clique aqui para ler o artigo. - una

130
1

Upload: trinhkhue

Post on 07-Jan-2017

242 views

Category:

Documents


10 download

TRANSCRIPT

Page 1: Clique aqui para ler o artigo. - Una

1

Page 2: Clique aqui para ler o artigo. - Una

2

Relatório da Gastronomia Mineira 2015

CoordenaçãoAgostinho Patrus Filho (ALMG)

Secretaria-ExecutivaAnderson Rocha (BH Conventions & Visitors Bureau/CDL-BH)Flávio Dornas (Associação Mineira de Gastronomia – AmiGa)

Marcelo Wanderley Alves (MW Negócios)Márcia Martini (ALMG)

Marina Simião (Ícone Gestão, Treinamento e Consultoria)Mônica Alencar (SEBRAE-MG)

Vani Pedrosa (SENAC-MG /Santuário do Caraça)

Proposta editorial: Márcia Martini

Diagramação e produção: Ana Catarina Cizilio

Revisão dos textos: Flávia Barros

Créditos das fotos utilizadas neste relatório:Acervos da Secretaria de Estado de Turismo (Fotógrafos: Xará e Sérgio Mourão), da Abrasel-MG e demais instituições parceiras e

apoiadoras da FGM

Page 3: Clique aqui para ler o artigo. - Una

3

Relatório da Gastronomia

Mineira 2015

Page 4: Clique aqui para ler o artigo. - Una

4

Page 5: Clique aqui para ler o artigo. - Una

5

ÍNDICEApresentação / Coordenador da FGM - Deputado Agostinho Patrus Filho ............................................................................... 6

Introdução / Secretaria-Executiva da Frente da Gastronomia Mineira ....................................................................................... 8

Trabalho Coletivo em Prol da Gastronomia / Marina Pacheco Simião ........................................................................................ 9

EVENTOS ................................................................... 14 Festival Internacional de Araxá .................................15 Comida di Buteco ........................................................ 22 Expocachaça ................................................................ 26 Festival Fartura ............................................................ 30

INSTITUCIONAIS ....................................................... 35 BELOTUR....................................................................... 36 CDL................................................................................. 42 CODEMIG ...................................................................... 46 INDI................................................................................. 53 SEDA............................................................................... 57 SINDBUFÊ...................................................................... 61 PESQUISAS ............................................................... 70 ABRASEL....................................................................... 71 Rosilene Campolina.................................................... 86 Marcos Mercarejo Netto............................................ 92 UNA................................................................................ 98 Vani Pedrosa................................................................ 103

PROJETOS ................................................................ 111 Minas à Mesa.............................................................. 112 Vinhas Gerais.............................................................. 117

Page 6: Clique aqui para ler o artigo. - Una

6

A Frente da Gastronomia Mineira nasceu a partir da constatação de que o setor gas-tronômico de Minas desenvolvia inúmeras atividades – todas de grande relevância – mas, muitas vezes, de forma desconexa. Observou-se que, ao articulá-las em um trabalho em rede, não só melhores resul-tados poderiam ser colhidos, como pos-sibilitaria uma significativa economia de recursos financeiros e humanos.

Em maio de 2013, surgiu, então, a propos-ta de organizar um grupo que reunisse representantes de instituições públicas, privadas e do terceiro setor, formadores de opinião, empreendedores, profissio-nais e pesquisadores do tema, enfim, to-dos aqueles que têm interesse ou parti-cipação na cadeia gastronômica. Nascia, assim, a Frente da Gastronomia Mineira, com o objetivo de unir esforços em prol da valorização, preservação e promoção da culinária de Minas.

São quase dois anos de trabalho árduo e profícuo. As discussões iniciais sobre

temas básicos da constituição de uma frente de trabalho evoluíram não só para a necessária formação de uma identidade, como também para a construção de um planejamento estratégico. Elegemos a co-ordenação, instalamos a secretaria-exe-cutiva e criamos três grupos de trabalho para tratar das temáticas priorizadas pelo coletivo: a Identificação, Valorização e Proteção dos Produtos e Modos de Fazer Tradicionais de Minas Gerais; a Defesa da Gastronomia Mineira, por meio da estra-tégia Advocacy, e a Promoção da Gastro-nomia Mineira.

Diversos eventos gastronômicos rece-beram o apoio institucional da Frente. Em alguns deles estivemos presentes, consolidando nossa marca e divulgando os nossos propósitos. Entramos para as redes sociais, vitrine compartilhada das nossas demandas e conquistas. A divul-gação do nosso trabalho fez com que ampliássemos a quantidade de membros, recebendo, a cada reunião mensal, novas e qualificadas adesões.

Enfim, nascemos, crescemos e amadu-recemos. Muitas etapas foram vencidas nestes dois anos. Vale ressaltar que a nossa configuração é de frente, rede, cole-tivo, portanto, sem personalidade jurídica, o que faz com que todo o trabalho desen-volvido seja colaborativo e voluntário. São pessoas que emprestam seu tempo, sua força de trabalho, sua criatividade e deter-minação à causa da gastronomia, muitas vezes em detrimento dos seus afazeres pessoais e profissionais, e sem qualquer remuneração.

Estamos aqui porque acreditamos no po-tencial que a gastronomia tem de unir os mineiros e de fortalecer a nossa identi-dade cultural. Estamos aqui porque o es-forço mútuo acelera a pavimentação da estrada que nos leva a consolidar Minas como o estado da Gastronomia.

APRESENTAÇÃO

Page 7: Clique aqui para ler o artigo. - Una

7

É com a certeza de que, embora tenha-mos feito muito até agora – ou até mes-mo por causa disto – nossos desafios se-rão ainda maiores, especialmente em um cenário de crise que parece não poupar nenhum setor. Contudo, estamos prepa-rados para responder a eles.

Neste cenário, já era hora de reunir o vasto conhecimento a que a Frente tem acesso por meio daqueles que integram o setor gastronômico de Minas, para consolidá--los num só lugar. Assim, é com desmedi-do orgulho que entregamos aos mineiros este trabalho – colaborativo, como todas as nossas ações – que reúne uma série de artigos, alguns de cunho institucional, outros relacionados à pesquisa na área da gastronomia, assim como abordagens sobre os mais importantes eventos gas-tronômicos desenvolvidos em nosso Es-tado, além de projetos acadêmicos e em-píricos.

Quero agradecer aos membros da FGM e demais entidades que contribuíram na elaboração deste relatório. Espero que o apreciem e que este seja apenas o primei-ro exemplar de uma iniciativa que, tenho certeza, em muito somará à construção e à consolidação da memória da nos-sa gastronomia mineira, um dos nossos maiores bens, parte imprescindível do nosso patrimônio e da nossa história.

Deputado Agostinho Patrus Filho Coordenador da Frente da Gastronomia Mi-neira

“Vale ressaltar que a nossa configuração é

de frente, rede, coletivo, portanto, sem persona-lidade jurídica, o que faz com que todo o trabalho desenvolvido seja cola-borativo e voluntário”.

“Estamos aqui porque acreditamos no poten-cial que a gastronomia tem de unir os mineiros e de fortalecer a nossa

identidade cultural”.

Page 8: Clique aqui para ler o artigo. - Una

8

Com menos de dois anos de atividade, a Frente da Gastronomia Mineira já conta com a participação dos mais diversos setores que compõem a cadeia produtiva da gastrono-mia, configurando-se como uma das instâncias mais representativas do setor gastronô-mico de Minas.

Tendo em vista a consistência das atividades que vêm sendo realizadas pelo grupo e a oportunidade indeclinável de oferecer ao Estado e ao País, de maneira inédita, um relató-rio temático de gastronomia, é que surgiu a proposta deste trabalho.

O Relatório da Gastronomia Mineira 2015 proporciona ao leitor uma visão do cenário atu-al, a partir da perspectiva de pessoas e instituições que integram o setor. O objetivo, além de servir de insumo à pesquisa e ao aperfeiçoamento de políticas públicas, é obter con-clusões acerca das iniciativas que estão sendo desenvolvidas, visando à integração e ampliação de resultados.

O primeiro bloco do Relatório apresenta dados de quatro importantes festivais gastronô-micos. Neles, fica demonstrado o potencial de desenvolvimento da gastronomia minei-ra, por meio da realização de eventos socioeconomicamente sustentáveis. Os números mostrados são a comprovação inconteste de que os mineiros prestigiam os festivais tra-dicionais e estão abertos à experimentação de novas iniciativas, gerando uma cadeia de valor que movimenta o setor industrial e de serviços, além de gerar um número significa-tivo de postos de trabalho.

A segunda parte do Relatório espelha a visão de instituições – públicas e privadas – sobre programas, projetos, ações e políticas públicas voltadas à promoção, proteção e defesa da gastronomia mineira, no âmbito das suas atribuições. Aqui, o desafio imposto é esta-belecer complementaridade entre as iniciativas apresentadas, buscando pontos de con-vergência para um maior aproveitamento dos recursos humanos e financeiros utilizados.

O terceiro bloco traz pesquisas bibliográficas e empíricas sobre diversos temas ligados à gastronomia. Aspectos como o histórico da comensalidade mineira, o cenário atual do setor da alimentação fora do lar, destinos e atrativos gastronômicos, consumo sustentá-vel e soberania alimentar são abordados aqui. Essa parte é de fundamental importância para a concretização dos objetivos do Relatório. É nela que os atores responsáveis por planejar e executar ações que visam o desenvolvimento da gastronomia mineira vão co-letar os insumos para a tomada de decisão.

Por fim, o Relatório apresenta três projetos em busca de suporte financeiro. Eles são apoiados pela Frente da Gastronomia Mineira devido à relevância das temáticas e ao grande potencial de contribuírem para promover a gastronomia de Minas. Por serem pro-jetos autorais, o Relatório faz uma apresentação genérica, cabendo aos interessados o contato com os proponentes para um maior detalhamento.

Secretaria-Executiva da Frente da Gastronomia Mineira

INTRODUÇÃO

Page 9: Clique aqui para ler o artigo. - Una

9

“Toda força será fraca, se não estiver unida.”Jean de La Fontaine

“Reparta o seu conhecimento. É uma forma de alcançar a imortalidade.”

Dalai Lama“Se precisas uma mão, recorda que eu tenho

duas.”Santo Agostinho

O jargão “A união faz a força” nunca es-teve tão presente no dia-a-dia como tem sido nas últimas décadas. O ser humano demanda trabalho coletivo desde sempre. Foi de maneira coletiva que foram alcan-çadas as principais mudanças e evolu-ções da sociedade. Afinal de contas, não foi de forma isolada que o homem deixou de ser nômade para fixar-se nos territó-rios, nem quando foram desenvolvidas as primeiras cidades, realizadas as des-cobertas dos novos territórios, a revolu-ção industrial, os avanços tecnológicos. Ou seja, perceber a necessidade da ação conjunta é algo intrínseco ao ser humano, seja para o bem ou para o mal.

Porém, nas últimas décadas, a humanida-de está passando por mudanças radicais no que diz respeito à forma de interagir com seu semelhante, com os demais se-res vivos e com o próprio ambiente que nos cerca. As tecnologias trouxeram uma nova realidade, avanços na saúde, redução de distâncias e principalmente, a geração e acesso à informação de forma instantânea com o advento da internet, trazendo uma era de conexão constante.

Em contraponto, a percepção de ter-se al-cançado o auge em tecnologia e conhe-cimento, trouxe uma percepção quanto a uma espécie de esgotamento de recursos, especialmente naturais, mas também hu-manos e/ou financeiros, que está levando a sociedade em geral a repensar atividades e atuações.

Em um mundo em que tudo está ao al-cance de todos, em que todas as ativida-des trazem consigo uma forte presença de competitividade e disputa, a competição torna-se algo intrínseco ao dia-a-dia de profissionais, empresas, instituições, etc. A demanda por resultados, objetivos, metas em detrimento à uma constante escassez de tempo, recursos sejam humanos ou fi-nanceiros, traz uma constatação, que pa-rece contraditória, mas verdadeira. É pre-ciso cooperar para que de fato se logre os melhores resultados em torno das mais simples atividades até à gestão das mais distintas esferas de atuação, como temas de consumo de água, alimentos, atividades em saúde, desenvolvimento de países e territórios, etc.

Desta maneira, novas formas de desen-volvimento, que prezam pela ação coletiva, com resultados compartilhados, tornam--se cada vez mais presentes. Conceitos como crowdfunding, crowdsourcing, de-senvolvimento de redes, economia cola-borativa, co-working tornam-se cada vez mais constantes e passam a fazer parte do dicionário empresarial, governamental e também, educacional.

TRABALHO COLETIVO EM PROL DA GASTRONOMIA

Marina Pacheco SimiãoTurismóloga, mestranda em Economia Criativa,

Gestão Cultural e Desenvolvimento, membro da Se-cretaria Executiva da Frente e sócia da Ícone Gestão,

Treinamento e Consultoria

Page 10: Clique aqui para ler o artigo. - Una

10

Crowdfunding

Crowdfunding ou financiamento coletivo, trata basicamente de recorrer à socie-dade para que uma proposta ou proje-to de interesse coletivo seja financeira-mente apoiado. Apesar do termo ter sido cunhado por volta de 2006, foi a partir de 2008, quando a última grande crise eco-nômica impactou diversos mercados, que tornou-se mais evidente. A proposta consiste em apresentar, através de uma plataforma virtual, um projeto para que pessoas que se identifiquem com ele possam contribuir para a sua realização. Hoje, encontram-se iniciativas que vão desde edição de livros, produção de fil-mes, passando por projetos de pesquisa de novos produtos e materiais, iniciativas para combate à fome, defesa da fauna e flora, entre tantos outros.

CrowdsourCing

Crowdsourcing é um termo que também foi criado por volta de 2005 e que iniciou--se como uma forma de compartilhar tarefas tediosas ou complicadas, mas que trasladou para ser uma forma cole-tiva de desenvolvimento de conhecimen-to e produtos. Assim, designa a ação de um número inexato de pessoas que, de forma voluntária, dedicam parte de seu tempo à auxiliar no desenvolvimento de novos produtos, sistemas e pesquisas. Visto como uma forma de ganhar tempo e otimizar recursos para desenvolvimen-to de projetos diversos, é também uma maneira de disseminar conhecimento e promover ações de maior proximidade à públicos de interesse. São exemplos de iniciativas de Crowdsourcing a platafor-ma de informações wikipedia, o navega-dor Firefox, entre outros.

EConomia Colaborativa

Também despertada em função da crise de 2008, a economia colaborativa ou eco-nomia compartilhada, é uma forma de re-pensar negócios e atividades a fim de pro-mover, em tempos de dificuldade, novas formas de gestão de empreendimentos, atividades e ações, trazendo novos servi-ços, criando novos mercados e gerando novas cadeias de valor. Baseada princi-palmente no uso compartilhado de produ-tos e serviços, mas também possibilitada pela troca de conhecimentos, iniciativas e ações, gerando também novas formas de relação. São exemplos de produtos que seguem esta linha, os serviços ofertados por empresas que promover o comparti-lhamento de veículos, a oferta de hospeda-gem em residências de particulares, como também a troca de serviços como, ensino de aula de idiomas em troca de aulas de ginástica.

nEtworking E trabalho Em rEdE

Nada mais do que trabalhar de forma con-junta e conectada com outras instituições, o trabalho em rede consiste na atuação conjunta de diversos atores em prol de um mesmo setor ou uma mesma causa. Exprime o conhecimento do setor de atu-ação, seus gargalos e a busca por melho-rias conjuntas, sem eliminar os diversos posicionamentos e alcance de diferenciais frente ao mercado e clientes.

De qualquer maneira, seja a linha ou for-mato seguido, basicamente significa de-senvolver atividades em coletivo, em prol do coletivo. O que para tal exige novas for-mas de se relacionar e de se comprometer. O desenvolvimento destas linhas passa por questões como, empoderamento, mo-tivação, participação, mediação, reciproci-dade, reflexão e claro, comprometimento. Participar de uma experiência colaborativa dá a oportunidade de compartilhar conhe-

Page 11: Clique aqui para ler o artigo. - Una

11

cimento e informação, fortalecer um de-terminado setor ou atividade, otimizar recursos, a partir do momento que se dividem os esforços, e ofertar algo novo, melhorado a partir do esforço integrado.

minas gErais E o trabalho Em rEdE

Minas Gerais é um estado atento à ino-vação e que procura se adaptar às mu-danças e aos novos cenários. No que diz respeito ao trabalho em rede, por exem-plo, é destaque no setor de turismo ao criar, em 2001, seu próprio processo de regionalização do território estadual atra-vés da instituição dos Circuitos Turísti-cos Mineiros, que “abrigam um conjun-to de municípios de uma mesma região, com afinidades culturais, sociais e eco-nômicas que se unem para organizar e desenvolver a atividade turística regional de forma sustentável, consolidando uma identidade regional. O trabalho destas entidades se dá por meio da integração contínua dos municípios, gestores públi-cos, iniciativa privada e sociedade civil, consolidando uma identidade regional e protagonizando o desenvolvimento por meio de alianças e parcerias.”2 O proces-so mineiro foi uma das principais refe-rências para a criação do Programa Na-cional de Regionalização, instituído pelo Ministério do Turismo.

A atuação em rede permitiu que as regi-ões alcançassem melhores resultados na atividade turística, proporcionou a aproximação de gestores públicos, em-preendedores e entidades do setor para que o turismo fosse cada vez melhor es-truturado. A atuação conjunta permitiu a realização de melhorias de infraestrutura para os municípios que compõem as re-giões e que, de forma individualizada, não seriam alcançadas, como por exemplo, a melhoria de rodovias de acesso, instala-ção de rede de saneamento básico, rea-2 Fonte: http://www.turismo.mg.gov.br/circuitos-turisticos/informacoes-administrativas

ção de rede de saneamento básico, rea-lização de cursos e atividades de forma-ção, entre outros.

A atividade turística em Minas Gerais é marcada principalmente pelo turismo cul-tural, sendo as cidades históricas como Diamantina, Ouro Preto e Tiradentes al-guns dos destinos de maior referência. Em Belo Horizonte o turismo de negócios e eventos se destaca apresentando uma capital pujante e acolhedora que mescla os benefícios de metrópole, porém, ainda com ares de interior. Nas pesquisas reali-zadas pela Secretaria de Estado de Turis-mo a gastronomia se destaca como uma das principais imagens do estado, seja pelo queijo, pão de queijo, café ou cacha-ça, o turista que vem à Minas Gerais bus-ca por sua gastronomia.

Desde então, a partir de 2012 o estado de Minas Gerais vem trabalhando em prol do setor, buscando criar ainda mais co-nexões entre a cadeia produtiva da gas-tronomia e as atividades turísticas do es-tado que se posicionou como “O Estado da Gastronomia”.

Dentre as diversas iniciativas, podem ser citadas ações de internacionalização da gastronomia mineira através da partici-pação de Minas Gerais no Madrid Fusi-ón 2013, Gastrofestivais na Argentina e Uruguai, participação na Feira do Livro de Frankfurt e na Feira do Livro de Paris com o apoio à edição do livro de gastronomia “Le Brésil de Minas Gerais – Gastrono-mie et tourisme.”

Além disso, foi realizado o Projeto Minas Criativa que abarcou estas atividades, que culminou na criação da Superinten-dência de Gastronomia de Minas Gerais, primeiro estado a ter um setor específico para tratar o tema no âmbito da gestão pública.

Page 12: Clique aqui para ler o artigo. - Una

12

Porém, para desenvolver um setor como este, marcado pela diversidade de atores, instituições e elos da cadeia produtiva, não basta apenas a intervenção de órgão público, mas sim, o entendimento de que gastronomia é um setor estratégico para o desenvolvimento de Minas Gerais e de suas diferentes regiões.

Neste cenário, foi concebida e criada a Frente da Gastronomia Mineira. Um conjunto de pessoas que representam as mais diversas instituições de ensino, empreendimentos, órgãos de governo, associações e entidades do terceiro se-tor vinculados direta ou indiretamente ao setor gastronômico.

a frEntE da gastronomia minEira no atual CEnário

Lançada em maio de 2014, a Frente da Gastronomia Mineira está próxima de completar seu segundo ano3 e desde seu início preconizou a realização de ativida-des no âmbito da cooperação e do traba-lho em rede.

A Frente da Gastronomia Mineira se con-figura como um coletivo de pessoas que tem como interesse comum a valoriza-ção, promoção e fortalecimento da Gas-tronomia Mineira. Inspirada em outros exemplos encontrados no mundo, como a APEGA – Associação Peruana de Gas-tronomia e a Sopexa, Agência de marke-ting internacional para promoção de pro-dutos franceses e a Euro-toques, coletivo europeu para a promoção dos produtos artesanais e sazonais dos países do blo-co da Comunidade Europeia.

Sua criação veio para sanar a crescente necessidade dos atores do setor de te-rem um espaço de conhecimento, debate, compartilhamento de ideias e informa-ções e principalmente, de aproximação. 3 Fonte: http://www.fgmg.com.br

Por ser uma cadeia produtiva extensa e bastante diversa, apresenta demandas por vezes contrárias e por isso, a atuação conjunta e em prol de um objetivo único é ainda mais importante.

O grupo não possui uma formalidade jurí-dica visto que seu maior interesse é atuar de maneira a promover as ações de seus participantes, de maneira à evitar sobre-posições e proporcionando interação de atividades similares e/ou complementa-res e todos os envolvidos participam em caráter voluntário.

Composto por entidades como as Se-cretarias de Estado de Turismo, Cultura e Agricultura, Abrasel, CDL, Instituto Es-trada Real, Universidades, organizadores de eventos entre outros, promove intera-ções através de redes sociais e reuniões realizadas de forma regular.

Composto por um grupo que se dedica à sua secretaria executiva, com a coorde-nação dos encontros, divulgação de in-formações e ponto de referência para os demais, promove também o debate mais setorial a partir da formação de 03 gru-pos temáticos.

O primeiro deles o grupo denominado Identificação, Valorização e Proteção dos Produtos e Modos de Fazer Tradicionais de Minas Gerais. O segundo, o grupo Ad-vocacy, defesa da Gastronomia Mineira. E por fim, o grupo de Promoção da Gas-tronomia Mineira.

Apesar de não ter uma formalidade ju-rídica, a FGM desenvolve suas ações de maneira estruturada e regular, incenti-vando a participação coletiva e a troca de experiências e conhecimentos.

O grupo teve, ao final de 2014, o desen-volvimento de seu primeiro plano estra-tégico, coordenado pelo Sebrae/MG que

Page 13: Clique aqui para ler o artigo. - Una

13

culminou com a proposição de ações macro coordenadas pelos grupos de tra-balho citados a partir de um Coordenador Geral que se tornou o porta-voz do gru-po junto à futuras iniciativas, tais como, a proposição de ações e projetos para o Governo Estadual e Governo Federal.

Ao final de 2014 a Frente tinha repre-sentações dos mais diversos setores e entidades como: Sebrae/MG, Setur/MG, CDL/MG, Senac e Sistema Fecomércio, AMIGA, Abrasel/MG, produtores, chefs de cozinha, pesquisadores e muitos em-preendedores do setor. O ano de 2015 foi marcado pelo avanço das ações e maior projeção do grupo, que vem ganhando cada vez mais adeptos, sejam profissio-nais, empreendedores, pesquisadores e representantes de instituições públicas e do terceiro setor.

No ano em questão, foram realizadas reuniões mensais, além da participação do grupo em diversas iniciativas como as comemorações referentes ao Dia da Gastronomia Mineira, celebrado em 5 de julho de 2015, como participações em eventos e o apoio para maior projeção e regulamentação do setor, com a aprova-ção do Projeto de Lei 1.618/2015 que ge-rou a Lei Nº 21.936, de 23 de dezembro de 2015 que institui a Política Estadual de Desenvolvimento da Gastronomia4 que dá os primeiros passos para o desenvol-vimento de políticas públicas para o se-tor, fazendo de Minas Gerais o primeiro estado brasileiro a ter uma política de de-senvolvimento específica para o setor.

Com certeza essa foi uma das maiores vitórias do grupo que apoiou diretamen-te o desenvolvimento e a divulgação da proposta, fazendo com que o apoio das diversas entidades participantes fosse diferencial para sua aprovação e agora, sua futura execução.4 Disponível em: http://jornal.iof.mg.gov.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/156738/caderno1_2015-12-24%201.pdf?se-quence=1

O grupo também se organizou para o de-senvolvimento do Relatório da Gastrono-mia, o agrupamento de variados artigos que envolvem a temática para promover ainda mais o setor e disseminar o conhe-cimento gerado por seus parceiros, do qual este artigo faz parte.

Para 2016 surgem novos desafios que vão desde questões tributárias, passan-do por aspectos técnicos ao posiciona-mento e promoção do setor. Porém, a atuação coletiva deste grupo tem todos os atributos para continuar fazendo a di-ferença para o setor e para o desenvol-vimento estratégico do estado de Minas Gerais. •

rEfErênCias

http://consumocolaborativo.cc/entendendo-a-economia--colaborativa-e-economia-compartilhada/

http://consumocolaborativo.cc/diretorio/sites/cat/alimen-tacao

http://tedxtalks.ted.com/video/TEDxULg-Lisa-Lombardi--Coworking;search%3Acoworking

http://consumocolaborativo.cc/diretorio/sites/cat/alimen-tacao

http://www.instituteforgovernment.org.uk/sites/default/files/publications/Collaborative%20working.pdf

http://wiki.douglasbastien.com/images/e/e9/From_com-petition_to_collaboration_in_public_service_delivery_-_A_new_agenda_for_research.pdf

http://nynordiskmad.org/fileadmin/webmasterfiles/PDF/Ny_Nordisk_Mad_Low.pdf

http://www.culinary-tourism.com/en/site/summary“Towards an integrated crowdsourcing definition” Journal of Information Science, April 2012, vol. 38 no. 2, pp. 189-200

Open Innovation: Researching a New Paradigm. Oxford: Oxford University Press, 2006. ISBN: 0-19-929072-5.

http://hbrbr.com.br/como-erguer-uma-empresa-colabora-tiva/

http://www.aiim.org/What-is-Collaboration#sthash.c3x3p-MoX.dpuf

Page 14: Clique aqui para ler o artigo. - Una

14

EVENTOS

Page 15: Clique aqui para ler o artigo. - Una

15

ARMANDO DE ANGELIS Idealizador e promotor do Festival Internacional de

Cultura e Gastronomia de Araxá.

A gastronomia é uma parte muito impor-tante nos hábitos e costumes de Araxá. Sua introdução na cultura local iniciou há cerca de quatro séculos, quando os índios que se instalaram no território formado entre os rios das velhas (hoje Araguari) e o Quebra Anzol, que se deno-minaram Arachás (“aqueles que habitam lugar alto onde primeiro se avista o sol”). Da cultura indígena foi herdado o gosto pelos alimentos provenientes dos frutos, da caça e da pesca, além das técnicas de produção da farinha.

Os escravos negros que formaram o Quilombo do Tengo Tengo na vizinha Ibiá, que mantinham convivência pacífi-ca com os índios Arachás, ajudaram na construção da culinária regional com a introdução de alguns temperos, ensopa-dos, o uso do verde em suas refeições, entre outras heranças gastronômicas.

Os homens brancos – bandeirantes pau-listas e tropeiros –, que passaram a ca-minho de Goiás pelos “Sertões da Fari-nha Podre”, hoje Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, na época do domínio dos ín-dios e negros, contribuíram com a forma-ção da culinária regional introduzindo ali-mentos preparados para longas viagens, como a carne seca, o toucinho, o feijão tropeiro e a farofa.

A partir da fixação dos mineradores de ouro que fundaram o “Arraial do Tabulei-ro”, hoje Desemboque, no município vi-

zinho de Sacramento, e dos fazendeiros que chegaram e fundaram a “Freguesia de São Domingos de Araxá”, atraídos pela pastagem e pelo sal proveniente de suas águas minerais na engorda do gado, no-vos ingredientes foram introduzidos nas receitas que caracterizaram a comida caipira, como é conhecida hoje. É dessa época a origem dos seus famosos quei-jos e das sobremesas que fazem a fama de Araxá como “Cidade Doce”.

Após abrigar o mito Dona Bêja, que por sua influência trouxe de volta para Mi-nas a jurisdição do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, a “Vila de São Domingos de Araxá” se tornou cidade e cresceu, atraindo inúmeras famílias de brasileiros de outras regiões e imigrantes, especial-mente os italianos, espanhóis e portu-gueses, árabes, sírio-libaneses e tantos outros povos que trouxeram novos hábi-tos alimentares, ingredientes e sabores.

Após servir na engorda do gado pelas propriedades do sal de superior qualida-de encontrado junto às fontes de uma área de abundante caça, suas águas fo-ram reconhecidas como curativas e reju-venescedoras, atraindo visitantes de toda espécie. No Barreiro, como era conheci-da essa área, foram construídos balneá-rio, pensões e hotéis, que mais tarde foi revigorado com a edificação do Grande Hotel, suas Termas e o seu Parque, con-siderado na época como a maior e mais completa estância hidromineral do con-tinente.

Com o advento do turismo, Araxá abrigou a alta gastronomia internacional, que in-

GASTRONOMIA DE ARAXÁ, CULINÁRIA TÍPICA FORMADA PELOS SABERES E SABORES DE SUA HISTÓRIA

Page 16: Clique aqui para ler o artigo. - Una

16

corporou e se adaptou muito bem aos in-gredientes de sua típica culinária, crian-do, assim, uma comida diferenciada pela cumplicidade da simplicidade de sua co-zinha com o requinte e a sofisticação dos pratos servidos nos melhores restauran-tes do mundo.

Já conhecida pela qualidade do seu quei-jo, pelas delícias dos seus doces e pela mesa requintada do Grande Hotel, a di-versidade cultural inserida na cozinha caseira de Araxá rompeu fronteiras e se projetou nacionalmente a partir da pu-blicação das 3 edições de coletâneas de receitas reunidas por Fernando Braga no livro “Araxá Põe a Mesa”.

Na década de 80, empresários, amantes da gastronomia se reuniram e fundaram o Clube da Cozinha de Araxá com o obje-tivo de resgatar receitas praticadas nas fazendas, romarias, nas festas religiosas e cozinhas caseiras de seus conterrâ-neos, algumas publicadas no livro “Me-lhores Receitas do Clube da Cozinha de Araxá”.

o fEstival intErnaCional dE Cul-tura E gastronomia dE araxá

Em 1992, tive a ideia precursora de reali-zar um festival cultural e culinário das de-lícias de Araxá, ao qual batizei de “Trem Gostoso – Festival de Araxá”, cujo projeto previa a montagem de uma grande praça entre o Grande Hotel e suas Termas, com estandes de artesanatos típicos, mostras de artes plásticas e degustação de sua famosa gastronomia, acompanhada por espetáculos musicais com artistas locais e regionais.

Com importantes apoios o projeto ga-nhou força, mas foi interrompido pelo fechamento para reforma e restauração do Grande Hotel e suas Termas, que per-durou por quase uma década. Passados

15 anos, o projeto foi retomado após as adaptações necessárias para os novos tempos. Através de parceria e sociedade com Agenor Lemos Junior, viabilizamos em 2007 o Festival Internacional de Cul-tura e Gastronomia de Araxá.

2007 – PRIMEIRA EDIÇÃO:Local: Pátio externo, galeria e salão azul do Ouro Minas Grande Hotel de Araxá Pe-ríodo: 20 a 23 de setembro

Patrocínio cultural: CBMM - Apoios e parcerias: Ouro Minas Grande Hotel de Araxá, Secretaria de Turismo – Governo de Minas, Prefeitura Municipal de Araxá, ABRASEL – MG, SESI e SENAC.

Na área externa do Ouro Minas Grande Hotel de Araxá foi montada uma grande tenda com palco para apresentações do Jazz Festival, tendo ao seu entorno ten-das gastronômicas, espaços especiais para o Clube da Cozinha de Araxá, que apresentou pratos típicos regionais – “Destrincho do Porco”, “Paelha Caipira” e “Velório do Boi”. Os workshops e oficinas gastronômicas em tenda especial, onde foram apresentados os seguintes temas: “Culinárias Brasileira e Francesa” – chef Alexandre Figo, “Culinárias Argentina e Chinesa” – chef Donisete Damasceno, “Culinárias Italiana e Mexicana”– chef Adriano dos Santos , “Culinária Interna-cional Contemporânea” – chef Ivo Faria, e “Doces de Araxá” – Vó Lourdes. Houve, ainda, degustações de vinhos e cacha-ças, além de cursos de educação alimen-tar pelo SESI.

Na galeria do Grande Hotel foram mon-tadas bancas para livraria, onde houve os lançamentos dos livros “Arte Culiná-ria de Chistophe Bessse” e “Mexidos ou Mexidinhos...?”, de Agenor Lemos Junior, bancas de artesanatos, doces, queijos, cachaças e produtos culinários. Exposi-ções de artes plásticas – “Arte de Araxá”,

Page 17: Clique aqui para ler o artigo. - Una

17

e fotos antigas – “História de Araxá”. No Cine teatro foi realizado o lançamento do filme “Expresso Araxá” e apresentação do grupo de dança do SESI Minas.

No palco apresentaram: Vi Voz, Bejazz e Orquestra de Violas, Derico & Sindica-to do Jazz, Juarez Maciel e Grupo Muda, Swiss College Dixie Band, Divinil, All Star Jazz Band e Orquestra de Câmara do SESI Minas. No salão de festas do Gran-de Hotel foi realizada uma apresentação especial de Ed Mota.

No salão azul do Ouro Minas foram rea-lizados 3 festins: “Culinária Internacional Contemporânea” – chef Ivo Faria, “Culi-nária Italiana” - chef italiano Luciano Bo-seggia e “Culinária Francesa” - chef suí-ço Christophe Besse. No sábado, o Ouro Minas promoveu na orla de sua piscina uma feijoada especial pelo chef Marcelo de Paula.

2008 – SEGUNDA EDIÇÃO:Local: Pátio externo, galeria e salão azul do Ouro Minas Grande Hotel de AraxáPeríodo: 28 de maio a 1º de junho Patrocínio cultural: CBMM - Apoios e parcerias: Ouro Minas Grande Hotel de Araxá, Secretaria de Turismo – Governo de Minas, SENAC, SESC e Universidade Anhembi Morumbi.

Na sua segunda edição, mantendo a mes-ma estrutura funcional e o mesmo local, o Festival de Araxá estabeleceu parceria cultural com o curso de gastronomia da Universidade Anhembi Morumbi e com o consulado da Argentina em Minas Gerais, que apresentou no Cine Teatro os filmes “Histórias Mínimas”, “El abrazo partido”, “Plata Quemada” e “ El Bonaerense”, e um espetáculo do tango clássico argentino.Nessa edição foram lançados os livros “As 100 melhores receitas do Clube da Cozinha de Araxá” e “Sopas, Cremes e

Caldos”, de minha autoria. Nas artes plásticas, exposição de pinturas “Sabor com Arte” sob curadoria de Lucia Casta-nheira e exposição comemorativa dos 50 anos da passagem da Seleção Brasileira por Araxá antes da conquista do primeiro título como campeã mundial de futebol.Os shows musicais estiveram a cargo de Elaine Fiora, Banda Divinil, Sandra de Sá e Banda Vil Metal, Grupo Vi Voz, Clube do Choro, Pepeu Gomes e Banda Vil Metal, Beja Jazz e Samba Três.

Nos workshops e oficinas gastronômi-cas: “Culinária Cubana – Delícias de Fi-del” - chef Sula Santana, “Culinária La-tina, Sabores de México e Chile” - chef Marta Autran, “Tropeiros e Bandeirantes na Formação da Gastronomia Regional” - chef Maurício Lopes, “Culinária Interna-cional Alemã” - chef alemão Heiko Gra-bole, “Tecnologia Espanhola com Ingre-dientes Brasileiros” - chef Marta Autran, “Culinária Internacional Contemporânea” - chef francês Yves Pinard, “Coqueteis – Aprendendo a Fazer” - barman Adair Gomes das Silva, “Doces de Araxá I” - Vó Lourdes, “Turismo Gastronômico Inte-grado” - chefs Graziela Milanes, Marta Autran, Sula Santana, Maurício Lopes e Lucia Helena Soares, “Culinária Interna-cional Tailandesa” - chef Marcos Sodré, “Harmonização de Vinhos Brasileiros com a Comida Regional” - chefs Marta Autran, Sula Santana, Graziela Milanesa e Lucia Helena Soares, “Doces de Araxá II” - Dona Joaninha, e “Culinária Italia-na” - chef Ivo Faria. No mesmo espaço houve ainda palestra – a “Formação da Culinária Regional do Sudeste Brasileiro” - professor Ricardo Maranhão, e degus-tações de cervejas artesanais, vinhos e espumantes.

O Clube da Cozinha de Araxá apresentou o “Carneiro no Buraco”, “Destrincho do Porco”, “Peixada do São Francisco”, “Pa-elha Caipira” e o “Velório do Boi”.

Page 18: Clique aqui para ler o artigo. - Una

18

Nesta edição o festival inovou ao apre-sentar festins duplos. Na quinta feira, “Culinária Internacional Contemporânea” - Chef Ivo Faria, e “Encontro de Culturas Gastronômicas” - chefs Francisco Rebe-lo, Sula Santana, Maurício Lopes e Marta Autran. Na sexta feira, “Culinária Interna-cional Italiana” - chef Sergio Arno, e “Culi-nária Internacional Tailandesa” - chef Marcos Sodré. No sábado, “Culinária In-ternacional Francesa” - chef Yves Pinard, e “Culinária Internacional Contemporâ-nea Alemã”, chef alemão Heiko Grabole. Ainda no sábado, almoço festim com o chef Marcelo de Paula na orla da piscina do Ouro Minas Grande Hotel de Araxá.

2009 – TERCEIRA EDIÇÃO:Local: Pátio externo, galeria e salão azul do Ouro Minas Grande Hotel de AraxáPeríodo: 27 a 31 de maio Patrocínio cultural: CBMM - Apoios e par-cerias: Ouro Minas Grande Hotel de Ara-xá, Secretaria de Turismo – Governo de Minas, SENAC e SESC.

Na terceira edição do Festival de Araxá foi realizada uma pré-abertura com um workshop preparativo – “Mise em Place”, sob o comando de professores do curso técnico de hotelaria do SENAC, e um fes-tim exclusivo para convidados especiais – “Reinventando a Culinária Mineira”, sob o comando do chef Eduardo Avelar.

Nas artes plásticas, exposição das ar-tistas Sandra Lemos, Berenice Valverde, Regina Albergaria, Simone Mourão, Beth Fiche, Cibele Versiani e Eliane Ottoni. No Cine Teatro, apresentação dos filmes “A Festa de Babete”, “Chocolate” e “Sabor da Paixão”.

As apresentações musicais estiveram a cargo de Alan Tannus e Banda, Carona Brasil, Banda Peixe Vivo, Vi Voz, Rivers Boat’s Jazz Band (USA), Regra 3 – Cho-

rinho e Bossa Nova, Happy Feed Jazz Band, Nicolau Sousbeck e Seu Violino Mágico, Banda Divinil, Samba 3 e Todos Nós, um encontro livre de músicos de Araxá.

Nos workshops e oficinas gastronômi-cas foram apresentados: “Culinárias Ca-ribenha e Portuguesa” - chef José Carlos Rodrigues de Souza, “Cozinha Oriental” - chef Akira Ideriha, “Sabores de Minas” - chef Eduardo Avelar, “Culinária da Amé-rica do Sul”, “Sobremesas” e “Cozinha Contemporânea e Novas Tendências” - chef Ronnie Peterson, “Culinária Inter-nacional Francesa” - chef Marc Le Cor-nec, “Doces de Araxá” – doceira Marcia, “Culinária Internacional Espanhola” - chef Montse Estruch, “Culinária Internacional Italiana” - chef Vittorio Cerritelli, “Doces de Araxá” - Dona Joaninha, e “Culinária Contemporânea Italiana” - chef Ivo Fa-ria. No mesmo espaço foram realizados 2 mesas redondas – “Produtos Brasilei-ros na Culinária Internacional” e “Doces Artesanais”, com a participação de vários chefs e jornalistas gastronômicos, além das degustações de cervejas artesanais mineiras e vinhos.

O Clube da Cozinha de Araxá novamente marcou presença com o “Festival do Cor-deiro”, “Festival Paelha Caipira” e com o seu tradicional “Velório do Boi”.

Os festins ocorreram sob o comando do chef italiano Vittorio Cerritelli – “Serata Italiana”, da chef espanhola Montse Es-tuch – “Uma Noite no El Cingle”, e do chef francês Marc Le Cornec – “Vive la Fran-ce” . Ainda, festim almoço no Ouro Minas Grande Hotel - “Feijoada Mineira” pelo chef Marco Aurélio Soares.

Page 19: Clique aqui para ler o artigo. - Una

19

2010 – QUARTA EDIÇÃOLocal: Pátio externo, galeria e salão azul do Tauá Grande Hotel Termas Conven-tions de AraxáPeríodo: 17 a 20 de junhoPatrocínio cultural: CBMM - Apoios e par-cerias: Tauá Grande Hotel Termas Con-ventions de Araxá, SENAC, SESC, IMA e EMATER.

Sob nova direção, o Grande Hotel mais uma vez foi palco do Festival Internacio-nal de Cultura e Gastronomia de Araxá. Na sua galeria, feira de artesanato, pro-dutos gastronômicos, livraria, com noites de autógrafos de Beatriz Rosa - “Coisas da Cozinha”, de Mirian Cerruti - “Coque-teis com Cachaça e Delícias Brasileiras com Cachaça” e livros de Emmanuel Bassolei. Exposição de artes plásticas – “Pelos Caminhos de Minas”, das artistas Sandra Lemos, Berenice Valverde, Beth Fichez, Regina Albergaria e Simone Mou-ra.

No palco: Beja Jazz, Banda do Síndico (ex-Vitória Regia), Alan Tannus, os Tião e Banda Divinil, Ausier Vinicius e Grupo Pedacinhos do Céu, Bossa Violada, Zé da Velha e Silvério Pontes, Sargent Peppers, Daniela Spielmann Trio, Toninho Horta, Dip Six, Vi Voz e Os Arachás.

Nos workshops e oficinas gastronômi-cas: Donizete Damasceno - “Sabores do Salmão”, Eduardo Avelar – “Culinária das Geraes”, Mirian Cerruti – “Delícias da Cachaça”, José Carlos – “Culinária Me-xicana”, Maria Emilia de Oliveira – “Cozi-nha de Fusão 1 e 2”, Helga de Andrade – “Delícias do Café”, Henrique Pires – “Cervejas Belgas – Ingredientes e Estilo” e Vó Lourdes – “Doces de Araxá”. Ainda, o concurso da EMATER e IMA “Melhor Queijo Minas – Etapa Araxá”, e degus-tações de vinhos, cervejas artesanais e cachaça. No Clube da Cozinha de Araxá: “Rebordosa do Cordeiro”, “Destrincho do

Porco” e “Velório do Boi”.

Os festins ficaram a cargo de Ivo Faria e Eduardo Avelar – “União dos Saberes e Sabores de Minas”, Jefferson Rueda – “A Cozinha do Pomodori” e Emmanuel Bas-solei – “Culinária Francesa no Brasil”.

2012 – QUINTA EDIÇÃO:Local: Pátio da Fundação Cultural Cal-mon BarretoPeríodo: 21 a 24 de junho

Patrocínio cultural: CBMM e Vale Fertili-zantes - Apoios e parcerias: Fundação ACIA (Associação Comercial e Industrial de Araxá), FCCB, Secretaria de Turismo – Governo de Minas, SENAC, SESC e Wäls. Diante da não realização da edição de 2011, em razão de divergências concei-tuais e operacionais com o novo arrenda-tário do Grande Hotel, o festival foi intei-ramente remodelado e transferido para o pátio da Fundação Cultural Calmon Bar-reto, antiga Estação Ferroviária de Araxá. Nesse espaço foi montado uma grande tenda com palco, cercada por tendas gastronômicas, além das tendas de co-bertura das áreas de artesanatos e pro-dutos culinários, salão de workshops e oficinas, salão de festins e cozinha com visibilidade para o público, wine bar, Clu-be da Cozinha de Araxá e Praça das Mas-sas.

Na antiga plataforma do trem, a exposi-ção de artes plásticas “Sagrados Sabo-res de Minas – Terrois Gastronômicos” das pintoras Berenice Valverde, Beth Fi-che e Sandra Lemos. No pátio, artes cê-nicas com o grupo Grüne Sdat – “Folclo-re Alemão”, e Grupo Camaleão – “Dança de Rua”. Foi ainda lançado o livro de Wa-iner Ganzarolli Ferreira - “Receitas Minei-ras da Vó Cília”. No palco, apresentações de Jorge Vinis e seu Chorrinho, Bêjazz, Mississipi Jazz Band, Helton Silva Jazz

Page 20: Clique aqui para ler o artigo. - Una

20

Septeto, Hermeto Pascoal, Jazz Guitar, Bossa Violada, New Samba Jazz, Big Band do Palácio das Artes, Bosquinho e Leonídio, Quarteto Romã, Orleans Street Jazz, Donny Nichilo, Orchestra Big Time, Cezar Braga Jazz & Bossa e Chorando na Janela.

Nos workshops e oficinas gastronô-micas: Daniela Narciso – “Cozinha das américas”, Gustavo Miazzo – “Cozinha Inglesa”, Thiago Moeda, Marcelo Abbon-danza e Ivan Santinho – “Confit e Conser-vação Caipira” e “A relação entre Queijos Mineiros e Franceses”, Cecília Rosa – “Doces”, Paulo Henrique Maneira – “Co-zinha Regional de Araxá com Técnica de Vanguarda” e Manoela Leblon – “Cozinha Ligth’. Degustações de vinhos e cervejas artesanais mineiras, mais o Clube da Co-zinha de Araxá com “Galinhada a Moda Dona Bêja”, “O Destrincho do Porco”, “Pa-lha Caipira” e o “Velório do Boi”.

Os festins ficaram a cargo dos renoma-dos chefs franceses residentes no Brasil: Laurent Suaudeu, Erick Jacquin e Claude Troisgros.

2013 – SEXTA EDIÇÃO:Local: Pátio da Fundação Cultural Cal-mon BarretoPeríodo: 6 a 9 de junho

Patrocínio cultural: CBMM e Vale Fertili-zantes - Apoios e parcerias: Fundação ACIA (Associação Comercial e Industrial de Araxá), FCCB, Secretaria de Turismo – Governo de Minas, SENAC, SESC e Wäls. Com a mesma infraestrutura, a sexta edição do Festival de Araxá apresentou a exposição de artes plásticas “Simples-mente Mulher’, de Sandra Lemos, Regina Albergaria, Simone Mourão e Beth Fiche, e os espetáculos do Araxá Dance Club, com seus deficientes físicos em cadeiras de rodas, e Comida dos Astros.

No palco: Bêjazz, Cia do Choro, Danny Vincent, Wagner Tisso em Trio, Leonído, Bosquinho e Oswaldinho, Mississipi Jazz Band, Big Band Blues e Afins, Bocato, Igor Prado & Sugaray Rayford, Nota Certa Jazz Quinteto, São Paulo Ska Jazz, Or-questra Viva, Banda Sinfônica Pe. Clóvis e Grupo Chorando na Praça.

Os workshops e oficinas gastronômicas ficaram a cargo dos chefs: Paula Dughe-rof – “Tendências e Receitas com Café”, Igor Martins, Manoela Leblon e Vinicius Rojo – “Cocção de Carnes em Baixa Tem-peratura”, “Técnicas de Mixologia para Drinks Brasileiros”, “Queijos Brasileiros – Diferentes Formas de Utilização na Cozi-nha de Tendência” e “Aplicações de Téc-nicas de Vanguarda na Cozinha Mineira” e Beto Amaral – “a Briga por uma Panna Cotta Perfeita”. Além das degustações de queijos, vinhos, cervejas artesanais e cachaça, o Clube da Cozinha de Araxá apresentou a “Rebordosa de Cordeiro”, “Leitão da Canastra com Tutu Tonto”, “Paelha Caipira” e o “Velório do Boi”. Os festins estiveram a cargo das chefs: Bel Coelho, Janaína Rueda e Nádia Ha-ron.

2014 – SÉTIMA EDIÇÃO:Local: Pátio da Fundação Cultural Cal-mon BarretoPeríodo: 24 a 27 de julho

Patrocínio cultural: CBMM e CEMIG - Apoios e parcerias: Fundação ACIA (As-sociação Comercial e Industrial de Ara-xá), FCCB, Prefeitura Municipal de Araxá, SENAC e Wäls.

A sétima edição do festival comemorou os 70 anos do Grande Hotel de Araxá e os 90 anos do Copacabana Palace, que par-ticipou com os seus chefs à frente dos festins. A carreta do SENAC esteve sob o comando dos seus chefs nas oficinas

Page 21: Clique aqui para ler o artigo. - Una

21

gastronômicas. Nas artes cênicas, espe-táculos de Circus & Circus e Araxá Dan-ce Company. No palco, apresentações musicais de: maestro Bruno com “Nos-sa Música no Coreto”, Nota Certa Jazz Quinteto, Bêjazz, Big Band Blues e Afins, Igor Prado & Willie Walker Band, Acordes Araxá, Pablo Fagundes & Marcos Moraes, VJ Trio & Vanessa Jackson, Paulistana Trio Jazz & Tony Gordon, Grupo Vozes, Vi Voz, Happy Feet Jazz Band, Vil Metal Band, Chorando na Praça, Orquestra Viva e Banda Sinfônica Pe. Clóvis.

Na carreta do SENAC oficinas gastronô-micas com seus chefs instrutores - Thia-go Ávila, Aldei Oliveira e Donisete Damas-ceno, e dos chefs convidados - Manoela Leblon e Luiz Fernando Gregório. No sa-lão dos festins, degustações de cervejas especiais e vinhos. O Clube da Cozinha de Araxá apresentou: “Chocalhando o Galinheiro – Frango de Araxá”, “Velório do Boi” e “Paelha Caipira”.

Os festins ficaram sob o comando dos chefs do Copacabana Palace Hotel – Paulo Henrique Maneira, Itamar Araújo e Rafael Hidaka.

2015 – OITAVA EDIÇÃO:Local: Pátio da Fundação Cultural Cal-mon BarretoPeríodo: 17 a 20 de setembro

Patrocínio cultural: CBMM - Apoios e parcerias: Fundação ACIA (Associação Comercial e Industrial de Araxá), FCCB, Prefeitura Municipal de Araxá, SENAC e Wäls.

A última edição do festival apresentou a exposição fotográfica “Olhares de Araxá” e os espetáculos de dança da Cia Valen-tina de Teatro e Araxá Dance Company. No palco, Bêjazz, Nota Certa Jazz Quinte-to, Grupo Latinoamérica, Charanga Pop, Tarcísio Moura Blues e Afins, Choro de

Vinnis, Oncalô, Marcos Paiva & Vanessa Moreno, Corporação Musical Lira Santo Antonio e os Arachás.

A carreta do SENAC esteve presente nas oficinas gastronômicas sob o comando do chef Donisete Damasceno. No salão de festins foram realizadas degustações de cervejas artesanais mineiras e vinhos, enquanto que o Clube da Cozinha de Ara-xá apresentou o “Frango de Araxá com Quiabo e Angú”, “Tropeiro do Cerrado” e “Velório do Boi”.

Os festins, com paladar italiano, estive-ram sob o comando dos chefs Tássia Magalhães, Renato Carioni e Carlos Ber-tolazzi.

O Festival Internacional de Cultura e Gas-tronomia de Araxá institucionalizou ain-da mais os “Saberes e Sabores de Araxá”, contribuindo com a melhoria de qualida-de dos pratos servidos nos restaurantes locais e influenciando a gastronomia re-gional das Gerais.

“A diversidade cultural inserida na cozinha

caseira de Araxá rompeu fronteiras e se

projetou nacionalmente”

Page 22: Clique aqui para ler o artigo. - Una

22

COMIDA DI BUTECO

Maria Eulália Araújo

Criado em 2000, na cidade de Belo Hori-zonte, o Comida di Buteco surgiu como uma promoção da Rádio Geraes FM. Em sua primeira edição contava com 10 par-ticipantes nas diferentes regiões da ci-dade, movimentando, naquele ano, um público de aproximadamente 20 mil pes-soas.

O Comida di Buteco, que está em sua 16ª edição, inova ao ser o primeiro concurso nacional que elege o melhor boteco da cidade, por meio de um resgate dos va-lores regionais, o que alavanca a autoes-tima dos botecos e cumpre seu papel de valorizador da culinária de raiz. Ao des-cobrir bares familiares que tem na base da sua cozinha ingredientes e produções locais e ao incentivá-los com ingredien-tes regionais, o Comida di Buteco fortale-ce a valorização da regionalidade.

Ano a ano o concurso foi ganhando re-levância no contexto nacional da gastro-nomia e entretenimento, colocando Belo Horizonte no radar dos turistas apaixo-nados por roteiros ligados à culinária.

As etapas para realização do concurso se dividem da seguinte maneira:

1. Visita aos botecos indicados pelo site, redes sociais do concurso, e indicações;2. Realização do Comitê responsável pela definição dos botecos que serão convi-dados a participar;3. Convite aos bares selecionados, sen-do feita a adesão e assinatura do regula-mento;4. Elaboração e entrega das receitas con-correntes por parte dos bares;

5. Realização da sessão de fotos dos pe-tiscos concorrentes;6. Captação de parceiros estratégicos e patrocinadores;7. Realização do planejamento de mídia e negociação com os veículos de comu-nicação;8. Visita aos botecos participantes com os patrocinadores e parceiros estratégi-cos;9. Oferecimento de cursos de capacita-ção e treinamento de forma gratuita aos botecos participantes em parceria com instituições de ensino;10. Realização de reuniões de trabalho junto aos botecos participantes, patro-cinadores e jurados (técnicos, gastrôno-mos, chefs de cozinha, nutricionistas, es-pecialistas no assunto, jornalistas);11. Realização de ação de divulgação ex-clusiva voltada para imprensa;12. Execução do concurso durante 31 dias;13. Apuração dos votos;14. Realização de eventos de premiação;15. Entrega de resultados.

Por sua abrangência e dinâmica que pro-move a criação e resgate de novas recei-tas todos os anos, o concurso tornou-se um importante estímulo do fazer culiná-rio regional, assim, natural e diretamen-te, pode-se dizer que o Comida di Buteco contribui para a consolidação da cozinha brasileira como patrimônio imaterial, na medida em que explicita talentos e his-tórias regionais e traz público, crítica e imprensa para validarem conjuntamente essas performances.

Page 23: Clique aqui para ler o artigo. - Una

23

PotEnCial dE ComErCialização turístiCa

Por todas as características apresenta-das, o projeto possui enorme potencial para roteiro turístisco a ser comerciali-zado por operadoras e agências. As ca-ravanas, realizadas pela produção como contrapartida aos patrocinadores, são exemplos bem sucedidos de como o pú-blico tem interesse em fazer da prática da visitação aos botecos um roteiro de entretenimento e fruição gastronômica. Já são incontáveis as “caravanas” rea-lizadas pelo público em geral, fornada tanto por belo-horizontinos, como por pessoas de outros Estados e cidades. Em 2015, foram apurados pelas cédulas de votação recolhidas pela Vox Populi, a presença de 16 mil turistas nos botecos participantes de Belo Horizonte.

ExPansão

Em 2008, o concurso foi expandido e co-meçou a ser realizado em outras locali-dades, além de Belo Horizonte. Em 2015 foi realizado em 20 cidades brasileiras, gerando nas demais cidades a mesma performance socioeconômica vivida em sua cidade de origem. Ainda em 2015 o Comida di Buteco inova ao chegar a todas as regiões do Brasil, tornando-se de fato o maior concurso nacional de cozinha de raiz e sendo realizado com mais de 500 botecos participantes nas cidades: Mi-nas Gerais: Belo Horizonte, Montes Cla-ros, Uberlândia, Juiz de Fora, Poços de Caldas; Estado de São Paulo: São Paulo capital, São José do Rio Preto, Ribeirão Preto, Campinas; Rio de Janeiro, Goiânia, Brasília, Recife, Salvador, Fortaleza, Be-lém e Manaus.

Page 24: Clique aqui para ler o artigo. - Una

24

dinâmiCa

Ele é, em essência primária, um concur-so que elege o melhor boteco da cidade, através da avaliação, in loco, de público e jurados, das categorias – melhor tira--gosto, higiene, temperatura da bebida, atendimento. O público corresponde a 50% do valor da votação e jurados 50%. O Instituto Vox Populi faz a apuração dos votos. A cada edição, 20% da base é desclassificada, gerando uma renovação anual da mesma, o que exige que o con-corrente nunca se acomode e que novos estabelecimentos sejam descobertos.

Durante o período de votação uma cam-panha de comunicação estimula o públi-co a visitar os participantes, para provar e dar as notas. Esse fluxo de pessoas eleva de 40 a 300% o faturamento dos esta-belecimentos, impactando toda a cadeia produtiva, do boteco ao fornecedor.

PErfil dos botECos PartiCiPantEs

Os estabelecimentos convidados a par-ticipar não pertencem à redes ou fran-quias. O dono está envolvido em todas as etapas do seu negócio e muitas vezes outras pessoas de sua família também trabalham no local. Denomina-se esse pequeno comércio de “boteco espontâ-neo”, que nasce sem muito planejamento e vira plataforma de sustento de uma ou mais famílias.

A partir da visibilidade proporcionada pelo concurso, resultado da exposição gerada pela imprensa e o aumento no fluxo de clientes, os donos destes esta-belecimentos começam a se atentar para fatores que vão além da qualidade da co-mida, como a higiene e o atendimento, provocando uma melhoria relevante na prestação deste serviço no setor como um todo.

sua força Como Plataforma dE dE-sEnvolvimEnto soCial A missão do Comida di Buteco é trans-formar vidas através da cozinha de raiz – o boteco como extensão de sua casa, assim com os resultados do novo e vo-lumoso fluxo de clientes proporcionado pelo concurso, estes acabam retornando ao longo do ano, provocando a geração direta de emprego e renda e a transfor-mação de vidas e dos negócios.

Assim, ele impacta economicamente a cidade como um todo, dá visibilidade na-cional e internacional aos botecos e à ci-dade, como acontece em Belo Horizonte. Com aumento de público nos estabeleci-mentos, faz-se necessário a contratação de mais mão de obra específica, contri-buindo, assim, para ampliação de empre-gos e envolvimento dos profissionais do setor gastronômico na região.

Qualificação: antes do início do concurso os estabelecimentos recebem, gratuita-mente, cursos de qualificação e melho-res práticas em alimentos e bebidas, e atendimento. Nesse sentido, não apenas os estabelecimentos são beneficiados, como mais profissionais ligados à área estarão envolvidos na causa.

valor ComPartilhado

O boteco não paga para participar, me-diante suas características ele é convi-dado a compor a lista de concorrentes. Visto isso, acredita-se que todos estes fatores movimentam uma corrente do bem que começa pelo boteco, revelando histórias através das receitas, passando pela sociedade, que se apropria do con-curso na medida em que ressalta valores culturais da região. Inclui, ainda, patroci-nadores, que investem no concurso por acreditar na força de sua causa, che-gando aos parceiros estratégicos (mí-dia, Instituições de ensino), que também

Page 25: Clique aqui para ler o artigo. - Una

25

acreditam na causa e contribuem para a sua propagação e fortalecimento. Che-ga, ainda, ao poder público, que auxilia na facilitação de processos de legaliza-ção e orientação dos estabelecimentos e, por fim, o Comida di Buteco, que executa e gerencia o concurso. Essa corrente do bem começa a girar a partir do momento em que os botecos retornam à socieda-de o que receberam através do concur-so: geração de emprego, mais impostos, se transformando em embaixadores de marcas patrocinadoras e de parceiros.

sEu lEgado à Culinária brasilEira

Conforme o regulamento, desde a pri-meira edição do concurso, os participan-tes ttêm que criar novas receitas ano a ano. Assim, a cada edição, o cardápio da cozinha de raiz brasileira ganha mais de 500 novas receitas, oriundas de invenção ou de resgate de receitas de família. Em 16 anos são mais de três mil receitas que se tornaram vedetes e muitas inspiram até mesmo os chefs da alta gastronomia que começaram a entender e enaltecer o valor dessa cozinha.

O Comida di Buteco, assim como o carna-val e os maiores eventos do país, imedia-tamente após o término de uma edição, inicia-se o planejamento para próxima. Após a visita aos botecos indicados, se-leção e convite, os bares desenvolvem e entregam as receitas antes do período de fotos. Os temas podem ser livres ou estabelecidos de acordo com um estu-do realizado pela organização do evento, levando em conta também as sugestões do site e redes sociais, o que permite que os donos dos botecos se sintam incenti-vados a desenvolver petiscos que resga-tem a cozinha de raiz, sem perder a cria-tividade. A seleção dos botecos acontece por meio de um processo, no qual os es-tabelecimentos pontuam de acordo comdeterminadas características. O Comida di Buteco entende como um dos fatores mais importantes o dono estar 100% à frente do seu negócio, pois assim é pos-sível revelar histórias de pessoas que fazem do boteco sua vida. Para isso,

um dos maiores desafios é a captação de patrocinadores e parceiros estratégi-cos que acreditem e invistam no projeto. Além disso, conta-se com a contratação de assessoria de imprensa, elaboração de um plano de mídia (rádio, mídia exte-rior, jornal e televisão) e estabelecimento de parcerias com os principais veículos de comunicação da cidade, sendo pos-sível consolidar cada vez mais a cozinha de raiz e valorizar os botecos espontâne-os, de modo que estes se transformem em vetores de desenvolvimento socioe-conômico e cultural da cidade.

Botecos espontâneos transformados pelo projeto consolidam-se e se tornam importantes equipamentos culturais e turísticos da cidade, atraindo novos tu-ristas interessados em conhecer e expe-rimentar os sabores da cozinha de raiz durante e após o fim do concurso. O Co-mida di Buteco promove um circuito ur-bano de bares, fazendo com que os pró-prios moradores da cidade e os turistas descubram e redescubram bairros, ruas e avenidas através dos endereços dos botecos.

Devido às transformações ocasionadas pelo concurso, muitos estabelecimentos que estão à beira da falência, ou que a fa-mília algumas vezes não se envolve por não acreditar, acabam tendo uma nova chance. Assim, o que se percebe é a ele-vação do status do dono do boteco, o que potencializa a permanência dos mesmos e que faz com que os botecos sejam pas-sados de pais para filhos.

Realizado o planejamento de mídia e ne-gociação com os veículos de comunica-ção é possível trabalhar, por meio de uma divulgação ostensiva, junto ao público, patrocinadores e jornalistas o conceito de que o boteco é um lugar democrático, e, assim, por meio desta divulgação, con-segue-se com que diferentes públicos tenham acesso à gastronomia de quali-dade. Por fim, a realização do Comida di Buteco em 20 cidades simultaneamente, envolvendo mais de 500 bares, é a prin-cipal metodologia para atingir o objetivo principal do projeto. •

Page 26: Clique aqui para ler o artigo. - Una

26

EXPOCACHAÇA: A VITRINE MUNDIAL DA CACHAÇA

José Lúcio Mendes FerreiraDiretor-presidente da Expocachaça e Brasilbier

“Nada se compara ao perfume do sucesso!”- Elizabeth Taylor

A epígrafe de Elizabeth Taylor se ajusta como uma luva ao sucesso da Expoca-chaça, Feira e Festival Internacional da Cachaça, evento pioneiro criado em 1998, com 19 anos de atividades ininterruptas e 25 edições já realizadas. A Feira é consi-derada a maior e a mais conceituada vi-trine do agronegócio da cachaça, a bebi-da nacional do Brasil por Decreto Federal, patrimônio cultural de Minas Gerais por Lei e produto turístico tangível.

A Expocachaça foi a principal responsá-vel pela visibilidade atingida e pelo status de destilado nobre e bebida de grife, reti-rando a cachaça do gueto a que esteve relegada por muitos anos, dando promo-ção e divulgação à bebida nos mercados interno e externo.

Os números do evento confirmam seu sucesso:

• 19 anos de atividades;• 25 Edições já realizadas;• Dois milhões de visitantes;• R$ 80 milhões gerados em mídia es-pontânea;• 138 mil m2 de estrutura montada;• 86 mil empregos gerados;• R$ 250 milhões em negócios gerados (Feira e pós-Feira);• A Maior Feira do Agronegócio da Cacha-ça do Mundo.

A importância da Expocachaça na divul-gação e promoção da cachaça transcen-de as fronteiras de Minas Gerais e seu perfil setorial de referência do agronegó-cio foi reconhecido pelo Governo de Mi-nas, que a convidou para ancorar a Su-perAgro Minas, um evento das cadeias produtivas do agronegócio, criado em 2005 e realizado até 2013.

Ao longo desses anos de realização, a Expocachaça vem cumprindo um impor-tante papel neste segmento, reunindo, anualmente, toda a cadeia produtiva do agronegócio da cachaça e, desde 2005, uma nova cadeia produtiva: da cerveja artesanal, com a incorporação da Brasil-Bier ao desenho do evento. Mais uma ca-deia produtiva de produtores artesanais de bebida.

Para o diretor-presidente da Expocacha-ça e da Brasil Bier, José Lúcio Mendes Ferreira, é muito gratificante ver a Feira consolidada como evento de referência do setor e que já teve duas edições anu-ais, em Belo Horizonte, no Expominas, e em São Paulo, no Mercado Municipal Paulistano - O Mercadão, e cumprindo seu papel de apoiar o produtor da bebida artesanal da cachaça e de cerveja.

Da Expocachaça já participaram milhares

Page 27: Clique aqui para ler o artigo. - Una

27

de marcas de cachaça que hoje ocupam vitrines no Brasil e no exterior, tendo ser-vido de palco para inúmeras tomadas de decisões que ajudaram a resolver proble-mas que afetam o desenvolvimento do setor e contribuíram para a mudança de conceitos e de paradigmas a respeito de nossa bebida mundial, a cachaça.

Diversas pesquisas realizadas pela orga-nização do evento, entre elas as de 2009 e 2010, desenvolvidas pela Empresa Mu-nicipal de Turismo de Belo Horizonte – Belotur –, indicaram que mais de 68% dos turistas entrevistados na Feira vieram es-pecificamente para participar do evento e cerca de 30% de seu público é de turistas de cerca de 200 municípios de Minas, de outros estados do Brasil e do exterior e fi-cam de 2 a 4 dias na cidade, aumentando a estacionalidade turística do município.

No Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável de Belo Horizon-te (PDITS-BH), contratado pela Belotur à Fundação João Pinheiro, na página 8 do Sumário Executivo, está escrito: Dos 19 atrativos identificados como de maior atratividade em Belo Horizonte, um con-junto de 12 se configuram como mais consolidados e que tem maiores possibi-lidades de crescimento de forma susten-tável, entre eles está a Expocachaça.

A satisfação gerada junto ao público ficou registrada em 1.265 formulários da pes-quisa realizada pela organização da Fei-ra em parceria com a Revista Viver Brasil e Correios, também em 2009. Opiniões como: “excepcional, fantástica, impecá-vel, fina, elitizada, nota 1.000, imperdível, maluca, adorável, feira de negócios, a me-lhor do Brasil, parabéns, extremamente organizada”, entre tantas outras, indicam o acerto de desenho e formato do evento.

O clima de feira e festival que permeia a Expocachaça traduz a similitude entre as

Expocachaça traduz a similitude entre as antigas feiras, dos mascates, das trocas, da Idade Média e do Renascimento, que sobrevive nos bazares e nas ruas de di-versos países com suas nuanças, suas festas, cores e nomes que representam toda uma cultura.

Seja no caminhar atrás da banda do Or-lando Russo, nos intervalos dos shows, seja na grande praça gastronômica, com seus 2.000 assentos e seus restaurantes e bares, ou nas diversas manifestações culturais, a feira é uma grande festa onde todos ganham - consumidores, nego-ciantes, pesquisadores, produtores. A ci-dade que se quer internacional e que no período da feira se transforma na Capital nacional da Cachaça e na Vitrine Mundial da Bebida Oficial do Brasil: a cachaça, conquistando a atenção de toda a mídia nacional e internacional.

E o sucesso do evento está na sua con-cepção de Feira e Festival com uma pro-posta aberta a novos expositores e uma programação mais eclética e comple-mentar, em que negócios, lazer, entrete-nimento, gastronomia, turismo, cultura e espetáculo interagem e convivem har-monicamente, dando o molho necessá-rio para o encantamento do público, o sucesso na comercialização de produtos e a visibilidade junto à mídia.

Page 28: Clique aqui para ler o artigo. - Una

28

Exportada para mais de 60 países

Fonte: CBRC - Centro Brasileiro de Referência da Cachaça

exportados em 20128 milhões de litros

exportados em 201114 milhões de litros

no Brasil

600 mil empregosdiretos e indiretos

o setor gera mais de

Exportação

em minas gerais

240 mil empregosdiretos e indiretos

o setor gera mais de

Os estados brasileiros que destacam na produção:

o que essa produção* representa em relação à população Brasileira?

pesquisa do centro de indústria de são paulo coloca a cachaça como produto que mais tem a cara Brasileira. (2010)

6,29 70litros por brasileiro

litros por brasileiro

cachaça cerveja

10,5 quase 117 litros/brasileiro litros/brasileiro

1,4 bilhão 13,3 bilhões de litros por ano de litros por ano

SE CONSIDERADA APENAS APOPULAÇÃO DE 18 A 59 ANOS

PRODUÇÃO ANUAL POR BEBIDA

230 de litros de cachaça por ano

minas gerais produz

milhões

7 movimento anual da cadeia produtiva da cachaça

bilhões de reais

40 mil

produtores

São mais de

4 mil

marcas

1% do total produzido

é exportado

99% do total de produtores

são mircroempresas

Quantidade de álcool

40%cachaça

40%vodka

12%vinho

5%cerveja

* Dados referentes à produção de 2011

Linha de tempo da Cachaça1635 1647 1659 1661 1994 2012

Uma lei proibiu o consumo da cachaça, os portugueses te-miam a concorrência para a bagaceira, uma aguardente produzida a partir do bagaço de uva

A companhia geral do comércio passou a ter o monopólio da venda de bebidas alcoólicas da colônia

A coroa portuguesa emitiu novamente uma ordem para proibir o comércio de aguardente

A rainha regente de Portugal, dona Luísa de Gusmão, libera a fabricação de cachaça no Brasil

A cachaça foi definida como produto cultural do Brasil

Os Estados Unidos reconhecem a cachaça como produto tipicamente brasileiro, facilitando sua exportação

são paulo, rio de janeiro, pernamBuco, ceará, minas gerais, paraíBa

o maior produtor é são paulo

21 de maio dia estadual da

13 de setembro: dia nacional da Cachaça CaChaça de Minas Gerais

OutrOs países - 20%

Uruguai - 3%

Argentina - 3%

eua - 6%

França - 4%

Bolívia - 10%

Chile - 3%

Itália - 4%

Alemanha - 30%

Paraguai - 9%

Portugal - 8%

Espanha - 4%

Page 29: Clique aqui para ler o artigo. - Una

29

Para finalizar, a importância da Cachaça pode ser avaliada pela Pesquisa de opi-nião encomendada pelo Centro de Indús-tria do Estado de São Paulo, para saber qual é o produto que tem a cara do Brasil, que indicou em primeiro lugar o Petróleo da Petrobrás, em segundo a CACHAÇA e em terceiro o Café.

A cachaça é, sem dúvida, o produto que mais tem a cara brasileira, e esse reco-nhecimento veio através do decreto fede-ral de dezembro de 2001 que a colocou como a bebida oficial do Brasil, prote-gendo o uso das expressões “Cachaça” e “Caipirinha”.

Em Minas Gerais, Lei estadual de janeiro de 2007 transformou o “Processo de Pro-dução da Cachaça de Alambique” em Pa-trimônio Cultural Imaterial. Mais recente-mente, a Colômbia, os Estados Unidos e o México reconheceram a cachaça como produto típico e genuinamente brasileiro, abrindo espaço para o reconhecimen-to da cachaça em todas as aduanas do mundo. •

Para saber mais sobre a Expocachaça, vi-site o site: www.expocachaca.com.br e o facebook.com.br/expocachaca

“A riqueza mineral é o fundamento dos fortes impérios. Mas só a agricultura cria as pátrias pacíficas, só ela fixa o homem

à terra pelo interesse e pelo amor.” (Autor desconhecido)

“Ao longo desses anos de realização, a Expocachaça vem cumprindo um impor-tante papel neste segmen-to, reunindo, anualmente, toda a cadeia produtiva do agronegócio da cachaça e, desde 2005, uma nova ca-deia produtiva: da cerveja

artesanal”.

Page 30: Clique aqui para ler o artigo. - Una

30

Um fato sobre o qual ninguém mais tem dúvida: gastronomia é cultura. E, mais do que isso, é também negócio, geração de trabalho e renda e, potencialmente, de-senvolvimento territorial.

Os dados provam: segundo um estudo re-alizado pelo Instituto de Desenvolvimento Gerencial (INDG), em 2012, a gastrono-mia representava 19,9% do PIB brasileiro - só em Minas Gerais, onde se encontra a base do Projeto Fartura, são concentra-das 12,4% das indústrias de alimentos e bebidas do país.

Para setor, os números são bastante oti-mistas. Em 2013, segundo a Abia Asso-ciação Brasileira das Indústrias de Ali-mentação (ABIA), 32,9% do consumo alimentício da população foi feito fora de casa. Para 2014, a projeção foi melhor ainda, 38%, com boas perspectivas de crescimento para os próximos anos, se-gundo especialistas.

Chefs, produtores, restaurantes, ingre-dientes e receitas ganham espaço e vêm promovendo uma revolução na gastro-nomia brasileira, além de despertar, cada vez mais, o interesse do público. Os even-tos dedicados ao tema vêm crescendo ao longo dos anos e tornam-se a vitrine des-te setor, bem como oportunidades para promover experiências e interação entre a cadeia produtiva e consumidores. A gas-

tronomia transforma. E o Projeto Fartura, com todos os seus produtos e iniciativas, colabora para esta transformação.

o fEstival quE virou uma Plataforma dE gastronomia

Idealizado em 2014, por Rodrigo Ferraz, com base nos resultados do Festival Cul-tura e Gastronomia Tiradentes (do qual é diretor desde 2009), o FARTURA é um grande projeto da gastronomia brasileira que envolve pesquisas, viagens, eventos e canais de comunicação. Esse conteúdo é a base de informações para a realização dos demais eventos, e para a composição dos canais de comunicação: webséries, filmes, documentários, programa de rá-dio, livros e conteúdo para redes sociais.

Composto pela Expedição Fartura Gas-tronomia, Festival Cultura e Gastronomia Tiradentes, Festival Fartura Fortaleza, Festival Fartura BH, Festival Fartura Por-to Alegre e Festival Fartura São Paulo, o Projeto Fartura é um grande projeto de promoção e desenvolvimento da gastro-nomia nacional. Com o objetivo de pro-mover a cadeia produtiva gastronômica a partir da reunião e integração de produ-tos, produtores, chefs, indústria, merca-dos e apreciadores da boa cozinha, o que torna o Projeto Fartura o principal projeto de gastronomia em desenvolvimento no país.

O NEGÓCIO DA GASTRONOMIA

Page 31: Clique aqui para ler o artigo. - Una

31

ExPEdição fartura gastronomia

Uma viagem que busca conhecer toda a cadeia produtiva da gastronomia no Bra-sil e forma a base curatorial do Projeto Fartura. Durante os festivais, todo o co-nhecimento adquirido nas viagens é dis-seminado através de palestras, apresen-tações de chefs e produtores e amostras de ingredientes. Este conteúdo também é transformado em filmes, programas de rádio, livros e conteúdo para as redes so-ciais que podem ser acompanhados du-rante todo o ano.

O documentário e o livro, ambos nome-ados Expedição Brasil Gastronômico, antigo nome da Expedição Fartura Gas-tronomia, são resultados do Projeto e apresentam esta história. Em 2014, o Vo-lume I do livro venceu o Prêmio Jabuti, na categoria Gastronomia, e também foi eleito o segundo melhor livro de gastro-

gastronomia do mundo, na categoria Culinary Travel, pelo Gourmand World Cookbook Awards, considerado o “Os-car” da literatura gastronômica. Em 2015 o Volume II também ficou em segun-do lugar no Gourmand World Cookbook Awards 2015, porém, na categoria Sus-tentabilidade, sendo a primeira vez que uma coleção brasileira é agraciada por dois anos consecutivos na premiação referenciada como a mais importante da literatura gastronômica.

O documentário também venceu o Prê-mio de Melhor Obra de até 30 minutos, na 1ª Mostra de Ensaio de Sabores Audiovi-suais (MESA), durante o Evento Rio Gas-tronomia 2014.

fEstivais

Os Festivais são a grande vitrine de todo o projeto. Os eventos apresentam os resul-

Page 32: Clique aqui para ler o artigo. - Una

32

sultados das pesquisas realizadas du-rante as viagens da Expedição Fartura Gastronomia e possibilitam a interação de produtores, chefs e empreendedores, clientes e visitantes que, além de experi-mentar, passam a descobrir o potencial da diversidade cultural e econômica da gastronomia brasileira.

fEstival fartura fortalEza19, 20 e 21 de junho de 2015

Fortaleza foi a primeira cidade a receber o Fartura em 2015. Em três dias, oito mil pessoas passaram pelo evento e pude-ram conferir uma intensa programação gastronômica, musical e cultural, onde os visitantes degustaram menus especiais produzidos para o Festival e feitos com ingredientes tipicamente brasileiros.

Estiveram presentes 110 profissionais de gastronomia que realizaram 95 atrações gastronômicas. Foram 50 apresentações artísticas em três palcos.

fEstival Cultura E gastronomia tiradEntEs21 a 30 de agosto de 2015

Desde a primeira edição, em 1998, o Fes-tival Cultura e Gastronomia Tiradentes transformou-se em um marco para a ci-dade. O evento movimentou a economia e a comunidade local, contribuindo para o crescimento nos serviços de restauran-tes, pousadas, bares e lojas em mais de 300% em 10 anos, de acordo com dados do IBGE. E em 2009, esses serviços já re-presentavam 50% do PIB da cidade. Hoje, Tiradentes possui 7 restaurantes estrela-dos no Guia 4 Rodas, mais do que muitas capitais do país, ocupando, junto com Re-cife, o quinto lugar no ranking de cidades com mais restaurantes estrelados.

Tiradentes recebeu, no período de 21 a 30 de agosto de 2015, o Festival Cultura e Gastronomia Tiradentes, que, há 18 anos, potencializa a histórica cidade mineira. O Festival, que faz parte do Projeto Fartura, levou à cidade grande variedade de ativi-dades gastronômicas, permitindo aos vi-sitantes desfrutar da riqueza do conteúdo gastronômico do Brasil e movimentou a economia local.

O Festival Cultura e Gastronomia Tira-dentes se baseia na pesquisa realizada pela Expedição Fartura Gastronomia, que já percorreu mais de 60 mil km por 21 es-tados e o Distrito Federal, mapeando re-giões, produtos, produtores, chefs e tradi-ções culturais de cada lugar.

Em 2015, o evento contou com a parti-cipação de, aproximadamente, 350 pro-fissionais de gastronomia, responsáveis pela realização de mais de 200 ativida-des gastronômicas, entre aulas, jantares e restaurantes na praça, espaços de ex-posição e comercialização de produtos, além de 70 atrações artísticas, contabili-zando mais de 40 mil visitantes na cida-de.

O Festival movimentou mais de 35 mi-lhões de reais em negócios e reciclou mais de 10 toneladas de materiais.

Um dos principais objetivos do Festival foi, a partir do conteúdo gerado pelas pes-quisas, promover a cadeia produtiva gas-tronômica, resgatando o prazer de sentar à mesa e celebrar a gastronomia. Exem-plo disso foi a participação de produto-res mineiros de doces, cachaça artesanal e café apreciados pelo grande público e apresentados a empresários de hotéis, pousadas, supermercadistas do Brasil e bares e restaurantes de Tiradentes, a fim de gerar novos negócios.

Page 33: Clique aqui para ler o artigo. - Una

33

A oferta de roteiros gastronômicos com-plementou novas opções para os turistas, que puderam conhecer um pouco mais sobre o cenário da cidade de Tiradentes e seu entorno. Fora oferecidas ativida-des que envolvem pequenos produtores e empreendedores da região, beneficiando um número maior de pessoas durante a realização do evento. Uma das possibi-lidades foi a visita a um dos alambiques mais antigos do Brasil, localizado em Co-ronel Xavier Chaves, a 22 Km de Tiraden-tes.

Os restaurantes da cidade de Tiradentes também abriram as portas para os par-ticipantes do Festival ao ofertarem car-dápios especiais pelo período do evento, através da iniciativa do Tour Gastronômi-co. A cada ano, o número de participantes aumenta, sendo um deles o Restaurante Viradas do Largo, da chef Beth Beltrão, classificado com uma estrela no Guia 4 Rodas.

Os jantares, uma das principais atrações do Festival, foram ampliados. Esse ano, foram 16 jantares assinados em 4 res-taurantes locais. Os chefs Rubens Bel-trão, do Via Destra, Rodolfo Mayer, do Angatu, Rafael Pires, do Pacco & Bacco, e Tanea Romão, do Kitanda Brasil, foram os anfitriões de chefs como Manu Buffara, de Curitiba, Rafa Costa e Silva, do Rio de Janeiro, Rolland Villard, do Rio de Janeiro, entre outros.

Com quase todos os estados brasilei-ros já explorados pela Expedição Fartu-ra Gastronomia, houve um rico conteú-do compartilhado com os visitantes. Por isso, em 2015, dois novos espaços foram apresentados ao público: o Espaço Aulas Senac foi duplicado, nomeado “Norte” e “Sul”, e ofereceu diversas aulas gratuitas, ministradas por chefs e profissionais de todo o país ligados à gastronomia; no Es-paço Experiência, no Restaurante Pacco e

Bacco, chefs e sommeliers foram acom-panhados por um pequeno grupo de pes-soas no preparo de pratos e harmoniza-ções especiais.

intErCâmbio inédito EntrE fEstivais

Outra novidade desta edição foi o inter-câmbio entre as cidades de Tiradentes e Mougins, na França. Cidades que com-partilham, além do amor pela cultura e pelas artes, a valorização da gastrono-mia local, incentivando chefs e pequenos produtores. Realizado na cidade francesa desde 2006, o Festival L’Etoile de Mou-gins, evento internacional de gastrono-mia, foi protagonista de uma parceria iné-dita com o Festival Cultura e Gastronomia Tiradentes.

A presença, em Tiradentes, de uma co-mitiva francesa, composta pelos chefs Xavier Burelle (Hôtel de Mougins), Lae-la Mouhamou (La Brasserie de la Médi-terranée), Emmanuel Ruz (Lou Fassum) e Serge Chollet (Le Moulin de Mougins), marcou o início deste intercâmbio. Dentre as diversas atividades, os chefs assina-ram dois dos jantares exclusivos no res-taurante Pacco & Bacco, sendo dois chefs por jantar: Xavier Burelle e Laela Mouha-mou e Serge Chollet e Emmanuel Ruz. Os chefs franceses também ministraram al-gumas aulas durante o Festival.

A segunda parte do intercâmbio aconte-ceu em setembro quando os chefs mi-neiros, Fred Trindade (Trindade – Belo Horizonte), Leo Paixão (Glouton – Belo Horizonte), Ivo Faria (Vecchio Sogno – Belo Horizonte) e Rodolfo Mayer (Anga-tu – Tiradentes) representaram o Festival na 10ª edição do festival gastronômico francês.

Page 34: Clique aqui para ler o artigo. - Una

34

gastronomia Combinada Com artE E músiCa

Dentro da proposta do Festival, de valori-zar o prazer de sentar à mesa e celebrar a gastronomia, o evento apresentou uma rica e variada programação cultural. A 18ª edição contou com 70 atrações ar-tísticas. No repertório musical, Yamandu Costa, convidou o Jazz Cigano Quinteto para se apresentar no evento. A Orques-ta Ouro Preto, com interpretações de canções da banda The Beatles, e o pre-miado bandolinista Hamilton de Holanda também estiveram presentes. Entre as atrações cênicas, opções para as crian-ças, como a interpretação da história O Pequeno Príncipe, pelo Grupo Girino, e o Folclore do Mestre André, pela Cia. Can-dongas, completaram a programação.

fEstival fartura bh03 e 04 de outubro de 2015

O Fartura BH propõe a valorização da gastronomia nacional, com a união de chefs e produtores de vários estados bra-sileiros, resgatando o prazer de sentar à mesa e celebrar a gastronomia em um importante complexo cultural e arquite-tônico de Belo Horizonte, a Praça José Mendes Júnior, no Circuito Cultural da Praça da Liberdade.

Nos dias 3 e 4 de outubro, Belo Horizon-te se transformou, pela segunda vez, na capital brasileira da gastronomia. Mais de 130 profissionais de gastronomia de 15 estados brasileiros, incluindo o Distri-to Federal, estiveram reunidos no Festival Fartura BH.

O evento contou com espaços dedicados à venda de comida e bebida, cursos e de-gustações: Foram mais de 110 atrações gastronômicas, além de vasta programa-ção artística, com 32 músicos de renome e grupos de arte cênica.

Chefs, produtores e demais convidados que vêm ao Festival são identificados através da Expedição Fartura Gastrono-mia, uma viagem para o mapeamento da cadeia produtiva gastronômica brasi-leira. Para 2015, o Festival traz produtos de Norte a Sul do Brasil. De acordo com o diretor geral do evento, Rodrigo Ferraz, a proposta é mostrar a relevância cultural e econômica destes produtores e cozinhei-ros descobertos durante as viagens pelo país.

Além da gastronomia, a música também foi celebrada no Festival Fartura BH. Nos dois dias, passaram pelo palco artistas como a banda Mustache e os Apaches e o bandolinista Hamilton de Holanda. As artes cênicas também tiveram repre-sentantes, como a Cia. Calangus Circus e o Coletivo Nopok que apresentaram o espetáculo “No Pocket – Um espetáculo para todos os bolsos”, utilizando as char-las clássicas, a música, a dança e a co-média física na criação de gags e cenas cômicas. •

Page 35: Clique aqui para ler o artigo. - Una

35

INSTITUCIONAIS

Page 36: Clique aqui para ler o artigo. - Una

36

A gastronomia mineira é dotada de he-ranças históricas, de simbolismos e de rituais característicos que lhe conferem um valor além do nutricional. Dentre as comidas regionais do Brasil, a mineira é uma das que mais se destaca no ce-nário nacional. Formada por influências indígenas, portuguesas e africanas, está sempre presente nos festivais gastronô-micos, feiras de comidas típicas, dentre outros eventos, bem como nos estabele-cimentos de alimentação.

Visitar Belo Horizonte significa ser sedu-zido não só por seu exuberante cenário e oferta cultural, mas também pela culi-nária mineira, que é um atrativo à parte. A diversidade gastronômica da capital mineira ultrapassou as suas fronteiras e hoje agrada os paladares mais sofistica-dos.

Falar da história da culinária mineira é falar das próprias origens de Minas Ge-rais. A descoberta do ouro, entre os anos de 1694 e 1700, faz surgir os primeiros povoados que originaram as cidades de Mariana e Ouro Preto.

Portugueses, colonos, índios e escravos, juntos, germinaram as raízes da cultura e da culinária de Minas, que possui sabor universal se feita com o saber de suas tradições. Possui, é verdade, por razões históricas, uma predominância dos há-bitos e sabores afro-indígenas, sendo

A influência portuguesa, por sua vez, virá de forma mais definitiva com a chegada das famílias dos colonizadores, de suas esposas, que então trazem novas recei-tas, louças e impõem toques de requin-tes nas mesas mineiras.

No século XVIII, os habitantes das Mi-nas Gerais aprenderam a aproveitar ao máximo todos os recursos alimentares disponíveis, pois com o enorme afluxo de pessoas em busca do ouro, faltavam ali-mentos.

Como consequência, a comida desse pe-ríodo resultou, especialmente, da coleta, da caça e da pesca, das roças deixadas por índios e bandeirantes e das hortas e criações de quintal. As técnicas de con-servação do alimento tinham grande importância e a farinha de milho ou de mandioca, as carnes conservadas na própria gordura, salgadas ou secas, eram fundamentais para as viagens e para as mesas no dia a dia.

Os tropeiros faziam longas viagens abastecendo as capitanias, sobretudo as minas. As tropas enfrentavam estra-das precárias, salteadores, intempéries, tornando o abastecimento difícil e de alto custo. Daí a importância das cultu-ras de quintal, de subsistência, que fo-ram se formando para resolver as crises de abastecimento e o problema da fome. Os tropeiros carregavam sua própria co-zinha, cozinhavam o feijão e comiam-no com torresmo e farinha, seguido de rapa-dura ou melado, chá ou café.

O cardápio mineiro sofreu ainda influên-cias dos mais variados povos imigran-tes que em Minas Gerais fizeram suas adaptações, substituições e misturas de ingredientes, dando um toque especial à comida mineira e diferindo-a das demais do Brasil. Assim, o apetitoso cardápio mi-neiro é fruto de uma rica e diversificada

SABORES E SABERES DE MINAS

BELOTUR – Diretoria de Marketing – Departamento de Estudos Mercadológicos

Divisão de Formatação de Produtos e Roteiros

Page 37: Clique aqui para ler o artigo. - Una

37

herança cultural dos diversos povos que, ao longo da história, vieram se integrar à sociedade mineira, em diferentes regiões do Estado.

bElo horizontE: a síntEsE da gastronomia dE minas gErais

Conhecida como a “Capital Nacional de Botecos”, Belo Horizonte é considerada um importante polo gastronômico por possuir, em média, 12 mil estabelecimen-tos do ramo (bares, restaurantes e seme-lhantes), e é conhecida por ofertar a seus visitantes e moradores uma noite ecléti-ca, com programação variada em todos os dias da semana, com opção para to-dos os gostos e bolsos.

O tradicional circuito boêmio se concen-tra no bairro Santa Tereza e no centro da capital, enquanto bairros como Savassi, Funcionários, Anchieta, Sion, Mangabei-ras, Prado, São Bento, Lourdes, Serra e Santa Efigênia também oferecem exce-lentes opções gastronômicas. Outros bairros que se destacam pela noite agi-tada são o Santo Antônio, onde se loca-lizam alguns bares tradicionais, e o São Pedro, com cafés, restaurantes, pubs, bares com pista para dança e choperias. Destaque também para a região da Pam-pulha, que conta com estabelecimentos de diversos tipos, inclusive com clima de fazenda.

Aproveite também Belo Horizonte para conhecer os diversos festivais gastro-nômicos da cidade, ocasiões em que os bares e restaurantes oferecem petiscos e pratos exclusivos a preços promocio-nais. Viver a noite de Belo Horizonte é ter uma experiência singular.

Produtos, Pratos E ingrEdiEntEs tíPiCos dE minas gErais

Cachaça MineiraA relação de Minas Gerais com a cacha-ça vem desde o século XVIII. É sobre essa base histórica, econômica e social que repousa a liderança mineira na cachaça de alambique. A bebida foi considerada Patrimônio Cultural e Imaterial de Minas Gerais e é uma das mais fortes referên-cias simbólicas do Estado e importante produto de exportação e consumo.

Em Belo Horizonte a cachaça artesanal pode ser saboreada de várias maneiras nos melhores bares e restaurantes da ci-dade. Além disso, é possível adquiri-las em lojas especializadas, principalmente no Mercado Central, e ainda conhecer seu processo de produção em um dos alambiques turísticos. Grandes produto-res estão localizados na Região Metro-politana de Belo Horizonte, responsável pelo escoamento e distribuição dessa produção e pela atração de compradores do Brasil e do exterior.

A cachaça se apresenta também como uma forte aliada dos prazeres da mesa, atribuindo aos pratos típicos da cozinha mineira um sabor especial, garantindo no calendário anual de eventos da cidade a tradicional Expocachaça, evento pioneiro, que é a maior e mais importante vitrine do setor.

Cervejas artesanais em Belo HorizonteA capital brasileira dos bares mostra sua mais nova e emergente vertente: a produção de cerveja artesanal. Uma ca-racterística marcante na produção em Belo Horizonte é a grande diversidade na oferta de estilos de cerveja. Minas Gerais ocupa hoje o segundo lugar em volume de produção e número de cervejarias ar-tesanais do país. Vinte e cinco empresas estão cadastradas no Ministério da Agri-

Page 38: Clique aqui para ler o artigo. - Una

38

cultura em Minas Gerais, sendo 11 delas localizadas na Grande Belo Horizonte. Dos 120 estilos existentes no mundo, 55 já são reproduzidos por aqui. Todos os meses, cerca de um milhão e cem litros saem dos tanques mineiros.

Uma prova da qualidade das cervejas produzidas em nossa região é a grande quantidade de prêmios que as microcer-vejarias mineiras vem recebendo recen-temente em concursos internacionais de cerveja.

Aliado a isto, Belo Horizonte e região têm se notabilizado pela crescente oferta de bares e restaurantes especializados em cervejas artesanais, beersommeliers e academias, contribuindo com a difusão da cultura cervejeira e consequente au-mento de mercado.

CaféMinas Gerais detém o título de maior produtor nacional de café. O Estado é responsável por aproximadamente 50% da safra brasileira. O café é o principal produto de exportação do agronegócio mineiro – cerca de 52% da safra brasi-leira é mineira e corresponde a 66,5% da exportação total, chegando a mais de 60 países do mundo.

No Brasil, como em outros países, o cos-tume de tomar café tem muitas vezes um cunho “ritualístico”. Mais forte, mais sua-ve, instantâneo, expresso, orgânico, des-cafeinado, gourmet. O café é praticamen-te uma unanimidade. Em Belo Horizonte o grão pode ser degustado nas inúmeras cafeterias da cidade, concentradas prin-cipalmente na região da Savassi, na Zona Sul da capital.

Pão de QueijoO cheiro de pão de queijo no assado no forno à lenha remete à infância na casa da avó está presente na memória de to-

dos os mineiros. Nada melhor que um pão de queijo quentinho acompanhado do café fresco e uma boa prosa à mesa. E Belo Horizonte é também a terra desse maior produto de exportação da culinária mineira. Hoje o pão de queijo é exportado congelado para a América Latina, Esta-dos Unidos, Portugal, Itália e Japão.

QueijoO queijo Minas é um dos mais importan-tes produtos da gastronomia mineira. Metade de todo o queijo que o brasileiro consome – 3,4 kg per capita/ano – vem de Minas Gerais . Portanto, o queijo de Minas integra as riquezas do estado. O preparo artesanal insere os queijos mi-neiros entre os melhores do país.

Doce de LeiteUma conhecida e importante sobremesa da nossa culinária é o doce de leite, que pode ser consumido em pasta ou em ta-bletes, e possui uma grande aplicação nas receitas. Em Minas Gerais a tradição de se consumir o doce de leite é uma for-ma dessa manifestação, que faz parte da memória social e de nossa constru-ção histórica. É como uma linguagem da nossa cultura.

Seu consumo é significativo, tanto que é produzido em escala industrial por qua-se todas as empresas beneficiadoras de laticínios no Brasil, e, principalmente no estado de Minas Gerais, a produção ar-tesanal é comercializada por pequenas marcas.

São também produtos importantes: goia-bada, feijão tropeiro, torresmo, frango com quiabo, ora-pro-nobis, canjiquinha com costelinha, frango ao molho pardo, doce de compota, leitão à pururuca, vaca atolada, pamonha, tutu de feijão, quitan-das, couve manteiga, linguiças artesa-nais, pimenta biquinho e taioba.

Page 39: Clique aqui para ler o artigo. - Una

39

sugEstão dE rotEiro

UM DIA DE VIVÊNCIA GASTRONÔMICA EM BELO HORIZONTE

Experimentar a tradicional culinária mi-neira, sintetizada por Belo Horizonte é aproveitar a atmosfera da cidade que acorda cedo para passar café e assar os tradicionais pães de queijo.

No primeiro momento do dia, o visitante pode tomar um delicioso café da manhã com uma tradicional broa de milho ou um pão de queijo caseiro em um dos cafés da cidade, desfrutado com um belo “dedo de prosa” comum em nossa Capital.

Após o Café Tradicional, o turista poderá seguir sua jornada ao Mercado Central. Um lugar marcado por suas cores, aro-mas e cultura. Além de ser bem recep-cionado, é comum experimentar as his-tórias locais nos famosos corredores do Mercado. O almoço poderá ser feito no próprio Mercado, que conta com várias opções de comidas típicas e também as tradicionais preparadas de forma bem caseira. De sobremesa, sugerem-se os famosos doces mineiros e a degustação de uma cachaça da roça.

Em continuidade ao passeio, para conhe-cer mais da história de Belo Horizonte, o turista é convidado a mergulhar nos ca-fés dos museus tradicionais, que abri-gam paz e tranquilidade em um só local.

O passeio já está chegando ao final. No entanto, a cidade está apenas despertan-do para a sua vida noturna. Várias opções de festas e muita diversão, destacando a boemia do Bairro Santa Tereza e os res-taurantes da região Centro Sul da cidade.

Para quem escolher passear no Conjunto Arquitetônico Modernista da Pampulha, uma boa opção é conhecer os restauran-

tes que inspiram o gosto das fazendas mineiras ou o Circuito Gastronômico da Pampulha.

CErvEJas E CaChaças artEsanais, E também dEliCiosos tira-gostos

1º Dia: Minas Gerais ocupa hoje o segun-do lugar em volume de produção e núme-ro de cervejarias artesanais do país com rótulos premiados internacionalmente. Uma característica marcante na produ-ção em Belo Horizonte e seu entorno, é a grande diversidade na oferta de estilos de cerveja. Uma prova da qualidade das cervejas produzidas em nossa região é a grande quantidade de prêmios que as microcervejarias mineiras vêm receben-do recentemente, o que as credenciam estarem dentre as melhores cervejas em qualidade do mudo.

Na capital mundial dos Botecos, visite a Rota das Cervejarias Artesanais para co-nhecer o processo de produção, as técni-cas de torrefação do malte, bares e lojas especializadas em cervejas especiais. Os roteiros contam ainda com café da ma-nhã cervejeiro, almoço harmonizado e, ao final do passeio, é oferecido o “ajantara-do” cervejeiro.

À noite, aproveite para conhecer os bares e restaurantes da cidade em um agitado movimento que anima todas as regiões da cidade. Viver a noite de Belo Horizonte é uma experiência singular.

2º Dia: A relação de Minas Gerais com a cachaça vem desde o século XVIII. Em Belo Horizonte, a cachaça artesanal pode ser saboreada de várias maneiras nos melhores bares e restaurantes da cidade. Além disso, é possível adquiri-las em lo-jas especializadas e ainda conhecer seu processo de produção em um dos alam-biques turísticos. A cachaça é também uma forte aliada aos prazeres da mesa,

Page 40: Clique aqui para ler o artigo. - Una

40

agregando aos pratos típicos da cozinha mineira um sabor especial.

Reserve um dia para conhecer um alam-bique turístico no entorno de Belo Hori-zonte, desfrute de suas paisagens natu-rais, conheça o processo de produção da cachaça artesanal e deguste produtos derivados da cachaça.

À noite, aproveite para conhecer um tra-dicional restaurante de comida típica mi-neira.

rotas tEmátiCas

Visitar BH é motivo perfeito para conhe-cer as rotas gastronômicas temáticas, como a Rota das Cachaças Artesanais; das Cervejas Artesanais; dos Bares; dos Cafés; da Comida Típica; dos Mercados; e a mais famosa, a Rota Noturna (By night).

As rotas guiadas são realizadas de forma personalizada por agentes e operadores, com guias especializados e bilíngues. Já a modalidade autoguiada pode ser con-ferida através da ABRASEL. (www.mg.abrasel.com.br)

atrativos Em dEstaquE

Mercado CentralCom mais de 400 lojas - um dos pontos comerciais mais procurados de Belo Ho-rizonte - o Mercado Central recebe to-dos os dias da semana um público que consegue unir suas compras ao lazer e à diversão, percorrendo os corredores temáticos como o dos queijos, doce, ar-tesanato, ervas, raízes, artigos religiosos, e as praças, como a da feijoada e a do abacaxi. Os bares das entradas laterais lotam nos finais de semana, quando se transformam em ponto de encontro para moradores da capital mineira e turistas.

Mercado Distrital do CruzeiroÉ considerado um dos melhores pontos de convivência de Belo Horizonte e um ponto turístico. Além de hortifrutigran-jeiros, carnes, vinhos, especiarias e uti-lidades domésticas, o Mercado promo-ve Feiras de Artesanato e diversificados eventos culturais.

Feira dos ProdutoresUm verdadeiro centro de compras popu-lar: hortaliças, frutas, carne e até mesmo tecidos e serviços de barbearia podem ser encontrados na Feira dos Produtores.

alguns EvEntos dE gastronomia dE bElo horizontE

Nota Importante: Os eventos listados abaixo podem ter suas datas e periodicidade alteradas. É importan-te salientar que, em razão da diversa oferta em Belo Horizonte, novos festivais e eventos gastronômicos poderão surgir/extinguir na cidade.

Festival Cultural Gastronômico Cachaça Gourmet (Janeiro/Fevereiro), Restauran-te Week (Março e Agosto), Festival Bote-car (Abril), Comida di Buteco (Abril/Maio), Expocachaça e Brasil Bier (Maio), Festival Gastronômico Brasil Sabor (Maio/Junho), Circuito Aproxima, Beer Chef (Agosto/Se-tembro), Circuito Gastronômico da Pam-pulha (Setembro a Novembro), Mixbeer – Festival de Cervejas Especiais, Gastro-Park BH, Harmonize – Bebida, Comida e Amor, Gastronomia na Praça, Mineirão Gastrô, Festival Fartura, dentre outros.

Page 41: Clique aqui para ler o artigo. - Una

41

CuriosidadE

minas gErais tEm o dia da gastronomia Pela sua importância, foi instituído o dia 5 de Julho como o dia da gastronomia de Minas Gerais, através do PROJETO DE LEI Nº 3.606/2012. Em todos os municí-pios de Minas Gerais, é possível sabore-ar quitutes e quitandas feitos por mãos habilidosas, cujos segredos são repassa-dos de geração em geração, por pessoas que se revezam nos fazeres de cozinhas centenárias, transformando a culinária mineira em um diferencial para quem vi-sita o Estado. •

bibliografia

ABDALA, Mônica Chaves in Revista do Arquivo Público Mineiro, Ano XLII - N º 2 - Julho-Dezembro de 2006.

MOREIRA, Antônio Carlos. História do Café no Brasil. São Paulo: Panorama Rural; Magma Editora Cultural, 2007.

OLIVEIRA, Simão. La importancia de La Gastronomía en el Turismo Inn Compilación de Gastronomia. Centro de Investigaciones y Estudios en Turismo. Buenos Aires, 2007. Disponível em: <http://www.cieturisticos.com.ar/downlo-ads/>

fiCha téCniCa

Prefeitura Municipal de Belo Horizonte | Prefeito: Márcio Araujo de Lacerda, Vice-Prefeito: Délio Malheiros

Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte S/A – Be-lotur | Presidente: Cláudia Pedrozo, Diretora de Marketing: Danielle Morreale | Chefe Departamento de Estudos Merca-dológicos: Ana Gabriela Baêta | Chefe da Divisão de Forma-tação de Produtos e Roteiros: Flávia Werneck | Responsá-veis Técnicos: Flávia Werneck e Neuma Horta.

ColaboradorEs

Belotur – Diretoria de Programas de Desenvolvimento do Turismo, ABRASEL – Associação Brasileira de Bares e Res-taurantes de Minas Gerais, SINDBEBIBAS – Sindicato das Indústrias de Cerveja e Bebidas em Geral do Estado de Mi-nas Gerais,

Page 42: Clique aqui para ler o artigo. - Una

42

A FORÇA DO TURISMO PARA A ECONOMIA LOCAL

Bruno FalciPresidente da Câmara de

Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH)

Vocação natural da cidade, os setores de comércio e serviços são responsáveis por 70,87% do Produto Interno Bruto (PIB) de Belo Horizonte. O turismo também é ou-tro segmento que vem se destacando na economia da capital. Sendo assim, uma boa oportunidade aparece: trabalhar o varejo belo-horizontino para que ele se torne um forte atrativo turístico, capaz de gerar mais empregos e renda.

Afinal, os setores de comércio e servi-ços formam um importante elo da cadeia produtiva do turismo, à medida que são os responsáveis por prestar os serviços ao turista, agregando valor à economia e à sua experiência na capital mineira.

Neste sentido, a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) as-sume papel de articulador e propositor de soluções para o setor empresarial e está sempre presente nos projetos que pos-sam contribuir não só para o comércio, como também para o desenvolvimento

o desenvolvimento social e econômico da cidade. Ao atuar junto com parceiros de diversas instâncias relacionados ao turismo, a entidade deseja ampliar o po-tencial turístico de Belo Horizonte.

Para isso, o Conselho de Turismo da CDL/BH tem participação expressiva em ações, eventos e projetos do setor tu-rístico em Belo Horizonte com objetivo de identificar oportunidades e contribuir para o desenvolvimento do comércio.

Além disso, a entidade se orgulha de tra-balhar em parceria com o BH Convention & Visitors Bureau (BHC&VB) – instituição não governamental, sem fins lucrativos e referência mundial no turismo que visa promover e valorizar a imagem de Belo Horizonte como importante destino de turismo de negócios – e que atualmente é presidido pelo vice-presidente da CDL/BH, Anderson Rocha.

E é por acreditar na força do turismo como propulsor da economia mineira que a CDL/BH apoia projetos como o “BH aos Olhos do Mundo”, que busca atrair mais eventos internacionais para a capi-tal. A entidade também se faz presente nos principais eventos que movimentam a economia local. Para 2016, por exem-plo, o nosso desejo é que Belo Horizonte aproveite ao máximo as oportunidades de negócios que irão surgir com as Olim-píadas.

quando a gastronomia vai bEm, o ComérCio vai bEm

Minas Gerais é um estado único. Exala cultura, possui um rico patrimônio histó-rico e encanta a todos com suas monta-nhas e cachoeiras. Nosso potencial turís-tico é fortíssimo. Mas, ano após ano, um atrativo vem se destacando, a gastrono-mia mineira.

Page 43: Clique aqui para ler o artigo. - Una

43

a gastronomia mineira valoriza os in-gredientes regionais e se torna símbolo de tradição, com seus modos de fazer e sabores. O famoso queijo minas e sua produção artesanal, por exemplo, são patrimônios imateriais do Estado. Nosso café é motivo de orgulho. Se Minas Ge-rais fosse um país, seria o maior produtor mundial de café. E nossa cerveja? Somos lembrados por muitos como a “Bélgica Brasileira”, pela qualidade da produção cervejeira. Impossível também não citar a cachaça e os pratos típicos mineiros.

Surpreendente e extremamente saboro-sa. Tais elogios são poucos para descre-ver os encantos da gastronomia mineira que fascinam turistas brasileiros e es-trangeiros. Exemplo disto é que 22% dos turistas que vêm a Minas Gerais têm na gastronomia a principal imagem do Esta-do, segundo dados de 2012 da Secretaria Estadual de Turismo.

Mas a gastronomia vai além do que se imagina, ela envolve muito mais do que o preparo de receitas. E os números falam por si. Em 2014, Minas Gerais recebeu um fluxo total de 24 milhões de turistas, injetando cerca de R$ 16,7 bilhões na economia do Estado. Deste valor, 29,2% foram destinados ao setor de hospeda-gem, 20,5% para o setor de compras e 20,2% para o setor de alimentação. Tais dados representam a força da cadeia produtiva do turismo, em que a gastro-nomia e o comércio integram.

Gerador de emprego e renda, a CDL/BH sabe da importância do turismo e, prin-cipalmente, da gastronomia para o de-senvolvimento econômico mineiro. Mas os desafios do setor são muitos. Por isso se faz necessário o envolvimento dos di-versos atores para a construção de um setor cada dia mais forte.

Mais que só idealizar, o poder público

“Surpreendente e extremamente saborosa. Elogios são poucos para descrever os encantos da

gastronomia mineira.”

precisa colocar em prática políticas pú-blicas que promovam, apoiem e poten-cializem o setor. O ambiente precisa ser propício para todos. As oportunidades precisam chegar até os pequenos agri-cultores, empresários e empreendedores.

É preciso facilitar a distribuição e comer-cialização dos produtos estaduais, valo-rizando a produção artesanal que enal-tece as marcas da gastronomia mineira frente aos demais produtos do mercado.

Ganhos importantes já foram conquista-dos. Um exemplo disso é que em 2015 comemorou-se o primeiro ano da Frente da Gastronomia Mineira, que está fazen-do valer a importância econômica, social e cultural do setor e tem levado para a mesma mesa de debates diversos atores da comunidade gastronômica, do poder público e da sociedade civil em busca de novas perspectivas.

Mas o setor pode ir além. E a CDL/BH não mede esforços, pois sabe que isso é possível. A gastronomia mineira pode contar com a parceria da entidade para que esse nome se torne cada dia mais forte nacional e internacionalmente. Pois quando a gastronomia e o turismo vão bem, o comércio vai bem e manter esse norte é um dos nossos principais ideais.

Page 44: Clique aqui para ler o artigo. - Una

44

somando forças Para dEsEnvolvEr a gastronomia minEira

A gastronomia mineira tem um horizonte de oportunidades a seguir, mas para que esta premissa se torne realidade é preci-so reunir esforços em prol da defesa, va-lorização e promoção do setor nos mais diversos âmbitos.

Um dos desafios do setor que precisa ser vencido é a burocracia que inviabili-za, dificulta, paralisa e impede um maior desenvolvimento da gastronomia mi-neira. Só para se ter uma ideia disso, a comercialização interestadual do queijo da Serra da Canastra, um dos ícones da nossa culinária estadual, só foi liberada em 2013. O que revela a falta de diálogo e de conhecimento do poder público com os processos de produção artesanal.

É preciso também criar políticas de apoio aos pequenos agricultores, empresários e empreendedores além de abrir linhas de financiamento que fomentem a pro-dução da gastronomia mineira com seus produtos e modos de fazer, contribuindo assim com o desenvolvimento econômi-co dos pequenos, médios e grandes mu-nicípios.

Além disso, é preciso proteger o setor dos impactos causados por alguns pro-jetos de leis que oneram os negócios e sufocam a produtividade. É preciso lutar pela garantia do tratamento diferencia-do para os pequenos negócios. É preciso reclamar, pedir e cobrar do governo em suas três instâncias, municipal, estadual e federal, condições favoráveis para o de-senvolvimento das empresas mineiras.

E foi para romper com barreiras como essas que a CDL/BH, instituições públi-cas e privadas se uniram para a criação da Frente da Gastronomia Mineira (FGM).

Fundada em maio de 2014, a FGM con-ta com a participação da Secretaria de Estado de Turismo, do Sebrae Minas, da Secretaria de Estado da Cultura, da Abra-sel, da Fecomércio Minas além do apoio de profissionais e formadores de opinião ligados à gastronomia mineira e institui-ções de ensino. Em prol da gastronomia mineira, a FGM prossegue para seu se-gundo ano. Muitas reuniões já foram rea-lizadas, diversas metas foram traçadas e vários objetivos alcançados.

Unanimidade entre as entidades é que a gastronomia estadual precisa ser re-conhecida, mas antes é preciso valori-zar pessoas e instituições que lutam por este objetivo. E foi isto o que a Frente da Gastronomia Mineira fez em 5 de julho de 2015, na sede CDL/BH. Na ocasião, foi realizada uma reunião extraordinária em comemoração ao primeiro ano da FGM e também ao Dia da Gastronomia Mineira, onde instituições e personalida-des que contribuíram com a valorização da cadeia gastronômica estadual foram homenageadas.

Figura 1- Presidente da CDL/BH, Bruno Falci discursa na Assem-bléia Legislativa de Minas Gerais

Page 45: Clique aqui para ler o artigo. - Una

45

E em 2015, as principais reivindicações do setor chegaram até à Assembleia Le-gislativa de Minas Gerais (ALMG). No dia 18 de agosto, o presidente da CDL/BH, Bruno Falci, debateu, junto com outros atores da mesa gastronômica, mecanis-mos de incentivo à gastronomia. As prin-cipais ações propostas para tornar Minas o melhor destino gastronômico brasileiro foram o aperfeiçoamento da legislação envolvendo a gastronomia, além da cria-ção de políticas públicas que facilitem a atuação dos pequenos produtores e em-preendedores.

Outra grande conquista do setor, também em agosto de 2015, foi o anúncio da re-forma de um importante espaço da culi-nária de Minas, a Casa da Gastronomia. O prédio, localizado na Rua da Bahia, no bairro de Lourdes, região Centro-Sul de Belo Horizonte, integra o Circuito Cultural Praça da Liberdade. Segundo o secretá-rio de Estado de Turismo, Mário Henrique Caixa, o recurso disponível para restaura-ção do espaço é de R$ 1,2 milhão.

Figura 2 - Secretário de Estado de Tu-rismo, Mário Henrique Caixa, anun-ciou no dia 3 de agosto de 2015 a re-forma da Casa da Gastronomia

Essas são apenas algumas das inúmeras conquistas que a gastronomia alcançou em 2015. E para 2016 as projeções são ainda mais otimistas. Pois, certamente, a Frente da Gastronomia Mineira vai dar continuidade a sua forte atuação para agregar, ainda mais, valor à marca Minas Gerais. •

BiBliografia

- Portal Observatório do Turismo (www.minasgerais.com.br/observatorioturismomg) Acessado em 29 de dezembro de 2015 às 11h15.

- Portal da Secretaria de Turismo de Minas Gerais (www.tu-rismo.mg.gov.br) acessado em 29 de dezembro às 10h07.

Page 46: Clique aqui para ler o artigo. - Una

46

De forma pioneira e estratégica, o Gover-no do Estado de Minas Gerais, por meio da Companhia de Desenvolvimento Eco-nômico de Minas Gerais (Codemig), lan-çou em 22 de agosto de 2015 o Minas de Todas as Artes — Programa Codemig de Incentivo à Indústria Criativa. A ação iné-dita busca fomentar o desenvolvimento de novos negócios que gerem empregos, renda e riquezas para o Estado. Até o fim de 2018, serão investidos mais de R$ 20 milhões em iniciativas de valorização de variados segmentos, como Gastronomia, Audiovisual, Design, Moda, Música e No-vas Mídias.

Entre as primeiras iniciativas do Progra-ma, destaca-se o lançamento do Edital de incentivo à Gastronomia, com apoio da Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais (Setur). O período de inscri-ções foi de 27 de agosto até 19 de outu-bro. Ao todo, 12 projetos foram contem-plados, beneficiando todos os territórios gastronômicos do Estado: Cerrado, Espi-nhaço, Rios, Central e Mantiqueira.

O Edital previa que eventos gastronô-micos com realização prevista até o fim de 2016 poderiam ser selecionados para receber investimento de até R$250 mil cada. O concurso também incluiu a seleção de projetos para a realização de eventos de Food Truck em cidades da Estrada Real. Conforme previsto, foi contemplado um projeto por região gas-tronômica, com o valor total solicitado. Como os custos indicados não atingiram o montante do investimento de R$ 1,5 milhão, disponibilizado pelo Governo de Minas Gerais por meio da Codemig, foi possível beneficiar ainda mais iniciativas. Foram avaliados critérios como viabilida-de da execução, abrangência, inovação, envolvimento de profissionais e produtos da região, participação de chefs, público estimado, estrutura física, estratégias de comunicação e comercialização, tradi-ção do evento e acessibilidade.

A seleção de projetos de fortalecimento e fomento dos festivais gastronômicos tem o objetivo de potencializar a cadeia produtiva gastronômica em Minas Ge-rais e contribuir para a movimentação do fluxo turístico regional e nacional, além de reforçar o posicionamento do Estado como um destino turístico gastronômico de referência no País.

1. Codemig ativa a cadeia produtiva da Gastronomia: apoio aos produtores para divulgação e comercialização dos seus produtos em eventos do segmentoA tradicional e celebrada culinária minei-ra passou a ganhar este ano mais sabor de desenvolvimento, com a nova frente de ação da Codemig em prol do fomento

MINAS DE TODAS AS ARTES: FOMENTO DA CODEMIG À GASTRONOMIA INTEGRA AÇÕES DO PROGRAMA DE INCENTIVO À INDÚSTRIA CRIATIVA

Marco Antônio Soares da Cunha Castello BrancoDiretor Presidente da Codemig

Page 47: Clique aqui para ler o artigo. - Una

47

à Indústria Criativa no Estado. Em junho, a Empresa e a Secretaria de Estado de Turismo levaram produtores mineiros para a capital cearense, Fortaleza, onde ocorreu o Projeto Fartura, realizado pelo Festival Cultura e Gastronomia Tiraden-tes. A iniciativa, realizada de 19 a 21 de junho, buscou promover e desenvolver a gastronomia nacional, ao reunir e inte-grar produtos, produtores, chefs, indús-tria, mercados e apreciadores da boa co-zinha.

Para esse encontro, a Codemig viabilizou a participação de cinco empreendimen-tos mineiros: Cachaça Dona Beja (Araxá), Café das Amoras (Nepomuceno), Doces da Christy (Ponte Nova), Doces Joaninha (Araxá) e Unique Cafés (Carmo de Minas). Segundo a diretora de Fomento à Indús-tria Criativa da Codemig, Fernanda Me-deiros Azevedo Machado, o evento tam-bém constituiu uma oportunidade para ampliação da rede de contatos, prospec-ção de novos clientes e geração de negó-cios com redes de supermercados locais, bares, restaurantes e até mesmo o setor hoteleiro do Estado do Ceará.

Em agosto, no Festival Cultura e Gastro-nomia Tiradentes, a Codemig novamente valorizou a cadeia produtiva da gastro-nomia, com a apresentação de estande próprio no qual produtores mineiros fo-ram convidados a expor seus produtos. O evento de Tiradentes, cuja primeira edição foi em 1998, transformou-se em um marco para a cidade. O encontro mo-vimentou a economia e a comunidade lo-cal, contribuindo para o crescimento nos serviços de restaurantes, pousadas, ba-res e lojas em mais de 300% em 10 anos, de acordo com dados do IBGE; em 2009, esses serviços já representavam 50% do PIB da cidade.

Atualmente, Tiradentes possui 7 restau-rantes estrelados no Guia 4 Rodas, mais

do que muitas capitais do País, ocupan-do, junto com Recife, o quinto lugar no ranking de cidades com mais restau-rantes estrelados. O festival já recebeu, desde o início, chefs de 18 países, como Espanha, França, Itália, Argentina, e via-bilizou mais 160 festins e 77 mil pratos servidos nos jantares, envolvendo mais de 5.500 profissionais. Além disso, rece-beu lançamentos de livros sobre o tema, exposições e exibições de vídeos. O festi-val integra o portfólio de eventos realiza-do pelo Projeto Fartura.

Para além dos restaurantes e das me-sas dos grandes chefs, a cadeia produ-tiva da gastronomia envolve também matérias-primas, pequenos produtores, indústrias, redes de distribuição e comér-cio. Somando-se todos esses setores, tem-se a expressiva participação de 18% no PIB brasileiro. Alinhada com a Setur, a Codemig passou a contribuir, então, para a promoção da gastronomia como vetor de desenvolvimento econômico de Minas Gerais, além de consolidar a iden-tidade do povo mineiro a partir de suas tradições e aspectos histórico-culturais.

2. Codemig valoriza eventos gastro-nômicos de Minas Gerais: patrocínio e apoio a diversas iniciativas em prol do desenvolvimentoO apoio da Codemig a diversos eventos de estímulo à Indústria Criativa integra o plano de ações estrategicamente estru-turado em benefício do desenvolvimento socioeconômico de Minas Gerais. Entre as variadas iniciativas que receberam o suporte da Codemig em 2015, estão o Festival Cultural, Gastronômico e Turísti-co Brumadinho Gourmet, o Projeto Far-tura e o Mineirão Gastrô. Dessa forma, a Empresa promove a associação de seu nome a ações de visibilidade, credibilida-de e importância para o Estado.

Page 48: Clique aqui para ler o artigo. - Una

48

O Brumadinho Gourmet exerce papel preponderante na promoção do turismo em Casa Branca, distrito mineiro de Bru-madinho. Seu objetivo é divulgar a culi-nária local, as riquezas artísticas e cultu-rais, além dos pontos turísticos de Casa Branca. Sua sétima edição ocorreu entre 4 e 7 de setembro, no Espaço Gourmet. O acesso ao local, que dista 30 quilômetros de Belo Horizonte, é fácil e bem sinaliza-do.

A edição 2015 contou com a participação de músicos, artesãos, dançarinos, atores, quitandeiras, doceiras, chefs conceitua-dos, apreciadores, bons produtos e gran-des marcas. Constitui uma autêntica fes-ta da cultura e da gastronomia de raízes mineiras. O evento atraiu participantes da região e turistas de Minas Gerais e ou-tros estados. Entre as atividades propos-tas, destacaram-se: oficinas com chefs renomados; festins; oficinas de arte; feira de artesanato e produtos da terra, forno e fogão a lenha; encontro de grupos folcló-ricos e de manifestações culturais; atra-ções circenses; apresentações de artes cênicas, dança e teatro; shows musicais.

Para a Codemig, o evento, já consolidado e com alto nível de visibilidade, é uma vi-trine de marcas e produtos, que contribui para o fortalecimento da Indústria Criativa mineira. O encontro aquece diversas ca-deias produtivas, nos segmentos de gas-tronomia, música e artes, incentivando seu desenvolvimento. Pela importância e pela tradição da iniciativa, a Codemig, como empresa voltada para o fomento ao desenvolvimento econômico do Es-tado, apoiou sua realização e concede à iniciativa um patrocínio de R$19.950,00.

Por sua vez, o Projeto Fartura, realizado pela Arte Projeto Promoções, é uma pla-taforma de eventos culturais com foco na gastronomia brasileira, na música ins-trumental e nas artes cênicas.

A iniciativa que deu origem a essa pla-taforma é o mencionado Festival Cultu-ra Gastronomia Tiradentes, considerado atualmente como um dos mais impor-tantes eventos de cultura do País e um dos mais propulsores do desenvolvimen-to cultural, turístico e econômico de Ti-radentes e região. Ao longo de suas 18 edições, o Festival ofereceu mais de 4 mil atividades culturais gratuitas, alcançan-do diretamente mais de meio milhão de pessoas.

Em 2015, o Festival Cultura Gastronomia Tiradentes passou a se chamar Fartura Tiradentes, sendo parte da grande pla-taforma Fartura, que conta, ainda, com o Festival Fartura BH e com duas novas edições: Fartura Fortaleza (CE) e Fartu-ra Porto Alegre (RS). Todos os eventos são realizados em praça pública, sendo amplamente abertos à comunidade. Em Belo Horizonte, o evento foi realizado nos dias 3 e 4 de outubro, na Praça José Mendes Júnior, contando com shows de música instrumental e apresentações de artes cênicas.

Trata-se de uma relevante iniciativa para a Indústria Criativa mineira. O evento aquece diversas cadeias produtivas, nos segmentos de gastronomia, música e ar-tes, incentivando seu desenvolvimento. Pela sua relevância, a Codemig apoiou a realização do evento na capital mineira e cedeu patrocínio de R$50.000,00, subsi-diando a programação musical e gastro-nômica e as atividades de formação do Fartura BH.

Já o Mineirão Gastrô constitui um evento gastronômico voltado aos apreciadores de culinária e ao público em geral, com a presença de dezenas de restauran-tes e food trucks. Sua sexta edição está programada para dezembro no estacio-namento descoberto G1 do Estádio Mi-neirão, em Belo Horizonte, com entrada

Page 49: Clique aqui para ler o artigo. - Una

49

gratuita e acessibilidade completa, espe-rando alcançar 20 mil pessoas. Estarão presentes 25 food trucks, oito food bikes e seis restaurantes da capital. Os pratos serão comercializados a preços popula-res.

A iniciativa já é referência na gastronomia mineira, pelo padrão de qualidade e pelo sucesso de crítica de público. Com perio-dicidade mensal, proporciona a troca de experiências, saberes e sabores, em um ambiente agradável, propício à sociali-zação e ao intercâmbio gastronômico e cultural entre os participantes.

O evento contará com a presença de dez microprodutores mineiros, que desen-volvem um importante papel para a ma-nutenção e a preservação do patrimônio histórico imaterial de Minas Gerais: a tradição da produção, em menor escala, de especiarias consideradas únicas e de grande qualidade na região. Com essa ini-ciativa, os produtores poderão conhecer, comercializar e difundir produtos tradi-cionais e especiarias mineiras. O projeto, além de atrair olhares para os micropro-dutores, viabilizará ações em parceria com o Sebrae, que oferecerá uma feira de negócios gastronômicos, e o Senac, que levará ao local seu restaurante-esco-la. Tudo isso possibilitará o intercâmbio entre os participantes, incluindo chefs e estudantes de gastronomia, gerando-se um ambiente de aprendizagem e profis-sionalização.

Todas as ações são pensadas de forma a incentivar a divulgação e a comercia-lização de importantes produtos minei-ros, colaborando para o desenvolvimento das cadeias produtivas gastronômicas. Será criado o Guia Mineirão Gastrô Mo-vimente-se, contendo informações sobre o evento, os microprodutores presentes e seus produtos, especificando os ingre-dientes e suas diferenciadas técnicas de

produção. O material também mostrará os pratos dos food trucks e restaurantes participantes. Para o entretenimento do público, estão programados, ainda, apre-sentações artísticas (musical e circense) itinerantes; espaço kids; praça para práti-ca de esportes e brincadeiras.

A entidade realizadora é a Pomar Cultu-ral, atuante no mercado mineiro desde 2003, no ramo de realização de eventos, consultoria e prestação de serviços vol-tados à mobilização de incentivos fiscais. O Governo de Minas Gerais e a Codemig acreditam que o evento fomenta a Indús-tria Criativa mineira, ao realizar o encontro entre ofertantes e demandantes, além de contribuir para a geração de capital e ren-da. A iniciativa também fortalece a região da capital como polo de culinária mineira, possibilita a formação de plateias e pro-põe uma opção saudável, segura, confor-tável e culturalmente enriquecedora para os cidadãos. O patrocínio à iniciativa é da ordem de R$15.000,00.

3. Gastronomia na ponta do dedo: Go-verno de Minas Gerais e Codemig lan-çam aplicativo turísticoO Governo de Minas Gerais lançou em outubro duas novidades que contribuem para ampliar ainda mais o potencial tu-rístico do Estado e sua projeção como indutor do desenvolvimento: o aplicativo Visite Minas Gerais e o novo portal Mi-nas Gerais (www.minasgerais.com.br). A Codemig investiu no desenvolvimen-to do Visite Minas Gerais, um aplicativo moderno, dinâmico e interativo, repleto de imagens, fotos, vídeos e breves tex-tos explicativos. Pode ser acessado em smartphones, tablets e computadores, mostrando, por exemplo, diversas be-lezas naturais, riquezas históricas e de-lícias gastronômicas do Estado. Pelo aplicativo, o usuário pode fazer um tour virtual, percebendo a grande variedade de recursos minerais, a força da indús-

Page 50: Clique aqui para ler o artigo. - Una

50

tria mineira e de seus Distritos Industriais e as riquezas do campo, com produção de grãos, soja, milho, arroz, feijão, cafés de qualidade internacional, florestas de eucalipto para carvão vegetal e celulose, frutas e hortaliças e cana, bem como a pecuária para a produção de carne e para a indústria de laticínios.

A seção especialmente dedicada à gas-tronomia oferece harmonizações e des-taca queijos, doces, café, cervejas arte-sanais, cachaças e comida mineira, além de águas minerais, representadas pela mundialmente premiada água Cambu-quira. O aplicativo está disponível no site www.managana.org/visitminasgerais.

Já o portal Minas Gerais (www.minasge-rais.com.br) traz, além de informações sobre o Estado, opções diversificadas de destinos e roteiros. Na seção “O que fa-zer”, por exemplo, são listadas variadas atrações para quem está interessado em natureza, gastronomia, bem-estar e cul-tura. Eventos e galeria com belas fotos também compõem o site, além de um ambiente que destaca os parques. Os usuários podem, ainda, acessar o blog existente. O novo portal é uma iniciativa do Governo estadual.

4. Gastronomia mineira ganha projeção internacional com a Semana de Minas Gerais na Expo MilãoA Expo Milão 2015, grandiosa exposição universal que reuniu mais de 140 países na Itália, recebeu a Semana de Minas Ge-rais em Milão. Entre os dias 12 e 18 de outubro, diversas ações gastronômicas, culturais, empresariais, diplomáticas e comerciais foram promovidas pelo Go-verno do Estado de Minas Gerais, em par-ceria com a Codemig e outros parceiros.

A missão mineira no terceiro maior even-to mundial teve a participação do gover-

nador Fernando Pimentel e contribuiu para a projeção do Estado no cenário in-ternacional, divulgando seu novo modelo de governança e desenvolvimento. Além disso, destacou relevantes iniciativas em variados segmentos, como gastronomia, design, tecnologia e moda, evidenciando oportunidades de negócio e turismo e po-sicionando Minas Gerais como referência para investimentos estratégicos, no setor da economia criativa, por exemplo.

O Estado integrou o Pavilhão Brasil, or-ganizado pela Agência Brasileira de Pro-moção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) sob a coordenação de uma Comissão Interministerial presidida pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Na semana dedicada à divulgação de Minas Gerais na mostra global, os visitantes puderam degustar a água mineral Cambuquira, mundialmen-te premiada, e conhecer mais sobre os diferentes tipos de café, doces, geleias, licores, cachaça, própolis, mel e pão de queijo. Por meio do Projeto Imagem, azeites, vinhos e produtos tipicamente mineiros estiveram entre as atrações, em uma ação conjunta entre a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), a Exportaminas (unidade de comércio exterior da Secretaria de Esta-do de Desenvolvimento Econômico) e a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). O evento também contou com a presença do coordenador do Festival Cultura e Gastronomia Tira-dentes, Rodrigo Ferraz, e dos chefs Ivo Faria, Pablo Oazen e Frederico Trindade, além do chef revelação do Senac, João Victor Moura da Costa Ribeiro.

A Expo Milão ocorreu entre maio e ou-tubro, tendo como tema “Alimentando o Planeta, Energia para a Vida”. Nesta edi-ção, a previsão de público foi de 20 mi-lhões de visitantes em um espaço de 1 milhão de metros quadrados. Além de

Page 51: Clique aqui para ler o artigo. - Una

51

países e empresas, participam da expo-sição mundial a sociedade civil e organi-zações internacionais, como a ONU e a União Europeia. Trata-se de um evento sustentável, tecnológico e temático, fo-cado em seus visitantes, que puderam vivenciar uma experiência única sobre o tema da nutrição, em uma viagem por alimentos e tradições de povos de todo o mundo. A mostra global é realizada a cada cinco anos em diferentes cidades do planeta, desde 1851, como plataforma para o diálogo internacional sobre temas e avanços relevantes para a humanidade.

5. Minas Gerais, gastronomia e turismoEm 2015, a Fundação João Pinheiro foi contratada pela Codemig visando à ela-boração do Plano Estratégico para o De-senvolvimento Sustentável do Turismo em Minas Gerais. No trabalho, está sen-do dado destaque para a gastronomia, conectando a cadeia gastronômica à de-manda turística. Também será elabora-do um Diagnóstico da Gastronomia, para análise de informações, dados e indica-dores a serem levantados sobre a gas-tronomia em Minas Gerais, considerando os diagnósticos prévios existentes, com foco na agricultura e no turismo. A reali-zação do Plano está prevista para 2016 e possibilitará o direcionamento das ações para o fortalecimento da gastronomia mineira, incluindo a identificação de no-vos produtos e a definição de estratégias para inserção no mercado.

Desde 2014, a gastronomia adquire sta-tus de Coordenadoria, dentro da estru-tura da Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais. O segmento é tratado como política pública, abrangendo ações articuladas nas áreas econômica, social, turística e cultural. Com isso, sua ges-tão ganha maior autonomia, agilidade e intensidade, como vetor de desenvolvi-mento.

Entre as ações da Coordenadoria, inclui--se a proposta de criação da Casa da Gastronomia. O local servirá muito mais do que ponto de divulgação desse bem imaterial mineiro, que é a culinária. Agre-gará conhecimentos, eventos, demons-trações, receitas da alta gastronomia com os ingredientes e pratos típicos, de raiz, além de difundir a difusão e a troca de experiências da arte e do saber refe-rentes a aromas e sabores.

Além disso, Minas Gerais conta com o site www.gastronomiamg.com.br, que abriga informações sobre gastronomia mineira, receitas, notícias e eventos. Nele há um espaço para cadastro dos empre-endimentos de gastronomia, bem como apoio à tradução de cardápios. A Setur--MG também é membro da Frente em Defesa da Gastronomia Mineira, criada em maio do ano passado e composta por instituições públicas e privadas, especia-listas, empresários e integrantes da so-ciedade civil, constituindo uma instância para propor, discutir, incentivar e imple-mentar ações em defesa da gastronomia do Estado.

Outra associação que recebe apoio da Setur é a Associação Mineira de Gas-tronomia (AMiGa), criada no segundo semestre de 2014. Trata-se de uma en-tidade multidisciplinar, formada por pro-fissionais, amantes e admiradores da culinária mineira, com a finalidade de fomentar o turismo por meio da gastro-nomia, além de gerar renda e valorizar a agricultura e o produto local.

4. A Indústria CriativaA Indústria Criativa constitui a cadeia produtiva composta pelos ciclos de cria-ção, produção e distribuição de bens e serviços que usam criatividade e capital intelectual como insumos primários. As quatro grandes áreas criativas podem ser classificadas em segmentos como:

Page 52: Clique aqui para ler o artigo. - Una

52

Publicidade, Arquitetura, Design e Moda (na área criativa do Consumo); Expres-sões Culturais, Música, Artes Cênicas e Patrimônio e Artes (na categoria Cultura); Editorial e Audiovisual (Mídias); e Pesqui-sa & Desenvolvimento, Tecnologias da Informação e da Comunicação e Biotec-nologia (Tecnologia).

Estudo da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro traz um pano-rama da Indústria Criativa no Brasil. Em 2013, eram 251 mil empresas, um cres-cimento de 69,1% em relação a 2004. O setor mostra um avanço também em re-lação ao PIB: em 2013, a Indústria Cria-tiva representou 2,6% do total de rique-zas produzida no Brasil (R$ 126 bilhões). Estima-se que a Indústria Criativa gere mais de 890 mil empregos formais no País. Em Minas Gerais, os empregos ge-rados na Economia Criativa dividem-se em segmentos como pesquisa de desen-volvimento (21%), arquitetura (15%), pu-blicidade (11%), TIC (11%), design (10%), moda (8%), audiovisual (6%), editorial (5%), biotecnologia (4%). O segmento audiovisual mineiro, por exemplo, inclui produção, editorial, música e fornecedo-res técnicos, ao passo que as chamadas expressões culturais abrangem artesa-nato, gastronomia, artes cênicas, música, produção independente e representação comercial. •

“Para além dos restau-rantes e das mesas dos grandes chefs, a cadeia

produtiva da gastronomia envolve também matérias--primas, pequenos produ-tores, indústrias, redes de distribuição e comércio”

Page 53: Clique aqui para ler o artigo. - Una

53

Desde que foi criado, há 16 anos, o Instituto Estrada Real (IER) trabalha para promover a atividade turística e gerar bons negócios no circuito que, na era colonial, transpor-tou riquezas de Minas - ouro e diaman-tes – para os portos do Rio, de onde eram levados para a Europa. Hoje, três séculos depois, a demanda gerada por milhares de visitantes é capaz de movimentar mais de 50 setores econômicos, o que representa um enorme potencial transformador para as dezenas de cidades que compõem o caminho.

Mas como pensar em Estrada Real e não lembrar dos sabores e aromas da gastro-nomia? Por isso, o Instituto Estrada Real apresenta uma saborosa novidade aos apreciadores da boa comida e, obviamen-te, dos belos caminhos da maior rota tu-rística do país: o projeto Terroirs Estrada Real.

A iniciativa do IER tem como objetivo unir os festivais e produtos gastronômicos ao longo da rota turística em um circuito úni-co, além de resgatar e valorizar toda a tra-dição dos sabores da Estrada Real.

“Todos os eventos já acontecem separa-damente. A estratégia é agrupá-los e de-senvolver formas de divulgação e promo-ção facilitando e incentivando o turismo vivencial nos diversos Terroirs ao longo da Estrada Real. Queremos atrair os viajantes tendo como foco a gastronomia”, explica Daniele Teixeira, coordenadora do projeto.

Para implementar a ideia, o Festival de Gastronomia de Carranca, funcionou como experimento para implantação da iniciativa. O evento, que ocorreu entre os dias 16 e 19 de julho, resumiu um pouco o fascínio dos viajantes de todos os cantos pela variedade de iguarias na maior rota turística do país.

O festival foi o primeiro a integrar o pro-jeto e teve como atrações: shows musi-cais, degustações, apresentações teatrais, além de variados pratos da cozinha minei-ra. E para receber os milhares de visitantes que foram até a cidade, os restaurantes e pousadas ofereceram cardápios especial-mente elaborados para a ocasião, que fo-ram desde a culinária mineira tradicional até pratos inspirados na gastronomia in-ternacional.

Segundo dados do IER, 42,5% dos turistas que viajaram até o município neste perío-do, foram motivados pelo evento gastro-nômico.

E não para por aí. O projeto também preten-de “chancelar” os produtos típicos presen-tes ao longo da rota com o selo do Terroirs ER. “A ideia é que licenciemos iguarias de qualidade, para que possamos divulgá-las para os turistas”. Já foram identificadas pelo IER cerca 50 cidades com potenciais produtos a receberem o selo.

Atualmente, o Instituto Estrada Real já tra-balha com oito produtos licenciados. Des-

ESTRADA REAL APRESENTA OS SABORES E CAMINHOS DE MINAS GERAIS

Page 54: Clique aqui para ler o artigo. - Una

54

se total, seis estão diretamente ligados à gastronomia, como é o caso do Café 3 Co-rações, Pão Oratório, Goiabada da Chris-ty, Cerveja Artesanal Falke Bier e Cachaça Prazer de Minas. Além, é claro, do famoso Queijo do Serro.

muita história, muito saborO Queijo do Serro resgata toda a tradi-ção gastronômica presente ao longo da Estrada Real. Reconhecido como Patri-mônio Cultural do Brasil, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 2008, a receita tricentenária faz parte da cultura e da história de Minas.

Durante o lançamento da parceria em agosto deste ano, entre a Cooperativa do Serro e o Instituto Estrada Real, o presi-dente do Sistema FIEMG e do IER, Olavo Machado Junior, ressaltou que o principal objetivo da ação é, através da gastrono-mia, levar benefícios e bons negócios para todas as comunidades da ER, por meio de geração de emprego e renda.

“Precisamos criar oportunidades para que o cidadão mineiro e brasileiro tenha orgu-lho daquilo que estamos fazendo no país. Será ainda melhor se fizermos isso com que o que temos de melhor, que é a gas-tronomia, aqui representada pelo Queijo do Serro”.

Machado Junior destaca ainda que a Es-trada Real representa um enorme po-tencial econômico para nosso estado. “Voltamos a colocar a Estrada Real em evidência, pois acreditamos nas possibi-lidades que ela oferece pra Minas Gerais, seja no turismo, na indústria ou gastrono-mia”, acrescentou.

toquE rEalSe o Queijo do Serro prima pelo cuidado e carinho na hora de sua produção, ele não é o único produto chancelado pelo Institu-

to Estrada Real com essas características. Os apreciadores de boas bebidas também não ficam atrás. São os casos da Cerveja Artesanal Falke Bier Estrada Real e da Ca-chaça Prazer de Minas Estrada Real.

Tudo começou no quintal de casa. Em uma panela, Marco Falcone, proprietário da cervejaria artesanal Falke Bier, produziu sua primeira cerveja artesanal, em 1988. Nesse tempo, Falcone adquiriu técnica e permaneceu durante um ano fazendo a bebida na panela. Sua última produção data de março de 1989, feita para a festa de aniversário do filho. Depois, por conta da mudança de seu fornecedor de malte e levedura para o exterior, Falcone fechou sua “fábrica”.

Em 2000, Marco foi enviado à Alemanha a trabalho. Lá, experimentou as cervejas alemãs e se entusiasmou com o sabor, que achou parecido com as que ele produ-zia. Durante quatro anos, Marco retornou ao país todos os anos, e aproveitou para estudar e projetar sua própria cervejaria.

Nessas viagens, o cervejeiro fez vários cursos e estágios em outros países, como Bélgica e Dinamarca. Em 2004, com seus irmãos Ronaldo e Juliana, Marco fundou a cervejaria Falk Bier. Em agosto de 2008, foi firmada a parceria com a Estrada Real, que logo deu frutos. Foram lançadas duas cervejas: Estrada Real IndiaPale Ale, e, em 2010, a cerveja Weiss Estrada Real (cerve-ja de trigo).

A marca ainda possui mais cinco rótulos próprios, alguns alusivos às belezas per-tencentes ao maior roteiro turístico do país, como o Ouro Preto, Falke Diamanti-na, Falke Villa Rica, além de FalkeVivrepour Vivre.

Ainda neste ano, a fábrica planeja lançar mais dois rótulos da cerveja com a chan-cela Estrada Real e, em 2016, há planos de

Page 55: Clique aqui para ler o artigo. - Una

55

expansão para o exterior. Para Marco Fal-cone, a parceria combinou a qualidade do seu produto à importância do destino tu-rístico. “Por conta da Estrada Real a nossa cerveja é bem reconhecida”, completa.

PrazErEs dE minas

Viajar pela Estrada Real é um prazer quase indescritível, pois há belas paisagens, na-tureza estonteante e boa gastronomia que se misturam de maneira inigualável. E é com essas sensações que a Cachaça Pra-zer de Minas Estrada Real se apresenta para os viajantes, desbravadores e apre-ciadores da boa cachaça.

Criada em 1999, mesmo ano de fundação do IER, em Esmeraldas, município da Re-gião Metropolitana de Belo Horizonte, a bebida já se diferenciava da concorrência, pois a produção contava com um proces-so moderno para a época, que utilizava fermentação com leveduras selecionadas. Logo, a produção passou a ser envelheci-da em barris de carvalho europeu e após dois anos, a Prazer de Minas começou a ser comercializada.

Desde 2009, uma parceria especial com o Instituto Estrada Real fez com que to-das as garrafas trouxessem a estampa da marca Estrada Real.

A Prazer de Minas produz vários tipos de cachaça, e desde o início de sua produção, todas envelhecidas em barris de carvalho europeu. Os produtos têm uma linha de envelhecimento de 2 a 10 anos.

A marca está presente em todos os es-tados, aeroportos, delicatessens e lojas especializadas no Brasil. Para o produtor Euler Chaves, a iniciativa foi positiva. “A parceria é uma ação interessante de divul-gação, pois permite que a Prazer de Minas esteja atrelada a uma marca consolida-da em Minas Gerais que é a Estrada Real. Além disso, permite que o roteiro aproveite a forte presença de nossa marca no esta-do”, garantiu.

Page 56: Clique aqui para ler o artigo. - Una

56

Nathália Farah Laranjo Coordenadora de Gastronomia

Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais

Minas Gerais situa-se geograficamente em um espaço privilegiado no território brasileiro, pois é fronteira com Estados de grande projeção econômica, política, histórica, cultural e turística e, como es-ses, se destaca em atrativos turísticos onde a paisagem de rara beleza, a histó-ria, a cultura de seu povo se impõem no cenário nacional. Seus encantos se reve-zam entre o artesanato, a arte barroca, a arte moderna, a música, a religiosidade, o folclore. Soma-se a esses a comida mi-neira apreciada pelos turistas que “não a esquecem jamais” colocando o Estado num patamar, como poucos, no quesito gastronomia.

Minas Gerais abriga 80% do patrimônio brasileiro protegido como Patrimônio Cultural da Humanidade, pela UNESCO, com as cidades Ouro Preto e Mariana. Não tem mar, mas os parques naturais são inimagináveis, as manifestações cul-turais riquíssimas e a gastronomia como

poucas, rica, aconchegante e com uma maneira única, que conta a história deste importante Estado.

Minas Gerais respira turismo, a mesa mi-neira, “onde sempre cabe mais um” é a maior marca da hospitalidade do povo mineiro, que acolhe diferentes gostos e interesses. Há várias possibilidades que atendem diversos tipos de turistas, aven-tura, história, cultura, religião, gastrono-mia, bem estar.

Por isso, pensar o turismo é pensar no lazer, vários autores consideram o lazer como um fenômeno característico das modernas sociedades urbano- indus-triais.

Um dos mais importantes estudiosos do tema, Nelson Marcelino (1983) afirma que o lazer teve início como esfera própria e concreta, a partir da Revolução Industrial, em decorrência dos avanços tecnológi-cos que acentuaram a divisão do traba-lho, oportunizando numa nova situação histórica, em que o progresso tecnológi-co permite alcançar maior produtividade com menos tempo de trabalho. Neste

GASTRONOMIA, MINAS GERAIS E O TURISMO

Page 57: Clique aqui para ler o artigo. - Una

57

sentido, o lazer surge como resposta às reivindicações sociais pela distribuição do tempo liberado do trabalho, como se fosse apenas para reposição de energias.

Apesar dos estudos sobre o turismo te-rem duas linhas de pensamentos, uma relacionada ao ócio, deslocamento mo-tivados pelas guerras, enfermidades, etc, ele realmente se concretiza na Revolução Industrial, visto que os deslocamentos ti-nham como intuito, o lazer, o descanso.

Segundo a OMT – Organização Mundial de Turismo, a atividade turística relacio-nada ao volume de negócios é igual ou até mesmo supera a das exportações de petróleo, produtos alimentícios ou au-tomóveis. O turismo tornou-se um dos principais agentes no comércio interna-cional, e representa, ao mesmo tempo, uma das principais fontes de rendimen-tos para muitos países em desenvolvi-mento. Este crescimento vai de mãos dadas com uma crescente diversificação e concorrência entre os destinos.

Como já dito, Minas Gerais tem tamanha diversidade, que a gastronomia, seguido às tendências de hoje, pode ser a grande chave para o desenvolvimento e aumen-to de fluxo de turistas para o Estado. Já se tornou referência para o turista nacio-nal e internacional. Em todos os 853 mu-nicípios mineiros, existe a possibilidade de provar dos quitutes e quitandas feitos por mãos habilidosas, de gerações que se revezam nos fazeres de cozinhas cen-tenárias, transformando a culinária em um diferencial para quem visita o Estado.

Através dos sabores de Minas, é possível passear por suas diversas regiões. Ta-manha a riqueza, ao se pensar na gastro-nomia mineira, é impossível não fazer jus ao feijão tropeiro, ao tutu à mineira, à du-pla queijo com goiabada, ao frango com quiabo, ao doce de leite, ao torresmo, à

leitoa à pururuca, à cachaça, os frutos do cerrado, o pão de queijo e o café. É uma infinidade de pratos e sabores, produtos e histórias.

Hoje, a novidade na nossa produção, são as cervejas artesanais, mais uma moti-vação para os turistas que querem co-nhecer as produções gastronômicas. Chamada da Bélgica brasileira, Minas Gerais conta com 30 fábricas de cerve-jas, dentre elas 24 microcervejaria.

De janeiro a dezembro, festas tradicio-nais, encontros gastronômicos e festi-vais são realizados em diversas cidades dos 853 municípios. Milho, pequi, vinho, queijo, biscoito, carne, banana, jabutica-ba, ora-pró-nobis, café, cachaça: tudo é motivo de festa e inspira uma comemo-ração, que atrai grande número de visi-tantes.

Enquanto produto turístico ou atrativo turístico, a gastronomia no turismo, não só se fortalece no aspecto das necessi-dades humanas, mas também de aproxi-mar as pessoas, as culturas de um povo, que seja em sua religiosidade, etnia, pro-dutos típicos, aproveitar o que solo de cada lugar tem a oferecer, capacidade de atravessar fronteiras, contribuir e influen-ciar na cultura alimentar de cada região, de acordo com as adaptações que dela ocorre.

A gastronomia é uma arte, o qual quem executa e quem aprecia, estão em perfei-ta harmonia e, por isso, não é fácil com-preendê-la como apenas a oferta de um alimento, pois nela está contido o coti-diano e a história de quem a criou.

Com a globalização temos uma modi-ficação da oferta turista, caracterizada pela homogeneização e pela instabilida-de, produzidos pela modernidade e pelo capitalismo, onde o demandante desta

Page 58: Clique aqui para ler o artigo. - Una

58

segmentação é o pós-turista1. A literatu-ra mais recente já aponta uma retração da demanda por “pacotes padronizados”, enquanto cresce a procura por destinos considerados “exóticos”, para que o tu-rista possa vivenciar com significado e autenticidade o local visitado. (TRIGO, 1993 apud ARAUJO e FILHO, 1999).

Apesar de a alimentação ser algo neces-sário à sobrevivência, na verdade, não são tão novas e sim pouco exploradas. Sem dúvida alguma, a gastronomia pode ser sem duvida alguma a identificação de um povo, nela consta-se a histórias, os hábitos e costume, dessa maneira, Schluter (2003, p. 32) diz que:

A identidade também é expressa pelas pessoas através da gastronomia, que re-flete suas preferências e aversões, iden-tificações e discriminações, e, quando imigram, a levam consigo, reforçando seu sentido de pertencimento ao lugar de origem. Dessa forma, vai-se criando uma cozinha de caráter étnico, explorada com muita frequência no turismo para ressal-tar as características de uma cultura em particular.

Em contraponto, se a gastronomia é para o turista um atrativo a mais, é importante analisar com o olhar critico a oferta mas-siva dos pratos típicos de forma desca-

racterizada nas localidades, sobre forte demanda, no anseio de se tornar a gas-tronomia como uma nova possibilidade de mercado e oferta turística, correndo--se o risco de perder as reais caracterís-ticas, os modos de fazer, desconectan-do os sentidos originais. Para Schluter (2003, p. 70):

A gastronomia como patrimônio local está sendo incorporada aos novos pro-dutos turísticos orientados a determi-nados nichos de mercado, permitindo incorporar aos agentes da própria comu-nidade na elaboração desses produtos, assistindo ao desenvolvimento sustentá-vel da atividade.

Divulgar a gastronomia e o turismo, por mais que esteja atrelados, em especial no turismo é algo praticado e a gastronomia algo para se usufruir representada pelos seus “donos” e valorizada enquanto fator de expressão cultural dos povos e sendo mais uma opção de atrativo turístico.

Analisar as possibilidades não é fácil, parte do princípio de se entender carac-terísticas diferentes, a história e os por-quês de cada localidade, ou destino, as tradições dos grupo e suas diferenças relacionadas à gastronomia, retornando até a satisfação alimentar do ser huma-no, apenas como necessidade de sobre-

Page 59: Clique aqui para ler o artigo. - Una

59

vivência e sua posterior evolução para chegar às diferenças atuais, aos rituais de integração e prazer que a gastronomia nos proporciona, sendo até uma “válvula” de escape para o stress da vida urbana.

Deve-se compreender também que a gastronomia por si só não é capaz de se tornar um atrativo turístico cultural, ela deve acompanhar a tradição quanto ao preparo de seus alimentos, para a manu-tenção da identidade de um povo e favo-recendo a ideia de pertencimento. Para o turista atual, não é apenas a degustação que o atrai para um destino, mas, tam-bém, a possibilidade de conhecer a ma-téria-prima local e o modo de fazer, esse último item é, muitas vezes, mais impor-tante e atrativo porque através dele se tem uma demonstração e possíveis vi-vências dos modos de fazer, degustação e até mesmo aquisição de algum produ-to, agregando valor à produção.

Em nota sobre a Gastronomia, o Ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, diz: “Ela é uma das bases da estrutura do tu-rismo, com potencial para atrair viajantes dos mais variados perfis”. Os gastos com alimentação já estão entre as principais despesas dos turistas brasileiros, atrás apenas do transporte, de acordo com a última pesquisa do Ministério do Turis-mo.

Com os fatos relacionados, a gastrono-mia está presente e é valorizada na atu-alidade. Em Minas Gerais, ela já faz parte da história, aliás, conta a história do povo mineiro. Neste cenário, é válido o desafio de se atuar sem, de forma alguma, perder as tradições e somá-la ao turismo como gerador de renda e entrada de divisas para o Estado.

“A gastronomia como patrimônio local está

sendo incorporada aos novos produtos

turísticos orientados a determinados nichos de

mercado, permitindo incorporar aos agentes da própria comunidade na elaboração desses

produtos, assistindo ao desenvolvimento

sustentável da atividade”.

Page 60: Clique aqui para ler o artigo. - Una

60

ResumoO presente texto apresenta a gastronomia como eixo de desenvolvimento agrário. A Política Estadual de Desenvolvimento da Gastronomia Mineira tem sua consonân-cia com a mineiridade e suas estruturas econômicas, sociais e culturais presentes na ruralidade e nas relações sociais diver-sas no território do Estado.

Introdução O Estado de Minas Gerais, diferente de ou-tros estados da federação, tem uma enor-me diversidade que tange a sua identida-de socioambiental, cultural e econômica. Composto por três biomas – mata atlân-tica, cerrado e caatinga –, Minas possui uma potencialidade na fauna e flora que, historicamente, evoluiu em cores e sabo-res, fazendo da culinária do Estado uma

das mais importantes do Brasil e do mun-do.

Essa culinária nasceu não apenas da di-versidade dos biomas, mas da estrutu-ra social e da regionalização cultural que cada território apresentou ao longo de sua constituição. A miscigenação e integração de diferentes povos e nacionalidades pre-sentes em Minas Gerais como população negra, tropeiros, bandeirantes, emboabas, indígenas e povos de origem europeia traz a cada um destes territórios uma consti-tuição de relação com a terra, à água e por sua vez a forma de alimentar e utilizar o ambiente vivido.

Sem dúvidas, também por uma histórica diversificação econômica, desde a época do ouro, café e nas últimas décadas a ur-banização, em especial, da região metro-politana e grandes cidades como Montes Claros, Uberlândia, Governador Valadares, Juiz de Fora e cidades do Vale do Aço, constituíram de uma migração interna de mineiros e seus costumes por estas regi-ões, levando diferentes formas de alimen-tação e valorização da culinária.

Portanto, os costumes e tradições regio-nais trazem também no Estado de Minas Gerais diferentes territórios gastronômi-cos com características específicas, como, por exemplo, o frango com ora-pro-nóbis na Região das Vertentes, o pequi no Norte de Minas e o pão da terra pela manhã no Mucuri.

Este encontro de práticas alimentares e esta tradição de sabores nas diferentes regiões trouxeram para Minas Gerais duas características fundamentais ao Estado. A primeira é de que a ruralidade promoveu a característica cultural e culinária dos mi-

A GASTRONOMIA COMO EIXO DE DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO

Glênio MartinsSecretário de Estado de Desenvolvimento Agrário – SEDA

Page 61: Clique aqui para ler o artigo. - Una

61

neiros, resultando em diferentes formas de alimentação, mas também de cuidado e cultivo da terra. A segunda característica é a de que estas tradições culinárias locais e regionais constituem uma marca impor-tante (senão a mais importante) forma de perceber o Estado mineiro no Brasil.

Marco regulatório e a gastronomiaO conceito da gastronomia está na re-lação entre ciência e arte culinária, o de-safio concreto de buscar o entendimento alimentar e nutricional, mas antes destas perspectivas a relação do sujeito com o alimento e sua história fazem da gastro-nomia um conceito vivo e cotidiano.

A recente lei estadual que institui a Políti-ca Estadual de Desenvolvimento da Gas-tronomia fundamenta-se na oportunidade de diversificar o turismo, a sustentabili-dade ambiental, a garantia de segurança alimentar e nutricional, a singularidade e autenticidade da gastronomia local, bem como a conservação das tradições e a identidade do território.

de diversificar o turismo, a sustentabili-dade ambiental, a garantia de segurança alimentar e nutricional, a singularidade e autenticidade da gastronomia local, bem como a conservação das tradições e a identidade do território.

Esta fundamentação traz princípios im-portantes que, para além de uma relação

econômica, estabelece valores culturais e sociais importantes entre os sujeitos e os alimentos, desconstruindo uma lógica de alimentação de mercado que valoriza a grande escala e o alimento ultra proces-sado.

A Política Estadual de Desenvolvimento da Gastronomia, proposta pelo Deputado Estadual Agostinho Patrus Filho, e sancio-nada pelo governador Fernando Pimentel, conserva em seu entendimento de alimen-tação e nutrição a valorização de Povos e Comunidades Tradicionais e a criatividade cotidiana de um diverso catálogo de recei-tas e preparo.

Dentre os planos estaduais que dialogam diretamente com o desenvolvimento agrá-rio poderíamos destacar o Plano de De-senvolvimento Rural Sustentável (PDRS) e o Plano Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável (PESANS). Este marco regulatório dialoga e fortalece, an-tes de outras questões, um Estado que culturalmente se identifica com sabores e diversidade alimentar.

Segundo o Perfil da Agricultura Familiar baseado nos dados do Censo Agropecu-ário de 2006, Minas Gerais, além de ter a segunda maior população rural do país, tem 79% dos seus estabelecimentos ru-rais de agricultores familiares. Estes agri-cultores representam uma diversidade de produção desde a mandioca até laticínios

Page 62: Clique aqui para ler o artigo. - Una

62

laticínios e hortifrutigranjeiros.

Os estabelecimentos da agricultura fami-liar estão em todos os territórios do Esta-do e é importante ressaltar que prezam pela diversidade da produção alimentar, pela preservação ambiental e pelo cuidado com a água e a mata ciliar. Este cuidado parte do princípio de que o meio ambiente é uma riqueza necessária aos agricultores familiares.

Os agricultores familiares estão, em sua formação cultural, integrados em suas crenças, valores morais e religiosos. São quilombolas, indígenas, vazanteiros, ge-raizeiros, caatingueiros, apanhadores de flores-vivas, entre outras atividades pro-dutivas e integradas à dinâmica viva do território.

Outro aspecto importante é que apesar de serem quase 80% dos estabelecimentos, estes estão concentrados em menos de 30% de área total. O gráfico abaixo exem-plifica a relação estabelecimento versus espaço geográfico, que traz à cena pública uma preocupação nas características e no conceito de desenvolvimento agrário que, por sua vez, pode modificar a relação gas-tronômica de Minas Gerais.

O avanço da agricultura empresarial propi-cia reflexões não apenas sobre o modo de produção agrícola, mas como este avan-ço impacta na diversificação alimentar, na toxicidade dos alimentos e dos rios e na opressão cultural, em especial aos povos e comunidades tradicionais pertencentes aos territórios nos quais existe a especu-lação da terra.

Segundo o Plano Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável, a di-minuição dos espaços tradicionais e de cultura alimentar local afeta ainda mais a diversidade e a soberania alimentar.

Entende-se por soberania alimentar o se-guinte conceito:

“A soberania alimentar é o direito dos povos de decidir seu próprio sistema ali-mentar e produtivo, pautado em alimen-tos saudáveis e culturalmente adequados, produzidos de forma sustentável e ecoló-gica, o que coloca aqueles que produzem, distribuem e consomem alimentos no co-ração dos sistemas e políticas alimentares, acima das exigências dos mercados e das empresas, além de defender os interesses e incluir as futuras gerações” (MALI, 2007 / PESANS, 2012).

É necessário perceber que o desenvol-vimento agrário constitui da valorização das formas de que mulheres e homens pensam e valorizam do espaço rural e a cultura alimentar e nutricional.

Page 63: Clique aqui para ler o artigo. - Una

63

dEsafios do dEsEnvolvimEnto da gastronomia E da agriCultura familiar

O fortalecimento da agricultura familiar é eixo para a gastronomia mineira, assim como a gastronomia mineira entende a agricultura familiar como estratégia para a consolidação de seu desenvolvimento.

Para ampliar o entendimento sobre a agri-cultura familiar, em 2015 foi criada a Secre-taria de Estado de Desenvolvimento Agrá-rio, também com o objetivo de fortalecer a Política Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável, onde ambos contribuem para o Desenvolvimento da Gastronomia em Minas Gerais.

O ato de alimentar deve ser encarado como política pública desde sua produção até o consumo. As relações educativas e comunicativas referente a escolha dos ali-mentos, a valorização de produtos como o Queijo Minas Artesanal, a cooperação técnica com o movimento SlowFood Bra-sil e mesmo o entendimento de ciclos de desenvolvimento (social, produtivo e eco-nômico) do desenvolvimento agrário pos-sibilita trazer ao Estado de Minas Gerais uma condição ímpar de sua história.

O avanço dos marcos regulatórios, o ali-nhamento conceitual e o ordenamento po-lítico e administrativo podem possibilitar à gastronomia um eixo de desenvolvimento agrário, sendo este o mais importante dos eixos para o desenvolvimento da agricul-tura familiar no Estado de Minas Gerais.

Referências

MINAS GERAIS; Lei 21.156/2014 Dispõe sobre a Política Estadual de Desenvolvimento Rural Sustentável e Agricultura Familiar e dá outras providências. Belo Horizonte, 2014

MINAS GERAIS; Lei nº. 15.982/2006. Dispõe sobre a Política Esta-dual de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável e dá outras providências. Belo Horizonte, 2006

Perfil da Agricultura Familiar de Minas Gerais, Governo do Estado de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2014

Page 64: Clique aqui para ler o artigo. - Una

64

O PAPEL DOS BUFÊS NA GASTRONOMIA MINEIRA

João Evangelista A. T. FilhoPresidente do SINDBUFÊ

Os bufês, em sua essência, são empre-sas criadas por mulheres visionárias, que perceberam no ovo, produto básico das receitas e um dos símbolos da vida, a pos-sibilidade de criar empresas, de gerar em-pregos, de transformar insumos básicos em receitas de sucesso, sempre delicio-sas, herdadas de suas matriarcas.

Com certeza, estas matriarcas orgulhosas só tinham a intenção de repassar os seus conhecimentos e nem imaginavam que a próxima geração já perceberia a possibili-dade de transformar as folhas de anota-ção em edições de receitas assinadas por bufês de sucesso.

As conhecidas quitandeiras dos bairros começaram com pequenos aniversários de crianças e, assim, foram se revelan-do para o mercado como a grande opção dos clientes para investirem em festas de maior porte. Em pouco tempo, estas ini-ciativas individuais tomaram um formato jurídico, surgindo, assim, empresas de um novo segmento, os bufês. Não resta dúvi-das de que este ramo de atividade é dos mais difíceis de ser administrado, tudo tem que dar certo no dia e na hora, sem margem de erro.

O desejo dos clientes se tornou a fonte inspiradora de excelência no trabalho. O cliente procura um bufê com o intuito de comemorar mais um grande momento de

segue verbalizar o resultado pretendido neste evento, sendo este o momento em que o atendente comercial precisa tradu-zir, através da emoção do cliente, tudo que deve conter neste evento especial, para que o grande sonho seja construído e con-quistado. A partir deste momento, tudo fica mais fácil, porque a relação se torna um laço de amizade. A cumplicidade entre as partes faz com que tudo dê certo por meio de uma luz divina.

O tempo, a evolução tecnológica e a exi-gência de um público sedento por novida-des, fizeram com que as festas se trans-formassem em grandes eventos, e, em muitas vezes, mega eventos. Sendo assim, os bufês se adaptaram à nova realidade, aprimorando, inovando, criando, evoluin-do, a partir do momento em que seu clien-te determinou que para os sonhos não há limites.

Hoje, em qualquer tipo de evento, outros segmentos estão presentes: decorado-res, floristas, fotógrafos, serviço de filma-gem, segurança, manobrista, DJ, audio-visual, cerimoniais, animadores, garçons, cumins, maitres, sommelier, etc. Todos trabalhando no mesmo objetivo: a cons-trução e concretização dos sonhos em re-alidade, que marcará a vida das pessoas para sempre.

A estrutura dos bufês mudou: Comercial, RH, Administrativo, Financeiro, Produção, Compras, Logística de Distribuição são áreas que compõem estas empresas. In-dependente de um organograma, em cada empresa observa-se a preocupação de adaptação e adequação às mudanças constantes do mercado.

Contudo, é fato que os bufês, independen-te da necessidade de crescerem de forma estruturada, nunca deixaram de atender os pequenos eventos, e, até mesmo, as pequenas encomendas que os fizeram

Page 65: Clique aqui para ler o artigo. - Una

65

conhecidos no mercado.

Os bufês, há mais de 70 anos, afirmam aos seus clientes que seja qual for a ne-cessidade, o desejo, o sonho, eles sempre estarão prontos a atendê-los no dia e hora que melhor lhes convier.

a Criação dE um sindiCatoO SindBufê é uma entidade sindical, or-ganizada sem fins lucrativos, constituída para fins de coordenação, proteção e re-presentação legal da categoria econômi-ca das empresas que prestam serviços de alimentação para eventos, recepções, co-quetéis e banquetes.

Um grupo de quinze empresas, antes uni-dos através de uma associação, perce-beram que, pela particularidade da ativi-dade relativa a eventos de uma gama tão variada, seria necessário a criação de um sindicato próprio, a fim de garantir sua re-presentatividade direta, em órgãos públi-cos, sejam eles municipais, estaduais ou federais.

O SindBufê proporciona aos bufês a pos-sibilidade de mostrarem ao mercado a busca constante em assumirem, cada vez mais, o seu espaço no mundo da gastro-nomia. A união de empresas do segmen-to visa, prioritariamente, beneficiar toda a sociedade. A percepção de união sempre leva à confiança dos clientes que estão em volta observando e aguardando o momen-to de serem atendidos.

Belo Horizonte está se transformando em um grande centro de turismo de negócios, além de entretenimento, com a realização de eventos de grande porte. Se os inves-timentos na melhoria da infraestrutura da cidade estão sendo feitos para atrair mais e mais eventos, cabe aos bufês corres-ponder com atitudes que venham a dar sustentabilidade aos investidores e às empresas que precisam destes serviços.

Os bufês têm consciência de que, há mais de 70 anos, participam dos momentos festivos de todos os mineiros, seja no âm-bito particular, bem como no corporativo, o que os motiva, dia-a-dia, a criar, atualizar, inovar e pensar com o sentido de empre-endedorismo para continuarem a merecer a confiança dos mineiros, ou de qualquer cliente de outros Estados.

O principal objetivo do SindBufê é fortale-cer as empresas de bufê de Belo Horizon-te e Região Metropolitana, promovendo a representatividade e a legalidade das em-presas do segmento, assessorando novos associados na regulamentação de suas empresas para que possam unir forças e ideias aos nossos propósitos. Criar um centro de desenvolvimento técnico e pro-fissional para a formação e a reciclagem de profissionais para os bufês é um gran-de desafio que vai priorizar o primeiro em-prego para pessoas que demonstrarem aptidões para atuar no nosso segmento.

a Criação do sElo dE qualidadEEste momento é extremamente especial para as empresas que se unem para bus-car a qualidade e o reconhecimento do segmento mais importante da gastrono-mia nacional, se assim nos permitem de-nominar.

Com o terceiro ano de lançamento do Sin-dBufê, várias vitórias foram alcançadas, sendo que a maior delas foi a criação do SELO DE QUALIDADE, movimento que vem ao encontro direto do interesse dos consumidores deste segmento, os nossos clientes.

Todos os esforços do segmento se con-centram em buscar a melhor forma de atendermos os sonhos dos nossos clien-tes. Para isso, é necessário alertar sobre as fragilidades que são flagrantes neste setor, problemas que são comuns em qualquer área, e que é mais uma razão para não nos

Page 66: Clique aqui para ler o artigo. - Una

66

fecharmos em um pequeno grupo. Es-tamos certos que o segmento não pode sobreviver e ganhar destaque desta for-ma. O SindBufê não discrimina nenhuma empresa do segmento, independente do seu porte, estamos procurando em cada ação buscar a participação daqueles que ainda não fazem parte deste grupo, princi-palmente incentivando aqueles que ainda não fizeram a opção de buscar a legaliza-ção necessária.

O SELO DE QUALIDADE foi criado com o apoio de uma das maiores empresas de alimentação do mundo, a BRF, que trata a qualidade como fator fundamental para o seu desenvolvimento, e que pode ser uma forma de sensibilizar outros empresários do nosso segmento sobre a importância deste sindicato.

Recebemos, no evento, uma empresa do ramo no mercado de São Paulo com gran-de vivência e reconhecimento profissional, mantendo uma gestão que procura ven-der qualidade, inovação, criatividade, e um conceito diferenciado na forma de servir. Sobretudo neste momento, ficaram refor-çadas a tendência e possibilidade de tro-ca de ideias e experiências, reafirmando a visão de que o mercado está aberto para todos os empresários conscientes do seu papel na representação da gastronomia nacional de bufês.

A participação das escolas de gastronomia nos serviços oferecidos no evento repre-sentou o sucesso de algumas tentativas que já fizemos, procurando buscar a apro-ximação destas entidades ao nosso seg-mento. Precisamos mostrar aos alunos que trata-se de um setor muito promissor e carente de mão de obra especializada. No lançamento do SELO DE QUALIDADE ficou bem explícita nossa busca contínua por qualidade e excelência, fato que será sempre cobrado de todos os associados, como propósito maior de existência do

SindBufê.

O Sindbufê tem desenvolvido atividades com os seus associados que alertam so-bre a importância do conhecimento da origem do produto adquirido de seus for-necedores, o seu armazenamento na em-presa, e os processos de transformação, que passam por várias etapas até che-gar aos eventos, onde os sonhos vão ser transformados em realidade.

Para conquistar a confiança dos clientes atendendo as normativas técnicas de-senvolvidas para o nosso segmento, pre-cisamos investir em empresas prestado-ras de serviço que se tornam parceiras, nos apoiando na sustentação dos nossos princípios fundamentais que é o de chegar à excelência demonstrando o máximo de qualidade, a exemplo: o controle de pragas, a saúde dos colaboradores, a qualidade na produção, o aprimoramento da atividade de cada setor e um sistema integrado que dê credibilidade e agilidade nas operações, como muitos outros.

Para os nossos clientes, que são a razão maior do crescimento constante das em-presas deste segmento, garantimos que vamos sempre reforçar, com essas ações, a confiança que eles precisam ter para contratar seus eventos, baseado na lisu-ra, ética, profissionalismo, transparência e clareza nas negociações.

Aos órgãos para os quais compete a fis-calização sistemática do nosso segmento, cobrando normas específicas para funcio-namento e a legalização cada dia maior das empresas que atuam no mercado, pedimos o máximo de proximidade pos-sível com o sindicato, fortalecendo, desta forma, a concorrência leal no mercado e o reforço da percepção de confiança que cada uma destas entidades transmite aos clientes, que são cada vez mais conscien-tes dos seus direitos.

Page 67: Clique aqui para ler o artigo. - Una

67

Aos nossos governantes que apostam no crescimento do turismo de negócios e en-tretenimento no Estado de Minas Gerais, fica o nosso compromisso de crescermos juntos, oferecendo, através da área da gastronomia de bufês, a sustentabilida-de necessária para atendimento de quem precisar dos nossos serviços.

a valorização dos ColaboradorEs Com a Criação do Prêmio dE funCio-nário Padrão

Através de um critério rigoroso para a se-leção, definido pelo sindicato, cada asso-ciado deveria criar sua forma de avaliação interna, que levaria a indicação de um fun-cionário denominado padrão por empresa. O sindicato anunciou que os colaborado-res de cada empresa são a verdadeira ra-zão do desenvolvimento e o consequente reconhecimento dos clientes.

Cada associado precisa ter plena cons-ciência de que não é dono de nada, eles representam um negócio de muita res-ponsabilidade, que os levam a viver em um clima diário de ansiedade e tensão. Vivemos em um país em que não se sabe como vamos acordar no dia seguinte, qual será a nova dificuldade que o governo vai nos impor, justamente por sermos sempre penalizados pela denominação de empre-sários.

Mas o que nos leva a continuar nesta ca-minhada é a determinação e o dom de servir. Coube a nossa atividade participar diretamente da vida das pessoas e das empresas em geral, marcando a todos com serviços praticados com excelência, não medindo esforços para retribuí-los, transformando os grandes sonhos em re-alidade, fato que não aconteceria sem os colaboradores, que somam esforços com os gestores para que seja atingido este propósito.

Dentro deste princípio fica claro que os verdadeiros donos dos nossos negócios e que levam à longevidade das empresas são os nossos clientes. São eles que nos mantêm no mercado, garantindo o resul-tado das empresas, e que, consequente-mente, nos permitem garantir o emprego de cada colaborador, um dos fatores fun-damentais para a dignidade do ser huma-no.

O prêmio de funcionário padrão das em-presas associadas ao SindBufê reconhe-ce que o sucesso das empresas do nosso segmento está diretamente ligado ao em-penho e dedicação de cada colaborador. São eles que, verdadeiramente, conhecem a empresa e seu funcionamento diário e cabe a cada gestor a percepção de que devem ouvi-los sempre. Não existe quem sabe mais do que ninguém e não existe aquele que seja melhor do que o outro, o importante é somarmos em um conjunto de interesses comuns para levarmos es-tas empresas ao reconhecimento do mer-cado.

As empresas contratam seus colaborado-res, mas cabe a cada um a permanência e manutenção no cargo, somente o com-portamento profissional é que pode levar a continuidade na empresa ou ao desliga-mento de cada funcionário.

Quando definimos os critérios para eleger um funcionário padrão, procuramos nos certificar que os itens exigidos podem ser atendidos por todos, basta que queiram ser um exemplo profissional.

As empresas que estão dispostas a ven-der excelência precisam deixar claro para cada colaborador o que elas esperam dos seus desempenhos, sem que esqueçam das suas próprias responsabilidades, que passam pela definição da meta, objetivos e valores da empresa, até a definição cla-ra da descrição de cada cargo, o que leva

Page 68: Clique aqui para ler o artigo. - Una

68

os colaboradores a poderem praticar, de forma bem transparente, toda relação de itens descritos para a classificação do funcionário padrão.

Dessa forma, são criados os líderes, que devem ser disseminadores da cultura da empresa para cada colega de trabalho, sabendo que vão ser cobrados, remune-rados, premiados e, por fim, reconhecidos.

o quE busCamos hoJE Para a gas-tronomia dE bufês

A gastronomia é o principal assunto do momento. Exemplo disso é que mídia des-cobriu um canal de sucesso para atrair a atenção do público em geral. A ser consi-derado como um fator de sobrevivência, até ser tratada da forma mais sofisticada possível, a alimentação sempre será uma preocupação mundial.

O SindBufê está participando das várias iniciativas de entidades voltadas ao de-senvolvimento da gastronomia mineira, a exemplo da Frente da Gastronomia Minei-ra e do projeto Belo Horizonte aos Olhos do Mundo, que tem conseguido unir todos os segmentos e entidades governamen-tais ligadas à área da gastronomia, turis-mo e entretenimento, tratando dos seus interesses comuns e convergindo ao de-senvolvimento de estudos, leis e normati-vas que venham a resguardar, entre tantas áreas, o reconhecimento da nossa gastro-nomia.

O SindBufê sempre tratou da importância de todas as empresas ligadas ao segmen-to. Todas começaram pequenas e quase sempre em fundo de quintal, por isso, nos-so mercado, certamente, não seria aten-dido sem o somatório das iniciativas de todos estes empreendedores. Não exclu-ímos os que ainda não estão legalizados, ao contrário, para estes existe uma porta aberta que vai procurar demonstrar que o

caminho para a legalidade é curto, trazen-do maior segurança para seus clientes e a igualdade de condições em relação aos concorrentes. Estas empresas irão rece-ber, assim, uma identidade e, desta forma, o setor vai crescer e se tornar mais reco-nhecido. O sindicato vai atuar de forma in-cansável pela formalização das empresas do segmento. Nossos clientes merecem e precisam contar com este trabalho.

Quantos somos, quem somos, do que pre-cisamos, para onde vamos? Para estas questões, somente a união das empresas do segmento pode responder. Os proble-mas das empresas são comuns, mas a re-presentatividade não é a mesma enquanto não existir a participação de todas as em-presas do segmento.

É preciso anunciar ao mercado que, uma a uma, as empresas estão assumindo o seu lugar dizendo sim ao desenvolvimento do segmento de bufês, acreditando na longe-vidade com sustentabilidade. Os exemplos têm demonstrado que a nova geração de cada família empreendedora tem assumi-do os seus negócios, desta forma, o ama-nhã seguro depende das ações de hoje.

A marca SindBufêDay foi criada para se tornar o símbolo dos eventos específicos da categoria. Sua primeira versão, GES-TÃO E QUALIDADE, foi um grande suces-so, somando o interesse de fornecedores e empresas do segmento de bufês com o apoio de Sebrae-MG. Outros eventos irão acontecer e o próximo será o primeiro voltado à apresentação da gastronomia de bufês de Minas Gerais. Somos pioneiros no Brasil e vamos de-monstrar, a nível nacional, que praticamos a melhor e mais diversificada gastronomia de bufês deste País, porque concentramos em nosso sindicato empresas imbuídas do desejo de crescer de forma sólida e or-ganizada. •

Page 69: Clique aqui para ler o artigo. - Una

69

introdução

O Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais teve origem no ano de 1968. Naquela época o nome era Institu-to de Desenvolvimento Industrial e tinha as atividades voltadas principalmente para a atração de indústrias para Minas Gerais.

Nos anos 60, os técnicos do Banco de De-senvolvimento de Minas Gerais (BDMG) e das Centrais Elétricas de Minas Gerais (CEMIG) se uniram para criar uma ins-tituição voltada para o atendimento às empresas interessadas em instalarem unidades produtivas em Minas Gerais. A infraestrutura de geração elétrica pro-piciada pela CEMIG e os financiamentos articulados pelo BDMG foram impor-tantes para oferecer aos investidores o apoio necessário para instalarem seus empreendimentos no território mineiro (GARCIA; DOYLE, 2010).

Durante a década de 70, Minas Gerais recebeu investimentos em diversos seto-res que diversificaram a estrutura produ-tiva do Estado. Destacam-se indústrias de setores como metalurgia, siderurgia, automobilística e de alimentos. A diver-

sificação econômica fez com que fosse gerado um crescimento que fez o Esta-do alcançar a terceira posição de riqueza diante dos outros estados brasileiros.

Desde seu início, até os dias atuais, o INDI atua no auxílio para que empresas se instalem no Estado. O Instituto tem como objeto social a elaboração e execu-ção de estudos, projetos, planos e ações voltados para o desenvolvimento econô-mico. Dentre os principais serviços pres-tados sem ônus para os empreendedores destacam-se: provisão de informações sobre demografia, geografia, economia e sociedade mineira; e informações es-pecíficas para instalações de empre-endimentos fornecidas pelas equipes especializadas em diversos setores eco-nômicos. Também oferece assistência ao investidor para que possa entender o funcionamento das políticas públicas e a utilidade das instituições. Além disso, au-xilia na implantação do empreendimento juntamente com outros parceiros, princi-palmente com as instituições ligadas ao ambiente de desenvolvimento econômi-co.

Além de apoiar indústrias, em 2005, o INDI teve sua nomenclatura alterada para Instituto de Desenvolvimento Inte-grado, pois intensificou o trabalho com outros setores, como os que estão liga-dos à agricultura e serviços.

A agropecuária é importante para forne-cer alimentos para a culinária e o setor de serviços é aquele ligado diretamente à gastronomia como a instalação de ho-téis, restaurantes, recebimento de turis-tas e desenvolvimento de eventos que, com certeza, serão espaço para receber possíveis eventos gastronômicos em Mi-nas Gerais.

O Instituto tem voltado sua atenção para o estímulo à competitividade das empre-

ATUAÇÃO DO INDI PARA AUXÍLIO À GASTRONOMIA MINEIRA

Autor: Davyson Demmer Guimarães BarbosaAnalista de Promoção de Investimentos

Page 70: Clique aqui para ler o artigo. - Una

70

sas mineiras, para que possam produzir de maneira a concorrerem com outras organizações brasileiras ou estrangeiras. Para que as empresas mineiras possam se tornar mais competitivas, o INDI busca intensificar o apoio a projetos estratégi-cos para que possam realizar inovações que proporcionem um melhor posiciona-mento das empresas dentro da econo-mia mineira e nacional.

Nos dias atuais em que o Brasil passa por um período considerado por alguns es-pecialistas como de desindustrialização, é importante que o INDI trabalhe intensi-vamente para que auxilie um novo tipo de indústria, ou seja, aquelas que respeitem as novas complexidades ambientais e sociais e que apresentem formas inova-doras de produção.

da gastronomia minEira

A culinária mineira já apresenta um re-conhecimento internacional. O que ins-tituições como o INDI fazem é, apenas, trabalhar para que seja divulgada a arte gastronômica mineira em mais lugares e que possa atrair a atenção de cada vez mais pessoas. Assim, os consumidores poderão conhecer sabores produzidos há séculos e que proporcionaram prazer à degustação de várias gerações de mi-neiros, brasileiros e estrangeiros (FRIEI-RO, 1966).

“Das crises de fome do século XVIII sur-giu o aproveitamento dos alimentos dis-poníveis. E da busca por melhor apro-veitamento, chegou-se à variada e farta, simples e sofisticada cozinha mineira” (ROCHA, s.d., p.81). As raízes da moder-nidade de Minas Gerais carregam a tra-dição da culinária de uma terra que teve que se reinventar para introduzir novos sabores que são ao mesmo tempo mi-neiros e brasileiros e que identificam o

Estado da perspectiva cultural (PAULA, 2000).

O Estado se especializou na produção de leite e ficou conhecido, junto com São Paulo, como a República do Café com Leite, durante a chamada República Ve-lha. A indústria de laticínios se desenvol-veu e forneceu leite para diversas produ-ções no Estado. Derivados do leite são ótimos exemplos de especialização em Minas Gerais, como queijo, doce de leite, requeijão e o famoso pão de queijo.

Outro grande exemplo da gastronomia mineira é uma bebida que faz parte da cultura brasileira: a cachaça. Em Minas Gerais existem muitos produtores que fa-zem uma bebida que é reconhecida como de elevado padrão de qualidade, dentro e fora do Brasil (CARVALHO, 1988).

Os exemplos citados são pequenas amostras do potencial de Minas Gerais diante da gastronomia. O INDI e outras instituições perceberam que podem aproveitar mais desse ambiente gastro-nômico para auxiliar indústrias criativas que podem se desenvolver no Estado.

Desde 2014, o INDI participa da Frente de Gastronomia Mineira (FGM), cujo objeti-vo é reunir esforços em prol da defesa, valorizar e promover a gastronomia mi-neira nos mais diversos âmbitos. O INDI participa mensalmente de reuniões que preparam ações, que vão desde ativida-des junto aos eventos gastronômicos no Estado, fora dele, em âmbito nacional e internacional, como a inserção de produ-tos e profissionais mineiros junto aos se-tores gastronômico, turístico e cultural. Esse é um trabalho conjunto de diversas instituições, como Fecomércio, Belotur, CDL/BH, Secretaria de Estado de Cul-tura, Secretaria de Estado de Turismo e outros órgãos públicos e privados. Den-tre as ações acordadas destacam-se a

Page 71: Clique aqui para ler o artigo. - Una

71

participação da FGM em festas, encon-tros gastronômicos e exposições como a que ocorreu na ExpoMilão, em outubro de 2015, na Itália.

aPoio do indi

A atuação do INDI para impulsionar a gastronomia ocorre de forma direta e in-direta, uma vez que desde seu início se voltou para a atração de empreendimen-tos que favoreceram o desenvolvimento industrial de Minas Gerais.

Dentre os projetos que contaram com auxílio do INDI para instalação em Mi-nas Gerais podem-se destacar laticínios como Itambé e Porto Alegre, produto-res de cervejas artesanais, como auxílio na elaboração do Decreto Estadual nº 46.392, de 27 de dezembro de 2013, que mudou regras de ICMS para as cerveja-rias.

Também pode ser destacado o apoio a frigoríficos, como JBS e Minerva, produ-tores de aves como Agrogen, fabricantes de chocolates como Barry Callebaut e Kopenhagen e diversos outros alimentos, como Bem Brasil, Ferrero, Forno de Minas e Pandurata Alimentos. Além das empre-sas que fornecem alimentos também de-vem ser destacadas as empresas que de uma forma indireta acabam favorecen-do a expansão da gastronomia mineira, como os produtores de equipamentos para cozinha. Destaca-se o apoio à fabri-cante de fornos Prática ou de refrigera-dores como a Panasonic.

Dentre as empresas que desenvolvem produtos relacionados à produção de café podem ser destacados apoio à Cooxupé, Nestlé e Três Corações. Dos produtores de leite e derivados podem ser destaca-dos auxílio na implantação da Danone, Itambé e Porto Alegre. E entre as bebidas

podem ser destacados o auxílio à Ambev, Grupo Salinas e empresas fabricantes de sucos como Bela Ischia e Tial.

Essas empresas acabam auxiliando como fornecedoras de produtos para en-riquecer a gastronomia mineira. O am-biente gastronômico de Minas Gerais é certamente um excelente espaço para desenvolver uma diversificada indústria criativa em torno da tradição gastro-nômica que o povo carrega há séculos. Esse ambiente deve ser aproveitado de forma que possa atrair diversos empre-endedores que queiram realizar investi-mentos no Estado. A gastronomia é um patrimônio cultural do Estado e faz com que sejam atraídas pessoas interessadas em explorar as diversas possiblidades de desenvolvimento oferecidas.

O INDI, como membro da Frente de Gas-tronomia Mineira, busca incentivar as indústrias criativas e, certamente, a gas-tronomia será um diferencial competitivo do Estado para que possa se diferenciar como um local que possa receber inves-timentos e buscar o desenvolvimento sustentável.

ConsidEraçõEs finais

A gastronomia mineira é muito impor-tante para que possa ser utilizada como diferencial competitivo de Minas Gerais. A tradição da comida mineira, juntamen-te com as excelentes bebidas, apresenta um grande potencial para gerar mais ri-queza e valor.

Interessante para Minas Gerais seria buscar uma ou mais cidades que pos-sam participar da rede de Cidades Criati-vas da UNESCO, no quesito gastronomia e outros da economia criativa. Isso seria importante para que elevasse a gastro-nomia mineira a um maior nível de re-

Page 72: Clique aqui para ler o artigo. - Una

72

reconhecimento internacional e aumento da cooperação com outras cidades para que possam trocar experiências e ideias. “Assim, é possível afirmar que a gastro-nomia se introduz na Cidade Criativa, não só por ser um recurso cultural, mas também por poder ser um recurso eco-nômico criativo através da reinvenção de tradições” (MARTINHO, 2012, p.71).

Poderiam ser indicadas cidades que já apresentam movimentos interessantes na gastronomia como Sabará, que tem festas de produtos típicos como jabuti-caba e ora-pro-nobis ou Tiradentes, que tem um festival anual. Também poderiam ser consideradas cidades especializadas em bebidas como a cachaça em Januá-ria ou Salinas. Essas e outras cidades po-deriam se juntar a outros municípios bra-sileiros da rede da UNESCO como Belém e Florianópolis, ou internacionais como Bergen (Noruega), Burgos (Espanha) ou Tucson (EUA).1

Identificar e auxiliar na potencialização da gastronomia mineira, além de outros setores econômicos, é o trabalho do INDI e de outras instituições que buscam o desenvolvimento econômico, social e ambiental de Minas Gerais, para que pos-sa se aproveitar do excelente ambiente gastronômico. Isso contribui para ge-rar valor, riqueza, bens comercializáveis, aumento do turismo e acima de tudo a elevação da matriz cultural mineira para que possa ser mais conhecida diante do Brasil e outras regiões do mundo. •

rEfErênCias bibliográfiCas

CARVALHO, Murilo. Cachaça, uma alegre história brasileira. São Paulo, Caninha 51, 1988.

FRIEIRO, Eduardo. Feijão, angu e couve. Ensaio sobre a comida dos mineiros; Centro de Estudos Mineiros, Belo Horizonte, Universidade Federal de Minas Gerais, 1966.

GARCIA, João Carlos Vitor; DOYLE, Fábio Proença (Orga-nização). INDI memória 1968-2010. Belo Horizonte, INDI, 2010.

MARTINHO, Ana Sofia Pacheco. A gastronomia como fer-ramenta para uma Cidade Criativa: Projeto de uma Cooking Factory. Lisboa, FAUTL, 2012.

PAULA, João Antônio de. Raízes da modernidade em Minas Gerais. Belo Horizonte, Autêntica, 2000.

ROCHA, Tião. O sabor de Minas Gerais. Revista Textos do Brasil n° 13: Sabores do Brasil, Brasília, Itamaraty, s.d. Dis-ponível em http://dc.itamaraty.gov.br/imagens-e-textos/revista-textos-do-brasil/portugues/revista13-mat12.pdf

1 A relação completa das cidades criativas da Unesco podem ser encontradas no seguinte endereço: http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/about-this-office/single-view/news/belem_salvador_and_santos_become_part_of_unesco_creative_cities_ne-twork/#.VnPrrrYrIdU

“O INDI, como membro da Frente de Gastronomia Mineira, busca incentivar as indústrias criativas e,

certamente, a gastronomia será um diferencial com-petitivo do Estado para

que possa se diferenciar como um local que possa receber investimentos e

buscar o desenvolvimento sustentável”

Page 73: Clique aqui para ler o artigo. - Una

73

PESQUISAS

Page 74: Clique aqui para ler o artigo. - Una

74

Pesquisa realizada trimestralmente, sen-do:1ª rodada: Analisou o 4º trimestre de 2014 em relação ao 3º trimestre do mes-mo ano. As respostas foram coletadas entre 15/02 e 15/03; 500 empresários, em todo o Brasil, participaram. (suges-tão: frases mais curtas são mais fáceis de serem interpretadas quando se passa muitos dados, principalmente envolven-do números. Substituição do “e” pelo “;”)

2ª rodada: Analisou o 1º trimestre de 2015 em relação ao 4º trimestre de 2014. As respostas foram coletadas na primei-ra quinzena de maio e 697 empresários, em todo o Brasil, participaram.

Faturamento:Enquanto no 4º trimestre de 2014, todas as regiões do Brasil (com exceção do Su-deste) apresentavam crescimento, o que encontramos no 1º trimestre de 2015 é uma queda generalizada. Importante ob-servar que a maior parte desta queda de-ve-se a uma sazonalidade histórica, na qual o primeiro trimestre do ano apresen-ta uma redução média de 6% em relação ao último trimestre do ano anterior.

No primeiro trimestre de 2015, a mé-dia nacional de faturamento teve uma redução de 8,39% em relação ao últi-mo trimestre de 2014. Considerando-se (Considerando) o fator da sazonalidade história, entende-se que a queda real foi na ordem de 2,39%.

RESUMO-ANÁLISE: PESQUISA DE CONJUNTURA ECONÔMICA DO SETOR DE ALIMENTAÇÃO FORA DO LAR

Page 75: Clique aqui para ler o artigo. - Una

75

Vale ressaltar que o comportamento do setor apresenta variações quando com-paramos diferentes regiões e estados. O Nordeste, por exemplo, apresenta um quadro de estabilidade em relação ao fa-turamento, enquanto o Sudeste aponta queda superior à média nacional, na casa dos 3%.

Quadro de pessoal:A estabilidade no quadro de pessoal ob-servada no último trimestre de 2014 deu lugar à redução deste no primeiro tri-mestre de 2015. A média nacional, com-parando os dois períodos, é de 4,5% de redução.

Ticket médioObservou-se que o ticket médio mante-ve uma tendência de estabilidade. Ape-sar de uma leve alta ter sido registrada no último trimestre de 2014, houve redu-ção proporcional no 1º trimestre de 2015. Cerca de 60% dos respondentes declara-ram ter mantido seu ticket médio estável nos primeiros três meses do ano.

RentabilidadeNo primeiro trimestre deste ano, sete em cada 10 empresas declararam ter renta-bilidade entre 0% a 10% - dentre essas, metade aponta rentabilidade inferior à 5%. Esses dados contradizem uma ren-tabilidade média histórica de 10%, verifi-cada em períodos de economia mais fa-vorável.

Investimentos Diferente do que se poderia esperar, o se-tor de alimentação fora do lar permanece investindo. Nos períodos avaliados (últi-mo trimestre de 2014 e primeiro trimes-tre de 2015), quatro em cada 10 empre-sários declararam realizar investimentos nos negócios, em ordem superior a 15% do faturamento.

Segurança nos estabelecimentosTrês em cada dez bares ou restaurantes declarou ter sido assaltado pelo menos uma vez nos últimos três anos. E a cada 20 estabelecimentos, um declarou ter sido assaltado mais de três vezes neste mesmo período.

PrEvisõEs anuais Quadro de Pessoal O pessimismo em relação ao quadro de pessoal foi uma característica comum dos dois períodos analisados. Mas é pos-sível observar que esse sentimento vem perdendo força neste primeiro trimestre, pois houve redução da expectativa de corte no quadro de pessoal. Possivel-mente este empresário esteja levando em consideração que o custo de manu-tenção de uma mão de obra qualificada é menor do que a dispensa de funcionários e sua recontratação quando necessário.

Ambiente de Negócios e visão do pró-prio negócioA previsão do ambiente de negócios so-freu uma leve melhora ao se comparar o 4º trimestre de 2014 e o 1º trimestre de 2015: 31% dos empresários entrevista-dos na 2ª rodada da pesquisa responde-ram acreditar na estabilidade dos negó-cios este ano em relação à 2014, contra 23% dos que participaram na 1ª rodada. Como consequência desta melhora de humor, embora ainda pessimistas, os empresários do setor reduziram as suas previsões de queda no faturamento, de 8,4% para 6,38%.

Vale destacar que a visão destes mes-mos empresários sobre o próprio negó-cio é bem mais otimista, com queda esti-mada em apenas 1%, o que pode indicar que o mal humor apurado em relação ao macro cenário possa mais uma influên-cia do ambiente externo do que da reali-dade vivenciada do próprio negócio.

Page 76: Clique aqui para ler o artigo. - Una

76

FATURAMENTO

Como foi o seu faturamento no 4º trimestre/14 (outubro a dezembro) em relação ao 3º trimestre/14 (julho a setembro)?

Como foi o seu faturamento no 1º trimestre/15 (janeiro a março) em relação ao 4º trimestre/14 (outubro a dezembro)?

A média nacional teve um crescimento de 3,33%

A média nacional teve uma redução de 8,39%

PESQUISA DE CONJUNTURA ECONÔMICA DO SETOR DE ALIMENTAÇÃO FORA DO LAR: PARCERIA ABRASEL E FISPAL

Page 77: Clique aqui para ler o artigo. - Una

77

FATURAMENTO POR REGIÃOComo foi o seu faturamento no 4º trimestre/14 (outubro a dezembro) em

relação ao 3º trimestre/14 (julho a setembro)?

A média nacional teve um crescimento de 3,33%

Como foi o seu faturamento no 1º trimestre/15 (janeiro a março) em rela-ção ao 4º trimestre/14 (outubro a dezembro)?

A média nacional teve uma redução de 8,39%

Page 78: Clique aqui para ler o artigo. - Una

78

QUADRO DE PESSOAL

O seu quadro de pessoal no 4º trimestre/14 (outubro a dezembro) em rela-ção ao 3º trimestre/14 (julho a setembro)?

O seu quadro de pessoal no 1º trimestre/15 (janeiro a março) em relação ao 4º trimestre/14 (outubro a dezembro):

A média nacional teve uma redução de 0,05%.

A média nacional teve uma redução de 4,50%.

Page 79: Clique aqui para ler o artigo. - Una

79

O valor do seu ticket médio por cliente no 4º trimestre/14 (outubro a dezem-bro) em relação ao 3º trimestre/14 (julho a setembro):

O valor do seu ticket médio por cliente no 1º trimestre/15 (janeiro a março) em relação ao 4º trimestre/14 (outubro a dezembro):

A média nacional cresceu 1,04%.

A média nacional reduziu 0,82%.

TICKET MÉDIO

Page 80: Clique aqui para ler o artigo. - Una

80

RENTABILIDADE

Qual foi a sua rentabilidade no 1º trimestre/15 (janeiro a março)?

Page 81: Clique aqui para ler o artigo. - Una

81

Sua empresa realizou investimentos no 4º trimestre/14 (outubro a dezembro)?

Sua empresa realizou investimentos no 1º trimestre/15 (janeiro a março)?

A média nacional de todos que realizaram investimento em relação ao faturamento foi de 18,19%.

A média nacional de todos que realizaram investimento em relação ao faturamento foi de 15,19%

INVESTIMENTO

Page 82: Clique aqui para ler o artigo. - Una

82

Quantas reclamações trabalhistas você teve nos últimos 12 meses? E qual o valor médio pago ao reclamante?

4o trimestre/14

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

5o trimestre/15

Page 83: Clique aqui para ler o artigo. - Una

83

Sua empresa foi assaltada nos últimos três anos? Quantas vezes?

4o trimestre/14

SEGURANÇA NOS ESTABELECIMENTOS

5o trimestre/15

Page 84: Clique aqui para ler o artigo. - Una

84

Qual é a sua previsão de quadro de pessoal comparando 2015 com 2014?

A média nacional tem previsão de redução de 4,35%

A média nacional tem previsão de redução de 2,15%

4º trimestre/14

1º trimestre/15

PREVISÃO - QUADRO DE PESSOAL

Page 85: Clique aqui para ler o artigo. - Una

85

Na sua opinião, o ambiente de negócios do setor em 2015 em comparação a 2014 será:

A média nacional prevê uma piora de 8,40%

A média nacional prevê uma piora de 6,38%

4º trimestre/14

1º trimestre/15

PREVISÃO - AMBIENTE DE NEGÓCIOS

Page 86: Clique aqui para ler o artigo. - Una

86

Sua previsão de faturamento nominal (em reais) comparando 2015 com 2014 é de:

A média nacional tem previsão de crescimento de 0,14%

A média nacional tem previsão de redução de 1,23%

4º trimestre/14

1º trimestre/15

PREVISÃO - FATURAMENTO NOMINAL

Page 87: Clique aqui para ler o artigo. - Una

87

CaraCtErização do sEtor dE ali-mEntação fora do lar

O setor de alimentação fora do lar - AFL, ou Food Service configura-se como o maior canal de distribuição de alimentos ao consumidor final, através do qual os estabelecimentos distribuem os produtos ou preparam as refeições para o consumo fora do lar. Segundo a ABIA (2011), o setor de alimentação fora do lar é bastante am-plo: abrange sub-canais de distribuição, que podem ser divididos em dois grupos.

O primeiro grupo contempla toda a rede de serviços públicos que engloba os canais governamentais como postos de saúde, hospitais, presídios e merenda escolar. Estes se caracterizam-se por não perse-guir lucro com a atividade de distribuição ou preparação dos alimentos.

O segundo grupo compreende a rede de serviços privados, que também podem ser classificadas em dois sub-grupos.

O primeiro sub-grupo contempla as insti-tuições privadas que auferem lucro com a distribuição ou preparação dos alimentos, nos quais estão lanchonetes, bares, res-taurantes comerciais, as cadeias de fast food, delivery, rotisserias, restaurantes de hotéis, restaurantes de empresas ou refei-ções coletivas, padarias, confeitarias, sor-veterias e chocolaterias.

O outro sub-grupo de serviços privados engloba as instituições que oferecem o serviço de alimentação como parte de um serviço mais amplo, como por exemplo os postos de saúde e hospitais; e catering aéreo e de transportes.

númEros do sEtor dE alimEntação fora do lar no brasil

• Cerca de 1.000.000 de negócios • 26% do dollar food1

• 2,7% do PIB brasileiro1

• 6.000.000 de empregos¹• Corresponde a quase 35% do PIB do Tu-rismo1

• Emprega 53% da mão-de-obra do setor de turismo2

• Um dos maiores empregadores do país, com cerca de 6 milhões de empregos

Estes números podem ser explicados pelo fato desta atividade ter como principal ca-racterística a dispersão geográfica, pois tende a acompanhar o crescimento e a distribuição espacial da população.

• Principal atividade geradora de ascen-ção sócio-econômica1

• Setor com alto potencial de geração de renda e emprego a baixo custo• Recolhimento de impostos diretos e in-diretos superior à participação relativa no PIB

1 ABIA - Associação Brasileira das Indús-trias de Alimentação2 Pesquisa Nacional por Amostra de Do-micílios – PNAD 2000

A Pesquisa de Orçamentos Familiares - POF do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE analisa a composição dos gastos e do consumo das famílias brasileiras. Entre maio de 2008 e maio de 2009, segundo as classes de rendimento, aferiu que a família brasileira gasta, em média, R$2.134,77 por mês, valor ligeira-mente inferior ao seu rendimento médio mensal, que é de R$2.641,63.

Das despesas de consumo da família bra-sileira, a alimentação representa o segun-do item de maior importância, com 19,8% dos gastos totais, superada apenas pelo

Page 88: Clique aqui para ler o artigo. - Una

88

item habitação, com 35,9%. Uma análise mais detalhada das despesas com alimen-tação revela que no período da pesquisa anteriormente citada, dos R$421,72 desti-nados pelas famílias, em média, para este item, R$290,39 são gastos com alimenta-ção no domicílio (68,9%) e R$131,33, com alimentação fora do domicílio (31,1%).

Analisando as Pesquisa de Orçamentos Familiares anteriores pode-se acompa-nhar a evolução dos gastos da família bra-sileira com alimentação fora do lar : 2003: 24%; 2005: 25%; 2006: 26%; 2009: 31,1%.

númEros do sEtor dE alimEntação fora do lar Em minas gErais

• 105.598 empresas. • Mais de 630.000 empregos diretos. • Movimentação financeira em torno de 22 bilhões de reais a cada ano. ²

númEros do sEtor dE alimEntação fora do lar Em bElo horizontE

• 18.613 empresas.¹• Mais de 112.000 empregos diretos. ²• Movimentação financeira em torno de 4,5 bilhões a cada ano. ²

Mais informações:

www.abrasel.com.brwww.abraselmg.com.br

Page 89: Clique aqui para ler o artigo. - Una

89

CONSUMO CONSCIENTE E SOBERANIA ALIMENTAR: UM DIREITO, UMA CONQUISTA

Rosilene de Lima Campolina – Centro Universitário UNAMestre em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local pelo Centro Universitário UNA e professora dessa

Instituição.

ResumoOs alimentos produzem os recursos bioló-gicos necessários à manutenção da vida, sendo a alimentação considerada um di-reito humano. Na atualidade, a produção de alimentos tem sido motivo de várias discussões, pois de um lado encontram-se grandes corporações produzindo a agricul-tura das monoculturas e do outro, os pe-quenos produtores rurais, com produtos de subsistência. A agricultura de monocultura provoca o desequilíbrio da natureza e a re-dução da biodiversidade. Somados a isso, estão disponíveis no mercado produtos in natura que concentram alto grau de agro-tóxicos e transgênicos. Neste caso, obser-

observa-se também as grandes empresas na comercialização dos produtos, sen-do estas responsáveis pelas relações que permeiam a produção, o processamen-to, a distribuição e o consumo final dos alimentos. Em contrapartida, percebe-se a iniciativa de pequenos produtores, que produzem alimentos com uma perspecti-va de rotatividade de culturas e o manejo adequado do solo de forma a se garantir o equilíbrio ambiental e um produto com índices de agrotóxicos reduzidos. Em adi-ção, nota-se que a população ingere mais produtos industrializados e processados, sendo que frutas e hortaliças são, muitas vezes, desconsideradas no cardápio di-ário. Os hábitos alimentares tradicionais têm cedido espaço para um novo paradig-ma alimentício, o da alimentação fácil e rá-pida. Este artigo, através de uma pesquisa bibliográfica, se dedica ao estudo da sobe-rania alimentar, enquanto direito humano para a manutenção da vida. Procura-se ampliar o conceito de soberania alimentar aliado ao consumo consciente e à gastro-nomia sustentável de forma que possam emergir práticas inovadoras e saudáveis para a manutenção da qualidade de vida e para o equilíbrio alimentar da população. Em complementação, conscientiza-se a sociedade sobre a importância da preser-vação ambiental e do desenvolvimento lo-cal das comunidades.

IntroduçãoDe acordo com a OMS, Organização Mun-dial de Saúde (2012), o Brasil apresenta redução da desnutrição em função da me-lhoria dos indicativos de pobreza. Mas, em oposição, os índices de sobrepeso, obesi-dade, doenças cardiovasculares, diabetes e outras têm aumentado nos dias atuais. Isso ocorre em função da mudança dos hábitos alimentares. Neste sentido, vis-lumbra-se que a população brasileira tem feito escolhas nutricionais erradas para a consolidação de hábitos salutares.

Page 90: Clique aqui para ler o artigo. - Una

90

Diante desta crise do sistema alimentar, é primordial garantir e promover a so-berania e a segurança alimentar de toda população. O caminho para se estudar e melhorar esta crise é investir no diálogo entre os vários setores produtivos, sejam grandes empresas do agronegócio, pro-dutores rurais, conselhos de políticas pú-blicas, população rural e agroextrativista e outros.

A proposta é conscientizar a sociedade para o exercício e para a garantia da so-berania alimentar. Em adição, promove--se o desenvolvimento local e a preser-vação ambiental por meio de processos produtivos sustentáveis que respeitem os ciclos biológicos em consonância com a preservação da biodiversidade e da quali-dade de vida.

Soberania Alimentar O sistema agrícola de produção segue a tendência de um setor orientado para a exportação, com monoculturas que con-tribuem para o aumento da renda do país para a compra de bens estrangeiros. Mas este tipo de agricultura industrial causa uma variedade de problemas econômi-cos, ambientais, sociais, e outros. Desta-cam-se, também, os impactos negativos na saúde da população e na qualidade dos alimentos. No lado financeiro, perce-be-se o endividamento de pequenos agri-cultores.

A pressão industrial da agricultura é pen-sada em favor da globalização e das prá-ticas neoliberais, estimulando a produção de transgênicos, de agrocombustíveis que modificam o processo produtivo agrícola, causando a destruição dos ecossistemas e provocando riscos no sistema de pro-dução de alimentos.

No que ser refere aos impactos ambien-tais, são notórios os aumentos das mu-danças climáticas, que incluem inun-

dações de áreas de baixo relevo, secas severas em regiões semiáridas, calor ex-cessivo, a utilização sistemática de agro-tóxicos e outros que comprometem a produtividade agrícola. Em contraposição a este processo de industrialização da agricultura emerge o conceito de sobera-nia alimentar e da agroecologia. Por meio de iniciativas que aplicam a ciência agro-ecológica alicerçada em conhecimentos indígenas e tradicionais, milhares de pes-soas estão demonstrando que é possível melhorar a segurança alimentar conser-vando os recursos ambientais e manten-do-se a biodiversidade.

A agroecologia baseia-se na aplicação de conceitos e princípios ecológicos ao manejo dos ecossistemas sustentáveis. Procura-se garantir e melhorar a quali-dade produtiva do solo, com o objetivo de se produzir plantas sadias, que debilitem as pragas e insetos sem a utilização de agrotóxicos. Muller (2010) argumenta:

Durante séculos as agriculturas dos paí-ses em via de desenvolvimento construí-ram-se sobre os recursos locais de terra, água e outros recursos, bem como sobre as variedades locais e o conhecimento indígena, que nutriram biológica e geneti-camente as diversas explorações campo-nesas com uma solidez e uma resistência incorporada que lhes ajudou a se adaptar a climas que mudam rapidamente, bem como a pragas e doenças. (MULLER, p. 56, 2010)

De acordo com o autor, a criatividade dos agricultores tradicionais oferece para a agricultura modelos que promovem a biodiversidade e prosperam sem pro-dutos químicos, garantindo a produção do solo durante todo o ano. Trata-se de manejar o solo e a produtividade em di-versas formas nos campos elevados, nos terraços, na policultura e outras técnicas de plantio para se garantir a biodiversida-

Page 91: Clique aqui para ler o artigo. - Una

91

de, as práticas agrícolas sustentáveis e o desenvolvimento local das comunidades. De acordo com Altieri (2010) a produtivi-dade e a sustentabilidade das paisagens rurais podem ser otimizadas com mé-todos e com a ciência agroecológica, de maneira que se forme a base da sobera-nia alimentar. A soberania alimentar, neste contexto, é compreendida como o direito de cada região se manter e desenvolver sua capacidade produtiva alimentícia. A soberania alimentar defende o acesso dos agricultores à terra, às sementes, à água, com o foco na autonomia produtiva visando o desenvolvimento local. A partir desta prática, os camponeses, os indíge-nas e a população rural permaneceriam como guardiães da diversidade biológica e genética planetária.

De acordo com Silva (2009), a partir da década de 1990 difundiu-se o conceito de segurança alimentar. Esse conceito foi constituído com o intuito de garantir que todas as pessoas tivessem o direito assegurado à alimentação. Assim sendo, caberia aos governos a implementação de políticas públicas que garantissem o acesso das pessoas aos alimentos, pelo menos àqueles necessários à sobrevi-vência.

Em 1996, a Via Campesina2, no contexto da Cúpula Mundial sobre a Alimentação (CMA) realizada em Roma pela FAO, in-sere um novo debate sobre a soberania alimentar. As organizações camponesas e em especial as delegadas mulheres que defendiam a ampliação do conceito de soberania alimentar. Elas argumentam que o alimento não pode ser considera-do uma mercadoria, mas, sim, um direito humano. A produção e a distribuição dos

dos alimentos são uma questão de so-brevivência popular e nacional. Portanto, a soberania alimentar significa ter acesso aos alimentos e também o direito das po-pulações de produzi-los. Confirma-se a ideia de que a produção alimentícia é que garante a sobrevivência dos povos.

De acordo com Altieri (2010), o concei-to de soberania alimentar significa que cada comunidade, cada município, cada região, cada povo tem o direito e o dever de produzir seus próprios alimentos. Por mais dificuldades naturais que houver, em qualquer parte do nosso planeta, as pessoas podem sobreviver e se reprodu-zir dignamente.

Dessa forma, a produção e distribuição de alimentos fazem parte da soberania de um povo. Esse conceito de soberania alimentar se contrapõe à política da agri-cultura industrial e das empresas trans-nacionais. Os governos devem adotar medidas protecionistas para a agricultura familiar, preservando a economia e o de-senvolvimento local na medida em que mantém a qualidade produtiva do solo.

A soberania alimentar aponta uma con-cepção fundamental para fortalecer a visão de mundo favorável a uma demo-cratização econômica, social, ética dos setores produtivos da agricultura. Na Conferência Mundial de Soberania Ali-mentar, realizada em Mali (2007), a partir da Declaração de Nyéléni definiu-se que a soberania alimentar é o direito dos po-vos a alimentos nutritivos e culturalmente adequados, acessíveis, produzidos de for-ma sustentável e ecológica, e seu direito de decidir seu próprio sistema alimentar e produtivo.

2 A Via Campesina é um movimento social internacional de camponeses e camponesas, pequenos e médios produtores, mulhe-res e jovens do campo, indígenas, camponeses sem terra, e trabalhadores agrícolas. É representativo, legítimo e com identidade que vincula as lutas sociais dos cinco continentes. O movimento da Via Campesina foi fundado em 1992, e caracteriza-se como uma organização que defende a soberania alimentar.

Page 92: Clique aqui para ler o artigo. - Una

92

De acordo com essa declaração, a so-berania alimentar dá prioridade para as economias locais e aos mercados locais e nacionais, e legitima o poder dos cam-poneses como praticantes da agricultu-ra familiar, da pesca artesanal e do pas-toreio tradicional. A declaração legitima a produção alimentar, a distribuição e o consumo sobre a base da sustentabilida-de ambiental, social e econômica como ponto de partida do processo produtivo.

A partir da Via Campesina, percebe-se que o direito de decidir o que produzir e como plantar, como organizar a distribui-ção e consumo de alimentos foi materiali-zado. No caso brasileiro, diversos fatores impedem a concretização da soberania alimentar. Dentre estes, destaca-se o modelo de produção tecnológico com a prática da agro industrialização. De acor-do com a Declaração de Brasília (2013):

A fome e a pobreza não são produtos da casualidade, senão de um modelo que viola o direito à vida digna das pessoas e dos povos, acrescentando a subordi-nação da mulher, explorando seu traba-lho e inviabilizando sua contribuição so-cial, econômica e cultural. (BRASÍLIA, p.8, 2013)

Nota-se que a liberalização econômica, como uma estratégia para em que in-dustrializa a agricultura e retira o peque-no produtor do campo produtivo. Com as monoculturas, os ecossistemas são afe-tados, causando impactos ambientais ir-reversíveis e o aumento da pobreza e da falta de recursos no campo.

Para a promoção da soberania alimen-tar no território brasileiro é fundamental a implementação de políticas estruturan-tes no meio rural e no sistema produtivo agrícola do País. De acordo com Muller (2010), é primordial a execução de uma reforma que democratize a posse e o uso

da terra. Outra questão é a implantação dos princípios da agroecologia no siste-ma produtivo, de forma que se mantenha a produtividade local e regional em níveis que garantam a oferta de produtos para a população.

Do ponto de vista social, devem ser esta-belecidos fóruns e debates públicos so-bre a soberania alimentar, garantindo a ampla participação de todos os setores produtivos na construção de uma gestão dos processos produtivos de alimentos que possua a identidade nacional e aten-da as demandas populacionais, contri-buindo para o pleno desenvolvimento do País. Somados à estas ações, a socie-dade deve adotar práticas de consumo consciente de forma que se mantenha a capacidade produtiva e garanta-se a bio-diversidade em todas as regiões.

Consumo conscienteDados da Organização Mundial de Saúde (2012) apontam que a população aumen-tou as taxas de sobrepeso. Isso significa que existe um número crescente de pes-soas que tem acesso aos alimentos e que são estimuladas ao consumo excessivo. O resultado é o aumento da obesidade e doenças a ela associadas, como infarto, derrame, hipertensão e alguns tipos de câncer. Em contrapartida, existem milha-res de pessoas que não têm acesso aos alimentos necessários à sobrevivência.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (2012), todos os países têm con-dições climáticas e físicas para produzir alimento suficiente para as suas popula-ções, de maneira sustentável, sem agre-dir o planeta.

A produção de alimentos vem geran-do grandes impactos ao meio ambiente, principalmente pelo uso de insumos agrí-colas altamente poluentes, pela devas-tação de grandes áreas naturais para o

Page 93: Clique aqui para ler o artigo. - Una

93

plantio e pela extração desordenada de recursos já escassos e que podem che-gar à extinção, ações que não levam em conta a sustentabilidade do planeta.

De acordo com Silva (2009), adotar novas posturas é primordial, pois as pequenas atitudes podem gerar as grandes mudan-ças. Desta forma, evitar o desperdício de produtos dentro de casa, no trabalho e também em locais públicos já é um bom começo. Com isso, haverá mais alimentos à disposição no mercado e os preços so-frerão redução e se tornarão mais aces-síveis à população. Além disso, o acesso aos alimentos permitirá uma perspectiva mais digna de sobrevivência para toda a população.

De acordo com Petrini (2009) é fundamen-tal adotar algumas atitudes como fazer uma lista prévia de compras baseada em produtos sazonais e da época de acordo com a produtividade local. É importante verificar os rótulos e validade dos produ-tos, como uma forma de se informar so-bre os valores nutricionais e condições de armazenamento destes. Outra prática é selecionar pratos mais nutritivos utilizan-do o que está disponível no mercado.

De acordo com Capra (2006), uma pes-soa ecologicamente alfabetizada é capaz de identificar os ecossistemas e a biodi-versidade planetária, reconhecendo os fatores que interferem e contribuem tanto para a manutenção quanto para a extin-ção da vida no sistema terrestre. Destes fatores pode-se citar: as taxas e as ten-dências do crescimento populacional, a extinção das espécies, a perda do solo cultivável, o desmatamento, a desertifi-cação, a poluição hídrica, a exaustão dos recursos, etc. Além disso, o autor explicita que a alfabetização ecológica pressupõe numa compreensão de qual o lugar que o ser humano ocupa na história evolutiva da vida, e na compreensão de que a saú-

de e o bem-estar da humanidade depen-dem da convivência com a natureza.

De acordo com Freire (1989), a educa-ção sozinha não transforma a sociedade, e sem ela tampouco a sociedade muda. Com isso, a formação do sujeito ecoal-fabetizado exige a participação de vários setores sociais, elaborando e construin-do estratégias que viabilizem o desen-volvimento desta nova sociedade. Neste aspecto, destaca-se a práxis educativa como fator primordial para a implemen-tação de ideias que considerem a realida-de local respaldadas nos ideários de uma sociedade mais solidária e participativa.

Considerações finaisA prática da soberania alimentar exige a participação de vários setores, sejam es-tes produtivos, políticos, econômicos e outros. A soberania alimentar defende o direito de todos à alimentação, mas tam-bém a capacidade de produção do ali-mento respeitando-se a biodiversidade planetária, o equilíbrio ambiental e as tra-dições culturais das comunidades.

Enfim, o desafio máximo é incrementar o investimento na agroecologia e difundir os projetos que já demonstraram ser bem sucedidos para milhares de agricultores. Isto gerará um impacto significativo nos rendimentos, na segurança alimentar e no bem-estar ambiental de toda a popu-lação. Somados a isso, faz-se necessária a formação da população para a adoção de práticas conscientes de consumo e para uma alimentação de qualidade e re-dução do desperdício de alimentos.

Page 94: Clique aqui para ler o artigo. - Una

94

Referências bibliográficas

ALTIERI, Miguel. Agroecologia, agricultura camponesa e soberania alimentar. REVISTA NERA, ANO 13, Nº. 16, JANEI-RO/JUNHO DE 2010.

CAPRA F. et al. Alfabetização ecológica: a educação das crianças para um mundo sustentável. São Paulo: Cultrix; 2006.

Declaração da Conferencia Especial para la Soberanía Alimentaria, por los Derechos y por la Vida. Brasília, 10 y 13 de abril de 2008. Apoyo del Comité Internacional para la Soberanía Alimentaria – CIP (Coordinación Regional Amé-rica Latina y el Caribe). Conferência que antecedió a la 30ª Conferencia Regional de la FAO.

Declaração de NYÉLÉNI. Foro Mundial por la soberania Ali-mentaria. Nyéléni, Selingue, Malí. 28 de febrero de 2007.

Extraído de Brasil. Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (2013). Fome Zero: Uma história Brasileira. Brasília, DF, Assessoria Fome Zero, 3 vol., vol. 3 p. 144 a 156.

FAO. Food Agriculture Organization. https://www.fao.org.br/publicacoes.asp Acesso em: 10 de nov de 2013.

FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 19 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989.

MULLER, Fernanda. Maior parte da expansão agrícola ocorreu às custas das florestas tropicais, in CarbonoBrasil, Mercado Ético, 03 de setembro de 2010.

PETRINI, Carlo. Slow Food: princípios da nova gastronomia. Trad. de Renata Lúcia Botina. São Paulo: Editora Senac, 2009.

SILVA, José G. No fundo do poço da crise tem mais fome. São Paulo, Valor Econômico, 16 de julho 2009.

Page 95: Clique aqui para ler o artigo. - Una

95

NETTO, Marcos Mergarejo Doutor em Geografia / UNESP/Rio Claro/SP

[email protected]

introduçãoNo vale do rio Sabará, na lendária Ser-ra de Sabarabuçu, atual Serra da Pieda-de, encontra-se o povoado de Pompéu, onde se realiza anualmente o festival de ora-pro-nóbis. No distrito de Mestre Ca-etano, município de Sabará/MG, em meio à paisagem montanhosa recortada por seus vales, de onde delineia-se um visu-al encantador, e enigmático. A montanha vista do fundo do vale sempre deixará a imagem do desconhecido, do que há por detrás daquele ou do outro recorte, trans-bordante do rio, da serra e das lendas que remontam ao período colonial.

Assim, é a relação entre o imaginário da paisagem montanhosa e a culinária mi-neira, marcante e reconfortante, aliando à resistência local, a oportunidade, o afeto ao lugar e à tradição, marcados pela re-ligiosidade, como um patrimônio imate-rial e cultural. Desta forma, a Geografia do Sabor, por meios de valores culturais e mesmo econômicos pode apontar para formas concretas de sustentabilidade das

comunidades por ela envolvidas. Numa terra onde sempre se reverenciou o sagra-do, o ora-pro-nóbis com nome relativo ao religioso acabou por sagrar-se como um ícone da cultura local.

Segundo Gratão (2012, p. 36) “o sabor é essência impregnada de todas estas di-mensões que envolvem a paisagem. Me-mória que brota da Terra manifesta do e no imaginário. Paisagem que resguarda a memória; se guarda expressa e revela.” Assim, partiu do conhecimento, da experi-ência e da intuição de Dona Maria Torres o que atualmente acontece em Pompéu, no festival gastronômico. Gratão (2012, p. 36) salienta que “a paisagem é ela, uma extensão, uma relação entre o lugar e o homem que nela habita – que está nela.”

Numa história singular, a receita de Dona Maria foi completada com marrecos, pos-teriormente com frangos e costelinha de porco, sabiamente combinados ao ora--pro-nóbis, gerando uma receita marcan-te e por certo mais uma a contribuir para a formidável culinária mineira. Esse sa-ber vem da habitação na paisagem, com a qual interage e compõe sua lembrança, seus sentidos e significados, sua “essên-cia geográfica”, no dizer de Gratão (2012), encontrando também sua fonte de exis-tência.

No universo de dona Maria Torres, a pai-sagem familiar, a casa, o quintal, a cozi-nha, as verduras, tudo isso envolvido pela montanha que decora o horizonte. No restaurante contiguo à casa, o aroma que percorre o ambiente e seduz o visitante, em meio ao tilintar dos copos e pratos, o bater dos metais, o vaivém das panelas desperta e liberta o prazer de comer. As cores dos alimentos tornam o mosaico alimentar, ainda mais apetitoso, provo-cando alegria e satisfação. Oliveira (2012, p. 28) afirma que: “a experiência gustativa envolve, além do sabor, o cheiro, o som e a cor.” Com isso a autora salienta que se evoca a memória, o imaginário e a identi-dade; a essência da vida.

Beber e comer: alimentar-se! Segundo Claval (2007, p. 255): “não há terreno de

GASTRONOMIA NA SERRA DE SABARABUÇU: O ORA-PRO-NOBIS

Page 96: Clique aqui para ler o artigo. - Una

96

análise mais fascinante para os geó-grafos.” Para Claval o relacionamento ecológico do homem com seu ambien-te, exprime-se diretamente no consumo alimentar, com os grãos, os legumes, as frutas, a carne e os laticínios das terras cultivadas ou das pastagens, ou fruto de colheitas; a pesca ou a caça, resultando na apropriação efetuada na fauna e/ou da flora natural.

a sErra dE sabarabuçuA serra resplandecente que os indígenas em sua língua chamavam Itaberabuçú, ou Taberabuçú, mais comumente Saba-rabuçú passará a ser, por todo o século XVIII, o alvo das mais arrojadas expedi-ções sertanistas. Com o nome atual de Serra da Piedade, a mesma Sabarabuçu está indiscutivelmente ligada às lendas das minas de prata e ouro, que desde o final do século XVI incentivaram os aven-tureiros mais arrojados.

A planície não foi tão vasta, a montanha não foi tão alta, mas o homem superou seus planos e sua escala e, ainda que ta-refa extenuante, o homem venceu a mon-tanha. Pelo fato de localizar-se na região onde teve início o povoamento de Minas Gerais e, estar na mais importante região produtora de ouro, a Serra da Piedade, a Sabarabuçu tornou-se um importante marco para todos que por ali passavam desde o século XVII. É um marco geográ-fico e histórico para Minas Gerais e Brasil, onde, atualmente, o aspecto dominante é o religioso, através do santuário de Nossa Senhora da Piedade, padroeira do Estado de Minas Gerais, tombado pelo IPHAN em 1956.

o ora-Pro-nóbisO nome ora-pro-nóbis, do latim ora pro nobis, resposta de uma ladainha religio-sa, significando “rogai por nós”. A planta apresenta-se na forma arbustiva ou tre-padeira, intensamente armado de acúle-os (espinhos), e pertencente à família das cactáceas (Peireskia aculeata), que se ca-racteriza pela presença de nítidas folhas suculentas. Com flores de cor rosada ou branca, os frutos são pequenas bagas amarelas e insípidas. O ora-pro-nóbis é

muito utilizado como cerca viva, por cau-sa dos espinhos, e pouco explorada co-mercialmente, embora se reproduza na maioria dos solos.

Segundo Fonseca (2011), o que se conta é que o ora-pro-nóbis há muito era con-sumido pelos moradores. Como ele nas-cia principalmente por sobre os muros da igreja, era “furtado” enquanto o padre rezava a ladainha do “ora-pro-nóbis” (ro-gai por nós) e dele não podia tomar conta, apesar de proibir sua colheita. Daí, a plan-ta ficou conhecida como a hora do “ora--pro-nóbis”. Depois de colhida, seria pre-parada para o almoço. O autor afirma que ora pro nobis é uma frase em latim nem sempre facilmente assimilada. Por isso, pode ser comum encontrar derivações dela, sendo por vezes chamada lobrobó ou orabrobó.

O ora-pro-nóbis é protéico e muito utiliza-do na medicina popular, mas é na culinária que a verdura pontifica. O frango caipira com ora-pro-nóbis é prato tradicional da culinária mineira, servido cotidianamente nas cidades históricas do Estado, como Diamantina, Tiradentes, São João Del-rei e Sabará, onde anualmente há um festi-val da hortaliça, dando valor novo ao ora--pro-nóbis e um sabor de novidade, não olvidando que o aproveitamento do lugar, por meio das atividades de coleta exige um saber fazer, um conhecimento, uma cultura.

O FESTIVAL GASTRONÔMICO DE ORA--PRO-NÓBIS DE POMPÉU, SABARÁ/MG

A história do festival do ora-pro-nóbis é, no mínimo, curiosa. Dona Maria Torres, moradora de Pompéu e conhecida por seus dotes culinários, um belo dia recebe uma visita inusitada, que alterou os des-tinos daquela família e do povoado. O sa-ber culinário de Dona Maria, sem dúvida, é fruto de sua memória e experiência, pela qual construiu sua existência, ao lado de sua família. Para Tuan (1983, p. 9): “expe-

Page 97: Clique aqui para ler o artigo. - Una

97

riência é um termo que abrange as dife-rentes maneiras através das quais uma pessoa conhece e constrói a realidade.” O autor salienta que essas maneiras são variadas e alcançam os sentidos de forma direta ou indireta, apontando para o olfato, o paladar e o tato, sem dúvida inerente à culinária. A grande escola de Dona Maria Torres foi sua vida de trabalho para cui-dar da família e Tuan (1983, p. 10) ensina que: “a experiência implica a capacidade de aprender a partir da própria vivência.” Silas Fonseca, filho de Dona Maria, relata com riqueza de detalhes toda essa histó-ria em um livro de sua autoria.

Segundo Fonseca (2011, p. 77), veio bater à porta de Dona Maria Torres um cidadão argentino de nome Hernandez, acom-panhado de sua família, solicitando que Dona Maria lhes preparasse um almoço. O que foi feito e, com o que se regalaram, incluindo a sobremesa com o tradicional queijo e um bom doce caseiro. Passaram a frequentar a casa de Dona Maria, cada vez mais amiude e sempre traziam algum “agrado”. Coisas, a título de participação nas despesas do almoço e da estadia. Certo dia, Hernandez propôs à Dona Ma-ria que criassem marrecos no sítio, que seriam consumidos ao longo do tempo, quando frequentassem o sítio. Hernandez acrescentou que bancaria a alimentação dos marrecos e, assim, seria sua contri-buição ao almoço dominical. Meio relu-tante, Dona Maria aceitou a proposta e, na semana seguinte, uma camionete abarro-tada de caixas de papelão com cerca de 1.500 marrequinhos foi descarregada no sítio. Foi um desespero só, mas a anima-ção de Hernandez era estupenda, compa-recendo toda semana com ração e medi-camentos para os marrecos. Entretanto, passado algum tempo, Hernandez não apareceu mais e permaneceu sumido, até que foi encontrado em precária situação financeira. Bateu o desespero!

A ração, quando tinha, era pouca e os marrecos reclamavam o dia inteiro e ema-greciam. Outras formas de alimentá-los foram experimentadas e passaram a va-ler moeda de troca, até para passagem de ônibus. Cada comadre que visitasse Dona Maria não saia sem um casal de marrecos em cada mão. Assim, foram reduzidos à metade.

Então, nas palavras de Fonseca (2011), a Providência Divina quis que dona Maria fosse convidada a instalar uma barraca de tira-gosto, na praça de Sabará, durante o 1º Festival da Cachaça de Sabará, em 1986. Inicialmente, desorientada sobre o que fazer, quase desistiu do convite, quan-do se lembrou dos marrecos e do ora-pro--nóbis em grande fartura que havia em seu sítio, então concluiu: “Ora-pro-nóbis com marreco!” Então, mãos à obra!

Segundo Claval (2007, p. 275), o ato de co-zinhar é submeter um ou vários gêneros alimentares a transformações químicas. Misturar esses ingredientes depende da habilidade e experiência de quem conduz essas modificações, em geral induzidas pelo calor, pela fumaça e pelo frio, ou seja, no conhecimento necessário para proce-der às misturas e vigiar o cozimento.

Para Fournier (2009, p. 161), a cozinha é uma soma de técnicas, um conjunto de regras, uma afirmação de uma identida-de cultural, aproveitando para nutrir-se do que o ambiente ao redor possa oferecer, ou pelas exigências do padrão de consu-mo alimentar existente. Tudo isso se re-sumia no conhecimento que Dona Maria Torres dispunha e colocou em prática. Acrescente-se a isso o fato que Fournier (2009, p. 161) afirma que a cozinha se tor-nou de tal forma complexa que: “em vão buscaríamos, em todo o mundo contem-porâneo, uma cozinha que não seja fruto de um cruzamento de culturas.” O que, no caso brasileiro, poderia ser chamado de

Page 98: Clique aqui para ler o artigo. - Una

98

um sincretismo culinário, a saber, a fusão das cozinhas europeia, indígena e africa-na.

Dona Maria, talvez, não acreditando em si própria, levou apenas trinta marrecos preparados com ora-pro-nóbis no 1º dia, nada sobrando. No sábado e domingo, a barraca de Dona Maria permaneceu lo-tada, sendo vendidos nos dois dias cerca de quatrocentos marrecos, não havendo tempo para preparar mais. A originalidade do prato foi o ponto alto da festa e Dona Maria recebeu muitos elogios, também pelo sabor da iguaria. Não acreditar em si própria provavelmente fosse parte da in-segurança advinda dos problemas pelos quais passava para administrar as contas da família.

Para tanto era necessário arriscar, aven-turar-se no desconhecido e experimentar o incerto, assim como Tuan (1983, p. 10) exprime: “experienciar é vencer os peri-gos.” Todavia, arriscar costuma ser per-feito, pois a vitória fica com melhor sabor, mais saudável. Para o autor, o indivíduo é compelido a repetir o risco e enfrentar no-vamente o perigo, para se tornar um ex-perto, no fundo é uma paixão, talvez possa ser também uma necessidade, mas como salienta Tuan, a paixão é um símbolo de força mental.

Dessa forma, como afirma Fonseca (2011, p. 82), o nome da família foi honrado e limpo, com o pagamento de todas as des-pesas. Restando pouco mais de cem mar-recos no quintal, os mesmos passaram a ser alimentados com esmero, para aguar-dar o próximo festival, que seria o Festival Cultural de Sabará, para o qual o prefeito da cidade pessoalmente convidou Dona Maria com seu original: “marreco com ora-pro-nóbis”. Entretanto, neste festival, não havia marreco suficiente para atender à demanda, apelando então para os fran-gos, que não fizeram menor sucesso.

Começava a se delinear todo um pro-cesso de construção cultural. Segundo McDowell (1996, p. 161): “cultura é um conjunto de ideias, hábitos e crenças que dá forma às ações das pessoas e à sua produção de artefatos materiais, incluindo a paisagem e o ambiente construído.” As-sim, a partir do antigo hábito do consumo de ora-pro-nóbis na alimentação, estaria para iniciar uma mudança de comporta-mento que influenciaria sobremaneira o culto gastronômico já existente em Saba-rá. Para Claval (2007, p. 63), “a cultura é a soma dos comportamentos, dos saberes, das técnicas, dos conhecimentos e dos valores acumulados pelos indivíduos”. Assim o autor complementa que a cultura é transmitida por herança, por gerações sucedâneas, também não é imutável e se transforma, principalmente sob o efeito das iniciativas ou inovações, que vez por outra florescem.

A utilização do ora-pro-nóbis contagiou e passou a ser prato obrigatório em todas as festividades. Com isso, Pompéu também entrou no mapa da gastronomia sabaren-se e, nos fins de semana passou a haver um grande afluxo de famílias em busca do famoso ora-pro-nóbis com marreco. A família se reuniu e reformaram um cômo-do que havia ao lado do secular moinho d’água que havia no sítio. Nascia o restau-rante “Moinho D’Água”, onde se reunem nos fins de semana, centenas de pesso-as. Ali a sensorialidade gustativa aconte-ce em sua forma mais natural, no comer. Todos queriam degustar o ora-pro-nóbis com frango ou costelinha e ouvir a histó-ria de “Dona Maria dos Marrecos”.

Em nome do ora-pro-nóbis, outros res-taurantes surgiram em Pompéu e a fama do povoado foi aumentando até que em 1997, o então prefeito de Sabará compre-endeu a importância desse movimento e convidou Dona Maria Torres e a comu-nidade de Pompéu para serem parceiras

Page 99: Clique aqui para ler o artigo. - Una

99

na criação do Festival do Ora-pro-nóbis de Sabará. Assim, no primeiro fim de se-mana de maio daquele ano, o festival foi realizado, com resultados além do espe-rado. Hernandez sumiu e, talvez nem so-nhe com o que provocou com seus mar-recos, ou seja, ter sido o responsável pelo processo que culminou com o festival. O grande protagonista desta história é aquela verdura de folhas verdinhas e su-culentas chamadas de ora-pro-nóbis que: “desfila o seu sucesso absoluto nos pal-cos da gastronomia mineira.” (FONSECA, 2011, p. 82).

Montanari (2008, p. 66) afirma que: “a cen-tralidade das verduras é uma das caracte-rísticas dominantes da cozinha popular.” Segundo o autor, as comidas pobres por excelência são as polentas e as sopas de cereais inferiores e de legumes, sobretu-do pela necessidade de encher a barriga e garantir a sobrevivência diária. Entretanto, se o ora-pro-nóbis não fosse uma “boa” comida, certamente não estaria disse-minada como um tradicional ingrediente comestível, assim como a taioba, a ser-ralha, a mostarda, a couve, a capiçova, o cansanção, dentre outras verduras. Daí salientar o que Montanari (2008, p. 95) afirma: “o órgão do gosto não é a língua, mas o cérebro, um órgão culturalmente (e, por isso, historicamente) determinado, por meio do qual se aprendem e transmi-tem critérios de valoração.”

Com significativo incremento na eco-nomia do povoado, o festival, ainda que ocorra uma vez ao ano, constitui a princi-pal fonte de renda de todas as entidades sociorreligiosas e esportivas de Pompéu, através de movimentos de barraquinhas franqueadas por ocasião do evento. Pom-péu foi fundado nos primeiros anos do século XVIII pelo sertanista José Pompéu. Fica à margem direita do Rio Sabará e sua população habita corredores de casas ao longo das estradas circundantes às co-

linas, bem como ao longo do leito do rio Sabará, afluente direto do rio das Velhas. Fonseca (2011, p. 93) afirma que: “pela sua localização geográfica, pela exube-rância do seu paisagismo e pela vocação comunitária do seu povo, Pompéu é con-siderado um dos bairros com o melhor índice de qualidade de vida em Sabará.” Para Tuan (1980, p. 111): “o apego à ter-ra do pequeno agricultor ou camponês é profundo. Conhecem a natureza porque ganham a vida com ela.” No caso de Pom-péu, necessariamente a população não é camponesa, mas exerce um enorme afe-to para com a natureza, procurando co-nhecê-la em suas particularidades locais, pois dali retira parte de sua subsistência, bem como constrói o seu bem estar, o bem viver.

ConsidEraçõEs finais

A montanha e o vale delimitam o lugar e povoa a imaginação dos viventes, pelas lendas de imensas riquezas em ouro e pedras preciosas que abrigaria a serra de Sabarabuçu. A paisagem está constituída para que a cozinha simples e tradicional de Sabará estabeleça a ligação entre o homem e a natureza, evocando a famo-sa culinária mineira. Gratão (2012, p. 34), afirma: “o sabor se põe à mesa em forma de paisagem - extensão da Terra”. Assim complementa: “não é o ato simples de comer que desperta o (nosso) interesse pelo sabor, mas o sentido da paisagem. O sentido de enraizamento que ela carrega no valor à Terra.” (GRATÃO, 2012, p. 37). Importa sim, o que a lembrança desperta, não importa qual seja o alimento.

Presumivelmente, o ora-pro-nóbis é en-contrado em qualquer parte do país. Mas o Festival Gastronômico do Ora-pro-nóbis de Pompéu, em Sabará/MG, lhe concedeu destaque tornando-o uma cultura, ape-lando ao imaginário que aquela verdura se encontra em Pompéu, não em outro lugar.

Page 100: Clique aqui para ler o artigo. - Una

100

Esse verdadeiro culto à gastronomia do ora-pro-nóbis incrementou a economia local, fazendo com que o povoado tenha grande função em torno dos restaurantes, que recebem um extraordinário público, principalmente nos fins de semana. Ou-tros eventos, como o Festival da Jabuti-caba e da Cachaça, acabam por manter o imaginário do sabor em Sabará, tornando o município, atualmente, mais conhecido pelos eventos gastronômicos, do que pe-los seus belíssimos monumentos histó-ricos, como a Igreja N. Sra. do Carmo, a Igreja de N. Sra. do Ó, a Igreja N. Sra. da Conceição, as ruinas inacabada Igreja de N. Sra. do Rosário, dentre outros monu-mentos do período colonial, dignos repre-sentantes do barroco mineiro.

De qualquer forma, o sentimento religioso se mantém extremamente forte. A come-çar pelo próprio nome da planta, que reme-te a uma oração. Ademais, não é segredo que a população sabarense é fortemente influenciada pelas festas religiosas, com o ponto alto na Semana Santa, além do dia de Santo Antônio, no povoado de Roça Grande. Porém, se os monumentos histó-ricos não mais convencem o turista a fre-quentar Sabará, a oportunidade turística gerada pelos festivais gastronômicos tem sido uma boa solução econômica para a população sabarense, em que pese ao segundo plano que se mantém relegada a indústria do turismo, ainda que com esse riquíssimo patrimônio material e imaterial.

AGRADECIMENTOSAgradecimentos a Maria Torres e Silas Fonseca pelas entrevistas e disponibilida-de.

REFERÊNCIASCLAVAL, Paul. Geografia Cultural. Tradu-ção de Luíz Fugazzola Pimenta e Marga-reth de Castro Afeche Pimenta. 3ª edição. Florianópolis: EDUFSC, 2007, 453 p.FONSECA, Silas, O Pompéu do Ora-pro-

agradECimEntosAgradecimentos a Maria Torres e Silas Fonseca pelas entrevistas e disponibilida-de.

rEfErênCias

CLAVAL, Paul. Geografia Cultural. Tradução de Luíz Fuga-zzola Pimenta e Margareth de Castro Afeche Pimenta. 3ª edição. Florianópolis: EDUFSC, 2007, 453 p.

FONSECA, Silas, O Pompéu do Ora-pro-nóbis. Sabará: Estre-la da Manhã, 2010, 111 p.

FOURNIER, Dominique. A Cozinha da América e o Intercâm-bio Colombiano. In:

GRATÃO, Lucia Helena Batista. Sabor e Paisagem à Luz de Bachelard. Revista Geograficidade, v. 2, n. 1, Verão 2012, p. 30-41.

McDOWELL, Linda. A Transformação da Geografia Cultural. In: GREGORY, Derek, MARTIN, Ron e SMITH, Grahan (Orgs.) Geografia Humana: Sociedade, Espaço e Ciência Social. Tradução: Mylan Isaack e revisão técnica Pedro Geiger. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editores, 1996, 310 p. (159-188)

MONTANARI, Massimo. Comida Como Cultura. Tradução de Letícia Martins de Andrade. São Paulo: SENAC, 2008, 207 p.

OLIVEIRA, Lívia. Introdução: O Estudo do Sabor pela Geogra-fia. Revista Geograficidade, v. 2, n. 1, Verão 2012, p. 27-29.

TUAN, Yi-Fu. Espaço e Lugar: a perspectiva da experiência. Tradução de Lívia de Oliveira. São Paulo: DIFEL, 1983, 250 p.

TUAN, Yi-Fu. Topofilia, Um Estudo da Percepção, Atitudes e Valores do Meio Ambiente. Tradução de Lívia de Oliveira. São Paulo: DIFEL, 1980, 288 p.

Page 101: Clique aqui para ler o artigo. - Una

101

Resumo

O Mercado Central de Belo Horizonte agrega hábitos e costumes não somente dos habitantes da cidade, mas um pouco de história e identidade do Brasil. O artigo objetivou caracterizar o perfil sociodemo-gráfico e alimentar dos consumidores do Mercado Central. Foram realizadas 218 entrevistas junto aos consumidores do Mercado com perguntas contendo da-dos sociodemográficos e alimentares. A maioria das pessoas que frequenta o Mer-cado é natural de BH, mulheres, classe de renda D. Dentre os produtos alimentícios mais comprados no mercado, se destaca o queijo minas artesanal.

Palavras chave: mercado central, hábitos alimentares, queijo minas.

Introdução

Um dos pontos turísticos mais populares de Belo Horizonte, o Mercado Central, fun-dado em 1929, é, para os belo-horizonti-nos, um grande marco histórico e cultural, que exerce grande influência nos hábitos alimentares dos mineiros (FILGUEIRAS, 2006). Ele agrega hábitos e costumes não somente dos habitantes de Belo Horizon-te, mas um pouco da história e identidade do Brasil.

Lojas evocam lembranças dos utensí-

PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO E ALIMENTAR DOS CONSUMIDORES DO MERCADO CENTRAL DE BELO HORIZONTE

Isabelle Patrícia Amaral Ferreira, Larissa Nascimento Sales, Maria Marta Amancio Amorim Discentes do Curso de Nutrição do Centro Universitário UNA/Belo Horizonte; Docente do Curso de Nutrição e de

Gastronomia do Centro Universitário UNA/Belo Horizonte.

lios utilizados nas casas mineiras, como panelas antigas, tachos de ferro, dentre outros (MORAIS, 2004). Além desses pro-dutos, encontram-se queijos, uma gran-de variedade de temperos, como pimen-tas de várias cores e sabores diferentes, além de verduras, frutas e mercearias que vendem diversos produtos alimentícios. Os restaurantes procuram oferecer ali-mentos típicos e de tradição, porém com adaptações gastronômicas para a con-temporaneidade, não rompendo, assim, tradições passadas de geração a geração da culinária mineira (MORAIS, 2004).

A comida típica mineira representa o pas-sado e está presente no futuro, sendo for-mada por vários significados, aspectos políticos, lembranças familiares e espe-cíficas que facilitam compreender os há-bitos alimentares dos mineiros (NETTO, 2012). Segundo Morais (2014), a culinária de um povo se constitui de técnicas para definir uma origem, dada sua penetração nos diversos meios e classes sociais, sen-do assim uma linguagem de fácil acesso e entendimento para as pessoas. Os há-bitos alimentares são referenciados pelos valores culturais, convívio social, dados sociodemográficos e clínicos. Na atuali-dade, as pessoas procuram por uma ali-mentação que seja prática, conciliando o preço acessível ao fácil acesso (BRASIL, 2004). Com a intenção de conhecer os consumidores que frequentam o Mer-cado Central, esse trabalho objetivou-se

Page 102: Clique aqui para ler o artigo. - Una

102

caracterizar seu perfil sociodemográfico e alimentar.

Material e métodosElaborou-se um questionário para ava-liar o perfil sociodemográfico e alimentar dos consumidores do Mercado Central de Belo Horizonte, que foi aplicado nos dias 11 a 14 de abril de 2015. Foram elabora-das perguntas contendo dados sociode-mográficos e alimentares: tipos de pro-dutos comprados, hábitos alimentares, como são realizadas as refeições, frequ-ência e motivos que levam os consumi-dores a frequentar o Mercado.

Resultados e discussãoForam entrevistadas 218 pessoas, sendo que 90% são naturais de Belo Horizonte (BH), 8% são da Região Metropolitana e 2% são turistas que visitam o Mercado para conhecer a tradição e história do lo-cal. A grande maioria dos belo-horizonti-nos frequenta o Mercado devido ao seu fácil acesso, localizado no centro da ca-pital mineira.

O Mercado evoca boas lembranças para os belo-horizontinos ou turistas, que mantêm uma relação de afeto com o local (NETTO, 2012). O Mercado Central é um dos principais pontos turísticos de Belo Horizonte (FILGUEIRAS, 2006), um lugar que é visitado por pessoas que moram em todos os lugares do País e do mundo, e, principalmente, por pessoas que mo-ram aos seus arredores que percorrem os labirintos para as compras diárias de casa (COSTA, 2006).

Na Tabela 1 são apresentadas as carac-terísticas sociodemográficas, como faixa etária e renda dos consumidores do Mer-cado Central de Belo Horizonte.

Nota-se que a superioridade da presença feminina, 126 (58%) pode ser justificada pela significativa participação da mulher

em afazeres domésticos, como a ativi-dade de fazer compras para o ato de co-zinhar. No Mercado encontra-se grande variedade de produtos alimentícios, uten-sílios como panelas e produtos de limpe-za. A presença masculina, 92 (42%) pode ser justificada pelo hábito de reunir-se com os amigos após o trabalho nos ba-res, uma das atrações do Mercado (COS-TA, 2006).

Dos 218 entrevistados, 93% possuem en-tre 21 e 50 anos, sendo que 74% estão entre 30 e mais de 50 anos. A baixa frequ-ência de pessoas abaixo de 20 anos pode estar relacionada à falta de atrativos pró-prios para esta faixa etária, como jogos eletrônicos, aparelhos celulares, roupas e acessórios. Percebe-se com clareza que os lojistas optaram pelo público adulto, pois não há espaço atrativo para as crian-ças, que são levadas para um passeio fa-miliar com os pais e se deslumbram mais no setor dos animais (COSTA, 2006).

O maior número de entrevistados foi o pertencente à classe D (de 01 a 03 salá-rios mínimos), com 37%, e a classe C (de 03 a 05 salários mínimos), com 34%. Os outros 29% foram pertencentes das clas-ses E, com 18% (até 01 salário mínimo), B com 8% (de 05 a 15 salários mínimos) e

Page 103: Clique aqui para ler o artigo. - Una

103

classe A, com 3% (mais de 15 salários mínimos). Independente da classe so-cial, todos frequentam o Mercado Cen-tral, pois há uma grande variedade de produtos com qualidade e custo acessí-vel, o que dá identidade e aproximação das pessoas ao Mercado, conferindo-lhe a qualidade desse espaço diversificado (NETTO, 2012).

Na Tabela 2 é ilustrada a frequência e o motivo da frequência, além do local das refeições dos consumidores do Mercado Central de Belo Horizonte. Diariamente, 11% de mulheres e 9% de homens visitam o Mercado. Já para os visitantes sema-nais o percentual entre ambos os sexos é de 30%, dado que poderá estar relaciona-do à facilidade de acesso ao mercado e à variedade de produtos encontrados em um mesmo local (FILGUEIRAS, 2006).

Para os visitantes mensais, o grupo mas-culino representa um total de 10%, quanto às mulheres o percentual é 20%, fator que pode estar relacionado ao fato de as mu-lheres se responsabilizarem pelos afaze-res domésticos e compras de casa (COS-TA, 2006). O percentual de pessoas que visitam o mercado anualmente são 20%, independente do sexo, provavelmente por terem um sentimento de fidelidade e tra-dição pelo Mercado (COSTA, 2006).

A pesquisa revela, ainda, que 48% dos en-trevistados, independente do sexo, faixa salarial, faixa etária, visitam o Mercado devido à herança cultural, ligada ao lo-cal que é reconhecido como patrimônio cultural de Belo Horizonte. O ambiente do Mercado também atrai pontos de en-contros entre amigos, espaço de lazer entre familiares, totalizando 13% (COS-TA, 2006). Já outras pessoas optam em frequentar o local devido ao fácil acesso, localizado no centro de Belo Horizonte. A localização central e o preço acessível são os fatores que mais atraem as mu-lheres ao mercado, que possui percentu-ais maiores em relação aos homens.

Os dados ainda revelam que devido à cor-reria do dia-a-dia, as pessoas realizam suas refeições em diversos lugares ao longo da semana. Há quem tem a oportu-nidade de realizar no próprio aconchego do lar, não abrindo mão de uma refeição mais caseira, sendo 40% dos entrevista-dos; outros 36% dos entrevistados rea-lizam suas refeições nas ruas, devido à correria do trabalho diário.

Outras 32%, independente do sexo, reali-zam suas refeições no próprio trabalho. Há pessoas que realizam suas refeições em faculdade, perfazendo um percentual de 3%. Há aqueles que recorrem ao Mer-cado à procura de uma refeição “feita na hora” e com um toque mineiro, sendo um total de 4%, de ambos os sexos.

Dentro o diversificado e abrangente mun-do dos sabores e de tradição do Merca-do Central, observou-se que os produtos mais adquiridos pelos consumidores são os queijos, frutas, temperos e verduras, como demonstrados na Figura 1.

Page 104: Clique aqui para ler o artigo. - Una

104

Dessa forma, 49% dos homens e 39% das mulheres vão ao mercado à procura de queijo. Segundo Netto (2012), o Mercado Central de Belo Horizonte tem como ca-racterística sua diversidade de produtos e a oferta de alimentação, se tornando referência no cotidiano da população be-lo-horizontina. Entre os produtos dispo-nibilizados, destaque para o Queijo Minas Artesanal, independente de sua denomi-nação, este é continuamente consumido por seus frequentadores. O queijo é uti-lizado para produzir o pão de queijo, que está presente até mesmo durante as re-feições e não apenas acompanhando o desjejum ou lanche.

O Estado de Minas Gerais é reconheci-do por ser o mais tradicional produtor de queijos do País, tendo como destaque secular o Queijo Minas Artesanal, que é produzido em propriedade agrícola por meio do leite cru, em conformidade com a tradição cultural e histórica de Minas Ge-rais, apresentando consistência firme, de sabor e cor única, livre de conservantes e corantes (NETTO, 2012).

Esse queijo é considerado pelo Patrimônio Histórico e Artístico do Estado de Minas Gerais patrimônio imaterial, popular e tra-dicional, constituindo a identidade do Es-tado. É destaque em vendas e tem maior procura no Mercado, que possui 29 quei-jarias (NETTO, 2012).

A produção de laticínios e a fabricação do famoso queijo Minas iniciou-se com as grandes fomes ocorridas em 1698, 1700 e 1713, quando os mineiros voltaram aos seus povoados de origem para caçar e lavrar as terras, iniciando-se a agricultu-ra voltada para gêneros de subsistência e expandindo-se a criação de gado, princi-palmente no Sul de Minas (FRIEIRO, 1966). Ao final da década de 80, surgiu a primeira marca do produto industrializado no mer-cado mineiro, para logo em seguida ganhar o mercado nacional, e, posteriormente, o internacional (OLIVEIRA, 1999).

Este estudo revelou que 31% e 24% dos homens e 22% e 20% das mulheres fre-quentam o Mercado para comprar frutas e verduras, respectivamente. Quanto aos temperos, os percentuais são de 20 para homens e 26 para mulheres. As pimentas com suas variedades de cores enriquecem o Mercado Central, sendo as mais procura-das a biquinho, dedo de moça e malagueta. As pimentas comercializadas no mercado são advindas do Norte de Minas e da Re-gião Metropolitana (NETTO, 2012).

Dos consumidores, 27% dos homens e 16% das mulheres buscam doces. Segun-do Netto (2012) os doces consumidos no Mercado Central são de característica pas-tosa, moída ou em caldas, apresentando diversos ingredientes como a goiaba, a ba-nana, o mamão, o limão, a laranja da terra, a abóbora e o leite dentre outros.

Os mineiros sempre foram apreciadores de doces. Estes eram preparados com rapa-dura ou açúcar escuro tais como o de leite, envolvidos em palhas de milho, os de cidra, limão e laranja, a brevidade, o pé-de-mole-que, a queijadinha, a mãe-benta e o arroz--doce. Nos guarda-comidas nunca faltou a compoteira de melado, que se comia com farinha de milho ou queijo (FRIEIRO, 1966).

Page 105: Clique aqui para ler o artigo. - Una

105

queijo (FRIEIRO, 1966).

Dos entrevistados, as carnes e peixes são consumidos por 14% das mulheres e 12% dos homens. O hábito de comer carne fresca se generalizou em Minas Gerais. Hoje pouco se come de carne seca, pois encareceu muito (FRIEIRO, 1966). Com as carnes se preparam os pratos típicos, ex-postos no fogão à lenha dos restaurantes mineiros, tais como: feijão tropeiro, tutu à mineira, frango com quiabo e angu, coste-linha de porco com canjiquinha, bambá de couve e leitão à pururuca.

Dentre os consumidores, 14% das mulhe-res e 3% dos homens buscam por produtos integrais. As oleaginosas são consumidas por 20% dos homens e 18% das mulheres. Somente 1% dos homens e 3% das mulhe-res que foram entrevistados frequentam o Mercado em busca de roupas/artesana-to, 2% dos homens e 0,79% das mulheres procuram por animais.

Atualmente, os segredos da culinária mi-neira correm rapidamente de uma região para outra, eliminando fronteiras. Por isso hoje come-se praticamente tudo em qua-se todos os lugares, o que vem provocan-do uma verdadeira revolução na gastro-nomia. Ao mesmo tempo em que muitos chefes de cozinha buscam inspiração na culinária de povos diferentes, outros estão pesquisando e fortalecendo a cozinha re-gional com valorização dos costumes, há-bitos e sabores mineiros (LEAL, 1998).

Conclusão

A maioria das pessoas que freqüenta o Mercado é natural de BH, mulheres, classe de renda D e C. O Mercado Central atrai vi-sitantes não somente para obter produtos, mas em especial ao bem estar que o am-biente proporciona às pessoas.

Não é um local buscado somente para fazer compras, mas é uma fonte de lazer para a população belo-horizontina e os tu-ristas que ali frequentam e ficam maravi-lhados com a riqueza que tal ponto turís-tico oferece. Dentre os diversos produtos encontrados, o que ganha maior destaque em vendas é o Queijo Minas Artesanal.

Referências

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia Alimentar para a população brasileira: promovendo a alimentação saudável. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. Disponível em: <http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2014/novembro/05/Guia-Alimentar-para-a-pop-brasiliera-Miolo-PDF-Internet.pdf> Acesso em: 14 abr. 2015.

COSTA, J. E. Mercado Central de Belo Horizonte: a convivên-cia entre iguais e diferentes. Belo Horizonte, 2006 (Disser-tação de mestrado do. Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais). Disponível em: <http://www.biblioteca.pucminas.br/teses/CiencSociais_CostaJE_1.pdf> Acesso em: 15 mai. 2015

FILGUEIRAS, B. Do Mercado popular ao espaço de vitalidade: o Mercado Central de Belo Horizonte. UFRJ, 2006. (Disser-tação de mestrado do Instituto de Pesquisa e Planejamen-to Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro). Disponível em: <http://www.ippur.ufrj.br/download/pub/BeatrizSilveiraCastroFilgueiras.pdf> Acesso em: 26 abr. 2015.

FRIEIRO, E. Feijão, angu e couve. Belo Horizonte: Imprensa da UFMG, 1966.

LEAL, M.L. M.S. A história da gastronomia. Rio de Janeiro: Ed. Senac Nacional, 1998.

MORAIS, P. Culinária Típica e Identidade Regional. Uni-versidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2004. Disponível em: <http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/VGRO-65RT2R/culinaria_ti-pica_e_identidade_regional.pdf?sequence=1> Acesso em: 25 abr. 2015.

NETTO, M. M. O Mercado Central de Belo Horizonte: entre queijos e sabores. Revista Geograficidade, v. 2, n.1, 2012. Disponível em: <http://www.uff.br/posarq/geograficidade/re-vista/index.php/geograficidade/article/view/23/pdf> Acesso em: 15 mai. 2015.

OLIVEIRA, F.A. Perfil do queijo minas curado destinado à fabricação de pão de queijo. Belo Horizonte: 1999. 125 p. (Dissertação de Mestrado em Ciências de Alimentos. Facul-dade de Farmácia. Universidade Federal de Minas Gerais).

Page 106: Clique aqui para ler o artigo. - Una

106

Vani Maria Fonseca PedrosaPesquisadora do Santuário do Caraça e Especialista

em Pesquisas Gastronômicas do SENAC-MG

ResumoNo final do século XIX, o Brasil vivia a aboli-ção, a república, a decadência de sua socie-dade patriarcal e o surgimento de uma clas-se burguesa. Inserido neste contexto social e político, a Editora Garnier publicou no Rio de Janeiro, em Portugal e na França a 3ª edição completa do livro Cozinheiro Nacional (1889). Em todo o livro, o autor apresenta receitas da época, além de hábitos, cardápios e compor-tamentos à mesa, conforme a moda europeia. O livro parte do princípio de que os insumos nativos do Brasil deveriam corresponder ao seu insumo similar na Europa; assim, a as receitas europeias poderiam ser executadas com os ingredientes nacionais sem perda de qualidade, garantindo seu reconhecimento e divulgando o insumo nacional, o que favore-ceria o desenvolvimento de uma culinária in-dependente, tipicamente brasileira. Mas este objetivo não se cumpriu, seguindo sob muitos aspectos um caminho contrário a estas ex-pectativas.

Paralelo a isto, a Europa dos séculos XVIII e XIX vive uma transição entre o eixo Floren-

ça-Roma e a Paris das luzes. O primeiro eixo, Florença-Roma, se encontra sobre a influên-cia da corte papal e dos Médicis que cultu-avam carnes pesadas, seus faisões emplu-mados, repletos das especiarias vindas do oriente. Paris, porém se centrava no açúcar, nas massas delicadas, nas pequenas porções e em alguns ingredientes exóticos do Novo Mundo que mostravam os novos perfumes iluministas, sementes para a grande revolu-ção na gastronomia: a Nouvelle Cuisine.

A publicação do Cozinheiro Nacional em 1889 sofre influência da tendência da Europa na-quela época: o Iluminismo, com que se busca-va o aprimoramento das técnicas e a sistema-tização dos processos produtivos, mudanças que atingiam todos os setores da sociedade.Naquele contexto, não seria através da Co-roa Portuguesa ainda arraigada nos ideais do descobrimento que o Iluminismo iria atingir suas colônias, principalmente a que mais lhe interessava, por ser a mais rentável: o Brasil.

O pós-extrativismo brasileiro do início do sé-culo XVII vê surgir uma sociedade baseada nas monoculturas, no mercantilismo e na ex-ploração do trabalho escravo, como principais atividades geradoras de capital. Esta socieda-de, inicialmente alheia às inovações das téc-nicas produtivas ligadas à alimentação que se desenvolviam na Europa, ainda se encontrava atrelada aos antigos processos e costumes trazidos de Portugal, que muitas vezes se tor-navam difíceis ou até impossíveis de serem usados; seja pelo clima, pelo solo, ou pela ins-tabilidade da vida familiar nesta sociedade. O que tornava mais fácil buscar o alimento na natureza do que no cultivo. Sobre este mo-mento Gilberto Freyre escreve: “O português no Brasil teve de mudar quase radicalmente seu sistema de alimentação, cuja base se deslocou do trigo para a mandioca; o seu sistema de lavoura, onde as condições físicas e químicas do solo, tanto quanto as de temperaturas, não permitiram que fosse o mesmo doce trabalho das ter-ras portuguesas”

(Freyre, Casa-Grande e Senzala, p.111)

Sem as mesmas condições de subsistên-cia de seu país de origem, os portugueses

“CATA AQUI, CATA ACOLÁ”- COMER EM MINAS GERAIS NOS PRIMÓRDIOS DO BRASIL

Page 107: Clique aqui para ler o artigo. - Una

107

precisaram buscar soluções criativas que se tornaram básicas para a alimentação nos primeiros anos do Brasil. O conheci-mento do índio mesmo que rudimentar, foi uma delas; foi ele que no início da coloni-zação ajudou os portugueses com seus produtos e técnicas.

“Cultivavam os tupis o milho (abati) de pre-ferência, ao qual se pode na verdade dar o nome de trigo americano, porque era base da alimentação selvagem. Além do milho, plantavam também a mandioca, o aipi, a batata doce (jatyuca), o cará. Várias espé-cies de abóbora (gerimú) a banana (paco-ba), o mandobi, que dizemos amendoim.

Os alimentos eram simples, mas variados. Não era usado o sal como condimento, mas, assando a carne, o peixe ou qualquer fruto ou raiz, mostravam apreciar a cinza como um succedaneo. Nenhuma caça ou peixe comiam cru.” (Sampaio, Thodoro, O Tupi 1928, p.104, 105).

Gilberto Freyre vai além de Theodoro Sampaio, ao comentar, após descrever al-gumas técnicas de preparo de vários pra-tos indígenas, utilizando principalmente a mandioca:

“A culinária nacional - seja dito de passagem - ficaria empobrecida, e sua individualidade profundamente afeta-da, se se acabasse com os quitutes de origem indígena: eles dão um gosto à alimentação brasileira que nem os pra-tos de origem lusitana nem os manja-

res africanos jamais substituiriam” (Freyre, Casa Grande e Senzala, 1952, p.

263)

Além do índio, o negro foi outro que for-neceu ao português, uma diversidade de produtos e técnicas; ele foi o responsável por superar muitas, das dificuldades en-contradas pelos colonizadores, trazendo novos insumos da África, como o feijão e a palmeira produtora do óleo de dendê, dentre outras. Era deles também a mão de

a mão de obra para o cultivo, a colheita e o preparo, sempre tocada a chibatadas, foram eles que aprenderam com o índio a encontrar alimento no mato; foi assim, ca-tando aqui e acolá, que foram descobertos inúmeros produtos nativos comestíveis, principalmente verduras e frutas que, com o passar do tempo foram sendo incorpo-radas à dieta do brasileiro, como é o caso remoto da beldroega, conhecida como “salada de negro” no Brasil colônia; os ca-rurus, o ora-pro-nóbis e as urtigas foram acrescidas à alimentação do Brasil colo-nial.

Até o século XVIII, no Brasil, o problema era o que comer e não como comer. E aquele, definitivamente, não era o momento euro-peu em que o iluminismo dava o tom. Ao contrário, desde o século XVI, era contra a rusticidade de técnicas que o Iluminismo e a nova cozinha europeia se opunham. As novas receitas europeias foram difundi-das e aclamadas em banquetes de reis e rainhas, cercadas pelos aforismos do pro-fessor Brillat-Savarin e de outros teóricos que tentavam transformar a glutonaria medieval na nova arte de comer:

“O destino das nações depende essen-cialmente da maneira como elas se ali-mentam.” (Savarin,Brillat, Cozinheiro Na-cional,1889, p. 6)

Longe do processo de renovação vivido na Europa, a comida brasileira se estabelecia com a formação de seu povo, o que acon-tecia lentamente por fatores muito mais profundos do que o mero encontro das três raças que a resultaram. A formação da culinária de uma nação passa por um caminho complexo, é um processo con-temporâneo de si mesmo, sujeito, como qualquer processo evolutivo, às suas ne-cessidades e às diversas formas de influ-ências externas. Como ressalta a fala de Spengler:

Page 108: Clique aqui para ler o artigo. - Una

108

qualquer processo evolutivo, às suas ne-cessidades e às diversas formas de influ-ências externas. Como ressalta a fala de Spengler:

“uma raça não se transporta de um conti-nente a outro; seria preciso que se trans-portasse com ela seu meio físico” (Freyre, Casa Grande e Senzala, 1952, p. 86)

Ignorando estes aspectos, e inserido neste momento de influência Iluminista, o Cozi-nheiro Nacional apresenta a preocupação em sintonizar a cozinha do Brasil com o que acontecia na Europa, sem se preocu-par em aprofundar e aperfeiçoar o conhe-cimento das técnicas da própria culinária brasileira, bem como o melhor uso dos seus produtos. Em lugar disto, publica em seu prólogo uma lista com as correspon-dências entre os insumos europeus e seus similares brasileiros; o que, segundo o au-tor, possibilitaria a utilização dos ingre-dientes nacionais nas receitas europeias e vice-versa, sem perda de qualidade; com isto ele esperava ter o reconhecimento do valor da culinária do Brasil na Europa, de-monstrando um pensamento simplista e pouco aprofundado.

“É tempo de que o país se emancipe da tutela europeia debaixo da qual tem vivido até hoje; é tempo que ele se apresente com seu caráter natural, livre e independente de influências estrangeiras, guisando a seu modo os inúmeros produtos de sua flora e fauna” (Cozinheiro Nacional, 1889, p. 2)

Nessa lista, o autor faz uma sugestão para substituições de verduras e legumes, onde as espécies europeias na época, difíceis de serem encontradas, ou até desconhecidas da população brasileira, poderiam nas re-ceitas serem substituídas pelas espécies nativas, sem prejuízo em seu sabor final.

Produções Brasilei-ras

Produções Europeias equivalentes

Abóbora D’Água e xuxu

Pepinos, abóboras

Mangaritos, cará, cará do ar, baratinga

Cenouras

Mandiocas BatatasPalmitos, talos de inhame, talos de taio-ba, umbigo de bana-neira, gariroba

Alcachofra

Amendoim, sapu-caias, castanhas do Pará, mindubirana

Amendoas, nozes e avelãs

Bananas MaçãsBrotos de samam-baia, grelos de abó-bora

Aspargos

Jiló BeringelaSerralha EscarolaBeldroega Barba de bodeSalsa EchaloteAlho Alho porróPinhões CastanhasLabaça Azeda do ReinoCarapicus, orelha de pau

Cogumelos

Lobo-lobo, jurubeba, quiabo, ora-pro-nóbis

Nabos

Mangaritos TubarasMamão, croá MelãoJacatupé, batata doce

Beterraba

Pimentas comarí Pimenta da ÍndiaTomates Uvas verdesLaranja azeda LimãoCebolas de cheiro CiboulletFolhas de borragem MostardaConserva de pimen-tão

Alcaparras

Gengibre Raiz forte

Fonte: Cozinheiro Nacional, 1889, p. 3.

Page 109: Clique aqui para ler o artigo. - Una

109

É interessante observar, que o acontecido foi o contrário do que era pretendido com o Cozinheiro Nacional. Em lugar de os ha-bitantes do Brasil, divulgarem seus ingre-dientes nativos e aprimorarem as formas de prepará-los em substituição ao seu similar de origem europeia, passou-se a usar no Brasil muitos dos equivalentes eu-ropeus que no início do século XX, por fa-tores distintos, passaram a ser cultivados de forma comercial, superando as espé-cies nacionais consumidas principalmen-te nos centros urbanos.

Outro objetivo pretendido pelo livro, o de divulgar os produtos e a culinária brasilei-ra na Europa, também não foi alcançado. Fato compreensível, visto que durante a transformação de conceitos e aprimora-mento de técnicas vividas no período ilu-minista, apresentar uma culinária primi-tiva e “verdadeiramente brasileira” como pretendia o Cozinheiro Nacional era no mínimo contraditório. Levar a rusticidade de uma culinária em formação para onde se buscavam técnicas preciosas, artísti-cas, quase arquitetônicas, que criassem a elegância das pequenas porções, a suavi-dade adocicada dos sorvetes, chocolates e macarrons. Seria apresentar o oposto ao paladar refinado e a perfeita arte de bem receber; premissas que pouco ou nada ti-nham a ver com o Brasil colonial e escra-vocrata, onde as escravas, as mulatas e as senhoras portuguesas à beira de fogões a lenha viviam a labutar entre caças, capa-dos, verduras e o que mais tivessem em mãos para suprir a falta de alimentos do Brasil colônia. Onde os nativos indígenas se alimentavam quase que exclusivamen-te do que encontravam pelo caminho:

“Descendo o rio Paranapanema, em 1886, encontrei sobre um lagedo, à margem do rio, abundantes cascas de laranjas, as-sadas, despojos de uma refeição, apenas terminada de uma família selvagem, que assim usava o fogo para tornar mais to-

lerável o sabor amargo daquelles bellíssi-mos frutos amarellos.” (Sampaio, Theodo-ro, O Tupi 1928, p. 106)

Estas laranjas amarelas eram cidras as quais Theodoro Sampaio se refere como sendo descritas desde 1518.

De 1500 até a data da terceira edição do Cozinheiro Nacional, ainda eram os produ-tos encontrados na natureza os principais ingredientes da alimentação dos Brasilei-ros. Vejamos como exemplo carnes, e sua frequência nas receitas do livro. São ao todo 1096 “receitas” à base de carne. Des-tas, 117 são de vacas, 96 de porcos, 89 de frangos, 112 de aves domésticas, 104 de vitelas, 109 de carneiros, 70 de peixes de água doce, 96 de peixes de água salgada e crustáceos e 303 de animais silvestres como: preás, esquilos, gambás, cotias, ira-ra, onça, tamanduá, lontra, ariranha, paca, queixada, caititu, caxinguelê, lagarto, tatu, pombas, perdizes, araras, papagaios, peri-quitos, veados, macaco, jacu, anu, inhuma, tanajura, quati, cobras, rãs, perdizes e ca-nários. No total das 850 receitas para pre-paro de carne, em média 10% corresponde a cada tipo de animal doméstico citado, contra mais de 30% de animais silvestres, o que demonstra baixo índice de animais criados para abate.

Vejamos uma das receitas para preparo de carne citada no livro “Cobras, lagartos e rãs refogados”

“Corta-se uma cobra em pedaços, refo-gam-se com duas colheres de gordura e uma cebola picada; polvilha-se uma colher de farinha de trigo, e uma xícara d’água, sal salsa e pimentas e um pouco de nós moscada rapada; deixa-se ferver perto do fogo, até cozer, tendo incorporado o mo-lho, com duas gemas d’ovos, desfeitas em um cálice de vinho, e serve-se”. (Cozinhei-ro Nacional, 1889, p. 42)

Page 110: Clique aqui para ler o artigo. - Una

110

Como podemos ver por esta receita, as técnicas de preparo do livro se apresen-tam incompletas: não se fala na forma de corte nem a preparação inicial da carne, que difere, e muito, para cada um dos ani-mais sugeridos, que foram tratados como iguais nesta preparação. Se seguirmos as receitas à risca jamais conseguiremos um preparo adequado. Mesmo assim o Cozi-nheiro Nacional tem hoje seu reconheci-mento no que foi sua grande, e verdadei-ra contribuição não foi, sem dúvida, seu objetivo principal e sim o registro de com quais insumos o brasileiro se alimentava, a informação de quais técnicas europeias ele já dominava. Além de nos fornecer ou-tras informações estatísticas reveladoras sobre este momento.

Um dos dados que chama a atenção, no livro se refere às receitas à “moda”, nele encontramos 26 receitas à francesa, 24 receitas à italiana, 22 receitas à inglesa; as outras não passam de três de cada re-gião, país ou cidade; no entanto, apresenta 46 receitas à mineira ou com referência a Minas Gerais. Com isto podemos concluir que já em 1889 a culinária mineira já era registrada como um expoente na culinária brasileira.

Na maioria das vezes o autor segue usan-do receitas europeias, apenas substituin-do nelas algum ingrediente europeu pelo similar nacional, como no caso da receita citada acima, onde se utiliza de um ingre-diente estrangeiro, a farinha de trigo, rara na época, no início do refogado, usando--a como forma de encorpar antecipada-mente o molho, além do uso do vinho no preparo o que é uma técnica francesa de cocção. Na verdade, o que aconteceu foi que o Cozinheiro Nacional, acabou por sugerir um universo de afrancesamento, com pouca base técnica, quando, sem os esclarecimentos devidos, misturou ingre-dientes locais com técnicas estrangeiras, deixando em segundo plano o aprimora-

mento das técnicas indígenas, africanas e portuguesas, que no Brasil se comple-mentavam para dar origem à verdadeira culinária brasileira.

Naquele mesmo ano (1889), o Cozinhei-ro Nacional foi publicado na França e em Portugal, sem que isto tornasse os pro-dutos brasileiros da referida lista, mais conhecidos, naqueles dois países, como era pretendido pelo livreiro. Nesta época, a participação do Novo Mundo neste pro-cesso se restringiria ao consumo de gê-neros exóticos como o açúcar, o cacau e o abacaxi, itens brasileiros, que sustenta-vam o exotismo, velha Europa.

Mesmo que não fosse vindo de Portugal, mesmo que tardio, o Iluminismo chegaria ao Brasil trazido pelas mãos da burguesia. Seja com o rush aurífero, com a indus-trialização ou com o comércio, uma nova parcela da população detinha o capital no Brasil. Esta população tinha os meios e com estes meios queria as luzes e os lu-xos que brilhavam na Europa. Era essa de-manda que o Cozinheiro Nacional tentou suprir, principalmente usando a desenvol-vida culinária de Minas Gerais, que nesta época já detinha características particula-res marcadas por independência de ingre-dientes e completude de técnicas e produ-tos como: queijos, fermentados e receitas características.

Em outros pontos do Brasil a influência eu-ropeia chegou rápido. Já em 1920, apenas trinta anos depois da publicação em ques-tão, produtos estrangeiros como a batata e o tomate já eram produzidos e consu-midos em uma escala muito superior à de alguns produtos nacionais. O que fica claro na publicação de 1920 do Dr. Eze-quiel de Silva Brito Os Vegetaes, Sua Vida e Sua Utilidade, onde a forma de produção da batata inglesa já é citada de forma dife-renciada a do mangarito, mandioca, bata-ta doce e dos carás dentre outras espécies

Page 111: Clique aqui para ler o artigo. - Una

111

nacionais que o Cozinheiro nacional divul-gava como substitutos destes produtos em 1889.

“No fim de 3 a 4 meses a cultura da bata-ta americana está em condições de ama-durecimento completo, prompta para a colheita, o que se reconhece pelas folhas que murcham e seccam. Colheita, plantio e lavras devem ser feitos a machinas, hoje muito aperfeiçoadas. Pelas análises da batata verifica-se que a sua composição é rica sobretudo em amido.

Além das tuberas, as folhas do Manga-rito e da Tayoba, são utilizadas como le-gume delicioso e muito nutritivo. Entre as substância nellas contidas, sobressaem o mangará-gluten, na razão de 2,190%. se-gundo a análise de Peckolt, especialmen-te na variedade roxa, que é mais rica em reservas nutritivas que branco.” (Brito, Os Vegetaes, Sua Vida e Sua Utilidade, 1921, p.19,108)

Souza Brito não descreve nenhum tipo de produção agrícola que sugira uma escala comercial quando se refere ao mangarito e à taioba ou a outras produções nacionais, a não ser a do milho, que naquela época já se tonara reconhecido como alimento industrial e já havia sofrido aprimoramen-to de produtividade, principalmente pe-los Estados Unidos, desde que o levaram do México. Os produtos de uso exclusivo dos brasileiros não despertavam interes-se para produção em escala, voltada para a exportação e o comércio. Mesmo assim seja por tradição, seja pelas propriedades nutritivas e curativas, muitos deles con-tinuavam a ser produzidos na agricultura de subsistência e nos quintais, pelo Brasil a fora; outros se perderiam para sempre.

Apesar de as análises nutricionais do Dr. Souza Brito apontarem a superioridade nutritiva e de sabor de muitos dos nossos vegetais nativos, eles não resistiram aos

hábitos, às técnicas e à padronização do consumo ditado pela Europa, seguida no século XX pelos Estados Unidos, que ex-portavam seu Way of life para o mundo, principalmente para os chamados países em desenvolvimento onde a sedução da facilidade dos produtos industrializados, e o baixo custo dos produtos geneticamente modificados se tornaram mais atraentes economicamente.

Hoje, auxiliados por um tempo em que se buscam novos paladares, em que o pro-gresso a todo custo passa a ser questio-nado como fator de detrimento da própria espécie humana, o passado do Brasil e principalmente de Minas Gerais se torna, uma terra fértil, “ouro de aluvião”, com mi-lhares de espécies esquecidas, desconhe-cidas ou pouco exploradas, prontas para serem estudadas, cultivadas e lançadas em um mercado mais maduro, que não se sustenta mais sem a diversidade, um mer-cado que adquire um novo potencial de consumo, onde produtos originais e exclu-sivos, ou com formas produtivas sociais e sustentáveis, adquirem valor e mercado diferenciado.

No cenário atual, Minas Gerais continua a ser um baluarte para a gastronomia bra-sileira na medida em que guarda em sua culinária tradicional as técnicas e ingre-dientes originais que contam nossa his-tória gastronômica, onde os produtos da preciosa lista do Cozinheiro Nacional, não ficaram registrados apenas no prólogo do livro.

Um testemunho desta história é o Santu-ário do Caraça em Catas Altas, MG, onde muitas das espécies que foram vistas e registradas em 1816, pelo naturalista fran-cês Auguste de Saint-Hilaire, resistiram ao tempo e ao descaso, protegidas pelo San-tuário e seus cuidadores.

Page 112: Clique aqui para ler o artigo. - Una

112

No Caraça, o queijo artesanal, os fermen-tados os pães e quitandas, frutas, farinhas, verduras, legumes, chás, plantas medici-nais, antigas técnicas de preparo e recei-tas arcaicas foram preservadas já por 240 anos, por mãos de diversas gerações, e nunca deixaram de ser usadas diariamen-te, convivendo pacificamente com a mo-dernidade. Aqui elas vivem para que não esqueçamos qual é a verdadeira comida brasileira. •

rEfErênCias bibliográfiCas

BRITO, Ezequiel C. de Souza. Os Vegetaes, Sua Vida e Sua Utilidade. Cayeiras, SP: Ed. Proprietária, 1921.182 p.(Melho-ramentos)

CARRATO, José Ferreira. As Minas Gerais e os Primórdios do Caraça. São Paulo, SP: Ed. Nacional, 1963. 463 p (Brasiliana; v. 17)

CASCUDO, Luís da Câmara. Antologia do Folclore Brasileiro. São Paulo, SP: Martins, 1956, v. 2.

COZINHEIRO NACIONAL ou coleção das melhores receitas das cozinhas Brasileiras e europeias. 3. Ed. aum. Rio de Janeiro, RJ; B. L. Garnier, 1889 498 p. ilus.

DALLA BONA, Fabiano. A arte de comer no século das luzes na Palermo de Dacia Maraini. In: CONGRESSO INTERNACIO-NAL DA ABRALIC [11. 2008: São Paulo, SP] [ Anais...]. São Paulo, SP: USP, 2008. p. 57.

FREYRE, Gilberto. Casa-grande & Senzala: formação da famí-lia brasileira sob o regime de economia patriarcal. 7. Ed. Rio DE Janeiro, RJ: J Olympio, 1952. 486 p. ilust. (Documentos brasileiros: 36)

FREYRE, Gilberto. Sobrados & Mucambos: decadência do patriarcado rural no Brasil. São Paulo, SP: ED. Nacional, 1936. 405 p. ilust. (Brasiliana, série 5ª; biblioteca pedagógi-ca brasileira: v.64)

SAMPAIO, Theodoro. O tupi: Na Geografia Nacional. Salvador, Bahia: Sessão Gráfica de Aprendizes de Artífice, 1928. 352 p.

Page 113: Clique aqui para ler o artigo. - Una

113

PROJETOS

Page 114: Clique aqui para ler o artigo. - Una

114

A comida mineira é famosa no País inteiro. Comida de tropeiro, de boteco, de quintal, de vó: comida de afeto. MINAS À MESA atravessa as montanhas para registrar o universo da gastronomia mineira e o que existe ao seu redor.

MINAS À MESA é um projeto em busca de patrocínio: através de uma série de episó-dios documentais exploraremos a temáti-ca e os desdobramentos da formação da cultura alimentar mineira. Diferentemente do que se vê em programas relacionados à gastronomia, os 13 capítulos não têm foco direto em receitas culinárias, mas na síntese de aspectos culturais, filosóficos, sociológicos, geográficos e econômicos que rondam a comida mineira. A proposta visa aumentar a visibilidade e a percepção de nossa cozinha, dando ímpeto ao pro-duto turístico que ainda não tem o reco-nhecimento que merece. Dessa forma, a premissa da série é ir ao encontro de per-sonagens para conhecer sua história e en-tender qual sua relação com o universo da gastronomia mineira.

Sob o viés econômico, pretendemos de-monstrar que gastronomia também é

MINAS À MESA

negócio: investimento, mercado, retorno; os turistas contemporâneos — também chamados de turistas de segunda gera-ção — estão dispostos a pagar pelo valor que as experiências gastronômicas ofere-cem, pois elas são a porta de entrada para a cultura local, e em um turismo cada vez mais vivencial, é fundamental proporcio-nar ao visitante os meios de conectar cul-tural local e global, criando narrativas em torno do alimento.

Assim, a descoberta da gastronomia mi-neira pode ser uma aventura inesgotável: enquanto algumas regiões buscam atrair o turista por suas cozinhas monoétnicas, Minas recepciona os visitantes com uma cozinha de múltiplas influências. Isso por-que a gastronomia mineira é um microcos-mo da brasileira, sendo o meio geográfico e a síntese cultural das influências recebi-das ao longo do processo civilizatório.

Do ponto de vista social, demonstraremos que a gastronomia é o retrato do ethos do povo mineiro, e que os costumes e traços comportamentais podem ser facilmen-te identificados na comensalidade local, que supera, em muito, o naturalismo do

Page 115: Clique aqui para ler o artigo. - Una

115

ato de comer. As refeições mineiras são impregnadas de sentimento de identida-de, sendo ela, talvez, o mais consistente dos ícones simbólicos do instinto de mi-neiridade. Dentro da premissa de que uma gastronomia só é atrativa para o turista se for atrativa para a sua própria população, a coesão social e o orgulho cívico do mi-neiro em relação à sua gastronomia fazem dela o cartão de visitas para quem procura vivenciar a cultura local.

A gastronomia mineira passa atualmente por um processo de expansão, com várias e relevantes ações realizadas tanto por instituições governamentais quanto pela iniciativa privada. Existe um interesse ge-neralizado em fazer da gastronomia uma pauta econômica e política, na intenção de alcançar um maior desenvolvimento do setor, ainda em processo evolutivo. Alguns avanços já aconteceram nesse sentido, como a criação da Frente da Gastronomia Mineira, a participação recorrente de Mi-nas em feiras nacionais e internacionais, o reconhecimento de novos talentos, a cria-ção de festivais gastronômicos que, cada vez mais, despertam o interesse de empre-endedores, turistas e da comunidade local, além da incorporação da gastronomia no portfólio das políticas governamentais. A iniciativa legislativa de criação de uma po-lítica pública específica para o desenvolvi-mento da gastronomia, consubstanciada pelo Projeto de Lei Estadual no 1.618/15, em tramitação, pode fazer de Minas o pri-meiro Estado brasileiro a ter uma regula-ção legal para o setor gastronômico.

Mesmo com todos os avanços, o setor ainda apresenta um enorme déficit quan-do se trata de registros audiovisuais, ou seja, é extremamente raro encontrar ma-terial fílmico que mostre ao espectador a dimensão histórica da nossa cultura ali-mentar, abordando aspectos que vão além da elaboração de receitas. Nesse sentido, a série MINAS À MESA será produzida

com o objetivo de ampliar o conhecimento de pessoas que se interessam pela temá-tica, contribuir na área da pesquisa acadê-mica e prática, além de trazer benefícios ao estado, pois a série unirá a marca da gastronomia mineira ao desenvolvimento socioeconômico do Estado.

O projeto possui 12 subtemas que dão conta de toda a linha evolutiva da cultu-ra alimentar mineira: influência indígena, portuguesa e africana na gastronomia mi-neira; gastronomia de seminário; gastro-nomia e fé; produtos e produtores; damas; chefs; gastronomia tradicional e contem-porânea; gastronomia e arte; territórios gastronômicos; mapeamento gastronô-mico da Estrada Real; festas e festivais e, para finalizar, o boteco.

A série é destinada a todos os mineiros e não-mineiros que se interessam pela for-mação da cultura alimentar mineira, pes-quisadores, acadêmicos e turistas que queiram conhecer o nosso estado sob o viés da gastronomia. O repositório de re-gistros, imagens e depoimentos propor-cionado pela série documental servirá, também, para auxiliar as agências pú-blicas na tomada de decisões de novas ações para o setor e no aprimoramento de ações em curso. A pesquisa anterior à visitação dos locais escolhidos e elabora-ção dos roteiros será realizada a partir de literatura relacionada ao tema, disponível nas fontes bibliográficas, relatos e referên-cias visuais.

Page 116: Clique aqui para ler o artigo. - Una

116

ComEr Em minas

Este episódio – o primeiro a ser exibido – pretende ser a síntese da série MINAS À MESA, por apresentar, em narrativa su-cinta, todos os subtemas que serão tra-balhados nos 12 capítulos. Funcionará como um teaser, instigando o especta-dor a acompanhar o aprofundamento das temáticas nos capítulos subsequentes. Nesse sentido, o primeiro episódio é uma colcha de retalhos e o fio condutor da linha do tempo da formação cultural alimentar mineira, que tem visibilidade a partir do século XVIII (período da mineração e do processo de povoamento de Minas Ge-rais), até os dias atuais, com a apresenta-ção da comida mineira contemporânea ou “novelle cuisine mineira”.

O espectador será convidado a viajar por um túnel do tempo, onde práticas alimen-tares portuguesas, africanas e ameríndias entram em processo de fusão, dando ori-gem a uma estética caipira, da qual a co-zinha mineira vem para se tornar um dos maiores expoentes. A contribuição de co-lonizadores, escravos e nativos será retra-tada em três aspectos distintos:

1) a comida de seminário, símbolo da co-mensalidade europeia, com forte influên-cia sobre a elite da sociedade mineira em meados do século XVIII;

2) a comida de senzala, que apresentará adaptações de ingredientes e uso de téc-nicas culinárias de matriz africana, usadas pelos cativos para reproduzir pratos típi-cos do seu contexto cultural;

3) a culinária indígena que, por ser a nativa, tornou-se base para as transformações trazidas pelas influências africana e por-tuguesa, com destaque para a utilização de seus produtos e utensílios.

O processo de crioulização a que foi sub-metida à cultura alimentar mineira ao longo de sua formação histórica será abordado para compreender a relação de convivên-cia existente hoje entre a cozinha tradicio-nal e a cozinha contemporânea. As novas expressões culinárias de Minas serão evi-denciadas e explicadas à luz da evolução do processo civilizatório vivido pela socie-dade mineira. Artífices da cozinha mineira contribuirão para o diálogo dialético entre resistência e modernidade, mostrando o impacto da crioulização também no ofício de cozinheiro.

Cozinheiros e cozinheiras contarão a traje-tória evolutiva da praxis gastronômica mi-neira, por meio de depoimentos próprios ou de seus contemporâneos, e de relatos históricos de pesquisadores.

A influência da fé no modelo alimentar mi-neiro será analisada por meio de manifes-tações culturais adotadas por vários rituais religiosos em Minas, os quais ajudaram a preservar tradições alimentares ao longo do tempo. Bebidas e comidas símbolos de cultos religiosos serão inventariadas e explicadas à luz de sua importância na ca-racterização da dieta alimentar do mineiro ao longo da história.

Eventos gastronômicos de diferentes di-mensões, mas igualmente icônicos para a formação identitária da gastronomia mi-neira, bem como para a sua projeção além das fronteiras do Estado, serão abordados com enfoque especial na movimentação da cadeia produtiva local. O impacto de festas e festivais gastronômicos na capi-tal e no interior será esquadrinhado para caracterizar a sua relevância para o de-senvolvimento socioeconômico local.

A Estrada Real – maior rota turística do Brasil, com mais de 1.600 km de extensão, passando por 199 municípios de três es-tados de Minas Gerais – terá a diversidade

Page 117: Clique aqui para ler o artigo. - Una

117

da sua gastronomia mapeada, de forma a reproduzir o processo de fusão que origi-nou a cozinha caipira, ainda praticada pe-los habitantes da maioria das localidades em suas práticas alimentares. A relação de poder estabelecida entre quem cozinha e quem come permeará todo o processo de mapeamento para evidenciar as repre-sentações sociais pelas quais passou e passa a gastronomia mineira.

O primeiro episódio da série MINAS À MESA também irá analisar a gastronomia mineira não só como manifestação cul-tural per se, mas também como temáti-ca utilizada por outras modalidades, tais como cinema, teatro, artes plásticas, lite-ratura e música. Por ser relacional, assim como as artes, a gastronomia também se presta a diferentes interpretações, o que caracteriza uma referência móvel, que permite abordar a mudança cultural e so-cial de um povo. A abordagem transversal da gastronomia nas artes mineiras, com sua consequente projeção no imaginário coletivo nacional, será explorada para ex-plicar a construção dos arranjos culturais específicos existentes em Minas, que se diferenciam de outras culinárias de matriz caipira.

As regiões mineiras e suas identidades gastronômicas serão apresentadas a par-tir da classificação geopolítica que lhes fo-ram atribuídas pelo pesquisador Eduardo Avelar, baseada em aspectos naturais, so-cais e culturais. São o que se pode chamar de terroirs mineiros, estudo mais consis-tente encontrado em pesquisa preliminar para representar o verdadeiro estuário de múltiplos afluentes culinários de Minas.

Produtos e produtores mineiros serão apresentados a partir do aspecto de dis-sociabilidade simbiótica com que muitas vezes são conhecidos. A ligação do pro-duto ao produtor é prática costumeira em Minas Gerais, ocupando muitas vezes o

espaço de marcas comerciais. Processos de sustentabilidade modernamente ado-tados em alguns clusters gastronômicos também serão considerados, para eviden-ciar a preocupação existente com a pre-servação de ingredientes autóctones e de métodos de plantar/colher/fazer tradicio-nais.

Por derradeiro, o episódio tratará de uma das instituições que melhor representa o referencial gastronômico mineiro: o bo-teco. Espaço de interação por excelência, onde alegria, tristeza, namoro, reunião fa-miliar ou profissional convivem harmonio-samente, o boteco mineiro reflete o cos-tume local de se reunir em torno de uma mesa para compartilhar emoções. Acima de tudo, os botecos são locais acessíveis a todos os públicos. Seu caráter democráti-co permitiu a construção de uma das mais singulares representações de identidade cultural, merecendo reportagem do jornal The New York Times, no ano de 2007. Os caminhos que levaram à construção so-ciológica do boteco como locus de lazer e de tomada de decisões em Minas Gerais – evoluindo, inclusive, para a criação de um neologismo local para designar a ati-vidade tão presente na vida dos mineiros: botecar – serão analisados à luz de ele-mentos antropológicos e sociológicos da formação cultural, encerrando a série com o que o mineiro tem de mais genuíno.

O primeiro episódio da série documen-tal MINAS À MESA vai beber da fonte do que foi desenvolvido nos outros episódios, mas também vai contar com a exclusivi-dade de um fio narrativo sintético da for-mação cultural alimentar, conduzido por pesquisadores e chefs. Dessa forma, CO-MER EM MINAS é uma isca que traz ao es-pectador o gosto do universo da gastrono-mia mineira e um panorama do que será apresentado nos próximos 12 capítulos da série.

Page 118: Clique aqui para ler o artigo. - Una

118

bibliografia

1- PARÉS, Luis Nicolau. O Processo de Crioulização No Re-côncavo Baiano (1750-1800). Afro-Ásia, 33 (2005), 87-132.

2- ABDALA, Monica Chaves. Receita de mineiridade: a cozi-nha e a construção da imagem do mineiro. Uberlância: Edufu, 1997.

3- “Sabores da tradição”. Revista do Arquivo Público Mineiro, Belo Horizonte, n.1, jul/dez. 2006, pp.118-29.

4- BRILLAT-SAVARIN, Jean-Anthelme. A fisiologia do gosto. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

5- CÂMARA CASCUDO, Luís da. História da alimentação no Brasil (1967). Belo Horizonte/São Paulo: Itatiaia/Edusp, 1983.

6- CHRISTO, Maria Stella Libanio. Fogão de Lenha. São Paulo: Vozes, 1977.

7- DÓRIA, Carlos Alberto. Formação da culinária brasileira. São Paulo: Três Estrelas, 2014.

8- FRIEIRO, Eduardo. Feijão, angu e couve. Belo Horizonte: Centro de Estudos Mineiros, 1966.

9- MAGALHÃES, Sônia Maria de. A mesa de Mariana. São Pau-lo: Annablume; Fapesp, 2004.

10- NUNES, Maria Lucia Clementino. História da arte da cozi-nha mineira por Dona Lucinha. Belo Horizonte: Ed. da autora, 2001.

11- RENAULT, Delso. Chão e alma de Minas. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1987.

12- www.institutoestradareal.com.br

13- www.territoriosgastronomicos.com.br

14- http://www.nytimes.com/2007/10/28/travel/28next.html?_r=0

15- http://www.agnesfarkasvolgyi.com.br/site/

16- Série Chef’s Table, Netflix

Page 119: Clique aqui para ler o artigo. - Una

119

VINHAS GERAIS: UMA IDENTIDADE CULTURAL E ENOGASTRONÔMICA PARA O POLO VITICULTOR DE MINAS GERAIS, BRASIL

Projeto FIP INSTITUCIONAL apresentado por:Curso Superior de Tecnologia em Gestão do TurismoDepartamento de Geografia

PARTICIPANTES

COORDENAÇÃODra. Flávia Magalhães Freitas Ferreira -Deptº de Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação

INTEGRANTESDra. Mariana Guedes Raggi -Deptº de GeografiaDr. Edmundo de Novaes Gomes -Curso Superior de Tecnologia em Gestão do TurismoMs. Rosilene Martins -Curso Superior de Tecnologia em Gestão do Turismo

introdução

O Projeto Vinhas Gerais foi idealizado pelo sommelier Renato Costa e pela gas-trônoma Slow Food Nella Cerino, ambos proprietários da Allegro Vivace Vinhos, em coautoria com a equipe da Culinária para Convivência, empresa que pretende difundir a culinária como ferramenta de transformação pessoal e relacionamentos interpessoais, em suas mais diversas nu-ances.

A convite dos idealizadores, passa a in-

tegrar a equipe professores e alunos da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, com o objetivo de se reunir, no in-terior da academia, duas pontas bastante específicas da missão da Universidade: a pesquisa e a extensão.

Para que isto seja alcançado, o Curso Su-perior de Tecnologia em Gestão do Tu-rismo, o Departamento de Geografia e a Vice-Reitoria juntam suas forças para, a partir do Fundo de Incentivo à Pesquisa Institucional (FIP) da PUC-Minas, constru-írem um programa de práticas investigati-

Page 120: Clique aqui para ler o artigo. - Una

120

um PouCo dE históriaEm Minas Gerais, a viticultura data de 1860. Tradicionalmente havia dois polos produ-tores: um com cultivares europeias para o mercado de uvas finas de mesa, localizado na região de Pirapora, e outro em Andradas e Caldas, com cultivares americanas, para vinificação de vinhos comuns e elaboração de suco e uva de mesa.

Entretanto, o manejo convencional da cultu-ra em regiões de clima tropical impossibili-tava a obtenção de uvas viníferas de quali-dade, já que ocorria a coincidência do final de maturação e colheita com os altos índi-ces pluviométricos e altas temperaturas do verão (dezembro a fevereiro), o que levava à diluição de açúcares, redução da síntese de polifenóis e aumento da incidência de doen-ças fúngicas. Aliado a isso, as temperaturas elevadas, junto com a baixa amplitude tér-mica, dificultam a concentração dos com-postos fenólicos essenciais para dar cor, estrutura e estabilização aos vinhos (Amo-rim et al., 2005).

É sabido que, para a elaboração de vinhos

vas cujo objetivo maior é produzir, a partir da definição das identidades culturais do território mineiro, a divulgação e o desen-volvimento do Turismo Enogastronômico na região do sul de Minas Gerais.

Para isso, o projeto também quer carac-terizar e conferir a Identidade Vinhas Ge-rais ao polo nacional de vinhos produzidos em Minas Gerais, a princípio, jogando seu foco para a região Sul, a fim de classificar produtos e marcas como vinhos finos ou de mesa, e certificar periodicamente os produtores e os rótulos por sua qualidade. A este trabalho de pesquisa e certificação, soma-se outro de igual importância: o de divulgar a cultura do vinho no Estado, pro-movendo-o turística, cultural e comercial-mente. Nesse sentido, serão identificados e catalogados os produtores sul-mineiros de vinho, seus principais rótulos e a des-crição das características peculiares ca-pazes de lhes conferir identidade regional. Finalmente, serão detalhadas estratégias voltadas para a divulgação da Identidade Vinhas Gerais.

A principal delas, que quer ser iniciada já com este FIP, será decisiva para que este trabalho ganhe repercussão não apenas em Minas, mas também na mídia espe-cializada nacional e internacional. Trata--se da execução das tarefas iniciais que darão origem à edição de um livro sobre a cultura do vinho no Estado, abordando a história da produção de uvas viníferas e definindo um catálogo em que estejam relacionados os produtores e rótulos cer-tificados com a Identidade Vinhas Gerais.

Para que tais objetivos sejam melhor com-preendidos, é necessário conhecer, ainda que de maneira preambular, um pouco da história da cultura da uva e do vinho em Minas, o que será feito logo a seguir. Além disso, é indispensável informar que este FIP nasce alinhado com o Movimento Slow Food, que tem conquistado espaço significativo na mídia mineira, e apoiado por instituições como os Comitês dos Ita-lianos no Exterior (COM.IT.ES) e a Frente da Gastronomia Mineira.

Page 121: Clique aqui para ler o artigo. - Una

121

Na tentativa de desenvolver tal trabalho em Minas Gerais, a Empresa de Pesqui-sa Agropecuária de Minas Gerais (Epa-mig), em experimento comandado pelo pesquisador Murillo Albuquerque Regina, e o médico Marcus Arruda, proprietário da Fazenda da Fé, em Três Corações, realizaram, em 2001, o primeiro ensaio experimental da dupla poda focado em cultivares viníferas. Dois anos mais tarde, obteve-se o primeiro resultado do proje-to: o vinho produzido na Epagri, de Santa Catarina, uma vez que a Vinícola Experi-mental da Epamig ainda não havia sido reformada.

Motivados pelo fato de que as condições climáticas encontradas no inverno no Sul de Minas Gerais assemelham-se àquelas das melhores regiões produtoras de vi-nho do mundo (dias ensolarados, baixas temperaturas à noite e pouca chuva), a partir de 2004 pesquisadores da Epamig começaram a estudar a possibilidade de se trabalhar com cultivares europeias (vi-tis vinífera) na região do sul de Minas Ge-rais, em clima do tipo temperado quente, a uma altitude entre 800 e 900 metros.

Em parceira com a Fazenda da Fé, rea-lizaram uma série de experimentos com cultivares europeias, visando validar o manejo da dupla poda. Dentre as cultiva-res testadas, a Syrah foi a que melhor se adaptou à mudança do ciclo da planta. No Sul de Minas, assim como na maioria das regiões vitícolas do País, o período

finos, a qualidade da matéria-prima utili-zada é indispensável, sendo esta carac-terística diretamente influenciada pelo material genético, pelas técnicas de cul-tivo e pela combinação dos fatores “cli-ma-solo” durante o desenvolvimento e maturação da uva, o chamado terroir. Um dos maiores desafios da viticultura bra-sileira é identificar regiões onde existam condições climáticas ideais para o bom desenvolvimento da Vitis vinífera, espé-cie de videira exclusivamente utilizada na produção de vinhos finos. da colheita também ocorria nos meses

de janeiro e fevereiro, momento de maior precipitação pluviométrica. Entretanto, os estudos realizados no município de Três Corações, região cafeeira do Sul de Minas Gerais, mostraram que a cultivar Syrah apresentou boa adaptação quando o ciclo foi transferido para os meses de janeiro a julho, permitindo a colheita no período seco (Amorim et al., 2005) (Fave-ro, 2008).

A técnica da dupla poda consiste em im-primir uma produção extemporânea na videira, permitindo a colheita das uvas em julho, com melhores índices de matu-ração, através da poda e quebra de dor-mência artificial das gemas. A inversão da colheita por meio da dupla poda vale para toda a região Sudeste do País. Para o Nordeste, ela é inviável devido ao clima quente. No Sul, o problema é o contrário.Nesse sentido, Favero et al. (2008) tratou de aspectos agronômicos, juntamente com algumas respostas fisiológicas, de videiras, cv. Syrah, conduzidas em ciclo de outono-inverno, entre janeiro e julho, onde o foco das avaliações centrou--se nas indagações sobre a viabilidade da produção extemporânea em vinhedo não-irrigado.

A pesquisa foi realizada nos anos de 2005 e 2006 e os índices de produtivi-dade e qualidade de frutos obtidos em duas safras permitiram afirmar que a al-teração do ciclo de produção da videira Syrah, para um ciclo de outono-inverno

Page 122: Clique aqui para ler o artigo. - Una

122

entre janeiro e julho, onde o foco das ava-liações centrou-se nas indagações sobre a viabilidade da produção extemporânea em vinhedo não-irrigado.

A pesquisa foi realizada nos anos de 2005 e 2006 e os índices de produtivi-dade e qualidade de frutos obtidos em duas safras permitiram afirmar que a al-teração do ciclo de produção da videira Syrah, para um ciclo de outono-inverno em vinhedo não-irrigado, é viável para a região em estudo. As vantagens dessa alteração do ciclo resumem-se, princi-palmente, na possibilidade de se obterem uvas com teores de maturação e sanida-de bastante superiores àqueles obtidos em uvas da mesma cultivar em ciclo de verão, contribuindo positivamente para a melhoria da qualidade do vinho.

Assim, com a possibilidade de se pro-duzir uvas de qualidade pelo manejo de dupla poda, a vitivinicultura torna-se uma alternativa rentável para os produtores de café da região do Sul de Minas Gerais, podendo ser perfeitamente encaixada nas áreas mais baixas das fazendas, que geralmente não são utilizadas pelo fato de o café ser extremamente sensível às geadas.

O potencial das uvas colhidas na região possibilita a produção de vinhos finos tintos de qualidade, com bom equilíbrio entre o teor alcoólico e a acidez, encor-pados e com possibilidade de estágio em barricas de carvalho, agregando maior valor ao produto final.

Minas Gerais apresenta uma gran-de variedade de condições climáti-cas em seu território, contrastando o clima quente e seco da região Norte com as condições de temperaturas mais amenas e precipitações mais abundantes e distribuídas das regi-ões montanhosas do Sul.

Portanto, as possibilidades enológicas para a elaboração de vinhos finos são bastante variadas.

A Epamig desenvolve experimentos em rede que visam avaliar o comportamen-to agronômico de diversas cultivares de videiras em diferentes regiões do Esta-do, tais como nas cidades de Cordislân-dia, Caldas, João Pinheiro, Pirapora, Dia-mantina e Três Corações. Em cada uma dessas regiões optou-se por um elenco de cultivares que poderá exprimir o po-tencial enológico regional, buscando-se sempre a elaboração de um determinado tipo de vinho que possa exprimir alguma identidade regional (Tonietto et al., 2006).Em Minas Gerais, a viticultura voltada para a elaboração de vinhos concentra--se predominantemente na região Sul do Estado, principalmente nos municípios de Caldas (altitude 1130 m) e Andradas (altitude 920 m).

Page 123: Clique aqui para ler o artigo. - Una

123

A tabela a seguir apresenta os produtores mineiros de vinho identificados até o mo-mento, com seus respectivos cultivares e a definição do ciclo da uva (vindima no verão ou no inverno). Os projetos citados de Pirapora e João Pinheiro não existem mais, os parreirais foram desfeitos e as propriedades vendidas. A situação atual do projeto de Diamantina necessita ser investigada. Este FIP, como já se mencionou, pretende inves-tigar a situação dos produtores relacionados na região do Sul de Minas.

busCando uma idEntidadE

Nesse sentido, o problema motivador deste projeto é tentar entender o potencial do ter-ritório mineiro como polo vitícola brasileiro, contrastado à falta de certificação da impor-tância cultural, turística e enogastronômica do Estado de Minas Gerais. Muito há o que se fazer em relação à divulgação deste território, e, por consequência, dos produtores vitícolas e dos vinhos de alta qualidade ali produzidos.

Somado a isso, destaca-se a tendência do brasileiro em valorizar mais os produtos

Page 124: Clique aqui para ler o artigo. - Una

124

Slow Food. A filosofia do Slow Food é ba-seada na convicção de que a dimensão local respeita as exigências locais. Agin-do desta maneira, Minas pode atuar em escala local, tornando-se também de-fensora de uma dimensão de consumo que prega ideias mais coerentes com as perspectivas necessárias para um de-senvolvimento consciente e sustentável, como exige o mundo contemporâneo.

E atuar em escala local significa, acima de tudo, fazer uma economia local. Isso é possível no âmbito da produção de ali-mentos, da sua distribuição ou das esco-lhas de consumo que são feitas. O que este projeto quer investigar são as cir-cunstâncias que, na esfera da enogastro-nomia, surgem da produção do vinho no Sul de Minas Gerais, no sentido de fazer com que simples ideias possam se tor-nar realidade transformadora.

JustifiCativa

Pode-se afirmar que este projeto con-centra sua principal justificativa na pro-moção que o simples fato de investigar a produção do vinho e da gastronomia a ele alinhada irá gerar no Estado de Mi-nas Gerais. Sem dúvida, tal contribuição servirá para valorizar social, turística e culturalmente a ideia de “territorialidade mineira”.

Nesse sentido, Vinhas Gerais virá tam-bém para resgatar, a partir da valorização das paisagens do Sul de Minas Gerais, a tradição cultural de sua população, fato de suma importância para a reafirmação da sua economia e da sua história. O tu-rismo tem, assim, papel fundamental no processo de reconhecimento e valoriza-ção dessas tradições, ampliando e po-tencializando as peculiaridades e indivi-dualidades regionais.

Além disso, é preciso salientar o compro-misso com a ideia de ampliar o enorme potencial do território mineiro como polo vitícola brasileiro, contrastado à falta de certificação da importância cultural, tu-rística e enogastronômica do Estado de Minas Gerais. Com já se disse aqui mes-mo, há bastante o que fazer em relação à divulgação deste território e, consequen-temente, de seus produtores vitícolas e dos vinhos aqui produzidos.

Nesse sentido para que esse projeto pos-sa obter os resultados esperados é fun-damental consolidarmos a parceria en-tre o Turismo e a Geografia na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. A valorização do conhecimento ambien-tal atrelado às peculiaridades culturais presentes na região potencializará e di-vulgará as possibilidades das atividades turísticas do Estado. É esse diálogo entre esses dois campos do saber que fomen-tará e fortalecerá o caráter interdiscipli-nar na academia, trajetória e compromis-so da Universidade.

Finalmente, é necessário mencionar uma justificativa prática para Vinhas Gerais: os trabalhos iniciais que este FIP fomen-tará no sentido de se produzir um livro sobre o assunto investigado.

obJEtivos

PrinCiPais• Estabelecer e descrever os elemen-tos que compõem a Identidade Vinhas Gerais;• Criar a Identidade Vinhas Gerais com base nos elementos escolhidos;• Estabelecer os mecanismos adequa-dos para a divulgação da Identidade Vinhas Gerais.

sECundários• Buscar apoio dos produtores vitícolas para a construção da Identidade Vinhas

Page 125: Clique aqui para ler o artigo. - Una

125

Gerais, principalmente para a confecção do livro Vinhas Gerais, que contará a his-tória da cultura do vinho e da produção de uvas viníferas para a produção de vi-nhos no Estado;• Buscar instituições parceiras que te-nham interesse na divulgação da Identi-dade Vinhas Gerais;• Estabelecer cronograma de ações a se-rem tomadas para a criação e a divulga-ção da Identidade Vinhas Gerais;• Coordenar as atividades relacionadas à criação e à divulgação da Identidade Vi-nhas Gerais.

rEvisão bibliográfiCaComo já foi possível perceber, este proje-to que busca o apoio do Fundo de Incen-tivo à Pesquisa da PUC-Minas tem como uma de suas características mais decisi-vas a interdisciplinaridade. As áreas en-volvidas são, no mínimo, três: a do turis-mo, a de estudos envolvendo a questão do território e, como não poderia deixar de ser, da enogastronomia e viticultura.

No que se refere ao turismo, será determi-nante partir de autores como Mário Car-los Beni e Mário Petrocchi, que enfocam o tema a partir de suas definições mais estruturais, e passar por pesquisadores como Doris Ruschmann, que investiga criteriosamente, dentre outras questões, a da sustentabilidade, essencial para o desenvolvimento desta pesquisa.

Outros pontos serão certamente percor-ridos nesta área, como o de roteiros, o de base local, o do marketing e o de planeja-mento interpretativo. Aqui, nomes como o de Alexandre Panosso Netto, Stela Maris Murta, Luiz Gonzaga Godói Trigo, Silvana Pirillo Ramos, Miguel Bahl, Philip Kotler, Adyr Balastreri Rodrigues e Ana Fani Alessandri Carlos serão decisivos para o entendimento das questões levantadas.Para fazer a melhor leitura da enogas-

tronomia e da viticultura, a revisão de autores como Favero e Carbonneau são essenciais. A geografia e suas questões relativas ao território serão melhor com-preendidas a partir da leitura de Fernan-da Sanches, Maria Cristina Rocha Simão, Rogério Haesbaert e, com não poderia deixar de ser, do clássico Milton Santos.

mEtodologia

O desenho metodológico que se propõe a seguir quer ir além do próprio FIP, definin-do ações, como se poderá perceber, que partirão da pesquisa para a extensão, de maneira a viabilizar a Identidade Vinhas Gerais em suas mais diversas perspec-tivas.

Nesse sentido, vale salientar os seguin-tes pontos:

GERAL• Revisão bibliográfica para resgatar o processo de ocupação do Sul de Minas;• Trabalho de Campo: reconhecimento geográfico da região e construção de re-ferencial teórico de pesquisa.

ESPECÍFICOSMetodologia para a Criação da Identida-de Vinhas Gerais

• Estabelecer critérios para a seleção dos produtores vitícolas que serão con-vidados a participar da Identidade Vinhas Gerais e, posteriormente, para a sua cer-tificação periódica para inclusão no Catá-logo Vinhas Gerais;• Elaboração de carta-convite aos produ-tores vitícolas selecionados para adesão à Identidade Vinhas Gerais;• Edição de um livro sobre a cultura do vinho no Estado de Minas Gerais, com ISBN;• Paralelamente, elaboração do Catálogo Vinhas Gerais (online, periodicidade a ser determinada, com ISSN).

Page 126: Clique aqui para ler o artigo. - Una

126

• Proposição de Rotas Turísticas Vinhas Gerais, como experiências enogastronô-micas (roteiro e programação nas viníco-las).

Metodologia para a Divulgação da Iden-tidade Vinhas Gerais• Realização de encontros com dirigen-tes da Secretaria de Estado de Desenvol-vimento Agrário de Minas Gerais, da Se-cretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico e da Secretaria Municipal Ad-junta de Relações Internacionais, visando à divulgação do território mineiro como produtor de vinhos no mercado regional, nacional e internacional, a começar pela Itália, que tem especial interesse pela di-vulgação da cultura do vinho.• Realização de encontros com dirigen-tes do COM.IT.ES (Comitês dos Italianos no Exterior), com vistas à divulgação da cultura do vinho em território mineiro.• Realização de palestras em Universi-dades e Cursos de Gastronomia no Brasil e na Itália, para a divulgação do território mineiro como destino enogastronômico diferenciado.• Participação no Festival Tipicitá (www.tipicita.it), Itália, provavelmente em mar-ço de 2017, para a apresentação da culi-nária mineira harmonizada com rótulos mineiros, com ênfase na apresentação das técnicas de cultivo de vinhas vinífe-ras especialmente desenvolvidas para o território de Minas Gerais. • Realização de roteiros enogastronômi-cos subsidiados (Rotas Vinhas Gerais) com formadores de opinião (sommeliers, chefs, jornalistas e blogueiros), em par-ceria com os produtores e as prefeituras locais. • Estabelecer estratégias para a divulga-ção do livro, do catálogo de produtores de vinhos finos e do vídeo institucional.

rEsultados EsPErados

São resultados esperados deste projeto:• Promover o reconhecimento do terri-tório mineiro como polo produtor vitícola no Estado de Minas Gerais, no Brasil e no exterior, iniciando pela Itália.• Certificar periodicamente os produto-res de vinhos finos de qualidade, permi-tindo que novos rótulos passem a inte-grar o Catálogo Vinhas Gerais, ao mesmo tempo que descredencia rótulos que, por ventura, não tenham mantido a qualidade esperada.• Reconhecer as Rotas Vinhas Gerais como destinos enogastronômicos com destaque regional, nacional e internacio-nal, especialmente para estudantes de gastronomia e apreciadores amadores e profissionais do vinho.• Conceituar as Rotas Vinhas Gerais, e os rótulos dos produtores integrantes do Catálogo Vinhas Gerais, como serviços e produtos diferenciados para reconhecer e presentear personalidades, clientes VIP e funcionários de destaque.• Introduzir rótulos mineiros que perten-çam ao Catálogo Vinhas Gerais nos prin-cipais restaurantes e delicatessens de Belo Horizonte e, futuramente, incluir as principais cidades do Estado e do País.

Vale lembrar que não faz parte do esco-po deste projeto, como não poderia dei-xar de ser, comercializar os rótulos dos produtores que constituem a Identidade Vinhas Gerais.

EquiPEs

Caracterizando sua perspectiva interdis-ciplinar e institucional, poder-se-ia dizer que este FIP possui dois tipos de equipe específicos. A primeira, de professores da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. A outra de profissionais e docen-tes de outras instituições. Vamos a am-bas.

Page 127: Clique aqui para ler o artigo. - Una

127

EquiPE PuC-minas• Profª Dra. Flávia Magalhães Freitas Ferreira, do Departamento de Engenharia Eletrô-nica e de Telecomunicação e Coordenadora do Projeto: idealizadora, fundadora e Sous Chef da Culinária para Convivência, idealizadora e coautora do Projeto Vinhas Gerais, juntamente com a Allegro Vivace Vinhos. Responsável pela organização das atividades da equipe, pela interlocução das diversas áreas do conhecimento relacionadas ao pro-jeto, pela proposição de metodologias para o cumprimento das diversas etapas e pela atualização contínua do projeto a partir de propostas de desdobramentos que venham a ocorrer, tudo sob o rigor acadêmico esperado para a garantia da qualidade do projeto Vinhas Gerais, graças à sua formação (mestrado/doutorado) e experiência acadêmi-cas.

• Profª Dra. Mariana Guedes Raggi, do Departamento de Geografia: possui graduação em Geografia pela Universidade Federal de Minas Gerais (2000), graduação em Ciên-cias Econômicas pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (1991), mes-trado em Geografia pela Universidade Federal de Minas Gerais (2003) e Doutorado em Geografia na Universidade de São Paulo (orientadora: professora Dra. Rita de Cássia Ariza Cruz). Atualmente é professora de Geografia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Tem experiência na área de Geografia, com ênfase em Ensino de Geo-grafia, Teoria da Geografia e Geografia Urbana. Coordenadora do Laboratório de Prática de Ensino de Geografia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Coorde-nadora de Pesquisa em Geografia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Coordenadora de Geografia do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência PIBID PUC Minas/CAPES. Coordenadora de Geografia do Projeto da Escola Integrada (Projeto: Meio ambiente e cidadania).

• Prof. Dr. Edmundo de Novaes Gomes, Coordenador Curso Superior de Tecnologia em Gestão do Turismo: jornalista, publicitário, mestre em Literaturas de Língua Portugue-sa; doutor em Artes Cênicas. É também ficcionista e dramaturgo.

• Profª Ms. Rosilene Martins, integrante do Colegiado do Curso Superior de Tecnologia em Gestão do Turismo: possui Graduação em Turismo e Especialização em Planeja-mento Turístico pelo Centro Universitário Newton Paiva. Mestre em Turismo e Meio Ambiente pelo Centro Universitário UNA. Professora Assistente IV no Curso de Turis-mo - Bacharelado e Tecnólogo - da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atuando nas áreas de ensino e extensão. Integrante do Núcleo Docente Estruturante do Curso Superior de Tecnologia em Gestão em Turismo da PUC-MINAS. Integrante do Banco de Avaliadores de Instituições e de Cursos de Graduação do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior, Sinaes, MEC/Inep. Integrante do Banco Nacional de Itens, na elaboração de itens para o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) para a área de Turismo. Elaboradora de provas para os cargos de Turismólogo e Tecnólogo em Turismo em concursos públicos no Estado de Minas Gerais. Produtora de conteúdo de cursos na área de Turismo e Educação na modalidade EAD. Membro do Conselho Municipal de Turismo de Belo Horizonte.

• Dois estagiários a serem selecionados: um do Curso Superior de Tecnologia em Ges-tão do Turismo e outro do Curso de Geografia.

Page 128: Clique aqui para ler o artigo. - Una

128

EquiPE Extra PuC-minasÉ importante reiterar que os profissionais relacionados a seguir não possuem qualquer tipo de vínculo empregatício com a Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e já faziam parte deste projeto antes mesmo de que ele concorresse ao Fundo de Incen-tivo à Pesquisa da PUC-Minas. Todos eles compõem a Equipe Allegro Vivace Vinhos e a Equipe Culinária para Convivência, organizações regionais cujo principal trabalho é o reconhecimento da gastronomia, da viticultura e da produção de vinhos como ativida-des de importância relevante para a sociedade, o turismo e a cultura a local. A eles, é bom lembrar, também se junta a Dra. Flávia Magalhães Freitas Ferreira, que coordena este FIP.

• Renato Costa: sommelier, idealizador do Projeto Vinhas Gerais, responsável pelas de-gustações guiadas do vinho mineiro e interlocução com profissionais dessa área, bem como pelas palestras e workshops sobre vinhos.• Nella Cerino: gastrônoma Slow Food, idealizadora do Projeto Vinhas Gerais, respon-sável pela divulgação dos produtos mineiros e sua articulação com o Movimento Slow Food, bem como por palestras e workshops relacionados à gastronomia e ao território mineiro.• Tatiana Magalhães Torres, idealizadora, fundadora e Chef da Culinária para Convivên-cia, coautora do Projeto Vinhas Gerais, responsável por todas as dinâmicas (palestras / aulas) relacionadas à culinária mineira, desde à escolha do cardápio e ingredientes, até à forma de preparo e de servir. • Cláudio Parreiras Reis, designer gráfico e artista plástico, PUC Minas PUC Minas, co-autor do Projeto Vinhas Gerais, responsável pela coordenação do registro documental das Vinhas Gerais por meio de fotografias, filmagens e desenhos, bem como pela inter-locução com outras áreas das Artes que retratem a mineiridade, tais como a música e a história oral.• Ildelano Ferreira e Silva, com pós-graduação em Negócios, coautor do Projeto Vinhas Gerais, responsável por prospectar, receber e avaliar oportunidades de negócio que sur-jam a partir do Projeto Vinhas Gerais.

orçamEnto

O orçamento para este FIP Institucional é de R$ 20.000,00 (vinte mil reais). Este valor será dividido da seguinte maneira:Pagamento de Bolsas dos 2 estagiários R$ 9.600,00Outras rubricas RS 10.400,00

Cronograma

Fevereiro de 2016 Início dos trabalhosMarço de 2016 Primeira Visita Técnica ao polo viticultor do Sul de MinasJulho de 2016 Segunda Visita Técnica ao polo viticultor do Sul de MinasOutubro de 2016 Terceira Visita Técnica ao polo viticultor do Sul de MinasFevereiro de 2017 Apresentação dos Resultados da Pesquisa e Prestação de Contas.

Page 129: Clique aqui para ler o artigo. - Una

129

rEfErênCias

AMORIM, D. A.; FAVERO, A. C.; REGINA, M. A. Produção ex-temporânea da videira, cv. Syrah, nas condições do sul de Minas Gerais. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 27, n. 2, p. 327-331, ago. 2005.

BARTHOLO, R.; SANSOLO, D.G.; BURSZTYN, I. Turismo de Base Comunitária diversidade de olhares e experiências bra-sileiras. Rio de Janeiro: Editora Letra e imagem, 2009.

BENI, Mário Carlos. Análise estrutural do turismo. 10 ed. São Paulo: Senac, 2010.

BOULLÓN, R.C. Planejamento do espaço turístico. Bauru: EDUSC, 2001.

CARBONNEAU, A. Aspects qualitatifs. In: TIERCELIN, J.R. (Ed.). Traité d’ irrigation. Paris: Lavoisier, 1998. p. 258-276. DELOIRE, A.; CARBONNEAU, A.; WANG, Z. P. ; OJEDA, H. Vine and water : a short review. Jounal International Des Scienes de la Vigne et Du vin, Bordeaux, v. 38, n. 1, p. 1-13, jan./mars. 2004.

ELIZA Bianchini Dallanhol, HERNANDA Tonini. Enoturismo. Editora Aleph. 2012

FAVERO, A. C.; AMORIM, D. A.; MOTA, R. V.; SOARES, A. M.; REGINA, M. A. Viabilidade de produção da videira ‘SYRAH’, em ciclo de outono inverno, na região sul de Minas Gerais. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 30, n. 3, p. 685-690, set. 2008.

GIOVANNI Seabra (Org.). Turismo de Base Local: identidade cultural e desenvolvimento regional. João Pessoa: Universi-tária, 2007.

GINESTAR, C.; EASTHAM, J.; GRAY, S.; ILAND, P. Use of sap- flow sensors to schedule vineyard irrigation. II. Effects of post- verasion water deficits on composition of shiraz gra-pes. American Jounal Enology and Viticulture, Davis, v. 49, n. 4, p. 421-428, 1998.

HAESBAERT, Rogério. O mito da desterritorialização. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004.

KLIEWER, W. M.; DOKOOZLIAN, N. K. Leaf area/crop weight ratios of grapevines: influence on fruit composition and wine quality. American Journal Enology and Viticulture, Davis, v. 56, n. 2, p. 170-181, 2005.

MANDELLI, F.; MIELE, A.; RIZZON, L. A. Influência do tipo de poda na produtividade e composição do mosto da uva Ca-bernet sauvignon em dois sistemas de condução. In: CON-GRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA: Frutas do Brasil, saúde para o mundo, 19., 2006, Cabo Frio. Resumos... Cabo Frio: SBF/UENF/ UFRRJ, 2006. p. 228.

NETTO, Panosso Alexandre; TRIGO, Luiz Godói; GAETA, Cecí-lia. Turismo de experiência. São Paulo:Senac, 2010.

NETTO, Panosso Alexandre Alexandre; ANSARAH Marilia Gomes dos Reis. Produtos turísticos e novos segmentos de mercado: planejamento, criação e comercialização. São Paulo: Manole, 2015.

MIELKE, Eduardo Jorge Costa. Desenvolvimento turístico de base comunitária: uma abordagem prática e sustentável. Campinas: Alínea, 2009.

MORI, K.; SAITO, H.;GOT-YAMAMOTO, N.;KITAYAMA, M.; KO-BAYASHI, S.; SUGAYA, S.; GEMMA, H.; HASHIZUME, K. Ef-fects of abscisic acid treatment and night temperatures on anthocyanin composition in Pinot noir grapes. Vitis, Siebel-dingen, v. 44, n. 4, p. 161-165, 2005.

PETROCCHI, Mario. Turismo: planejamento e gestão. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.

RAMOS, Silvana Pirillo (Org.). Planejamento de roteiros tu-rísticos. Porto Alegre: Asterisco, 2012.

REGINA, M. A.; AUDEGUIN, L. Avaliação ecofisiológica de clones de videira cv. Syrah. Ciência e Agrotecnologia, La-vras, v. 29, n. 4, p. 875-879, 2005.

ROSIER, J. P. Vinhos de altitude: característica e potencial na produção de vinhos finos brasileiros. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 27, n. 234, p. 105-110, 2006.

SANCHES, Fernanda. A reinvenção das cidades para um mercado mundial. Editora Chapecó: Argos, 2010.

SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, ra-zão e emoção. São Paulo: Edusp, 2006.

SIMÃO, Maria Cristina Rocha. Preservação do patrimônio cultural em cidades. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.

SOUZA, C. M.; REGINA, M. A.; PEREIRA, G. E. FREITAS, G. F.; Indicação de cultivares de videira para o sul de Minas Gerais. In: REGINA, M. A. (Coord.). Viticultura e enologia: atualizan-do conceitos. Caldas: EPAMIG-FECD, 2002. p. 277-286.

TONIETTO, J.; VIANELLO, R. L.; REGINA, M. A. Caracterização macroclimática e potencial enológico de diferentes regiões com vocação vitícola de Minas Gerais. Vinhos finos: rumo à qualidade. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 27, n. 234, p. 32-55, set./out. 2006.

TRIGO, Luiz Gonzaga Godói. Análises Regionais e Globais do Turismo. Brasileiro. São Paulo: Roca, 2009.

Page 130: Clique aqui para ler o artigo. - Una

130