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Direito Civil Ronaldo Vieira Francisco QUESTÕES 1. LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO 1.1. DA APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO E NO ESPA- ÇO. DAS FONTES DO DIREITO. DA HERMENÊUTI- CA JURÍDICA. 01. (MPF – Procurador da República/2012) ASSINA- LE A ALTERNATIVA CORRETA: (A) Denomina-se lei temporária aquela que surge para regu- lar, de modo contrário ao estabelecido na lei geral, fatos ou relações jurídicas que, por sua natureza, estariam nela compreendidos: (B) As Ordenações portuguesas, adaptadas do direito romano clássico, tiveram mais vigência no Brasil do que em Portugal, pois mantiveram-se em vigor até o advento do Código Civil de 1916; (C) A Equity do direito inglês corresponde a mesma defini- ção da equidade do direito brasileiro, sendo certo afir- mar que, como fonte do direito inglês moderno, é apli- cada da mesma maneira; (D) A seguradora se exime do dever de indenizar quando houver transferência do veículo a terceiros sem a sua prévia comunicação. COMENTÁRIOS Nota do autor: a respeito da aplicação da lei no tempo e no espaço dispõe o Decreto-Lei 4.657, de 04 de setembro de 1942, conhecido outrora por Lei de Introdução ao Código Civil que, em razão da Lei 12.376, de 30 de dezembro de 2010, foi renomeado para Lei de Introdução as Normas do Direito (LINDB); tal diploma normativo conta com 19 artigos, e não possui aplicação unicamente ao Direito Civil, mas universalmente aos demais ramos do direito, razão porque, diferentemente das demais leis, que recaem sobre o comportamento do homem, a LINDB tem por objeto as leis ou as normas; assim, preceitua a respeito da vigência, obrigatoriedade, integração, in- terpretação e conflito das leis no tempo, bem como sua eficácia no espaço. Alternativa correta: letra “b”. Alternativa “a”: de acordo com o LINDB/art. 2º, não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue; não sendo temporária, vige a lei até que outra lei a der- rogue (supressão parcial) ou ab-rogue (supressão total), expressa ou tacitamente; trata-se do princípio da continuidade da lei; desta forma, é incorreta a al- ternativa porque a lei temporária difere-se da lei per- manente em função da eficácia normativa com prazo fixo e determinado de duração, o que não ocorre na última, sem lapso de vigência pré-fixado. Alternativa “b”: é a opção correta; apesar da independência do Brasil em 1822, as ordenações portuguesas continuariam vigente entre nós até que se elaborasse o Código Civil, diploma esse que a Constituição de 1824 já havia se referido; em uma primeira tentativa, Teixeira de Freitas teve o trabalho rejeitado; depois de 15 de novembro de 1889 (Pro- clamação da República) a tarefa foi entregue a Cló- vis Beviláqua, resultando no projeto do Código Civil entregue ao Congresso Nacional em 1900; aprovado em 1916, com vigência em 1º de janeiro de 1917 (CC/1916, art. 1.806), as ordenações portuguesas fo- ram expressamente revogadas no art. 1.807 (referen- te ao CC/1916). Alternativa “c”: é incorreta; conceituamos a equi- dade como o juízo de razoabilidade e equilíbrio ba- seado no bom-senso com que o caso é apreciado; é a justiça do caso concreto admitida ao juiz quando a lei expressamente a preveja (CPC/art. 127); classifica- se em equidade legal e judicial; lembramos ao candi- dato alguns dispositivos do CC/2002 que dispõem a respeito da equidade, conforme art. 413, 479, 738, 944, 953, p. ex; no direito brasileiro a equidade não é fonte do direito e nem mesmo meio de suprir lacuna, sendo mero recurso de auxilio segundo os critérios acima para solução de conceitos vagos ou alterna- tivos segundo a discricionariedade do juiz; no direi-

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  • Direito Civil 169

    Direito Civil

    Ronaldo Vieira Francisco

    QUESTES

    1. LEI DE INTRODUO S NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO

    1.1. DA APLICAO DA LEI NO TEMPO E NO ESPA-O. DAS FONTES DO DIREITO. DA HERMENUTI-CA JURDICA.

    01. (MPF Procurador da Repblica/2012) ASSINA-LE A ALTERNATIVA CORRETA:(A) Denomina-se lei temporria aquela que surge para regu-

    lar, de modo contrrio ao estabelecido na lei geral, fatos ou relaes jurdicas que, por sua natureza, estariam nela compreendidos:

    (B) As Ordenaes portuguesas, adaptadas do direito romano clssico, tiveram mais vigncia no Brasil do que em Portugal, pois mantiveram-se em vigor at o advento do Cdigo Civil de 1916;

    (C) A Equity do direito ingls corresponde a mesma defini-o da equidade do direito brasileiro, sendo certo afir-mar que, como fonte do direito ingls moderno, apli-cada da mesma maneira;

    (D) A seguradora se exime do dever de inde nizar quando houver transferncia do veculo a ter ceiros sem a sua prvia comunicao.

    COMENTRIOS

    Nota do autor: a respeito da aplicao da lei no tempo e no espao dispe o Decreto-Lei 4.657, de 04 de setembro de 1942, conhecido outrora por Lei de Introduo ao Cdigo Civil que, em razo da Lei 12.376, de 30 de dezembro de 2010, foi renomeado para Lei de Introduo as Normas do Direito (LINDB); tal diploma normativo conta com 19 artigos, e no possui aplicao unicamente ao Direito Civil, mas universalmente aos demais ramos do direito, razo porque, diferentemente das demais leis, que recaem sobre o comportamento do homem, a LINDB tem por objeto as leis ou as normas; assim, preceitua a respeito da vigncia, obrigatoriedade, integrao, in-

    terpretao e conflito das leis no tempo, bem como sua eficcia no espao.

    Alternativa correta: letra b.

    Alternativa a: de acordo com o LINDB/art. 2, no se destinando vigncia temporria, a lei ter vigor at que outra a modifique ou revogue; no sendo temporria, vige a lei at que outra lei a der-rogue (supresso parcial) ou ab-rogue (supresso total), expressa ou tacitamente; trata-se do princpio da continuidade da lei; desta forma, incorreta a al-ternativa porque a lei temporria difere-se da lei per-manente em funo da eficcia normativa com prazo fixo e determinado de durao, o que no ocorre na ltima, sem lapso de vigncia pr-fixado.

    Alternativa b: a opo correta; apesar da independncia do Brasil em 1822, as ordenaes portuguesas continuariam vigente entre ns at que se elaborasse o Cdigo Civil, diploma esse que a Constituio de 1824 j havia se referido; em uma primeira tentativa, Teixeira de Freitas teve o trabalho rejeitado; depois de 15 de novembro de 1889 (Pro-clamao da Repblica) a tarefa foi entregue a Cl-vis Bevilqua, resultando no projeto do Cdigo Civil entregue ao Congresso Nacional em 1900; aprovado em 1916, com vigncia em 1 de janeiro de 1917 (CC/1916, art. 1.806), as ordenaes portuguesas fo-ram expressamente revogadas no art. 1.807 (referen-te ao CC/1916).

    Alternativa c: incorreta; conceituamos a equi-dade como o juzo de razoabilidade e equilbrio ba-seado no bom-senso com que o caso apreciado; a justia do caso concreto admitida ao juiz quando a lei expressamente a preveja (CPC/art. 127); classifica-se em equidade legal e judicial; lembramos ao candi-dato alguns dispositivos do CC/2002 que dispem a respeito da equidade, conforme art. 413, 479, 738, 944, 953, p. ex; no direito brasileiro a equidade no fonte do direito e nem mesmo meio de suprir lacuna, sendo mero recurso de auxilio segundo os critrios acima para soluo de conceitos vagos ou alterna-tivos segundo a discricionariedade do juiz; no direi-

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    to ingls moderno, decorrente da reforma ocorrida em 1876, no mais existe a duplicidade jurisdicional, formada por tribunais especficos e diversos para a common law e a equity; disso decorre que equity (equidade), modernamente, fonte do direito para soluo das questes judiciais, especialmente na au-sncia de normas do direito comum, agindo como complemento destas.

    Alternativa d: incorreta; nos termos do CC/art. 785, caput, em regra, salvo clusula contratu-al em sentido diverso, admite-se a transferncia, mediante alienao ou cesso, do bem segurado a terceiro, quando ocorrer a transferncia do contra-to de seguro a este; se o instrumento contratual nominativo, a transferncia s produz efeitos em re-lao ao segurador mediante aviso escrito assinado pelo cedente e pelo cessionrio; a aplice ou o bilhe-te ordem s se transfere por endosso em preto, da-tado e assinado pelo endossante e pelo endossatrio (CC/art. 785, 1 e 2).

    2. PARTE GERAL

    2.1. DAS PESSOAS NATURAIS. DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE. DA AUSNCIA. DA SU-CESSO PROVISRIA E SUCESSO DEFINITIVA. DA INSEMINAO ARTIFICIAL. DA ALTERAO DE SEXO. DA PESQUISA CIENTFICA EM SERES HUMANOS.

    01. (MPF Procurador da Repblica/2012) QUANTO AO NASCITURO, CORRETO DIZER QUE:I. Pode ser objeto de reconhecimento voluntrio de filia-

    o;

    II. A proteo legal atinge ao prprio embrio;

    III. Os pais podem efetuar doao em seu benefcio;

    IV. J detm os requisitos legais da personalidade.

    Das proposies acima:

    (A) I e III esto corretas;

    (B) II e IV esto corretas;

    (C) II e III esto corretas;

    (D) I e IV esto corretas.

    COMENTRIOS

    Nota do autor: a respeito da posio jur-dica do nascituro, afirma a teoria natalista que o nascimento com vida marca o incio de sua perso-nalidade; para a teoria da personalidade condicional ou concepcionista imprpria, tal atributo est sob condio suspensiva, e o seu implemento ocorre no momento do nascimento com vida; por sua vez, a teoria concepcionista afirma que a personalidade havida com a concepo; certo que o Cdigo Civil protege o nascituro em diversas passagens, exem-plificando com os artigos 542, 1.609 e 1.779, pelos quais podem receber doaes, serem reconhecidos

    e ter curador; assim, o nascimento com vida marca o incio da personalidade jurdica material; ao nascituro e ao nado-morto conferida a personalidade jurdica formal; a esse respeito, diz o Enunciado 1 da I Jorna-da de Direito Civil do CJF: A proteo que o Cdigo defere ao nascituro alcana o natimorto no que con-cerne aos direitos da personalidade, tais como: nome, imagem e sepultura; vale destacar, ainda, o contedo do Enunciado 2 da I Jornada de Direito Civil do CJF: A proteo que o Cdigo defere ao nascituro alcana o natimorto no que concerne aos direitos da personali-dade, tais como: nome, imagem e sepultura.

    Alternativa correta: letra a

    Item I: Correto: diz o CC/art. 1.609, pargrafo nico, que o reconhecimento pode preceder o nas-cimento do filho ou ser posterior ao seu falecimento, se ele deixar descendentes.

    Item II: Incorreto: o termo embrio abrange to-das as fases do desenvolvimento do zigoto, conside-rado como a fecundao do vulo pelo espermato-zoide; no entanto, somente aps a nidao do ovo, ou sua implantao/fixao na parede do tero, que se reconhece a concepo prpria do nascituro; a partir deste momento que se assinala o incio da gravidez; se houver fertilizao in vitro, por exemplo, no se reconhece o embrio da formado como se nascituro fosse, porquanto este o ser j em gesta-o no tero de uma mulher.

    Item III: Correto: o nascituro possui direitos da personalidade, mas no a capacidade de direito, que somente adquire se nascer com vida; de acordo com o CC/art. 542, a doao feita ao nascituro valer, sendo aceita pelo seu representante legal; conforme o preceito deixa expresso, o nascituro poder rece-ber doao, mas dependente de aceitao do seu representante (requisito de validade), que ser o pai, a me, ou o curador; se nascer com vida, e regular-mente aceita pelo representante legal, a liberalidade recebida e se completa; se for natimorto ou nado-morto, a doao caducar, por ineficcia do negcio jurdico.

    Item IV: Incorreto: de acordo com o CC/art. 2, a personalidade civil da pessoa comea do nascimen-to com vida; mas a lei pe a salvo, desde a concep-o, os direitos do nascituro; assim, se reconhece ao nascituro os direitos da personalidade jurdica for-mal, conforme comentrios feitos na nota do autor para a qual remetemos o candidato.

    02. (MPF Procurador da Repblica/2008) CONSI-DERANDO AS SEGUINTES ASSERTIVAS:I. Na comorincia existe presuno legal do momento

    da morte, que admite prova contrria de premorincia, sendo o nus probandi do interessado que pretende pro-var que a morte no foi simultnea.

    II. Pelo princpio do consenso afirmativo, toda a pessoa capaz deve manifestar sua vontade de submeter-se a

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    tratamento mdico ou a interveno cirrgica, quando haja risco de vida.

    III. Poder ser requerida pelos interessados a abertura da sucesso provisria do ausente, se ele deixou represen-tante ou procurador, em se passando trs anos da arre-cadao de seus bens.

    Pode-se afirmar que:

    (A) Todas esto corretas;

    (B) Apenas I no est correta;

    (C) Apenas II no est correta;

    (D) Apenas III no est correta.

    COMENTRIOS

    Nota do autor: de acordo com a Resoluo 196/2006, do Conselho Nacional de Sade, so as-pectos ticos da pesquisa envolvendo seres huma-nos o consentimento livre e esclarecido dos indiv-duos-alvo e a proteo a grupos vulnerveis e aos legalmente incapazes (autonomia). Neste sentido, a pesquisa envolvendo seres humanos dever sem-pre trat-los em sua dignidade, respeit-los em sua autonomia e defend-los em sua vulnerabilidade; a ponderao entre riscos e benefcios, tanto atuais como potenciais, individuais ou coletivos (beneficn-cia), comprometendo-se com o mximo de benef-cios e o mnimo de danos e riscos; garantia de que danos previsveis sero evitados (no maleficncia); por sua vez, segundo o Cdigo de tica Mdica, art. 56, decorrente do princpio da autonomia, vedado ao mdico desrespeitar o direito do paciente de de-cidir livremente sobre a execuo de prticas diag-nsticas ou teraputicas, salvo em caso de iminente perigo de vida; de sua parte, afirma o CC/art. 15, que ningum pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento mdico ou a interveno cirrgica.

    Alternativa correta: letra c

    Item I: Correto: morte simultnea ou comorincia situao de morte real de herdeiros entre si na qual numa mesma ocasio (mesmo momento, e no mes-mo evento) no se pode aferir qual morte precedeu, presumindo-se de forma relativa que ocorreram a um s tempo e sem transmisso de bens entre eles (CC/art. 8); de fato, por se tratar de presuno juris tantum, admite-se prova contrria da premorincia, pertencendo ao interessado o nus da prova, por qualquer meio admitido, como percias, testemu-nhas, ou outras, de que a morte no foi simultnea; lembramos ao candidato que no se confunde o ins-tituto com a morte presumida com ou sem declarao de ausncia (CC/art. 6 e 7); vale lembrar que nosso sistema no prev a morte civil, de origem romana e reconhecida aos escravos que perdessem a liberda-de; a morte real prevista no CC/art. 6, primeira par-te, e se comprova com a paralisao da atividade ce-

    rebral (Lei 9.434/97), ou por meio de justificao sem que o corpo seja localizado (Lei 6.015/73, art. 88).

    Item II: Incorreto: de acordo com o CC/art. 15, em razo do princpio da autonomia e da recusa ao tratamento arriscado, ningum pode ser constrangi-do a submeter-se, com risco de vida, a tratamento mdico ou a interveno cirrgica; se a recusa ao tratamento for decorrente da liberdade de religio, lembramos o teor do Enunciado 403 da V Jornada de Direito Civil, pelo qual o direito inviolabilidade de conscincia e de crena, previsto no art. 5, VI, da Constituio Federal, aplica-se tambm pessoa que se nega a tratamento mdico, inclusive transfuso de sangue, com ou sem risco de morte, em razo do tra-tamento ou da falta dele, desde que observados os seguintes critrios: a) capacidade civil plena, excludo o suprimento pelo representante ou assistente; b) ma-nifestao de vontade livre, consciente e informada; e c) oposio que diga respeito exclusivamente prpria pessoa do declarante; o erro da opo invocar o PRINCPIO DO CONSENSO AFIRMATIVO para o CC/art. 15, quando seu lugar no CC/art. 14, pelo qual a pessoa capaz dever manifestar sua vontade de dispor de forma gratuita do prprio corpo, no todo ou em parte, para depois de sua morte, com obje-tivo cientfico ou altrustico; a esse respeito, conferir a Lei 8.501/92 e a Lei 9.434/97; lembramos o teor do Enunciado 277 da IV Jornada de Direito Civil do CJF, pelo qual o art. 14 do Cdigo Civil, ao afirmar a validade da disposio gratuita do prprio corpo, com objetivo cientfico ou altrustico, para depois da morte, determinou que a manifestao expressa do doador de rgos em vida prevalece sobre a vontade dos familia-res, portanto, a aplicao do art. 4 da Lei n. 9.434/97 fi-cou restrita hiptese de silncio do potencial doador; diz o Enunciado 402 da V Jornada de Direito Civil do CJF: o art. 14, pargrafo nico, do Cdigo Civil, fundado no consentimento informado, no dispensa o consentimento dos adolescentes para a doao de me-dula ssea prevista no art. 9, 6, da Lei n. 9.434/1997 por aplicao analgica dos arts. 28, 2 (alterado pela Lei n. 12.010/2009), e 45, 2, do ECA; por fim, segundo o Enunciado 533 da VI Jornada de Direito Civil do CJF: O paciente plenamente capaz poder deliberar sobre todos os aspectos concernentes a trata-mento mdico que possa lhe causar risco de vida, seja imediato ou mediato, salvo as situaes de emergncia ou no curso de procedimentos mdicos cirrgicos que no possam ser interrompidos.

    Item III: Correto: a ausncia o mecanismo legal de proteo dos bens daqueles que desapareceram do domiclio sem dar notcia e sem deixar represen-tante ou procurador, bem como quando estes no queiram ou no possam exercer o mandato; nestes casos, o juiz, a requerimento de qualquer interessa-do ou do Ministrio Pblico, declarar a ausncia, nomeando curador aos bens (CC/art. 22 a 25; fase

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    da arrecadao e curatela dos bens); de acordo com o CC/art. 26, decorrido 01 ano da arrecadao dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou procurador, em se passando 03 anos, podero os in-teressados requerer que se declare a ausncia e se abra provisoriamente a sucesso (CC/art. 26 a 36; fase da sucesso provisria); a sucesso definitiva, ltima fase, prevista no CC/art. 37 a 39; lembramos que a morte presumida, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucesso definiti-va (CC/art. 6, segunda parte).

    03. (MPF Procurador da Repblica/2008) QUANTO AOS DIREITOS DA PERSONALIDADE, CORRETO AFIRMAR QUE:

    I. So, em regra, indisponveis, mas se admite sua disponi-bilidade relativa em alguns casos.

    II. So direitos subjetivos excludendi alios, ou seja, direitos da pessoa de defender o que lhe prprio.

    III. So direitos que visam resguardar a dignidade humana, mediante sanes, que devem ser suscitadas pelo lesado.

    Das proposies acima:

    (A) Todas esto corretas;

    (B) Apenas l est correta;

    (C) Apenas II est correta;

    (D) Apenas III est correta.

    COMENTRIOS

    Nota do autor: aos direitos da personalidade dedica o CC/2002 um captulo prprio, conforme ar-tigos 11 a 21; os direitos da personalidade so abso-lutos, extrapatrimoniais, irrenunciveis, perptuos, ina-lienveis e imprescritveis; incluem-se nesta categoria de direitos todos os atributos subjetivos da pessoa, como a vida, a integridade fsica, a liberdade, a hon-ra, a imagem, entre outros; de acordo com o Enun-ciado 274 da IV Jornada de Direito Civil os direitos da personalidade, regulados de maneira no-exaustiva pelo Cdigo Civil, so expresses da clusula geral de tutela da pessoa humana, contida no art. 1, inc. III, da Constituio (princpio da dignidade da pessoa huma-na). Em caso de coliso entre eles, como nenhum pode sobrelevar os demais, deve-se aplicar a tcnica da pon-derao; por outro lado, as pessoas jurdicas pos-suem direitos da personalidade por equiparao (CC/art. 52); preceitua o CC/art. 12 a oponibilidade erga omnes dos direitos da personalidade; isto significa que viol-los configura o descumprimento de uma obrigao de no fazer de carter geral e legal, per-mitindo a cumulao de pretenses variadas, como as cominatrias ou reparatrias, entre outras (CPC/art. 287 e 461); invariavelmente so colocados lado a lado em concursos pblicos o CC/art. 12 e o CC/art. 20, em relao aos legitimados para a proteo dos direitos da personalidade e da imagem do morto; para que o candidato memorize um e outro, seguem

    as regras: (REGRA DA PERSONALIDADE): direitos da personalidade do morto: legitimados: a) cnjuge sobrevivente; b) ou qualquer parente em linha reta; c) ou colateral at o quarto grau (CC/art. 12, pargrafo nico); (REGRA DA IMAGEM): divulgao de escritos, a transmisso da palavra, ou a publicao, a exposio ou a utilizao da imagem do morto ou do ausente: legitimidade: a) cnjuge; b) os ascendentes ou; c) os descendentes. (CC/art. 20, pargrafo nico); segundo o novo Enunciado 531 da VI Jornada de Direito Civil do CJF: A tutela da dignidade da pessoa humana na sociedade da informao inclui o direito ao esqueci-mento; pelo Enunciado 532 da VI Jornada de Direi-to Civil do CJF: permitida a disposio gratuita do prprio corpo com objetivos exclusivamente cientficos, nos termos dos artigos 11 e 13 do Cdigo Civil.

    Alternativa correta: letra a

    Item I: Correto: em regra os direitos da perso-nalidade so indisponveis; por exceo, admitem a disponibilidade relativa, como a publicao da ima-gem para fins comerciais, mediante a remunerao devida, a utilizao e a fruio a respeito dos direitos autorais (Lei 9.610/98), ou at mesmo a disposio gratuita do corpo para fins de transplante (CC/art. 13 e Lei 9.434/97); segundo o Enunciado 4 da I Jorna-da de Direito Civil do CJF, o exerccio dos direitos da personalidade pode sofrer limitao voluntria, desde que no seja permanente nem geral; por sua vez, o Enunciado 139 da III Jornada de Direito Civil afirma que os direitos da personalidade podem sofrer limita-es, ainda que no especificamente previstas em lei, no podendo ser exercidos com abuso de direito de seu titular, contrariamente boa-f objetiva e aos bons costumes.

    Item II: Correto: de fato os direitos da persona-lidade so subjetivos excludendi alios, porquanto encerram o direito de exigir um comportamento negativo endereado a todos, ou seja, seu carter geral e legal; alis, diz o CC/art. 12: Pode-se exigir que cesse a ameaa, ou a leso, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuzo de outras san-es previstas em lei.

    Item III: Correto: de acordo com o CC/art. 12, as sanes decorrentes das ofensas aos direitos da personalidade, destinadas proteo da dignidade humana, de tutela especifica ou cautelar, sem preju-zo das perdas e danos materiais ou morais, devem ser pleiteadas pelo lesado direto; por outro lado, no se afasta ao lesado indireto, aquele que sofreu algum prejuzo pessoal, resultado de um dano a um bem jurdico de outrem, de suscitar contra o responsvel, por direito prprio (CC/art. 12, pargrafo nico); a esse respeito, lembramos ao candidato os seguin-tes enunciados: a) Enunciado 398 da V Jornada de Direito Civil do CJF As medidas previstas no art. 12, pargrafo nico, do Cdigo Civil podem ser invocadas por qualquer uma das pessoas ali mencionadas de

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    forma concorrente e autnoma; b) Enunciado 399 da V Jornada de Direito Civil do CJF: Os poderes conferidos aos legitimados para a tutela post mortem dos direitos da personalidade, nos termos dos arts. 12, pargrafo nico, e 20, pargrafo nico, do CC, no compreendem a faculdade de limitao voluntria; c) Enunciado 400 da V Jornada de Direito Civil do CJF Os pargrafos nicos dos arts. 12 e 20 asseguram legitimidade, por direito prprio, aos parentes, cnjuge ou companheiro para a tutela contra leso perpetra-da post mortem; por fim, destacamos o Enunciado 140 da III Jornada de Direito Civil, segundo o qual A primeira parte do art. 12 do Cdigo Civil refere-se s tcnicas de tutela especfica, aplicveis de ofcio, enun-ciadas no art. 461 do Cdigo de Processo Civil, devendo ser interpretada com resultado extensivo.

    04. (MPF Procurador da Repblica/2011) EM RE-LAO S AFIRMATIVAS ABAIXO:I. O direito ao nome no decorre do fato de estar ligado

    ao registro da pessoa natural, mas de ser o sinal exterior que individualiza e reconhece a pessoa na sociedade;

    II. O agnome, termo atualmente em desuso, designa os ttulos nobilirquicos ou honorficos, apostos antes do prenome;

    III. O pseudnimo, em qualquer circunstncia, goza da mesma proteo legal conferida juridicamente ao nome;

    IV. Na adoo, o filho adotivo pode conservar o sobrenome de seus pais de sangue, acrescentando, porm, o do adotante.

    Das proposies acima:

    (A) I e II esto corretas;

    (B) II e III esto corretas;

    (C) III e IV esto corretas;

    (D) Nenhuma est correta.

    COMENTRIOS

    Nota do autor: nos artigos 16 a 19 o CC/2002 dispe sobre o nome, nele compreendido o prenome (simples ou composto) e o sobrenome, apelido fami-liar ou patronmico, bem como o pseudnimo ado-tado para atividades lcitas, o qual goza da proteo que se d ao nome (elementos fundamentais); outros podem ser os elementos do nome, como o agnome, a partcula, o apelido ou alcunha, o hipocorstico, os ttulos nobilirios, os heternimos, entre outros (ele-mentos secundrios); todos os preceitos a respeito do nome civil da pessoa natural esto inseridos no campo dos direitos da personalidade e em razo disso so inalienveis, imprescritveis, e representam o dado exterior que diferencia uma pessoa das de-mais, tanto na famlia, quanto nas relaes em socie-dade; a Lei 6.015, de 31 de dezembro de 1973 (Lei de Registros Pblicos), especialmente nos artigos 54 a 63, estabelece as diretrizes a respeito da imutabilida-de, alterao, acrscimo, substituio e correo do nome; sobre os requisitos legais e entendimentos do

    STJ a respeito da alterao do nome, conferir as dicas ao final das questes.

    Alternativa correta: letra d

    Item I: Incorreto: o nome civil pertence aos di-reitos da personalidade da pessoa natural; de acordo com a Lei 6.015/73 Lei dos Registros Pblicos art. 54, 4, quando do registro do nascimento (CC/art. 9, I) ser dado o nome e o prenome criana; assim, o nome est, sim, ligado ao registro da pessoa natural; a segunda parte da assertiva est incompleta, pois o nome o sinal exterior que distingue e individualiza uma pessoa das demais no mbito familiar e social.

    Item II: Incorreto: anotamos acima que o agno-me e os ttulos nobilirios so elementos diversos do nome, razo pela qual no se confundem; agnome o sinal que diferencia uma pessoa de outra, da mesma famlia, que contenha o mesmo prenome e sobrenome, p. ex, Filho, Neto, Segundo; por sua vez, os ttulos nobilirios, aqui includos os ttulos eclesis-ticos e os honorficos, so as s qualificaes de no-breza, religiosas e outras que acompanham o nome pelo qual a pessoa conhecida, p. ex, Prncipe, Dom, ou Cardeal; lembramos alguns notveis nomes as-sim grifados: Visconde de Taunay, Duque de Caxias, Prncipe Pedro Luis de Orleans e Bragana e Dom Evarismo Arns.

    Item III: Incorreto: o pseudnimo, de acordo com o CC/art. 19, e desde que adotado para atividades l-citas, goza da proteo que se d ao nome; conhe-cido por nome fictcio ou falso nome, este elemento goza da proteo legal quando utilizado para certas atividades nas quais a pessoa conhecida, como na arte, literatura ou religio; o que importa para invo-car a proteo legal a sua utilizao, mesmo que no ostente a notoriedade, a qual no exigida no preceito destacado acima; o erro desta opo co-locar que em qualquer circunstncia h proteo do pseudnimo, o que no correto; exige-se a licitude das atividades para que se possa reclamar de even-tuais perdas e danos em razo do uso no autori-zado, p. ex; lembramos alguns notveis conhecidos por seu pseudnimo: Jango (Joo Belchior Marques Goulart); Chico Xavier (Francisco de Paula Cndido Xavier); Pel (Edson Arantes do Nascimento); Gar-rincha (Manuel Francisco dos Santos); por fim, lem-bramos que a heternmia tambm alcanada pela norma em apreo, quando utilizada em atividades lcitas; exemplificamos com o poeta e escritor portu-gus Fernando Pessoa, que em suas obras literrias se desdobrou em mltiplas personalidades, assinan-do-as como lvaro de Campos, Ricardo Reis, Alberto Caeiro e Bernardo Soares.

    Item IV: Incorreto: a adoo no Cdigo Civil permitida aos maiores de 18 anos; a Lei 12.010/2009 revogou o CC/art. 1.620/1.629, passando ao Estatuto da Criana e do Adolescente toda a regulamentao acerca do instituto; as normas que ainda esparsa-

  • Direito Civil 235

    nas condies do artigo antecedente, morrer antes do testador; se renunciar a herana ou legado, ou destes for excludo, e, se a condio sob a qual foi institudo no se verificar, acrescer o seu quinho, salvo o direito do substituto, parte dos coerdeiros ou colegatrios conjuntos; apesar de no prevista neste preceito, a ausncia de legitimidade passiva do legatrio inquina de nulidade a disposio a ele pertinente, afastan-do-o do quinho, por conseguinte, mas vlido re-manesce o testamento nas demais deixas, frisamos; disso resulta que, no nomeado substituto pelo tes-tador, o quinho do ilegtimo ser acrescido parte dos outros colegatrios conjuntamente nomeados para a coisa nica.

    DICAS

    1. LINDB.

    1.1. LEI DE INTRODUO S NORMAS DO DIREI-TO BRASILEIRO. FONTES E NOES.

    a respeito da aplicao da lei no tempo e no espao dispe o Decreto-Lei 4.657, de 04 de se-tembro de 1942, conhecido outrora por Lei de Introduo ao Cdigo Civil que, em razo da Lei 12.376, de 30 de dezembro de 2010, foi renome-ado para Lei de Introduo as Normas do Direi-to (LINDB); tal diploma normativo conta com 19 artigos, e no possui aplicao unicamente ao Direito Civil, mas universalmente aos demais ra-mos do direito, razo porque, diferentemente das demais leis, que recaem sobre o comportamento do homem, a LINDB tem por objeto as leis ou as normas; assim, preceitua a respeito da vigncia, obrigatoriedade, integrao, interpretao e con-flito das leis no tempo, bem como sua eficcia no espao.

    lembramosaocandidatoqueaLeiComplemen-tar 95, de 26 de fevereiro de 1998, dispe sobre a elaborao, a redao, a alterao e a consoli-dao das leis, conforme determina o pargrafo nico do art. 59 da Constituio Federal, e esta-belece normas para a consolidao dos atos nor-mativos que menciona.

    Funes -LINDB-

    vignciaeeficciadasleis

    mecanismosdeintegrao

    hermenutica

    direitointernacionalprivado

    1.2. FONTES DO DIREITO

    Fontes formais do direitoFontes informais ou no

    formais

    LeiFonteprimriaouprincipal

    Analogia

    Costumes

    Princpios Gerais doDireito

    Doutrina

    Jurisprudncia

    1.3. LEI

    Caractersticas das Leis:

    Generalidade: aplicam-se a todos, LINDB/art.6.

    Obrigatoriedade (teoria da necessidade social): no se permite a alegao do desconhecimento, LINDB/art. 3.

    Imperatividade: impe em dever

    Permanentes (Princpio da continuidade): vigora at a revogao, exceto as temporrias, LINDB/art. 2.

    Autorizadoras: permite ao lesado exigir o seu cum-primento.

    LEMBRETES IMPORTANTES:

    as leisemrelaosanoouaforanormativaclassificam-se em: mais que perfeitas (dupla san-o); perfeitas (nulidade do ato); imperfeitas (sem consequncia).

    leis cogentes so as determinam ou vedam uma conduta; leis dispositivas conferem permisso.

    leis substantivas so as de direito material; adjeti-vas aquelas de contedo processual.

    1.4. LEI NO TEMPO. VIGNCIA. PRAzOS.

    o princpio da obrigatoriedade simultnea tam-bm chamado de critrio do prazo nico; situa-se o instituto no estudo da vacatio legis, e significa dizer que a durao do intervalo de tempo entre a data de publicao de uma lei e sua entrada em vigor, comum em todo o pas; anteriormente a atual Lei de Introduo s Normas do Direito Bra-sileiro adotava-se o critrio do prazo progressivo, e a vigncia ocorria em momentos distintos con-forme a distncia dos Estados da capital federal; a vigncia analisada por trs ngulos (incio, continuidade e cessao); o princpio incide sobre

  • 236 Ronaldo Vieira Francisco

    o aspecto do incio da vigncia de uma norma, e no sobre a continuidade ou cessao dela.

    Tabela de vigncia das leis (LINDB/art. 1, 1 ao 4).

    No Brasil: 45 dias, salvo disposio em contrrio.

    Estados estrangeiros: 03 meses.

    Novo texto de correo, ANTES da vigncia: Reco-meo de todos os prazos.

    Novo texto de correo, DEPOIS da vigncia: Lei nova.

    1.5. REVOGAO DAS LEIS.

    RESUMO (REVOGAO DAS LEIS)

    Leirevogalei.(LINDB/art. 2); porm, as leis tempor-rias possuem prazo de vigncia, com tempo determi-nado de durao.

    Revogao gnero: ab-rogao (supresso total) e derrogao (parcial) so espcies.

    Arevogaopoderser:expressa (lei posterior declara a revogao da anterior) ou tcita a lei posterior pos-suir incompatibilidade normativa ou quando regular inteiramente a matria de que tratava a lei anterior. (LINDB/art. 2, 1).

    a leinovaqueestabeleadisposiesgeraisouespe-ciais a par das j existentes, no revoga nem modifica a lei anterior. (LINDB/art. 2, 2).

    Ateno: Repristinao x Efeito Repristinatrio:

    segundoaLINDB/art.2,3,salvodisposioemcon-trrio, a lei revogada no se restaura por ter a lei revo-gadora perdido a vigncia; o preceito dispe sobre a repristinao, reconhecida no sistema brasileiro, no como regra geral, mas por exceo, desde que a lei nova expressamente conferir tal efeito; importante des-tacar que a inconstitucionalidade de uma lei faz com que seu efeito revocatrio se perca (LINDB/art. 2, 1); desta forma, a lei anterior revogada por lei posterior declarada inconstitucional tem a vigncia restabelecida, porm, nesta situao, fala-se que houve efeito repristi-natrio, conforme j decidiu o STJ (REsp. 445.455-BA, DJ 5/12/2005).

    para que se reconhea a repristinao propriamente

    dita necessrio que se observe o delineamento da LINBD/art. 2, 3; o efeito repristinatrio uma das repercusses da deciso ex tunc que atinge a norma desde a origem, permitindo a reaplicao da legislao anterior acaso existente.

    nesse sentido, vejamos a lio do STF:A declarao de

    inconstitucionalidade de uma lei alcana, inclusive, os atos pretritos com base nela praticados, eis que o reco-

    nhecimento desse supremo vcio jurdico, que inquina

    de total nulidade os atos emanados do Poder Pblico,

    desampara as situaes constitudas sob sua gide e

    inibe ante a sua inaptido para produzir efeitos jurdi-

    cos vlidos a possibilidade de invocao de qualquer

    direito. A declarao de inconstitucionalidade em

    tese encerra um juzo de excluso, que, fundado numa

    competncia de rejeio deferida ao Supremo Tribunal

    Federal, consiste em remover do ordenamento positivo a

    manifestao estatal invlida e desconforme ao modelo

    plasmado na Carta Poltica, com todas as consequncias

    da decorrentes, inclusive a plena restaurao de eficcia

    das leis e das normas afetadas pelo ato declarado incons-

    titucional (STF Pleno, Ac. un. ADIn 652-5-MA Questo

    de Ordem Rel. Min. Celso de Mello, DJU de 02.04.93, p.

    5.615);

    oMinistro Celso deMello (ADIn 2.215/PE), por sua vez,

    declinou noutro julgamento que: J se afirmou, no in-

    cio desta deciso, que a declarao de inconstituciona-

    lidade in abstracto, de um lado, e a suspenso cautelar

    de eficcia do ato reputado inconstitucional, de outro,

    importam considerado o efeito repristinatrio que lhes

    inerente em restaurao das normas estatais revoga-

    das pelo diploma objeto do processo de controle norma-

    tivo abstrato. Esse entendimento hoje expressamente

    consagrado em nosso sistema de direito positivo (Lei n

    9.868/99, art. 11, 2) ....

    assim, a repristinao no se confunde com o efeito

    repristinatrio; aquela prevista na LINDB/art. 2, 3; j

    o ltimo na Lei 9.868/99.

    1.6. MECANISMOS DE INTEGRAO DAS LEIS.

    MTODOS DE SOLUO DAS LACUNAS NORMATIVAS

    analogia legis: se resume na aplicao de uma norma existente, destinada a reger caso semelhante ao previsto, conhecida tambm como analogia pro-priamente dita.

    analogia juris: no uma norma, mais um conjunto delas ou o prprio sistema normativo, ou parte dele, que fornecem os elementos que possibilitam a inte-grao do caso concreto no contemplado.

    costumes: so os usos e convices jurdicas decor-rentes de longa prtica uniforme, constante, pblica e geral de determinado ato.

    princpios gerais do direito: so reconhecidos como as mximas ou regras no ditadas de forma expressa nas normas, mas contidas de forma inseparvel no ordenamento jurdico; so a terceira via no preen-chimento das lacunas, quando falhas a analogia e os costumes.

  • Direito Civil 237

    1.7. INTERPRETAO DAS NORMAS.

    interpretar buscar e o sentido da norma, seu alcance; hermenutica a cincia que se ocupa com a interpretao.

    INTERPRETAO DAS NORMAS

    Quanto origem: Quanto aos meios:

    autntica(legislador)

    jurisprudencial (tribu-nais)

    doutrinria (estudiososdo direito).

    gramaticalouliteral;

    lgico

    sistemtico

    histrico

    sociolgico ou teleol-gico.

    1.8. EQUIDADE E A EQuITy DO DIREITO INGLS.

    conceituamos a equidade como o juzo de ra-zoabilidade e equilbrio baseado no bom-senso com que o caso apreciado; a justia do caso concreto admitida ao juiz quando a lei expressa-mente a preveja (CPC/art. 127); classifica-se em equidade legal e judicial; lembramos ao candida-to alguns dispositivos do CC/2002 que dispem a respeito da equidade, so eles: art. 413, 479, 738, 944, 953, etc.; no direito brasileiro a equidade no fonte do direito e nem mesmo meio de suprir lacuna, sendo mero recurso de auxlio para a so-luo de conceitos vagos ou alternativos segun-do a discricionariedade do juiz; no direito ingls moderno, decorrente da reforma ocorrida em 1876, no mais existe a duplicidade jurisdicional, formada por tribunais especficos e diversos para a common law e a equity; disso decorre que equi-ty (equidade), modernamente, fonte do direito para soluo das questes judiciais, especialmen-te na ausncia de normas do direito comum, agindo como complemento destas.

    1.9. LEI NO ESPAO.

    em funoda soberania, anormapossui aplica-o dentro dos limites territoriais do Estado, ou seja, os marcos de incidncia so as fronteiras do ente que editou a norma; a este contorno do mbito de emprego das leis confere-se o nome de princpio da territorialidade; no s os limites fsicos do Estado sujeitam-se ao princpio, esten-dendo-se aos consulados, embaixadas, navios de guerra e mercantes que estejam em guas terri-toriais ou alto-mar etc.;

    outro princpio relacionado s leis no espaosurgiu para regulas as situaes que envolvam o intercmbio de relaes entre nacionais e es-

    trangeiros, para permitir que uma lei exterior ou estrangeira possua eficcia no territrio de outra soberania, permitindo a convivncia de leis terri-toriais e extraterritoriais; a este princpio confere-se o nome de princpio da extraterritorialidade;

    oBrasiltemperaumeoutroprincpio,admitindoo direito estrangeiro em situaes determinadas, conhecido esse sistema por princpio da terri-torialidade moderada; por tal sistema o direito ptrio plenamente eficaz, mas, em algumas situaes, decorrentes de tratados, convenes e princpios, ele passa a coexistir com o aliengena, no que se denomina estatuto pessoal, situao pela qual o direito externo invocado para dis-ciplinar a condio do estrangeiro; a LINBD/art. 7 e seguintes prev as circunstncias nas quais o estatuto pessoal do estrangeiro ser aplicvel, baseado na Lei do domiclio; por exemplo, diz o art. 7, caput, da LINDB que: A lei do pas em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o comeo e o fim da personalidade, o nome, a ca-pacidade e os direitos de famlia (domicilio); j o art. 7, 1, dispe que Realizando-se o casamen-to no Brasil, ser aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e s formalidades da celebrao (lex loci atus); h outros critrios como excees ao domicilio, como o art. 8 (lex rei sitae) e o art. 9 (locus regit actum); por fim, no poderamos deixar de registrar que o Brasil signatrio do Cdigo de Bustamante (Conveno de Havana de 1928), promulgado pelo Decreto n 18.871, de 13 de agosto de 1929, o qual siste-matiza normas de direito internacional privado, e pode ser invocado em eventuais conflitos entre brasileiro e estrangeiro que pertena a um dos pases signatrios.

    a sucesso causa mortis tambm regida pelalei do domiclio segundo o CC/art. 10, caput, pelo qual A sucesso por morte ou por ausn-cia obedece lei do pas em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situao dos bens; todavia, em re-lao capacidade para suceder do herdeiro ou legatrio, aplica-se a lei onde domiciliados, como estatuto pessoal (LINDB/art. 10, 2), e no onde se encontrarem; incorreta.

    no s a sucesso pormorte,mas tambmporausncia, obedece lei do pas em que domici-liado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situao dos bens, diz a LIN-DB/art. 10, caput.

  • 238 Ronaldo Vieira Francisco

    1.10. SENTENAS ESTRANGEIRAS

    as sentenas estrangeiras, assim consideradasaquelas que foram proferidas fora do territrio nacional, dependem do cumprimento dos requi-sitos do art. 15 da Lei de Introduo s normas do Direito Brasileiro, c/c art. 105, I, i, da Constitui-o da Repblica, de acordo com a redao dada pela Emenda n 45/2004, quais sejam: a) proferi-da por juiz competente; b) terem sido os partes citadas ou haver-se legalmente verificado re-velia; c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessrias para a execuo no lugar em que foi proferida; d) estar traduzida por intrprete autorizado; e) ter sido homologada pelo Superior Tribunal de Justia, a quem compe-te a homologao de sentenas estrangeiras e a concesso de exequatur s cartas rogatrias;

    ainda segundo o art. 17 da LINBD,As leis, atose sentenas de outro pas, bem como quaisquer declaraes de vontade, no tero eficcia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pblica e os bons costumes;

    esse controle judicial da sentena estrangeirapossui a finalidade de verificar os aspectos for-mais da deciso aliengena, sem qualquer incur-so no mrito da questo debatida em cenrio externo; no entanto, a anlise no se circunscreve aos requisitos do art. 15, mas ainda queles do art. 17 acima declinado, ou seja, a deciso externa ...no tero eficcia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pblica e os bons costumes; esse juzo de delibao inaplicvel nos seguintes expedientes estrangeiros: a) para o cumprimento de cartas rogatrias; b) execuo de ttulo executivo extrajudicial (CPC/art. 585, 2).

    orequisitoformaldahomologaoouexequaturda sentena estrangeira no exige a inocorrn-cia da revelia, a qual admitida, mas, para tanto, exige-se a cincia das partes para que seja legal-mente verificada; segundo precedentes do STJ ...A Corte Especial, amparada em julgados do STF, ostenta precedente no sentido de no exigir, para fins de homologao de sentena estrangeira, a comprovao de que houve intimao da parte para todos os atos do processo, bastando, para fins de cumprimento da Res. n 09/2005 do STJ, que a parte tenha tido cincia do trmite do feito em curso perante a Justia aliengena. (SEC 6.551/EX, Rel. Ministra ELIANA CALMON, CORTE ESPE-CIAL, julgado em 17/12/2012, DJe 20/02/2013).

    2. HISTRIA DOS CDIGOS. PARTE GERAL DO C-DIGO CIVIL DE 2002.

    2.1. BREVES REMINISCNCIAS AO CC/1916. PRIN-CPIOS DO CC/2002.

    o Cdigo Francs de 1804 e o alemo de 1896serviram de estrutura para o Cdigo Civil revoga-do de 1916.

    apesar da independncia do Brasil em 1822, asordenaes portuguesas continuariam vigente entre ns at que se elaborasse o Cdigo Civil, diploma esse que a Constituio de 1824 j havia se referido; em uma primeira tentativa, Teixeira de Freitas teve o trabalho rejeitado; depois de 15 de novembro de 1889 (Proclamao da Rep-blica) a tarefa foi entregue a Clvis Bevilqua, re-sultando no projeto do Cdigo Civil entregue ao Congresso Nacional em 1900; aprovado em 1916, com vigncia em 1 de janeiro de 1917 (CC/1916, art. 1.806), as ordenaes portuguesas foram ex-pressamente revogadas no art. 1.807 (referente ao CC/1916).

    oatualCC/2002,resultadodoprojetodeLein.634/75; a coordenao dos trabalhos foi condu-zida por Miguel Reale; o novo diploma revogou o CC/1916 e a primeira parte do Cdigo Comer-cial, e passou a regular as obrigaes comerciais e civis; a estrutura organizacional do CC/1916 foi mantida, e novos princpios foram incorporados; so princpios bsicos: a eticidade (valor da pes-soa humana), a boa-f objetiva (deveres laterais), a sociabilidade (prevalncia dos valores coletivos) e a operabilidade (efetividade das normas).

    2.2. PESSOA NATURAL.

    2.2.1. COMEO DA PERSONALIDADE E NASCITU-RO. CAPACIDADES.

    ocomeodapersonalidadecoincidecomonas-cimento (CC/art. 2), mas a lei pe a salvo os direi-tos do nascituro, desde a concepo.

    POSIO JURDICA DO NASCITURO QUANTO PERSONALIDADE

    Teoria natalista

    Teoria da personalidade

    natural ou concepcionista

    imprpria

    Teoria concep-cionista

    onascimentocom vida marca o incio de sua perso-nalidade

    apersona-lidade est sob condio suspensiva, e o implemento ocorre no momento do nascimento com vida.

    afirmaqueapersonalidade havida com a concepo

  • Direito Civil 239

    onascimentocomvidamarcao inciodaperso-nalidade jurdica material.

    aonascituroeaonado-morto,conferidaaper-sonalidade jurdica formal; a esse respeito, diz o Enunciado 1 da I Jornada de Direito Civil do CJ-F:A proteo que o Cdigo defere ao nascituro alcana o natimorto no que concerne aos direitos da personalidade, tais como: nome, imagem e sepultura; vale destacar, ainda, o contedo do Enunciado 2 da I Jornada de Direito Civil do CJF: A proteo que o Cdigo defere ao nascituro al-cana o natimorto no que concerne aos direitos da personalidade, tais como: nome, imagem e sepultura.

    oembrioabrangetodasasfasesdodesenvolvi-mento do zigoto, considerado como a fecunda-o do vulo pelo espermatozoide; no entanto, somente aps a nidao do ovo, ou sua implan-tao/fixao na parede do tero, que se reco-nhece a concepo prpria do nascituro; a par-tir deste momento que se assinala o incio da gra-videz; se houver fertilizao in vitro, por exemplo, no se reconhece o embrio da formado como se nascituro fosse, porquanto este o ser j em gestao no tero de uma mulher.

    noconfundironascituro com a prole eventual ou futura, referente aos legitimados para a vocao hereditria na sucesso testamentria, pois se trata de pessoa que se imagina um dia nascer ou ser adotada (CC/art. 1.799, I e 1.800).

    Quadroresumoincapacidades:

    INCAPACIDADES NO CDIGO CIVIL E DA EMANCIPAO

    Absolutamente incapaz (CC/art. 3)

    osmenoresde16anos; os que, por enfermidade ou deficincia mental, no

    tiverem o necessrio discernimento para a prtica dos atos civis;

    os que, mesmo por causa transitria, no puderemexprimir sua vontade.

    Relativamente incapaz (CC/art. 4)

    osmaioresde16emenoresde18anos; os brios habituais, os viciados em txicos, e os que,

    por deficincia mental, tenham o discernimento redu-zido;

    os excepcionais, sem desenvolvimento mental com-pleto;

    osprdigos. a capacidade dos ndios ser regulada por legislao

    especial

    Emancipao legal e voluntria (CC/art. 5).

    pela concesso dos pais, ou de um deles na falta dooutro, mediante instrumento pblico;

    por sentenado juiz,ouvidoo tutor, seomenor tiverdezesseis anos completos;

    pelocasamento;

    peloexercciodeempregopblicoefetivo;

    pelacolaodegrauemcursodeensinosuperior;

    pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela exis-tncia de relao de emprego, desde que, em funo deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia prpria.

    Quadropersonalidadeedesdobramentos.

    QUADRO COMPARATIVO

    Personalidade Capacidade de direito ou gozoCapacidade de fato ou de

    exerccio Legitimao

    personalidade so os atri-butos inerentes pessoa humana, destacando-se a vida, a liberdade, o nome, o prprio corpo, sendo o nascimento com vida seu marco inicial e o bito o final; por outro lado, a pessoa jurdica no ostenta personalidade, uma caracterstica do ser humano, mas alguns direi-tos prprios da personali-dade se estendem a ela, como a proteo confe-rida ao nome, reputao, conforme CC/art. 52, da porque dizer que a pessoa jurdica possui personali-dade legal ou jurdica, por equiparao ou extenso.

    a vocao que todapessoa tem de ser sujeito de direitos e deveres na ordem civil; pressupe a capacidade de direito a personalidade (CC/art. 1).

    aptido para a prticados atos da vida civil; a capacidade civil plena aos 18 anos, mas antes dessa idade a emancipa-o tambm confere a capacidade plena; lembra-mos que a emancipao pode ser legal e voluntria (CC/art. 5); aos relativa-mente e absolutamente incapazes admite-se a aquisio de direitos e obrigaes; todavia, para exerc-los, faz-se neces-srio a assistncia ou a representao. (CC/art. 3, 4, 5, 1.634, V).

    a capacidade especialexigida para a prtica de alguns atos ou negcios jurdicos, por exemplo, a venda de pai para filho, a qual exige anuncia dos demais e da esposa, sendo causa de anulabilidade, em 02 anos (CC/art. 496 c/c art. 179).

  • Direito Civil 307

    8.12.2. PARTILHA. ANULAO. NULIDADE. RESCI-SO. EMENDA. SOBREPARTILHA

    partilha (CC/art. 2.013 a 2.027) a ocasio seguin-te na qual os bens so separados, a meao do cnjuge ou companheiro e as quotas devidas aos herdeiros e cessionrios; tambm a oportunida-de da adjudicao dos bens quando a sucesso contemplar herdeiro nico; com a partilha cessa a indivisibilidade da herana, lembrando que o seu carter no atributivo de propriedade, que ocorre com o droit de saisine, mas declaratrio, com efeito ex tunc; a partilha poder ser judicial ou amigvel, sendo esta inter vivos ou post mor-tem (CC/art. 2.016 e 2.018); a partilha inter vivos s admitida se feita pelo ascendente (CC/art. 426); dever ser observado em quaisquer delas a maior igualdade possvel, em razo do valor, natureza e qualidade dos bens (CC/art. 2.017); na partilha judicial, o documento que se expede ao final da diviso dos bens se chama formal de partilha ou certido do pagamento do quinho (CPC/art. 1.027, pargrafo nico); a partilha judi-cial consensual homologada e no julgada por sentena;

    prevista no CC/art. 2.027 e no CPC/art. 1.029, aanulao da partilha s cabvel pelos vcios e defeitos que invalidam, em geral, os negcios jurdicos (coao, erro, dolo, estado de perigo, le-so, fraude contra credores e incapacidade), com prazo decadencial de 01 ano, iniciando-se a con-tagem do prazo na forma do CC/art. 178, embora a jurisprudncia admita termos diversos, como a homologao da partilha.

    a nulidade da partilha pelos vcios previstos no CC/art. 166 e 167, pode ser alegada por qualquer interessado e pelo Ministrio Pblico, bem como reconhecida de ofcio (CC/art. 168), e neste caso, a eiva no se convalesce, e nem se confirmam os atos nulos (CC/art. 169).

    por sua vez, a resciso da partilha admitida quando a atividade jurisdicional no foi mera-mente homologatria, mas de contedo deci-srio; neste caso, a) para quem participou do processo, seu prazo ser decadencial de 2 anos, nos termos do CPC/art. 495; b) para quem no participou do processo, dever propor ao de petio de herana no prazo prescricional de 10 anos, segundo o CC/art. 205 (Smula 149 do STF), reconhecendo-se a invalidade do decisrio, com o retorno ao estado anterior.

    apartilhatambmpodeseremendadaparacor-reo de erro de fato (CPC/art. 1.028).

    porfim,asobrepartilhaacomplementaodeuma partilha que ocorre porque alguns bens no foram inventariados e partilhados, especialmen-te quando descobertos novos bens; segundo o

    CPC/art. 1.040, haver a sobrepartilha em relao: a) aos bens sonegados; b) aos bens da herana que se descobrirem depois da partilha; c) daque-les litigiosos, assim como os de liquidao difcil ou morosa; d) os situados em lugar remoto da sede do juzo onde se processa o inventrio; uma observao: em relao sobrepartilha, obser-vam-se as regras procedimentais pertinentes ao inventrio e a partilha, mas com novas citaes e intimaes, ainda que corra nos autos do inven-trio do autor da herana; igualmente, admite-se a sobrepartilha por escritura pblica, mesmo que a primeira partilha tenha sido judicial, e vice ver-sa (CPC/art. 1.041, pargrafo nico).

    8.12.3. SONEGADOS

    ainfraoquesecaracterizapelaocultaoin-tencional de bens que devem ser inventariados ou colacionados; a transgresso pode ser pra-ticada pelo inventariante, pelo herdeiro e pelo testamenteiro (CPC/art. 1.140); diz o CC/art. 1.992 o herdeiro que sonegar bens da herana, no os descrevendo no inventrio quando estejam em seu poder, ou, com o seu conhecimento, no de outrem, ou que os omitir na colao, a que os deva levar, ou que deixar de restitu-los, perder o direito que sobre eles lhe cabia; a sano ou pe-nalidade deste descumprimento possui carter civil; a) para o herdeiro haver a perda do direi-to sobre o bem sonegado (CC/art. 1.992, ltima parte), que voltar ao monte para ser partilhado entre os outros; b) o inventariante removido (CC/art. 1.993); c) o testamenteiro perder a in-ventariana e a vintena (CPC/art. 1.140); quanto ao elemento subjetivo, exige-se o dolo; por fim, legitimados para a ao de sonegados so: i) o herdeiro e o ii) credor da herana (CC/art. 1.994); o prazo para a propositura da ao prescricional de 10 anos (CC/art. 205); conferir os Enunciados 270 e 271 da III Jornada de Direito Civil do CJF.

    SMULAS APLICVEIS

    1. SMULAS STF DIREITO CIVIL/PARTE GERAL.

    1.1. MORTE PRESUMIDA. STF331. legtima a incidncia do imposto de trans-

    misso "causa mortis" no inventrio por morte presu-mida.

    1.2. DIREITOS DA PERSONALIDADE. STF 386: Pela execuo de obra musical por artis-

    tas remunerados devido direito autoral, no exigvel quando a orquestra for de amadores.

  • 308 Ronaldo Vieira Francisco

    1.3. PESSOA JURDICA. STF629: A impetrao de mandado de segurana cole-

    tivo por entidade de classe em favor dos associados inde-pende da autorizao destes.

    1.4. DOMICLIO. STF483: dispensvel a prova da necessidade, na reto-

    mada de prdio situado em localidade para onde o pro-prietrio pretende transferir residncia, salvo se mantiver, tambm, a anterior, quando dita prova ser exigida.

    STF 363: A pessoa jurdica de direito privado pode ser demandada no domiclio da agncia, ou estabeleci-mento, em que se praticou o ato.

    1.5. BENS. STF 650: os incisos I e XI do art. 20 da Constituio

    Federal no alcanam terras de aldeamentos extintos, ainda que ocupadas por indgenas em Passado remoto.

    STF487: ser deferida a posse a quem, evidentemente, tiver o domnio, se com base neste for ela disputada.

    STF 480: pertencem ao domnio e administrao da Unio, nos termos dos arts. 4, IV, E 186, da Constituio Federal de 1967, as terras ocupadas por silvcolas DE 1967, as terras ocupadas por silvcolas. Ver: CF/1988, art. 20, XI, 231, 2, 232.

    STF479: as margens dos rios navegveis so de dom-nio pblico, insuscetveis de expropriao e, por isso mesmo, excludas de indenizao. Ver: CF/1988, art. 20, III.

    STF477: as concesses de terras devolutas situadas na faixa de fronteira, feitas pelos estados, autorizam, apenas, o uso, permanecendo o domnio com a unio, ainda que se mantenha inerte ou tolerante, em relao aos possui-dores. Ver: CF/1988, art. 20, II, 26, IV e 225, 5.

    STF 340: desde a vigncia do cdigo civil, os bens dominicais, como os demais bens pblicos, no podem ser adquiridos por usucapio.

    1.6. ATOS ILCITOS. STF 562: Na indenizao de danos materiais decor-

    rentes de ato ilcito cabe a atualizao de seu valor, utili-zando-se, para esse fim, dentre outros critrios, os ndices de correo monetria.

    STF 529: Subsiste a responsabilidade do empregador pela indenizao decorrente de acidente do trabalho, quando o segurador, por haver entrado em liquidao, ou por outro motivo, no se encontrar em condies financeiras, de efetuar, na forma da lei, o pagamento que o seguro obrigatrio visava garantir.]

    STF491: indenizvel o acidente que cause a morte de filho menor, ainda que no exera trabalho remunerado.

    STF261: Para a ao de indenizao, em caso de avaria, dispensvel que a vistoria se faa judicialmente.

    STF 229: A indenizao acidentria no exclui a do direito comum, em caso de dolo ou culpa grave do empregador.

    STF35: Em caso de acidente do trabalho ou de trans-porte, a concubina tem direito de ser indenizada pela morte do amsio, se entre eles no havia impedimento para o matrimnio.

    STF28: O estabelecimento bancrio responsvel pelo pagamento de cheque falso, ressalvadas as hipteses de culpa exclusiva ou concorrente do correntista.

    1.7. PRESCRIO. STF600: Cabe ao executiva contra o emitente e seus

    avalistas, ainda que no apresentado o cheque ao sacado no prazo legal, desde que no prescrita a ao cambiria.

    STF 443: A prescrio das prestaes anteriores ao perodo previsto em lei no ocorre, quando no tiver sido negado, antes daquele prazo, o prprio direito recla-mado, ou a situao jurdica de que ele resulta.

    STF 383: A prescrio em favor da Fazenda Pblica recomea a correr, por dois anos e meio, a partir do ato interruptivo, mas no fica reduzida aqum de cinco anos, embora o titular do direito a interrompa durante a pri-meira metade do prazo.

    STF154: Simples vistoria no interrompe a prescrio.

    STF153: Simples protesto cambirio no interrompe a prescrio.

    STF 150: Prescreve a execuo no mesmo prazo de prescrio da ao.

    STF 149: imprescritvel a ao de investigao de paternidade, mas no o a de petio de herana.

    STF259: Para produzir efeito em juzo no necessria a inscrio, no registro pblico, de documentos de proce-dncia estrangeira, autenticados por via consular.

    1.8. DECADNCIA. STF632: constitucional lei que fixa o prazo de deca-

    dncia para a impetrao de mandado de segurana.

    1.9. PROVA. STF442: A inscrio do contrato de locao no registro

    de imveis, para a validade da clusula de vigncia contra o adquirente do imvel, ou perante terceiros, dispensa a transcrio no registro de ttulos e documentos.

    STF341: presumida a culpa do patro ou comitente pelo ato culposo do empregado ou preposto.

    STF 420: No se homologa sentena proferida no estrangeiro sem prova do trnsito em julgado.

    STF 279: Para simples reexame de prova no cabe recurso extraordinrio.

    STF259: Para produzir efeito em juzo no necessria a inscrio, no registro pblico, de documentos de proce-dncia estrangeira, autenticados por via consular.

    STF231: O revel, em processo civil, pode produzir pro-vas, desde que comparea em tempo oportuno.

    2. SMULA STJ DIREITO CIVIL/PARTE GERAL.

    2.1. DIREITOS DA PERSONALIDADE. STJ404 dispensvel o aviso de recebimento (AR) na

    carta de comunicao ao consumidor sobre a negativa-o de seu nome em bancos de dados e cadastros.

    STJ403 Independe de prova do prejuzo a indeniza-o pela publicao no autorizada de imagem de pes-soa com fins econmicos ou comerciais.

  • Direito Civil 315

    por morte do ex-marido, comprovada a necessidade eco-nmica superveniente.

    STJ309: O dbito alimentar que autoriza a priso civil do alimentante o que compreende as trs prestaes anteriores ao ajuizamento da execuo e as que se ven-cerem no curso do processo.

    STJ277: Julgada procedente a investigao de paterni-dade, os alimentos so devidos a partir da citao.

    STJ1: O foro do domiclio ou da residncia do alimen-tando o competente para a ao de investigao de paternidade, quando cumulada com a de alimentos.

    13. SMULA STF DIREITO DAS SUCESSES.

    13.1. PETIO DE HERANA STF 149: imprescritvel a ao de investigao de

    paternidade, mas no o a de petio de herana.

    13.2. INVENTRIO. STF542: No inconstitucional a multa instituda pelo

    estado-membro, como sano pelo retardamento do in-cio ou da ultimao do inventrio.

    STF331: legtima a incidncia do imposto de trans-misso "causa mortis" no inventrio por morte presu-mida.

    13.3. PARTILHA STF380: Comprovada a existncia de sociedade de fato

    entre os concubinos, cabvel a sua dissoluo judicial, com a partilha do patrimnio adquirido pelo esforo comum.

    INFORMATIVOS APLICVEIS

    1. LEI DE INTRODUO S NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO (INFORMATIVOS STF/STJ) Divrcioderesidentesforadopas.

    Dessa forma, se a ao de divrcio origina-se de ato (o casamento) praticado no Brasil, seu processamento poder dar-se perante a autoridade judiciria brasileira. Destacou-se que o art. 7 da Lei de Introduo ao Cdigo Civil (LICC), invocado nos fundamentos do acrdo recor-rido, cuida de regras de direito material, enquanto a juris-dio dos tribunais brasileiros tratada pelo referido art. 88 do CPC. REsp 978.655-MG, Rel. Min. Joo Otvio de Noronha, julgado em 23/2/2010. (STJ Info 424).

    CasamentonoEstrangeiro.Regimedebens.

    Apesar de o casamento ter sido realizado nos EUA, define o regime o fato de o primeiro domiclio conjugal ter sido estabelecido no Brasil, tendo em vista, ainda, que os cn-juges tinham, antes do casamento, domiclios diversos, conforme o disposto no art. 7, 4, da Lei de Introdu-o ao Cdigo Civil/1942. Outrossim, na poca, era esse o regime legal de bens no Brasil, j que no foi celebrado pacto antenupcial. REsp 134.246-SP, Rel. originrio Min. Ari Pargendler, Rel. para acrdo Min. Carlos Alberto Menezes Direito, julgado em 20/4/2004. (STJ Info 206).

    Repristinao.

    A Seo reafirmou, ao prosseguir o julgamento, o enten-dimento segundo o qual a no-repristinao regra apli-cvel aos casos de revogao de lei, e no aos casos de inconstitucionalidade. que a norma inconstitucional, porque nula ex tunc, no teve aptido para revogar a legislao anterior, que, por isso, permaneceu vigente. Assim, reconheceu-se a repristinao do disposto no art. 22 da Lei n. 8.212/1991, compelindo-se a empresa embargante a pagar as diferenas das contribuies Previdncia Social relativas ao perodo anterior decla-rao de inconstitucionalidade do 2 do art. 25 da Lei n. 8.870/1994. Precedente citado: EREsp 445.455-BA, DJ 5/12/2005. EREsp 645.155-AL, Rel. Min. Jos Delgado, jul-gados em 26/4/2006. (STJ Info 282).

    2. DIREITO CIVIL PARTE GERAL (INFORMATIVOS STF/STJ) ProteodoNascituro.

    Diante dessas razes, entre outras, a Turma, ao prosseguir o julgamento, por maioria, deu provimento ao recurso. Cumpre registrar que, para o Min. Relator (vencido), o nascituro no titulariza direitos disponveis/patrimoniais e no detm capacidade sucessria. Na verdade, sobre os direitos patrimoniais, ele possui mera expectativa de direitos, que somente se concretizam ( dizer, incorpo-ram-se em seu patrimnio jurdico) na hiptese de ele nascer com vida. Dessarte, se esse o sistema vigente, mostra-se difcil ou mesmo impossvel conjecturar a figura dos herdeiros do natimorto, tal como propem os ora recorrentes. Precedente citado: REsp 931.556-RS, DJe 5/8/2008. REsp 1.120.676-SC, Rel. originrio Min. Massami Uyeda, Rel. para acrdo Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 7/12/2010. (STJ Info 459).

    Mortepresumida.

    (...) nos termos do art. 7 do atual Cdigo Civil, no basta, para que exsurja considervel presuno legal de morte, o mero juzo de extrema probabilidade da morte de quem estava em perigo de vida (inciso I), sendo neces-sria a existncia de sentena que, aps esgotadas as buscas e averiguaes, produzidas em procedimento de justificao judicial, fixe a data provvel do falecimento (pargrafo nico). rel. Min. Marco Aurlio, 30.10.2008. (Ext-974) (STF Info 526).

    Nome.

    1. O princpio da verdade real norteia o registro pblico e tem por finalidade a segurana jurdica. Por isso que necessita espelhar a verdade existente e atual e no apenas aquela que passou. 2. Nos termos de precedente deste STJ admissvel a alterao no registro de nasci-mento do filho para a averbao do nome de sua me que, aps a separao judicial, voltou a usar o nome de solteira; para tanto, devem ser preenchidos dois requisi-tos: (i) justo motivo; (ii) inexistncia de prejuzos para ter-ceiros (REsp 1.069.864-DF). REsp 1.123.141, rel. Min. Luis F. Salomo, j. 28.9.10. 4 T. (STJ Info 449)

    Retificaodonome.Errodegrafia.

    A regra da inalterabilidade relativa do nome civil preco-niza que o nome (prenome e sobrenome), estabelecido por ocasio do nascimento, reveste-se de definitividade, admitindo-se sua modificao, excepcionalmente, nas hipteses expressamente previstas em lei ou reconheci-das como excepcionais por deciso judicial (art. 57, Lei 6.015/75), exigindo-se, para tanto, justo motivo e ausn-

  • 316 Ronaldo Vieira Francisco

    cia de prejuzo a terceiros. 2. No caso em apreo, o justo motivo revela-se presente na necessidade de suprimento de incorrees na grafia do patronmico para a obteno da cidadania italiana, sendo certo que o direito dupla cidadania pelo jus sanguinis tem sede constitucional (art. 12, 4, II, a, da Constituio da Repblica). 3. A ausncia de prejuzo a terceiro advm do provimento do pedido dos recorridos tanto pelo magistrado singular quanto pelo tribunal estadual , sem que fosse feita meno existncia de qualquer restrio. REsp 1.138.103, Rel. Min. Luis Salomo, j. 6.9.2011. 4 T. (STJ Info 482)

    Sobrenome.Supresso.

    As regras que relativizam o princpio da imutabilidade dos registros pblicos no contemplam a possibilidade de excluso do patronmico paterno por razes de ordem religiosa especialmente se a supresso pretendida pre-judica o apelido familiar, tornando impossvel a identi-ficao do indivduo com seus ascendentes paternos. Art. 56 da Lei 6.015/73. 3. O art. 1.565, 1, do CC/02 em nenhum momento autoriza a supresso ou substituio do sobrenome dos nubentes. Apenas faculta a qualquer das partes o acrscimo do sobrenome do outro cnjuge aos seus prprios patronmicos. REsp 1.189.158, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 14.12.2010. 3 T. (STJ -Info 460).

    Registrocivil.Retificao.Profisso.

    No possvel que se permita desnaturar o instituto da retificao do registro civil que, como notrio, serve para corrigir erros quanto a dados essenciais dos inte-ressados, a saber, filiao, data de nascimento e naturali-dade, e no quanto a circunstncias absolutamente tran-sitrias como domiclio e profisso. IV. Se, de um lado, a regra contida no art. 109 da Lei 6.015/73 autoriza a retifi-cao do registro civil, por outro lado, consta ali a ressalva de que a mesma somente ser permitida na hiptese de haver erro em sua lavratura. Inexistncia, in casu. REsp 1.194.378, Rel. Min. Massami Uyeda, j. 15.2.2011. 3 T. (STJ Info 463).

    Retificao.Registrocivil.Prova.

    O nome direito personalssimo e, em princpio, inal-tervel e imutvel, salvo as excees previstas em lei. Na ao de retificao de registro civil, quando alegada situ-ao vexatria de prenome comum, se houver impugna-o, pelo Ministrio Pblico ou outro interessado, o juiz dever determinar a produo de prova, nos termos do artigo 109, 1 da Lei 6.015/1973. REsp 863.916, rel. Min. Luis F. Salomo, j. 19.10.10. 4 T. (STJ Info 452)

    Registrocivil.Retificao.Mudanadesexo.

    Nesse contexto, tendo em vista os direitos e garantias fundamentais expressos da Constituio de 1988, espe-cialmente os princpios da personalidade e da dignidade da pessoa humana, e levando-se em considerao o dis-posto nos arts. 4 e 5 da Lei de Introduo ao Cdigo Civil, decidiu-se autorizar a mudana de sexo de mascu-lino para feminino, que consta do registro de nascimento, adequando-se documentos, logo facilitando a insero social e profissional. Destacou-se que os documen-tos pblicos devem ser fiis aos fatos da vida, alm do que deve haver segurana nos registros pblicos. Dessa forma, no livro cartorrio, margem do registro das retificaes de prenome e de sexo do requerente, deve ficar averbado que as modificaes feitas decorreram de sentena judicial em ao de retificao de registro civil. Todavia, tal averbao deve constar apenas do livro de registros, no devendo constar, nas certides do registro

    pblico competente, nenhuma referncia de que a alu-dida alterao oriunda de deciso judicial, tampouco de que ocorreu por motivo de cirurgia de mudana de sexo, evitando, assim, a exposio do recorrente a situaes constrangedoras e discriminatrias. REsp 737.993-MG, Rel. Min. Joo Otvio de Noronha, julgado em 10/11/2009 (STJ Info 415).

    Alterao.Prenome.Designativo.Sexo.

    Assim, a Turma entendeu que, tendo o recorrente se submetido cirurgia de redesignao sexual nos termos do acrdo recorrido, existindo, portanto, motivo apto a ensejar a alterao do sexo indicado no registro civil, a fim de que os assentos sejam capazes de cumprir sua ver-dadeira funo, qual seja, a de dar publicidade aos fatos relevantes da vida social do indivduo, deve ser alterado seu assento de nascimento para que nele conste o sexo feminino, pelo qual socialmente reconhecido. Determi-nou, ainda, que das certides do registro pblico compe-tente no conste que a referida alterao oriunda de deciso judicial, tampouco que ocorreu por motivo de redesignao sexual de transexual. REsp 1.008.398-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/10/2009. (STJ Info 411).

    Acrscimodesobrenomedocnjugeapsacelebra-o do casamento.

    Aos cnjuges permitido incluir ao seu nome o sobre-nome do outro, ainda que aps a data da celebrao do casamento, porm dever ser por meio de ao judicial. O registro de nascimento da pessoa natural, com a iden-tificao do nome civil, em regra imutvel. Contudo, a lei permite, em determinas ocasies, sua alterao. Ao oficial de cartrio somente permitido alterar um nome, independente de ao judicial, nos casos previstos em lei, como a hiptese do art. 1565, 1 do CC, o qual possibi-lita a incluso do sobrenome de um dos nubentes no do outro, durante o processo de habilitao do casamento. A Turma entendeu que essa possibilidade deve-se estender ao perodo de convivncia do casal, enquanto perdurar o vnculo conjugal. Porm, nesta hiptese, o nome deve ser acrescido por intermdio da ao de retificao de registros pblicos, nos termos dos arts. 57 e 109 da Lei de Registros Pblicos (Lei n. 6.015/1973). REsp 910.094-SC, Rel. Raul Arajo, julgado em 4/9/2012. (STJ Info 503).

    Inclusodosobrenomedocompanheiro.

    possvel a alterao de assento registral de nascimento para a incluso do patronmico do companheiro na cons-tncia de uma unio estvel, em aplicao analgica do art. 1.565, 1, do CC, desde que seja feita prova docu-mental da relao por instrumento pblico e nela haja anuncia do companheiro cujo nome ser adotado. O art. 57, 2, da Lei n. 6.015/1973 outorgava, nas situaes de concubinato, to somente mulher a possibilidade de averbao do patronmico do companheiro sem prejuzo dos apelidos prprios entenda-se, sem a supresso de seu prprio sobrenome , desde que houvesse impe-dimento legal para o casamento, no havendo espe-cfica regulao quanto adoo de sobrenome pelo companheiro (unio estvel). A imprestabilidade desse dispositivo legal para balizar os pedidos de adoo de sobrenome dentro de uma unio estvel, situao com-pletamente distinta daquela para a qual foi destinada a referida norma, reclama a aplicao analgica das dispo-sies especficas do Cdigo Civil relativas adoo de sobrenome dentro do casamento, porquanto se mostra

  • Direito Civil 345

    informaes ou retificaes e aditamentos de eventuais bens, ainda no descritos. Assim, cabe ao interessado que tenha conhecimento da existncia de outros bens interpelar a inventariante para que os declare, apontan-do-os. Logo, s com a recusa ou omisso, que caracteri-zar a malcia, que ensejar a ao de sonegados. REsp 265.859-SP, Rel. Min. Slvio de Figueiredo, julgado em 20/3/2003. (STJ Info 166)

    ENUNCIADOS

    1. ENUNCIADOS DA I JORNADA. DIREITO CIVIL/PARTE GERAL. 1Art.2:A proteo que o Cdigo defere ao nascituro

    alcana o natimorto no que concerne aos direitos da per-sonalidade, tais como: nome, imagem e sepultura.

    2 Art. 2:Sem prejuzo dos direitos da personalidade nele assegurados, o art. 2 do Cdigo Civil no sede adequada para questes emergentes da reprogentica humana, que deve ser objeto de um estatuto prprio.

    3 Art.5: A reduo do limite etrio para a definio da capacidade civil aos 18 anos no altera o disposto no art. 16, I, da Lei n. 8.213/91, que regula especfica situao de dependncia econmica para fins previdencirios e outras situaes similares de proteo, previstas em legis-lao especial.

    4 Art. 11: O exerccio dos direitos da personalidade pode sofrer limitao voluntria, desde que no seja per-manente nem geral.

    5Arts.12e20:1) As disposies do art. 12 tm carter geral e aplicam-se, inclusive, s situaes previstas no art. 20, excepcionados os casos expressos de legitimidade para requerer as medidas nele estabelecidas; 2) as dispo-sies do art. 20 do novo Cdigo Civil tm a finalidade especfica de regrar a projeo dos bens personalssimos nas situaes nele enumeradas. Com exceo dos casos expressos de legitimao que se conformem com a tipifi-cao preconizada nessa norma, a ela podem ser aplica-das subsidiariamente as regras institudas no art. 12.

    6 Art. 13: A expresso exigncia mdica contida no art. 13 refere-se tanto ao bem-estar fsico quanto ao bem-estar psquico do disponente.

    7Art.50: S se aplica a desconsiderao da persona-lidade jurdica quando houver a prtica de ato irregular e, limitadamente, aos administradores ou scios que nela hajam incorrido.

    8Art.62,pargrafonico:A constituio de fundao para fins cientficos, educacionais ou de promoo do meio ambiente est compreendida no Cdigo Civil, art. 62, pargrafo nico.

    9 Art. 62,pargrafonico:Deve ser interpretado de modo a excluir apenas as fundaes com fins lucrativos.

    10Art.66,1: Em face do princpio da especialidade, o art. 66, 1, deve ser interpretado em sintonia com os arts. 70 e 178 da LC n. 75/93.

    11Art.79: No persiste no novo sistema legislativo a categoria dos bens imveis por acesso intelectual, no obstante a expresso tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente, constante da parte final do art. 79 do Cdigo Civil.

    12 Art. 138: Na sistemtica do art. 138, irrelevante ser ou no escusvel o erro, porque o dispositivo adota o princpio da confiana.

    13Art.170: O aspecto objetivo da conveno requer a existncia do suporte ftico no negcio a converter-se.

    14 Art. 189: 1) O incio do prazo prescricional ocorre com o surgimento da pretenso, que decorre da exigibili-dade do direito subjetivo; 2) o art. 189 diz respeito a casos em que a pretenso nasce imediatamente aps a viola-o do direito absoluto ou da obrigao de no fazer.

    37 Art. 187: A responsabilidade civil decorrente do abuso do direito independe de culpa e fundamenta-se somente no critrio objetivo-finalstico.

    1.2. ENUNCIADOS DA III JORNADA. DIREITO CI-VIL/PARTE GERAL. 138 Art.3: A vontade dos absolutamente incapazes,

    na hiptese do inc. I do art. 3 juridicamente relevante na concretizao de situaes existenciais a eles concer-nentes, desde que demonstrem discernimento bastante para tanto.

    139Art.11: Os direitos da personalidade podem sofrer limitaes, ainda que no especificamente previstas em lei, no podendo ser exercidos com abuso de direito de seu titular, contrariamente boa-f objetiva e aos bons costumes.

    140Art.12: A primeira parte do art. 12 do Cdigo Civil refere-se s tcnicas de tutela especfica, aplicveis de of-cio, enunciadas no art. 461 do Cdigo de Processo Civil, devendo ser interpretada com resultado extensivo.

    141Art.41: A remisso do art. 41, pargrafo nico, do Cdigo Civil s pessoas jurdicas de direito pblico, a que se tenha dado estrutura de direito privado, diz respeito s fundaes pblicas e aos entes de fiscalizao do exer-ccio profissional.

    142 Art. 44: Os partidos polticos, os sindicatos e as associaes religiosas possuem natureza associativa, apli-cando-se-lhes o Cdigo Civil.

    143Art.44: A liberdade de funcionamento das orga-nizaes religiosas no afasta o controle de legalidade e legitimidade constitucional de seu registro, nem a possi-bilidade de reexame, pelo Judicirio, da compatibilidade de seus atos com a lei e com seus estatutos.

    144Art.44: A relao das pessoas jurdicas de direito privado constante do art. 44, incs. I a V, do Cdigo Civil no exaustiva.

    145Art.47: O art. 47 no afasta a aplicao da teoria da aparncia.

    146Art.50: Nas relaes civis, interpretam-se restriti-vamente os parmetros de desconsiderao da persona-lidade jurdica previstos no art. 50 (desvio de finalidade social ou confuso patrimonial). (Este Enunciado no pre-judica o Enunciado n. 7)

    147Art.66: A expresso por mais de um Estado, con-tida no 2o do art. 66, no exclui o Distrito Federal e os Territrios. A atribuio de velar pelas fundaes, prevista no art. 66 e seus pargrafos, ao MP local isto , dos Esta-dos, DF e Territrios onde situadas no exclui a neces-sidade de fiscalizao de tais pessoas jurdicas pelo MPF, quando se tratar de fundaes institudas ou mantidas pela Unio, autarquia ou empresa pblica federal, ou que

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    destas recebam verbas, nos termos da Constituio, da LC n. 75/93 e da Lei de Improbidade.

    148Art.156: Ao estado de perigo (art. 156) aplica-se, por analogia, o disposto no 2 do art. 157.

    149Art.157: Em ateno ao princpio da conservao dos contratos, a verificao da leso dever conduzir, sempre que possvel, reviso judicial do negcio jur-dico e no sua anulao, sendo dever do magistrado incitar os contratantes a seguir as regras do art. 157, 2, do Cdigo Civil de 2002.

    150Art.157: A leso de que trata o art. 157 do Cdigo Civil no exige dolo de aproveitamento.

    151Art.158: O ajuizamento da ao pauliana pelo cre-dor com garantia real (art. 158, 1) prescinde de prvio reconhecimento judicial da insuficincia da garantia.

    152 Art. 167: Toda simulao, inclusive a inocente, invalidante.

    153 Art. 167: Na simulao relativa, o negcio simu-lado (aparente) nulo, mas o dissimulado ser vlido se no ofender a lei nem causar prejuzos a terceiros.

    154Art.194: O juiz deve suprir, de ofcio, a alegao de prescrio em favor do absolutamente incapaz.

    155 Art. 194: O art. 194 do Cdigo Civil de 2002, ao permitir a declarao ex officio da prescrio de direitos patrimoniais em favor do absolutamente incapaz, derro-gou o disposto no 5 do art. 219 do CPC.

    156 Art. 198: Desde o termo inicial do desapareci-mento, declarado em sentena, no corre a prescrio contra o ausente.

    157Art.212: O termo confisso deve abarcar o con-ceito lato de depoimento pessoal, tendo em vista que este consiste em meio de prova de maior abrangncia, plenamente admissvel no ordenamento jurdico brasi-leiro.

    158Art.215: A amplitude da noo de prova plena (isto , completa) importa presuno relativa acerca dos elementos indicados nos incisos do 1, devendo ser conjugada com o disposto no pargrafo nico do art. 219.

    1.3. ENUNCIADOS DA IV JORNADA. DIREITO CI-VIL/PARTE GERAL. 272 Art. 10: No admitida em nosso ordenamento

    jurdico a adoo por ato extrajudicial, sendo indispen-svel a atuao jurisdicional, inclusive para a adoo de maiores de dezoito anos.

    273Art.10: Tanto na adoo bilateral quanto na uni-lateral, quando no se preserva o vnculo com qualquer dos genitores originrios, dever ser averbado o cancela-mento do registro originrio de nascimento do adotado, lavrando-se novo registro. Sendo unilateral a adoo, e sempre que se preserve o vnculo originrio com um dos genitores, dever ser averbada a substituio do nome do pai ou me naturais pelo nome do pai ou me adoti-vos.

    274Art.11: Os direitos da personalidade, regulados de maneira no-exaustiva pelo Cdigo Civil, so expresses da clusula geral de tutela da pessoa humana, contida no art. 1, inc. III, da Constituio (princpio da dignidade da pessoa humana). Em caso de coliso entre eles, como nenhum pode sobrelevar os demais, deve-se aplicar a tcnica da ponderao.

    275 Arts. 12 e 20: O rol dos legitimados de que tra-tam os arts. 12, pargrafo nico, e 20, pargrafo nico, do Cdigo Civil tambm compreende o companheiro.

    276Art.13: O art. 13 do Cdigo Civil, ao permitir a dis-posio do prprio corpo por exigncia mdica, autoriza as cirurgias de transgenitalizao, em conformidade com os procedimentos estabelecidos pelo Conselho Federal de Medicina, e a conseqente alterao do prenome e do sexo no Registro Civil.

    277 Art. 14: O art. 14 do Cdigo Civil, ao afirmar a validade da disposio gratuita do prprio corpo, com objetivo cientfico ou altrustico, para depois da morte, determinou que a manifestao expressa do doador de rgos em vida prevalece sobre a vontade dos familiares, portanto, a aplicao do art. 4 da Lei n. 9.434/97 ficou restrita hiptese de silncio do potencial doador.

    278Art.18: A publicidade que divulgar, sem autoriza-o, qualidades inerentes a determinada pessoa, ainda que sem mencionar seu nome, mas sendo capaz de iden-tific-la, constitui violao a direito da personalidade.

    279 Art. 20: A proteo imagem deve ser ponde-rada com outros interesses constitucionalmente tutela-dos, especialmente em face do direito de amplo acesso informao e da liberdade de imprensa. Em caso de coliso, levar-se- em conta a notoriedade do retratado e dos fatos abordados, bem como a veracidade destes e, ainda, as caractersticas de sua utilizao (comercial, informativa, biogrfica), privilegiando-se medidas que no restrinjam a divulgao de informaes.

    280Arts.44,57e60:Por fora do art. 44, 2, consi-deram-se aplicveis s sociedades reguladas pelo Livro II da Parte Especial, exceto s limitadas, os arts. 57 e 60, nos seguintes termos: a) em havendo previso contratual, possvel aos scios deliberar a excluso de scio por justa causa, pela via extrajudicial, cabendo ao contrato discipli-nar o procedimento de excluso, assegurado o direito de defesa, por aplicao analgica do art. 1.085; b) as deli-beraes sociais podero ser convocadas por iniciativa de scios que representem 1/5 (um quinto) do capital social, na omisso do contrato. A mesma regra aplica-se na hiptese de criao, pelo contrato, de outros rgos de deliberao colegiada.

    281Art.50: A aplicao da teoria da desconsiderao, descrita no art. 50 do Cdigo Civil, prescinde da demons-trao de insolvncia da pessoa jurdica.

    282 Art. 50: O encerramento irregular das atividades da pessoa jurdica, por si s, no basta para caracterizar abuso da personalidade jurdica.

    283Art. 50: cabvel a desconsiderao da persona-lidade jurdica denominada inversa para alcanar bens de scio que se valeu da pessoa jurdica para ocultar ou desviar bens pessoais, com prejuzo a terceiros.

    284Art.50: As pessoas jurdicas de direito privado sem fins lucrativos ou de fins no-econmicos esto abrangi-das no conceito de abuso da personalidade jurdica.

    285Art. 50: A teoria da desconsiderao, prevista no art. 50 do Cdigo Civil, pode ser invocada pela pessoa jurdica, em seu favor.

    286Art.52: Os direitos da personalidade so direitos inerentes e essenciais pessoa humana, decorrentes de