cível - ano de 2006

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União de facto Pensão de sobrevivência Requisitos Herança Direito a alimentos Ónus de alegação Ónus da prova Constitucionalidade Princípio da igualdade Casamento I - Para ter o direito à obtenção da pensão de sobrevivência, a autora terá de alegar e provar: que vivia com o titular do direito à pensão, há mais de dois anos, na altura da morte do mesmo, em condições análogas às do cônjuge; que essa pessoa, na altura, não era casada ou, sendo-o, se encontrava então separada judicialmente de pessoas e bens; que carece de alimentos; que não é possível obter tais alimentos de nenhuma das pessoas referidas nas als. a) a d) do art.º 2009 do CC, nem da herança do seu falecido companheiro, por falta ou insuficiência desta. II - O problema não pode ser resolvido com a mera invocação e prova da existência de uma convivência há mais de dois anos, em condições análogas às dos cônjuges. Antes está em saber se uma situação de união de facto, assim caracterizada, pode ser tratada de forma diversa do casamento, para o efei- to em causa. III - O TC veio considerar justificada a diferenciação existente entre o casamento e a união de facto para o questionado efeito, de tal modo que, para a habilitação do cônjuge sobrevivo à pensão de sobrevi- vência, basta a prova da qualidade de cônjuge, mas para a habilitação do companheiro de facto à mesma pensão já é necessária a demonstração de todos os requisitos apontados em I. IV - O diferente tratamento do casamento e da união de facto não viola o princípio da igualdade (art.º 13 da CRP), pois este princípio apenas proíbe discriminações arbitrárias ou desprovidas de fundamen- to. Ora, o casamento e a união de facto são situações materialmente diferentes, assumindo os casa- dos o compromisso de vida em comum, mediante a sujeição a um vínculo jurídico, enquanto os unidos de facto não o assumem, por não quererem ou por não poderem. V - A necessidade de alimentos por parte da autora refere-se “aos meios de subsistência estritamente necessários para viver, e não para manter o padrão de vida que a requerente e o falecido mantive- ram durante a união de facto”. Os 1.500 mensais que a autora aufere dão-lhe o necessário e sufi- ciente para viver com dignidade e ainda para poder prestar ajuda a alguns familiares. As viagens pelo mundo que gostaria de continuar a fazer e o padrão de vida de classe média alta de que desfru- tava com o falecido não podem aqui ser atendidos, para efeito da necessidade de alimentos. VI - Quanto às razões justificativas do aperto dos requisitos exigidos para a concessão de alimentos, neste caso especial da união de facto, é muito esclarecedor o preâmbulo (n.º 46) da reforma do CC de 1977, que introduziu neste diploma a actual redacção do art.º 2020, referindo expressamente que: “Foi-se intencionalmente pouco arrojado. Havia que não estimular as uniões de facto”. 10-01-2006 Revista n.º 3512/05 - 6.ª Secção Azevedo Ramos Silva Salazar Afonso Correia Depósito bancário Mútuo Contrato real Cheque sem provisão Enriquecimento sem causa I - Sendo o depósito bancário à ordem um depósito irregular, são-lhe aplicáveis, na medida do possível, as normas relativas ao contrato de mútuo - art.ºs 1185, 1205 e 1206 do CC.

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  • Unio de facto Penso de sobrevivncia Requisitos Herana Direito a alimentos nus de alegao nus da prova Constitucionalidade Princpio da igualdade Casamento

    I - Para ter o direito obteno da penso de sobrevivncia, a autora ter de alegar e provar: que vivia com o titular do direito penso, h mais de dois anos, na altura da morte do mesmo, em condies anlogas s do cnjuge; que essa pessoa, na altura, no era casada ou, sendo-o, se encontrava ento separada judicialmente de pessoas e bens; que carece de alimentos; que no possvel obter tais alimentos de nenhuma das pessoas referidas nas als. a) a d) do art. 2009 do CC, nem da herana do seu falecido companheiro, por falta ou insuficincia desta.

    II - O problema no pode ser resolvido com a mera invocao e prova da existncia de uma convivncia h mais de dois anos, em condies anlogas s dos cnjuges. Antes est em saber se uma situao de unio de facto, assim caracterizada, pode ser tratada de forma diversa do casamento, para o efei-to em causa.

    III - O TC veio considerar justificada a diferenciao existente entre o casamento e a unio de facto para o questionado efeito, de tal modo que, para a habilitao do cnjuge sobrevivo penso de sobrevi-vncia, basta a prova da qualidade de cnjuge, mas para a habilitao do companheiro de facto mesma penso j necessria a demonstrao de todos os requisitos apontados em I.

    IV - O diferente tratamento do casamento e da unio de facto no viola o princpio da igualdade (art. 13 da CRP), pois este princpio apenas probe discriminaes arbitrrias ou desprovidas de fundamen-to. Ora, o casamento e a unio de facto so situaes materialmente diferentes, assumindo os casa-dos o compromisso de vida em comum, mediante a sujeio a um vnculo jurdico, enquanto os unidos de facto no o assumem, por no quererem ou por no poderem.

    V - A necessidade de alimentos por parte da autora refere-se aos meios de subsistncia estritamente necessrios para viver, e no para manter o padro de vida que a requerente e o falecido mantive-ram durante a unio de facto. Os 1.500 mensais que a autora aufere do-lhe o necessrio e sufi-ciente para viver com dignidade e ainda para poder prestar ajuda a alguns familiares. As viagens pelo mundo que gostaria de continuar a fazer e o padro de vida de classe mdia alta de que desfru-tava com o falecido no podem aqui ser atendidos, para efeito da necessidade de alimentos.

    VI - Quanto s razes justificativas do aperto dos requisitos exigidos para a concesso de alimentos, neste caso especial da unio de facto, muito esclarecedor o prembulo (n. 46) da reforma do CC de 1977, que introduziu neste diploma a actual redaco do art. 2020, referindo expressamente que: Foi-se intencionalmente pouco arrojado. Havia que no estimular as unies de facto.

    10-01-2006 Revista n. 3512/05 - 6. Seco Azevedo Ramos Silva Salazar Afonso Correia Depsito bancrio Mtuo Contrato real Cheque sem proviso Enriquecimento sem causa

    I - Sendo o depsito bancrio ordem um depsito irregular, so-lhe aplicveis, na medida do possvel, as normas relativas ao contrato de mtuo - art.s 1185, 1205 e 1206 do CC.

  • II - O mtuo implica a transferncia da propriedade, no porque a funo do contrato se dirija a esse fim, mas porque a transmisso da propriedade indispensvel ao gozo da coisa que se visa proporcionar ao muturio, dada a natureza fungvel dela. Tambm o depsito bancrio se caracteriza por ser um contrato real que implica uma transferncia da propriedade das quantias depositadas do depositante para o depositrio.

    III - Para haver depsito bancrio tem de haver a efectiva entrega ao depositrio dos valores a depositar, de tal modo que a simples transferncia contabilstica, operada por um funcionrio bancrio, de uma conta bancria para outra, do valor de um cheque depositado, mas cuja boa cobrana ainda no est verificada, no pode considerar-se constitutiva de um depsito bancrio.

    IV - Tendo sido depositado um cheque para que o Banco procedesse respectiva cobrana, e verifican-do-se que o mesmo no obteve boa cobrana, por falta de proviso, certificada em 07-10-1994, o que significa que o respectivo sacador no possua saldo suficiente para garantir o seu pagamento na sua conta sobre a qual foi sacado o dito cheque, o recorrido no chegou a receber ou a cobrar qualquer quantia susceptvel de depsito na conta do autor.

    V - O facto de tal importncia ter sido indevidamente creditada na conta do autor e de l ser retirada pelo Banco, logo que este se apercebeu da falta de cobrana do cheque, por carncia de proviso, no d ao mesmo autor o direito de exigir a sua restituio, por isso representar um enriquecimento sem causa, ilegtimo e injustificado.

    10-01-2006 Revista n. 3762/05 - 6. Seco Azevedo Ramos Silva Salazar Afonso Correia Recurso de revista Sucumbncia Alada Aplicao da lei no tempo

    I - Para efeitos de determinao das aladas e admissibilidade dos recursos dela dependentes releva a lei em vigor ao tempo da instaurao da aco, o que bem se compreende por razes de segurana e tutela das expectativas das partes.

    II - Por isso, no h que atender ao valor que poderia ser atribudo causa data da sentena e, ainda por isso, tambm ao da sucumbncia, legalmente indexado a metade do valor da causa, mas aos valores de referncia verificados ao tempo da propositura da aco.

    III - Assim, no se computam para o valor da aco nem relevam para determinao do decaimento no pedido os juros, as rendas, bem como outros rendimentos que se vencerem durante a sua pendncia nem os que se ho-de vencer durante a sua pendncia.

    10-01-2006 Revista n. 2474/05 - 1. Seco Alves Velho Moreira Camilo Pinto Monteiro Sentena criminal Absolvio Caso julgado Valor probatrio Presuno iuris tantum Terceiros

    I - No tocante sentena penal absolutria transitada em julgado, eficcia probatria legal determina-se pelo estabelecimento de presuno ilidvel da inexistncia dos factos imputados ao arguido, pelo

  • que, quando a absolvio no tiver sido proferida ao abrigo do princpio in dubio pro reo, mas com fundamento em que o arguido no praticou os factos que lhe eram imputados, na falta de prova em contrrio fica adquirido que o arguido actuou com a diligncia devida.

    II - Perante uma situao como esta, impende sobre o autor da aco cvel demonstrar que a conduta do arguido no foi a reflectida na sentena penal, mas que este, apesar de absolvido, actuou por forma culposa.

    III - Estabelecida para quaisquer aces de natureza cvel, a presuno invocvel em relao a tercei-ros, ou seja, mesmo em relao aos sujeitos do processo civil que no tenham interveno na aco penal em que foi proferida a sentena.

    IV - No tendo ficado provado que o arguido no praticou os factos, nunca poderia o recorrente invocar aqui o disposto no art. 674-B do CPC.

    10-01-2006 Revista n. 3497/05 - 1. Seco Moreira Camilo Pinto Monteiro Reis Figueira Contrato de arrendamento Obras de conservao extraordinria Reparaes urgentes Infiltraes Propriedade horizontal Partes comuns Responsabilidade contratual Responsabilidade extracontratual Senhorio Dever de indemnizar nus da prova

    I - Do dever genrico estabelecido no art. 1031, al. b), do CC (assegurar o gozo da coisa locada para os fins a que se destina) resulta para o senhorio a obrigao especfica de efectuar as reparaes ou outras despesas essenciais ao gozo da coisa locada, prevendo-se regimes distintos, consoante a urgncia da necessidade.

    II - A falta de cumprimento pelo senhorio da obrigao de fazer obras, f-lo incorrer em responsabilida-de contratual, com o correspondente dever geral de indemnizar (art. 562 do CC), presumindo-se a sua culpa (art. 799 do CC).

    III - O dever de indemnizar supe, todavia, a mora do devedor (senhorio), sejam ou no urgentes as reparaes a efectuar; e a mora, por seu turno, pressupe a interpelao (art. 805, n. 1, do CC), que, seja judicial ou extrajudicial, ter que ser acompanhada do estabelecimento de um prazo, dada a natureza especfica da prestao do senhorio; caso contrrio, nunca a omisso que lhe imputada poder considerar-se ilcita nem culposa, o que exclui a sua responsabilidade.

    IV - Se o prdio estiver constitudo em propriedade horizontal, os dois regimes jurdicos (cfr. art.s 1424 do CC e 11 a 18 do RAU) tm que ser compatibilizados entre si, da resultando que o senhorio de fraco arrendada no pode ser compelido a fazer obras em partes comuns do prdio sem a compar-ticipao dos demais condminos.

    V - Por serem um elemento estrutural da edificao, as paredes exteriores (empenas) de prdio consti-tudo em propriedade horizontal devem ser consideradas paredes mestras para o efeito previsto no art. 1421, n. 1, a), do CC.

    VI - O senhorio no est obrigado a fazer reparaes na fraco arrendada caso se mostre que a causa das infiltraes a verificadas residiu na permeabilidade da parede da empena exterior do prdio (parte comum).

    VII - Ainda que se entenda que tais reparaes, dada a urgncia de que se revestem, so da responsabili-dade do ru/senhorio, a Autora no tem o direito de indemnizao pelos prejuzos com mercadoria danificada, pois no s no quis fazer as reparaes, nos termos do art. 1036 do CC, como, alm

  • disso, apenas comunicou ao Ru a sua necessidade j depois de consumadas as infiltraes e os pre-juzos, no lhe dando um prazo razovel para diligenciar no sentido da realizao das obras.

    VIII - O art. 492 do CC no prev a responsabilidade objectiva do proprietrio ou do possuidor: limita-se a inverter o nus da prova, desde que se verifiquem os pressupostos de facto que condicionam a presuno de culpa (runa devida a um vcio de construo ou a falta de manuteno).

    IX - Alegando a Autora, para sustentar a imputao ao Ru de responsabilidade extracontratual pelos prejuzos em causa com fundamento no art. 492 do CC, que a parede da empena no estava impermeabilizada, facto que no logrou provar, fica afastada a aplicao do referido normativo, por no ter demonstrado o vcio de construo invocado.

    10-01-2006 Revista n. 3241/05 - 6. Seco Nuno Cameira * Sousa Leite Salreta Pereira Citao Prazo Interrupo Prescrio

    I - Do art. 323, n. 2, do CC, resulta que a citao para a aco determina a interrupo do prazo de prescrio que estiver em curso; e ainda que, no sendo a citao realizada at cinco dias depois de requerida, a interrupo verifica-se logo que decorridos esses cinco dias.

    II - A ratio legis do preceito clara: trata-se de colocar o autor a salvo da extino do direito pelo decur-so do prazo prescricional, dando-se-lhe o ensejo de requerer a citao antes do comeo do prazo de cinco dias que medeiam entre a data do requerimento e a do incio (abstracto) da contagem do prazo prescricional; e considera-se a prescrio interrompida se, por motivos no imputveis ao requeren-te, a citao no se consumar naquele lapso de tempo.

    III - Para a interrupo da prescrio no se exige que a citao seja pedida com antecedncia superior indicada no preceito em anlise, no sendo indispensvel que o autor requeira a citao antecipada ou actue por forma a obter a ordem de citao com uma antecedncia mnima de cinco dias. 10-01-2006 Revista n. 3298/05 - 6. Seco Nuno Cameira Sousa Leite Salreta Pereira Contrato de empreitada Prdio vizinho Escavaes Dono da obra Empreiteiro Subempreiteiro Obrigao de indemnizar Responsabilidade solidria Direito de regresso Interveno provocada Interveno principal Condenao parcial Pagamento voluntrio Inutilidade superveniente da lide

  • I - A expresso "seu autor" a que se refere o n. 2 do art. 1348 do CC significa o proprietrio do prdio em que as obras foram feitas, representando o dever de indemnizar consagrado neste preceito um caso excepcional de responsabilidade civil extracontratual, resultante do exerccio de uma activida-de lcita, em que se prescinde da culpa.

    II - O empreiteiro (ou subempreiteiro) que praticou culposamente aces ilcitas ou omitiu os cuidados exigveis na execuo dos trabalhos (nomeadamente, escavaes) torna-se responsvel perante ter-ceiros pelo ressarcimentos dos danos causados; trata-se de responsabilidade fundada na culpa - art. 483 do CC.

    III - Ainda que tenha agido com diligncia na escolha e instrues de trabalhadores ou de subempreitei-ros, o empreiteiro deve ser responsabilizado, nos termos do art. 800, n. 1, do CC, pela actuao culposa de uns e ou de outros.

    IV - A responsabilidade do dono da obra solidria com a do empreiteiro/subempreiteiro - art. 497, n. 1, do CC.

    V - Atento o disposto nos art.s 497, n. 2, e 524 do CC, o dono da obra, sobre o qual recai (sem culpa) a obrigao de indemnizar os proprietrios vizinhos (que sofram danos resultantes de escavaes para construo de edifcio no prdio daquele), tem o direito de ser reembolsado pelo empreitei-ro/subempreiteiro executante dos trabalhos da indemnizao que pagou, fundando-se o reembolso no direito de regresso.

    VI - O dono da obra que foi demandado pelo proprietrio do prdio danificado (pelas escavaes) desa-companhado dos demais responsveis solidrios (empreiteiro/subempreiteiro) pode provocar a interveno principal dos outros, atenta a sua legitimidade passiva, sendo que, na vigncia do CPC na verso anterior a 01-01-1997, o incidente adequado para o efeito era o chamamento demanda, previsto nos art.s 330 e ss., e no o chamamento autoria (art.s 325 e ss.)

    VII - Pretendendo o Autor que os Rus, empreiteiro e subempreiteiro, sejam condenados a reembols-lo das quantias que ele, como dono da obra, foi condenado a pagar, a ttulo de indemnizao, ao pro-prietrio do prdio vizinho danificado pelos trabalhos de escavaes e fundaes realizados no seu prdio, incumbe aos Rus, que no tiveram interveno no outro processo, provar que, aquando da execuo dos referidos trabalhos, procederam com observncia dos deveres de cuidado exigveis.

    VIII - No pode haver direito de regresso quanto parcela da indemnizao que o Autor foi condenado a pagar em montante a liquidar em execuo de sentena, mas que no chegou a ser liquidada e efec-tivamente paga por ele.

    IX - O facto de o dono do prdio vizinho no ter aceitado a reparao que lhe foi proposta pelos Rus logo no comeo da obra no afasta o dever de reembolso, pois ele no tinha que aceitar uma repara-o a efectuar por pessoas cuja preparao tcnica e competncia profissional estavam objectiva-mente postas em causa, alm de que no resultou provado que a falta das obras que se propunham fazer tivesse originado o agravamento dos danos que mais tarde se apuraram.

    X - Tendo a seguradora sido chamada a intervir na aco mediante incidente de interveno principal provocada, deve entender-se que o pedido de condenao formulado na petio inicial, designada-mente quanto a juros, tambm a abrange; e perante a sua condenao parcial (at ao limite do capi-tal segurado com "franquia de 10% dos prejuzos indemnizveis"), uma eventual procedncia do recurso interposto pelos outros Rus teria forosamente que levar absolvio da co-R Seguradora (art. 683, n. 2, al. b), do CPC).

    XI - Face absolvio parcial da seguradora, e no tendo o Autor reagido contra ela, o recurso no pode servir para agravar os termos da condenao daquela interveniente, pondo em causa os efeitos do julgado na parte no recorrida, visto que s o autor tinha legitimidade para recorrer da absolvio parcial decidida na sentena (art. 684, n.s 2 e 4, do CPC).

    XII - Tendo a Seguradora, na pendncia da aco, procedido ao pagamento (ao Autor) da quantia em que foi condenada, no h que julgar extinta a instncia por inutilidade superveniente da lide (art. 287, al. e), do CPC); esse pagamento, contudo, dever ser atendido em sede de execuo.

    10-01-2006 Revista n. 3331/05 - 6. Seco Nuno Cameira * Sousa Leite Salreta Pereira

  • Aluguer de longa durao Veculo automvel Cauo Clusula penal Compensao Boa f Indemnizao Clusula contratual geral Nulidade

    I - Num contrato de aluguer de longa durao de veculo automvel, tendo as partes acordado que ao locatrio poder ser exigida uma cauo para o bom cumprimento das obrigaes decorrentes do contrato, estipulando que no termo desse haveria lugar a prestao de contas, respondendo a cauo at concorrncia do seu montante pelo pagamento de todas as importncias e/ou indemnizao que o locatrio nos termos do contrato houvesse de efectuar, sendo o excesso devolvido ou pago o remanescente pelo locatrio, e, em caso de resciso e denncia o valor da cauo reverteria na sua totalidade para a locadora; em primeiro lugar, haver que dar cauo o fim a que se destina, de garantia de cumprimento das obrigaes da locatria e, s depois, sendo caso disso, se analisar a convencionada funo de clusula penal, no se podendo aqui falar de compensao.

    II - No contrato celebrado, autora e rus convencionaram que a falta de pagamento dos alugueres impli-cava a possibilidade de resoluo do contrato pela autora, ficando os rus obrigados, alm do mais, a pagar uma indemnizao para fazer face aos prejuzos resultantes da desvalorizao do veculo e do prprio incumprimento do contrato, no inferior a 75% do valor total dos alugueres acordados. Esta estipulao contm uma clusula penal que pode exercer uma funo indemnizatria ou uma funo compulsatria, ou alternativa ou simultaneamente, uma e outra funo.

    III - Podendo as partes fixar por acordo o montante da indemnizao exigvel (art. 810, n. 1, do CC), o fulcro da problemtica est em saber se a estipulao acordada abusiva; se excede o que razo-vel face aos princpios da boa f e ocorre por isso a nulidade; se justificvel a reduo equitativa permitida pelo art. 812 do CC; se a clusula em causa vlida.

    IV - As clusulas penais sero nulas quando forem desproporcionadas aos danos a ressarcir, violando ento o comando do art. 19, al. a) do DL 446/85, de 25-10, sendo a sano a nulidade.

    V - Haver, pois, que proceder a uma ponderao de interesses, aparecendo como fim ltimo desse con-trolo encontrar um adequado equilbrio contratual de interesses, com respeito de ambas as partes, e assumindo sempre especial relevo a clusula geral da boa f.

    VI - O aluguer de longa durao de veculo automvel um contrato de risco elevado, atento o risco de perecimento da viatura, a desvalorizao inerente durao e o desgaste. Tem-se, por isso, entendi-do que so de aceitar clusulas penais que impe encargos elevados sobre o devedor, at como for-ma de o forar a cumprir.

    VII - Mas, se assim, a verdade que feito o necessrio juzo de razoabilidade, tem que se concluir que uma indemnizao que tem como limite mnimo 75% do valor total claramente desproporcionada. A sano tem assim que ser a nulidade da clusula, tal como foi decidido.

    10-01-2006 Processo n. 2572/05 - 1. Seco Pinto Monteiro (Relator) Reis Figueira Faria Antunes Penhora Veculo automvel Reserva de propriedade Exequente Registo Suspenso da execuo

  • Renncia

    I - A venda com reserva de propriedade um negcio sob condio suspensiva, e por isso o vendedor mantm-se como proprietrio enquanto a reserva subsistir.

    II - No sendo a reserva de propriedade uma garantia real, no cabe ao Tribunal proceder oficiosamente ao cancelamento dos registos, nos termos dos art.s 824 e 888 do CPC.

    III - A reserva s deixa de subsistir quando o alienante a ela renuncie e, em consequncia, registe essa renncia.

    IV - No estando a situao abrangida pelos preceitos referidos em II, sobre o exequente que impende o nus de cancelar o registo, no sendo aplicvel ao caso o regime do art. 119 do CRgP, uma vez que no existe dvida sobre a propriedade do bem penhorado.

    V - Assim, foi bem ordenada a suspenso da execuo relativamente ao veculo, at que esteja demons-trado no processo o registo da renncia reserva de propriedade.

    10-01-2006 Revista n. 3188/05 - 6. Seco Ribeiro de Almeida (Relator) Nuno Cameira Sousa Leite (voto de vencido) Citao Prescrio Prazo Interrupo

    I - O disposto no art. 279, al. e), do CC, no se aplica ao prazo prescricional, pois este no pode ser

    encurtado, mas sim interrompido. II - Tendo o acidente ocorrido em 05-10-1999 e a aco sido intentada em 02-10-2002, a prescrio

    consumou-se no dia 05-10-2002, antes dos cinco dias que a lei presume como necessrios para efectivar a citao.

    III - Para fazer interromper a prescrio, a aco tinha que ser proposta cinco dias antes de decorrer o prazo de trs anos, assim interrompendo a prescrio ainda que a citao fosse efectuada posterior-mente quela data devido a circunstncias estranhas actuao do requerente.

    10-01-2006 Revista n. 3650/05 - 6. Seco Ribeiro de Almeida (Relator) Nuno Cameira Sousa Leite Expropriao por utilidade pblica Declarao de utilidade pblica Caducidade Tribunal competente

    I - A declarao de utilidade pblica um facto constitutivo da relao de expropriao, e se sobre ela se

    pretender reagir por ilegalidade ou nulidade, ento o tribunal competente ser o Administrativo. II - A declarao de caducidade do acto declarativo da utilidade pblica no um acto administrativo,

    pelo que no est includa na jurisdio dos tribunais administrativos, podendo tal declarao de caducidade ser feita pelo Tribunal Comum. 10-01-2006 Revista n. 3677/05 - 6. Seco Ribeiro de Almeida (Relator) Nuno Cameira

  • Sousa Leite Assembleia de condminos Deliberao Condomnio Administrador Legitimidade

    I - A al. e) do art. 6 do CPC revisto, veio atribuir personalidade judiciria aos condomnios nas aces

    em que por ele pode intervir o administrador, nos termos do art. 1433, n. 6, do CC. II - Assim, diversamente do que acontecia anteriormente reforma do processo civil, o conjunto de con-

    dminos (o condomnio) pode ser directamente demandado quando, estejam em causa deliberaes da assembleia, devendo ser citado o administrador como representante legal do condomnio - art. 231, n. 1, do CPC. 10-01-2006 Revista n. 3727/05 - 6. Seco Ribeiro de Almeida (Relator) Nuno Cameira Sousa Leite Testamento Anomalia psquica Sentena Substituio quase pupilar

    Para que possa existir a substituio quase pupilar necessrio que a anomalia psquica j tenha sido decretada pelo Tribunal, no bastando que a anomalia psquica exista no momento em que o testa-mento feito.

    10-01-2006 Revista n. 3743/05 - 6. Seco Ribeiro de Almeida (Relator) Nuno Cameira Sousa Leite Acidente de viao Danos futuros Danos no patrimoniais Equidade

    I - Provado que data do acidente a autora tinha 40 anos, auferia o salrio de 49.300$00/ms, tendo

    ficado com uma IPP de 18%, em consequncia do acidente, conclui-se, em juzo de equidade, ser adequada a indemnizao de 20.000 , atribuda pelo dano patrimonial futuro.

    II - Atente-se que as taxas de juro se encontram a descer, pelo que o valor do capital produtor de rendi-mento, para produzir o mesmo rendimento, tem de ser mais elevado. Mas, as tabelas financeiras so apenas um elemento de trabalho, o critrio decisivo a equidade.

    III - Considerando o internamento hospitalar da autora, a gravidade do seu estado clnico, que obrigou transferncia de hospital, a nefroctomia total do rim direito que teve de sofrer, nova transferncia de hospital, novos tratamentos e internamento, novas transferncias de hospital, novo internamento, dores sofridas, causadas pelas leses e teraputicas a que foi sujeita, a cicatriz com que ficou, que a inibe de usar biquini na praia, perda da alegria de viver, tornando-se pessoa inibida e pessimista tudo configura dano no patrimonial seguramente merecedor da tutela do direito e avalivel, por critrios de equidade, na quantia fixada nas instncias: 50.000 .

  • 10-01-2006 Revista n. 3123/05 - 1. Seco Reis Figueira (Relator) Faria Antunes Moreira Alves Contrato de arrendamento Residncia permanente Transmisso da posio do arrendatrio Fim social

    I - O termo residncia no foi utilizado no art. 86 do RAU no seu sentido jurdico, mas no sentido de

    que no se justifica o direito transmisso do arrendamento se o pretenso beneficirio tiver outra casa que possa satisfazer as respectivas necessidades habitacionais imediatas, portanto, outra casa onde possa residir.

    II - O objectivo do direito transmisso do arrendamento , e apenas, evitar que o titular do direito transmisso do arrendamento fique sem casa onde morar, e no tambm permitir-lhe morar em duas casas alternadamente, ou em uma de duas, sua escolha.

    III - No ter o beneficirio da transmisso outra casa onde possa morar (seja sua, arrendada, seja usufru-turio dela, etc.), o ponto de equilbrio socialmente justo, entre o interesse geral, de disponibilizar uma nova casa para o mercado de arrendamento, o interesse do senhorio em colocar de novo a casa no mercado de arrendamento, ou de a vender e assim dar ao comprador a possibilidade de a ocupar ou arrendar, e o interesse do beneficirio da transmisso, que no fica sem casa onde morar.

    IV - Provado que a r dona de uma casa situada numa zona de praia, na rea das Comarcas de Oeiras, Cascais ou Almada, para onde se ausenta para passar os fins de semana, no restam dvidas que a r, titular do direito transmisso do arrendamento de casa situada em Lisboa, nos termos do art. 85, n. 1, al. b), do RAU, v esse direito excludo, pelo facto de ter outra casa em Comarca limtrofe da de Lisboa, onde pode residir.

    10-01-2006 Revista n. 4569/02 - 1. Seco Reis Figueira (Relator) Faria Antunes Moreira Alves Responsabilidade civil Arma de caa Incapacidade do menor Dever de vigilncia Presuno de culpa Responsabilidade solidria

    I - No art. 123 do CC consagra-se uma incapacidade geral de exerccio de direitos de que o menor seja

    titular, a qual admite excepes, como as previstas nos art.s 127, 1601, al. a) e 1850, do CC. II - Trata-se sempre de uma incapacidade que pressupe a existncia de direitos na titularidade do

    menor, os quais simplesmente no podem, em princpio, ser exercidos por este; no se trata de uma insusceptibilidade de responsabilizao pela prtica de actos ilcitos, isto , pela prtica de actos que nem sequer haja o direito de praticar por a lei no o permitir.

    III - Para esta, no respeitante a menores autores de tais actos, vigora o art. 488 do CC, dispositivo que bem claro no sentido de os menores poderem ser responsabilizados civilmente pela prtica de actos ilcitos de que sejam autores, visto que at admite a responsabilizao de menores de sete anos.

    IV - O que exclui a responsabilizao de quem, no momento da prtica do acto ilcito, se encontrava incapacitado de entender ou querer que, aos olhos da lei, constitui falta de imputabilidade, falta essa que at em relao aos menores de sete anos, face ao constante do n. 2, do art. 488, do CC, pode

  • no se verificar, no podendo sequer esquecer-se que os prprios inimputveis podem ser responsabilizados - art. 489 do CC.

    V - Ora, nos presentes autos no se mostra ter o ru menor invocado nem demonstrado qualquer facto de que possa resultar a sua incapacidade de entender ou querer no momento da ocorrncia do sinistro, visto no ter demonstrado no dispor de discernimento bastante para apreciar convenientemente o acto que praticou, quer em si quer quanto s suas consequncias, ou no ter o livre exerccio da sua vontade.

    VI - Tendo o menor 12 anos data do sinistro, j era dotado de esprito crtico capaz de compreender a perigosidade decorrente de uma arma, no podendo o ru deixar de ser responsabilizado pelos danos que imprudentemente causou, visto no dever disparar a arma na direco do autor, apesar da sua convico de esta se encontrar descarregada, sem se certificar de que o estava realmente, actuao que lhe era exigvel.

    VII - Nos termos do art. 1878 do CC, os pais do menor eram titulares de um dever de vigilncia sobre ele, sendo responsveis pelos danos que causasse a terceiros, salvo mostrando que cumpriram tal dever ou que os danos se produziriam ainda que o tivessem cumprido - art. 491 do mesmo Cdigo.

    VIII - O sentido da lei no , nem poderia ser o de impor uma vigilncia constante, obrigando as pessoas com o dever de vigilncia a ter sempre, permanentemente, sob o seu olhar a pessoa a vigiar, no podendo considerar-se culpado quem deixe alguma liberdade s pessoas cuja vigilncia lhe cabe, s pelo facto de lha conceder.

    IX - Mas tal no dispensa o titular do dever de vigilncia de se certificar previamente de que, ao conceder aos menores alguma liberdade, no vai possibilitar a ocorrncia de algum facto danoso a praticar por eles, que seja razovel prever.

    X - manifestamente previsvel que, por curiosidade, e mesmo por simples brincadeira, um menor de 12 anos, que tenha uma arma ao seu alcance, a exiba ou utilize com possibilidade de consequncias graves, pelo que os rus, que sabiam da existncia da arma, no deviam ter consentido na ida dos menores para a dependncia onde se encontrava a espingarda sem se certificarem de que esta se encontrava efectivamente descarregada ou escondida, fora do alcance daqueles.

    XI - No demonstrando t-lo feito, no ilidiram a presuno de culpa que sobre eles recaa (art. 491 do CC), e no mostraram tambm que os danos sofridos pelo autor teriam sido produzidos ainda que tivessem observado o seu dever de vigilncia, donde resulta a sua responsabilidade por aqueles danos, em resultado de facto prprio, que no impede a responsabilidade do seu filho menor, sendo solidria a responsabilidade de todos os rus art. 497, n. 1, do CC. 10-01-2006 Revista n. 3696/05 - 6. Seco Silva Salazar (Relator) Afonso Correia Ribeiro de Almeida Testemunha Inabilidade para depor Gerente Renncia Litigncia de m f Recurso para o Supremo Tribunal Justia

    I - No est inibida de depor como testemunha a pessoa que, tendo sido gerente da sociedade autora, renunciou gerncia mediante declarao efectuada em assembleia geral, no obstante o facto de tal renncia ainda no se encontrar registada.

    II - A comunicao por escrito mencionada no art. 258, n. 1, do CSC uma mera formalidade ad pro-bationem e, nessa medida, pode ser substituda por outro meio de prova que assuma igual fora.

    III - Tendo a r sido condenada (em multa e indemnizao) como litigante de m f na 1. instncia, condenao essa que foi confirmada pelo acrdo recorrido, deve considerar-se que tal questo j

  • foi objecto de recurso em um grau (art. 456, n. 3, do CPC), razo pela qual no pode o STJ conhe-cer do segmento do recurso atinente a tal questo.

    12-01-2006 Revista n. 3387/05 - 2. Seco Ablio Vasconcelos (Relator) Duarte Soares Ferreira Giro Contrato de compra e venda Bem imvel Coisa defeituosa Caducidade da aco

    Tendo o autor comprado um prdio urbano ao ru, que o construiu, e tendo aquele denunciado a este defeitos vrios no decurso do Vero de 2001, deve concluir-se que o direito de exerccio da aco caducou em virtude de a mesma s ter sido intentada em 23-09-2002 (art.s 916, n. 3, e 1225 do CC, na redaco que lhes foi dada pelo DL n. 267/94, de 25-10).

    12-01-2006 Revista n. 3420/05 - 2. Seco Ablio Vasconcelos (Relator) Duarte Soares Ferreira Giro Embargos de executado nus da prova

    Em sede de embargos de executado, cumpre ao embargante alegar e demonstrar a matria de facto, ou seja, a excepo, bastante para colocar em crise o ttulo executivo (art. 342, n. 2, do CC).

    12-01-2006 Revista n. 3420/05 - 2. Seco Ablio Vasconcelos (Relator) Duarte Soares Ferreira Giro Contrato de empreitada Empreiteiro Mora Resoluo do contrato Aceitao da obra

    I - O dono da obra s pode exigir a resoluo do contrato de empreitada se, para alm de no terem sido eliminados os defeitos ou realizada de novo a obra - como sucede para a exigncia da reduo do preo -, tais defeitos tornaram a obra inadequada para o fim a que se destina (art. 1222, n. 1, 2. parte, do CC).

    II - Por outro lado, a simples mora do empreiteiro na execuo da obra no concede ao comitente o direito de resolver o contrato, conquanto no tenha perdido o interesse.

    III - Donde, e por referncia ao caso concreto, o autor, ao aceitar a obra, reconheceu a sua obrigao de pagar o preo, sendo que, tendo sido fixado pelas partes no montante de Esc.56.000.000$00 e tendo sido liquidada a quantia de Esc.44.171.000$00, ter de pagar ao ru a diferena, ou seja, Esc.11.829.000$00.

    12-01-2006

  • Revista n. 2391/05 - 7. Seco Armindo Lus (Relator) Pires da Rosa Custdio Montes Concluses Alegaes Objecto do recurso

    As concluses delimitam o objecto do recurso (art.s 684, n. 3, e 690, n. 1, do CPC), mas as mesmas apenas podem ser formuladas desde que emirjam das alegaes que as precedem.

    12-01-2006 Revista n. 3688/05 - 7. Seco Custdio Montes (Relator) Neves Ribeiro Arajo Barros Acidente de viao Incapacidade permanente parcial Danos no patrimoniais Montante da indemnizao

    Reputa-se de adequada e equitativa a indemnizao no montante de 50.000 (e no de 65.000 , como se julgou no acrdo recorrido) destinada a reparar os danos no patrimoniais sofridos pelo autor, vitima de um acidente de viao - para o qual em nada contribuiu - quando tinha 28 anos de idade e que lhe causou leses (que ainda podem vir a agravar-se e acarretar a imobilizao do p direito) que determinaram uma IPP de 45%, vrias intervenes cirrgicas, dores, sofrimento e tristeza, depresso e ansiedade que tm motivado a prestao de apoio psiquitrico.

    12-01-2006 Revista n. 3837/05 - 7. Seco Custdio Montes (Relator) Neves Ribeiro Arajo Barros Contrato de empreitada Clusula penal

    I - A clusula inserta num concreto contrato de empreitada, nos termos da qual se estabeleceu que a mul-ta a pagar pelo empreiteiro por cada dia til em que a concluso da obra excedesse o prazo acorda-do pelas partes (180 dias contados a partir do 7. dia aps a assinatura do contrato) seria de 1/1000 do quantitativo do valor da obra (Esc.34.780.000$00), no consubstancia uma cumulao inadmis-svel da exigncia simultnea de concluir os trabalhos e de pagar as quantias correspondentes sobredita multa.

    II - Na verdade, o funcionamento de tal clusula sancionatria em nada impede nem neutraliza a eficcia do contrato que, como tal, e nos termos do princpio geral consagrado no art. 406 do CC, continua a dever ser pontualmente cumprido.

    12-01-2006 Revista n. 3875/05 - 2. Seco Duarte Soares (Relator) Ferreira Giro Loureiro da Fonseca

  • Aco de diviso de coisa comum Fraco autnoma Contrato de arrendamento Indivisibilidade

    I - Obsta diviso material da coisa comum (no caso, uma fraco autnoma), em virtude do manifesto prejuzo do fim a que aquela est destinada (art. 209 do CC), a existncia de um contrato de arren-damento a um Estado estrangeiro que nela instalou os servios de embaixada e residncia.

    II - Na verdade, o fim concreto de tal arrendamento no pode ser alterado por vontade unilateral dos locadores, dependendo - de forma exclusiva e decisiva - da vontade do inquilino.

    III - So, pois, as regras relativas cessao do arrendamento urbano, com natureza imperativa (art.s 51 e segs. do RAU) que assim o impem e que in casu se perfilam como obstculo intransponvel diviso material da coisa comum.

    12-01-2006 Revista n. 4035/05 - 2. Seco Duarte Soares (Relator) Ferreira Giro Loureiro da Fonseca Registo predial Presuno juris tantum Valor probatrio

    I - O registo da propriedade respeita a factos jurdicos causais dos direitos reais, mas j no sua mate-rialidade - composio fsica dos prdios -, pelo que a presuno do art. 7 do CRgP no abrange os seus elementos descritivos.

    II - Desta forma, nada obsta a que sobre a exacta configurao dos prdios - demarcao e definio da respectiva linha divisria - se produza qualquer tipo de prova.

    12-01-2006 Revista n. 4095/05 - 2. Seco Duarte Soares (Relator) Ferreira Giro Loureiro da Fonseca Sociedade comercial Administrador Dever de diligncia Poderes da Relao Matria de facto Nexo de causalidade Recurso para o Supremo Tribunal de Justia

    I - Do art. 64 do CSC resulta que o mandato concedido aos administradores tem como fim primeiro a representao da sociedade (no interesse da sociedade) e como referncia o interesse dos scios e dos trabalhadores, ou seja, o fim social e comum da sociedade.

    II - No se trata, pois, de um dever para com os scios ou trabalhadores, mas antes para com a sociedade como mandante.

    III - Este dever de diligncia deve ser definido e apreciado em cada caso concreto, de acordo com as tarefas societrias atribudas ao(s) scio(s) administrador(es), e situa-se acima da exigncia prevista para o bnus pater familiae, critrio que tem a sua importncia para averiguao da responsabilida-de civil.

    IV - A Relao, no mbito da sua actividade censria da sentena da 1. instncia, pode extrair juzos de valor sobre a matria de facto apurada, incluindo tal actividade o poder de corrigir e de completar

  • essa mesma deciso, quer quanto ao julgamento da matria de facto, quer quanto resposta a qual-quer questo de direito.

    V - A vertente naturalstica do nexo de causalidade (apurar se, na sequncia do processamento natural dos factos, estes funcionaram ou no como factor desencadeador ou como condio detonadora do dano) constitui matria de facto da exclusiva competncia das instncias e, consequentemente, de sindicncia vedada ao STJ.

    12-01-2006 Revista n. 3550/05 - 2. Seco Ferreira Giro (Relator) Loureiro da Fonseca Bettencourt de Faria Poderes da Relao Matria de facto Apreciao da prova Aco de reivindicao

    I - Nada obsta a que no acrdo da Relao se conhea de um facto provado por documento autntico junto os autos (a certido do registo predial do imvel reivindicado), como decorre (e at impe) do n. 3 do art. 659, aplicvel ex vi art. 713, n. 2, ambos do CPC, e se lhe d a relevncia presuntivo-legal - que dele emana nos termos do art. 7 do CRgP e que a sentena da 1. instncia havia des-considerado - sobre o direito de propriedade de um concreto imvel a favor dos autores.

    II - Assim como nada impede que depois, apreciando-se livremente (art. 664 do CPC) e em termos jur-dicos os demais factos dados com provados pela 1. instncia, o mesmo acrdo da Relao conclua que eles no integram a usucapio invocada pelo recorrente (a favor de X e Y) para elidir a citada presuno legal.

    12-01-2006 Revista n. 3671/05 - 2. Seco Ferreira Giro (Relator) Loureiro da Fonseca Bettencourt de Faria Nexo de causalidade Matria de facto Matria de direito Recurso para o Supremo Tribunal de Justia

    I - Para efeitos civilsticos, e diversamente do que sucede no mbito do direito penal, o nexo de causali-dade no exige que a aco ou omisso seja causa nica, directa e imediata do dano, pois o art. 563 do CC consagra a vertente mais ampla da causalidade adequada, ou seja, a da sua formulao nega-tiva.

    II - Esta vertente negativa no pressupe, pois, a exclusividade do facto condicionante do dano nem exige que a causalidade tenha de ser directa e imediata, pelo que admite no s a ocorrncia de outros factos condicionantes, contemporneos ou no, como ainda a causalidade indirecta, bastando que o facto condicionante desencadeie outro que directamente suscite o dano.

    III - Dai que, para esta modalidade, o facto-condio s no deve ser considerado causa adequada do dano quando se mostre, pela sua natureza, de todo inadequado e o haja produzido apenas por ocor-rncia de circunstncias anmalas ou excepcionais.

    IV - Como a questo do nexo de causalidade se desdobra em duas vertentes, a naturalstica (saber se determinado facto teve origem fenomenolgica em determinado facto) e a jurdica (apurar se esse nexo causal naturalstico pode ser considerado causa adequada nos termos do art. 563 do CC), sen-do entendimento pacfico o de que s esta segunda vertente pode ser sindicada pelo STJ, tem este que aceitar como definitiva a deciso do acrdo recorrido que considerou que os danos nos jardins

  • e nos muros dos recorridos foram originados pela inundao consequente a uma tromba de gua e que o aluimento/abatimento das terras que aquela determinou nada tem de relevante, pois trata-se de uma causa sucednea, ou seja, de um tambm efeito da sobredita inundao (causa primria), sendo que esta nem por isso afectada na sua relevncia.

    12-01-2006 Revista n. 3707/05 - 2. Seco Ferreira Giro (Relator) Loureiro da Fonseca Bettencourt de Faria Acidente de viao Incapacidade permanente parcial Danos no patrimoniais Montante da indemnizao

    A quantia de 7.500 mostra-se adequada para reparar os danos no patrimoniais sofridos pelo autor que, em consequncia de um acidente de viao para o qual em nada contribuiu, padeceu de dores muito intensas, sujeitou-se a trs intervenes cirrgicas (duas com anestesia geral e uma com epidural, sendo certo que ter de submeter-se a outras mais), esteve internado no hospital de 09-10-1997 a 07-11-1997, suportou profunda tristeza, angstia e abalo psicolgico, viu reduzida a sua prtica desportiva a apenas alguns desportos, ficou com uma IPP de 5% e passou a sofrer de dano esttico moderado, facto este que lhe gera sofrimento moral e psicolgico por sentir desvalorizada a sua imagem corporal.

    12-01-2006 Revista n. 3768/0 - 2. Seco Ferreira Giro (Relator) Loureiro da Fonseca Bettencourt de Faria Testemunha Inabilidade para depor Incidente processual Recurso de agravo Recurso de apelao Divrcio litigioso Deveres conjugais Violao Culpa

    I - Os impedimentos testemunhais apenas podem ser atacados por via da deduo do respectivo inciden-te, logo aps o interrogatrio preliminar (art.s 635 e ss. do CPC), cabendo recurso para a Relao do despacho que o decida.

    II - No padece, pois, da nulidade prevista no art. 668, n. 1, al. d), do CPC o acrdo da Relao que no conheceu da questo somente suscitada na apelao e relativa nulidade do depoimento de uma dada testemunha.

    III - O facto de o autor ter chamado cabra e vaca r e de ter ameaado o filho de ambos com uma catana no permite concluir in casu pela violao culposa de qualquer dever conjugal, por duas razes: por um lado, embora objectivamente injuriosas, o no apuramento das circunstncias em que o autor proferiu tais expresses e a circunstncia de a r no ter deduzido pedido reconvencio-nal (tendo at lutado pela improcedncia da aco), so razes suficientes para no se dar relevn-cia, em termos de culpa, a tal facto; por outro lado, a sobredita ameaa, embora reveladora da m relao entre pai e filho, completamente irrelevante para a deciso da causa, dado que no a concreta relao filial que est em discusso, mas antes a relao conjugal entre a r e o autor.

  • 12-01-2006 Revista n. 3846/05 - 2. Seco Ferreira Giro (Relator) Loureiro da Fonseca Bettencourt de Faria Contrato de arrendamento Revogao Cabea-de-casal Legitimidade Restituio de imvel Aco de reivindicao Obrigao real Excepo de no cumprimento

    I - vlido o acordo revogatrio de um concreto contrato de arrendamento, celebrado entre senhorio (cabea-de-casal da herana integrada pelo arrendado) e arrendatrio e com efeitos a partir da data da sua celebrao, nos termos do qual os intervenientes estabeleceram a obrigao de os conviven-tes com a arrendatria entregarem o locado (ora reivindicado) assim que esta falecesse e de o senhorio, aps tal decesso, proceder a obras de restauro e melhoramento de uma outra casa da herana, que daria de arrendamento queles.

    II - A obrigao assumida pelo cabea-de-casal de restaurar e melhorar um imvel da herana para depois o arrendar a terceiros uma obrigao vlida, pois, constituindo a locao, para o locador, um acto de administrao ordinria (art. 1024 do CC), aquele tem legitimidade para, nessa quali-dade, assumir as obrigaes locatcias que entender relativamente aos bens da herana (art. 2079 do CC).

    III - Sendo adquirido o sobredito imvel reivindicado pelo autor (alis, neto do de cujus), atravs de escritura notarial de partilha, este passou a encabear o direito de propriedade sobre o bem com base no qual o cabea-de-casal assumiu a obrigao em causa.

    IV - Com efeito, o herdeiro sucede nas obrigaes do autor da herana e o adquirente do direito com base no qual foi assumida a obrigao locatcia sucede nos direitos e nas obrigaes do locador, no podendo sequer eximir-se ao seu cumprimento sob a invocao de as desconhecer (a no ser que se trate de contrato sujeito a registo, o que no o caso) - art.s 1057 e 2024 do CC.

    V - Por outro lado, a obrigao assumida pelo senhorio em I est de tal modo ligada ao prdio reivindi-cado que por ela responde quem for o titular do direito de propriedade daquele.

    VI - Por isso que, dada a sua natureza hbrida de obrigao propter ou ob rem, os efeitos decorrentes do seu incumprimento, no so meramente obrigacionais, determinantes apenas de uma indemnizao ressarcitria, a cargo do incumpridor.

    VII - Donde, ela tem que ser efectivamente cumprida por quem for o titular do prdio em apreo e, enquanto tal no suceder, os conviventes com a arrendatria, entretanto falecida, tm a faculdade recusarem cumprir aquela a que, por seu turno e sinalagmaticamente, decorre do mencionado acor-do revogatrio e que a de restiturem o imvel em causa (art. 428 do CC).

    12-01-2006 Revista n. 3874/05 - 2. Seco Ferreira Giro (Relator) Loureiro da Fonseca Bettencourt de Faria Direito de propriedade Arrendatrio Violao Enriquecimento sem causa

  • I - Resultando dos factos provados que a autorizao dada pelo senhorio e proprietrio para a colocao de painis publicitrios no prdio (galeria comercial) onde se situa o arrendado foi concedida sob a condio da sua aprovao pelos servios (camarrios) competentes, a recusa destes em emitir a necessria licena tornou ilegtima aquela colocao e lesiva do direito de propriedade do autor (art. 1305 do CC).

    II - Revelando os mesmos factos que foram colocados no arrendado, em Dezembro de 1997, quatro pai-nis publicitrios nas entradas da galeria comercial do prdio do autor, sem o consentimento deste, deve concluir-se que a utilizao da propriedade do autor para fins publicitrios da actividade comercial desenvolvida pela r no arrendado (loja) notoriamente favorvel e proveitosa para esta, at pelo objectivo inerente colocao de painis publicitrios (captar a ateno do pblico para a existncia de bens comercializados nesse estabelecimento, potenciando assim as vendas).

    III - Carecendo tal utilizao de causa justificativa, e sendo a vantagem patrimonial obtida atravs de bem pertencente ao autor, no pode o ru deixar de se constituir na obrigao de indemniz-lo pelos prejuzos provocados, ao abrigo do disposto no art. 473 do CC.

    IV - No havendo elementos para a quantificao da utilidade econmica dos indicados painis publici-trios, deve relegar-se para liquidao em execuo de sentena o montante do locupletamento.

    12-01-2006 Revista n. 3745/05 - 7. Seco Ferreira de Sousa (Relator) Armindo Lus Pires da Rosa Acrdo por remisso Constitucionalidade Recurso para o Supremo Tribunal de Justia Matria de facto Livre apreciao da prova

    I - O acrdo da Relao que remete para os fundamentos e deciso da sentena, como lhe permitido ao abrigo do disposto no art. 713, n.s 5 e 6 do CPC, logra cumprir o imperativo legal e constitu-cional da fundamentao das decises judiciais.

    II - Excede o objecto do recurso de revista a deciso da matria de facto baseada nos meios de prova de livre valorao pelas instncias, como so os depoimentos das testemunhas (art.s 396 do CC e 655, n. 1, do CPC).

    12-01-2006 Revista n. 3854/05 - 7. Seco Ferreira de Sousa (Relator) Armindo Lus Pires da Rosa Consulado Portugus Contrato de depsito Quitao Coaco moral

    I - Constitui um depsito sui generis aquele que foi feito num Consulado de Portugal, por cidados por-tugueses, ao abrigo do Regulamento Consular.

    II - Condicionada pelo Estado a entrega do valor do depsito subscrio, pelo depositante, da declara-o de que "nada mais ter que reclamar ao Estado Portugus quanto aos mesmos depsitos", no se verificam os pressupostos da coaco moral, visto que tal exigncia se integra no direito de qui-tao previsto no art. 787 do CC, visando evitar a apresentao de futuras reclamaes.

    12-01-2006

  • Revista n. 2686/05 - 2. Seco Loureiro da Fonseca (Relator) Bettencourt de Faria Pereira da Silva Interpretao da vontade Clusula penal

    I - A interpretao da vontade negocial matria de facto que no cabe na competncia do STJ, mas este pode apreciar se, na interpretao dada pela Relao, houve violao das regras dos art.s 236, n. 1, e 238, n. 1, do CC, pois trata-se neste caso de questo de direito.

    II - A clusula negocial aposta num contrato de fornecimento nos termos da qual se fez constar que o incumprimento de qualquer clusula deste contrato obriga o contraente faltoso a pagar outra parte uma indemnizao no valor de Esc.3.000.000$00 interpretada por um declaratrio normal (medianamente instrudo, diligente e sagaz), colocado na posio do real declaratrio, no sentido de que a violao de qualquer das clusulas contratuais implica para o contraente em falta a obrigao de pagar outra parte uma indemnizao no valor de Esc.3.000.000$00 (art.s 236, n. 1, e 238, n. 1, do CC), podendo tal violao contratual consistir tanto no incumprimento definitivo como no simples retardamento da prestao (mora).

    12-01-2006 Revista n. 3291/05 - . Seco Loureiro da Fonseca (Relator) Bettencourt de Faria Pereira da Silva mbito do recurso Questo nova Presunes Ilaes Matria de facto Recurso para o Supremo Tribunal de Justia Simulao Partilha dos bens do casal

    I - O mbito do recurso delimitado pelas concluses da alegao (salvo os casos de conhecimento ofi-cioso), transitando em julgado as questes nelas no contidas.

    II - Os tribunais de recurso apenas podem conhecer das questes suscitadas pelas partes e decididas pelos tribunais inferiores.

    III - Compete exclusivamente s instncias fixar os factos e deles tirar concluses e ilaes lgicas. IV - So requisitos da simulao: a divergncia entre a declarao negocial e a vontade real do declaran-

    te; o acordo entre declarante e declaratrio para produzir tal divergncia; o intuito de enganar tercei-ros.

    V - A simulao tanto pode ocorrer nos contratos como noutras situaes jurdicas, como nos testamen-tos e nas partilhas de bens, por exemplo, e o acordo que a mesma contm pode fazer-se com o bene-ficirio do negcio.

    VI - Um dos negcios simulados mais frequente o da fraude contra credores, pela qual o devedor finge dispor dos seus bens para evitar que, em caso de incumprimento, os credores os venham a penhorar.

    VII - Resultando dos factos provados que: os rus contraram casamento civil, com escritura antenupcial onde foi convencionado o regime de separao absoluta de bens, em 14-10-1961; por sentena pro-ferida no mbito dos autos de divrcio por mtuo consentimento, transitada em julgado, foi decre-tado o divrcio dos rus; os rus, por escritura pblica celebrada em 16-08-1993, procederam par-tilha (subsequente ao divrcio) do imvel composto de cave, rs-do-cho e logradouro, sito na Rua X, freguesia da Campanh, Porto; os mesmos rus voltaram a casar civilmente, sob o regime impe-rativo da separao de bens, no dia 10-11-1997; os rus sempre comeram mesma mesa, dormiram

  • sob o mesmo tecto e sempre dormiram na mesma cama; o 1. ru no quis abdicar do sobredito bem imvel, alis, o nico que possua e era dono, muito menos pelo preo que ficou a constar na escri-tura da partilha, de Esc.750.000$00; a 2. r no recebeu qualquer preo do 1. ru pela aquisio e partilha desse imvel e nem o 1. ru nem a 2. r quiseram vender, comprar ou partilhar a compro-priedade desse prdio (um com o outro); o que os rus fizeram, relativamente compra, venda, par-tilha e divrcio foi com o intuito de enganar terceiros, nomeadamente os credores, com o objectivo do 1. ru no ter bens susceptveis de penhora; o 1. ru sempre viveu no prdio objecto da venda ou da partilha que fez com a 2. r; sempre a fez a sua residncia, pois a se encontra recenseado como eleitor, a recebe amigos, vizinhos e visitas; deve concluir-se que a partilha que os rus efec-tuaram logra preencher os requisitos da simulao e, como tal, nula (art. 240 do CC).

    12-01-2006 Revista n. 3324/05 - 2. Seco Loureiro da Fonseca (Relator) Bettencourt de Faria Pereira da Silva Contrato de mtuo Pagamento em prestaes Vencimento Perda do benefcio do prazo Exigibilidade da obrigao

    Nas obrigaes cujo objecto se encontra dividido em fraces, o no pagamento atempado de uma pres-tao implica o vencimento imediato das demais (art. 781 do CC), independentemente de interpe-lao ao devedor.

    12-01-2006 Revista n. 3520/05 - 2. Seco Loureiro da Fonseca (Relator) Bettencourt de Faria Pereira da Silva Acidente de viao Responsabilidade pelo risco Limite da indemnizao

    I - O art. 508, n. 1, do CC, na redaco que lhe foi dada pelo artigo nico do DL n. 59/2004, de 19-03, e com o sentido fixado pelo AC UNIF JURISP n. 3/2004, aplica-se apenas s situaes ocorridas aps o incio da vigncia do DL n. 3/96, de 25-01.

    II - Tendo o acidente dos autos ocorrido em 21-12-1986, deve aplicar-se o disposto no mesmo art. 508, n. 1, do CC, mas com a redaco que lhe foi conferida pelo art. 1 do DL n. 190/85, de 24-06, a qual estabelecia como limites mximos da indemnizao, no caso de morte ou leso de uma pessoa, o montante correspondente ao dobro da alada da Relao, que ento ascendia a Esc.400.000$00 (art. 1 do DL n. 264-C/81, de 03-09).

    12-01-2006 Revista n. 3552/05 - 2. Seco Loureiro da Fonseca (Relator) Bettencourt de Faria Pereira da Silva Poderes da Relao Ilaes Matria de facto

  • Recurso para o Supremo Tribunal de Justia Litigncia de m f Conhecimento oficioso

    I - lcito Relao, como instncia final de fixao da matria de facto, extrair ilaes da matria de facto, ou seja, juzos de valor sobre factos que no envolvem interpretao de normas jurdicas.

    II - Tais ilaes constituem ainda matria de facto, a qual no pode ser sindicada pelo STJ. III - O Tribunal deve oficiosamente condenar a parte, como litigante de m f, caso se verifiquem os

    requisitos previstos na lei (art. 456 do CPC).

    12-01-2006 Revista n. 3770/05 - 2. Seco Loureiro da Fonseca (Relator) Bettencourt de Faria Pereira da Silva Contrato de arrendamento Contrato-promessa Resoluo Obrigao de restituio

    I - No regulamento contratual da promessa, as partes podem, atento o princpio da liberdade contratual (art. 405 do CC), convencionar determinadas obrigaes a vigorar durante a vigncia do contrato-promessa.

    II - Podem, por isso, num contrato-promessa de arrendamento estipular uma retribuio pela fruio do espao prometido arrendar.

    III - Tendo sido validamente resolvido pela r (promitente-arrendatria) o contrato-promessa de arren-damento sub jdice, deve a mesma ser condenada no pagamento do valor correspondente utiliza-o do imvel prometido arrendar, ou seja, as retribuies acordadas e no pagas (art.s 433 e 289, n. 1, do CC).

    12-01-2006 Revista n. 3849/05 - 2. Seco Loureiro da Fonseca (Relator) Bettencourt de Faria Pereira da Silva Clusula penal Reduo Conhecimento oficioso

    I - A clusula penal destinada a assegurar o ressarcimento e a forar o cumprimento aplica-se haja ou no danos.

    II - A reduo de uma clusula penal no de conhecimento oficioso.

    12-01-2006 Revista n. 3664/05 - 2. Seco Moitinho de Almeida (Relator) * Noronha Nascimento Ablio Vasconcelos Insolvncia Gerente Estabelecimento comercial Trespasse

  • Sociedades comerciais Falncia Solidariedade

    Para efeitos do disposto no art. 126-A, n. 1, do CPEREF, no se pode considerar que os gerentes de uma sociedade contriburam de modo significativo para a situao de insolvncia pelo simples facto de terem alienado o respectivo estabelecimento.

    12-01-2006 Revista n. 3691/05 - 2. Seco Moitinho de Almeida (Relator) * Noronha Nascimento Ablio Vasconcelos Contrato de crdito ao consumo Forma do contrato Forma escrita Clusula contratual geral Fiador

    I - O art. 6 do DL n. 359/91, de 21-09, que, nos contratos de crdito ao consumo, exige a entrega de um exemplar do contrato ao consumidor no momento da respectiva assinatura, contempla a forma de concluso do contrato em que ambas as partes se encontram presentes e, assim, no se aplica quando assinado pelo muturio fora da presena do mutuante e a este enviado.

    II - As clusulas inseridas depois da assinatura de um dos contraentes so excludas do contrato (art. 8, al. d), do DL n. 446/85, disposio que no se limita a estabelecer a presuno do desconhecimen-to de tais clusulas, elidvel pelo utilizador).

    III - No constitui requisito substancial da fiana o conhecimento integral do mbito da responsabilidade do fiador, bastando a determinabilidade do seu objecto.

    IV- O art. 5 do DL n. 446/85 exige a entrega ao fiador de um exemplar do contrato, mas a fiana sub-siste se os seus requisitos essenciais resultarem das condies particulares, integradas pelas disposi-es legais supletivas (art. 9, n. 1, do mesmo diploma).

    12-01-2006 Revista n. 3756/05 - 2. Seco Moitinho de Almeida (Relator) * Noronha Nascimento Ablio Vasconcelos Estabelecimento comercial Trespasse Aluguer Boa f Resoluo Alterao das circunstncias

    I - O trespasse do estabelecimento comercial levado a cabo pelo locat-rio de equipamento (de segurana) destinado a ser utilizado nesse

    estabelecimento, ainda que impossibilite o locatrio/trespassante

    de tirar proveito desse equipamento, no constitui alterao anor-

    mal ou imprevisvel das circunstncias em que as partes fundaram a

    deciso de contratar, designadamente porque tal alterao resultou

    da prpria vontade daquele locatrio (art. 437 do CC).

    II - Ademais, e tendo em conta a natureza do concreto contrato de

    aluguer, no qual o prazo assume particular relevncia na amortiza-

  • o do material dele objecto, no se v que seja gravemente aten-

    tatrio dos princpios da boa f que o locatrio se mantenha ads-

    trito ao pagamento das respectivas rendas, em caso de cesso do

    estabelecimento onde o equipamento de segurana (locado) se encon-

    trava instalado.

    III- As dificuldades comerciais resultantes do risco normal de quem

    exerce actividades comerciais, em que a mira do lucro pode ser

    ensombrada pelo espectro do prejuzo, no constituem em si altera-

    es anormais nos termos e para os efeitos do art. 437 do CC.

    12-01-2006 Revista n. 3865/05 - 2. Seco Moitinho de Almeida (Relator) Noronha Nascimento Ablio Vasconcelos Doao Municpio Abuso do direito

    No configura uma situao de abuso de direito, clamorosamente ofensiva do sentimento de justia dominante e conducente nulidade da doao, a conduta de um Municpio que, no exerccio de um seu poder e luz das finalidades prprias das autarquias, construiu uma biblioteca quando o doador dos terrenos condicionou a doao ao compromisso de fazer arruamentos, parques de estaciona-mento e espaos verdes, dado que em qualquer dos casos se prosseguiu o interesse pblico.

    12-01-2006 Revista n. 4084/05 - 2. Seco Moitinho de Almeida (Relator) Noronha Nascimento Ablio Vasconcelos Contrato-promessa de compra e venda Cesso da posio contratual Contrato prometido Devedor Terceiro Cumprimento

    I - Resultando dos factos provados que o autor foi cessionrio no contrato de cesso de posio contra-tual em que o primitivo-comprador - A - lhe cedeu a sua posio de promitente e que ficou estipu-lado, contudo, numa das clusulas dessa cesso que A pagaria ao ru, promitente-vendedor, a parte do preo ainda no paga, deve concluir-se que o teor desta concreta clusula algo que contende com uma obrigao estritamente assumida por A perante o autor, sem qualquer interferncia ou influncia em relao ao ru.

    II - Perante este - promitente-vendedor - o resto do preo teria que ser pago pelo autor que, na sequncia e por fora da cesso da posio contratual, passou a ser promitente-comprador.

    III - Ou seja, a obrigao de pagamento emergente da promessa passou a incidir, por fora da cesso, sobre o autor; simplesmente, A comprometeu-se perante aquele a pagar ao ru esse preo ainda em dvida, como meio de cumprir a dao em pagamento referida numa outra clusula da mesma ces-so, resumindo-se tudo a uma prestao assumida e feita por terceiro nos termos permitidos nos art.s 767 e 768 do CC, e que, por isso, o ru concretamente no podia recusar.

    12-01-2006 Revista n. 3386/05 - 2. Seco

  • Noronha Nascimento (Relator) Ablio Vasconcelos Duarte Soares Contrato de seguro Resoluo do negcio Declarao receptcia Interpretao da vontade Contrato a favor de terceiro

    I - A nulidade do contrato ou a sua anulabilidade no depende de uma manifestao de vontade um dos contraentes independente da sanidade do acto; depende, antes, de se terem violado ou no regras legais que consagram requisitos de forma legal ou de transparncia e correco na transmisso da vontade.

    II - Vale isto por dizer que no pelo facto de um dos contraentes ter pedido a nulidade de um dado negcio jurdico que este nulo, pois, tendo sido observadas as normas legais que regulam a lisura contratual, ele vlido.

    III - Donde, a missiva remetida pelo segurado seguradora, na qual tanto pede a nulidade da aplice como que esta fique sem efeito e se anule o contrato, equivale a uma declarao resolutiva do con-trato de seguro, cujos efeitos se produzem assim que a dita carta chega ao conhecimento da segura-dora.

    IV - A aplice de seguro que no refere (expressa ou implicitamente) a existncia de algum beneficirio da prestao obrigacional a efectuar pela seguradora no pode consubstanciar-se num contrato a favor de terceiro.

    V - Constando tal referncia do contrato, a resoluo operada pelo tomador eficaz caso a mesma seja anterior aceitao ou adeso promessa que o contrato a favor de terceiro comporta (art.s 444, 447 e 448 do CC).

    12-01-2006 Revista n. 3509/05 - 2. Seco Noronha Nascimento (Relator) Ablio Vasconcelos Duarte Soares Recurso para o Supremo Tribunal de Justia Casamento Prova

    I - A pretensa violao do disposto no art. 484 do CPC no cabe na previso da parte final do n. 2 do art. 722 do mesmo Cdigo.

    II - Nas aces de incumprimento contratual, a prova do casamento de qualquer das partes no exige a juno do competente documento autntico, pois o estado civil daquelas no o pomo nuclear da lide.

    12-01-2006 Revista n. 3694/05 - 2. Seco Noronha Nascimento (Relator) Ablio Vasconcelos Duarte Soares Contrato-promessa de compra e venda Incumprimento definitivo Restituio do sinal em dobro

  • I - Resultando dos factos provados que: cabia aos promitentes-vendedores designar a data da outorga do contrato-prometido; fizeram-no sem, porm, respeitar a dilao que a competente clusula contra-tual impunha (oito dias); na data acordada, e porque os promitentes-compradores no tinham des-bloqueado o emprstimo bancrio que j estava autorizado, pois interpunha-se um fim-de-semana, acordaram as partes em adiar a data do contrato; a partir da nada mais se passou, a no ser a venda pelos promitentes-vendedores do imvel prometido a um terceiro, cerca de um ms e uma semana depois dos factos acima descritos; deve concluir-se que se est perante um manifesto incumprimen-to definitivo dos promitentes-vendendores.

    II - Por um lado, cabia-lhes designar a nova data para a celebrao da escritura pblica de acordo com a promessa bilateral consensualizada entre as partes, o que no fizeram, no ilidindo assim a presun-o de culpa que sobre si recai (art. 799 do CC).

    III - Por outro lado, porque ainda no coubesse especificamente a nenhum dos contraentes o nus de designar a nova data do contrato definitivo, e ainda que se tivesse iniciado uma nova fase moratria eventualmente imputvel a qualquer um deles, a venda que os promitentes-vendedores acabaram por realizar um ms depois a terceiros, transmitindo-lhes a propriedade do imvel em causa, trans-mutou-se num incumprimento definitivo j que a partir da a promessa celebrada no mais pde ser especificamente cumprida.

    IV - Est-se, pois, no mbito da previso do art. 801 do CC, e porque o incumprimento se reporta a um contrato-promessa, os promitentes-vendedores devem devolver contraparte, indemnizatoriamente, o dobro do sinal recebido (art.s 410 e ss. e 442 do CC).

    12-01-2006 Revista n. 3759/05 - 2. Seco Noronha Nascimento (Relator) Ablio Vasconcelos Duarte Soares Casamento Prova Contrato de crdito ao consumo Incumprimento Dvida de cnjuges Proveito comum do casal Matria de direito

    I - Quando os demandados em aco de dvida, pessoal e regularmente citados, no discutem o estado civil que o demandante lhes atribui, resulta dispensvel a prova documental imposta pelo CRgP na rea que lhe prpria.

    II - A existncia de patrimnio comum concluso de direito a extrair do regime de bens do casal. III - O proveito comum que constitui requisito da responsabilizao de ambos os cnjuges, nos termos

    da al. c) do n. 1 do art. 1691 do CC, pelas dvidas contradas apenas por um integra conceito jur-dico que deve poder deduzir-se dos factos materiais invocados na petio inicial.

    12-01-2006 Revista n. 3427/05 - 2. Seco Oliveira Barros (Relator) * Salvador da Costa (com declarao de voto) Ferreira de Sousa Anulao do julgamento Ambiguidade Obscuridade Respostas aos quesitos Matria de facto Alterao

  • Resoluo do negcio Resciso de contrato

    I - A anulao dum julgamento para sua repetio em ordem a desfazer a obscuridade ou ambiguidade da resposta dada a determinado quesito no acarreta a proibio de ulterior alterao da deciso sobre a matria de facto em vista de prova documental constante dos autos.

    II - A resoluo ou resciso dos contratos efectua-se sempre, conforme art. 436, n. 1, do CC, mediante declarao (comunicao) dirigida por uma das partes parte contrria.

    III - Quando essa declarao no tiver ocorrido anteriormente, sempre, ao menos, a citao para aco que tal envolva ter de haver-se, luz do disposto nos art.s 236, n. 1, e 295 do CC, como comuni-cao da resoluo do contrato.

    12-01-2006 Agravo n. 3516/05 - 2. Seco Oliveira Barros (Relator) * Salvador da Costa Ferreira de Sousa Incapacidade permanente parcial Danos futuros Indemnizao

    I - A limitao da condio fsica, que a deficincia, dificuldade ou prejuzo de certas funes ou activi-dades do corpo, ou seja, o handicap que a IPP sempre envolve ou acarreta, determina necessaria-mente, at pelas suas consequncias psicolgicas, diminuio da capacidade laboral genrica e dos nveis de desempenho exigveis.

    II - Mesmo quando no tanto assim na actividade profissional at ento exercida, de considerar tambm outra qualquer, isso coloca o lesado em posio de inferioridade no confronto com as demais pes-soas no mercado de trabalho.

    III - Ferida a integridade psicossomtica plena, as sequelas permanentes que integram o dano corporal importam, pois, normalmente, diminuio, pelo menos, da capacidade geral de ganho do lesado.

    IV - Como assim, mesmo se no perspectivada de imediato diminuio dos seus conjecturais proventos futuros, o dano corporal ou biolgico importa, de per si, prejuzo indemnizvel, consoante art.s 564, n. 2, e 566, n. 3, do CC, a ttulo de dano patrimonial futuro, independentemente da perda efectiva, actual, de rendimento.

    12-01-2006 Revista n. 3548/05 - 7. Seco Oliveira Barros (Relator) * Salvador da Costa Ferreira de Sousa Venda executiva Registo Predial Presuno Usucapio

    A aquisio de uma fraco autnoma por adjudicao (de boa f) no mbito de uma aco executiva no prevalece sobre a aquisio por usucapio do mesmo bem, pois esta, enquanto forma originria de aquisio de direitos, com efeitos retroactivos plenos em relao a quem quer que seja, indepen-dentemente de registo, sobrepe-se eficcia meramente presuntiva do registo predial, excepto nos casos em que este anterior ao incio da posse em que a usucapio assenta.

    12-01-2006 Revista n. 3580/05 - 7. Seco

  • Oliveira Barros (Relator) Salvador da Costa Ferreira de Sousa Acidente de viao Incapacidade permanente parcial Danos futuros Clculo da indemnizao Responsabilidade pelo risco Transporte gratuito Limite da indemnizao Acrdo uniformizador de jurisprudncia

    I - A quantificao dos danos patrimoniais resultantes da perda da capacidade aquisitiva ou de trabalho do lesado no pode ser determinada com base numa pura operao matemtica (perda mensal x 14 mensalidades x nmero de anos at aos 65 anos), mas antes atravs de um juzo de equidade e tendo em conta, alm de outros elementos, o tempo provvel da vida activa, os rendimentos auferidos, o dispndio relativo a necessidades prprias, a depreciao da moeda e, naturalmente, o grau de inca-pacidade.

    II - Ainda assim, admissvel o recurso a frmulas matemticas ou de clculo financeiro para a fixao da indemnizao dos danos futuros, mas aquelas devem ser meramente orientadoras e explicativas do sobredito juzo de equidade.

    III - Comprovando-se nas instncias que dois veculos colidiram entre si numa estrada municipal em 17-09-1995, sem que a nenhum dos condutores se possa assacar a culpa efectiva, sendo os lesados transportados gratuitamente num dos veculos, ao condutor do outro que se deve impor a obriga-o de indemnizar os transportados.

    IV - O art. 508, n. 1, do CC, que fixa os limites mximos da indemnizao, encontra-se tacitamente revogado pelo art. 6 do DL n. 522/85, de 31-12, na redaco do DL n. 3/96, de 25-01 (AC UNIF JURISP n. 3/2004, de 25-03-2004), norma esta que aplicvel s hipteses de responsabilidade civil a ttulo de risco em que, data da sua entrada em vigor (01-01-1996), j ocorreu o facto cons-titutivo dessa responsabilidade.

    V - Por isso, os limites do risco a que se tem que atender no caso vertente so iguais aos que o seguro automvel obrigatrio fixava data do acidente (17-09-1995) como limites mnimos.

    12-01-2006 Revista n. 4269/04 - 7. Seco Pires da Rosa (Relator) Custdio Montes (voto de vencido) Neves Ribeiro Oliveira Barros Arajo Barros (voto de vencido) Acrdo uniformizador de jurisprudncia Actualizao da indemnizao Juros de mora

    I - O sentido da uniformizao jurisprudencial decidida no AC UNIF JURISP n. 4/2002 o de que sempre que h clculo actualizado, os juros contam-se a partir da deciso actualizadora e no a par-tir da citao.

    II - Logo, se no h clculo actualizado, os juros contam-se a partir da citao. III - Assim, e numa formulao mais sugestiva, onde h actualizao no h juros; onde no h actuali-

    zao, h juros.

    12-01-2006 Revista n. 190/05 - 7. Seco

  • Pires da Rosa (Relator) Custdio Montes Neves Ribeiro Regulao do poder paternal Processo de jurisdio voluntria Recurso para o Supremo Tribunal de Justia

    I - A aco de regulao do exerccio do poder paternal corresponde a um processo de jurisdio volun-tria, estando assim vedado ao STJ (art.s 1411, n. 2, do CPC e 150 da OTM) sindicar os critrios de convenincia ou oportunidade que as instncias usaram para fundamentar as decises regulado-ras da questo surgida entre os progenitores.

    II - Neste domnio, o STJ pode, to s, sindicar as decises que se fundamentem em critrios de legali-dade estrita e que no tenham sido (tambm) determinadas por consideraes de oportunidade ou convenincia.

    12-01-2006 Revista n. 1645/05 - 2. Seco Rodrigues dos Santos (Relator) Moitinho de Almeida Noronha Nascimento Poderes da Relao Poderes da Relao Anulao de julgamento Matria de facto Recurso para o Supremo Tribunal de Justia

    Nos termos do disposto no art. 712, n. 6, do CPC, o STJ no pode sindicar a deciso da Relao que, no mbito de uma liquidao requerida nos termos do art. 806 do CPC, anulou o julgamento e os actos posteriores, sentena includa, por ter julgado a prova produzida insuficiente para fixar a quantia devida, e determinou ainda que o tribunal a quo completasse a prova mediante indagao oficiosa, ordenando, designadamente a produo de prova pericial (art. 807, n. 3, do CPC).

    12-01-2006 Revista n. 1977/05 - 2. Seco Rodrigues dos Santos (Relator) Ablio Vasconcelos Duarte Soares Acidente de viao Responsabilidade civil Danos patrimoniais Reconstituio natural Perda de veculo Privao do uso Danos no patrimoniais Incapacidade permanente parcial

    I - A reconstituio natural inadequada se for manifesta desproporo entre o interesse do lesado e o custo para o lesante que ela envolva, em termos de representar para o ltimo um sacrifcio manifes-tamente desproporcionado quando confrontado com o interesse do lesado na integridade do seu patrimnio.

  • II - No basta para se aferir da onerosidade da reparao in natura de um veculo automvel a conside-rao do seu valor venal ou de mercado, antes se impondo o seu confronto com o valor de uso que o lesado dele extrai pelo facto de dele dispor para a satisfao das suas necessidades.

    III - Justifica-se, por no ser inadequada, a reparao do veculo automvel matriculado em 1983, melhorado, bem conservado, com 111410 quilmetros andados, cujo custo excede o seu valor de mercado em 1.247 .

    IV - A mera privao do uso de um veculo automvel, sem qualquer repercusso negativa no patrim-nio do lesado, ou seja, se dela no resultar um dano especfico, insusceptvel de fundar a obriga-o de indemnizao no quadro da responsabilidade civil.

    V - Na determinao do quantum da compensao por danos no patrimoniais deve atender-se culpa-bilidade do responsvel, sua situao econmica e do lesado, flutuao do valor da moeda e gravidade do dano, tendo em conta as leses, as suas sequelas e o sofrimento fsico-psquico por ele experimentado, sob o critrio objectivo da equidade, envolvente da justa medida das coisas, com excluso da influncia da subjectividade inerente a particular sensibilidade.

    VI - adequada a compensao por danos no patrimoniais no montante de 12.500 lesada que sofreu leses corporais mltiplas, dores persistentes e constantes, foi submetida a diversos exames, passou a ter insnias, cansao, irritao, ansiedade e nervosismo, teve de se submeter a teraputica de cura desses efeitos e a cerca de um ms de dolorosa fisioterapia, ficou com um doloroso ndulo fibroso e hipertrofia muscular numa perna e com 5% de incapacidade permanente de mbito geral (IPP).

    12-01-2006 Revista n. 4176/05 - 7. Seco Salvador da Costa (Relator) * Ferreira de Sousa Armindo Lus Impugnao pauliana Pedido Condenao em objecto diverso do pedido Qualificao jurdica Erro Acrdo uniformizador de jurisprudncia

    Conforme jurisprudncia firmada no AC UNIF JURISP n. 3/2001, publicado no DR I. Srie A, de 09-02-2001, em aco de impugnao pauliana em que foi pedida a anulao do acto jurdico impug-nado, a Relao no condenou em objecto diverso do pedido, quando decretou a ineficcia, no incorrendo, por isso, na nulidade prevista na al. e) do n. 1 do art. 668 do CPC.

    17-01-2006 Revista n. 3772/05 - 6. Seco Afonso Correia Ribeiro de Almeida Nuno Cameira Aco de demarcao Aco de reivindicao Caso julgado

    I - Dizendo-se donos e possuidores de uma faixa de terreno, pretendem os AA com a presente aco de demarcao que se estabelea a linha divisria entre os prdios deles e dos RR por forma a que a questionada faixa de terreno fique aqum dessa linha, do lado do prdio deles.

    II - Ora, tanto a propriedade como a posse dos AA sobre a questionada parcela de terreno foram j apre-ciadas, enquanto alegados fundamentos da aco de reivindicao instaurada em 1999, e a julgados inexistentes.

  • III - Basta ver os comandos nsitos nos art.s 1353 e 1354 do CC para se concluir que a demarcao h-de fazer-se entre proprietrios de prdios confinantes, de acordo com os ttulos de cada um e, na fal-ta ou insuficincia dos ttulos, conforme a posse em que estejam os confinantes.

    IV - No pode agora ser obtido o efeito prtico no conseguido na aco de reivindicao, no podendo ser reapreciados os seus fundamentos, ainda que disfarados de causa do pedido de demarcao, por a tanto obstar a autoridade do caso julgado formado na anterior aco, no sendo, pois, permiti-do ao Tribunal entrar na apreciao do assim pedido - art.s 493, n. 2, 494, al. i), 497, 498 e 495, do CPC.

    17-01-2006 Agravo n. 3885/05 - 6. Seco Afonso Correia Ribeiro de Almeida Nuno Cameira Recurso de reviso Fundamentos Sentena Documento Depoimento Testemunha Falsidade

    I - Uma sentena judicial no pode servir de fundamento a recurso extraordinrio de reviso, por no poder ser qualificada como um documento, para efeitos do disposto no art. 771, al. c), do CPC.

    II - Com a alterao da redaco da alnea b) do art. 771 do CPC, introduzida pelo DL 38/03, de 08-03, deixou de ser necessrio, ao contrrio do que se exigia anteriormente, que qualquer das falsidades a previstas seja previamente verificada atravs de sentena transitada em julgado, tendo-se suprimido a obrigatoriedade dessa aco declarativa prvia.

    III - A prova da falsidade de depoimentos testemunhais pode agora ser feita na fase rescindente do recurso extraordinrio de reviso.

    IV- Por isso, actualmente, a prova da efectiva falsidade de depoimentos testemunhais no requisito prvio de admissibilidade do recurso de reviso.

    17-01-2006 Agravo n. 3701/05 - 6. Seco Azevedo Ramos * Silva Salazar Afonso Correia Expropriao por utilidade pblica Contrato-promessa de compra e venda Valor real Erro-vcio Terreno Reserva Agrcola Nacional

    I - Invocando as autoras a existncia de um erro da sua parte, que lhes viciou a vontade, quanto ao valor das parcelas de terreno que prometeram vender ao ru, incumbe-lhes provar: qual o preo acordado; qual o valor real das suas parcelas, diferente daquele; e que era sua convico que o valor acordado correspondia ao valor real.

    II - As autoras no provaram que o valor real das suas parcelas fosse diferente do acordado, de nada valendo ter ficado provado que uma parcela contgua, com caractersticas semelhantes, foi paga por um preo dez vezes superior ao acordado entre as autoras e o ru, porque esse facto, por si s, no significa que tal fosse o valor real da parcela contgua.

  • III - Integrando-se os terrenos das autoras na Reserva Agrcola Nacional e em reas de mata e uso flores-tal a manter, no podem ser valorizados como aptos para construo.

    IV - De facto a proibio de construir que incide sobre os solos integrados na Reserva Agrcola Nacional ou na Reserva Ecolgica Nacional , na jurisprudncia do TC, uma consequncia da vinculao situacional da propriedade que incide sobre os solos, tratando-se de restries constitucionalmen-te legtimas.

    17-01-2006 Revista n. 3845/05 - 6. Seco Azevedo Ramos Silva Salazar Afonso Correia Embargos de executado Emprstimo bancrio Pagamento em prestaes Mora do devedor Interpelao

    I - Se o devedor, por diversas dvidas da mesma espcie ao mesmo credor, efectuar uma prestao que no cheque para as extinguir a todas, fica sua escolha designar as dvidas a que o cumprimento se refere.

    II - Se o credor no aceitar a prestao, por no querer imput-la na dvida referida pelo devedor, deven-do faz-lo, incorre em mora accipiendi e, se a aceitar, de nada vale o seu protesto de imput-la nou-tra dvida.

    III - Se a obrigao puder ser liquidada em duas ou mais prestaes, a falta de realizao de uma delas importa o vencimento de todas.

    IV - O vencimento imediato significa exigibilidade imediata, mas no dispensa a interpelao do deve-dor.

    17-01-2006 Revista n. 3869/05 - 6. Seco Azevedo Ramos * Silva Salazar Afonso Correia Despacho do relator Reclamao para a conferncia Apoio judicirio Certido Indeferimento Poderes do Tribunal

    I - O apoio judicirio na modalidade de assistncia judiciria no confere s partes o direito emisso gratuita de certides processuais.

    II - O despacho do relator que assim decidiu no desrespeita o disposto no art. 20, n. 1, da CRP, porque este preceito constitucional no consagra o direito de acesso ao direito e aos tribunais em termos de gratuitidade, apenas se limitando a estabelecer que a justia no pode ser denegada por insuficincia de meios econmicos.

    III - Ora, seja qual for a situao econmica do reclamante no tocante concretizao das suas possibili-dades de suportar o custo das certides que pediu, certo que, no lhe sendo atribudo tabelarmente o direito que pretende exercer, sempre caberia ao Tribunal intervir no sentido de assegurar o direito que a norma constitucional corporiza, eventualmente no mbito do apoio judicirio.

    17-01-2006

  • Processo n. 1632/05 - 1. Seco Alves Velho (Relator) Moreira Camilo Pinto Monteiro Responsabilidade civil Facto ilcito Piscina Causalidade adequada Nexo de causalidade Matria de facto Matria de direito Poderes do Supremo Tribunal de Justia

    I - Colocada para alm da sua vertente material ou naturalstica, isto , na perspectiva da valorao nor-mativa da adequao entre a causa e o dano, a questo relativa ao nexo de causalidade entre a con-duta do R e os danos sofridos pelos AA , como jurisprudncia constante, cognoscvel pelo STJ.

    II - Tendo o nosso sistema jurdico acolhido a doutrina da causalidade adequada, a qual no pressupe a exclusividade de uma causa ou condio, no sentido de que esta tenha s por si determinado o dano, ho-de ser as circunstncias a definir a adequao da causa, mas sem perder de vista que para a produo do dano pode ter havido a colaborao de outros factores, contemporneos ou no, e que a causalidade no tem de ser necessariamente directa e imediata, bastando que a aco condicionan-te desencadeie outra condio que, directamente, suscite o dano - causalidade indirecta.

    III - Aqui cabem, naturalmente, os casos em que a condio directamente operante um facto do prprio lesado ou de terceiro, designadamente aqueles em que a uma omisso se segue o acto danoso.

    IV - Provado que as leses sofridas pelo A resultaram da aco de mergulho de cabea executada pelo mesmo que, para tal, se posicionou a meio da rampa de acesso piscina, de utilizao pblica e livre, sendo certo que nem a piscina dispunha de qualquer equipamento para a prtica de mergulho nem a tal utilizao se destinava a rampa que o A usou para o efeito, em local onde se encontravam os avisos existentes indicativos da profundidade da gua (1,30 m), elucidativos no sentido da desa-conselhabilidade de semelhante prtica, luz da normalidade das coisas e da experincia comum, um mergulho nas condies descritas apresenta-se como um comportamento do tipo daqueles que so geralmente aptos ou apropriados para provocar leses como as sofridas pelo A.

    V - Foi-o, tambm, no caso concreto, e no se pode, ao invs, formular um juzo de adequao do abai-xamento do nvel da gua, no sentido de ser este factor que modificou, elevando-os, os riscos de verificao do dano emergentes da conduta do A, falhando, pois, a relao de causalidade entre a factualidade imputvel ao R Municpio e os danos cuja indemnizao foi reclamada.

    17-01-2006 Revista n. 3747/05 - 1. Seco Alves Velho (Relator) Moreira Camilo Pinto Monteiro Condenao em quantia a liquidar em execuo de sentena Requisitos

    I - A falta de elementos a que alude o art. 661, n. 2, do CPC, dever resultar no do fracasso da prova,

    na aco declarativa, sobre o objecto ou quantidade, mas sim como consequncia de ainda no se conhecerem com exactido, as unidades componentes da universalidade ou de ainda no se terem revelado ou estarem em evoluo algumas ou todas as consequncias do facto ilcito, no momento da propositura da aco declarativa, como acontece, por exemplo, nos acidentes de viao de que resultem ferimentos graves de difcil ou morosa recuperao.

    II - No caso ajuizado, todos os acontecimentos ocorreram antes da aco declarativa ter sido proposta; o autor tinha, ento, ao seu dispor todos os elementos para fazer a prova dos factos por si articulados.

  • III - Se a prova fracassou, a lei no permite s partes que vo procura de melhor prova para, numa segunda oportunidade, virem a conseguir o objecto e a quantidade pensados mas no provados no momento e local prprios.

    17-01-2006 Revista n. 3748/05 - 1. Seco Moreira Camilo (Relator) Pinto Monteiro Urbano Dias Recurso de apelao Reteno do recurso Prejuzo considervel Regime de subida do recurso Litisconsrcio voluntrio

    I - Verifica-se a cindibilidade das decises relativamente s questes que subsistem para apreciao a que alude o art. 695, n. 2, do CPC, quando, apesar da existncia de um pedido de condenao solidria de todos os RR, se depreende da petio inicial, que so imputados a cada uma das RR em causa, individualmente, comportamentos ilcitos especficos, violadores dos direitos ou interesses do A.

    II - Sendo assim, estamos perante uma cumulao de aces em que cada litigante conserva uma posio de independncia em relao aos seus compartes, ou seja, estamos perante uma situao de litiscon-srcio voluntrio (cfr. art. 29, 2. parte, do CPC).

    III - Ao recurso de apelao assim interposto pela parte que alegou causar-lhe a reteno prejuzo consi-dervel, deve fixar-se o regime de subida imediata e em separado, determinando-se o seu conheci-mento pela Relao.

    17-01-2006 Agravo n. 3776/05 - 1. Seco Moreira Camilo (Relator) Pinto Monteiro Urbano Dias Conflito de competncia Autorizao judicial Incapaz

    I - O pedido de autorizao judicial de alienao de bens pertencentes ao interdito dependncia do

    processo de interdio, sendo competente para conhec-lo o Tribunal onde correu este processo. II - De facto, apesar de o DL 272/2001, de 13-10, ter declarado no art. 21, al. b), ficar revogado, entre

    outros, o art. 1439 do CPC, tal diploma foi objecto da Declarao de Rectificao n. 20-AR/2001, de 30 de Novembro, que exclui o citado art. do CC da revogao operada pelo referido DL. 17-01-2006 Conflito n. 3101/05 - 1. Seco Faria Antunes (Relator) Moreira Alves Alves Velho Contrato de arrendamento Resoluo Alterao da estrutura do prdio Piscina Matria de facto

  • Matria de direito Facto jurdico Base instrutria Resposta aos quesitos

    I - Embora a terminologia do quesito 17 (construo que descaracteriza as linhas arquitectnicas do pr-

    dio...) no coincida ipsis verbis com o constante da al. d) do art. 64, n. 1 do RAU, no deixa de encerrar o mesmo juzo de valor jurdico includo nessa norma de direito substantivo, traduzindo esse quesito uma verdadeira questo jurdica e no um mero ponto de facto da base instrutria.

    II - A equivalncia terminolgica entre o contedo do quesito em referncia e aquela al. d) patenteia-se claramente no acrdo recorrido, onde a admisso de que a construo da piscina descaracteriza as linhas arquitectnicas do imvel (quesito 17) significou directamente a alterao substancial da sua estrutura externa (citado art. 64, n. 1, al. d)) com a inerente resoluo contratual e consequente ordem de despejo.

    III - O que no acrdo sob sindicncia se fez foi considerar o teor do quesito 17 como thema proban-dum, pelo que, uma vez dado como provado resolveu juridicamente a questo, consubstanciando ele prprio, a soluo jurdica do pleito, o que no se afigura legalmente admissvel.

    IV - Tem-se pois a resposta a tal quesito como no escrita, visto no se identificar com factos que lhe sirvam de suporte, versando antes sobre uma pura questo de direito, traduzindo um juzo de valor incorporado na apontada lei substantiva, juzo este dependente de vrias circunstncias concretas que a secura do quadro factual provado no evidencia (art. 646, n. 4, do CPC).

    V - Provado apenas que o ru procedeu construo de uma piscina que ocupa uma rea de 13,6% do logradouro do locado, atendendo pequena dimenso da piscina relativamente restante rea do logradouro, grande dimenso do edifcio locado, e atendendo circunstncia de a piscina no ser coberta podendo seguramente ser eliminada em qualquer altura, designadamente no termo do contrato, havendo a possibilidade de restabelecer o statu quo ante, no se v como subsumir a hiptese vertente na al. d) do art. 64 do RAU, na parte em que alude alterao subs-tancial da estrutura externa do prdio.

    VI - De facto, uma coisa o senhorio pedir a condenao do arrendatrio a destruir uma obra no locado que se deva ter por inconsentida, e outra bem diferente, para a qual se deve estabelecer um muito maior grau de exigncia, impetrar a resoluo contratual com base numa no autorizada alterao substancial da estrutura externa do arrendado (ou num acto inconsentido e causador de deteriora-es considerveis).

    17-01-2006 Revista n. 3596/05 - 1. Seco Faria Antunes (Relator) Moreira Alves Alves Velho

    Injuno Despacho de mero expediente Caso julgado formal

    I - So de mero expediente, por no incidirem sobre nenhuma questo concreta, quer da relao material

    litigada, quer da relao processual, - e, nesse sentido, nada decidirem - os despachos proferidos no processo de injuno atravs dos quais o juiz designou data para a realizao do julgamento (1. despacho) e, depois, a pedido do requerido, o deu sem efeito, face impossibilidade de comparn-cia do advogado constitudo (2. despacho).

    II - Precisamente por isso, no adquiriram a fora e a autoridade do caso julgado formal, no constituin-do impedimento a que no mesmo processo o juiz venha a absolver o requerido da instncia por jul-gar verificada a nulidade do erro na forma do processo.

    17-01-2006 Agravo n. 3232/05 - 6. Seco

  • Nuno Cameira (Relator) * Sousa Leite Salreta Pereira Unio de facto Penso de sobrevivncia Requisitos nus da alegao

    I - Em face da posi