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Nova convenção coletiva é ferramenta de gestão dos clubes Shutterstock Ano 8 | N o 58 | Janeiro de 2018 CLUBES ENTREVISTA EXCLUSIVA Ricardo Scheidt: “Política esportiva deve ser clara e organizada” Divulgação

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Nova convenção coletiva

é ferramenta de gestão dos clubes

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Ano 8 | No 58 | Janeiro de 2018

CLUBES

ENtrEvista Exclusivaricardo scheidt: “Política esportiva deve ser clara e organizada”

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tivemos no decorrer do ano que terminou várias notícias que deram conta de novas ações, sementes que lançamos nesses primeiros 12 meses de mandato da diretoria do Sindi Clube, temas que tratei em entrevista desta edição da Revista Clubes.

A nossa disposição não pode ser diferente do dinamismo que caracteriza os clubes que representamos. Por isso, iniciamos 2018 felizes, pois aquela semeadura já mostra bons resultados, como está exposto nas próximas páginas.

Além de toda a movimentação havida em 2017, conseguimos coroar o ano de maneira especial, cumprindo nossa principal missão – negociar a convenção coletiva de trabalho.

Firmamos com o Sindesporte o primeiro acordo integrado ao conjunto de mudanças determinado pela reforma trabalhista, a mais profunda alteração já feita na CLT, desde que essas leis foram implantadas, há 74 anos.

Temos certeza que o novo acordo de trabalho nos clubes reflete o que a reforma tra-balhista inspira: haverá expansão do emprego, fruto do livre acordo entre as entidades que representam o empregador e o empregado, cujo acerto apresenta consonância com a realidade, e que, com equilíbrio, beneficia ambas as partes.

Os presidentes de clubes devem ficar atentos à dimensão da nova convenção. Mais do que um conjuntos de itens, temos um divisor de águas para a melhor administração dos recursos humanos dos clubes, desde que bem aplicado.

O Sindi Clube vai se empenhar em divulgar e explicar o funcionamento dessa impor-tante ferramenta de gestão. Registro o devido crédito à comissão de negociação, que esteve envolvida nesse trabalho.

Boa leitura, desejamos a todos um novo ano repleto de realizações e saúde!

Novo acordo de trabalho reflete o que a reforma trabalhista inspira

Paulo cesar Mário Movizzo Presidente do sindicato dos clubes do Estado de são Paulo

[email protected]

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Mensagem do Presidente

5 aconteceClubes de futsal do Pepac aderem à campanha Paz no Esporte.

6 EntrevistaRobert Scheidt defende nova política para o esporte e rememora formação no Yacht Club Santo Amaro.

10 capaConvenção coletiva do setor incorpora mudanças da reforma trabalhista e torna-se importante ferramenta de gestão.

12 Encontros com DirigentesAplicação da nova convenção será o foco principal de eventos em todo o Estado de São Paulo.

14 Painel na FiespEvento promovido pelo Sindi Clube mostra impacto da reforma trabalhista para os clubes.

16 DesafiosAs mudanças culturais nos clubes frente às novas demandas da sociedade.

18 Balanço e projeçãoPresidente do Sindi Clube analisa os primeiros 12 meses de sua gestão e projeta as próximas ações.

20 artigoA judicialização da Medicina e Segurança no Trabalho que onera os empregadores.

12 Programa touchéFamílias dos alunos ressaltam benefícios do aprendizado de esgrima na vida dos futuros esgrimistas.

24 culturaEvento de aniversário do Encontro com o Autor reúne mil pessoas para ouvir Mário Sérgio Cortella.

26 EsporteGrandes comemorações no encerramento do Pepac 2017, com entrega de troféus e medalhas para os vencedores.

30 Galeria históricaInternacional de Regatas resgata imagens do clube santista no final do século 19.

ExpedienteRevista dos Clubes é uma publicação do

Sindicato dos Clubes do Estado de São Paulo, Sindi-ClubeAv. Indianópolis, 628, São Paulo CEP 04062-001

Telefone (11) 5054-5464Portal: www.sindiclubesp.com.brBlog: blog.sindiclubesp.com.br/

E-mail: [email protected]:

Presidente: Paulo Cesar Mário Movizzo

Vice-Presidente: Luiz Carlos Granieri

Vice-Presidente para Assuntos Educacionais:Maria Cecília Santa Cruz

Vice-Presidente de Regionais: Alessandro da Costa Lamellas

Vice-Presidente para Assuntos de Clubes da Capital e Grande São Paulo:Alexandre Bossolani

Vice-Presidente de Sustentabilidade: Antonio Carlos Micelli

Vice-Presidente de Marketing:Carlos Alberto Costa

Vice-Presidente de Relações Trabalhistas:Célio Cássio dos SantosVice-Presidente Jurídico:

Gilberto Souza de ToledoVice-Presidente Financeiro:

José Antonio Silveira RibeiroVice-Presidente de Projetos e Recursos Incentivados:

Luiz Carlos Picone de AraújoVice-Presidente de Relações Institucionais: Marcelo Domingues de Oliveira Belleza

Vice-Presidente de Esportes: Mauricio Goulart de FariaConsultores da Presidência:

Alberto Antonio Pascarelli Fasanaro, Fernando Sérvio Godeghesi e Thomas Edgar Bradfield

Comitê para Assuntos Institucionais e Estratégicos:Mário Eugênio Frugiuele, presidente

Diretor Executivo: Cláudio Lauletta

Diretores RegionaisGrande ABC: João Augusto Minoso Martins

Baixada Santista: Ricardo Ferreira de Souza LyraCampinas: Eduardo Roberto Antonelli de Moraes

Piracicaba: Omir José LourençoRibeirão Preto: José Carlos Sica Calixto

São José do Rio Preto: Pérsio Luís MarconiVale do Paraíba: Heretiano Martins Dias

Conselho Fiscal:Gerson Aguiar de Brito Vianna

José Wilson de SouzaMario Montenegro Gasparini

Paulo Chiaparini Valdir Gomes Moreira

Consultor Jurídico:Valter Piccino

Produção Editorial: ANN Comunicações (11) 99112-9975Editor: Nivaldo Nocelli (Mtb 14.712)

Estagiário: Francis LorandiRevisão: Nádia Gabriel

Projeto gráfico e editoração: Rose SardinCoordenação Editorial: Convergência Comunicação Estratégica

Impressão: Magic Impress

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Sumário

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Acontece

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congressos técnicos definidos

A próxima edição do Pepac, que vai comemorar 20 anos de realização do torneio, já definiu as datas dos con-gressos técnicos que vão decidir as regras dos próximos campeonatos. Treinadores de futsal têm duas reuni-ões marcadas para fevereiro, nos dias 3 e 24, no Sindi Clube. Os técnicos de volêi, por sua vez, farão sete encontros. Dois em fevereiro, dias 17 e 24, e cin-co em março, dias 3, 10, 17, 24 e 31, no mesmo local.

Corais arrecadam brinquedos

O Circuito Sindi-Clube de Corais en-cerrou suas apresentações de Natal na Sociedade Esportiva Palmeiras, em 17 de dezembro, com apresentação fei-ta para um público de 400 pessoas, e com a arrecadação de brinquedos para crianças portadoras do vírus HIV, atendidas pelo Projeto Sítio Ágar, de Cajamar. O grupo musical do Palmei-ras recepcionou os corais do Clube Atletico Aramaçan, Clube Esperia , AABB-SP e Canto da Casa

Antes do Palmeiras, o Circuito de Co-rais também realizou concertos musi-cais que tiveram o Natal como tema no Alphaville Tênis Clubes, de Barue-ri, e no Clube Jundiaiense, de Jundiaí.

Os times finalistas do campeonato de futsal do Pepac, série ouro, aderiram à campanha Paz no Esporte durante os jogos decisivos de suas categorias, disputados em dezembro. A cam-panha promovida pelo Sindi Clube quer conscientizar as equipes e lem-brar os jogadores de que pode haver rivalidade e disputa nos jogos, mas nunca violência e agressão.

No Clube Paineiras do Morumby, as equipes que se enfrentavam para as finais do Pepac aproveitaram a oficial foto dos times para se misturar e regis-trar que o respeito deve vir em primei-ro lugar. A torcida também se engajou na ação: mães e crianças foram foto-grafadas para a campanha, lembrando que a arquibancada também deve dar o exemplo, colaborando para a manu-tenção da tranquilidade dentro e fora das quadras entre os adversários.

A campanha Paz no Esporte con-tinuará em 2018, e o Sindi Clube convida todas as agremiações a parti-cipar da iniciativa com imagens que registrem o congraçamento com os adversários. As fotos dos clubes que aderirem à campanha serão compar-tilhadas no Facebook e no Instagram do Sindi Clube, usando a #pazno-esporte. Para conferir as imagens já postadas basta acessar as mídias so-ciais da entidade.

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Disputa pacífica: times engajados na campanha

#Paz no Esporte ganha adesões

Cinco corais apresentaram-se no Palmeiras

Poiani: precursor de grandes ideias

Morre Hélio Poiani

Faleceu em 11 de dezembro Hélio Poiani, profissional ligado à área de Re-cursos Humanos, vinculado ao Club Athletico Paulistano por 68 anos, cuja trajetória esteve profundamente iden-tificada com as atividades que deram origem ao Sindi Clube.

Poiani foi precursor de grandes ideias de gestão dos clubes, como a criação do grupo de gerentes de RH, até hoje ativo. E também foi formador de vários pro-fissionais da área que atuam nos clubes.

Como representante do Paulistano, jun-tamente com Nicolau Biccari, funcioná-rio do Esporte Clube Pinheiros, também recentemente falecido, encarregavam-se das negociações dos acordos coletivos com o Sindesporte, no âmbito do oficio-so Clube dos Presidentes da Zona Sul de São Paulo, cujos integrantes reuniam-se mensalmente para discutir assuntos ati-nentes a suas agremiações.

Foi desse grupo informal que germi-nou a ideia da fundação de uma enti-dade para representar os clubes, o que ocorreu em 1989, com o surgimento do Sindi Clube. Mesmo após a funda-ção, tanto Poiani como Biccari conti-nuaram a colaborar nas negociações trabalhistas, que passaram a ser oficial-mente conduzidas pelo Sindi Clube.

Maior medalhista brasileiro em Jogos Olímpicos, Robert Scheidt destaca papel do esporte nas escolas e rememora seu início no Yacht Club Santo Amaro

“País precisa de uma política esportiva clara e organizada”

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O velejador Robert Scheidt é bicampeão olímpico, 15 vezes cam-peão mundial de iatismo na classe Laser e tricampeão na classe Star. Nesta entrevista para a Revista Clu-bes, ele destacou o quanto o Yacht Club Santo Amaro foi fundamen-tal na sua formação, defendeu que o esporte deve começar nas escolas e anunciou que vai realizar clínicas para passar sua experiência para os mais jovens.

Qual a receita para formar um campeão num esporte como a vela, que tem grande tradição de

vitórias para o Brasil e consagrou você como maior medalhista bra-sileiro em Jogos Olímpicos?É importante falar não só da vela, mas do esporte em geral no Brasil. O País precisa de uma política es-portiva clara e organizada, come-çando com o esporte nas escolas para posteriormente trabalhar os talentos em alto nível. Também é preciso buscar auxílio técnico nas modalidades em que estamos atrás e constantemente fomentar as novas gerações. É um trabalho de longo prazo. Agora, especificamente para os atletas, além de apoio e condições

Entrevista

para o seu desenvolvimento, é pre-ciso ter foco, disciplina e muita for-ça de vontade, além de adorar a sua atividade esportiva. Que influência teve o Yatch Club Santo Amaro para você se tornar um atleta de alto rendimento?O Yatch Club Santo Amaro foi fun-damental na minha formação como velejador. Aprendi muito velejando lá. Tanto a sua estrutura quanto a qualidade dos profissionais que trabalham no clube contribuíram muito para o desenvolvimento da minha carreira na vela. Meu pai já frequentava há muitos anos o clube e desde pequeno comecei a acom-panhá-lo. Por volta de cinco anos, comecei a velejar com ele, em um barco cabinado, para depois fazer o curso de vela na Optimist. O Yacht é meu clube formador e me lembro que tínhamos uma turma boa de crianças. A gente se divertia muito nos fins de semana, colocando nos-sos barcos na água. Aos poucos as coisas foram ficando mais sérias e entrou a competição. Um treinador muito importante foi o Dudu Mel-chert. Foi quem realmente me ensi-nou mais sobre a regata, a largada, os aspectos técnicos, e me preparou

Formação do bicampeão foi no Yatch Club Santo Amaro

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continua na pág. 8

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Entrevista

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des. Por isso, guiei minhas escolhas dentro do que se encaixava melhor. Sempre recebi convites para com-petições de vela oceânica e sempre disse não, em função dos projetos olímpicos. Agora poderei dizer sim. Temos grandes eventos, como a Vol-vo Ocean Race e a America’s Cup, entre outros. Quem sabe, não surge uma oportunidade? O que pesou mais na sua decisão de interromper a sua preparação para os Jogos Olímpicos de 2020? Há alguma chance de você mudar de ideia?Não é fácil começar do zero aos 43 anos, em uma categoria que exige muito do físico, como é a 49er. Sofri com algumas lesões nessa temporada e o período de recuperação não é mais o mesmo. Eu precisaria de muito mais tempo de treino para chegar com-

petitivo em 2020 e, nessa altura da vida, não quero abrir mão da família. Tenho dois filhos pequenos, minhas maiores medalhas, e estar com eles e com a minha mulher é muito impor-tante neste meu momento de vida. Como você analisa a sua partici-pação na última olimpíada e a re-ação do público brasileiro, no Rio de Janeiro?Foi bacana terminar vencendo a Medal Race ao mesmo tempo em que

para os primeiros campeonatos de Optimist, classe pela qual cheguei a ser vice-campeão brasileiro em 1986, no terceiro ano de participação.

É importante para a formação o atleta ter alguém em quem se espelhar?No Yacht tive muitos espelhos, pois o clube é um celeiro de campeões. A medalha de ouro do Alexandre Wel-ter (campeão olímpico de iatismo na classe Tornado na Olimpíada de Mos-cou, em 1980, juntamente com Lars Sigurd Bjorkstrom) muito me incen-tivou. Além disso, sempre tive o apoio da família, e meu irmão Thomas me ajudou muito no início. No clube era assim, muita gente boa velejando e os mais velhos passando conhecimentos aos jovens. O Claudio Biekarck foi fundamental como meu treinador em três Olimpíadas, quando competi na Laser, e em duas como chefe de equi-pe, quando disputei na Star. Sua expe-riência, tranquilidade, conhecimen-tos técnicos e táticos foram essenciais para que eu chegasse concentrado na disputa para conquistar as medalhas, tão importantes para mim. Sou muito grato a ele. No Brasil, a vela ainda é muito dependente de clubes como o Yatch Club Santo Amaro, ao qual devo muito e torço para que continue formando grandes campeões e muitos velejadores que amem o esporte e re-presentem bem o nosso clube. Você dominou a classe Laser e mu-dou para a classe Star, onde também foi vitorioso, e competiu ainda nas classes Optimist e Snipe. Você pre-tendia, ou ainda pretende, disputar alguma outra classe?

Há muitas classes interessantes na vela e todas têm suas particularida-

“Vou sentir falta de acordar todo dia com aquele

objetivo de ganhar uma medalha”

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foi frustrante ficar em quarto lugar, a uma posição do pódio no Rio. Mas o público brasileiro foi incrível, como sempre. A coisa mais linda que existe é defender seu país, ainda mais nos Jogos Olímpicos. Sei que vou sentir falta de acordar todo dia com aquele objetivo de ganhar uma medalha, pois a Olimpíada é como uma montanha que você escala um pouco a cada dia, até chegar ao topo. Foram seis olimpí-adas, cinco medalhas e muito orgulho por ter defendido o Brasil. Como você vê o momento atual do iatismo no Brasil? E quais são os velejadores que mostram haver re-novação, com chances de dar con-tinuidade à tradição de títulos para o Brasil nessa modalidade?Temos uma nova geração despon-tando e muitos talentos. Alguns deles, aliás, já são realidade para a

“Pretendo iniciar clínicas e passar

minha experiênciae conhecimento

para a garotada”

próxima olimpíadas. Mas é preciso pensar no futuro. Pretendo iniciar clínicas a partir do próximo ano para passar um pouco da minha experiên-cia e conhecimento para a garotada. Apresentei essa ideia para o Banco do Brasil, meu patrocinador, e ela foi muito bem recebida. Como tornar a vela um esporte mais acessível? Seguimos lutando para que um maior número pessoas possa conhe-

cer e praticar o iatismo. Essa inicia-tiva das clínicas que pretendo fazer em parceria com o Banco do Brasil é mais um passo nessa direção. Assim como você, outros veleja-dores de alto rendimento vivem ou viveram fora do Brasil. Essa é uma condição necessária para um atleta da vela atingir níveis eleva-dos de preparação e alcançar bons resultados? Posso falar por mim. Moro bem próximo ao lago Di Garda, na Itália, o que facilita sobremaneira meus treinamentos. Além disso, pelo fato de ser uma cidade pequena, também ajuda nos deslocamentos. Treinar fora do Brasil ajudou a organizar melhor minha rotina, pelas facili-dades do lugar em que moro. Não acredito que tenha necessariamente me ajudado a ter resultados melho-res, tanto que já havia ganhado vá-rios mundiais e medalhas antes de mudar para a Itália. Você repete com seus filhos a edu-cação esportiva que recebeu do seu pai. O DNA da vela já pode ser no-tado em algum deles?Como já disse, tenho dois filhos, o Erik, de oito anos, e Lukas, de qua-tro. Eu e minha mulher, Gintare, que também é velejadora, incenti-vamos neles a prática esportiva de maneira geral. O Erik tem velejado comigo e posso dizer que leva jeito. Mas tudo tem seu tempo, e o mais importante é que eles façam suas es-colhas no esporte e na vida. Vamos apoiar sempre.

Para Scheidt, há uma geração despontando e muitos talentos

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Capa

convenção coletiva inaugura nova fase

nas relações de trabalho

a nova convenção coletiva de trabalho assinada pelo Sindi-Clube com o Sindesporte, com data base em 1º de dezembro, trouxe muitas novidades ao incorporar em seus dispositivos as mudanças feitas na Consolidação das Leis de Trabalho. O acordo foi o primeiro celebrado por uma categoria econômica após a reforma trabalhista (lei 13.467), que entrou em vigência em 11 de novem-bro último.

Segundo o presidente do Sindi Clu-be, Paulo Movizzo, a convenção co-letiva da categoria “refletiu a realida-de do momento atual da economia e conseguiu estabelecer um equilíbrio entre os interesses e expectativas dos trabalhadores e as possibilidades dos clubes”. Para o dirigente as cláusulas acordadas na convenção “deverão ba-lizar os próximos acordos que serão firmados sob a vigência da recente reforma trabalhista”.

Para salários até R$ 11.062,62, o índice de reajuste é de 1,95%, igual à variação do INPC no período de dezembro de 2016 a novembro de 2017. Os salários superiores a R$ 11.062,62 terão correção fixa de R$ 215,72. Para a parcela excedente a R$ 11.062, 62 haverá reajustamento negociado de 1,17%.

As tratativas que promoveram o acor-do com o Sindesporte foram condu-zidas pela comissão de negociação designada pela Diretoria do Sindi--Clube, que teve como presidente Cé-lio Cássio dos Santos, vice-presidente de Relações Trabalhistas do Sindi--Clube, e como integrantes: Rubens Bove, Esporte Clube Pinheiros; Jorge Eduardo Prada Levy, Sociedade Har-monia de Tênis; Maurício Goulart de Faria, Clube Paineiras do Morum-by; Normando Luís Mendes Vieira, AABB-SP; Cláudio Lauletta, Sindi--Clube, moderador; e Valter Piccino e Leandro Piccino, consultores jurídi-cos do Sindi Clube.

O consultor jurídico Valter Piccino salienta que, muito além do reflexo econômico, o acordo inaugura uma nova fase que torna a negociação tra-balhista mais harmonizada e simétri-ca, além de favorecer o emprego.

Acordo é ótima ferramenta de gestão dos clubes, desde que bem aplicada

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“Tivemos um ajustamento que se tornou uma ferramenta de gestão de recursos humanos que objetiva ma-ximizar a utilização da mão de obra. Antes disso, a jurisprudência traba-lhista engessava o dinamismo do tra-balho e inviabilizava a expansão do emprego, ou seja, o trabalho tinha mais custo do que valor”, diz Picci-no. Segundo ele, mais da metade das cláusulas do acordo anterior aparece com mudanças na atual convenção, sendo, por isso, necessário que o gestor de recursos humanos do clu-be conheça as novidades para saber aplicá-las.

Piccino relaciona as principais alte-rações trazidas pela nova Convenção Coletiva de Trabalho, que seguem destacadas abaixo:

Hora extra: o porcentual de acrésci-mo passou de 60% para 50%.

trabalho em dias de folgas ou feriados: o pagamento das horas trabalhadas nesses dias é feito sem a remuneração de acréscimo, des-de que haja folga compensatória na mesma semana, ou na semana ante-rior ou posterior.

Banco de horas: pode ser adotado em período anual ou semestral; neste último, poderá ser acordado indivi-dualmente. Agora, o banco admite saldo negativo de horas. Foi elimina-do o acréscimo de 40% sobre a hora trabalhada.

intervalos para repouso e ali-mentação: é permitido o intervalo de 30 minutos para alimentação. O intervalo regular de uma e duas ho-ras pode ser ampliado para até quatro horas. É permito ao setor de bares e

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restaurantes estabelecer intervalos intrajornadas de até seis horas.

teletrabalho: é a prestação de servi-ços fora das dependências do empre-gador. Essa novidade agora permite aos clubes empregar pessoas com de-ficiências, que não conseguiam com-parecer por falta de acessibilidade no local de trabalho.

trabalho intermitente: é quan-do a prestação de serviços com su-bordinação não é contínua e ocorre com alternâncias de atividade. Bares e restaurantes é um dos setores que poderão demandar essa modalidade de trabalho, de acordo com os even-tos que realiza. Outra possibilidade é o clube ter como trabalhador in-termitente seus próprios funcioná-rios, mediante novo contrato. Por exemplo, um motorista que trabalha segunda a sexta, poderá ser eventual-mente contratado como garçom, nos fins de semana.

trabalho a tempo parcial: aumen-tou de 25 para 30 horas semanais, li-mite que não pode ser excedido. Esse instituto já é muito utilizado pelos clubes no trabalho das áreas de es-porte, social e cultural.

vestimenta: os clubes que forne-cem uniformes poderão incluir logo-marcas nas roupas dos trabalhadores, sejam elas do clube ou de empresas parceiras.

sindicalização: os eventos de asso-ciação poderão ser feitos três vezes ao ano, agora acompanhados de campa-nhas de saúde que ofereçam ao tra-balhador benefícios como exames de diabetes, medição de pressão arterial, acuidade visual e outros.

Extinção por acordo: trabalhador e empregador podem convencionar em extinguir o contrato de trabalho. Nesse caso, o funcionário receberá metade do aviso prévio (se não for cumprido pelo empregado) e metade da indenização de 40% sobre o sal-do do FGTS. As demais verbas serão pagas na sua integralidade (13º Salá-rio, férias, saldo de salário e demais reflexos).

Exames médicos: o exame médi-co demissional será obrigatório até a data da rescisão contratual, desde que o último exame médico ocupa-cional tenha sido realizado há mais de 135 dias. Caso contrário, não pre-cisará ser feito.

comissão de representação: na convenção acordada, os trabalha-dores em clubes com mais de 200 funcionários optam por manter seu sindicato como seu legítimo repre-sentante, sem a instituição de comis-são no local de trabalho.

Prevalência do negociado sobre o legislado: cláusula da convenção de trabalho que indica os principais aspectos do trabalho que podem ser objeto de livre negociação entre as partes. Destacam-se: jornada de tra-balho, bancos de horas, intervalos intrajornadas, planos de cargos e sa-lários, representantes de trabalhado-res no local de trabalho e outros.

Prazo de validade do acordo: não é permitido estipular duração de convenção coletiva ou acordo supe-rior a dois anos. As datas de vigência tem duração definitiva e não produ-zirão efeito após seus vencimento.

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Atualização

Nova convenção terá destaque nos Encontros com Dirigentes

Maratona de visitas a 12 cidades para levar esclarecimentos e orientação começa em março

a maratona de Encontros com Di-rigentes, ação realizada pelo Sindi Clube desde 2012 nas várias regiões do Estado de São Paulo, terá início em 2018 no mês de março e deverá reeditar a cami-nhada que, em 2017, percorreu 6.400 quilômetros, com visitas a 12 cidades para levar esclarecimentos e orientação aos dirigentes dos clubes paulistas.

Neste ano os encontros terão como foco principal orientar as agremiações sobre a aplicação da convenção coletiva de trabalho (leia mais na pág. 10). Esse tópico ganha relevância como impor-tante ferramenta de gestão, pois as mu-danças da recente reforma trabalhista estão integradas ao novo acordo que vai reger as relações de trabalho nos clubes.

“Essa ação do Sindi Clube tem como principal objetivo atualizar os clubes e orientar sobre as melhores práticas. As-sim, além de explicar a nova convenção coletiva de trabalho, nossos consultores continuarão a oferecer em 2018 solu-ções que visam aprimorar a administra-ção. Contamos com a participação de presidentes, dirigentes e gestores de clu-bes de todo o estado”, diz o presidente do Sindi Clube, Paulo Movizzo. Permanecem na pauta outros assuntos que atraíram a atenção dos participan-tes dos encontros, como compras cole-tivas de materiais em pregões eletrôni-cos para redução de custos; roteiro para a implantação de regras de compliance

“Pelos assuntos tratados, ficamos a par do que seria modificado na legislação trabalhista, e o tema dos seguros espe-cíficos para clubes também foi muito interessante. Participei de todos os en-contros realizados e pretendo voltar”, afirmou.

Aguinaldo Rodrigues da Silva, presiden-te da Sociedade Recreativa de Esportes de Ribeirão Preto, também aprovou o evento realizado na cidade de seu clube. “O Sindi Clube é bem estruturado, ca-paz de levar informações indispensáveis para os clubes do Interior que estão lu-tando para manter a qualidade de aten-dimento ao associado. Acho importante essa interação. Gostei da reunião, estarei presente nas próximas”, disse.

Marcelo Figueiredo, presidente do Cen-tro Esportivo Recrativo Descalvadense, de Descalvado, também esteve presente e concordou com Silva. “O Encontro foi muito bom. Entre os temas tratados, gostei das informações que recebi sobre a reforma trabalhista e também a res-peito dos pregões eletrônicos, que po-dem trazer muita economia aos clubes. Já havia participado deste encontro, e continuarei vindo”, garantiu.

para dar transparência à administração do clube; e também explicações sobre o acesso às leis de incentivo para desen-volver projetos de formação esportiva.

Participantes elogiam

Os dois últimos eventos de 2017 foram realizados em Araçatuba (28/9) e Ribei-rão Preto (19/10). Antes, os Encontros com Dirigentes estiveram em Santos (6/4), São José dos Campos (11/5), Presidente Prudente (25/5), São José do Rio Preto (6/7), Piracicaba (8/7), Cam-pinas, (20/7), Sorocaba (3/8), Marília (17/8), Bauru (18/8) e São Bernardo do Campo (14/9).

Elídio Rodrigues Santana, presidente do América Futebol Clube, esteve no Encontro de Araçatuba, e na sua visão “foi uma reunião muito importante”.

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Palestra explicou convençãoGestores de Recursos Humanos dos clubes acompanharam, no Sindi Clube a palestra que explicou em detalhes todas as cláusulas da nova Convenção Coletiva de Trabalho firmada com o Sindesporte. A exposição, que também teve transmissão via internet, foi feita pelo consultor jurídico da entidade, Valter Piccino, em 13 de dezembro último. Consulte a íntegra do texto da convenção de trabalho no portal do Sindi-Clube, em Jurídico/Convenções.

Painel

reforma trabalhista exige atenção das agremiações

Pazzianotto Pinto, ministro do Traba-lho no governo Sarney e ex-presidente do Tribunal Superior do Trabalho, do advogado da área trabalhista do escritó-rio Braga Nascimento, Dênis Sarak, e do consultor Valter Piccino.

Pazzianotto pede cautela

Os participantes saíram convencidos de que, como ressaltou Pazzianotto, a reforma “tornou-se fundamental para o país”, e que as mudanças “vêm promover o rompimento ideológico da CLT”, como anotou Sarak. E que, “se souberem contratar nos exatos termos da lei, os clubes eliminarão uma série de problemas que vão de-saguar no elenco de reclamações tra-balhistas que já conhecemos”, como alertou Piccino.

Painel do Sindi-Clube na Fiesp mostra impacto da nova legislação

Em sua palestra, Pazzianotto recomen-dou cautela em face da abrangência da nova legislação, que segundo o ex--ministro não é autônoma, já que está inserida na própria CLT. “Os clubes têm que refletir e conversar com seus advogados e não se deixar levar pelo entusiasmo. Há um esforço de moder-nização que enfrenta fortes obstáculos, que estão na CLT”, afirmou.

O ex-ministro considera a CLT uma le-gislação anacrônica, que gera milhões de processos todo ano. Somente em 2016, deram entrada na Justiça do Trabalho 4 milhões de processos, dos quais foram julgados 3,7 milhões, números que re-presentam 80% dos processos trabalhis-tas que tramitaram no período em todo o mundo. “São números assombrosos. Você não consegue viver com esses

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Presidentes e diretores de clubes lotaram auditório na Fiesp

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as mudanças trazidas pela Lei 13.467/17, que instituiu alterações na Consolidação das Leis do Trabalho e está em vigor desde 11 de novembro, deverão reduzir a insegurança jurídica nas relações trabalhistas e poderão va-lorizar o trabalho de modo a deixá-lo mais eficaz. Mas “as partes devem estar preparadas”, como ressaltou o con-sultor jurídico do Sindi Clube, Valter Piccino, durante o Painel “Impactos da Reforma Trabalhista nos Clubes”, promovido pela entidade no dia 14 de novembro, no auditório da Fiesp, em São Paulo, com transmissão ao vivo via internet para atender aos clubes do Interior do estado e de todo o país.

Os cerca de 200 presidentes e dirigentes de clubes presentes ao evento acompa-nharam as palestras do advogado Almir

Maria da Conceição Nogueira Pires –

Federaclubes, Federação Gaúcha dos Clubes Sociais,

Esportivos e Culturais, de Porto Alegre

“O governo anuncia segurança jurídi-ca de todas as alterações feitas, mas há

dúvidas sobre al-guns pontos, que foram abordadas aqui.”

Paulo Celso Resende Rangel, presidente do Itaguará Country Clube, de Guaratin-guetá

“Os clubes têm muita preocupação com a terceirização, mas ficou de-monstrado que é algo que pode ser utilizado, desde que com cautela, mesmo nas atividades-fim.”

Reinaldo Calil Filho, presidente

do Tênis Clube de Campinas

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Painel

números num mundo marcado pela globalização, e com uma contração do mercado de trabalho pela utilização da tecnologia”, disse o palestrante.

Pazzianotto recomendou aos clubes que permaneçam mobilizados, inclusive para adaptar a legislação trabalhista à sua re-alidade. “A definição de empregador como pessoa individual ou coletiva que dirige a prestação de serviços do empre-gado suportando o risco do negócio não é boa para associações, como os clubes, que não tem fins lucrativos. O custeio de um clube é diferente do custeio de uma empresa”, afirmou, recomendando aos dirigentes de clubes que “explorem o que a nova lei tem de positivo e evitem o que ela tem de ruim, e prossigam num esforço permanente de mobilização e de modernização”.

Dênis Sarak destacou algumas justifi-cativas sociais da reforma trabalhista, como aprimorar as relações de trabalho, promover a segurança jurídica, dar mais flexibilidade ao processo de contratação, atualizar os mecanismos de combate à informalidade, valorizar a negociação coletiva e resgatar o diálogo social. O advogado do escritório Braga Nascimen-to afirmou que “a lei vem romper um paradigma da CLT ao falar do diálogo institucional fazendo o contraponto en-tre o poder econômico do empregador e a hipossuficiência do empregado”. Mas ele lembrou que “alguns pontos que en-volvem a segurança jurídica e o respeito ao estado democrático de direito certa-mente serão discutidos pelo próprio STF e pela Justiça do Trabalho”.

O consultor jurídico do Sindi Clube, Valter Piccino, mostrou que “o ponto ba-silar da nova lei, que não traz grandes no-vidades, são ajustes processuais”. Segun-do ele, a prevalência do negociado pelo legislado não é um instrumento estra-nho. “Existe um elenco de pontos que a lei estabelece como deve funcionar. A lei

“A reforma vai permitir adminis-trar melhor nossa área de bares e

restaurantes, na contratação de garçons nos pe-ríodos de maior demanda”

André Costa Del Bosco Amaral, presidente do Tênis Clube de Santos

“Houve alterações em pontos im-portantes da rotina de trabalho dos clubes, principalmente as que po-

dem ser usadas como ferramenta de gestão dos re-cursos humanos”

Genivaldo Gomes, presidente do Ipanema Clube de Ribeirão Preto

“A terceirização, exige cautelas para a sua boa utilização, assim como é preciso cuidado nas novas e várias modalidades de contratação que há agora”

oferece segurança jurídica para flexibilizar as atividades, já que há preponderância das normas estabelecidas através de acor-do coletivo em relação à legislação, sem mudanças radicais”, afirmou.

Lembrando aspectos como a contribui-ção sindical, que não foi extinta mas o trabalhador tem que se manifestar perante o clube se quer contribuir; as férias parceladas, que podem ajudar na gestão desde que adotadas de comum acordo; e à jornada de trabalho, em que há uma ênfase especial na adoção do banco de horas, para atender aos horá-rios de funcionamento dos clubes, que

são mais extensos que os de outras or-ganizações, Piccino lembrou que “tudo tem que estar previsto na convenção ou no acordo coletivo, sem nenhuma supressão de direito do trabalhador”, e que os clubes “têm que estar atentos à lei e estudá-la atentamente, para des-cobrir o que podemos fazer para maxi-mizar a utilização da mão de obra sem prejuízo para nenhuma das partes”.

Como lembrou ao final do Painel o pre-sidente Paulo Movizzo, “o Sindi Clube está preparado para orientar os dirigentes de clubes para que sigam o melhor ca-minho em relação à nova legislação”.

repercussão

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Como reduzir o custo de energia elétrica do seu clube

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Desafios

Uma mudança cultural que envolve conduta ética

Segundo especialistas, até a maneira de fazer política nos clubes vai mudar

O que vai acontecer nos clubes a partir das mudanças que estão ocor-rendo na sociedade brasileira? Essa questão dominou boa parte do pai-nel Encontro de Soluções, promovido pelo Sindi Clube durante o Congresso Brasileiro de Clubes realizado em no-vembro de 2017, no Rio de Janeiro e promete agora ser objeto da atenção de dirigentes e gestores de agremiações.

Segundo o advogado Mauro Guizeli-ne, especialista em direito societário do escritório TozziniFreire Advogados, um dos palestrantes do painel, “a ten-dência é uma mudança cultural, para a qual os dirigentes de clubes deverão estar atentos”. Para Guizeline, que fa-lou sobre a responsabilidade dos ad-ministradores de clubes em tempos de

comportamentos que contribuam para uma sociedade mais equilibrada em termos econômicos, sociais e ambien-tais”, afirma Micelli.

O vice-presidente do Sindi Clube reve-la que muito do que será proposto tem como exemplo iniciativas adotadas pelo Clube Athletico Paulistano, agre-miação na qual ele é também Diretor de Sustentabilidade. “No Paulistano nos preocupamos em contribuir com o processo de aceleração da transição para Economia Circular e cumprir com os Objetivos do Desenvolvimen-to Sustentável (ODS) implementados pela Organização das Nações Unidas (ONU) que sejam pertinentes aos clu-bes”, afirma Micelli. E ele ressalta que essa atuação traz benefícios objetivos: “No Paulistano, obtivemos uma eco-nomia anual de R$ 600 mil em efici-ência energética, entre 2016 e 2017, com investimentos em energias lim-pas, gestão de recursos hídricos e busca da autossuficiência”, comemora.

Sobre a questão ética, o advogado Mau-ro Guizeline lembra que o dirigente de clube “tem que fazer exatamente o que ele faria se estivesse administrando uma empresa dele”, diz. Nesse sentido, ele considera que “a implantação de programas de compliance pelos clubes é uma necessidade absoluta”, na linha do que recomenda o Sindi Clube, que elaborou e distribuiu um Manual de

crise, há uma série de demandas da so-ciedade que vão exigir, desde um cui-dado maior dos dirigentes em relação à responsabilidade ética no exercício de suas atribuições, até alguns novos desafios, como a sustentabilidade, a diversidade e a inclusão.

Segundo o advogado, em função dessas demandas, até a maneira de fazer política nos clubes vai mu-dar. “O grupo que quiser se lançar como dirigente de um clube e não tiver uma visão de compliance e boa governança, assim como respostas práticas para as questões de sustenta-bilidade, diversidade e inclusão, vai ter dificuldades para se consolidar”, prevê. “Mais cedo do que se imagina os clubes precisarão mostrar que têm projetos internos voltados para essas questões”, afirma o advogado.

sustentabilidade, benefício para o clube

No aspecto da sustentabilidade, o vice-presidente de Sustentabilidade do Sindi Clube, Antonio Carlos Mi-celli, destaca que os clubes vão ter que se preocupar cada vez mais com as questões ambientais. “Começamos a estruturar um projeto que permiti-rá ao Sindi Clube fomentar a cultura sustentável junto às agremiações asso-ciadas, reconhecendo a importância e a necessidade de adotarem práticas e

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Guizeline: atenção também para a sustentabilidade, diversidade e inclusão

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Compliance com esse objetivo. “Existe uma Lei Anticorrupção que é muito rigorosa e que influencia a necessidade de uma conduta ética em todas as or-ganizações da sociedade, inclusive nos clubes”, previne Guizeline.

transparência para garantir a integridade

Segundo o especialista em adminis-tração de empresas Gabriel Jacintho, cuja consultoria iniciou uma parceria com o Sindi Clube, é inegável que a Lei Anticorrupção exige que os diri-gentes de clubes fiquem atentos. “Ela é aplicável a qualquer tamanho e tipo de organização, pequena ou grande, com ou sem fins lucrativos, e inclusive aos clubes”, afirma.

Para evitar riscos de práticas que resul-tem em infração à legislação, Jacintho recomenda que os clubes implantem um Programa de Transparência, visan-do prevenir e garantir que todos os en-volvidos com a agremiação cumpram suas práticas de conduta, auxiliando assim no combate a irregularidades.

O Programa é um conjunto de ações que envolve controles internos e pro-cedimentos que facilitam a identifica-ção e a comunicação de qualquer tipo de problema na agremiação. ”As ações abrangem a disseminação interna do conceito, suas funcionalidades e van-tagens, e a instalação de um canal de denúncia, que utiliza uma plataforma eletrônica através do qual o usuário faz a sua comunicação de forma anônima, evitando ao máximo os chamados alar-mes falsos”.

Durante sua palestra no Congresso Bra-sileiro de Clubes no Rio de Janeiro, o superintendente técnico do Comitê Brasileiro de Clubes, Lars Grael, des-tacou as mudanças em andamento nas entidades do esporte do país, ”que tam-bém vão repercutir nos clubes”.

Segundo Lars Grael, velejador brasileiro que ganhou duas medalhas olímpicas e desde 1998 dedica-se ao fomento do desporto a partir de uma perspectiva po-lítica, “as entidades esportivas no Brasil vivem um momento de transformação, com alterações estatutárias, mudanças na estrutura administrativa, envolvendo desde o Comitê Olímpico até as Confe-derações e Federações estaduais”.

O dirigente do CBC ressaltou a en-trada em vigor do Pacto pelo Espor-te, um grande acordo entre entidades esportivas, empresas patrocinadoras e atletas, “cujo objetivo é contribuir para a prática de uma gestão profis-sional, eficiente e transparente” e que condiciona o repasse e verbas da admi-nistração pública, direta e indireta, in-cluindo a Lei de Incentivo ao Esporte, a uma série de regras, como limite de mandato de dirigentes, representação de atletas em órgãos e conselhos téc-

nicos e transparência de documentos e contas na gestão, como dados finan-ceiros e contratos.

Grael destacou que atualmente há 26 empresas signatárias do Pacto, e citou a criação do Rating das Entidades Espor-tivas, que abrange critérios de governan-ça, controles internos, riscos e conformi-dades, transparência e comunicação, e tem repercussão direta para os clubes. “A adaptação dessa ferramenta para os clu-bes é importante, para que possa refletir a realidade”, afirmou Grael, lembrando que as entidades não serão obrigadas a ser avaliadas. “Elas vão se voluntariar para isso, mas provavelmente as que re-sistirem a esse processo de modernização serão engolidas, já que os patrocinado-res vão considerar o seu desempenho no Rating para direcionar investimentos”, afirmou.

Para Grael, “o setor clubístico neste momento do país é o segmento que está dando certo”, mas ele alerta que os clubes têm que ter um protagonismo maior para fazer valer sua importância e demonstrar condições para receber recursos públicos, “E boa governança e compliance é tudo que precisamos para apoiar os projetos dos clubes”, conclui.

alterações estatutárias nas entidades esportivas repercutirão nos clubes

Grael: mais protagonismo para receber recursos públicos

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Especial

um ano de dinamismo e realizações para o setor de clubes

Presidente do Sindi Clube faz um balanço da atuação da atual Diretoria em 2017 e projeta ampliar os temas da agenda da entidade em 2018

O presidente do Sindi Clube, Paulo Movizzo, projeta manter em 2018 o ritmo que infundiu dina-mismo e realizações em sua gestão e quer ampliar e aprofundar os temas que compõem a pauta da entidade no processo de aggiornamento dos clubes. Nos primeiros 12 meses do mandato da atual Diretoria, Movizzo implan-tou medidas como incentivo à adoção de regras de compliance, realização de pregões para compras coletivas e eco-nomia de custos, ampliação de convê-nios e introdução do ensino de esgri-ma para crianças das escolas públicas. Em sua gestão o presidente vem promovendo também um aperfeiço-amento no processo de comunicação da entidade, estimulando mudanças nas principais ferramentas mantidas pelo Sindi Clube para transmitir in-formações a seus diversos públicos.

“A atualização é necessária e cabe ao Sindi Clube, como catalisador dos

rever conceitos e estabelecer novos regramentos”, afirma.

Movizzo lembra que “todos nós te-mos uma agenda a cumprir nessas questões, e é com esse espírito que o Sindi Clube se posiciona para orien-tar o futuro dos clubes”.

O presidente do Sindi Clube salien-ta que, para essa nova fase, os clubes precisam estar atentos à transparência exigida pela sociedade, depois dos in-termináveis escândalos de corrupção. “Por meio de um guia que produzi-mos, incentivamos a adoção de re-gras de compliance pelos clubes, para prevenir ou minimizar os riscos de violação às leis que disciplinam sua atividade. Em 2018, vamos dar prosse-guimento a esse programa que garante conformidade à gestão do clube”, diz.

A retração econômica do país impôs revisões orçamentárias nos clubes, com redução obrigatória de despesas.

anseios do segmento, propor cami-nhos e direcionamentos. A socie-dade brasileira vive um ponto de inflexão. Sentimos que, obrigatoria-mente, nessa conjuntura de crise, há claras mudanças de rumo. No dia a dia do trabalho dos clubes já per-cebemos o reflexo desse momento de transição. Junto com a reforma

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“Cabe ao Sindi Clube propor caminhos

e direcionamentos para o segmento”

Movizzo: claras mudanças de rumo

trabalhista veio nova convenção de trabalho inovadora que assimilou todas as mudanças decorrentes (leia mais na pág. 10). Está em marcha um período de romper barreiras,

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Movizzo ofereceu uma alternativa para isso, as compras coletivas. “Realiza-mos os primeiros pregões eletrônicos para aquisição conjunta de produtos essenciais que são de uso comum nos clubes. Tivemos ótimos resultados de economia de custos, adquirindo, em grande volume, cloro para piscinas e papel sulfite, por exemplo. Instituímos um comitê formado por profissionais do setor de suprimentos dos clubes para definir novos leilões. Neste ano, faremos outros pregões, inclusive no Interior do estado”, anuncia.

Com a mesma preocupação de reduzir gastos, o Sindi Clube ampliou seu le-que de convênios. “Firmamos acordo com a Matrix Energy Trading, empre-sa que oferece aos clubes estudo gra-tuito de viabilidade para o ingresso no mercado livre de energia elétrica, um dos itens de maior valor no orçamento dos clubes. Também fizemos convênio com a Multfer, distribuidora Philips, que fornece aos clubes diagnóstico gratuito para substituição de ilumina-ção convencional por tecnologia LED, com lâmpadas que utilizam o novo sis-tema e proporcionam economia média de 50%”, diz Movizzo.

Recorrer à Justiça contra cobranças inde-vidas do Estado, referentes a impostos e contribuições, e ter de volta valores que eram dados como perdidos também re-presenta uma boa alternativa de reforço de caixa. “Temos um acordo com o es-critório Braga Nascimento e Zilio, que tem longa experiência nessas questões, que oferece análise gratuita da situação do clube quanto à possibilidade de rea-

ver somas incorretamente pagas, com pagamento de honorários ad exitum”, explica. Foi estabelecido também um convênio que beneficia associados e funcionários de clubes, e seus depen-dentes. “É a cobertura de um bom se-guro-viagem, principalmente rumo ao exterior, que é oferecido com 15% de desconto pela empresa parceira Easy.

olímpicas e faixas etárias, com a par-ticipação de mais clubes”, anuncia.

O presidente do Sindi Clube come-mora as ações que levaram a entidade a estreitar seu relacionamento com os representados, como a série de 12 Encontros com Dirigentes, e ainda o contato urgente com presidentes e gestores, quando se fez necessário. “Ti-vemos eventos programados ao lon-go do ano, como os Encontros feitos em todas as regiões do Estado de São Paulo, e também promovemos eventos para esclarecimentos imediatos sobre novas legislações, como a do eSocial e da reforma trabalhista. Este último, realizado no auditório da Fiesp, teve grande audiência presencial e também via internet. Em 2018, vamos manter o mesmo desempenho.”

Movizzo ressalta que o Sindi Clube representa o setor na Fiesp, como integrante do Code - Comitê da Cadeia Produtiva do Desporto. “O diretor da Fiesp, Mário Frugiuele, por sua vez, passou a presidir o Co-mitê para Assuntos Institucionais e Estratégicos do Sindi Clube, que instituímos em 2017. Outra ini-ciativa foi a presença marcante do Sindi Clube no Congresso Brasi-leiro de Clubes. Como fizemos no último Congresso, quando levamos o ex-jogador Zico para falar aos participantes, com grande sucesso. Continuaremos a aliar ao conteúdo técnico do Encontro de Soluções, na abertura do evento, à participa-ção de grandes nomes do esporte”, conclui o presidente.

“Os clubes são profundamente

comprometidos com o seu meio social”

Continuamos atentos a outras opor-tunidades de alianças com empresas e instituições que tragam vantagens para os clubes”, diz.

Os clubes são entidades profunda-mente comprometidas com o meio social em que vivem e isso é eviden-ciado nas ações práticas que realizam. O Sindi Clube, em 2017, reforçou essa demonstração com a implanta-ção do Programa Touché, Escola Pú-blica de Esgrima (leia mais na pág. 20). “Esse programa revelou-se um sucesso, em quatro meses já benefi-cia 45 alunos de escolas públicas que têm aulas de esgrima, com equipa-mentos e professores fornecidos pelo Club Athletico Paulistano, Clube Hebraica e Esporte Clube Pinheiros. É uma experiência que pretendemos expandir para outras modalidades

A preservação da saúde e segurança no trabalho é um dever de todas as em-presas e clubes, envolve a preservação do bem-estar de seu maior patrimônio, que é o seu material humano, repre-sentado pelo corpo de funcionários. Para isso, foram instituídas as Normas Regulamentadoras (NR) que criaram rígidas regras e condutas para prevenir e reduzir significativamente a ocorrên-cia de doenças e acidentes do trabalho, um dos grandes males da chamada era moderna.

Todas essas normas devem estar con-tidas no programa de saúde, higiene e segurança no trabalho adotado pelos clubes. Porém, os responsáveis por essa área devem também estar aten-tos ao que acontece paralelamente à necessária prevenção de doenças e acidentes do trabalho dos funcionários.

Temos nos deparado com uma verda-deira avalanche de ações trabalhistas que envolvem alegações de doenças ocupacionais, sequelas de acidentes de trabalho e funções exercidas em condições insalubres. Paradoxalmente, isso ocorre justamente no momento em que os empregadores mais se preocu-pam com esse assunto.

Na verdade, o que se verifica de manei-ra extremamente intensificada nos últi-mos anos é a judicialização da Medici-na e Segurança no Trabalho. Criou-se uma Indústria de ações trabalhistas,

Artigo Ação Social

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situação extremamente onerosa para todos os empregadores.

Grande parte das ações sofridas, mor-mente no que tange às alegações de doenças ocupacionais, não envolve, de fato, qualquer responsabilidade das empresas em sua eclosão e/ou agrava-mento, porém, ainda assim são pena-lizadas.

Por exemplo, qualquer patologia mús-culo-esquelética (as famosas tendini-tes), invariavelmente, é atribuída ao tra-balho, independentemente da atividade laboral exercida. Da mesma forma são tratados os inevitáveis processos dege-nerativos que acometem a coluna ver-tebral. Esses casos são tratados como doenças ocupacionais e engrossam a lista de patologias mais citadas pelos advogados que ingressam com ações trabalhistas contra as empresas.

Em face dessa crescente judicialização, o médico do trabalho ou o engenheiro do trabalho, além do conhecimento técnico que a sua especialização pro-fissional exige, necessita ter também uma apurada e rigorosa visão judicial do tema. Não basta exercer bem sua função primária – proteger a saúde e segurança do funcionário. Afora isso, tem que demonstrar uma visão realista e preventiva para proteger o clube da danosa proliferação prática judicial que tornou o Brasil recordista mundial em ações trabalhistas.

Miguel e Maria: esgrima mudou a rotina

Miguel Hueb Netto, médico do trabalho (CRM 32374, MTE 9754), é diretor do Centro Médico de Especialidade, atua no Clube Paineiras do Morumby e é assistente técnico judicial no Santos Futebol Clube e no São Paulo Futebol Clube.

A judicialização da Medicina do TrabalhoMiguel Hueb Netto

Catarina, Regina e Marina: encantamento da esgrima

Programa Touché conquista famílias dos alunos

as terças e quintas-feiras no Pe-lezão ganharam um novo e animado contingente de frequentadores. São crianças de 9 a 14 anos de escolas públicas que descobriram uma nova modalidade esportiva, e se entregam à prática da esgrima com todo o en-cantamento que uma boa novidade consegue produzir na mente de uma criança.

Elas chegam geralmente acompa-nhadas das mães ao Centro Educa-cional e Esportivo Edson Arantes do Nascimento, o Pelezão, localizado na Lapa, zona oeste de São Paulo, para as aulas oferecidas para quatro turmas, em dois períodos, do Pro-grama Touché Escola Pública de Esgrima, iniciativa que é resultado do convênio de três clubes esporti-vos com a Secretaria Municipal de Esportes de São Paulo, coordenado pelo Sindi Clube.

“No dia seguinte ao lançamento do Programa já fui inscrever meu filho. Moramos na Cachoeirinha, na zona norte. Precisamos tomar dois ônibus para chegar à Lapa, mas vale a pena.

Mães dos futuros esgrimistas realçam benefícios da prática para as crianças

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A esgrima mudou a rotina da casa, ele tem que levantar mais cedo para chegar ao curso. Por ser bem agita-do, precisava de algo que o entusias-masse para canalizar tanta energia”, diz Maria Santos Silva, mãe de Mi-guel, 11 anos. O menino viu esgrima pela primeira vez nos Jogos Olímpicos. “Eu tinha gostado dos movimentos que os atle-tas faziam. Quando comecei a prati-car nas aulas aquilo que tinha visto na televisão, foi demais, já me senti

Miguel e Maria: esgrima mudou a rotina

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Catarina, Regina e Marina: encantamento da esgrima

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Ação Social

por meio do convênio coordenado pelo Sindi Clube. A formação fica a cargo dos clubes Hebraica de São Paulo, Club Athletico Paulistano e Esporte Clube Pinheiros. Essas agre-miações fornecem, além dos equipa-mentos, instrutores da modalidade e estagiários de educação física.

Meninas também esgrimem

Além dos meninos, a esgrima tam-bém encanta as meninas. Gina Dall’Ovo Burian, tem as filhas Ca-tarina e Marina matriculadas no Touché, no período da tarde. “Elas tiveram a influência da avó que, quando cursou educação física, fez a

disciplina de esgrima e gostou. Estão adorando. Em casa, elas explicam as regras, nos fazem entender como a esgrima é jogada. O pai faz treinos com elas. Para encaixar na rotina, ti-vemos que nos organizar, pois mora-mos longe do Pelezão, no quilometro 19 da Rodovia Raposo Tavares. Mas nunca nos atrasamos, mesmo quan-do não vimos de carro”, conta.

Marina, 13 anos, é a mais entusias-mada. “Eu faço as duas aulas da tarde para também conhecer o que é dado às crianças menores. Aprendi muito sobre um esporte pouco conhecido”, diz. Catarina, 9, queria fazer ginás-tica artística. “Não tinha ginástica, segui o conselho da minha mãe e comecei a fazer esgrima, e está sen-do muito bom. Gostei de aprender a diferença entre as armas, espada, flo-rete e sabre”, conta a pequena.

As mães dos alunos do Touché cria-ram um vínculo com o Programa. Elas formaram até um grupo no Whatsapp, para trocar informações. “Além de crianças comprometidas, interessadas em aprender, que pes-quisam sobre a modalidade, temos pais que estão tão felizes quanto os filhos. A avaliação que fazemos do Touché é muito positiva. As terças e quintas tornaram-se dias especiais também para mim”, diz Rita de Cás-sia Bourroul, professora da escola de esportes do Paulistano e instrutora do Programa no período da tarde.

Crianças usaram roupas e equipamentos de torneios oficiais

na Olimpíada de Tóquio”, conta Mi-guel, que é um dos destaques do Pro-grama Touché.

Bernardo Schwuchow, professor de es-grima do Pinheiros, instrutor do perío-do da manhã, vê que Miguel tem tudo para crescer como esgrimista. “Desde o início notei que ele, mesmo aos 11 anos, possui habilidade natural para movimentos mais difíceis da esgrima, como o movimento ‘a fundo’, uma po-sição de ataque. Ele poderá ser um dos recrutados para os times dos clubes e desenvolver seu talento”, afirma.

Desde setembro, o Programa Touché atende 45 estudantes da rede pública

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Além do ensino regular, o Programa Touché já deu início a atividades ex-tracurriculares, como visitas a clubes tradicionais na esgrima, como a fei-ta em novembro, ao Esporte Clube Pinheiros. Também está programada para este ano a participação em com-petições oficiais.

“As crianças do Touché irão participar de torneios estaduais e nacionais. O estadual é disputado em São Paulo, a primeira das quatro fases é em feve-reiro. A competição nacional tem três etapas, a primeira delas é em março, em Petrópolis. Faremos um esforço

Experiência de combate efetivo utilizou a pista do Pinheiros

para levar alunos que se destaquem não apenas na esgrima, mas também na escola e na frequência ao curso”, diz o instrutor Bernardo Schwuchow.

As crianças tiveram no Pinheiros uma vivência de como é um combate em pista oficial de esgrima. Utilizaram equipamentos eletrônicos iguais aos dos atletas de alto rendimento, com as mesmas roupas e máscaras. “Ex-periências como essa serão repetidas, pois também promovem a integração das turmas da manhã e da tarde e ex-pandem a amizade que já existe no Touché”, afirma Schwuchow.

“Esperamos levar iniciativas como a do Programa Touché para outros esportes que não são tão divulgados e têm pouco acesso. A participação integrada da Hebraica, Paulistano e Pinheiros deve ser ressaltada, assim como a da Secretaria de Esportes. Juntos eles proporcionam benefícios que só o esporte é capaz de oferecer”, diz o presidente do Sindi Clube, Paulo Movizzo.

Em 2018, alunos disputarão competições oficiais

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a comemoração do primeiro ani-versário do Encontro com o Autor em 2017 não poderia ser mais especial. A série de encontros promovida pelo Sindi Clube nos clubes para aproximar os escritores de seus leitores completou um ano, em dezembro último, tendo como convidado o escritor e filósofo Mario Sérgio Cortella. O evento reu-niu cerca de mil pessoas, que lotaram o salão de eventos do Esporte Clube Pinheiros para assistir à palestra sobre o mais novo livro do autor, Viver em paz para morrer em paz.

Abordando com humor e leveza temas filosóficos como vida, morte, prazer e felicidade, o autor conversou por pou-co mais de uma hora com os partici-pantes, exatamente como faz na obra lançada pela Editora Planeta, refletin-do com os leitores sobre os grandes questionamentos da existência e uti-lizando exemplos do nosso cotidiano para entender como atitudes influen-ciam a vida.

Encontro com o Autor comemora um ano com palestra de Mario Sérgio Cortella e atrai um público de mil pessoas

“Se você não existisse, que falta fa-ria?”. Para responder a essa pergunta, Cortella falou sobre o que é impor-tante na vida. “Não é importante ser famoso, nem acumular coisas e propriedades. Importante é ser im-portante para alguém, ou seja, fazer falta para alguém”. Ele lembrou “a necessidade de qualquer um de nós ter uma vida, que mesmo sendo fini-ta, não seja inútil, descartável, banal, fútil e superficial”. Segundo o autor, não podemos simplesmente passar pela vida, precisamos fazer a dife-rença. “No dia que eu me for, só há um jeito de ficar: ficando nas outras pessoas. A única maneira de ficar é fazendo falta”.

A sócia do Pinheiros, Isabel Nunes, participou do evento com a amiga Ivo-ne Islas, ambas admiradoras dos En-contros e do trabalho do palestrante. “Eu costumo acompanhar esses even-tos e saio daqui com a sensação de que a leitura tem outro sabor quando en-

contramos com o autor do livro”, co-mentou Isabel. E Ivone concorda com a amiga: “Quando a gente encontra com o autor é uma vibração diferente, então eu acho que esse evento dá ainda mais vida para a literatura”.

Em 2017, outros nomes de peso pas-saram pelo Encontro com o Autor a convite do Sindi Clube em parce-ria com a Editora Planeta. Autores como Juan Pablo Escobar, Carol Barcellos, Monja Coen e Guilher-me Fiuza estiveram em clubes como Club Athletico Paulistano, Alpha-ville Tênis Clube, Anhembi Tênis Clube, São Paulo Futebol Clube e Clube Paineiras do Morumby, onde encontraram um público interessa-do em conhecer um pouco mais de cada escritor e suas obras.

Para 2018, as agremiações inte-ressadas no Encontro, e que ainda não fazem parte da ação, podem entrar em contato com o Sindi

Cultura

Leitores ocuparam todo o salão de festas do Pinheiros para ouvir o filósofo

um aniversário muito especial

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Cortella: “O que é importante na vida?”

Festa de premiação foi no Paulistano

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Na noite em que homenageou os es-critores vencedores da segunda edição do Prêmio Nacional de Literatura dos Clubes, o Sindi Clube anunciou que, em 2018, será criada uma competição literária destinada aos jovens escritores dos clubes.

“O objetivo é dar destaque aos jovens que gostam de escrever e querem mos-trar seus trabalhos”, disse o presidente da entidade, Paulo Movizzo. O formato do novo prêmio e a faixa etária dos autores que poderão participar da competição serão revelados proximamente.

Organizado anualmente pelo Sindi Clube, o Prêmio Nacional de Litera-tura dos Clubes é aberto à participa-ção de escritores associados de clubes de todo o país, por meio de convênio com a FENACLUBES. Em 2017, o concurso reuniu a produção literária de 256 autores de 62 clubes, de 31 ci-dades brasileiras.

Na festa de premiação, realizada no Club Athetico Paulistano, o júri for-mado por especialistas da Academia Paulista de Letras contemplou os ven-cedores das categorias poesia, crônica e conto, e ainda concedeu cinco men-ções honrosas nas três categorias.

Márcio Luiz de Campos Marques, associado do Círculo Militar de São Paulo, foi o vencedor na categoria crônica. Ele considerou o prêmio um incentivo, não só para os auto-res, mas principalmente para os lei-tores: ”Afinal, a gente escreve para o leitor”, afirmou.

A vencedora na categoria conto, Maria Helena Nogueira de Almei-da, do Club Athletico Paulistano, disse que desde pequena tem o hábito de escrever: “Escrevo como hobby, mas faço a oficina literária do clube às segundas-feiras, e temos que levar semanalmente um traba-lho nosso”, revelou.

Para Magnus Castanheira, do Clube Esperia, ganhador na categoria poe-sia, escrever também é “uma mania antiga”. Ele participou de outras edi-ções do prêmio e ficou entre os pri-meiros colocados, mas diz que “foi uma surpresa eu ter ganho: é muito bonito e muito importante esse con-curso”, diz o escritor.

Os textos ganhadores do Prêmio Nacional de Literatura dos Clubes 2017 estão publicados no Blog do Sindi Clube.

concurso literário premiará jovens autores

Clube pelo e-mail [email protected] para viabilizar a agenda.

Nova competição foi anunciada na entrega do Prêmio Nacional de Literatura dos Clubes

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comemorações encerram Pepac 2017

O Sindi Clube realizou em de-zembro as comemorações que encer-raram os jogos do Pepac de 2017. E, neste ano, os números dos torneios de vôlei feminino e futsal mais uma vez impressionaram: foram 3.610 inscritos de 47 clubes de todo o Estado e mais de 2.000 jogos realizados.

As finais do futsal foram realizadas em dois fins de semana, dez jogos na série prata e outros dez na série ouro. As partidas, disputadíssimas e com grande participação da torcida, mostraram alto nível de desempenho dos atletas e dos clubes.

No vôlei feminino os jogos fo-ram disputados em 13 categorias, do sub-13 ao máster (acima de 30 anos). As categorias menores soma-ram 976 atletas e disputaram 615 jogos durante o ano, e a empolgação dessas jovens justifica a continuida-de do sucesso do campeonato nos próximos anos.

A premiação dos Melhores do Ano para os atletas de futsal e vôlei meno-res, realizada na sede do Sindi Clube, distribuiu troféus para 20 atletas e 10 treinadores das duas modalidades e nas 10 categorias disputadas. Os indicados foram selecionados por desempenho em quadra e os ganha-dores, escolhidos em votação pública no portal do Sindi Clube.

Festa do Vôlei e Melhores do Ano premiaram times, atletas e técnicos que se destacaram na competição

Na entrega dos troféus, o presidente da entidade, Paulo Movizzo, agra-deceu aos atletas, clubes e pais pelo envolvimento com a competição e homenageou os vencedores, ressal-tando ainda a campanha #pazno-esporte, que o Sindi Clube lançou em 2017. “Criamos a campanha Paz no Esporte para lembrar que numa competição tem que haver disputa, mas não conflito e briga. Esse é o es-pírito que pretendemos levar para o ano que vem, quando o Pepac com-pletará 20 anos e teremos muitas no-vidades para vocês”, disse.

Esporte

Empolgação das vencedoras do vôlei feminino, no Círculo Militar, foi total

Já a tradicional festa de premiação do vôlei máster foi realizada com um jantar dançante no salão de festas do Clube Círculo Militar de São Paulo. O evento reuniu cerca de 800 atletas das várias categorias, que comemora-ram efusivamente os troféus e meda-lhas recebidos.

As listas completas dos times vence-dores nas modalidades futsal e vôlei feminino e dos premiados no Me-lhores do Ano estão disponíveis no portal do Sindi Clube (www.sindi-clubesp.com.br), na seção Pepac.

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Animação dos atletas do futsal começou já nas finais

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Alegria dos Melhores do Ano: desempenho e votação pública

20 anos do Pepac em 2018Em 2018 o Pepac completará 20 anos, e o Sindi Clube apresentou uma nova logomarca, criada pela designer gráfica Rose Sardin, para comemorar esse mar-co. A programação também terá novidades e uma série de ações especiais para a competição, que é disputada desde 1999 de forma ininterrupta.

O Pepac surgiu para preencher uma lacuna entre ligas amadoras e jogos fede-rativos, sendo uma opção competitiva que hoje emprega mais de 100 funcio-nários e promove o incentivo ao esporte, integração entre clube e desenvolvi-mento do atleta.

Torcida abraçou a campanha do Sindi Clube

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Galeria histórica

Primeiros associados reunidos em uma antiga sede do clube por volta de 1900 Fo

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O Clube Internacional de Regatas, uma agremiação que oferece aos seus associados a prática de várias atividades de esporte e lazer, mantém bem vivas até hoje as modalidades – canoagem e vela – que o fizeram surgir em Santos, no fim do século 19.

A cidade praiana ganhava destaque no cenário nacional, graças ao desenvolvi-mento da produção do café, à amplia-ção do porto e à implantação do acesso ferroviário entre Santos e Jundiaí. Com o crescimento populacional impulsio-nado pelas demandas de trabalho na estrada de ferro e no porto, Santos che-gava a cerca de 40 mil habitantes, mas a cidade era carente de conforto e lazer.

Em maio de 1898, um grupo de jovens amantes do remo, associados do Clu-be de Regatas Santista, fundado cinco anos antes, divergiu da orientação dada à agremiação e resolveu fundar uma nova instituição, dando origem a mais um clube na cidade.

No acervo de imagens que ilustram a bela história do clube podemos ver ce-nas protagonizadas pelos primeiros as-sociados em uma antiga sede no bairro de Itapema, em Vicente de Carvalho, no Guarujá. O imóvel, antes um grande barracão, foi transformado para a guar-da das embarcações do clube, e a nova sede, inaugurada em maio de 1902, im-pulsionaria suas práticas náuticas.

Patrimônio da memória Fotos registram cenas históricas do Internacional de Regatas

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