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Data de Criação: 12/08/2019
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Clipping SCA
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Sumário das
Matérias:
BNDES vai assumir mais risco em crédito e liquidez
Valor – 12 de agosto.......................................01
Correção do IR é elogiada, mas há dúvidas sobre impacto de compensação das perdas
Valor – 12 de agosto.......................................08
STF pode julgar constitucionalidade da MP dos balanços
Valor – 12 de agosto.......................................10
A reforma tributária em etapas
Valor – 12 de agosto.......................................13
Chinesa BYD atinge mil MW em módulos solares no país
Valor – 12 de agosto.......................................16
Concebra está com R$ 1 bi de dívida vencida no BNDES
Valor – 12 de agosto.......................................16
Suzano reduzirá envios à China nos próximos meses
Valor – 12 de agosto.......................................20
B2W e Americanas entram na disputa dos 'superapps'
Valor – 12 de agosto.......................................22
Alteração em artigo da Lei das SA sai do texto de MP
Valor – 12 de agosto.......................................24
Movimento falimentar
Valor – 12 de agosto.......................................25
TST desobriga empregadores de controlar jornada de trabalhador
Valor – 12 de agosto.......................................30
STJ analisa tributação de crédito do Reintegra
Valor – 12 de agosto.......................................32
A importância da recuperação de empresas
Valor – 12 de agosto.......................................34
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Escalada da guerra comercial e brexit elevam temores de recessão mundial
Folha – 12 de agosto.......................................36
MP flexibiliza contrato de uso da terra e traz risco de judicialização no campo
Folha – 12 de agosto.......................................40
Executivo estuda reforma sindical para atualizar segmento à realidade
OESP – 12 de agosto.......................................42
MP da Liberdade Econômica buscará mais flexibilização trabalhista no País
DCI – 12 de agosto.......................................44
STJ anula decisão que afastou cláusula de arbitragem com base no CDC
Conjur – 12 de agosto.................................46
Associação questiona lei de SC que permite acumular franquia de dados de celular
Conjur – 12 de agosto.................................48
TST valida trabalho intermitente
Migalhas – 12 de agosto.................................50
STJ vai fixar termo inicial de auxílio-acidente decorrente da cessação de auxílio-doença
Migalhas – 12 de agosto.................................52
Cláusula compromissória arbitral não pode ser afastada por analogia com CDC
Migalhas – 12 de agosto.................................53
Câmara Superior do Carf analisa uso de FIP durante incorporação do grupo Bertin
Jota – 12 de agosto.......................................55
Blockchain: TJSP reconhece validade de prova coletada sobre conteúdo online
Jota – 12 de agosto.......................................57
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Valor Econômico
Caderno: Primeira Página, segunda-feira, 12 de agosto de 2019.
BNDES vai assumir mais risco em crédito e liquidez
Por Francisco Góes | Do Rio
O novo presidente do BNDES, Gustavo Montezano, quer que a instituição assuma mais risco em operações de crédito. Na opinião do executivo, que assumiu o posto há pouco menos de um mês, o banco de fomento foi mais ousado nos últimos anos nas operações em que apoiou grandes empresas com "equity" (compra de participações acionárias), por meio da BNDESPar, seu braço de investimento no mercado de capitais.
"O banco é extremamente conservador no risco de liquidez e crédito. E olha pouco para risco de mercado e risco reputacional", disse Montezano em entrevista ao Valor. "O que imagino do banco daqui a cinco anos? O banco tomando menos risco de mercado, sobretudo via BNDESPar, e menos risco reputacional, por tudo o que estamos falando. E tomar mais risco de crédito e um pouco mais de risco de liquidez. Porque quando toma pouco risco de crédito e pouco risco de liquidez fica ineficiente."
Montezano reconhece que tomar mais risco de crédito significa ter mais inadimplência na carteira. "O que é normal porque faz mais operações, tem um pouco mais de inadimplência, mas acessa mais devedores, ganha mais dinheiro no 'spread' [diferença entre custo de captação e empréstimo] das operações", disse.
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A inadimplência da carteira do BNDES -isto é, operações com atraso de 90 dias - é a menor do mercado. Em março, estava em 1,32%. Segundo o Banco Central, a inadimplência média do setor bancário estava em 2,9%, sendo que a do segmento de crédito livre chegou a 3,8% e a do direcionado (caso do BNDES e de outros bancos oficiais), em 1,8%.
Montezano disse ter cinco metas para aumentar a transparência: explicar a suposta 'caixa preta' do BNDES até 16 de setembro; acelerar o desinvestimento da BNDESPar; transformar a instituição em prestadora de serviços para o setor público; definir plano trianual com orçamento e revisão das dimensões do banco; e devolver R$ 126 bilhões neste ano da dívida com o Tesouro.
BNDES 'errou' em operação com JBS, diz Montezano
Por Francisco Góes | Do Rio
Gustavo Montezano, presidente do BNDES:
"Dinheiro do trabalhador tem que ser o mais
transparente possível"
Prestes a completar um mês como presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o engenheiro Gustavo Montezano disse ao Valor que até o fim do ano espera transformar a
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instituição de fomento no "banco mais transparente do mundo". Na semana passada, Montezano definiu um novo desenho para o BNDES, separando as áreas de negócios daquelas de apoio e de controle interno. A nova estrutura das superintendências busca melhorar aspectos ligados à conformidade (compliance, no termo em inglês).
Em entrevista na sede do banco, na sexta-feira, Montezano disse ter tomado conhecimento de operação de crédito feita pelo BNDES com a JBS S.A, em 2005, que resultou em desconto "não validado contratualmente" na taxa de juros cobrada pelo banco. O empréstimo foi para a compra da Swift Argentina pela JBS e teria resultado, segundo ele, em perda para o banco de R$ 180 milhões. Depois da entrevista, o banco atualizou a informação. Disse que o prejuízo teria sido de R$ 70 milhões, a valores corrigidos. Os R$ 180 milhões consideram encargos por inadimplência. Procurada, a JBS disse que "cumpriu com todas as condições contratuais do empréstimo firmado com o BNDES à época, saldando integralmente suas obrigações nos prazos devidos, e recebeu plena quitação do referido empréstimo pela instituição".
Montezano também adiantou seus planos de médio prazo para o BNDES. Em até cinco anos quer fazer o banco aumentar a sua inadimplência, que é muito baixa. "É normal porque faz mais operações, tem um pouco mais de inadimplência, mas acessa mais devedores, ganha mais dinheiro no spread de operação." Ele disse ainda que estuda pacote de medidas e ações para tornar o banco mais transparente.
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O executivo trabalha com cinco metas: explicar a suposta caixa preta do BNDES até 16 de setembro, acelerar o desinvestimento da BNDESPar, transformar a instituição em prestadora de serviços para o setor público, definir plano trianual com orçamento e revisão das dimensões do banco, e devolver R$ 126 bilhões ao Tesouro este ano. Informou que, até agora, foram restituídos R$ 84 bilhões e que os R$ 42 bilhões que restam serão repassados no quarto trimestre.
Ele afirmou que o banco tem um time dedicado à recuperação judicial da Odebrecht, na qual o BNDES tem créditos de R$ 8 bilhões, e disse que o banco vai se orientar pelo estatuto vigente para analisar o pedido do governo de antecipação de dividendos. O estatuto reserva 40% dos lucros para a própria instituição. Leia a seguir os principais trechos da entrevista.
Valor: O senhor tomou posse em 16 de julho. Qual é a avaliação até agora, quase um mês depois?
Gustavo Montezano: A transparência é um pacto fundamental no nosso projeto. Nossa meta número um, que é a explicação da caixa preta [do BNDES], que é abrir o banco para a sociedade, abrir o banco para o meio político de uma forma mais clara, passa por explicação, por entendimento. Porque às vezes uma "nuvem cinza", um "fog" está ali enevoando as explicações. E muitas vezes [isso ocorre] porque é difícil concatenar, explicar e ligar os fatos.
Valor: A explicação da suposta caixa preta do BNDES é uma de suas prioridades...
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Montezano: Só relembrando o que colocamos como metas de curto prazo, até o fim do ano, que são metas transitórias para cruzar a ponte, virar essa página do banco e entrar 2020 com o banco reposicionado como um novo banco de serviços. A meta um é a explicação da caixa preta, para a qual demos prazo de dois meses para cumpri-la, até 16 de setembro. A meta dois é acelerar o desinvestimento da BNDESPar. A meta três repagar os R$ 126 bilhões ao Tesouro neste ano. A meta quatro é ter um plano trianual em que consigamos apresentar um orçamento claro de receitas, despesas e 'triggers' [gatilhos] operacionais. E a meta cinco, que é subjetiva, de chegar em dezembro com meus clientes, especialmente Salim [Salim Mattar, da secretaria geral de desestatização, Tarcísio [Tarcísio Freitas, ministro da Infraestrutura] e Onyx [Onyx Lorenzoni, ministro-chefe da Casa Civil], dizendo que o BNDES está ajudando, que o BNDES é um banco de serviços.
Valor: Os temas têm evoluído?
Montezano: Evoluímos em três metas. Devolvemos [em julho] mais R$ 40 bilhões ao Tesouro, totalizando R$ 84 bilhões este ano. Estamos bem confiantes que vamos cumprir a meta de devolução com liquidez, com conforto de capital. Tivemos um relato espontâneo de Tarcísio que o serviço está notoriamente melhor. E também tivemos eventos em relação à meta um, que é a explicação da caixa preta. No nosso pacto de transparência, as pessoas têm que ter a segurança de que o banco não tem nada a esconder e não tem mesmo. Minha sensação é de que os funcionários do banco estão super 'comprados' [comprometidos] com o projeto, a qualidade técnica cada vez me surpreende mais. E se for ver em
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termos de risco operacional, qualquer empresa erra, qualquer banco erra.
Valor: Quais são os eventos em relação à suposta caixa preta?
Montezano: Dentro da meta um, em que estou investindo um tempo grande e na qual há vários grupos de trabalho do banco engajados, o que chegou ao meu conhecimento nesta semana [semana passada]? Houve uma operação de renda fixa [crédito] do banco com a JBS S.A., em 2005, e que foi repaga em 2010. Por um erro operacional, o banco deu um desconto de juros na operação e, em 2017, em uma revisão interna feita pelo banco em relação aos seus processos, concluiu-se que esse desconto não foi validado contratualmente. Cabe lembrar que o banco fez um processo extenso de revisão em relação à JBS. Concluiu-se que o desconto dado pelo banco à JBS na operação de crédito não foi validado contratualmente. Entra na categoria de erro operacional.
Valor: Não foi um erro doloso?
Montezano: Não vou entrar no mérito de julgar se houve dolo ou não. Como executivo, minha forma de olhar é que houve um erro operacional. Só para deixar claro: não sou político e não sou juiz. Estou aqui como executivo do banco e não vou emitir opinião política, nem fazer julgamento porque não é minha função. Na minha função, o caso cai na "caixinha" de erro operacional.
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"Nossa meta número um, a
explicação da caixa preta, é
abrir o banco para a
sociedade"
Valor: O desconto não foi referendado pela diretoria do banco?
Montezano: Não foi contratualmente referendado. As respectivas áreas do banco reconheceram o erro operacional. Já tem uma conclusão interna de que foi um erro operacional. O evento está sendo investigado pelo TCU e pelo MPF. Todas as informações foram disponibilizadas. A investigação está em curso e o banco proveu tudo o necessário. O que estou querendo dizer de forma resumida é que o banco identificou, se mexeu e cumpriu as etapas certas para prover informações aos órgãos competentes. De novo, de forma executiva, operacionalmente, depois de descoberto o erro, o banco tomou o procedimento correto.
Valor: Qual foi o procedimento?
Montezano: O banco descobriu os erros nessa auditoria interna, proveu as informações aos órgãos de controle, as investigações estão em curso e o banco continua disponibilizando tudo que é necessário. O que chamou minha atenção é que eu, como cidadão, não tinha conhecimento do fato. Notei que isso nunca tinha sido apresentado à sociedade, aos políticos interessados no tema. Discutimos internamente que seria oportuno e correto comunicar isso à sociedade dentro do pacto de transparência que estamos propondo, sem detrimento da
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investigação em curso. Mas como é um tema sensível é importante que o banco seja o protagonista da informação, que dê o primeiro passo na transparência.
Valor: O caso envolveu empréstimo para JBS na Swift Argentina?
Montezano: Isso. Parte dos juros do empréstimo tinha critério de conversibilidade. Os juros seriam descontados se o banco convertesse uma participação na empresa, o que não ocorreu e, mesmo assim, o desconto foi concedido [o empréstimo foi de R$ 187,4 milhões para compra de 75% da Swift Argentina, incluindo capital de giro].
Valor: Qual o custo da operação?
Montezano: Foi de cesta de moedas [dólar] mais 7% ao ano, dos quais 4% seriam descontados, ou seja, o custo cairia para cesta de moedas mais 3% ao ano caso houvesse o evento de conversão [subscrição de debêntures ou equity]. O evento de conversão não ocorreu, porém, o desconto foi dado. Os 4% acumulados por cinco anos não foram recolhidos pelo banco. Queremos ser o banco mais transparente do mundo. No fim do ano quero chamar todos os bancos do mundo para disputar quem é o mais transparente. Esse comportamento nosso é o primeiro evento material de marcar essa mudança.
Valor: Qual seria a perda estimada nessa operação?
Montezano: A valores de hoje, se eu pegar cada um desses descontos concedidos indevidamente, a valores de hoje, corrigidos por Selic, seria algo equivalente a R$ 180 milhões.
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Valor: Esse seria o prejuízo do banco na operação?
Montezano: Se o dinheiro que o banco deixou de receber, fosse aplicado e corrigido por Selic hoje o banco teria mais R$ 180 milhões no caixa [a cifra considera encargos por suposta inadimplência].
Valor: O banco vai acionar a JBS para ser restituído dos valores?
Montezano: Não, porque o banco deu um termo de quitação para a empresa. Essa é uma prática ordinária em crédito. A JBS tem um entendimento de que o desconto foi correto, foi devido, então pelas análises internas do banco, respaldado por outras pessoas, se recorrer na Justiça vai perder e pagar sucumbência. Então entrar com a ação seria mau uso do recurso público.
Valor: A diretoria do banco à época aprovou os descontos?
Montezano: Só o contrato original [que previa o desconto dos juros do empréstimo em caso de subscrição de ações ou de debêntures conversíveis de JBS].
Valor: O erro foi revelado por uma comissão de apuração interna, a chamada CAI, do BNDES?
Montezano: Foi. Não fui eu que descobri, mas chegou ao meu conhecimento. O banco por si só já tinha descoberto isso [os resultados da CAI estão disponíveis desde fim de 2017, mas ela foi concluída em junho de 2018].
Valor: Por que os resultados estão sendo revelados só agora?
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Montezano: Porque eu tomei posse há três semanas. O banco concluiu o trabalho em 2018 e os procedimentos jurídicos estão em curso. O banco está fazendo o que tem que ser feito. A discussão é: tem o banco que comunicar isso à sociedade? Na minha visão sim, é um banco estatal que funciona à base do dinheiro do trabalhador. Mas a resposta de por que está sendo divulgado agora é que eu sentei na cadeira há três semanas e quero fazer esse pacto com a transparência. No meu julgamento, dos diretores e superintendentes do banco, o melhor caminho é relatar e depois a justiça que julgue o que tem que ser julgado.
Valor: São quantas CAIs sobre JBS? Há outras investigações e o banco já informou, em 2018, que elas não haviam identificado nenhum fato relevante, conforme as próprias demonstrações financeiras da instituição naquele ano.
Montezano: A CAI não é um ponto relevante. Temos hoje uma investigação privada [feita pela Cleary Gottlieb Steen & Hamilton LLP, dos EUA, e pelo brasileiro Levy & Salomão ]. Acabamos de aprovar a extensão dessa auditoria privada, que está em curso investigando todas as operações com JBS e deve terminar em dois ou três meses.
"Imagino em 5 anos o banco
tomando menos risco de
mercado, sobretudo via
BNDESPar, e menos risco
reputacional"
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Valor: Por que os resultados parciais ou finais dessa auditoria não foram divulgados até hoje?
Montezano: Só posso falar daqui para frente, não vou falar daqui para trás. O que eu pedi foram esses dois meses para formar minha opinião sobre o tema, para ter todas as informações e dar um "disclosure" de forma consistente. Essa operação em questão resolvi antecipar porque já há um reconhecimento interno desse erro operacional. Todo mundo erra: pessoas, empresas, instituições, países. Precisamos mudar essa postura em relação ao erro, que faz parte da vida. Quando tivermos a conclusão dos trabalhos da consultoria externa, podemos vir a público revelar o que foi encontrado.
Valor: Em menos de um mês, o senhor conseguiu ter avaliação sobre a suposta caixa preta do BNDES?
Montezano: Prefiro esperar o fim do trabalho para dizer. Seria leviano eu falar qualquer coisa agora. Mas o desafio é que ao fim do ano queremos ser o banco mais transparente do mundo. Muito da caixa preta passa pela dificuldade de explicação, de entendimento, de comunicação. Mas os temas são complicados, sofisticados e o time do banco está engajado em fazer o dever de casa para, em dois meses, vir a público contar tudo o que tivermos concluído. E repito: não somos políticos, nem juízes, nossa abordagem é executiva.
Valor: Técnica?
Montezano: Técnica, executiva.
Valor: Seus antecessores disseram que o banco já tem um nível de transparência maior do que outros bancos de desenvolvimento. No seu entender pode aprofundar mais?
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Montezano: Sem dúvida, sempre é possível melhorar. O que estamos fazendo para melhorar a governança? Anunciamos nova estrutura de superintendentes. Há duas semanas anunciamos nova estrutura de diretoria e agora temos uma nova estrutura de superintendentes. Separamos 'front office' [operações] de 'back office' [apoio]. Nessa parte, criamos uma diretoria de compliance. Esses dois movimentos juntos são importantes para melhorar a governança da instituição. E no pacote de explicação da caixa preta, de abertura do banco, vamos propor um conjunto de medidas e ações que tornem o banco mais transparente. Dinheiro do trabalhador tem que ser o mais transparente possível.
Valor: Quais serão as medidas?
Montezano: Deixa eu guardar o segredo por enquanto [risos].
Valor: Quem será o diretor de compliance?
Montezano: Espero anunciar semana que vem [nesta semana].
Valor: Vai mudar muito a forma como o BNDES atua?
Montezano: Tem três coisas que estamos empurrando o banco de forma diferente do que era feito. Nas operações, vamos focar em serviços para municípios, Estados e União. O segundo ponto é ter uma diretoria de compliance focada. E estamos criando diretoria de gestão e pessoas. O futuro do banco é gente. O foco no serviço é de curto prazo, o compliance é de médio prazo e a gestão de pessoas de longo prazo. Essas três mudanças vão ditar o futuro do banco, para mais 10, 20 anos.
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Valor: Há CAIs relacionadas ao grupo Odebrecht. Como estão?
Montezano: A CAI é sigilosa.
Valor: A recuperação judicial de Odebrecht preocupa o banco?
Montezano: O banco tem quase R$ 8 bilhões de exposição lá. Nosso balanço está bem provisionado. Em termos econômicos, do ponto de vista de balanço, não preocupa pois está provisionado. Mas é um tema grande, relevante, e estamos com time interno dedicado a isso. Não tem como dizer que estamos tranquilos: são R$ 8 bilhões do povo brasileiro. Então tem que ter dedicação, mas tecnicamente, do ponto de vista de recuperação de crédito, curso normal do negócio. Já fiz muito isso na minha vida.
Valor: Qual é a sua expectativa na relação do banco com o TCU?
Montezano: Meu objetivo é manter os procedimentos sobre fluxo operacional, abertura de informações. O pedido que tenho do TCU é manter o que existe, que está ótimo. Foi um processo de anos para construir essa dinâmica, mas na visão do TCU o fluxo hoje está super positivo. E com a CGU [Controladoria Geral da União] reconhecemos que temos de evoluir mais na parte de compliance. As alterações que referi são fruto de reuniões que tivemos com eles no sentido de melhorar mais o funcionamento do banco nessa parte.
Valor: Tem cronograma para devolver os R$ 42 bilhões que restam para cumprir a meta de 2019?
Montezano: Espero concluir no último trimestre do ano. O banco está com posição de caixa e capital conservadora. De forma macro, o que vai acontecer do ponto de vista de gestão de risco? O banco é
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extremamente conservador no risco de liquidez e crédito. E olha pouco para risco de mercado e risco reputacional. O que imagino do banco daqui a cinco anos? O banco tomando menos risco de mercado, sobretudo via BNDESPar, e menos risco reputacional, por tudo o que estamos falando. E tomar mais risco de crédito e um pouco mais de risco de liquidez. Porque quando toma pouco risco de crédito e pouco risco de liquidez fica ineficiente. Tomar mais risco de crédito significa ter mais inadimplência na carteira, o que é normal porque faz mais operações, tem um pouco mais de inadimplência, mas acessa mais devedores, ganha mais dinheiro no spread de operação.
Valor: O banco vai antecipar mais dividendo ao Tesouro?
Montezano: A requisição feita agora é para fazer a distribuição dentro da política atual, não estamos mudando o estatuto do banco. Recebemos a carta e estamos fazendo o dever de casa. Mas a política não vai mudar agora. Caso tenhamos conforto de liquidez e capital, vamos distribuir dividendos dentro da política vigente hoje.
https://www.valor.com.br/brasil/6386349/bndes-vai-
assumir-mais-risco-em-credito-e-liquidez
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Valor Econômico
Caderno: Brasil, segunda-feira, 12 de agosto de 2019.
Correção do IR é elogiada, mas há dúvidas sobre impacto de compensação das perdas
Por Marta Watanabe e Fábio Murakawa | De
São Paulo e de Brasília
Eduardo Fleury: Limitar dedução por faixas de
renda seria caminho melhor do que eliminar o
desconto de despesas
A correção da tabela de Imposto de Renda (IR) de pessoa física estudada pelo governo federal é considerada uma boa notícia por especialistas, mas, do ponto de vista de arrecadação, há dúvidas sobre a compensação das perdas com a medida. Em relação à carga tributária, o receio é quanto ao impacto que o fim da dedução de despesas com educação e saúde pode trazer para parte da classe média.
O presidente Jair Bolsonaro disse na sexta-feira que pretende cumprir a promessa de campanha de isentar do IR quem ganha até cinco salários mínimos (o equivalente a R$ 4.990). Caso isso não seja possível, ele afirmou que deseja, "ao menos", corrigir a faixa de isenção, atualmente
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válida para quem ganha até R$ 1.903,98 mensais, pela inflação.
Atrelar a faixa de isenção do Imposto de Renda das pessoas físicas à inflação é uma das propostas estudadas pela equipe econômica do governo. Os estudos incluem eliminar as deduções relativas a despesas médicas e educação e reduzir a alíquota máxima, hoje fixada em 27,5%, aplicada atualmente à renda superior a R$ 4.664,68 mensais. Não há detalhes sobre a proposta.
O economista Sérgio Gobetti estima que o impacto na arrecadação da correção da tabela de Imposto de Renda seria de cerca de perda de R$ 1,7 bilhão para cada ponto percentual de correção. A conta leva em consideração a atualização de todas as faixas de renda que compõem a tabela do IR, não somente da faixa de isenção. Para uma correção de 4%, portanto, a perda de arrecadação seria de R$ 6,8 bilhões anual. Não foi considerada a redução da alíquota máxima do imposto, o que deve elevar o custo.
Já a eliminação completa das deduções de saúde e educação poderia render no máximo R$ 12 bilhões anuais em arrecadação adicional, calcula Gobetti. Ele destaca, porém, que é preciso saber se o desconto da declaração simplificada será mantido. Caso seja, o fim da dedutibilidade de despesas de educação e de saúde deve provocar a migração de parte dos contribuintes da declaração completa para a simplificada. Nesse caso o ganho será menor que o de R$ 12 bilhões. Para ele, uma correção de 10% da tabela progressiva pode ter custo maior do que o ganho com fim da dedutibilidade de saúde e educação.
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Em termos de impacto de carga tributária para os contribuintes, analistas dizem que a correção de toda a tabela progressiva de Imposto de Renda vai beneficiar todos que não estejam na faixa de isenção. O fim da dedutibilidade tende a ter impacto mais variado, conforme o nível de despesas dos contribuintes.
Para Eduardo Fleury, sócio da FCR Law, atrelar a tabela progressiva do IR à inflação é uma boa notícia, mesmo que inicialmente não haja a intenção de recuperar perdas passadas. A tabela foi corrigida pela última vez em 2015.
O fim da dedutibilidade de despesas, porém, afirma Fleury, deve afetar parte da classe média, o que deve elevar a carga tributária. O que fará maior diferença são as despesas de saúde, que hoje não têm limite de dedução. Mesmo que haja eventual redução de alíquotas, o mais sensato, defende ele, é que haja um limite de dedutibilidade de despesas para cada faixa de renda. Limite maior para renda mais baixa e menor para os salários mais altos, segundo Fleury.
A equipe econômica do governo federal também estuda reduzir o IR das pessoas jurídicas de 25% para 20%. Uma hipótese é compensar a perda de arrecadação com a tributação sobre dividendos, atualmente isentos. A ideia é também zerar a Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL), de 9%, que faz a tributação sobre o lucro das empresas chegar hoje a 34% - 25% de IR e 9% de CSLL. A compensação da CSLL pode ser feita dentro do imposto sobre transações financeiras ou nos dividendos.
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Para Fleury, é preciso que essa redução, caso se efetive, seja acompanhada também de uma isenção ou tributação baixa na distribuição de lucros ao exterior, carga tributária importante na análise de custos de investimento. Outra preocupação, diz ele, é o tratamento tributário para lucros auferidos por subsidiárias no exterior.
https://www.valor.com.br/brasil/6386323/correcao-do-ir-
e-elogiada-mas-ha-duvidas-sobre-impacto-de-
compensacao-das-perdas
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Valor Econômico
Caderno: Brasil, segunda-feira, 12 de agosto de 2019.
STF pode julgar constitucionalidade da MP dos balanços
Por André Guilherme Vieira | De São Paulo
Gilmar Mendes sobre Bolsonaro: "Quando a
retórica de fato ganha substância e afeta
direitos, o caminho é o Judiciário"
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), considera que "muito provavelmente" a Corte julgará a legalidade da medida provisória editada pelo presidente Jair Bolsonaro que desobriga empresas de capital aberto de publicarem demonstrações financeiras em jornais.
"Muito provavelmente isso vai ser judicializado. Porque você tem hoje, veja lá no artigo 103 [da Constituição], um amplo elenco de entes e órgãos que podem ajuizar a Ação Direta de Inconstitucionalidade. E uma das hipóteses de discussão é essa, se a medida provisória se justifica, se não há desvio de finalidade", afirma o ministro do STF em entrevista ao Valor.
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A Medida Provisória nº 892 alterou a Lei 13.818, que foi aprovada pelo Congresso em 24 de abril e sancionada pelo presidente. A norma modificada por ato de Bolsonaro estabelecia que até 31 de dezembro de 2021 valeria a regra da Lei das Sociedades Anônimas, que determina publicação de balanços no "Diário Oficial do Estado" em que estiver localizada a companhia e em jornal de grande circulação nacional.
Sobre a inclinação do presidente da República para a autocracia e seu pouco apreço pela transparência, o ministro do STF afirma que é preciso distinguir questões retóricas das efetivas.
"Quando essa retórica de fato ganha substância e afeta direitos, aí o caminho é o Judiciário".
Gilmar diz que o sistema de freios e contrapesos da democracia brasileira tem funcionado para modular excessos de Bolsonaro em seus sete meses de governo.
O ministro menciona como exemplos o episódio do decreto das armas e o caso em que Bolsonaro reconheceu ter cometido erro ao reeditar medida provisória para transferir a demarcação de terras indígenas da Fundação Nacional do Índio (Funai) para o Ministério da Agricultura - o reconhecimento do erro só ocorreu depois que o Supremo julgou, de forma unânime, que a medida foi inconstitucional.
"A questão do decreto de armas, se nós olharmos o próprio Congresso Nacional antes de o Supremo se pronunciar, o Congresso, utilizando-se do artigo 49, inciso 5º, colocou os limites. E veja que esse dispositivo foi muito raramente utilizado ao longo de
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30 anos. Mas agora, como o presidente passou a utilizar fortemente os decretos com conotação legal, o Congresso passou a responder zelando pela sua própria competência."
Na opinião de Gilmar, o Supremo cumprirá seu papel ao fazer distinções "entre o simbólico e o efetivo" para conter eventuais investidas de Bolsonaro contra preceitos constitucionais e conquistas em áreas como as de direitos humanos e ambiental.
"Será preciso analisar como é que isso repercute. Por exemplo, quando uma autoridade faz um discurso homofóbico, obviamente isso deflagra ações de uma maneira ampla. É o que o STF entendeu, no caso da criminalização da homofobia."
Apesar da personalidade indisposta ao debate de ideias do presidente Jair Bolsonaro, o ministro do STF ressalta que não se deve prescindir do diálogo.
"Eu acho que é preciso dialogar também. E é um início de governo, temos de dar algum crédito. Todos os governos que se iniciam, a partir de estruturas incipientes, como é o caso, porque não se tinha uma estrutura partidária forte, definida... Então esses governos vão fazendo experimentos, certos movimentos de acomodação. O que é fundamental é não comprometer a democracia, não comprometer os valores básicos dos direitos fundamentais."
Para Gilmar, ainda não se pode afirmar que Bolsonaro tem a intenção de anular direitos conquistados pela sociedade.
"Eu acho que nós temos de a toda hora zelar para que isso não seja colocado em xeque. O próprio presidente já refluiu de algumas
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medidas. Nesse caso recente da MP, ele disse que foi um erro da assessoria técnica do Palácio e ele assumiu [o erro] pela reedição. Acho que não se pode desde logo dizer que o governo tem o propósito de nulificar direitos fundamentais ou de os agredir."
Sobre o desgaste na relação de Bolsonaro com o ministro da Justiça Sergio Moro, Gilmar afirma que a gestão do ex-juiz na Pasta " aparentemente não começou ainda".
"Eu tenho a impressão de que as dificuldades dele são evidentes. O Congresso, o Supremo, e isso tem a ver talvez com o seu passado de juiz e também com avaliações que se fazem de seus interesses políticos ou coisa do tipo".
O ministro do STF sugere que Moro não tem conseguido manter uma interlocução significativa com o Legislativo.
"O fato é que no Congresso, até agora, ele não logrou aprovar as medidas que ele propôs, sem fazer juízo de avaliação a propósito das medidas. E, até agora, também não se viu nenhuma ação dele relevante na área de segurança pública. Me parece que ele está encontrando dificuldades".
Gilmar atribui parcela da resistência que o Congresso tem a Moro ao escândalo das mensagens reveladas pelo site 'The Intercept Brasil".
"Se você tem de explicar mais uma conduta sua do passado do que você tem oportunidade de explicitar o seu programa, você gasta tempo só com essa defesa. Eu não sei quantos gigabytes tem o material do 'Intercept'. Mas se soubermos a gente pode avaliar quanto tempo ele vai ter de dedicar a esse tipo de explicação".
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Na opinião do ministro do STF, a divulgação de conversas do coordenador da Lava-Jato de Curitiba, Deltan Dallagnol, com o então corregedor-geral do Ministério Público Federal, Hindemburgo Chateaubriand Filho evidencia uma situação de "colapso dos sistemas correcionais".
"Aquele diálogo entre o corregedor-geral do Ministério Público Federal e o Dallagnol. Aquilo revela exatamente a falta de um órgão correcional. No diálogo, inclusive, ele faz uma série de reparos e censuras à monetização que a Lava-Jato estava fazendo, via Dallagnol e outros, com palestras e tudo mais. Não obstante ele disse 'não vou, como sou seu amigo, levar isto a diante'. Então foi um colapso do sistema correcional que permitiu esse tipo de coisa. Do mesmo modo, também tinha havido falha dos órgãos de correição do Judiciário."
Para Gilmar, cabe ao Conselho Nacional do Ministério Público avaliar se os integrantes da Lava-Jato de Curitiba continuarão a exercer suas funções na força-tarefa.
"Essa força-tarefa que mistura juiz e promotor é algo realmente muito peculiar. Daqui a pouco haverá juiz pleiteando salário de procurador, acúmulo de função".
https://www.valor.com.br/politica/6386313/stf-pode-
julgar-constitucionalidade-da-mp-dos-balancos
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Valor Econômico
Caderno: Opinião, segunda-feira, 12 de agosto de 2019.
A reforma tributária em etapas
Por Rubens Penha Cysne
Não há dúvida que o Brasil precisa de uma urgente reforma tributária geradora de maior eficiência e simplicidade arrecadatória. Adicionalmente, quando se observa o retorno de cada Real pago de imposto ou contribuição vis-à-vis as transferências, os bens e serviços providos pelo governo, fica também claro que uma reforma ideal deveria se concentrar em reduzir a fração do PIB colocada sob a gerência do setor público.
Ocorre que, no momento, em função da rigidez de despesas, uma queda de receitas não é passível de consideração pela administração de nenhuma esfera administrativa pública. Não é possível para a União porque tornaria ainda mais arriscada a trajetória atual do seu endividamento. E não é possível para estados e municípios porque as despesas correntes já tomam quase todo o espaço fiscal disponível.
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A reforma da Previdência, mesmo que aprovada da forma como foi votada na Câmara, não será capaz de mudar esse cenário. Apenas impede uma situação explosiva geradora de possíveis inadimplências. Corroborando as dificuldades associadas à reforma tributária, não se tem ainda uma reforma administrativa que permita reduções de salários nominais e demissões, mesmo quando fiscal e funcionalmente justificadas.
Ao incorporar impostos e
contribuições das três
esferas públicas, a PEC vai
em direção contrária à da
simplificação
Em função desses fatos, e das inúmeras partições e vinculações que impedem reduções e realocações de gastos, qualquer reforma abrangendo ao mesmo tempo, em arrecadação conjunta, União, estados e municípios, acaba por precisar se ater a um número exageradamente elevado de condicionantes de ordem organizacional, administrativa e regulatória.
As atuais vinculações obrigatórias de tributos a determinadas despesas, como se sabe, continuam teimando em fazer do orçamento público, peça central na administração macroeconômica, uma espécie de tesouraria de luxo, traduzida por listas de receitas a receber e pagamentos a efetuar.
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Um exemplo das dificuldades práticas associadas a projetos de reforma tributária envolvendo ao mesmo tempo todas as esferas públicas, decorrentes desse contexto como um todo, é dada pela PEC 45/2019, atualmente em discussão no Congresso.
O projeto é positivamente comprometido com a ideia de um sistema tributário moderno, em consonância com as práticas internacionais. Institui um Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), com base no valor adicionado da produção, em substituição ao ICMS, ISS, IPI, PIS e à Cofins.
O esmero técnico da proposta vai além do uso de valor adicionado, evitando as tributações em cascata e a oneração de exportações e investimentos. Inclui também várias outras dimensões de zelo para com as boas práticas tributárias.
São exemplos adicionais nesse sentido a incidência sobre todas as importações, de forma a prover isonomia em relação aos produtores locais; a incidência "por fora", no sentido de não permitir que outros impostos integrem a sua base de cálculo; receitas pertencendo ao estado de destino no caso de operações interestaduais, de forma a evitar guerras fiscais; e a incidência, não cumulativa, em todas as etapas do processo produtivo.
Vários complicadores, entretanto, passam a habitar a PEC quando, de forma a acomodar as atuais restrições de ordem prática e política, tenta preservar parte do status quo no que diz respeito à receita total arrecadada, à distribuição de receitas entre entes federativos e à manutenção das partições e vinculações.
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Um primeiro complicador da PEC, no caso para a estrutura produtiva nacional, é dado pela convivência prevista, durante dez anos, de toda a estrutura atual de impostos, acrescida ainda de um novo imposto (o IBS), cujas alíquotas (de forma consentânea com a autonomia federativa) seriam ainda passíveis de discricionariedade da parte de cada estado e município.
Segundo complicador, esse no contexto da seara administrativa, no prazo de oito anos seguidos aos dois anos de teste haveria de se calibrarem alíquotas decrescentes dos impostos antigos, aqueles a serem excluídos, de forma a se tentar manter constante a arrecadação total.
Terceiro, preveem-se compensações monetariamente corrigidas das possíveis perdas de receitas para os diferentes entes federativos em função, em particular, da adoção do princípio de taxação no destino.
Quarto, alíquotas singulares em cada esfera seriam criadas e somadas de forma a se observarem, na arrecadação futura, as atuais vinculações e partilhas de despesas a impostos.
Como se observa, ao incorporar na reforma proposta impostos e contribuições das três esferas públicas, além dos condicionantes atuais, a PEC acaba por migrar, e por um longo período de tempo, em direção contrária àquela de simplificação arrecadatória.
Migra também na direção contrária à ideia de descentralização administrativa. Estados e municípios não mais teriam a atual autonomia no recolhimento e fiscalização de seus principais impostos. Não por acaso, tais entes federativos já discutem uma variante da proposta de criação do IBS aproveitando as vantagens de sua
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concepção teórica, mas de forma isolada da União.
Tais problemas não decorrem de falta de visão dos autores do projeto, todos profissionais com inconteste e amplo conhecimento técnico da área tributária. Mas sim da premissa inicial de se ter uma reforma englobando no mesmo agregado arrecadatório não apenas a União, mas também estados e municípios, ao mesmo tempo em que se objetiva descentralizar e em que o país convive com dificílimas circunstâncias relativas a vinculações e a rigidezes de despesa de cada ente federativo.
Uma opção alternativa mais promissora seria se concentrar, nesse primeiro momento, apenas na troca de parte ampla dos impostos e contribuições da alçada da União por um imposto sobre valor adicionado. Com a alíquota do novo imposto determinada de forma a permitir também uma redução dos atuais encargos sobre a folha salarial, já se teriam ganhos substanciais de eficiência e simplicidade.
Em uma etapa posterior, por adesão voluntária ao novo modelo instituído para a União, ou através de um novo projeto específico trabalhado em conjunto pelas diferentes esferas, introduzir-se-iam as modificações dos impostos de estados e municípios.
Rubens Penha Cysne é professor da FGV/EPGE
https://www.valor.com.br/opiniao/6386187/reforma-
tributaria-em-etapas
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Valor Econômico
Caderno: Brasil, segunda-feira, 12 de agosto de 2019.
Chinesa BYD atinge mil MW em módulos solares no país
Por Camila Maia | De São Paulo
"Acreditamos muito na solução de geração solar
com baterias", disse Adalberto Maluf, diretor da
BYD, sobre planos de construir uma fábrica de
baterias no país
A chinesa BYD, fabricante de veículos
elétricos, baterias e módulos
fotovoltaicos, atingiu 1 gigawatt (GW)
em módulos entregues no Brasil, o que
representa cerca de um terço da energia
solar fotovoltaica em funcionamento no
país. O crescimento das suas vendas
ganhou força no fim do ano passado,
quando a companhia mudou seu foco de
grandes fazendas de geração solar para
projetos de geração distribuída, de no
máximo 5 megawatts (MW) de potência
instalada.
Segundo Adalberto Maluf, diretor de
marketing, novos negócios e
sustentabilidade da BYD no Brasil, a
companhia forneceu cerca de 750 MW
em módulos fotovoltaicos para geração
centralizada e outros 250 MW para
geração distribuída. "Mas isso porque,
nos primeiros dois anos da fábrica, só
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vendemos para grandes clientes", disse
ele.
No Brasil, a BYD abriu sua primeira
fábrica em 2015, em Campinas (SP), para
produção de ônibus elétricos e
comercialização de veículos e
empilhadeiras. Em 2017, a companhia
inaugurou a segunda unidade, também em
Campinas, para produção de módulos
fotovoltaicos. No começo, eram
fabricados apenas módulos sofisticados,
com maior vida útil mas também mais
caros.
"Desde o começo de 2019, passamos a
fazer também módulos convencionais",
disse Maluf. Os equipamentos mais
sofisticados chegam a ter vida útil de 50
anos, com garantia de 30 anos pela BYD.
Os novos, que são mais baratos e mais
leves, têm vida útil um pouco menor, de
cerca de 40 anos, com garantia por 25
anos.
Com a mudança, a BYD ganhou espaço
no mercado de geração distribuída.
Segundo Maluf, uma pesquisa realizada
em dezembro do ano passado pela
consultoria especializada Greener
colocava a companhia em quinto lugar
entre os índices de capilaridade dos
fornecedores de módulos fotovoltaicos do
país para geração distribuída, com
percentual de 16,4%. Em janeiro, subiram
para 38%, na segunda posição.
As garantias dos equipamentos por 25 a
30 anos são diferenciais importantes da
BYD, segundo Maluf. Empresas como
WEG e Engie, que são clientes da
companhia, optam por comprar seus
produtos fabricados no Brasil, e não
importar da China, uma vez que também
garantem os empreendimentos de geração
distribuída para seus grandes clientes
finais.
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Além disso, os clientes que compram
equipamentos fabricados no Brasil - como
os da BYD - podem ter acesso à
contratação de empréstimos na Finame,
linha de crédito do BNDES que financia
máquinas e equipamentos. "Ele também
pode fazer um financiamento em reais
para comprar o equipamento nacional",
disse Maluf.
A BYD ainda vê muito espaço para
crescimento no Brasil, principalmente
entre consumidores industriais, comércios
e o setor rural. A ideia é combinar os
painéis solares com baterias para
armazenamento de energia, que vão
aumentar a confiabilidade da geração.
Para isso, a companhia se prepara para
montar uma fábrica de baterias de lítio no
Amazonas.
"Ao abrir uma fábrica no Brasil, a BYD
se comprometeu com o país no longo
prazo. Acreditamos muito na solução de
geração solar com baterias", disse.
Com ações listadas nas bolsas de Hong
Kong e Shenzhen, na China, a BYD teve
receita de US$ 17,2 bilhões em 2018, e
lucro atribuível aos acionistas de US$
393,6 milhões. A companhia tem valor de
mercado de US$ 128 bilhões.
https://www.valor.com.br/empresas/6386255/chinesa-
byd-atinge-mil-mw-em-modulos-solares-no-pais
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Valor Econômico
Caderno: Empresas, segunda-feira, 12 de agosto de 2019.
Concebra está com R$ 1 bi de dívida vencida no BNDES
Por Taís Hirata e Rita Azevedo | De São Paulo
Uma das candidatas a aderir ao decreto de relicitação de concessões, regulamentado na última semana, a Concessionária das Rodovias Centrais do Brasil (Concebra), do grupo Triunfo Participações e Investimentos (TPI), conseguiu liquidar parte de suas dívidas no primeiro semestre, mas ainda acumula um débito de R$ 1,04 bilhão com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), vencido em dezembro de 2018, segundo os resultados divulgados pela empresa.
A companhia tem descumprido cláusulas restritivas do contrato, e o banco de fomento já entrou com ações para executar o empréstimo-ponte. Também na Justiça, a TPI discute a exigibilidade da cobrança.
A Concebra opera as rodovias BR-060, BR-153 e BR-262, entre Goiás, Distrito Federal e Minas Gerais desde 2014. A concessão faz parte da chamada terceira rodada de concessões do governo Dilma Rousseff (PT), consideradas problemáticas porque se baseavam em premissas excessivamente otimistas, que foram frustradas pela crise econômica. No caso da Concebra, dos 648 quilômetros que deveriam ter sido duplicados em cinco anos, só 85 quilômetros foram executados.
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"Ao longo do semestre, conseguimos liquidar o saldo devedor com Banco do Brasil e com o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais [que somavam cerca de R$ 46 milhões]. Estamos em negociação para equalizar o fluxo financeiro da [dívida] com BNDES", disse Marcos Pereira, diretor de relações com investidores da TPI, em teleconferência com analistas na sexta-feira.
As informações aparecem nas notas explicativas que acompanham as demonstrações financeiras do segundo trimestre, divulgadas na noite de ontem ao mercado. Procurado, o BNDES não quis comentar, e a TPI diz que está em negociação com o banco de fomento.
No fim de junho, os empréstimos e financiamentos totais da Triunfo e suas controladas somavam R$ 1,68 bilhão, 3% acima do montante registrado no fim do ano passado. A dívida bruta da companhia ficou em R$ 1,95 bilhão ao fim de junho.
Em relação ao decreto que regulamentou a devolução amigável de concessões, Pereira afirmou que ainda não era possível fazer uma avaliação. "Sem dúvida, o decreto traz uma possibilidade nova, mas a gente precisa estudar com bastante detalhe, sobretudo quanto ao cálculo da indenização [pelos ativos não amortizados]. Na essência, isso é o mais relevante."
A principal crítica feita por empresas interessadas em devolver seus ativos é que o decreto não trouxe normas específicas sobre como calcular o ressarcimento às concessionárias. Isso ficará a cargo das agências reguladoras, que têm sido duras em suas propostas.
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Em relação à venda da Tijoá Participações e Investimentos, que controla a usina hidrelétrica de Três Irmãos, no interior paulista, Pereira disse que ainda não tinha uma previsão de quando a Triunfo receberia os R$ 169,5 milhões acertados na operação.
O ativo foi vendido a uma afiliada do BlackRock Global Energy & Power Infrastructure Funds, conforme foi anunciado no início de agosto. Pereira destacou que a operação foi "um importante passo para a estratégia da empresa de priorizar liquidez".
https://www.valor.com.br/empresas/6386247/concebra-
esta-com-r-1-bi-de-divida-vencida-no-bndes
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Valor Econômico
Caderno: Empresas, segunda-feira, 12 de agosto de 2019.
Suzano reduzirá envios à China nos próximos meses
Por Stella Fontes | De São Paulo
Em linha com a estratégia de reequilibrar seus estoques de celulose, a Suzano vai reduzir os embarques para a China nos próximos três ou quatro meses. Essa iniciativa, combinada à melhora das vendas frente ao primeiro semestre, deve contribuir para a redução do volume de fibra de eucalipto estocado naquela região, de acordo com o diretor de comercial celulose da companhia, Carlos Aníbal.
"A combinação de maiores volumes de venda, a saída dos volumes da Klabin e a produção menor vão conduzir a queda de nossos estoques até o fim do ano", afirmou o executivo. A Suzano pretende encerrar 2019 com inventários menores do que os atuais. Ao fim do segundo trimestre, eles estavam praticamente estáveis ante março, ao redor de 3 milhões de toneladas, o dobro do nível considerado normal.
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Junto com os resultados do segundo trimestre, a companhia anunciou que pretende produzir 9 milhões de toneladas de celulose neste ano, no piso do intervalo fornecido em maio, frente a 10,3 milhões de toneladas no ano passado e 11 milhões de capacidade instalada. No primeiro semestre de 2019, a produção de fibra foi de cerca de 4,3 milhões de toneladas. Além disso, a partir de agora, a Klabin será responsável pela comercialização direta de toda a celulose que produz, após ter decidido encerrar o contrato comercial relativo à fibra curta que mantinha com a Fibria, comprada pela Suzano.
Conforme Aníbal, a demanda de celulose vem melhorando na China desde março e, em julho, as vendas da fibra ficaram dentro do esperado, "mas com alguma pressão sobre os preços". Diante disso, no curto prazo, a expectativa da companhia é de melhora do mercado, que sentiu a desaceleração da atividade econômica global. Mas, diante das incertezas geopolíticas, ainda é difícil fazer projeções mais específicas. "Acreditamos em melhora do mercado nos próximos meses e vemos os clientes trabalhando da 'mão para a boca'. Quando a confiança for retomada, veremos uma reestocagem [de celulose nos clientes] rápida", comentou.
Aníbal destacou que o aumento das tensões comerciais entre China e Estados Unidos acabou atingindo o negócio de celulose, e levou os produtores a lidar com uma forte correção dos preços da fibra. Além disso, não houve paradas inesperadas de produção, como ocorreu em 2017 e 2018, o que contribuiu para o cenário de sobreoferta visto neste momento.
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Os preços menores da matéria-prima devem seguir reduzindo o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) no segundo semestre e, diante disso, a alavancagem financeira da Suzano tende a continuar subindo, de acordo com Marcelo Bacci, diretor de Finanças e Relações com Investidores.
https://www.valor.com.br/empresas/6386245/suzano-
reduzira-envios-china-nos-proximos-meses
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Valor Econômico
Caderno: Empresas, segunda-feira, 12 de agosto de 2019.
B2W e Americanas entram na disputa dos 'superapps'
Por Luciana Marinelli | De São Paulo
Abrate, da B2W: carteira digital AME vai ser
uma empresa independente
A B2W e sua controladora, a Lojas Americanas, vão dar um novo passo na corrida dos grandes grupos de varejo e tecnologia para desenvolver um "superapp", como são chamados os aplicativos que permitem ao consumidor fazer compras, pagar contas, pedir comida, contratar crédito, chamar um carro ou resolver outras pendências cotidianas em uma única plataforma no celular. Nessa disputa estão também companhias de peso como Magazine Luiza, Via Varejo, Mercado Livre e Rappi.
No caso de B2W e Americanas, a nova iniciativa será a transformação da carteira digital Ame, criada há pouco mais de um ano para oferecer descontos e estimular compras nos sites e lojas do grupo, em uma empresa independente.
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A ideia é acelerar parcerias com companhias de diversos segmentos, ampliando a oferta de produtos e serviços que podem ser adquiridos por meio do aplicativo. Fabio Abrate, diretor financeiro da B2W, diz que a criação da Ame Digital, com CNPJ próprio, ocorrerá nas próximas semanas, ainda em agosto.
"A gente entende que pode transformar esse negócio num 'superapp', ou seja, incluir uma série de serviços e funcionalidades para que de fato a Ame conviva com o cliente desde a hora que ele acorda, até a hora que vai dormir", afirmou Abrate na sexta-feira, durante teleconferência com analistas de mercado sobre os resultados do segundo trimestre da B2W. A intenção de criar uma empresa separada a partir da carteira digital foi antecipada em maio pelo Valor.
No fim de julho, sua estrutura societária foi definida: Americanas tem uma fatia de 56,92%, enquanto a B2W fica com 43,08%. Os acionistas farão investimentos no negócio na proporção de suas participações, disse Abrate, sem citar valores. Ele não descartou a entrada de novos sócios no negócio no futuro. "Se entendermos que em algum momento faz sentido acomodar algum investidor vamos analisar", afirmou. "Tem muita gente boa ao redor do mundo fazendo muito bem esse tipo de iniciativa, então, eventualmente trazer um parceiro estratégico pode ser importante para uma aceleração ainda maior da Ame."
O aplicativo conta hoje com 3,2 milhões de downloads - a B2W não informou o número de usuários ativos. Por enquanto, além dos sites da companhia, como Submarino,
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Americanas.com e Shoptime, a carteira digital é aceita em 774 unidades da Lojas Americanas e a expectativa é estendê-la a todas as 1.518 unidades da rede no país até o fim de 2019, bem como a pontos de vendas de terceiros.
Seu uso nessas lojas é estimulado pela ferramenta de "cashback": o consumidor recebe de volta um percentual do preço do produto que paga com a Ame Digital. Esse valor pode ser usado depois em outras transações. Pelo aplicativo também é possível pagar contas, fazer recarga de celular pré-pago, contratar empréstimos, pagar o serviço de transporte Cabify, entre outros. Está em fase de implementação a recarga do bilhete único, para uso do transporte público em São Paulo.
"Meio de pagamento é uma das coisas que, de fato, alavancam de maneira brutal os ecossistemas", diz o consultor Alberto Serrentino, sócio da Varese Retail, referindo-se às grandes plataformas digitais que agregam diversos serviços. E cita como exemplo o Alibaba, que teve seu crescimento acelerado com a adoção do Alipay, e o também chinês Wechat, da Tencent, que começou como rede social e cresceu como "superapp".
Entre os grandes varejistas brasileiros, Via Varejo, dona de Casas Bahia e Ponto Frio, e Magazine Luiza também caminham nessa direção. No fim do ano passado, o Magazine Luiza criou a Magalu Pagamentos, com serviços para os lojistas que vendem em seu site, e informou planos de lançar uma carteira virtual. Em junho, a Via Varejo criou um banco digital, o BanQi, em parceria com a startup financeira americana AirFox. No mês passado, iniciou parceria com Mastercard, Cielo e a seguradora Zurich, para oferecer meios digitais
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para pagar compras (com incentivo do "cashback") e outros serviços financeiros. Os quase mil pontos da Casas Bahia no país servirão como base física para saques e depósitos.
Além da concorrência, um dos desafios da B2W para pôr em prática seus planos de expansão é o equilíbrio financeiro. A companhia é uma das maiores operações de comércio eletrônico do país, mas ainda dá prejuízo. No segundo trimestre deste ano, a perda foi de R$ 127,6 milhões, uma alta de 17,2% sobre um ano antes. A receita líquida atingiu R$ 1,47 bilhão, praticamente estável em relação ao segundo trimestre de 2018.
Apesar disso, os resultados de abril a junho agradaram aos investidores. Na sexta-feira, as ações da B2W fecharam em alta de 17,75%, cotadas a R$ 44,05. Foi a segunda maior valorização do Ibovespa, que encerrou o dia em queda de 0,11%. Um dos pontos que agradaram foi a geração de caixa de abril a junho - o melhor desempenho trimestral para esse indicador em nove anos. A empresa passou de um consumo de caixa de R$ 34 milhões no segundo trimestre de 2018 para uma geração de caixa de R$ 6 milhões.
"Estimamos fluxo de caixa positivo de aproximadamente de R$ 200 milhões em 2019, com a B2W com operação autossustentável", escreveram em relatório a clientes os analistas do BTG Pactual. Eles também chamaram atenção para o desempenho operacional da B2W, que conseguiu aumentar sua participação de mercado.
As vendas realizadas em todos os seus sites cresceram 21,8%, ante uma expansão de 10,8% do comércio eletrônico em geral, informou a empresa. Com o crescimento mais
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acelerado, a fatia da B2W no comércio on-line brasileiro aumentou 2,7 pontos, para 29,7% no segundo trimestre deste ano.
A alta foi puxada principalmente pela operação de marketplace, a venda de terceiros nos sites do grupo. "O marketplace vem crescendo num ritmo bem acelerado, acima de 50%", disse Abrate. No segundo trimestre, 5,5 mil novos vendedores foram acrescentados à plataforma. A base total já é de 31 mil parceiros. Três milhões de itens foram acrescentados ao sortimento de produtos, totalizando 12,1 milhões. (Colaborou Raquel Brandão)
https://www.valor.com.br/empresas/6386241/b2w-e-
americanas-entram-na-disputa-dos-superapps
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Valor Econômico
Caderno: Finanças, segunda-feira, 12 de agosto de 2019.
Alteração em artigo da Lei das SA sai do texto de MP
Por Ana Paula Ragazzi | De São Paulo
A nova proposta para a MP da Liberdade Econômica retirou do texto a alteração na redação do artigo 115 da Lei das Sociedades por Ações (SA), que pretendia liberar o voto do acionista em assembleia em situação de potencial conflito de interesses.
O novo texto foi encaminhado aos parlamentares pelo relator Jerônimo Goergen (PP-RS) na sexta-feira e existe a expectativa de que seja apreciado pela Câmara dos Deputados nesta semana.
A proposta de mudança na redação do artigo, feita pela comissão de direito societário da OAB Federal, incomodou associações que buscam defender o interesse dos acionistas minoritários, como a Associação dos Investidores no Mercado de Capitais (Amec) e o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC).
A mudança já estava na proposta da MP desde junho, mas essas entidades só tomaram conhecimento do tema após publicação de reportagem no Valor no último dia 5. No entendimento deles, que é o que tem vigorado há pelo menos dez anos também por parte da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o controlador está previamente impedido de votar em uma situação de possível conflito de interesse, o que
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é chamado no jargão do direito societário de "conflito formal".
A alteração que estava no relatório da MP e que foi sugerida pela comissão da OAB trocava esse entendimento para "conflito material". Assim, o controlador estaria liberado para votar e deveria fazê-lo de boa-fé, zelando por "condições estritamente comutativas, ou com pagamento compensatório adequado". Se isso não se confirmasse após o voto, em detrimento dos interesses da companhia, esse voto seria anulável. No entanto, caberia aos acionistas minoritários comprovar o conflito de interesse e buscar meios, na Justiça, CVM ou arbitragem, para anular esse voto.
O relator Goergen afirmou ao Valor que temas retirados da MP podem voltar ao texto, se houver "acordo ou destaque"
https://www.valor.com.br/financas/6386101/alteracao-
em-artigo-da-lei-das-sa-sai-do-texto-de-mp
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Valor Econômico
Caderno: Empresas, segunda-feira, 12 de agosto de 2019.
Movimento falimentar
Falências Requeridas Requerido: Bsi Tecnologia Ltda. - CNPJ: 59.948.570/0001-50 - Endereço: Rua José Bonifácio, 110, Bairro da Sé - Requerente: Vinicius Joaquim Fernandes Vilas Boas - Vara/Comarca: 2a Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo/SP
Requerido: Construções, Engenharia e Pavimentação Enpavi Ltda. - CNPJ: 60.862.331/0001-62 - Endereço: Av. Guido Caloi, 1839, Bairro Jardim São Luiz - Requerente: Betunel Indústria e Comércio S/A - Vara/Comarca: 2a Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo/SP
Requerido: Diffusion Saito e Soares Empreendimentos Ltda. - CNPJ: 09.113.161/0001-66 - Endereço: Av. Nova Cantareira, 2575, Bairro Tucuruvi - Requerente: Philips Medical Systems Ltda. - Vara/Comarca: 2a Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo/SP
Requerido: Engtech Construções e Comércio Ltda. Epp - CNPJ: 21.213.891/0001-34 - Endereço: Rua Lutécia, 1261, Bairro Vila Carrão - Requerente: Manetoni Distribuidora de Produtos Siderúrgicos Importação e Exportação Ltda. - Vara/Comarca: 1a Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo/SP
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Requerido: Gafisa S/A - CNPJ: 01.545.826/0001-07 - Endereço: Av. Das Nações Unidas, 8501, 19º Andar, Bairro de Pinheiros - Requerente: Ananda Metais Ltda. - Vara/Comarca: 1a Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo/SP
Requerido: Jc Oliveira Comércio de Tecidos, Impressos, Papelaria e Equipamentos Ltda. Epp - CNPJ: 13.744.155/0001-84 - Endereço: Rua Elizabel Monteiro de Almeida, 61, Bairro Vila Norma - Requerente: Paulo Henrique Santos Salles Louzeiro - Vara/Comarca: 2a Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo/SP
Requerido: Maxxilab Exames Laboratoriais Ltda. - CNPJ: 11.891.484/0001-22 - Endereço: Rua Otavio Tarquínio de Souza, 191, Bairro Campo Belo - Requerente: Fundo de Investimento em Direitos Creditórios Êxodus Institucional - Vara/Comarca: 2a Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo/SP
Requerido: Meridian Tecnologia e Serviços Eireli - CNPJ: 00.467.996/0001-40 - Endereço: Rua Alvarenga, 403, Bairro Butantã - Requerente: Meridian Tecnologia e Serviços Eireli - Vara/Comarca: 2a Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo/SP - Observação: Pedido de auto falência.
Requerido: Mhfc Incorporações e Engenharia Eireli - CNPJ: 18.325.830/0001-54 - Endereço: Rua Alberto Faria, 923, Sala 01, Bairro Alto de Pinheiros - Requerente: Indústria de Máquinas Barral Ltda. - Vara/Comarca: 1a Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo/SP
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Requerido: Montepino Perfis Especiais S/A - CNPJ: 61.184.891/0001-78 - Endereço: Av. Afonso de Sampaio e Souza, 299, Bairro Jardim Nossa Senhora do Carmo - Requerente: Gerdau Açominas S/A - Vara/Comarca: 2a Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo/SP
Requerido: Mwc Editora Ltda. ME - CNPJ: 13.101.659/0001-86 - Endereço: Av. Paulista, 37, Cjto 41, Bairro Bela Vista - Requerente: Gustavo de Oliveira Teixeira - Vara/Comarca: 2a Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo/SP
Requerido: Natufibras Comércio de Suplementos Eireli Epp - CNPJ: 21.115.756/0001-56 - Endereço: Rua Vinte e Quatro de Maio, 77, 6º Andar, Cjto. 604, Bairro República - Requerente: Fundo de Investimento em Direitos Creditórios Êxodus Institucional - Vara/Comarca: 1a Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo/SP
Requerido: Nt Fast Alimentação Ltda. - CNPJ: 11.091.855/0001-91 - Endereço: Rua Ibimirim, 100, Bairro Vila Nova Mazzei - Requerente: Bel Cook Comércio de Produtos Alimentícios e Serviços Eireli ME - Vara/Comarca: 1a Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo/SP
Requerido: Paraíso Dos Confeiteiros Comércio Eireli - CNPJ: 09.462.323/0001-71 - Endereço: Rua Massaim, 216, Bairro Bosque da Saúde - Requerente: Marcos Pinto Nieto - Vara/Comarca: 2a Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo/SP
Requerido: Phenom Capital Administradora de Recursos S/A - CNPJ: 19.182.613/0001-15 –
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Endereço: Rua Ramos Batista, 152, 10º Andar, Bairro Vila Olímpia - Requerente: Icon Taxi Aéreo Ltda. - Vara/Comarca: 2a Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo/SP
Requerido: Power Fast Comércio, Importação e Exportação Ltda. - CNPJ: 12.848.078/0001-40 - Endereço: Av. Dr. Chucri Zaidan, 1550, Sala 1808, Cjto. 207 B, Bairro Vila São Francisco - Requerente: Dry Port São Paulo S/A - Vara/Comarca: 2a Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo/SP
Requerido: Técnicas Eletro Mecânicas Telem S/A - CNPJ: 61.529.285/0001-47 - Endereço: Rua Arcipreste de Andrade, 372, Bairro Vila Dom Pedro I - Requerente: Fundo de Investimento em Direitos Creditórios Multissetorial Daniele Lp - Vara/Comarca: 1a Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo/SP
Requerido: Vici Construtora Ltda. - CNPJ: 60.676.616/0001-09 - Endereço: Av. Jabaquara, 1909, 9º Andar, Cjto. 92, Bairro Mirandópolis - Requerente: Pindorama Jardinagem S/C Ltda. - Vara/Comarca: 2a Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo/SP
Requerido: Walpires S/A Corretora de Câmbio, Títulos e Valores Mobiliários Ltda. em Liquidação Extrajudicial - CNPJ: 61.769.790/0001-69 - Endereço: Av. Brigadeiro Faria Lima, 1309, 9º Andar, Bairro Jardim Paulistano - Requerente: Walpires S/A Corretora de Câmbio, Títulos e Valores Mobiliários Ltda. em Liquidação Extrajudicial - Vara/Comarca: 1a Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo/SP - Observação: Pedido de auto falência.
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Falências Decretadas Empresa: Auto Posto Palomar Ltda. - CNPJ: 04.773.146/0001-20 - Endereço: Rua Pedro de Alcântara Meira, 218, Araucária - Administrador Judicial: Dr. Ademar Nitschke Júnior - Vara/Comarca: 1a Vara de Falências e Recuperações Judiciais de Curitiba/PR
Empresa: Farmácia e Drogaria do Trabalhador Ltda., Nome Fantasia Farmácia Tele Juca - CNPJ: 05.438.731/0001-37 - Endereço: Rua Monsenhor Salazar, 445, Bairro São João do Tauape - Administrador Judicial: A Própria Administradora Judicial da Recuperação Judicial Rescindida, P2s Administração Judicial Ltda. - Vara/Comarca: 2a Vara de Recuperação de Empresas e Falências de Fortaleza/CE - Observação: Recuperação judicial convolada em falência.
Empresa: Farmácia Tele Juca Eireli - CNPJ: 02.787.831/0001-80 - Endereço: Av. Padre Antonio Tomas, 2000, Lojas 01 e 02, Bairro Aldeota - Administrador Judicial: A Própria Administradora Judicial da Recuperação Judicial Rescindida, P2s Administração Judicial Ltda. - Vara/Comarca: 2a Vara de Recuperação de Empresas e Falências de Fortaleza/CE - Observação: Recuperação judicial convolada em falência.
Empresa: Global Comércio, Importação e Exportação de Alimentos Eireli - CNPJ: 20.283.906/0001-78 - Endereço: Rua Fernando de Souza, 1065, Módulo B 6, Distrito Industrial - Administrador Judicial: Não Citado No Despacho - Vara/Comarca: 2a Vara de São João da Boa Vista/SP
Empresa: Yomasa da Amazônia Ltda. - CNPJ: 04.879.176/0001-16 –
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Endereço: Rua Bambuzinho, S/nº, Expansão do Distrito Industrial, Manaus/am - Administrador Judicial: O Mesmo Dos Autos Principais, Dr. Alfredo Luiz Kugelmas - Vara/Comarca: 2a Vara de Diadema/SP - Observação: Extensão dos efeitos da falência da empresa BT Comercial de Eletroportáteis Eireli EPP
Processos de Falência Extintos Requerido: Beta 49 Incorporação Ltda. - CNPJ: 15.604.354/0001-12 - Endereço: Av. Pereira Barreto, 1395, 20º Andar, Sala 84, Bairro Paraíso - Requerente: Oterprem Premoldados de Concreto Ltda. - Vara/Comarca: 8a Vara de Santo André/SP - Observação: Pedido julgado elidido.
Requerido: Indústria Metalúrgica Puriar S/A - CNPJ: 49.444.920/0001-98 - Endereço: Rodovia João Henrique Schultz, 3300, Km 03, Bairro Vila Idalina, Elias Fausto/sp - Requerente: Muriaço do Brasil Ltda. - Vara/Comarca: 2a Vara de Monte Mor/SP - Observação: Homologado acordo celebrado entre as partes.
Requerido: Metale Produtos Metalúrgicos Ltda. - CNPJ: 03.531.868/0001-06 - Endereço: Calçada Das Begônias, 20, Sala 07, Centro Comercial Alphaville - Requerente: Aços Groth Ltda. - Vara/Comarca: 5a Vara de Barueri/SP - Observação: Pedido julgado improcedente.
Recuperação Judicial Requerida Empresa: 8rgm Intermediação de Negócios Ltda. Epp - CNPJ: 12.884.829/0001-83 - Endereço: Av. Nações Unidas, 17/17, Sala 413, Bairro Vila Santo Antonio - Vara/Comarca: 1a Vara de Bauru/SP - Observação: Pedido redistribuído.
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Empresa: Bar Casa do Caranguejo Eireli ME - CNPJ: 28.408.006/0001-11 - Endereço: Av. Santos Dumont, 560, Bairro Atalaia - Vara/Comarca: 14a Vara de Aracaju/SE
Empresa: Cs8 Participações Eireli - CNPJ: 18.836.925/0001-32 - Endereço: Rua Vinte e Nove de Outubro, 7/50, Bairro Vila Brunhari - Vara/Comarca: 1a Vara de Bauru/SP - Observação: Pedido redistribuído.
Empresa: Elza Ramos da Silva Epp - CNPJ: 23.122.396/0001-45 - Endereço: Rua Alu Campos, 05, Bairro Farolândia - Vara/Comarca: 14a Vara de Aracaju/SE
Empresa: J. T. C. Indústria e Comércio de Conexões Ltda., Nome Fantasia Jaraguá Conexões - CNPJ: 09.165.486/0001-92 - Endereço: Av. Professor Miguel Franchini Neto, 400, Bairro Jaraguá City - Vara/Comarca: 1a Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo/SP
Empresa: Marta Raquel Dos Santos Ferreira Lima Epp - CNPJ: 23.046.426/0001-81 - Endereço: Av. Santos Dumont, 369, Luso Itália Ristoran, Bairro Atalaia - Vara/Comarca: 14a Vara de Aracaju/SE
Empresa: Pbcom Gerenciamento de Vendas Eireli Epp - CNPJ: 11.328.178/0001-82 - Endereço: Av. Rodrigues Alves, 7/40, Sala 805, Centro - Vara/Comarca: 1a Vara de Bauru/SP - Observação: Pedido redistribuído.
Empresa: Prest Vendas Gerenciamento de Vendas Eireli Epp - CNPJ: 04.454.428/0001-65 - Endereço: Rua Prudente de Morais, 7/84, Bairro Vila Souto - Vara/Comarca: 1a Vara de Bauru/SP - Observação: Pedido redistribuído.
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Empresa: R. Garbi Przepiorka - CNPJ: 32.109.333/0001-40 - Endereço: Fazenda Laredo, S/nº, Rodovia Sp 270, Km 507, Entroncamento - Vara/Comarca: 2a Vara de Rancharia/SP
Empresa: Restaurante o Caranguejo Mr Ltda., Nome Fantasia Corno Velho Bar e Restaurante - CNPJ: 08.774.545/0001-67 - Endereço: Av. Beira Mar, 878, Bairro Farolândia - Vara/Comarca: 14a Vara de Aracaju/SE
Empresa: Restaurante o Caranguejo Rm Praia Ltda., Nome Fantasia Corno Velho Atracador - CNPJ: 18.802.816/0001-02 - Endereço: Av. Santos Dumont, 369, Bairro Atalaia - Vara/Comarca: 14a Vara de Aracaju/SE
Empresa: Ruth Garbi Przepiorka - CNPJ: 18.518.992/0001-09 - Endereço: Fazenda Laredo, S/nº, Anexo Rodovia Sp 270, Bairro Marambaia - Vara/Comarca: 2a Vara de Rancharia/SP
Empresa: S. Przepiorka - CNPJ: 32.111.105/0001-04 - Endereço: Estância Chaparral, S/nº, Entroncamento - Vara/Comarca: 2a Vara de Rancharia/SP
Empresa: Sergio Przepiorka - CNPJ: 07.927.493/0001-59 - Endereço: Rodovia Sp 270, Km 511, S/nº, Zona Rural, Bairro Marambaia - Vara/Comarca: 2a Vara de Rancharia/SP
Empresa: Seta Contabilidade Sistematizada Ltda. - CNPJ: 30.006.940/0001-59 - Endereço: Rua Major Quedinho, 111, 15º Andar, Cjto. 06, Centro - Vara/Comarca: 1a Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo/SP
![Page 34: Clipping SCA...Ele afirmou que o banco tem um time dedicado à recuperação judicial da Odebrecht, na qual o BNDES tem créditos de R$ 8 bilhões, e disse que o banco vai se orientar](https://reader033.vdocuments.com.br/reader033/viewer/2022060814/60935b3700dd2f49555ee00a/html5/thumbnails/34.jpg)
Empresa: Seta Organização Contábil Ltda. - CNPJ: 62.496.047/0001-45 - Endereço: Rua Major Quedinho, 111, 23º Andar, Centro - Vara/Comarca: 1a Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo/SP
Empresa: Seta Processamento de Dados Ltda. - CNPJ: 07.240.200/0001-60 - Endereço: Rua Major Quedinho, 111, 23º Andar, Centro - Vara/Comarca: 1a Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo/SP
Recuperação Judicial Deferida Empresa: Agropecuária Aurora Ltda. Me, Nome Fantasia Sementes Aurora - CNPJ: 08.682.096/0001-27 - Endereço: Fazenda Juliana, Margem Esquerda da Rodovia Br 364, Km 54, S/nº, Zona Rural - Administrador Judicial: Zapaz Administração Judicial Ltda. - Vara/Comarca: Vara Única de Alto Garças/MT
Empresa: Brasil Cosméticos Eireli, Nome Fantasia Brascal Farma - CNPJ: 04.909.739/0001-71 - Endereço: Rua Benjamin Constant, 549, Centro - Administrador Judicial: Dr. Denilson Angelin - Vara/Comarca: 2a Vara de Rio Branco/AC
Empresa: G. Pejon Bessa, Nome Fantasia Aquarela Baby - CNPJ: 05.968.470/0001-67 - Endereço: Av. Getúlio Vargas, 134, Centro - Administrador Judicial: Dr. Denilson Angelin - Vara/Comarca: 2a Vara de Rio Branco/AC
Empresa: Nilson Muller Me, Nome Fantasia Aurora Armazéns Gerais - CNPJ: 04.341.148/0001-40 - Endereço: Margem Esquerda da Rodovia Mt 270, S/nº, Km 52, Zona Rural, Guiratinga/mt - Administrador Judicial: Zapaz Administração
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Judicial Ltda. - Vara/Comarca: Vara Única de Alto Garças/MT
Empresa: Pejon Comercial Importadora Eireli - CNPJ: 02.577.043/0001-60 - Endereço: Av. Getúlo Vargas, 118, Centro - Administrador Judicial: Dr. Denilson Angelin - Vara/Comarca: 2a Vara de Rio Branco/AC
Empresa: R. P. Pejon Me, Nome Fantasia Aquarela Baby - CNPJ: 05.968.470/0001-67 - Endereço: Av. Getúlio Vargas, 134, Centro - Administrador Judicial: Dr. Denilson Angelin - Vara/Comarca: 2a Vara de Rio Branco/AC
Empresa: Tintas Real Company Indústria e Comércio de Tintas Ltda. - CNPJ: 01.129.082/0001-31 - Endereço: Rua Emília Solin, 600, Bairro Bonsucesso - Administrador Judicial: Dr. Oreste Nestor de Souza Laspro - Vara/Comarca: 8a Vara de Guarulhos/SP
Empresa: Tintas Six Collor Indústria e Comércio Ltda. Epp - CNPJ: 07.924.040/0001-79 - Endereço: Rodovia Presidente Dutra, Km 180, S/nº, Bairro Lambari, Guararema/sp - Administrador Judicial: Dr. Oreste Nestor de Souza Laspro - Vara/Comarca: 8a Vara de Guarulhos/SP
https://www.valor.com.br/empresas/6386233/movimento-
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Valor Econômico
Caderno: Legislação & Tributos, segunda-feira, 12 de agosto de 2019.
TST desobriga empregadores de controlar jornada de trabalhador
Por Adriana Aguiar | De São Paulo
Leonardo Mazzillo: "A tendência é que existam
jornadas cada vez mais flexíveis"
Assunto polêmico da Medida Provisória
da Liberdade Econômica (MP nº 881, de
2019), a possibilidade de trabalhadores
deixarem de bater o ponto para controle
de jornada e só registrarem situações
excepcionais, como horas extras,
começou a ser aceita pelo Tribunal
Superior do Trabalho (TST). Há pelo
menos duas decisões da 4ª Turma que
admitem o chamado controle de ponto por
exceção, desde que previsto em acordo
coletivo.
Nessa modalidade, o trabalhador fica
dispensado de fazer um controle formal
dos horários de entrada e saída. Apenas
registra as situações excepcionais - além
das horas extras, afastamentos, atrasos,
saídas antecipadas e férias. A alternativa,
porém, normalmente não é aceita nas
demais turmas do TST.
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O controle de jornada é exigido pela
Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT). Pelo artigo 74, parágrafo 2º, nas
empresas com mais de dez trabalhadores
é obrigatória a anotação da hora de
entrada e de saída, em registro manual,
mecânico ou eletrônico.
O registro de ponto, segundo advogados
de trabalhadores, tem por objetivo
fiscalizar o meio de trabalho, impedindo
que empregados fiquem sem ganhar pelas
horas extras exercidas. Já as empresas
entendem não ser necessário esse
controle. Para elas, só as situações
excepcionais precisariam ser anotadas.
Na 4ª Turma do TST, esse modelo tem
sido aceito. Em decisão contra a qual não
cabe mais recurso desde abril (transitada
em julgado), os ministros consideraram
válida uma norma coletiva que
estabeleceu o controle de ponto por
exceção para uma empresa de software e
outra empresa de tecnologia da
informação.
O TST reformou decisão do Tribunal
Regional do Trabalho de São Paulo, que
havia anulado o acordo firmado pelos
trabalhadores. No acórdão, os
desembargadores citam precedentes de
turmas do TST (1ª, 2ª, 3ª e 7ª) e da
Subseção I Especializada em Dissídios
Individuais (SDI-1).
Em seu voto, o relator do caso no TST,
ministro Alexandre Luiz Ramos, destaca
que a Constituição, no artigo 7º, inciso
XXVI, é clara ao reconhecer a validade
das convenções coletivas e que as
cláusulas "não podem ser analisadas de
forma atomizada, pois cada uma se
vincula ao equilíbrio da negociação
coletiva". Ele foi seguido pelos demais
integrantes da 4ª Turma, ministros Ives
Gandra Martins Filho e Guilherme
Augusto Caputo Bastos.
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Em outro julgado unânime, o colegiado
manteve o chamado controle de ponto por
exceção em uma empresa de tabacos. O
relator, ministro Caputo Bastos, destaca,
em seu voto, que a negociação coletiva é
um instrumento valioso para regulamentar
as relações do trabalho, reconhecida pela
Constituição, e que o controle de jornada
não está no rol de direitos indisponíveis.
"De modo que não há nenhum óbice na
negociação", acrescenta.
Ele lembra ainda que a reforma
trabalhista (Lei nº 13.467, de 2017)
autoriza a prevalência do negociado sobre
o legislado e não há nada que impeça a
negociação. Com esse entendimento, os
ministros negaram o pagamento de horas
extras para um trabalhador. A decisão já
transitou em julgado.
Segundo o advogado Daniel Chiode, do
Chiode Minicucci Advogados, as
decisões que admitem o ponto por
exceção exigem a previsão em acordo
coletivo. Contudo, acrescenta, se a MP da
Liberdade Econômica for aprovada, as
empresas ficariam liberadas do controle
de jornada e, por um lado, os funcionários
perderiam essa moeda de troca nas
negociações. " Por outro lado, deixa mais
prática a entrada e saída dos
empregados", diz Chiode.
O modelo alternativo, de acordo com
Chiode, surgiu para suprir as necessidades
de grandes obras e de grandes fábricas.
"Imagine uma obra com 20 mil pessoas
batendo ponto? Itaipu, por exemplo, teve
esse problema. Então criaram o ponto por
exceção para que só batesse ponto quem
chegou mais tarde ou saiu mais cedo",
afirma o advogado.
Para ele, no entanto, a liberdade
econômica não pode ser confundida com
liberdade de fraude. "O empregador não
pode, em absoluto, impedir que o
empregado anote corretamente as
exceções. Nesses casos, pode responder
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por crime contra a organização do
trabalho."
José Eymard Loguércio, do LBS
Advogados, que defende trabalhadores,
afirma que a MP, ao possibilitar o ponto
de exceção por meio de acordo
individual, "fragiliza mais uma vez a
importância da negociação coletiva e isso
é ruim". Ele entende, porém, que os
conflitos judiciais não acabariam.
"Continuarão a ser levados ao Judiciário.
Acho mais seguro a marcação correta,
inclusive para a empresa."
Já tem ocorrido uma certa flexibilização
da jornada de trabalho, segundo o
advogado Leonardo Mazzillo, do W Faria
Advogados. Ele cita como exemplo um
funcionário que prefere trabalhar dez
horas por quatro dias da semana e folgar
três dias. "A tendência é que existam
jornadas cada vez mais flexíveis. Já é uma
realidade o banco de horas e a negociação
entre empregado e empregador", afirma.
Mazzillo ressalta que, mesmo em caso de
ser impedido de anotar horas extras, por
exemplo, o trabalhador continuará a ter
outros meios para comprovar que
trabalhou além de sua jornada. Ele pode
usar, de acordo como advogado, provas
testemunhais, e-mails trocados fora do
horário de expediente e logins nos
sistemas da empresa, entre outros.
Hoje, pela Súmula nº 338 do TST, a
empresa é obrigada nos processos a
comprovar que existia controle de ponto e
não houve o cumprimento de horas
extras. Porém, afirma Mazzillo, essa
súmula não poderia ser aplicada nos casos
em que as empresas deixaram de ser
obrigadas a controlar a jornada. "O
Judiciário não poderá cobrar essa prova",
diz.
https://www.valor.com.br/legislacao/6386121/tst-
desobriga-empregadores-de-controlar-jornada-de-
trabalhador
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Caderno: Legislação & Tributos, segunda-feira, 12 de agosto de 2019.
STJ analisa tributação de crédito do Reintegra
Por Joice Bacelo | De Brasília
Os contribuintes estão vencendo na 1ª
Turma do Superior Tribunal de Justiça
(STJ) a discussão sobre a incidência de
Imposto de Renda (IRPJ) e CSLL sobre
créditos obtidos por meio do Regime
Especial de Reintegração de Valores
Tributários (Reintegra) antes da entrada
em vigor da Lei nº 13.043/2014 - que
reinstituiu o benefício. O placar, por
enquanto, é de dois a um. Outros dois
ministros ainda devem votar.
O Reintegra foi criado em 2011, por meio
da Lei nº 12.546, com o objetivo de
ressarcir os custos tributários das
exportadoras. Há discussão em relação à
tributação porque não havia, na norma,
previsão sobre o assunto. Isso só ocorreu
com a lei de 2014. Consta no artigo 21, de
forma expressa, que os créditos não
devem ser incluídos nas bases de cálculo
do PIS e da Cofins e do IRPJ e da CSLL.
Os dois votos contra a tributação são dos
ministros Napoleão Nunes Maia Filho e
Regina Helena Costa. Para eles, esses
créditos devem ser considerados como
mero ressarcimento e não como uma
receita nova, que possa configurar
acréscimo patrimonial.
Os dois votos são divergentes ao do
relator, o ministro Gurgel de Faria, que
seguiu o entendimento da Fazenda
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Nacional. De acordo com ele, o Reintegra
é uma subvenção de custeio e, por esse
motivo, deve ser tributado. Somente por
meio de lei, afirmou em seu voto, seria
possível afastar a incidência de IRPJ e
CSLL - a exemplo do que aconteceu após
2014.
O julgamento foi iniciado em maio e
retomado na semana passada. Acabou
sendo suspenso, mais uma vez, por um
pedido de vista, do ministro Benedito
Gonçalves. Também falta votar o ministro
Sérgio Kukina.
É a primeira vez que a turma analisa esse
tema. A 2ª Turma, que também julga
questões de direito público, já analisou a
matéria e decidiu pela tributação em pelo
menos dois processos (AREsp 1334 667 e
REsp 1462313). O entendimento é de que
com o programa há redução de custos e,
consequentemente, aumento de lucro.
A lei que instituiu o Reintegra, a nº
12.546, previa a concessão do benefício
até 31 de dezembro de 2012. Essa norma
permitia a apuração de um crédito
mediante a aplicação de percentual de 3%
sobre a receita de exportação. Esses
valores poderiam ser utilizados pelas
empresas para o pagamento de débitos
tributários ou o ressarcimento em espécie.
Em 2012, antes de vencer o prazo, foi
editada a Medida Provisória (MP) nº 601
para estender o benefício até dezembro de
2013.
Foi a Lei nº 13.043, de 2014, no entanto,
que tornou o programa válido por período
indeterminado e, pela primeira vez, tratou
sobre a exclusão dos valores do cálculo
do IRPJ e a CSLL. Ficou estabelecido,
além disso, que o percentual aplicado
sobre a receita passaria a ser definido pelo
Ministério da Fazenda - hoje Ministério
da Economia.
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O caso que está em análise na 1ª Turma
envolve a Docile Alimentos (REsp
1571354). Esse julgamento é importante
porque, se confirmado o resultado, haverá
a possibilidade de aqueles que perderam
na 2ª Turma levarem os seus processos
para a Seção. O colegiado uniformizará o
entendimento das duas turmas sobre o
assunto.
Em sustentação oral no mês de maio,
quando o julgamento teve início, o
advogado da empresa, Fernando Rios,
havia resumido que o processo tratava de
definir se quem recebe os créditos do
Reintegra aufere ou não renda. Segundo
ele, na fabricação dos produtos
alimentícios, por exemplo - como no caso
dos autos - o resíduo tributário é de
4,25% e o Reintegra devolve atualmente
0,1% às exportadoras.
Consta no processo que a empresa
recebeu R$ 415 mil em 2012 e R$ 351
mil em 2013. Esses valores compuseram
a base de cálculo do IRPJ e da CSLL e,
consequentemente, aumentaram o valor
recolhido em tributos nesses dois anos.
Os votos do relator e do ministro
Napoleão Nunes Maia Filho foram
proferidos nessa ocasião. A ministra
Regina Helena Costa, que havia pedido
vista, devolveu o processo na terça-feira,
seguindo o entendimento divergente.
Para ela, a inclusão dos valores no cálculo
do IRPJ e da CSLL é que demandaria
precisão legal, como preveem o artigo
156 da Constituição e o 97 do Código
Tributário Nacional. "O Reintegra foi
criado para aliviar as empresas
exportadoras, não para agravar a situação
tributária delas."
https://www.valor.com.br/legislacao/6386117/stj-analisa-
tributacao-de-credito-do-reintegra
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Caderno: Legislação & Tributos, segunda-feira, 12 de agosto de 2019.
A importância da recuperação de empresas
Por Daniel Carnio Costa
O crescente número de casos de recuperação judicial de empresas e a percepção de que os planos apresentados pelas devedoras impõem grandes sacrifícios aos credores fazem com que muitos questionem a razão de existir dessa ferramenta jurídica. Se a empresa é insolvente e não tem condições de pagar os seus credores, qual seria a razão de tentar salvá-las? Por que razão impor aos credores um prejuízo a fim de manter o funcionamento da empresa devedora? Não seria melhor liquidá-la?
A resposta a essa pergunta passa, necessariamente, pela constatação de que, diante de um cenário de crise, pode ser melhor (ou menos pior) para os credores manter a empresa devedora em funcionamento. Deve-se fazer uma comparação entre o valor de liquidação da empresa e o valor gerado com o funcionamento da
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empresa. Se a liquidação dos ativos da empresa gerar menos valores do que a manutenção de seu funcionamento, é melhor para os credores - em geral - que a empresa continue operando.
Imagine uma situação bastante simples, inspirada no exemplo do professor de Harvard, Thomas Jackson: a empresa é um lago com 1.000 peixes. É possível que sejam pescados 500 peixes por ano, deixando-se no lago os outros 500 peixes a fim de que procriem, viabilizando que no ano seguinte o lago tenha novamente os 1.000 peixes. Assim, nesse ano seguinte será possível pescar novamente 500 peixes e assim por diante. Fazendo-se uma avaliação dessa empresa - bem simplista - e trazendo-se ao valor presente, chega-se à conclusão de que ela vale o equivalente a 2.500 peixes, pois é isso que a empresa produziria em 5 anos.
O funcionamento de uma
empresa gera empregos,
tributos, produtos, serviços e
circulação de riquezas
Caso essa empresa seja liquidada, com a pesca e a venda de todos os peixes do lago, o valor máximo a ser atingido será equivalente a 1.000 peixes (exaurindo-se todos os peixes, sem possibilidade de haver pescaria nos anos seguintes).
Fazendo-se um simples cálculo, é melhor para o credor manter a empresa em funcionamento e receber 2.500 peixes, do que liquidar a
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empresa e receber apenas 1.000 peixes.
Nesse caso a liquidação da empresa representará um prejuízo maior para os credores do que a manutenção de suas atividades. Evidente, assim, que interessa ao mercado tentar ajudar a empresa a manter seu funcionamento.
Vale destacar que essa solução será melhor para os credores em geral e não necessariamente para os credores individualmente. A comunidade de credores terá 2.500 peixes para dividir, ao invés de apenas 1.000. É certo que alguns credores receberão mais peixes que outros, dependendo da negociação e dos privilégios legais. Mas, no geral, essa solução será melhor para o conjunto de credores.
Além do interesse do mercado, representado pela vontade do conjunto de credores da empresa em crise, a manutenção de suas atividades atende também a interesses muito maiores, de natureza pública e social. O funcionamento da empresa gera empregos, tributos, produtos, serviços e circulação de riquezas.
Nesse sentido, o encerramento de suas atividades, por meio da liquidação de seus ativos, representaria o desaparecimento desses benefícios econômicos e sociais (desemprego, queda na arrecadação de tributos etc).
Há casos em que o encerramento da empresa afeta o regular funcionamento de todo um setor da economia, prejudicando a atividade de dezenas de outras empresas que também não conseguirão prosseguir suas atividades em razão da dependência empresarial com aquela que fechou suas portas.
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Assim, se a empresa tem condição de gerar valores com o seu funcionamento, será melhor para os credores e, também, para a sociedade como um todo que suas atividades sejam preservadas. É essa a função social da recuperação judicial de empresas, que vem sendo reiteradamente reconhecida pelo Superior Tribunal de Justiça.
Alguns críticos afirmam que a liquidação da empresa também poderia abrir espaço para que outro agente econômico ocupe o seu lugar, desenvolvendo atividade saudável, fazendo voltar os empregos, tributos, produtos, serviços etc. Assim, sob o ponto de vista social, não haveria justificativa para impor aos credores sacrifícios para manter o funcionamento da empresa devedora.
É certo que numa economia com perfeito funcionamento, o agente econômico que desapareceu em razão da sua insolvência poderia ser mesmo substituído por outro, que passaria a exercer atividade geradora de empregos, tributos, produtos e serviços, suprindo a falta daquele agente que foi ineficaz na sua atuação.
Ocorre que, mesmo em economias perfeitas, essa reposição levará um tempo para acontecer. E as pessoas e o Estado têm necessidades prementes que não podem aguardar a recomposição econômica daquela atividade.
No Brasil, essa situação é ainda mais grave, visto que a crise econômica impede, na prática, que uma atividade liquidada seja substituída por outra em tempo razoável, consolidando-se os prejuízos sociais e econômicos decorrentes do encerramento da empresa.
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Por essa razão, tem-se que a função social da recuperação judicial tem grande relevo para o bom funcionamento da economia e para a estabilidade da sociedade brasileira, sendo vedado que interesses particulares e privados se transformem numa barreira intransponível à realização do interesse social.
Daniel Carnio Costa é juiz titular da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo, juiz auxiliar da Corregedoria Nacional de Justiça (CNJ) -2018/2020 e professor doutor de direito comercial da PUC/SP
Este artigo reflete as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico. O jornal não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações
https://www.valor.com.br/legislacao/6386119/importancia
-da-recuperacao-de-empresas
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Caderno: Mercado, segunda-feira, 12 de agosto de 2019.
Escalada da guerra comercial e brexit elevam temores de recessão mundial
Tensão afeta confiança e produz ciclo
nocivo para o crescimento das
economias, afirmam analistas
Marina Dias
WASHINGTON
A guerra comercial travada entre
Estados Unidos e China alcançou
patamar perigoso nos últimos dias e
passou a representar um risco de
recessão para a economia mundial no
próximo ano.
Na avaliação de especialistas, a escalada
das tensões entre os dois países —
somada à instabilidade política em
regiões como Europa, Oriente Médio e
Brasil— afeta a confiança na economia e
provoca um ciclo nocivo ao crescimento
da produção e do comércio.
“Há chance real de mergulhar a
economia global em uma recessão.
Acho que observaremos isso no
primeiro semestre de 2020”, afirma
à Folha Robert Salomon, professor da
New York University Stern School of
Business.
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Suíço com máscara do presidente Donald Trump
durante evento musical em Zurique - Arnd
Wiegmann - 10.ago.19/Reuters
“Consumidores e investidores sentem
que não haverá fim dessa guerra no
curto prazo, e isso afeta sua confiança
na economia. Quanto menos confiam,
menos gastam, menos investem, menos
contratam e, consequentemente, menos
crescem, começando até a diminuir de
tamanho.”
Na semana retrasada, o presidente dos
EUA, Donald Trump, encerrou de
forma súbita a trégua comercial com o
governo Xi Jinping, estabelecida desde
o fim de junho.
Via rede social, como é de costume, o
americano anunciou que vai taxar em
10% mais US$ 300 bilhões (R$ 1,1
trilhão) em importações anuais dos
chineses a partir de setembro.
A nova rodada de tarifas será somada
aos 25% já cobrados de outros US$ 250
bilhões (R$ 960 bilhões) em compras e
deve ter impacto maior na inflação, pois
a medida atingiria bens de consumo.
Em resposta, a China desvalorizou sua
moeda, derrubando os mercados
financeiros.
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A avaliação dos analistas é que esse
movimento ocorre em cima de uma
desaceleração que já dura mais de um
ano e que a queda dos índices pelo
mundo reflete a consciência sobre a
recessão.
EUA e China —as duas maiores
economias globais— não têm procurado
alternativas para seus mercados e, com
a batalha das tarifas em curso
ascendente, tornam mais custoso aos
consumidores comprarem seus
produtos.
Vencedor do Nobel de Economia de
2008, Paul Krugman tem feito
projeções igualmente pessimistas sobre
as consequências da guerra comercial
para o resto do globo.
Em artigo publicado pelo jornal The
New York Times no início de agosto, o
economista afirma que a escalada
comercial não tem dado o resultado
esperado por Trump.
Para ele, o presidente americano deve
empurrar as tarifas contra a China até o
limite e pode até expandir a batalha
para outros países, como o Vietnã. “As
implicações para a economia americana
e para as outras economias do mundo
estão começando a ficar bastante
assustadoras.”
A dúvida sobre a duração da disputa
comercial ganha novas cores quando
acrescentados os efeitos de uma saída
britânica sem acordo da União
Europeia e o crescimento de
movimentos populistas e nacionalistas
pelo mundo.
“O brexit é a primeira coisa que pode
contribuir para a recessão, além da
guerra comercial EUA-China.
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Outras seriam as tensões geopolíticas, e
não quero só dizer desses movimentos
populistas na Europa ou no Brasil, mas
também tensões no Oriente Médio, que
envolvem EUA, Reino Unido e Irã”,
explica Salomon.
Quem observa o mercado americano de
perto não acredita em um acordo
próximo entre americanos e chineses.
Ao mesmo tempo que Trump e China
não baixam as armas, o Reino Unido
também escala sua retórica.
O recém-empossado primeiro-
ministro Boris Johnson promete tirar o
país do bloco europeu até 31 de outubro
“sem ‘se’ ou ‘porém’”, em mais um
ingrediente que assusta os investidores.
Os temores aumentam à medida que
os números da economia britânica
também diminuem e podem estar
levando o Reino Unido à primeira
recessão em uma década.
Na sexta (9), o Instituto de Estatísticas
Nacionais mostrou que o PIB do país
caiu 0,2% no primeiro trimestre,
encolhimento inédito em seis anos.
Mais pragmáticos do que os brasileiros,
os donos do dinheiro nos EUA não
costumam dar muito peso ao
componente político quando fazem suas
apostas, mas é consenso entre os
investidores que há paralisação e
insegurança econômica com o roteiro
desenhado pela guerra comercial e
o brexit.
O Fed (Federal Reserve, banco central
dos EUA), por sua vez, havia cortado os
juros pela primeira vez em mais de uma
década na véspera do anúncio de
Trump das novas tarifas sobre os bens
da China.
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Enquanto há disputa tarifária entre as
duas potências, o Brasil tem se
beneficiado na venda de produtos
agrícolas .
No entanto, empresários e investidores
afirmam que o risco de crise mundial
tem preocupado, já que esse cenário é
passageiro —assim que EUA e China
baterem o martelo sobre o acordo, o
Brasil deixa de ser vantajoso.
O professor da New York University,
por sua vez, evita fazer prognósticos
sobre o impacto de uma possível
recessão em países como o Brasil.
Mas não deixa de alertar para a
consequência óbvia no mundo
econômico: “Tradicionalmente, países
em desenvolvimento sofrem mais com
recessão do que os desenvolvidos”.
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/08/esc
alada-da-guerra-comercial-e-brexit-elevam-temores-
de-recessao-mundial.shtml
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Caderno: Mercado, segunda-feira, 12 de agosto de 2019.
MP flexibiliza contrato de uso da terra e traz risco de judicialização no campo
Proposta é dar autonomia de
negociação entre as partes e abolir
garantias previstas em estatuto
10.ago.2019 às 2h00
Filipe Oliveira
SÃO PAULO
Uma emenda inserida pela Câmara dos
Deputados na medida provisória da
Liberdade Econômica flexibiliza as
regras para contratos envolvendo o uso
da terra.
Apesar de a revisão dessas normas,
previstas no Estatuto da Terra, ser um
antigo pleito, a proposta tem gerado
intensa discussão entre especialistas
do direito agrário, que veem na
mudança, na forma como foi
apresentada, alto potencial para elevar
o risco jurídico no campo.
No artigo 34, a medida provisória
define que, nos contratos de
arrendamento ou parceria, passa a valer
a autonomia das partes para fixar os
parâmetros do acordo.
Atualmente, esses parâmetros
contratuais são definidos pelo Estatuto
da Terra, lançado em 1964. Entre as
proteções asseguradas estão garantia de
prazos mínimos de permanência, de ao
40
menos três anos, preferência na
renovação de contrato e indicadores
para definição de preços que devem ser
praticados no arrendamento. Também
prevê a possibilidade de estender a
permanência até o fim de uma colheita,
afirma o advogado Alexandre Matias,
sócio da Advocacia Maciel.
Agricultor carrega caixa com pimentões
em terra próxima ao rio Paraíba, na
cidade de Boqueirão (PB) - Eduardo
Knapp - 27.fev.18/Folhapress
A livre negociação entre as partes
aboliria todo o regramento tradicional.
Ela só não valeria para contratos
firmados com agricultor familiar. Nesse
caso, prevaleceria o Estatuto da Terra.
O relator da MP na Câmara dos
Deputados, Jerônimo Goergen (PP-RS),
diz que o objetivo da mudança na lei é
adequar os contratos a uma atividade
que vem se tornando progressivamente
mais moderna e dinâmica.
"Queremos atualizar os contratos
agrícolas para uma nova realidade, por
isso estamos propondo o debate,
sabendo que não há uma
unanimidade", diz o deputado.
A advogada Rossana Duarte, sócia da
área de negócios imobiliários do Mattos
Filho, diz ver como positiva a mudança
proposta na MP, por retirar o
![Page 46: Clipping SCA...Ele afirmou que o banco tem um time dedicado à recuperação judicial da Odebrecht, na qual o BNDES tem créditos de R$ 8 bilhões, e disse que o banco vai se orientar](https://reader033.vdocuments.com.br/reader033/viewer/2022060814/60935b3700dd2f49555ee00a/html5/thumbnails/46.jpg)
engessamento que há nos contratos —
medida que teria poder de incentivar
novas alternativas de produção,
com impactos positivos na economia.
"Muitas vezes, por exemplo, o produtor
quer fazer um contrato mais curto, mas
não pode, porque a lei não permite",
afirma Duarte.
Jeferson Rocha, produtor e diretor
jurídico da Andaterra (Associação
Nacional de Defesa dos Agricultores,
Pecuaristas e Produtores da Terra),
também diz avaliar que a ideia de
flexibilizar e desburocratizar contratos é
positiva, mas precisa ser debatida com
profundidade e no detalhe, pois tem
grande impacto no campo por causa do
volume de terras arrendadas.
Ele estima que, de sua associação, com
4.000 filiados, metade produza via
contratos de arrendamento.
A falta de discussão, afirma a advogada
Simone Paschoal Nogueira, sócia do
Siqueira Castro, acabou por atrair mais
insatisfação do que apoio para a
proposta.
1 11
Segundo ela, a mudança na regra atual,
ainda que necessária, não pode ocorrer
de maneira genérica, pois pode
distorcer o mercado de terras e levar a
diferentes tipos de judicialização.
Um dos problemas, segundo a
advogada, é que, ao manter regras mais
rígidas nos contratos apenas para
o pequeno produtor rural, haverá um
desincentivo para que sejam firmados
contratos com ele.
Outra questão, avalia Rafael Moreira,
sócio do Veirano, é que a nova norma
poderia sim ser questionada por
questões técnicas, já que, na redação da
41
MP, as regras do Estatuto da Terra não
são revogadas.
"Falar que prevalece a autonomia das
partes significa, na prática, revogar
todos os incisos anteriores que tratam
do tema no estatuto. Mas isso resultaria
em conflito de normas, que abriria
espaço para a discussão jurídica, pois
você está falando duas coisas diferentes
no mesmo artigo."
Francisco de Godoy Bueno, vice-
presidente da SRB (Sociedade Rural
Brasileira), diz que o debate precisa
evoluir para acompanhar a realidade do
agronegócio.
Ele destaca que os contratos de
arrendamento são mais frequentes em
culturas nas quais há maior
especialização. Crescem,
principalmente, no cultivo de soja,
milho e cana-de-açúcar.
Bueno diz ser necessária a atualização
da lei, pois a regra atual foi pensada
para o cenário dos anos de 1960,
quando o setor ainda não tinha os
grande produtores de hoje, que atuam
em escala, dentro de uma estrutura
empresarial robusta e, não raro,
globalizada.
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/08/mp
-flexibiliza-contrato-de-uso-da-terra-e-traz-risco-de-
judicializacao-no-campo.shtml
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Caderno: Mercado segunda-feira, 12 de agosto de 2019
Executivo estuda reforma sindical para atualizar segmento à realidade
Congresso também iniciou movimento
para apresentar um nova proposta de
mudança ainda neste semestre
Amanda Pupo, Impresso
12 de agosto de 2019 | 05h00
BRASÍLIA - Passada a reforma da
Previdência, o governo estuda enviar ao
Congresso uma proposta de reforma
sindical para atualizar o segmento à
“realidade do século 21”, segundo o
Ministério da Economia.
A proposta de emenda à Constituição
(PEC) está sendo discutida pela
Secretaria Especial de Previdência e
Trabalho, do Ministério da Economia,
com representantes de diversos setores.
O Estadão/Broadcast apurou que
integrantes da equipe econômica
consideram que a reforma deve ser
encampada pelo Executivo, em função
da sensibilidade do assunto. O
ministério não quis informar quais
mudanças estão sendo estudadas, pelo
fato de as discussões estarem em
“estágio inicial”.
42
Bolsonaro promete acabar com radares móveis
em estradas brasileiras Foto: DANIEL
TEIXEIRA/ESTADAO
Mas esse é um tema que já ganha corpo
também no Congresso. Líderes na
Câmara dos Deputados, por exemplo,
discutem propostas de uma reforma
sindical. Envolvido nas articulações e
em esboços, o presidente do
Solidariedade, Paulinho da Força (SD-
SP), defendeu uma proposta que retire
da administração pública qualquer
vínculo com as relações sindicais no
Brasil e elimine entidades sem
representatividade entre os
trabalhadores.
Presidente licenciado da Força Sindical,
o deputado disse que a ideia é
apresentar ainda neste semestre uma
reforma que possibilite
representatividade efetiva entre as
categorias. Para isso, os sindicatos só
poderiam existir se representarem 50%
mais um da categoria local – o que
também valeria para as entidades
patronais. A regra teria um período de
transição, diz o parlamentar, com
exigência inicial de 10% de
representatividade no primeiro ano.
Segundo Paulinho, apesar de não mexer
com a unicidade sindical – regra que
proíbe a criação de mais de um
sindicato por categoria na mesma base
territorial –, a norma de
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representatividade provocaria uma
“seleção natural” entre os sindicatos. Na
outra ponta, só teriam direito às
mudanças negociadas pela entidade os
trabalhadores que forem associados.
Para retirar o assunto do âmbito do
governo, o deputado defende que todas
as relações sindicais sejam decididas
por um conselho autônomo, formado
por seis representantes das centrais de
trabalhadores e seis das confederações
empresariais. “A ideia é o Estado não
interferir mais nas relações sindicais.”
Para ele, esse conselho poderia
inclusive definir no futuro como
funcionarão as fontes de financiamento
dos sindicatos.
Líder da maioria na Câmara, o
deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB)
disse que a reforma sindical é
importante para dar
mais transparência, tranquilidade
e autonomia para quem quer ser
representado. “É necessária uma
reforma do sistema sindical do País,
mas esse é um tema complexo que tem
de ser tratado com cuidado,
conversando com lideranças para
construir qual será essa alternativa.”
Para o líder do Podemos, José Nelto,
mudanças no sistema sindical que
valorizem a representatividade e
acabem com as entidades “pelegas”
teriam o apoio do partido. “Tem de
modernizar, dar transparência, acabar
com o peleguismo. Nós defendemos os
sindicatos, mas vamos acabar com as
negociatas.”
https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,execu
tivo-estuda-reforma-sindical-para-atualizar-segmento-
a-realidade,70002964013
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Caderno: Mercado, segunda-feira, 12 de agosto de 2019
MP da Liberdade Econômica buscará mais flexibilização trabalhista no País
Desobrigação de registro de entrada e
saída de funcionários para empresas até
20 pessoas é um exemplo; por outro
lado, fim do sócio fictício e abertura aos
finais de semana trazem dinamismo
FOTO:PAULA SALATI • SÃO PAULO
A Medida Provisória da Liberdade
Econômica (MP 881) provocará uma
flexibilização adicional nas relações de
trabalho no País, avaliam especialistas.
A MP precisa ser votada no Congresso
Nacional até o dia 27 de agosto, quando
a medida perderá a validade.
O professor de direito da Universidade
de São Paulo (USP) e advogado do
SiqueiraCastro, Otavio Pinto e Silva,
ressalta que um dos pontos
preocupante da MP é a permissão para
que os trabalhadores deixem de bater
ponto, nas empresas que tenham até
vinte funcionários.
Por meio de um acordo individual com
o empregador, o funcionário poderá
cumprir a sua jornada de trabalho sem
44
registrar os seus horários de entrada e
saída. A marcação deverá ser realizada
apenas para casos de faltas, folgas,
horas extras e férias.
Atualmente, pelas regras da
Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT), qualquer empresa com mais de
dez funcionários precisa fazer as
anotações de entrada e saída dos
empregados. Toda mudança nessa
dinâmica é negociada com os
sindicatos.
Na avaliação de Silva, essa flexibilização
pode dificultar o acesso dos
trabalhadores aos seus direitos. “ Com a
permissão para o fim do registro do
ponto, você elimina as provas [caso
uma pessoa queira entrar com uma
ação na Justiça”, comenta o professor
da USP.
“Se ainda houvesse ao menos a previsão
de uma negociação com o sindicato,
você ainda teria uma alguma proteção
para os trabalhadores”, diz Silva. “Para
conseguir um emprego, o trabalhador
pode acabar optando por um acordo
individual, com menos acesso a
direitos, ainda mais no atual cenário de
desemprego alto”.
Silva pontua ainda que se um fiscal
verificar alguma irregularidade no
ambiente de trabalho, a MP 881
permitirá que a multa só seja aplicada
na segunda visita ao local, caso a
empresa ainda não tenha resolvido a
infração.
Já o sócio da área de Societário do
Vinhas e Redenschi Advogados,
Leonardo Lobo, afirma que as
mudanças propostas pela MP trarão
mais dinâmica para os negócios. “A
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medida diminui o número de pontos a
serem negociados com os sindicatos”,
diz Lobo. “Atualmente, existe uma
tutela excessiva do Estado neste tema”,
acrescenta o advogado.
Novas possibilidades
Para Lobo, há muitos aspectos da MP
que irão ampliar as possibilidades de se
empreender no Brasil. Uma delas é a
possibilidade de criar uma empresa de
sociedade limitada (LTDA)
individualmente, sem a necessidade de
sócios fictícios.
“Isso é muito bom, porque permite que
as sociedades sejam tratadas como
realmente são. Quem não participa da
vida empresa, não pode ser sócio. Você
responsabiliza quem realmente faz
parte do negócio”, comenta Lobo.
Ele diz isso, porque hoje no Brasil é
comum que parentes e amigos entrem
como sócios em alguma empresa,
apenas para que uma pessoa consiga
abrir um negócio. Para Lobo, isso gera
diversos problemas, seja para as
empresas ou para os sócios fictícios.
Como, por exemplo, para a empresa
que vai contratar um empréstimo, mas
que não consegue, porque o sócio
fictício está com o nome sujo, ou vice-
versa.
Ampliação de negócios
Marcus Quintella, coordenador do MBA
de Empreendedorismo e Novos
Negócios da Fundação Getúlio Vargas
(FGV), afirma que a MP deverá retirar
diversas amarras que existem hoje no
ambiente de negócios do País,
aproximando um pouco a nossa
legislação das regras praticadas em
países como Canadá e Austrália.
45
De acordo com Quintella, a permissão
para que qualquer atividade abra aos
finais de semana, possibilitará com que
as empresas adequem o seu
funcionamento ao perfil do seu público-
alvo. Na visão dele, atividades de
tecnologia, educacionais e consultorias
deverão se beneficiar com a MP da
Liberdade Econômica.
https://www.dci.com.br/economia/mp-da-liberdade-
economica-buscara-mais-flexibilizac-o-trabalhista-no-
pais-1.822817
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Segunda-feira, 12 de agosto de 2019
RESCISÃO DE CONTRATO
STJ anula decisão que afastou cláusula de arbitragem com base no CDC
12 de agosto de 2019, 11h30
A hipossuficiência de uma das partes
não é suficiente para que o Judiciário
afaste a validade de cláusula
compromissória de arbitragem antes de
ela ser analisada pelo juízo arbitral.
O entendimento é da 3ª Turma do
Superior Tribunal de Justiça ao
reformar decisão que aplicou o Código
de Defesa do Consumidor para afastar a
cláusula de compromisso.
Na decisão, o colegiado reafirmou a
impossibilidade de afastar o
chamado princípio competência-
competência, positivado na Lei de
Arbitragem. Segundo esse
princípio, cabe ao juízo arbitral
pronunciar-se acerca da validade da
cláusula, antes que o juízo estatal possa
se manifestar sobre a controvérsia.
O caso analisado envolvia duas empresa
do complexo de atividades de
exploração energética de gás. Após
rescisão de contrato, uma das empresas
ajuizou ação questionando o ato e
pedindo indenização pelos prejuízos
sofridos com a quebra de contrato.
A sentença afastou a preliminar da
convenção de arbitragem prevista no
contrato de adesão por entender que a
disparidade econômica entre as
empresas prejudicava a possibilidade de
a empresa estabelecer condições
46
contratuais favoráveis, não podendo ser
presumido o seu consentimento quanto
à cláusula compromissória.
O Tribunal de Justiça do Rio Grande do
Norte manteve a sentença que julgou
procedente o pedido de indenização,
aplicando analogamente regras do CDC
para justificar o afastamento da
cláusula de arbitragem.
Segundo o relator do caso, ministro
Paulo de Tarso Sanseverino, o TJ-RN,
com base na alegada hipossuficiência,
aplicou indevidamente regras do CDC
para afastar a prevalência da cláusula
arbitral.
"Essa decisão apresenta-se
frontalmente contrária à linha
jurisprudencial desta Corte Superior,
que interpreta a norma extraída do
parágrafo único do artigo 8º da Lei de
Arbitragem como de caráter obrigatório
e vinculante, derrogando-se a jurisdição
estatal", explicou.
Sanseverino destacou que a alegação de
nulidade da cláusula arbitral — bem
como do contrato que contém essa
regra — deve ser submetida, em
primeiro lugar, à deliberação do juízo
arbitral.
A alegada hipossuficiência, de acordo
com o relator, não é razão suficiente
para afastar os efeitos de cláusula de
arbitragem existente, válida e eficaz.
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"Ressalte-se que o contrato, mesmo
padronizado, foi pactuado entre duas
empresas que atuam no complexo ramo
de atividades de exploração energética
de gás, não sendo possível o
reconhecimento da hipossuficiência de
qualquer delas para efeito de aplicação
analógica do CDC, embora possa existir
uma assimetria entre elas",
justificou. Com informações da
Assessoria de Imprensa do STJ.
REsp 1.598.220
Revista Consultor Jurídico, 12 de
agosto de 2019, 11h30
https://www.conjur.com.br/2019-ago-
12/anulada-decisao-afastou-clausula-
arbitragem-base-cdc
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Segunda-feira, 12 de agosto de 2019
COMPETÊNCIA EXTRAPOLADA
Associação questiona lei de SC que permite acumular franquia de dados de celular
A Associação das Operadoras de
Celulares (Acel) foi ao Supremo
Tribunal Federal contra lei de Santa
Catarina que dispõe sobre o dever de as
empresas concessionárias de serviço de
telefonia móvel permitirem ao
consumidor a acumulação de franquia
de dados, quando não utilizada no mês
de aquisição, para uso no mês
subsequente. De acordo com a
entidade, o estado invadiu competência
da União para legislar sobre serviços de
telecomunicações.
Para entidade, estado de SC invadiu
competência da União para legislar
sobre serviços de telecomunicações123RF
Na petição, a Acel argumenta que a
Constituição Federal disciplina
especificamente os serviços de
telecomunicações, tanto no que se
refere à sua exploração (artigo
21) quanto à competência para legislar
(artigo 22). A entidade
destaca também que, embora o
parágrafo único do artigo 22 preveja lei
48
complementar que autorize os estados a
legislarem sobre questões específicas
das matérias elencadas, essa lei
complementar ainda não existe. A
União, defende, é a única legitimada a
definir as condições de exploração do
serviço e a estabelecer as obrigações das
empresas operadoras.
Como exemplos do exercício dessa
competência privativa da União, a Acel
cita, entre outras normas, a Lei Federal
9.472/1997, que disciplinou a prestação
dos serviços de telecomunicações e
criou uma agência — a Anatel —
responsável pelo regramento e
fiscalização do setor.
Admitir a competência dos demais
entes federados para legislar sobre
telecomunicações significaria, segundo
a entidade, “além da criação de
inconcebíveis desigualdades entre os
usuários do serviço, a indevida
intervenção de terceiros na autorização
conferida pelo Poder Público federal ao
agente privado”. Além disso, enfatiza
que a lei impugnada também ofende a
livre-iniciativa, porque restringe
indevidamente a liberdade de atuação
das empresas, prejudicando assim a
exploração dos serviços por elas
oferecidos.
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Rito abreviado
Em razão da relevância da matéria, o
relator, ministro Luiz Edson
Fachin, adotou o rito abreviado previsto
no artigo 12 da Lei 9.868/1999 (Lei das
ADIs), que autoriza o julgamento do
caso pelo Plenário do Supremo
diretamente no mérito, sem prévia
análise do pedido de liminar. Com
informações da Assessoria de
Imprensa do STF.
ADI 6.204
Revista Consultor Jurídico, 12 de
agosto de 2019, 12h40
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Segunda-feira, 12 de agosto de 2019
Reforma trabalhista
TST valida trabalho intermitente
Colegiado reformou decisão do TRT que
considerava regime lícito, porém que
deveria ser feito em caráter excepcional.
Magazine Luiza pode realizar contrato
de trabalho intermitente.
Assim decidiu a 4ª turma do TST ao
julgar improcedente pedido de um
assistente de loja para que seu contrato
fosse declarado contrato por tempo
indeterminado, com pagamento de
salário integral de todo o período. Para
o colegiado, a empresa cumpriu os
requisitos da lei para contratação nessa
modalidade.
Estava em discussão um contrato que
permitia a prestação de serviços em
períodos alternados, conforme
demanda da varejista. O TRT da 3ª
região havia entendido que, após a
reforma trabalhista, o regime
intermitente é lícito, mas "deve ser feito
em caráter excepcional", sob pena de
precarização dos direitos do
trabalhador.
50
Mas no TST, o acórdão, de relatoria do
ministro Ives Gandra Filho, reformou a
decisão, considerando que os
argumentos da Corte Regional
contrariam a atual legislação.
Trabalho intermitente
De acordo com o parágrafo 3º do artigo
443 da CLT, introduzido pela reforma
trabalhista (lei 13.467/17), considera-se
intermitente o contrato de trabalho em
que a prestação de serviços não é
contínua. Ela pode ocorrer com
alternância de períodos (horas, dias ou
meses) de prestação de serviços e de
inatividade, independentemente do tipo
de atividade do empregado e do
empregador.
O art. 452-A determina que o contrato
intermitente deve ser celebrado por
escrito e conter especificamente o valor
da hora de trabalho, que não pode ser
inferior ao valor horário do salário
mínimo ou àquele devido aos demais
empregados do estabelecimento que
exerçam a mesma função.
O caso
O auxiliar foi contratado em novembro
de 2017, já na vigência da reforma
trabalhista, e trabalhou 98 dias numa
das lojas da rede em MG. Na
reclamação trabalhista, ele pediu que a
contratação intermitente fosse
declarada nula, "por violar o regime de
emprego, a dignidade humana, o
compromisso com a
profissionalização e o patamar
mínimo de proteção devido às
pessoas que necessitam viver do seu
trabalho".
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O pedido foi julgado improcedente pelo
juízo da 4ª vara do Trabalho de Coronel
Fabriciano/MG, mas o TRT da 3ª
região condenou a empresa ao
pagamento das diferenças salariais
durante todo o período contratual com
base no valor da hora pago
multiplicados por 220, correspondente
à carga horária mensal cheia.
Embora reconhecendo a licitude do
regime intermitente de acordo com a
nova legislação, o TRT considerou que
esse tipo de contratação só deve ser
feita em caráter excepcional, e não para
suprir demanda de atividade
permanente, contínua ou regular. "Não
é cabível ainda a utilização de contrato
intermitente para atender posto de
trabalho efetivo dentro da empresa",
registrou.
Princípio da legalidade
O relator do recurso de revista da rede
de lojas, ministro Ives Gandra Martins
Filho, assinalou que, de acordo com os
parâmetros da lei, o trabalho
descontínuo pode ser firmado para
qualquer atividade, exceto para
aeronautas, desde que observado o
valor do salário hora dos demais
trabalhadores não intermitentes da
empresa. No seu entendimento, o TRT
criou parâmetros e limitações não
contidos na CLT. "Contrastando a
decisão regional com os comandos
legais supracitados, não poderia ser
mais patente o desrespeito ao princípio
da legalidade", afirmou.
Por unanimidade, a turma deu
provimento ao recurso para
restabelecer a sentença.
51
• Processo: 10454-
06.2018.5.03.0097
Veja o acórdão.
https://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI30
8521,81042-TST+valida+trabalho+intermitente
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Segunda-feira, 12 de agosto de 2019
Recurso repetitivo
STJ vai fixar termo inicial de auxílio-acidente decorrente da cessação de auxílio-doença
Até definição, processos que versem
sobre a questão ficam suspensos.
A 1ª seção do STJ deverá tratar
da "fixação do termo inicial do auxílio-
acidente, decorrente da cessação do
auxílio-doença, na forma dos artigos 23
e 86, parágrafo 2°, da Lei 8.231/1991".
O colegiado afetou dois recursos (REsps
1.729.555 e 1.786.736), selecionados
como representativos da controvérsia
pelo TJ/SP, para julgamento sob o rito
dos recursos repetitivos, cadastrado
como tema 862. A relatoria é da
ministra Assusete Magalhães.
Os processos foram afetados na sessão
eletrônica iniciada em 29 de maio e
finalizada em 4 de junho. Até o
julgamento dos recursos e a definição
da tese, ficam suspensos todos os
processos pendentes de julgamento,
individuais ou coletivos, que versem
sobre a questão delimitada e em trâmite
no território nacional.
52
Termo inicial
Nos dois recursos, os recorrentes
requerem o recebimento de auxílio-
acidente desde a data da cessação do
auxílio-doença acidentário,
reformando, assim, o entendimento do
TJ/SP que fixou como termo inicial do
benefício a data da citação.
Segundo a relatora, a Comissão Gestora
de Precedentes do STJ consignou na
decisão de admissibilidade que já há
mais de 500 processos sobrestados na
origem. Além disso, a ministra ressaltou
que, conforme dados atualizados pelo
Núcleo de Gerenciamento de
Precedentes do STJ, "há, apenas no
TJ/SP, cerca de 700 processos
sobrestados, cuja matéria coincide com
o tema ora em análise".
Leia o acórdão da afetação do REsp
1.729.555.
• Processos: REsp
1.729.555 e REsp 1.786.736
https://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI30
8525,91041-
STJ+vai+fixar+termo+inicial+de+auxilioacident
e+decorrente+da+cessacao
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Segunda-feira, 12 de agosto de 2019
Arbitragem
Cláusula compromissória arbitral não pode ser afastada por analogia com CDC
Decisão é da 3ª turma do STJ.
A 3ª turma do STJ julgou recurso que
tratou da possibilidade de afastamento
de cláusula compromissória de
arbitragem, com fundamento, por
analogia, no CDC, em face da alegada
hipossuficiência da empresa
demandante.
No julgamento, a turma decidiu, à
unanimidade, a impossibilidade de
afastamento pelo juízo estatal da efeitos
da cláusula compromissória de
arbitragem em respeito ao princípio
Kompetenz-Kompetenz, que significa
que a discussão acerca da existência,
validade e eficácia da cláusula
compromissória deve ser resolvida, com
primazia, pelo juízo arbitral, não sendo
possível antecipar essa discussão
perante a jurisdição estatal.
O caso envolveu duas empresas do
complexo de atividades de exploração
energética de gás. Após a rescisão de
contrato para transporte de gás da
Sonangol, a TPG do Brasil ajuizou ação
questionando a rescisão e pleiteando
indenização pelos prejuízos sofridos
com a quebra do contrato.
A sentença afastou a preliminar da
convenção de arbitragem prevista no
contrato de adesão por entender que a
disparidade econômica entre as
empresas prejudicava a possibilidade de
a TPG do Brasil estabelecer condições
53
contratuais favoráveis, não podendo ser
presumido o seu consentimento quanto
a cláusula compromissória. No mérito,
a Sonangol foi condenada a indenizar a
TPG do Brasil pelos custos suportados
para a efetivação do contrato.
O TJ/RN manteve a sentença que
julgou procedente o pedido de
indenização, aplicando analogamente
regras do CDC para justificar o
afastamento da cláusula de arbitragem.
Prevalência arbitral
Para o relator do caso, ministro Paulo
de Tarso Sanseverino, o TJ aplicou
indevidamente as regras do CDC para
afastar a prevalência da cláusula
arbitral.
"Essa decisão apresenta-se
frontalmente contrária à linha
jurisprudencial desta Corte Superior,
que interpreta a norma extraída do
parágrafo único do artigo 8º da Lei de
Arbitragem como de caráter
obrigatório e vinculante, derrogando-
se a jurisdição estatal."
![Page 59: Clipping SCA...Ele afirmou que o banco tem um time dedicado à recuperação judicial da Odebrecht, na qual o BNDES tem créditos de R$ 8 bilhões, e disse que o banco vai se orientar](https://reader033.vdocuments.com.br/reader033/viewer/2022060814/60935b3700dd2f49555ee00a/html5/thumbnails/59.jpg)
Sanseverino destacou que a alegação de
nulidade da cláusula arbitral – bem
como do contrato que contém essa
regra – deve ser submetida, em
primeiro lugar, à deliberação do juízo
arbitral.
A alegada hipossuficiência, de acordo
com o relator, não é razão suficiente
para afastar os efeitos de cláusula de
arbitragem existente, válida e eficaz.
"Ressalte-se que o contrato, mesmo
padronizado, foi pactuado entre duas
empresas que atuam no complexo
ramo de atividades de exploração
energética de gás, não sendo possível o
reconhecimento da hipossuficiência de
qualquer delas para efeito de aplicação
analógica do CDC, embora possa
existir uma assimetria entre elas."
• Processo: REsp 1.598.220
https://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI30
8522,61044-
Clausula+compromissoria+arbitral+nao+pode+s
er+afastada+por+analogia
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54
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Segunda-feira, 12 de agosto de 2019
Câmara Superior do Carf analisa uso de FIP durante incorporação do grupo Bertin
Processo tem como pano de fundo a
incorporação do frigorífico pela JBS;
conclusão será em setembro
• GUILHERME MENDES
BRASÍLIA
(Crédito: Sindiavipar)
Pela primeira vez, a Câmara Superior
da 1ª Seção do Conselho Administrativo
de Recursos Fiscais analisou se Fundos
de Investimento e Participação (FIP),
utilizados em operações de fusão e
aquisição, seriam dispositivos usados
de maneira abusiva para diminuir a
tributação pelo Imposto de Renda
Pessoa Jurídica (IRPJ) e pela
Contribuição Social sobre o Lucro
Líquido (CSLL). O pano de fundo do
caso é a incorporação do frigorífico
Bertin pela JBS, em 2009, e envolve a
Tinto Holding, empresa que, à época da
autuação, era controladora do grupo
Bertin.
55
A aquisição do frigorífico Bertin,
empresa familiar de capital fechado,
pela JBS, gerou a maior processadora
de proteína animal do planeta. A
operação de aquisição, acompanhada
pelo Cade, CVM e mesmo pela Câmara
dos Deputados, ocorreu com um ágio de
R$ 9,5 bilhões, segundo a
Procuradoria-Geral da Fazenda
Nacional (PGFN).
Este é um dos dois processos a tratar do
ganho de capital ocorrido nesta
operação. A cobrança tributária neste
caso, em valores históricos, é de cerca
de R$1,1 bilhão, e ainda conta com uma
multa de 150% por suposto dolo ou
fraude, e juros.
Segundo os patronos, na complexa
operação envolvendo a Bertin e a JBS,
as ações da Bertin foram alocadas em
um FIP de mesmo nome. Para a defesa
da contribuinte, que controla o grupo
incorporado, o envio dos ativos ao
fundo seria uma maneira de proteger
uma empresa fragilizada pela crise
mundial de 2008, à beira da falência.
Por ser uma empresa de cunho familiar,
esta não conseguiria encontrar
facilmente o capital no mercado para se
recuperar.
Além disto, por ser de alta relevância
para o mercado, a operação teria claro
propósito negocial. Responsável pela
defesa da contribuinte, o advogado
Leonardo Pimentel Bueno, do escritório
Machado Leite & Bueno Advogados,
rebateu os argumentos da acusação. “O
aspecto tributário é irrelevante, pois o
FIP não foi incluído na operação para
obter benefícios tributários”,
argumentou. “Não há nenhum benefício
tributário: o que se concluiu, cinco anos
após a operação, é que houve um
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prejuízo, não devendo subsistir o
recurso de tributação sobre ganho de
capital.”
Para a PGFN, a operação buscou se
valer, de maneira fraudulenta, de um
benefício tributário: pela Lei nº
11.312/06, os rendimentos dos FIPs
são tributados pelo Imposto de Renda
Retido na Fonte a 15%, ao contrário dos
34% que incidiriam caso a operação
fosse realizada por meio de pessoas
jurídicas.
“Há a interposição fraudulenta de um
FIP para escapar da tributação de
ganho de capital”, pontuou o patrono
pela Fazenda Nacional, Rodrigo
Moreira Lopes. O FIP, segundo a PGFN,
não teve nenhuma ingerência sobre o
comando da empresa, servindo como
“um tipo de empresa-veículo”.
A turma interrompeu os debates para
vista, ainda na fase de conhecimento do
recurso. Para o relator do caso,
conselheiro Demetrius Nichele Macei, o
recurso da Tinto Holding deveria ser
conhecido. Após o conselheiro André
Mendes de Moura divergir a
conselheira Cristiane Silva Costa pediu
vista do caso, que será concluído em
setembro.
Adiantando seu voto, Macei, que é
representante dos contribuintes,
adiantou seu voto para revelar que dará
provimento ao recurso, cancelando a
cobrança feita pela Receita Federal.
No dia 13 de agosto, uma turma
ordinária da 1ª Seção deverá inciar o
debate relacionado à outra parte do
ganho de capital. O recurso é movido
pela FB Participações, uma das
controladoras da JBS, e tem valores
históricos próximos a R$ 3,5 bilhões. Já
houve um primeiro julgamento do caso,
56
em junho do ano passado, com a turma
dando prazo à Fazenda Nacional para
analisar novas provas trazidas pela
empresa.
Processo citado na matéria:
16561.720170/2014-01
Tinto Holding Ltda x Fazenda Nacional
GUILHERME MENDES – Repórter
https://www.jota.info/tributos-e-
empresas/tributario/carf-fib-jbs-bertin-12082019
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Segunda-feira, 12 de agosto de 2019
Blockchain: TJSP reconhece validade de prova coletada sobre conteúdo online
O uso do blockchain para a coleta e
certificação de provas é válida ante o
ordenamento pátrio
• EDILSON OSÓRIO JR.
• JAMILE HAMIDEH
Crédito: Pexels
Embora o interesse pela tecnologia
blockchain esteja crescendo
rapidamente e quantidades
consideráveis de material tenham sido
escritos sobre ela, raramente vai-se
além do campo especulativo –
sobretudo quando o assunto é o seu uso
para a área jurídica. É mais comum que
publicações se debrucem sobre os
chamados smart contracts ou sobre os
desafios regulatórios das criptomoedas,
do que de fato tratem de aplicações
concretas deste novo tipo de base de
dados.
Ainda que tais discussões sejam
essenciais, é necessário que se discutam
os avanços reais alcançados. Nesse
sentido, vem em boa hora a decisão do
57
Tribunal de Justiça de São Paulo em
reconhecer a prova certificada em
blockchain como válida e “hábil a
comprovar a veracidade da existência
do conteúdo”.
Reconhecimento pelo TJ/SP
O caso em questão refere-se a ação do
ex-governador de Goiás, Marconi
Perillo, que alega a existência de
publicações em páginas do Facebook,
Instagram e Twitter de “conteúdos
inverídicos e ofensivos, com o objetivo
de produzir o descrédito do autor junto
à opinião pública”. Em pedido de tutela
provisória de urgência, Perillo requereu
a intervenção da corte para evitar que
os responsáveis pelo conteúdo fossem
informados de demanda, evitando
assim se desfizessem das postagens. No
entanto, a desembargadora Fernanda
Gomes Camacho entendeu não ser a
intervenção necessária, visto que o
autor já havia tomado providências
para garantir a sua preservação em
blockchain. Na decisão do agravo de
instrumento, lê-se que:
(…) não se justifica a pretensão de
abstenção de comunicação de terceiros
a respeito dos requerimentos do
agravante e dos termos da demanda,
inclusive porque o próprio recorrente
afirmou que “a partir do conhecimento
dos fatos, o Autor providenciou a
preservação de todo o conteúdo via
Blockchain, junto à plataforma
OriginalMy, hábil a comprovar a
veracidade e existência dos conteúdos”.
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A decisão é a primeira no país a se
referir especificamente a provas
certificadas em blockchain. Agora que a
discussão chegou aos tribunais, é
necessário que os advogados brasileiros
compreendam, na prática, como essa
tecnologia pode ser utilizada.
Certificação de provas em
blockchain
Crimes contra a honra, bullying ou fake
news difundidos por meios eletrônicos
têm se tornado um sério problema,
tanto pelo potencial dano causado às
vítimas quanto pela dificuldade em se
produzir provas sobre eles.
Entre as soluções normalmente
utilizadas para gerar evidências da
existência do conteúdo se encontram
os prints de tela e a ata notarial, na qual
o tabelião declara estar vendo o
material em questão. Ambas são
problemáticas. Prints podem ser
facilmente forjados e não trazem
qualquer informação adicional que
possa garantir a sua integridade, e
portanto não costumam ser aceitos em
juízo. A ata notarial, por sua vez, além
de possuir altíssimo custo, pode ser
difícil de ser obtida. Com a alta
velocidade da internet, é possível que o
conteúdo seja apagado antes que a
parte prejudicada possa ir até o
cartório.
A tecnologia blockchain, conforme
indicado na decisão acima, está
surgindo como uma resposta a esses
problemas. Ela é uma base de dados
distribuída, que roda em vários
computadores diferentes ao redor do
mundo ao invés de estar armazenada
em um único local, e na qual dados
podem apenas ser adicionados, mas não
alterados ou removidos. Além disso,
dados são adicionados ao sistema de
58
forma linear e sequencial, formando
uma “cadeia de blocos” (ou blockchain,
no inglês).
Duas características a tornam relevante
para a coleta de provas sobre conteúdo
online. Primeiramente, como dados
adicionados ao blockchain são
imutáveis, a modificação indevida da
prova certificada torna-se impossível.
Em segundo lugar, cada arquivo no
sistema possui um carimbo de tempo
(timestamp), que diz com precisão a
data e horário em que ele foi
adicionado, e uma assinatura digital
exclusiva (conhecida como hash, um
conjunto de 64 algarismos em
hexadecimal), que contribuem para um
alto grau de segurança.
Para facilitar a compreensão, tomemos
como exemplo o caso da startup
brasileira OriginalMy, supracitada na
decisão do TJ/SP. A empresa oferece
um plugin gratuito para o navegador
Chrome que permite que o advogado,
ou até mesmo a parte prejudicada,
possa fazer a coleta segura das provas
necessárias. Ao ser acionado,
o plugin desabilita todos os
demais plugins ativos no browser e
recarrega a página que está sendo
visitada, com o intuito de desfazer
quaisquer modificações efetuadas
manualmente. A seguir, ele a escaneia e
gera um relatório que contém:
1.
i.Declaração com nome e CPF do usuário
que efetuou a coleta, afirmando que as
informações contidas no relatório são
de sua inteira responsabilidade, e que
não utilizou nenhum método
fraudulento, tanto no conteúdo original
e quanto no aplicativo utilizado, de
modo a alterar as informações
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ii.coletadas, nos termos dos artigos 298 e
299 do Código Penal Brasileiro;
iii.Endereço eletrônico onde o conteúdo
eletrônico foi coletado e estava
disponível para verificação
publicamente;
iv.Data e hora do momento em que o
conteúdo foi acessado e enviado para
registro;
v.Aviso para que este documento seja
utilizado apenas em juízo;
vi.Cópia fiel do conteúdo acessado
naquele momento.
O relatório gerado vem com o referido
carimbo de tempo, que atesta o
momento em que a prova foi coletada, e
também com o hash que garante que o
arquivo não possa ser posteriormente
alterado. Isso ocorre porque
cada hash é único e calculado a partir
do documento usando-se o algoritmo
SHA256, e qualquer modificação em
seu conteúdo fará com que um
novo hash, diferente do original, seja
gerado.
Esse relatório pode tanto ser enviado
para ser certificado em blockchain
como para autenticação em cartório. No
primeiro caso, a assinatura digital do
relatório será armazenada em
blockchains públicos, dando-lhe
transparência (ou seja, a habilidade de
ser verificado a qualquer momento, em
qualquer lugar), auditabilidade (sendo
possível verificar a autoria do registro),
disponibilidade (acessível 24 horas por
dia, sete dias por semana), e
privacidade (o conteúdo do arquivo não
é exposto, já que a informação
certificada em blockchain se refere
apenas ao hash mencionado acima).
59
Caso se escolha a autenticação notarial,
o relatório será encaminhado
automaticamente ao cartório parceiro,
que verificará a sua autenticidade,
comprovando a sua integridade, do
relatório que acabara de receber, com o
intuito de comprovação de integridade,
acessará o link constante no relatório e
fará uma cópia da página acessada.
Essa cópia será autenticada e o cartório
emitirá uma declaração esclarecendo o
processo utilizado, bem como a data e
hora em que ele foi efetivado.
Validade jurídica de provas
certificadas em blockchain
A segurança jurídica, no entanto, ainda
costuma ser uma preocupação que
impede a utilização da certificação de
provas em blockchain. Dessa forma, é
importante notar que não existe
nenhuma previsão no ordenamento
brasileiro que impeça tal uso. Ao
contrário, existem previsões expressas
que autorizam esse tipo de
possibilidade. O artigo 369 do Código
de Processo Civil, por exemplo, traz o
princípio da atipicidade das provas,
prevendo que “as partes têm o direito
de empregar todos os meios legais, bem
como os moralmente legítimos, ainda
que não especificados neste Código,
para provar a verdade dos fatos em que
se funda o pedido ou a defesa e influir
eficazmente na convicção do juiz”.
Mais à frente, o mesmo Código também
determina, no art. 411, II, que o
documento considera-se autêntico
quando “a autoria estiver identificada
por qualquer outro meio legal de
certificação, inclusive eletrônico, nos
termos da lei”. A regulamentação
específica mencionada foi dada
pela Medida Provisória 2.200-
2/2001, que estabelece os requisitos
para garantir a autenticidade,
![Page 65: Clipping SCA...Ele afirmou que o banco tem um time dedicado à recuperação judicial da Odebrecht, na qual o BNDES tem créditos de R$ 8 bilhões, e disse que o banco vai se orientar](https://reader033.vdocuments.com.br/reader033/viewer/2022060814/60935b3700dd2f49555ee00a/html5/thumbnails/65.jpg)
integridade e validade jurídica de
documentos em forma eletrônica.
Segundo ela:
Art. 10, §2: O disposto nesta Medida
Provisória não obsta a utilização de
outro meio de comprovação da autoria
e integridade de documentos em forma
eletrônica, inclusive os que utilizem
certificados não emitidos pela ICP-
Brasil, desde que admitido pelas partes
como válido ou aceito pela pessoa a
quem for oposto o documento.
Por meio desses dispositivos, tem-se
que o uso da tecnologia blockchain para
a coleta e certificação de provas é não
apenas uma evolução conveniente, mas
também válida ante o ordenamento
pátrio, e que possui tudo para em breve
se consolidar na prática de advogados
de todo o país.
EDILSON OSÓRIO JR. – Founder
da OriginalMy.com, cientista
computacional, professor e especialista
em segurança da informação e
infraestrutura, desenvolve projetos com
software livre desde 1995. Graduado em
Copyright (Direito Autoral) pela Escola
de Direito de Harvard.
JAMILE HAMIDEH – Advogada e
gerente de comunidade de OriginalMy,
e mestranda em Direito Internacional
pela Universidade da Lapônia, na
Finlândia.
Os artigos publicados pelo JOTA não
refletem necessariamente a opinião do
site. Os textos buscam estimular o
debate sobre temas importantes para o
País, sempre prestigiando a pluralidade
de ideias.
https://www.jota.info/opiniao-e-
analise/artigos/blockchain-tjsp-reconhece-validade-
de-prova-coletada-sobre-conteudo-online-11082019
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