cnc - introdução teórica

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CURSO DE PROGRAMAÇÃO CNC Curso de programação CNC 1 CNC COMANDO NUMÉRICO COMPUTADORIZADO INTRODUÇÃO TEÓRICA Prof. Claudimir Rebeyka, M.Sc. Agosto / 2008

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Apostila CNC - Comando Numérico

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  • CURSO DE PROGRAMAO CNC

    Curso de programao CNC 1

    CNC

    COMANDO NUMRICO

    COMPUTADORIZADO

    INTRODUO TERICA

    Prof. Claudimir Rebeyka, M.Sc.

    Agosto / 2008

  • CNC COMANDO NUMRICO COMPUTADORIZADO

    Comando Numrico Computadorizado Prof. Claudimir Rebeyka 2

    1. CNC E O AMBIENTE DE AUTOMAO INDUSTRIAL ................................... 3 1.1. Comparativo entre usinagem convencional e usinagem com CNC ..... 4

    2. DEFINIO DO COMANDO NUMRICO E SEUS DIFERENTES TIPOS .... 6

    3. COMPONENTES DE UMA MQUINA CNC .................................................... 9

    4. PRINCPIO DE FUNCIONAMENTO DE UM CNC ......................................... 13

    5. INFORMAES NECESSRIAS AO FUNCIONAMENTO DO CNC ....... 14 5.1. Pontos de referncia utilizados nas mquinas CNC................................. 14

    5.2. Eixos e sentidos de movimento .................................................................... 16

    5.3. Determinao do zero pea ....................................................................... 18

    5.4. Dados de ferramentas para usinagem ...................................................... 20

    5.5. Gerenciamento de ferramentas e mtodos de medio ...................... 21

    6. TRANSFERNCIA DE DADOS PARA O CNC ................................................ 26 6.1. Transferncia de dados de ferramentas para os CNC ............................ 27

    7. BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................... 30

  • CNC COMANDO NUMRICO COMPUTADORIZADO

    Comando Numrico Computadorizado Prof. Claudimir Rebeyka 3

    1. CNC E O AMBIENTE DE AUTOMAO INDUSTRIAL

    O desenvolvimento na indstria mecnica determinado pela busca de

    processos de fabricao mais rpidos e automticos, onde a produo possa

    ser feita com a melhor relao entre custo e qualidade. Para a execuo das

    tarefas so desenvolvidas mquinas e formas de controle, como por exemplo, o

    CNC, bem como metodologias de trabalho que diminuam a interveno do

    homem, facilitando o trabalho e garantindo a repetibilidade do produto.

    A automao se desenvolve com a aplicao de sistemas mecnicos,

    eletrnicos e computacionais na operao e controle da produo. Desta

    forma, a automao relacionada com as atividades fsicas da fbrica. Os

    sistemas de produo automatizados so projetados para executar o

    processamento, montagem, manuseio de materiais e atividades de inspeo

    com pequena seno nenhuma participao humana.

    J o termo CIM (Computer Integrated Manufacturing), foi proposto devido

    ao extensivo uso de computadores no projeto de produtos, planejamento da

    produo, controle de operaes e execuo de vrias tarefas comuns s

    empresas de manufatura, e est relacionado com as funes de

    processamento das informaes necessrias produo.

    O CNC utiliza um programa de instrues que transmitido

    eletronicamente ao equipamento de produo para regular suas funes e sua

    operao. A capacidade de mudana no programa que faz do CNC uma

    tecnologia flexvel e apropriada para produo de baixo e mdio volume.

    muito mais fcil escrever novos programas do que modificar o equipamento de

    produo. Isto faz com que as mquinas CNC sejam elementos do CIM

    executando funes da produo de forma automatizada.

    O CNC hoje o mais dinmico processo de fabricao de peas,

    constituindo um dos maiores desenvolvimentos para a automao de mquinas

    para usinagem. Ele representa investimento inicial maior, porm quando a sua

    aplicao bem estruturada, o investimento compensado devido s

    vantagens do processo, ao produzir peas com menor tempo fabricao,

    aumentar a qualidade do produto, produzir com maior eficincia e desta

    maneira aumentando tambm a produtividade.

  • CNC COMANDO NUMRICO COMPUTADORIZADO

    Comando Numrico Computadorizado Prof. Claudimir Rebeyka 4

    Os primeiros esforos

    para a aplicao de

    comando numrico em

    mquinas operatrizes

    tiveram incio em 1949, no

    Laboratrio de Servo

    Mecanismo do Instituto de

    Tecnologia de

    Massachussets (M.I.T),

    associado a U.S. Air Force e

    Parsons Corporation of

    Traverse City, de Michigan.

    A primeira linguagem

    de programao de

    mquinas foi o APT

    (Automatically Programed

    Tool) pelo MIT em 1956. J

    no final de 1962, todos os maiores fabricantes de mquinas ferramentas estavam

    empenhados na fabricao de mquinas com comando numrico.

    Os principais fatores que induziram pesquisa, aparecimento e introduo

    do uso de mquinas operatrizes comandadas numericamente foram:

    O avano tecnolgico durante e aps a segunda guerra mundial.

    A necessidade de adaptao dos equipamentos aos conceitos de

    fabricao como baixo custo em pequenos lotes.

    Produtos de geometria complexa e alta preciso.

    Menor tempo entre projeto do produto e incio da fabricao do mesmo.

    1.1. Comparativo entre usinagem convencional e usinagem

    com CNC

    A forma de trabalho na usinagem com CNC diferente da forma de

    trabalho na usinagem convencional.

    Na usinagem convencional todas as operaes so comandadas

    manualmente ou mecanicamente, sendo que o controle das operaes feito

    diretamente pelo operador da mquina. J na usinagem com CNC, o comando

    da mquina efetuado por um computador incorporado na mquina e o

    controle das operaes efetuado por sensores eletrnicos.

    Figura ilustrativa de uma mquina

    controlada por CNC

  • CNC COMANDO NUMRICO COMPUTADORIZADO

    Comando Numrico Computadorizado Prof. Claudimir Rebeyka 5

    Usinagem convencional:

    Na usinagem convencional o operrio o principal elemento do sistema

    de produo, pois cabem a ele as decises sobre a execuo do trabalho.

    Diante da mquina o operador ir receber:

    A ordem de produo

    O desenho da pea

    Os dispositivos de fixao e instrumentos de medio

    As peas em bruto ou semi-acabadas

    As ferramentas a serem utilizadas

    Com base nestas informaes, cabem ao operador as tarefas de:

    interpretar, decidir, executar, controlar e informar sobre o trabalho a ser

    realizado. Desta forma, a eficincia do processo produtivo depender

    diretamente da experincia do operador. Operadores de mquina mais

    experientes faro o trabalho com maior facilidade que operadores iniciantes.

    Usinagem com CN:

    J na usinagem com CN, o nmero de informaes bem maior, pois o

    operador recebe:

    A ordem de produo

    Toda a documentao da pea a ser usinada, desenhos, planos de fixao

    e listas de ferramentas

    Os dispositivos de fixao e instrumentos de medio

    As peas em bruto ou semi-acabadas

    O programa CN preparado no escritrio, com todos os dados de corte,

    seqncia de movimentos da mquina e funes auxiliares

    As ferramentas montadas e posicionadas no porta ferramentas da mquina.

    Estas ferramentas so trocadas automaticamente pela mquina CN,

    comandadas pelo programa CN

    Assim, na usinagem com CN, cabem ao operador as tarefas de: executar

    e informar sobre o servio. As tarefas de interpretao e deciso so realizadas

    antes da usinagem, pelo programador de CN. A tarefa de controle pode ser

    feita pela prpria mquina, e em casos especficos pelo controle de qualidade

    da empresa, reduzindo o tempo de preparao da mquina.

  • CNC COMANDO NUMRICO COMPUTADORIZADO

    Comando Numrico Computadorizado Prof. Claudimir Rebeyka 6

    2. DEFINIO DO COMANDO NUMRICO E SEUS DIFERENTES TIPOS

    DEFINIO

    O comando numrico um equipamento eletrnico capaz de receber

    informaes por meio de entrada prpria, compilar estas informaes e

    transmiti-las em forma de comando mquina, de modo que esta, sem a

    interveno do operador, realize as operaes na seqncia programada.

    COMANDO NUMRICO PONTO A PONTO

    Neste tipo de comando, para alcanar uma determinada posio

    programada, a mquina se desloca com movimentos independentes, sem uma

    trajetria pr-definida e controlada. Nenhum tipo de operao de fabricao

    pode ocorrer durante este deslocamento, somente depois que a mquina

    alcance completamente a posio programada. Este comando simples e

    barato, e utilizado em mquinas onde sejam necessrias rapidez e preciso de

    posicionamento final, independente da trajetria percorrida.

    COMANDO NUMRICO CONTNUO - CN

    Neste tipo de comando a movimentao da mquina controlada

    individualmente e continuamente, com uma exata relao entre os eixos da

    mquina, para que a trajetria seja perfeitamente definida, na sua forma de

    deslocamento bem como em sua velocidade de avano.

    A coordenao dos movimentos controlada atravs de um

    componente chamado de interpolador. O interpolador calcula os pontos a

    serem alcanados e controla o movimento relativo dos eixos assegurando que o

    ponto final programado seja alcanado simultaneamente em todos os sentidos

    de movimento.

    No comando numrico contnuo muitas funes da mquina so

    predeterminadas exclusivamente pela estrutura rgida dos circuitos eltricos /

    eletrnicos que formam a unidade de comando sendo que o nvel de

    flexibilidade est ligado introduo de programas novos ou modificados.

    O comando desenvolvido especificamente para controle de um certo

    tipo de mquina, no havendo flexibilidade de aplicao em outros tipos de

    equipamentos. Para se fazer uma mudana deste porte seria necessria fazer a

    troca do comando numrico.

  • CNC COMANDO NUMRICO COMPUTADORIZADO

    Comando Numrico Computadorizado Prof. Claudimir Rebeyka 7

    COMANDO NUMRICO COMPUTADORIZADO - CNC

    O comando numrico computadorizado tambm um equipamento

    eletrnico que traduz informaes para as mquinas. A diferena que esta

    traduo feita atravs de um microcomputador interno.

    As informaes do perfil da pea, ou das operaes de usinagem so

    programadas atravs de um arquivo de programa. Devido sua capacidade

    de processamento, os CNC podem controlar mquinas mais complexas, com

    diversos tipos de usinagem e ferramentas e executar perfis de usinagem mais

    complexos. A tarefa do interpolador realizada por um programa de

    computador (software), permitindo interpolaes lineares, circulares,

    parablicas e do tipo spline (curva suave que passa por um conjunto de

    pontos).

    Alguns CNC dispem de interfaces grficas para testes de programa. Em

    mquinas com este tipo de recurso possvel fazer a programao em um

    computador comum, depois transmitir o programa para a mquina, executar o

    teste para verificar o percurso da ferramenta antes da usinagem. Isto evita erros

    de sintaxe na programao, erros de posicionamento de ferramentas, entre

    outros.

    No comando numrico computadorizado (CNC), vrias funes da

    mquina passam a ser flexveis graas introduo de um computador na

    unidade de comando graas estrutura lgica da unidade de comando, que

    pode ser modificada sem alterar o sistema fsico dos circuitos eletrnicos

    (hardware). Tambm possvel executar programas de diagnstico, no objetivo

    de controlar componentes da mquina, evitando falhas e reduzindo o tempo

    de reparo.

    Na figura abaixo, pode-se observar duas mquinas diferentes operadas

    por CNC.

    O mesmo tipo de CNC pode controlar diferentes tipos de mquinas

  • CNC COMANDO NUMRICO COMPUTADORIZADO

    Comando Numrico Computadorizado Prof. Claudimir Rebeyka 8

    COMANDO NUMRICO ADAPTATIVO - CNA

    Possui as funes normais dos CNC e a funo adaptativa.

    A funo adaptativa permite o controle de processo atravs da medio

    em tempo real das variveis do processo. Podem ser medidas:

    Velocidade de corte

    Velocidade de avano

    Potncia consumida

    Dimenses da pea

    Nvel de vibraes

    Com base nestas medies, o comando calcula e ajusta os parmetros

    de usinagem para atingir um desempenho otimizado no processo, durante o

    processo.

    Apesar das vantagens oferecidas, este sistema ainda custa caro e

    apresenta menor confiabilidade, pois existem muitas variveis para controlar. Por

    isto necessria uma anlise criteriosa de viabilidade prtica para

    implementao em cada caso.

    COMANDO NUMRICO DISTRIBUDO - DNC

    Um computador central armazena os programas CNC, e gerencia o fluxo

    de informaes para vrias mquinas CNC, conforme a necessidade. Os

    programas podem ser enviados automaticamente, conforme a solicitao do

    CNC, ou pelo operador da mquina atravs de um meio de comunicao.

    Existem vrios nveis de sistemas DNC, que podem variar desde o simples

    armazenamento de dados, at o controle total de um conjunto de mquinas.

    Em sistemas bem estruturados, possvel que as mquinas funcionem

    independentemente do computador central, aumentando a flexibilidade em

    casos de falhas.

    Este tipo de comando dispensa o uso de equipamentos locais de leitura

    de dados, pois os programas so enviados diretamente atravs da rede. A

    estrutura permite ao operador maior rapidez e facilidade de acesso aos

    programas CNC, e permite ao programador fazer a programao off-line.

    Como os programas CNC so armazenados em um computador da rede

    DNC, isto , no servidor, o procedimento de cpia de segurana (backup) pode

    ser feito automaticamente, evitando a perda de dados.

  • CNC COMANDO NUMRICO COMPUTADORIZADO

    Comando Numrico Computadorizado Prof. Claudimir Rebeyka 9

    Guias com esferas recirculantes

    3. COMPONENTES DE UMA MQUINA CNC

    As mquinas controladas por CNC seguem basicamente a mesma

    concepo de projeto mecnico das mquinas de controle convencional em

    relao aos processos de usinagem. Porm so necessrios alguns cuidados na

    sua construo que esto relacionados a seguir:

    1. Uso de guias temperadas e associao de materiais que assegurem o mnimo

    desgaste. A produo aumentada de vrias vezes pelo uso do CNC, o que

    implica em maior nmero de movimentos e maior desgaste.

    2. Posicionamento e forma adequados do barramento (principalmente nos

    tornos) de forma a evitar que os cavacos, carregando grande quantidade de

    calor, fiquem acumulados sobre as guias o que provocaria deformaes

    alterando a preciso da mquina.

    3. A reduo do atrito para melhorar o rendimento e reduzir aquecimento, com

    emprego de guias com roletes, guias com esferas, guias hidrostticas, fusos com

    esferas recirculantes, guias com revestimento para reduo do atrito.

    4. Maior rigidez esttica e dinmica da mquina para assegurar preciso de

    execuo e grande capacidade de remoo de material.

    5. Estudo das condies de trabalho de sistemas servo-comandados, anlise dos

    efeitos de folga e deformao elstica.

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    Servo motor

    Servo Driver - Converte os sinais eletrnicos emitidos pelo comando da mquina

    em impulsos eltricos que acionam o servo motor.

    Servo Motor - Motor de

    velocidade varivel,

    responsvel pelo movimento

    da mesa da mquina. Para

    tornos, o servo motor aciona

    os eixos de movimento da

    ferramenta.

    Tacmetro - Instrumento de

    medio responsvel pelo

    monitormento dos valores de

    avano e rotao dos eixos

    da mquina. O tacmetro

    fornece informao para o

    conversor ou o servo driver da

    necessidade ou no de

    realimentao dos seus

    respectivos motores.

    6. Utilizao de um sistema de medio dos deslocamentos normalmente eletro-

    indutivo ou tico, robustos e de alta preciso, capaz de resistir ao ambiente

    industrial e s vibraes.

    Sensores de posio lineares

    Similares ao que se pode ver

    na figura ao lado. So

    fabricados em comprimentos

    at 3000mm apresentam-se

    em diversos formatos

    construtivos como no formato

    de haste sendo inclusive

    adequado para a

    montagem internamente em

    cilindros hidrulicos. Podem

    ficar alojados em um perfil de

    alumnio com cursor em

    forma de carrinho ou livre,

    sendo excelente substituto

    para os potencimetros

    lineares.

    Sensor de posio linear

  • CNC COMANDO NUMRICO COMPUTADORIZADO

    Comando Numrico Computadorizado Prof. Claudimir Rebeyka 11

    Os sensores de posio absolutos lineares utilizam-se do princpio

    magneto-estritivo para obteno da posio do cursor. Uma onda de toro

    gerada pela passagem da corrente atravs dos campos dos ims do cursor. O

    tempo de propagao da onda caracteriza a posio do cursor, ao qual

    associado um sinal de sada.

    7. As maiores velocidades de deslocamento das partes mveis exigem um

    estudo criterioso dos momentos e das foras de inrcia, com cuidado especial

    na reduo do peso das massas mveis.

    8. Motor de acionamento da rvore principal de elevada potncia e

    capacidade de variao contnua de velocidade. Os motores CC eram os mais

    utilizados no passado, mas atualmente os motores de CA so mais empregados,

    pois so mais baratos e de baixa manuteno.

    9. Previso de local para colocao da esteira para remoo automtica de

    cavacos que saem em grande quantidade.

    Conversor - Converte os impulsos eletrnicos emitidos pelo comando em

    impulsos eltricos que acionam o motor principal da mquina.

    Encoder - Transdutor, responsvel pela medio de posio dos eixos. Para eixos

    lineares, o encoder mede a posio linear, para eixos de rotao o encoder

    mede a posio angular. O encoder fornece os dados de posio dos eixos

    para o comando da mquina.

    Princpio de funcionamento de um sensor de posio linear

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    Comando Numrico Computadorizado Prof. Claudimir Rebeyka 12

    Princpio de funcionamento de um Encoder

    Trocador de ferramentas

    10. Existncia de trocadores automticos de ferramentas e estrados porta-pea

    para alcanar maior produtividade com a reduo dos tempos improdutivos de

    troca, tanto das peas como das ferramentas, alm de reduzir o tempo de

    preparao da mquina.

    11. Sistema de medio

    das ferramentas (pre-

    setting). Este tipo de

    sistema auxilia na

    medio da ferramenta

    na prpria mquina

    CNC.

  • CNC COMANDO NUMRICO COMPUTADORIZADO

    Comando Numrico Computadorizado Prof. Claudimir Rebeyka 13

    Princpio de funcionamento de um CNC

    Dispositivo de

    entrada de dados

    CNC Comando Numrico Computadorizado

    Mesa da mquina E

    Convesor

    Motor AC

    T

    Eixo da mquina E

    Servo-driver

    Servo motor

    T

    4. PRINCPIO DE FUNCIONAMENTO DE UM CNC

    Na composio eletrnica, definida como unidade de comando, so

    introduzidos os dados da pea e do processo de fabricao, que determinam

    as tarefas dos acionamentos, enquanto os sinais dos transdutores constituem os

    dados de controle dos elementos acionados. Assim, pode-se afirmar que o CNC

    funciona em circuito fechado de malha de controle.

    Ou seja, o CNC dispara ordens de acionamento e recebe o sinal de

    resposta dos elementos acionados. Isto constitui o comando. Pode-se dizer que

    numrico devido ao fato de que toda instruo de processo vem sempre

    acompanhada de seu respectivo valor numrico. E o fato de ser

    computadorizado porque que todo processamento ocorre em uma unidade

    de comando independente da mquina.

  • CNC COMANDO NUMRICO COMPUTADORIZADO

    Comando Numrico Computadorizado Prof. Claudimir Rebeyka 14

    5. INFORMAES NECESSRIAS AO FUNCIONAMENTO DO CNC

    A introduo das informaes de comando para o CNC ocorre atravs

    de uma interface de entrada de dados. Como o CNC um equipamento

    destinado produo, torna-se necessrio o armazenamento destas

    informaes, seja no prprio comando ou em cpias de segurana para

    posterior aplicao. Para o seu correto funcionamento, o CNC deve armazenar

    dados tecnolgicos sobre o processo de fabricao, formas geomtricas,

    pontos de referncia, dimenses de ferramentas, entre outros que possibilitem a

    execuo do produto de forma automatizada.

    A programao CNC baseada na norma ISO 6983 de 1982, sendo cada

    que funo da mquina associada a um cdigo especfico. Tambm

    conhecida como cdigo G, esta norma estabelece um relacionamento de texto entre os cdigos de comando e as funes da mquina.

    J a norma ISO 14649 baseada em informaes da descrio da tarefa

    a ser executada na mquina CNC, bem como especificao das ferramentas,

    condies tecnolgicas de execuo e informaes sobre as formas

    geomtricas do produto. Esta nova forma de programao, tambm chamada

    de STEP NC prope uma interface de integrao entre o CAM Computer Aided Manufacturing e o CNC.

    5.1. Pontos de referncia utilizados nas mquinas CNC

    Para programar uma mquina CNC necessrio estabelecer sistemas de

    referncia nos quais possam ser descritas posies relativas entre as ferramentas

    de fabricao e as peas a serem fabricadas.

    A referncia da mquina tambm pode ser chamada de ponto zero

    mquina e sua posio definida pelo fabricante. A referncia da pea pode

    ser chamada de ponto zero-pea, e sua posio escolhida pelo programador

    CNC. O ponto zero-mquina e o ponto zero-pea indicados na figura a seguir

    possibilitam o CNC identificar a posio relativa da pea na mesa da mquina.

    O ponto zero-pea a origem do sistema de coordenadas da pea, que

    definido pelo programador e servir como referncia para usinagem e

    programao. A partir deste ponto que sero programados os caminhos e

    posicionamentos das ferramentas e todas as funes de usinagem.A mudana

    do sistema de referncia feita no programa e ajustada pelo operador da

    mquina. A distncia entre o zero-mquina e o zero-pea determinada

    diretamente na mquina pelo operador. Existe uma rea no painel de comando

    onde o operador informa a posio do zero pea.

  • CNC COMANDO NUMRICO COMPUTADORIZADO

    Comando Numrico Computadorizado Prof. Claudimir Rebeyka 15

    Sistemas de referncia (adaptado de Siemens, 1997)

    a) b)

    a) Ponto zero mquina b) Ponto zero pea

    Sistemas de referncia (adaptado de Siemens, 1997)

    a) b)

    a) ponto zero ferramenta em ferramentas de diferentes comprimentos

    b) Localizao do ponto zero ferramenta na ferramenta e no eixo da mquina

    Nos processos de usinagem executados em mquinas controladas por

    CNC comum o uso de ferramentas de corte de geometria definida sendo que

    a montagem destas deve ocorrer fora da mquina, no intuito de reduzir o tempo

    de preparao e aumentar o tempo de produo.

    Para as ferramentas tambm aplicado um sistema de referncia,

    chamado ponto zero-ferramenta, a partir do qual so medidas as dimenses

    das ferramentas (Erro! Fonte de referncia no encontrada.). Os valores

    dimensionais das ferramentas so de extrema importncia para o processo de

    usinagem CNC, pois baseado nestas informaes que o comando da

    mquina ir calcular a trajetria da ponta da ferramenta, de forma a produzir

    corretamente a pea usinada.

  • CNC COMANDO NUMRICO COMPUTADORIZADO

    Comando Numrico Computadorizado Prof. Claudimir Rebeyka 16

    Sistemas de coordenadas

    O propsito destes sistemas de referncia o de prover um meio de

    localizao da ferramenta em relao pea. Considerando o ponto zero

    ferramenta o CNC consegue aplicar determinados conjuntos de ferramentas

    para confeco da pea de acordo com as especificaes do projeto,

    atendendo a qualidade necessria para o produto.

    O ponto zero ferramenta localizado no eixo que contm a ferramenta,

    prximo da entrada do alojamento do cone porta ferramenta. Este ponto fixo

    e normalizado e coincide com o ponto localizado na parte maior do dimetro

    do cone porta ferramenta, quando a mesma est montada. Durante o

    processamento do programa o controle tira os dados de correo necessrios

    da pgina de correo de ferramentas e corrige individualmente, para cada

    ferramenta diferente, o percurso que a mquina ir percorrer. Com duas

    ferramentas diferentes, a mquina executar percursos diferentes para produzir

    peas iguais.

    5.2. Eixos e sentidos de movimento

    Eixo uma direo segundo a qual podem ser programados os

    movimentos relativos entre a ferramenta e a pea de forma contnua e

    controlada.

    Os eixos

    principais determinam

    um sistema de

    coordenadas

    retangulares, de

    rotao direita.

    Neste sistema de

    coordenadas so

    programados

    movimentos da

    ferramenta.

    Na programao

    CNC, os eixos

    principais so

    classificados como

    eixos geomtricos.

    Para cada eixo cartesiano, foi associado um eixo de rotao, a saber:

    Eixo A Rotao em torno do eixo X Eixo B Rotao em torno do eixo Y Eixo C Rotao em torno do eixo Z

  • CNC COMANDO NUMRICO COMPUTADORIZADO

    Comando Numrico Computadorizado Prof. Claudimir Rebeyka 17

    Regra da mo direita

    Os eixos de movimento coincidem com os eixos dos sistemas de

    coordenadas cartesianas (X, Y e Z), sendo que os sentidos dos eixos so

    determinados pela regra da mo direita.

    Foi adotada internacionalmente a conveno de orientar o EIXO "Z" em

    sentido paralelo ao eixo -rvore da mquina, contendo o movimento principal

    de corte. O sentido positivo do eixo "Z" aquele na qual a ferramenta se afasta

    da pea.

    No caso especifico do torno, todo trabalho se processa em um plano que

    passa pelo eixo de simetria da pea. Portanto, temos apenas dois eixos: o

    Longitudinal por conveno o eixo "Z" e o transversal que ser o eixo "X"

    (dimetro ou raio).

    Para fresadoras, aplicam-se os eixos geomtricos X, Y e Z.

    Para mquinas mais complexas, podem ser controlados at mais de cinco

    eixos de movimento. Cada um associado a um elemento da mquina. Existem

    mquinas com eixos paralelos aos eixos X, Y e Z. Neste caso suas denominaes

    passam a ser U, V e W, respectivamente.

  • CNC COMANDO NUMRICO COMPUTADORIZADO

    Comando Numrico Computadorizado Prof. Claudimir Rebeyka 18

    Sistemas de coordenadas e zero-pea

    5.3. Determinao do zero pea

    Normalmente na programao CNC, no se trabalha com coordenadas

    relativas ao zero mquina. Isto se deve ao fato de que a mesma pea pode ser

    fabricada em diferentes mquinas. Neste caso, no importa para o

    programador qual a posio que a pea ir ocupar na mquina, e sim

    apenas as suas dimenses geomtricas.

    Uma prtica comum na programao CNC a de estabelecer a origem

    do eixo Z na face da pea. Desta forma, para usinar a pea ser necessrio

    trabalhar no programa com valores negativos de coordenadas, sendo que as

    coordenadas positivas indicaro que a ferramenta no est "dentro" da pea.

    Para torneamento, comum utilizar a face da pea como referncia

    para o eixo Z, e o centro de simetria como referncia para o eixo X.

    Para fresamento e mandrilamento, comum a utilizao de uma das

    arestas da pea como referncia para X e Y. Tambm comum utilizar a face

    da pea como referncia para o eixo Z.

    Em todos os casos, porm, importante que sejam indicados os pontos

    zero pea para o operador atravs do plano de set-up. importante que o

    ponto zero pea seja de fcil localizao para operador, pois este precisar

    informar para a mquina sua posio relativa ao sistema de coordenadas da

    mquina.

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    Direct Numerical Control (Adaptado de Quinx, 2005)

    Tambm interessante fazer comentrios dentro do programa CNC sobre

    a localizao do ponto zero pea. Estes comentrios sero utilizados pelo

    operador da mquina CNC para determinar a posio do ponto zero pea.

    Os dados relativos execuo de movimentos durante o processo de

    fabricao, bem como as condies tecnolgicas e funes de mquina

    associadas para execuo da usinagem so estabelecidas no programa CNC.

    Este programa escrito em linguagem de programao, geralmente seguindo o

    padro ISO, diretamente no painel do CNC, ou em um computador externo ao

    CNC.

    Quando o programa feito diretamente no painel do CNC, no h

    necessidade de uma forma de transferncia de dados, a no ser para criao

    de cpias de segurana. Por outro lado, quando a programao feita em um

    computador externo, h necessidade de uma forma de transferncia de dados.

    Os mtodos mais comuns utilizados para transferncia de programas CNC

    incluem a utilizao de meios magnticos portteis (disquete ou CD),

    computadores ligados aos CNC atravs de conexes seriais, e a rede DNC

    (Direct Numerical Control). Alguns fabricantes citam o uso de comunicao

    atravs de uma rede com padro Ethernet em suas mquinas.

    AS redes DNC normalmente so utilizadas unicamente para transferncia

    de programas CNC. Na rede DNC um computador central distante da mquina

    CNC armazena os programas de fabricao e gerencia o fluxo de informaes

    para vrias mquinas, conforme a demanda.

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    Dimenses da ferramenta utilizadas no CNC (adaptado de

    Siemens, 1997 e Traubomatic, 1984)

    Conforme o esquema da Erro! Fonte de referncia no encontrada., os

    dados so enviados automaticamente atravs de um meio fsico de conexo. A

    tarefa de programao CNC pode ser realizada em um outro computador

    evitando a parada da mquina.

    Segundo Robb (1998) a rede DNC evoluiu para um sistema de

    gerenciamento de programas CNC, com superviso de reviso de programa e

    distribuio automtica para o comando das mquinas. possvel transmitir

    programas em blocos, permitir a edio de arquivos diretamente no servidor,

    comparar dados, permitir o monitoramento remoto da mquina CNC. Outro

    ponto importante na rede DNC a capacidade de permitir que usurios

    tenham acesso a outros dados relacionados com programas CNC, tais como

    dimenses de ferramentas, desenhos e outras informaes sobre a produo.

    De acordo com a literatura consultada, somente Robb (1998) e Kochan e

    Cowan (1986) citam a utilizao da rede DNC com o propsito de transferir

    dados de ferramentas para as mquinas CNC. Entre os demais autores, esta

    forma de transferncia de dados aplicada ao envio de programas CNC,

    sendo muitas vezes tratada de forma superficial.

    5.4. Dados de ferramentas para usinagem

    Para usinagem, os dados de ferramentas mais comuns para o processo CNC

    so: o seu dimetro (ou raio) e seu comprimento, alm de um nmero que a

    identifique no programa CNC (Siemens, 1997; Traubomatic, 1984).

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    Formas de medir ferramentas para mquinas CNC

    Segundo Linch (2003), estes dados so tratados pelo CNC geralmente

    como uma tabela que fica armazenada em uma rea especfica da memria

    da mquina. O comprimento da ferramenta, medido desde o assentamento no

    eixo-rvore da mquina at a aresta de corte, associado a um valor no

    endereo Z e o raio ou dimetro associado ao endereo X. O operador CNC

    pode fazer ajustes na medida em que as ferramentas desgastam, garantindo a

    qualidade da pea produzida.

    5.5. Gerenciamento de ferramentas e mtodos de medio

    De acordo com Boehs et al. (2002), o gerenciamento de ferramentas deve

    focar o planejamento estratgico, logstico e tcnico da empresa. Cada

    conjunto de ferramentas para uma determinada etapa de fabricao deve ser

    definido durante o planejamento de processos e deve ser conhecido antes da

    etapa de montagem das ferramentas (Boehs et al., 2002). As ferramentas so

    montadas de acordo com uma lista de montagem, onde so atribudos nmeros

    para cada ferramenta, que sero necessrios no programa CNC de modo a

    associar as operaes de fabricao que foram a elas estabelecidas. Assim, a

    medio de ferramentas uma tarefa intrnseca ao trabalho executado pelas

    mquinas controladas por CNC, e para o seu controle, necessrio um cdigo

    nico para cada ferramenta.

    Segundo Kief e Waters (1992), o propsito da medio de ferramentas a

    localizao precisa da aresta de corte e um ponto de referncia no corpo da

    ferramenta. As formas mais usuais de medio de ferramentas de corte so

    apresentadas na figura abaixo.

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    Medio por contato da aresta de corte da ferramenta

    Medio com usinagem de uma superfcie de referncia

    Segundo Simon et al (2002), uma das formas utilizadas para medio de

    ferramentas das mquinas CNC a usinagem de uma superfcie de referncia,

    com posterior medio da pea e correo dos dados de ferramenta. Neste

    caso so introduzidos valores aproximados das dimenses das ferramentas no

    comando da mquina e aps a usinagem a pea resultante medida. Os

    desvios de medidas determinados em relao s dimenses do desenho so

    introduzidos no CNC, como dados de correo para a respectiva ferramenta.

    Este tipo de procedimento bastante utilizado para ajuste do dimetro de

    barras de mandrilar e ferramentas de torneamento montadas diretamente na

    mquina CNC, sobretudo quando a mquina no dispe de suportes

    padronizados de ferramentas.

    Medio por contato da aresta de corte da ferramenta Uma forma simples de medio do comprimento das ferramentas a

    utilizao do prprio CNC para clculo do comprimento. Para isto basta

    encostar a aresta da ferramenta em uma superfcie de referncia da pea ou

    da mquina (Romi, 1987).

    Para efetuar a medio por esta tcnica, o operador aproxima a

    ferramenta e controla o contato da aresta sobre a superfcie de referncia

    geralmente utilizando uma folha de papel conforme a figura abaixo.

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    Dispositivo de medio

    incorporado (DMI) (Marposs,2004)

    Medio de ferramentas com o

    auxlio de dispositivos especiais

    (Adaptado de Mapal, 2004)

    Medio com dispositivos de medio incorporados

    Algumas mquinas CNC

    dispem de dispositivos de

    medio incorporados (DMI)

    dedicados medio de

    ferramentas. Estas mquinas

    necessitam de funes

    especficas no CNC para controle

    destes dispositivos e, apesar da

    medio ser mais rpida que nas

    opes anteriores, ainda utilizam

    tempo que poderia ser destinado

    produo. O dispositivo de

    medio local e serve apenas

    mquina que o contm.

    Este tipo de tecnologia

    proporciona a medio da

    ferramenta, eliminando erros de

    montagem e de localizao da

    aresta, pois a ferramenta

    medida na posio de trabalho, conforme pode ser visto na figura ao lado

    (Marposs, 2004).

    Medio com auxlio de dispositivos especiais

    Algumas operaes de usinagem

    podem utilizar ferramentas especiais

    que so montadas sempre nas

    mesmas dimenses, como exemplo

    quando so produzidos grandes

    lotes de peas (Kief e Waters, 1992).

    Para este tipo de ferramentas

    podem ser desenvolvidos dispositivos

    especiais para conferncia da

    posio da aresta de corte,

    conforme pode ser observado na

    figura ao lado.

    A medio pode ser efetuada

    com a aplicao de sensores de

    contato e mostradores analgicos

    (Mapal, 2004).

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    Mquina de medir ferramentas (MMF) (adaptado de Zoller, 1995)

    Medio com auxlio das Mquinas de Medir Ferramentas

    Outra forma bastante comum a utilizao de Mquinas de Medir

    Ferramentas MMF, tambm chamadas de presetter. De acordo com alguns autores, estas mquinas permitem a fixao da ferramenta na mquina CNC,

    localizando corretamente o ponto de referncia da ferramenta (Hanson, 1999;

    McCarthy, 1996; Zoller, 2002 e Parlec, 2004). A partir desta posio, entendida

    como zero ferramenta medida a posio da aresta de corte.

    Em algumas MMF, a medio da ferramenta feita por comparao

    visual, conforme pode ser visto na figura da pgina seguinte. Neste caso, o

    preparador de ferramentas posiciona a mquina de forma que a sombra da

    aresta de corte da ferramenta seja projetada e coincida com a referncia do

    anteparo de visualizao (Zoller, 1995). A mquina apresenta as dimenses da

    ferramenta em seu mostrador eletrnico, sendo que algumas mquinas possuem

    opo de impresso dos dados de ferramentas.

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    Projeo da aresta de corte, mostrador digital e impressora)

    (adaptado de Zoller, 1995)

    Uma variao da forma medio de ferramentas com auxlio da MMF tem

    como base o estabelecimento das dimenses das ferramentas durante o

    planejamento de processos.

    Toda vez que for produzida determinada pea, a ferramenta apropriada

    dever ser montada, nas dimenses indicadas e de acordo com sua tolerncia

    de montagem especfica para aquele processo, sendo que a MMF utilizada

    apenas para conferncia destas dimenses. Neste caso, para uma determinada

    etapa da fabricao, o dimetro e o comprimento de montagem para um

    mesmo tipo de ferramenta deve ser idntico de acordo com as dimenses de

    montagem indicadas pelo planejamento de processos. Este tipo de

    procedimento apropriado para a produo de grandes lotes de peas com

    pequena variabilidade de ferramentas ou para mquinas multifuso. (Kief e

    Waters, 1992).

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    6. TRANSFERNCIA DE DADOS PARA O CNC

    Antigamente, a transferncia de dados era realizada atravs de fitas

    perfuradas com as instrues dos dados da pea e condies de usinagem,

    definidas pelo programador. Estas fitas podiam ser criadas tanto pelo sistema

    manual como atravs do auxlio do computador. Uma leitora tica acoplada na

    mquina fazia a leitura da fita e passava a instruo de comando mquina.

    A programao manual tambm podia, e em boa parte das mquinas

    atuais ainda pode, ser feita atravs de teclados alfanumricos presentes ou

    conectados as mquinas de comando numrico, principalmente onde a

    simplicidade do trabalho a ser feito e a natureza da operao, no justificam

    gastos com sofisticados mtodos de programao.

    Por outro lado, a programao feita com auxlio do computador,

    proporciona, alm da rapidez, maior segurana contra erros. J nos anos 70

    foram introduzidas as mquinas CNC que passaram a depender menos da parte

    de hardware, essencial nos circuitos das anteriores dos anos 60, e ter seu funcionamento baseado muito mais no software.

    Os avanos substituram a entrada manual de dados e as fitas perfuradas

    por armazenamento em disquete dos programas ou comunicao remota.

    Em casos de programas longos, possvel particionar o programa,

    reduzindo a capacidade de memria da mquina. Alm disso, possvel fazer o

    controle dos tempos de fabricao, tempos de usinagem, tempos de

    preparao, permitindo a avaliao do desempenho da mquina.

    Formas de transferncia de dados para um CNC

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    Etiquetas adesivas indicando as dimenses da ferramenta

    (adaptado de Zoller, 1995)

    Atualmente possvel inserir dados na mquina a partir de uma grande

    variedade de programas e linguagens dentre os quais destacam-se os seguintes

    mtodos de transferncia de dados:

    Programao direta no prprio comando da mquina

    Transferncia de arquivos via DNC

    Comunicao ON-LINE via microcomputador

    Placa de rede (padro ethernet)

    6.1. Transferncia de dados de ferramentas para os CNC

    A transferncia de dados de ferramentas para os CNC depende

    diretamente da forma de medio destas ferramentas. As medies de

    ferramentas efetuadas diretamente na mquina CNC dispensam a necessidade

    de transferncia de dados, pois o prprio comando executa a funo de

    memorizao das dimenses da ferramenta. J em medies efetuadas fora da

    mquina CNC h a necessidade de uma forma de transferncia de dados para

    o comando (Leatham-Jones, 1986).

    Na montagem com dispositivos especiais de medio, a transferncia de

    dados de ferramentas efetuada somente na primeira preparao da mquina

    CNC, geralmente por digitao no painel do CNC. Nas repeties posteriores a

    montagem ser efetuada na mesma dimenso, bastando efetuar a troca da

    ferramenta. Neste caso o comprimento e o dimetro so estabelecidos com

    valores de montagem tolerados, determinados no planejamento de processos

    (Mapal, 2005).

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    Formas de envio de dados para os CNC (adaptado de Parlec,

    2004)

    Na montagem feita na MMF, o preparador de ferramentas indica as

    dimenses de montagem numa lista que acompanha as ferramentas at a

    mquina. Em alguns casos observa-se a impresso de etiquetas adesivas que

    so fixadas nas ferramentas para indicar suas dimenses. Neste caso, o

    operador da mquina CNC o responsvel pelo gerenciamento das

    informaes de ferramentas, fazendo a digitao dos valores medidos

    diretamente no painel do CNC.

    Segundo Kief e Waters (1992), alguns sistemas possibilitam o

    armazenamento da identificao da ferramenta e dos valores das dimenses

    em um micro-chip, incorporado no suporte da ferramenta. Estes sistemas

    representam o atual estado da arte da medio de ferramentas, pois

    constituem uma soluo integrada para a tarefa de medio e no reduzem a

    flexibilidade do CNC visto que no necessrio parar a produo para transferir

    os dados das ferramentas. Entretanto, a aplicao deste tipo de sistema implica

    na necessidade de MMF especiais e CNC especiais que tenham as funes de

    gravao e leitura das informaes dos micro-chips.

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    De acordo com Parlec (2004) existem vrias maneiras pelas quais o CNC

    receba os dados de ferramentas gerados em uma MMF, conforme pode ser

    observado na figura anterior. possvel acrescentar valores relativos ao ponto

    zero ferramenta ou ponto zero da pea para de correo dos valores de

    medio das ferramentas.

    As MMF podem enviar dados diretamente para a impressora atravs de

    uma interface serial ou USB. Atravs de uma rede Ethernet, os dados de

    ferramentas podem ser enviados da MMF para o controle de clula e em

    seguida para o CNC, diretamente para o sistema CAD/CAM ou para o servidor

    de rede. Ainda as MMF podem acionar o controlador de micro-chip, onde as

    informaes sobre ferramentas so armazenadas em um micro-chip para

    transferncia posterior ao CNC.

    De acordo com Zoller (2002), a transferncia de dados pode utilizar uma

    rede DNC, rede ethernet, disquete ou com o auxlio de um programa que faz o

    ps-processamento das informaes geradas na MMF.

    A existncia de mquinas integradas ao sistema da manufatura

    proposta pelos fabricantes das MMF (Parlec, 2005; Zoller, 2005), sendo sua

    implementao condicionada anlise tcnica. A Zoller dispe de uma

    biblioteca com arquivos de mais de 2000 CNC diferentes para serem integrados

    em suas MMF de modelos recentes (Zoller, 2005).

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