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MESTRES DA LITERATURA JOSÉ DE ALENCAR: O MÚLTIPLO QUEM DISSE QUE O FOLHETIM É COISA DO PASSADO? PROFESSORES SÔNIA BRANDÃO História GRACIA KLEIN Língua Portuguesa e Literatura

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Page 1: coisa do passado? - TV Escola · 2018-04-17 · história em quadrinhos e discuta com os alunos a constituição de um personagem-herói. peri, protagonista de “o Guarani”, surgiu

Mestres da LiteraturaJosé de aLencar: O MúltiplO

QueM disse Que O fOlhetiM é

coisa do passado?

proFessoressônia Brandão história

Gracia KLein língua portuguesa e literatura

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apresentaçãoJosé de Alencar, tema do documentário, foi o escritor que, com um projeto claro, fundou a verdadeira literatura Nacional. para cada face do Brasil recém-nascido, ele criava sua resposta literária singular. esse documentário oferece aos professores de língua portuguesa e história a oportunidade de desenvolverem a dimensão histórica da literatura, trazendo as visões po-lítica, econômica e social envolvidas durante a

criação de uma obra.

sinopse do proGraMaO século XiX testemunhou a formação literária bra-sileira. foi o período no qual escritores começaram a produzir obras que exaltavam a identidade nacio-nal e ao mesmo tempo teciam críticas ferozes aos governantes, à sociedade e aos costumes da épo-ca. entre esses escritores, um dos mais brilhantes foi José de Alencar, um intelectual e político que soube como poucos descrever, exaltar e criticar o Brasil, tornando sua obra fundamental para a lite-ratura e a história nacional. O programa “Sala de professor” reuniu convidados das áreas de língua portuguesa e história para realizarem uma ativida-de que estuda a formação nacional a partir de O

Guarani, a clássica obra de José de Alencar.

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O documentário oferece inúmeras possibilidades de trabalho para o professor de língua portuguesa desenvolver conceitos ligados a: representação literária do romantismo, produção e organiza-ção de textos literários. O vídeo retrata a vida e a obra de José de Alencar, um dos principais es-critores representantes da estética romântica. Vale ressaltar que o termo “romantismo” nomeou o mo-vimento literário e as tendências artístico-culturais que se manifestaram primeiramente na inglaterra e na Alemanha no final do século XVIII.

UM OlhAr pArA O dOcUMeNtáriO A pArtir dA LínGua portuGuesa

contrariamente ao formalismo, à racionalidade e ao universalismo do classicismo e do Neoclas-sicismo, o movimento romântico privilegiou elementos como imaginação, sonho, ideali-zação, paisagens exóticas, nacionalismo, exaltação da natureza e emotividade. No Bra-sil, o marco do romantismo é o livro de poesias “Suspiros poéticos e Saudades”, de Gonçalves de Magalhães, lançado em 1836. As principais carac-terísticas do romantismo e seus principais autores devem ser trabalhados com os alunos.

uM índio (caetano VeLoso)

Um índio descerá de uma estrela colorida brilhante de uma estrela que virá numa velocidade estonteante e pousará no coração da América nem claro instante depois de exterminada a última nação indígena e o espírito dos pássaros, das fontes, de água límpida Mais avançado que a mais avançada das mais avançadas das tecnologias Virá, impávido que nem Muhammad Ali Virá que eu vi, apaixonadamente como peri Virá que eu vi, tranquilo e infalível como Bruce lee Virá que eu vi, o axé do afoxé filhos de Gandhi Virá Um índio preservado em pleno corpo físico em todo sólido, todo gás e todo líquido em átomos, palavras, alma, cor, em gesto, em cheiro,em sombra, em luz, em som, magnífico Num ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico do objeto sim, resplandecente, descerá o índio e as coisas que eu ele dirá, fará, não sei dizer assim de um modo explícito Virá, impávido que nem Muhammad Ali Virá que eu vi, apaixonadamente como peri Virá que eu vi, tranquilo e infalível como Bruce lee Virá que eu vi, o axé do afoxé filhos de Gandhi Virá e aquilo que nesse momento se revelará aos povos Surpreenderá a todos não por ser exótico Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto quando terá sido o óbvio

História do BrasiL (LaMartine BaBo)

Quem foi que inventou o Brasil?foi seu cabral!foi seu cabral!No dia vinte e um de abrildois meses depois do carnavaldepoisceci amou periperi beijou ceciAo som...Ao som do Guarani!do Guarani ao guaranáSurgiu a feijoadae mais tarde o paraty depoisceci virou iaiáperi virou ioiôde lá...pra cá tudo mudou!passou-se o tempo da vovóQuem manda é a Severae o cavalo Mossoró

inicie a atividade tocando para os alunos a música um índio, de caetano Veloso e a marchinha História do Brasil, de lamartine Babo, se possível.

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transcreva na lousa os trechos que fazem alusão a peri e investigue se os alunos conhecem esse per-sonagem. Você pode levantar questões como essas:

Vocês já ouviram falar de peri?

Em caso afirmativo, o que sabem desse per-sonagem?

O que sabem sobre os índios no Brasil, já que o título da música de caetano Veloso é “Um Índio”?

A partir das considerações levantadas pelos alu-nos, explique que houve uma época na literatura Brasileira em que a figura do índio era comumente representada no papel de herói. esse é só um exem-plo de como podemos começar. O importante é ressaltar que o trabalho de levantamento prévio de conhecimentos é um elemento facilitador da apren-dizagem. A partir dessas discussões, passe o vídeo.

Ao finalizá-lo, repasse os trechos em que as peri-pécias de peri vão sendo desenhadas como uma história em quadrinhos e discuta com os alunos a constituição de um personagem-herói. peri, protagonista de “o Guarani”, surgiu valoroso e nobre como símbolo do nacionalismo român-tico de um novo Brasil que surgia. para além de um maniqueísmo ingênuo, peri representava um herói catalisador da identidade almejada

pelo recém-independente país. embora idealiza-do e europeizado em intenções, gestos e ações, ainda assim manteve em si as lendas e tradições dos povos indígenas. como diz Antônio cândido, “Alencar foi o único escritor brasileiro de nossa literatura a criar um mito heroico, o de peri (...). Assim como Walter Scott (N.A.: escritor românti-co inglês cuja obra principal é ivanhoé) fascinou a imaginação da europa com os seus castelos e cavaleiros, Alencar fixou um dos mais caros mo-delos da sensibilidade brasileira: o do índio ideal, elaborado por Gonçalves dias, mas lançado por ele na própria vida quotidiana”.

depois de trabalhar o romantismo e o autor José de Alencar, leia em voz alta para os alunos alguns trechos do livro. O ato de ler em voz alta para crian-ças e jovens é fundamental para a formação de leitores. Sem sombra de dúvida é uma das ações responsáveis pelo incentivo à leitura. leia, portan-to, com muito entusiasmo os trechos propostos a seguir e interprete-os com os alunos. Você pode transcrevê-los em uma transparência, na lousa, projetar para a classe ou lê-los simplesmente, sem necessidade de eles terem os textos em mãos. com as músicas o procedimento deve ser o mes-mo. Use os recursos disponíveis na escola.

trabalhe algumas características do romantismo a partir dos seguintes trechos de “O guarani”:

“De um dos cabeços da Serra dos Órgãos, des-liza um fio de água que se dirige para o norte, e engrossado com os mananciais que recebe no seu curso de dez léguas, torna-se o rio caudal. É o Paquequer, saltando de cascata em cascata, enroscando-se como uma serpente, vai depois se espreguiçar na várzea e embeber no Paraí-ba, que rola majestosamente em seu vasto leito. Dir-se-ia que, vassalo e tributário desse rei das águas, o pequeno rio, altivo e sobranceiro contra os rochedos, curva-se humildemente aos pés do suserano”. (p. 15) Descrição de paisagem como um lugar de re-fúgio, puro, intocado.

“Tua mãe não diz que um índio é um animal como um cavalo ou um cão?” (p. 35) Visão dos brancos com relação aos índios (sel-vagens).

“As lágrimas são um bálsamo que Deus deu à fraqueza da mulher, e que negou à força do homem.” (p. 71) A subserviência da mulher e seu lugar na so-ciedade bem demarcado.

“Dom Antonio não se admirava; conhecia o caráter dos nossos selvagens, tão injustamente caluniados pelos historiadores; sabia que fora da guerra e da vingança eram generosos, capazes de uma ação grande, e de um estímulo nobre.”Uma outra visão dos indígenas baseada no ca-ráter heroico de Peri.

“Assim o amor se transformava tão completa-mente nessas organizações, que apresentava três sentimentos bem distintos: um era uma lou-cura, o outro uma paixão, o último uma religião. Loredano desejava; Álvaro amava; Peri adorava.

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O aventureiro daria a vida para gozar; o cavalhei-ro arrostaria a morte para merecer um olhar; o selvagem se mataria, se preciso fosse, só para fazer Cecília sorrir.” (p. 52) Os três sentimentos provocados pela heroína do romance.

“Os dois homens olharam-se um momento em si-lêncio; ambos tinham a mesma grandeza de alma e a mesma nobreza de sentimentos; entretanto, as circunstâncias da vida haviam criado neles um contraste. Em Álvaro, a honra e um espírito de

lealdade cavalheiresca dominavam as suas ações; não havia afeição ou interesse que pudesse que-brar a linha invariável, que ele havia traçado, e era a linha do dever.Em Peri a dedicação sobrepujava tudo; viver para uma senhora, criar uma espécie de providência humana, era a sua vida; sacrificaria o mundo se preciso fosse, contanto que pudesse como o Noé dos índios, salvar uma palmeira onde abri-gar Cecília. Entretanto essas duas naturezas, uma filha da civilização, a outra filha da liber-dade selvagem.” (p. 157).

etapas

introduzir a personagem peri por meio das músicas “Um índio”, de caetano Veloso e “his-tória do Brasil”, de lamartine Babo;

discutir o levantamento prévio dos alunos e passar o vídeo;

Apresentar as questões sugeridas e registrar as respostas individualmente;

trabalhar o romantismo, José de Alencar e trechos do livro “O Guarani”.

MateriaL

projetor de imagens (ou retroprojetor);

computador (ou transparências para retroprojetor);

cadernos e lápis;

fotocópias de trechos do livro “O Guarani” ou, se possível, exemplares do livro.

Apresente também para os alunos os trechos a seguir, transcritos do livro sobre a idade Média “No tempo dos cavaleiros da távola redonda”, e ressalte a se-melhança das raízes românticas e de mentalidade.

trecHo 1

“O amante, totalmente submisso à sua dama, deve-lhe um longo e total serviço amoroso sem esperar recompensa. Deve consagrar suas for-ças a viver dessa incerteza, progredindo moral-mente em função da temperança que se impõe e dos obstáculos que enfrenta. Inversamente, essa ética só se justifica e se fundamenta pe-los méritos da dama, sempre celebrada como a mais bela e a mais nobre.” (p. 145)

trecHo 2

“As heroínas dos romances têm sempre pele clara, o rosto alongado, os cabelos louros, a boca pequena, os olhos azuis e as sobrance-lhas bem desenhadas.” (p. 147)

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UM OlhAr pArA O dOcUMeNtáriO A pArtir dA História

confesso que tenho uma relação afetiva com a obra de José de Alencar. Aprendi a gostar de his-tória pelas mãos de um professor de literatura que preparou nossa turma para um jogral com o pri-meiro capítulo de “iracema”. foi uma experiência inesquecível. A cadência, a sonoridade, o colorido de um Brasil que nascia do encontro de duas cultu-ras: “verdes mares bravios de minha terra natal...”.

daí minha responsabilidade aumenta. tenho que fazer jus ao velho Alencar. por isso, pensei em aproveitar o primeiro momento deste trabalho (aberto com “Um Índio”, de caetano Veloso) para recolocar o autor em seu tempo.

O exercício de contextualização de um determinado personagem ou sua obra não deve ser entendido aqui como um mero pretexto de introdução da li-teratura. pelo contrário, é a sua essência. José de Alencar é um homem de seu tempo, ou seja, recebe influências e dialoga com o século XIX, tempo que vai determinar as grandes matrizes de pensamento dos períodos seguintes. Nesse contexto, o professor poderá desenvolver conteúdos da história registra-dos em obras literárias que abordam os sistemas totalitários na Europa do século XX e os conflitos entre europeus e indígenas na américa colonial.

durante o século XX, a europa, sob a ocupação napoleônica, assistiu à consolidação de um forte nacionalismo, instrumento de unidade frente às tropas inimigas e forjador de uma identidade que, é claro, foi registrada de diversas formas na literatura.

A América latina do mesmo período participou de outro processo na contramão dos interesses europeus. Geralmente comandado por setores das elites coloniais, guerras e acordos marcaram o processo que levou à independência da região.

As recém-criadas nações latino-americanas ti-veram que buscar referências para construir seu

ideário, e o primeiro passo era a criação de seu mito fundador. Tínhamos que inventar o Brasil. O nacionalismo do século XIX cumpriu essa função, e o Romantismo foi sua tradução maior – quer nas Artes Plásticas, Música ou Literatura.

É interessante lembrar que José de Alencar (1829 – 1877) também conviveu com outras matrizes de pensamento empurradas pelos avanços da Revolução Industrial. O Racionalismo, o Cien-tificismo e o Positivismo se misturavam na segunda metade do século XIX e também iriam aparecer nas novas vertentes do Naturalismo e Realismo. Observemos alguns dados:

“O Brasil tinha, por volta de 1822, cerca de 3 milhões de habitantes. Mais gente do que em Portugal ou nos Estados Unidos, metade dos habitantes da Inglaterra, e um sexto da popu-lação da França, a nação mais populosa da Europa. Mas os brasileiros tinham traços pe-culiares. Um terço deles era constituído de es-cravos e um quarto, de índios. Do restante, os poucos vistos como cidadãos, a maioria era de mulatos, mamelucos ou cafuzos. Além disso, havia os portugueses, cujo destino era incerto, pois podiam optar pela cidadania portuguesa.” Fonte: Caldeira, 1997- p.154.

Ao exercitar esta invenção do Brasil, Alencar – a partir da realidade descrita acima - vai resgatar nosso mito fundador: era o índio o primeiro repre-sentante da índole nacional, e a pureza de caráter junto à perseverante relação com a natureza exu-berante e brava formavam o primeiro elemento de construção de nossa alma.

É claro que o autor só poderia falar de um índio idealizado, que pudesse de fato representar aquilo que sua geração definia como brasilidade. Fisicamente semelhante ao europeu, de caráter

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altivo como os “conquistadores” do continente, que estavam sempre prontos para serem assimi-lados, porque era natural do processo evolutivo. A geração de Alencar procurava um “espelho”. Se ele não estava pronto, era preciso inventá-lo.

descrever o índio e a natureza, por vezes fundir um ao outro e aproximá-lo do ideal de supremacia branca eram características que não foram ex-

1. “caçador Índio” – 1641, de Albert eckhout (à esquerda). 2. “Índia” – 1917, de Anita Malfatti (ao centro). 3. “Moema” – 1866, de Vitor Meirelles (à direita).

podemos levantar, a partir da observação e da comparação entre as imagens, várias questões:

como o índio é descrito nas três imagens?Qual é a sua relação com os outros elementos pictóricos, principalmente com a representação da natureza?

Que pontos comuns encontramos entre as imagens?

Que contextos geraram visões tão diferentes?

por que o índio ocupa a trama central nas três representações?

por último, e se ainda houver tempo, poderíamos acrescentar à discussão o diálogo com a fotografia. Nascida no século XiX e trazida para o Brasil pelas mãos de d. pedro ii, esta nova forma de registro vai ter um impacto enorme nas Artes e na literatura. Vejamos, por exemplo, as imagens que o fotógrafo Marc ferrez registrou tendo como preocupação a tipificação do índio. Não há idealização, é certo, mas há o olhar que disseca e compila. Aqui não é o ro-mântico quem fala, é o cientista dos novos tempos.

clusivas da obra de José de Alencar, nem de seu tempo específico. As mesmas questões já haviam aparecido na produção de observadores estran-geiros, exploradores ou viajantes do século XVii. e ainda iria aparecer nos modernistas preocupados em construir um “verdadeiro Brasil”.

para dialogar com Alencar, proponha aos alunos um trabalho de observação das seguintes imagens:

Marc ferrez – Botocudo (1876)

podemos perceber que todas essas imagens são construções intencionais limitadas pelo seu tempo.

Por fim, é importante ressaltar que nosso trabalho contempla as competências da Matriz de referên-cia para o eNeM 2011 - área 1, interpretar fontes documentais (h1); área 2, interpretar diferentes re-presentações e área 3, compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas e analisar os movimentos sociais (h13).

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MateriaL

projetor de imagens (ou retroprojetor);

computador (ou transparências para retroprojetor).

UMA cONVerSA eNtre AS discipLinas

etapas

introduzir a discussão sobre o século XiX, o contexto do romantismo na europa e no Brasil;

Apresentar as imagens;

Apresentar as questões sugeridas e registrar as respostas individualmente.

Nossa proposta interdisciplinar implica a inter-calação das atividades sugeridas anteriormente para língua portuguesa e história. Os professores devem trabalhar conjuntamente todo o tempo, or-ganizando suas aulas como uma costura dos temas tratados. O ideal é que o projeto seja feito pelos dois professores e, se possível, estando juntos em todas as aulas, de acordo com o horário da escola.

Abaixo, detalhamos as etapas com as atividades já propostas, que devem ser finalizadas com o projeto de produção de um folhetim ou uma narra-tiva romântica elaborada e lida por partes. lembre

VeJa Mais

A modernidade chega a vapor: parte i. disponível em: <portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnica.html?id=9802>.

A modernidade chega a vapor: parte ii. disponível em: <portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnica.html?id=9804>.

sempre aos alunos que Alencar é autor de uma das representações do Brasil. para entendê-lo, precisamos buscar o seu tempo. Ao buscá-lo, por sua vez, também nos encontramos com o papel que exerceram os jornais como veículos de trans-missão e formação de ideias. foi por meio deles que nasceram os folhetins e sua peculiar estrutura, que introduz uma trama e é dividida em capítulos, sempre deixando um gancho para o seguinte e instigando a cumplicidade do leitor.

Sugerimos o desenvolvimento da atividade nas seguintes etapas:

1ª etapa

Língua portuguesa: trabalhar as músicas “Um índio” e “história do Brasil” e passar o vídeo, ressal-tando a obra “O Guarani”, o heroísmo de peri e a importância do escritor romântico José de Alencar.

História: Situar José de Alencar em seu tempo.

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2ª etapa

Língua portuguesa: transcrever trechos do livro “O Guarani” e ler com os alunos, ressaltando as representações do amor romântico, a natureza paradisíaca do Brasil, as representações do índio e mestiçagem, etc.

História: Mostrar aos alunos as representações do índio nas telas de eckhout, Vitor Meirelles e Anita Malfatti.

3ª etapa

Língua portuguesa: Os romances do século XiX eram publicados nos jornais por meio de folhetins. Além dos romances, José de Alencar também era cronista. ler um trecho da crônica da máquina de costura, disponível em: <www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_lit/index.cfm?fuseaction=-biografias_obras_selecionadas&cd_verbete=5200&cd_item=777&cd_texto=2>

História: A revolução industrial.

4ª etapa

Língua portuguesa: propor aos alunos que, em grupos, elaborem uma narrativa com características ro-mânticas que retrate o século XiX. ela será divulgada em folhetins, por meio da leitura oral, compartilhada coletivamente. partindo do estudo do romance romântico “O Guarani”, ressalte com os alunos os elemen-tos da narrativa: os personagens, o tempo, os conflitos, o espaço ou espaços, o enredo (o trabalho com o romance e o romantismo, mostrando algumas de suas características marcantes, já deve ter acontecido).

Nesse momento, inicie uma discussão sobre as novelas brasileiras. com certeza a maioria dos alunos tem contato com elas. discuta com eles o motivo pelos quais elas nos fascinam tanto. Mos-tre a eles que a origem disso é antiga, tendo início com os folhetins nos jornais, seguidos por foto-novelas, radionovelas e telenovelas. A estrutura temática e formal da novela está diretamente ligada ao estilo romântico.

Bem discutidos os assuntos, proponha uma divisão em cinco grupos por classe. esse projeto levará, no mínimo, um bimestre, pois a construção da história será coletiva.

História: Um primeiro grupo define as personagens, o enredo, o espaço, o tempo (século XIX), com o pano de fundo dos estudos feitos com o professor de história, e escreve o início da narrativa. O tema do amor impossível, ou seja, o amor que passa por muitas barreiras para ser concretizado, era muito usado pelos românticos e é encontrado nas novelas atuais. Se forem quatro grupos, estabeleça o pra-zo de quinze dias para cada um. Quando estiver pronto, o grupo lerá seu texto para a classe, devendo parar no clímax da história. O próximo grupo deve continuar a história a partir desse ponto. O último grupo deve se preparar para criar um final para o enredo.

Ao fim do projeto a narrativa estará finalizada. propomos que os professores de história e língua portuguesa realizem orientações individuais aos alunos, indicando melhorias para a evolução da atividade participativa de cada um. Se possível, solicite aos alunos a produção de ilustrações para

a narrativa, dessa forma cada turma produzirá um livro. Os professores podem ainda sugerir a orga-nização de um sarau com todas as classes que participaram. Nele, todas as histórias serão lidas publicamente, e, se possível, publicadas.

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suGestÕes de leitUrA e OUtrOS recUrSOS

coleção Brasiliana/fundação estudar. Apresentação Marcelo M. Araujo; curadoria e textos carlos Martins, Valéria piccoli; pedro Alvim. São paulo: pinacoteca do estado, 2010.

revista projeto história. nacionalismo, internacionalismo e ideologias. departamento de pós-Graduação de história e depar-tamento de história da pUc. São paulo: edUc, 2008.

AleNcAr, J. o Guarani. São paulo: ática, 1997.

AleNcAStrO, l. f.; NOVAiS, f. A. (Orgs.) História da Vida privada no Brasil, vol.2. São paulo: companhia das letras, 1998.

AleNcAr, J. a Hollywood Brasileira: panorama da telenovela no Brasil. rio de Janeiro: SeNAc, 2002.

cAldeirA, J. et al. Viagem pela História do Brasil. São paulo: companhia das letras, 1997.

cÂNdidO, A. Formação da Literatura Brasileira. Vol. 2 (1836-1880). Belo horizonte: editora itatiaia, 1993.

cOUtiNhO, A.; SOUSA, J. G. enciclopédia de Literatura Brasileira, vols. i e ii. São paulo: Global editora, 2001.

cUNhA, M. c. História dos índios no Brasil. São paulo: companhia das letras, 1998.

feNelON, d. r. 50 textos de História do Brasil. São paulo: hucitec, 1974.

cOleÇÃO cadernos da tV escola. índios no Brasil. vols. 1,2 e 3. Ministério da educação: Secretaria de educação a distância, 1999.

liMA, A. c.; chiOVAttO, M. M. (coords). Guia de Visitação da exposição arte no Brasil: uma História na pinacoteca de são paulo. São paulo: pinacoteca do estado de São paulo, 2011.

MOiSeS, M. História da Literatura Brasileira. romantismo. São paulo: cultrix, 1985.

pereirA, p. r (Org.) Brasiliana da Biblioteca nacional: Guia das Fontes sobre o Brasil. rio de Janeiro: Nova fronteira, 2001.

KUpStAS, M. identidade nacional em debate. São paulo: Moderna, 1997.

rOdriGUeS, A. José de alencar: o poeta armado do século XiX. rio de Janeiro: fGV, 2001. (coleção “Os que fazem a história”).

ScOtt, W. ivanhoé. tradução de Brenno Silveira. rio de Janeiro: ediouro, sem data.

LiVros e reVistas

Música

GOMeS, carlos. O Guarani. São paulo: folha de São paulo, 2011. coleção Grandes Óperas vol. 07.

VelOSO, c. Um Índio. intérprete: caetano Veloso. in: cAetANO VelOSO. Bicho. philips, 1977. faixa 5.

história do Brasil – Marcha de carnaval – lamartine Babo.

FiLMes e docuMentários

cArlOtA Joaquina princesa do Brasil. direção. carla camurati. produção: carla camurati e Bianca de felippes. europa filmes, 1994. 1 dVd (101 min.).

iVANhOé. direção: richard thorpe. produção: panro S. Berman. New line home Video. 1952. 1 dVd (106 min.).

O GUArANi. direção: Norma Bengell. produção: NB produções. Mundial, 1996. 1 dVd (91 min.).

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Um documentário da tV escola. Um ponto de partida para grandes trabalhos com os alunos. Assim é o Sala de pofessor. O progra-ma incentiva os professores de ensino Médio a desenvolverem projetos que mudem a roti-na em sala de aula. em cada programa, dois professores convidados criam um projeto a partir de documentários exibidos na tV es-cola. São sempre propostas e experimentos inovadores, que podem ser reaplicados em qualquer escola do país.

Os trabalhos apresentados são detalhados em dicas pedagógicas como essa e ficam disponíveis no site da tV escola. Os profes-sores também podem usar as artes criadas para o programa: são animações, tabelas, mapas e infográficos que tornam os con-teúdos mais visuais e interativos. As dicas pedagógicas e as computações gráficas fo-ram transformadas em fascículos interativos para tablets. e o professor também pode navegar pelo material extra do programa no blog do Sala. para ter acesso a esses pro-dutos, acesse o site tvescola.mec.gov.br ou curta a fan page da tV escola no facebook.

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