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1 Ao Conselho Federal de Enfermagem COFEN CC Câmara Técnica de Legislação e Normas - CTLN Ref. Posicionamento da Associação Brasileira de Enfermagem em Dermatologia SOBENDE, sobre Atuação do Enfermeiro em estética Introdução e Justificativas Constata-se, a cada dia, o crescimento da demanda por procedimentos denominados como “estéticos”, os quais foram originalmente introduzidos e realizados por médicos com especialização em Cirurgia Plástica, Dermatologia e Cirurgia Dermatológica e mais recentemente, pela área da Medicina que se convencionou chamar de “Medicina estética”, especialidade ainda não reconhecida pelos órgãos de classe da Medicina, como o Conselho Federal de Medicina ( Di Maio, 2014) Tais procedimentos continuam a aumentar em popularidade, verificando-se o crescimento em sua busca, pela veiculação midiática de seus “resultados”, somado aos novos anseios das pessoas em relação ao seu corpo e sua imagem, como demonstram os estudos de mercado neste segmento do que se convencionou chamar mercado da beleza” ( ABIFARMA, 2015) Com isto, é crescente o número de “profissionais não médicos” que vem se inserindo neste contexto, buscando encontrar nichos de atuação e oferta de serviços das mais variadas naturezas frente ás novas necessidades de saúde. Muitos jovens são hoje atraídos por apelos de que encontrarão neste segmento, “um promissor e lucrativo” mercado, o que os leva a solicitarem amparo legal para realizar muitos dos procedimentos incluídos neste rol de novas tecnologias, sem, contudo, considerarem uma série de variáveis envolvidas com mudanças nas legislações e mesmo, na cultura e valores da sociedade acerca do que esperam de cada profissional neste novo cenário (Mandelbaum, 2010). O chamado “mercado da beleza”, que segundo os dados mais recentes, movimenta mais de 60 bilhões de dólares por ano no mundo, e cresce vertiginosamente, é extremamente diverso, heterogêneo e complexo, incluindo-

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Ao Conselho Federal de Enfermagem –COFEN CC Câmara Técnica de Legislação e Normas - CTLN Ref. Posicionamento da Associação Brasileira de Enfermagem em Dermatologia – SOBENDE, sobre Atuação do Enfermeiro em estética Introdução e Justificativas Constata-se, a cada dia, o crescimento da demanda por procedimentos denominados como “estéticos”, os quais foram originalmente introduzidos e realizados por médicos com especialização em Cirurgia Plástica, Dermatologia e Cirurgia Dermatológica e mais recentemente, pela área da Medicina que se convencionou chamar de “Medicina estética”, especialidade ainda não reconhecida pelos órgãos de classe da Medicina, como o Conselho Federal de Medicina ( Di Maio, 2014) Tais procedimentos continuam a aumentar em popularidade, verificando-se o crescimento em sua busca, pela veiculação midiática de seus “resultados”, somado aos novos anseios das pessoas em relação ao seu corpo e sua imagem, como demonstram os estudos de mercado neste segmento do que se convencionou chamar “mercado da beleza” ( ABIFARMA, 2015) Com isto, é crescente o número de “profissionais não médicos” que vem se inserindo neste contexto, buscando encontrar nichos de atuação e oferta de serviços das mais variadas naturezas frente ás novas necessidades de saúde. Muitos jovens são hoje atraídos por apelos de que encontrarão neste segmento, “um promissor e lucrativo” mercado, o que os leva a solicitarem amparo legal para realizar muitos dos procedimentos incluídos neste rol de novas tecnologias, sem, contudo, considerarem uma série de variáveis envolvidas com mudanças nas legislações e mesmo, na cultura e valores da sociedade acerca do que esperam de cada profissional neste novo cenário (Mandelbaum, 2010). O chamado “mercado da beleza”, que segundo os dados mais recentes, movimenta mais de 60 bilhões de dólares por ano no mundo, e cresce vertiginosamente, é extremamente diverso, heterogêneo e complexo, incluindo-

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se nele, desde os cuidados pessoais, higiene, serviços de cabeleireiro e manicure, visagismo, maquilagem, dentre outros, como também, os mais complexos procedimentos como as cirurgias estéticas, aplicação de substâncias e produtos ativos, uso de aparelhos e tecnologias altamente especializados, e que atuam em estruturas profundas do corpo humano, requerendo formação e capacitação adequados, para sua utilização e para realização destes procedimentos. Configura-se hoje um grande conjunto de ações, recursos tecnológicos e procedimentos que se procura caracterizar como “Saúde estética”, cada vez mais preocupada em ampliar a oferta de serviços e soluções para as pessoas. Especialmente no que concerne aos procedimentos e tecnologias, constata-se a volatilidade com que são lançados, substituídos ou mesmo refutados, o que torna extremamente rápida a obsolescência de equipamentos, e ao mesmo tempo, da capacitação dos profissionais. Este ponto deve ser alvo de profunda reflexão quando se pensa em “ autorizar este ou aquele procedimento”, pois as legislações não podem ser alteradas com a velocidade da criação de tais tecnologias ou a oferta dos novos procedimentos, ou mesmo, novas formas de se utilizar antigos equipamentos. As empresas de tecnologia buscam ampliar a cada dia o espectro de profissionais que utilizem seus equipamentos, pois certamente seus objetivos concentram-se especialmente em metas de vendas e produção em larga escala, não lhes cabendo nenhuma forma de responsabilização pela adequada utilização dos mesmos por estes profissionais, tarefa esta que cabe aos conselhos das profissões regulamentadas. Assim, além dos profissionais da área médica, observa-se a gradativa busca pela inserção de outros profissionais de saúde, como os odontológos, fisioterapeutas, enfermeiros, biomédicos, tecnólogos, técnicos e esteticistas no contexto dos chamados “procedimentos estéticos”, tanto aqueles que são denominados como “mais superficiais, ou não invasivos”, como procedimentos “injetáveis, ou invasivos”, tanto em clínicas, spas, salões de beleza, centros de estética, e mesmo em instituições tradicionais como hospitais e clínicas especializadas em cirurgia plástica e estética. A Enfermagem, por sua trajetória histórica, tem longa atuação nos procedimentos pré e pós-operatório em cirurgias plásticas, tanto estéticas como reparadoras, assim como, na recuperação estética e funcional pós-danos como queimaduras e sequelas (Mandelbaum, 1994). Além disto, a Enfermagem é o maior contingente de profissionais de saúde, atuando nos mais diversos cenários, desde a atenção básica á especializadas, realizando inúmeros procedimentos estabelecidos em protocolos e amparados em legislação e diretrizes . Da mesma forma, a Enfermagem faz parte da equipe multiprofissional e interdisciplinar de saúde, acompanhando a evolução de todos os tipos e modalidades de tratamento e das novas opções terapêuticas para o cuidado preventivo, a recuperação e a reabilitação da saúde das pessoas.

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A enfermagem tem ainda, dentro de suas competências, o atendimento ás necessidades estéticas, a dimensão do sensível das pessoas, e seu bem estar e qualidade de vida ( Santos, Brandão, 2014). É importante que se ressalte que , embora se imagine que a Estética seja algo “ novo” na enfermagem, tal componente do cuidado já foi tema central de vários congressos , inclusive do Congresso Brasileiro de Enfermagem da ABEn, havendo vasto material bibliográfico acerca do assunto para consulta, o que não justifica, afirmações usuais de que” inexiste bibliografia acerca do mesmo”. Assim, é importante que se reflita que, a inserção da Enfermagem na área do que se denomina hoje como “Saúde estética”, não pode ser vista de forma diferente que o foi, a inserção da profissão nas demais especialidades que surgem a cada dia na saúde, como a Oncologia, o Tratamento intensivo, a Geriatria, e todas as áreas e campos de atuação que surgem cotidianamente, para melhoria dos resultados e da qualidade da atenção á saúde e o bem estar das pessoas. Apesar de toda esta evolução da Enfermagem, e do seu crescente acúmulo de conhecimentos e experiências, em todas as áreas da saúde, com sua crescente especialização e capacitação, surgem a cada dia, novas demandas e anseios dos profissionais, tanto por maior autonomia, como por proteção e amparo legal dos órgãos de fiscalização, para que novas áreas sejam incorporadas pela Enfermagem. Esta demanda é natural, salutar, mas, precisa ser precedida de um amplo debate e reflexão, da qual participem os órgãos de formação, regulação profissional, vigilância sanitária, assim como, as entidades representativas das profissões de saúde com as quais a Enfermagem atua em equipe, sempre com respeito legal e ético, como tem sido reconhecida e valorizada historicamente. Este legado de credibilidade e respeito, conquistado pela Enfermagem mundial, como comprovam pesquisas como as que foram realizadas pelo Instituto Gallup, deve ser preservado e ampliado, e acreditamos que ao discutirmos sobre estas novas áreas de atuação, devem balizar nossas discussões e reflexões, pois demonstram que “somos vistos como sérios, respeitosos, éticos e confiáveis” ( Gallup Institute, 2014,2015). Também junto aos demais profissionais da saúde, a Enfermagem sempre gozou e ainda goza, de profundo respeito , tanto por seu papel de cuidado das pessoas diuturnamente, como pelos preceitos éticos que envolvem a prática da profissão. A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), entidade representativa dos dermatologistas brasileiros, reconhece “a importância de atuação em equipe e o papel da enfermagem nesta área, por sua postura ética, cientifica, técnica e competente ao longo da história de mais de 100 anos da especialidade no Brasil (Lupi, Omar, 2012)”

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Em levantamento realizado pela SOBENDE em 2014, verificou-se que existem inúmeras ações junto ao Ministério Público, por parte do Conselho Federal de Medicina e associações médicas, relativas á realização de “procedimentos estéticos invasivos por profissionais não médicos”. Nenhum destes processos envolve até o momento os Enfermeiros, e é nosso desejo que continuem inexistindo. Estas reflexões iniciais visam trazer para o cenário das discussões acerca da Normatização da atuação da enfermagem nos chamados “procedimentos estéticos”, algumas discussões que a SOBENDE vem realizando em seus eventos e fóruns, dentre os quais poderíamos citar alguns questionamentos que devemos nos fazer quando pensamos na necessidade de normatização da atuação da Enfermagem na Estética O que entendemos por “Atuação do Enfermeiro na Estética ” A Enfermagem é uma profissão regulamentada por Lei (Lei n° 7.498/1986 ) , a qual tem explicito quais são as atribuições privativas do enfermeiro, e dentre elas, a Consulta de enfermagem, a realização da Sistematização da Assistência e a supervisão da equipe de enfermagem, com o planejamento do processo assistencial em todas as suas etapas. Cabe ao Enfermeiro, realizar as ações de maior complexidade, podendo “prescrever medicamentos estabelecidos em protocolos nas instituições, conforme a legislação de enfermagem”. Assim, a SOBENDE entende que a Enfermagem deve considerar, no estabelecimento destas novas áreas de atuação, toda a legislação que permeia sua atuação, desde a Constituição Federal, a Lei do Exercício profissional em vigor, o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem e todos os Pareceres e Resoluções vigentes e disponíveis para consulta em nosso site, ou no site do Sistema Conselho Federal de Enfermagem e Conselho Regional de Enfermagem (Cofen-Coren). Dentre elas, ressalta-se, na presente matéria em consulta pública, a Resolução 389/2011, que estabelece as especialidades da Enfermagem. Hoje, com base na Resolução 389/2011, a especialidade de Enfermagem que abrange a área da “Estética” , é a Enfermagem em Dermatologia. Não apenas pelo aspecto legal, mas também, por toda a produção e o acúmulo de conhecimento sobre a atuação do Enfermeiro nesta área, realizada pelos especialistas em Enfermagem em Dermatologia nestes 15 anos de existência da especialidade e da SOBENDE, conforme podem ser comprovados por meio dos anais dos congressos e eventos, onde se podem encontrar inúmeros trabalhos , pesquisas e relatos de experiência acerca da atuação do Enfermeiro na estética, em todas as fases do ciclo de vida, com base no Cuidado integral e na promoção da saúde da pele, qualidade de vida e bem estar das pessoas ( Site da SOBENDE, Eventos realizados ) Assim, entendemos que, no momento, o critério mínimo deva ser que o Enfermeiro tenha pós graduação em Dermatologia, em instituições

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devidamente registradas no MEC, ou por meio de prova de títulos, conforme prevê a Resolução 389/2011 do Cofen. Este Enfermeiro especialista deve ainda ter capacitações especificas, por meio de cursos devidamente normatizados, com carga horária de teoria e prática, minimamente disciplinados e estabelecidos. Deverá ainda registrar junto ao Sistema Cofen- Coren, esta especialização, conforme já prevê a Resolução 389/2011 do Cofen. Esta formação e capacitação devem ser permanentes, contínuas, para que se possa emitir, por meio da referida Resolução, amparo legal para que o Enfermeiro possa realizar os procedimentos que vierem a ser estabelecidos na mesma. Entendemos que esta definição deva ser precedida de um amplo debate com os Enfermeiros, sob coordenação do Cofen, com a participação das Associações de Enfermeiros da área, e docentes dos cursos de Enfermagem da área da Dermatologia, face á Resolução 389/2011, podendo ainda ter a participação de áreas afins da Enfermagem, devido ás interfaces do cuidado de Enfermagem . A SOBENDE não entende que o Enfermeiro, ao atuar na estética, deva

desconsiderar toda a sua formação holística, humana e ética, e sim, buscar

uma especialização e uma capacitação, para oferecer à população, o

atendimento de suas necessidades estéticas, dentro do processo do “cuidar em

Enfermagem”, como todo o arsenal de conhecimentos, teorias de Enfermagem,

tecnologias e recursos existentes e à disposição dos Enfermeiros interessados

em atuar nesta área e campo do conhecimento (Brandão, 2014)

Hoje, entendemos que a estética é uma das áreas de atuação dos especialistas em Dermatologia, diante da trajetória histórica, da legislação vigente e da realidade de atuação e formação dos Enfermeiros. Assim, temos grande interesse em que se elabore uma Resolução especifica para atuação dos especialistas em dermatologia nesta área, mas, sempre com sua inserção dentro de todo o arcabouço ético, legal, técnico, cientifico e tecnológico que ampara a atuação do Enfermeiro. A SOBENDE entende que “somos Enfermeiros, atuando numa especialidade, que é a Dermatologia, dentro de uma área especifica, que é a Estética” . Alguns pontos merecem profunda reflexão neste momento, para que possamos estabelecer um novo marco legal, que venha de fato amparar a atuação do Enfermeiro no cuidado especializado, dentro desta área de atuação do especialista em Dermatologia. Algumas questões merecem nossa reflexão neste momento e que trazemos para esta consulta pública: 1. Quando falamos na realização de procedimentos estéticos pela Enfermagem, falamos em todos os profissionais da enfermagem, ou apenas alguns deles, como Enfermeiros? A Enfermagem atua em equipe, com atribuições diferentes, e uma Resolução na área da Estética precisa considerar este cenário e não pode se restringir ao enfermeiro, devendo explicitar os

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diversos papéis da equipe de enfermagem nesta área, assim como já o temos em áreas como o cuidado intensivo, urgências, e outras, em que há claro perfil de competências de cada um dos profissionais da enfermagem. 2. Qual o conceito de “procedimento estético” estamos utilizando? Por que falar em “ procedimento”, e não em “ cuidado” ? A Enfermagem utiliza uma série de procedimentos no processo do cuidar, e nem por isso, existe resolução especifica sobre cada um deles, visto que fazem parte do processo de cuidar dentro de um determinado âmbito de necessidades humanas, por meio da SAE. 3. O que se entende por procedimento invasivo e não invasivo, procedimento injetável, prescrição de medicamentos baseados em protocolos? Quais as interfaces destas questões , entre Enfermagem e demais profissões da área da saúde? O que de fato é da natureza da Enfermagem, e o que se pretende “ copiar de outras áreas”, as quais não possuem um arcabouço ético e legal similar ao da Enfermagem? 4. Como a Lei do Exercício Profissional da Enfermagem ampara ou não os profissionais e quais as suas lacunas? 5. Que tipo de aparato legal se faz necessário para que a Enfermagem possa ter uma atuação nesta área? O que desejam os profissionais, de fato, nesta área chamada “estética”, e o que imaginam e desejam realizar no que se convencionou chamar “procedimentos estéticos” e uso de equipamentos e aparelhos destinados aos tratamentos estéticos? 7. Quais são, de fato, os limites para que o Enfermeiro possa atuar e realizar ações de enfermagem e o cuidado de enfermagem na área da “Estética”? 8. Qual o papel do enfermeiro nestes locais e cenários de atuação, como centros de estética, clínicas, e outros, com base no que prevê a legislação vigente, em relação à Consulta de Enfermagem e a aplicação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) neste campo de atuação? 10. Estamos falando exatamente sobre o que; – uma especialidade da Enfermagem – uma área de atuação interdisciplinar, dentro de uma especialidade – um campo do conhecimento da Enfermagem, transversal e universal? 11. Qual a responsabilidade técnica, ética e legal do Enfermeiro na realização dos chamados “procedimentos estéticos” ? 12 . Existe uma busca do enfermeiro por “autonomia” e por trabalhar sem vinculo empregatício, de forma empresarial e empreendedora, mas, será que a categoria está devidamente preparada para esta nova forma de atuar, assumindo todos os riscos e responsabilidades inerentes a este tipo de atuação?

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– Existem legislações diferentes em cada município e nem sempre o Enfermeiro consegue liberação das secretarias de finanças e vigilância sanitária para trabalhar como autônomo ou profissional liberal – Existem legislações diferentes em cada município e nem sempre o Enfermeiro consegue liberação das secretarias de finanças e vigilância sanitária para trabalhar como autônomo ou profissional liberal Todas estas perguntas merecem nossa discussão, tanto nas instituições formadoras, como juntos aos órgãos de regulação, e aos gestores e mercado de trabalho. Grande parte desses procedimentos, chamados, “Procedimentos Estéticos”, são geralmente associados a um perfil de risco favorável quando realizados por médicos treinados e qualificados, com graduação em medicina, residências e capacitação permanente. Muitos cursos que oferecem capacitação para estes procedimentos, já mencionam no programa, aspectos relacionados a “ o que fazer quando ocorrem complicações”. Um exemplo recente, é um curso sobre o uso de Criolipólise, onde um dos temas é “ Se queimar, o que fazer “ ( anexo 5). Embora possa parecer absurdo, estes cursos são hoje frequentados por enfermeiros, que acabam considerando “ natural que estes tipos de iatrogenias sejam aceitáveis durante estes procedimentos” . A SOBENDE entende que isto fere frontalmente o Código de ética dos profissionais de enfermagem, que preconiza que devemos oferecer um cuidado seguro e livre de danos ao nosso cliente Preocupamo-nos em demasia, enquanto Associação de Enfermagem em Dermatologia,com a “proliferação e banalização” da utilização de equipamentos denominados “estéticos”, muitos deles com utilização de substâncias que demandam prescrição médica, por sua ação em estruturas extremamente delicadas e importantes, como a face, e a realização destes procedimentos por “ profissionais não médicos” , muitas vezes inadequadamente capacitados e supervisionado e sem o devido amparo legal para prescrever produtos e insumos neles utilizados. Preocupamos-nos sobremaneira, com o que nos parece ainda mais grave, que não se leve em conta a devida autonomia e preparo para agir nos casos em que ocorram iatrogenias, efeitos adversos ou erros na utilização e aplicação dos mesmos .Em muitas das complicações ou iatrogenias relatadas na literatura acerca de procedimentos denominados “ estéticos”, para a reversão das mesmas são necessárias substâncias que exigem prescrição médica, e sua presença, o que certamente não ocorre em muitos destes estabelecimentos onde tais procedimentos são hoje realizados, e certamente hão de se ampliar, á medida que outros profissionais passem a realiza-los. Preocupamo-nos ainda, com as centenas de “cursos de capacitação para procedimentos estéticos”, oferecidos aos diversos profissionais de saúde, dentre eles os Enfermeiros, sem que haja qualquer fiscalização sobre o conteúdo e principalmente, sobre as atividades práticas destes cursos.

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A SOBENDE preocupa-se e alerta para a banalização destes cursos, sem a presença de Enfermeiros no quadro docente, e que se destinam a capacitar Enfermeiros! O que se observa, é que a maioria destes cursos tornou-se de fato, um grande “negócio”, pois os profissionais, sem o devido amparo legal, realizam investimento financeiro nos mesmos, e certamente desejam retorno deste investimento. Entretanto, os responsáveis por tais cursos, na maioria das vezes, também não possuem amparo legal para realizar, eles próprios, os procedimentos para os quais estão capacitando os profissionais, tanto da Enfermagem, como de outras áreas da saúde. Isto tem gerado inúmeros conflitos entre os profissionais, pois o correto seria que a oferta destes cursos só fosse permitida, após o devido amparo legal dos profissionais para realização dos referidos procedimentos, e não o inverso, como se observa hoje. Pesquisa realizada pela Dermatology Nursing Association em 2013 demonstra que as pessoas não esperam que o Enfermeiro, mesmo o especialista, realize procedimentos como esclerose de vasos, lipoaspiração e também os procedimentos denominados injetáveis . Esta pesquisa revela que esta percepção, de que tais procedimentos sejam de âmbito médico, é bastante semelhante entre os usuários, os médicos e os próprios enfermeiros especialistas. Importante lembrar que esta pesquisa foi realizada em um país onde existe o enfermeiro prescritor em dermatologia (NP dermatology nurse), cuja especialização é de no mínimo 18 meses ! Um outro aspecto extremamente preocupante, e que a SOBENDE já emitiu posicionamento, é o crescente número de cursos de especialização á distância, que não possuem especialistas no corpo docente, não propiciam estágios na área, e sequer, oferecem aulas presenciais, bastando apresentar um TCC presencial. A SOBENDE não apoia e não reconhece estes cursos para fins de pontuação em seu concurso para titulação, e ampara sua decisão na importante campanha do Conselho Federal de Enfermagem contra o Ensino á distância na Enfermagem, parabenizando o Cofen por esta iniciativa. Acreditamos que se faz necessária uma Resolução específica, oriunda do Conselho Federal de Enfermagem, que estabeleça de forma clara quais as atividades especificas e quais dos procedimentos denominados “estéticos”, podem ser realizados pelo Enfermeiro, mas, ao mesmo tempo, qual deve ser a formação deste Enfermeiro para realiza-las. É fundamental que o estabelecimento destas atividades específicas estejam inseridas dentro de uma visão da natureza e a essência da Enfermagem como profissão, que é o cuidado, e não apenas a realização deste ou daquele procedimento. Temos assistido cotidianamente que a crescente oferta destes “procedimentos cosméticos e estéticos” levou a um significativo aumento na incidência de complicações, tais como queimaduras e alterações pigmentares permanentes, bem como erros de diagnóstico de condições médicas graves (SBD,2015) Alguns fatores que podem contribuir para o crescimento destes problemas , especialmente quando realizados por “profissionais não médicos”, dentre os

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quais nos incluímos como Enfermagem são: falta de leis claras definindo a prática da medicina e das demais profissões, a distinção ambígua entre os procedimentos médicos e tratamentos de beleza , a proliferação dos institutos e centros de estética sem a devida fiscalização pelos órgãos responsáveis, e a falta de normatização acerca da venda e comercialização de produtos e equipamentos destinados aos tratamentos estéticos, com delimitação sobre seu manuseio e sua veiculação. Hoje se pode observar, em cada esquina do Brasil, os mais diversos profissionais fazendo divulgações diversas por meio de anúncios, outdoors, mídia falada, escrita e televisionada sobre “tratamentos estéticos milagrosos”, com os mais variados custos, e sem que haja qualquer forma de controle sobre tal “ mercado”. A Enfermagem possui um Código de Ética e a Lei do Exercício Profissional, que estão em vigor e devem ser seguidos pelos profissionais, servindo como proteção a eles e à população sobre os potenciais riscos ou mesmo, propaganda enganosa acerca de tais procedimentos. Especificamente em relação ao objeto desta consulta, é importantíssimo

ponderar que, com relação á realização dos chamados “Procedimentos

Estéticos pelo Enfermeiro“, deve-se ressaltar, inicialmente, que a SOBENDE

entende que não se pode emitir um parecer único, geral e universal, pois a

realidade e os contextos são extremamente heterogêneos com relação à

formação, capacitação, competência técnica e ética dos Enfermeiros para sua

utilização, conforme já exposto em parecer anterior, elaborado para o Conselho

Regional de Enfermagem de SP por nossa entidade (Parecer Coren-SP sobre

uso do laser pelo Enfermeiro).

Essencial que se lembre, inicialmente, que não existe um único tipo aparelho, ou mesmo, procedimento padronizado, e que a decisão sobre o que será realizado ou qual o tipo de intervenção será indicado em cada situação, com base na Avaliação clínica do profissional, pautada na sua capacitação e experiência, utilizando-se das melhores evidências da Ciência e de Guias de Boas práticas para atuação da Enfermagem em Dermatologia e Estética, como já existe em outros países onde esta área de atuação já está mais consolidada(DNA,2012) Assim, entendemos que o primeiro aspecto a ser considerado, é a avaliação do cliente como um todo, durante a Consulta de Enfermagem, pelo Enfermeiro especialista. Esta avaliação precisa estar pautada no Processo de Enfermagem e guiada pela SAE, documentada, com todos os Diagnósticos de Enfermagem, assim como as indicações de Intervenções de Enfermagem e Avaliação dos Resultados. Esta avaliação norteará todas as condutas e indicações de intervenções, tanto aquelas que serão realizadas pelo Enfermeiro especialista, como os

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encaminhamentos para outros profissionais, conforme as situações identificadas . A prescrição das Intervenções de Enfermagem , após esta avaliação ( anamnese), caberá ao Enfermeiro especialista, com base no que prevê a Lei do exercício profissional , e podem ser intervenções de 3 tipos, como refere Mandelbaum, ( 2013): 1. Intervenções próprias do Enfermeiro, que são aquelas para os quais o enfermeiro tem total autonomia, e que se relacionam aos cuidados diários com a pele, higienização, orientação e educação para a promoção da saúde da pele, ou procedimentos que o Enfermeiro pode realizar de forma autônoma, como limpeza de pele, peelings superficiais, tratamentos corporais que não implicam na utilização de substancias que exigem prescrição médica, uso de equipamentos eletroterápicos permitidos ao enfermeiro, prescrição de cosméticos, cosmecêuticos, correlatos, dentre outros cuidados de enfermagem Neste grupo, inserem-se os procedimentos, atividades e uso de tecnologias para os quais o Enfermeiro tenha a devida especialização e posterior capacitação técnicas, e que não conflitem com a legislação vigente nem sejam privativas de outros profissionais. 2. Intervenções que exigem prescrição médica ou de outro profissional, que são aquelas que o Enfermeiro pode realizar, sob delegação do medico ou de outro profissional, que tem autoridade para prescrever substâncias ou terapias, e que podem ser realizadas pelo Enfermeiro mediante Protocolo Institucional, com anuência da equipe e amparo institucional ou legal Neste grupo, inserem-se os procedimentos e atividades que o Enfermeiro pode realizar, em equipe multiprofissional, mediante delegação de outro profissional, estabelecida em protocolo devidamente registrado e amparado legalmente 3. Intervenções que demandam encaminhamento para outros profissionais da equipe de saúde, como os médicos, nutricionistas, fisioterapeutas, odontólogo, fonoaudiólogo, educador físico, etc. Neste caso, o cuidado significa encaminhar para outro profissional, mas, continuar sendo responsável pelo cliente, pelo seu acompanhamento e monitoramento. Neste grupo, inserem-se as atividades privativas ou preferencialmente de outros profissionais, e que o Enfermeiro encaminha o cliente, mas mantém-se responsável pelo seu acompanhamento e continuidade do seu cuidado até conclusão do tratamento ou alta Em cada uma destas 3 áreas, podem ser descritos os diversos procedimentos e técnicas utilizadas para os chamados “ tratamentos e procedimentos com finalidade estética”, conforme o contexto e realidade local de atuação do profissional. Um exemplo deste tipo de situação, é o que ocorreu com a “utilização do Laser pelo Enfermeiro“. No início, havia uma angustia para que os órgãos de classe emitissem um posicionamento único, autorizando ou proibindo sua utilização pelo Enfermeiro.

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À medida que se abriram discussões com os profissionais, percebeu-se que não se tratava de uma decisão unilateral, mas sim, de se criar um conjunto de recomendações e normatizações , que considerasse não só a diversidade dos equipamentos existentes, mas acima de tudo, a realidade dos profissionais e instituições. O que se observou com o Laser, e que vale trazer para reflexão na área da Enfermagem em estética, é que este é um nome que acabou se generalizando, para todo e qualquer tipo de luz que se utiliza nos tratamentos, muitas vezes de forma incorreta, sem se referir necessariamente ao que se entende por “ Laser”. Nos últimos vinte anos o uso do Laser na medicina tem evoluído bastante, os equipamentos tornaram-se mais eficazes e menos agressivos. Na Dermatologia, dispomos de aparelhos que podem tratar cicatrizes inestéticas, lesões vasculares, lesões pigmentares (tatuagens e manchas hipercrômicas), fazer depilação, foto rejuvenescimento e, até mesmo, tratar vitiligo e psoríase. Por outro lado, a banalização do método e a má utilização dos aparelhos, vem trazendo uma série de problemas e, casos de lesões cicatriciais e queimaduras em vários pacientes, provocando sequelas e traumas definitivos e irreversíveis. A Sociedade Brasileira de Dermatologia juntamente com a ANVISA elaborou uma tabela (anexo) com a classificação de riscos para todos os equipamentos que possuem autorização da ANVISA para serem utilizados no Brasil. A maioria dos Lasers usados na Dermatologia, ocupam a posição com grau de risco II, III e IV. (tabelas 1 e 2). Como, numericamente, as principais complicações do uso inadequado do Laser na estética ocorrem com a remoção de pêlos, vamos discorrer mais sobre esse tópico. Para a remoção dos pelos com luz podem ser utilizados dois diferentes tipos de tecnologia, a saber: os equipamentos a Laser com comprimentos de onda do espectro eletromagnético que estão aproximadamente entre 750 e 1064 nm ou a Luz Intensa Pulsada que abrange comprimentos de onda entre 400-900nm. Além de uma avaliação clínica objetiva quanto à saúde da pele, o dermatologista deve avaliar as características dos pelos, a quantidade a ser removida e a região a ser tratada. Deve ser descartada qualquer doença no local, inclusive uma pinta preta para um leigo pode representar um câncer maligno, um melanoma, que pode ter uma evolução acelerada quando atingido pelo Laser, podendo inclusive causar a morte no paciente. Vale lembrar que o câncer de pele é o mais frequente no Brasil. Além disso, é necessário calcular a energia e o comprimento de onda adequada, assim como orientar os pacientes com relação ao procedimento, ao número de sessões, aos possíveis efeitos colaterais, bem como à expectativa de resposta clínica após o tratamento. Portanto, é um procedimento extremamente individualizado e de muitas variáveis no qual um pequeno descuido pode causar cicatrizes definitivas nos pacientes.

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Os estudos sobre física e fundamentos do Laser e da luz intensa pulsada mostraram vários comprimentos de ondas capazes de servir para diversas finalidades terapêuticas, como remoção de manchas, vasos, pelos, rejuvenescimento e tratamento de cicatrizes. As ondas eletromagnéticas têm objetivos e efeitos definidos e, portanto, se mal calculados em relação ao comprimento adequado, à intensidade correta de energia, à definição certa da estrutura-alvo a ser atingida, à etnia do paciente, à região do corpo a ser tratada; podem também levar a consequências adversas à saúde do paciente, como queimaduras e cicatrizes irreversíveis, manchas escuras ou mais claras que o tom natural da pele original. O que é o procedimento? O procedimento necessita de aparelho especializado com luzes de comprimentos de ondas eletromagnéticas variáveis que visam o pigmento melanina presente no pelo (porém, deve ser tomado muito cuidado, pois há melanina na pele devido ao sol (bronzeamento natural) ou a outras manchas hipercrômicas como o melasma, nevo de Becker, manchas café-au-lait, nevo de Ota, eritema fixo pigmentar, dentre outras. No geral, a máquina contém duas partes: uma plataforma de controle da energia (fluência), tempo de pulso, número de disparos, comprimento de onda utilizado; a outra parte consiste num braço móvel e um dispositivo de mão, que controla o disparo da energia no exato local do tratamento. Os comprimentos de onda eletromagnética mais usados são, para o laser, entre 750 e 1064 nm e, para a luz intensa pulsada, entre 400- 900nm. Como é realizado? Cada aparelho desenvolvido, através da plataforma, mostra ao especialista suas características específicas, como fluência, tamanho das ponteiras, tempo de pulso, número de disparos, comprimento de onda a ser utilizado; assim, cabe ao médico avaliar e calcular o tipo de energia adequado para cada tipo de pele, local a ser tratado, avaliar as comorbidades do paciente e seu estilo de vida, afastando as contra-indicações ao procedimento. Orientar o pós-tratamento é fundamental para uma resposta efetiva. O conhecimento acadêmico sobre o assunto é imprescindível para permitir uma avaliação adequada. Quais equipamentos podem ser utilizados? Os equipamentos regulamentados pela ANVISA com finalidade de remoção de pelos são: LightSheer, Etherea, Star Lux, Harmony, LEDA, (ver tabela em anexo) Indicações MÉDICAS (ou seja, com diagnóstico médico): Após uma consulta médica dermatológica, em que se descartaram doenças diversas que provocam o crescimento e/ou o nascimento de pelos em áreas do corpo onde não existiam, bem como, foi questionado sobre a dieta de rotina dos alimentos e suplementos, o médico poderá solicitar exames laboratoriais complementares de sangue e/ou de imagem para descartar alguma suspeita diagnóstica clínica, caso julgue necessário. Em se tratando de um quadro de disposição de pelos geneticamente constitucionais, ou seja, nasceu com a pessoa, fazendo parte da etnia e da raça humana (ou seja, sem aparentemente nenhum distúrbio que esteja provocando tal disposição e constituição da pelagem), o médico julga o paciente apto ao tratamento clínico com esses aparelhos, visando tratar sem causar efeitos colaterais ao paciente. Por exemplo, pessoa de origem asiática

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tem mais possibilidade de ter menos pelos que outra de origem ocidental ou dos países árabes. Contra-indicações (DIAGNÓSTICOS QUE PRECISAM SER FEITOS POR UM MÉDICO) Existem muitas contra-indicações absolutas e relativas ao procedimento de Laser e luz intensa pulsada. Dentre as absolutas são: infecções de pele no momento do tratamento (infecções bacterianas, fúngicas, virais, etc), inflamações locais (como: sarcoidose, granulomas, dermatites descamativas, etc), lesões suspeitas de malignidade na pele (a luz Laser pode interferir no comportamento dessas células) e doenças de pele em atividade. As relativas são: doenças de pele remanescentes, doenças internas diversas com manifestações na pele, por exemplo: alteração da tireóide, doenças que diminuam a imunidade do paciente (como cânceres, doenças do sangue, etc),distúrbios hormonais sexuais, da suprarenal, dentre outras. Efeitos Colaterais são vários, alguns mais comuns: Esperados: quando o procedimento é individualizado, adequado e com indicação correta, os resultados são excelentes e sem efeitos colaterais. Em peles mais morenas, é relativamente comum a hipercromia (mancha mais escura que o tom de pele original) transitória pós-procedimento (pois o aparelho irá atingir tanto a melanina do pelo quanto da pele). Também pode ocorrer hipocromia transitória, menos comum. Inesperados: hipocromia (manchas mais claras que o tom de pele original), bolhas, quelóides, cicatrizes permanentes. Complicações: além das queimaduras acima descritas pelo uso incorreto do equipamento, dois outros fenômenos podem acontecer pelo uso de baixas energias: o primeiro é o estimulo dos pelos, isso inclusive já é usado para tratamento de queda de cabelos com Laser de Baixa Intensidade (LBI), ou seja o tratamento ao invés de melhorar piora o quadro. O segundo fenômeno também acontece pelo uso de energia insuficiente, e o tratamento ao invés de eliminar os pelos, ele apenas afina e clareia, os pelos ficam mais longos, isso ocorre principalmente na face feminina fica com uma penugem característica de “bicho de pelúcia”, infelizmente esses pelos não podem ser mais eliminados pelos lasers, assim o profissional eliminou a chance de uma remoção definitiva e completa dos pelos, isso acontece principalmente quando o tratamento é feito por profissionais não médicos que por falta de preparo preferem não arriscar e usam subdoses de energia, isso sem falar que frequentemente usam equipamentos que foram lançados nos EUA para uso em casa (home device). Raras: Apesar de não frequente, essa é a complicação mais temível, que é o acometimento dos olhos pelo Laser, isso acontece pela proteção inadequada dos olhos durante o procedimento. O acometimento pode variar desde uma fotofobia transitória, dores oculares, catarata e ate a cegueira permanente e os casos são muito mais comuns nos países onde o laser não é feito pelo profissional médico, conforme pode ser checado nas referências. Fotos de complicações: Foto 1

14

Foto 1 extraida do artigo: Complications of nonphysician-supervised laser hair removal. Can Fam Physician. 2009 January; 55(1): 50–52. Foto 2

Foto 2 - Paciente submetida a remoção de pelos na perna com Luz Intensa

Pulsada por profissional esteticista ( acervo pessoal).

Riscos que o paciente corre ao submeter-se em procedimentos com

profissionais não preparados e não capacitados: falta de estudos acadêmicos

e superiores sobre a ação dessas tecnologias na pele e falta de estudos e

informações pormenorizadas sobre a reação das células cutâneas e suas

funções em relação a esses procedimentos. Além do mais, falta de capacitação

prática no manuseio dessas máquinas.

O risco que corre o paciente é elevado e, ocorrendo uma equivocada e involuntária desfiguração, ou mesmo cegueira teremos consequências muito além do campo estético, podendo trazer transtornos imprevisíveis na vida profissional e social do cidadão com dano psicológico de reparação impossível. Conclusões e recomendações Fazemos parte de uma Associação de Enfermeiros, comprometida com o conhecimento, a ética e a segurança dos pacientes e dos profissionais. Devemos defender o uso adequado dessas tecnologias em favor do paciente,

15

mas, sempre com amparo legal, formação e capacitação, e com responsabilidade por aquilo que fazemos, pois o Enfermeiro , com base no Código de ética, responde por suas ações. Sabemos que com base na Constituição brasileira, é livre o exercício das profissões, e que , segundo a RDC385 da ANVISA, “ cabe aos Conselhos das Profissões, disciplinar a atuação dos profissionais no uso de substâncias e na realização de procedimentos como a aplicação de Laser, toxina botulínica e preenchedores” Assim, com base em todas estas questões legais, éticas , tecnológicas , pedagógicas e cientificas, nosso posicionamento é que, até que exista uma Resolução especifica do Cofen, os Enfermeiros devem atuar na estética, realizando todos os procedimentos para os quais possuem amparo legal e devida capacitação, e devem evitar realizar qualquer procedimento que ainda não estejam devidamente normatizados por esta Resolução. Da mesma forma, entendemos que os Enfermeiros especialistgas podem realizar uma série de procedimentos, como, peelings superficiais, orientações e cuidados estéticos, usar tecnologias como a eletroterapia , ultrassom, Laser não ablativo, limpeza de pele, revitalização cutânea e outros procedimentos, orientar e utilizar cosméticos e cosmecêuticos para os cuidados com a pele, conforme descritos nos documentos sobre “ Competências do Enfermeiro em Dermatologia”, para os quais possuem amparo legal e devem estar capacitados. Entendemos que esta área de atuação deve fazer parte do Perfil de competências do especialista em Dermatologia, e que os projetos políticos pedagógicos dos cursos de especialização precisam contemplar tais componentes, conforme já preconizado pela SOBENDE ( anexo 3 ), pois fazem parte dos critérios para certificação dos cursos de especialização em Enfermagem em Dermatologia pela SOBENDE ( Mandelbaum , Brandão, 2015) Ao mesmo tempo, entendemos que é direito dos profissionais buscar junto ao Conselho Federal de Enfermagem, uma Resolução específica que possa dar amparo para realização de procedimentos e uso de tecnologias que contribuam para a qualidade do cuidado de Enfermagem na área da Estética, e que tal Resolução seja estabelecidos após ampla discussão, com base nos resultados desta consulta pública , e com a efetiva participação das associações de especialistas da área, assim como os órgãos de formação e outras entidades de profissionais e de regulação do país, como ANVISA, Ministério da Saúde, Ministério do Trabalho, etc. Prof. Dra Ivany de Carvalho Baptista – Coordenadora do Departamento Cientifico da SOBENDE- 2013-2016 Prof. Dra Maria Helena Sant Ana Mandelbaum

Presidente da Sobende 2013-2016

Contatos – [email protected]

12-997029495 ou [email protected]

16

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[PubMed

Anexos

Anexo 1

Lei n° 7.498/1986 - Dispõe sobre a regulamentação do exercício da

Enfermagem.

Art. 11 - O Enfermeiro exerce todas as atividades de Enfermagem, cabendo-

lhe:

I - privativamente: § 1º Direção do órgão de Enfermagem integrante da

estrutura básica da instituição de saúde (...); § 2º Organização e direção dos

serviços de Enfermagem e de suas atividades técnicas e auxiliares nas

empresas prestadoras desses serviços; § 3º Planejamento,

organização,coordenação, execução e avaliação dos serviços de assistência

de Enfermagem;

Anexo 2

19

POSIÇÃO DOS CONSELHOS REGIONAIS DE ENFERMAGEM EM RELAÇÃO Á ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA ÁREA DA ESTÉTICA Acre Orientação: Verificar junto ao COFEN Alagoas Orientação: verificar junto ao COFEN Amapá Orientação: Em posse do registro, o enfermeiro pode solicitar ao órgão regional a emissão da carteira de enfermeiro esteta. Amazonas Orientação: Em posse do certificado de pós-graduação em Saúde Estética, o enfermeiro deve solicitar junto ao conselho regional o registro para atuar na área. O Coren do Amazonas não autoriza enfermeiros a realizar procedimentos invasivos. Bahia Orientação: Neste estado não há emissão de registro para enfermeiro esteta. Foi orientado que o profissional deve enviar solicitação ao COFEN que avaliará o caso. Ceará

Orientação: O profissional deve encaminhar solicitação ao COFEN um parecer técnico. Distrito Federal Orientação: O Coren orientou a buscar informações na resolução 389/2011 Espírito Santo Orientação: O profissional deve solicitar um parecer junto á câmara técnica que enviará uma avaliação. Goiás Orientação: De acordo com o Coren de Goiás, o parecer 197/2014 deve servir de parâmetro ao profissional de Enfermagem Estética. (Documento disponível emhttp://goo.gl/gSFHe2 Maranhão Orientação: O Coren autoriza, desde que o profissional apresente o certificado de conclusão do curso, reconhecido pelo MEC. Mato Grosso De acordo com o Coren de MT, o parecer 197/2014 deve servir de parâmetro ao profissional de Enfermagem Estética. (Documento disponível emhttp://goo.gl/gSFHe2 ) Belo Horizonte De acordo com o Coren de BH, o parecer 197/2014 deve servir de parâmetro

ao profissional de Enfermagem Estética. (Documento disponível

emhttp://goo.gl/gSFHe2 ) O profissional devidamente capacitado, receberá do

órgão, a emissão do registro de especialista.

Paraná Não autoriza. Pernambuco De acordo com o Coren de Pernambuco, o parecer 197/2014 deve servir de parâmetro ao profissional de Enfermagem Estética. (Documento disponível

20

emhttp://goo.gl/gSFHe2 ) Este órgão envia solicitação de autorização do profissional ao COFEN. Piauí Esta regional envia solicitação do profissional ao COFEN. Caso o órgão federal emita parecer favorável, o regional libera autorização. Rio de Janeiro De acordo com o Coren RJ, o parecer 197/2014 deve servir de parâmetro ao profissional de Enfermagem Estética. (Documento disponível emhttp://goo.gl/gSFHe2). Esta regional emite o registro da especialidade em estética ao profissional devidamente capacitado. Rio Grande do Norte Esta regional envia solicitação do profissional ao COFEN. Rio Grande do Sul: Esta regional envia solicitação de um parecer ao COFEN. De acordo com técnico da regional, não existe regulamentação na área da enfermagem estética portanto o profissional que atuar na Saúde Estética deve se responsabilizar pelos procedimentos que pretende executar além de estar com documentação que conste um responsável técnico. Rondônia19 A orientação desta regional é de que não há discussão no COFEN sobre regulamentação da atuação do enfermeiro na estética, portanto não há amparo legal para tal. Roraima Esta regional solicita toda documentação do título de especialista, inclusive certificado reconhecido pelo MEC e envia para análise do COFEN. Santa Catarina Esta regional envia solicitação do profissional ao COFEN. Sergipe Esta regional envia solicitação do profissional ao COFEN. As regionais do Pará, Paraíba e Tocantins não souberam responder a questão e pediram para entrar em contato com o Conselho Federal de Enfermagem. Tabela 1- Classificações do laser Os lasers são classificados em quatro grandes áreas, conforme seu potencial de provocar danos biológicos. Todo laser deve portar um rótulo com uma das quatro classes descritas abaixo. Classe I - esses lasers não emitem radiação com níveis reconhecidamente perigosos.

Classe I.A. - essa é uma designação especial aplicada somente aos lasers que "não devem ser vistos", tais como a leitora de preços a laser de um supermercado. O limite superior

de energia da Classe I.A. é de 4 mW.

Classe II - esses são lasers visíveis de baixa energia que emitem acima dos níveis da Classe I, mas com uma energia radiante que não ultrapasse 1 mW. A idéia é que a reação de aversão à luz brilhante inata nos seres humanos irá proteger a pessoa.

21

Classe IIIA - esses são lasers de energia intermediária (contínuos: 1-5 mW) e são perigosos somente quando olhamos na direção do raio. A maioria dos apontadores a lasers se encaixa nesta classe.

Classe IIIB - são os lasers de energia moderada.

Classe IV - composta pelos lasers de alta energia (contínuos: 500 mW, pulsados: 10 J/cm2 ou o limite de reflexão difusa). São perigosos para a visão em qualquer circunstância (diretamente ou espalhados difusamente) e apresentam provável risco de incêndio e risco à pele. Medidas significativas de controle são requeridas em instalações que contêm laser Classe IV.

Anexo 3 – Conteúdos Essenciais que Devem fazer parte da Formação do

Enfermeiro especialista em dermatologia para que possa atuar na área da

Estética e Cosmiatria em Equipe Multiprofissional

A SOBENDE realiza, desde 2010, um sistema de “Certificação de

conformidade e qualidade” dos cursos de especialização que desejam obter

este “ Selo de qualidade da entidade”

Este processo se baseia num acompanhamento, por meio do Departamento de

Titulação e Credenciamento de cursos, da elaboração do Projeto Político

Pedagógico dos cursos, até sua implantação, e posterior acompanhamento dos

egressos destes cursos, por meio do resultado obtido por estes egressos na

prova de titulação da SOBENDE, e também pela produção cientifica dos

trabalhos de conclusão de curso, e avaliação dos egressos e do mercado de

trabalho sobre as competências e habilidades destes novos especialistas .

Por meio deste processo, a SOBENDE tem procurado estabelecer critérios

mínimos para que os cursos de especialização ( pós graduação latu sensu)

possam de fato, oferecer aos futuros especialistas, uma formação de

qualidade, durante a qual, possam desenvolver as habilidades, competências

técnicas e humanas para atuar nas diversas áreas da dermatologia ( clinica,

cirurgia, estética e cosmiatria ), junto aos recém nascidos, prematuros, jovens,

adultos e idosos.

Assim sendo, a SOBENDE possuem um Modelo de Projeto Político

Pedagógico para Cursos de Especialização em Enfermagem em Dermatologia,

disponível no site da entidade, o qual contem orientações sobre os conteúdos,

módulos, perfil do corpo docente, e demais orientações para que o curso possa

ser qualificado junto a SOBENDE.

Neste referencial de Cursos de especialização, a SOBENDE recomenda que

os referidos cursos sejam organizados em módulos, que contemplem as

diversas áreas da Dermatologia, com foco na integralidade, no respeito á

22

legislação vigente e em linhas de cuidados, não em procedimentos

exclusivamente.

Esta orientação tem sido realizada diretamente, junto ás instituições que

oferecem estes cursos de pós-graduação, e tais exigências visam contribuir

para que, de fato, estes cursos formem um especialista com olhar holístico,

dentro da Enfermagem, e acima de tudo, com visão ética, humana e co

processo de cuidar ao longo do ciclo de vida, compreendendo que a estética é

uma dimensão do cuidado, e não apenas o uso de tecnologias ou realização de

procedimentos denominados “ estéticos”.

Assim sendo, temos preconizado que estes cursos devem ser coordenados por

Enfermeiros, com titulo de mestre, ou no mínimo, especialista em

Dermatologia, e que deve oferecer uma abordagem teórica–prática abrangente,

em todas as áreas da dermatologia (clinica, cirúrgica e estético-cosmiátrica).

Dentre os componentes que a SOBENDE recomenda para que estes cursos

sejam certificados pela entidade, ressaltam-se os seguintes conteúdos, para o

Módulo de Enfermagem em estética e cosmiatria, conforme o “Documento de

Referência da SOBENDE para Cursos de especialização em Enfermagem em

Dermatologia “

Módulo introdutório

Anatomia, Fisiologia da pele e Fisiopatologia estética

o Estrutura e fisiologia da pele

o Fisiopatologia estética (envelhecimento cutâneo, rugas, flacidez

tissular, olheiras, Fibro Edema Ginóide (FEG), estrias, gordura

localizada, alopecia, fibrose, cicatriz hipotrófica, aderência

cicatricial)

Avaliação / Anamnese

o Perimetria

o Adipometria

o Escala de Glogau

o Fototipo

o Biotipo cutâneo

o Avaliação de estrias e FEG

Fisiopatologia da estética corporal

o FEG (Fibro Edema Gelóide)

23

o Adiposidade localizada

o Estrias

Fisiopatologia da estética facial

o Envelhecimento intrínseco e extrínseco

o Acne

o Rosácea

o Hipercromia

Anatomia e fisiologia da pele

o Epiderme

o Derme

o Hipoderme

o Funções da pele

o Imunologia da pele

o A pele ao longo do ciclo de vida

o Pele do RN, prematuro

o Pele da criança

o Pele do adolescente

o Pele do adulto

o Pele do idoso

o Peles étnicas

o Agravos dermatológicos mais frequentes

o Fisiopatologia

o Cosmetologia básica

o Peelings Químicos, Enzimáticos e Mecânicos

o Eletroterapia básica

II. Módulo intermediário

Disciplinas:

24

o Fototerapia aplicada á dermatologia

o Metodologia da Pesquisa

o Gestão de Negócios

o Procedimentos Estéticos de responsabilidade do médico e papel

da enfermagem

o Procedimentos estéticos de âmbito da Enfermagem

o Protocolos de Enfermagem para atendimento em estética

III. Módulo Avançado

Disciplinas:

o Oncologia

o Procedimentos Estéticos combinados

o Peelings

o Uso de correntes elétricas para tratamentos pelo Enfermeiro

o Laser de baixa intensidade e sua utilização pelo Enfermeiro

o Ultrassom e sua utilização pelo Enfermeiro

o Radiofrequência e sua utilização pelo Enfermeiro

(*) De acordo com Resoluções do Conselho Federal de Enfermagem e dos

Corens, em vigor

Estágio - Atendimento ao público com carga horária mínima de 180

horas, nas diversas áreas da dermatologia estética (facial, corporal,

em agravos específicos como Vitiligo, Psoriase, oncologia, pré e

pós-procedimentos)

Atividades Complementares – Seminários, Trabalho de conclusão

de curso orientado por especialista ou mestre

Biossegurança e Primeiros Socorros

o Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s)

o Suporte básico de vida

o Parada respiratória

25

o Parada cardiorrespiratória

o Desmaios

o Choque

o Convulsão

o Emergência hipertensiva

Introdução à Prescrição Cosmética

o Farmacologia e cosmetologia

Conceitos fundamentais em cosmetologia

o Cosméticos

o Cosmecêuticos

o Graus de risco

Conceitos utilizados na manipulação

o Conceitos e termos utilizados na manipulação

o Como prescrever fórmulas magistrais

o Elaboração de prontuário

Formas de apresentação dos cosméticos

o Vias de penetração e hidratação da pele

o Veículos:

o Gel

o Creme

o Gel/creme

o Sérum

o Fluído

o Pomada

Cosmetologia Clínica e Prescrição Cosmética nos Tratamentos

Anti-Aging

o Tensores

26

o Antioxidantes

o Hidratantes

o Renovadores celulares

o Despigmentantes

o Antiinflamatórios

o Inibidores de metaloenzimas

o Inibidores de reação de glicação

o Sinalizadores

o Regeneradores

Cosmetologia Clínica e Prescrição nos Tratamentos da Acne e

Rosácea

o Renovadores celulares químicos e enzimáticos

o Seborreguladores

o Antiinflamatórios

o Hidratantes

o Nutricosméticos

o Cosmecêuticos

Cosmetologia Clínica e Prescrição Cosmética Aplicada nos

tratamentos das Hipercromias e Hipercromias Perioculares

o Ácidos

o Clareadores

o Despigmentantes

Cosmetologia Clínica e Prescrição Cosmética Aplicada nos

Tratamentos da Estética Corporal: Celulite, Estrias, Flacidez e

Gordura Localizada

o Esfoliantes corporais

o Ativos lipolíticos

o Hidratantes

o Renovadores celulares

27

o Tonificantes

o Estimuladores dérmicos

o Cosméticos e cosmecêuticos aplicados aos tratamentos corporais

Microagulhamento

Prática clínica laboratorial

o Prática clínica supervisionada entre alunos e/ou modelos

Anatomia e fisiologia da pele

o Estruturas da pele e sua fisiologia

Fisiopatologia corporal e facial

o Envelhecimento cutâneo

o Rugas

o Flacidez tissular

o Cicatriz de acne

o Hipercromia / melasma

o Alopecia

o Estrias

A técnica

o Ação do microagulhamento

o Diferença entre equipamentos

o Biossegurança

o Indicações e contraindicações

o Técnicas de aplicação (facial, corporal e capilar)

o Associação cosmética

o Cuidados pós procedimento

o Termo de consentimento livre e esclarecido

Estética Facial – Básico

28

Eletroterapia Estética

o Correntes elétricas – classificação e efeitos no organismo

o Aplicação das correntes elétricas em equipamentos e tecnologias

o Tipos de equipamentos e critérios para escolha

o Alta-frequência

o Vapor de ozônio

o Ionização

o Microcorrente

o Indicações

o Contraindicações

Prática clínica laboratorial facial

o Ficha de avaliação (biotipo, fototipo cutâneo, fisiopatologia das

afecções estéticas faciais).

o SAE

o Consulta de Enfermagem em estética

o Orientações de manutenção ao cliente

o Educação para cuidados com a pele e prevenção de agravos

o Prática entre os alunos ou modelos

o Câncer de pele – Detecção precoce e educação para prevenção

o Treinamento na Regra do ABCDE

o Semiologia Dermatológica

o Inspeção dermatológica – Lesões elementares, seu

reconhecimento e encaminhamentos pelo Enfermeiro

Anatomia e fisiologia da pele

o Epiderme

o Derme

Cosmetologia

o Tipos de veículos cosméticos para produtos faciais

29

o Higienizantes

o Tônicos

o Esfoliantes

o Emolientes

o Máscaras faciais

o Nutritivos

o Hidratantes

Envelhecimento extrínseco e intrínseco da pele

o Alterações histopatológicas da epiderme e derme

o Processos e teorias sobre o envelhecimento cutâneo

o Teoria dos radicais livres

o Fotoenvelhecimento

o Cronoenvelhecimento

o Atuação do enfermeiro no tratamento do envelhecimento cutâneo

em equipe multidisciplinar

o Fotoproteção e sua importância

o Cuidados com a pele de idosos

o Principais problemas de pele em idosos , prevenção e cuidados :

xerose, lesões associadas ao uso de equipamentos, lesões por

pressão, fricção e umidade, lesões decorrentes de alterações nas

estruturas da pele do idoso

o Interações medicamentosas em idosos e protocolos especiais

Limpeza de pele para cada tipo de pele

o Interação entre a cosmetologia e eletroestética

o Reconhecimento do biótipo cutâneo

o Desenvolvimento de protocolos de limpeza facial profissional –

Papel do enfermeiro

o Uso de tecnologias para atendimento em pacientes com peles

oleosas, seborreicas e acneicas – Papel do Enfermeiro

30

Acne e seborreia

o Características da acne

o Tipos e evolução da acne

o Classificação quanto aos graus de acne

o Tratamentos médicos para Acne

o Papel do Enfermeiro em pacientes com Acne do adolescente e do

adulto

Discromias

o Fisiologia e fisiopatologia da melanogênese

o Distúrbios da pigmentação

o Tipos de alterações da pigmentação

o Prevenção e tratamentos – papel do Enfermeiro

Peelings

o Tipos e efeitos de cada tipo de peeling

o Efeitos fisiológicos

o Peeling mecânico

o Peeling enzimático

o Peeling químico cosmético

o Indicações

o Contraindicações

o Prática de peelings e papel do Enfermeiro (*)

Radiofrequência

o Definição

o Princípios físicos

o Atuação no processo de lipólise

o Particularidades

o Dosimetria

31

o Formas de aplicação

o Indicação

o Contraindicação

o Aplicação em situações indicadas (*)

Discussão de casos clínicos

Simulação de casos com elaboração de protocolos personalizados respeitando

a particularidade de cada indivíduo, associando todos os recursos

apresentados (*)

Estética Corporal – Básico

Eletroterapia Estética

o Definições e princípios físicos

o Metodologias para aplicação dos equipamentos

o Efeitos fisiológicos

o Dosimetria

o Indicações e contraindicações

o Ionização

o Eletrolipólise

o Eletroestimulação

o Vácuo

o Endermologia

Protocolos: flacidez muscular, HLDG (celulite), adiposidade

localizada e estrias

o Interação entre a cosmetologia e eletroestética

o Desenvolvimento de protocolos corporais

Prática Clínica Laboratorial Corporal

o Ficha de avaliação e SAE

o Biometria

32

o Orientações de manutenção ao cliente

o Prática entre alunos e/ou modelos, simulações realisticas

Anatomia e fisiologia da pele

o Epiderme, derme, tecido subcutâneo

Radiofrequência

o Tecnologias em estética corporal

Cosmetologia Corporal

o Tipos de veículos cosméticos utilizados em estética corporal

o Cremes de massagem

o Gel de contato e com ativos

o Hiperemiantes

o Crioterápicos

o Hidratantes

o Nutritivos

o Redutores

Biossegurança e Primeiros Socorros

o Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s)

o Normas para Clinicas e centros de estética

o Suporte básico de vida

o Principais situações de urgência e emergência

o Protocolos para atendimento em situações de emergência no

atendimento em Estética

o Suporte avançado de vida (*)

o Boas práticas para controle de infecções

o Normas para manuseio, fluxos e armazenamentos de insumos ,

materiais e equipamentos

o Desinfecção e esterilização

o RDCs e suas aplicações no âmbito da enfermagem em estética

33

Fisiopatologia das Afecções Estéticas Corporais

o Alterações histológicas e fisiológicas na HLDG (Celulite)

o Alterações histológicas e fisiológicas na Adiposidade Localizada

o Alterações histológicas e fisiológicas nas Estrias

o Alterações fisiológicas na Flacidez Muscular e Tecidual

o Aspectos nutricionais

o Estilo de vida e atividade física

o Aspectos endocrinológicos e metabólicos

Carboxiterapia (*)

o Aplicações em Estética Corporal e papel do Enfermeiro

Ultrassom e Lipocavitação (*)

o Aplicações em Estética Corporal e papel do Enfermeiro

Criolipolise (**) Ver posicionamento da Sobende sobre o assunto em

www.sobende.org.br

( *) Seguir Resoluções especificas do Cofen sobre o assunto

e pareceres da SOBENDE relativos á necessidade de

capacitação especifica para realizar os referidos

procedimentos.

Observações especiais

Com base na Lei do Exercício Profissional, o Enfermeiro não

pode prescrever nenhum tipo de medicamento ou fármaco,

exceto o que prevê a legislação, mediante protocolos .

Neste sentido, embora o Enfermeiro possa inocular

substâncias por diversas vias, tanto para finalidade

diagnóstica como terapêutica, não poderá prescrever tais

substâncias quando atua na Estética, requerendo que haja

uma prescrição do médico para aplicação de tais

substâncias, como no caso de Toxina Botulínica,

preenchedores, enzimas e outras substâncias utilizadas com

finalidade “ estética “.

Importante ainda ressaltar que o Enfermeiro responde sob o

âmbito ético, civil e junto ao Sistema Cofen-Coren por suas

34

atividades, devendo estar devidamente registrado como

Responsável Técnico , assim como , registrar o seu Titulo de

Especialista junto ao Coren de sua jurisdição

Em todos os cenários de atuação em que o Enfermeiro possa

realizar suas atividades, deverá se pautar pela

Sistematização da Assistência de Enfermagem ( SAE),

realizando a Consulta de Enfermagem e sua documentação ,

para fins de pesquisa, auditoria, e segurança ética e legal do

cliente e do profissional

A SOBENDE reforça que os profissionais que atuam em

Clinicas e Centros de estética devem estar registrados junto

aos órgãos legais em todas as esferas ( municipal, estadual e

federal), mantendo em dia os seus registros, e seguindo

rigorosamente todas as normas vigentes para os

estabelecimentos do gênero, vigentes no Brasil.

Todas estas normatizações estão disponíveis nos sites da

ANVISA, Secretarias Estaduais e Municipais de saúde, e no

site da SOBENDE para consulta pelos profissionais.

Anexo 5

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