colecÇÃo de apontamentos nº 7-13, volume ii

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 VOLUME II Colecção de Apontamentos  Nº 7 - 13 D ocume nt os par a a hi s r i a de SALVATERRA DE MAGOS Património: Ge ogr á f i co, M onu mental , Cu l tu r al, S oci al , Pol í ti co, E con ó m i co e D e s por tivo c. . X I II    S é c. X X I O Autor JOSÉGAM EI RO (José Rodrigues Gameiro)

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VOLUME II

Colecção de Apontamentos – Nº 7 - 13 

Documentos para a histór ia  de

SALVATERRA DE MAGOSPatrimónio:

Geográfico, Monumental , Cultural,

Social, Político, Económico e Desporti voSéc. .XI I I  –  Séc. XXI

O AutorJOSÉ GAMEI RO

(José Rodrigues Gameiro)

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Edição Revista e umentada 

Indíce:COLECÇÃO RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR !

Cadernos/ Livros:7 –  A Escola Obrigatória ( Um Março na mudança da cultura do Povo)

8 –  Honra ao Mérito (Servir para além da coisa pública)9 –  Quando Vindimar, Era uma Festa !10 – Uma Zona Industrial (Um desejo que vem do passado)11 - Fragateiros, Cagaréus e Avieiros (Gente que viveu do Tejo)12- O Parque Infantil, e as suas Piscinas (Um sonho – uma realidade)13 – Os seus Transportes Públicos de Passageiros

( Da Diligência ao Automóvel, viagens até ao Cabo)

********Tipo Publicação: PDF Versão Revista e Aumentada * 2015Autor: Gameiro, JoséEditor: Gameiro, José RodriguesEdição: Papel Brochado e Sistema PDFMorada: B.º Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, 64-1ºLocalidade: Salvaterra de MagosCódigo Postal: 2120-059 SALVATERRA DE MAGOS

********* Tel. 263 505 178 * Telem. 918 905 704

Publicado em “historiasalvaterra.blogs.sapo.pt” ***Livros: https:/ issuu.com/home/publications

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COLECÇÃO DE APONTAMENTOS nº 7 

Documentos para a histór ia  de

SALVATERRA DE MAGOSPatrimónio:

Geográfico, Monumental, Cultural, Social,Político, Económico e Despor tivoSéc. .XI I I  –  Séc. XXI

Um marco na mudança da cultura do povo !

O AutorJOSÉ GAMEIRO

(José Rodrigues Gameiro)

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Edição

Revista e aumentada

FICHA TECNICA:

Titulo:A ESCOLA OBRIGATÓRIA :Um marco n a mudança da cultura do pov o !

Tipo de Encadernação: Papel Brochado

Colecção: RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR !

Autor: Gameiro, JoséEditor Gameiro, José RodriguesMorada: Bº Pinhal da Vila  – Rua Padre Cruz, 64-1ºLocalidade: Salvaterra de MagosCódigo Postal: 2120- 059 SALVATERRA DE MAGOS

* Tel. 263 504 458 * Telem. 918905704e-mail: [email protected]

ISBN:978 – 989  – 8071  – 07  – 1 * 1ª edição * Março 2007

*************“www.histótiasalvaterra.blogs.sapo.pt” 

“ http://issuu.com/home/publications” *************

O texto desta edição não segue o Acordo ortográfico de 1991

Foto da Capa: Escola Primária “ O Século” inaugurada em 1913

*************

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O MEU CONTRIBUTO

Certo é, que o professorprimário, em tempos remotos,tinha no seu contacto diário comos educandos, uma influênciaque mais tarde se reflectia napersonalidade destes, na vidaprivada, social e até laboral.

É justo aqui recordar  – homens e mulheres, que à causa da instrução, nas escolasdesta freguesia de Salvaterra de Magos, instruíram geraçõesde alunos, nestes últimos 70 anos.

De uma escola de professores, como: o casal Pinhão, queno inicio da República aqui se fixou, um outro; Manuel Duarte Assunção  e sua esposa, Natércia Rita,  chegados após osegundo conflito mundial, vindos de Rabat (Marrocos), ondetinham iniciados as suas carreiras, numa escola portuguesa.

Outros como:  Armando Duarte Miranda, Júlia Barata,Prazeres Estudante, Maria de Lourdes Henriques (FontesPina), Maria Cecília (Antão), Fernando Assunção,  deixarammarcas profundas nos seus alunos que, ainda hoje não osesquecem, até porque alguns deles já “saborearam” oobrigado, que lhes prestaram em homenagens os seusantigos alunos. Estão “arrolados” neste estudo os nomes deoutros mestres-escola, até porque os seus alunos, ainda

falam deles “embevecidos”.  Agora volvidos alguns anos nota-se a necessidade de publicar estes Cadernos, devidamenterevistos e aumentados, nesta segunda edição.

ABRIL: 2015 O AutorJOSE GAMEIRO

(José Rodrigues Gameiro)

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A ESCOLA, NA MUDANÇA DA CULTURA DO POVO ! 

Quando da revolução de Outubro de 1910, o novo sistema político

republicano, recebeu a pesada herança de um povo demasiadoanalfabeto. No campo da educação, poucas escolas existiam, o mestre-escola, era uma prática generalizada no ensino em Portugal que, só osfilhos dos mais abastados tinham acesso.

Com uma população maioritariamente ignorante, o país recebeu dasnovas leis republicanas, uma obrigação, em que o estado fizesse delasum benefício para o povo, nos campos da instrução e sociocultural.

Ao longo dos anos, os esforços legislativos tem tido dificuldades em seimplantar no país na sua plenitude, o que mostra ainda, sucessivasgerações com um elevado grau de analfabetismo, ou mesmo de poucaliteracia.

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A INSTRUÇÃO E AS ESCOLAS PRIMÁRIAS

No dobrar do século XX, tinha a vila de Salvaterra de Magos, trêsedifícios escolares do ensino primário.

Um, construído após o terramoto de 1909, com uma subscrição pública

levada a cabo pelo jornal “O Século”, no antigo Largo do Palácio, agoraconhecido por Largo dos Combatentes

O outro, veio a ser edificado uns anos mais tarde, no início de1934, nos terrenos que foram do Largo de S.Sebastião, que estavadevoluto, pois ali também tinham ocorrido estragos provocados poraquele sismo, a escola com o nome “Presidente Carmona”, destinava-se

a alunos dos sexo masculino. O velho hábito de algumas crianças, filhasde gente abastada terem aulas escolares, com mestre-escola, numedifício público, teve grandes dificuldades em se “abrir” aos novosprocessos do ensino obrigatório.

1950 –  Edifício escolar “O Século” 

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Tinha ficado a recordação e saudades do casal de professores deapelido Pinhão, tinham deixado nesta vila, por volta de 1925.A professora Cármen Marques Ferreira Pinhão, veio a faleceu em

Dezembro de 1983, em Lisboa. (1) A matriz literária: “Cartilha de João deDeus”. Tinha sido o primeiro contacto das crianças da terra,especialmente os filhos da gente urbana.

Os rapazes do meio rural, tinham como escola a faina da grade, enquanto as raparigas encontravam nos canteiros, a monda do arroz, oua sacha do milho, vida que iniciavam aos 7/8 anos de idade. 

Os primeiros alunos a inaugurarem as salas de aulasda escola “ O Século” em 1913 

Já na juventude, os homens, escolhiam a arte braçal de trabalhar aterra, ou da campinagem, como modo de vida, para seu sustento e dafamília, depois de casados. As raparigas, essas, eram encaminhadas,

**************(1)-Algumas aulas escolares funcionaram, no edifício Pombalino  – próximoda Câmara Municipal e Capela Real

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para outras actividades agrícolas, ou então passavam a trabalhar comoserviçais em casa de pessoas que, precisavam de uma criada de servir.Ainda nos anos 50, a ama , a mestra  e a creche  da Igreja, eram locais

1940 – Escola Presidente Óscar Carmona

Ano: 2000 –  Escola Primária Carmona

Para os bebés e as crianças serem recolhidas , enquanto os paistrabalhavam. Os casais que, não tivessem algumas posses económicas,no caso dos trabalhadores rurais , levavam seus pequenos filhos de

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madrugada, para os campos, regressando com eles pela noite dentro.Na juventude, os homens, escolhiam a arte braçal de trabalhar a terra,ou da campinagem, como modo de vida, para seu sustento e da família,depois de casados. 

AS MESTRAS

No início dos anos 20, uma senhora, tinha na sua habitação na Trav. doForno de Vidro, uma sala onde ministrava a sua escola particular, eraconhecida “Mestra da Varandas ” ,ainda durou alguns anos e por lápassaram muitos alunos. Por volta de 1950, terminada a segunda guerramundial, uma jovem teve a ideia, na habitação dos pais, na rua Cândidodos Reis, aproveitar uma sala, e abriu a sua mestra, a troco de uma

remuneração mensal – era a Mestra da Moíses. Depressa, aquele espaçode ensino, ganhou fama de tal modo, que os alunos, passaram a ficarinscritos a aguardar vez de entrada. Durante muitos anos, foi local deensino, onde as crianças –  rapazes e raparigas –  aprendiam atéentrarem, nas escolas do sistema público Além da sacola dos livros, umpequeno banco de madeira, eram apetrechos que levavam e traziamdiariamente daquele local de ensino. Foi ali, que aprendi pela primeiravez a “escrevinhar” e, sendo canhoto, muito bofetão levei para alinhar

com todos os outros alunos que escreviam à direita, pois só se podiaescrever com aquela mão. A escolaridade era obrigatória, nas escolaspúblicas mas a sua normalização nesta terra, levou alguns anos, comdois edifícios escolares.

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Profª Carmem Pinhão

BIBLIOTECA MUNICIPAL

Nos anos 60,  o gosto pela leitura, apossava-se da juventudesalvaterrense, incentivo dado pelo exemplo de muitos adultos que, nabiblioteca da Fundação Gulbenkian “bebiam” cultura num carro bibliotecaque, visitava a vila uma vez por mês, e estacionava em frente à Igrejamatriz. Muitos foram os anos da presença daquela biblioteca emSalvaterra. Em 1985 após vários esforços do então vereador do pelouroda cultura, da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, Joaquim MárioAntão , reuniu algumas boas vontades e até da Gulbenkian, que sedisponibilizou para apoiar a criação de uma biblioteca fixa na terra.

A 10 de Junho daquele ano, foi inaugurada a biblioteca municipal deSalvaterra de Magos, aproveitando-se a velha escola primária que vinhado após Terramoto de 1909, e, ali foi instalado um vasto  patrimónioliterário que, incluiu muitas obras, da biblioteca itinerante daquelaFundação , que foram oferecidas pondo assim à disposição dos leitorescerca de 4.000 livros. O autor deste texto, sendo funcionário público,

esteve no “amanho” da sua funcionalidade e sendo uma novidadedepressa as novas gerações, se juntaram aos leitores mais antigos, queali procuravam uma nova forma de cultura.

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Outros eventos culturais preenchiam constantemente as suas salas,com a presença de escritores convidados, dando um novo dinamismo àvila,.

ESCOLA DO PARQUE 

Ainda na década de 50 aqueles terrenos eram usados, para arealização da Feira Anual e Campo de Futebol. No início dos anos 60, aliperto tinha sido edificado um grande pavilhão gimnodesportivo da

INATEL, mesmo ali ao lado dos Celeiros da FNPT, no terreno da Casa doPovo. A câmara municipal, cedeu mais um espaço, ao Ministério dasObras Públicas – MOP, para construção de um conjunto de dois edifícios,um escolar de dois pisos, com várias salas de aula e, outro destinado a

cantina.

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 Antiga Escola “ O Século” .- Biblioteca Municipal

ESCOLA SECUNDÁRIA

DR. GREGÓRIO FERNANDES

Eram onze horas da manhã do dia 15 de Outubro, de 1985, estavainaugurada a escola secundária, em Salvaterra de Magos, terminavaassim um vasto e complexo processo que, anos antes o então vereador,José Teodoro Amaro , dera inicio em 1980, tendo sido publicado o valordo seu preço base, em 51.285.622$00, conforme anúncio publicado noJornal “Diário de Notícias” de 29 de Outubro. 

Como era uso, procurou-se que aquele edifício tivesse a simbolizá-lo,uma figura de destaque, nascida na terra, para tal foi solicitada a minhaajuda na procura, a escolha recaiu no nome do médico,- cirurgião Dr.Gregório Fernandes.  Já na fase da construção, o então presidente dacâmara municipal, António Moreira e o vereador, António GonçalvesLopes, tiveram papel preponderante na concretização da obra, levando-a

à sua inauguração.

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ESCOLA PROFISSIONAL

Uma Escola Profissional, era uma velha aspiração da população. Oentão presidente da câmara municipal, António Moreira e, o seuvereador, Joaquim Mário Antão, encetaram esforços e numa parceriacom privados, criaram a “ESCOLA PROFISSIONAL DE SALVATERRA DEMAGOS”, que viria a ser uma emblemática escola de profissionalizaçãodos jovens estudantes do concelho até mesmo da região ribatejana.

Oficializada, através do Dec. - lei 26/89, de 21 de Janeiro, instala-se

na rua Heróis de Chaves, abrindo a suas portas, no dia 24 de Agosto de1990, com os cursos:

Informática/Gestão, Contabilidade e Comunicação. 

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A Escola Profissional de Salvaterra de Magos, depressa se impôs peloseu elevado grau de ensino, e em poucos anos passou a ser frequentada

por centenas de alunos, nas mais diversificadas áreas educativas daformação profissional.

A procura na área da Restauração , levou à abertura de um Polo deensino em Lisboa. Outros cursos se seguiram, como Artes-Gráficas,dando origem à instalação de um Parque Gráfico, sendo convidado aadministrá-lo, António Pepe, profissional com grande experiência nestaárea. No ano 2000, com uma nova denominação, passou a Instituto deEducação do Sorraia, Ldª, continuando com a sede nas primitivasinstalações.

Todos os anos, após os cursos ali ministrados, os alunos têm vindo aenriquecer o sector laboral nas áreas da restauração, indústria dosserviços., onde se destaca a informática. No seu grande e moderno

auditório, ao longo dos anos, têm sido apresentadas as mais variadas“comunicações”, por entidades oficiais e privadas.

ESCOLA DO CICLO PREPARATÓRIO- PROF. ANTÓNIO LOPES

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Muitas dezenas de anos se passaram desde o tempo, em que osprimeiros alunos foram à primária, na escola no Largo dos Combatentes– rapazes e raparigas

Agora a população estudantil do concelho, tinha necessidade de umaoutra unidade escolar, para além da escola secundária, construída emSalvaterra de Magos.

O professor, António Gonçalves Lopes, então vereador da câmaramunicipal, empenhou-se no projecto da construção de um modernoedifício para o Ciclo Preparatório.

Quando da sua inauguração, havia pouco tempo que se tinha registadoo seu falecimento, aquela estrutura escolar,recebeu o seu nome, como homenagem ao

seu interesse pela causa do ensino, na suaterra natal.

Enquanto durou a construção da obra,um antigo edifício, que tinha servido deunidade fabril, na área do arroz, junto à EN118, foi local escolhido para algumas salasde aulas e serviços administrativos.

O então presidente da câmara, José Gameiro dos Santos, em 1996,adquiriu para o município,uma construção de pré-fabricados, em madeira que,foram instalados, a título

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provisório, em terreno próximo do GAT.

Desde esse tempo é local de ensino do ciclo primário e local de apoio aoensino de crianças com problemas na aprendizagem, com técnicosespecializados. Por todo o concelho de Salvaterra de Magos, quando oséculo passado estava a meio, muitas escolas primárias já tinham sido

construídas no concelho, através do plano há muito em curso no país,levado a cabo pelo Ministério das Obra Públicas – MOP.

HOMENAGENS A PROFESSORES 

Professores, houve que dedicaram uma vida ao ensino primário nestaterra, alguns têm recebido a homenagem merecida dos seus ex-alunos.

Natércia Rita (Assunção), foi uma das contempladas, viu-se rodeada emdia festivo, por mais de duas centenas de antigos alunos sentiu quantoeles lhe estavam gratos, pelo ensino ministrado e formas de culturasocial que lhes ensinou, que muito os beneficiou pela vida fora.

Os poderes públicos de Salvaterra de Magos, reconhecendo os seusméritos, associaram-se à festa e uma rua da vila, passou a recordá-lana toponímia local.  Alguns anos depois, uma outra festa de homenagemteve lugar, alguns antigos alunos de Lurdes Pina, promoveram um bonitoconvívio entre professora e antigos alunos, então retirada após 40 anosde actividade.

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 A Profª. Natércia Assunção, acompanhadados seus antigos alunos, em dia de homenagem

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 A Profª Lurdes Pina acompanhada dos seus ex-alunos,

que lhe prestaram homenagem

A CÃMARA MUNICIPAL, INAUGURA NOVOSESPAÇOS PARA O ESTUDO

A nova tecnologia informática, tem vindo a ocupar espaço na vidaactual, pois passou a ser um instrumento de trabalho e de acesso aoestudo, das novas gerações. O executivo autárquico de Salvaterra deMagos, nos últimos anos depois de ter construído e inaugurado um vastoedifício, no antigo espaço do cais da vala real, onde a população jovempassou ter acesso a novos conhecimentos e contactos através daInternet, a par de se poder ver periodicamente algumas exposiçõessobre vários temas do passado da terra e mesmo do concelho.

NOVA BIBLIOTECA MUNICIPAL

Em 2005 após grandes obras de recuperação no antigo edifíciomanuelino, na praça da República, ali foi instalado a nova bibliotecamunicipal. O espaço existente na primitiva biblioteca, no antigo edifícioescolar da vila (construído após o terramoto de 1909), já não suportava

o vasto espólio bibliotecário municipal e, as visitas diárias de utentes

Uma vasta rede informática também ali foi instada, dando agora novasoportunidades ao povo de ter acesso a novos conhecimentos.

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UM SÉCULO DEPOIS

Entre o ensino escolar de alguns, nos finais do séc. XIX e, a exigênciada escolaridade obrigatória nos meados do séc. XX, esperou a populaçãode Salvaterra de Magos, para ter melhores condições e, meios para

adquirir mais cultura escolar, mesmo assim, nos dias que correm asgerações nascidas antes dos anos 50, ainda apresentam grandes índicesde analfabetismo, ou de pouca literacia

Os filhos de uma camada socialmente mais abastada, passou a mandaros filhos ao colégio, muitos houve que chegaram aos estudosuniversitários. Nos dias que correm, não se nota a diferença dos quefrequentam os estudos superiores, para tal muito tem contribuído o

estado socioeconómico das famílias, que fazendo grandes sacrifícios,não quiseram que os seus filhos tivessem a mesma sorte da sua !

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Comemoração do centenário da inauguração “Escola o Século” 

Inauguração –  Escola Dr. Gregório Fernandes –  Prof. António Lopes, dá explicações ao Ministro da

Educação; José Augusto Seabra

No grupo dos convidados, o autor (fato cinzento à esquerda)esteve presente na inauguração, da Escola Secundária

de Salvaterra de Magos ouvindo as explicaçõesdo Vereador, Prof. António Lopes

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Bibliografia Usada:

* Revista “ A Hora” - 1936* Jornal “Aurora do Ribatejo” – 25.9.78, 15.9.1982 (Nº343)* Jornal “Ribatejo” – 31.12.87* Jornal Vale do Tejo – Out.1999* Documentação recolhida pelo autor

* Jornal “ Correio da Manhã” 

(1) - Jornal “Diário de Notícias” de 21.12.1983 *Carmen Marques Ferreira Pinhão

**********

Fotos usadas: Do autor e A/D

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COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 8 

Documentos para a históriade

SALVATERRA DE MAGOS

Séc. .XI I I  –  Séc. XXI  

“SERVIR PARA ALÉM DA COISA PÚBLICA”  

Património:Geográfico, Monumental , Cul tural, Social, Político,

Económico e Desportivo

Autor  JOSÉ GAMEIRO

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Versão Revista e umentada

FICHA TECNICA:

Titulo:HONRA AO MÉRITO !“Servir para além da coisa pública”  

Tipo de Encadernação: Papel A5 Brochado * PDF

Autor: Gameiro, JoséColecção: RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR !

Data: MARÇO DE 2007

Editor Gameiro, José RodriguesMorada: Bº Pinhal da Vila  – Rua Padre Cruz, 64-1ºLocalidade: Salvaterra de MagosCódigo Postal: 2120- 059 SALVATERRA DE MAGOS

* Tel. 263 504 458 * Telem. 918905704

ISBN:978 – 989  – 8071  – 08  – 8Depósito Legal: 256460 /07  – 1ª edição

**********“www.histotiasalvaterra.blogs.sapo.pt”

“ http://issuu.com/home/publications” 

O texto desta edição não segue o acordo ortográfico de 1991

*Fotos da Capa: - Gaspar da Costa Ramalho* Dr. Gregório Fernandes* Pe José Rodrigues Diogo * João Manuel Santa Bárbara  

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O MEU CONTRIBUTO HONRA AO MÉRITO – SERVIR PARA ALÉM DA COISA PÚBLICA

Com tantos documentos aqui reunidos, especialmente sobre avida de algumas pessoas, não pretendo que seja uma

 bibliografia de cada um deles, masdecerto muito vai ajudar os interessados

 por este tipo de estudos. Certo, que

também devem ser lembradas, asinstituições, pelos seus serviços prestados à população do concelho de

Salvaterra de Magos, como: a Santa Casa da Misericórdia,Bombeiros Voluntários, Centro Paroquial, e Grupo deEscuteiros, entre muitas outras, como a já extinta Casa doPovo e Montepio. 

 No caso individual, existem os de rosto visível, comoos que à coisa pública - Órgãos Autárquicos  –   seentregaram de alma e coração, mas a memória do povonem sempre os guarda, por ser um desempenho político.Outros há, que se enobreceram no anonimato, são elesos dirigentes das instituições, muitas vezes anos a fio,sempre sujeitos à ingratidão dos seus concidadãos.Outros tantos ainda, praticando a benemerência,

oferecendo devotadamente os seus bens, era uma formade estar na vida, ensoberbeceram-se a si, suas famílias eamigos - são exemplos a seguir !

Em todos as áreas, os vamos encontrar, especialmenteno campo da assistência médica social - não podemosdeixar de registar, a colaboração benemérita, que foi

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 praticada, pelos já desaparecidos médicos: Armando dosSantos Calado, José António Vieira e: Dr. RobertoFerreira da Fonseca

 Na tão nobre oferta dos seus actos médicos, não possodeixar de aqui registar, e divulgar, mesmo que fira a suamodéstia, o Dr. Fernão Marçal Correia da Silva, que háanos devotadamente vem também dando graciosamente,assistência aos idosos da Misericórdia local, na

continuação do exemplo que os seus pares anterioresfizeram. Muitos certamente, não tiveram a sorte, mesmomerecendo-o de ficarem na memória dos documentos. Neste campo das homenagens, certo é que, ao longo dostempos, a história regista a ingratidão, especialmente dos poderes públicos.

Por isso, aqui registamos nós, a vida e obra de alguns

dos que ficaram nesta galaria “ Honra ao Mérito!” 

 ABRIL: 2015

O Autor:

JOSE GAMEIRO

(José Rodrigues Gameiro)

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GASPAR COSTA RAMALHO 

 A Homenagem publica, que teima em não chegar. Pedir tão pouco, para quem deu tanto !

Quase sempre, nunca, ou tardiamente, as pessoas sabem seragradecidas porque os seus preconceitos ultrapassam os desejos. Napopulação de Salvaterra de Magos, ainda existe uma geração que o

conheceu e, beneficiou da benemerência que,ele soube distribuir dos haveres que tinha,pelos pobres seus concidadãos.

Até agora o poder político da nossa terra,não soube, ou não quis prestar-lhe a merecida

homenagem pública.Gaspar da Costa Ramalho, nasceu no dia 20 de Outubro de 1868, em

Salvaterra de Magos, viveu na actual rua Alm. Cândido dos Reis – antigarua de S. António – onde construiu duas moradias para a família.

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Foram seus pais; José de Sousa Ramalho e Joaquina Victoria. Umavida de 94 anos, onde uma fortuna recebida de seu tio e sogro, JoséVicente da Costa, fez dele um grande lavrador, com propriedades nosconcelhos de Azambuja, Vila Franca, Benavente, e na sua terra natal -Salvaterra. de Magos. A sua imensa riqueza foi gerida com sabedoria ebenemerência humilde.

Quando do terramoto de 1909, as populações de Samora Correia,Benavente e Salvaterra, sentiram os seus efeitos devastadores, mas

Gaspar Ramalho, chamou a si um grupo de pessoas de boa vontade e,depressa se deu inicio, ao necessário apoio ao povo carecido.

Dez anos depois, em 1919, na construção da Praça de Toiros, quando a“Comissão Construtora” se debatia com dificuldades financeiras paraconcretizar o que esperava ser uma realidade, logo um “anónimo ”suportou os valores em falta. Soube-se mais tarde que com mais este

acto generoso, contribuiu ajudando aqueles que estavam empenhados naconstrução do belo edifício tauromáquico, que Salvaterra tem à entradada vila, hoje considerado um ex-libris da terra.

Não ficou por aqui o seu apoio, pois quando do ciclone, de 15 deFevereiro de 1941, logo chamou a si o encargo das despesas daconstrução das novas bancadas em cimento, tendo Jorge de Melo e Faro(Conde de Monte Real), e sua esposa, suportado a reconstrução das

paredes daquela praça Com o seu coração sempre preocupado com obem-estar dos desprotegidos da sorte, no início dos anos 30, o espaçocultural da vila, foi enriquecido com a construção de um Cine-Teatro . Foiuma obra que, utilizando alguns dos seus celeiros, na rua MachadoSantos – antiga rua S. Paulo – a ofereceu aos Bombeiros Voluntários deSalvaterra de Magos.

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Já muitos anos antes, por volta de 1900, construiu uma grandeadega e armazéns, aproveitando as ruínas do que foi o Palácio dasDamas , com frente para o actual Largo dos Combatentes.

Continuando a pugnar pelo bem estar da população, nuncaesquecendo os mais necessitados, em 1935, cria a “Casa do Povo deSalva terra de Magos”   , onde tomou lugar de Presidente da Comissão

organizadora e, depois da sua legalização foi Presidente da AssembleiaGeral, durante alguns anos.

Para o efeito utilizou uma sua casa na Rua Cândido Reis, junto aopalácio do Barão, e ofereceu à Instituição durante anos o valor de rendaque, na altura era de 600$00 anuais, e os encargos de um funcionárioadministrativo.

Como a sua maneira de estar na vida era de grande humildade edescrição, todos os anos conseguia retirar da sua imensa fortuna osvalores que pudessem minorar as carências dos mais aflitos. Aoscortejos de oferendas   promovidos pela Misericórdia, local, que nadécada de 1950 ainda se realizavam, Gaspar Ramalho assumia a suaresponsabilidade de cidadão, ofertando grandes quantidades deprodutos agrícolas para o respectivo leilão.

Uma outra oferta, também ficou emblemática, na obra filantrópica deGaspar Ramalho, por volta de 1936, mandou construir e ofertou aosBombeiros Voluntários de Salvaterra, um grande edifício de primeiroandar que, viria a servir de quartel e sede à corporação.

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Espaço grande e moderno para a época, onde as viaturas do corpoactivo tinham o seu estacionamento e, a Banda de Música, lugar para oseus ensaios.

Gaspar Ramalho, faleceu a 13 de Junho de 1962 e, o seu corporecolheu ao repouso de um jazigo da família no cemitério da terra que oviu nascer - Salvaterra de Magos. Deixando testamento, repartiubenesses pelas instituições, que em vida já vinha apoiando. Quando se

registaram 131 anos do seu nascimento, e 37 após o falecimento, o autordeste texto, que ainda conheceu este insigne filantropo, uma campanhaabriu na comunicação social, lembrou aos autarcas da terra, que tinhachegada a hora (algo tarde), de deixar-mos de ser ingratos, pois nemuma rua ostentava o seu nome,  foi preciso esperar mais de duasvintenas de anos, para a autarquia local, atribuir o seu nome a uma ruaque, vai da rua Padre Cruz até às instalações da Misericórdia local.

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II 

DR. GREGÓRIO FERNANDES

Nasceu em Salvaterra de Magos, no dia 4 de Janeiro de 1849, na casaonde se encontra uma lápida que, os seus conterrâneos, em preito dehomenagem, ali mandaram colocar em 1913.

Outra homenagem para recordar este vultoda ciência portuguesa, foi feita em 1971, numaproposta do então vereador da câmara deSalvaterra de Magos, José Teodoro  Amaro, ematribuir o seu nome, á Escola Secundária  inaugurada naquele ano. Gregório Fernandes,

muito jovem foi para Lisboa, onde fez os primeiros estudos no Colégio deSanto Agostinho.

Seguidamente no Porto, fez os preparatórios na AcademiaPolitécnica, voltando a Lisboa, para Escola Médica, onde concluiu o seu

curso, com grande brilho e distinção, defendendo tese no ano de 1873,tendo então 24 anos de idade.

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Estudioso e inteligente, andou sempre na vanguarda da ciência médicapraticada na época e, publicou vários trabalhos, entre os quais, a“Patogenia da Febre Traumática” Glaucoma” e “ Recessão do Joelho ”. 

Este último trabalho relatando uma intervenção altamente apreciada,pois foi ele o primeiro cirurgião a realizar em Portugal, mas o seu maiorêxito foi alcançado em 1892, com uma extração “Útero ovariana“   , operação cirúrgica que, nunca até aquela data se tinha feito.

Operação, que lhemereceu os maioreslouvores, tanto dos seuscolegas portugueses,como do resto da CiênciaMédica Mundial.

Semelhantesoperações, feitas em Viana (Áustria), Paris e Londres, não lograram tãobons resultados.

Este ilustre mestre da ciência médica, que foi incontestavelmente umfigura luminária da cirurgia portuguesa desempenhou o cargo decirurgião extraordinário do hospital de   S. José   e, foi director da

enfermaria de S. Francisco  que, tem hoje o seu nome.Acumulou o cargo de delegado de Saúde de Lisboa e, o de presidente

da Sociedade das Ciências Médicas. Sob a sua orientação foi construídoo Sanatório de Santa Ana   (Parede/Oeiras), para 60 crianças afectadaspela tuberculose óssea.

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Naquele edifício também foi construído um espaço para albergar 20idosos afectados por doenças cardiovasculares, bem como, igualnúmero de camas para cancerosos, de harmonia com as prescriçõestestamenteiras da grande benemérita, a sua doente D. Amélia Biester. 

No decorrer da construçãorecebeu grandes dissabores, masacabou por ver realizada a obraconsoante a vontade daquela

ilustre senhora.

Dotado de grande probidade decarácter moral, aliada a uma bondade sem limites, Gregório Fernandes ,a todos os a que a ele recorriam, sem distinção de classes, tratava coma maior solicitude, sem nunca olhar a retribuição. Os seus conterrâneos,os pobres em especial, encontravam sempre nele, um amigo prestável e

generoso, até porque se privava dos dias de folga, e todas as quintas-feiras, vinha de Lisboa, até Salvaterra, consultava-os graciosamente.

Muitos dos mais ilustres médicos da sua geração, como: SousaMartins, Boaventura   Martins Pereira, Serrano, Bombarda   e outros, lhepediam conselho para os casos mais graves dos seus doentes. Estehomem, modesto que, foi um espelho de virtudes, faleceu aos 57 anos deidade, no dia 24 de Junho de 1906 na sua casa de Lisboa após, uma

intervenção cirúrgica. Pena é que, a ingratidão dos novos tempos – emplena democracia - tenha retirado o seu nome do edifício escolar que,foi inaugurado com o seu nome, nesta vila ribatejana, quando outrasterras continuam mantendo o nome daqueles que são suas referências.

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III 

HENRIQUE XAVIER BAETA

* Henrique Xavier Baeta, nasceu em Salvaterra de Magos, em 22 deFevereiro de 1776 – filho de: José Dias Baeta e Ana Rosa Joaquina.* Frequentou a Faculdade de Filosofia de Lisboa, tendo concluído oBacharel em 1795.

Em 10 de Julho de 1797, receoso da perseguição que se fazia sentir

em Coimbra, aos estudantes, acusados de partilharem as doutrinas daRevolução Francesa, emigrou para Inglaterra,tendo-se doutorado em medicina pelaUniversidade de Edimburgo, em 1800. Nessemesmo ano regressou a Lisboa onde exerceu asua profissão.

* Na sessão de 12 de Outubro de 1821, foiapresentado como Deputado por Santarém, às Cortes Gerais eConstituintes, num grupo onde se encontrava também, Luiz Rebello daSilva (1821-1822) .Contava entre os seus amigos, com; Francisco XavierMonteiro de Barros, Cosmógrafo-Mor, da Comarca de Santarém, que lhe

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dedicou uma poesia “ Hino ao Sol ”  Entre os seus trabalhos, registarammerecimento, em 1806, duas obras médicas sobre a sintomatologia etratamento da febre, uma sobre medicina o “Resumo do Sistema deMedicina”, e uma dedicada ao “Belo Sexo Português”   

Escreveu “Uma Memória”, sobre o desenvolvimento de uma Febre

Contagiosa em Lisboa, que ocorreu entre o fim de 1810 e Agosto de 1811:indicou as razões para a combater – Pelágica.

* Por ser Liberal, foi preso em 1831 e solto em 1833, voltou a ser eleitoDeputado às Cortes, em 1834, e nomeado “Recebedor da FazendaPública”, cargo que exercer até 1836.  * Faleceu em 21 de Novembro de1854

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IV

OS TOUREIROS IRMÃOS ROBERTO (s) 

Nascidos em Salvaterra de Magos, na primeira metade do séculoXIX, os três irmãos: Vicente, Roberto e João, oriundos da famíliaJacob  da  Fonseca, muito cedo iniciaram a prática do toureiro a pé,continuando assim a arte de seu pai, António Roberto da Fonseca.

Este, nascido nos Açores em 1801, ainda menino, veio com seuspais para Salvaterra, onde na sua juventude começou a lidar comtoiros e, a fama de bom praticante lhe deu oportunidade de tourearem várias praças do país.

Esteve como toureiro, em Lisboa, nainauguração da extinta praça do CampoSant’ Ana, em 1831, mandada construir por

D. Miguel.Em 1849, como lhe começassem a

escassear as faculdades para o toureiro apé, dedicou-se à arte de praticante a

cavalo. Retirou-se das arenas, definitivamente, dez anos mais tarde,tendo falecido nesta vila em 1882.

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Dos seus filhos, João Roberto da Fonseca, menosdotado, cedo se retirou das arenas, dedicando-se àagricultura.

Os outros dois, o Vicente e o Roberto, formando uma dupla debandarilheiros, que se tornou afamada e logo a sua arte foireconhecida nas praças de toiros de Portugal, sendo solicitados aactuar durante vários anos na vizinha Espanha.

Um ano após a morte de Vicente Roberto da Fonseca, em 1897, foipublicado num semanário da época “Branco e Negro”,  um trabalho jornalístico de autoria de António Vale de Sousa, que descreve osméritos destes dois afamados irmãos que, muito honraram eengrandeceram a sua terra - Salvaterra de Magos.

“Vimos hoje, com a alma alanceada por

uma profunda saudade, registar o primeiroaniversário do falecimento dessa simpáticaindividualidade que se chamou Vicente, prestando a devida homenagem a esseincomparável amigo que soube conquistarum nome imorredoiro no toureio português, onde é contado entre os seus

grandes mestres, notabilizando-se por actos de filantropia em que sereflectiu a bondade da sua alma

Amigo delicado galgava por cima das maiores dificuldades e sacrifícios para servir os seus amigos, fazendo um perfeito contraste com asociedade actual, tão degenerada; filantropo benemérito, via na

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felicidade dos outros a sua própria felicidade; era assim que despendiauma grande parte da sua fortuna, angariada nas arenas de Portugal eEspanha.

Protegeu hospitais, montepios e outras casas de beneficência, e emsocorrer muita pobreza ignorada, fazendo renascer a esperança no peito dos desgraçados.

Como bandarilheiro Vicente Roberto ocupou desde muito novo um dos primeiros lugares entre os mais ilustres artistas da tauromaquia portuguesa.

Vicente Roberto, nasceu em Salvaterra de Magos em 1836, sua mãeMaria Gestrudes, preocupada com o seu futuro, ainda o recomendou aum alfaiate de Vila Franca de Xira, onde aprendeu o ofício.

Com 13 anos, de idade, toureou em Almada, onde o Conde de Vimioso,estando presente, desceu à arena abraçando-o, e lhe ofereceu um fatocompleto de bandarilheiro. Aos 18 anos começou a apresentar-secomo toureiro de profissão, juntamente com seu pai e seu irmão Vicente,que foi igualmente um excelente artista .

Em 1858, estreou- se na praça do Campo de Sant’ Ana, e estão bem

vivas na memória de todos as ovações que ali alcançou, como tambémno ano de 1865, correndo toiros desembolados, toureou com seu irmãoRoberto na corrida à portuguesa que inaugurou a praça do CampoPequeno.

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Quando toureava, em 1888, na praça da Figueira da Foz ficougravemente ferido e, teve que recolher ao hospital da Misericórdia local.

Durante vários dias, esteve entre a vida e a morte, acabando por serecompor com grande carinho e cuidados médicos daqueleestabelecimento hospitalar.

Já recomposto doou àquela instituição um importante donativo, e noseu testamento deixou-lhe um legado, manifestando assim a sua

gratidão. Depois deste lamentável desastre, agravou-se cada vez mais asua saúde e após um doloroso e prolongado martírio, que suportou com paciência dum mártir. Faleceu às 11horas da manhã do dia 1 de Junho de1896. A lúgubre notícia do seu falecimento, se bem que há muitoesperada, trouxe a Salvaterra de Magos, uma multidão de admiradores eamigos, que na companhia do povo da terra desfilaram perante oféretro, espargindo mil bênçãos sobre aquele que foi um dos seus filhosmais dilectos e, um dos seus mais devotados protectores.

Vicente Roberto, foi repousar no jazigo do cemitério da sua terra que,entretanto já tinha mandado construir para a família. Em testamentodeixou vários legados à Misericórdia de Salvaterra de Magos, Figueira daFoz, Coruche, e ao Montepio da terra que, o viu nascer, evidenciandomais uma vez, os se us sentidos piedosos”   

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V

DR. ANTÓNIO VIANA FERREIRA ROQUETTE

António Viana Ferreira Roquette, nasceu em Salvaterra de Magos, Filhode José Ferreira Roquette, neto do primeiro Barão de Salvaterra deMagos; Luiz Ferreira Roquette Pestana de Melo Travassos.

António Viana Roquette, estudou emCoimbra, Direito, tendo concluído o curso deBacharel, com 20 anos de idade, eclassificação de grande registo.

Como advogado, estabeleceu escritório, emLisboa e Salvaterra de Magos, terra ondevinha uma vez por semana, e assistiagraciosamente aos seus conterrâneos

 pobres, nas suas dificuldades com os tribunais. Algum tempo depois foiaté Moçambique, onde esteve cerca de 20 anos.

Já em Lourenço Marques, exerceu a sua actividade, fez parte do antigoConselho do Governo., como Vogal eleito pelo Distrito de Quelimane.

Neste Distrito, exerceu também o cargo de Delegado do MinistérioPúblico e Conservador do registo Predial. Ocupou também o cargo, por

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eleição, Presidente da Associação dos Proprietários, com representaçãono Conselho Legislativo daquela então colónia portuguesa, comdesempenhou o cargo de Vogal do Tribunal Administrativo, Fiscal e deContas. Em 1925, regressa ao Distrito de Moçambique, onde instalaescritório de advocacia, e tomou conta da Direcção de várias empresas.Em 1929, voltou a fazer parte do Conselho do Governo da Colóniamoçambicana, como Vogal eleito pelos Distritos de Nyassa e CaboDelgado. Após a reforma administrativa, em 1935, foi eleito pelo Distrito

de Moçambique, Vogal da Junta Provincial do Nyassa, lugar que ocupouaté 1936, ano em que regressou ao continente, por falecimento de seuirmão Luiz Ferreira Roquette, dedicando-se exclusivamente àadministração da casa agrícola da família. Em 15 de Novembro 1938,tomou posse do cargo de Presidente da câmara de Salvaterra de Magos.

Por andar sempre acompanhado, de um varapau (Cajado), nas visitas ao

campo, a população rural com carinho, passou a conhecê-lo, como o Dr.Cajado. Após a sua morte, a municipalidade de Salvaterra, atribuiu a um pequeno arruamento da vila, uma toponímia com o seu nome, a que deu adesignação de Avenida.

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VI

José Maria Rita Vasconcellos e Sousa

(José Maria Rita de Castelo Branco Correia da Cunha

Vasconcellos e Sousa)

Nasceu em Salvaterra de Magos, em 5 de Fevereiro de 1788 * Filho

de: José Luís de Vasconcelos e Sousa e de Maria Rita de Castelo Branco

Correia da Cunha, marquesa de Belas. 

José Maria Rita Vasconcellos e Sousa, foi

Nobre, Militar e Politico. A carta régia de

30 de Abril de 1826  elegeu-o  par do reino, 

prestando juramento com tomada de

posse na sessão da respectiva câmara, a

31 de Outubro do mesmo ano. Eraigualmente grande de Espanha, de 1.ª classe,  sendo Marquês de

Olias e Zursial, na Catalunha, e Marquês de Mortara, no Ducado de Milão. 

Em 1817, fez parte da expedição portuguesa a Pernambuco,  tendo

ocupado o cargo de Governador de Capitania de São Pedro do Rio

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Grande do Sul, de 19 de outubro de 1818 a 22 de setembro de 1820. Em1833 serviu o infante D. Miguel, como Ajudante de Campo e

desempenhou o cargo de comandante em chefe, foi um fidalgo sempre

dedicado ao Partido Miguelista.

Obteve, no dia 6 de Fevereiro de 1818 a da Ordem de Nossa Senhora

da Conceição de Vila Viçosa, e em 1820 a grã-cruz da Ordem da Torre e

Espada José Maria Rita Vasconcelos e Sousa, casou duas vezes:  O 1.ºCasamento foi com:  Maria José de Melo Menezes e Silva, não teve

descendência. Casou 2ª vez com: Maria Amália Machado Eça Castro e

Vasconcelos Magalhães Orosco e Ribera. Filha de  Luís Machado de

Mendonça Eça Castro e Vasconcelos e de Maria Ana de Saldanha de

Oliveira e Daun. Do casal são conhecidos 9 filhos:

D. Ana Maria de Jesus Machado de Castelo-Branco Correia CunhaVasconcelos Sousa * D. Maria Rita da Conceição Machado de Castello-

Branco Mendonça e Vasconcellos casada com D. Lourenço José Maria

Boaventura de Almada Cyrne Peixoto, 3º conde de Almada. 

José Jorge Machado de Mendoça Eça Castro Vasconcelos de Castelo-

Branco, 2º conde da Figueira, casado com Isabel Maria de Oliveira Pinto

da França * D. Maria Ana Isabel Apolónia Machado de Mendonça EçaCastelo-Branco casada com António Pereira da Cunha e Castro *  D.

Maria Amália Machado de Castelo-Branco casada com Duarte Taveira

Pimentel Carvalho Meneses * D. Maria da Santíssima Trindade Machado

de Castelo-Branco. D. Maria de Jesus Bárbara Machado de Castelo-

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Branco casada com António Augusto de Almeida Portugal Correia deLacerda (governador de Moçambique), e Luís Paulino de Oliveira Pinto

da França,  2º conde da Fonte Nova * D. Maria das Dores Machado de

Castelo-Branco * D. Maria da Conceição Machado Castelo-Branco

casada com José Correia de Sá e Benevides Velasco da Câmara, filho do

6º visconde de Asseca. José Maria Rita Vasconcellos e Sousa, faleceu

em Lisboa 16 de Março 1872.

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VII

José Carlos Hipólito“O Tímpanas”  

(Figura típica da nossa terra)

As saudades das suas traquinices

“ As festas do Foral dos Toiros e do Fandango de Salvaterra de Magos,terminaram à pouco dias, teve a sua Comissão, a feliz ideia de este anofazer-lhe uma homenagem. O “Timpanas”, desde à muito que merecia umreconhecimento público.

Há 18 anos, quando ele contava com 53

anos de idade, fizemos-lhe uma entrevistaque, foi publicada no extinto jornal regional“Aurora do Ribatejo” de onde vamos recordaralgumas passagens.

“Homem pequeno dotado de traquinice que ofaz estar constantemente bem disposto, levando-o todos os anos pelocarnaval, ou o entrudo com antes se dizia, sempre arranjávamosimaginação e talento nas figuras por si encarnadas que, ainda hojedeixam saudades.”   

Muitos anos antes, foi bombeiro voluntário de Salvaterra, semprevigilante e activo, todos contavam com ele nas horas difíceis. Quando daentrevista, o seu grande “martírio” que o corroía eram as saudades, da

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festa brava. Ao falar de tauromaquia, todo o seu pequeno corpo semodificava, notando-se na sua face os seus nervos de aço com queempolgou multidões nas praças de toiros, ficavam fluídos - era umhomem, cheio de saudades !..

Tivemos ocasião de verificar estas situações naquela pequenaconversa que mantivemos. Exercendo a profissão de metalúrgico, foi navida de campo que, começou os seus primeiros contactos com os toiros,

pois naquele tempo, ainda havia a grade - uma forma de trabalhar aterra- onde se utilizava alguns toiros bravos que, depois de “ bruxedos ,”tornavam-se dóceis. Mas voltando à tauromaquia foi-nos dizendo:

“Tenho muita estima pelo Sebastião Nabiço e, também pelo Manuel Faia,ainda vivos. O Albino Fróis Marques , e o seu irmão Manuel –   “o ManelLazão”  , a eles devo muito do que sei da difícil arte de pegar toiros. Uma

das salas da sua casa estava repleta de quadros, onde se podia apreciarvárias sequências de pegas de caras, por si efetuadas em váriasactuações nas praças de toiros tanto no país como no estrangeiro.  

No entanto não me posso esquecer do já falecido, Manuel Ferrador,pois com ele tive tardes inesquecíveis, bom companheiro!

Ao vermos uma fotografia onde José C. Hipólito estava na cabeça deum possante toiro (510 Kg), diz-nos que esta pega se realizou na Nazaré.

Este pigmeu com braços de aço, era a legenda de uma notícia, onde oTimpanas   era enaltecido por ter pegado um “bicho,” de 600 Kg, daganadaria da Casa Roberto numa corrida realizada aqui em Salvaterrasua terra natal. “Olhe, aqui nesta foto, foi quando o Manuel dos Santos asua festa de despedida no Campo Pequeno. Neste grupo - o de AdelinoCarvalho estou eu e o Manuel Ferrador, tem uma dedicatória do Manuel

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dos Santos, a mim.” “Numa digressão que fiz à China, a convite de

Manuel dos Santos, éramos três forcados, e pegamos toiros ainda emHon- Kong. As praças de toiros eram construídas em canas de bambu, ecomportavam cerca de 8 mil espectadores.

Numa dessas corridas, actuei nas pegas com as costelas partidas. Emcerca de cinco meses que lá estive peguei 36 toiros, que foram levadosenjaulados em navios”.

E assim deixámos, o “Timpanas” de Salvaterra, esperançado noreconhecimento do povo da sua terra pelo menos com uma palavraamiga. Que a sua ambição se realize, dissemos-lhe!

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VIII

PROF. ANTONIO GONÇALVES LOPES  

(A saudade começou a 9 de Julho)

Cada geração tem destas coisas. Na minha meninice, as crianças não

conheciam o que é uma creche, nem sonhavam com a pré-primária, arua essa, era toda nossa !

O “Mosquito”    e, o “Mundo de Aventuras”   , eram jornais de bandadesenhada, que serviam de inspiração às brincadeiras da juventude dadécada de cinquenta.

Um exemplar custava 2$50 na época, emuito choro dava a quem os queria comprar.

Com a GNR à perna, as brincadeirasnoturnas terminavam com o recolher dascrianças por volta das 10 da noite., e se alguma

fosse apanhada, os pais eram multados.

Aos 4/5 anos de idade, o convívio com o António Lopes, foi o início deuma amizade duradoira. O Largo dos Combatentes (também conhecidopelo largo do Manuel Lopes , avô paterno deste meu amigo), local térreoonde as nossas brincadeiras ingénuas nos levavam ao desenvolvimentofísico. Mais tarde, na escola primária, a nossa amizade fortaleceu-se,apesar de termos professores diferentes.

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O António Lopes , nascido em 12 de Julho de 1943, de uma famíliaeconomicamente florescente para a época, continuou os seus estudosem Santarém e, eu fico-me pelo mundo do trabalho logo aos treze anosde idade, sendo onosso convívio a sermais limitado.

O meu amigoAntónio Lopes   evoluiuna sua carreiraacadémica no InstitutoSuperior Técnico , no curso de engenharia, que interrompeu quando asvárias frentes da guerra ultramarina nos “apanha” na idade das sortes,e da tropa. Em 1964, presta serviço militar com o posto de alferes

miliciano. De regresso à vida civil, no Instituto Superior de   EducaçãoFísica, frequentou o curso de educação física, o desporto foi a suaactividade no ensino, como professor, nas escolas da sua terra. Contraiumatrimónio com a professora; Maria Elisa Lázaro Ferreira (Lopes), doqual nasceram os filhos; Pedro Jorge, e o António Miguel Ferreira Lopes. 

Pessoa dotada de grande espírito de colaboração, no ano de 1976,quando das primeiras eleições autárquicas foi eleito pelo partido

socialista , como vereador na câmara municipal de Salvaterra de Magos.No desempenho do cargo mostrou grande interesse em dotar apopulação com novos edifícios escolares.

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Mais tarde, no cargo de membro do conselho directivo, lá estava oAntónio Lopes a assistir, em 15 de Outubro de 1983, à inauguração daescola secundária da vila que recebeu o nome de um outro ilustresalvaterriano, Gregório Fernandes. Numa experiência de grandeinovação para a terra, com uns amigos instala na rua Luís de Camões,um ginásio com várias actividades de manutenção, destacando-se ummétodo que aplica para os problemas respiratórios.

Infelizmente esta experiência empresarial dura pouco tempo, emmeados do ano de 1973, quando se encontra na companhia da família emSevilha (Espanha),  a gozar um curto período de férias, é confrontadocom uma nova mobilização militar para Moçambique. Ali, foi prestarserviço militar, com o posto de capitão, regressando em Dezembrodaquele ano, após mais seis meses de presença nas fileiras do exércitoportuguês. Faleceu a 9 Julho de 1990, com 47 anos de idade e desde

então, a saudade tem sido sentida pela família e pelo grande número deamigos Em 1991 o edifício escolar, do ciclo preparatório, de Salvaterrade Magos, quando aberto ao ensino recebe o seu nome, comohomenagem a título póstumo.

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XIX

PADRE, JOSÉ RODRIGUES DIOGOUm Homem, uma Obra !

Naquele ano de 1945, era um dia de Verão, chegou a Salvaterra deMagos, um jovem padre que vinha ocupar o cargo da paróquia local.

Tinha pouca experiência paroquiana, poishavia deixado o seminário, onde foi educadosobe as mais rígidas regras usadas nos finaisdo séc. XIX.

O entusiasmo era grande, depressa como pastor, ao serviço da suacausa, a Igreja Católica, apercebeu-se das grandes carências do seu“rebanho”, pois a guerra tinha deixado ficar as suas mazelas.

O padre José Rodrigues Diogo , nascido em Seiça (Ourém) lá para oslados de Torres Novas, em 1919, chegado à freguesia foi viveu para umespaço, na Igreja Matriz, há muito destinado a residência dos

sacerdotes. Depressa foi com algum desespero que viu a forma de viverdestas gentes da Lezíria ribatejana. Os seus 26 anos de idade, deram-lhemuitas forças e com a sua fé, começou a pensar em dar melhorescondições de vida às famílias, especialmente do povo rural, que na suamaioria vivia em barracas, num terreno arenoso, junto ao cemitério da

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vila e, que nos finais do séc. XIX, ainda pertencia ao pinhal da vila, restosda que foi sua Coutada Real.

A fome acompanhada de uma forma de viver, onde as crianças na suamaioria não iam à escola, pois eram encaminhadas param os trabalhosdo campo, logo nos primeiros anos de vida –  o trabalho da grade.Entretanto com o dinamismo próprio de quem sonha consegue – inicia aconstrução de uma nova residência Paroquial, na Praça da República,

conseguindo da câmara municipal a doação do respectivo terreno.

Edifício da Casa Paroquial de Salvaterra de Magos

Em 1947, o padre José Diogo, iniciava a sua obra social, com a criação

do Centro de Assistência que, o governo legaliza através de umdespacho da secretaria de estado da segurança social. Recebeu de D.Maria Carolina Rebelo de Andrade,  a oferta de um edifício, na ruaCândido dos Reis, onde é instalado aquele centro, com a sua creche.

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Depressa conseguiu o apoio de algumas pessoas castas da terra e,mesmo do concelho, para a oferta de cereais destinados às refeições,que começou a distribuir, através da recém criada “Sopa dos Pobres”.  Para residência Paroquial

No entanto o seu grandeobjectivo era a construção de um

bairro social, afim de acabar comas barracas - uma forma dehabitação, considerada desumanapara as famílias pobres da terrapoderem viver com dignidade.

Quem se debruçar no estudo, da actividade do Centro Paroquial de

Bem-estar Social, entidade que sucedeu à Sopa dos Pobres, e Centro deAssistência Social, poderá encontrar um trabalho

Lançamento 1ª Pedra - local escolhido paraa construção do Bairro Social

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Cerimónia do Lançamento da 1ª Pedra, no primeiro terrenoescolhido para a construção do Bairro, uma obra da Igreja

Primeiras casa construídas no bairro social

de grande humanismo, onde muitos paroquianos colaboraram aolongo dos anos, através da Fábrica da Igreja de Salvaterra de Magos. Em1956, uma nova obra social dá os primeiros passos - O Património dosPobres.

O Património dos Pobres. O seu aparecimento, cria um fundo dedoações e legados destinados à construção de habitações sociais naParóquia de Salvaterra de Magos, que veio a comportar 150 casas, emdois bairros a que foram dados os nomes de: S. Paulo. e S. José, com

rendas de valor social   

O médico veterinário, José de Menezes e sua esposa, Maria de LurdesVinagre, grandes proprietários na terra, e Manuel da Silva Valente,oferecem terrenos, para tão importante obra social.

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A obra social, do Padre José Diogo, chegou ao fim em Salvaterra deMagos, com o arranque dos trabalhos da construção de   um modernoedifício materno-infantil   (creche).

O autor deste Apontamento, convidado em 1969, pelo padre Diogo paraintegrar a direcção da Fábrica da Igreja (Centro Paroquial), com RefinoMorais Andrade, depressa sabem das grandes dificuldade porque passaa Fábrica da Igreja, em levar a bom termo as suas obras em curso.

O padre Diogo, viu-se na necessidadede fazer várias deslocações aoestrangeiro, para junto dascomunidades religiosos e não só,angariar algumas verbas parasatisfazer compromissos financeiros

assumidos. Em outros projectos esteveempenhado, como: A construção deIgrejas – Foros de Salvaterra, Marinhais,Glória do Ribatejo e Granho.

Uma área que, que também o atraiu, o Escutismo, levou-o a juntar a juventude da terra, e fazer nascer em 1964, o Agrupamento local. Anosantes da sua morte, o executivo da câmara municipal ,  prestou justa

homenagem a este homem que, tudo fez em prol do bem-estar do povode Salvaterra, dando o seu nome, a uma rua de acesso aos bairrossociais da vila.

A população de Foros de Salvaterra, incluindo o lugar da VárgeaFresca, em preito de homenagem, rogaram-lhe em 27 de Março de 1989,que após a sua morte viesse a repousar no cemitério local, o que

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aceitou. Aos 77 anos de idade, veio a falecer em Fátima, onde estavarecolhido, e ali junto aos Foreiros foi sepultado em campa rasa no dia 25de Abril de 1987..

50 ANOS DO CENTRO PAROQUIAL

Para comemorar o 50º aniversário do Centro

Paroquial de Salvaterra de Magos, entendeu omunicípio, atribuir-lhe o galardão máximo doconcelho;

 A Medalha de Mérito Municipal “Grau Ouro”, pelos serviços prestados com diploma aprovado emdeliberação de câmara municipal, no dia 8 deOutubro de 1997, além de ser atribuído o seu nomea uma artéria da urbanização do pinhal da vila que,passou a ”Rua Centro Paroquial”, mesmo ali juntoàquela grande obra social que iniciou - a Creche.

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X

DR. JOAQUIM GOMES DE CARVALHO

(Um Benemérito na Misericórdia Local)

Joaquim Gomes de Carvalho, nasceu no Brasil, filho de pais imigrantes,atingindo a idade dos estudos, veio para Portugal, estudar medicina,acabando por se licenciar. Casou com D. Mariana Calado, oriunda deuma abastada família alentejana, vindo para Salvaterra de Magos, ondeabriu consultório. Com a medicina praticada com o decorrer dostempos, era um respeitado médico na época. Durante anos foi

 No Almoço comemorativo, dos 100 anosda Farmácia Carvalho, o

, Dr. Joaquim Gomes de Carvalho, é o 4º (lado direito)

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Delegado de Saúde Pública, no concelho e fez oferta dos seus serviçosclínicos, à Santa Casa da Misericórdia de Salvaterra de Magos, durantelargo tempo. Um dia, por volta 1939, sonhou, com um Parque Infantilpara as crianças na terra, e disso deu conta escrevendo num artigo,com o titulo “A Obra de Protecção á Infância em Salvaterra de Magosque ocupou a página 184, do Jornal Ilustrado Português “A Hora”,  de1939, que dedicava a sua edição ao concelho, no entanto foi uma obraque outros viriam a concretizar só em 1975.

A Misericórdia local, em devido tempo, prestou-lhe uma homenagem,agradecendo os favores recebidos, de tão grande benemerência paracom os pobres doentes daquela casa. Também o Ministério dos AssuntosSociais, em 3 de Abril de 1979, através do seu ministro, Acácio ManuelPereira Magro, fez sair em Diário da República daquele ano, o despachoministerial:

“ Por relevantes serviços prestados à saúde pública, ao longo dequarenta anos, como Delegado de Saúde no Centro de Saúde do

Concelho de Salvaterra de Magos, condecoro o Dr. Joaquim Gomes deCarvalho, com a medalha de prata de comportamento exemplar do

Ministério”   

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XI

 JOSE LUÍS SERRA BORREGO, e JOSÉTEODORO AMARO

( homens de boas causas)

Cada sonho, cada realização, torna o ser humano mais digno de simesmo. Nas boas causas que abraça, o homem liberta-se !

A dignidade, está também visível na forma de vida que em união deesforços consegue buscar para si, ou para o bem estar da comunidadeonde está inserido. Em Portugal, os lares para idosos não eram e, aindanão são bem aceites pelas gerações, que foram educadas onde o dogmaé a família e, a sua respeitabilidade indelével.

Aqui em Salvaterra, “os velhos” sempre viveram e acabaram os seusúltimos dias de vida, dependendo das disponibilidades e carinhos dosfilhos, ou familiares mais próximos.

Na década de 70, as instituições de solidariedade social, mormente asmisericórdias levaram a cabo no nosso país, a implementação dos

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Centros de Dia para Idosos,  ou mesmo a criação de lares cominternamento.

No mês de Maio de 1980, no programa “As cidades e as Serras” daRádio Comercial, foi dado a conhecer ao público português, uma notíciacujo original o autor deste trabalho, fez publicar no já extinto jornal“Aurora do Ribatejo”. 

Uma iniciativa levada a cabo, em Salvaterra de Magos, por um grupode amigos da Santa Casa da Misericórdia local que, constava do esforçopara tornar realidade a criação de um Centro de Dia para Idosos.

Grupo de amigos da Misericórdia, em dia de Peditório, para a construção do novo

Centro Dia – Praça da República

Grupo que iniciou fundou o Centro de Dia em Salvaterra de Magos, -Praça da República * José R Gameiro, José Luis Borrego, ArmandoOliveira, José Teodoro Amaro, José da Silva, João Castanheira, EuricoBorrego, João Nunes da Silva

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A chamada terceira idade, tem dado assunto para páginas e páginas deliteratura, horas de conferências, onde ficaram registadas sábias liçõessobre gerontologia.

Naquela iniciativa, de boa vontade, lá estava o grupo de oito amigos deboas causas. Sendo um peditório feito à população da vila, previamenteanunciado, não teve a recetividade esperada, o povo alheou-se decomparticipar, e magros proventos foram contabilizados após tão

cansativa missão.

José Teodoro Amaro, junto das funcionáriosque chegam no carro (novo meio de transporte),que recolheu idosos para o Centro de Dia

No entanto, o Centro de Dia, foi inaugurado no dia 3 de Junho de 1985.,e as inscrições passaram a pertencer a uma lista de espera. Osdirigentes, mais activos: José Teodoro Amaro e José Luís Serra Borrego,promoveram um serviço de apoio aos idosos no seu domicílio, foi umainiciativa que viria a servir de projecto para levar a cabo a nívelnacional, pois as visitas de outras instituições eram periódicas.

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LAR DE IDOSOS E CENTRO DE DIA DA MISERICÓRDIA

No dia 15 de Abril de 1992, a comunicação social, noticiava ainauguração do edifício do Lar para Idosos com Centro de Dia,construído pela Misericórdia de Salvaterra de Magos, uma iniciativa domesmo grupo de amigos da instituição que anos antes já tinha criado o

Centro de Dia, na Praça da República da vila. Ao acto solene dainauguração, esteve presente o Secretario de Estado da SegurançaSocial, Dr. Vieira de Castro.

Entre a multidão anónima lá estava, alguns dos oito obreiros doprojecto que, desde 1997, esperaram a aprovação no Departamento deEquipamento Social, do Ministério da Segurança Social que veio apoiar asua construção.

O então provedor da Santa Casa, Armando Rafael Oliveira naquele diamemorável, para a história da Santa Casa de Salvaterra de Magos, fezda sua intervenção, as palavras que decerto seriam de todos, mesmodaqueles ausentes e que se tinham empenhado na concretização daquelaobra.

“Para que a velhice não seja um p eso, mas sim um continuar da vida,onde o amor e fraternidade são postos ao serviço do seu semelhante -seja tudo isto o que damos aos outros, faz-nos mais humildes e felizes,segundo disse: Rafael Oliveira ”. 

Chorar de emoção, em dia de alegria !

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Naquele momento, muitos de nós, os poucos obreiros ali presentes,não deixaram de ver uma lágrima de emoção, lembrando o entusiasmo eesforço denodado que o José Luís, José Teodoro Amaro,  se tinhamempenhado, naquela obra.

O José Luís Borrego, foi músico, durante dezenas de anos na bandade música dos bombeiros, empenhou-se naquilo que gostava.

Nas instituições, por onde passou foi um homem que defendeu o bemda sua terra, aceitando ocupar os cargos com espírito de solidariedadee bem servir, como foi ocupar a presidência da Junta de Freguesia daterra onde nasceu. O José Luís , tinha-nos deixado há pouco, após umadoença prolongada que, o vinha apoquentando há anos.

O José Teodoro Amaro, nasceu em Salvaterra de Magos, na

 juventude aprendeu o ofício de carpinteiro civil, depressa não deixou deprestar apoio às instituições da terra, os bombeiros foi uma delas. Jácomo comerciante, empenhou-se na fundação de uma Associação deComerciantes do concelho de Salvaterra de Magos, que teve associadauma outra do concelho de Coruche. Como autarca, empenhou-se e deu oseu contributo no aparecimento da Escola Secundária “Dr. Gregório

Fernandes”. A família, os amigos e, as instituições da vila sentiram aperda destes dois homens que em vida foram solidários, com a

comunidade onde viveram.

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XII

JOÃO MANUELSANTA BÁRBARA DOS SANTOS

(UMA GLORIA NO ANDEBOL PORTUGUÊS)

O desporto levou-o aos píncaros da fama !O Andebol, ainda não é uma modalidade muito

antiga praticada em Portugal, documentosinformam-nos que uma variante  –  onze jogadores,foi praticada na cidade do Porto, em 1929.

Nos anos 1967/68, emSalvaterra de Magos, amodalidade tinha sidoimplementada e, poucos anosdepois, era já uma referência para

a juventude da terra. Todos os jovens,especialmente os rapazes, procuravam praticar oandebol, o pavilhão desportivo da casa do  povo,tornava-se já pequeno para tanta procura.

De uns tantos que singraram na prática destedesporto, alguns foram “cobiçados” por clubescredenciados no panorama desportivo português.

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Caso, de Vitor Cabaço, Júlio Piçarra, AntónioFigueiredo e João Santa Bárbara.

Este último, pela sua excecional carreira deatleta, representando vários clubes e, a selecçãonacional, veio a ser galardoado com a medalha demérito desportivo, em documento oficial ondeconsta o seguinte:

MEDALHA DE MERITO DESPORTIVO,ATRUIBUIDA A JOÃO SANTA BARBARA

“Considerando a excecional carreira de João ManuelSanta Bárbara dos Santos, como praticante de andebol;

e tendo em atenção que é considerado o atleta maisinternacional na modalidade de andebol.

Considerando que representou a selecção nacional

 por 108 vezes, tendo sido capitão por 49 vezes;Considerando que, ao lado destes números, assumiusempre uma postura ética;

Considerando que foi várias vezes distinguido com o prémio de melhor guarda-redes, e melhor jogador.”  

Determina-se:“ É concedida a João Manuel Santa Bárbara dos

Santos, a medalha de mérito desportivo, nos termos dos

art.º 3º e 6º do decreto-lei 55/86, de 15-3 ”  

08 de Janeiro de 1993O Ministro da Educação,

 António Fernando Couto dos Santos

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XIII

JOSÉ ANTÓNIO DAMÁSIO LAPA

“ O Dezoito” 

Em criança, andou comigo na escola, pouco aprendeu. Na rua,brincamos as mesmas brincadeiras.

Um dia, ainda jovens rapaz, como tantosoutros membros da sua família - os Lapas; jáo tinham feito, foi aprender o ofício daconstrução civil, e Pedreiro   foi a suaprofissão.

As suas dificuldades de perceber a escrita, levava-o quando dissocarecia, a procurar-me.

O seu espirito altruísta, começou a revelar-se ainda jovem, ao entrar

como voluntário, nos bombeiros de Salvaterra, onde seu irmão Eugênio já “militava”. Foi-lhe atribuído o número 18, na corporação, que veio aajustar-se à sua traquinice. Depressa, passou a ser uma pessoa muitosolicitada, pois a sua disponibilidade em ajudar os outros era constante.O José António “o dezoito “ , raro era o mês que não fosse dar sangue

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para alguém que estivesse hospitalizado e, precisa-se daquele bem tãopreciso para a vida humana.

No entanto foi essa mesma vida, muito madrasta para com ele, poisvários infortúnios familiares, levaram-no a procurar a bebida, o álcoolera o seu refúgio.

Ainda novo, ficou sem duas

companheiras queridas, asmortes da mulher e da mãe, foi oinicio de uma pesada caminhadaque, pelo rumo da sua desditaculminou com a morte do filho,ainda na pujança da juventude.

O Dezoito na escadaria de uma Instituição Bancária 

Na rua, as escadas e bancos dos jardins, eram os lugares onde oencontrávamos, sempre brincalhão e, por vezes conflituoso, servindo debobo  as jovens e adultos, quando em estando de embriaguez. Ainda, e

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sempre disponível, para a sua jornada de bem-fazer, continuava a darsangue, a quem dele precisava. Um dia de 1979, recebeu uma carta, ecomo era habitual em mim se socorreu para a sua leitura.

Estava nervoso, era uma carta do Estado, e tinha razão para isso; OInstituto Português do Sangue (IPS),  tinha-o galardoado, recebeu odiploma e medalha de mérito daquela instituição, pelas suas 70 vezes,

como dador benévolo de sangue, mas a sua vida de boémio, continuouna mesma, passou a viver de pequenos “biscates” de trabalhos depedreiro.

Alguns anos passaram, agora após uma trombose, que lhe tolheuparte do corpo, aos 60 anos de idade está recolhido no Lar da SantaCasa da Misericórdia de Salvaterra de Magos, onde vive sossegadamenteamparado a uma bengala, e sem beber álcool, esquecido pela

comunidade, especialmente, de quem dele muito precisou.

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BIBLIOGRAFIA USADA:

* I - Pág 17 Gaspar Costa Ramalho: Artigo Jornal Vale do Tejo- JVT 139  –  12/3/98 * JVT 196  –28/10/1999 * II – Pág 31 Dr.Gregório Fernandes: Pág. 35 * JVT 144  –21/5/1998* III  – Henrique Xavier Baeta (Internet) * IV  –Pág 34 IrmãosRoberto(s), Semanário “Branco e Negro” N.º 66 de 4/7/1897 – Jornal “ O Ribatejo” - JVT 154  – 5/11/1998 * V  – Pág 41 Dr. António Viana Ferreira Roquette  –  Revista A Hora edição1939 * VI – Pág.43 José Maria Vasconcellos e Sousa - Internet*VII – Pág.46 José Carlos Hipólito “O Timpanas” -: Aurora doRibatejo  –25/12/1 * JVT 146  –  18/6/1998 * VIII  –  Pág 49 António Manuel Gonçalves Lopes,: JVT  – 1983 * JVT 147  – 

2/7/98 * XIX  –  Pág 52  –  Pe José Rodrigues Diogo:, JVT7/7/1995 * JVT 30/4/97 * JVT –15/12/1987 ( Creche do CentroParoquial) * X  –  Pág 58 - Dr. Joaquim Gomes de Carvalho:Revista a “Hora” –1939 * DR - 3/4/1998 * XI – Pág 60 - JoséLuís Serra Borrego e José Teodoro Amaro JVT 148  – 16/7/1898 * XII  –  Pág 67 João Manuel Santa Bárbara dosSantos * XIII - Pág.70 José António Damásio Lapa “O Dezoito”,JVT 336 – 4/7/00

FOTOS USADAS:   Autor e a/d

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COLECÇÃO DE APONTAMENTOS nº 9 

Documentos para a história  de

SALVATERRA DE MAGOSPatrimónio:

Geográfico, Monumental , Cul tural, Social, Político,Económico e Desportivo

Séc. .XI I I  –  Séc. XXI

QUANDO VINDIMAR ERA UMA FESTA 

AutorJOSÉ GAMEIRO

(José Rodrigues Gameiro)

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Versão Revista e umentada 

FICHA TECNICA:

Titulo:QUANDO VINDIMAR ERA UMA FESTA

Tipo de Encadernação: Brochado

Autor: Gameiro, JoséColecção: RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR !

Data: MARÇO DE 2007

Editor Gameiro, José RodriguesMorada: Bº Pinhal da Vila  – Rua Padre Cruz, 64-1º

Localidade: Salvaterra de MagosCódigo Postal: 2120- 059 SALVATERRA DE MAGOS

* Tel. 263 504 458 * Telem. 918 905 704

ISBN:978 – 989  – 8071  – 09  – 5 * 1ª edição

pdf –  “www.histotiasalvaterra.blogs.sapo.pt”“ http://issuu.com/home/publications” 

******************O texto desta edição não segue o acordo ortográfico de 1991

Fotos da Capa: -Em dia de Vindima, mulher com cesto de uvas à cabeça - 1970

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O MEU CONTRIBUTO

Não só pelos meus companheiros de meninice, ondeas brincadeiras diárias na rua, que era nossa -nunca tinham fim - mas para que toda aquelacambada de rapazes, do tempo da escola, não sejaesquecida, é dedicado este trabalho! Uma boa meia

dúzia de anos, não tinha ainda passado, do após guerra, entre outras coisas, a penúria da fome e, o

andar descalço, que para a maioriadas crianças, não era um desejo, masum sofrimento, também existianesta terra. Quando chegavam asvindimas, todos os anos, corria-mosdesesperados, à velha ponte da vala

real, atrás dos carros, para o “roubo” de um cac hode uvas. O “assalto”, se fosse bem sucedido, seria alia única oportunidade do ano, para alguns

 provarem aquele fruto, mas normalmente eraacompanhado por uma varada, ou o chicote quezurziam no ar. “Gra nde Cambada! Rapazes dumcorno”  que, me estragam a carrada toda”, gritavam

os carroceiros, ou os condutores das juntas de boisque pachorrentos faziam a caminhadatransportando as dornas de uva, do campo até àsadegas. na vila.

ABRIL: 2015  JOSE GAMEIRO 

(José Rodrigues Gameiro)

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QUANDO VINDIMAR ERA UMA FESTA!

Em 1953, naquela tarde, já com Verão a darsinais de dar lugar ao Outono, ainda a mulher ruralà soleira da porta, aproveitava a sombra, e o

silêncio que envolvia a sua casa, para  passajar  algumas roupas, “sonhando” com o mês de S.Miguel, setembro era mês das vindimas.

Uns tempos antescom o calor a fazercorrer o suor na cara,tinham terminado, as

ceifas  e as eiras,ocupando grandesranchos de homens e mulheres.

 A mecanização dos trabalhos do campo, já sefazia notar com a presença de algumasmáquinas agrícolas, como; tractores,

debulhadoras e enfardadeiras.  O uso do gadopor sua vez estava a ser substituídoprogressivamente nos trabalhos da grade (1) e, no lavrar das terras, as tralhoadas, era agora

****************(1) - Esterroar os terrenos, depois da terra lavrada

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mais escasso, deixavam de existir. A lavouratradicional de muitos séculos, estava emtransformação, os campos da Lezíria Ribatejana,desde o século anterior que estavam estudados,e até se escreveu “Terrenos  com baciasaluvionares de espaços lodosos férteis, chegam a

atingir os 30 metros de profundidade noscampos de Vila Franca e, 50 no mar da Palha”,“estas profundezas, que vêm desde o períodoQuaternário, acentuaram a actual bordadura doVale do rio Tejo que, confina com uma outra a doSado.”  

 As vinhas plantadas em grandes arroteamentos, 

nos meados do séc. XIX, foi um trabalho lento, emterrenos junto à imensa margem do leito do rio e,naquele ano de 1953, um manto pardo escuroprometia dar uma grande produção de uva.

 A fama dos vinhos do Ribatejo é anterior à

fundação da nacionalidade, referiu-se a eles D. Afonso Henriques, em 1170, no foro da cidade deSantarém. Também Gil Vicente, no auto “ Prantode Maria Parda”, alguns séculos depois continuama ser procurados

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O clima do Ribatejo mediterrâneo, temperadodada a proximidade da bacia do rio que a banha,com uma queda anual pluviométrica, verificada nosúltimos 50 anos em cerca de 500-600 mm.

 A moderna nomenclatura, que agrega os váriospadrões agrícolas na área da vinicultura, existeregiões como a “Lezíria, ou borda-d’água”, o

“Bairro” e a Charneca”. Terras que sãocontempladas pela riqueza da bacia hídrica do rioTejo. Na planície ribatejana com suas terras deLezíria, onde os terrenos de aluvião, sendoinundáveis, têm no seu solo a humidade necessáriapara a cultura da vinha e dos cereais.

O “Bairro”, são terras localizadas na margem

direita do rio Tejo, tem nos seus solos arenitos,calcários e argilosos, onde a vinha não tem aimportância que é dada à oliveira e outras culturasarbustivas e arbóreas.

 A “Charneca”, são terrenos que se estendemdesde a margem esquerda do rio até ao Alentejo,detentores de solos pobres, como os areno-arenosos, são revestidos de floresta que aenriquecem, onde predomina o sobreiro.

 As suas areias quentes pelo sol, têm uma grandeimportância no grau alcoólico dos vinhos aliproduzidos.

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Por volta de 1950, os tradicionais carros de boise carroças, com as dornas de madeira, davamlugar aos transportes motorizados. Camionetas decarga e, tractores com reboques, eram agora agrande novidade nos trabalhos agrícolas.

 As adegas também tinham sofrido asnecessárias adaptações para este género detransportes e cargas, agora mais rápidas, emrelação à tradicional descarga das dornas, onde ohomem usava a forquilha (ou gadanho), o esmagardas uvas é agora em modernas adegas e, emmuitas já com sistema eletrónico e computorizado.

Sabia o agricultor/vinicultor de Salvaterra, dabaixa graduação do vinho dali extraído, emcontraste com os dos terrenos areno-arenosos dacharneca. Destes provinha um grau alcoólico, degrande qualidade que, juntos dava bons lotes devinho para comercializar, especialmente paraLisboa. O inicio do Outono, estava próximo, havianos agricultores, quem deixasse para o mêsOutubro, por todos conhecido por - Piedade, para“arrumar o campo” das terras baixas, frescasférteis, recolher o gado às terras altas da charneca.

Na linguagem do calendário do homem rural, oano era conhecido e repartido por alguns mesessem santos:   Assim tinham: Janeiro, Fevereiro,

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Março, Abril, Maio, S. João, S. Tiago, Agosto, S.Miguel, Piedade, Santos e Natal. 

 AS PRAÇAS DA JORNA 

 Ao Domingo, após o almoço, as mulheres,algumas com os filhospequenos, iam à

praça da jorna, na Av. junto ao armazém(taberna) do Dr. Lino.Em pequenos gruposalgumas sentadas nochão, porque a tarde

era longa, esperavam que fossem “faladas”, para asemana seguinte. Os homens por sua vezpreferiam juntarem-se junto aos muros dos curraisda Casa Freire. Estes mercados de “apanhar ”trabalho, estavam também a sofrer algumasmudanças, após muitas e muitas dezenas de anosde uso (2).

********* *********

(2)- Os mais antigos ainda se lembravam da Praça da Jorna, ser junto aoCruzeiro, na rua do Calvário, este depois transferido para o cemitério dafreguesia, por volta de 1925.******* ********

Os agricultores, ou os seareiros sazonais,utilizavam as rainhas  para as mulheres e, os 

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capatazes  para os homens que, se encarregavamde contratar (falar) aos trabalhadores necessáriospara a faina semanal.

O homem rural, esse, estava também a mudaros seus hábitos de transporte, a bicicleta era agora

o seu meio de deslocaçãopelos caminhos do campo,

enquanto a mulher aindase deslocava a pé,percorrendo grandesdistâncias, muitas vezescom os filhos à ilharga.

O esmagamento da uva ainda era feito à modaantiga, num pisar leve e suave, por um grupo de

homens jovens que, no lagar da adega iam dandovoltas sem fim, em posição de alinhamento, com asmãos nos ombros, uns dos outros, para que opasso fosse certo e cadenciado. 

Todo aquele mundo de prensas e lagares naantiga adega do Gaspar Ramalho, mais tardevendida a Francisco Ribeiro “Ribeiro Minhoto”, estava sempre numa grande azáfama.

No campo, as mulheres usavam a entretenga dascantigas, com o cortar dos cachos de uva,passando o tempo - utilizando o verso  –  no verbo

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de dizer mal e bem, até mesmo o escárnio. Se nogrupo estivesse alguém, passando um maubocado, na sua vida privada, logo era alvo decantigas de mal dizer:

1935 - Pisando a uva, nos lagares da antiga Adegade Gaspar Costa Ramalho

Para quem no seu, o olho alivia !Tarde ou cedo, o saco no ombro pesará !

Foi-se a riqueza que teria !Pedindo aqui e ali, comerá !

 As raparigas solteiras, que se descuidavam, nonamorico, sofriam com o escárnio de uma

cantadeira mais afoita.

Nos dias grandes, para comer à melão !Tomate quente, nem vê-lo !

Tens a barriga cheia, que nem um leão !Quem teria sido o gajo a mete-lo !

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Muitas destes escárnios e cantigas, são agoraconservadas pelos ranchos folclóricos !

AS VINHAS

O segundo e terceiro quartel foram de intensaactividade vinícola, mas chegados ao dobrar do

século XX, era notório o abrandamento destaactividade, até porque a produção já estavaregulada pela Junta Nacional dos Vinhos  –  JNV,mais tarde substituída pelo Instituto do Vinho.

Nos campos de Salvaterra, dos antigosvinicultores como: Irmãos Roberto, António JorgeCarvalho, Roquette (Barão de Salvaterra), Gaspar

Costa Ramalho e José de Menezes e Irmão,  àmuito tinham deixado a vinicultura. 

 Ainda persistiam e tinhas as adegas abertas, Dr.José Henriques Lino, José Adelino Fernandes, Dr.José Cardador, Alberto Lapa, Virgolino Torroaes,Conde Monte Real, António H. Antunes,

 A grande adega e vinhedos de GasparRamalho, à muitos anos já era pertença deFrancisco Ribeiro, um conceituado agricultor doCartaxo.

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Devido à natureza do fruto, a vindima tinha queser rápida, cerca de três semanas, mobilizavamuita gente, especialmente mulheres.

Vinha no campo de Salvaterra - Lezíria ribatejana, junto ao Rio Tejo

A ENTREGA DA BANDEIRA !

Quando estava prestes a terminar a faina, asvindimadoras, especialmente as jovens raparigas,nos últimos dias, era com grande entusiasmo quefaziam a “Bandeira”,  colocada na última dorna deuvas, depois era acompanhada pelo rancho e, emcânticos percorriam as ruas da vila até à adega,

fazendo a entrega ao patrão.

Por fim metia um pé de dança, com os pisadoresda uva, junto à adega e, era esperar até ao anoseguinte !  

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Entre outras cantigas, ouviam-se os versos:

A vindima do nosso patrão, já terminou !Deus lhe dê boa aguardente e vinho !

A nós ter trabalho, muito ajudou !Agora é esperar até ao S. Martinho !

Os trabalhadores mais endinheirados, lácompravam um garrafão de  Água-pé, pelo SãoMartinho, pois também era a época das castanhasassadas. Os tempos mudaram, nos anos dadécada de 90, com imposições vindas da

1950 - Trabalhadores entregam a bandeira, na Adega da Casa Henriques Lino

comunidade europeia, Portugal viu muitos terrenosdeixarem de ter vinhedos, que passaram a serutilizados para outro tipo de agricultura,especialmente a de regadio, onde a cultura da

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cenoura e tomate passou a ter lugar de destaque,nos campos de Salvaterra de Magos

Nas poucas vindimas que ainda existem, nem sedá pela presença da mão-de-obra feminina, até ado homem é escassa. Vindimar é agora triste comoum funeral, frio e silencioso !

O ASSALTO ÁS DORNAS !

 Aquela espera, muitas vezes de horas, eraalertada pelo grito de “lá vem um !...

Logo o rapazio que descalço estava jogando abola no caia da vala, depois do horário escolar,depressa preparavam os “ganchos de arame”,

(as ganchetas / ou fateixas) para o assalto às

Rapazes (descalços), sentados na Ponte,esperando a chegada dos carros com uvas,

o autor é o penúltimo da fila

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dornas de uvas, nos carros de bois, ou carroçasque se aproximavam da ponte.

Tal desejo de comer algumas uvas era muitasvezes infrutífero, pois o condutor do carro jápreparado dificultava a investida dos mais afoitos,pois a vara e, o chicote zumbiam no ar. O poucotempo que se tinha para actuar - no atravessar da

ponte  –  levava a que muitos, desistissem detamanha ousadia.Os rapazes mais lestos de lançamento das

armas, “esses terríveis  instrumentos”, quandotinham a sorte de “ferrar”, a maior parte das vezes,deixavam cair por terra o fruto tão apetecido, quese resumia afinal a um pequeno e “esfarelado”cacho de uvas sendo logo comido numa sofreguice.

Um ou outro, ainda lá ia à Fonte do  Celeiro  daCompanhia, junto à taberna do Camilo  Espanhol, lavar do mostro, aqueles poucos bagos, pois eram

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muitas vezes os únicos que, comiam durante o ano.

ADEGAS E VINICULTORES DE OUTROS TEMPOS !

 A moderna nomenclatura, que agrega os váriospadrões agrícolas na área da vinicultura, do

Ribatejo, regista regiões como a “Lezíria, ou borda-d’água”, o “Bairro” e a Charneca”. Terras que sãocontempladas pela riqueza da bacia hídrica do rioTejo. Na planície ribatejana com suas terras deLezíria, onde os terrenos de aluvião, sendoinundáveis, têm no seu solo a humidade necessáriapara a cultura da vinha e dos cereais.

O “Bairro”, são terras localizadas na margemdireita do rio Tejo, tem nos seus solos arenitos,calcários e argilosos, onde a vinha não tem aimportância que é dada à oliveira e outras culturasarbustivas e arbóreas.

 A “Charneca”, são terrenos que se estendemdesde a margem esquerda do rio até ao Alentejo,detentores de solos pobres, como os areno-arenosos, são revestidos de floresta que aenriquecem, onde predomina o sobreiro.

 As suas areias quentes pelo sol, têm uma grandeimportância no grau alcoólico dos vinhos ali

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produzidos. Algumas publicações guardam aquantidade de vinho produzido e registado emSalvaterra de Magos

* 1933 – 35.017.840 (litros)* 1936 –  2.366.220 (litros)* 1939  –  3.707.000 (litros)

VITIVINICULTORES

GASPAR COSTA RAMALHO

 Abastado Lavrador/Vinicultor, com três grandes

edifícios, de adegas, num deles com caldeira paraa destilação da aguardente. Durante a sua vida nãodeixou de praticar filantropia às gentes einstituições da sua terra.

Quando da sua construção, jáforam usados os depósitos emcimento que, vinham substituir osantigos túneis de madeira e, aliguardavam milhares de hl devinho, ainda por trânsfuga.

 A adega de Gaspar Ramalho, construída porvolta de 1900, no espaço onde existiu o novo

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edifício das damas, e dele usou a pedra A adegafoi demolida no ano de 1988, para dar lugar a umanova área de urbanização de habitação e comercio.

Largo dos Combatentes – Edifício da AdegaQue um dia foi construída por Gaspar Ramalho,

em tempo de destruição

CASA AGRICOLA FRANCISCOFERREIRA LINO 

 Agricultor/vinicultor: FranciscoFerreira Lino, foi um grandebenemérito da sua terra natal,

Salvaterra de Magos. Em 1858, mandou construir asua adega em terreno limpo, na rua do Calvário,

próximo dos moinhos da vila.  Anos depois, por

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volta de 1912, com a nova urbanização na zona,após o terramoto de 1909, a existência do edifícioajudou a “alindar” os arruamentos ali abertos.

O acesso pela nova rua  – Marquês de Pombal,uma moderna caldeira  de destilação de aguardente, foiinstalada. O edifício foi demolido em 2000, dando o seu espaço lugar àconstrução de uma nova urbanização de habitações e áreas comerciais.

Mais tarde, seu filho Dr. José Henriques Lino, especializado emagronomia, foi professor na Escola Agrícola de Santarém, continuou atradicional “Faina Agrícola” da casa Lino, tendo a sua habitação Omina.

Edifício que foi Adega da Família Henriques Lino,em fase desmantelamento

O bisneto, José Durão Lino, neste início do séc. XXI, sucedeu a seu pai,o Eng.º Francisco Manuel Lino, na responsabilidade de continuar aatividade desta secular e afamada casa agrícola. (*)

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José Durão Lino

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Adegueiro –  José Rato

(*) - Um seu adegueiro, de nome José Rato,durante anos ajudou a afamar os vinhos e

aguardentes desta casa agrícola, pela arte e saberque tinha neste género de trabalhos, usando nostransportes dos barris uma carroça construída emferro 

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CASA AGRÍCOLA DO BARÃO DE SALVATERRA DE MAGOS

(Luiz Ferreira Roquette de Melo Travassos)

Vinha muito detrás a árvore genealógica dafamília Roquette, mas foi em 1770, que Luiz

Ferreira Roquette de Melo Travassos, recebeu otítulo de Barão.

 A família muito investiu nacompra de grandes manchas deterrenos em propriedades queestavam espalhadas pelo novoordenamento do concelho de

Salvaterra de Magos, após avenda da casa real.Os vinhedos, especialmente osdos campos de Salvaterra, eram

a principal fonte dos vinhos desta casa agrícola.

 A grande adega Instalada nos seus terrenos na Av. do Calvário, (mais tarde; Vicente Lucas de Aguiar, agora com o nome do Dr. Roberto Ferreirada Fonseca), era para a época, uma referência emtodo o Ribatejo, deixou de trabalhar, por volta de1940, com o progressivo abandono da actividadeagrícola da família.. Com o decorrer dos anos o seuestado de ruína era um facto, sendo mais visível

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com o telhado a cair.. Em Novembro de 2002, foitotalmente demolido, para dar lugar a uma novaurbanização de habitações e comércio.

1996 - As ruínas da antiga adega,,família Roquette

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CASA AGRÍCOLA COSTA FREIRE

Esta família tendo sido brasonada, em 1749,através de José dos Santos Freire, homem da casareal de Salvaterra, ao longo dos séculos teve naagricultora a sua forma de actividade.

Propriedades que foram terras desta casa, como:Fazendas  da Lezíria de Sacra Botão, Cortes daPardaleira dos Cavalos, D. Verdeana, Cágados,Sesmarias de D. Maria, Nogueira, Chaparral dePêro Galego e Boinheiras,  eram muitas entre a

mais importante, a Corredora daCaldeira,  conhecida pelo nome

do “Marquez dos Freiras”   Comseu solar, na rua João Gomes,além de vários palheiros earmazéns na vila, a adegaestava instalada nos antigas

cocheiras do palácio real, hoje junto à EN 118.

CASA AGRÍCOLA IRMÃOS ROBERTO

Na casa agrícola Roberto, as searas desequeiro, a par da criação degado, especialmente o toirobravo., foram sempre a sua maior

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actividade agrícola, desde os irmãos Roberto,Jacob e Vicente, até aos seus sobrinhos.

Uns anos antes de 1940, a zona sul deSalvaterra de Magos, passou a comportar apassagem da EN 118. Uma outra pequena via, a118-2, foi construída fazendo a ligação da vila, atéa um cruzamento, que o povo

chamava sitio das cavalariças. Antes era umcaminho aberto, no início do séc. XX, que tinhanum dos lados um valado. No outro lado aindaexistiam velhas construções que foram antigasinstalações que vinham do tempo do palácio real.Era aí que a casa agrícola dos irmãos Roberto,tinha a sua antiga adega. No dobrar daquele século

 já a estrada se apresentava ladeada de celeiro.

ANTONIO JORGE DE CARVALHO

Homem dotado de grandeespírito de iniciativa, no campoempresarial e comercial, onde sedestacava uma farmácia. Naagricultura manifestou grandeempenho, tendo no campo de

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Salvaterra, alguns terrenos de vinhedos, que lhederam fama no produto final- o vinho.

No início doséculo XX, paraalém da Loja deDrogas/Mercearia,e da Farmácia,

mandou construirum grande edifício,para adega nosrestos do que foi o palácio real, no Largo dosCombatentes.

Nos primeiros tempos serviu de garagem para ascamionetas da carreiras, depois já transformado em

adega, com grandes lagares e tonéis em madeira,recebiam osprimeiros líquidos dauva. Uma grande emoderna caldeira,fazia aguardente.Depois da sua morte,

seu genro AntónioHenriques de Sousa Antunes, continuou com avitivinicultura, e também aproveitou para Armazémde vinhos um outro edifício, que em tempos tinhaservido para a realização de peças teatrais de umgrupo existente na vila

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ALBERTO DOS SANTOS LAPA

 A entrada da sua adega, erapela pela EN 118, e as janelasna rua Heróis de Chaves,recebiam as descargas da uva,no interior além dos lagares

existiam filas de túneis de madeira, albergandomuitos hl de vinho.

Seguindo as pisadas do pai, António Lapa,também se dedicou com afinco à criação do gado

cavalar. A cultura da vinha e do vinho, promovidopor este agricultor, no último quartel do séc. XIX eprimeira metade do séc. XX, muito contribuiu naárea da economia de Salvaterra.

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CASA AGRICOLA MONTE REAL

Há mais de 100 anos que a vinicultura existiamnas propriedades, hoje da casa Monte Real,registos existem que desde os finais do século XX,a família Brito Seabra, tinha terras de aluvião, namargem Sul do rio Tejo.

Jorge de Melo e Faro, II Conde Monte Real, noprimeiro quartel deste século, já na posse daquelaspropriedades de José Luís Brito Seabra, incluindo

 A residência solarenga, por volta de 1930,continuou a actividade agrícola aumentando até aárea da vinha plantada.

 A família BritoSeabra Roquette,tinha uma Adegasituada na antigarua “Jogo da

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Bola”, agora incluída na Av. José Luís Brito Seabra.O Conde de Monte Real, no mesmo espaçomandou construir um novo e grande edifício, paraadega dotada de nova tecnologia para a época..

Mais tarde, na década de 1950, a casa agrícola,Monte Real, devido à grande quantidade de vinhoproduzido abriu um posto de venda “ Taberna do

Conde”, na avenida principal da vila, com venda aretalho. A modernização da adega “Monte Real”,fruto do dinamismo do detentor daquele titulo, eraconstante, procurando sempre estar a par dasúltimas tecnologias.

Depois da sua morte, a “empresa” foi herdadapela filha, Madalena, única herdeira que por sua

vez entregou aos seus três filhos aresponsabilidade de administrar os negócios. Oautor destas páginas, num artigo que publicou no

 jornal Vale do Tejo, com sede em Salvaterra,recolheu informações junto dos novosadministradores, agora como sociedade agrícolaMoena, que decidiram então desenvolver o

engarrafamento, e nova comercialização dosvinhos, não só em Portugal, mas também noestrangeiro. Escreveu o autor: “com o objectivo em divulgar este vinho ribatejano, um pouco por todo omundo. Neste momento, a casa Monte Real, utiliza50 hectares de terreno de uva tinta e, 35 hectaresde uva branca. As vinhas estão divididas em

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talhões, cada talhão tem a sua casta, cuja idadeoscila entre os 20 e os 25 anos. O vinho branco,produzido para o engarrafamento, é seleccionado apartir das castas Fernão Pires, Vital e Tália. 

No vinho tinto são usadas as castas TrincadeiraPreta e Piriquita. Depois de vindimadas, as uvassão rapidamente levadas para a adega, onde se

procedia à maceração a baixa temperatura. Nocaso das uvas brancas, o mosto é centrifugado,limpo e arrefecido, sendo depois as levedurasescolhidas. A temperatura é controlada a 16º C Nas uvas tintas, são “desengaçadas” efermentadas à temperatura de 22º C.

Depois da fermentação alcoólica, procede-se àmaceração, e posteriormente à fermentação malo-

láctica.

Para o vinho tinto é feito um único lote, do qual éretirada uma porção que estagia em casco novo decarvalho francês, num período de seis meses.” 

“  As castas brancas são vindimadas e vinificadasseparadamente e só posteriormente são

misturadas, cabendo à melhor mistura oengarrafamento “Conde Monte Real” e à misturados restantes o engarrafamento “D. Sofia”, isto nocaso do vinho branco. Ainda comercializa um outrolote de vinho com a marca “Bico da Goiva”. 

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O vinho tinto é feito num único lote, do qual éretirada uma porção que estagia em casco novo decarvalho francês, num período de seis meses. Aeste vinho cozido em madeira, cabe o rótulo “D.Sofia” é o que resulta do resto do lote que nãopassa pelos cascos de carvalho. Nos concursos deprovas de vinho realizadas, no país, apresentou osseus vinho” 

“ CONDE MONTE REAL”  – Colheita de 1996

BRANCO - Aroma fino, com alguma distinção mas nofundo um pouco ligeiro. Bem na boca, boa acidez,conjunto agradávelTINTO  - Muito ligeiro na cor e no aroma. Delgado edemasiado simples para ser levado a sério. T ** ¾.

VINHOS E AGUARDENTES TORROAES

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Entre a qualidade de vinhos produzidos nas Adegas de Salvaterra, muitos estiveram na 1ªexposição Agroindustrial, realizada em de 1930Outros vinhos produzidos em Salvaterra de Magos.

Os da pequena Adega de Virgolino José Torraes,depressa ganharam fama, estiveram por vezesnalguns certames, obtendo bons prémio,

Com o inicio da Feira do Ribatejo em Santarém,passou ali a ter espaço preferido para a colocaçãode um stand, onde o filho José Manuel Torroais,não deixava de ser procurado para contratos na

comercialização, do vinho; em garrafas e garrafões,tinto e branco com a marca  – Botelhas. Depressaas suas aguardentes vinícolas  –  S. Baco, ToiroReal, e vinho licoroso Torroaes, passaram a tergrande procura no país.

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***** ******Nota:  Das muitas adegas, que se identificam neste“Apontamento”  outras existiram que, vale a penalocalizar a sua existência, pelos proprietáriosreferenciados nestas páginas: Dr. José Cardador (RuaGago Coutinho), José Adelino Fernandes (Trav. doForno Vidro).

******* *******

OS LICORES E AGUARDENTES  – LOPES ROSA 

Foi em 1930, na Exposição agro - industrial,realizado em Salvaterra de Magos, que ALVAROLOPES ROSA, viu as suas bebidas premiadas. ÁlvaroLopes, uns anos antes, já tinha os seus produtosbem aceites no mercado, fora de Salvaterra, poisos seus licores eram fabricados em moldes de uma

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pequena empresa, de âmbito familiar, o que lhesdava um cunho de grande qualidade eoriginalidade. Um século depois, ainda estão nomercado, comercializadas, pelos descendentes doseu filho José Lopes Rosa. Entre as muitas bebidasfabricadas, a Aguardente Especial Velha 1910,continua a ter um lugar de destaque, pois vemdesde o início da sua actividade.

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Anexo:

A VINICULTURA UMA RIQUEZA NA ACTIVIDADE AGRICOLADE SALVATERRA DE MAGOS

 A fama dos vinhos do Ribatejo é anterior àfundação da nacionalidade, referindo-se a eles D.

 Afonso Henriques, em 1170, no foro da cidade deSantarém. Gil Vicente, a eles se referiu um dia, no

auto “ Pranto de Maria Parda”, alguns séculosdepois continuam a ser procurados

O clima do Ribatejo mediterrâneo, temperadodada a proximidade da bacia do rio que a banha,com uma queda anual pluviométrica, verificada nosúltimos 50 anos em cerca de 500-600 mm.

 A moderna nomenclatura, que agrega os váriospadrões agrícolas na área da vinicultura, existeregiões como a “Lezíria, ou borda-d’água”, o“Bairro” e a Charneca”. Terras que sãocontempladas pela riqueza da bacia hídrica do rioTejo. Na planície ribatejana com suas terras de

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Lezíria, onde os terrenos de aluvião, sendoinundáveis, têm no seu solo a humidade necessáriapara a cultura da vinha e dos cereais.

O “Bairro”, são terras localizadas na margemdireita do rio Tejo, tem nos seus solos arenitos,calcários e argilosos, onde a vinha não tem aimportância que é dada à oliveira e outras culturas

arbustivas e arbóreas.

 A “Charneca”, são terrenos que se estendemdesde a margem esquerda do rio até ao Alentejo,detentores de solos pobres, como os areno-arenosos, são revestidos de floresta que aenriquecem, onde predomina o sobreiro.

 As suas areias quentes pelo sol, têm uma grandeimportância no grau alcoólico dos vinhos aliproduzidos.

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CASA CADAVAL – Colheita de 1996 -

FERNÃO PIRES: BRANCO  –  Não são evidentes as notasaromáticas da casta, havendo alguns aromas defeno que se mostram muito.

 Atraente na boca, boa acidez e boa leveza.

É menos típico mas pode ganhar com isso. B **, 5

PADRE PEDRO: TINTO –  1996  * Muito novo, muitoverde, boa concentração de cor e revelando saúde.Bastante vinoso, redondo na boca e com boascaracterísticas de um vinho jovem. T *** 4/5

Casa Agrícola Vieira da Cruz  –  Propriedade na

Palhota – Salvaterra de Magos

VINHO AREIAS GORDAS  – 1996Produzido na propriedade junto à margem Sul dorio Tejo, apresenta boa presença na boca, comuma acidez um pouco baixa, mas que aguenta ovinho.

Precisa de ganhar elegância em próximascolheitas. B ***

VINHO PEPINOS: Branco e Tinto: Produzido e engarrafado pela Sociedade AgrícolaHenriques &Henriques, com sede em Marinhais -

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uma empresa com características de âmbitofamiliar.

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Bibliografia usada:

  Salvaterra de Magos,” Seus usos e costumes” José Gameiro   Salvaterra de Magos Actividades Económicas:

Agrícola/Florestal, Pesca/Comércio, Indústria/Turismo * JoséGameiro

  Os Avieiros “Nos Finais da Década de Cinquenta” Maria Salvado 

* Fotos inseridas nesta publicação * 

Pág. 2 –  Mulher à sombra “cozendo” roupa” * Pág. 4 –  Edifício da antiga

taberna Dr. Lino (Local da Praça da Jorna das mulheres rurais –  (1953) *

Latada de videiras junto a um poço de água * Pág. 5 - Mulheres em dia de

Vindima nos campos de Salvaterra * Pág. 7 – Vinhas no campo de Salvaterra *

Pág. 8 - Um grupo de rapazes esperam os carros com as dornas de uvas (O 3º

a contar da esquerda é o autor) * Pág. 9 - Carro de bois, transportando uma

dorna com uvas * Pág. 10 - Lavrador, Gaspar Costa Ramalho-1939 * – Edifício

da Adega construída por Gaspar Costa Ramalho-1900 (Largo Combatentes),

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mais tarde do Vinicultor, Francisco Ribeiro (Minhoto), em 1988, em trabalhos de

demolição * Pág. 11 - O Lavrador, Francisco Ferreira Lino-1939 * Edifício da

Adega, “Casa Agrícola Família Henriques Lino”, no dia do início da sua

demolição-2000 * Pág. 11 – Lavrador, José Durão Lino, 1998 * Pág. 12 - Barão

de Salvaterra, 1º donatário da Casa Agrícola Roquette, 1939 * Adega do Barão

(Casa Roquette) demolida em Nov. /2002 * Pág. 13 - Lavrador, Ernesto Costa

Freire-1939

* Pág. 14 - Lavrador, Vicente Roberto, Casa Agrícola, Irmãos Roberto * O Autor,

no ano 2000, mostra a janela da entrada da uva, na antiga Adega da Casa

Roberto, na EN 118/2 * Pág. 15 - António Jorge de Carvalho (1939), antigo

proprietário da Adega que, foi de (seu genro) António Henriques de SousaAntunes * Armazém de Vinhos (Largo dos Combatentes) da mesma família – *

Pág. 16 – Alberto Santos Lapa, Lavrador/Vinicultor-1939 * Pág. 17 - Interior da

Adega, Alberto Lapa –  1935 * Rotulo da “Ginja” uma das muitas bebidas

fabricadas pela firma José Lopes Rosa & Filhos, Ldª * Pág. 21 – Solar da família

Monte Real * Pág. 22 - Garrafas de vinho “Conde Monte Real” e “D. Sofia” *

Adega Monte Real “Casa do Alambique” *Pág. 27 – No campos de Salvaterra – 

homens transportam cestos com uva, em dia vindima - 1935

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Dias a fio com cestas às costas, por aquelasterras muitos sacrifícios eram vividos, para que o vinho Ilumina-se

os espíritos!

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Obs. Algumas fotografias, com a devida vénia foram utilizadas

“O Distrito de Santarém-1939 * Um Olhar Sobre o Concelho de

Salvaterra de Magos - Edição da CMSM

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RECORDAÇÕES

O autor, quando menino, viu pesados carros demadeira, puxados por juntas de 2 bois, adescarregar dornas de uvas para a adega da casaagrícola Irmãos Roberto(s). O tempo passou,muitos anos depois, em 1995, visitou o local, a pedra que servia de suporte aos homens, nadescarga, ainda se encontrava no edifício,

situado na EN 118/2

Ainda em 2010, na antiga adega, depois de terservido a oficina de carros e carpintaria, na ruase mantinha umas pedras de lioz que, serviu desuporte à descarga da uva, onde os homens seapoiavam com os pés.

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COLECÇÃO DE APONTAMENTOS

CADERNO Nº 10 

Documentos para a históriade

SALVATERRA DE MAGOS

Séc. .XI I I  –  Séc. XXI

UMA ZONA INDUSTRIAL(Um Desejo que vem do Passado)

Património:Geográfico, Monumental , Cul tural, Social, Político,

Económico e Desportivo

O AutorJOSÉ GAMEIRO

(José Rodrigues Gameiro)

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Versão Original

 

FICHA TÉCNICA:

Titulo:UMA ZONA INDUSTRIAL: “ UM DESEJO DO PASSADO”  

Tipo de Encadernação: Brochado

Autor: Gameiro. JoséColecção: RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR !

Data: MARÇO DE 2007

Editor Gameiro, José RodriguesMorada: Bº Pinhal da Vila  – Rua Padre Cruz, 64-1ºLocalidade: Salvaterra de MagosCódigo Postal: 2120- 059 SALVATERRA DE MAGOS

* Tel. 263 504 458 * Fax: 910 905 704

ISBN:978 – 989  – 8071  – 10  – 1 * 1ª edição

Depósito Legal: 256462 /07

***************

Versão Revista e umentada

 pdf –  “www.histotiasalvaterra.blogs.sapo.pt”

“ http://issuu.com/home/publications” **************

O texto desta edição não segue o acordo ortográfico de 1991 

Foto da Capa:  1960 * Edifício do Descasque de Arroz – EN 118

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O MEU CONTRIBUTO

O século XX estava a meio, apopulação do concelho de Salvaterra deMagos, ainda maioritariamente rural, paraaí continuava encaminhando os filhos;rapazes e raparigas.

 Aqueles que descendiam dos mestres;

Carpinteiros, Pedreiros, ou Ferreiros,  logo iniciavam a suaaprendizagem naqueles ofícios, após a saída da escola.

Notava-se algo que mexia na vida das famílias, a imigraçãointerna, já uma década antes, lentamente vinha “convidando”os homens jovens, de abalada para as fábricas de Alhandra, Azambuja Sacavém, e Setúbal.  As indústrias, que aí seinstalavam, abriam novos horizontes, “roubando” mão-de-obraao campo. As raparigas, tinham ainda uma outra porta de

saída, serem criadas de servir, ou a costura Naquela época,a população de Salvaterra de Magos, andava agitada com asnovas notícias que corriam, as fábricas, mesmo quepequenas empresas estavam de chegada.

Na vila, a sua economia dependia há séculos, das Lojas deMercearia, Tabernas, Fazendas e Ferragens com Drogas( nestas últimas estavam incluídas as tintas ). Do movimentono rio Tejo, através do cais da vala real, era o tráfico de

produtos agrícolas e industriais que, provinham receitas parao erário público. Para que se recorde aquele tempo, aquificam registados algumas instalações da pequena indústriaem Salvaterra de Magos.

 Abril 2015 JOSÉ GAMEIRO(José Rodrigues Gameiro)

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O COMERCIO TRADICIONAL,

À ESPERA DA INDUSTRIA

Por volta de 1940, exista em Salvaterra de Magos;um Descasque com Secador de Arroz,  junto àestrada E.N.118, onde a família de Manuel da SilvaValente, tinha os seus interesses económicos. 

Esta unidade industrial, tinhavindo juntar-se a uma outra,uma Moagem de farinhas que,

 António Henriques Sousa Antunes, explorava na Av. JoséLuís Brito Seabra, herdada dosogro, o empresário António

Jorge de Carvalho.

Era uma actividade, que vinha dos primeiros anosdo século, que o empresário juntou à exploraçãoque tinha de umaFarmácia e de umaDrogaria.

Era no comércio,

nas artes e nosofícios, que apopulação urbana retirava o seu sustento. O balcãodo comércio, com a venda dos produtosalimentares, dava trabalho ao agregado familiar, enuma outra loja de maior clientela, alguns

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empregados aí obtinham o vencimento mensal. Osofícios, tinham nos mestres como os Carpinteirosde limpos, Ferreiros e Barbeiros, uma classe socialacima dos Sapateiros, que eram considerados,artesãos.

 A Farmácia Carvalho, vinha de 1891, e era umnovo e moderno espaço de apoio à população,

antes prestado pela antiga Botica, do senhor Albano Gonçalves, com porta aberta na rua Direita.

Esta casa, festejou o seucentenário no dia 25 de Maiode 1991, em ambientefamiliar, com um almoço,onde estiveram alguns

convidados, no Restaurante -Bar “Casa Branca” em

Salvaterra de Magos

Manoel Joaquim FerreiraGomes, acompanhado dosactuais proprietários, osseus dois filhos, nacompanhia das noras enetos, nesta data festiva,dos 100 anos da que foi a sua farmácia, agora oestabelecimento mais antigo no concelho.

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O alvará do estabelecimento, está na posse da família, há mais de 70 anos, pois Manuel JoaquimGomes, adquiriu-o ao seu fundador e patrão,

 António Jorge de Carvalho, em 1920.

Uns anos depois,repartiu a sua

administração, com a Dr.ª.Florescia FernandesGomes,  sua esposa,especializada naquela

área, que passou a Directora-Técnica, que tendofalecido em 1988, foi lembrada na festa, como:esposa, mãe e avó.

Para o repasto foram convidados, os distintos

médicos, JoaquimGomes de Carvalho eFernão Marçal Correia.da Silva., o então directorfarmacêutico daFarmácia, Dr. .JoséVitorino, e sua esposaMaria Luísa, e o autor destas linhas.

Os  quatro empregados; Cassiano ManuelRodrigues Gameiro e António Manuel Pires Gomes,Joaquim Maria Gomes Silva e João Luís AleluiaTravessa, também ali foram, na companhia de suasesposas.

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 Ainda se encontravam, presentes a D. Joana F.Gomes, senhora de idade avançada, irmã deManuel Joaquim Gomes, e que foi durante anos,sua colaboradora, na venda ao balcão e umcunhado, destes, agora viúvo, Mário Barroso.

No final do festim, Manuel Joaquim Gomes  foi

convidado, pelos seus dois filhos, Francisco eManuel João Ferreira Gomes e netos, a apagar asvelas do bolo comiserativo dos 100 anos deexistência da FARMÁCIA CARVALHO(*), em Salvaterrade Magos.

A EXPOSIÇÃO AGRO-INDUSTRIAL 

Em 1930, a Câmara Municipal, quando da Feira- Anual, promoveu a Exposição Agro-industrial , ondeas pequenas indústrias caseiras, e viticultorestiveram oportunidade de mostrar os seus produtos.

Nela foram premiados, além de outros produtos,os vinhos de mesa; Paul e as Aguardentes “ ToiroReal ” e “Botelhas” , o vinho licoroso velho

“Torroaes”,  da adega de Virgolino José Torroaes.(1),  Os licores e Xaropes da pequena fábricaartesanal de âmbito familiar de Álvaro Lopes, Rosa

(1) –  Ver Apontamentos N.º 9

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estiveram presentes, e foram premiados, tal comoa Aguardente 1910, envelhecida.

INDUSTRIA DE TANSFORMAÇÃO DO TOMATE

No ano de 1963, nas Fontes das Somas, ou dasSombras, a IDAL, tinha começado a construção doseu complexoindustrial, para atransformação dotomate aproveitando avia rodoviária, que porvolta de 1938, uniu osdois concelhosvizinhos., Salvaterra e

Benavente, a EN 118. A agricultura, com ainstalação na zona, desta moderna unidadeindustrial, teve que se adaptar às novas técnicasagrícolas, mesmo a de regadio.

Os campos depressa passaram da vinha e do pinhal,  para a nova cultura, que era o tomate emgrande escala, e novos seareiros, vieram dar lugaraos tradicionais agricultores da Lezíria ribatejana.

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UMA UNIDADE NA TRANSFORMAÇÃO DA MADEIRA

Estava-se no início da década de 60, a SerraçãoCentral de Salvaterra, Lda., tinha acabado decomprar um bom pedaço de terreno, ao agricultor eveterinário, Dr. José de Menezes, mesmo junto aodepósito da água, que abastecia a rede da vila.

Há muito com a chegada dos tractores e outrasmáquinas agrícolas, no amanho das terras, adispensa dos animais, até aqui tradicionais, e otrabalhador braçal, era cada vez maisexcedentários, nos campos.

 A população

estava ansiosa, comesteempreendimento, naárea da indústria dasmadeiras esperava-se algum espaço laboral para homens e mulheres,especialmente dos jovens. Algum tempo passou, eem 1961, a Serração Central, iniciou a sua

actividade, dando trabalho a uma boa dúzia detrabalhadores.

.As grandes dificuldades económicas que, opovo português estava a passar, também apopulação de Salvaterra de Magos, não ficou

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imune ao novo surto que, foi a emigração, atéporque havia notícias do início da guerra colonial.

 A Emigração passou a ser efectuada na maioriaclandestina, para a Europa: O Luxemburgo, Françae Alemanha,  foram os países de acolhimento demuitas dezenas de famílias salvaterrianas..

FABRICA DE ALIMENTAÇÃOANIMAL “GALÚ” 

 Aproveitadas umasvelhas instalações daCasa Agrícola, Irmãos

Roberto, na estrada da Peteja, ali foi instalada umafábrica de farinhas para aves.

Estávamos em 1968, e a produção em grandeescala de frangos em aviários, dava os primeirospassos em Portugal.

 A GALÚ, nome da empresa fabricante, depressadeu emprego a meia dúzia de trabalhadores, maspouco tempo esteve em actividade, após umviolento incêndio nas velhas instalações, deixou deexistir.

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PRODUTOS ALIMENTARES

Na Ómnía de S. José, em terreno da família,João Rocha e Melo, iniciou uma construçãoindustrial, no início de1960, implementando

em Salvaterra deMagos, uma unidadefabril, cujos produtos,ali produzidos, eramdesidratados(farináceos ehortícolas secos), técnica à muitos anos já usadosna alimentação americana. Embalados em

pequenos sacos de papel, foi bem aceite na áreacomercial, e o seu consumo augurava vida longa,mas poucos anos depois teve de fechar as suasportas e, algumas dezenas de trabalhadoresficaram no desemprego.

INTEXTA CONFECÇÕES, LDº.

Empresa de capitais e técnica alemã, aquiacabada de chegar, situada na área dasconfecções têxteis, aproveitou as instalaçõesdesactivadas, de uma antiga fábrica de produtosalimentares, que existiu nos arredores da vila de

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Salvaterra de Magos. Esta unidade fabril, duranteas décadas de 60 e 70, foi uma fonte de trabalhopara muitas dezenas de trabalhadores,especialmente mulheres, do concelho, recrutandotambém. mão-de-obra. nos concelhos vizinhos.

 Após a revolução de Abril de 1974,ostrabalhadores, apoiados pelos sindicatos, entraram

num constante processo reivindicativo, com grevesconstantes, na busca de melhores condições detrabalho e salários, tais pretensões levaram aIntexta a encerrar as portas dois anos depois,deslocalizando-se.

A ORINCA – FÁBRICA DE COURO ARTIFICIAL

Estávamos nos primeiros anos da década de 60,um grupo empresarial, vinha desde há algumtempo procurando terreno para a instalação de umaunidade fabril, em Salvaterra de Magos.

 A procura foi facilitada,com a ajuda do párocoda vila, Padre JoséDiogo, que levou a

família proprietária dosterrenos da antigaCoutadinha Real , junto

à estrada do Convento, à venda de uma parcela. 

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 A Organização Industrial de Cartões, Orinca,Sarl, depressa começou a construção da suaunidade fabril. No terreno um pequeno poço foiaberto para o abastecimento de água à obra.

 A fábrica do papel, como então ficou a serconhecida, logo foi uma nuvem de esperançanaquela agitada procura de trabalho, na indústriaque, teimava em não aparecer na terra. O edifício

com uma única grande nave, destinada à produção,tinha alguns espaços no seu interior, como os

tanques para “demolhar o papel   e o couro” , suasprincipais matérias-primas, do produto aliproduzido.

A ORINCA, já comas instalações prontas,

foi aberto um furoartesiano, para ofornecimento de todaágua necessária,

incluindo uma caldeira a vapor, que consumia

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lenha e óleos. O seu armazém de papelejo, eraabastecido por empresa especializada (papel de jornais, sacos de cimento, etc), e os pedaços decouro, vinham das várias indústrias de curtumes,da zona de Minde e Mira de Aire.

Junto à fachada, próximo da entrada principal, foi

instalada uma balança (tipo basculante) para apesagem de carros de grandes tonelagens.

O Cou ro A rt i f ic ial , ali produzido foi colocado nomercado, por volta de 1968, era um produto que seapresentava em aglomerado (placa), levando nasua composição; papel, couro, corantes e óleos,sendo este último de baleia, que lhe dava o cheiroa couro natural.

De início com umquadro de pessoalreduzido, mas em 1974,dava já trabalho a cercade 30 operários(homens e mulheres),

mais 1 técnico, 1gerente, 1 Fogueiro e Ajudante e 2 Escriturários. O produto, foi bemrecebido no mercado afecto à indústria do calçado,e depressa enveredou para o sistema de trabalhos

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por turnos, tendo em 1973/74, chegado a fornecero mercado ultramarino português.Nos anos que se seguiram à revolução de Abril de

1974, em pleno PREC,  as greves e saneamentosdas fábricas e nos campos agrícolas, trouxe gravesproblemas à economia do país. Nesta empresa, as

perturbações foram graves, especialmente nofabrico do produto, chegando mesmo a seradulterado, por um grupo de operários. Tal situaçãotrouxe uma grande instabilidade à firma e, emOutubro de 1978, a Orinca,  uma promissoraunidade industrial, construída em Salvaterra deMagos, encerrou as suas portas. 

A COMPRA DA ANTIGA FÁBRICA DO PAPEL 

Em 1997, as antigas instalações, da Orinca, estavam em franca degradação, o então Presidenteda Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, José Gameiro dos Santos, diligenciou a compra daquele

importante imóvel industrial, para a autarquia,conforme foi dado conhecimento à população,através do Boletim Municipal, N.º 2 do Ano II, e do “O FORAL”, do 1º Trimestre de 1997. 

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DELIBERAÇÕES MUNICIPAIS 

Diversos

* Foi deliberado apresentar á Assembleia Municipal aaquisição da antiga fábrica do papel situada nasGatinheiras  para instalação de serviços municipais  – Oficinas de mecânica, Carpintaria, Electricidade,Águas. (14.2.97)

Por não ter continuado, à

frente dos destinos domunicípio, o processo foiretomado pelo novoexecutivo, de  Ana Ribeiro,no seu mandato, 1997-2001, após as necessáriasnegociações, a câmara

municipal adquiriu o imóvel e o terreno da antigafábrica de Couro Artificial (Fábrica de Papel), o que foiamplamente notícia na comunicação social

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OUTRAS INDÚSTRIA EM SALVATERRA

E NO SEU CONCELHO

Em plena década de 80, algumas pequenas

unidades fabris, estavam instaladas no concelho deSalvaterra de Magos, fruto de um processoimplementado uns anos antes na autarquia, quevisava o aproveitamento de terrenos na Freguesiade Muge, e outros entre Salvaterra e Foros deSalvaterra, caso da Quinta do Pinheiro.O processo,conheceu atrasos e dificuldades, mesmo sendopromovido a sua divulgação em terras estrangeiras,como a Holanda. Lento tem sido a suaconcretização, mas pequenas unidades de

 Artefactos de Alumínio, Electricidade, Plástico,Fibrocimento, Farinhas para bebés, CarpintariasMecânicas de Móveis, aqui se instalaram. Algumasdestas unidades fabris, uns meses após as suasinaugurações com pompa e circunstância, pois ali

foram investidas verbas vindas do Fundo Europeu,a falência foi o caminho encontrado.

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Fotos inseridas:

* Página 2 * 1- António Henriques Antunes, Industrial e Agricultor *. AMoagem de Farinhas (1950) * Pág. 3  – Manuel Joaquim Gomes, antigoproprietário da Farmácia Carvalho * Manuel João Ferreira Gomes * Dr.

José Vitorino, Director Técnico da Farmácia Carvalho * Pág. 4, CassianoGameiro, empregado mais antigo da Farmácia Carvalho  * Pág. 5Publicidade da Idal (1967)* Pág. 6 – Publicidade da Serração Central deSalvaterra, Lda. *- Logótipo das Farinhas “Galú”*  * Pág. 7  –  Pub.Indústria Alimentar de Salvaterra * Pág. 8  * Construção dasinstalações da fábrica “Orinca”* Pág. 9  *Grupo de três operárias daOrinca, junto ao poço de água, na hora de almoço (Maria Gertrudes

Pessoa Peste, Fátima Cavaleiro e Lurdes Fróis Marques - 1973) * As duasfotos mostram operárias, nas instalações da caldeira a vapor (1973).*Pág. 10 - O autor, empregado escritório da Orinca (1974)* Pág. 11 – Assinatura de Compra/Venda: Fábrica do papel – 2003

Bibliografia usada: * Documentos do autor * Comunicação social * Boletins

editados, pela Câmara Municipal de Salvaterra de Magos

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COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 11Documentos para a H istória  

De

SALVATERRA DE MAGOSSéc. XI I I  –  Séc. XXI

Património:Geográfico, Monumental , Cul tural, Social, Político,

Económico e Desportivo

GENTE QUE VIVEU O TEJO

FRAGATEIROS, CAGARÉUS AVIEIROS

O AutorJOSÉ GAMEIRO

(José Rodrigues Gameiro

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Versão Original 

FICHA TECNICA:

Titulo:CAGARÉUS, FRAGATEIROS E AVIEIROS

( Gente que veio d o mar ! )

Tipo de Encadernação: Brochado

Autor: Gameiro. JoséColecção: RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR !

Data: MARÇO DE 2007

Editor Gameiro, José Rodrigues

Morada: Bº Pinhal da Vila  – Rua Padre Cruz, Lote 49Localidade: Salvaterra de MagosCódigo Postal: 2120 - 059 SALVATERRA DE MAGOS

* Tel. 263 504 458 * Telem. 910 905 704

ISBN:978 – 989  – 8071  – 11 – 8

Depósito Legal: 256463 /07  – 1ª edição

O texto desta edição não segue o acordo ortográfico de 1991

Fotos da Capa: - Fragatas aportadas ao cais da Vala real * Maria e AntóniaRosa; Irmãs da família Naia, oriundas das Gentes da Murtosa * RanchoFolclórico dos Avieiros (Escaroupim)

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O MEU CONTRIBUTO

Ainda menino de escola, fui com os meus pais viverpara o Botaréu, junto à Capela da Misericórdia, edepressa o convívio com as gentes que, viviam dosproventos da vala e do rio Tejo, se estabeleceu.

Nos seus barcos e nas suas casas, comi das suasementas, como também na rua brinquei com os seus filhos.Aquele convívio, foi para mim uma oportunidade de ouvir aos mais

velhos, muitas histórias dos Fragateiros e dos Varinos/ ou Cagaréus eAvieiros .

Estas duas comunidades, há muitos séculos, que o rio Tejo as conhece.Os pescadores desceram lá muito de cima, do norte, e em Lisboa, até

existe um dos seus bairros, junto à ribeira. Aqueles que viviam emSalvaterra, eram dos mesmos sítios, das mesmas famílias, vindastambém da Murtosa, Estarreja, Ovar, Aveiro, e há muitas gerações queandavam rio abaixo, rio acima, na faina do peixe, para depois serenviado, para muitos lados, inclusive o Porto. Primeiramente era emcarros puxados a animais, até que o advento do caminho-de-ferro. emPortugal, lhes facilitou mais a vida, enviavam o pescado, em ces tas deverga, através da estação de Muge.

Antes deles, os Fragateiros já eram “donos” do cais da vala real,pois movimentavam nas suas Faluas e Fragatas, as mercadorias, comdestino a Lisboa, e outros portos, então navegáveis àquelasembarcações à vela.

Quanto aos Avieiros, a sua presença no Tejo, é posterior, sãopescadores vindos de Vieira de Leiria., cujos registos da sua presença

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se notou no séc. XVI. Para estes, o Escaroupim, foi um sítio de aporto,como muitos outros ao longo do rio. No local, existia uma vastaplantação de Pinhal, do tempo de D. Dinis o comércio e a indústria,especialmente a naval, requeriam muita madeira e, Lisboa ficava mesmoali a meia centena de km de Salvaterra, com um curso de água, para oseu transporte no rio Tejo.

ABRIL 2015 JOSÉ GAMEIRO( José Rodrigues Gameiro)

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Introdução

DO MAR DESCERAM AO RIO !

Os Pescadores Cagaréus e Avieiros

..........” Desço a praia – ao fio da areia enconchada, cheia demulheres que carregam peixe ou que o despejam ainda vivonas grandes chalavaras, por entre barcos agrupados, onde seencontram , chatas e lanchas de galeões, alguns com lindosnomes : Formosa, Ana, Luz do Sol, Senhora da Memória, Marda Vida ......”

“...... O patrão JoaquimLobo, de grandes barbasbrancas, afirma que estagente veio de Ílhavo  –  Algumas teimas: Somosde Ílhavo... viemos deÍlhavo... também tenho aideia de que foram osCagaréus que povoaram

os melhores e mais piscosos pontos da costa portuguesa......” “Descendo, acompanhando o crescer de Portugal chegando àponta de Sagres” 

(In – Pescadores) “Raul Brandão 

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I

OS AVIEIROS

Remonta ao século XVI, as primeiras notícias da presençado homem/pescador, de Vieira de Leiria, no Ribatejo.

Pescava em águas do rio Tejo e, fazia periodicamentealgumas incursões para descanso, nas suas margens.Por estes tipos de vida, eram conhecidos, por “Ciganos do rio”,estas famílias, buscavam o seu sustento aqui nas águasmenos agrestes e revoltosas do que no mar, em épocainvernosa. No Inverno e Primavera, a abundância de pescado,especialmente do Sável, Fataça e Saboga, no Tejo, fazia-osprimitivamente pescar e, viver nas suas bateiras.

1950 –  Família Avieira, vivendo no Rio Tejo

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O APARECIMENTO DAS ALDEIAS

Com o decorrer dos anos, era de vê-los em terra firme, ondearribaram em vários núcleos habitacionais como: no  Alfange,na Caneira, Valada, Reguengo, Escaroupim, Casa Branca,Vau, Vila Franca e Conchocho.

 Aqui, em Salvaterra,  nos meados século XX, ainda  comfartura de peixe no rio, os Avieiros, recorriam ao trabalho dohomem rural, que estando parado na sua actividadecampestre, nos meses de invernia, puxavam as redes cheiasde sável e fataça, para as margens do rio. 

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A mulher avieira, ajudava o marido, e tratava dos filhos nobarco, logo a seguir, lá ia sempre a pé com a canastra dopeixe à cabeça, horas a fio, dias inteiros por terras doconcelho, vendendo o produto de uma faina dolorosa que, osfazia ciganos do rio.

 A ALDEIA DO ESCAROUPIM  

No primeiro quartel do século passado, no Escaroupim,  jáera visível, algumas famílias viverem na borda de água, dandoorigem a uma pequena aldeia de casas abarracadas, emmadeira, assentes em estacas, onde algumas famílias já secomeçavam a fixar. Por volta de 1950, a escolaridade chegouaos jovens pescadores, o alfabeto era coisa desconhecida

naquela comunidade, recordo que nas aulas, em Salvaterracomigo andaram, o José Moreira, o Rabita, o Antão e o Botas.

Vinham e regressavam todos os dias ao Escaroupim. quefica a uma boa meia dúzia de Kms, de Salvaterra, naqueleandar de solidão, trazendo para além do saco escolar, um

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outro mais pequeno, com uma “bucha”, que muitos dias

intercalava o peixe frito, com uma omelete de ovos, numpedaço de pão.

Os jovens continuaram com os usos e costumes daquelepovo que, um dia deixou o mar em Vieira de Leiria, e por voltade 1958, as suas danças eram divulgadas num ranchofolclórico, que actuava na vila, no Restaurante TípicoRibatejano. Nos anos 70, a mulher avieira moderna, já

trabalhava no campo, as pequenas casas de madeira, foramdando lugar às de alvenaria, até porque duas dezenas de anosantes já os rapazes encontraram na construção civil uma novaprofissionalização  –  iam deixando as artes do rio, sendo umacomunidade muito religiosa, tiveram na igreja da freguesia,sempre o apoio necessário.

Na década de 90, estando o Padre Agostinho de Sousa, àfrente da Paróquia de Salvaterra de Magos, foi construída umapequena capela na aldeia do Escaroupim.

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II 

OS VARINOS(Cagaréus)

Nos últimos anos que antecederam o findar do século XIX,

vinham da vasta zona de Aveiro; especialmente de Estarreja,Torreira, Pardelha e Murtosa, pescar no rio Tejo, eram Varinos.aqui o povo chamava - lhes “Cagaréus”. O tempo de inverno eprimavera era mais fértil para a sua faina em contraste com apouca actividade nas águas revoltosas da Ria.

Uma ou outra família, ainda

tinha parentes em Lisboa, naMadragoa. Sabe-se que a partirdo século XVIII, quando dorepovoamento de Lisboa, após oterramoto de 1755, vieramfamílias inteiras de pescadoresda região de Ovar e Aveiro. Ali, naquele bairro, as mulheresdedicavam-se à venda de legumes e peixe, não deixando

estas de serem conhecidas de varinas, pela “algazarra” quefaziam no apregoar dos produtos, de canastra à cabeça. Porvolta de 1930, esta comunidade já tinha casa em Salvaterra,vivia em casa própria, ou alugada, ali próximo do cais da vala,onde funcionava a lota. A azáfama diária era grande, com opeixe vendido sob a vigilância da Guarda-fiscal, e do

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empregado municipal. Estas autoridades também tinham atutela das cargas e descargas das Fragatas ali aportadas.

Entre esta comunidade de Varinos, imbuída do legadocultural e histórico da sua origem,conservava em muitas famíliasde gerações antigas alcunhascomo: Carrasco, Rabuço, Aresta,

Regateiro, Preguiça, Calafate,Carramila, que deixaram aosseus descendentes.

Muito do seu negócio da venda dopeixe, especialmente do sável,

fataça, barbo, tinha um destino: onorte do país, especialmente naszonas do Porto e Coimbra. O

pescado, era enviado através do comboio, a partir da estaçãode Muge, em cestas de vime, enrolado em espadanas frescas.

Os pescadores cagaréus, na sua actividade piscatóriausavam uma pequena bateira (barcos de calado liso) e tinhamum camarada quase sempre um homem da família, se fosseestranho pagavam e davam sustento, especialmente jovensque traziam das suas terras de origem. Quando a safra eragrande, a mulher lá iam, a pé, de canastra à cabeça,percorrendo as areias de Foros de Salvaterra. Com o passardos anos já no dobrar do séc. XX, a faina no Tejo por falta depeixe, já não atraía os mais jovens que na esperança de

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melhor sustento, e tendo grande espirito emigratório, foram deabalada até ao Canadá, Austrália e América. Os que ficaramdepressa procuraram outras profissões, e volvido 50 anos, poraqui ainda vivem descendentes das famílias dos Lagouncha,Carramila, Carinhas, Pereira, Naia e Tavares da Cunha, queentre si são muito aparentados. Vimos o velho pescador JoãoJosé Soares Carinhas; entretinha-se a coser em fogueiras delume, as cordas (para as amarras dos barcos) com casca de

pinheiro. Assistimos seu genro António Miranda “O Preguiça”,calafate de profissão, homem que bebia demais  –  um diaconstruiu uma bateira, dentro da pequena oficina, depois tevedificuldade em a tirar de lá pela porta, teve de remodelar o seuformato.

Ruas de Salvaterra de Magos *No dobrar   do séc. XX , habitaçõesde Fragateiros e Pescadores “Cagaréus” 

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III

OS FRAGATEIROS

Não se pode ignorar uma comunidade que eram ”OsFragateiros”,  homens marítimos que fazendo parte de umaactividade primitiva, que laborava no rio Tejo, no escoamentodos produtos necessários ao abastecimento do povo.

Agora já não existem na vila de Salvaterra de Magos, e umou outro descendente recorda com saudade uma profissão jáextinta, na sua vala real.

Das muitas dezenas de barcos que aportavam ao cais, doishouve com especiais funções: a Falua,e a Fragata. Do primeiro barco, haviadois em Salvaterra, o de JoséDamásio  e do seu filho, João Luís, eum outro de José Paulino e do filhoCarlos, homens que conhecemos bem

quando rapaz brincávamos por ali, na borda de água. AsFaluas, de calado chato (quando de vela aberta e vento defeição parecia que voava por cima da água), transportavam dee para Lisboa duas vezes por semana a carreira do transportedas mercadorias, destinadas ao comércio da vila, chegandomesmo a Coruche, e ao Alentejo dentro.

 Na foto: Arrais –  Vicente Francisco

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As fragatas, barcos de grande porte, muitas vezesancoravam ao cais da vala, algumas dezenas para os maisdiversos transportes, e delas guardou boas recordações nassuas memórias, o Arrais Vicente Francisco, nas suasmemórias  – em dois livros editados pela Câmara Municipal deSalvaterra de Magos. Vicente Francisco, dá-nos conta emfabulosas narrações escritas desta faina marítima, que

pertence a um passado da vida diária nas águas do Tejo, eque terminou em 1951, quando da construção da ponte de VilaFranca de Xira.

1950 – FragatasNo cais da Vala real

Salvaterra de Magos

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Várias gerações de Fragateiros, passaram por Salvaterra, algumas

deixaram nome de grandes navegantes, caso dos Soares, tambémconhecidos pela família Diogo.

IV 

A GASTRONOMIA

No dobrar do século XX, a actividade no cais da vala deSalvaterra, entra em declínio, após a construção da pontesobre o rio Tejo, em Vila Franca de Xira, até ai, os fragateiros

na sua alimentação, tinham um prato que ficou famoso“A Caldeirada à Fragateiro” para além de ser uma refeiçãoentre a faina do dia-a-dia, quantas vezes convivas não foramrecebidos a bordo daquelas embarcações para uma boaalmoçarada, em passeios nas águas calmas do rio, em plenaépoca de Verão. Fragateiros como: João Maria Côdea, JoãoTapada e Manuel Galvão, homens que tinham “dedo” para a

culinária, deixaram nome, que ainda vai perdurando, e sãoagora percursores destes modernos cozidos, encontrados narestauração do concelho de Salvaterra de Magos

Entre as comunidades pescadoras que viviam no rio Tejo(Varinos e Avieiros), na feitura do mesmo prato usando osmesmos peixes do rio, tinham sabores/ paladares diferentes. 

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ENSOPADO DE ENGUIAS (Fragateiros)

As enguias depois de bem lavadas abertas e limpas, sãolevadas ao lume num tacho, ou panela.

Para uma mesa de 4pessoas, 2/3 Kgs devechegar, onde entra osseguintes ingredientes:Pimentos encarnados,

Louro, Colorau, Piri-piri,Cebola, Alho, Coentros, Pimentos verdes, Salsa, Tomate(maduro) e Sal - q.b.

A preparação do refogado, faz-se com os produtos acimadescritos  –  sem esquecer de juntar o vinho branco que é oliquido principal e, de grande importância. Quando este estivercozido, passa-se o molho por cima das enguias, e estas sãocozidas, temperadas com sal e piri-piri.

O pão torrado em pedaços grandes, ou fatias (também seusa frito), deve estar em descanso (frio).

Depois de estar pronto, serve-se em pequenos tachos debarro, onde previamente no fundo foram inseridos pedaços, oufatias de pão torrado (ou frito), a fechar o ensopado salpica-secom coentros.

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A CALDEIRADA DE ENGUIA

(Pescadores Cagaréus)

Os Pescadores, oriundos da Murtosa, que em

Salvaterra, vinham fazer a sua pesca sazonal, em tempode Inverno/Primavera, utilizavam a Enguia, como um prato

de grande requinte para afamília, ou mesmo em diasde receberem visitas. ACaldeirada era um pratosimples de confecção que

em tempo de fartura estavasempre na mesa. Numa

refeição para 4 pessoas usava-se cerca de 2/3 Kgs, deenguia que estando aberta e bem lavada (algumas famíliastemperavam algumas horas com vinagre/ou limão), recebiaa cosedura. Ingredientes  – Água, Azeite, Sal, Alho, Louro,Cebolas e batatas (às rodelas) e hortelã  – q.b.

*Algumas vezes (por ser mais barato) eram usadas omolho do toucinho (unto), em substituição do azeite. * Nocaso do colorau e pimenta, também se usava a pimenta deaçafrão (Amarela).

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Preparação  –  No fundo de um tacho de barro ou dealumínio de boca larga e com tampa, eram colocadas ascebolas às rodelas, por cima uma camada de batatas.Em cima destas, uma camada de enguias que recebiamuma outra de batatas que, fecha com uma ou duas cebolasàs rodelas.

AÇORDA DE SÁVEL(Avieiros do Escaroupim)

Ingredientes: - Sável, Azeite, Alho, Água, Salsa, Sal,Pimenta. Piri-piri, Pão e Óleo para fritar o peixe.  – q. b. para 4pessoas.

Confecção: - Cozem-se as ovas,com a cabeça e o fígado dosável, em água temperada comsal. Depois da cozedura, o caldoé “passado e limpo” para ensoparo pão cortado às fatias finas, jácolado num tacho.

O pão depois de “embebedado” é mexido para ser desfeito.Em frigideira tapada, o azeite com o alho esmagado, oucortado, vai ao lume e depois de fritos os alhos são retirados.

Com o azeite rega-se a açorda, que volta ao lume e para nãopegar vai-se mexendo. A pimenta, o piri-piri, e a salsa picada é

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agora introduzida. O Prato serve-se ainda quente em tacho debarro apropriado. O sável cortado às postas finas, depois defrito em óleo, é servido em recipiente próprio.

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* segundo hábitos primitivos e conservados no tempo,

algumas famílias pescadoras da área da Murtosa, faziam; nofritar do peixe e da enguia, em vez do azeite/ ou óleo, usava otoucinho de porco derretido em frigideira, com lume brando – um pouco salgado,.

*No tempo da sardinha assada, via-se em algumas famílias,escamarem a sardinha, e quando limpa (marinavam) emvinagre/ ou limão, depois eram assadas em lume baixo

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Pescador VarinoManuel José Pereira Maria Naia Silva e sua irmã

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Entrevistado Rosa Antónia Naia Silva,

Revista O Seculo Filhas de Varinos/Cagaréus – origem da Murtosa – 

O MÊS DA ENGUIA EM SALVATERRA!

O Restaurante Típico Ribatejano, já em 1955, punha àdisposição da sua clientela, o famoso prato “Açorda de Sável”,a sua procura durou cerca de 30 anos, data em que a empresafechou a actividade.

Em Março de 1996, numa iniciativa e patrocínio da câmaramunicipal de Salvaterra de Magos, o então presidente José  

Gameiro dos Santos, deu início ao mês da enguia, como temagastronómico e turístico no concelho.Para o primeiro evento demos a nossa colaboração, com aajuda de alguma informação que guardávamos.

O hábito em atribuir Março, o mês da Enguia ficou, e esteacontecimento turístico, com a participação da restauraçãolocal, faz chegar ao concelho milhares de visitantes, em busca

destes pratos, que um dia foram alimentação das gentes daborda de água 

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V

A CASA MUSEU DO PESCADOR AVIEIRO

Na década de 80, do séc.XX, das primitivas casaabarracadas, construídas emmadeira, já poucas existiam,e para conservar a memóriadeste povo que, um dia veio

do mar até ao rio, sob proposta do vereador, Joaquim MárioAntão, a câmara municipal, comprou uma para Casa Museu einiciou um projecto para aproveitamento turístico de toda azona ribeirinha ao Tejo.

Nos dias que passam, noEscaroupim, uma meia

dúzia de pescadoresavieiros ainda tiram o seusustento da pesca, no Tejo,pois o peixe como: Sável,Fataça, Saboga, Barbo e Enguia, que um dia levou os seusantepassados ali a fixarem-se, já pouca abunda naquelaságuas. 

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VI

EXPLORAÇÃO TURÍSTICA

No ano de 1999, notícias corriam que, várias zonas do rioTejo, seriam arranjadas no campo urbanístico, com umprograma apropriado, onde a intervenção do estado e dascâmaras municipais, seria proporcionar para além das obrasde recuperação, há muito identificadas nas suas margens,poderiam dar lugar a locais de atracção turística.

O Escaroupim, e aVala Real, estavamincluídos nesses planos!

Em 2003, o programa foiexecutado, e os espaços,

que receberam as obras,foram transformados, sendo agora diariamente mais visitados,deseja-se que o turismo os descubra.

No Escaroupim, na Praia Doce, ou no Cais da Vala real,foram colocadas novas “Casotas em Madeira”, que pela sua

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construção, nada têm a ver com as originárias que um dia porali foram construídas pelos avieiros.

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Alves Redol e os Pescadores Avieiros Andas tola, andas vaidosa, Eu, não quero ir ao campo,em namorares um varino; que lá faz muito calor !também eu tenho vaidade Eu, não quero ser campina,Em namorar um campino. Quero o meu bem, que é pescador!

(In - “Cancioneiro do Ribatejo”

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AO RIO TEJO

Primavera tem várias flores, Já o vi com a maré subir,Mas nenhumas são iguais, E com água dos montes aPrimavera vai e vem com flores descer !A mocidade, não volta mais ! Mas só deixa de existir

A mocidade não volta mais Quando o que é, deixar de ser !

Meus pais, foram-se emboraTeve barcos varinos nas margens

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(In) Vicente Francisco “ Arrais Vicente” 

BIBLIOGRAFIA USADA:  Os Avieiros –  Alves Redol  “In Cancioneiro do Ribatejo” –  Alves Redol  Recordações de Navegação, e Cantos do Tejo  - Vicente Francisco

  Francisco Câncio –  1957 –  “Vida Ribatejana”   Cantos do Tejo –  Vicente Francisco (2ª Edição)  Salvaterra de Magos “Uma Vila no Coração do Ribatejo”  

Monografia  –   1ª, 2 e 3ª Edição –  do Autor  Anais de Salvaterra de Magos –  José Estevam –  1959  Os Avieiros (Nos Finais da Década de Cinquenta) –  

Maria Adelaide Neto Salvado –  1985* Boletim Municipal da Câmara Municipal de

Salvaterra de Magos

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FOTOS USADOS:* Maria Adelaide Neto Salvado (1950) * Alexandre Varanda daCunha (1945/50. * Autor (José Gameiro) - 1968

Pág. 133  –  Família de Pescadores Avieiros, no barco * Pág. 134  –  Rancho Folclórico dos Avieiros do Escaroupim  –  1950 * Grupo de

mulheres Avieiras, no Escaroupim, junto ao lume, fazendo a comidae reparando as redes * Pág. 135  –   Conjunto de habitações emmadeira, dos pescadores do Escaroupim  –   1950 * * Pág. 137  –  Calafate  –  Pintado Bateira, Vala real (1950) * Pág. 138  –   MulherVarina, com Canastra à Cabeça * Pescador Varino:Manuel Pereira, pescando na Vala real  Pág. 148  –   Habitação de uma família deAvieiros, construída em madeira (com o seu varandim), adquirida pela câmara municipal de Salvaterra de Magos, para Casa Museu do povo do Escaroupim, em 1980 *  A mesma casa já recuperada e

 pintada * Pág. 149 - Casotas em madeira instaladas no Escaroupim,Praia Doce e Cais da Vala de Salvaterra, em 2003.

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INDICE:

I –   OS AVIEIROS …… ……………….  Pág. 133II - OS PESCADORES

VARINOS/CAGARÉUS … Pág. 137III –  OS FRAGATEIROS ………………  Pág. 140IV –  GASTRONOMIA ……................... Pág. 142

- Pág. 143 ………Ensopado de Enguia (Fragateiros)

- Pág. 144 …….. Caldeira de Enguias (Pescador Varino/Cagaréu) - Pág. 145 …….. Açorda de Sável (Pescadores Avieiros) 

V –  A CASA MUSEUDOS PESCADORES AVIEIROS Pág. 148

VI –  EXPLORAÇÃO TURISTICA …….. Pág. 149 

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COLECÇÃO DE APONTAMENTOS N.º 12 

Documentos para a hi stóri ade

SALVATERRA DE MAGOS* Séc. XI I I  –  Séc. XXI *

UM SONHO UMA REALIDADE 

Património:Geográfico, Monumental, Cultural, Social, Políti co,

Económico e Desporti vo

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O AutorJOSÈ GAMEIRO

(  José Rodrigues Gameiro) 

FICHA TECNICA: 

Titulo:O PARQUE INFANTIL, E AS SUAS PISCINAS !“ Um sonho que se tornou realidade !”  

***** Ed ição revis ta e aumen tada ****

Tipo de Encadernação: Brochado

Autor: Gameiro. JoséColecção: RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR !

Data: MARÇO DE 2007

Editor Gameiro, José RodriguesMorada: Bº Pinhal da Vila  – Rua Padre Cruz, 64 - 1ºLocalidade: Salvaterra de MagosCódigo Postal: 2120- 059 SALVATERRA DE MAGOS

  Tel. 263 504 458 * 918 905 704

ISBN:978 – 989  – 8071  – 12  – 5 * 1ª edição

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Depósito Legal: 256464 /07

Fotos da Capa: -Festa Lançamento Primeira Pedra * Dia da Inauguração

* Piscina Grande do Parque Infantil

O texto desta edição não segue a ortografia do acordo de 1991

O MEU CONTRIBUTO

Os poderes públicos, durante anoscontinuaram insensíveis, à necessidade da suaconstrução, mesmo com o aviso dado naqueleVerão   de 1935, onde o Subdelegado de Saúde emédico, Dr. Joaquim Gomes de Carvalho, 

denunciou as péssimas habitações, em que viviam muitas famílias que,

mais não eram do que barracas que, afectavam a saúde da maioria dascrianças da terra. A vila de Salvaterra de Magos, desde que o alerta foidado, não conseguia dotar as suas crianças de um espaço, que servir-sede Parque Infantil. O tempo passou, a alvorada de Abril de 1974, trouxeao povo possibilidades de sonhar!

Um belo dia, um grupo de pessoas de boa vontade, puseram mãos àobra e, iniciaram a construção daquele tão desejado recinto para ascrianças da terra. Durante meses, os trabalhos, a angariação de fundos,

foram ultrapassados com grande alegria, pois sabia-se da riquezapatrimonial que ia nascer. Tristezas houve, porque não dizei-lo, e logono primeiro dia, mas com o  apoio da juventude, tudo foi ultrapassado,pelas duas equipas responsáveis pela feitura de tão bela obra O sonhofoi concretizado em 25 de Julho de 1975., dia da sua inauguração. Coma “amostra” desta obra, por quem a viveu por dentro, aproveito estas

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páginas para dar algumas informações sobre outros espaçosajardinados da vila.

ABRIL 2015 O AutorJOSÈ GAMEIRO 

AS CAUSAS DO ALERTA

Em 1935, o Dr. Joaquim Gomes de Carvalho, num artigo narevista a “ Hora”, que tinha dedicado a sua edição ao concelhode Salvaterra de Magos.(1), escreveu:

“O hospital ficou cheio de crianças, que sofrem de Paludismo,que, afecta em cerca de 50% a população infantil da freguesia,registando-se algumas mortes. Sem apoio Materno-Infantil, adoença, na falta de higiene e do lazer para as crianças, erauma porta aberta para outra terrível doença “A Tuberculose”que, as acompanharia para os restantes anos de vida. OsQuartos na zona do Arneiro da vila, são pequenas habitaçõesconstruídas em alvenaria, com grandes chaminés, muitasdelas sem divisórias, em vários enfiamentos, onde vivem

famílias rurais” “Nesta época, muitos países da Europa, jádão mais atenção às suas crianças, construindo, além de infra-estruturas, na área materno-infantil, protecção à maternidade, parques infantis com arvoredo a envolve-los”  

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(1)  –   Foi médico, com consultório em Salvaterra de Magos, anos

depois a Misericórdia local, fez-lhe agradecimento público pelo préstimo de actos médico gratuitos àquela instituição.

MALHANDO EM FERRO FRIO !

 Ano após ano, outras pessoas da vila, se vãopreocupando com a situação, Filipe HipólitoRamalho,  escreveu no jornal “Aurora do Ribatejo” e José Teodoro Amaro, no jornal “ O Século ”, anecessidade da existência em Salvaterra de Magosde uma zona verde, que servir-se as crianças da

terra.

UM SONHO, TORNADO REALIDADE

É PRECISO UM P RQUE INF NTIL 

O POVO SONHOU, O POVO FEZ

Finalmente chegou a liberdade, a revolução de Abril de 1974, com a sua aurora, trouxe grandes

motivações à população, levou a que após váriasreuniões na Casa do Povo local, o povo ali reunidona vasta disse:  “Constituem-se Comissões, eavancem com a obra” 

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Entre a vasta assistência, disponibilizaram-se várias pessoasque organizaram dois grupos:

COMISSÃO DE OBRAS: Alfredo Bernardino, Manuel Marçal,Eduardo Filipe Andrade, Lourenço Rato, Armando Rafael deOliveira, António Feliciano Jorge e António Neves Travessa.

COMISSÃO DE FUNDOS: António Luís Santa-Bárbara, JoséRodrigues Gameiro, Noémia dos Santos, Deolinda Santos(Nabiço), Maria Elvira Damásio, Fortunato Ferreira Hortelão,

Leonor Delgado e António Eduardo Andrade

 A Comissão Administrativa da Câmara Municipal,deu o seu apoio com a doação do terreno, onde játivera lugar, um campo de futebol, a realização daFeira Franca Anual. As Festas dos Toiros e doFandango, nos seus três primeiros anos, ali tiveramo seu lugar, desde a Praça de Toiros, e a EscolaPrimária, por detrás do muro do Hospital da vila.

LANÇAMENTO DA PRIMEIRA PEDRA

Estava um lindo dia de sol, aquele 25 de Agostode 1974, o membro da comissão; Lourenço Rato e

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o presidente da Câmara; Leonardo Cardoso,colocaram a primeira pedra, a população estavapresente em grande número e festejou oacontecimento. 

Infelizmente, o resto do dia foi de grandedesgosto, a tristeza apoderou-se do povo,perderam-se três vidas, num grave acidente. Um

reboque, com uma cisterna de água que apoiava oinício das obras, numa das viagens da vala real, emplena Avenida, partiram-se as cintas queseguravam aquele depósito, e três jovens queseguiam, naquele atrelado foram vítimas, sofrerammorte imediata.

1974 –  Lançamento primeira pedra

O TEATROAO SERVIÇO DO PARQUE

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Tão triste acontecimento, ocorrido no inicio dasobras, muito ânimo deu à população de Salvaterrade Magos, para fazer o seu Parque Infantil,especialmente em memória das vitimas. Alguns

 jovens reuniu um grupo de teatro, representouvárias peças, deslocando-se mesmo a terrasvizinhas para angariação de fundos e, onze meses

depois, as obras foram dadas por concluídas.INAUGURAÇÃO DO PARQUE INFANTIL

Em 1975, no dia 20 de Julho, eram 15 horas, omesmo povo que incentivou e ofereceu donativos,lá estava numeroso na inauguração do seu ParqueInfantil. Depois dos habituais discursos oficiais, a

banda de música dos bombeiros tocou um hino, eforam abertas as portas. 

 As duas Piscinas, os Escorregas  e Baloiços,depressa se encheram de crianças, em alegresbrincadeiras. Uma satisfação, trespassou asantigas gerações que, tiveram de esperar mais de40 anos, para ver aquela obra, e um ano após acolocação da primeira pedra, estava agoraconsumado os desejos do povo.

O imenso arvoredo plantado meses antes, jámostrava as suas primeiras sombras. Uns temposdepois, as contas estavam apuradas, e por alguns

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cálculos mais modestos, a obra custou cerca de650 mil escudos (onde se incluía 250 mil escudos,material e mão-de-obra ofertado) *

1975 –  O povo na inauguração do Parque Infantil

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1975 -  Aberturas dos portões do Parque Infantil –  As duas primeiras crianças a entrarem são os filhos

do autor da foto (José Gameiro)

“Os Amigos do Parque”  

Em 1978, uma “Comissão de Amigos do

Parque” geria a sua conservação, sendo na alturacomposta por:  António das Neves Travessa, ArturFernandes da Silva Lúcio, José Manuel DamásioCabaço, António Eduardo Morais Andrade, ManuelSantana da Silva Lobo e Lourenço Rato.

Cerca de uma dezena de anos depois, com o

falecimento de alguns e, a saída de outros, ManuelSantana Lobo, era a figura mais representativadaquela equipa, e grande amigo do Parque, com osseus contactos, em 1987, conseguiu para o recintodesportivo, a oferta de algumas bancadas, emcimento, vindas do Estádio da Luz, que na épocaestava em obras.

Em tempo de verão o parque, passou a estardisponível com um Ringue para actividadesdesportivas, com a realização de jogos de Hóqueiem Patins, e até de futebol de salão.

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 Algum tempo depois, os seus responsáveisforam recebendo a colaboração dos poderesmunicipais, para a sua conservação e manutenção,acabando estes por intervir totalmente no seudestino.

1980 –  Bancadas, uma obra da “ Comissão de Amigos do Parque” 

OBRAS DE CONSERVAÇÃO E MANUTENÇÃO 

 A Junta de Freguesia de Salvaterra de Magos,presidida por João Nunes dos Santos, em 2000,levou a cabo grandes obras de conservação no

Parque Infantil, colocando uma nova vedação, eoutros arranjos com novo material de protecção emrede, foram materiais que realçaram a intervenção,

 justificando o investimento.

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Não foi pacífica a decisão do executivo da Juntade Freguesia, que motivou divergênciasacentuadas naquele órgão autárquico, e logocorreram rumores, quanto às verbas ali gastas, eao destino a dar às duas piscinas, já que haviaalgum tempo estavam desactivadas, por osserviços públicos as considerarem que, tinham faltasegurança e, que as crianças ali poderiam correr

perigo, além de pouco higiénicas, pois estavam acéu aberto.

Tal desavença naquele executivo, foi alvo denotícia pública, porque o autarca presidente,pretendia dar uso diferente às piscinas,especialmente à grande, o que contrariava osdesejos inicialmente previstas e desejadas pelos

seus promotores, em 1975.

2013 –  Desativação total da Piscina grande, com aterro

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Face a tais desentendimentos entre os eleitosautárquicos da freguesia, provocando algumaagitação na população, alguns dos iniciaiscolaboradores daquela obra, estiveram presentesnuma Assembleia de Freguesia, convocadaexpressamente para o efeito, pois desejava-sesaber na realidade o que o executivo pretendiapara aquele património público da vila.

Naquela reunião, o autarca presidente; JoãoNunes, foi responsabilizado e aceitou, em continuara conservar a construção tal como foi concebida e,acabou publicamente por assumir a suaconservação, e que brevemente iria melhorar osistema do funcionamento das piscinas, com aadaptação de bombas eléctricas. Compromisso que

nunca cumpriu até final do seu mandato.

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2005  –  A Comissão de Manutenção do Parque

 Infantil, antes de o entregar à custódia da Junta de Freguesia, colocou ali uma placa de agradecimento aos

construtores de 1974/75

O CORTE DE ÁRVORES

O ano de 2004, tinha acabado, com um Inverno pouco chuvoso para a época, era de esperar que aPrimavera, decorre-se normal para aquelas boninase frondosas árvores ali plantadas e conservadascomo vinha acontecendo há 30 anos.

 A Junta de Freguesia, entidade agoraresponsável pelo Parque Infantil,  sob a chefia de

João Nunes dos Santos, estava a iniciar  uma novasérie de obras no recinto do Parque Infantil. Paraalguns Choupos, e  outras espécies, o seu destinochegou ao fim, em Fevereiro de 2005.

O abate das árvores, logo fez correr entre apopulação uma onda de indignação, que se ouviaaqui e ali, com comentários de condenação pelo

trabalho ali efectuado. Com a confusão instalada,dizia-se aqui e ali: “Se doença existia em algumasespécimes,  poderia ser solicitada intervenção dosserviços oficiais florestais e, e nunca o abate puro esimples daquela riqueza do parque, que seria aúltima decisão a tomar” . A decisão foi tomada,

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 porque algumas reclamações tinham chegada aoexecutivo  –  aquele arvoredo estava a provocaralergias na população –  foi dito !....

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2015 - Abate de Árvores no Parque Infantil

Fotos publicadas:

*Página 156  – Terreno cedido pela Câmara Municipal,para o local da construção do Parque Infantil deSalvaterra de Magos*Página 158 - Lourenço Rato, da Comissão e LeonardoCardoso, Presidente da C. A. da Câmara, colocam aprimeira pedra.*Página 160 – 1ª foto: População assiste aos festejos dainauguração do Parque Infantil * 2ª foto: Dia daInauguração  –  Germano Jorge, um dos colaboradoresdas obras, abre os portões*Pág. 162 – Bancadas em cimento no Ringue - Parque*Pág. 163 – Desactivação e aterro do Piscina grande*Pág.164 – Edifício do bar do Parque recebeu obras deconservação, com colocação de placa de homenagem

*************Bibliografia usada:

* Revista “A Hora-1936” Aurora do Ribatejo * Diário do Ribatejo

* Diário de Lisboa * Século

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* Jornal Vale do Tejo * Documentos do Autor,

e outras fontes* Notícia publicado nos jornais “Aurora do Ribatejo” , e

“ Diário do Ribatejo”, em 26/7/1975  

COLECÇÃO DE CADERNOS DE APONTAMENTOS Nº 13 

Património:Geográfico, Monumental , Cul tural, Social, Político,

Económico e Desportivo******

Documentos para a históriade

SALVATERRA DE MAGOS

Séc. .XI I I  –  Séc. XXI  

( Da Dil igência ao Automóvel, viagens atéao Cabo )

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O AutorJoséGameiro

(José Rodrigues Gameiro)

FICHA TECNICA: 

Titulo:0S TRANSPORTES PÚBLICOS DE PASSAGEIROS !( Da Dili gência ao Au tomóvel, viag ens atéao Cabo )

Tipo de Encadernação: Livro Brochado * PDF

Autor: Gameiro. JoséColecção: RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR !

Data: ABRIL 2015

Editor Gameiro, José RodriguesMorada: Bº Pinhal da Vila  – Rua Padre Cruz, 64-1º

Localidade: Salvaterra de MagosCódigo Postal: 2120- 059 SALVATERRA DE MAGOS

  Tel. 263 504 458 * Telem. 918 895 704

ISBN:

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978 – 989  – 8071  – 13  – 2 * 1ª edição

Depósito Legal: 256465 /07

Fotos da Capa: - Carro (Diligência) puxado a dois animais, Mar ca “ Rippert”–  1920, da família Torroaes * Veiculo Automóvel. para Transporte Colectivo de12 Passageiros –   Marca Ford - Modelo T 2, no Dia da Chegada a Salvaterrade Magos –   O empresário Alfredo da Piedade, com a filha (Maria) ao colo,

 junto de amigos. - 1925

O MEU CONTRUBUTO

Por volta de 1951, ouvia o meu pai contarque quando chegou o carro de carreira depassageiros, de um membro da famíliaTorroaes, empresário do ramo, aí no

dobrar da década de 20 do séc. XX, vinhasubstituir a velha diligência puxada a dois cavalos. Este novomeio de transporte, passou a ser conduzido pelo “JoãoChauffeur”, motorista que veio de Santarém trabalhar para afirma. O carro ia a casa dos passageiros para os receber noinicio da viagem. Dois ou três anos depois, a empresa foi

adquirida por Alfredo Piedade “Alfredo Calafate”, ficouregistada de Empresa de Viação Salvaterrense, e adquiriu umnovo veiculo de passageiros, uma Ford que passou a receberos passageiros em frente à Igreja, passando a fazer também otransbordo na estação de Muge.

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Por volta de 1940 o alvará da exploração foi adquirido pelafamília Anastácio, de Benavente, e passou a usar o nomeEmpresa de Viação Benaventense, e tinha a recolha demercadorias “Central” (para a estação de Muge), na rua Trásda Igreja/ou rua das sentinas. No final de 1948, a empresaSetubalense, de João Cândido Belo, adquiriu aquela empresa,pretendia alargar a sua exploração no Ribatejo, até porque a

Ponte de Vila Franca de Xira, estava em construção.Depressa a “Central” passou para a rua Heróis de Chaves,

e as camionetas tinham paragem em frente à antiga EscolaPrimário “O Século”, no Largo dos Combatentes. Quando o ano de 1957, já ia longo, passei a ser empregado daSetubalense –entrando assim, ainda jovem no mundo trabalho,

prestando serviço na Central.Com o decorrer dos anos, ali tive ocasião de ouvir relatosde antigos passageiros, cujas histórias de velhos hábitos detransporte, me encantavam. Fui tomando boa nota delas,decerto não ficaram perdidas, porque aqui as guardo nestaspáginas, cuja edição teve lugar em 2007, e que agora volto a

publicar, com edição revista e aumentada.Abril 2015

O Autor:JOSÉ GAMEIRO

( José Rodrigues Gameiro )

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I

A VALA REAL, UMA VIA DE TRANSPORTESSalvaterra de Magos, é uma povoação situada junto à

margem esquerda do rio Tejo, em pleno coração da Lezíriaribatejana, e pelos Forais que recebeu o povo teve a obrigaçãode abrir uma vala, que escoasse as águas que se acumulavamnas suas terras.

Já no séc. XIII, para Santarém,os caminhantes a pé e a cavalo,usavam um caminho do tamanho

de cinco léguas, de Salvaterraaté Santarém, que atravessava ocampo, desde a Ponte da Vala,

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saindo para lá de Almeirim, muito próximo do rio Tejo, com acidade à vista.

.As viagens, através do campo eram penosas e demoradas,

em charretes, puxadas a um ou dois cavalos

Dando realce a alguns relatos do séc. XVIII, o paço real deSalvaterra de Magos recebia com frequência a presença da

realeza, o que dava uma nova vida à povoação, pois fazia delaum grande centro de movimento cultural e político.

As viagens de e para Lisboa pelo rio, nas embarcações,especialmente em Bergantim, pelo elevado número viajantes, levava a que se forma-se um transporte colectivo depassageiros, muitas vezes animados com músicos a bordo.

Os barcos de carga, as fragatas, que manobravamdiariamente no leito do rio, com mercadorias, no fornecimentoà capital do país, ou mesmo para Santarém, eramaproveitados pelo povo par a uma “boleia”  para aquelascidades. Até aos meados do século XX, ainda era usado estesistema de viagem, especialmente pela população mais pobre,sendo o Poço do Bispo, em Lisboa, quase sempre o local dedestino. Em dias de vento favorável, as viagens duravamentre 3 a 4 horas, em barcos pequenos, como as faluas. 

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II

OS TRANPORTES PUBLICOS DE PASSAGEIROS

A hora dos transportes públicos colectivos de passageiros,chegou a Salvaterra de Magos, por volta de 1920, com afamília Torroaes, a utilizar uma carruagem do tipo, Rippert, puxada por dois animais da raça cavalar.

O único caminho existente até ao Pontão do Cabo, para oacesso a Vila Franca de Xira, era a estrada do Convento, e ocampo de Benavente, onde uma barcaça atravessava o Tejo.

Este tipo de transportedurou pouco tempo, deulugar a uma viatura para 12

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passageiros. Com a venda da exploração do ramo a AlfredoRodrigues, este depressa, adquiriu uma pequena e modernaviatura automóvel da marca Ford, Modelo T, com capacidadepara 12 passageiros.

A sua sede, era numa casa no Largo da Igreja Matriz,situada ali próximo da sua torre, mesmo à estrada da rua Dr.Gregório Fernandes.

A exploração deste serviço público de passageiros, em 1940,foi vendida a Alfredo da Piedade ( Alfredo Calafate), antigocalafate, de pequenas embarcações de pesca na vila.

Este novo empresário, colocou ao serviço, dos passageiros,mais uma viatura, do mesmo tipo e modelo, com destino àestação dos caminhos-de-ferro, em Muge, dando assim inícioao aparecimento da Empresa de Viação Salvaterrense, Ldª

Um dos motoristas daquelas viaturas, João Pedro de JesusSilva, homem de poucas letras, que veio dos lados deSantarém, passou a ser conhecido pelo o “João Chaufeur”.

“Contava-se, muitas estórias sobre este motorista, retiramosuma: Ao informar das contas do serviço prestado no dia, tinhauma forma peculiar de o fazer quanto à quantidade passageiros transportados: Se o total fosse 10  –  eramidentificados assim: três homens, duas mulheres, três velhosum rapaz e um guarda.”  

AS GARAGENS

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Num antigo espaço do palácio real, agora Largo dosCombatentes,  sendo aproveitada muita da sua pedra, foiconstruído um grande edifício, que mais tarde veio a seradega, serviu de garagem, como no Rossio da Vila, entreoutros sítios, que houve na recolha das viaturas.

O TRANSPORTE DE PASSAGEIROS EM TÁXI

Naquela época já a população tinha ao seu dispor, um carrode aluguer (taxi) de 5 passageiros, da marca Ford, mais tardesubstituído por um da marca BuicK , modelo descapotável.

Era seu condutor, Mário Luís das Neves,  mais conhecidopelo Mário Puto, devido à sua pequena estatura.

Com o decorrer dos tempos, vários alvarás (licenças), foram

passados a novos industriais do ramo, sendo hábito opassageiro ir a casa do taxista, requisitar a viatura para a suadeslocação, costume que foi mudando com a instalação da“ praça” , no Largo dos Combatentes, num espaço que acâmara municipal, atribuiu, onde aguardavam os passageiros..

Este serviço de viaturas ligeiras de passageiros, aumentoue novos empresários como: Amadeu  Eduardo da Silva,  João

Cardoso, também conhecido pelo nome de João Boneco, e osirmãos, Manuel e João Oliveira (Capadão).

A exploração, deste tipo de transporte públicos, foi cedido àentão criada Empresa de Viação Benaventense, Ldª, (dafamília Anastácio), com sede na vizinha vila de Benavente.

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Esta empresa por volta de 1948, negociou com a EmpresaSetubalense, de João Cândido Belo & Irmãos, Ldª, com sedeem Vila Fresca de Azeitão (Setúbal), o alvará de exploraçãonesta vasta zona ribatejana. A Ponte de Vila Franca de Xira,estava em construção

Após a inauguração da ponte, em 1951, o acesso ao

comboio, em Vila Franca, passou a serde grande importância, e aTransportadora Setubalense, soubeaproveitá-lo alargando assim o âmbito dasua exploração do serviço público depassageiros, para várias zonas do país.

Entre os vários percursos nesta zona,

tinha: Coruche/ Vila Franca de Xira, Vila Franca de Xira/Glóriado Ribatejo, Benavente/Muge. Dos vários itinerários, quepassavam por Salvaterra de Magos, o primeiro horário, era à6,30 da manhã, vindo de Coruche, enquanto o último ia para aGlória do Ribatejo, passava às 22,30 horas.

Para Santarém, as ligações faziam-se junto à estação deMuge, com a Empresa de Camionagem Ribatejana, com sedenaquela cidade.

A ligação com Évora, procedia-se através de Coruche,ficando Mora, no caminho, onde os passageiros, para aquelacidade alentejana, e mesmo com destino ao Algarve, tinham aviagem assegurada através da Empresa de Viação do Algarve(EVA).

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Lisboa, passou a ser um destino directo, quando da aberturada auto-estrada A1, completando -se um ciclo que já abrangiaSetúbal.

NOVA CENTRAL DE CAMIONAGEM

A Setubalense, mantendo o “velho”contrato existente com os caminhos de

Ferro  –  CP, existia uma “Central” para otrânsito de mercadorias, através daEstação de Muge, próximo da IgrejaMatriz. Em 1956, mudou os serviços para

a rua Heróis de Chaves ocupando uma pequena casa alugada(1), à família Vieira Lopes, com um empregado devidamentefardado, tal como os motorista e cobradores, como era uso eobrigatório na época.

O local de paragem das viaturas, passou a efectuar-se noLargo dos Combatentes (junto à escola primária), e um outrotipo de movimento de mercadorias (pequenas embalagens) atransportar nas carreiras passou a ser movimentado.

Os despachos dos mesmos, eram feitos em comissão deserviço, pelo Café Ribatejano, fazendo tal tarefa o seuempregado de balcão, José Tiago Andrónico, em simultâneocom os afazeres do estabelecimento.

Neste tempo, existia um homem que, fazia duas vezes porsemana, o trabalho de comprar em Lisboa pequenas produtos,

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(1) – Casa de habitação, onde o autor nasceu em 1944sendo esperado à chegada da carreira, para as respectivasentregas, recebendo novas encomendas, era o Estafeta Victor ,de Vila Franca.

Em 1957, a paragem das carreiras passou para a “Central”, na rua Heróis de Chaves, até porque a vila tinha poucomovimento automóvel, e naquela rua, pouco mais passava doque meia dúzia de carros ligeiros ao longo do dia.

Em 1963, com o início dasobras levadas a cabo pela famíliaVieira Lopes, que transformouaquele seu velho espaço decasario (ainda restos de

instalações pertencentes aopalácio real ), numa novaurbanização.

A construção incluiu trêsandares, para habitações, e o piso

térreo, foi aproveitado para área comercial e serviços.

Enquanto durou a construção da obra, a “Central”,  esteveprovisoriamente no Largo dos Combatentes, num espaço, quemuitos anos antes tinha sido taberna daquela família, e aindamantinha os seus vestígio

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INAUGURAÇÃO DA ESTAÇÃO DE CAMIONAGEM

No dia 4 de Abril de 1964, teve lugar a inauguração dasnovas instalações da nova “Central” ou Estação deCamionagem, (ocupando o mesmo espaço térreo que tinha aantiga moradia). As mercadorias, eram agora todasmovimentadas a partir daquele local, pelos empregados da

empresa, nas suas carreiras diárias.Os veículos transportavam os passageiros e suasbagagens., as bicicletas que eram o transporte da época dotrabalhador rural., eram colocadas no tejadilho dos carros.

Uma grande rede as cobria e, os horários, nunca eramcumpridos, o tempo que em cada localidade levava a carregare descarregar as mercadorias, muitas vezes de toneladas, eraum trabalho penosos, de todo o pessoal, onde os “Cobradores”  eram os mais atingidos, pois tinham de arrumar conforme aslocalidades ainda a percorrer.

Odescarregar

ferro(chapas e

barras),vindo de um

armazémem VilaFranca, paraas oficinas

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de ferreiros, carregar madeira (portas e janelas parahabitações), Marinhais, Glória e Foros de Salvaterra, era umtrabalho diário, pois as carpintarias aqui instaladas, tambémusavam este meio de transporte.

A empresa dos irmãos Belos, continuava a alargar a suainfluência nesta área de transportes, adquirindo os Alvarás daCamionagem Ribatejana (Santarém) Camionagem Vilela (S.

Pedro de Muel) e Empresa Martins, de Évora.

Com as transformações verificadas após a revolução deAbril de 1974, a Transportadora Setubalense, como muitasoutras no país, foi alvo das nacionalizações, dando origem auma única : A Rodoviária Nacional – RN.

Anos depois, desmembrada esta em pequenas empresas,

por via das privatizações, Salvaterra de Magos, ficou servidapela nova empresa, denominada “Belos”  que, mais tarde deulugar a uma outra, a “Ribatejana” , que agora serve aspovoações da zona.

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A fechar este pequeno  Apontamento histórico, dostransportes públicos de passageiros,  muitas estóriasconhecidas, ficaram por nele incluir, como aquelas da Rosa

Sena ir, primeiro carro de carreira que parava em frente àIbreja Matriz, e o rapazio ia brincar para cima do seu tejadilho,e dos despachos dos cestos das galinhas para Lisboa, atravésdo caminho-de-ferro, em que à partida o empregado de nomeMagalhães fazia “surripiar” uma, para um petisco da rapaziada sua amiga de petiscos, mas a contagem à chegada à capitalestava sempre certo !

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UMA GALINHA PARA O ALMOÇO DE TRÊS,QUE ERAM QUATRO, E AINDA SOBROU GALINHA !

O século XX, estava a meio, quinze anos já tinham passado, mas ainda se falava do assunto, quando vinha à baila qualquer referência à fome que grassava em muitas

casas da vila de Salvaterra de Magos. Por volta de 1935,o jovem José filho de Carlos Torroaes, empresário detransportes públicos de passageiros, da vila, era muitoconhecido pela forma pitoresca de contar as suasdiabretes Esta é uma delas:

Um dia teve necessidade de se deslocar a Lisboa, paraa necessária mudança do alvará que a família possuía, pois tinha ao serviço duas Diligências; uma para Vila

Franca, e uma outra até à estação dos caminhos de ferro,em Muge. A que levava erecebia passageiros de e paraVila Franca de Xira, era servida pelo pontão do Cabo, queatravessa o rio Tejo, com aestação dos Caminhos de Ferro

mesmo ali defronte.Estávamos na era da implementação das viaturasmecanizadas, mas aquela família ainda conservava otransportar dos passageiros com ida de manhã e regressoà tarde, em diligência.

Em Lisboa, na Repartição do Estado já depois dos problemas resolvidos, convidou o funcionário que o

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atendeu (pela fala dava mostras de ser nortenho) seaceitava um almoço em Salvaterra, em pleno Ribatejo.Este de imediato aceitou, mas que seriam dois, pois fezquestão de apresentar um outro colega.

 Na véspera, daquele Domingo de Agosto, tinhaorganizado com a esposa, o repasto para os convidados,seria uma galinha, daquelas que existiam na capoeira dos pais. No que dizia respeito ao final da comida e antes do

café, teria lugar uns doces feitos por sua mãe.A fruta, melão daqueles que, um amigo de Muge, lheoferecera uns dias antes, por lhe ter ajudado a preencherum requerimento na câmara municipal. O vinho doce para entrada antes do início do banquete mesa, enquantoduravam as apresentações, tal como o vinho servido àmesa, seria da adega do tio Virgolino José Torroaes. No dia aprazado, manhã cedo, o Torroais, lá estava no

Pontão do Cabo, numa Charrete tirantada a um cavalo,esperando os seus convidados.

Um comboio do outro lado do rio, dava mostras de paragem. Os convidados lá chegaram, no batelão eapressaram-se nos cumprimentos habituais com abraçosà mistura saiu a informação como tinha decorrido aviagem no comboio, Lisboa-Vila Franca. De seguida

veio o necessário pedido de desculpa, pois apresentava-se mais um colega convidado de última hora.A viagem até Salvaterra foi iniciada, o cavalo em

marcha troteada, percorria a recta do cabo, pelo caminhoempedrado aqui e ali. O campo apresentava-se nos doislados, separado por uma vedação de arame e, por duas pequenas valas que corriam ao longo do trajecto,

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transportando um pequeno fio de água, naquela época doano. Ali próximo da Ermida de Alcamé, já algunsranchos de homens e mulheres ceifavam o que restavadas cearas de sequeiro, especialmente trigo  –   estava-seem final da temporada agrícola.

Algumas manadas de gado bravo, vigiadas peloscampinos, chegavam-se até às valas, afim de se

sedentarem, da noite passada ao relento. A viagemcorreu, sem grandes sobressaltos, pelos campos daLezíria, em direcção a Benavente., com anfitrião dandoas necessárias informações das actividades rurais que alise desenvolviam. Mais de hora se tinha passado echegados ao trilho da Fonte das Somas, que o levaria pelo caminho do Convento até Salvaterra,

O José Torroaes, da algibeira do colete retirou o

relógio, e vendo que eram apenas 8 horas da manhã,mudou de caminho, e seguiu viagem para os lados daAldeia do Peixe, rumo aos Foros de Salvaterra., tinhatempo e queria mostrar todo o potencial daquela regiãoforeira.

Algum tempo depois, chegados à taberna do AntónioQuerido, já seu velho conhecido, apresentou-lhes tão

ilustres viajantes.Depressa, o Querido, passou a convidante e serviu

sem cerimónias, um petisco, à base de carne de porcoassada, acompanhada com um bom vinho das terrasarenosas dos Foros. Perto de uma hora, demorou a pequena refeição e retomada a viagem, a comitiva

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acenava com os chapéus, em resposta a alguns gruposfamiliares, onde os homens de barrete na mão,cumprimentavam, e os rapazes com os jovens faziamalguma vozearia, estavam nas suas terras e faziam tarefasde pequena agricultura, aproveitando o domingo.

Uma nova paragem foi no Estanqueiro, na tabernalocal, foram convidados para apreciarem um petisco. Unschouriços caseiros, cortados às rodelas, acompanhados

com pão ainda fresco (cosidos na véspera no fornoa lenha), e um vinho branco, retirado de um garrafão queestava no fundo do poço a refrescar.

Os viajantes, estavam deslumbrados com tal recepção,a viagem continuou a caminho das Buinheiras dosFreires, eram quase 11 horas, o caminho de areia ladeado por valados, que o estreitavam, faziam com que várias

famílias num lado e de outro, estivessem quase juntasnos afazeres das suas terras. As manchas de vinhas e pinhal davam um novo colorido ao local.

Os acenos continuavam, o entusiasmo era de alegria nacomitiva, ali próximo das terras da Alagoa, o chefe deuma família conheceu o Carlos Torroais, pois era a eleque recorria quando precisava de alguma coisa nas

repartições públicas da vila. A paragem foi inevitável,apresentados os viajantes, logo todos foram convidados para petiscarem na casa mesmo ali próximo, debaixo dalatada de vinha que sombreava a casa.

Aceite o convite, a família composta pela mulher emais duas filhas ainda moças e um rapaz, acabado dechegar havia três semanas da vida militar, pois tinha

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estado nos Açores, desdobravam-se em simpatias, perante tão ilustres visitantes, em casa.

Carlos Torroaes, aproveitou para desengatar o animalda charrete, e dar-lhe de comer e de beber um balde deágua fresca, que foi retirada do poço!

Uma mesa foi preparada. As moças, serviram sopa decarne de porco, estava quente dentro do tripé de ferro, na

chaminé em lume brando, alguma carne que estava nasalgadeira havia três dias, foi assada, pois tinha-se mortoo porco da engorda daquele tempo. Um jarro de barrocom bom vinho tinto, retirado da adega, acompanhou arefeição.

Depois foi servido algumas fatias de melão.Todos os homens já bem comidos e bebidos, a alegria

estava estampada no vermelhão das suas faces. Um

deles, dava mostras de algumas aptidões em cantorias, aocasião, deu azo a que o jovem regressado a casa, sendo bom tocador de gaita de beiços, logo tocou uns viras,músicas da região ribatejana. Eram 3 horas da tarde, foiretomada a viagem, através das Buinheiras, a caminho doPaul de Magos, onde nova paragem, ocorreu na tabernano cimo do Paul, inaugurada havia pouco tempo, um

lanche foi oferecido pelo dono da tasca, umas postas deAtum (embebido em azeite numa barrica), foram postasno balcão, um pão grande e, um vinho branco, foi maistarde acompanhado de uma prova de melões que seencontravam numa parga (em pirâmide), debaixo de umaárvore, esperando comprador.

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Um dos convidados, olhava constantemente o relógiocom corrente, que tinha na algibeira do colete, no entantonão deixava de participar nas anedotas que o grupo iacontando, até porque uns clientes também entraram naroda dos dichotes.

Já a caminho de Salvaterra, cantarolando de contentes pelo dia bem passado no Ribatejo, chegaram à vila, naantiga rua do Pinheiro, junto à casa do Torroaes, onde

um pequeno grupo de vizinhos, fazia companhia àfamília na espera e comungando das preocupações, poiseram já cerca das 6 horas da tarde e, a chegada estava prevista para as 9 horas da manhã. Todos osconvidados, dando mostras de algum nervosismo, muitoagradeceram a oferta, e o dia inesquecível, masinsistiram na viagem de regresso a Lisboa.

O cavalo lá voltou agora numa correria, ao encontro

do comboio, que não esperava!..

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Bibliografia usada: Documentos do autor

Fotos usados:

* Pág. 2 – Bergantim real - barco de transporte pessoas* Pág. 4 – Sede da Empresa Transportes Públicos - Família Torroaes* Pág. 5 –  Igreja Matriz de Salvaterra, local de Paragem das carreiras,

até 1957

*Pág. 6 - Em 1957, José Gameiro - Empregado da CamionagemSetubalense –  Central ( Caminho de Ferro - CP ) de Salvaterra de Magos* Pág. 9 – Modelo de Charrete, usado no transporte dos convidados

(AD)

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