CIVILIZAÇÃO E O SOLO: UMA RELAÇÃO DE CAUSA E EFEITO Volume 1/ Edição 1

UM POUCO DE HISTÓRIA...

Um dos acontecimentos que marcou a história recente teve como

protagonista o homem e o solo. Conhecida como “Dust Bowl”, a

tempestade de poeira que assolou as Planícies ao Centro Sul dos EUA na

década de 1930 tornou atos simples do cotidiano como respirar, comer e

andar um verdadeiro desafio aos habitantes daquela região, como relatam

documentos históricos da época. Tal fenômeno foi associado às más

práticas agrícolas (preparo convencional do solo) e a eventos climáticos

adversos e, ocasionou, mudanças profundas na forma de se pensar em

todos os níveis da sociedade humana.

Treze anos mais tarde, Edward Faulkner em seu livro “A Insensatez do

Lavrador” disse: “Ninguém, até agora, tem sido capaz de mostrar a razão

científica de arar”. Trinta anos se passaram e, em 1973, o professor Shirley

Phillips da Universidade de Kentucky e seu parceiro, o agricultor Harry

Young citaram 14 razoes para não revolver o solo, e passaram a ser

considerados os pioneiros do Plantio direto no mundo, hoje praticado em

aproximadamente 75 milhões de hectares.

O que mudou em nível de sociedade sobre essa relação?

Mudanças em todos os níveis da sociedade ocorreram transcorridos 84

anos do Dust Bowl, e o que fizemos em termos de sociedade? Sob o olhar

do mundo Agro mudou-se significativamente a forma de manejar o solo e

também de produzir alimentos, fibras e energia e, passamos a utilizar em

larga escala sistemas conservacionistas de solo, como o Sistema de Plantio

Direto. Sob o olhar Urbano, as cidades cresceram demandando mais

alimentos, espaço físico, e qualidade de vida, este em ambos os “mundos”,

o Agro e o Urbano. Assim, o termo Solo deve ser olhado e entendido em

um sentido amplo, o de regulador de processos e ciclos que tornam a vida

possível para essa e para as gerações futuras.

“O solo deve ser olhado e entendido em um sentido amplo,

de regulador de processos e ciclos que tornam a vida

possível e agradável para essa e para as gerações futuras”

Neste sentido, é obrigação (primeiramente) e dever de todos nós,

profissionais ligados a área das ciências agrárias e áreas afins, cuidar deste

recurso tão precioso. Por estarmos na “ponta da lança” no campo de

batalha que é a agropecuária, cabe a nós fazermos o impossível para

conservar este recurso que, para muitos, passa despercebido, misturado ao

verde das lavouas e pastagens ou do concreto dos grandes centros urbanos.

Por sermos parte pensante do contingente de profissionais que detêm

grande parte do Know-how sobre solo, precisamos e devemos nos

05/12 – DIA MUNDIAL DO SOLO

Não é mais um dia. É o DIA!

Doze anos atrás (2002) a

International Union of Soil

Science (ISSS) propôs celebrar

o dia 05 de dezembro como

sendo o Dia Internacional do

Solo, devido sua importância

como um dos componentes

dos sistemas naturais e como

um vital elemento para o bem-

estar das populações que

usufruem deste meio.

Tão importante quanto a água,

o solo é a um dos pilares de

toda alimentação produzida e

consumida pela humanidade.

E, para celebrar a importância

deste recurso ao qual todas as

formas de vida usufruem, o

ano de 2015 foi considerado

pela FAO como o Ano

Internacional do Solo.

Prepare-se, pois muitas

atividades virão e você é o

convidado de honra.

Efeito das tempestades de poeira ou “Black Blizzards” nos EUA (1930). Fonte: http://www.english.illinois.edu

posicionar como indivíduos e como sociedade organizada na área, a fim de

que não somente agricultores implementem práticas conservacionistas de

uso e manejo do solo, mas também que os agentes formadores e

promoteres de políticas públicas como governos, planejem melhor o uso

deste recurso em todas as áreas, sejam elas rurais ou urbanas.

Ações pontuais como ferramentas de planejamento e gestão em nível de

governo têm sido tomadas, mas ainda há muito o que fazer. Exemplo

próximo a nós, e que possivelmente a maior parte da sociedade

desconhece, ocorre com o Projeto de Lei que Institui o Código Estadual de

Uso, Manejo e Conservação do Solo no Rio Grande do Sul

(http://www.al.rs.gov.br/Download/CAPC/para%20cd). Parado desde

2005 por diversos motivos (um dos quais possivelmente seja a falta de

interresse dos envolvidos na apreciação desta demanda), este seria uma

ferramenta que ajudaria a todos os envolvidos na tomada de decisões

acerca do tema solo.

Entretanto não devemos ficar limitados a esta ou aquela ferramenta, seja

ela jurícada ou não, para intervirmos de forma consiente e plausível

quando a questão é o solo, mesmo porque estas são somente ferramentas

de apoio. O objeto direto tomador de decisões, com base ou não nestas

ferramentas, é você, como cidadão e profisional detentor de parte do saber.

VOCÊ É PARTE INTEGRANTE DESTE SISTEMA

Celebre o dia 05/12 e todos os dias, como o Dia Mundial do Solo! Ajude a construir uma sociedade

melhor e mais justa para com todos.

E lembre-se: Se vocês está lendo isso, em qualquer parte que esteja, abaixo de você há uma massa de terra chamada

SOLO; se estás ingerindo qualquer alimento, esse, em alguma etapa da cadeia produtiva, tem o SOLO no “DNA”; e por

fim a parte que parece ser a mais óbvia: vivemos em um planeta chamado TERRA!

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL – FACULDADE DE AGRONOMIA - DEPARTAMENTO DE SOLOS Av. Bento Gonçalves, 7712, Bairro Agronomia,

CEP 91540-000

Perfil de solo em processo de intemperismo

Departamento de Solos

Universidade Federal do Rio

Grande do Sul – Faculdade de

Agronomia - Departamento de

Solos

Av. Bento Gonçalves, 7712, Bairro

Agronomia, CEP 91540-000

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