condensação dos cromossomos e Quebra da Vesícula
Germinativa (QVG)
• Extrusão do 1º Corpúsculo Polar
Diacinese → Metáfase I → Anáfase I → Telófase I → Metáfase II
3.1. Maturação Nuclear
• Ocorrem Modificações Citoplasmáticas:
– Mitocôndrias e complexos de Golgi se redistribuem ocupando
posição central na célula;
– Grânulos Corticais (enzimas derivadas com complexo de Golgi)
migram para a periferia do oócito, próximo a membrana
celular;
– Microtúbulos e microfilamentos são reorganizados;
– Expansão das células do cumulus (modificação das junções
gap);
3.1. Maturação Citoplasmática
Oócitos Caninos maturados in vitro
Vesícula Germinativa
Metáfase I
Quebra de Vesícula
Germinativa
Metáfase II
• MPF: Fator Promotor da Maturação
–Principal regulador das modificações morfológicas durante a maturação do oócito.
–MPF é uma cinase envolvida na divisão celular e regulação do ciclo celular (G2/M) de todas as células eucarióticas.
• Funções:
– Regulam a condensação dos cromossomos;
– Bloqueio da atividade transcricional;
– Estimulação do rompimento do envelope nuclear na QVG;
– Reorganização dos microtúbulos;
• Em baixa atividade em oócitos em VG / atividade máxima em MI e MII;
Ativado pela queda na concentração de AMPc causada pelo pico de LH;
Inativado pela fertilização, permitindo a finalização da meiose pelo seu desbloqueio.
Reguladores da Maturação do Oócito
• MAPK: Proteína Cinase Ativada por Mitógeno
• Estas proteínas são ativadas por sinais extracelulares,
• Ativação da MAPK em oócitos bovinos ocorre após 8h de cultivo in
vitro e apresenta um aumento gradual até 14h, mantendo-se estável
até o final da maturação;
• Funções:
– Atua na fosforilação de fatores de transcrição e proteínas do
citoesqueleto;
– Sua ativação ocorre na QVG e se mantém até o fim da
maturação (essencial nos eventos após QVG);
– Mantém a estabilidade dos microtúbulos e do fuso meiótico;
Reguladores da Maturação do Oócito
• Microtúbulos
• Microfilamentos
• Cromatina
VG Pró-M MI
MI AI TI
MII MII Deg
Microscopia
Confocal:
Tremoleda et al., 2001.
• Oócitos são ovulados em Metáfase II;
• A ativação é induzida pela fecundação de um
espermatozoide;
Metáfase II → Telófase II → extrusão do2º corpúsculo
polar → divisão embrionária
• Caso não ocorra fertilização o oócito se degenera;
4. Ativação do Oócito
Oócito Fertilizado:
• Formação do Pró-núcleo Feminino e Masculino • Extrusão do Segundo Corpúsculo Polar
• In vivo: – Aspiração Guiada Por Ultra Som (OPU)
– Aspiração Folicular Cirúrgica
– Aspiração Transcutânea pelo flanco
• In vitro: – Aspiração Folicular
– Slicing (Técnica de Fatiamento)
– Scraping
Coleta de Oócitos
Aspiração Guiada por Ultra Som (OPU)
• OPU – Ovum Pick-Up
• Ultra som – sonda convexa de 5MHz a 6,5MHz;
• Bomba de vácuo;
• Tranquilização;
• Aspiração do Fluído Folicular;
• Lavagem Folicular com PBS e Heparina;
• Procura do CCO em lupa estéreo microscópica;
Coleta de Oócitos in vivo - OPU - Bovino
• Média de Oócitos /OPU:
– 8 CCO viáveis;
– 20 - 25 CCOs viáveis com estimulação hormonal (Protocolo de Superovulação);
– 10% dos CCO são degenerados;
• Manejo OPU doadora:
– OPU entre os dias 14 e 16 do ciclo estral devido maior n° de CCOs;
– OPU de 20 vacas / dia;
– Possível: OPU 2x em uma semana ( com decorrer a OPU ↓ nº de CCOs);
– Ideal: OPU 1 x a cada 2 semanas;
– Possível: OPU no 1º Trimestre da Gestação;
Estimativa: pode ser obtidas 18 gestações/3 meses com OPU + PIV
Coleta in vivo de Oócitos - Equinos
• Equinos: maior aderência das células do cumulus à parede folicular
resultando em dificuldade na coleta
• Aspiração Folicular Cirúrgica (McKinnon, 1986);
• Aspiração Transcutânea pelo flanco (Palmer, 1987);
• Aspiração Transvaginal guiada por ultra som (Cook, 1992);
• Carnevale & Ginther, 1993: 78% de oócitos recuperados;
• Gaetano et al. 2005: 46,4% Recuperação Oocitária;
• Manejo OPU éguas doadoras:
– OPU 12 - 24h após hCG;
– 5 CCOs/égua;
– 11 CCOs/ éguas com protocolo de Superovulação;
Coleta in vivo de Oócitos – Caprinos e Ovinos
• Aspiração Folicular por Laparoscopia (LAF);
• Uso frequente promove aderências no trato reprodutivo
dificultando novas coletas;
• OPU é dificultada pelo tamanho dos animais;
• Manejo LAF doadoras:
– Possível: Até 1 x /semana;
– 11º dia do ciclo ou do protocolo de Superovulação;
– Em média 6 CCO/coleta em cabras;
– 4 CCO/coleta em ovelhas;
Coleta de Oócitos - Mulheres
• Dellenbach (1985): inicio da aspiração folicular por via
transvaginal guiada por ultra-som.
• Procedimento é feito sob sedação;
• 6 CCOs ou mais coletados por OPU;
• Mulheres com infertilidade:
– 15% de taxa de gravidez com CCO próprios;
– 49% de taxa de gravidez com CCO doados;
Vídeo - Aspiração Folicular Guiada por Ultra Som
• http://www.youtube.com/watch?v=Wm4Khn6MVbc&feature=related
Coleta de Oócitos in vitro
Aspiração Folicular
Slicing (Técnica de Fatiamento)
Scraping
• Objetivos:
– Avanços científicos;
– Controle em clínicas de reprodução assistida;
Coleta de Oócitos in vitro - Scraping
• Individualização de cada folículo e abertura em placa de petri;
• Auxílio de bisturi ou cureta;
– Maior taxa de coleta (90%);
– CCO de boa qualidade;
– Muito demorado;
– Utilizado em Equinos;
Coleta de Oócitos in vitro - Slicing
• Fatiamento de toda a superfície ovariana;
– alta taxa de coleta;
– Muitos CCO inviáveis e desnudos;
– Líquido de procura bem “sujo”, maior probabilidade de contaminação;
– Utilizado em bovinos;
Coleta de Oócitos in vitro – Aspiração Folicular
• Aspiração do conteúdo folicular com seringa e agulha;
– Taxa de coleta em torno de 60%;
– Método mais prático e rápido;
– Líquido de procura é deixado para sedimentar ou filtrado;
– Utilizado em Bovinos, Equinos, Ovinos e Suínos;
• De acordo com aspectos Morfológicos:
– Quantidade de camadas de céls. do cumulus;
– Aspecto das Céls do cumulus;
– Grau de compactação das células do cumulus;
– Homogeneidade e coloração do citoplasmática;
– Presença de grânulos citoplasmáticos;
Influencia diretamente a qualidade embrionária e a
viabilidade após o descongelamento de oócitos
Classificação dos Complexos Cumulus Oócito
* Oócito pode ter seu potencial de maturação, fecundação e capacidade de desenvolvimento embrionário estimado pela aparência do complexo cumulus-oócito.
• Aspecto do Citoplasma:
Oócitos de camundongos apresentam ooplasma claro e quase ausente de granulações;
Oócitos equinos, suínos e caninos observa-se ooplasma escuro e com granulações;
* Variação devido a quantidade de lipídeo intracelular e sua distribuição.
Classificação dos Complexos Cumulus Oócito
CCO Equino CCO Suíno
CCO Bovino CCO Murino
• Grau I:
– Mais de 3 camadas de céls. do cumulus;
– Cumulus compacto;
– Ooplasma com granulações finas e homogêneas;
– Ooplasma preenchendo todo o interior da zona pelúcida;
• Grau II:
– 3, 2 ou 1 camada de células do cumulus;
– Cumulus compacto;
– Granulações heterogeneamente distribuídas (concentradas em uma lado ou na periferia);
– Ooplasma preenche todo o interior da zona pelúcida;
Classificação dos Complexos Cumulus Oócito
• Grau III:
– Cumulus parcialmente expandido;
– Ooplasma contraído (espaço entre a zona pelúcida e o ooplasma);
– Manchas escuras no ooplasma;
– Degeneração das céls. do cumulus em grau leve;
• Grau IV:
– Cumulus expandido;
– Oócitos Desnudos;
– Ooplasma muito escuro;
– Sinais de degeneração (vacúolos, inclusões citoplasmáticas, degeneração das céls. do cumulus);
Classificação dos Complexos Cumulus Oócito
• Bovinos: – Taxa de maturação entre 80 e 90%
– 20 a 24h de incubação a 38,5°C
• Caprinos e Ovinos: – Taxa de maturação caprinos é 50%
– Taxa de maturação ovinos 35 – 40%
– 27h de incubação a 38,5°C a 39°C
• Suínos: – Taxa de maturação 60-70%
– 48h de incubação a 38,5°C
• Equinos: – Taxa de maturação entre 40 e 60%;
– 36 a 40h de incubação a 38,7°C
Maturação In Vitro - MIV
• Maioria dos Protocolos:
– Meio de cultivo de tecidos 199 (TCM-199);
– Suplementação com Soro Fetal Bovino (SFB);
– Antibióticos (Gentamicina e Penicilina ou Sulfato de Amicacina);
– Adição de Hormônios :
• Estradiol
• FSH e LH
– Fatores de Crescimento e Estimulantes (GH, IGF-I, IL-1β);
– Fluído Folicular ou Soro de Vaca em Estro;
– Adição de Albumina Sérica Bovina (BSA);
– Compostos Antoxidantes (Cisteamina);
*Oócitos em cultivo são afetados por osmolaridade, composição iônica, temperatura, pH, CO2 e tensão de oxigênio
Maturação In Vitro - MIV
• Gotas de 60 a 120 µl; • Submersas em óleo mineral; • Placas de Petri tratadas;
• Em Estufa de CO2;
• 5% de CO2, temperatura e umidade controladas;
Maturação In Vitro - MIV
* Oócitos em cultivo são afetados por osmolaridade, composição iônica, temperatura, pH, CO2 e tensão de oxigênio
• Dell’Aquilla et al, 1996: adição de soro de égua e vaca em estro ao TCM
199 para maturação;
• Bruck et al., 2000: MIV em fluído de folículos pré-ovulatórios;
• Carneiro et al., 2002: IGF-I adicionado a meio de maturação;
• Pereira et al. 2006: 41,47% de MIV com eGH por 30h;
• Tremoleda et al., 2006: manutenção do Bloqueio da Meiose com o
objetivo de desenvolvimento da Competência Oocitária e
Reprogramação Celular;
Maturação In Vitro - MIV
Adição de Cisteamina ao meio de MIV;
Síntese de Glutationa (GSH);
Estresse Oxidativo;
Aumento da taxa de maturação in vitro;
Tratamento Imaturo Maturo Total
controle 88 (56.8%)a 67 (43.2%)a 155 (31.4%)
50μM Cisteamina 84 (57.5%)a 62 (42.5%)a 146 (29.6%)
100μM Cisteamina 89 (46.4%)b 103 (53.6%)b 192 (38.9%)
Total 261 232 493