código civil cabo verdešабо-Верде... · código civil de cabo verde . artigo 19º (casos...

10
Artigo 14º (Condição jurídica dos estrangeiros) 1. Com excepção dos direitos políticos e dos direitos e deveres reservados constitucional ou legalmente aos cidadãos nacionais, os estrangeiros e apátridas que residam ou se encontrem no território nacional gozam dos mesmos direitos, liberdades e garantias e estão sujeitos aos mesmos deveres que os cidadãos cabo-verdianos. 2. Não são, porém, reconhecidos aos estrangeiros os direitos que, sendo atribuídos pelo respectivo Estado aos seus nacionais, o não sejam aos cabo-verdianos em igualdade de circunstâncias. 3. Os estrangeiros e apátridas podem exercer funções de carácter predominantemente técnico, nos termos da lei. Artigo 15º (Qualificações) A competência atribuída a uma lei abrange somente as normas que, pelo seu conteúdo e pela função que têm nessa lei, integram o regime do instituto visado na regra de conflitos. Artigo 16º (Referência à lei estrangeira. Princípio geral) A referência das normas de conflitos a qualquer lei estrangeira determina apenas, na falta de preceito em contrário, a aplicação do direito interno dessa lei. Artigo 17º (Reenvio para a lei de um terceiro Estado) 1. Se, porém, o direito internacional privado da lei referida pela norma de conflitos cabo-verdiana remeter para outra legislação e esta se considerar competente para regular o caso, é o direito interno desta legislação que deve ser aplicado. 2. Cessa o disposto no número anterior, se a lei referida pela norma de conflitos cabo- verdiana for a lei pessoal e o interessado residir habitualmente em território cabo- verdiano ou em país cujas normas de conflitos considerem competente o direito interno do Estado da sua nacionalidade. 3. Ficam, todavia, unicamente sujeitos à regra prevista no número 1 os casos da tutela e curatela, relações patrimoniais entre os cônjuges, poder paternal, relações entre adoptante e adoptado e sucessão por morte, se a lei nacional indicada pela norma de conflitos devolver para a lei da situação dos bens imóveis e esta se considerar competente. Artigo 18º (Reenvio para a lei cabo-verdiana) 1. Se o direito internacional privado da lei designada pela norma de conflitos devolver para o direito interno cabo-verdiano é este o direito aplicável. 2. Quando porém, se trate de matéria compreendida no estatuto pessoal a lei cabo- verdiana só é aplicável se o interessado tiver em território cabo-verdiano a sua residência habitual ou se a lei do país desta residência considerar igualmente competente o direito interno cabo-verdiano. Portaria nº 68-A/97 de 30 de Setembro Código Civil de Cabo Verde

Upload: duonglien

Post on 14-Dec-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Artigo 14

(Condio jurdica dos estrangeiros)

1. Com excepo dos direitos polticos e dos direitos e deveres reservados constitucionalou legalmente aos cidados nacionais, os estrangeiros e aptridas que residam ou se encontrem no territrio nacional gozam dos mesmos direitos, liberdades e garantias e esto sujeitos aos mesmos deveres que os cidados cabo-verdianos.

2. No so, porm, reconhecidos aos estrangeiros os direitos que, sendo atribudos pelorespectivo Estado aos seus nacionais, o no sejam aos cabo-verdianos em igualdade de circunstncias.

3. Os estrangeiros e aptridas podem exercer funes de carcter predominantementetcnico, nos termos da lei.

Artigo 15

(Qualificaes)

A competncia atribuda a uma lei abrange somente as normas que, pelo seu contedo e pela funo que tm nessa lei, integram o regime do instituto visado na regra de conflitos.

Artigo 16

(Referncia lei estrangeira. Princpio geral)

A referncia das normas de conflitos a qualquer lei estrangeira determina apenas, na falta de preceito em contrrio, a aplicao do direito interno dessa lei.

Artigo 17

(Reenvio para a lei de um terceiro Estado)

1. Se, porm, o direito internacional privado da lei referida pela norma de conflitoscabo-verdiana remeter para outra legislao e esta se considerar competente para regular o caso, o direito interno desta legislao que deve ser aplicado.

2. Cessa o disposto no nmero anterior, se a lei referida pela norma de conflitos caboverdiana for a lei pessoal e o interessado residir habitualmente em territrio caboverdiano ou em pas cujas normas de conflitos considerem competente o direito interno do Estado da sua nacionalidade.

3. Ficam, todavia, unicamente sujeitos regra prevista no nmero 1 os casos da tutela ecuratela, relaes patrimoniais entre os cnjuges, poder paternal, relaes entre adoptante e adoptado e sucesso por morte, se a lei nacional indicada pela norma de conflitos devolver para a lei da situao dos bens imveis e esta se considerar competente.

Artigo 18

(Reenvio para a lei cabo-verdiana)

1. Se o direito internacional privado da lei designada pela norma de conflitos devolverpara o direito interno cabo-verdiano este o direito aplicvel.

2. Quando porm, se trate de matria compreendida no estatuto pessoal a lei caboverdiana s aplicvel se o interessado tiver em territrio cabo-verdiano a sua residncia habitual ou se a lei do pas desta residncia considerar igualmente competente o direito interno cabo-verdiano.

Portaria n 68-A/97 de 30 de Setembro

Cdigo Civil de Cabo Verde

Artigo 19

(Casos em que no admitido o reenvio)

1. Cessa o disposto nos dois artigos anteriores quando da aplicao deles resulte ainvalidade ou ineficcia de um negcio jurdico que seria vlido ou eficaz segundo a regra fixada no artigo 16 ou a ilegitimidade de um estado que de outro modo seria legtimo.

2. Cessa igualmente o disposto nos mesmos artigos, se a lei estrangeira tiver sidodesignada pelos interessados nos casos em que a designao permitida.

Artigo 20

(Ordenamentos jurdicos plurilegislativos)

1. Quando em razo da nacionalidade de certa pessoa, for competente a lei de umEstado em que coexistam diferentes sistemas legislativos locais, o direito interno desse Estado que fixa em cada caso o sistema aplicvel.

2. Na falta de normas de direito interlocal, recorre-se ao direito internacional privadodo mesmo Estado e se este no bastar, considera-se como lei pessoal do interessado a lei da sua residncia habitual.

3. Se a legislao competente constituir uma ordem jurdica territorialmente unitria, masnela vigorarem diversos sistemas de normas para diferentes categorias de pessoas, observar-se- sempre o estabelecido nessa legislao quanto ao conflito de sistemas.

Artigo 21

(Fraude lei)

Na aplicao das normas de conflitos so irrelevantes as situaes de facto ou de direito criadas com o intuito fraudulento de evitar a aplicabilidade da lei que, noutras circunstncias, seria competente.

Artigo 22

(Ordem pblica)

1. No so aplicveis os preceitos da lei estrangeira indicados pela norma de conflitos,quando essa aplicao envolva ofensa dos princpios fundamentais da ordem pblica internacional do Estado cabo-verdiano.

2. So aplicveis, neste caso, as normas mais apropriadas da legislao estrangeiracompetente ou, subsidiariamente, as regras do direito interno cabo-verdiano.

Artigo 23

(Interpretao e averiguao do direito estrangeiro)

1. A lei estrangeira interpretada dentro do sistema a que pertence e de acordo comas regras interpretativas nele fixadas.

2. Na impossibilidade de averiguar o contedo da lei estrangeira aplicvel recorrer-se lei que for subsidiariamente competente devendo adoptar-se igual procedimento sempre que no for possvel determinar os elementos de facto ou de direito de que dependa a designao da lei aplicvel.

Artigo 24

(Actos realizados a bordo)

1. Aos actos realizados a bordo de navios ou aeronaves, fora dos portos ouaerdromos, aplicvel a lei do lugar da respectiva matrcula, sempre que for competente a lei territorial.

2. Os navios e aeronaves militares consideram-se como parte do territrio do Estado aque pertencem.

SECO II

Normas de conflitos

SUBSECO I

mbito e determinao da lei pessoal

Artigo 25

(mbito da lei pessoal)

O estado dos indivduos, a capacidade das pessoas as relaes de famlia e as sucesses por morte so regulados pela lei pessoal dos respectivos sujeitos, salvas as restries estabelecidas na presente seco.

Artigo 26

(Incio e termo da personalidade jurdica)

1. O incio e termo da personalidade jurdica so fixados igualmente pela lei pessoalde cada indivduo.

2. Quando certo efeito jurdico depender da sobrevivncia de uma a outra pessoa eestas tiverem leis pessoais diferentes, se as presunes de sobrevivncia dessas leis forem inconciliveis aplicvel o disposto no nmero 2 do artigo 66.

Artigo 27

(Direitos de personalidade)

1. Aos direitos de personalidade, no que respeita sua existncia e tutela e srestries impostas ao seu exerccio tambm aplicvel a lei pessoal.

2. O estrangeiro ou aptrida no goza porm de qualquer forma de tutela jurdica queno seja reconhecida na lei cabo-verdiana.

Artigo 28

(Desvios quanto s consequncias da incapacidade)

1. O negcio jurdico celebrado em Cabo Verde por pessoa que seja incapaz segundoa lei pessoal competente no pode ser anulado com fundamento na incapacidade no caso de a lei interna cabo-verdiana, se fosse aplicvel, considerar essa pessoa como capaz.

2. A excepo prevista no nmero anterior cessa, quando a outra parte tinhaconhecimento da incapacidade, ou quando o negcio jurdico for unilateral, pertencer ao domnio do direito da famlia ou das sucesses ou respeitar disposio de imveis situados no estrangeiro.

3. Se o negcio jurdico for celebrado peio incapaz em pas estrangeiro, serobservada a lei desse pas, que consagrar regras idnticas s fixadas nos nmeros anteriores.

Artigo 29

(Maioridade)

A mudana da lei pessoal no prejudica a maioridade adquirida segundo a lei pessoal anterior.

Artigo 30

(Tutela e institutos anlogos)

tutela e institutos anlogos de proteco aos incapazes aplicvel a lei pessoal do incapaz.

Artigo 31

(Determinao da lei pessoal)

1. A lei pessoal a da nacionalidade do indivduo.

2. So porm reconhecidos em Cabo Verde os negcios jurdicos celebrados no pas daresidncia habitual do declarante em conformidade com a lei desse pas, desde que esta se considere competente.

Artigo 32

(Aptridas)

1. A lei pessoal do aptrida a do lugar onde ele tiver a sua residncia habitual ou,sendo menor ou interdito, o seu domiclio legal.

2. Na falta de residncia habitual, aplicvel o disposto no n 2 do artigo 80

Artigo 33

(Pessoas colectivas)

1. A pessoa colectiva tem como lei pessoal a lei do Estado onde se encontra situada asede principal e efectiva da sua administrao.

2. A lei pessoal compete especialmente regular: a capacidade da pessoa colectiva; aconstituio funcionamento e competncia dos seus rgos; os modos de aquisio e perda da qualidade de associado e os correspondentes direitos e deveres; a responsabilidade da pessoa colectiva, bem como a dos respectivos rgos e membros perante terceiros; a transformao dissoluo e extino da pessoa colectiva.

3. A transferncia de um Estado para outro, da sede da pessoa colectiva no extinguea personalidade jurdica desta, se nisso convierem as leis de uma e outra sede.

4. A fuso de entidades com lei pessoal diferente apreciada em face de ambas asleis pessoais.

Artigo 34

(Pessoas colectivas internacionais)

A lei pessoal das pessoas colectivas internacionais a designada na conveno que as criou ou nos respectivos estatutos e, na falta de designao, a do pas onde estiver a sede principal.

SUBSECO II

Lei reguladora dos negcios jurdicos

Artigo 35

(Declarao negocial)

1. A perfeio, interpretao e integrao da declarao negocial so reguladas pelalei aplicvel substncia do negcio, a qual igualmente aplicvel falta e vcios da vontade.

2. O valor de um comportamento como declarao negocial determinado pela lei daresidncia habitual comum do declarante e do destinatrio e, na falta desta, pela lei do lugar onde o comportamento se verificou.

3. O valor do silncio como meio declaratrio igualmente determinado pela lei daresidncia habitual comum e, na falta desta, pela lei do lugar onde a proposta foi recebida.

Artigo 36

(Forma da declarao)

1. A forma da declarao negocial regulada pela lei aplicvel substncia donegcio; , porm, suficiente a observncia da lei em vigor no lugar em que feita a declarao salvo se a lei reguladora da substncia do negcio exigir, sob pena de nulidade ou ineficcia, a observncia de determinada forma ainda que o negcio seja celebrado no estrangeiro.

2. A declarao negocial ainda formalmente vlida se, em vez da forma prescrita nalei local tiver sido observada a forma prescrita pelo Estado para que remete a norma de conflitos daquela lei, sem prejuzo do disposto na ltima parte do nmero anterior.

Artigo 37

(Representao legal)

A representao legal est sujeita lei reguladora da relao jurdica de que nasce o poder representativo.

Artigo 38

(Representao orgnica)

A representao da pessoa colectiva por intermdio dos seus rgos regulada pela respectiva lei pessoal.

Artigo 39

(Representao voluntria)

1. A representao voluntria regulada, quanto existncia, extenso, modificao,efeitos e extino dos poderes representativos, pela lei do Estado em que os poderes so exercidos.

2. Porm, se o representante exercer os poderes representativos em pas diferentedaquele que o representado indicou e o facto for conhecido do terceiro com quem contrate, aplicvel a lei do pas da residncia habitual do representado.

3. Se o representante exercer profissionalmente a representao e o facto forconhecido do terceiro contratante, aplicvel a lei do domiclio profissional.

4. Quando a representao se refira disposio ou administrao de bens imveis, aplicvel a lei do pas da situao desses bens.

Artigo 40

(Prescrio e caducidade)

A prescrio e a caducidade so reguladas pela lei aplicvel ao direito a que uma ou outra se refere.BR>

SUBSECO III

Lei reguladora das obrigaes

Artigo 41

(Obrigaes provenientes de negcios jurdicos)

1. As obrigaes provenientes de negcio jurdico, assim como a prpria substnciadele, so reguladas pela lei que os respectivos sujeitos tiverem designado ou houverem tido em vista.

2. A designao ou referncia das partes s pode, todavia, recair sobre lei cujaaplicabilidade corresponda a um interesse srio dos declarantes ou esteja em conexo com algum dos elementos do negcio jurdico atendveis no domnio do direito internacional privado.

Artigo 42

(Critrio supletivo)

1. Na falta de determinao da lei competente, atende-se, nos negcios jurdicosunilaterais, lei da residncia habitual do declarante e, nos contratos, lei da residncia habitual comum das partes.

2. Na falta de residncia comum, aplicvel, nos contratos gratuitos, a lei da residnciahabitual daquele que atribui o benefcio e, nos restantes contratos, a lei do lugar da celebrao.

Artigo 43

(Gesto de negcios)

gesto de negcios aplicvel a lei do lugar em que principal actividade do gestor.

Artigo 44

(Enriquecimento sem causa)

O enriquecimento sem causa regulado pela lei com base na qual se verificou a transferncia do valor patrimonial a favor do enriquecido.

Artigo 45

(Responsabilidade extracontratual)

1. A responsabilidade extracontratual fundada, quer em acto ilcito, quer no risco ou emqualquer conduta lcita, regulada pela lei do Estado onde decorreu a principal actividade causadora do prejuzo; em caso de responsabilidade por omisso, aplicvel a lei do lugar onde o responsvel deveria ter agido.

2. Se a lei do Estado onde se produziu o efeito lesivo considerar responsvel o agente,mas no o considerar como tal a lei do pas onde decorreu a sua actividade, aplicvel

http:refere.BR

a primeira lei, desde que o agente devesse prever a produo de um dano, naquele pas, como consequncia do seu acto ou omisso.

3. Se, porm o agente e o lesado tiverem a mesma nacionalidade ou, na falta dela, amesma residncia habitual, e se encontrarem ocasionalmente em pas estrangeiro, a lei aplicvel ser a da nacionalidade ou a da residncia comum, sem prejuzo das disposies do Estado local que devam ser aplicadas indistintamente a todas as pessoas.

SUBSECO IV

Lei reguladora das coisas

Artigo 46

(Direitos reais)

1. O regime da posse, propriedade e demais direitos reais definido pela lei doEstado em cujo territrio as coisas se encontrem situadas.

2. Em tudo quanto respeita constituio ou transferncia de direitos reais sobre coisasem trnsito, so estas havidas como situadas no pas do destino.

3. A constituio e transferncia de direitos sobre os meios de transporte submetidos aum regime de matrcula so reguladas pela lei do pas onde a matrcula tiver sido efectuada.

Artigo 47

(Capacidade para constituir direitos reais sobre coisas imveis ou dispor deles)

igualmente definida pela lei da situao da coisa a capacidade para constituir direitos reais sobre coisas imveis ou para dispor deles, desde que essa lei assim o determine; de contrrio, aplicvel a lei pessoal.

Artigo 48

(Propriedade intelectual)

1. Os direitos do autor so regulados pela lei do lugar da primeira publicao da obrae, no estando esta publicada, pela lei pessoal do autor, sem prejuzo do disposto em legislao especial.

2. A propriedade industrial regulada pela lei do pas da sua criao.

SUBSECO V

Lei reguladora das relaes de famlia

Artigo 49

(Capacidade para contrair casamento ou celebrar convenes antenupciais)

A capacidade para contrair casamento ou celebrar a conveno antenupcial regulada, em relao a cada nubente, pela respectiva lei pessoal, qual compete ainda definir o regime da falta e dos vcios da vontade dos contraentes.

Artigo 50

(Forma do casamento)

A forma do casamento regulada pela lei do Estado em que o acto celebrado, salvo o disposto no artigo seguinte.

Artigo 51

(Desvios)

1. O casamento de dois estrangeiros em Cabo Verde pode ser celebrado segundo aforma prescrita na lei nacional de qualquer dos contraentes, perante os respectivos agentes diplomticos ou consulares, desde que igual competncia seja reconhecida por essa lei aos agentes diplomticos e consulares cabo-verdianos.

2. O casamento no estrangeiro de dois cabo-verdianos ou de cabo-verdiano eestrangeiro pode ser celebrado perante agente diplomtico ou consular do Estado cabo-verdiano ou perante os ministros do culto religioso; porm, em qualquer caso, o casamento deve ser precedido do processo preliminar de verificao de impedimentos organizado pela entidade competente, a menos que ele seja dispensado nos termos deste cdigo.

Artigo 52

(Relaes entre os cnjuges)

1. Salvo o disposto no artigo seguinte, as relaes entre os cnjuges so reguladas pelalei nacional comum.

2. No tendo os cnjuges a mesma nacionalidade, aplicvel a lei da sua residnciahabitual comum e, na falta desta, a lei pessoal dos pais com o qual a vida familiar se ache mais estreitamente ligada.

Artigo 53

(Convenes antenupciais e regime de bens)

1. A substncia e os efeitos das convenes antenupciais e do regime de bens, legal ouconvencional, so definidos pela lei nacional dos nubentes ao tempo da celebrao do casamento.

2. No tendo os nubentes a mesma nacionalidade, aplicvel a lei da sua residnciahabitual comum e se esta faltar tambm, a lei da primeira residncia conjugal.

3. Se for estrangeira a lei aplicvel e um dos nubentes tiver a sua residncia habitualem territrio cabo-verdiano, pode ser convencionado um dos regimes admitidos neste cdigo.

Artigo 54

(Modificaes do regime de bens)

1. Aos cnjuges permitido modificar o regime de bens, legal ou convencional, se a talforem autorizados pela lei competente nos termos do artigo 52.

2. A nova conveno em caso nenhum ter efeito retroactivo em prejuzo de terceiro.

Artigo 55

(Separao judicial de pessoas e bens, divrcio e unio de facto)

1. separao judicial de pessoas e bens e ao divrcio aplicvel o disposto no artigo52.

2. Se, porm, na constncia do matrimnio houver mudana da lei competente, s podefundamentar a separao de pessoas e bens ou o divrcio algum facto relevante ao tempo da sua verificao.

3. A unio de facto reconhecvel nos termos estabelecidos neste cdigo aplicvel, comas devidas adaptaes, as disposies contidas na presente subseco.

4. Se a lei competente para regular as relaes entre os conviventes, no conhecer oinstituto de unio de facto, esta no ser reconhecida.

Artigo 56

(Constituio da filiao)

1. A constituio da filiao aplicvel a lei pessoal dos progenitores data doestabelecimento da relao.

2. No tendo os progenitores a mesma lei pessoal, aplicvel a lei da residnciahabitual comum deles e, se esta tambm faltar, a lei pessoal do filho.

3. Para os efeitos do disposto no numero anterior, atender-se- ao momento donascimento do filho ou ao momento da dissoluo do casamento, se for anterior ao nascimento.

Artigo 57

(Relaes entre pas e filhos)

1. As relaes entre pas e filhos so reguladas pela lei nacional comum dos pas e, nafalta desta, pela lei da sua residncia habitual comum.

2. No caso de os pas residirem habitualmente em Estados diferentes, aplicvel a leipessoal do filho.

3. Se a filiao apenas se achar estabelecida relativamente a um dos progenitores,aplica-se a lei pessoal deste e se um dos progenitores tiver falecido, competente a lei pessoal do sobrevivo.

Artigo 58

(Filiao adoptiva)

1. A constituio da filiao adoptiva aplicvel a lei pessoal do adoptante semprejuzo do disposto no nmero seguinte.

2. Se a adopo for realizada por marido e mulher ou o adoptando for filho docnjuge do adoptante, aplicvel a lei nacional comum dos cnjuges, na falta desta, a lei da sua residncia habitual comum e, se tambm esta faltar, ser aplicvel a lei do pas com o qual a vida familiar dos adoptantes se ache mais estreitamente conexa.

3. As relaes entre adoptante e adoptado, e entre este e a famlia de origem, estosujeitas lei pessoal do adoptante; porm, no caso previsto no nmero anterior aplicvel o disposto no artigo 57.

4. Se a lei competente para regular as relaes entre o adoptando e os seusprogenitores no conhecer o instituto da adopo, ou no o admitir em relao a quem se encontre na situao familiar do adoptando, a adopo no permitida.

Artigo 59

(Requisitos especiais da perfilhao ou adopo)

1. Se, como requisito da constituio das relaes de perfilhao ou adopo, a leipessoal do perfilhando ou adoptando exigir o consentimento deste, ser a exigncia respeitada.

2. Ser igualmente respeitada a exigncia do consentimento de terceiro a quem ointeressado esteja ligado por qualquer relao jurdica de natureza familiar ou tutelar, se provier da lei reguladora desta relao.

SUBSECO VI

Lei reguladora das sucesses

Artigo 60

(Lei competente)

A sucesso por morte regulada pela lei pessoal do autor da sucesso ao tempo do falecimento deste, competindo-lhe tambm definir os poderes do administrador da herana e do executor testamentrio.

Artigo 61

(Capacidade de disposio)

1. A capacidade para fazer, modificar ou revogar uma disposio por morte, bemcomo as exigncias de forma especial das disposies por virtude da idade do disponente, so reguladas pela lei pessoal do autor ao tempo da declarao.

2. Aquele que, depois de ter feito a disposio, adquirir nova lei pessoal conserva acapacidade necessria para revogar a disposio nos termos da lei anterior.

Artigo 62

(Interpretao das disposies; falta e vcios da vontade)

a lei pessoal do autor da herana ao tempo da declarao que regula:

a. A interpretao das respectivas clusulas e disposies, salvo se houverreferncia expressa ou implcita a outra lei;

b. A falta e vcios da vontade;

c. A admissibilidade de testamento de mo comum ou de pactos sucessrios, semprejuzo, quanto a estes, do disposto no artigo 53.

Artigo 63

(Forma)

1. As disposies por morte, bem como a sua revogao ou modificao, sero vlidas,quanto forma, se corresponderem s prescries da lei do lugar onde o acto for celebrado, ou s da lei pessoal do autor da herana, quer no momento da declarao, quer no momento da morte, ou ainda s prescries da lei para que remeta a norma de conflitos da lei local.

2. Se, porm, a lei pessoal do autor da herana no momento da declarao exigir, sobpena de nulidade ou ineficcia, a observncia de determinada forma, ainda que o acto seja praticado no estrangeiro, ser a exigncia respeitada.

LIVRO I Parte geralTTULO I DAS LEIS, SUA INTERPRETAO E APLICAOCAPTULO I Fontes do direitoCAPTULO II Vigncia, interpretao e aplicao das leisCAPTULO III Direitos dos estrangeiros e conflitos de leisSECO I Disposies geraisSECO II Normas de conflitosSUBSECO I mbito e determinao da lei pessoalSUBSECO II Lei reguladora dos negcios jurdicosSUBSECO III Lei reguladora das obrigaesSUBSECO IV Lei reguladora das coisasArtigo 48 (Propriedade intelectual)

SUBSECO V Lei reguladora das relaes de famliaSUBSECO VI Lei reguladora das sucesses

LIVRO II Direito das obrigaesTTULO I DAS OBRIGAES EM GERALCAPTULO I Disposies geraisSECO I Contedo das obrigaesSECO II Obrigaes naturais

CAPITULO II Fontes das obrigaesSECO I ContratosSUBSECO I Disposies geraisSUBSECO II Contrato-promessaSUBSECO III Pactos de prefernciaSUBSECO IV Cesso da posio contratualSUBSECO VI Resoluo do contratoSUBSECO VII Resoluo ou modificao do contrato por alterao das circunstnciasSUBSECO VIII Antecipao do cumprimento. SinalSUBSECO IX Contrato a favor de terceiroSUBSECO X Contrato para pessoa a nomear

SECO II Negcios unilateraisSECO III Gesto de negciosSECO IV Enriquecimento sem causaSECO V Responsabilidade civilSUBSECO I Responsabilidade por actos ilcitosSUBSECO II Responsabilidade pelo risco

CAPTULO III Modalidades das obrigaesSECO I Obrigaes de sujeito activo indeterminadoSECO II Obrigaes solidriasSUBSECO I Disposies geraisSUBSECO II Solidariedade entre devedoresSUBSECO III Solidariedade entre credores

SECO III Obrigaes divisveis e indivisveisSECO IV Obrigaes genricasSECO V Obrigaes alternativasSECO VI Obrigaes pecuniriasSUBSECO I Obrigaes de quantidadeSUBSECO II Obrigaes de moeda especificaSUBSECO III Obrigaes em moedas estrangeiras

SECO VII Obrigaes de jurosSECO VIII Obrigaes de indemnizaoSECO IX Obrigao de informao e de apresentao de coisas ou documentos

CAPTULO IV Transmisso de crditos e de dvidasSECO I Cesso de crditosSECO II Sub-rogaoSECO III Transmisso singular de dividas

CAPTULO V Garantia geral das obrigaesSECO I Disposies geraisSECO II Conservao da garantia patrimonialSUBSECO I Declarao de nulidadeSUBSECO II Sub-rogao do credor ao devedorSUBSECO III Impugnao paulianaSUBSECO IV Arresto

CAPTULO VI Garantias especiais das obrigaesSECO I Prestao de cauoSECO II FianaSUBSECO I Disposies geraisSUBSECO II Relaes entre o credor o o fiadorSUBSECO III Relaes entre o devedor e o fiadorSUBSECO IV Pluralidade de fiadoresSUBSECO V Extino da fiana

SECO III Consignao de rendimentosSECO IV PenhorSUBSECO I Disposies geraisSUBSECO II Penhor de coisasSUBSECO III Penhor de direitos

SECO V HipotecaSUBSECO I Disposies geraisSUBSECO II Hipotecas legaisSUBSECO III Hipotecas judiciaisSUBSECO IV Hipotecas voluntriasSUBSECO V Reduo da hipotecaSUBSECO VI Transmisso dos bens hipotecadosSUBSECO VII Transmisso da HipotecaSUBSECO VIII Extino da hipoteca

SECO VI Privilgios creditriosSUBSECO I Disposies geraisSUBSECO II Privilgios mobilirios geraisSUBSECO III Privilgios mobilirios especiaisSUBSECO IV Privilgios imobiliriosSUBSECO V Efeitos e extino dos privilgios

SECO VII Direito de reteno

CAPTULO VII Cumprimento e no cumprimento das obrigaesSECO I CumprimentoSUBSECO I Disposies geraisSUBSECO II Quem pode fazer e a quem pode ser feita a prestaoSUBSECO III Lugar da prestaoSUBSECO IV Prazo da prestaoSUBSECO V Imputao do cumprimentoSUBSECO VI Prova do cumprimentoSUBSECO VII Direito restituio do ttulo ou meao do cumprimento

SECO II No cumprimentoSUBSECO I Impossibilidade do cumprimento e mora no imputveis ao devedorSUBSECO II Falta de cumprimento e mora imputveis ao devedorDIVISO I Princpios geraisDIVISO II Impossibilidade do cumprimentoDIVISO III Mora do devedorDIVISO IV Fixao contratual dos direitos do credor

SUBSECO III Mora do credor

SECO III Realizao coactiva da prestaoSUBSECO I Aco de cumprimento e execuoSUBSECO II Execuo especfica

SECO IV Cesso de bens aos credores

CAPITULO VIII Causas de extino das obrigaes alm do cumprimentoSECO I Dao em cumprimentoSECO II Consignao em depsitoSECO III CompensaoSECO IV NovaoSECO V RemissoSECO VI Confuso

LIVRO III Direito das coisasTTULO IDA POSSECAPTULO I Disposies geraisCAPTULO II Caracteres da posseCAPTULO III Aquisio e perda da posseCAPTULO IV Efeitos da posseCAPTULO V Defesa da posseCAPTULO VI UsucapioSECO I Disposies geraisSECO II Usucapio de imveisSECO III Usucapio de mveis

LIVRO IV Direito da famliaTTULO I DISPOSIES GERAISCAPTULO I

LIVRO V Direito das sucessesTTULO IDAS SUCESSES EM GERALCAPTULO IDisposies geraisCAPTULO II Abertura da sucesso e chamamento dos herdeiros e legatriosSECO I Abertura da sucessoSECO II Capacidade sucessriaSECO III Direito de representao

CAPTULO III Herana jacenteCAPTULO IV Aceitao da heranaCAPTULO V Repdio da heranaCAPTULO VI Encargos da heranaCAPTULO VII Petio da heranaCAPTULO VIII Administrao da heranaCAPTULO IX Liquidao da heranaCAPTULO X Partilha da heranaSECO I Disposies geraisSECO II ColaoSECO III Efeitos da partilhaSECO IV Impugnao da partilha

CAPTULO XIAlienao de herana