cível - impugnação à contestação

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    Cível - Impugnação à Contestação

    Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da 35ª Vara Cível da Comarca de BeloHorizonte/MG.

     

    PROCESSO Nº:

     

    AMANDA OLIVEIRA, representada por seu pai, PAULO DE OLIVEIRA,vem, respeitosamente, perante V. Exa., por seu advogado abaixo assinado,apresentar IMPUGNAÇÃO À CONTESTAÇÃO nos autos da Ação deIndenização ajuizada em desfavor da SÃO GERALDO VIAÇÃO, pelos fatose fundamentos a seguir expostos:

     

    I - DOS FATOS

     

     A Autora Adquiriu, por intermédio de seu pai, PAULO DE OLIVEIRA,antecipadamente, os bilhetes de passagem de ônibus nº 01126431,01126430, 01126422, em 03/12/12, para retornar da cidade de Piúma/ES,onde a família estava passando as férias, no dia 02/01/13, no horário de

     

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    18:35h.

     

    No dia e horário da viagem o ônibus somente chegou à rodoviária de Piúmaàs 20:30h, portanto, com 02 duas de atraso, saindo com destino a BeloHorizonte e, após meia hora de viagem, quebrou na estrada, em lugar ermoe sem iluminação, perto da cidade de Cachoeiro de Itaperimim.

     

    Diante do risco de ficar a noite na beira de estrada, bem como ausência desolução por parte da Ré, os próprios pais da Autora, juntamente com osdemais passageiros, às 21:40h, pararam dois ônibus que passaram no locale embarcaram para a cidade mais próxima, Cachoeiro do Itapemirim. Porém,sem as bagagens, por não caberem nos ônibus, ficando essas no veículoque quebrou para posterior transferência para o novo ônibus, “que logochegaria para dar continuidade à viagem até Belo Horizonte”, segundoinformou o motorista da Ré.

     Às 22:00h, a Autora e demais passageiros chegaram à rodoviária deCachoeiro de Itapemirim, carregando apenas os travesseiros e, apesar detentarem contato com a Ré, não lograram êxito, ficando todos até às 03:30hsem alimentação, água ou banheiro, eis que as instalações sanitárias darodoviária estavam danificadas, tendo todos que se acomodar nos bancos,conforme bem demonstram as fotografias de fls. 19/21.

     

    Diante do descaso da Ré, os pais da Autora ligaram para a ANTT pararegistrar o fato, conforme documento de fls. 17/18, registrando-o, também, noboletim de ocorrências da Polícia Militar de nº 17163795, fls. 15/16.

     

    Somente às 03:30h chegou o ônibus da Ré para dar continuidade à viagem.Tratava-se de um veículo muito velho, pessimamente conservado, sem cintode segurança e muito sujo por dentro (veículo nº 4329), o que tornou a

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    viagem de volta extremamente desconfortável e sem segurança.

     

    II – DA ALEGAÇÃO DE CASO FORTUITO

     

     A Ré alegou em contestação a existência de caso fortuito, excludente daresponsabilidade civil, alegando ter ocorrido pane no ônibus por falha nainjeção eletrônica do mesmo, sem, contudo, juntar qualquer documentocomprobatório dessa alegação, não cumprindo seu ônus probandi ,determinado pelo art. 333, II, do Código de Processo Civil, registrando quefoi requerida a inversão do ônus da prova, instituto previsto no art. 6º, VIII, doCódigo de Defesa do Consumidor, como facilitadora da defesa da Autora em

     juízo, em face da presumida vulnerabilidade da mesma como consumidora,além de sua notória hipossuficiência.

     

    O doc. 01, juntado pela Ré às fls. 70, descreve o veículo placa GPN-8096,fabricado em 1995, que complementou o trajeto contratado pela Autora edemais passageiros, tinha 18 anos de árduo uso, comprovando asalegações iniciais da Autora de que o citado veículo era velho e malconservado, o que colocou em risco sua vida, além do desconforto na voltapara casa.

     

    Quanto ao doc. 03, fls. 71/73, informa a realização de um check-list pela Réantes da viagem. Contudo, tal documento não registra em seu corpoqualquer informação de eventual veículo submetido à citada conferência,muito menos assinatura do responsável pela tarefa ou registro de data,tratando-se apenas de um formulário sem qualquer valor probatório, restandoa ausência de prova da revisão do veículo antes da realização da viagemcontratada.

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     Ademais, a responsabilidade por “fato do serviço” é objetiva, segundo o art.14, do C.D.C., que somente é elidida se demonstrado a inexistência dodefeito, culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro, não sendo o caso dosautos – art. 14, § 3º, I e II.

     

     Assim, todas essas alegações apresentadas na defesa da Ré somentereforçam a falha na sua prestação de serviços de transportes depassageiros e seu descaso com o consumidor, que culminou nos danosreclamados pela Autora.

     

    Falar que “o horário descrito no bilhete de passagem se trata de umaestimativa”, demonstra o descaso recorrente da Ré para com seusconsumidores, pois, não é crível que se determine o horário no bilhete

    passagem e, atendido este pelo consumidor, tenha o mesmo de aguardar aboa vontade da Ré para apresentar o veículo que executará a viagem.Quanta irresponsabilidade !

     

    O Decreto nº 2591/98, que dispõe sobre a exploração, mediante permissão eautorização, de serviços de transporte rodoviário interestadual einternacional de passageiros e dá outras providências, no art. 29, dita ser direitos dos usuários, ser transportado com pontualidade, segurança, higienee conforto, devendo ser indenizado pelo extravio de bagagem e, no caso deatraso, providenciar acomodações, alimentação e assistência, o que foiignorado pela Ré.

     

    Art. 29 (...)

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    (...)

    VI - ser transportado com pontualidade, segurança, higiene e conforto,do início ao término da viagem;

    (...)

    XIII - ser indenizado por extravio ou dano da bagagem transportada no

    bagageiro;(...)

    XV - receber, às expensas da transportadora, enquanto perdurar asituação, alimentação e pousada, nos casos de venda de mais de umbilhete de passagem para a mesma poltrona, ou interrupção ouretardamento da viagem, quando tais fatos forem imputados àtransportadora;

    XVI - receber da transportadora, em caso de acidente, imediata e

    adequada assistência;

     

    III – DO DANO MORAL

     

    Quanto ao dano moral denunciado, o Mestre SÉRGIO CAVALIERI FILHOensina que:

     

    "Dano moral é a lesão de um bem integrante da personalidade; violação debem personalíssimo, tal como a honra, a liberdade, a saúde, a integridadepsicológica, causando dor, vexame, sofrimento, desconforto e humilhação à

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    vítima, não bastando para configurá-lo qualquer contrariedade. Nessa linhade princípio só deve ser reputado como dano moral a dor, vexame,sofrimento ou humilhação que, fugindo à normalidade, interfira intensamenteno comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe aflições, angústiae desequilíbrio em seu bem estar." (FILHO, Sérgio Cavalieri. Programa deResponsabilidade Civil. 5ª edição, São Paulo: Malheiros, 2004, p. 93/98).

     

    Segundo ANTUNES VARELA:

     

    "A gravidade do dano há de medir-se por um padrão objetivo (conquanto aapreciação deva ter em linha de conta as circunstâncias de cada caso, e

    não à luz de fatores subjetivos de uma sensibilidade particularmenteembotada ou especialmente requintada). Por outro lado, a gravidadeapreciar-se-á em função da tutela do direito: o dano deve ser de tal modograve que justifique a concessão de uma satisfação de ordem pecuniária aolesado" (VARELA, Antunes. Das Obrigações em Geral. 8ª, ed. Coimbra:Editora Almedina, 2000, p. 617).

     

    Nem sempre se afigura possível adentrar no universo psíquico de umapessoa para dela exigir a comprovação de que certo ato lhe causou ou nãoum dano dessa natureza. Assim, para a caracterização do dano moral, bastaa demonstração de uma situação que conduza à presunção da existência deuma lesão a causar repercussão no universo psíquico do ofendido.

     

    É o que preleciona HUMBERTO THEODORO JÚNIOR:

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    "Quanto à prova, a lesão ou dor moral é fenômeno que se passa nopsiquismo da pessoa e, como tal, não pode ser concretamente pesquisado.Daí porque não se exige do autor da pretensão indenizatória que prove odano extrapatrimonial. Cabe-lhe apenas comprovar a ocorrência do fatolesivo, de cujo contexto o juiz extrairá a idoneidade, ou não, para gerar danograve e relevante, segundo a sensibilidade do homem médio e a experiência

    da vida" (THEODORO JÚNIOR, Humberto. Dano Moral. 4ª ed. São Paulo:Editora Juarez de Oliveira, 2001, p.09).

     

    In casu, é inegável ter a conduta antijurídica da Ré provocando grandesofrimento e dor à Autora, visto evidenciado o constrangimento que passouquando foi deixada na beira da estrada, em lugar ermo, tendo ela e demaispassageiros que pedir socorro a outro ônibus que passava na rodovia,

    ficando, ainda, várias horas na rodoviária, sem qualquer assistência, norelento, passando frio e fome, além do risco de morte e assalto, completandoa viagem num ônibus fabricado em 1995, em péssimo estado deconservação, reiterando a falha na prestação do serviço, inclusive comexposição dos passageiros a risco.

     

    Portanto, demonstrado a conduta da Ré, o dano sofrido pela Autora e o nexode causalidade entre a conduta e o dano, deve ser imputada a

    responsabilidade civil objetiva à Ré, culminando em sua condenação. 

    IV - DOS PEDIDOS

     

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    Diante do exposto, a Autora requer seja rejeitada a frágil argumentaçãoapresentada na defesa da Ré, julgando procedente o pedido inicial,condenando a Ré também no pagamento das custas e honoráriosadvocatícios.

     

    Nestes termos, pede deferimento.

     

    Belo Horizonte, 29 de janeiro de 2016.

     

     ADVOGADO

    OAB/MG