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30 CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE: REFLEXÕES SOBRE A COMUNICAÇÃO E A PARTICIPAÇÃO PÚBLICA Ana Cláudia de Oliveira Leite¹ Maria Cristina Comunian Ferraz² Danilo Rothberg³ RESUMO A discussão e questionamento da relação entre ciência, tecnologia e sociedade, proveniente da emergência do movimento de Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS), tem como um dos seus pilares básicos a comunicação científica, constituída por pesquisas sobre jornalismo científico, divulgação científica e compreensão e participação pública da ciência. O principal objetivo do presente artigo é discutir a relevância da comunicação e da participação pública no desenvolvi- mento do conhecimento científico e tecnológico e suas implicações para a sociedade. Para isso, são apresentadas algumas reflexões sobre a construção do conhecimento, experiência e expertise; a apropriação social do conhecimento; os modelos de comunicação pública de ciência e tecno- logia (C&T); as pesquisas de percepção pública de C&T e alguns exemplos sobre biotecnolo- gias e transgênicos; e as políticas públicas de popularização da C&T. A partir de uma pesquisa _____________________________________ ¹Bacharel em Biblioteconomia e Ciência da Informação pela UFSCar, com Especialização em Gestão Organizacio- nal e Recursos Humanos pela UFSCar e MBA em Gestão de Unidades de Informação pela UNICEP. Atualmente, é mestranda no Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Sociedade pela UFSCar e tutora virtual nos cursos de graduação a distância dessa mesma instituição. E-mail: [email protected]. ²Doutora em Ciências pela USP, com Pós-Doutorado em Engenharia de Materiais pela UFSCar e Especialização em Administração e Análise de Negócios pelo CESSC. É docente do Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Sociedade e Coordenadora do Programa de Extensão Divulgação Científica, Comunicação e Inclusão Social da UFSCar. E-mail: [email protected]. ³Jornalista, mestre em Comunicação e doutor em Sociologia pela Unesp, com Pós-doutorado pela Open Univer- sity, Inglaterra (Visiting Research Fellow, 2006-2007) e pela UFSCar. É professor do Departamento de Ciências Humanas da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Unesp e professor colaborador do Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Sociedade da UFSCar. E-mail: [email protected]

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE:REFLEXÕES SOBRE A COMUNICAÇÃO E A PARTICIPAÇÃO PÚBLICA

Ana Cláudia de Oliveira Leite¹Maria Cristina Comunian Ferraz²

Danilo Rothberg³

RESUMOA discussão e questionamento da relação entre ciência, tecnologia e sociedade, proveniente da emergência do movimento de Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS), tem como um dos seus pilares básicos a comunicação científica, constituída por pesquisas sobre jornalismo científico, divulgação científica e compreensão e participação pública da ciência. O principal objetivo do presente artigo é discutir a relevância da comunicação e da participação pública no desenvolvi-mento do conhecimento científico e tecnológico e suas implicações para a sociedade. Para isso, são apresentadas algumas reflexões sobre a construção do conhecimento, experiência e expertise; a apropriação social do conhecimento; os modelos de comunicação pública de ciência e tecno-logia (C&T); as pesquisas de percepção pública de C&T e alguns exemplos sobre biotecnolo-gias e transgênicos; e as políticas públicas de popularização da C&T. A partir de uma pesquisa

_____________________________________¹Bacharel em Biblioteconomia e Ciência da Informação pela UFSCar, com Especialização em Gestão Organizacio-nal e Recursos Humanos pela UFSCar e MBA em Gestão de Unidades de Informação pela UNICEP. Atualmente, é mestranda no Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Sociedade pela UFSCar e tutora virtual nos cursos de graduação a distância dessa mesma instituição. E-mail: [email protected]. ²Doutora em Ciências pela USP, com Pós-Doutorado em Engenharia de Materiais pela UFSCar e Especialização em Administração e Análise de Negócios pelo CESSC. É docente do Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Sociedade e Coordenadora do Programa de Extensão Divulgação Científica, Comunicação e Inclusão Social da UFSCar. E-mail: [email protected]. ³Jornalista, mestre em Comunicação e doutor em Sociologia pela Unesp, com Pós-doutorado pela Open Univer-sity, Inglaterra (Visiting Research Fellow, 2006-2007) e pela UFSCar. É professor do Departamento de Ciências Humanas da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Unesp e professor colaborador do Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Sociedade da UFSCar. E-mail: [email protected]

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bibliográfica, observou-se que na contextualização do estudo do Problema da Legitimidade e o Problema de Expansão na construção do conhecimento científico e suas influências nas três ondas de estudos sociais da ciência, salienta-se a importância de uma nova abordagem que considere os diferentes tipos de experiência e a participação de todos os interessados no desenvolvimento da C&T. Na produção e desenvolvimento do conhecimento científico, essa cultura colaborativa entre os membros da sociedade é evidenciada na emergência dos estudos sobre compreensão pública de C&T, a qual tem se mostrado uma área fértil de pesquisas e deve ser considerada nos proces-sos de comunicação e elaboração de políticas públicas de C&T. O processo de apropriação social do conhecimento científico salienta o surgimento de um novo modelo de participação pública baseado numa rica rede de conexões de saberes capaz de dissolver as barreiras que permeiam na relação entre ciência, tecnologia e sociedade. Mesmo com todas as limitações das pesquisas de percepção pública de C&T, no que se refere a metodologias e conteúdos, devemos considerar que se trata de pequenos avanços no estudo da complexa dinâmica entre ciência, tecnologia e socie-dade. Essa tríade deve nortear a formulação de políticas que estimulem a disseminação de uma cultura científica voltada à participação pública. Por meio da evolução dos paradigmas, percebe-mos a notável preocupação dos estudos CTS no envolvimento do público em geral nas tomadas de decisões políticas. A compreensão pública de C&T torna-se, então, um instrumento capaz de mobilizar diversos setores da sociedade rumo à participação cidadã e, conseqüentemente, ao progresso econômico e social.

Palavras-Chave: Ciência-tecnologia-sociedade. Compreensão pública. Conhecimento científi-co. Participação pública. Políticas públicas de C&T.

Introdução

A Revolução Científica dos séculos XVII e XVIII, decorrente da Revolução Industrial, pro-porcionou grande crescimento na produção do conhecimento, que repercutiu em mudanças na estrutura e na economia da sociedade. No entanto, conforme salienta Cuevas (2008), foi a partir da Segunda Guerra Mundial que se passou a discutir e a questionar a relação entre ciência e so-ciedade.

Nesse contexto, o surgimento do movimento de Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS), nos anos 1960 e 1970, evidenciou o interesse e a necessidade de pesquisas sobre a dimensão social da ciência e da tecnologia (C&T). Esse movimento inclui uma diversidade de campos de estudos que compartilham a crítica à neutralidade da C&T e a promoção da participação pública na toma-da de decisões, como meios de instrumentalização da cidadania.

No Brasil, de acordo com Hayashi, Hayashi e Furnival (2008), dentre os campos de estudos CTS destacam-se: educação científica; estudos CTS; comunicação científica; mudança tecno-lógica e desenvolvimento sustentável; política científica e tecnológica; e gestão da inovação. A comunicação científica aborda pesquisas sobre jornalismo científico, divulgação científica e compreensão e participação pública da ciência, a qual é objeto de reflexão do presente estudo.

Dessa forma, o artigo teve como principal objetivo discutir a relevância da comunicação e da participação pública no desenvolvimento do conhecimento científico e tecnológico e suas im-plicações para a sociedade. Para isso, são apresentadas algumas reflexões sobre a construção do conhecimento, experiência e expertise; a apropriação social do conhecimento; os modelos de co-municação pública de C&T; as pesquisas de percepção pública de C&T e alguns exemplos sobre biotecnologias e transgênicos; e as políticas públicas de popularização da C&T.

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Construção do conhecimento, experiência e expertise

Na obra “The Third Wave of Science Studies: Studies of Expertise and Experience”, Collins e Evans (2002) têm como objetivo tentar descobrir uma justificação sistemática para uma teoria normativa de expertise, que seja compatível com a Sociologia do Conhecimento Científico e que contribua para o processo de tomada de decisão política. Os autores questionam a ampliação da legitimidade política de decisões técnicas no domínio público a amplos processos democráticos. Assim, comparam o valor do conhecimento e da experiência dos cientistas e tecnólogos e outros conhecimentos e experiências, mudando o foco da discussão epistemológica de “verdade” para “expertise” e “experiência” e suscitando a tensão entre o Problema de Legitimidade, na qual a tomada de decisão pode e deve ser ampliada para além do núcleo de especialistas certificados, e o Problema de Extensão, que considera até que ponto deve chegar essa ampliação.

Nesse cenário, o problema apontado por Collins e Evans (2002) é encontrar uma clara justifi-cativa para a expansão da expertise, considerada como uma habilidade especialista desenvolvida em virtude da experiência, mas que não é certificada. Com a inerente necessidade de Estudos de Expertise e Experiência, os autores analisam as três ondas de estudos sociais da ciência.

Na Primeira Onda dos estudos científicos que, segundo Collins e Evans (2002), permeou os anos 1950 e 1960, os analistas sociais reforçavam o sucesso das ciências sem questionar a sua base. Logo, tanto para os cientistas sociais quanto para o público em geral, uma boa formação científica garantia a uma pessoa falar com autoridade sobre a sua área, demonstrando a inexistên-cia do Problema de Extensão e a falta de conhecimento sobre o Problema de Legitimidade.

A partir dos anos 70, a Segunda Onda, com a Sociologia do Conhecimento Científico, permitiu a resolução do Problema de Legitimidade ao re-conceituar a ciência como uma atividade social, envolvendo conhecimentos tácitos e discutindo o foco da expertise com a atribuição do rótulo de “expert” e a forma como a expertise é legitimada no deslocamento entre as instituições sociais como, por exemplo, escolas, tribunais de justiça, políticas públicas, etc.

Com observação cuidadosa, metodologia e filosofia, a Segunda Onda substituiu a Primeira Onda, porém a Terceira Onda não refutou a Segunda Onda, pois os problemas eram diferentes: a Segunda Onda analisou a formação do consenso científico e a Terceira Onda abordou a legitimi-dade da ciência na política, no judiciário e em outros campos, permitindo declarações “prescriti-vas” ao invés de declarações “descritivas” sobre o papel da expertise na esfera pública.

Para se compreender a abordagem da Terceira Onda, primeiramente é importante salientar, como apontado por Collins e Evans (2002), a relação entre o Núcleo dos Conjuntos, constituído por cientistas envolvidos na experimentação ou teorização e o Núcleo dos Grupos, que por vezes é pequeno e surge após uma controvérsia que tenha sido resolvida pelos seus efeitos práticos. Desse modo, apenas membros desses grupos poderiam legitimadamente contribuir para a forma-ção do consenso ou desenvolvimento da ciência.

Ao considerar-se a política sendo intrínseca às ciências, percebe-se o papel do Núcleo dos Conjuntos, da comunidade científica e do público em geral. Portanto, com apenas o Núcleo dos Conjuntos, ao longo do tempo, há diminuição na incerteza das pesquisas científicas, embora nunca se chegue a um ápice de certeza. Com a inclusão do restante da comunidade científica, as ricas discussões, ampliadas com as conversas entre pares, periódicos científicos e meios de radiodifusão, proporcionam a construção de um ápice de certeza. E o público apenas observa tais

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discussões sobre ciência, entretanto quando a mesma se populariza, o ápice de certeza torna-se propriedade pública.

Para Collins e Evans (2002), a Terceira Onda, com os Estudos de Expertise e Experiência, se transformou numa teoria normativa da expertise, na qual é abordada a questão sobre quem deve ou não contribuir para a tomada de decisão em virtude dos seus conhecimentos. A Terceira Onda faz a separação entre a dimensão técnica e a dimensão política, diferindo da Primeira Onda ao considerar que a comunidade científica é indistinguível dos cidadãos em geral, pois a idéia de que os cientistas têm autoridade puramente especial em razão das suas qualificações científicas pode ser enganosa e prejudicial.

Como observado anteriormente, a Primeira Onda, como a Era da Autoridade, localizou toda a expertise dentro da comunidade científica; em reação a esta imagem incorreta, a Segunda Onda, como a Era da Democracia, tornou difícil a distinção entre os conhecimentos científicos e os direitos políticos; e a Terceira Onda, como a Era da Expertise, visou restabelecer a divisão entre os experts especialistas, certificados ou não, dos não-especialistas, que sejam ou não certificados.

Segundo Collins e Evans (2002), a expertise baseada na experiência, para descrever aqueles cuja especialização não tem sido reconhecida para garantir certificação, é dividida por Turner4 em cinco tipos: o Tipo I baseia-se na sua eficácia comprovada e autoridade universal como o caso da Física; o Tipo II é concedido e legitimado só entre um grupo restrito como a Teologia; o Tipo III cria os seus próprios adeptos como, por exemplo, os novos tipos de terapias psicológicas; e os Tipos IV e V tornam-se especialistas consumidores de novos tipos de expertise.

Na Sociologia do Conhecimento Científico, todos os tipos de expertise poderiam ser valoriza-dos no sentido de uma expertise contributiva, que se aproximasse cada vez mais da esfera princi-pal do Núcleo dos Conjuntos. Na abordagem de Collins e Evans (2002), os tipos de competências discutidos se classificam dentro do tipo I descrito por Turner e, dessa forma, distinguem-se três níveis de expertise: sem expertise ou grau de perícia insuficiente para realizar uma análise socio-lógica ou fazer uma participação relativa; expertise interacional, para interagir com participantes e efetuar uma análise sociológica; e expertise contributiva, para colaborar com a ciência do cam-po a ser analisado.

Collins e Evans (2002) apontam os problemas de limitação nessa classificação, o desafio de se conceituar os tipos de expertise citados e a forma como eles interagem. E para ilustrar a im-portância da interação, apresentam quatro estudos de caso: os ovinocultores de Cumbrian, que tinham expertise de contribuição complementar a dos cientistas; os experts não certificados da comunidade gay de São Francisco, que conseguiram entrar no grupo científico sobre tratamento da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS); a expertise insuficiente do público, que tes-temunhou dois grandes acidentes envolvendo a segurança de combustíveis num trem, na Ingla-terra, e num avião, na Califórnia; e a ligação entre o Núcleo dos Conjuntos e os experts no estudo de temas polêmicos como a Parapsicologia e a Homeopatia.

De acordo com Collins e Evans (2002), além da categorização dos diferentes tipos de exper-tise, é necessária a categorização das ciências, já que o modo apropriado para integrar o público nos processos políticos depende da natureza da C&T. A participação do público na construção do conhecimento básico para a tomada de decisões políticas pode ser visualizada no desenvolvi-mento de tecnologias, tais como, carros, bicicletas, computadores e programas de computação, ____________________________________4 TURNER, Stephen. What is the Problem With Experts. Social Studies of Science, v. 31, n. 1, p. 123-149, 2001

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no qual as preferências do consumidor são levadas em consideração. O design de um carro, por exemplo, pode ser baseado nas preferências políticas de minimização do consumo de combustí-vel e dos efeitos poluidores.

A expertise pública também pode auxiliar no planejamento local, combinada com outros tipos de conhecimento e experiência, como no caso, relatado por Collins e Evans (2002), sobre a ins-talação de uma pedreira, cuja extração do mineral acarretava efeitos nos preços das propriedades na localidade, nos empregos, nos salários e nos lucros de pequenas lojas.

O uso de tecnologias e o envolvimento do público integram a própria ciência. Collins e Evans (2002) citam o exemplo do debate sobre os transgênicos, em que os cientistas podem atuar como consultores, mas devido às incertezas da pesquisa, à ética na produção e aos riscos do consumo, a tomada de decisão política deve estar embasada no esclarecimento de tais questões e na parti-cipação pública.

Com as três ondas de estudos sociais da ciência, que incluíram o Problema de Legitimidade e o Problema de Extensão, e a interação de expertise, conhecimento e experiência, a qual contribuiu para a compreensão da relação entre ciência e sociedade, Collins e Evans (2002) finalizam as suas considerações indicando a necessidade de se repensar em como diferentes tipos de conhecimento devem ser combinados para a tomada de decisão em diferentes tipos de ciência e em diferentes tipos de cultura. Os autores ainda acrescentam que o seu trabalho busca iniciar uma reflexão so-bre o desenvolvimento dos Estudos da Expertise e Experiência, proporcionando uma mudança real na nossa forma de olhar os estudos de ciência a relação entre ciência, tecnologia e sociedade.

A obra de Collins e Evans (2002) mostra os problemas enfrentados pela Sociologia do Conhe-cimento Científico, no decorrer dos anos. A relação entre conhecimento, experiência e expertise têm despertado interessantes discussões entre acadêmicos e a população em geral, as quais de-vem contribuir para o desenvolvimento responsável da C&T.

Collins e Evans (2002), ao abordarem o Problema da Legitimidade e o Problema de Expansão e suas influências nas três ondas de estudos sociais da ciência, instigam a necessidade da combi-nação de diferentes tipos de conhecimento em prol de uma cultura colaborativa nas tomadas de decisões políticas, priorizando a comunicação e a interação entre os membros da sociedade.

Na produção e desenvolvimento do conhecimento científico, essa cultura colaborativa entre os membros da sociedade é evidenciada na emergência dos estudos sobre compreensão pública de C&T.

Compreensão pública de C&T

Conforme apresenta Wynne (1995), a compreensão pública de C&T é uma área abrangente, que envolve diferentes perspectivas. E, portanto, refere-se ao conhecimento da natureza dos mé-todos científicos e suas implicações por parte do público não especialista ou leigo.

De forma muito sucinta, as abordagens dominantes da análise empírica da com-preensão pública da ciência podem ser divididas em dois grandes grupos. O primeiro que se concentra na realização de grandes enquetes para levantar dados sobre a familiaridade que o grande público detém sobre fatos científicos (isto é, para aferir o grau do chamado “alfabetismo científico” do público) e sobre suas atitudes relacionadas às conseqüências e imagens da C&T na sociedade. O se-

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gundo grupo de estudos nessa área busca focalizar o entendimento que o público detém da C&T e, por exemplo, de riscos tecnológicos, em contextos específicos mediante estudos de caso (HAYASHI; HAYASHI, FURNIVAL, 2008, p. 40).

Durant (1999) salienta que os estudos sobre compreensão pública de C&T têm crescido muito nos últimos 15 anos e que a utilização desse termo se intensificou no início dos anos 1980, devido à congruência de interesses públicos e pessoais de distintos grupos sociais, com destaque para os cientistas, educadores, jornalistas, industriais e políticos.

Os paradigmas que caracterizam a compreensão pública de C&T podem ser categorizados em três períodos, de acordo com os problemas e propostas de pesquisa apontados por Bauer, Allum e Miller (2007):

• Alfabetização científica, dos anos 1960 a 1980, que considerava que a população em geral possuía um déficit de conhecimento científico a ser combatido por ações educacionais. As pesqui-sas quantitativas delineavam esse perfil e apontavam as necessidades para tais procedimentos;

• Compreensão pública, dos anos 1980 a 1990, no qual, além do déficit de conhecimento científico, verificou-se a importância dos posicionamentos e atitudes da população frente a C&T. As pesquisas qualitativas passaram a investigar o valor atribuído à C&T;

• Ciência e sociedade, dos anos 1990 aos dias de hoje, que ao criticar o elitismo científico e rechaçar a idéia de passividade da população, vem buscando a participação e o engajamento público na formulação e debate dos avanços e inovações da C&T para a melhoria da qualidade de vida da sociedade.

Por meio da evolução dos paradigmas, percebemos a notável preocupação dos estudos CTS no envolvimento do público em geral nas tomadas de decisões políticas. A compreensão pública de C&T torna-se, então, um instrumento capaz de mobilizar diversos setores da sociedade rumo à participação cidadã e, conseqüentemente, ao progresso econômico e social.

Apropriação social do conhecimento

Nos Estados Unidos, a primeira metade do século XX foi marcada pelo debate filosófico entre Dewey e Lippmann, os quais discutiram a democracia e o papel dos cidadãos, dos líderes, dos cientistas e dos meios de comunicação.

Cuevas (2008) afirma que o pensador e jornalista Lippmann defendia a idéia de que os cida-dãos precisavam de tempo e conhecimento para tomar decisões informadas. O elitismo se carac-terizava por delegar poder a duas classes: os cientistas ou especialistas investigariam os assuntos considerados importantes, e os líderes executariam as decisões políticas públicas. Desse modo, o cidadão comum não precisaria se preocupar, pois os governantes se encarregariam das tomadas de decisões.

Em contrapartida, o filósofo Dewey ressaltava a importância da comunicação pública e do de-bate para a participação cidadã da população, cujos interesses particulares, transformando-se em interesses sociais, poderiam beneficiar a toda comunidade.

Mesmo com diferentes características, as idéias de Lippmann e Dewey se complementam ao questionarem como a comunicação entre os membros da sociedade pode contribuir para a criação e melhoria dos conhecimentos sobre C&T.

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O debate filosófico entre Dewey e Lippmann suscita a discussão sobre o uso de modelos de comunicação pública de C&T para a apropriação social do conhecimento científico. Dentre os modelos mais difundidos, destacam-se: o Modelo de Déficit Cognitivo, o Modelo Contextual, o Modelo de Expertise Leiga e o Modelo de Participação Pública.

Modelos de comunicação pública de C&T

O Modelo de Déficit Cognitivo, que surgiu na esfera da comunidade acadêmica, descreve a ausência de conhecimento como analfabetismo científico. Lewenstein (2003) afirma que, nesse modelo, o cientista é considerado como o detentor do conhecimento e o resto da população como leiga, fato que gera muitas discussões e críticas a esse modelo: a visão parcial e negativa do co-nhecimento do público, ao não considerar o seu contexto sociocultural, dificulta a interface entre a ciência e a população em geral.

Contrapondo-se as idéias defendidas pelo Modelo de Déficit Cognitivo, foram desenvolvidos ao menos três modelos alternativos: o Modelo Contextual, o Modelo de Expertise Leiga e o Mo-delo de Participação Pública.

Segundo Lewenstein (2003), o Modelo Contextual reconhece que as pessoas não são reci-pientes vazios que precisam ser preenchidos com informação, pois elas são capazes de processar a informação conforme o seu contexto psicossocial. Esse modelo já foi utilizado com sucesso em campanhas sobre saúde e dependência química, ao orientar a construção de mensagens para público-alvo em particular contexto. Porém, foi criticado por ser apenas uma versão sofisticada do Modelo de Déficit Cognitivo, já que continua a priorizar o elitismo da comunidade científica.

Por não abordarem a importância do reconhecimento dos saberes locais e dos compromissos políticos para a inclusão e a participação pública, os Modelos de Déficit Cognitivo e Contextual foram considerados inadequados. Lewenstein (2003) aponta, então, os Modelos de Expertise Lei-ga e de Participação Pública como resposta ao uso da alfabetização científica moldada às decisões políticas.

O Modelo de Expertise Leiga assume que o conhecimento local é tão relevante para a solução de um problema quanto o conhecimento técnico. Assim, de acordo com Lewenstein (2003), as atividades de comunicação precisam ser estruturadas de maneira a reconhecer os conhecimentos já detidos pelas comunidades locais em questão. O uso desse modelo pode ser observado em es-tudos de caso, que envolvem agricultura, legados históricos e patrimônios culturais, tais como, o conhecimento indígena no tratamento de doenças. Não obstante, esse modelo recebeu críticas ao valorizar excessivamente o saber local em detrimento ao saber científico e ao priorizar o debate político ao invés de sugerir uma abordagem mais educativa.

O Modelo de Participação Pública busca o envolvimento dos cidadãos nas políticas de C&T que, segundo Durant (1999), é proveniente de uma relação e de um diálogo de eqüidade entre os cientistas e o público não especialista. Audiências públicas, fóruns de discussão e conselhos deliberativos são alguns exemplos de atividades que incitam a participação do público. E, apesar de ser conduzido pelo compromisso de democratização da ciência, esse modelo também recebeu críticas devido a limitação de sua abrangência.

Ao observarmos os modelos de comunicação pública de C&T, percebemos que na prática pode haver o uso combinado de diferentes modelos, ajustando-se às necessidades de cada grupo ou

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comunidade em determinado momento. É importante notarmos como esses modelos podem dire-cionar os debates e investigações sobre a compreensão pública de C&T e o engajamento público na produção e desenvolvimento do conhecimento.

Pesquisas de percepção pública de C&T

A partir da década de 1960, surgiram diversos estudos e pesquisas de percepção pública de C&T, com o objetivo de compreender o fenômeno científico e tecnológico e identificar o posicio-namento da sociedade em relação a essas questões.

Na década de 1970, segundo Vogt (2005), a National Science Foundation (NSF), nos Estados Unidos, uniu os indicadores clássicos de C&T a investigações que medissem a percepção pública sobre C&T. E na década de 1980, após o estudo “Bodmer Report” comissionado pelo governo britânico, deu-se início a área do conhecimento interdisciplinar denominada “Public Understan-ding of Science” ou Compreensão Pública da Ciência.

Os estudos que procuram entender as pesquisas de opinião pública sobre as questões de C&T ganham relevância no contexto de países onde a democracia está ainda em processo de consolidação e a organização política extrapartidária ainda é fraca, como é o caso de quase toda a América Latina. Nesse grupo de países, pesquisas de opinião geram informações que podem ser utilizadas por representantes do governo, de interesses sociais e outros (VOGT, 2005, p. 4).

No Brasil, a primeira iniciativa nessa direção foi a realização de uma pesquisa de opinião pelo Instituto Gallup, por intermédio do Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast), mediante soli-citação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). De acordo com Vogt (2005), os resultados foram utilizados para a criação de referências e indicadores sobre C&T, que ilustrassem a opinião da população brasileira.

Vale ressaltar que, a partir da década de 1990, o contexto de democratização pro-piciou um alargamento do espaço público e, definindo nas burocracias públicas estruturas mais suscetíveis às demandas organizadas, as enquetes tornaram-se, aos poucos, instrumentos reconhecidos e utilizados na orientação de decisões e de políticas específicas. Uma mostra disso foi a realização de uma pesqui-sa nacional, em 1992, para identificar “o que o brasileiro pensa de ecologia”, pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e pelo CNPq. O estudo tratou de opiniões e valores com relação ao meio ambiente e também sobre atitudes dos cidadãos correspondentes a ações de preservação e conscientização (VOGT, 2005, p. 5).

Recentemente, duas pesquisas adotaram diferentes metodologias, propiciando a análise de da-dos relevante para o planejamento de ações voltadas à pesquisa e desenvolvimento de políticas de C&T.

A pesquisa “Percepção Pública da Ciência e Tecnologia”, realizada pelo MCT em 2007, de âmbito nacional, buscou levantar o grau de interesse, de informação e de conhecimento, assim como, as atitudes e visões que os brasileiros têm de C&T. O público-alvo foi constituído por homens e mulheres com idade igual ou superior a 16 anos. A partir de 2004 entrevistas, os dados

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foram apresentados em porcentagem e analisados seguindo-se as classificações por sexo, idade, classe social, grau de instrução, renda familiar, ocupação, religião, porte do município e região geográfica (BRASIL, 2007).

Em 2005, a pesquisa “Indicadores de Ciência, Tecnologia e Inovação em São Paulo” foi rea-lizada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) nos municípios paulistas de Campinas, Ribeirão Preto e São Paulo. Como parte de uma pesquisa mais ampla con-duzida pela Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI) e pela Rede Ibero-Americana de Indicadores de Ciência e Tecnologia (RICYT), a pesquisa da FAPESP buscou caracterizar alguns aspectos da percepção e compreensão pública sobre C&T. Os questionários aplicados a 1063 pes-soas, foram baseados na metodologia “survey”, na qual as perguntas possuem um caráter rígido, não podendo ser explicadas ou esclarecidas pelos entrevistadores, considerando as capacidades verbais e escritas do entrevistado (FAPESP, 2005).

Ambas as pesquisas demonstraram que apesar do interesse moderado por C&T, os brasileiros dizem não compreender muito bem e não costumam se informar ou visitar bibliotecas, museus, zoológicos ou feiras de ciência. Os mais interessados se caracterizaram por serem homens, jo-vens, estudantes ou gerentes, com maior grau de instrução e residentes em zonas urbanas. Entre os temas de interesse, medicina, saúde e poluição ambiental foram os mais citados.

No Brasil, além de pesquisas de percepção pública de C&T, outras iniciativas recentes foram voltadas à valorização da participação popular nas decisões que orientam o desenvolvimento científico. Destacou-se, entre elas, o “Programa ProspeCTar” que, segundo Santos e Ichikawa (2002), buscava incentivar a população a pensar no planejamento estratégico do país, incluindo a melhoria da qualidade de vida e a competitividade dos serviços e bens produzidos.

Outra iniciativa do MCT, no final de 1999, foi a criação do Programa Sociedade da Informação/Socinfo-MCT, cujas metas de implementação foram expressas no Livro Verde da Ciência, Tecnologia e Inovação. O “Livro Verde” foi elabo-rado por uma ampla equipe de mais de 150 técnicos, professores, empresários e servidores públicos, com base na experiência de outros países e dos trabalhos anteriores do MCT, como uma agenda nacional sobre essa sociedade da infor-mação (SANTOS; ICHIKAWA, 2002, p. 258).

As linhas de ação propostas pelo Programa Sociedade da Informação abordavam: o uso de tecnologias de informação e comunicação (TICs) para a promoção da competitividade das em-presas; a promoção da universalização do acesso à Internet e de serviços para a cidadania; o uso de TICs para educação a distância (EAD); a geração de conteúdos e aplicações que caracterizem a identidade cultural brasileira; a informatização da administração pública; o incentivo a projetos de pesquisa e desenvolvimento (P&D) das TICs; e a implantação de infra-estrutura básica nacio-nal de informações (BRASIL, 2000).

Em 2002, o MCT lançou o chamado “Livro Branco: ciência, tecnologia e inovação”, como resultado de discussões e debates rumo a um planejamento e reforma do sistema nacional de ci-ência, tecnologia e inovação (CT&I). “O Livro Branco não é obra acabada, mas sim elemento de mobilização de todos os brasileiros e convite ao debate permanente, de formulação de consensos essenciais e de definição de compromissos e empreendimentos” (BRASIL, 2002, p. 22).

Tanto o Livro Verde quanto o Livro Branco evidenciam o papel das TICs na integração e de-

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mocratização dos processos sociais, que contribui para a mobilização dos cidadãos e sua partici-pação ativa na sociedade.

Biotecnologias e Transgênicos

Dentre os estudos clássicos de percepção pública de C&T, o uso dos transgênicos ou organis-mos geneticamente modificados (OGMs) tem se destacado nas discussões sobre os avanços e inovações da biotecnologia. Essa questão é um exemplo interessante da dimensão ética e social do desenvolvimento da C&T.

Guivant (2006) comenta que já foram realizadas diversas pesquisas de opinião sobre OGMs nos Estados Unidos, Europa e Ásia. Entretanto, as limitações referentes ao aspecto metodológico pouco contribuíram para a análise dos fatores envolvidos na formação de opinião.

No Brasil, foram realizados três tipos de pesquisa de opinião sobre OGMs, conforma aponta Guivant (2006):

• A pesquisa realizada pela FAPESP em 2005, citada anteriormente, que, apesar do seu caráter abrangente e qualitativo sobre C&T, demonstrou que os paulistas têm interesse pelos OGMs;

• As pesquisas quantitativas do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBO-PE), encomendadas tanto pelo Greenpeace como pela Monsanto, cujas respostas levam a posicio-namentos e conclusões diferentes;

• As pesquisas realizadas em eventos ou por meio da Internet que, mesmo sem pretensão de representatividade, são utilizadas por empresas do mercado de sementes ou por grupos de movimentos sociais contra ou a favor da produção e uso dos OGMs.

Furnival e Pinheiro (2008) também ressaltam a importância de grupos focais, os quais buscam explorar as interpretações pessoais sobre os OGMs, por meio de uma pesquisa qualitativa intera-tiva entre pesquisadores e participantes de grupos pré-determinados.

Independentemente do tipo de pesquisa, o tema sobre OGMs é apenas uma pequena amostra da possibilidade de debates e questionamentos, que envolvem o desenvolvimento da tecnologia, o papel dos meios de comunicação, a educação científica e a participação pública cidadã.

Políticas públicas de popularização da C&T

Considerando-se os problemas da Legitimidade e de Expansão e suas influências nas três on-das de estudos sociais da ciência, percebemos que a dinâmica da produção e desenvolvimento do conhecimento envolve o processo de popularização da C&T e a participação da sociedade nas definições sobre política científica.

Segundo Lima, Neves e Dagnino (2008), a comunicação pública de C&T enfrenta alguns pro-blemas que passam pela falta de disseminação dos conceitos fundamentais de C&T nos sistemas educacionais formais e informais, pelo distanciamento das instituições de pesquisa da população em geral e pela falta de entendimento dos fatores sociais, políticos, legais e éticos envolvidos no direcionamento da C&T no país.

Uma política de popularização da ciência, direcionada a ampliar o entendimento do indivíduo sobre o mundo no qual está inserido, poderia estimular a partici-

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pação pública em escolhas e direcionamentos da ciência e tecnologia e, con-sequentemente, contribuir para uma inclusão dos interesses de grupos sociais tradicionalmente deixados à margem dos benefícios que o desenvolvimento científico e tecnológico pode proporcionar. Nesse sentido, as ações para promo-ver a popularização da ciência podem ser entendidas também como estratégicas para impulsionar a inclusão social (LIMA; NEVES; DAGNINO, 2008, p. 1).

As políticas públicas de C&T devem “ser entendidas como programas de ações que represen-tam a realização concreta de decisões do Estado no sentido de induzir mudanças na sociedade” (LIMA; NEVES; DAGNINO, 2008, p. 2). Assim, Santos e Ichikawa (2002) indicam um conjunto de condições que podem favorecer a democratização da gestão pública das políticas de C&T: que tenha caráter representativo com amplo número de envolvidos; que permita a participação direta e igualitária de indivíduos especialistas e leigos; que tenha influência real nas decisões adotadas; e que envolva o público ativamente na definição de problemas e na escolha de soluções.

As políticas na área de difusão e popularização da C&T ainda parecem forte-mente influenciadas pela idéia de que a falta de compreensão do público sobre C&T poderá ser sanada com maior exposição do público aos encantamentos da ciência e tecnologia e que esse acesso deverá conduzir a inclusão social (LIMA; NEVES; DAGNINO, 2008, p. 5).

Os mecanismos para possibilitar essa participação pública podem incluir audiências públicas, fóruns participativos, gestão negociada, painéis de cidadãos, levantamento de opinião, entre ou-tros. Caberá, então, vencer a resistência de cientistas e pesquisadores para a discussão e definição de políticas públicas com a participação dos setores afetados por eles.

Considerações finais

Na contextualização do estudo do Problema da Legitimidade e o Problema de Expansão na construção do conhecimento científico e suas influências nas três ondas de estudos sociais da ciência, verificamos a importância de uma nova abordagem que considere os diferentes tipos de experiência e a participação de todos os interessados no desenvolvimento da C&T.

A compreensão pública de C&T, como parte dos estudos CTS, tem se mostrado uma área fér-til de pesquisas e deve ser considerada nos processos de comunicação e elaboração de políticas públicas de C&T.

Mesmo com todas as limitações das pesquisas de percepção pública de C&T, no que se refere a metodologias e conteúdos, devemos considerar que se trata de pequenos avanços no estudo da complexa dinâmica entre ciência, tecnologia e sociedade. Essa tríade deve nortear a formulação de políticas que estimulem a disseminação de uma cultura científica voltada à participação pú-blica.

A partir da discussão do conteúdo exposto no trabalho, é possível perceber a relevância do campo de estudos CTS na formulação de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento de C&T. Com o crescimento das TICs, torna-se imprescindível a discussão sobre a adequação dos modelos de comunicação pública de C&T e de pesquisas de percepção pública de C&T.

Portanto, para que a sociedade compreenda C&T e participe nas tomadas de decisão, faz-se

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necessário estabelecer uma conexão de saberes entre informação, conhecimento e aprendizado.

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