clÍnica e cirurgia de pequenos animais rocha de... · clÍnica e cirurgia de pequenos animais...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS CAMPUS DE JATAÍ
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS TCCG – GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA
CLÍNICA E CIRURGIA DE PEQUENOS ANIMAIS
Caroline Rocha de Oliveira Lima
Orientador: Prof. MSc. Rogério Elias Rabelo
JATAÍ 2007
CAROLINE ROCHA DE OLIVEIRA LIMA
CLÍNICA E CIRURGIA DE PEQUENOS ANIMAIS
Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação
apresentado para obtenção do título de Médica
Veterinária junto a Universidade Federal de Goiás.
Orientador:
Prof. MSc. Rogério Elias Rabelo
Supervisor: Prof. MSc. Apóstolo Ferreira Martins
JATAÍ 2007
CAROLINE ROCHA DE OLIVEIRA LIMA
Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Medicina Veterinária
defendido e aprovado em 26 de Janeiro de 2007 pela seguinte Banca
Examinadora:
Prof. MSc. Rogério Elias Rabelo – CCAB/CAJ/UFG Presidente da Banca
Profª. MSc. Alana Flávia Romani – CCAB/CAJ/UFG Membro da banca Examinadora
Prof. Filipe Augusto Sales Gomes – CCAB/CAJ/UFG Membro da banca Examinadora
Dedico este trabalho à minha família, só eles
sabem o quão fundamental e indispensáveis
se fizeram para realização deste trabalho.
E de modo especial ao meu pai Leopoldo
Rocha de Oliveira Filho que tanto almejou
e sonhou com este momento. É principalmente
por vocês e graças a vocês que estou aqui hoje!
Perdão por tudo e muito obrigado!
Amo vocês!!!
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer a Deus pelas infinitas bênçãos que Ele derrama
em minha vida, me guiando sempre por caminhos de luz e trazendo tantas
alegrias e vitórias. Sei que o Senhor me colocou diante dessa profissão
maravilhosa com um propósito muito maior, o qual honrarei eternamente.
Também agradeço minha família, meu pai, minha mãe, minha irmã, tia
Augusta, avó Iraídes e a Letícia que são tudo para mim. São anjos de bondade
que sempre me apóiam e nunca me abandonam, muitas vezes até mesmo se
sacrificando e passando por cima de seus ideais para estarem ao meu lado
sempre. Quero que saibam o quanto eu os amo e o quanto sou grata a vocês.
Agradeço imensamente ao meu professor Rogério Elias Rabelo que
para mim foi muito mais que um professor. Não posso dizer pai porque ele é
muito jovem, mas posso dizer que foi e é um irmão querido e um amigo
verdadeiro, o qual tive a honra de conhecer no meu segundo ano de faculdade e
que me transformou na pessoa que me tornei hoje. Abriu minha mente, expandiu
meus horizontes e me mostrou o verdadeiro significado da palavra Profissional.
Sei que muitas vezes me faço intolerante, imatura e é por isso que te peço
perdão, porque sei que você já deu seu sangue por mim inúmeras vezes e só
quer o meu sucesso. Você é uma pessoa que eu gostaria de ter eternamente ao
meu lado, me guiando na minha caminhada sempre. Espero que um dia, eu
consiga retribuir ao menos parte de tudo que você faz e representa para mim.
Muito Obrigada!
Quero agradecer também em especial aos meus mestres que muito
contribuíram, tanto na minha formação profissional quanto pessoal, por todos
esses anos.
Agradeço a Alana Flávia Romani por sua amizade, pelas conversas
francas que teve comigo, visando sempre o meu bem e o meu amadurecimento,
além de ser uma excelente profissional que dá um verdadeiro show nas aulas de
clínica de pequenos animais.
Agradeço também a oportunidade de ter conhecido os diversos
funcionários da universidade, cada um desempenhando impecavelmente seu
papel, transformaram a realização desse sonho possível, muitas vezes se
desdobrando para que nós tivéssemos as melhores condições para usufruir ao
máximo desse ambiente.
Agradeço a todos os meus colegas de sala, que deixaram na verdade
de serem colegas de sala e passaram a ser verdadeiros amigos, irmãos e uma
nova família para mim. E especialmente as minhas amigas, Mariana, Cinthya e
Thaisinha que muito mais que amigas foram irmãs, parceiras, companheiras,
cúmplices e anjos na minha vida. Pessoas iluminadas que tive o prazer de
conviver, que me ensinaram muito e me fizeram tão feliz. Vocês estarão para
sempre em meu coração e em minhas orações!
Agradeço também a minha super amiga Denise Cristina que além de
linda, divertida, companheira, é a irmã mais velha que eu ganhei de Deus! Te
adoro muito amiga e obrigada por estar sempre comigo.
E também minha amiguinha fofa Heglle, minha companheira Tati, meus
cachorrinhos Doug e Bambi, que eu amo tanto e que a cada dia trazem um novo
sentido a minha vida.
“Chegará o dia em que conheceremos o íntimo de um animal. Nesse dia
um crime contra um animal será um crime contra a humanidade.”
SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO
1
2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO
2
3 PLANO DE ESTÁGIO – ATIVIDADES REALIZADAS
4
3.1 Clínica Médica
5
3.2 Clínica Cirúrgica
7
4 ACOMPANHAMENTO DE PESQUISAS
8
5 CASO CLÍNICO – OBSTRUÇÃO INTESTINAL
9
5.1 REVISÃO DE LITERATURA
9
5.1.1 Anatomia
9
5.1.2 Definição de Obstrução Intestinal
10
5.1.3 Fisiopatologia
11
5.1.4 Classificação
11
5.1.5 Sinais Clínicos
13
5.1.6 Diagnóstico
14
5.1.7 Diagnóstico Diferencial
15
5.1.8 Tratamento
16
5.1.9 Prognóstico
24
5.1.10 Profilaxia
24
5.2 RELATO DE CASO – RUPTURA INTESTINAL
25
5.2.1 Resenha
25
5.2.2 Anamnese
25
5.2.3 Exame Físico
26
5.2.4 Suspeita Clínica
27
5.2.5 Exames Complementares
27
5.2.6 Prognóstico
27
5.2.7 Terapêutica Sintomática
27
5.2.8 Interpretação dos Exames Complementares
27
5.2.9 Internação
31
5.2.10 Tratamento Cirúrgico
32
5.3 DISCUSSÃO
38
5.4 CONCLUSÃO
47
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
48
REFERÊNCIAS
49
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 Júpiter, animal atendido no HV/EV/UFG com Obstrução Intestinal.
25
FIGURA 2 Resultado de Hemograma com pesquisa de Hematozoários do cão Júpiter, portador de obstrução intestinal (19/09/06).
29
FIGURA 3 Resultado da Bioquímica Sérica do cão Júpiter, portador de obstrução intestinal (19/09/06).
30
FIGURA 4 Sugador cirúrgico utilizado para retirada de líquido intestinal presente no interior da cavidade abdominal.
33
FIGURA 5 Quantidade e aspecto do líquido retirado com auxílio do sugador na cavidade abdominal.
33
FIGURA 6 Presença de fecaloma no interior do I.G., no local onde ocorreu a ruptura intestinal.
34
FIGURA 7 Compressas esterilizadas protegendo a cavidade abdominal e pinçamento de segmento intestinal rompido.
35
FIGURA 8 Segmento intestinal congesto, hemorrágico e isquêmico devido ao tempo de ruptura intestinal e contaminação fecal.
36
LISTA DE TABELAS
TABELA 1
Casos Clínicos e Cirúrgicos acompanhados no Hospital Veterinário da Escola de Veterinária da UFG (HV/EV/UFG) durante o período de Estágio Curricular.
5
TABELA 2 Procedimentos Cirúrgicos acompanhados no HV/EV/UFG durante o período do Estágio Curricular.
7
LISTA DE QUADROS QUADRO 1
Plano de Estágio com a descrição das atividades desenvolvidas durante o período de estágio curricular obrigatório.
4
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS a Anos
ABS Absoluto
ALT Alaninoaminotransferase
AR Anti-Rábica
AST Aspartatoaminotransferase
B.I.D
Duas vezes ao dia
BPM Batimentos por Minuto
ºC Graus Celsius
CAN Canino
CHCM Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média
CK Creatina quinase
Cl- Cloreto
cm Centímetro
DNNRE Desvio Nuclear Neutrofílico Regenerativo à Esquerda
F Fêmea
FC Freqüência Cardíaca
FEL Felino
FR Freqüência Respiratória
g/dL Grama por Decilitro
GGT Gamaglutamiltransferase
Giga/L* Giga por Litro = 10
h Horas
HCM Hemoglobina Corpuscular Média
HCO3- Bicarbonato
HV/EV/UFG
Hospital Veterinário/Escola de Veterinária/Universidade Federal de Goiás
H20 Água
I.D. Intestino Delgado
I.G. Intestino Grosso
I.M. Intramuscular
I.V. Intravenosa
K+ Potássio
kg Quilogramas
Leucóc. Leucócito
m Meses
M Macho
m2 Metro Quadrado
mm3 Milímetro Cúbico
mg Miligrama
min Minuto
mL Mililitro
mmHg Milímetro de Mercúrio
mpm Movimento por Minuto
Nº. Número
Na+ Sódio
NaHCO3- Bicarbonato de Sódio
Obs. Observação
Ph Pressão Hidrostática
Prot. Proteína
Plasm. Plasmática
Q.I.D. Quatro vezes ao dia
REL. Relativo
S.C. Subcutânea
S.R.D. Sem Raça Definida
T Temperatura
tera/L* Tera por Litro = 1012
T.I.D. Três vezes ao dia
UI/dL Unidade Internacional por Decilitro
UND. Unidade
V8 Óctupla
VCM Volume Corpuscular Médio
V.O. Via Oral
µg Micrograma
1 INTRODUÇÃO
Atualmente a relação homem/animal está se tornando cada vez mais
intensificada, sendo que os animais de companhia passaram a ser considerados
membros da família em diversas culturas.
Dia após dia torna-se mais necessário e vital para o Médico Veterinário
o aprimoramento nas áreas da Clínica, Cirurgia, Patologia, Zootecnia,
Melhoramento Genético e outras, sendo que o papel do profissional frente à
sociedade deve ter como princípios básicos o desempenho ético, tendo o
veterinário como detentor da teoria e vivenciador da prática.
Não muito longe está a era das especializações que todos os dias se
torna mais real e necessária em nosso meio.
O estágio curricular obrigatório e trabalho de conclusão de curso de
graduação têm por objetivos despertar os novos profissionais para essa realidade,
seja qual for a área de atuação em que esteja inserido, dando oportunidade ao
acadêmico de traçar metas para seu futuro, escolher seu caminho, conhecer
novas áreas, enfrentar um pouco da realidade, retirar as dúvidas finais, errar e
aprender para que cada vez mais se formem verdadeiros PROFISSIONAIS
éticos, maduros, com conhecimento técnico-científico e experiência prática, para
saber lidar com ética frente a cada situação que encontrará no futuro.
2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO
O Hospital Veterinário da Escola de Veterinária da Universidade
Federal de Goiás (HV/EV/UFG) está localizado no Campus Samambaia da UFG,
apresentando uma estrutura sólida, em alvenaria, estendendo-se por uma área
superior a 700 m2.
O Hospital Veterinário presta serviços à comunidade, destinando-se ao
atendimento de animais de pequeno e grande portes, nas áreas de clínica médica
e cirúrgica de pequenos e grandes animais, ortopedia, odontologia, cardiologia,
radiologia, oftalmologia, laboratório clínico, dentre outras.
Todo atendimento é realizado em horário comercial pelos funcionários,
estagiários, residentes e médicos veterinários responsáveis pelo Hospital
Veterinário e aos fins de semana uma equipe de residentes e estagiários são
escalonados para participar dos plantões, onde é feita a monitoração e tratamento
dos animais.
A estrutura física do Hospital Veterinário está descrita resumidamente a
seguir:
A parte frontal do estabelecimento é provida de área pavimentada,
onde fica o estacionamento do hospital veterinário. A partir do estacionamento,
tem-se a porta de acesso à recepção.
A recepção possui balcão de atendimento e uma atendente que agiliza
os encaminhamentos dos casos ali ingressados. Partindo-se da recepção, tem-se
acesso aos quatro ambulatórios de atendimento clínico. Todas as unidades são
devidamente providas por sistema de rede informatizada, de forma que cada
procedimento é devidamente registrado em prontuário ou ficha de
acompanhamento.
O HV possui uma sala destinada a internação dos animais com oito
canis e uma sala de isolamento com oito canis. Em frente à sala de internação
encontra-se a farmácia.
No HV encontra-se o centro cirúrgico constando de uma sala de
preparação, três salas de cirurgia e sala pós-operatória. Na sala de cirurgia
encontramos mesas e focos cirúrgicos, sondas endotraqueais e outros.
Paralelamente encontra-se a farmácia do centro cirúrgico com materiais e
medicamentos que atendem a este setor.
Nos outros pavimentos do HV também estão dispostos o laboratório de
análises clínicas e a sala de Raios-X. Ao lado da sala de Raios-X encontra-se a
sala de esterilização de materiais.
O HV ainda conta com salas para direção do hospital, sala para os
residentes, cozinha e banheiros.
3 PLANO DE ESTÁGIO – ATIVIDADES REALIZADAS
O estágio foi realizado no HV/EV/UFG no período de 15 de agosto a 20
de outubro de 2006, perfazendo uma carga horária total de 360h.
No início do estágio foi traçado um plano de estágio com descrição das
atividades a serem realizadas no período compreendido pelo mesmo (Quadro 1).
QUADRO 1 - Plano de Estágio com a descrição das atividades
desenvolvidas durante o período de Estágio Curricular
Obrigatório
ATIVIDADES DESENVOLVIDAS DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO Acompanhamento de Pesquisas Acompanhamento de Seminários Atendimento Clínico de Pequenos Animais Cirurgia – Auxiliar no Pré, Trans e Pós Operatório Coleta de Material para Exames laboratoriais Receitas ou Prescrições Enfermaria Internação Interpretação de Exames laboratoriais Raios – X Ultrassonografia
O estagiário tem a oportunidade de participar das atividades da clínica
médica e clínica cirúrgica semanalmente, seguindo a escala efetuada no
HV/EV/UFG.
A rotina diária do Hospital Veterinário obedece rigorosamente a um
procedimento cronológico. As atividades iniciam às 8h da manhã, com atualização
dos prontuários, revisão e medicação dos animais internados no hospital. No
ambulatório clínico o médico veterinário e os estagiários realizam a interpretação
dos resultados da patologia clínica, ultrassonografia e radiologia.
Por volta das 9h iniciam-se as atividades de atendimento ambulatorial,
como retornos, consultas, coleta de materiais biológicos, raios-x, ultrassom,
análises laboratoriais, internação, procedimentos cirúrgicos, dentre outros.
3.1 Clínica Médica
Os animais são atendidos por ordem de chegada, onde os secretários
abrem a ficha clínica do paciente, preenchendo os dados referentes à resenha e
efetuando a pesagem dos animais. Então, estes são encaminhados ao consultório
veterinário, onde os estagiários têm o primeiro contato com o cliente, realizando a
anamnese e o exame físico do paciente.
Posteriormente, o médico veterinário responsável observa as
anotações efetuadas pelo estagiário e dando seqüência, realizam os
procedimentos de pedido de exames complementares, encaminhamentos para a
internação ou cirurgia, receituários e outros.
Os casos clínicos e cirúrgicos que ocorreram nesse período estão
citados na Tabela 1.
TABELA 1 - Casos clínicos e cirúrgicos acompanhados no Hospital
Veterinário da Escola de Veterinária da UFG (HV/EV/UFG)
durante o período de estágio curricular
PROCEDIMENTOS TOTAL Distúrbios do sistema tegumentar Dermatite de contato 2 Dermatofitose 1 Escabiose 1 Leishmaniose 1 Miíase 3 Pododermatite 1 Queimadura de testículo 1 Sarnas 4 Distúrbios do trato urinário Hiperplasia de próstata 1 Distúrbios do sistema reprodutivo Cesariana 2 Piometra 3 Tumor mamário 2 Tumor perianal 1 Tumor venéreo transmissível 3
Distúrbios do sistema respiratório
Pneumonia 1
TABELA 1 - Casos clínicos e cirúrgicos acompanhados no HV/EV/UFG
durante o período de estágio curricular
(continuação)
PROCEDIMENTOS TOTAL Distúrbios do sistema digestivo Doença periodontal 2 Fratura de dente canino superior direito com exposição de polpa
2
Fístula perianal 1
Hérnia perineal 1 Intoxicação alimentar 1 Intoxicação por chumbo 1 Úlcera estomacal 1 Distúrbios do sistema hemolinfático Hemoparasitose 16 Distúrbios músculo-esqueléticos Fratura de fêmur esquerdo e exposição de osso peniano
1
Luxação do cotovelo 1 Displasia coxo-femoral 1 Hérnia de disco 1 Lesão do ligamento cruzado cranial 1 Miosite com causa a definir 1 Osteíte 1 Oncologia Neoplasia de pâncreas com causa a definir 1 Tumor glandular 1 Doenças infecciosas Cinomose 7 Parvovirose 3 Outros Agressão física com cão 2 Atropelamento 1 Cardiopatia 2 Caquexia 1 Clostridiose 1 Eutanásia 8 Obesidade 2 Otohematoma 4 Transfusão sangüínea 4 Tenesmo 2 Vacinação 15
TOTAL 113
3.2 Clínica Cirúrgica
Exceto em casos de emergência, os proprietários de todos os animais
que serão submetidos há algum tipo de intervenção são recomendados a
submeter seus referidos animais a jejum hídrico e alimentar total por oito a 12
horas previamente ao procedimento.
Os animais são pesados momentos antes da cirurgia para que seja
realizado um cálculo seguro do protocolo anestésico e os estagiários escalonados
para a clínica cirúrgica têm a oportunidade de acompanhar os médicos
veterinários nos procedimentos pré, trans e pós-cirúrgicos, bem como a
oportunidade de acompanhar a evolução do quadro clínico do animal.
Os procedimentos cirúrgicos acompanhados durante o período de
estágio curricular estão citados na Tabela 2.
TABELA 2 - Procedimentos cirúrgicos acompanhados no HV/EV/UFG
durante o período do estágio curricular
PROCEDIMENTOS TOTAL Sistema reprodutivo Cesariana 2 Mastectomia 3 Orquiectomia 5 Ovário-histerectomia 7 Sistema digestivo Obstrução intestinal 1 Outros Caudectomia 12 Otohematoma 2
TOTAL 32
4 ACOMPANHAMENTO DE PESQUISAS
Por ocasião do estágio curricular obrigatório, além de exercer
atividades no HV/EV/UFG, tive a oportunidade de participar de um grupo de
pesquisas coordenado pelo professor do departamento de Clínica Cirúrgica
Animal, Doutor Luiz Antônio Franco da Silva.
Além de efetuar atividades de acompanhamento de casos clínicos e
cirúrgicos na área de grandes animais, pude acompanhar visitas à fazenda da
Escola de Veterinária, onde efetuamos diversas atividades práticas com grandes
animais, coordenadas pelo professor Luiz Franco.
Paralelamente, participei de atividades de confecção de artigos
científicos, tendo oportunidade de escrever trabalhos científicos juntamente com
toda a equipe de pesquisa, os quais foram enviados a diversos congressos e
eventos de nível nacional e internacional e revistas científicas.
5 CASO CLÍNICO – OBSTRUÇÃO INTESTINAL
5.1 REVISÃO DE LITERATURA
5.1.1 Anatomia
O intestino é um dos maiores órgãos do corpo animal, fazendo parte do
segmento final do sistema digestivo. Sua função primordial baseia-se na absorção
dos nutrientes ingeridos durante a dieta (Getty, 1986).
O intestino inicia na porção caudal do piloro e termina no ânus.
Anatomicamente está dividido em duas porções: intestino delgado (I.D.) e
intestino grosso (I.G.). O I.D. é subdividido em duodeno, jejuno e íleo e o I.G. em
ceco e cólon. O cólon por sua vez ainda é subdividido em três menores porções:
cólon ascendente, cólon transverso e cólon descendente. O reto é uma
continuação do cólon descendente, distribuído na cavidade pélvica (Dyce et al.,
1997). A delimitação entre I.D. e I.G. é feita pela válvula íleocecal (Dyce et al.,
1997).
O I.D. tem as funções de digestão e absorção. A digestão consiste no
processo de redução enzimática dos nutrientes nos seus componentes
absorvíveis. Adicionalmente esse processo recebe o auxílio da secreção
enzimática do pâncreas e dos ácidos biliares da bile (Getty, 1986).
De acordo com Ferreira & Pachaly (2000) as principais funções do I.D.
incluem mistura e propulsão do conteúdo luminal, absorção de água e íons,
digestão e absorção de nutrientes, secreção de hormônios, dentre outras. A
digestão e absorção de nutrientes ocorrem em três fases, incluindo a digestão
intraluminal, digestão e absorção mucosais e liberação dos nutrientes obtidos
para a circulação.
A parede intestinal é constituída por diversos estratos, que da porção
interna para a externa são denominados túnica mucosa, túnica submucosa, túnica
muscular e túnica serosa. Cada um destes estratos possui particularidades que
contribuem direta ou indiretamente na digestão e absorção de alimentos (Getty,
1986).
O canal anal e o ânus formam a porção final do tubo intestinal que
auxiliados pelos músculos esfíncter anal interno e esfíncter anal externo atuam na
oclusão do segmento terminal do intestino (König & Liebich, 2004).
O canal anal no cão apresenta três zonas distintas, denominadas zona
colunar, zona intermediária e zona cutânea. Na zona intermediária estão
dispostas as glândulas anais. Outra particularidade que os cães apresentam são
as bolsas perianais, que são evaginações do reto onde o ducto excretor
desemboca na zona cutânea e secundariamente na pele. A secreção de odor
característico, usada para delimitar territórios próprios, é composta por formações
sebáceas, serosas e descamações epiteliais. Freqüentemente ocorre inflamação
dessas glândulas, desencadeando um sinal clínico caracterizado pela
permanência do animal em posição sentada ou muitas vezes se arrastando. Tal
fato está relacionado ao intenso prurido e irritação da região afetada (König &
Liebich, 2004).
5.1.2 Definição de Obstrução Intestinal
Vários fatores estão relacionados ao insucesso na digestão, absorção
e eliminação de conteúdo do trato gastrintestinal pelo organismo (Ferreira, 1988).
A Obstrução Intestinal é uma síndrome onde o conteúdo do I.D. e/ou
do I.G. está prejudicado ou impossibilitado de chegar ao reto e ser eliminado pelo
organismo (Faria, 2006). De acordo com Ferreira (1988) o termo obstrução pode
ser definido como ato ou efeito de obstruir-se, determinando um impedimento
parcial ou total do livre trânsito no interior de uma estrutura ou órgão.
A obstrução intestinal é comumente relatada na clínica de pequenos
animais, estando associada a enfermidades do sistema digestivo, alimentação,
manejo inadequado dos animais, além das causas não relacionadas ao trato
digestivo, porém, que atuam indiretamente na gênese dessa síndrome (Willard,
1998; Burrows et al., 2004).
5.1.3 Fisiopatologia
Burrows et al. (2004) descreveram três causas principais da obstrução
intestinal no cão, sendo elas a compressão extramural, obstrução funcional e
obstrução intraluminal. A compressão extramural ocorre externamente ao
intestino, prejudicando a passagem do alimento pelo trato intestinal. Pode ser
resultado de aderências, hérnias, estrangulamento, intussuscepção, vólvulo,
lesões murais, tumores (Linfoma, Adenocarcinoma, Leiomiossarcoma),
granulomas inflamatórios, ficomicose, constrição/estenose, abscesso, hematoma
e outros. A obstrução funcional ocorre quando há dano no sistema nervoso
central, medular, doenças concomitantes e manejo inadequado, podendo ocorrer
devido a uma inibição simpática, infiltração mural, moléstias neuromusculares,
peritonites ou hipocalemia.
A obstrução intraluminal ocorre no próprio intestino devido à presença
de corpos estranhos lineares ou não lineares, pólipos e formações de massas
tumorais. Corpos estranhos tais como ossos, bolas, brinquedos, pedras, espigas,
anzóis, panos, caroços, objetos lineares (como barbantes) e sacos plásticos, são
exemplos comuns e acometem principalmente os animais jovens (Orsher & Rosin,
1998; Fossum, 2002; Stainki, 2004).
Raramente ocorre obstrução intestinal em função de más formações
congênitas. Porém, casos de estenose ou atresia intestinal e ligamento
pancreaticojejunal anômalo já foram descritos por Burrows et al. (2004) como
causas de obstrução intestinal em animais jovens.
5.1.4 Classificação
As obstruções intestinais podem ainda ser classificadas quanto à
localização, tempo, tipo e comprometimento vascular. Quanto à localização,
podem ser caracterizadas em obstruções proximal, ocorrendo no I.D., mais
comumente no duodeno e jejuno (até junção íleocecal) e distal, sendo esta
observada no I.G., principalmente no cólon e reto. Quanto ao tempo de obstrução,
classificam-se em aguda ou crônica, estando diretamente relacionada à duração
dos eventos. Quanto ao tipo de obstrução e comprometimento vascular, cita-se a
obstrução simples ou parcial, onde ocorre oclusão parcial do lúmen sem
comprometimento da integridade vascular e obstrução completa ou estrangulada.
Neste tipo de obstrução há comprometimento vascular do segmento obstruído,
devido à oclusão total do lúmen intestinal (Birchard & Sherding, 2003).
Fossum (2002) relatou que as obstruções parciais permitem a
passagem limitada de fluido ou gás, enquanto as obstruções completas não
permitem fluxo de nenhum conteúdo do trato alimentar.
Na obstrução completa, a mucosa encontra-se sensível em virtude de
uma perfusão insuficiente ou a uma anóxia, culminando em possível necrose do
segmento intestinal afetado. Como conseqüência deste evento são comuns
quadros de perfuração ou infarto e peritonite. Após a destruição da barreira
mucosa, bactérias e endotoxinas passam transmuralmente para o interior dos
vasos linfáticos e cavidade peritoneal, atingindo a circulação sistêmica,
determinando um quadro de hipotensão com conseqüente choque séptico (Orsher
& Rosin, 1998; Jergens & Willard, 2000 e Fossum 2002).
A pressão intraluminal normal encontra-se em torno de 2 a 3 mmHg,
sendo que esta pode aumentar gradualmente em casos de obstrução intestinal,
principalmente próximo ao ponto de obstrução, em virtude do acúmulo de fluido e
gás. Esta poderá atingir 30 mmHg causando estase linfática. Caso esta pressão
se eleve a níveis iguais ou superiores a 50 mmHg, pode ocorrer estase na
drenagem venosa levando à elevação da pressão hidrostática nos capilares,
desviando o fluido líquido para o interstício causando edema da parede intestinal
com posterior extravasamento para o peritônio. Este aumento de pressão também
compromete a circulação na mucosa e submucosa com baixo aporte de oxigênio
e isquemia seguida de necrose. A isquemia leva ao hipercrescimento de bactérias
da flora intestinal produtora de toxinas como Escherichia coli, Clostridium spp.,
Enterococcus spp., Staphylococcus aureus coagulase positivo, prejudicando a
barreira mucosa intestinal, aumentando a permeabilidade e possibilitando a
migração de bactérias e absorção de toxinas na cavidade peritoneal e/ou
circulação sistêmica (Fossum, 2002; Burrows et al., 2004).
5.1.5 Sinais Clínicos
Birchard & Sherding (2003) relataram que quanto mais próxima ao
piloro e quanto mais completa for uma obstrução, mais agudos e intensos serão
os sinais clínicos. Obstruções proximais geralmente causam oclusão da saída
gástrica resultando em vômito intermitente com perda de secreções gástricas e
alcalose metabólica. Porém, Orsher & Rosin (1998) afirmou que animais com
vômito podem apresentar pH normal ou ainda uma acidose metabólica. No
entanto, deve-se saber que além do desequilíbrio ácido-básico ocorre o
desequilíbrio eletrolítico, já que há uma intensa secreção de Sódio (Na+), Potássio
(K+), Água (H2O), Cloreto (Cl-), Bicarbonato de Sódio (NaHCO3-) no segmento
obstruído, predispondo o paciente a hipocalemia e resultando em queda de
pressão osmótica. Conseqüentemente ocorre diminuição da transmissão do
impulso nervoso, contração das fibras musculares e déficit no funcionamento da
musculatura cardíaca (Case et al., 1998).
As obstruções distais causam graus variáveis de acidose metabólica,
com sinais clínicos vagos e vômitos ocasionais, porém resultará na distensão
abdominal por líquidos e gases, sendo este achado muito comum. Anorexia,
desidratação, depressão, dor abdominal, postura anormal, perda de peso, febre,
diarréia ou fezes escassas e secas, além do choque, são também citados como
sinais clínicos observados (Burrows et al., 2004).
Willard (1998) e Stainki (2004) descreveram que vômito, hematêmese,
hematoquesia, tenesmo, constipação, obstipação, perda de peso, anorexia,
abdômen agudo, dor abdominal e distensão ou aumento de volume intestinal são
alguns dos principais sinais clínicos relacionados à enfermidade intestinal.
Levit & Bauer (1992), Orsher & Rosin (1998) e Jergens & Willard (2000)
descreveram além dos sinais clínicos anteriormente mencionados a ocorrência de
fezes mucóides sangüinolentas e palpação da massa abdominal em forma de
salsicha.
5.1.6 Diagnóstico
A anamnese, exame clínico geral e específico associados aos exames
laboratoriais e os raios-X são os primeiros procedimentos que o médico
veterinário utiliza em casos de suspeita da ocorrência de obstrução intestinal.
Laboratorialmente, o hemograma e os perfis bioquímicos determinam o grau de
hemoconcentração sangüínea, desidratação, desequilíbrio ácido-básico e
hidroeletrolítico, entre outros. Na interpretação do hemograma, uma leucocitose
com desvio nuclear neutrofílico regenerativo à esquerda (DNNRE) poderá ser
indicativa de isquemia ou perfuração intestinal com peritonite (Fenner, 1982).
O exame radiográfico simples pode ser utilizado na identificação,
localização, consistência e tamanho da estrutura responsável pela obstrução,
sendo esta um corpo estranho, massa tumoral ou fecalomas. A imagem
radiográfica também poderá evidenciar alças intestinais dilatadas, auxiliando na
identificação do local da obstrução (Fossum, 2002).
Para Willard (1998) as radiografias simples são pouco proveitosas em
animais com uma marcada efusão abdominal ou com diarréia crônica. A relação
custo-benefício da radiografia é baixa, principalmente se o abdômen puder ser
cuidadosamente palpado.
Outro método comumente utilizado é a radiografia contrastada,
podendo ser utilizado Sulfato de Bário como contraste. Nestes casos observa-se
na área obstruída radiotransparescência com o contraste circunjacente
delineando o corpo estranho (Elisson, 1996; Willard, 1998 e Fossum, 2002).
Orsher & Rosin (1998) e Jergens & Willard (2000) mencionaram que a
radiografia contrastada é normalmente necessária para estabelecer a
diferenciação entre intussuscepção e outras causas de obstrução intestinal.
Segundo Willard (1998) o vômito é a principal razão para realizar estudos
contrastados da porção anterior do I.D. Obstruções proximais são mais fáceis de
serem evidenciadas se o meio de contraste for administrado oralmente. Se houver
suspeita de uma obstrução muito distal, utiliza-se o enema de bário como
contraste radiográfico como método auxiliar de diagnóstico.
A ultrassonografia também consiste em um método de diagnóstico de
eleição, pois identifica claramente a presença de massas tumorais intra e
extraluminais, corpos estranhos, fecalomas, aderências, estenoses e se há
comprometimento de órgãos adjacentes (Fossum, 2002). Para Lamb & Mantis
(1998) a ultrassonografia além de um excelente método diagnóstico das
obstruções intestinais, possibilita a exploração do órgão em busca de fatores
predisponentes concomitantes, além de determinar alterações nos tecidos moles
e infiltrações.
A endoscopia apresenta relação custo-benefício positiva quando os
achados da radiografia e da ultrassonografia não permitem o diagnóstico em
animais com vômito crônico, diarréia ou perda de peso. É considerado um
excelente método para determinar alterações morfológicas, identificando massas,
úlceras e obstruções com grande precisão (Willard, 1998).
A tomografia computadorizada apesar de pouco utilizada em medicina
veterinária como método de diagnóstico, recentemente, tem sido empregada para
se diagnosticar enfermidades do trato gastrintestinal e obstruções intestinais. O
exame do tubo digestivo permite a visualização da imagem tanto da luz, quanto
de toda extensão serosa, embora a definição precisa das doenças
freqüentemente dependa da correlação com os sinais clínicos apresentados pelo
animal (Crespo et al., 2001).
5.1.7 Diagnóstico Diferencial
Os sinais clínicos observados na obstrução intestinal não são
patognomônicos para a enfermidade, sendo que o diagnóstico diferencial deve
basear-se, principalmente, no histórico do animal, exame físico geral e específico
de todo o trato digestivo e exames complementares poderão auxiliar no
diagnóstico exato da enfermidade em questão (Burrows et al., 2004).
De acordo com Fossum (2002) o diagnóstico diferencial inclui todas as
outras causas de obstrução intestinal, tais como a intussuscepção, vólvulo/torção
intestinal, encarceramento intestinal, obstipação intestinal, aderências, estenoses,
abscessos, granulomas, hematomas, neoplasias ou más formações congênitas.
Outras causas podem incluir íleo paralítico fisiológico secundário a inflamação
(parvovirose ou peritonite).
5.1.8 Tratamento
a) Tratamento Conservador
É importante definir o tipo e localização da obstrução intestinal. Para
corpos estranhos perfurantes como espinhas de peixe e agulhas de costura
recomenda-se o tratamento conservador, monitorando-se atentamente o trajeto
do objeto pelo trato gastrintestinal, por meio de avaliações radiográficas
periódicas, observando sinais que poderão evidenciar um quadro de peritonite. A
cirurgia não está inicialmente indicada para estes casos, pois, ainda que se
localize o objeto por meio da imagem radiográfica, será difícil encontrá-lo por
ocasião do ato cirúrgico (Fossum, 2002).
b) Tratamento Medicamentoso
Quando a obstrução intestinal ocorre devido a uma constipação
intestinal, ocasionada pela presença de fecalomas no intestino, pode-se tentar
realizar terapia medicamentosa no intuito de lubrificar o conteúdo do intestino e
permitir que o mesmo possa ser deslocado até a porção final do reto e finalmente
expelido do organismo (Birchard & Sherding, 2003).
Vários fármacos podem ser utilizados na tentativa de se lubrificar os
fecalomas, para que estes possam ser removidos do organismo sem a
necessidade de uma intervenção cirúrgica. O Leite de Magnésio poderá ser
utilizado para este fim, sendo recomendada a administração de uma colher de
chá para cada cinco quilos de peso vivo. Os óleos de origem vegetal também
caracterizam-se como opção, atuando como emolientes e muitas vezes
solucionando o problema (Dammous et al., 2001).
Willard (1998) recomendaram o uso de enemas, laxantes ou catárticos
como terapia medicamentosa, na tentativa de desobstruir um segmento intestinal.
Dentre os enemas citam-se, os de retenção, limpeza e hipertônicos. Os
enemas de retenção são utilizados de modo que a substância administrada
permaneça no cólon até exercer efeito desejado. Os animais obstipados podem
necessitar de administrações freqüentes de moderados volumes de água (por
exemplo, 20 a 200 mL, dependendo do tamanho do animal) para que esta
permaneça no cólon e gradualmente amoleça as fezes. A distensão excessiva do
cólon ou a administração de fármacos que possam ser absorvidos e causar
efeitos indesejáveis devem ser evitadas. A suspeita ou a possibilidade de ruptura
do cólon se constituem em contra-indicações para o uso de enemas (Willard,
1998).
Os enemas de limpeza são destinados à remoção de material fecal,
consistindo na administração repetida de grandes volumes de água morna (com
ou sem sabão). A água é administrada por gravidade, a partir de um balde ou
bolsa de água, mantidos acima do nível do animal. A sonda é introduzida em
direção ao cólon. Cerca de 50 a 100 mL são tolerados pela maioria dos cães
pequenos, 200 a 500 mL pelos cães de porte médio e um a dois litros pelos cães
de grande porte. Deve-se tomar cuidado para evitar a distensão excessiva ou a
perfuração iatrogênica do cólon (Willard, 1998).
Os enemas hipertônicos são perigosos e devem ser utilizados de forma
cautelosa, pois podem determinar deslocamento maciço e fatal de fluidos e
eletrólitos (hiperfosfatemia, hipocalcemia, hipocalemia, hipercalemia). Deve ser
evitado em animais obstipados que não podem eliminar o enema rapidamente
(Willard, 1998).
Os catárticos ou laxantes devem apenas ser utilizados para aumentar a
defecação em animais que não estejam obstruídos, destacando-se os laxantes
irritativos e formadores de volume (Fenner, 1982).
Os laxantes irritativos estimulam a defecação mais propriamente do
que amolecem as fezes. Um supositório de glicerina ou um palito de fósforo
lubrificado normalmente são substitutos eficientes para um laxante irritativo
(Fenner, 1982).
Os laxantes formadores de volume e osmóticos compreendem uma
variedade de preparações, incluindo as fibras, sulfato de magnésio, lactulose,
sorvete ou leite. Estes promovem a retenção fecal de água, sendo indicados em
animais que apresentam fezes excessivamente ressecadas, cuja causa não seja
a ingestão de corpos estranhos. A lactulose é um exemplo de laxante osmótico
bastante eficaz, sendo útil nos animais que se recusam a ingerir dietas com alto
teor de fibras. A dose necessária para amolecer as fezes deve ser estabelecida
para cada animal; no entanto de 0,5 a 5 mL podem ser administrados duas vezes
ao dia (B.I.D.) ou três vezes ao dia (T.I.D.) para cães de pequeno e grande portes,
respectivamente (Fenner, 1982).
c) Tratamento Cirúrgico
As intervenções cirúrgicas, quando indicadas, objetivam retirar a
estrutura responsável pela obstrução do lúmen intestinal, utilizando todos os
critérios necessários para evitar a contaminação da cavidade abdominal. Os
procedimentos cirúrgicos empregados nestes casos baseiam-se em três técnicas
principais, ficando estas a critério do cirurgião em função da avaliação quanto ao
tipo de obstrução e grau de comprometimento das estruturas. Assim sendo, pode-
se utilizar a enterotomia, enterectomia e entero-anastomose (Ellison, 1996;
Orsher & Rosin, 1998; Fossum, 2002).
- Pré-Operatório
O momento cirúrgico depende do histórico, tipo de obstrução intestinal
e estado geral do paciente. O ideal é que as intervenções sejam efetuadas
rapidamente após elucidação do diagnóstico, com máximo de 12h, cabendo ao
médico veterinário o bom senso (Burrows et al., 2004).
O tratamento de obstrução baseia-se na remoção cirúrgica do
conteúdo. Todavia, previamente a intervenção cirúrgica torna-se necessário
realizar a correção dos distúrbios hidroeletrolíticos, com solução salina e
suplementação com cloreto de potássio, além de antibioticoterapia de amplo
espectro por via intravenosa (I.V.), principalmente em pacientes com suspeita de
endotoxemia ou perfuração intestinal (Burrows et al., 2004).
A fluidoterapia é geralmente utilizada para o tratamento do choque, da
desidratação e dos desequilíbrios ácido-básicos. A perda de conteúdo gástrico
por vômito causa um quadro típico de alcalose metabólica hipocalêmica e
hipoclorêmica. A perda de conteúdo intestinal tipicamente causa hipocalemia,
acompanhada ou não de acidose (Willard, 1998). Ellison (1996) descreveu para
animais metabolicamente acidóticos, fluidoterapia com solução de Ringer-lactato,
podendo ser suplementada com NaHCO3. Já para animais hipocalêmicos também
se justifica suplementação com K+.
Segundo Orsher & Rosin (1998), a antibioticoterapia deve ser iniciada
juntamente com a anestesia, mantendo-a por 24h, sendo sugerido o protocolo a
base de Cefazolina (20 mg/kg I.V., perfazendo três doses com intervalos de 4h) e
Gentamicina (4 mg/kg I.V., perfazendo três doses com intervalos de 8h). Contudo,
Fossum (2002) e Birchard & Sherding (2003) recomendaram que se inicie a
antibioticoterapia no mínimo 20-40min previamente ao ato cirúrgico, podendo ser
utilizadas cefalosporinas de primeira geração (cefazolina 20 mg/kg I.V.) para
intervenções no I.D. e cefalosporina de segunda geração (cefoxitina 15-30 mg/kg)
para o I.G.
Ellison (1996) indicou antibioticoterapia com bactericidas de amplo
espectro na forma de aminoglicosídeos endovenosos, tais como a Gentamicina (2
mg/kg T.I.D.) e Cefalotina (10 mg/kg quatro vezes ao dia - Q.I.D.), além do uso de
glicocorticóides, tais como o succinato de prednisolona (0,5-1,0 mg/kg I.V.) após a
fluidoterapia. Os antagonistas prostaglandínicos não-esteróides, tais como a
flunixina-meglumina (1,1 mg/kg I.V.) também podem ser benéficos para o
tratamento do choque séptico e a peritonite bacteriana nos cães.
Os animais poderão permanecer em jejum hídrico e alimentar por 12 a
18h antes da intervenção cirúrgica em pacientes adultos e de quatro a oito horas
em pacientes pediátricos. Tal conduta só é válida para pacientes portadores de
obstrução parcial e que estejam submetidos à internação e fluidoterapia
parenteral (Ellison, 1996; Orsher & Rosin, 1998; Fossum, 2002).
Recomenda-se a realização de tricotomia ampla em toda extensão da
região ventral do animal e antissepsia com iodopovidine (Ellison, 1996; Orsher &
Rosin, 1998; Fossum, 2002).
- Anestesia
Pacientes com obstrução, isquemia ou perfuração intestinal necessitam
de protocolos anestésicos especiais, em função do alto risco do procedimento
nestes pacientes, tendo em vista a debilidade, desidratação ou mesmo a
eminência de choque. Para tais animais, evita-se o uso do óxido nitroso em
virtude da influência deste fármaco no aumento do volume de ar preso nas
vísceras corporais, o que prejudicaria mais a gravidade do caso (Ellison, 1996;
Fossum, 2002).
Para Massone (2003) dentre os protocolos citados como opção para
pacientes portadores de obstrução entérica, destaca-se: pré-medicação com
Sulfato de Atropina (0,02-0,04 mg/kg S.C. ou I.M.), Glicopirrolato (0,005-0,011
mg/kg S.C. ou I.M.) ou Butorfanol (5-15 µg/kg I.M.). A indução anestésica pode
ser efetuada com o auxílio dos fármacos Tiopental (10-12 mg/kg I.V.), Propofol (4-
6 mg/kg I.V.) ou a associação do Diazepan com Cetamina (0,27 mg/kg + 5,5
mg/kg I.V.). Para manutenção anestésica utiliza-se preferencialmente os fármacos
Isoflurano (1,5-2,5% I.V.) ou Halotano (0,5-1,5% I.V.).
- Trans-Operatório
Dentre as cirurgias para a correção de moléstias intestinais citam-se
três procedimentos principais: Enterotomia, Enterectomia e Entero-anastomose.
Para tal escolha cabe ao cirurgião discernimento em escolher o melhor método
cirúrgico para cada caso (Ellison, 1996; Orsher & Rosin, 1998; Fossum, 2002).
Na enterotomia objetiva-se a remoção de um corpo estranho, massa
tumoral ou fecalomas em determinada localização, além de realizar colheita para
obter material para biópsia, sendo que o procedimento deve ser realizado com o
máximo de cautela para se evitar contaminação da cavidade abdominal, o que
determinaria severas intercorrências (Orsher & Rosin,1998). Neste tipo de
intervenção, alguns passos deverão ser seguidos. Primeiramente, faz-se uma
incisão na linha média ventral, estendendo-se da cartilagem xifóide ao púbis.
Aplicam-se tampões de laparotomia ou gazes umedecidos com solução salina
nas bordas do ferimento e um afastador abdominal, com o intuito de isolar o
segmento intestinal afetado (Ellison, 1996). Por ocasião da inspeção da cavidade
bem como dos segmentos intestinais, observa-se a viabilidade dos mesmos após
criteriosa avaliação. Em casos em que se observa isquemia, congestão ou
mesmo presença de necrose da parede intestinal, deve-se realizar uma
ressecção com posterior anastomose término-terminal ou término-lateral (Ellison,
1996).
Para avaliar a viabilidade de um segmento de alça intestinal portadora
de uma obstrução, diversas técnicas poderão ser utilizadas. Dentre estas se
destacam o uso da eletromiografia, sondas de microtemperatura e outras. Porém,
em muitas situações, estes procedimentos se mostram onerosos e
conseqüentemente impraticáveis na rotina cirúrgica. Em contrapartida, técnicas
como a da fluoresceína tem sido comumente citada pela literatura bem como
aceita e praticada na rotina veterinária (Burrows et al., 2004).
A fluoresceína é um corante biológico que emite cor verde dourada
após dois a três minutos da injeção I.V., observado em luz ultravioleta em
ambiente à penumbra. Na dose de 15 mg/kg permite visualizar sua perfusão no
líquido extracelular, dando uma idéia mais precisa da viabilidade do segmento em
questão (Burrows et al., 2004).
Após avaliação da viabilidade das alças intestinais, retira-se o conteúdo
intestinal remanescente de 10 cm de cada lado do corpo estranho, mantém-se o
intestino entre os dedos do assistente ou com o auxílio de pinça intestinal de
Doyen. Com uma lâmina de bisturi nº. 15, faz-se uma incisão longitudinal na
borda antimesentérica do intestino, tendo o cuidado de praticá-la em tecido viável,
imediatamente distal ao corpo estranho. Utiliza-se uma sucção contínua, por meio
de um sugador cirúrgico, com o intuito de reduzir o extravasamento de conteúdo
com conseqüente contaminação da cavidade. Paralelamente, o cirurgião empurra
o corpo estranho suavemente até o ponto de abertura incisional, tendo-se o
cuidado de não dilacerar as margens da incisão. Após esta manobra, efetua-se o
exame criterioso da luz intestinal, investigando possíveis evidências de
perfurações ou estenoses anteriores ao fechamento. Em diversos casos, como na
ocorrência de corpos estanhos lineares devem ser realizadas diversas
enterotomias (Ellison, 1996).
O fechamento da incisão geralmente é feito com um padrão de sutura
interrompida simples em uma forma longitudinal lado-a-lado. O importante em
todos os casos é sempre abranger a submucosa por ocasião desta manobra. Tal
fato está relacionado à rica presença de colágenos, o que determinaria melhor
resistência na sutura. Também podem ser utilizadas técnicas de aproximação de
camada única (aproximação interrompida simples ou de pressão). A sutura de
Gambee modificada, que tem como característica a incorporação da serosa,
muscular e submucosa, excluindo a mucosa é considerada útil na reversão da
eversão da camada mucosa (Ellison, 1996).
Também se pode fechar a enterotomia utilizando-se um padrão de
aproximação contínuo simples. Porém, o extravasamento de conteúdo após
efetuada uma sutura por ocasião de uma enterotomia, poderá ocorrer,
principalmente em se tratando de pacientes hipoproteinêmicos e cronicamente
debilitados. Tal fato estaria relacionado à dificuldade ou retardo de cicatrização
dos ferimentos nestes animais. Nestes casos, a sutura em padrão Cushing
inversor contínuo proporciona uma boa aproximação serosa com serosa com
incremento de resistência (Ellison, 1996).
A sutura nas enterotomias poderão ser feitas utilizando os fios de
poliglactina 910, ácido poliglicólico ou polidioxanona sintéticos 3-0 ou 4-0, com
uma agulha de corte reverso pequena e de extremidade afiada. Também podem
ser utilizados materiais monofilamentares não-absorvíveis tais como o náilon ou
polipropileno. Tem-se utilizado o categute cirúrgico cromado com sucesso clínico,
mas este não é recomendado porque perde rapidamente sua força tênsil na
presença da colagenase, sendo rapidamente fagocitado em ambiente infectado.
Após se completar o fechamento da enterotomia, enxágua-se com uma solução
salina aquecida a cavidade tendo o cuidado de recobrir com omento o segmento
submetido à manipulação cirúrgica (Ellison, 1996; Staink, 2004).
A enterectomia e a entero-anastomose objetivam remover o segmento
intestinal inviável restaurando a continuidade intestinal com uma anastomose de
extremidade com extremidade, preservando o diâmetro luminal e o suprimento
sangüíneo tecidual (Orsher & Rosin, 1998).
As anastomoses podem ser do tipo término-terminal, término-lateral ou
látero-lateral cabendo ao cirurgião escolher a técnica mais adequada a ser
empregada, analisando principalmente a incompatibilidade ou não entre os
diâmetros (Stainki, 2004).
- Pós-operatório e Complicações
No pós-operatório deve-se manter o paciente em fluidoterapia I.V. até
que retorne a ingestão de água espontaneamente. A suspensão de alimentos e
água por 24h e o monitoramento quanto a uma possível peritonite, são condutas a
serem seguidas nestes pacientes. Sinais de depressão, febre alta, sensibilidade
abdominal excessiva, vômito e íleo paralítico podem ser consideradas
intercorrências preocupantes (Fossum, 2002).
Stainki (2004) recomendou como cuidados pós-operatórios, jejum total
por 24h, jejum de sólidos por 72h, além de curativos locais e antibioticoterapia
parenteral. Recomendou também, a remoção dos pontos de pele após decorridos
dez dias do procedimento cirúrgico.
Ellison (1996) recomendou a terapia de reposição I.V. hídrica e
eletrolítica no período pós-operatório até que se estabilize a desidratação e as
anormalidades ácido-básicas e eletrolíticas. Continuam-se por mais 24 a 48h os
antibióticos parenterais que foram utilizados profilaticamente. Na ausência de
vômito, oferece-se uma pequena quantidade de dieta inicial comercial suave
T.I.D., 24h após a realização do procedimento cirúrgico. Para o autor, a
introdução precoce do alimento teria a função de estimular a contração intestinal,
reduzindo a probabilidade de formação de aderências ou de um íleo paralítico por
ocasião do pós-operatório.
O vômito, a febre e a leucocitose persistentes na presença de uma
sensibilidade abdominal podem ser indicativos de peritonite. Nestes casos,
recomenda-se, a realização de exames laboratoriais no intuito de se diagnosticar
qualquer complicação pós-operatória. Caso se encontre exsudato, indica-se uma
nova abordagem com exploração da cavidade. Outras complicações também
podem ser observadas tais como, extravasamento de conteúdo para a cavidade,
íleo paralítico, deiscência, perfuração, síndrome do intestino curto, recorrência,
choque e óbito (Fossum, 2002).
5.1.9 Prognóstico
Quando a obstrução intestinal é simples o prognóstico geralmente é
favorável, desde que não se evidencie presença de peritonite séptica além de não
haver necessidade de se realizar uma ressecção intestinal maciça. Se houver
uma obstrução intestinal completa o prognóstico já se torna reservado, sendo
necessário o rápido reconhecimento, bem como a pronta intervenção cirúrgica na
tentativa de se evitar que o paciente venha a óbito (Burrows et al., 2004).
5.1.10 Profilaxia
Devem-se adotar diversas medidas estratégicas na tentativa de se
evitar que recidivas de obstrução intestinal venham a ocorrer. Os animais devem
ser desverminados periodicamente para evitar parasitoses intestinais maciças que
podem culminar em obstrução intestinal. O contato dos animais com lixos,
caroços de frutas, objetos pequenos, pontiagudos, dentre outros, também devem
ser evitados (Birchard & Sherding, 2003).
O preparo criterioso da alimentação, evitando-se que os animais
venham a ingerir grandes quantidades de gordura e alimentos de difícil
digestibilidade também são condutas recomendadas, dando preferência para
dietas balanceadas e ricas em fibras, contribuindo para o melhor trânsito intestinal
(Birchard & Sherding, 2003).
5.2 RELATO DE CASO – RUPTURA INTESTINAL
5.2.1 Resenha
5.2.2 Anamnese
O animal apresentado na Figura 1 foi atendido no Ambulatório Clínico
do HV/EV/UFG apresentando tenesmo e hematoquesia há três dias, sendo que
no dia anterior a consulta, passou a apresentar concomitantemente, anorexia,
embora com normodipsia. O proprietário relatou que o animal iniciou o quadro
apresentando episódios eméticos que foram contornados com a aplicação do
antiemético Metoclopramida (T.I.D., V.O.), utilizado sem prescrição médico-
Data: 19/09/06
Proprietário(a): Osvaldo Rodrigues
Paciente: Júpiter
Espécie: Canina
Raça: Sem raça definida
(S.R.D.)
Sexo: Macho
Idade: 11 anos e cinco
meses
Pelagem: Amarela
Porte: Médio
Peso: 12 kg
FIGURA 1 - Júpiter, animal atendido no
HV/EV/UFG com Obstrução
Intestinal.
veterinária. Também fez uso da antibioticoterapia com Ampicilina 500 mg (Q.I.D.,
V.O.) realizado aleatoriamente pelo proprietário.
O proprietário também foi questionado quanto ao estado geral e
comportamento do animal previamente a consulta, vacinações, vermifugações,
ambiente, acesso à rua, alimentação, presença de ectoparasitas, alterações e
doenças concomitantes.
O proprietário mencionou que o animal foi submetido a um
procedimento de orquiectomia há aproximadamente dois meses, em função de
um tumor testicular. Relatou ainda aumento de peso corporal após a realização
deste procedimento.
O animal apresentava calendário vacinal regular, sendo vacinado
anualmente com óctupla e anti-rábica (AR), além do mesmo ser desverminado
semestralmente.
O ambiente que o animal coabitava era constituído de cimento e terra e
um canil de madeira com colchão de espuma. Não possuía acesso à rua e não
havia presença de outros contactantes na residência.
A alimentação do animal baseava-se em comida caseira e petiscos
(queijo, leite, pão-de-queijo, bolacha, rosca, doces e outros).
O animal apresentou quadro semelhante, há aproximadamente dois
anos atrás, porém, o mesmo apresentou melhora clínica espontânea.
5.2.3 Exame Físico
Ao exame físico os sinais vitais do animal foram: T - 39ºC; F.C. –
170bpm e F.R. 80mpm.
As mucosas conjuntival, oral e peniana apresentavam-se ligeiramente
hipocoradas. O cão apresentava grau de desidratação de 7%, taquipnéia,
auscultação cardiopulmonar sem alterações e à palpação o abdômen
apresentava-se tenso e abaulado. À avaliação do sistema tegumentar do animal
não foram observadas alterações dignas de nota nem presença de ectoparasitas.
5.2.4 Suspeita Clínica
Babesiose, Erliquiose, Constipação Intestinal.
5.2.5 Exames Complementares
Foram solicitados exames laboratoriais, incluindo hemograma com
pesquisa de hematozoários e bioquímica sérica para avaliação da função
hepática e renal.
5.2.6 Prognóstico
Reservado.
5.2.7 Terapêutica Sintomática
Soro caseiro.
O proprietário foi convidado a comparecer no HV/EV/UFG no dia
seguinte para buscar o resultado dos exames laboratoriais e posterior reavaliação
do animal.
Data: 20/09/06
5.2.8 Interpretação dos Exames Complementares
No dia 20/09/06 após nova avaliação do estado geral do animal
constatou-se aumento do grau de desidratação (8-9%) e prostração do animal. Os
resultados dos exames laboratoriais estão descritos a seguir:
a) Hemograma e Bioquímicas Sérica
As figuras 2 e 3 contêm informações referentes aos resultados dos
exames laboratoriais efetuados. Após interpretação dos mesmos, observou-se
apenas leve aumento nas concentrações séricas de Uréia e
Alaninoaminotransferase (ALT).
RESULTADO DE HEMOGRAMA Nº. Ficha Clínica:____________ Nome:____ Júpiter ____ Data:_19_/_09_/_06_ Espécie: CAN FEL Raça:___ S.R.D. ___ Sexo: M F Idade:11a5m_ Proprietário(a): _Osvaldo Rodrigues________________________________________________ Médico Veterinário: __Ygor Carvalho_______________________________________________
VALORES DE REFERÊNCIA ERITROGRAMA RESULTADO CAN FEL UND
Hemácias 6,84 5,5-8,5 5,5-1,0 tera/L* Hematócrito 48,4 36-54 24-45 % Hemoglobina 15,4 12-18 8-15 g/dL
VCM 71 60-77 39-55 fL HCM 22,6 19-23 13-17 g/dL
CHCM 31,9 32-36 30-36 Pg Eritroblastos 0 0-1,5 0-1 /100 leucóc. Plaquetas 298 200-900 200-
500 giga/L*
Obs.: ------------------ VALORES DE REFERÊNCIA
LEUCOGRAMA RESULTADO CAN FEL UND REL ABS REL ABS REL ABS REL ABS
Leucócitos 100 11,10 100 6-17 100 5,5-19,5 % X 103/mm3
Mielócitos 0 0 0 0 0 % /mm3 Metamielócitos 0 0 0 0 0 % /mm3
Bastonetes 07 0-3 0-510 0-3 0-580 % /mm3 Segmentados 69 60-77 3600-13090 35-75 1925-14625 % /mm3
Eosinófilos 02 2-10 120-1700 2-10 110-1950 % /mm3 Basófilos 0 raro raro raro raro % /mm3 Linfócitos 14 12-30 720-5100 20-55 1100-10725 % /mm3
Linfócitos Atípicos 0 0 0 0 0 % /mm3 Monócitos 08 3-10 180-1700 1-4 55-780 % /mm3
Plasmócitos 0 0 0 0 0 % /mm3 PESQUISA RESULTADO Hematozoários:___AUSENTES_______________________________ Inclusão Viral: ____________________________________________ Fibrinogênio: ___________________ mg/dL Observações: ____________________________________________
Unidade “tera” corresponde à 1012; unidade “giga” corresponde à 10
FIGURA 2- Resultado de Hemograma com pesquisa de Hematozoários do
cão Júpiter, portador de obstrução intestinal (19/09/06)
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA HOSPITAL VETERINÁRIO
LABORATÓRIO DE PATOLOGIA CLÍNICA
RESULTADO DE BIOQUIMICA SANGÜÍNEA Nº. Ficha Clínica:____________ Nome:___Júpiter___ Data:__19__/_09__/_06__ Espécie: CAN FEL Raça:__S.R.D.___ Sexo: M F Idade: _11a5m__ Proprietário(a): _Osvaldo Rodrigues________________________________________________ Médico Veterinário: _Ygor Carvalho________________________________________________ Amostra (espécime clínico): _Soro Sangüíneo_____________________________________
VALORES DE REFERÊNCIA TESTES RESULTADO CAN FEL UND
Uréia 37,0 5-35 14-32 mg/dL Creatinina 0,8 0,5-1,5 0,8-1,8 mg/dL
AST ----- 13-40 26-43 UI/L ALT 62,0 10-50 10-80 UI/L
Fosfatase Alcalina 20-150 25-93 UI/L GGT 1,2-6,4 1,3-5,1 UI/L CK 1,2-256 7,2-28,2 UI/L
Observações ----------------
FIGURA 3- Resultado da Bioquímica Sérica do cão Júpiter, portador de obstrução intestinal (19/09/06)
b) Raios – X
Solicitou-se exame de raios-X de abdômen da posição latero-lateral.
A interpretação da imagem radiográfica sugeriu presença de fecalomas
compactos no I.G. do animal, localizados mais especificamente no cólon e reto.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA HOSPITAL VETERINÁRIO
LABORATÓRIO DE PATOLOGIA CLÍNICA
5.2.9 Internação
Diante da presença dos fecalomas e do quadro clínico do animal
recomendou-se que o mesmo permanecesse internado no HV/EV/UFG para
receber fluidoterapia com solução de Ringer com lactato (60 mL/kg), acrescido de
12 mL de solução hipertônica de glicose a 50% por via I.V. e antibioticoterapia a
base de Ampicilina (25 mg/kg, T.I.D.), durante o dia em que o animal permaneceu
internado.
Paralelamente, instituiu-se lavagem colorretal com 500 mL de solução
de Ringer simples misturada a óleo mineral duas vezes durante o dia em que o
cão permaneceu internado, sendo uma aplicação do enema na parte da manhã,
logo após internação do animal e o segundo enema, efetuado, ao final do dia.
Porém, não se observou melhora considerável do paciente, pois, embora o animal
tivesse recebido hidratação e nutrientes por via I.V., não houve sucesso com o
protocolo adotado para a constipação que o animal apresentava, não sendo
observada, portanto, evacuação do conteúdo intestinal.
Mesmo diante desse quadro, protelou-se a intervenção cirúrgica do
animal e ao final do dia o cão recebeu alta, sendo prescrita a utilização de óleo
mineral (1 mL/Kg, V.O., B.I.D.), supositório de glicerina, soro caseiro à vontade e
dieta à base de ameixa com mamão, afim de obter êxito na lubrificação e extração
dos fecalomas pelo próprio organismo do animal.
Data: 22/09/06
No dia 22/09/06, o proprietário compareceu com o paciente no
HV/EV/UFG estando o mesmo debilitado, prostrado e com o abdômen
apresentando-se abaulado e tenso.
Após análise do quadro clínico, efetuou-se novamente lavagem
colorretal com Ringer simples e óleo mineral. Foram utilizados cerca de 750 mL
de solução de Ringer simples e óleo mineral, sendo esta difundida com grande
facilidade pelo reto do cão. Porém, mesmo com a adoção do procedimento não se
obteve resultado satisfatório.
Diante do quadro da facilidade de difusão do enema e não resolução
do caso clínico encaminhou-se o animal para cirurgia de emergência com
suspeita de Ruptura Intestinal.
5.2.10 Tratamento Cirúrgico
a) Pré- Operatório
Como se tratava de um procedimento emergencial estando o paciente
clinicamente instável, canulou-se a veia cefálica, por meio de cateter, instituindo-
se fluidoterapia com solução de Ringer com Lactato. Posteriormente efetuou-se a
tricotomia da região ventral do animal e antissepsia com iodopovine.
- Anestesia
Efetuou-se pré-anestesia com Sulfato de Atropina (0,04 mg/kg/I.M.) e
após dez minutos promoveu-se a indução anestésica com Propofol em infusão
contínua na dosagem de 0,4 mg/kg/h/I.V.
b) Trans – Operatório
Com o animal devidamente contido em decúbito dorsal, efetuou-se
incisão cutânea retro umbilical na linha mediana. Após acesso a cavidade
observou-se extravasamento de líquido de coloração esverdeada, sendo
necessário uma abertura ampla da cavidade para melhor visualização do campo
cirúrgico. Também se pôde constatar que parte deste líquido oriundo da cavidade
constituía-se de fezes misturado com óleo mineral. Este achado implicou na
necessidade de se efetuar a retirada deste conteúdo, sendo utilizado um sugador
cirúrgico, retirando-se aproximadamente 1000 mL de conteúdo, conforme
demonstram as Figuras 4 e 5, respectivamente.
FIGURA 4 - Sugador cirúrgico utilizado para retirada de líquido
intestinal presente no interior da cavidade abdominal.
FIGURA 5 - Quantidade e aspecto do líquido retirado com auxílio do sugador
na cavidade abdominal.
Após a retirada do conteúdo efetuou-se sucessivas lavagens da
cavidade abdominal com solução fisiológica 0,9% adicionada de clorexidine. Após
esta manobra, promoveu-se a inspeção das alças intestinais com auxílio de
afastadores de Farabeuf, no intuito de se localizar o local exato da ruptura
intestinal. Durante a inspeção do trato entérico, observou intensa hiperemia de
todo segmento intestinal. À medida que as alças intestinais iam sendo
exteriorizadas, constantemente eram realizadas lavagens das mesmas com
solução de cloreto de sódio a 0,9% a fim de se evitar o ressecamento e
desvitalização.
Após cautelosa inspeção diagnosticou-se o ponto de rompimento
sendo ainda verificado um fecaloma na luz intestinal de aspecto rígido, sendo este
removido, conforme observado na Figura 6.
FIGURA 6 -
Presença de fecaloma no interior do I.G., no local
onde ocorreu a ruptura intestinal.
Após exteriorização do segmento rompido, isolou-se o mesmo
utilizando compressas e campos esterilizados a fim de se evitar um novo
extravasamento de conteúdo para a cavidade (Figura 7).
Seqüencialmente, removeu-se partes necrosadas das bordas
intestinais rompidas, tendo em vista a coloração escurecida compreendida neste
foco, conforme observado na Figura 8.
FIGURA 7 - Compressas esterilizadas protegendo a cavidade
abdominal e pinçamento de segmento intestinal com
pinça hemostática.
FIGURA 8- Segmento intestinal congesto, hemorrágico e
isquêmico devido ao tempo de ruptura intestinal e
contaminação fecal.
Após a ressecção, promoveu-se a enteroanastomose tipo término-
terminal utilizando-se fio de sutura não absorvível a base de poliamida 4-0, por
meio de sutura com pontos separados simples. Posteriormente, promoveu-se a
omentalização.
Realizou-se novamente lavagem da cavidade abdominal com solução
fisiológica 0,9% adicionada de clorexidine (2,5%) e em seguida celiorrafia com fio
de poliamida 2-0 em padrão separado tipo “X”, redução de espaço morto com
poliamida 2-0 em padrão contínuo com pontos tipo Cushing e dermorrafia com fio
de poliamida 4-0 e sutura em padrão contínuo, intradérmica.
c) Pós-Operatório
Após o procedimento cirúrgico o animal apresentava estado geral
regular, com 37ºC de temperatura corporal. Porém, ainda na sala de recuperação
o quadro clínico se tornou instável e o animal passou a apresentar queda de
temperatura corporal e não retornava do plano anestésico. Realizou-se
antissepsia da região da ferida cirúrgica com solução de iodopovidine 0,5% e
curativos locais com bandagem de esparadrapo microfibra.
Quando o animal apresentou estabilização da temperatura corporal em
torno de 35,5ºC o mesmo foi colocado em uma baia na enfermaria,
permanecendo internado e recebendo fluidoterapia a base de Ringer com Lactato,
antibioticoterapia a base de Gentamicina (2 mg/kg/B.I.D./I.V.), Cefalotina (20
mg/kg/B.I.D./I.V.) e Metronidazol (20 mg/kg/B.I.D./I.V.); antiinflamatório - Flunixina
Meglumina (1 mg/kg/B.I.D./I.M.); antiemético - Metoclopramida (0,2
mg/kg/B.I.D./I.V.); protetor de mucosa - Ranitidina (1 mg/kg/B.I.D./I.V.) e
analgésico de ação central - Cloridrato de Tramadol (1 mg/kg/B.I.D./I.V.).
Data: 23/09/2006
- Óbito
No dia 23/09/06 o animal veio a óbito durante a noite em que fora
realizado o procedimento (sexta para sábado). No plantão do fim de semana não
foi possível realizar necropsia do animal para determinar de modo mais seguro a
causa morte, devido já ter ultrapassado um período de 12h, estando o mesmo em
autólise.
O laudo apresentado para o óbito do animal foi de Choque Endotóxico.
5.3 DISCUSSÃO
As alterações evidenciadas pelo proprietário, relatadas durante a
anamnese, associadas ao exame clínico, revelaram como sinais predominantes
anorexia, mucosas hipocoradas, êmese, tenesmo e hematoquesia. De acordo
com Colomé et al. (2006) estes achados podem ser evidenciados em pacientes
portadores de moléstias gastrintestinais, como em casos de obstrução intestinal,
hemoparasitoses e neoplasias.
Para os mesmos autores, a anorexia pode ser caracterizada por perda
de apetite, geralmente associada a uma enfermidade. Willard (1998) relataram
que eventos patogênicos, como a ingestão ou a produção endógena de toxinas,
desidratação, hiperdistensão gástrica e a produção de ocitocinas durante a
inflamação podem inibir a ingestão de alimentos via neurônios produtores de
ocitocina ou vasopressina no hipotálamo. Estas informações estão de acordo com
o referido caso clínico e podem explicar a anorexia relatada pelo proprietário por
ocasião do atendimento do referido cão, tendo em vista que o paciente em
questão apresentava-se com intensa desidratação aliada a uma considerável
sensibilidade e distensão abdominal.
Fenner (1982) relatou que a êmese envolve três estágios, sendo a
náusea, ânsia de vômito e vômito. Em cada um destes estágios, ocorrem
alterações na motilidade gastrintestinal. As conseqüências podem ser pneumonia
por aspiração, depleção de volume e eletrólitos e desequilíbrio ácido-básico.
Apesar do paciente não apresentar, por ocasião do exame clínico, sinais
característicos de pneumonia, o vômito foi considerado um sinal importante no
direcionamento das suspeitas clínicas. Burrows et al. (2004) também associaram
o vômito aos sinais de obstrução intestinal.
Para Willard (1998) o tenesmo alimentar caracteriza-se por tentativas
freqüentes e muitas vezes improdutivas de defecar, sendo a hematoquesia um
achado comum em casos de tenesmo. Burrows et al. (2004) associaram o
tenesmo alimentar a moléstia colorretal, podendo ser causada por obstruções,
afecções inflamatórias no cólon, reto e ânus, ou constipação intestinal. Estas
informações também se mostraram importantes na conjectura da suspeita clínica
do referido caso.
Por ocasião do atendimento foi relatado pelo proprietário, que o animal
era submetido à dieta desbalanceada e inapropriada, consistindo de comida
caseira e petiscos. Estas informações foram importantes, tendo em vista a
etiologia dos distúrbios que acometem o segmento digestivo dos cães.
Concordando com o raciocínio desenvolvido no atendimento deste paciente,
Birchard & Sherding (2003) também citaram que a dieta pode ser considerada um
fator predisponente nos casos de obstrução intestinal, principalmente quando há
relatos de nutrição desbalanceada, altos níveis de gordura e carboidratos. Tal fato
determinaria maior tempo de trânsito intestinal, maior nível de absorção de água
do bolo fecal, com conseqüente ressecamento excessivo das fezes, podendo
culminar em possível obstrução intestinal.
Os sinais vitais do cão estavam alterados por ocasião do exame físico.
Observou-se aumento da temperatura corporal, mucosas hipocoradas, taquipnéia
e taquicardia. Burrows et al. (2004) comentaram ser estes achados comuns em
animais submetidos a exercícios físicos, dor e ansiedade. O animal em questão
além de apresentar comportamento irracivo, demonstrava considerável
sensibilidade durante a palpação abdominal. Estes fatores provavelmente
contribuíram para as alterações observadas na avaliação do paciente.
Devido a não conclusão do caso clínico, mesmo após efetuada a
anamnese e exame físico, recorreu-se ao auxílio dos exames complementares,
tais como o hemograma com pesquisa de hematozoários, bioquímica sérica com
dosagem de uréia, creatinina, ALT e aspartatoaminotransferase (AST) e
radiografia. Colomé et al. (2006) preconizaram em casos de suspeita de distúrbios
intestinais a realização de exames complementares, tais como hemograma,
radiografias e ultrassonografia. Willard (1998), porém, relataram que o exame
radiográfico possui custo benefício baixo se o abdômen puder ser palpado com
precisão.
As suspeitas clínicas de hemoparasitoses levantadas por ocasião do
primeiro dia de atendimento, baseadas na análise das mucosas conjuntival, oral e
peniana, foram desconsideradas após a realização dos exames laboratoriais e
posterior acompanhamento do caso clínico. No hemograma não se evidenciou
sinais de anemia e não se encontrou hemoparasitas na pesquisa de
hematozoários. Para Burrows et al. (2004) a avaliação da coloração das mucosas
pode ser considerado um bom indicativo para a presença de hemoparasitas,
porém para a conclusão do diagnóstico o hemograma e a pesquisa de
hematozoários são essenciais.
A interpretação dos exames laboratoriais sugeriu leve aumento relativo
nos bastonetes e nos níveis de uréia e ALT sérica, o que não contribuiu para o
diagnóstico do referido caso. De acordo com Silveira (1988) e Burrows et al.
(2004) o aumento da uréia e ALT sérica isoladamente trás poucas informações e,
portanto não desperta maiores preocupações.
No caso clínico em questão a radiografia simples tornou-se elucidativa
demonstrando presença de fecalomas no interior do I.G., principalmente no cólon
distal e reto. Estas informações associadas ao histórico clínico do animal,
anamnese e aos achados do exame físico foram essenciais na confirmação da
obstrução intestinal, como diagnóstico definitivo. Colomé et al. (2006) também
fizeram referência as radiografias como método de diagnóstico elucidativo nos
casos de obstrução intestinal.
Os procedimentos adotados após confirmação do diagnóstico,
incluíram fluidoterapia com Ringer com Lactato (60 mL/kg), solução hipertônica de
glicose a 50% por via I.V. (12 mL) e antibioticoterapia a base de Ampicilina (25
mg/kg/T.I.D.). Para Willard (1998) a fluidoterapia se faz necessária nos casos em
que o animal encontra-se desidratado e anoréxico. Viana (2003) mencionou as
mesmas dosagens e vias de aplicação para cada medicamento adotado na
internação do animal do caso clínico em questão. O uso da Ampicilina pôde ser
justificado por este antibiótico corresponder a uma penicilina de 2ª geração e
estender seu espectro de ação às bactérias gram-negativas, além das gram-
positivas (Spinosa, 1996). Gomes (2007) relatou, porém que ao se instituir
antibioticoterapia esta deve ser introduzida por certo período de tempo, porque ao
uso abusivo de antimicrobianos contribui para a pressão seletiva dessas drogas,
criando ambiente favorável às bactérias resistentes, além da indicação
indiscriminada também estar incluída como fator que propicia a resistência
bacteriana. Portanto no caso clínico em questão a antibioticoterapia deveria ter
sido prescrita no momento da alta do animal e não ter sido utilizada no momento
em que o animal permaneceu internado.
Diniz et al. (2003) utilizaram no tratamento sintomático e de suporte em
cão com suspeita de intussuscepção intestinal, apenas fluidoterapia a base de
solução de Ringer com Lactato (60 mL/kg), acrescido de solução hipertônica de
glicose a 50%, além de Omeprazol (0,7 mg/kg, uma vez ao dia), não fazendo
referência a adoção de antibioticoterapia como terapêutica sintomática.
Paralelamente realizou-se lavagem colorretal com 500 mL solução de
Ringer simples e óleo mineral a fim de lubrificar a fezes e desfazer os fecalomas.
Willard (1998) descreveram para animais de médio porte que sejam efetuadas
entre 200 e 500 mL de enema em casos de obstrução intestinal. Ferreira &
Pachaly (2000) citaram que os laxantes emolientes podem ser utilizados em
casos de fecalomas, objetivando facilitar o trânsito e a eliminação das fezes.
Estas informações dão respaldo a este último protocolo adotado durante o
atendimento.
Por ocasião do segundo dia de atendimento, após a adoção dos
procedimentos clínicos e terapêuticos, o paciente recebeu alta, sendo indicado ao
proprietário a administração de um supositório de glicerina por via retal com o
intuito de auxiliar na eliminação do fecaloma, tendo em vista o insucesso da
lavagem colorretal. Willard (1998) também citaram a introdução de supositório de
glicerina ou palito de fósforo lubrificado no reto do animal com o intuito de
estimular a defecação do mesmo.
A dieta de ameixa com mamão prescrita para o animal está de acordo
com os dados descritos por Izac (2006) mencionando a ação benéfica desses
alimentos para o trato gastrintestinal, contendo boa quantidade de fibras,
estimulando assim, o trânsito intestinal.
Já no terceiro dia, após retorno do animal ao HV/EV/UFG estando o
mesmo apático e prostrado, efetuou-se novamente a lavagem colorretal,
utilizando o mesmo protocolo acima descrito. Porém, após administração de cerca
de 750 mL de solução de Ringer simples e óleo mineral por via retal, não notou-se
refluxo do mesmo. Por ocasião de nova introdução do enema a quantidade
indicada para animais de médio porte foi estrapolada conforme já anteriormente
mencionado por Willard (1998), podendo ocorrer, nesses casos, ruptura intestinal
devido a grande compressão efetuada na parede intestinal fragilizada. De acordo
com os mesmos autores, o enema passa a ser difundido com facilidade pelo
organismo do animal, além de não ser observado refluxo do mesmo. Portanto
baseado nos relatos dos autores e na evolução do quadro clínico do animal
encaminhou o mesmo para a cirurgia com suspeita de ruptura intestinal. Quadro
semelhante foi descrito por Carvalho (2005) trabalhando com um cão de três
meses da raça boxer portador de obstrução seguida de ruptura intestinal.
Após esta avaliação, o paciente foi encaminhado, em caráter de
urgência, para procedimento cirúrgico. Willard (1998) citaram que nos casos de
obstrução intestinal simples, a estabilização do paciente e a reidratação são
condutas a serem adotadas previamente ao ato cirúrgico, desde que não se trate
de casos emergenciais, como nos casos de rupturas intestinais.
Efetuou-se pré-anestesia com Sulfato de Atropina (0,04 mg/kg/I.M.) e
indução anestésica com Propofol em infusão contínua (0,4 mg/kg/h/I.V.), seguindo
as recomendações de Massone (2003) e Viana (2003) para as dosagens
anestésicas e as vias de aplicação. Ellison (1996) e Fossum (2002) também
descreveram os mesmo protocolos anestésicos para cirurgias intestinais, porém
citaram o Propofol na indução anestésica, efetuando-se manutenção com
Isoflurano (1,5-2,5%) ou Halotano (0,5-1,5%).
Ao efetuar a incisão mediana retro-umbilical na linha alba observou-se
extravasamento de líquido de coloração esverdeada oriundo da cavidade
abdominal, concluindo a suspeita de ruptura intestinal. A fim de permitir a
visualização do segmento danificado, utilizou-se um sugador cirúrgico na remoção
deste líquido. Com a adoção deste método removeu-se, aproximadamente, 1000
mL de líquido intrabdominal misturado a fezes e óleo mineral. Burrows et al.
(2004) relataram que o encontro de líquido na cavidade abdominal advinda de
perfuração do trato alimentar, lesões causadas por neoplasias, intussuscepção,
corpos estranhos e deiscência do fio de sutura podem resultar em uma peritonite
séptica.
Concordando com Orsher & Rosin (1998) que descreveram à
importância de incisão ampla em casos de ruptura intestinal, hemorragias,
deiscência de suturas, facilitando a visualização do campo cirúrgico para
solucionar com maior eficácia e ter menores riscos de complicações, no caso
clínico em questão a incisão precisou ser ampliada para que fosse possível
visualizar exatamente o local onde ocorreu a ruptura intestinal. Esta manobra
permitiu não só a melhor visualização do campo cirúrgico como a correção
cirúrgica.
Após promovida a retirada do líquido da cavidade abdominal efetuou-
se o isolamento do segmento lesionado. Seqüencialmente, sucessivas lavagens
intrabdominais foram realizadas utilizando-se solução fisiológica a 0,9% e
clorexidine (2,5%). Silva et al. (2001) relataram que a lavagem da cavidade
abdominal com solução salina 0,9% é uma prática comum em cirurgia geral do
trato gastrintestinal, porém chamaram a atenção para o aquecimento da solução
utilizada, fato este não efetuado no presente atendimento. Carvalho (2005)
deparando-se com quadro semelhante de ruptura intestinal, também realizou
lavagem da cavidade abdominal com solução fisiológica a 0,9% adicionada a
solução de clorexidine.
Após as manobras descritas, protegeu-se a cavidade utilizando
compressas e campos cirúrgicos esterilizados. Posteriormente, efetuou-se a
ressecção das bordas intestinais desvitalizadas e anfractuosas. Ellison (1996),
Orsher & Rosin (1998) e Fossum (2002) descreveram a importância do
isolamento do intestino por meio de compressas esterilizadas e tampões de
laparotomia, evitando contaminação adicional e o surgimento de intercorrências
pós-operatórias. Levit & Bauer (1992) e Orsher & Rosin (1998) mencionaram a
enterectomia seguida da entero-anastomose quando não houver viabilidade do
segmento intestinal acometido.
A anastomose foi do tipo término-terminal utilizando-se a poliamida 4-0
como fio de sutura em padrão separado simples. Após a síntese do segmento
danificado, promoveu-se a fixação do omento sobre a linha de sutura. Porém,
Goffi (1997) analisando anastomoses intestinais em um só plano utilizando
técnica de pontos separados em “U” com bordas invaginantes, concluiu que a
técnica é segura e confiável, com execução fácil e rápida, menor reação fibrótica,
menor processo inflamatório e menor diminuição da luz intestinal no sítio da
anastomose, quando comparado ao ponto simples.
Similarmente, Feres et al. (2002) também utilizaram fio monofilamentar
de poliamida 4-0 em anastomoses colônicas. Discordando com a poliamida
utilizada como fio de sutura neste atendimento, Greca et al. (1999) realizaram
estudo experimental em cães, comparando o desempenho do fio categute
cromado com o mesmo tipo de fio impregnado com glicerina em anastomoses
intestinais. Concluiu-se histologicamente que o fio de categute cromado
impregnado com glicerina condicionou um processo inflamatório menos intenso
que o não impregnado. Colomé et al. (2006) efetuando entero-anastomose do tipo
término-terminal em cão com intussuscepção jejunoileal dupla promoveu a
ressecção de uma porção intestinal afetada e, posteriormente, a mucosa intestinal
evertida foi aparada e aplicada sutura interrompida simples com fio poliglactina
910 3-0 entre as alças intestinais. Após restabelecimento do animal pôde-se
concluir a viabilidade desse padrão de sutura, bem como do referido material em
cirurgias de entero-anastomose.
A realização da omentalização da alça intestinal anastomosada
efetuada neste atendimento, foi embasada nos relatos de Greca et al. (2000) e
Colomé et al. (2006) que realizaram omentalização da alça intestinal recém
anastomosada em cães visando melhor cicatrização intestinal com menor
comprometimento da neovascularização, prevenindo aderências, além de impedir
o extravasamento de conteúdo para a cavidade.
Em seguida, efetuou-se celiorrafia com fio de poliamida 2-0 em padrão
separado tipo “X”, redução de espaço morto com o mesmo tipo de fio em padrão
contínuo tipo Cushing e dermorrafia com fio de poliamida 4-0 e sutura em padrão
contínuo, intradérmica. Citação semelhante foi feita por Feres et al. (2002) que
preconizaram a poliamida como fio de escolha na síntese da parede abdominal,
bem como na dermorrafia. No presente atendimento, concordando com o autor
acima, também se utilizou a poliamida na celiorrafia e dermorrafia.
Institui-se no pós-operatório antissepsia da região da ferida cirúrgica
com solução de iodopovidine 0,5% e curativos locais com bandagem de
esparadrapo microfibra, além de terapia medicamentosa a base de fluidoterapia
de Ringer com Lactato e antibioticoterapia a base de Gentamicina (2
mg/kg/B.I.D./I.V.), Cefalotina (20 mg/kg/B.I.D./I.V.) e Metronidazol (20
mg/kg/B.I.D./I.V.). Também foi preconizado o uso de antiinflamatório a base de
Flunixina Meglumina (1 mg/kg/B.I.D./I.M.), antiemético a base de Metoclopramida
(0,2 mg/kg/B.I.D./I.V.); protetor de mucosa, Ranitidina (1 mg/kg/B.I.D/I.V.) e
analgésico de ação central a base de Cloridrato de Tramadol (1 mg/kg/B.I.D./I.V.).
As dosagens dos fármacos utilizados estão de acordo com as prescrições de
Viana (2003) para dosagens e vias de aplicação.
Os antibióticos indicados no pós-operatório do animal estão de acordo
com os relatos de Spinosa (1996) descrevendo que a Gentamicina tem espectro
de ação relativamente curto, com atividade predominante sobre microrganismos
Gram-negativos, sendo por isto associada às penicilinas naturais, visando ampliar
o espectro de ação. A Cefalotina é uma cefalosporina de primeira geração,
provinda do fungo Cephalosporium acremonium, atuam também contra bactérias
Gram-positivas, sendo ativas também contra estafilococos produtores de
penicilinase. De acordo com o mesmo autor, as cefalosporinas de segunda
geração têm maior atividade contra bactérias entéricas Gram-negativas que as de
primeira geração, o que deveria ter sido preconizado no referido atendimento. Já
o Metronidazol, preconizado também neste atendimento, embasou-se nas
citações de Spinosa (1996) mencionando a eficiência deste fármaco, tornando-se
antibiótico de eleição no tratamento de infecções do trato entérico, causadas por
bactérias anaeróbicas, principalmente Clostridium spp., Fusobacterium spp.,
Peptosstreptococcus spp. e Bacteróides.
A Flunixina Meglumina é um potente analgésico e antiinflamatório não
esteroidal, apresentando uma meia-vida de cerca de quatro horas, em cães.
Apresenta bons resultados em inflamações oculares, afecções pulmonares e
endotoxemia (Spinosa, 1996). No presente atendimento, a utilização deste
fármaco baseou-se na possibilidade de um choque séptico, concordando com a
citação acima descrita.
Apesar da intervenção cirúrgica e do tratamento terapêutico adotado o
animal veio a óbito. A necropsia não foi realizada, em virtude dessas atividades
não estarem disponíveis na instituição nos fins de semana. Apesar da não
realização da necropsia para conclusão da causa morte, acredita-se que esta
ocorreu devido a um choque séptico. Tal conclusão baseou-se no histórico do
atendimento, evolução do quadro clínico e o alto risco da intervenção. De acordo
com Nogueira (2006) o choque endotóxico ou choque infeccioso tem incidência
elevada, tendo em vista a resposta imunológica relativamente inadequada de
alguns animais, desnutrição e realização de procedimentos invasivos e
potencialmente contaminantes. As endotoxinas liberadas quando ocorre este tipo
de choque, implicam no agravamento das alterações metabólicas, o que justifica a
alta taxa de mortalidade nestes quadros.
5.4 CONCLUSÃO
Os casos de obstrução intestinal têm ocorrência relativamente comum
na clínica de pequenos animais, sendo que diversos fatores estão envolvidos, tais
como o manejo inadequado dos animais, além das causas intrínsecas ao sistema
digestivo e causas extrínsecas que atuam indiretamente na gênese dessa
afecção.
Após as intervenções freqüentes e assistência ao animal o mesmo veio
a óbito, sendo que a provável causa está diretamente relacionada ao choque
endotóxico.
Fica uma dúvida quanto à correta realização dos procedimentos
realizados e a demora ao se optar pela intervenção cirúrgica nesse tipo de caso
clínico, o que nos leva a questionar se realmente existia uma ruptura intestinal no
animal em questão ou se houve um rompimento intestinal iatrogênico que
ocasionou toda a seqüência dos acontecimentos.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação foi indispensável na
finalização de um período crucial em minha vida. Por meio deste pude concluir um
sonho há tantos anos almejado, desde a fase pré-vestibular com a escolha do
curso de medicina veterinária, o ingresso em um curso de graduação de tanto
mérito, em uma faculdade pública tão bem conceituada, a luta e caminho
percorrido até o dia de hoje, até chegada da conclusão de mais uma etapa de
tanto empenho e dedicação.
O estágio curricular obrigatório realizado no Hospital Veterinário da
UFG muito acrescentou na minha formação, onde tive a oportunidade de desfrutar
de um ambiente de alto nível acadêmico, com ótimos profissionais, boa demanda
e excelente estrutura física.
O estágio também foi de suma importância para minha avaliação
pessoal, em relação ao curso e universidade por mim escolhidos, onde observei
que apesar da insuficiente estrutura física disponível no Campus de Jataí, o
empenho dos excelentes profissionais e funcionários, que atuam em nossa
instituição, fizeram com que a mesma se equipare a diversas universidades bem
conceituadas por todo o país. Tal fato pode ser comprovado por inúmeros elogios
que o corpo docente do Campus recebe todos os dias de acadêmicos, estagiários
e profissionais que passaram por essa universidade, além das inúmeras
aprovações em concursos públicos, pós-graduação, competindo com acadêmicos
e profissionais de todas as universidades do país.
Infelizmente minha atuação durante o período de estágio não foi a que
sempre imaginei durante o tempo que cursei a faculdade. É do conhecimento de
todos que fatores de caráter pessoal e afetivo comprometeram demasiadamente
o meu desempenho durante esse período. Mesmo assim a pouca participação
que tive durante esse tempo foi enriquecedora para minha maturidade profissional
e decisiva na escolha do caminho que sempre desejei seguir.
Sei que muito ainda está por ser feito, mas o primeiro passo já foi dado.
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