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 Coleção CIEE  112 Células-tronco: O que poderão representar? Mayana Zatz

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celulas tronco

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  • Coleo CIEE 112

    Clulas-tronco: O que podero representar?

    Mayana Zatz

  • Sede

    Rua Tabapu, 540 - Itaim Bibi - So Paulo/SP - ceP 04533-001

    Espao Sociocultural Teatro CIEE

    Rua Tabapu, 445 - Itaim Bibi - So Paulo/SP - ceP 04533-011

    Prdio-Escola CIEE

    Rua Genebra, 65/57 - centro - So Paulo/SP - ceP 01316-010

    Telefone do estudante: (11) 3046-8211

    Atendimento s empresas: (11) 3046-8222

    Atendimento s Instituies de ensino: (11) 3040-4533

    Fax: (11) 3040-9955

    www.ciee.org.br

  • Clulas-tronco: O que podero representar?

    Coleo CIEE 112

    Mayana Zatz

  • C389c CENTRO DE INTEGRAO EMPRESA-ESCOLA - CIEE

    Clulas-tronco: O que podero representar? / Centro de Integrao Empresa-Escola So Paulo : CIEE, 2010. 48 p. ; il. (Coleo CIEE ; 112) Palestra proferida por Mayana Zatz durante o Frum Permanente

    de Debates sobre a Realidade Brasileira, realizada no auditrio Ernesto Igel, em 28 de agosto de 2008.

    1. Gentica 2. Clua-troco 3. Zatz, Mayana I. Ttulo II. Srie

    CDU : 575

  • SUMRIO

    O desenvolvimento e o destino da cincia ....................................Ruy Martins Altenfelder Silva

    Conhecimento para refletir e evolucionar ..............................................Luiz Gonzaga Bertelli

    Clulas-tronco: O que podero representar? ...............................................Mayana Zatz

    Debates ......................................................

    Homenagem de encerramento ....................

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  • O desenvolvimento e o destino da

    cincia O desenvolvimento e o

    destino da cincia

    Ruy MaRtins altenfeldeR silvaAdvogado, presidente voluntrio do Conselho de Administrao do Centro de Integrao Empresa-Escola - CIEE, presidente da Academia Paulista de Letras Jurdicas - APLJ; do Conselho Superior de Estudos Avanados da Fiesp e vice-presidente da Academia Paulista de Histria - APH.

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    Coleo CIee 112

    OO Frum Permanente de Debates sobre a Realidade Brasileira vivencia mais um momento de agregar valor a tudo o que o Centro de Integrao Empre-sa-Escola - CIEE vem realizando, ao ter como palestran-te a maior referncia nacional em termos de pesquisa com clulas-tronco: Mayana Zatz.

    Trata-se de uma biloga molecular e geneticista, pro-fessora do Departamento de Biologia do Instituto de Bio-cincias da Universidade de So Paulo (USP). Pesquisado-ra renomada em gentica humana, suas contribuies so principalmente no campo das doenas neuromusculares como distrofias, paraplegias espsticas e esclerose lateral amiotrfica.

    S para se ter uma ideia, a equipe da geneticista prestou servios para cerca de 30 mil famlias afetadas por doenas genticas, o maior registro de casos do mundo. Essa estatstica lhe permite competir em p de igualdade com pesquisadores internacionais na corrida para localizar genes ligados distro-fia e a outras doenas hereditrias.

    De cunho filantrpico e no governamental, o CIEE no est focado apenas em ampliar as vagas para treinamento prtico dos estudantes. objetivo da instituio oferecer cursos e palestras para auxiliar milhares deles na escolha da carreira e na capacitao para superar as dificuldades do acesso ao mundo do trabalho.

    O papel de agente integrador, comprovado pelo enca-minhamento de milhares de jovens estudantes para pro-

  • 9Clulas-tronCo: o que podero representar?

    gramas de estgio e aprendizagem, pouco representaria se o objetivo de suprir as falhas na escolaridade de jovens e adultos das camadas me-nos favorecidas da populao no fosse cumprido. esse o trabalho que faz o CIEE se destacar como uma das mais atuantes organiza-es do Terceiro Setor.

    So jovens que acreditam que o melhor caminho para obter um bom emprego, ou ento uma aber-tura para refletir a ideia de iniciar um empreendimento prprio, est na capacitao e no conhecimento. O Frum Permanente de Debates sobre a Realidade Brasileira ape-nas uma das oportunidades para se chegar a estes fins.

    E mais uma vez temos a sorte de ter um assunto extremamente importante para o futuro da cincia em nosso debate. Mayana Zatz brinda o Frum Permanente de Debates sobre a Realidade Brasileira com uma verdadeira aula sobre clulas-tronco, clonagem, Lei de Biossegurana e outros assuntos relacionados a esta rea de pesquisa que, com certeza, iro prender a ateno do leitor nas linhas que seguem.

    Mayana Zatz, pesquisadora

    renomada em gentica

    humana, suas contribuies so principalmente no

    campo das doenas neuromusculares como distrofias,

    paraplegias espsticas e

    esclerose lateral amiotrfica.

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    Coleo CIee 112

  • Conhecimento para refletir e evolucionar

    Conhecimento para refletir e evolucionar

    luiZ GonZaGa BeRtelliPresidente executivo do Centro de Integrao Empresa-Escola - CIEE, presidente da Academia Paulista de Histria - APH, diretor e conselheiro da Federao das Indstrias do Estado de So Paulo - FIESP.

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    Coleo CIee 112

    OO Centro de Integrao Empresa-Escola - CIEE uma instituio que, dentre vrios quadros de pro-grama, permite aos estudantes brasileiros uma formao integral, ingressando-os no mercado de trabalho por intermdio de treinamentos e programas de estgio.

    So 46 anos de histria e todo esse tempo foi dedicado integralmente incluso profissional e social do jovem es-tudante do ensino mdio e superior por meio de estgios, aprendizados e prticas operacionais, bem como outros m-todos de capacitao.

    O CIEE disponibiliza, por exemplo, cursos regulares de capacitao e de educao distncia, abertos a todos os in-teressados durante o ano. So cursos que contribuem para melhorar as chances de emprego dos jovens e que j contam com milhares de participantes em todo o Brasil. A defesa da educao sempre foi e ser prioridade da instituio. Uma educao eficiente, de boa qualidade, que mostre ao jovem brasileiro a importncia dos valores ticos do trabalho e do exerccio permanente da cidadania.

    esse o intuito do CIEE: desenvolver o jovem para edifi-car uma sociedade melhor e menos desigual para todos. S assim comearemos anos melhores, enfrentando a realida-de de um mundo cada vez mais competitivo e globalizado em condies de superar quaisquer adversidades.

    Para incitar as discusses e incentivar o debate, so rea-lizadas palestras ao longo do ano com especialistas das mais

  • 13Clulas-tronCo: o que podero representar?

    diversas reas Por meio do Frum Permanente de Debates sobre a Realidade Brasileira. A partir des-ses encontros so produzidos livros resultantes desses dilogos, que contribuem didaticamente para fo-mentar futuras e intensas reflexes acerca de temas relevantes para a sociedade brasileira.

    Essas so as Colees CIEE, que possuem contedo diversificado e so distribudas por todo o Brasil para estudantes, empresrios, par-ceiros e amigos do CIEE. Tratam-se de leituras obrigatrias no somente para aqueles que se interessam pelos temas discutidos, mas para todos que apreciam grandes ideias e grandes nomes do cenrio nacional.

    As publicaes da Coleo CIEE abordam, por exemplo, assuntos de economia, meio ambiente, direito, cincia, mer-cado, entre outros e tm como objetivo principal aprofundar a discusso sobre tpicos acentuados pelo interesse nacio-nal, tanto em relao a temas internos quanto externos.

    Essa a preocupao do CIEE, ir alm do bvio e pro-porcionar reflexes atravs da insero de cultura e conhe-cimento em suas atividades cotidianas.

    as colees Ciee, possuem contedo

    diversificado e so distribudas por todo o Brasil para estudantes,

    empresrios, parceiros e amigos

    do Ciee.

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    Coleo CIee 112

  • Clulas-tronco: O que podero representar?Clulas-tronco: O que podero representar?

    Mayana ZatZProfessora doutora titular do Departamento de Gentica e Biologia Evolutiva do Instituto de Biocincias da Universidade de So Paulo (USP), pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq), coordenadora de pesquisas no Centro de Estudos de Genoma Humano.

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    Coleo CIee 112

    NNos pases onde as doenas endmicas ou doenas infecciosas j esto controladas, as doenas gen-ticas so responsveis por 50% das mortes no pri-meiro ano de vida. Alm disso, muitas doenas de adultos tambm tm um componente gentico importante.

    relevante entender tambm que a doena gentica no significa doena hereditria. Quando o casal tem uma criana com problema gentico muito comum argumentar que no existe nenhum caso igual na famlia.

    Em torno de metade das situaes realmente no exis-tem outros casos na famlia. Ocorre que a doena gentica aquela que atinge o material gentico, podendo ter sido herdada ou no.

    Alm disso, vrias doenas de adultos tambm so con-sideradas doenas genticas ou doenas que possuem um componente gentico. Entre elas, podemos citar o cncer, mesmo que raramente ele seja hereditrio.

    Outros exemplos de enfermidades genticas so: diabetes, doenas neuromusculares, doenas psiquitricas, Alzheimer, Parkinson, hipertenso, alergia, miopia, hipermetropia. En-fim, trata-se de uma ampla gama. Muitas dessas doenas po-dero, no futuro, ser tratadas com clulas-tronco. Mas o que so clulas-tronco?

    O cotidiano pode passar a falsa impresso de que todos j conhecem o assunto, mas a realidade sempre traz algumas surpresas. Certa vez a ela aconteceu por meio de um correio

  • 17Clulas-tronCo: o que podero representar?

    nos pases onde as doenas endmicas

    ou doenas infecciosas j esto

    controladas, as doenas genticas so responsveis

    por 50% das mortes no primeiro

    ano de vida.

    eletrnico descompromissado entre dois jovens que discutiam em um site de relacionamentos da internet.

    Um deles dizia: estas pesqui-sas com clulas-tronco vo acabar com a floresta amaznica, onde h muito desmatamento e queimadas. A Amaznia o pulmo do mundo e sou contra essas leis que acabam com o planeta Terra. Diga no a essa pesquisa demonaca.

    O outro jovem retrucava: isso s pode ser piada. Para informao dos caros amigos, eu sei que todos os seres vivos tm clulas, no sou to burro assim. Mas a Lei, pelo que vi na televiso, sobre clulas de tronco mes-mo, clulas das rvores e plantas. Pode ser que voc seja uma planta, mas eu no sou. Por que vocs acham que a ministra da Amaznia caiu? As coisas esto se encaixando, s no enxerga quem no quer.

    Quando se descobrem dilogos assim, conclui-se que ainda necessrio explicar o que so clulas-tronco e o que clona-gem. As pessoas confundem os dois termos, que na realidade, so diferentes e tambm importante orient-las sobre clu-las-tronco embrionrias e adultas e sobre clonagem reproduti-va e teraputica.

    O gnero humano comeou a partir de um vulo fecundado

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    Coleo CIee 112

    que sobreviveu. Este processo a con-dio necessria para comear uma vida, mas no tudo. Estima-se que quando ocorre a fecundao no corpo da mulher o processo para e no se de-senvolve em 70% dos casos.

    Projetando a concretizao de uma fecundao bem sucedida, em seguida o vulo fecundado comea a se dividir. Assim, uma clula se transforma em duas, depois em qua-tro e chega at o embrio de oito c-lulas.

    Enquanto o embrio se divide em at oito ou 18 clulas, suas clulas so chamadas clulas-tronco totipotentes. Elas tm esse nome porque cada uma delas, se inserida no tero, tem o potencial de formar um ser humano completo.

    O embrio continua a se dividir e em torno de cinco dias aps a fecundao cria-se uma estrutura chamada blastocisto, onde aparece uma primeira diferenciao. As clulas externas formaro a placenta e os anexos embrionrios, enquanto as internas so chamadas de clulas-tronco pluripotentes.

    Essas clulas tm o potencial de formar todos os 216 te-cidos do corpo, porm no tm mais o potencial de formar um ser completo.

    importante orientar as

    pessoas sobre clulas-tronco embrionrias e adultas e

    sobre clonagem reprodutiva e teraputica.

  • 19Clulas-tronCo: o que podero representar?

    as clulas-tronco pluripotentes

    tm o potencial de formar todos os 216 tecidos

    do corpo, porm no tm mais o potencial de formar um ser

    completo

    Com 14 dias tem-se uma estrutura denominada gstrula, que possui trs subdivises, chamadas folhetos embrionrios. O mais interno chama-se endoderma e vai formar o pncreas, o fgado, a tireide, o pulmo e a bexiga.

    O folheto do meio chama-se mesoderma e vai formar a medula ssea, os msculos, o corao e os vasos. O mais externo chama-se ectoderma e forma a pele, os neurnios, a hipfise, os olhos e as orelhas.

    At 14 dias no existe nenhum resqucio de clula ner-vosa. Somente aps esse perodo passam a se formar as primeiras clulas nervosas. Por isso, nos primeiros pases que autorizaram as pesquisas com clulas-tronco embrio-nrias, permitiu-se que fosse realizada com embries de at 14 dias, pois at esse ponto no h nenhum neurnio.

    Depois, comea a diferenciao nos distintos tecidos, como o adi-poso, o sseo, o muscular e, por fim, diferenciam-se os rgos. Nin-gum sabe como isso ocorre. E esse o grande mistrio.

    Ainda no se conhece como a ordem que a clula recebe no incio da embriognese, que determina sua transformao em msculo, osso ou sangue. At um determi-nado momento, todas as clulas

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    Coleo CIee 112

    apresentam-se iguais.

    O que se sabe que, uma vez diferenciadas, todas as clulas filhas vo ter as mesmas caractersticas. Assim, se uma clula recebeu a ordem para ser fgado, todas as suas descendentes sero clulas de fgado. Se a ordem for para ser osso, todas as clulas sero clulas sseas.

    Sabe-se tambm que os genes so iguais em todos os te-cidos, ou seja, o DNA igual em todos os casos. Porm, quando ocorre a diferenciao, os genes comeam a se ex-pressar de uma forma nica em cada tecido.

    Para usar um exemplo, seria como se todos os genes nas clulas embrionrias estivessem acesos, ou seja, funcionando. Depois da dife-renciao, eles passam a se apagar ou, como se diz, so silenciados. Eles continuam presentes, mas acabam silenciados. Em cada tecido, apenas alguns ficam ativos.

    Este processo faz com que cada tecido seja diferente dos demais. Isso acontece porque, por exemplo, o fgado precisa ter funcionando os genes que fazem acontecer a funo do fgado, enquanto a pele precisa de outros genes e no do fgado. Portanto, em cada tecido

    sabe-se que os genes so iguais em

    todos os tecidos, ou seja, o dna igual em todos

    os casos. Porm, quando ocorre a diferenciao, os genes comeam a

    se expressar de uma forma nica em

    cada tecido.

  • 21Clulas-tronCo: o que podero representar?

    em cada tecido existem os

    genes que ficam silenciados e os que ficam ativos.

    existem os genes que ficam silen-ciados e os que ficam ativos.

    Este processo muito bem regu-lado, pois se houver um erro a clu-la no vai sobreviver.

    Uma analogia para essa situa-o uma casa cheia de quartos. Inicialmente, todos esto com as lmpadas acessas. Depois que se decide utilizar os quartos um, trs e cinco, apagam-se as luzes dos outros quartos que no esto sendo usados. As-sim, as lmpadas ainda esto l, porm apagadas, ou seja, silenciadas.

    O segredo de como controlar esse processo o grande de-safio que precisa ser enfrentado para ser possvel trabalhar com clulas-tronco.

    A boa notcia que algumas clulas permanecem no corpo humano com caractersticas de clulas-tronco. So as chama-das clulas-tronco adultas. possvel encontrar estas clulas na polpa dentria do dente de leite, na medula ssea, na gor-dura da lipoaspirao, na placenta e no cordo umbilical.

    muito importante deixar claro que as clulas-tronco do cordo e da placenta so clulas adultas e no embrionrias.

    A diferena entre as clulas embrionrias e as adultas que as primeiras conseguem formar todos os tecidos do corpo

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    Coleo CIee 112

    a diferena entre as clulas embrionrias e as adultas

    que as primeiras conseguem formar todos os tecidos

    do corpo enquanto as outras formam

    alguns tecidos, mas no todos.

    enquanto as outras formam alguns tecidos, mas no todos.

    Vale lembrar agora o caso da ovelha Dolly. Ela foi fruto de um experimento chamado de clonagem reprodutiva. A grande novidade nesse caso que ficou demonstrado que clulas j diferenciadas de um mamfero poderiam ser reprogramadas e voltar a ser totipotentes, podendo assim formar um animal completo.

    Como isso foi feito? Tirou-se uma clula da glndula ma-mria da ovelha original, a qual foi colocada em um vulo sem ncleo, ocorrendo uma fuso entre elas. Estas clulas come-aram a se dividir e foram ento inseridas no tero de uma

    outra ovelha, formando uma cpia, o clone de Dolly.

    A grande revoluo foi mostrar que os genes de uma clula j di-ferenciada puderam ser reprogra-mados, voltando a se tornarem ativos e formando todos os tecidos at chegar ao animal completo. No foi uma conquista fcil. Foram 300 tentativas e o clone morreu preco-cemente.

    A clonagem de Dolly ocorreu em 1996 e vrios animais foram clonados depois dela. Houve um deles, inclusive, que chamou mui-ta ateno: o Copy Cat. Foi uma

  • 23Clulas-tronCo: o que podero representar?

    experincia que consumiu quase 200 vulos, formaram-se 87 em-bries e apenas um animal vivo. A grande surpresa foi que o clone fi-cou diferente da me.

    J era sabido que a personalida-de de um clone diferente da perso-nalidade do animal original. Quem conhece irmos gmeos, sabe que, apesar de serem clones naturais e idnticos, possuem personalidades distintas. Portanto, j era previsto que ocorresse isso.

    Porm, se at a pelagem dos animais tambm pode ser diferente, possvel colocar em dvida a validade da clona-gem. Por que fazer a clonagem, sabendo-se que um pro-cesso difcil e de baixa eficincia?

    Depois disso, foram produzidos clones de vrios outros ani-mais, como cavalo, cachorro e gato. Ento se percebeu que, diferentemente dos clones naturais, os irmos gmeos, a maio-ria dos animais clonados apresentam uma srie de problemas, como envelhecimento precoce, placentas anormais, gigantis-mo, defeitos cardacos, problemas pulmonares e imunolgicos. Na prtica, pouqussimos clones sobrevivem sem problemas.

    A revoluo de Dolly mostrou que a clonagem reproduti-va , do ponto de vista biolgico, um risco enorme. Porm, ela abriu novas perspectivas de tratamento com clulas-

    Quem conhece irmos gmeos, sabe que, apesar de serem clones

    naturais e idnticos, possuem

    personalidades distintas.

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    Coleo CIee 112

    a revoluo de dolly mostrou

    que a clonagem reprodutiva , do

    ponto de vista biolgico, um risco

    enorme. Porm, ela abriu novas perspectivas de tratamento com

    clulas-tronco, que ser o futuro da terapia celular.

    tronco, que ser o futuro da terapia celular ou medicina regenerativa.

    muito importante deixar claro que nem todas as doenas sero tra-tadas com terapia celular. Trata-se do futuro dos transplantes, mas ou-tras abordagens esto sendo tenta-das, dependendo da doena.

    De qualquer forma, comearam a espalhar o pnico com afirmaes que seriam feitas clonagens de seres humanos e que os cientistas e pes-quisadores estavam brincando de Deus. Comearam a falar em clona-gem reprodutiva humana, tentando imaginar como ela seria, caso fosse possvel.

    A ideia divulgada que seria utili-zada uma clula de uma pessoa. Seria retirado o seu ncleo e ela seria colocada em um vulo anucleado. Se esse procedi-mento fosse bem sucedido, esse vulo seria colocado em um tero e seria possvel obter vrias cpias daquela pessoa.

    Houve at uma novela, chamada O Clone, onde esse m-todo funcionou logo na primeira tentativa. Uma maravilha!

    Outro caso foi o mdico italiano considerado maluco, Se-verino Antinore, que disse realizar clonagem reprodutiva

  • 25Clulas-tronCo: o que podero representar?

    Houve o caso de um grupo de

    religiosos chamados raelianos. alm de dizer que haviam clonado vrios

    bebs, eles vendiam uma mquina para

    fazer clonagem que poderia ser comprada pela

    internet.

    humana. Ele afirmou que o primeiro clone nasceria em no-vembro de 2002 e at hoje no nasceu nenhum.

    Houve ainda o caso de um grupo de religiosos chamados raelianos. Alm de dizer que haviam clonado vrios bebs, eles vendiam uma mquina para fazer clonagem que poderia ser comprada pela internet. O mais interessante que eles diziam que as pessoas poderiam se clonar, mudar o corpo e manter toda a sabedoria acumulada ao longo de suas vidas. O apare-lho custava US$ 8 mil e era acompanhado por um livro que ensinava toda a tecnologia do produto.

    E quais seriam as implicaes ticas da clonagem reprodutiva hu-mana? Indiscutivelmente, trata-se de um procedimento com um risco biolgico enorme. Ento, se o risco gigantesco, no h nem como discu-tir os aspectos ticos.

    Por outro lado, o que seria a clo-nagem teraputica? Qual a diferen-a entre a clonagem biolgica e a clonagem teraputica?

    Usa-se, basicamente, a mesma tecnologia. Retira-se uma clula de uma pessoa, da pele, por exemplo, e coloca-se num vulo sem ncleo. Se houver uma fuso bem sucedida, a clula comea a se dividir. Porm

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    Coleo CIee 112

    no se coloca essa clula no tero, mas sim leva-se para o laboratrio e, teoricamente, clulas assim teriam o potencial de formar qualquer tecido.

    Elas poderiam, ento, ser reintroduzidas na pessoa, com pequena probabilidade de haver rejeio, j que as clulas seriam do prprio organismo do indivduo.

    Este mtodo chamado de transferncia de ncleo. Seria utilizada a mesma tecnologia da clonagem reprodutiva, mas, neste caso, seria usada para fazer terapia. Por isso, ela recebe o nome de clonagem teraputica. E seu produto nunca seria inserido em um tero.

    Como exemplo, basta imaginar o caso de uma pessoa que sofreu le-so em um acidente e teve a medula seccionada. Se fosse possvel pegar uma clula dessa pessoa, usar essa tecnologia e produzir clulas nervo-sas para ela, poderiam inserir nova-mente estas clulas na medula sem que houvesse rejeio, pois so clu-las derivadas dela mesma.

    Ento, trata-se de uma tcnica muito atraente e h muitas pesqui-sas para tentar implement-la.

    Em 2004, um grupo de pesquisa-dores coreanos afirmou ter obtido

    as clulas poderiam, ento, ser reintroduzidas

    na pessoa, com pequena

    probabilidade de haver rejeio,

    j que seriam do prprio organismo

    do indivduo.

  • 27Clulas-tronCo: o que podero representar?

    at hoje ningum conseguiu

    executar a tcnica de clonagem teraputica.

    sucesso com mulheres do prprio laboratrio que teriam doado seus vulos para a experincia. Porm, aps o entusiasmo da comunidade cientfica, verificou-se que se tratava de uma fraude.

    Na verdade, at hoje ningum conseguiu executar a tcnica de clo-nagem teraputica.

    A partir desse ponto, teve incio o envolvimento poltico pela causa. Na poca em que comeou a onda da clonagem reprodutiva, as academias de cincias concluram que era necessrio fazer um documento banindo essa prtica.

    Foram convidadas as academias de cincias de oito pases, inclusive do Brasil, para elaborao do documento que banis-se a clonagem reprodutiva. E todo mundo concordava com a necessidade de eliminar a clonagem reprodutiva. Porm, o in-teresse estava em aprovar a clonagem teraputica e as pesqui-sas com clulas-tronco embrionrias.

    Realmente, tal documento foi elaborado e nele foi bas-tante enfatizada a importncia de se permitir as pesquisas com clulas-tronco embrionrias, e esse termo foi assinado por 63 pases.

    Em maro de 2005, depois de muitas viagens a Braslia, a Lei que permitia essas pesquisas foi aprovada por 96% dos senadores e 85% dos deputados. A aprovao dessa Lei

  • 28

    Coleo CIee 112

    no Brasil foi, inclusive, notcia in-ternacional.

    O regulamento aprovado permite pesquisas com clulas embrionrias de embries congelados h mais de trs anos ou inviveis para implanta-o, com consentimento dos genitores.

    Estes embries, que esto conge-lados h mais de trs anos, so de casais que recorrem produo as-sistida porque no conseguiram se reproduzir naturalmente. Nessas situaes, so formados at uma dzia ou mais de embries e os que

    no so implantados na mulher, em funo do casal j ter conseguido o nmero de filhos que desejava, acabam so-brando nestas clnicas.

    Ento, eles ficam congelados durante anos e no final so descartados. So esses embries que esto congelados em tan-ques de nitrognio que se pretende utilizar nas pesquisas, j que, de qualquer forma, eles sero descartados. Claro que sem-pre existe a necessidade de aprovao pelos comits de tica da instituio, alm do consentimento dos genitores.

    Essa Lei no aceitou a clonagem teraputica, apenas permitiu a pesquisa com os embries congelados. Porm, a situao durou pouco, pois logo em seguida houve uma ao direta de inconstitucionalidade, apresentada pelo Procura-

    em maro de 2005, depois de muitas viagens a Braslia, a lei que permitia

    essas pesquisas foi aprovada por 96% dos

    senadores e 85% dos deputados.

  • 29Clulas-tronCo: o que podero representar?

    dor da Repblica, Cludio Fonteles.

    Nela, ele defendeu a ideia de que a vida comea na con-cepo e que a pesquisa com embries congelados fere a dig-nidade das pessoas. No caso, as pessoas seriam os embries congelados e no aqueles que vo poder se beneficiar com as pesquisas.

    Em abril de 2007 houve a primeira audincia pblica, onde juntaram-se dois grupos, um a favor das pesquisas com clulas-tronco embrionrias e outro contra, ambos li-gados a grupos religiosos.

    Em maro de 2008 iniciou-se o julgamento dessa ao pela Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Carlos Aires Bri-to e a ministra Ellen Gracie se mani-festaram a favor das pesquisas, mas em funo de um pedido de vistas o julgamento acabou adiado por quase trs meses.

    Em maio de 2008, um pouco an-tes do segundo julgamento, foi feito um levantamento dos pases que permitem as pesquisas com clu-las-tronco embrionrias. Na Am-rica do Sul e Central, s o Brasil e o Mxico permitem. Na Europa, todos os pases permitem, exceto a Itlia. A Alemanha possui uma Lei

    a lei de Biossegurana

    no aceitou a clonagem teraputica,

    apenas permitiu a pesquisa com

    os embries congelados.

  • 30

    Coleo CIee 112

    a alemanha possui uma lei um pouco diferente, que permite as

    pesquisas desde que no sejam com embries

    alemes.

    um pouco diferente, que permite as pesquisas desde que no sejam com embries alemes.

    De qualquer forma, os trs anos de pesquisa com clulas-tronco adultas, a partir de 2005, s reforaram a impor-tncia de continuar esse trabalho.

    Ainda em 2008, um congresso nos Estados Unidos reuniu quase trs mil participantes. A realizao des-se congresso mostra que existe um

    crescente interesse internacional em relao a essas pes-quisas, e todos estavam de acordo que muito importante continuar as pesquisas com clulas-tronco embrionrias adultas.

    Os argumentos pseudocientficos contrrios s pesqui-sas eram os seguintes:

    As clulas-tronco embrionrias injetadas nos pacientes causam rejeies e tumores;

    A vida comea na fecundao e, portanto, a pesquisa com clulas-tronco embrionrias equivale ao aborto;

    A aprovao da Lei vai gerar comrcio de embries; S as terapias com clulas-tronco adultas funcionam; As clulas-tronco adultas podem ser reprogramadas

    e funcionarem como as embrionrias; O nmero de embries existentes no permite

    sequer tratar de uma pessoa.

  • 31Clulas-tronCo: o que podero representar?

    Como as clulas-tronco nunca foram

    injetadas em seres humanos, dizer

    que elas causam tumores uma grande mentira.

    Argumentos que podem ser rebatidos, com alguns dados.Quanto ao primeiro, de que as clulas-tronco embrion-rias injetadas nos pacientes causam rejeies e tumores, importante esclarecer que nunca foram injetadas clu-las-tronco embrionrias em pacientes. Na verdade, nem sequer se sabe ao certo se elas sero injetadas algum dia. Por enquanto, esto apenas pesquisando o potencial delas de formar os diferentes tecidos. At o momento, somente foram injetadas clulas-tronco em animais. Portanto, como elas nunca foram injetadas em seres humanos, dizer que elas causam tumores uma grande mentira.

    Quanto ao segundo argumento, de que a vida comea na fecundao e, portanto, pesquisar esses tipos de clulas equivale ao abordo, trata-se de uma confuso de conceitos. So duas coisas completamente diferentes.

    Quando se fala em aborto, est se falando de um feto que est no tero materno em uma situao em que a vida continuar se no houver interveno humana.

    No caso de embries congelados, eles s existem porque houve inter-veno humana. Primeiro, porque foi uma fertilizao assistida, pois o casal no conseguiu ter uma fecun-dao normal. Portanto, a juno do vulo com o espermatozide j exi-giu interveno humana.

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    Coleo CIee 112

    Em segundo lugar, se o embrio no for inserido no te-ro, portanto dependendo de nova interveno humana, no haver vida.

    Alm disso, h um aspecto muito importante em rela-o a esses embries que esto congelados nas clnicas de fertilizao. Estima-se que, de cada 100, apenas dois ou trs ainda podem servir para pesquisa e gerar linhagens de clulas-tronco. Os demais j estaro mortos ao serem congelados.

    Com relao ao argumento de que a aprovao da Lei vai gerar comrcio de embries, se ele for levado para o campo dos transplantes ser necessrio interromp-los, j que tambm pode haver comrcio de rgos. Esse aspecto pode ser perfei-

    tamente controlado e regulamentado.

    Quanto ideia de que s as te-rapias com clulas-tronco adultas funcionam, muito importante que ela seja devidamente esclarecida. So divulgadas muitas notcias de que esto sendo feitos tratamentos com clulas-tronco. Na realidade todas essas tentativas de injetar as clulas-tronco so tentativas tera-puticas que s podem ser chama-das de experincia e ainda no so tratamentos.

    J foram injetadas clulas-tronco

    estima-se que, de cada 100 embries,

    apenas 2 ou 3 ainda podem servir

    para pesquisa e gerar linhagens de clulas-tronco. os demais j estaro mortos ao serem

    congelados.

  • 33Clulas-tronCo: o que podero representar?

    em pacientes com doenas carda-cas, acidentes vasculares, diabetes, esclerose lateral amiotrfica e lesio-nados medulares. Porm todos es-ses casos so experincias.

    No caso de pacientes cardacos, so feitas tentativas de um processo denominado autotransplante. Nes-se processo, retira-se uma clula de medula ssea da pessoa para rein-jet-la em outro rgo como, por exemplo, o corao.

    Porm, essa tcnica no funciona para os casos em que a pessoa tem doenas genticas, pois as mutaes e os erros genticos esto em todas as suas clulas. Assim, a clula transplantada carregaria esses mesmos defeitos genticos.

    Esse o problema em relao s doenas genticas. O que se nomeia transplante autlogo ou autotransplante no funciona. Assim, preciso procurar outras fontes de clulas-tronco.

    Outra novidade que as clulas-tronco adultas podem ser reprogramadas e funcionarem como embrionrias. Esse tema tambm foi muito discutido durante a votao em Braslia.

    na realidade todas essas tentativas

    de injetar as clulas-tronco so tentativas teraputicas

    que s podem ser chamadas de experincia e ainda no so

    tratamentos.

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    Existem as clulas denominadas IPS, abreviatura do termo em ingls induced pluripotent stem cells que foram obtidas por dois grupos de pesquisa: o de Thompson, nos Estados Unidos, e o de Yamanaka, no Japo.

    Estes pesquisadores mostraram que se for injetado um determinado vrus em uma clula j diferenciada como, por exemplo, uma clula da pele, e com esse vrus for possvel ativar genes que normalmente esto ativos logo no incio da embriognese, essas clulas, com o vrus em seu interior, podem voltar a funcionar como as clulas embrionrias, apresentando o mesmo potencial de formar qualquer tipo de tecido.

    Quando foram divulgados esses resultados, as pessoas que so contra o uso de clulas de embries passaram a di-

    zer que no haveria mais necessida-de desse material, j que as clulas induzidas funcionariam da mesma forma.

    Na realidade, os prprios pesquisa-dores que esto trabalhando com estas clulas afirmam que talvez elas nunca possam ser usadas para terapia, pois trazem um vrus dentro delas. Sua in-sero em um organismo representa um risco enorme porque o vrus pode se infiltrar em qualquer parte desse or-ganismo e ficar fora de controle.

    outra novidade que as clulas-tronco adultas

    podem ser reprogramadas e funcionarem

    como embrionrias.

  • 35Clulas-tronCo: o que podero representar?

    os pesquisadores que esto

    trabalhando com as clulas

    induzidas afirmam que talvez elas nunca possam

    ser usadas para terapia, pois

    trazem um vrus dentro delas.

    Essas clulas denominadas IPS so muito importantes para pes-quisa, porm, de acordo com os pesquisadores, o estudos com c-lulas-tronco embrionrias devem continuar j que at agora no possvel saber se algum dia as c-lulas IPS podero ser usadas para terapia.

    grande a importncia dessas clulas e existe um interesse em se comear a trabalhar com elas em virtude das vrias opes que elas possibilitam. melhor expli-car utilizando um exemplo, como o de um paciente que tem doena de Parkinson.

    No se pode tirar uma parte do crebro desse paciente para se fazer uma avaliao da situao de suas clulas neuronais. Mas se for possvel utilizar uma clula de sua pele, transfor-m-la em clula embrionria e, a partir dela, formar neurnios iguais aos que o paciente possui, torna-se possvel executar v-rios testes em laboratrio.

    Assim, possvel testar drogas novas, estratgias para tentar reverter o processo, entre outras possibilidades. Sen-do tudo em laboratrio, evitando testes em seres humanos.

    Por isso que essa tecnologia pode ser extremamente im-

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    stephen Minger prope a utilizao de vulos de vacas ou de coelhas para se treinar a tcnica, evitando o uso de vulos humanos.

    portante para a pesquisa. Mas no h nenhuma aplicao te-raputica direta prevista para elas.

    Outro argumento refere-se questo do comrcio de vulos humanos. Em relao a esse aspecto, existe uma nova pesqui-sa que foi proposta pelo pesquisador ingls Stephen Minger. Ele prope a utilizao de vulos de vacas ou de coelhas para se treinar a tcnica, evitando o uso de vulos humanos.

    Essa proposta refere-se apenas a aperfeioar a tcnica e obter novos aprendizados, e no para aplicaes em terapia. Quanto a esse pesquisador, h uma faceta at divertida em sua pesquisa, em relao a um equipamento, ao qual ele deu o nome de Vanessa, que ele criou em conjunto com a Nikon.

    Ele coloca as clulas dentro dele e o equipamento fica todo o tempo fotografando o que est acontecendo com elas enquanto se dividem. Assim, ele pode estar em qualquer

    lugar do mundo e saber o que as c-lulas esto fazendo no laboratrio. Trata-se um equipamento que todo pesquisador gostaria de ter.

    Quanto queles embries hbridos que ele indica, o mtodo basicamente trata de colocar uma clula humana em um vulo de vaca ou coelha. Vale ressaltar que um mtodo destinado para a pesquisa e no se destina para tratamento.

  • 37Clulas-tronCo: o que podero representar?

    preciso entender que necessrio retirar o ncleo de uma clula e tambm o vulo

    para fazer a transferncia sem destruir nada no

    processo.

    A grande vantagem que se pode treinar esta tcnica de transferncia de ncleo sem destruir vulos humanos. possvel treinar com at dois mil por dia.

    Para se ter uma ideia da difi-culdade que a transferncia de ncleo apresenta, preciso en-tender que necessrio retirar o ncleo de uma clula e tam-bm o vulo para fazer a trans-ferncia sem destruir nada no processo.

    possvel fazer uma analogia simplificada, imaginando, no lugar das clulas, dois pssegos daqueles que tm o caroo bem preso. preciso retirar os ca-roos sem destruir nada no caminho e deixar tudo perfeito. uma tarefa muito difcil e por isso preciso treinamento, razo pela qual se estipula duas mil transferncias por dia.

    Porm, a partir da possvel gerar linhagens celulares, fa-zer pesquisas com genes que causam doenas genticas e de-senvolver tecnologia para derivar tecidos.

    Os contrrios afirmam que o mtodo contradiz a dignidade e a santidade da vida humana e que no vai funcionar. Como saber se vai ou no funcionar sem tentar primeiro? Alm disso, aparecem ainda prolas como, por exemplo, afirmaes de que

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    sero criados monstros de metade humana e metade animal.

    Apesar de tanto trabalho a favor de pesquisas com clulas-tronco embrionrias, o processo iniciou com clulas adultas no Centro de Estudos do Genoma Humano. Somente em agosto de 2008 que se comeou a mexer com clulas embrionrias.

    A pesquisa comeou com clulas de polpa de dente, de cor-do umbilical e de gordura de lipoaspirao. H, inclusive, pes-soas que at brincam dizendo que esto aproveitando todos

    os descartes biolgicos. Tudo o que, convencionalmente, vai para o lixo aproveitado nesse processo.

    Ainda existem algumas dvidas que permeiam a questo: quais os tecidos que essas clulas so real-mente capazes de regenerar, como conseguir uma quantidade suficien-te e como faz-las atuarem somente no tecido desejado.

    Esse ltimo ponto muito impor-tante, pois uma vez injetada no corpo humano, a clula faz o que quiser. possvel, por exemplo, injetar a clula pretendendo que ela gere msculos, mas ela resolve gerar osso. O que se-ria um desastre.

    Portanto, enquanto no se con-

    a pesquisa comeou com

    clulas de polpa de dente, de

    cordo umbilical e de gordura de

    lipoaspirao. H, inclusive, pessoas que at brincam

    dizendo que esto aproveitando

    todos os descartes biolgicos.

  • 39Clulas-tronCo: o que podero representar?

    segue controlar totalmente esse processo, no possvel injetar c-lulas-tronco em pacientes.

    Outro detalhe garantir que ela chegue at o rgo alvo. No adian-ta pretender que ela chegue at o msculo se ela for para o fgado. Portanto, preciso aprender a di-recion-la exatamente para o local desejado.

    Maria Rita Passos Bueno, uma das pesquisadoras do Centro de Estudos do Genoma Hu-mano, trabalha com regenerao ssea em modelos ani-mais e j obteve resultados muito interessantes.

    Existe um ncleo de pesquisa que trabalha com doen-as neuromusculares. Esses males constituem um grupo de mais de 50 doenas que atingem uma em cada mil pessoas e se manifestam como uma fraqueza muscular progressiva.

    Existem formas que atingem crianas, com evoluo rpi-da, e formas que atingem os adultos, que podem ter uma evo-luo um tanto mais lenta. De qualquer forma, so sempre ca-racterizadas por uma perda gradativa da musculatura e uma fraqueza progressiva.

    A meta pesquisar qual o potencial das clulas-tronco adultas de fontes distintas que se diferenciam em msculo esqueltico funcional.

    enquanto no se consegue controlar

    totalmente esse processo, no possvel injetar

    clulas-tronco em pacientes.

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    Primeiro trabalha-se com clulas-tronco de cordo umbilical. consta-tado que elas tm potencial para for-mar tecido adiposo, tecido sseo, tecido muscular e cartilagem. Esses tecidos so muito importantes para o nosso corpo.

    Ainda no foi possvel formar neu-rnios e clulas nervosas a partir de clulas-tronco adultas. Por essa razo que se torna muito importante pes-quisar as embrionrias.

    Um fato interessante foi pesqui-sar a melhor fonte de clulas-tronco

    mesenquimais no cordo umbilical. Essas clulas-tronco constituem um grupo de clulas que tm potencial para formar os tecidos citados.

    Foi pesquisado, ento, se a melhor fonte era o sangue ou o cordo umbilical, atravs de comparao entre os dois dos mesmos bebs, usando exatamente a mesma tecnologia.

    Para surpresa dos pesquisadores envolvidos, foi constatado que o sangue do cordo muito pobre em clulas mesenqui-mais, mas os cordes so muito ricos. Em uma comparao en-tre 70 amostras, verificou-se que em apenas um caso em cada dez existem clulas-tronco mesenquimais no sangue, mas em todos os cordes foram encontradas essas clulas.

    a meta pesquisar qual o potencial

    das clulas-tronco adultas de fontes

    distintas que se diferenciam

    em msculo esqueltico funcional.

  • 41Clulas-tronCo: o que podero representar?

    A importncia dessa descoberta se deve ao fato de que os bancos que guardam o cordo, na realidade, guardam o san-gue e descartam o cordo. Ento, foi escrito um trabalho e recomendou-se aos bancos que guardem o cordo por ser uma fonte muito rica de clulas-tronco.

    Outra fonte com a qual se tem trabalhado so as clulas-tronco de gordura que so retiradas de lipoaspiraes. Esse trabalho fica sob responsabilidade da pesquisadora Nats-sia Vieira.

    Primeiro, ela analisou qual a capacidade de diferenciao dessas clulas e descobriu que elas tambm tm capacidade de se transformar em clulas de gordura, clulas sseas, clulas musculares e cartilagem.

    A continuao da pesquisa acontece com as experincias in vivo, ou seja, injetar essas clulas em modelos animais de camundongos e cachorros. Esses animais tm fraque-za muscular e doenas musculares se-melhantes s dos humanos.

    Assim, a pesquisadora estudou as clulas-tronco mesenquimais de tecido adiposo para descobrir o po-tencial dessas clulas para expres-sar protenas musculares humanas in vivo em modelos de camundongos que apresentem distrofia, a fraque-za muscular.

    outra fonte com a qual se tem

    trabalhado so as clulas-tronco de gordura que so retiradas de lipoaspiraes.

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    Foi escolhido um camundongo cha-mado CJL, que tem uma fraqueza semelhante a uma forma de distrofia humana. Nessa pesquisa foram uti-lizados 21 camundongos. O grupo de controle, de sete animais, no recebeu injeo e nos outros 14 foram injetadas clulas-tronco humanas pela veia cau-dal.

    Em sete animais foram injetadas clulas-tronco indiferenciadas. Nes-se caso foram isoladas clulas-tronco mesenquimais a partir das clulas do tecido adiposo e essas clulas fo-ram injetadas diretamente nos ani-mais.

    Nos outros sete animais, essas c-lulas foram inicialmente colocadas em um meio de cultura para serem condicionadas a se transformarem em clulas musculares. Essas clulas so

    ento chamadas de clulas pr-condicionadas. O objetivo era saber qual seria o resultado nas duas situaes.

    As injees comearam com um ms, quando eles recebe-ram de 9 a 11 injees. No foi usada nenhuma droga imu-nossupressora, pois o objetivo era saber se os camundongos iriam ou no rejeitar as clulas humanas.

    a pesquisadora estudou as

    clulas-tronco mesenquimais de

    tecido adiposo para descobrir o potencial dessas

    clulas para expressar protenas musculares humanas in vivo em modelos de camundongos que apresentem

    distrofia, a fraqueza muscular.

  • 43Clulas-tronCo: o que podero representar?

    foram utilizadas clulas-tronco

    indiferenciadas em 7 camundongos e nos outros 7 foram usadas

    clulas cultivadas em meio que

    induz a biognese. a questo era

    descobrir o melhor mtodo.

    Resumindo, foram utilizadas clulas-tronco indiferen-ciadas em sete camundongos e nos outros sete foram usa-das clulas cultivadas em meio que induz a biognese. A questo era descobrir o melhor mtodo.

    Nove meses depois, observou-se que os animais que ha-viam recebido as clulas-tronco indiferenciadas tinham c-lulas humanas nos msculos, porm nenhum daqueles que haviam recebido as clulas pr-diferenciadas apresentava clulas humanas.

    A seguir, foram feitos vrios testes para verificar se havia algum efeito cl-nico. Por exemplo, o teste da natao em que se pe o animal para nadar e observa-se quanto tempo ele nada sem se afogar. Quando no aguentam mais, so resgatados e secos com um secador.

    Os testes da corda foram os mais interessantes. Neles verifica-se quanto tempo o animal consegue ficar pendu-rado na corda antes de cair e medido esse tempo. So verdadeiros acroba-tas. Os pesquisadores observaram as diferenas e ficaram muito animados, pois realmente parece que esse estudo muito promissor.

    A outra grande surpresa foi verifi-car que as clulas humanas que foram

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    injetadas em camundongos no haviam sido rejeitadas.

    Em sntese, foi observado que se fizermos uma diferencia-o in vitro no laboratrio das clulas adultas humanas, tanto de cordo umbilical, quanto de gordura ou de polpa dentria, elas tm o potencial de formar todos esses tecidos. Mas, como j foi ressaltado, no foi possvel formar neurnios funcionais a partir de clulas-tronco adultas.

    A grande importncia de neurnios funcionais a necessi-dade deles para pessoas em diversas condies, como a doena de Parkinson, diabetes e leso na medula, por exemplo. Estas

    pessoas precisam de neurnios funcio-nais e por isso muito importante seguir com as pesquisas com clulas-tronco adultas e tambm com as embrionrias.

    Pretende-se, ento, continuar inje-tando diferentes clulas-tronco em v-rios modelos animais at nos sentirmos seguros para comear a fazer aplicaes teraputicas em seres humanos.

    Por isso, toda a equipe de pesquisa-dores do Centro de Estudos do Genoma Humano foi batalhar em Braslia pela aprovao dessa Lei. E esse foi um dia muito emocionante, quando a Lei foi fi-nalmente aprovada em junho de 2008.

    Pretende-se, ento, continuar

    injetando diferentes

    clulas-tronco em vrios modelos animais at nos

    sentirmos seguros para comear a fazer aplicaes teraputicas em seres humanos.

  • 45Clulas-tronCo: o que podero representar?

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    dieGoGostaria de saber que tipos de aplicaes as pesquisas com clulas-tron-co, especialmente as embrionrias, teriam na odontologia em benefcio da sade bucal. Seria possvel dispensar o implante dentrio contando com a gerao de um dente novo a partir de clulas-tronco?

    Mayana ZatZNa minha opinio, a aplicao odontolgica muito promissora e eu acho que no futuro ser possvel obterem-se dentes novos.J existe um trabalho muito interessante que foi realizado em conjunto com um grupo da Odontologia da Universidade de So Paulo (USP), com a aplicao de raios laser. Com esse trabalho, eles mostraram que a apli-cao de raios laser de baixa intensidade proporciona uma regenerao de mucosa muito mais rpida.O intuito era descobrir qual o mecanismo e at onde isso era verdade. Utilizando clulas-tronco de polpa dentria, foi deixado um grupo de controle e no outro ocorreu a aplicao do raio laser. Percebeu-se que naquelas pessoas em que foi aplicado o raio laser a regenerao foi muito mais rpida.A importncia disso que pessoas que fazem quimioterapia tm muitas leses de mucosa e se fosse possvel colocar nos centros de quimiote-rapia estes aparelhos de laser de baixa intensidade, seria possvel obter uma regenerao da mucosa muito mais rpida e sem nenhum efeito colateral.Acredito que seria preciso pedir ao Sistema nico de Sade (SUS) para implantar este procedimento.

    Ronald engenheiro qumico

    Como possvel fazer as clulas se diferenciarem no tipo de clula desejada?

    Mayana ZatZHoje em dia h meios especficos prontos para se obter essas diferen-ciaes.Isso possvel porque cada tipo de clula solta substncias que so tpicas

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    do respectivo tecido. Assim, por exemplo, em uma cultura s de msculo, as clulas musculares, ao se dividirem, liberam substncias para o meio que so tpicas de msculo. Em uma cultura de pele acontece o mesmo.Assim, com base nesse fato so produzidos meios de cultura que j pos-suem os fatores especficos de cada tecido, que induzem as clulas a se diferenciarem nos vrios tipos de tecido.A produo desses meios de cultura envolve diversos segredos e so todos patenteados, tendo que pagar um valor carssimo por eles. Certa-mente, para se chegar receita correta no deve ter sido fcil.Tambm utilizamos um processo chamado de concultura. Por exemplo, coloca-se uma clula-tronco junto com uma cultura de clula muscular. A clula-tronco se diferencia em clula muscular.

    Cludia GasPaRQuero fazer duas perguntas. A primeira se refere aos neurnios funcio-nais, que foram mencionados, porm sem nenhuma referncia s do-enas degenerativas relacionadas retina. Esse aspecto me interessa pessoalmente porque na minha famlia temos diversas doenas relacio-nadas degenerao da retina.Tambm gostaria de saber se a senhora j teve contato ou apresentou algum trabalho na John Templeton Foundation e no Metanexus Institute, duas orga-nizaes relacionadas que fazem a melhor ponte entre cincia e biotica sem os percalos de aspectos religiosos que restringem esta ponte.

    Mayana ZatZEm relao retina, tambm precisamos de clulas-tronco embrionrias. Eu no conheo nenhum trabalho que tenha conseguido fazer clulas de retina com clulas-tronco adultas.Ns imaginamos que no futuro talvez seja possvel trabalhar s com clulas-tronco adultas. Porm, preciso das embrionrias para saber qual o segredo que elas tm para conseguir transformar uma clula-tronco adulta na clula que queremos. Eu sei que tem muita gente tra-balhando nisso.Em relao John Templeton Foundation, no tenho contato com eles, mas acho extremamente interessante porque me preocupo e me interes-

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    so muito pela biotica.Temos discutido muito esse assunto. O que acontece que a cincia vai mais rpido do que a tica e esta tem que correr atrs. Porm, esto sempre acontecendo muitas novas descobertas e os bioeticistas ficam coando a cabea para saber o que fazer.Creio que estas so questes que precisam ser discutidas com toda a sociedade, pois so de interesse de todos. O avano muito rpido e temos que nos posicionar sobre ele.

    CeRes BoRGesempresria

    Gostaria de uma explicao adicional em relao s clulas nervosas porque o tema no ficou muito claro para mim.

    Mayana ZatZAs clulas nervosas so aquelas que, at agora, no conseguimos pro-duzir a partir de clulas-tronco adultas, mas somente atravs de clulas-tronco embrionrias.Existem vrios grupos que j conseguiram obter as clulas nervosas a partir de clulas-tronco embrionrias. Mas as pesquisas continuam e ns temos esperana de conseguir. necessrio, porm, investir nisso.

    lilian CuRy Presidente do Centro de Apoio ao Deficiente Visual

    e psicloga da Universidade de So Paulo - USPEu perdi a viso h oito anos em virtude de meningeomas nos nervos ticos, que sofreram leses, se atrofiaram e deixaram de funcionar.Gostaria de saber se h alguma perspectiva para pessoas que, como eu, perderam a viso, de algum dia haver uma terapia com clulas-tronco para voltar a enxergar.

    Mayana ZatZTenho muita esperana. Acho que ser possvel reconstituir tecidos que antes no imaginvamos.A pesquisa demora mais do que imaginamos, pois primeiro preciso

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    aprender a lidar com as clulas e controlar a diferenciao. Alm disso, todas estas pesquisas com modelos animais so demoradas porque preciso injetar, seguir o animal durante muito tempo e analisar os riscos. lgico que quem tem o problema deseja sempre um resultado rpido. Ns tambm queremos, mas no podemos colocar a carroa na frente dos bois.

    lilian CuRyNo importa se daqui a cinco, dez, quinze ou vinte anos, o importante saber que um dia isso vai acontecer ou, pelo menos, que pode acontecer.

    Mayana ZatZH muita gente investindo nessas pesquisas e no possvel que no se consiga um resultado bem sucedido.Temos que lembrar que as pesquisas so como uma casa, onde cada um vai colocando um tijolinho. Um dia chegaremos ao teto, mas, por enquanto, ainda estamos colocando os tijolinhos.Tambm temos que lembrar que cada problema tem um ritmo diferente. No conseguimos tratar todas as doenas na mesma poca. O grau de complexidade dos problemas diferente de um caso para outro.

    MaRia JosEu li, h alguns anos, que na Inglaterra os laboratrios de dermatologia estavam utilizando o que se chama de retrogenticos, que seria o des-carte das clnicas de aborto, para estudos de produtos de pele. Parece que esses estudos esto bastante avanados.

    Mayana ZatZAqui, como o aborto no permitido, no teramos nem a possibilidade de estudar isso. Alm disso, muita coisa que sai na imprensa no possui fontes confiveis.O que posso dizer que sempre h pessoas que querem se aproveitar das situaes e preciso tomar muito cuidado. Por exemplo, um grupo enorme na China afirma que est tratando pacientes com todas as doenas possveis. Eles cobram 25 mil dlares por tratamento e afirmam que j trataram mais de mil pessoas. Ento, seria um negcio bastante lucrativo.

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    necessrio muito cuidado. Antes de embarcar em qualquer pesquisa desse tipo, preciso observar dois aspectos importantes. O primeiro que pesquisa teraputica ou tentativa teraputica no cobrada. Se houver cobrana de um preo porque existe m f. Enquanto no se estiver falando em tratamento propriamente dito, ningum pode cobrar. Em segundo lugar, hoje temos a internet, que est disponvel a todos. fcil verificar no Google o nome de um pesquisador ou mdico que ale-ga estar oferecendo algum tratamento. Podemos saber a qual instituio ele pertence, que trabalhos ele j publicou, etc. Assim possvel saber se so, de fato, pessoas srias.

    JaiMerea de vendas

    As pesquisas seguem uma sequncia de estgios e o Brasil ficou parado em algumas reas devido proibio existente. Vocs foram obrigados a trabalhar em outras reas.Porm, em alguns pases essas pesquisas estavam liberadas e eles con-tinuaram avanando. Minha pergunta como se pretende eliminar essa defasagem? A ideia seria comprar essa tecnologia de fora ou comear do zero aqui, nos quesitos que ficamos para trs?

    Mayana ZatZBem, a ideia correr atrs do avano. Recentemente, recebi informaes muito interessantes na Inglaterra, onde estive visitando centros de pes-quisa do primeiro mundo a convite do Conselho Britnico. A Inglaterra talvez seja um dos pases mais adiantados nessa rea.Em primeiro lugar, todos eles sabiam que a pesquisa tinha sido aprovada no Brasil. Em funo disso, eles nos disseram que agora seria possvel estabele-cer uma grande quantidade de colaboraes que no eram possveis antes.Assim, eles esto dispostos a nos ensinar muita coisa. Por exemplo, te-remos cursos ministrados por eles para aprendermos a lidar com clulas embrionrias. Eles esto dispostos a aceitar nossos alunos e mandar alunos deles para nos ensinar.Ento, na realidade, podemos queimar etapas uma vez que teremos disposio diversas pesquisas que eles fizeram para chegar onde esto

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    hoje. Ns poderemos comear a partir desse ponto. Porm, teremos que correr realmente para alcanar tudo o que eles fizeram.Por outro lado, tambm no o caso de dizer que vamos comear do zero, pois tudo que aprendemos com clulas-tronco adultas vai nos ajudar muito.

    RiCaRdo aRantes alvesautor do livro Algorismos Genticos

    Quero fazer trs perguntas. Qual a diferena entre clulas-tronco adultas e embrionrias? Ser que haver uma cura para o retardamento mental uti-lizando clulas-tronco embrionrias? E, por fim, as meninges afetadas pela meningite podero ser tratadas por clulas-tronco adultas ou embrionrias?

    Mayana ZatZClulas-tronco so aquelas que tm potencial de formar diferentes te-cidos. As embrionrias conseguem formar todos os tecidos enquanto as adultas conseguem formar alguns, mas no todos.Em relao s meninges, eu acho que possvel que as clulas-tronco possam vir a regenerar meninges.Em relao outra questo, preciso dizer que o retardo mental uma situa-o muito complexa. A inteligncia depende tanto de fatores genticos como de fatores ambientais. Assim, em qual nvel poderemos interagir nesse caso muito difcil prever e eu no saberia responder isso agora.

    nelson alvesMembro Honorrio do CIEE

    Eu gostaria de saber se h estudos na rea de clulas-tronco em relao hereditariedade.

    Mayana ZatZComo comentei logo no incio da palestra, h uma diferena bsica en-tre doena gentica e hereditria.A doena gentica aquela que afeta nosso material gentico, como o cn-cer, por exemplo. Ela afeta nosso DNA e afeta a diviso das nossas clulas. Porm, raramente ela hereditria. A doena hereditria aquela que pas-sada dos pais para os filhos, podendo se estender por vrias geraes.

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    Vamos ento falar um pouco sobre clulas-tronco e os mecanismos he-reditrios. Eu trabalho com doenas hereditrias, que so doenas onde o paciente herda um gene que causa determinada doena.Ns procuramos tratar as pessoas com essas doenas. O que pode acon-tecer? No caso de uma doena que era fatal para a infncia e, portanto, seus portadores morriam antes de terem filhos, agora que conseguimos trat-la, essa caracterstica pode ser passada para a gerao seguinte.Mas se existe possibilidade de tratamento isso no problema. Esse o caso da diabetes. A pessoa tem diabetes, mas tratada e consegue sobreviver e ter filhos. Assim, embora a probabilidade no seja muito grande, h um risco maior de haver crianas com diabetes.Temos cada vez mais exemplos de doenas que so hereditrias e que podem ser tratadas. So casos em que no h problema quando a do-ena passa para a gerao seguinte. Um exemplo muito comum a miopia. Hoje em dia a pessoa pode ser mope sem nenhuma dificuldade maior. Mas podemos imaginar que na poca das cavernas, um homem muito mope simplesmente no conseguia caar.H uma brincadeira a respeito desse assunto. Dizem que talvez seja por isso que a miopia se espalhou tanto. Em vez de irem caar, os que eram mopes ficavam nas cavernas fazendo filhos e por isso existem tantos mopes hoje... De qualquer forma, a ideia essa. Se for possvel tratar da doena, ento o fato de ela ser hereditria no representa problema.

    saloMoMinha pergunta se refere esclerose lateral amiotrfica. Gostaria de sa-ber em que estgio se encontram as pesquisas com clulas-tronco para o tratamento dessa doena. E, com base nisso, podemos ter esperana de algum resultado para quando?

    Mayana ZatZEssa uma pergunta difcil. H muita pesquisa sendo feita nessa rea. Apesar de ser relativamente rara, essa doena chama a ateno de pes-quisadores do mundo todo devido sua gravidade. Em nosso grupo, descobrimos uma forma nova de esclerose lateral amiotrfica que ainda no havia sido descrita antes.

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    Em funo disso, comeamos pesquisas com grupos internacionais e existem muitas tentativas sendo feitas, no s para regenerao dos neurnios, mas tambm procurando entender o porqu da ocorrncia da esclerose lateral amiotrfica. Ela se caracteriza pela existncia de acmulos de agregados, de substncias nos neurnios.No sabemos ainda o que so esses agregados, mas j existem traba-lhos tentando mostrar que possvel dissolv-los. Por enquanto, tudo isso feito em culturas in vitro. Se isso for verdade, talvez essa seja uma estratgia para tratamentos.Ainda no possvel estimar quando ser possvel um tratamento, mas posso garantir que essa doena muito pesquisada no mundo todo.

    tiaGo aZevedo silvaestudante de biologia da Universidade Paulista - UNIP

    Tenho leso medular devido a um acidente de mergulho aos 17 anos e por isso h muito tempo acompanho o seu trabalho. Gostaria de saber sua opinio em relao postura dos grandes laboratrios que traba-lham com pesquisas de clulas-tronco voltadas leso medular.Infelizmente, percebemos que para os grandes laboratrios muito mais conveniente desenvolver um medicamento para que pessoas com problemas semelhantes ao meu fiquem refns dos mesmos e sejam obri-gadas a utilizar esse remdio durante toda a vida. Isto vale para diabe-tes, presso alta e diversos outros problemas.Eu gostaria de saber se voc acha que, em relao terapia de clulas-tronco para leso medular, chegaremos a um momento, daqui a dez, quinze ou trinta anos, em que tambm ficaremos refns desses medica-mentos durante toda a vida. H perspectiva de algo mais eficaz, com a participao do governo, da disponibilizao de uma possvel cura para grandes problemas de forma sria e sensata?

    Mayana ZatZRepito aqui meu ponto de vista de que temos que estar sempre mobili-zados para que o governo disponibilize qualquer tratamento que se ori-gine das pesquisas, pois eles tm que estar acessveis para a populao.Em relao s clulas-tronco, h tanta gente pesquisando e tanto di-

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    nheiro sendo colocado nisso que a indstria farmacutica, mesmo que pretenda, no conseguir interromper.Para se ter uma ideia, na Califrnia foram liberados trs bilhes de dlares para pesquisas com clulas-tronco. Existe realmente um movimento mundial muito grande objetivando o tratamento de diversas doenas com clulas-tronco.Do ponto de vista dos laboratrios, o que dever acontecer um aumen-to da expectativa de vida e eles podero ganhar dinheiro com as do-enas da velhice. Tero, ento, outra populao de consumidores, para quem podero vender remdios e assim ganhar dinheiro.Portanto, entendo que mesmo que hoje no haja interesse imediato nes-sas pesquisas por parte da indstria farmacutica, no futuro ele prova-velmente existir.

    eRiCaspirante em medicina

    Como esto os estudos sobre a rejeio das clulas-tronco que foram injetadas em um indivduo? Como o sistema imunolgico responde a eles? A membrana plasmtica tambm se diferencia no processo?

    Mayana ZatZAs clulas-tronco que foram injetadas em pacientes at hoje foram c-lulas-tronco retiradas da prpria pessoa, da sua medula ssea. Por isso no ocorre rejeio.A respeito das clulas-tronco retiradas de outras pessoas, o que se fez at hoje foi utilizarem-se de clulas compatveis. Exemplos desse tipo so os ca-sos de leucemia.Quando se trata a leucemia com a retirada da medula ssea para se aplicar em um paciente, deve haver compatibilidade para no haver re-jeio. O mesmo ocorre com os transplantes de rgos.H uma boa perspectiva porque clulas-tronco do tecido adiposo, por exemplo, parecem no sofrer rejeio. Estas clulas so chamadas de imunomodulatrias e no foram rejeitadas em camundongos, mas nin-gum ainda teve coragem de injetar em seres humanos.Primeiro, vamos fazer testes injetando em outros modelos para ver se

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    55Clulas-tronCo: o que podero representar?

    essa situao se repete. Em caso positivo, talvez seja possvel injetar em seres humanos sem que ocorra rejeio. At o momento ainda no sabemos.

    CRistianeestudante de biologia

    Gostaria de saber se as clulas-tronco podem carregar alguma mutao em seu material gentico e se isso pode ser identificado antes da dife-renciao.

    Mayana ZatZEssa uma pergunta muito pertinente porque o assunto nos preocupa muito.Certamente as clulas-tronco podem carregar mutaes. Na verdade, qualquer clula de qualquer pessoa carrega mutaes. O problema verificar se a mutao em questo vai alterar em algum nvel o resultado pretendido.Por exemplo, uma mutao que determina o mau funcionamento do fgado no deve afetar o resultado se o objetivo for regenerar msculos. Nesse caso, essa mutao no tem importncia porque no vai prejudicar a finalidade.Quanto a esse aspecto, os pesquisadores do mundo todo esto interes-sados em identificar as mutaes que do origem ao cncer e a tumo-res. J h pesquisas para tentar identificar nas clulas-tronco genes que causam cncer.Se isso for possvel, faremos uma pr-seleo antes da utilizao delas, descartando aquelas com problemas para evitar o risco de tumores.

    ana CRistinaprofessora e pesquisadora da Universidade Federal de So Paulo - UNIFESP

    Trabalhei no laboratrio do Professor Luis Eugnio Mello, que fazia pes-quisas com clulas-tronco. Minha pergunta a respeito de uma parte de um documentrio que assisti no Discovery Science.Nesse documentrio sobre clulas-tronco, aparecia um mdico brasileiro que est nos Estados Unidos e faz terapia de clulas-tronco em pessoas que tiveram infarto com perda de tecido cardaco.

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    O programa mostrou que ele faz isso atravs de infiltrao de clulas-tronco e aps um perodo verifica a recuperao desse tecido com equi-pamentos de imagem. Lembrei esse episdio durante sua palestra e gostaria de saber se voc conhece esse caso.

    Mayana ZatZNo conheo esse caso especfico. H um grupo tentando fazer isso no Brasil. Seus pacientes so monitorados e ningum sabe ainda qual ser o efeito final do tratamento.No primeiro experimento que fizeram, acreditavam que clulas-tronco da medula seriam capazes de regenerar clulas cardacas. Depois, con-cluram que isso no acontecia, ou seja, essas clulas no se transfor-mam em clulas cardacas.Porm, elas podem melhorar a funo cardaca, fazendo surgir novos vasos e melhorando a circulao sangunea ou ativando a fabricao, pelas prprias clulas, de citocinas ou enzimas que so importantes para o funcionamento das mesmas.Ento, h realmente uma possibilidade de melhora, mas ningum sabe ainda qual seria exatamente essa melhora e como ela aconteceria.Como podemos saber com certeza? preciso fazer um estudo com um conjunto de mil a dois mil pacientes. Em um grupo, aplica-se a terapia com clulas-tronco e no outro uma terapia sem as clulas-tronco.Esse estudo tem que ser conduzido em teste duplo cego. Nem mdico e nem paciente podem saber quem recebeu ou no as clulas-tronco. Aps dois anos analisam-se os resultados.Esse teste realizado por esse grupo brasileiro, mas ainda no se que-brou o cdigo e nem se conhece o resultado.

    HlioProfessor de biologia do Colgio Joana DArc

    O que vou falar, conforme aprendi na prpria USP, diz respeito a mi-croambiente, diferenciao celular e fatores indutores. Uma dvida que tenho sobre a formao de um dente ectpico.Vamos supor o caso de uma mulher que vai tirar um cisto do ovrio e l encontramos dentina, odontoblasto, mieloblasto e polpa. Quando se

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    57Clulas-tronCo: o que podero representar?

    fala em microambiente, quais seriam os fatores indutores, ou seja, como um ambiente estranho favorece a formao de dentina e esmalte?

    Mayana ZatZSeria uma coisa anmala. Normalmente no se espera encontrar um dente no tero. O que aconteceu para aquele dente aparecer ali ns no sabemos.Mas uma pergunta interessante. Normalmente espera-se que o micro-ambiente seja muito importante justamente para diferenciar as clulas naquele tecido especfico.Voltando pergunta sobre como obtemos a diferenciao, so feitas justamente as co-culturas com o tecido que se pretende obter, esperan-do que ocorra aquela diferenciao.Para muito tecidos j so conhecidos os fatores que induzem a diferen-ciao. Por exemplo, sabemos quais os fatores que induzem a diferen-ciao para msculo, para dente e para cartilagem.

    MaRia BeRnadeteGostaria de saber se essas pesquisas com clulas-tronco e se essa nova tecnologia tambm ir beneficiar a medicina veterinria e quais as pers-pectivas nesse campo.

    Mayana ZatZCom certeza. Estamos trabalhando com medicina veterinria, com ca-chorros que tm distrofia muscular e vamos comear uma pesquisa nes-se sentido. Tambm estou acompanhando o grupo da veterinria focado em cachorros que sofreram leso medular.

    MaRia BeRnadeteE em doenas gravssimas, como a cinomose, por exemplo, onde ocorre a infeco no crebro?

    Mayana ZatZEssas eu no tenho conhecimento. Nem aqui e nem no exterior. Eu posso falar sobre o que vamos tentar aqui. Outra ideia tambm comearmos

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    a trabalhar com cachorros que apresentam displasia ssea.

    editH silveRsteindentista aposentada

    Sou aposentada contra minha vontade, pois tenho uma doena que se chama risartrose. Fui perdendo a cartilagem dos dois dedes aos pou-cos, sem perceber. Um profissional de outro pas me disse que aqui no Brasil o estudo es-tava to avanado que poderia ser possvel que eu fizesse uma lipoas-pirao para resolver a parte esttica e ter as clulas do meu prprio organismo injetadas para refazer minha cartilagem.J existe alguma possibilidade para refazer a cartilagem? Atualmente, o tratamento tradicional para o meu problema seria implante ou algum novelo pelo nervo, enfim, seriam necessrios procedimentos cirrgicos.

    Mayana ZatZExiste, sim. Estas clulas que estamos trabalhando possuem o potencial de formar cartilagem. Ento, existe um potencial muito grande.Porm, s faramos isso se tivssemos a certeza de que, uma vez injeta-das, elas se transformariam apenas em cartilagem. Imagine se acontecer delas se transformarem tambm em osso! Sua situao ficaria ainda pior do que est.H um grupo no Rio de Janeiro que trabalha principalmente com carti-lagem de joelho.

    editH silveRstainGostaria de saber tambm se no momento em que a pessoa estivesse fazendo um tratamento direcionado para o polegar, por exemplo, ser que o organismo j entende que tem que consertar todo o resto das cartilagens? Ou o efeito seria apenas local?

    Mayana ZatZH um aspecto muito importante, que chamamos de roaming, que trata de saber para onde a clula vai se dirigir.Quando fizer injeo local, provvel que a clula resolva o problema ali. Se

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    59Clulas-tronCo: o que podero representar?

    fizermos injeo sistmica, no sabemos se ela chegar ao rgo alvo.Por exemplo, no caso de uma pessoa com doena neuromuscular em que esteja ocorrendo uma degenerao ativa no msculo, acreditamos que isso seqestra as clulas, fazendo com que elas se dirijam para o local.Mas se a leso j estiver cicatrizada, acho que isso no ir acontecer. Nesse caso seria necessria a aplicao de injees locais para ter certe-za de que as clulas-tronco chegaro ao rgo alvo.Mas, em resumo, estou muito otimista com essa hiptese que voc le-vantou. As clulas mesenquimais do tecido adiposo possuem potencial para se transformar em cartilagem, realmente.

    delZaGostaria de saber se, em relao s doenas obsessivas-compulsivas, tambm existe possibilidade de tratamento, j que elas so de origem gentica.

    Mayana ZatZH muitas possibilidades de tratamento para essas doenas, mas no com clulas-tronco. Essas doenas so tratadas com enfoque farmaco-lgico. Por exemplo, sabemos que muitas vezes possvel resolver um caso de depresso com ltio. H ainda muitas drogas antidepressivas.Existem muitas possibilidades de tratamento, mas por meio de uma abordagem farmacolgica. No est sendo considerada a abordagem com clulas-tronco para esses casos.

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  • 61Clulas-tronCo: o que podero representar?

    Durante a cerimnia de encerramento da palestra sobre Clulas-tronco: O Que Podero Representar?, a conselheira do CIEE, Dra. Liz Coli, entrega para a pa-lestrante, geneticista Mayana Zatz, o Trofu Integra-o, que concedido pelo Centro de Integrao Empre-sa-Escola CIEE e expressa a filosofia e os objetivos da instituio, no governamental e filantrpica, mantida pelo empresariado brasileiro.

    Homenagem de encerramento

    A conselheira do CIEE, Liz Coli, entrega o Trofu Inte-grao geneticista Mayana Zatz.

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    eColeo CIEE-01 (esgotado)estgio - Investimento ProdutivoPublicao Institucional do CIEE

    Coleo CIEE-02 (esgotado)A Globalizao da economia e suas Repercusses no BrasilIves Gandra da Silva Martins

    Coleo CIEE-03 (esgotado)A desestatizao e seus Reflexos na economiaAntoninho Marmo Trevisan

    Coleo CIEE-04 (esgotado)Rumos da educao BrasileiraArnaldo Niskier

    Coleo CIEE-05 (esgotado)As Perspectivas da economia BrasileiraMalson da Nbrega

    Coleo CIEE-06 (esgotado)Plano Real: Situao Atual e PerspectivasMarcel Solimeo e Roberto Lus Troster

    Coleo CIEE-07 (esgotado)Os Desafios da educao Brasileira no Sculo XXISimpsio CIEE/O Estado de S. Paulo

    Coleo CIEE-08 (esgotado)Os cenrios Possveis paraa economia em 98Lus Nassif

    Coleo CIEE-09 (esgotado)O Fim da escolaGilberto Dimenstein

    Coleo CIEE-10 (esgotado)O Peso dos encargos Sociais no BrasilJos Pastore

    Coleo CIEE-11 (esgotado)O que esperar do Brasil em 1998Marclio Marques Moreira

    Coleo CIEE-12 (esgotado)As Alternativas de emprego para o Mercado de TrabalhoWalter Barelli

    Coleo CIEE-13 (esgotado)Reduo Tributria - Urgncia NacionalRenato Ferrari, Alcides Jorge Costa e Ives Gandra da Silva Martins

    Coleo CIEE-14 (esgotado)A contribuio do 3 Setor para o Desenvolvimento Sustentado do PasSeminrio do 3 Setor

    Coleo CIEE-15 (esgotado)Os Rumos do Brasil at o Ano 2020Ronaldo Mota Sardenberg

    Coleo CIEE-16 (esgotado)As Perspectivas da Indstria Brasileira e a Atual conjuntura NacionalCarlos Eduardo Moreira Ferreira

    Coleo CIEE-17 (esgotado)As Novas Diretrizes para o ensino MdioGuiomar Namo de Mello

    Coleo CIEE-18 (esgotado)Formao de especialistas para o Mercado GlobalizadoLuiz Gonzaga Bertelli

    Coleo CIEE-19 (esgotado)A educao Brasileira no Limiar do Novo SculoSimpsio CIEE/O Estado de S. Paulo

    Coleo CIEE-20 (esgotado)A Formao da Nacionalidade BrasileiraJoo de Scantimburgo

    Coleo CIEE-21 (esgotado)A educao Ontem, Hoje e AmanhJarbas Passarinho

    Coleo CIEE-22 (esgotado)A Universidade Brasileira e os Desafios da ModernidadePaulo Nathanael Pereira de Souza

    Coleo CIEE-23 (esgotado)Os Novos Rumos do Real: Previses para a economia Brasileira aps a Mudana da Poltica cambialJuarez Rizzeri

    Coleo CIEE-24 (esgotado)Brasil: Sadas para a criseAlcides de Souza Amaral

    Coleo CIEE-25 (esgotado)A educao e o Desenvolvimento NacionalJos Goldemberg

    Coleo CIEE-26 (esgotado)A crise dos 500 anos: O Brasil e a Globalizao da economiaRubens Ricupero

    Coleo CIEE-27 (esgotado)A Lngua Portuguesa: Desafios e SoluesArnaldo Niskier, Antonio Olinto,Joo de Scantimburgo, Ledo Ivo e Lygia Fagundes TellesSimpsio CIEE/ABL

    Coleo CIEE-28 (esgotado)Propostas para a Retomada do Desenvolvimento Sustentvel NacionalJoo Sayad

    Coleo CIEE-29 (esgotado)O Novo conceito de FilantropiaII Seminrio do 3 Setor

    Coleo CIEE-30 (esgotado)As Medidas Governamentais de controle de PreosGesner de Oliveira

    Coleo CIEE-31 (esgotado)A crise Brasileira: PerspectivasAntnio Barros de Castro

    Coleo CIEE-32 (esgotado)O Futuro da Justia do TrabalhoNey Prado

    Coleo CIEE-33 (2 ed./esgotado)Perspectivas da economia e do Desenvolvimento BrasileiroHermann Wever

    Coleo CIEE-34 (esgotado)O que esperar do Brasilna Virada do SculoEduardo Giannetti

  • Coleo CIEE-35 (esgotado)O ensino Mdio e o estgio de estudantesRose Neubauer

    Coleo CIEE-36 (esgotado)Perspectivas da cultura BrasileiraMiguel Reale

    Coleo CIEE-37 (esgotado)Poltica Pblica de Qualificao ProfissionalNassim Gabriel Mehedff

    Coleo CIEE-38 (esgotado)Perspectivas da economia Brasileira para Alm da conjunturaGustavo Franco

    Coleo CIEE-39 (esgotado)As empresas e a capacidade competitiva BrasileiraEmerson de Almeida

    Coleo CIEE-40 (esgotado)A Globalizao e a economia BrasileiraAntnio Carlos de Lacerda

    Coleo CIEE-41 (esgotado)A Dignidade Humanae a excluso SocialIII Seminrio do 3 Setor

    Coleo CIEE-42 (esgotado)Recomendaes para a Retomada do DesenvolvimentoAloizio Mercadante

    Coleo CIEE - Especial (esgotado)Guia Prtico do cADeA Defesa da Concorrncia no Brasil

    Coleo CIEE-43 (esgotado)O cADe e a Livre concorrncia no BrasilSeminrio CIEE/Correio Braziliense

    Coleo CIEE-44 (esgotado)Profisses em Alta no Mercado de TrabalhoLuiz Gonzaga Bertelli

    Coleo CIEE-45 (esgotado)Democracia no Brasil: Pensamento Social, cenrios e Perfis PolticosGaudncio Torquato

    Coleo CIEE-46 (esgotado)Necessidades Profissionais para o Sculo XXINorberto Odebrecht

    Coleo CIEE-47 (esgotado)O Trabalho no Brasil: Novas Relaes X Leis ObsoletasAlmir Pazzianotto Pinto

    Coleo CIEE-48 (esgotado)O Futuro da Aviao comercial no BrasilOzires Silva

    Coleo CIEE-49 (esgotado)Desafios da economia Brasileira e suas Perspectivas para 2001Clarice Messer

    Coleo CIEE-50 (esgotado)O Brasil no Terceiro MundoCristovam Buarque

    Coleo CIEE-51 (esgotado)O Mercado de capitais no BrasilDesafios e entraves para seuDesenvolvimentoHumberto Casagrande Neto

    Coleo CIEE-52 (esgotado)O Voluntariado no BrasilIV Seminrio do 3 Setor

    Coleo CIEE-53 (esgotado)Revoluo de 32: Um Painel HistricoSimpsio CIEE/APH/IRS

    Coleo CIEE-54 (esgotado)Os Reflexos da economia Global no Desenvolvimento BrasileiroLuciano Coutinho

    Coleo CIEE-55 (esgotado)As condies Necessrias para o Brasil crescerDelfim Netto

    Coleo CIEE-56 (esgotado)Globalizao e Hipercompetio: A Sociedade das Organizaes e o Desafio da MudanaThomaz Wood Jr.

    Coleo CIEE-57 (esgotado)Desenvolvimento Social, Previdncia e Pobreza no BrasilRoberto Brant

    Coleo CIEE-58 (esgotado)A Paixo pela PoesiaArnaldo Niskier, Carlos Nejar, Ledo Ivo, Lygia Fagundes Telles e Mrio Chamie

    Coleo CIEE-59 (esgotado)Rumos da educao no BrasilSimpsio CIEE/O Estado de S. Paulo

    Coleo CIEE-60 (esgotado)Reforma Tributria: Soluo ou Panacia?Osris de Azevedo Lopes Filho

    Coleo CIEE-61 (esgotado)Os Atentados em Nova York e os Interesses Internacionais do BrasilFlvio Miragaia Perri

    Coleo CIEE-62 (esgotado)Lei de Responsabilidade Fiscal: esperanas e DecepesDiogo de Figueiredo Moreira Neto

    Coleo CIEE-63 (esgotado)A Sade no Novo conceito de FilantropiaAntnio Jacinto Caleiro Palma

    Coleo CIEE-64 (esgotado)Fundamentos da Poltica econmica do Governo LulaGuido Mantega

    Coleo CIEE-65 (esgotado)O Banco central e a Defesa da concorrncia no Mercado FinanceiroGustavo Loyola

    Coleo CIEE-66 (esgotado)enxergando o Amanh com os olhos de HojeGaudncio Torquato

    Coleo CIEE-67 (esgotado)Juventude, escola e empregabilidadeV Seminrio do 3 Setor

    Coleo CIEE-68 (2 Edio)educao: Velhos Problemas, Novas (?) SoluesPaulo Nathanael Pereira de Souza

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    eColeo CIEE-69 (esgotado)cobrana de Impostos Ameaao Futuro da FilantropiaVI Seminrio do 3 Setor

    Coleo CIEE - Especial (esgotado)2 ed. revista e ampliada Guia Prtico do cADeA Defesa da Concorrncia no Brasil

    Coleo CIEE-70 (esgotado)A Importncia do estgio na Formao do Aluno do ensino MdioAntnio Ruiz Ibaez

    Coleo CIEE-71 (esgotado)Antnio cndido, Guerreiroda educao - Prmio Professor emrito 2003CIEE/O Estado de S. Paulo

    Coleo CIEE-72 (2 edio)educao e SaberPaulo Nathanael Pereira de Souza

    Coleo CIEE-73 (2 edio)O Pressuposto da tica na economia, nas empresas, na Poltica e na SociedadeRuy Martins Altenfelder Silva

    Coleo CIEE-74 (esgotado)empregabilidadeVII Seminrio CIEE - Gazeta Mercantil do 3 Setor

    Coleo CIEE-75 (esgotado)AnalfabetismoProposta para a sua erradicaoJorge Werthein

    Coleo CIEE-76 (esgotado)educao, estgio e Responsabili-dade Fiscal das PrefeiturasIves Gandra da Silva Martins, Marcos Nbrega, Luiz Gonzaga Bertelli e Paulo Nathanael Pereira de Souza

    Coleo CIEE-77 (esgotado)Valorizao ImobiliriaNelson Baeta Neves

    Coleo CIEE-78 (esgotado)As metas inflacionrias no BrasilPaulo Picchetti

    Coleo CIEE-79 (esgotado)A qualidade dos estgios e suaimportncia socioprofissionalSeminrio CIEE-SEMESP

    Coleo CIEE-80 (esgotado)Desafios da administrao deuma grande metrpole (So Paulo)Walter Feldman

    Coleo CIEE-81 (esgotado)A realidade educacional brasileira e o desenvolvimento do PasRoberto Cludio Frota Bezerra

    Coleo CIEE-82 (esgotado)Os entraves para o desenvolvimento nacional e as recomendaes para sua superaoAbram Szajman

    Coleo CIEE-83 (esgotado)O cenrio econmico latino-americano e seus reflexos no mercado acionrioAlfried Karl Plger

    Coleo CIEE-84 (esgotado)Jornalismo poltico: uma viso do BrasilMurilo Melo Filho

    Coleo CIEE-85 (esgotado)A poltica monetria brasileira e seus reflexos no desenvolvimento do pasJosu Christiano Gomes da Silva

    Coleo CIEE-86 (esgotado)Tecnologia, economia e Direito:viso integrada e multissetorialJos Dion de Melo Teles

    Coleo CIEE-87 (esgotado)Brasil: competitividade e mercado globalMarcos Prado Troyjo

    Coleo CIEE-88 (esgotado)A arte de empreender: o respeito aos limites do ser humano Eduardo Bom Angelo

    Coleo CIEE-89 (esgotado)A educao brasileira e a contribuio das entidades de filantropia Roberto Teixeira da Costa

    Coleo CIEE-90 (esgotado)A situao atual da educao brasileira Paulo Tafner

    Coleo CIEE-91 (esgotado)O desenvolvimento das economias japonesa e asitica Yuji Watanabe

    Coleo CIEE-92 (esgotado)A contribuio da embraer no desenvolvimento da indstria aeronutica brasileira Lus Carlos Affonso

    Coleo CIEE-93 (esgotado)A nova fase da crise brasileiraOliveiros da Silva Ferreira

    Coleo CIEE-94 (esgotado)Inventrio da educao brasileira e recomendaes para seu aperfeioamentoSeminrio

    Coleo CIEE-95 (esgotado)Negociaes agrcolas internacionaisMarcos Sawaya Jank

    Coleo CIEE-96 (esgotado)Um sculo de sindicalismo no BrasilAlmir Pazzianotto

    Coleo CIEE-97 (esgotado)A atual situao da educao brasileira - medidas para o seu aperfeioamentoSamuel de Abreu Pessa

    Coleo CIEE-98 (esgotado)O futuro do abastecimento energtico no Brasil e no mundoCarlos Alberto de Almeida SIlva e Loureiro

    Coleo CIEE-99 (esgotado)Reflexes sobre a conjuntura nacionalGeraldo Alckmin

  • Coleo CIEE-100 (esgotado)Presena da universidade no desenvolvimento brasileiro: uma perspectiva hitricaSimpsio

    Coleo CIEE-101 (esgotado)O estabelicimento de um modelo de sustentabilidade ambiental no estado de So PauloXico Graziano

    Coleo CIEE-102 (esgotado)O papel dos Tribunais de contasna educao BrasileiraAntnio Roque Citadini

    Coleo CIEE-103 (esgotado)Os desafios da administrao de uma metrpoleGilberto Kassab

    Coleo CIEE-104 (esgotado)A caixa econmica Federale suas atividades no pasCarlos Gomes Sampaio de Freitas

    Coleo CIEE-105 (esgotado)A necessidade dos Seguros para o Desenvolvimento Sustentvel brasileiroLuiz Carlos Trabuco Cappi

    Coleo CIEE-106 (esgotado)A tica no Brasil a cabeados brasileirosAlberto Carlos Almeida

    Coleo CIEE-107 (esgotado)O mercado de trabalho paulistae a capacitao profissionalGuilherme Afif Domingos

    Coleo CIEE-108 (esgotado)O papel do Ministrio Pblico em relao s entidades do Terceiro Setor: filantrpicase de assistncia socialAirton Grazzioli

    Coleo CIEE-109 (esgotado)Olhando para o Brasil do futuro: perspectivas e desafiosEmlio Odebrecht

    Coleo CIEE-110Para melhor entender nossoPas de hoje e de amanhCarlos Alberto Sardenberg

    Coleo CIEE-111A defesa nacional e a situao atual das foras armadas brasileirasGeneral Alberto Mendes Cardoso

    Coleo CIEE-1??clulas-tronco: O que podero representar? Mayana Zatz

  • Clulas-tronco: O que podero representar? Mayana Zatz

    Textos e debates extrados da palestra proferida em 28/08/2008, no auditrio

    ernesto Igel do cIee, em So Paulo/SP.

    Planejamento e produo editorialPIc - Marketing editorial e comunicao

    coordenao editorialRenato Avanzi

    capaLucas Giddings

    Foto capaBanco PIc

    Diagramao e Arteedith Maria Schmidt

    TaquigrafiaOswaldo chiquetto

    ImpressoFirst Fotolitos e editora Grfica

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  • CONSELHO DE ADMINISTRAO(Mandato de 16/4/2009 a 15/4/2012)

    PresidenteRuy Martins Altenfelder Silva

    Vice-PresidentesAntonio Penteado MendonaAntonio Jacinto caleiro PalmaWlter Fanganiello Maierovitch

    ConselheirosHermann Heinemann WeverJos Augusto MinarelliOrlando de Almeida Filho

    FUNDADORES

    Aloysio Gonalves Martinsclvis DutraGeraldo Francisco ZivianiJos Franklin Veras VigasMario AmatoPaulo egydio MartinsTrbio de Mattos

    PRESIDENTE EXECUTIVO

    Luiz Gonzaga Bertelli

    Adhemar csar RibeiroAna Maria Vilela IgelAntoninho Marmo TrevisanAntonio Garbelini Jniorcarlos eduardo Moreira Ferreiralcio Anbal de LuccaFlvio Fava de MoraesGaudncio TorquatoGesner de OliveiraIvette Senise FerreiraJoo Guilherme Sabino OmettoJoo Monteiro de Barros NetoJoaquim Pedro Villaa de Souza campos

    CONSELHO CONSULTIVO

    CONSELHO FISCAL

    Titularescsar Gomes de MelloHumberto casagrande NetoNorton Glabes Labes

    PRESIDENTES EMRITOS

    Alex PeriscinotoAntonio Jacinto caleiro PalmaHerbert Victor Levy FilhoJoo Baptista Figueiredo Jnior

    MEMBROS HONORRIOS

    Adib JateneAmauri Mascaro NascimentoAntonio candido de Mello e SouzaAntnio Hlio Guerra Vieiraclarice MesserDorival Antnio Bianchiedevaldo Alves da Silvaevanildo BecharaGuilherme Quintanilha de AlmeidaIves Gandra da Silva MartinsJarbas Miguel de Albuquerque Maranho

    Jos VicenteLiz coli cabral NogueiraMarcos TroyjoMauro chavesNey PradoOzires SilvaRicardo MelantonioRogrio AmatoSebastio MisiaraTcito Barbosa coelho Monteiro FilhoWander SoaresWilson Joo ZampieriYvonne capuano

    SuplentesLuiz eduardo Reis de MagalhesRoberto cintra LeiteSidney Storch Dutra

    Joo Geraldo Giraldes ZocchioJoo Monteiro de Barros FilhoJos Feliciano de carvalhoJos PastoreLaudo NatelLeonardo PlacucciLuiz Augusto Garaldi de AlmeidaNelson AlvesNelson Vieira BarreiraPaulo emlio VanzoliniPaulo Nogueira NetoRuy Mesquita

    Jlio csar de MesquitaLaerte Setbal FilhoPaulo Nathanael Pereira de SouzaPedro Luiz de Toledo Piza

    MEMBROS BENEMRITOS

    Antonio ermrio de Moraes Lzaro de Mello Brando

  • ESTAGIRIOS e APRENDIZES

    Da carteira da escola paraa carteira de trabalho.

    O Aprendiz Legal um programa voltado preparao de jovens para o mundo do

    trabalho. Referncia nacional em estgios, com 10 milhes de bolsas-auxlio concedidas

    aos estudantes, nos seus 46 anos de fundao, o CIEE utiliza sua experincia tambm para

    auxiliar as empresas ao cumprimento da Lei de Aprendizagem (10.097/2000).

    Sede: Rua Tabapu, 540 Itaim BibiSo Paulo SP CEP 04533-001

    Atendimento s Empresas

    (11) 3046-8222 www.ciee.org.br

    Tire suas dvidas sobre a Lei de Aprendizagem

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    K

    CIEE1209-0225_AnAprendiz150x210.pdf 2/10/10 11:47:01 AM

  • Mayana Zatz professora doutora titular do Departamen-to de Gentica e Biologia Evolutiva do Instituto de Bioci-ncias da Universidade de So Paulo (USP), coordenadora de pesquisas no Centro de Estudos de Genoma Humano, fundadora e presidente da Associao Brasileira de Distrofia Muscular, entre outros cargos de enorme importncia.

    Nesta obra, ela esclarece o que so clulas-tronco e o que clonagem, alm de passar orientaes sobre clulas-tronco embrionrias e adultas e sobre clonagem reprodutiva e tera-putica. Trata-se principalmente do futuro dos transplantes, mas existem outras possibilidades de tratamento que futu-ramente podero usufruir do uso de clulas-tronco.

    A pesquisadora faz aqui um apanhado a respeito das dis-cusses que aconteceram em Braslia durante o processo de aprovao da Lei de Biossegurana, que possibilitou as pesquisas com clulas-tronco no Brasil, e contextualiza o leitor sobre os testes que so realizados no pas.

    Um livro extremamente importante para pesquisadores, estudantes e para todos que buscam entender mais sobre este assunto que promete revolucionar a cincia.