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COISA CONJULGADA PARTE II

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LIMITES OBJETIVOS: O que na sentença adquire a autoridade de coisa

julgada? Art. 503 do CPC – Ler/ ou seja, PEDIDO E CAUSA DE PEDIR, E

QUESTÕES DECIDAS NO PROCESSO DESDE QUE CONSTEM NO

DISPOSITIVO. – ART. 504 DO CPC.

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No antigo art. 469 do CPC- Não fazem coisa julgada:

I - os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte

dispositiva da sentença;

II- a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença;

III – a apreciação de questão prejudicial, decidida incidentalmente no processo. As

duas primeiras ocorrera repetição no CPC atual e retirado o inciso III, no

correspondente artigo 503.

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QUESTÃO PREJUDICIAL pode fazer cj desde que a parte tenha requerido

na forma dos arts. 5º e 325 do CPC, o juiz for competente em razão da

matéria e constituir pressuposto necessário para o julgamento da lide – CPC

antigo, atualmente a questão prejudicial é vista de outra forma ( art. 503,

parágrafo primeiro ), assim, a coisa julgada abrangerá não apenas a

solução da questão principal como, também, automaticamente a da

questão prejudicial interna, desde que enfretamento dependa a

resolução do mérito, tenha sido respeitado o contraditório prévio e o

juízo tenha competência em razão da matéria e da pessoa para apreciar

o tema. OU seja, o magistrado está decidindo além dos limites

provocados incialmente. Pode ocorrer insegurança jurídica, devido a

matérias discutidas não poderem ser revistas. ( INSS – pensão por

morte e união estável – em juízo em vara única - recurso, JustiçaEstadual e Justiça Federal).

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LIVRO FREDIE DIDIER

A questão prejudicial pode ser interna , quando surge no mesmo processo em

que está subordinada, ou externa, quando está sendo discutida em outro

processo. A coisa julgada estende-se à solução da questão prejudicial

incidental que tenha sido expressamente decidida na fundamentação da

sentença- art. 503, parágrafo primeiro. A coisa julgada abrangerá , nesse caso,

a resolução de questão que não compunha o objeto litigioso do processo.

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EX: relação de filiação em ação de alimentos; é a relação contratual, em uma

cobrança de contrato, é a relação de união estável com pensão com morte; é a

autenticidade/ falsidade da escritura púbica, em uma ação de invalidação de registro

imobiliário. Questão prejudicial, aqui, é uma questão que poderia se objeto de uma

ação declaratória. Trata-se de uma opção legítima do legislador, com nítido propósito

de estabilizar a discussão em torno de uma questão que tenha sido debatida com

contraditório, ainda que não seja questão principal. A doutrina já queria romper o

dogma que a coisa julgada somente poderia recair em objeto litigioso. Essa extensão

não depende da vontade da parte, se dá automaticamente por determinação legal.

Cabe ao recorrente impugnar a resolução da questão prejudicial incidental sob pena de

preclusão.

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IMPEDIMENTOS À EXTENSÃO DA COISA JULGADA À RESOLUÇÃO DA

QUESTÃO PREJUDICIAL

Os obstáculos são – art. 503, parágrafo primeiro e segundo do CPC.

Objeção de impertinência - a coisa julgada não se estenderá à resolução de questão

prejudicial que não depender o julgamento do mérito, ou seja, FUNDAMENTODETERMINANTE DO RESULTADO DO JULGAMENTO.

Objeção de ausência de contraditório - pressupõe o contraditório prévio e efetivo

sobre a questão prejudicial – paridade de armas. Assim, não há extensão de coisa

julgada de questão prejudicial que for trazida ex officio pelo julgador ou em casos de

revelia, exatamente pela falta do contraditório.

EX: a constitucionalidade de uma lei pode ser suscitada como questão incidental de

qualquer sujeito, no controle difuso, mas apenas aqueles previstos no art. 103 da CR,

pode discuti-la em controle concentrado. Neste caso não há extensão da coisa julgada a

essa prejudicial, em razão da ausência do contraditório efetivo, que pressupõe a

provocação e participação dos legitimados.

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Objeção de incompetência - pressupõe que o juiz tenha competência para resolver a

questão incidente como a questão principal. EX: a questão do controle difuso indicada

acima, e tb. Demanda na esfera federal cuja prejudicial é uma relação de família, a

resolução da questão incidental de família, não se estenderá a coisa julga em razão da

incompetência material do juiz federal.

Objeção de consignação insuficiente - se no processo ocorrer limitações probatórias

à cognição que impeça ou dificultam o aprofundamento da questão prejudicial. EX:

mandado de segurança, processos de inventário e partilha).

Objeção de ausência de remessa obrigatória – decisões proferidas em face da

Fazenda, não produzirá efeitos, enquanto não submetida ao Tribunal – remessa

necessária – art. 496 do CPC. OU seja, por esse motivo o não envio da remessa

necessária em face do ente público impede a extensão da coisa julgada a questão

prejudicial. Muitos doutrinadores entende cabível inclusive em decisão interlocutória. Oart. 503, parágrafo primeiro ficou silente quanto a tal questão.

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ALEGAÇÕES DAS OBJEÇÕES À EXTENSÃO DA COISA JULGADA ÀPREJUDICIAL INCIDENTAL

A) O sujeito propõe demanda, ignorando a resolução da questão prejudicial

incidental havia em processo anterior, nesse caso, caberá o réu alegar

coisa julgada ao replicar a contestação, o autor poderá objetar a alegação

da coisa julgada, afirmando um dos fatos que impedem a extensão da

coisa julgada da prejudicial;

B) O sujeito propõe uma demanda, valendo-se do efeito positivo da coisa

julgada relativa á prejudicial incidental, o réu em defesa, objeta, alegando

um dos fatos que impedem a extensão da coisa julgada à prejudicial

incidental.

Nas duas hipóteses, não se busca a desfazer a coisa julgada relativa à

prejudicial incidental, e sim, demonstrar, que a coisa julgada sequer existe,nem se formou diante das objeções ocorridas.

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INSTRUMENTO DE CONTROLE DA COISA JULGADA DA PREJUCIAL

INCIDENTAL – ação rescisória.

QUESTÃO PREJUDICIAL PRINCIPAL

Nem toda questão prejudicial é incidental. Há questão prejudicial que é também,

principal. Quando há cumulação e pedidos – ação de investigação de paternidade

com alimentos – a questão da paternidade é prejudicial e principal. – Assim, se

submete ao regime jurídico comum.

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REGIME ANTERIOR - a questão prejudicial seria resolvida incidenter tantum, não

ficaria acobertada pela coisa julgada, exceto se proposta ação declaratória incidental,

assim, a prejudicial mudava de fundamento e passava ser objeto da decisão do

magistrado.

Sucede que a ação declaratória ainda permanece - no caso de

falsidade de documento – art. 430 – parágrafo único do CPC. E reconvenção

proposta pelo Réu que suscite uma questão prejudicial incidental controvertida,

nesse caso a prejudicial torna-se principal.

DIREITO TRANSITÓRIO - O regime jurídico da coisa julgada , relativo à prejudiciais

incidentais só se aplica- se aos processos iniciados após a vigência do CPC – 2015.

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QUESTÕES CUJA RESOLUÇÃO NÃO SE TORNA INDISCUTÍVEL

PELA COISA JULGADA

A motivação da decisão nãos se torna indiscutível pela coisa julgada.

Nem a solução das questões de direito, nem o exame da prova. ART.

504 DO CPC. Isso quer dizer que outro órgão julgador pode dar às

mesmas questões de direito outra interpretação ou pode ter outro

convencimento acerca dos fatos

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Há, porém, algumas considerações:

A) Verdade dos fatos estabelecidos na sentença - a sentença servirá de

fonte de prova de que aqueles fatos ocorreram. A sentença será umindício.

B) Motivos determinantes de uma decisão – elemento normativo de um

precedente. Ou seja, um caso em concreto passa a ser modelo parajulgamento de casos futuros e semelhantes.

C) Os motivos, questões de direito e de fato vinculam o ASSISTENTE

SIMPLES - eficácia interventiva - art. 123 do CPC. O assistente

simples não poderá discutir, em outro processo, a motivação da decisão

proferida no processo que interveio – ressalvadas as exceções previstas

nos incisos I e II do art. 123 do CPC. Isso significa que da motivação podedecorrer uma eficácia preclusiva distinta da coisa julgada.

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COISA JULGADA PARCIAL. AÇÃO RESCISÓRIA CONTRA COISAJULGADA PARCIAL

O CPC admite a prolação de decisões parciais, que são as que

dizem respeito a apenas parcela do objeto litigioso. Há previsão expressa de

julgamento antecipada parcial do mérito ( art. 356 do CPC), de homologação de

autocomposição parcial e de reconhecimento de decadência ou prescrição de

um dos pedidos cumulados (art. 354, parágrafo único do CPC). O CPC permite

também a delimitação voluntária de recurso. O recurso pode direcionar-se

contra apenas parte da decisão. Admite-se o recurso parcial ( art. 1002, CPC).

A parte final do parágrafo primeiro do art. 1013 é bem clara: “ Serão, porém ,

objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões

suscitadas e discutidas no processo, ainda que não tenham sidos

solucionadas, desde que relativa ao capítulo impugnado”.

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Há então, há possibilidade de serem proferidas, ao longo do processo, várias

decisões que possuem aptidão para tornar indiscutíveis pela coisa julgada.

Questão:

a) para cada coisa julgada começa a fluir um prazo de ação rescisória;

b) haveria um único prazo de ação rescisória, para todas as coisa julgadas,

contando do último transito em julgado. Ao tempo do CPC/73- o STJ,

encampou o segundo entendimento, que restou consagrando no enunciado n.

401. Todavia, essa decisão fora muito criticada, posto que se há coisa julgada

com aptidão para autorizar execução definitiva, impedir a ação rescisória é

grave ofensa ao acesso à Justiça. Para cada coisa julgada, um prazo paraação rescisória

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O TST, sempre caminhou neste sentido súmula 100.

Importante destacar que como os prazos são distintos para cada

capítulo de sentença, em caso de inércia da execução ocorrerá a

prescrição intercorrente.

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COISA JULGADA E OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIA

ART. 274 CC- O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os

demais, mas o julgamento favorável aproveita-lhes, sem prejuízo da exceção pessoal

que o devedor tenha direito de invocar em relação a qualquer deles”. A regra, com se

vê, permite a extensão da coisa julgada favorável ao credor que não havia demandado

a obrigação solidária e veda a extensão da coisa julgada desfavorável. Mas a regra

protege o devedor, que poderá arguir, contra os demais credores, eventuais exceções

pessoais que tenha contra qualquer deles.

SENTENÇA DETERMINATIVA/ CONTINUATIVA

O art. 505 do CPC- A coisa julgada será revista q nos casos que versem sobre

relação jurídica de trato continuado, havendo fato superveniente que justifique essa

revisão, e nos demais casos previsto em lei. Não há propriamente a revisão da coisa

julgada e sim, um fato novo a modificar uma decisão já deferida. De regra, não cabe

sentença futura, aquelas que regram situações ainda não consumadas (futura),

haveria falta de interesse de agir de tal situação não concretizada.

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Primeiro precisamos revisar os conceitos de relação jurídica instantânea – aquela que

decorre do fato gerador que se esgota em um único momento, sem continuidade no

tempo, ex: danos materiais emergentes causados em razão de ilícito.

Relação jurídica permanente - nasce de um suporte fático que se prolonga no tempo

Tb conhecida como relação continuativa - prestações alimentícias, de família, locatícia,

ou seja, envolvem prestações periódicas.

Relação jurídica sucessiva- nascidas de fato gerador instantâneos homogêneos, que

por sua reiteração recebem tratamento jurídico conjunto. Ex: exemplos no direitotributário, direito do trabalho.

Assim, as relações jurídicas permanentes e sucessivas contém a cláusula rebus sic

stantibus, ou seja, art. 505, I, do CPC.

E as questões com base na relação jurídica CONTINUATIVA? CPC art. 505 –

RELAÇOES ALIMENTÍCIAS/ ad insalubridade/ ação revisional – art. 872 CLT – -

SENTENÇAS DETERMINATIVAS OU DISPOSITIVAS – são relações provisórios, rebus

sic stantibus, podem ser objeto de revisão.

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MATÉRIA CONTROVERTIDA? OCORRE A COISA JULGADA MATERIAL?

Tais demandas tem no seu bojo a cláusula rebus sic stantibus ( Teoria da imprevisão) –

POSSIBILIDADE DE MUDANÇA COM ALTERAÇÃO NO COTIDIANO.

Para uma primeira corrente clássica - não faz, todavia Alexandre CÂmara entende

que faz, pois embora as partes sejam as mesmas terá alteração da CAUSA DE PEDIR

(MUDANÇA DA NECESSIDADEX POSSIBILIDADE, MUDANÇA DO LOCAL DE

TRABALHO E FORNECIMENTO DE EPI). Para Wagner Giglio tais não transitam em

julgado. Denominada AÇÃO DE REVISÃO OU AÇÃO DE MODIFICAÇÃO – ou seja,

ocorrera alteração da causa de pedir, no meu ponto de vista. _ Sempre com efeito ex

nunc. A sentença proferida não modificará a anterior, ou seja, a coisa julgada sempre

operará.

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INSTRUMENTOS DE CONTROLE DE COISA JULGADA

A) Ação Rescisória - ação autônoma de impugnação- art. 966 do CPC. – visa a

desconstituir a coisa julgada. – prazo decadencial de dois anos.

B) Ação de querela nulitatis - maculada por vícios de nulidade - caso clássico

nulidade de citação em sentença de revelia. – sem prazo prescricional.

C) Impugnação com base em erro material ( art. 494, I, do CPC)

D) Revisão de sentença inconstitucional ( art. 525 e 535 doCPC)

E) Cogita-se , ainda, a possibilidade de reforma da coisa julgada por denuncia de

violação à Convenção Americana de Direitos Humanos formulados pela Corte

Interamericana de Direitos Humanos – mas escapa deste capítulo.

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COISA JULGADA INCONSTITUCIONAL

Verifica-se a coisa julgada quando se repetir ação idêntica a que já foi decidida

por sentença que não caiba mais recursos ( parágrafo 3º, art. 337, do CPC). Por sua

vez, uma ação é idêntica à outra quando tem as mesmas partes, a mesma causa de

pedir e o mesmo pedido ( § 2º, do art. 337, do CPC).

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I) Inviável o reconhecimento - diante da segurança jurídica – preto no branco,

quadrado em redondo.

II) Diante do parâmetro JUSTIÇA, POR VIA DE EXCEÇÃO, inclusive é o que ocorre

no art. 884, § 5º da CLT e 535, parágrafo quinto do CPC, retirou no processo civil a

expressão “ dependendo do entendimento do julgador e sim, quando o STF declarar

inconstitucional, com efeitos ex tunc e não ex nunc. E ainda, a visão de imutabilidade

está ultrapassada se levado em consideração os atos do executivo ( autotutela),

legislativo ( declaração de inconstitucionalidade – ato típico feitura da lei) e judiciário.

Por que o Judiciário teria tal manto de intocabilidade. DA COISA JULGADA

INCONSTITUCIONAL

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“ Crescer significa mudar e mudar envolve riscos, uma passagem do conhecido

para o desconhecido” – Autor Desconhecido

O tema coisa julgada é altamente controvertido até os dias atuais seja pelas suas

nuances de coisa julgada formal ou material e seus limites objetivos e subjetivos e

também pela teoria denominada da Coisa Julgada Inconstitucional também conhecida

como Teoria da Relativização da Coisa Julgada. Todavia, não tenho a pretensão de

esgotar o assunto apenas uma singela contribuição.

Ocorre o fenômeno da coisa julgada, na forma do art. 301, § 3º do CPC, quando

há tríplice identidade de partes, pedidos e causa de pedir com ação devidamente

julgada, sendo subdividida em coisa julgada formal (preclusão impeditiva de

impugnação) e coisa julgada material (qualidade ou efeito de imutabilidade da

sentença). O objetivo primordial é a segurança jurídica e a pacificação dos conflitos só

podendo ser impugnada através da ação rescisória, dentro do prazo decadencial de 02

(dois) anos após o trânsito em julgado.

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Assim, para doutrina clássica com o escoamento do prazo de dois anos

após o trânsito em julgado, a decisão torna-se soberanamente julgada não

sendo passível de qualquer discussão independente da justiça ou não da

decisão. E tal imutabilidade tem assento constitucional, de acordo com o art. 5º,

XXXVI da CRFB/88. Sendo popularmente conhecidas as expressões quanto à

coisa julgada material: “ que o quadrado torna-se redondo e o preto no branco

dentre outras”.

Por outro lado, outra corrente começou a se formar no sentido da existência

da coisa julgada inconstitucional inclusive com disciplinamento legal, basta a

verificação dos seguintes artigos: antigo art. 741, parágrafo único, do CPC e art.

884, § 5º, da CLT .

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O art. 884, § 5º da CLT, tem a seguinte redação:

“ Considera-se inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo

declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal ou em aplicação ou

interpretação tidas por incompatíveis com a Constituição Federal”.

Art. 741, parágrafo único do CPC:

“ Para efeito do disposto no inciso II deste artigo, considera-se também

inexigível o título fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais

pelo Supremo Tribunal Federal ou em aplicação ou interpretação tidas por

incompatíveis com a Constituição Federal.”

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A parte final (aplicação ou interpretação tidas por incompatíveis com

a Constituição Federal) é rechaçada por muitos doutrinadores devido o

alto grau de subjetividade do julgador, posição capitaneada pelo

professor José Augusto Rodrigues Pinto em seu Manual de Execução e

a bom tempo o legislador modificou a redação no processo civil para

extirpar a parte final, considerado assim, tal redação mais compatível

com o devido processo legal.

A medida para atacar tal decisão é a exceção de pré-executividade

em fase de execução e a ação de querella nulittattis, nas demais fases.

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Ressalto que a teoria da Coisa Julgada Inconstitucional só pode ser

aplicada quando a sentença a ser atacada tenha como único fundamento a lei

que fora declarada inconstitucional, ou seja, se a lei for considerada

inconstitucional perde a sua validade/eficácia, por via de conseqüência atingirá

também a decisão que terá esvaziada os seus fundamentos. Daí ser uma via

excepcional, sob pena de ser instaurada verdadeira arbitrariedade e

desvirtuamento do instituto.

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As correntes quanto à aplicação ou não da Coisa Julgada Inconstitucional se

controvertem causando uma colisão aparente de princípios, pois de um lado temos o

princípio da Segurança Jurídica e de outro o Princípio da Justiça da decisão com a

adequação ao texto legal, que devem ser solucionado à luz dos princípios da

razoabilidade/proporcionalidade, máxima efetividade da norma constitucional com a

mínima restrição de direitos embasados na visão constitucional. E, ainda, quando

pensamos na Separação dos Poderes, temos o Poder Legislativo, que na sua forma

típica elabora a lei, que a qualquer tempo pode ser revogada ou declarada a sua

inconstitucionalidade, temos o Poder Executivo que efetua o ato administrativo que

pode ser revisto inclusive através do princípio da Autotutela pela própria

Administração Pública, porque o ato típico do Poder Judiciário a denominada “coisa

julgada” teria que ser intocável com o manto da imutabilidade “cega”.

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Verificamos no processo civil a coisa julgada inconstitucional, quando em época

anterior a paternidade era reconhecida ou negada por mera presunção diante da

inexistência do difundido exame de DNA, assim, atualmente há possibilidade do

desfazimento de tal coisa julgada.

No processo do trabalho poderíamos mencionar embora polêmico as sentenças

que consideravam a aposentadoria espontânea como extinção do contrato de

trabalho e através das ADIN 1721 e 1770, com efeito erga omnes e ex tunc,

consideraram que nesses casos há continuidade do vínculo de emprego para efeito

de recebimento da indenização compensatória de 40% sobre FGTS, embora esta

não seja a posição do C. TST, por entender inviável o instituto em tela. Assim,

acreditamos na possibilidade da aplicação da coisa julgada inconstitucional desde

que de forma excepcional.

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Monique da Silva Caldeira Kozlowski de Paula – Juíza do Trabalho Substituta do

Trabalho da 1ª Região.

REFERÊNCIA DE BIBLIOGRAFIAS

Lições de Direito processual Civil, Alexandre Freitas Câmara, 3ª ed. 1999,

Lumen Juris, RJ

Curso de Direito Processual Civil, Humberto Theodoro Jr, 17ª ed., 1997,

Forense.

Texto “ Coisa Julgada Inconstitucional” – Marcelo Moura

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E nunca a atípica.

AUTONOMIA DA COISA JULGADA

Alcance da coisa julgada formada no processo civil e penal e sua

repercussão no processo do trabalho. A responsabilidade civil é independente da

criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem

seja o seu autor quando estas questões se acharem, decididas no JuízoCriminal.

Ex: existência de justa causa: improbidade – art. 482 , a, CLT.

O juiz será obrigado a suspender o processo e aguardar o desfecho do

processo criminal?

1ª – faculdade – comprovação do crime – rígida porque está em jogo a liberdade, falta

trabalhista e menos rígida porque o risco é manifestação. 2- deve suspender decisõesconflitantes.

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AÇÃO CIVIL PÚBLICA

CONCEITO ( vários conceitos) é o meio constitucionalmente assegurado ao MP, ao

Estado ou outros entes coletivos autorizados por lei pra promover a defesa judicial dos

interesses metaindividuais.

Legitimiados – art. 129 da CR e LACP art. 5º e art. 82 do CDC, listagem numerus

clausulus, embora de forma concorrente, já os legitimados passivos qualquer pessoa

física ou jurídica, de ente público ou provado. MPT – legitimado autônomo ( direito

difuso e coletivo) e substituto processual – individual homogêneo – questões

controvertidas TST e STF e sindicato posição atual legitimação ampla com pertinência

temática.

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CABIMENTO NA JUSTIÇA DO TRABALHO - ART. 83, III, DA LC 75/93 – matéria

nele ventilada tenha conteúdo trabalhista – art. 114 da CRFB, competência decorre

da conjugação do art. 114, I e IX da CR e do art. 83, III, da LOMPU.

OJ 130 da SDI – 2, do CTST dano for de âmbito local – Vara do Trabalho, regional

uma das Varas da capital e por fim, supra regional ou nacional _ uma das Varas do

Distrito Federal

Exemplos na Justiça do Trabalho – adicional de insalubridade, participação nos

lucros. ACP – comum questão da ausência de concurso público na esfera pública e

direito de greve.