cinema no celular

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Campanha de Comunicação Social dos Parques Eólicos de São Bento Energia S.A. Caderno de Apoio Oficina Cine Celular

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Publicação voltada para a juventude interessada em conhecer e aprender sobre cinema, teoria prática e experimentações. Foi produzida no contexto de Oficinas de Educação e Comunicação oferecidas durante a construção de Parques Eólicos em São Bento do Norte-RN.

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Page 1: Cinema no Celular

Campanha de Comunicação Social dos Parques Eólicos de São Bento Energia S.A.

Caderno de Apoio

OficinaCine Celular

Page 2: Cinema no Celular
Page 3: Cinema no Celular

ÍNDICEApresentação

Etapas da produção Audiovisual

Fotografia e Planos

Angulação

Iluminação

Movimentos da câmera

Estética

Som e Trilha sonora

Texto e Roteiro

Glossário

Referências

Anotações

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25

15

19

17

21

30

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Page 4: Cinema no Celular

Este é o seu guia prático da “Oficina Cine Celular”, material formativo da Segunda Campanha de Comunicação Social dos Parques

Eólicos da São Bento Energia S.A.. Aqui você encontrará informações de apoio para a produção audiovisual em dispositivos móveis, ou

seja, dicas de como produzir um vídeo pelo seu celular.

As Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTICs) estão cada vez mais presentes em nossas vidas, possibilitando a produção

e o consumo de informações de forma mais interativa. As NTICs podem ser entendidas como uma junção de recursos tecnológicos

(softwares e hardwares, ou seja, programas e aparelhos) que modificam antigos processos comunicacionais e possibilitam outros novos.

O celular é um exemplo. Nos últimos anos ele tem se popularizado no Brasil, tornando-se acessível à maior parte da população. No

início eram aparelhos grandes, caros e poucas pessoas podiam ter. Com o passar dos anos, eles estão se tornando cada vez menores,

agregando recursos como vídeo, foto, música, acesso à internet, microfone, dentre outros. Com estas possibilidades, o celular deixou

de ser útil apenas para realizar chamadas telefônicas e passou a servir para o lazer (escutar música), para o trabalho (gravação de

entrevistas) e para a produção de conteúdos (filmagens).

A grande novidade das NTICs é que, através de plataformas de fácil uso (como as dos celulares), você pode tornar-se um produtor de

conteúdo, deixando de ser um simples consumidor. Agora você não precisa contentar-se em ver um filme na televisão, você pode fazer

um! E o melhor, sem grandes custos financeiros.

Estas tecnologias de fácil acesso têm sido utilizadas na educação. Várias escolas já inserem o computador, a internet e os celulares no

processo de ensino-aprendizagem. Outra grande vantagem é que elas potencializam a comunicação comunitária, isto é, a produção e o

compartilhamento de cultura e informação por grupos que não têm voz na sociedade.

apresentação

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Page 5: Cinema no Celular

Antes, poucas pessoas podiam realizar filmes. Eram necessários equipamentos caros, equipes especializadas em imagem, som, luz e de

uma sala de cinema para exibi-los. Agora, com as câmeras portáteis e os celulares, milhões de vídeos de qualidades diferenciadas

são produzidos e compartilhados na internet por pessoas comuns. Essas pessoas eram apenas espectadores e passaram a ser também

produtoras de conhecimento e informação.

Assim, de espectador, as pessoas se tornaram produtoras de filmes e fotos, dividindo as impressões, o ponto de vista e a realidade da

sua cidade ou do seu estado para milhões de pessoas no universo virtual, por correio eletrônico (e-mail) ou em DVD/CD.

Toda esta popularização do acesso às ferramentas de produção de conteúdos e informações tem transformado as linguagens. O cinema

e outros meios de comunicação de massa como televisão, os jornais impressos e o rádio têm passado por alterações significativas em

suas dinâmicas com a chegada das novas mídias.

E, para aproximar as realidades e as novas linguagens, apresentamos a você experiências teóricas e práticas sobre as novas tecnologias

da informação e da comunicação por meio do “Caderno de Apoio Cine Celular”. Aqui você encontrará orientações importantes para

realizar suas produções audiovisuais de forma intencional, prática e criativa.

Que bons ventos nos

levem nessa nova jornada!

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Page 6: Cinema no Celular

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etapas da produção audiovisual

Antes de tudo, para fazer um vídeo, você precisa ter uma ideia e escrever um roteiro, que significa detalhar cada cena a ser filmada. O

roteirista deve indicar o local e o período do dia em que ocorrerão as gravações, a ação de cada personagem (se existirem), os objetos

que aparecem na cena (árvore, telefone, comida) e as imagens que precisam ser captadas. No roteiro pode-se prever qual música será

utilizada na cena e quais barulhos precisam ser captados. Posteriormente você terá mais detalhes de como é produzido um roteiro.

A segunda etapa é a produção. O produtor faz a preparação para as gravações. Ele é o responsável por garantir a chegada de toda a

equipe, personagens ou entrevistados no local de gravação, bem como dos equipamentos de filmagem. É ele quem vai conseguir os

objetos necessários para a filmagem (como um chapéu que o personagem utilizará, por exemplo) e o cenário. Se o filme vai ser realizado

na casa de alguém, é o produtor que precisa ir até lá, marcar a gravação e arrumar o local para as filmagens.

A terceira etapa são as gravações. Nesta etapa são essenciais a presença do câmera, que vai fazer a gravação e do diretor, que é a

pessoa responsável por colocar em cena aquilo que foi escrito no roteiro. É função do diretor transformar as descrições do roteirista

em linguagem audiovisual, isto é, pensar quais os movimentos e planos de câmera devem ser utilizados para representar as ideias e

os sentimentos da cena.

Depois de tudo gravado, é hora da edição e finalização do vídeo. Esta última etapa é muito importante, pois é nela que o sentido geral

do filme é formulado. Os planos são agrupados, dando lugar a uma história. É a hora em que se juntam todas as cenas, colocam-se as

músicas, os ruídos e os efeitos especiais.

Page 7: Cinema no Celular

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Nos vídeos amadores é comum que uma mesma pessoa desempenhe quase todas as funções ou que

partilhe algumas funções com outras pessoas.

Como explicamos logo acima, para produzir um filme são necessárias várias etapas, que vão desde a elaboração

da ideia a ser filmada até a sua finalização. Estas etapas variam de acordo com o que se pretende filmar.

Em uma produção audiovisual, você tem uma história e precisa escrevê-la com a linguagem do vídeo. Isso ficará

fácil de compreender se você pensar nos planos de câmeras como palavras, nas sequências de imagens como

frases e na junção das frases (que acontece na hora da edição) como o texto final.

CURiosidad

e

veja como isto acontece:

Estrelado por Gene Kelly. Repare

que, no filme, e especialmente

na sucessão de imagens de

Kelly cantando e dançando na

chuva, há uma sequência de

planos: o caminhar, o encontro

com o policial e a despedida. Ou

seja, a história contada em

cenas uma após a

outra.

Cantando na Chuva, Stanley Donen e Gene Kelly (1952, EUA).

Page 8: Cinema no Celular

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FOTOGRAFIA e PLANOs

Você sabia que os estudos de fotografia são a base do cinema e das produções audiovisuais? Quando falamos de fotografia, podemos

pensar em uma linguagem que precisa relacionar o olhar, a imaginação e a habilidade técnica.

É interessante pensarmos na fotografia como um desenho de duas dimensões: altura e largura. Uma terceira dimensão, a profundidade,

pode ser criada de acordo com a organização dos elementos neste plano de altura e largura.

Vários elementos influenciam no impacto e no significado da fotografia: a cor, a ausência de cor, o enquadramento, a disposição dos

objetos e até mesmo o lugar para onde a pessoa fotografada está olhando.

Composição e enquadramento são elementos fundamentais da fotografia. A composição tem a ver com a montagem do cenário ou

paisagem que você quer fotografar. É o fotógrafo quem vai definir o conjunto de elementos que serão fotografados. Olhando para

uma paisagem você pode pegar apenas uma árvore, várias árvores ou ainda as árvores e o céu. Já o enquadramento define de que

forma os elementos de uma imagem estarão dispostos entre as quatro margens da fotografia.

Basicamente o enquadramento é a moldura da foto. E a composição é a mensagem que você gostaria de passar com a fotografia.

Page 9: Cinema no Celular

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Algumas técnicas fotográficas podem ajudar você a dar ênfase às suas ideias e sentimentos.

Sebastião Salgado é um fotógrafo brasileiro que trabalha com

fotografias em preto e branco. Marcada pelo olhar original e pela

preocupação com a desigualdade social, suas fotos já conquistaram

prêmios no Brasil e em todo o mundo.

Site oficial de São Bento do Norte (RN) “Praia do Farol”.

PAISAGEM

Sebastião Salgado, "Trabalhadores", 1993.

PRETO E BRANCO

Steve McCurry, “A menina-afegã: uma vida revelada”,

1984. RETRATO

A garota Afegã, foto de Steve McCurry, foi

considerada a mais reconhecida da

história da National Geographic, uma

importante revista norte-americana.

Page 10: Cinema no Celular

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A imagem ao lado pode ser dividida de forma

imaginária em três partes iguais horizontais e

três verticais (traçando um jogo da velha em

cima da foto). Ao fotografar, coloque o tema e

outros motivos de interesse nos pontos de

interseção das linhas para deixá-los em destaque.

Outro truque é buscar direcionar o olhar do

espectador através de linhas guias. Na figura, os

fios de eletricidade e a margem da estrada servem

como linhas que guiam o nosso olhar para o ônibus.

Observe no box ao lado a aplicação da regra dos três terços e das linhas guias.

Gabriella Coutinho, 2012

E como funcionam essas regras para o vídeo? No cinema, todos os enquadramentos realizados são denominados planos cinematográficos

e dizem respeito à distância entre a câmera e o objeto filmado. Quanto mais próximo a câmera estiver do objeto filmado, mais fechado

será o plano. E quanto mais longe do objeto filmado estiver a câmera, mais aberto será o plano.

Existem diversas classificações para os tipos de planos. O mais importante é saber que eles podem mostrar desde uma perspectiva mais

ampla da cena até um detalhe. Um plano geral evidencia, por exemplo, um jardim com as flores, árvores e passarinhos (plano aberto).

Essa mesma cena poderia ser recortada, mostrado apenas um beija flor e uma flor (plano fechado). Observe as imagens ao lado, que

pertencem ao filme Abril Despedaçado, de Walter Salles (2001, Brasil).

imag

em com

a re

gra do

s terços

Page 11: Cinema no Celular

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Plano Geral: mostra toda a cena. Tem uma função descritiva,

apresentando para o espectador onde a história se desenvolve.

Neste plano que aparece logo no início do filme, nos é apresentado o

sertão brasileiro, onde vive o personagem Tonho (Rodrigo Santoro).

Plano Aberto: Não mostra a cena toda, mas dá uma

visão geral do personagem ou de um ambiente fechado.

Plano médio: mostra os personagens da cintura para cima.

É utilizado para dar ênfase no diálogo dos personagens.

Close: dá destaque para um objeto ou parte do corpo do

personagem. Cria uma proximidade entre o personagem e

o espectador. Tem um caráter mais subjetivo e dramático.

O tipo de plano escolhido pode influenciar os espectadores e ressaltar elementos objetivos e subjetivos da cena. O audiovisual e a

fotografia podem ser maneiras de guardar memórias, de se expressar artisticamente, de se fazer crítica social, política, ou até mesmo

serem usados para diversão. Assim, podemos trabalhar elementos subjetivos ou objetivos de forma intencional, mostrando ou ocultando

as situações que queremos.

Page 12: Cinema no Celular

Peacock, Michael Lander (2010, EUA)

LAGAAN: Once Upon a Time in India,

Sachidanand Pathak (2001, India)

Terra Sonâmbula, Teresa Prata (2007, Moçambique)

Terra Deu, Terra Come, Rodrigo Siqueira (2010, Brasil)

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XXY, Lucía Puenzo (2007, Argentina)

La Teta Assustada, Claudia Llosa (2008, Peru).

Observe os planos abaixo, retirados de diferentes filmes, e pense sobre estas questões:

Page 13: Cinema no Celular

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IDEIAS GERAIS SOBRE FOTOGRAFIA E PLANO NO VÍDEO

A fotografia no audiovisual dá lugar aos planos, que é uma à sequência de fotos que nos permitem ter a ideia de

movimento. Quando falamos de planos é como se pensássemos em que parte da cena vamos mostrar, é decidir o que

mostrar e o que não mostrar. Tudo vai depender da ideia que você deseja construir e das sensações que você quer

causar no seu espectador.

Se você vai filmar uma árvore, isto pode ser feito de diferentes planos. Com a câmera bem próxima à árvore você pode

filmar o seu tronco e uma formiga que passeia por ele. Se você se posicionar um pouco mais longe dela, você pode

pegar o tronco e as folhas. Se colocar a câmera ainda mais longe dela, poderá filmar o céu, a grama e toda a árvore.

CONTINUIDADE

A continuidade de um vídeo significa a harmonia ou a narrativa que deve haver entre as diversas cenas que o

compõem. Este elemento é essencial para a linguagem audiovisual. Sem ele o vídeo torna-se apenas uma série de

cenas justapostas.

Quando a continuidade de um filme é bem feita, o espectador, ao assisti-lo, chega a ter a impressão de que ele tem uma única

cena, e isso faz parte do grande truque do cinema.

Mas, fique atento! Nos vídeos celulares, a questão da continuidade pode ser diferente, afinal os vídeos são pequenos e muitas vezes

podem ser finalizados sem um trabalho de montagem tão elaborado.

Na hora da escolha dos

planos, fique atento: é

importante pensar que

eles serão encadeados

e, por isso, deve haver

uma continuidade

entre eles.

Page 14: Cinema no Celular

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Plongée (de baixo para

cima): um personagem

filmado de baixo para

cima cria a impressão de

que é maior e superior.

Contra Plongée (de cima para baixo): pode ser

usado para enfatizar uma posição subalterna

ou de sofrimento do personagem

(oprimindo-o). Neste plano, retirado do

documentário Caramujo Flor, o contra

plongée, enquadrando o homem o e

largato, coloca ambos no mesmo

patamar, de animais rastejantes.

Caramujo Flor, Joel Pizzini (1998, Brasil)

ANGULAÇÃO

A angulação é o ponto de vista criado pela câmera em relação ao objeto, e serve para criar diferentes tipos de impressões e sensações

no espectador.

Depois de decidir o que se pretende mostrar, ou seja, quais planos serão usados, você precisa pensar sob qual ângulo irá construir

uma cena. Pense ainda no exemplo da árvore. Ela pode ser filmada de diferentes ângulos. Se quiser expressar na cena, a beleza e o

balanço das folhas ao vento, pode se posicionar com a câmara bem abaixo da árvore, apontando a lente da câmera para a sua copa.

Mas, se pretende filmar alguma cena que está se passando próximo ao tronco ou aos “pés” da árvore, como por exemplo, seu avô

sentado numa cadeira à sombra, pode subir em seus galhos e filmar o que acontece lá embaixo.

As fotos a seguir, do documentário Caramujo Flor, de Joel Pizzini, nos dão dois exemplos destes truques de ângulos. Mas lembrem-se,

estas angulações não são regras, os sentidos de uma cena dependem de inúmeros fatores.

use sua criatividade !

Page 15: Cinema no Celular

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ILUMINAÇÃO: ADICIONANDO LUZ À PRODUÇÃO...

O cinema e a fotografia consistem, também, na harmonização de imagens através do contraste entre a luz e a sombra existentes na

natureza ou criadas pelo homem. A iluminação é a matéria prima da fotografia e do vídeo, e pode ser utilizada de inúmeras formas,

ajudando a criar o sentido o “clima” da cena.

Você pode aproveitar a luz do sol ou iluminar os objetos/personagens artificialmente, seja com uma luminária de mesa ou com uma

lanterna. O escuro e a iluminação fraca também podem ser estratégias interessantes para a filmagem.

Neste filme, a iluminação é elemento chave na

narrativa, pois cria o tempo e as características

dos personagens.

O filme Glacial Inferno trabalha o

tema do exorcismo em preto e branco,

dando mais dramaticidade ao assunto.

Em Deus e o Diabo na Terra do Sol, o cineasta Glauber

Rocha utiliza uma luz quase “estourada” isto é, imagens

muito claras. Isso serve para criar a sensação de

luminosidade do sol no sertão nordestino.

As Cinzas de Ângela, Alan Parker (1999, EUA/Irlanda) Glacial Inferno, Caetano Grippo (2011, Brasil) Deus e o Diabo na Terra do Sol, Glauber Rocha

(1964, Brasil)

Page 16: Cinema no Celular

O papel manteiga colocado na frente da

luz torna-a mais difusa e o papel celofane

colorido pode produzir efeitos interessantes

de cores, funcionando como filtros.

Você pode também produzir efeitos e controlar a intensidade da luz ao

colocar obstáculos entre ela e o objeto iluminado.

Luz direta (ou luz dura): a luz

atinge o assunto diretamente.

Luz difusa: a luz não incide diretamente

sobre o objeto. Sua luminosidade pode

ser difundida através da utilização

de filtros ou rebatedores.

O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus, Terry Gilliam

(2009, França/Reino Unido/Canadá).

Abril Despedaçado, Walter Salles (2001, Brasil)

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Page 17: Cinema no Celular

OS MOVIMENTOS DA CÂMERA

No início da história do cinema, a câmera de vídeo ficava estática capturando as imagens, somente as pessoas e os objetos se moviam

diante dela. Depois a câmera passou a captar imagens em movimento de dentro de alguns veículos como barcos e trens. Surgiam assim

os movimentos de aproximação e afastamento das cenas e o travelling.

Panorâmica horizontal e panorâmica

vertical: deslocamento da câmera

paralela ao eixo do filme. Serve para

dar uma visão geral do ambiente.

Travelling: deslocamento da câmera, que entra

ou sai da cena. Dá ao espectador a sensação

de que ele está se movendo, de que está

entrando na casa do personagem ou

pulando de um muro.

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Zoom: aproximação ou afastamento da imagem

pelo uso do jogo de lentes no momento em que

gravavam. O espectador se sente parado diante da

cena, ao contrário do traveling, em que ele tem a

sensação de estar em movimento.

Zoom–in: É a aproximação da imagem pelo jogo de lentes.

Zoom–out: É o afastamento da imagem pelo jogo de lentes

da câmera.

ZOOM IN

ZOOM OUT

Page 18: Cinema no Celular

ESTÉTICA

Este é o elemento que garante identidade e unidade ao filme. Para a produção de um vídeo é importante se preocupar com os elementos

gráficos e estéticos que o compõe, como o figurino, o cenário, os créditos, a arte, a fotografia, etc.

De nada adianta compreender a fotografia, os planos, os ângulos,

os movimentos de câmera, a iluminação e a trilha sonora se você

não pensá-los como partes de um todo. Um vídeo precisa ter uma

estética geral, isso significa que sua ideia precisa estar trabalhada

cuidadosamente na fotografia, na escolha dos planos, ângulos, nos

movimentos de câmera, na iluminação e na trilha sonora. Todos os

elementos necessitam ter coesão e sintonia entre si.

Além de escolher o plano e o ângulo, você também pode utilizar os movimentos de câmera descritos anteriormente. Voltando ao

exemplo da árvore e do seu avô sentado debaixo dela, antes de filmá-lo, você poderia começar a filmar outra coisa. Por exemplo,

poderia filmar o céu, a cadeira de seu avô ou até um cachorro atravessando a rua e só depois mostrar o seu avô.

Também seria interessante se você amarrasse o celular próximo ao guidão da bicicleta e pedalasse por sua comunidade.

Você terá uma cena de algo em movimento e o público terá a sensação de dinamismo e rapidez.

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Page 19: Cinema no Celular

No Filme Waking Life a estética dos

quadrinhos ganha espaço na tela.

Depois de filmadas, as cenas

foram trabalhadas em computação

gráfica, dando o aspecto de

animação para o longa-metragem.

É um filme cheio de paisagens do

sertão nordestino. Através da

viagem de um geólogo é

mostrado o vazio e o abando

de alguns locais do

nordeste.

Waking Life, Richard Linklater (2011, EUA)

Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo; Marcelo Gomes e Karim Aïnouz

(2009, Brasil)

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O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus, Terry Gilliam

(2009, França/Reino Unido/Canadá)

Jogo de Cena é um documentário que questiona a verdade através de

depoimentos de atores e personagens reais. As filmagens ocorreram em um

teatro, contribuindo para reforçar a relação entre representação e realidade.

O cineasta Pedro Almodóvar é conhecido

pela sua estética de cores fortes e

figurinos ousados.

Jogo de Cena, Eduardo Coutinho (2007, Brasil)

De Salto Alto, Pedro Almodóvar (1991, Espanha)

Page 20: Cinema no Celular

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SOM E TRILHA SONORA

O som tem grande importância nos vídeos. Assim como as imagens, ele também é responsável pela criação de sentidos, sensações

e significados. Um barulho de saltos no assoalho sem mostrar uma pessoa andando pode indicar que alguém se aproxima, criando

um clima de suspense. O barulho de alguém levando um soco pode, por exemplo, substituir a cena da pessoa sendo agredida e

facilitar as filmagens.

A trilha sonora apóia a transição de tempo e espaço, valorizando as passagens de uma cena para outra e evitando os cortes abruptos

na montagem. Além disso, ela ajuda a reforçar o sentido de uma cena. Uma música romântica enquanto um casal se beija cria um o

clima de romance. Uma música de suspense enquanto são mostrados os pés de uma pessoa andando, deixa o espectador apreensivo

para saber quem é e aonde o personagem vai.

Na realização de um vídeo, é sempre aconselhável prever a composição de trilha sonora adequada ao roteiro e à sequência de planos

e cenas. Existem vários sites que disponibilizam músicas que podem ser baixadas e usadas gratuitamente nos seus vídeos.

O áudio ou som pode ser captado, registrado e armazenado digitalmente em vários formatos e padrões.

Quanto maior a qualidade do som, maiores são os arquivos.

O MP3 é um formato de som desenvolvido para uso na internet, é leve e possui boa qualidade. O AMR é

um formato usado em celulares e, apesar de não ter uma qualidade excelente, cria arquivos muito

pequenos e fáceis de trabalhar.

Veja um deles no endereço:

http://www.freeplaymusic.com/

http://freemusicarchive.org/

http://dig.ccmixter.org/

http://www.jamendo.com/

http://opsound.org/

Page 21: Cinema no Celular

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DICAS PARA A GRAVAÇÃO DE ÁUDIO

Para uma boa gravação de áudio usando aparelhos celulares devemos tomar alguns cuidados. Aí vão algumas dicas:

- Antes de gravar, verifique o nível de gravação e se o sinal que está entrando no celular está muito baixo ou alto (som

distorcido). Faça um teste de gravação e ouça o volume do som gravado para checar.

- Lembre-se! Os microfones estão embutidos no aparelho celular. Antes de gravar, procure localizá-los antes de iniciar a

gravação. Neste momento, você deve apontar o microfone em direção à fonte sonora (pessoa que você quer gravar a voz,

ou o som do ambiente que gostaria de gravar, como por exemplo, o barulho do mar, do vento, do trotar dos cavalos ou o

sino dos bodes).

- É importante você ter certeza que não existem obstáculos entre a fonte sonora e o microfone. Fique atento ao som de

fundo, do ambiente de onde quer gravar. Se o local for muito barulhento, e isso não é parte da sua escolha de áudio, é

melhor procurar outro local.

- Experimente outros ambientes para tentar minimizar a quantidade de ruído. Mesmo em uma sala fechada você pode

testar o melhor posicionamento.

- Cuide também para que a fonte sonora emita o som mais alto possível (peça para a pessoa entrevistada “projetar”

bem a voz).

- Certifique-se de que o seu aparelho não está com limitação de tamanho para gravar os arquivos.

- O formato dos arquivos de áudio dos celulares é em geral diferente dos usados normalmente em computadores.

Para fazer uma edição é preciso convertê-los.

Page 22: Cinema no Celular

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O TEXTO

O texto é um recurso que pode ser usado nos vídeos de diferentes formas. A maneira mais comum é o off, que é o texto narrado em

cima das imagens e sem que o interlocutor apareça.

Outra forma é o diálogo entre os personagens, mas construí-lo de uma maneira que entretenha o espectador é um desafio e tanto! O

roteirista deve escrever uma cena tendo em mente que os diálogos elaborados serão falados e, sendo assim, devem parecer o mais

natural possível. Vale lembrar que um bom ator também é parte importante de um sucesso ou fracasso do filme, pois ele é quem vai

trazer naturalidade à cena descrita pelo roteirista.

ROTEIRO

O roteiro de um vídeo é um documento que indica os acontecimentos da história, a ordem das cenas, os cenários, as falas dos

personagens e a sonoplastia (utilização de sons, ruídos e músicas).

Ao lado você vê uma cena do consagrado filme Cidade de Deus, de Bráulio Montovani.

Quando for escrever textos em off ou diálogos, pense na clareza da

comunicação, ou seja, pense na mensagem que quer passar através

do filme, quais são as suas intenções estéticas e de conteúdo.

Lembre-se que o tempo e o espaço geralmente são mais curtos

no celular, portanto por isso seja objetivo e sintético.

Page 23: Cinema no Celular

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EXT. CASA DE ALMEIDINHA – DIA 1

Abrimos com a imagem de um FACÃO sendo afiado.

CARACTERES em superposição: 1981

Ouve-se o murmúrio de VOZES alegres, vozes CANTANDO um samba acompanhado de um BATUQUE. Não vemos as pessoas. Mas os

sons deixam claro que se trata de um ambiente festivo.

Escrevendo um Roteiro:

Basicamente, o roteiro deve

apresentar três elementos:

(1) descrição das cenas (e dos

locais de gravação);

(2) a sequência de ações;

(3) as falas dos personagens.

Estas etapas podem variar de acordo

com a proposta de cada vídeo.

Cidade de Deus, Bráulio Montovan (2001, Brasil)

Imagine a cena descrita e assista o filme, que é um exemplo de bom roteiro.

Page 24: Cinema no Celular

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A letra do samba tem como tema: comida.

MÃOS NEGRAS amarram com um barbante a PERNA de um GALO.

O galo é imponente e vistoso. Alternamos o galo --incomodado por ter a perna amarrada -- a imagens que sugerem a preparação de um

almoço:

ÁGUA FERVENDO numa enorme panela.

O galo parece reagir à imagem anterior.

Batatas sendo descascadas por MÃOS de uma mulher negra.

O galo reage como se entendesse a situação: vai virar comida.

GALINHAS MORTAS sendo depenadas por MÃOS de mulheres negras.

O galo reage. Ele tenta libertar a perna amarrada ao barbante.

MÃO masculina negra percute o couro de um pandeiro.

A letra do samba faz referência explícita ao tema comida.

O galo parece entender que seu fim está próximo.

Um FACÃO sendo afiado por mãos negras masculinas. A faca vai CRESCENDO, tornando-se cada vez mais ameaçadora.

O galo se desespera. Luta. E escapa. ALMEIDINHA, o negro que segura o facão, percebe a fuga do galo e dá o alarme.

ALMEIDINHA

O galo fugiu!

Pela primeira vez, vemos a casa de Almeidinha do lado de fora.

Page 25: Cinema no Celular

25

Trata-se de um lugar pobre, uma casa de alvenaria da Cidade de Deus. A festa está acontecendo no quintal.

A fuga do galo provoca um grande ALVOROÇO entre os convidados: na maioria homens, JOVENS, NEGROS e MULATOS. Apenas alguns

são BRANCOS. Estão quase todos de calção e chinelo.

Dezenas de bandidos saem correndo atrás do galo. Eles fazem parte da quadrilha de Zé Pequeno. Todos berrando:

Pela primeira vez, vemos a casa de Almeidinha do lado de fora. Trata-se de um lugar pobre, uma casa de alvenaria da Cidade de Deus. A

festa está acontecendo no quintal.

A fuga do galo provoca um grande ALVOROÇO entre os convidados:

Na maioria homens, JOVENS, NEGROS e MULATOS. Apenas alguns são BRANCOS. Estão quase todos de calção e chinelo.

Dezenas de bandidos saem correndo atrás do galo. Eles fazem parte da quadrilha de Zé Pequeno. Continua ...

CUIDADOS COM O EQUIPAMENTO

1. Mantenha o aparelho longe de lugares sujos e/ou empoeirados.

2. Os aparelhos celulares são sensíveis a oscilações de temperatura. Portanto, mantenha-o longe de superfícies muito quentes ou muito frias.

3. Na praia, tome cuidados extras.

4. Não derrube nem bata o celular. Além de estragar a carcaça do aparelho, estes impactos podem romper circuitos internos e danificar a bateria.

5. Ele caiu na água. E agora?

A primeira atitude a se tomar ao molhar o aparelho é a de tirar sua bateria. Nessas horas, a dica é mergulhar o celular em um potinho com arroz e

deixar ele lá por alguns dias. O arroz é ótimo para absorver a umidade e pode ajudar a secar os componentes eletrônicos do aparelho.

Page 26: Cinema no Celular

26

AÇÃO - Termo usado para descrever a função do movimento que acontece frente à câmera.

ÂNGULO: ponto de vista criado pela câmera em relação ao objeto.

BOOM: haste na qual é suspenso o microfone, utilizada para seguir os movimentos dos atores.

CENOGRAFIA - arte e técnica de criar, desenhar e supervisionar a construção dos cenários de um filme.

CLICHÊ - uso repetitivo de diálogos e soluções cênicas em qualquer tipo de produção artística.

CLÍMAX - Ponto culminante da ação dramática.

CLOSE-UP - Plano que enfatiza um detalhe. Tomando a figura humana como base, este plano enquadra apenas os ombros e a cabeça de um

ator, tornando bastante nítidas suas expressões faciais.

CRÉDITOS - Qualquer título ou reconhecimento à contribuição de pessoas ao filme. Relação de pessoas físicas e jurídicas que participam ou

contribuem para a realização de um produto audiovisual. Geralmente, é mostrada no final da produção.

DECUPAGEM - Planificação do filme definida pelo diretor, incluindo todas as cenas, posições de câmara, lentes a serem usadas,

movimentação de atores, diálogos e duração de cada cena.

DOLLY - Veículo que transporta a câmara e o operador, para facilitar a movimentação durante as tomadas.

ENQUADRAMENTO: o que está sendo mostrado, o quadro que é filmado.

FADE IN - O surgir da imagem a partir de uma tela escura ou clara, que gradualmente atinge a sua intensidade normal de luz.

FADE OUT - Escurecimento ou clareamento gradual da imagem partindo da sua intensidade normal de luz.

GANCHO - Momento de grande interesse que precede a um comercial. Pequeno ou grande clímax, arranjados de modo tal que não

permitam que o telespectador abandone a história.

GELATINA: folha de material transparente e colorido utilizado para modificar a luz dos refletores.

glossário

Page 27: Cinema no Celular

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LOCUÇÃO EM OFF - Texto que acompanha a ação do filme, pronunciado por um locutor ou locutora que não aparecem em cena. O mesmo

que off.

OBJETOS DE CENA - São todos os itens utilizados para decoração do cenário: cinzeiros, vasos, telefones, objetos de arte, etc.

OBTURADOR: disco metálico circular e plano com setores abertos destinados à passagem da luz durante o movimento do filme na câmera.

OFF - Vozes ou sons presentes sem se mostrar a fonte emissora.

PANORÂMICA (pan) - Câmara que se move de um lado para outro, dando uma visão geral do ambiente, mostrando-o ou sondando-o.

PLANO - refere-se a distância entre a câmera e o objeto filmado.

RITMO - Cadência de um roteiro. Harmonia.

ROTEIRO - Forma escrita de qualquer espetáculo audiovisual. Descrição das cenas, sequências, diálogos e indicações técnicas do filme.

SCRIPT - Roteiro quando entregue à equipe de filmagem. Plano completo de um programa, tanto em cinema quanto em televisão. É o

instrumento básico de apoio para a direção e produção, pois contém falas, indicações, marcas, posicionamentos e movimentação cênica, de

forma genérica e detalhada. Expressa as idéias principais do autor, do produtor e do diretor a serem desenvolvidas pela equipe que o realiza.

SET - Local de filmagem.

SINOPSE - Vista de conjunto, narração breve que resume uma história. No cinema, é chamada de argumento.

SONOPLASTIA: comunicação pelo som. Abrange música, ruídos e fala.

TAKE (tomada) – Inicia-se no momento em que se liga a câmara e vai até quando ela é desligada. É o parágrafo de uma cena.

TRAVELLING - Câmara em movimento.

ZOOM - Efeito óptico de aproximação ou distanciamento. Serve para dramatizar ou esclarecer lances do roteiro.

ZOOM-IN - Aumento na distância focal da lente da câmara durante uma tomada, o que dá ao espectador a impressão de aproximação do

elemento que está sendo filmado.

ZOOM-OUT - Diminuição da distância focal da lente durante uma tomada, o que dá ao espectador a impressão de que está se afastando do

elemento que está sendo filmado.

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WOHLGEMUTH, Júlio. Vídeo Educativo: uma pedagogia audiovisual. Brasília: Senac-DF, 2005.

DOMINGUES, Anderson. A linguagem do cinema. http://www.scrib.com

Projeto Cultural Minha Vida Mobile – MVMob. Disponível em: <http:\\www.mvmob.com.br>. Acesso em 5 jul. de 2012.

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Acesso em 5 jul. de 2012.

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Blog Pensando Imagem e Som. Disponível em: <http://pensandoimagemesom.blogspot.com>. Acesso em 5 jul. de 2012.

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Roteiro de Cinema. Disponível em: <http://www.roteirodecinema.com.br>. Acesso em 5 jul. de 2012.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

WEBGRAFIA

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Terra Sonâmbula,

Teresa Prata (2007, Moçambique)

Viajo porque preciso, volto porque te amo

Marcelo Gomes, Karim Aïnouz (2009, Brasil)

Waking Life,

Richard Linklater (2011, EUA)

Xingu,

Cao Hamburger, (2012, Brasil)

XXY,

Lucía Puenzo (2007, Argentina)

Glacial Inferno,

Caetano Grippo (2011, Brasil)

Jogo de Cena,

Eduardo Coutinho (2007, Brasil)

La Teta Assustada,

Claudia Llosa (2008, Peru)

LAGAAN: Once Upon a Time in India,

Sachidanand Pathak (2001, Índia)

Melancolia,

Lars Von Trier (2011, Dinamarca),

O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus,

Terry Gilliam (2009, França/Reino Unido/Canadá)

Peacock,

Michael Lander(2010, EUA)

Abril Despedaçado,

Walter Salles (2001, Brasil)

As Cinzas de Ângela,

Alan Parker (1999, EUA/Irlanda)

Cantando na Chuva,

Stanley Donen, Gene Kelly (1952, EUA)

Caramujo Flor,

Joel Pizzini (1988, Brasil)

Cidade de Deus,

Bráulio Montovani (2001, Brasil)

De Salto Alto,

Pedro Almodóvar (1991, Espanha)

Deus e o Diabo na Terra do Sol,

Glauber Rocha (1964, Brasil)

FILMOGRAFIA

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anotações

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equipe técnica

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Aqui tem investimento do Governo Federal.