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COMARCA DE BELO HORIZONTE - JUSTIÇA COMUM URGENTE ANEXO PRAÇA DA LIBERDADE R GONÇALVES DIAS, 1260 - FUNCIONÁRIOS - CEP: 30140091 - Tel: (31) 3207-7900 - BELO HORIZONTE/MG 204 - MANDADO DE CITAÇÃO 5~ FAZENDA ESTADUAL PROCESSO: 1885451—77.2013.8.13.0024 / 0024.13.188545—1 MANDADO: 1 PROCEDIMENTO ORDINÁRIO - Distribuído em 03/05/2013 AUTOR: ESTADO DE MINAS GERAIS RÉU : SINDICATO DOS AUDITORES FISCAIS DA RECEITA ESTADUAL, FISCAIS Pessoa a ser citada: SINDICATO DOS AUDITORES FISCAIS DA RECEITA ESTADUAL, FISCAIS - CNPJ: 65.138.539/0001—57 Representante Legal: Endereço: AV AFONSO PENA, 3130 SL403 404 Fone: SAVASSI - CEP: 30130009 - BELO HORIZONTE/MG Referência:PRAÇA RIO BRANCO / PRAÇA DA BANDEIRA O(A) MM. Juiz (a) de Direito da vara supra manda o(a) Oficial(a) de Justiça Avaliador(a) abaixo nominado que, em cumprimento a este, CITE a parte ré, nome e endereço acima, a fim de se defender no prazo de 015 dias. Advirta—a, outrossim, que, não sendo contestada a ação, presumir—se—ão aceitos como verdadeiros os fatos articulados pelo autor, constantes da inicial, cuja cópia segue anexa. DESPACHO JUDICIAL Cite a parte ré, para contestar a presente ação, no prazo legal e sob as penas da lei, intimando-a sobre o INDEFERIMENTO do pedido de antecipação de tutela. Cópias anexas. Ao comparecer em Juízo, esteja munido de doc. de identificação e trajando vestimenta adequada ao ambiente forense. Nome do Oficial que deverá se identificar com sua Carteira Funcional: Mandado: 1 RICARDO AUGUSTO DE ANDRADE REGIÃO: 4001 - SUDESTE DVe~so Certidao: ~ Anexa Verba de Convênio de R$ 16,01 a ser empenhada. BELO HORIZONTE, Escrivã(o) Judicial: por ordem do(a) :STINA DE CASTRO LAMEGO (a) de Direito Ciente: O HORÁRIO DE ATENDIMENTO ÀS PARTES NAS SECRETARIAS DE JUÍZO É DE 12:00 ÀS 18:00 HORAS

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Page 1: Inter Pela Cao

COMARCA DE BELO HORIZONTE - JUSTIÇA COMUM URGENTEANEXO PRAÇA DA LIBERDADE

R GONÇALVES DIAS, 1260 - FUNCIONÁRIOS - CEP: 30140091 - Tel: (31) 3207-7900 - BELO HORIZONTE/MG

204 - MANDADO DE CITAÇÃO

5~ FAZENDA ESTADUAL

PROCESSO: 1885451—77.2013.8.13.0024 / 0024.13.188545—1 MANDADO: 1PROCEDIMENTO ORDINÁRIO - Distribuído em 03/05/2013

AUTOR: ESTADO DE MINAS GERAISRÉU : SINDICATO DOS AUDITORES FISCAIS DA RECEITA ESTADUAL, FISCAIS

Pessoa a ser citada:SINDICATO DOS AUDITORES FISCAIS DA RECEITA ESTADUAL, FISCAIS - CNPJ:

65.138.539/0001—57Representante Legal:

Endereço:AV AFONSO PENA, 3130 — SL403 404 — Fone:SAVASSI - CEP: 30130009 - BELO HORIZONTE/MGReferência:PRAÇA RIO BRANCO / PRAÇA DA BANDEIRA

O(A) MM. Juiz (a) de Direito da vara supra manda o(a) Oficial(a) deJustiça Avaliador(a) abaixo nominado que, em cumprimento a este, CITE aparte ré, nome e endereço acima, a fim de se defender no prazo de 015dias.

Advirta—a, outrossim, que, não sendo contestada a ação,presumir—se—ão aceitos como verdadeiros os fatos articulados peloautor, constantes da inicial, cuja cópia segue anexa.

DESPACHO JUDICIAL

Cite a parte ré, para contestar a presente ação, no prazo legal esob as penas da lei, intimando-a sobre o INDEFERIMENTO do pedido deantecipação de tutela. Cópias anexas.

Ao comparecer em Juízo, esteja munido de doc. de identificação e trajando vestimenta adequada ao ambiente forense.

Nome do Oficial que deverá se identificar com sua Carteira Funcional: Mandado: 1RICARDO AUGUSTO DE ANDRADE

REGIÃO: 4001 - SUDESTE

• DVe~soCertidao:~ AnexaVerba de Convênio de R$ 16,01 a ser empenhada.

BELO HORIZONTE,

Escrivã(o) Judicial:por ordem do(a)

:STINA DE CASTRO LAMEGO(a) de Direito

Ciente:

O HORÁRIO DE ATENDIMENTO ÀS PARTES NAS SECRETARIAS DE JUÍZO É DE 12:00 ÀS 18:00 HORAS

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Poder Judiciário do Estado de Mjnas Gerais

Autos n° 1885451-77.2013.8.13:0024 - 52 Vara da Fazenda Pública Estadual e Autarquias

COMARCA DE BELO HORIZONTE

DECISÃO

Relatório

1. ESTADO DE MINAS GERAIS, ajuiza AÇÃO

ORDINÁRIA, com pedido de tutela antecipada, em face do Sindicato dos Auditores

Fiscais da Receita Estadual de Minas Gerais — SINDII?ISCO, noticiando que, em

12.12.2012, foi realizada assembleia extraordinária, pela parte ré, com o fito de discutir e

definir medidas necessárias à reivindicação por “(...)um reajuste digno e que não seja

encaminhado projeto de lei que oficialize o tratamento diferenciado, além de definir

fornwzs de luta”. Informa que, na mencionada assembleia, fora aprovada a utilização de

recursos financeiros no importe de R$ 1.000.000,00 (hum milhão de reais) na realização

de campanhas reivindicatórias. Alega que a parte ré, diante disso, iniciou uma série de

ataques ao ente estatal, formulando falsas acusações relativamente à atuação da parte

autora na seara administrativa e tributária. Discorreu sobre o papel institucional dos

sindicatos, de modo a afirmar o descumprimento desse por parte do réu. Sustentou a

possibilidade de violação da honra da pessoa jurídica. Afirma que a parte ré abusou do

direito à livre manifestação do pensamento, tendo violado a imagem e probidade do

Estado de Minas Gerais. Noticia que, desde janeiro de 2013, jornais de circulação nesta

Capital, bem como de circulação nacional têm veiculado anúncios contendo matérias

ofensivas à sua honra e boa imagem. Pleiteia, assim, pela concessão de tutela antecipada,

determinando que a parte ré se abstenha de prosseguir com a veiculação de campanha

ofensiva à honra e imagem do Estado de Minas Gerais, sob pena de multa no montante

( de R$10.000,00 (dez mil reais) por cada publicação ou exibição relativa à campanha emcomento.

Fundamentação

2. Nos termos termos do art. 273 do CPC, o juiz

poderá antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial,

desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação.

Além disso, deve haver fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação ou,

ainda, ficar caracterizado abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito

protelatório da parte ré. Por fim, deve ser afastada a hipótese de risco de irreversibilidade

da medida antecipatória, caso deferida.

In casu, não estão presentes os requisitos necessários para

(qCód. 10.25.097-2

Page 3: Inter Pela Cao

Poder Judiciário do Estado de Minas Gerais

Autos n° 1885451-77.2013.8.110024 - ~a Vara da Fazenda Pública Estadual e Autarquiaso deferimento do pedido de antecipação da tutela, conforme fundamentação que segue.

Pretende o Estado de Minas Gerais a antecipação dos

efeitos da tutela, determinando que a parte ré se abstenha de veicular campanha

realizada, sob o argumento de que essa se mostra ofensiva à honra e imagem do ente

estatal.

Nesse sentido, tenho que incabível, em cognição sumária,

a averiguação dos fatos noticiados na inicial.

É de sabença geral que as garantias individuais

constitucionalmente conferidas e asseguradas não possuem caráter absoluto. Assim, na

hipótese de eventuais conflitos entre quaisquer garantias, mister que o julgador realize

uma análise parcimoniosa, de modo a resolver os conflitos sob uma ótica de ponderação,

caso a caso, entre os valores envolvidos.

No caso em análise, patente o conflito existente entre a

garantia à preservação da honra e imagem do Estado de Minas Gerais e à liberdade de

manifestação do pensamento, bem como de comunicação, exercidas pela parte ré,

garantias essas conferidas pelos incisos IV, IX e X do art.5° da CR188, respectivamente.

Dessa forma, entendo pela impossibilidade de se

averiguar, em sede de tutela antecipada, qual valor deve preponderar no caso sob exame.

Com efeito, os documentos juntados à petição inicial

(ff. 11/51) demonstram a efetiva realização de campanha, pelo réu, de modo a dispender

afirmações de cunho crítico ao Estado de Minas Gerais. Entretanto, não há como se

aferir, no presente momento, as efetivas implicações das afirmações esposadas nos

anúncios, no que concerne à honra e imagem da parte autora, pelo que imprescindível a

dilação probatória no presente feito.

Sobre o tema, cumpre registrar pronunciamento do Eg.

TJMG, senão vejamos:

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - TUTELAINIBITÓRIA - PROTEÇÃO DE DIREITOS FUNDAMENTAISDA PERSONALiDADE - PESSOA JURÍDICA - AMEAÇACONTRA IMAGEM E REPUTAÇÃO - DIREITO DE LIVREMANIFESTAÇÃO - COLISÃO - PONDERAÇÃO DEINTERESSES.

- Estabelece a Carta Magna, entre os direitos e garantiasfundamentais, a plena liberdade de comunicação e demanifestação do pensamento, independentemente de censura oulicença (art. 50, incisos IV e IX), ao mesmo tempo em que

Cód. 10.25.097.2

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Poder Judiciário do Estado de Minas Gerais

Autos n° 1885451-77.2O13.8.13~OO24 - 58 Vara da Fazenda Pública Estadual e Autarquiasassegura o direito de resposta, proporcional ao agravo, e ainviolabilidade da honra e da imagem das pessoas, prevendoindenização por dano material ou moral decorrente de suaviolação.

- Em caso de eventual conflito entre esses dois direitosfundamentais, deve-se harmonizá-los, de modo a se assegurara liberdade de expressão e de comunicação, sem préviacensura ou licença, mas se garantindo ao possível lesado odireito de reparação. se houver excessos (art. 5°, incisos V e X)V.v: EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - TUTELAINIBITÓRIA - PROTEÇÃO DE DIREITOS FUNDAMENTAISDA PERSONALIDADE - PESSOA JURÍDICA - AMEAÇACONTRA IMAGEM E REPUTAÇÃO - DIREiTO DE LiVREMANIFESTAÇÃO - COLISÃO - PONDERAÇÃO DEINTERESSES.- A tutela inibitória possui a finalidade de impedir a violação de

( um direito, prevenindo a prática da ação ilícita e de seus efeitosfuturos, bem como evitando a produção de danos. Está reguladano artigo 5°, inciso XXXV, da CR e art. 12, caput, do CódigoCivil.- No caso de colisão entre direitos fundamentais, que não sãoabsolutos nem ilimitados e encontram seus limites em outrosdireitos fundamentais, utilizar-se-á de juízo de ponderacão dosinteresses envolvidos, visando preservar e concretizar aomáximo os direitos e bens constitucionalmente protegidos.Para tanto, a aplicacão do princípio da proporcionalidade. quehoje é o axioma do Direito Constitucional, tem papel essencial.- Considerando o conteúdo abusivo das manifestações pretendidaspelo condomínio agravado, no presente caso, os direitosfundamentais da personalidade da sociedade agravante devemprevalecer em detrimento dos direitos de liberdade de expressãodo agravado.Agravo de Instrumento Cv l.0024.11120021-8/0Ol 0282378-12.2011.8.13.0000(1)

Ausente, portanto, a verossimilhança das alegações.

Conclusão

3. POSTO ISSO, indefiro a antecipação de tutela

pleiteada pelo ESTADO DE1~41NAS GERAIS.

Be~o Horizonte, 7 de maio de 2013.

A o ae~Me~i~jt~..Carneiro

Juiz de Direito5~ Vara’ e Fazenda Pública Estadual e Autarquias

Z:\BD\Antecipação de tutela\1885451-77.2013.8.13.0024 - tutela indeferida - EMG e SINDIFISCO - campanha - ponderação garantias fundamentais - dilação

probatória.doc

Cód. 10.25.097-2

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ESTADO DE MINAS GERAISADVOCACIA-GERAL DO, ESTADOGabinete do Advogado-Geral do Estado

Ex.mo Sr. Juiz de Direito daHorizonte/MG.

Vara da Fazenda Pública e Autarquias da Comarca de Belo

ESTADO DE MiNAS GERAIS, pessoa jurídica de direito público,representado pela Advocacia-Geral do Estado, CNPJ n. 18.715.615/0001-00, estabelecidana rua Espírito Santo, 495, 8° andar, Belo Horizonte/MG, por seu procurador signatário,vem respeitosamente perante este ínclito Juízo propor AÇÃO ORDINÁRIA dc PEDIDODE ANTECIPAÇAO DOS EFEITOS DA TUTELA em face do SINDIFISCO -

Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Estadual de Minas Gerais, instituição sindicalinscrita no CNPJ 65138539/0001-57, com sede na avenida Afonso Pena, 3130, conjunto402, bairro Funcionários, nesta Capital, o fazendo conforme fundamentos seguintes:

1 — O Sindifisco pretendeu iniciar campanha de reivindicações visandoà obtenção de melhorias na remuneração dos servidores da Secretaria de Estado da Fazendaque lhes são filiados, das categorias dos Auditores Fiscais, Fiscais e Agentes Fiscais deTributos do Estado de Minas Gerais.

Em 12 de dezembro de 2012, foi realizada Assembleia GeralExtraordinária da aludida entidade sindical cujo objetivo, segundo sua Presidência, “era saircom um posicionamento político no sentido de reivindicar um reajuste digno e de que nãoseja encaminhado projeto de lei que oficialize o tratamento diferenciado, além de definirformas de luta.” (texto extraído do sítio do Sindifisco — Informe n. 287)

No propósito de colocar em prática os objetivos definidosAssembleia Geral Extraordinária, foram aprovadas as seguintes decisões:

aquela

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ESTADO DE MINAS GERAISADVOCACIA-GERAL DO ESTADOGabinete do Advogado-Geral do Estado

“DECISÕES

Confira abaixo as propostas aprovadas pela categoria.

~‘ Repúdio ao reajuste zero e ao tratamento diferenciado.~ Utillzação do dinheiro do Fundo FiscoForte na campanha salarial e na luta contra tratamento diferenciado —

Autorizada a utilização de recursos do Fundo. inicialmente no limite de R$ 1 milhão, para utilização nacampanha salarial e na luta contra o tratamento diferenciado.~ Repúdio à eliminação do primeiro nível sem a garantia de reposicionamento que promova a efetivaaceleração na carreira e da supressão da “data trava’ da promoção por escolaridade. Que o Sindicato coloqueisso em tabela para que a categoria visualize melhor a proposta.~‘ Reivindicação de que o mesmo percentual que for dado às outras categorias da SEF/MG seja concedidoaos AFREs.~ Encaminhamento ao governo de proposta de reajuste reivindicando 10% de correção nas tabelas (100% da

variação nominal da receita tributária).~ Elaboração de Manifesto de Repúdio aos AFREs F9, especialmente o secretário-adjunto e o subsecretário

da Receita Estadual, por não defenderem reajuste para os AFREs e compactuarem com o tratamentodiferenciado.~ Encaminhamento de pacote de reivindicações relacionadas às atribuições: a> subordinação das AFs àsDFs; b) não encaminhamento de decreto regulamentando as atribuições; c) realização de concurso públicopara AFRE.> Manutenção das ações de luta já em curso (abaixo-assinado e reuniões com superintendentes>. A diretoriapercorrerá unidades para debater a questão com os auditores fiscais, As ações de luta serão definidasposteriormente em fóruns coletivos (CDA e/ou AGE>

Verifica-se, como destaque (negrito) do texto obtido no Informe n. 287publicado no sítio do requerido na internet, a abastada possibilidade de utilização deR$l.000.000,OO (um milhão de reais) na “campanha salarial e na luta contra o tratamentodiferenciado”.

Entretanto, o que ocorreu foi o início de uma série de ataquespublicitários em desfavor do Estado de Minas Gerais, no que se refere às ações de governona área administrativa e tributária, fundando-se em manifestações que informam fatosdistorcidos da realidade e de cunho pejorativo, além de apresentar falsas acusações quetangenciam a ilicitude criminal.

Assim procedendo, o requerido deixou de cumprir o papel institucionaldefinido no artigo 3° de seu Estatuto, a saber, (1) defender os interesses e os direitosprofissionais coletivos da categoria, e individuais, de seus filiados, (II) promover todos ostipos de reivindicações ligadas ao vínculo funcional de seus filiados e (III) manter acategoria mobilizada em defesa de seus interesses, para, de modo irresponsável, ilegal etemerário, produzir propaganda institucional em desfavor do Estado de Minas Gerais, emassuntos que são regidos por normas de Direito Administrativo e de Direito Tributário,objeto de assessoramento pela Advocacia-Geral do Estado e fiscalização pelo)Ffibunal deContas do Estado de Minas Gerais, Ministério Público do Estado de Iyffnas Gerais eAssembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais, além, evidenteme~,)ïo crivo do PoderJudiciário quanto à legalidade dos atos se, para tanto, for provocadoc~//

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ESTADO DE MINAS GERAISADVOCACIA-GERAL DO ESTADOGabinete do Advogado-Geral do Estado

II — Inicialmente, cumpre ressaltar os limites que a própria ConstituiçãoFederal e a legislação infraconstitucional impõem sobre o excesso do exercício do direito àliberdade de manifestação, definido no seu artigo 5°, inciso IV, que estabelece: “é livre amanifestação de pensamento, sendo vedado o anonim ato “.

Concomitante ao aludido dispositivo, consta no texto constitucional oinciso X do mesmo artigo 5°, definindo que “são invioláveis a intimidade, a vida privada, ahonra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material oumoral decorrente de sua violação “.

Ainda sobre o tema, o artigo 220 da Carta Magna prevê que “Aman~’festação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma,processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nestaConstituição.”

Com efeito, o exercício da manifestação do pensamento, da criação, daexpressão e da informação não podem sofrer quaisquer restrições, mas a ConstituiçãoFederal assegura, em contrapartida, a proteção em face das violações da intimidade, da vidaprivada, da honra e da imagem das pessoas, prevendo a obrigação de indenizar para aqueleque assim proceder.

A legislação infraconstitucional contempla a isonomia de resguardo dedireitos, no que couber, entre a pessoa física e a pessoa jurídica, no que concerne à proteçãodos direitos da personalidade, pelo que se depreende da dicção do artigo 52 do CódigoCivil: “Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos dapersonalidade “.

É inegável que a pessoa jurídica pode ter sua honra violada e,ocorrendo essa hipótese, caracteriza-se o ilícito civil passível de atrair a aplicação das regrasde regência da responsabilidade civil e o dever de indenizar.

Evidente, para o cotejo da disposição contida no referido artigo 52 doCódigo Civil, que a regra cabe para o resguardo da honra objetiva, em se tratando de pessoajurídica.

Toda pessoa jurídica, seja de direito privado ou de direito público, édotada da capacidade e de personalidade jurídica para praticar atos e agir em confor9klàdecom os fins de sua criação. Nesse sentido, deve preservar o bom nome, o bom con,ç~ito e aboa reputação angariados ao longo de sua existência, sedimentados em sua trad ão, e quenão podem ser gratuitamente tisnados no âmbito de sua finalidade institucional, m razão doexercício irresponsável e ilegal do direito de manifestação e de informação

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III — No caso em apreço, o requerido excedeu, inexoravelmente, odireito à livre manifestação ao custear e propagar peças de publicidade contendoinformações inverídicas e divorciadas da realidade, na busca incessante de macular a boaimagem e o conceito respeitoso e probo do Estado de Minas Gerais, nas pessoas de seusAdministradores.

A prova documental que instrui esta petição inicial revela, à saciedade,os atos levados a efeito pelo requerido e que buscam fomentar a formação de opinião dopúblico destinatário da publicidade, a partir de falsas premissas governamentais e de fatosinverídicos atribuídos aos atos de gestão na área tributária, no âmbito da Secretaria deEstado da Fazenda.

Nota-se que a partir de dezembro de 2012, quando as categoriasfuncionais vinculadas ao requerido, reunidas em Assembleia Geral Extraordinária, e nolegítimo exercício de reivindicar, aprovaram os gastos de cerca de um milhão de reais “parautilização na campanha salarial e na luta contra o tratamento diferenciado”, tiveram inícioos atos ilícitos praticados em desfavor do Estado de Minas Gerais, obviamente emmanifesto desvio da finalidade estabelecida na autorização colegiada.

Reitere-se que as finalidades estatutárias do requerido estãoexpressamente vinculadas à prática de atos que traduzam a defesa dos interesses dosfiliados, a promoção dos atos de reivindicações ligadas ao vínculo funcional e à mobilizaçãoda categoria.

Portanto, além de atuar diversamente de suas finalidades previstas emEstatuto, o requerido afastou-se por completo da lucidez e do equilíbrio que deve reger oexercício democrático do direito de reivindicar. Inovou na luta sindical no âmbito dofuncionalismo estadual, aderindo às práticas espúrias de atentar contra a honra e a dignidadedaqueles que, legitimamente, sustentam posicionamentos responsáveis, mas que conflitamcom seus interesses.

Desde janeiro de 2013 os jornais impressos de grande circulação naCapital mineira e também os jornais impressos de relevância nacional, passaram a receberanúncios, certamente de custos consideráveis, contendo matérias ofensivas à honra objetivae à imagem do Estado de Minas Gerais.

Acusações inverídicas são a tônica dessas manifestações irresponsáveise ilícitas, como a s~posta concessão de benefícios fiscais em desacordo com os princípios dalegalidade e m9j~íidade administrativa, e a alegada tentativa de efetivação de servidores noscargos de~»(ditores Fiscais sem a sujeição ao concurso público específico (documentosanexos).~

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ESTADO DE MINAS GEPAISADVOCACIA-GERAL DO ESTADOGabinete do Advogado-Geral do Estado

Em relação aos alegados benefícios fiscais, vejamos alguns trechos daspublicações nos jornais “Hoje em Dia” e “O Tempo”, onde prepondera a má-fé e aconsequente ilicitude no que tange à veracidade das informações veiculadas:

“O Sind~flsco-MG denuncia à sociedade mineira as atitudes contraditórias dogoverno estadual, que diz reivindicar mais recursos dos royalties da atividadede exploração mineral, contudo, concede beneficios fiscais ilegais para asmineradoras.” (O Tempo, publicado dia 04.01.2013)

“Com o pretexto de adotar medidas necessárias à proteção da economia deMinas, a Secretaria da Fazenda, mais, especificamente, a Superintendência deTributação dessa secretaria, tem administrado a receita própria do Estado deforma que beira à irresponsabilidade. A concessão de beneficio fiscal virouuma farra; é só o empresário vir com qualquer chantagem ou“pseudoinvestimentos” que consegue fazer qualquer negócio. O b’ibuto viroumercadoria, negociada conforme interesses políticos e empresariais.” (Hojeem Dia, publicado dia 09.01.2013)

“Além de rever a política de concessão de beneficios fiscais, a SEF/MGdeveria alterar as alíquotas de ICMS, tributando com maiores alíquotassetores de produtos e serviços que são mais consuinidos por classes de maiorpoder aquisitivo, como joias (alíquota de 5%), e com menores alíquotasprodutos e serviços essenciais, como energia elétrica (30%), gasolina (27%) etelefonia (25%). E preciso reverter esse sistema tributário injusto, em quegrandes contribuintes se organizam, financiam campanhas eleitorais e depoisrecebem beneficios fiscais — ilegais, sem transparência e sem atender os finssociais —, enquanto o trabalhador/consumidor acaba pagando alíquotasconfiscatórias. E necessário, ainda, acabar com privilégios de alguns setores,como a mineração, os grandes atacadistas e indústrias e investir mais nafiscalização do Estado, aumentando o combate à sonegação.” (Estado deMinas, publicado dia 01.02.2013)

Outras acusações, igualmente irresponsáveis, divulgadas com ofraudulento título “Chega de Enganação”, têm a marca explícita da ilicitude criminal. Em 04de abril de 2013, o requerido fez publicar na Revista Encontro que:

“Se o governo de Minas não abrisse mão de bilhões de reais por ano com aconcessão de beneficios fiscais para grandes empresas, não haveriaproblemas de impacto na redução da conta de energia, por exemplo, OSINDIFISCO-MG acredita que é preciso dar um basta em beneficiosque viraram moeda de troca para financiamento de campanhas”

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Com efeito, no que se refere aos procedimentos de doações decampanhas eleitorais, a matéria é regida pela Lei n. 9.504/1997, que estabelece todas asregras pertinentes às doações em favor dos partidos políticos e candidatos, a forma, valores,conta bancária específica, identificação expressa dos doadores, prestação de contas,julgamento da prestação de contas e prazo para denúncia e impugnações, contado dadiplomação. Da mesma forma, para as hipóteses de abusos de poder econômico equestionamentos da origem dos recursos, a regência é da Lei Complementar n. 64/1990, quedisciplina os procedimentos de inelegibilidade.

No caso da Administração do Estado de Minas Gerais, tudo o que serefere aos procedimentos das eleições para Governador, especialmente àquelas queestabeleceram a diplomação do atual Mandatário do Estado, foi objeto de exame eaprovação dos órgãos de fiscalização, como o Ministério Público Eleitoral, e de julgamento,pelo Tribunal Regional Eleitoral.

Nenhum ato à margem da lei foi identificado ou reprovado pela JustiçaEleitoral, muito menos procedimentos que pudessem caracterizar financiamento decampanha, como irresponsavelmente alegado pelo requerido. Nenhuma representação foiapresentada ou acolhida pela Justiça Eleitoral, na forma dos artigos 19 e 22 da LeiComplementar n. 64/1990, ou das disposições da Lei n. 9.504/1997. Logo, as acusaçõespatrocinadas pelo requerido são graves, sérias e caracterizam, em tese, crime de difamação,previsto no artigo 139 do Código Penal.

A campanha sórdida e irresponsável não se restringe à imprensa escrita.As manifestações dotadas de cunho pejorativo e que atentam contra a imagem e a honraobjetiva do Estado de Minas Gerais têm sido veiculadas nas emissoras de rádio, a exemploda Rádio Itatiaia, de Belo Horizonte, e na TV, como no canal Globonews. Os CD e DVDcom os áudios e imagens respectivas comprovam as presentes alegações.

IV — No caso presente, estão sobejamente demonstrados os ilícitoslevados a efeito pelo requerido, que age continuamente desde o início de 2013 de formadeliberada para ofender a honra objetiva do requerente e macular seu bom conceito e boaimagem perante a sociedade.

A atuação do requerido se mostra ilegítima porque divorciada de suasfinalidades estatutárias, e é ilegal, porquanto veicula acusações falsas de fatos tipificadoscomo crime na legislação vigente.

Deste modo, é incontroverso o dano à imagem de retidão, probidade eidoneidade do Estado de Minas Gerais, acusado falsamente de conceder benefíciossupostamente ilegais para beneficiar pseudos colaboradores de campanhas eleitorais~

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ESTADO DE MINAS GERAISADVOCACIA-GERAL DO ESTADOGabinete do Advogado-Geral do Estado

Na medida em que as matérias de cunho pejorativo e contendo falsasacusações de fatos que, se existissem, caracterizariam crime, continuam incessantemente emveiculação na imprensa, especialmente nos jornais impressos, v.g. no Estado de Minas e naFolha de São Paulo, nas emissoras de rádio e na TV, configura-se o caráter de continuidadedo ilícito e a intensificação do dano em desfavor da imagem e da honra objetiva do Estadode Minas Gerais.

Por outro lado, o ordenamento jurídico constitucional einfraconstitucional assegura a proteção contra atos que importem violação à imagem e àhonra, extensiva à pessoa jurídica, em contrapartida aos excessos no exercício do direito àmanifestação e à informação, entre outros previstos no artigo 50, inciso IV, da ConstituiçãoFederal.

Destarte, considerando a insana disposição do requerido em prosseguirno intento de ofender a honra objetiva e macular a imagem do requerente, a comprovadaestrutura financeira para custear os atos ilícitos, o potencial ofensivo e danoso dos atos oraimpugnados e os mecanismos legais que asseguram a inviolabilidade da imagem e da honraobjetiva da pessoa jurídica, mister que haja expressa determinação judicial no sentidode obstar o prosseguimento da prática do ilícito, interrompendo-se a seqüência deveiculação nos órgãos da imprensa de informações falsas, distorcidas e quecaracterizam, em tese, crime de denunciação caluniosa, em desfavor do Estado deMinas Gerais.

Os requisitos exigidos no artigo 273 do CPC estão presentes nahipótese em exame. A antecipação dos efeitos da tutela pretendida neste feito encontra omais absoluto respaldo no que se refere ao atendimento dos requisitos processuais para tantoexigidos. Vejamos:

A prova inequívoca está consubstanciada nos documentos que atestama incontroversa conduta danosa perpetrada pelo requerido e pela demonstrada violação daimagem e ofensa da honra objetiva do requerente, em decorrência dessa ruidosa e lesivaexposição na mídia marcada por imputações falaciosas que lhes são dirigidas. Aliás, pelorepulsivo conteúdo das publicações, o dano é evidentemente presumido.

A verossimilhança das alegações está ancorada na sequência dos fatosincontroversos, sejam os atos ilícitos praticados pelo requerido, sejam os danos delesdecorrentes suportados pelo requerente, e do cotejo desses fatos com a proteção maximizadada imagem e da honra objetiva das pessoas jurídicas, conforme dispositivos constitucionaise infraconstitucionais já referidos.

A plausibilidade do direito invocado, de proteção e efetivação dainviolabilidade da imagem e da honra objetiva das pessoas jurídicas, se contrapõe e se tornaeloquente em face dos atos manifestamente ilícitos a cargo do requerido, ora demonstrado5

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Da mesma forma, é robusta a prova no sentido da ocorrência do perigode dano irreparável ou de difícil reparação. Com efeito, a sequência de atos levados a efeitopelo requerido, representada pela veiculação na mídia nacional e local de fatos inexistentese desabonadores da boa imagem e da honra objetiva do Estado de Minas Gerais, divulgadosde forma falaciosa e ilícita por não encontrarem correspondência nos legítimos atos degestão tributária que foram efetivamente praticados pela Administração Estadual, importama iminente possibilidade de mácula irreparável na conceituação do ente estatal perante asociedade.

Portanto, será de bom alvitre V. Ex.a, acolhendo os fundamentos oraexpostos, conceder a antecipação dos efeitos da tutela para determinar ao requerido que seabstenha de veicular campanhas publicitárias dotadas de conteúdo pejorativo, inverídico eque atentam contra a boa imagem, o com conceito e a honra objetiva do Estado de MinasGerais, sob pena de imposição de multa diária a ser arbitrada.

A proteção contra a inviolabilidade da imagem e da honra subjetivaprevista na Constituição Federal assegura o direito à reparação dos danos materiais emorais.

No caso presente, a forma mais eficaz de reparação dos danos emquestão será a imposição ao requerido de obrigação de fazer, consistente na retrataçãoquanto aos fatos ilícitos praticados em desfavor do requerente, por meio da veiculação depublicidade, na mesma intensidade e nos mesmos veículos de imprensa, expondo osesclarecimentos pertinentes quanto aos fatos verdadeiramente ocorridos e que devem sercorreta e adequadamente informados à sociedade.

Em virtude do exposto, requer o Estado de Minas Gerais que V. Ex.a:

a) Defira o pedido de antecipação dos efeitos da tutela, determinando que o requerido seabstenha de prosseguir na veiculação da campanha publicitária atentatória contra ahonra objetiva e a imagem do Estado de Minas Gerais, sob pena de imposição demulta pecuniária, para a qual sugere o valor de R$1O.000,OO por cada exibição nasemissoras de rádio e de televisão, ou cada publicação de anúncio em jornais escritos;

b) Determine a citação do requerido, na pessoa de seu representante legal, para,querendo, apresentar contestação, sob pena de aplicação dos efeitos da revelia;

c) Ao final da marcha processual, o julgue procedente do pedido para o fim deestabelecer, em caráter definitivo, a obrigação de não fazer, tornando ~fetiva aantecipação dos efeitos da tutela, e a condenação do requerido a repar~ os danosmateriais e morais que sua conduta ilícita acarretou ao requerentej~~/7/ 8

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d) Determinar que a reparação ocorra da mesma forma e na mesma quantidade dos atosilícitos praticados pelo requerido, que deverá proceder à veiculação nos jornais,revistas, emissoras de rádio e de televisão, com comprovação nos autos, deesclarecimentos a respeito da política de concessão de benefícios fiscais e daausência de qualquer vinculação desses com campanhas eleitorais;

e) Condenar o requerido no pagamento de honorários de sucumbência e das custas edespesas processuais.

Requer provar o alegado por todos os meios em Direito admitidos,especialmente a juntada de documentos, cópias das matérias publicadas em jornais erevistas, discos (CD e DVD) contendo os áudios e as imagens das publicidades veiculadasnas emissoras de rádio e televisão.

Atribui à causa o

Robson Lucas da SilvaProcurador do Estado

OAB/MG 56.770

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