characiformes; serrasalmidae e sua avaliação como...

243
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA PROGRAMA DE PÓS - GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DE ÁGUA DOCE E PESCA INTERIOR-BADPI APRIGIO MOTA MORAIS Manaus, Amazonas Dezembro de 2011 Biodiversidade de parasitos da piranha vermelha Pygocentrus nattereri (Kner, 1858) (Characiformes; Serrasalmidae) e sua avaliação como bioindicadores na Amazônia Central

Upload: votram

Post on 09-Dec-2018

224 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZNIA INPA

PROGRAMA DE PS - GRADUAO EM BIOLOGIA DE GUA DOCE E PESCA

INTERIOR-BADPI

APRIGIO MOTA MORAIS

Manaus, Amazonas

Dezembro de 2011

Biodiversidade de parasitos da piranha vermelha

Pygocentrus nattereri (Kner, 1858)

(Characiformes; Serrasalmidae) e sua avaliao

como bioindicadores na Amaznia Central

INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZNIA INPA

PROGRAMA DE PS - GRADUAO EM BIOLOGIA DE GUA DOCE E PESCA

INTERIOR-BADPI

APRIGIO MOTA MORAIS

Manaus, Amazonas

Dezembro de 2011

Biodiversidade de parasitos da piranha vermelha

Pygocentrus nattereri (Kner, 1858) (Characiformes;

Serrasalmidae) e sua avaliao como

bioindicadores na Amaznia Central

APRIGIO MOTA MORAIS

ORIENTADOR: Jos Celso de Oliveira Malta, Dr.

CO-ORIENTADORA: Angela Maria Bezerra Varella, Dra.

Manaus, Amazonas

Dezembro de 2011

Tese de Doutorado apresentada ao Instituto

Nacional de Pesquisas da Amaznia como

parte dos requisitos para a obteno do

ttulo de Doutor em Biologia de gua

Doce e Pesca Interior.

Biodiversidade de parasitos da piranha vermelha

Pygocentrus nattereri (Kner, 1858)

(Characiformes; Serrasalmidae) e sua avaliao

como bioindicadores na Amaznia Central

i

Sinopse

Este trabalho faz parte do projeto PIATAM (Inteligncia Socioambiental Estratgica da Indstria do

Petrleo na Amaznia), projeto que estuda os efeitos da minerao do petrleo e de seu transporte

entre os municpios de Manaus e Coari no Estado do Amazonas. As coletas dos peixes para as

anlises parasitolgicas foram realizadas entre maro de 2008 a dezembro de 2008. Foram coletados e

identificados 52.664 parasitos divididos em nove grupos taxonmicos distintos. Uma nova espcie

de Nematoda descrita assim como novas ocorrncias em relao a grupos de parasitos foram

reportadas para P. nattereri. Os ndices parasitolgicos e descritores ecolgicos calculados, bem como

a anlise estatstica destacaram algumas espcies de parasitos com potencial bioindicador. As anlises

de bioacumulao apontam o nematide Procamallanus (Spirocamallanus) inopinatus como modelo

de espcie bioacumuladora para metais pesados como Cobre, Chumbo, Cdmio e Nquel. As espcies

parasitas de P. nattereri podem ser utilizadas como bioindicadoras de efeito e de acumulao em

medidas de monitoramento no ambiente estudado.

Palavraschave: Peixes, poluio, indicadores ambientais, parasitismo

M827 Morais, Aprigio Mota

Biodiversidade de parasitos da piranha vermelha Pygocentrus nattereri

(Kner, 1858) (Characiformes; Serrasalmidae) e sua avaliao como

bioindicadores na Amaznia Central / Aprgio Mota Morais. --- Manaus :

[s.n.], 2012.

243 f. : il. color.

Tese (doutorado) --- INPA, Manaus, 2012

Orientador : Jos Celso de Oliveira Malta

Co-orientador : Angela Maria Bezerra Varella

rea de concentrao : Biologia de gua Doce e Pesca Interior

1. Pygocentrus nattereri. 2. Parasitos de peixes. 3. Bioindicadores.

4. Metais pesados. 5. Poluio aqutica Amaznia. I. Ttulo.

CDD 19. ed. 597.52

ii

Aos meus pais,

Francineide Mota Morais (In memorian) e Jos Gomes de Morais

Dedico

iii

AGRADECIMENTOS

A Deus pela inspirao de vida;

Ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amaznia e ao Programa em Biologia de gua Doce e

Pesca Interior pela infra-estrutura concedida;

A Fundao de Amparo a Pesquisa do Estado do Amazonas - FAPEAM pela bolsa de

doutorado concedida (n do processo 2685/08) e auxlio a eventos cientficos;

Ao Projeto PIATAM pela infra-estrutura e suporte financeiro para viabilizao desse estudo;

Ao Instituto Oswaldo Cruz-IOC, em especial ao Laboratrio de Helmintos Parasitos de Peixes

por disponibilizar o intercmbio cientfico durante o doutorado;

Ao Laboratrio de Microscopia Eletrnica e Microanlises PROPPG da Universidade

Estadual de Londrina (UEL) pelo auxlio nas microanlises e imagens em microscopia

eletrnica de varredura;

Ao Laboratrio de Biologia de Helmintos Otto Wucherer, UFRJ pela assistncia em

microscopia eletrnica de varredura;

Ao Servio de Produo e Tratamento de Imagens, IOC, Fiocruz pela assistncia na

preparao de pranchas;

Ao Laboratrio de Ecofisiologia e Evoluo Molecular LEEM, pela infra-estrutura concedida

nas anlises em Espectroscopia de Absoro Atmica;

Ao meu estimado orientador Dr. Jos Celso de Oliveira Malta pelo contnuo aprendizado,

apoio, confiana e amizade proporcionando a tranquilidade necessria para a realizao desse

trabalho;

A coordenadora do curso e co-orientadora Dra. Angela Varella por sempre estar disposta a

ajudar no que fosse possvel e impossvel;

Aos doutores, Marle Anglica Villacorta-Correa, Jansen Medeiros, Maria Linda Flora de

Novaes Benneton, Edinaldo Nelson dos Santos Silva e Jansen Zuanon por todas as

contribuies para o trabalho;

Ao Dr. Aylton Saturnino Teixeira, por sua contribuio contnua a este trabalho, amizade e

incentivos sempre oportunos;

Ao Dr. Celso Morato pelos conselhos e estrutura fsica cedida;

A todos os professores do INPA/BADPI pelo repasse de conhecimento e amizade, em

especial ao Dr. Carlos Edwar C. Freitas por toda ajuda concedida;

iv

A Dra. Anna Kohn Hoineff, pelo acolhimento em seu ilustre Laboratrio de Helmintos

Parasitos de Peixes e pelo repasse incalculvel de experincia e sabedoria em parasitologia

de peixes, muito me honra que voc tenha dito que minha me cientfica;

A Dra. Berenice M.M. Fernandes pela ajuda imprescindvel com os trematdeos digenticos,

continua amizade e considerao;

A Dra. Melissa Querido Crdenas pela ajuda e aprendizado com os nematides, auxlio nas

pranchas e imagens em microscopia de varreduras e sua valiosa amizade;

A Dra. Simone Cohen, por sua ajuda com os monogenideos e por sua amizade;

A Dra. Mrcia Simone e ao meu querido amigo Paulinho pelas conversas e auxlios;

A M.Sc. Mariana dos Santos Lopes pelo auxlio com os acantocfalos e aos demais alunos do

Laboratrio de Helmintos Parasitos de Peixes da Fiocruz-RJ;

Ao Dr. Marcelo Knoff pela amizade e auxlio com os cestides, e as Dras. Delir Crrea

Gomes e Nilza Felizardo pela amizade e ateno dadas em minha visita ao Laboratrio de

Helmintos Parasitos de Vertebrados da Fiocruz;

A Dra. ngela Teresa Silva-Souza, por me acolher em sua cidade (Londrina-PR) e tornar

possvel as microanlises e imagens em varredura, bem como por sua valiosa amizade e

contnua contribuio na arquitetura das idias para essa tese;

Ao Bilogo Denis K. Caneshiro, pela amizade e ajuda durante a estadia em Londrina.

A Dra. Clia Guadalupe Tardeli de Jesus Andrade por abrir as portas de seu laboratrio, e me

auxiliar nas microanlises e imagens em varredura bem como a todos os amigos que ganhei

no PROPPG em Londrina especialmente a Osvaldo Capello, Julio C. Spadotto (de boa),

Leandro, Fernanda (Senhora) Nogueira, Suelen Santos, Monique Cristine e Joo Paulo (JP);

A todas as equipes do projeto PIATAM, em especial as equipes da Ictiofauna em nome do Dr.

Carlos Edwar, Ecotoxicologia em nome da Dra. Vera Maria Fonseca de Almeida-Val e

Limnologia em nome da Dra. Tereza Cristina, por colocrmos em prtica a to falada

intermultidisciplinaridade, de fato importante para a execuo das idias dessa Tese;

Aos companheiros de excurso do PIATAM a contar: Karn Lorena Prado (Zorena dos olhos

dgua), Alzira Miranda, Fabola Aquino, Flvia Kelly, Jos Wagner, Lili, Luciana (Japa),

Viviane Fonseca, Vivien, Daniele, Jhonny, Almir e o sempre animado Clvis (Nego);

A Dra. Marlia C. Brasil Sato e sua equipe Amanda, Cassandra, Mrcia e Cludia por me

receberem em seu laboratrio na UFRRJ.

A Hostlia Maria Lisboa Campos e a Cladia por todo o auxlio prestado, cobranas e

amizade;

v

Ao amigo M.Sc. Rafael Duarte pelo o auxlio nas microanlises em Espectroscopia de

Absoro Atmica;

Aos amigos do INPA, em especial a turma do BADPI-2003, pela amizade e contnua ajuda;

Aos meus amigos do Laboratrio de Parasitologia e Patologia de Peixes do INPA que me

ajudaram nas excurses de campo e no laboratrio: Edilson Arajo, Sandro Lris, Daniel

Brito, Jos Vital, Augusto (Grazi), Mrcio Cunha, Larissa Pelegrini, Ngila Zuchi, Helen

Pardio, Natlia Pereira, Belisa Cervinho, Carol Pdua, Camila Anjos e Franciely Cristina;

Aos meus amigos pescadores Walter (Chininha), Fonseca, Sr. Luiz e Joo Pena, obrigado

pelas coletas dos peixes e dos inmeros causos contados nas excurses;

Ao meu querido pai Jos Gomes de Morais e minha amada e inesquecvel me Francineide

Mota Morais (In memorian) pelo amor incondicional e por estarem sempre presentes em

minha educao me mostrando que o valor real do ser humano esta depositado em sua

sabedoria e carter;

A minha famlia querida pelo apoio nessa jornada: Karla Mota, Iran Dlis, Jos Junior e

Elria Gardnia, ngela Vicentini (muito obrigado), Eduardo Maculan, Fernanda Duarte,

Thaly Karaseq entre outros;

A minha amada esposa Rafaela Nascimento Vicentini e minha querida filhota Giovana, pelo

amor, companheirismo, incentivos, ensinamentos e acima de tudo pacincia durante esse

perodo de nossas vidas;

Enfim, a todos aqueles que contribuiram de alguma forma na realizao deste trabalho.

O MEU MUITO OBRIGADO!

vi

No esmorecer para no desmerecer

Oswaldo Cruz

1

SUMRIO

RESUMO GERAL ................................................................................................................... 10

Captulo I

BIODIVERSIDADE PARASITRIA DA PIRANHA VERMELHA Pygocentrus

nattereri (KNER, 1958) (CHARACIFORMES: SERRASALMIDAE) NA

AMAZNIA CENTRAL: OCORRNCIA E ESTUDO TAXONMICO .............. 11

Resumo ......................................................................................................................... 12

Abstract ..................................................................................................................... 13

1. Introduo ......................................................................................................... 14

2. Material e mtodos ........................................................................................... 19

2.1. rea de estudo ............................................................................................... 19

2.2. Coleta dos dados ............................................................................................ 23

2.3. Coleta, fixao e preparao dos parasitos .................................................... 24

2.4. Imagens, desenhos e medidas taxonmicas ................................................... 28

3. Resultados ......................................................................................................... 28

4. Discusso ........................................................................................................ 101

5. Referncias Bibliogrficas .............................................................................. 106

Captulo II

DINMICA POPULACIONAL, NDICES E DESCRITORES ECOLGICOS

DOS PARASITOS DE Pygocentrus nattereri (KNER, 1958) E SEU USO COMO

BIOINDICADORES DE INTEGRIDADE AMBIENTAL ...................................... 125

Resumo ....................................................................................................................... 126

Abstract ................................................................................................................... 127

1. Introduo ....................................................................................................... 128

2. Material e mtodos ......................................................................................... 133

2.1. rea de estudo e coleta dos dados ............................................................... 133

2.2. Coleta, identificao e transporte dos peixes............................................... 133

2.3. Tamanho das amostras................................................................................. 134

2.4. Coleta, preparao e fixao dos parasitos .................................................. 134

2.5. Dados limnolgicos ..................................................................................... 135

2.6. Anlise dos dados ........................................................................................ 137

3. Resultados ....................................................................................................... 145

4. Discusso ........................................................................................................ 157

5. Referncias Bibliogrficas ........................................................................ 162

Captulo III

COMPOSIO QUMICA EM ENDOHELMINTOS DE Pygocentrus nattereri

(Kner, 1958) POR ESPECTROSCOPIA DE ENERGIA DISPERSIVA (EED) COM

APLICAO BIOINDICADORA ............................................................................. 171

2

Resumo ....................................................................................................................... 172

Abstract ................................................................................................................... 173

1. Introduo ....................................................................................................... 174

2. Material e mtodos ......................................................................................... 178

2.1. rea de estudo e coleta dos hospedeiros ..................................................... 178

2.2. Coleta, preparao e fixao dos parasitos .................................................. 179

2.3. Anlise dos dados ........................................................................................ 179

3. Resultados ....................................................................................................... 184

4. Discusso ........................................................................................................ 195

5. Referncias Bibliogrficas .............................................................................. 200

Captulo IV

COMPARAO ENTRE A BIOACUMULAO DE METAIS PESADOS EM

Procamallanus (Spirocamallanus) inopinatus Pereira, 1958 (NEMATODA:

CAMALLANIDAE) NO HOSPEDEIRO Pygocentrus nattereri (Kner, 1958)

(OSTEICHTHYES: SERRASALMINAE) E NA GUA ......................................... 205

Resumo ....................................................................................................................... 206

Abstract ................................................................................................................... 207

1. Introduo ....................................................................................................... 208

2. Material e mtodos ......................................................................................... 212

2.1. rea de estudo e coleta dos hospedeiros ..................................................... 212

2.2. Coleta, preparao e fixao dos parasitos .................................................. 213

2.3. Anlise dos dados ........................................................................................ 213

3. Resultados ....................................................................................................... 216

4. Discusso ........................................................................................................ 222

5. Referncias Bibliogrficas .............................................................................. 228

3

LISTA DE FIGURAS

Captulo I

BIODIVERSIDADE PARASITRIA DA PIRANHA VERMELHA Pygocentrus

nattereri (KNER, 1958) (CHARACIFORMES: SERRASALMIDAE) NA AMAZNIA

CENTRAL: OCORRNCIA E ESTUDO TAXONMICO

Figura 1. Localizao geogrfica da rea de estudo, localizada na Amaznia Central

AM. ................................................................................................................................... 21

Figura 2. Viso panormica dos seis pontos amostrados ao longo do Rio Solimes, AM.

.......................................................................................................................................... 22

Figura 3. Embarcao e laboratrio adaptados usados para anlise do material coletado

em campo. ......................................................................................................................... 23

Figura 4. A- Exemplar jovem e B- adulto de Pygocentrus nattereri (barras = 5 cm). ..... 24

Figura 5. Complexo de ncoras, barras ventral e dorsal, e complexo copulatrio das

espcies do gnero Amphithecium encontradas em Pygocentrus nattereri. 5A

Amphithecium falcatum vista ventral (Boeger, W.A.; Kritsky, D.C. 1988). 5B ganchos,

barras ventral e dorsal, e complexo copulatrio de A. brachycirrum 5C, ncoras barras

ventral e dorsal, e complexo copulatrio de A. calycinum. 5D ncoras, barras ventral e

dorsal, e complexo copulatrio de A. camelum. ............................................................... 32

Figura 6. Complexo de ncoras, barras ventral e dorsal, e complexo copulatrio das

espcies do gnero Amphithecium encontradas em Pygocentrus nattereri. 6A A.

catalaoensis, ncoras, barras ventral e dorsal, e complexo copulatrio. 6B ncoras, barras

ventral e dorsal, e complexo copulatrio de A. falcatum. 6C ncoras, barras ventral e

dorsal, e complexo copulatrio de A. junki. 6D ncoras,barras ventral e dorsal, e

complexo copulatrio de A. microphalum. ....................................................................... 33

Figura 7. 7A Anacanthorus thatcheri vista ventral (Boeger e Kritsky, 1988). 7B

complexo copulatrio de A. tahtcheri. 7C complexo copulatrio de A. reginae. 7D

complexo copulatrio de A. stachophallus. 7E complexo copulatrio de Anacanthorus

sp. ...................................................................................................................................... 36

Figura 8. 8A Enallotecium aegidatum vista ventral (Boeger e Kritsky, 1988). 8B

Complexo de ncoras, barras ventral e dorsal. 8C complexo copulatrio. ...................... 38

Figura 9. 9A Nothotecium mizellei viso ventral (Boeger e Kritsky,1988). 9B ncoras,

barras ventral e dorsal de N. mizellei. 9C complexo copulatrio de N. mizellei. ............. 39

Figura 10. 10A Nothozothecium penetrarum vista ventral (Boeger e Kritsky,1988). 10B

ncoras, barras ventral e dorsal. 10C Complexo copulatrio. 10D Imagem comparando a

diferena de tamanho de N. penetrarum para os demais monogenodeos. 10E Forma

peculiar de penetrao dos adultos nos tecidos do filamento branquial. 10F Dano causado

no local de penetrao em um filamento branquial. ......................................................... 41

Figura 11. 11A Rhinoxenus piranhus vista ventral (Kritsky, Boeger e Jeg, 1997). 11B

ncoras. 11C barra.11D complexo copulatrio. ............................................................... 43

Figura 12. A Gyrodactylus sp.n.4. (Vianna, 2007). B ncora, C barras profunda e

superficial, D ganchos e C rgo copulatrio masculino (OCM) de Gyrodactylus sp. ... 45

Figura 13. Proteocephalus serrasalmus. A Vista geral de um espcime adulto (barra =

10mm); B regio anterior do adulto (barra = 0,1mm); C regio posterior do adulto (barra

= 1mm); D regio anterior da larva procercide (barra = 0,1mm). E regio posterior da

file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315172994file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315172994file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315172995file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315172995file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315172996file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315172996file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315172998file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315172998file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315172998file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315172998file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315172998file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315172998file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315172999file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315172999file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315172999file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315172999file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315172999file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315172999file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173003file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173003file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173003file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173003file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173003

4

larva plerocercide (barra = 0,1mm); F proglote imaturo (barra = 1mm); G proglote

maturo (barra = 1mm); H proglote grvido (barra = 0,5mm); I detalhe da genitlia

terminal (barra = 0,1m). Abreviaes: es = Esclice; ml = musculatura longitudinal; VT

= vitelinos; t = testculo; u = tero; ov. = ovrio; bc = bolsa do cirrus; cd = canal

deferente; pg = poro genital. ............................................................................................. 48

Figura 14. Proteocephalus serrasalmus. A Esclice. B proglote maduro. C Cortes

tranversais nas progltides. Abreviaes: V = vitelinos; FM = fibras musculares; O =

ovriol; CT = Crtex; M = medula; T = testculos. .......................................................... 49

Figura 15. Metacercrias localizadas nos fils de P. nattereri. A-Clinostomum

marginatum e B- Austrodiplostomum compactum (vista ventral) (Barras = 200 m). C-

metacercria de Clinostomum marginatum em destaque na musculatura do fil (Barra =

3cm). ................................................................................................................................. 52

Figura 16. Fotomicrografia de Neochinorrhyncus sp. A-viso lateral de um exemplar

macho revelando os testculos (asteriscos) na poro mediana (Barra = 1mm). B- poro

anterior do macho, detalhe do receptculo da probscide (seta preta) e do leminisco (seta

branca) (Barras = 0,20mm).C- poro anterior do macho detalhe da probscide e suas

trs fileiras de ganchos laterais (setas pretas) (Barras = 0,15mm). D- poro posterior do

macho, mostrando parte do aparelho reprodutor (Barra = 0,60mm). ............................... 54

Figura 17. Micrografia em microscpio de luz de Procamallanus (Spirocamallanus)

inopinatus parasito de Pygocentrus nattereri. Vista lateral. A regio anterior de uma

fmea grvida (barra = 0,5 mm); B regio anterior do macho (barra = 0,5mm); C detalhe

da cpsula bucal do macho (barra = 0,1mm); D regio posterior da fmea (barra =

0,5mm); E regio posterior do macho; F tero da fmea com inmeras larvas (barra = 0,5

mm). .................................................................................................................................. 57

Figura 18. Micrografia em microscpio eletrnico de varredura (MEV) de

Procamallanus (Spirocamallanus) inopinatus parasito de Pygocentrus nattereri. A

detalhe das papilas ceflicas internas (PCI); papilas ceflicas externas (PCE); anfdeos

(AF) e dente mediano (DM) de uma fmea (vista subapical); B caudade um macho, em

detalhe a disposio das papilas caudais (PC) e nus (A) (vista lateral); C extremidade

anterior do macho mostrando a disposio das papilas ceflicas internas (PCI) e dentes

medianos (DM) (vista apical); D interior da cpsula bucal mostrando as estrias (ES) em

detalhe e dentes medianos externos (DM) (vista apical). ................................................. 58

Figura 19. Philometra sp. n. 1 fmea grvida; A extremidade anterior do corpo, vista

lateral; B regio ceflica vista lateral com presena de uma estrutura tipo pescoo; C

regio ceflica vista apical; D extremidade posterior vista lateral; E larva do tero de 10

estgio vista lateral. .......................................................................................................... 62

Figura 20. Philometra sp. n. 1 fmea grvida. A, B, F Microscopia Eletrnica de

Varredura (MEV). A extremidade ceflica, vista apical, pi, papila interna; pe, papila

externa; a, anfdeo (Barra = 30 m); B extremidade caudal mostrando o fasmdeo (seta)

(barra = 10m); C detalhe do fasmdeo (barra = 10m); D regio anterior mostrando as

estruturas componentes da poro ceflica; E tero repleto de larvas em 10 estgio

observados em Contraste de interferncia Diferencial (CID) (barra = 0,2mm); F

ruptura da parede do corpo permitindo a observao de larvas em 10 estgio vistos em

MEV (barra = 200m); G regio posterior observada em CID (barra = 0,1mm); H regio

anterior observado em CID, mostrando o bulbo oval em forma de lmpada (barra =

0,1mm). ............................................................................................................................. 63

file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173010file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173010file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173010file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173010file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173010file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173010

5

Figura 21- Detalhe de uma fmea de Philometra sp. n. 1deixando a rbita ocular de

Pygocentrus nattereri logo aps a morte do hospedeiro (post mortem) (setas) (Barras = 3

cm). ................................................................................................................................... 64

Figura 22. Fotomicrografia por microscopia de Contraste de Interferncia Diferencial

(CID) de Pseudoproleptus sp.: A regio anterior (barra = 0,1mm); B detalhe da regio

anterior (barra = 0,1mm); C detalhe da cauda mostrando a ponta em forma de boto

(barra = 0,1mm). ............................................................................................................... 66

Figura 23. Vista lateral de uma larva de terceiro estgio de Pseudoproleptus sp. A regio

anterior mostrando o esfago subdividido em uma regio muscular e em uma regio

glandular (barra = 0,2mm); B detalhe da regio anterior mostrando o vestbulo longo

(barra = 0,1mm); C cauda cnica mostrando a pequena projeo similar a um boto em

sua ponta (barra = 0,1mm). ............................................................................................... 67

Figura 24. Micrografia em microscpio eletrnico de varredura (MEV) de uma larva em

terceiro estgio de Pseudoproleptus sp. Aextremidade anterior do corpo, vista

subdorsoventral (vista subdorsal); B cauda, vista sublateral, em detalhe o nus (seta); C

regio ceflica, vista subdorsoventral; D cauda, vista sublateral, detalhe da pequena

projeo similar a um boto em sua ponta (seta). Abreviaturas: a = protruso terminal

pseudolabial; b = papila ceflica crculo interno; c = papila ceflica do crculo externo; d

=anfdeo; e= estrutura ceflica cuticular semelhante a um capacete). ............................. 68

Figura 25. Fotomicrografia por microscopia em Contraste de Interferncia Diferencial

(CID) de Brevimulticaecum sp. A regio anterior mostrando o esfago, o ventrculo (V) e

o ceco intestinal (CI) (barra = 0,1mm); B detalhe da regio anterior (vista ventral)

mostrando a presena de duas proeminncias semelhantes a dentes, 1 dorsal e 1 ventral

(barra = 0,1mm); C cauda cnica (barra = 0,1mm); D detalhe do ventrculo lobular e do

ceco intestinal (barra = 0,1mm). ....................................................................................... 72

Figura 26. Terceiro estgio larvar de Brevimulticaecum sp. A esfago seguido de um

ventrculo formado por 4 ou 5 lobos e ceco intestinal (barra = 0,1mm); B cauda cnica

com poro terminal afilada (barra = 0,1mm). ................................................................. 73

Figura 27. Imagens em microscopia de luz (A e C) e em MEV (B, D, E) de Anisakis sp.

A- regio anterior do corpo (barra: 1mm); B e D - regio ceflica; C e E-regio posterior

mostrando as estruturas componentes (barra = 1mm). Abreviaes: dl, dente larval; an,

anel nervoso; em, esfago muscular; v, ventrculo; eg, esfago muscular; b, boca; pe,

poro excretor; mda, msculo distensor anal; ga, glndula anal; a, nus; m, mucrn; pc,

papila ceflica; lbio dorsal; et, estriaes ....................................................................... 77

Figura 28. Fotomicrografia em microscopia de luz de Miracetyma piraya (fmea) vista

ventral A (barra = 100m). B detalhe do sistema de travas no segundo par de antenas

usadas para fixao no hospedeiro (barra = 20m). ......................................................... 79

Figura 29. Fotomicrografia em MEV de Miracetyma piraya. A vista dorsolateral

mostrando o parasito preso a um filamento branquial acionando o mecanismo de trava

caracterstico do gnero (seta); B, a seta indica o detalhe da perna I com endopdito

modificado maior que o exopdito em formato peculiar de perna de pau (barra = 20m).

C abdmen e ramos caudais (vista dorsal). ...................................................................... 80

Figura 30. Fotomicrografia em microscopia de luz de Rhinergasilus piranhus (fmea). A

vista ventral (barra = 100m). B antena (barra = 25m). ................................................ 82

Figura 31. Fotomicrografia em microscopia de luz de Ergasilus yumaricus.(fmea). A

vista ventral (barra = 100m). B antena (barra = 50m). ................................................ 84

6

Figura 32. Fotomicrografia em microscopia de luz de Argulus multicolor (fmea). A

detalhe da fixao na regio bucal (seta). B vista ventral (barra = 100m). C vista dorsal

(barra = 50m). ................................................................................................................. 87

Figura 33. Fotomicrografia em microscopia de luz de Argulus chicomendesi (macho). A

vista ventral. B vista dorsal (barras = 1mm). .................................................................... 89

Figura 34. Fotomicrografia em microscopia de Dolops geayi, A vista dorsal e B ventral

(barras = 1mm). ................................................................................................................ 91

Figura 35. Fotomicrografia em microscopia de Dolops striata. A vista dorsal. B ventral

(barras = 1mm). ................................................................................................................ 92

Figura 36. Fotomicrografia em microscopia de Dolops bidentata. A vista dorsal e B vista

ventral (barras = 1mm). .................................................................................................... 94

Figura 37. Microscpia Eletrnica de Varredura (MEV) de Sebekia oxycephala. A vista

geral de uma da ninfa; B regio anterior (vista ventral); C e D detalhe dos ganchos

duplos. E detalhe da boca. F detalhe dos espinhos na extremidade dos anis corporais. G

regio posterior do corpo. H detalhes das papilas da regio anterior. Abreviaturas: gat =

ganchos anteriores; gpo = ganchos posteriores; gp = gancho principal; ga = gancho

acessrio; bc = boca; lp = lobo parapodial; ae = anis com espinhos; es = espinho; a =

nus; p= papilas). .............................................................................................................. 97

Figura 38. Fotomicrografia em microscopia de Anphira branchialis (fmea grvida). A

vista dorsal. B vista ventral. C vista lateral exibindo placas coxais sobrepostas em todos

os pereonitos (barras = 1mm). ........................................................................................ 100

Captulo II

DINMICA POPULACIONAL, NDICES E DESCRITORES ECOLGICOS DOS

PARASITOS DE Pygocentrus nattereri (KNER, 1958) E SEU USO COMO

BIOINDICADORES DE INTEGRIDADE AMBIENTAL

Figura 1. Imagem e localizao geogrfica dos lagos de vrzea do rio Solimes, entre as

cidades de Manaus e Coari no Estado do Amazonas. .................................................... 133

Figura 2. Distribuio dos txons parasitos de Pygocentrus nattereri ao longo de um

perodo hidrolgico. N = nmero de peixes coletados. .................................................. 145

Captulo III

COMPOSIO QUMICA EM ENDOHELMINTOS DE Pygocentrus nattereri (Kner,

1958) POR ESPECTROSCOPIA DE ENERGIA DISPERSIVA (EED) COM

APLICAO BIOINDICADORA ..................................................................................... 171

Figura 1. Localizao geogrfica dos seis lagos de vrzea do rio Solimes estudados,

entre as cidades de Manaus e Coari no Estado do Amazonas. ....................................... 179

Figura 2. A = sistema de Espectroscopia de Energia Dispersiva(EED). B = detalhe do

sistema de Espectroscopia de Energia Dispersiva (EED) acoplado a um Microscpio

Eletrnico de Varredura(MEV) (PROPPG-UEL). ......................................................... 180

(PROPPG-UEL). ............................................................................................................ 180

Figura 3. Espcime de Procamallanus (S.) inopinatus (amostra) (fotografia obtida pelo

Microscpio Eletrnico de Varredura) detalhando as trs regies analisadas pelo EED.

........................................................................................................................................ 181

file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173035file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173035file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173040file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173040file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173040file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173041file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173042file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173042file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173042

7

Figura 4. Procamallanus (S.) inopinatus recobertos em carbono, montados em stubs e

preparados para leitura em EED. ................................................................................... 182

Figura 5. A Processo fsico de deteco em Espectroscopia de Energia Dispersiva (EED);

B Marcao do feixe de eltrons na regio anterior de Procamallanus (S.) inopinatus. 182

Figura 6. Modelo de espectro em Espectroscopia de Energia Dispersiva (EED) gerado

pelo sistema Hardware /Software. .................................................................................. 183

Figura 7. Tabela peridica representada pelos elementos e suas classificaes

encontrados na anlise por Espectroscopia de Energia Dispersiva (EED). .................... 184

Figura 8. Espectros gerados em EED aps 300 segundos de corrida para as trs pores

de Procamallanus (S.) inopinatus do lago Baixio (ponto 1). ......................................... 187

Figura 9. Espectros gerados em EED aps 300 segundos de corrida para as trs pores

de Procamallanus (S.) inopinatus do lago Preto (ponto 2). ........................................... 188

Figura 10. Espectros gerados em EED aps 300 segundos de corrida para as trs pores

de Procamallanus (S.) inopinatus do lago Iauara (ponto 3). .......................................... 189

Figura 11. Espectros gerados em EED aps 300 segundos de corrida para as trs pores

de Procamallanus (S.) inopinatus do lago Anan (ponto 4). ......................................... 190

Figura 12. Espectros gerados em EED aps 300 segundos de corrida para as trs pores

de Procamallanus (S.) inopinatus do lago Campina (ponto 5). ..................................... 191

Figura 13. Espectros gerados em EED aps 300 segundos de corrida para as trs pores

de Procamallanus (S.) inopinatus do lago Marac (ponto 6). ........................................ 192

Figura 14. Mapa composicional dos elementos qumicos mais frequentes nos tecidos de

Procamallanus (S.) inopinatus analisados. C - carbono, O - oxignio, Na - sdio, Mg -

magnsio, Al - alumnio, Si - silcio, P - fsforo, S - enxofre, Cl - cloro, K - potssio, Ca

- clcio, Fe - ferro, Co - cobalto e Zn - zinco. Barra 10 m. .......................................... 193

Figura 15. Distribuio semiquantitativa dos elementos qumicos presentes nos tecidos

de Procamallanus (S.) Inopinatus aps 300 segundos de corrida.O carbono (C) e

oxignio (O) foram omitidos da anlise por serem comuns ao protoplasma dos

nematides. ..................................................................................................................... 194

Captulo IV

COMPARAO ENTRE A BIOACUMULAO DE METAIS PESADOS EM

Procamallanus (Spirocamallanus) inopinatus Pereira, 1958 (NEMATODA:

CAMALLANIDAE) NO HOSPEDEIRO Pygocentrus nattereri (Kner, 1958)

(OSTEICHTHYES: SERRASALMINAE) E NA GUA

Figura 1. Localizao geogrfica dos seis lagos de vrzea do rio Solimes estudados,

entre as cidades de Manaus e Coari no Estado do Amazonas. ....................................... 213

Figura 2. Espectrofotmetro de Absoro Atmica em Forno de Grafite (Analyst800-GF;

Perkin-Elmer). ................................................................................................................ 215

Figura 3. Concentraes de cobre (Cu) encontradas no msculo, brnquias e fgado de

Pygocentrus nattereri, em Procamallanus (S.) inopinatus e na gua dos seis lagos de

vrzea, durante a cheia e a seca de 2008. * = concentraes significativamente maiores

no parasito em comparao com o hospedeiro e a gua. ................................................ 217

Figura 4. Concentraes de cdmio (Cd) encontradas no msculo, brnquias e fgado de

Pygocentrusnattereri, em Procamallanus (S.) inopinatus e na gua dos seis lagos de

file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173047file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173047file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173048file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173048file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173049file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173049file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173050file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173050file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173051file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173051file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173052file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173052file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173053file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173053file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173053file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173053file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173059file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173059file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173059file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173059file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173060file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173060

8

vrzea durante a cheia e a seca de 2008. * = concentraes significativamente maiores no

parasito em comparao com o hospedeiro e a gua. ..................................................... 218

Figura 5. Concentraes de Nquel (Ni) encontradas no msculo, brnquias e fgado de

Pygocentrus nattereri, em Procamallanus (S.) inopinatus e na gua dos seis lagos de

vrzea durante a cheia e a seca de 2008. * = concentraes significativamente maiores no

parasito em comparao com o hospedeiro e a gua. ..................................................... 218

Figura 6. Concentraes de chumbo (Pb) encontradas no msculo, brnquias e fgado de

Pygocentrus nattereri, em Procamallanus (S.) inopinatus e na gua dos seis lagos de

vrzea durante a cheia de 2008. * = concentraes significativamente maiores no parasito

em comparao com o hospedeiro e a gua. .................................................................. 219

LISTA DE TABELAS

Captulo I

BIODIVERSIDADE PARASITRIA DA PIRANHA VERMELHA Pygocentrus nattereri

(KNER, 1958) (CHARACIFORMES: SERRASALMIDAE) NA AMAZNIA CENTRAL:

OCORRNCIA E ESTUDO TAXONMICO

Tabela 1. Matriz de medio dos caracteres morfomtricos das espcies de

Monogenoidea encontradas em Pygocentrus nattereri. (medidas em m). ..................... 46

Captulo II

DINMICA POPULACIONAL, NDICES E DESCRITORES ECOLGICOS DOS

PARASITOS DE Pygocentrus nattereri (KNER, 1958) E SEU USO COMO

BIOINDICADORES DE INTEGRIDADE AMBIENTAL

Tabela 1. Local de infeco/infestao, estgio de desenvolvimento, ndices parasitrios

e status comunitrio dos metazorios parasitos de Pygocentrus nattereri coletados em

lagos de vrzea da Amaznia Central, Rio Solimes Estado do Amazonas entre fevereiro

a dezembro de 2008. (P% = Prevalncia; I = Intensidade; IM = Intensidade mdia; AM =

Abundncia mdia; AV = Amplitude de variao da intensidade de infestao; NI =

Nmero de hospedeiros infectados; Desvio Padro ). ................................................. 147

Tabela 1. Local de infeco/infestao, estgio de desenvolvimento, ndices parasitrios

e status comunitrio dos metazorios parasitos de Pygocentrus nattereri coletados em

lagos de vrzea da Amaznia Central, Rio Solimes Estado do Amazonas entre fevereiro

a dezembro de 2008. (P% = Prevalncia; I = Intensidade; IM = Intensidade mdia; AM =

Abundncia mdia; AV = Amplitude de variao; NI = Nmero de hospedeiros

infectados). ..................................................................................................................... 148

Tabela 2. Dados sobre a estrutura da comunidade componente de parasitos de

Pygocentrus nattereri nos lagos de vrzea na enchente. ................................................ 149

Tabela 3. Dados sobre a estrutura da comunidade componente de parasitos de

Pygocentrus nattereri nos lagos de vrzea no na cheia. ................................................. 150

Tabela 4. Dados sobre a estrutura da comunidade componente de parasitos de

Pygocentrus nattereri nos lagos de vrzea na vazante. .................................................. 150

Tabela 5. Dados sobre a estrutura da comunidade componente de parasitos de

Pygocentrus nattereri nos lagos de vrzea na seca. ....................................................... 150

Tabela 6. ndice de Dominncia (DA) e Constncia das Espcies (C) dos componentes

das infracomunidades de metazorios parasitos de Pygocentrus nattereri. ................ 152

file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173061file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173061file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173061file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173061file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173149file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173149file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173152file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173152file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173152file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173152file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173152file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173152file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173153file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173153file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173153file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173153file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173153file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173153

9

Tabela 7. ndice de Disperso (ID) e ndice de Green (IG) dos componentes das

infracomunidades de metazorios parasitos de Pygocentrus nattereri. ........................ 153

Tabela 8. Coeficiente de Jaccard (CJ) estabelecendo o grau de semelhana entre as reas

de coleta sobre as infracomunidade de parasitos de Pygocentrus nattereri nos lagos

durante o ciclo hidrolgico. ............................................................................................ 154

Tabela 9. Valores do coeficiente de correlao de Pearson (r) para avaliar a relao entre

o comprimento padro (CP) do hospedeiro, variveis fiscas e qumicas da gua e a

intensidade mdia das espcies parasitas de Pygocentrus nattereri. (p = nvel de

significncia) .................................................................................................................. 155

Em negrito as correlaes significativas detectadas (p 0,05). ..................................... 155

Tabela 10. Valores de F (regresso) e (p) do teste de regresso linear mltipla entre as

varivis fsico-qumicas da gua a diversidade estimada pelo ndice de Shannon e a

intensidade mdia das espcies parasitas de Pygocentrus nattereri. .............................. 155

Tabela 11. Espcies parasitas de Pygocentrus nattereri com IndVal significativo dos

lagos de vrzea da Amaznia Central. ........................................................................... 156

Captulo III

COMPOSIO QUMICA EM ENDOHELMINTOS DE Pygocentrus nattereri (Kner, 1958)

POR ESPECTROSCOPIA DE ENERGIA DISPERSIVA (EED) COM APLICAO

BIOINDICADORA

Tabela 1. Elementos qumicos detectados pelo sistema de Espectroscopia de Energia

Dispersiva (EED) acoplado a um Microscpio Eletrnico de Varredura (MEV) em

Procamallanus (S.) inopinatus. ...................................................................................... 185

Tabela 2. Classificao e locais de coletas dos elementos qumicos detectados pelo

sistema de Espectroscopia de Energia Dispersiva (EED) acoplado a um Microscpio

Eletrnico de Varredura (MEV) em Procamallanus (S.) inopinatus. ............................ 186

Captulo IV

COMPARAO ENTRE A BIOACUMULAO DE METAIS PESADOS EM

Procamallanus (Spirocamallanus) inopinatus Pereira, 1958 (NEMATODA:

CAMALLANIDAE) NO HOSPEDEIRO Pygocentrus nattereri (Kner, 1958)

(OSTEICHTHYES: SERRASALMINAE) E NA GUA

Tabela 1. Fator de bioconcentrao do cobre (Cu) no sistema P. (S.) inopinatus / P.

nattereri /gua nos seis lagos de vrzea nas estaes de cheia e seca do ano de 2008. . 220

Tabela 2. Fator de bioconcentrao do cdmio (Cd) no sistema P. (S.) inopinatus / P.

nattereri /gua nos seis lagos de vrzea nas estaes de cheia e seca do ano de 2008. . 220

Tabela 3. Fator de bioconcentrao do chumbo (Pb) no sistema P. (S.) inopinatus / P.

nattereri /gua nos seis lagos de vrzea nas estaes de cheia e seca do ano de 2008. . 221

Tabela 4. Fator de bioconcentrao do nquel (Ni) no sistema P. (S.) inopinatus / P.

nattereri /gua nos seis lagos de vrzea nas estaes de cheia e seca do ano de 2008. . 221

Tabela 5. Coeficiente de correlao de Spearman (r) e os nveis de significncia (p)

determinados para as relaes significativas entre o peso mdio dos parasitos e os nveis

do metal detectado nos tecidos de Procamallanus (S.) inopinatus (parasito) e de

Pygocentrus nattereri (hospedeiro). ............................................................................... 222

file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173163file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173163file:///F:/Tese%20Doutorado%20Aprigio%20Mota%20Morais%20DEFINITIVA.docx%23_Toc315173163

10

RESUMO GERAL

Foram estudados 355 espcimes de Pygocentrus nattereri capturados durante quatro

expedies, nos meses de maro, junho, setembro e dezembro de 2008 em seis lagos de

vrzea do rio Solimes: Baixio, Preto, Iauara, Anan, Campina e Marac. Os pontos de

coletas esto situados entre os municpios de Manaus e Coari, no Estado do Amazonas em um

trajeto de aproximadamente 400 km que rota do transporte de petrleo e gs na Amaznia

Central, Portanto, sensvel a acidentes decorrentes desse transporte. Os peixes mediam

15,4cm 3,5 e pesavam 230,9g 2,7. Os objetivos deste trabalho foram descrever

taxonomicamente a fauna parasitria de Pygocentrus nattereri (piranha vermelha) e, por meio

de mtodos qualitativos, quantitativos (descritores ecolgicos) e bioacumulativos avaliar o

uso de espcies parasitas como ferramenta de bioindicao para alteraes ambientais na

Amaznia Central. Todos os peixes estavam parasitados por pelo menos uma espcie de

metazorio. Foram coletados e identificados 52.664 parasitos pertencentes a 4 filos

constitudos em 9 grupos taxonmicos distintos: Filo Platyhelminthes (Monogenoidea,

Cestoda e Trematoda), Filo Acantocephala, Filo Nematoda, e Filo Arthropoda (Copepoda,

Branchiura, Pentastomida e Isopoda). Elevou-se de 47 para 57 o nmero de espcies citadas

para P. nattereri. Os ndices parasitolgicos, descritores ecolgicos, e a anlise estatstica,

destacaram espcies de Monogenoidea e Nematoda como bioindicadoras de efeito. A anlise

qualitativa por Espectroscopia de Enegia Dispersiva (EDS) registrou a presena de Al, C, Co,

Fe, Mg, O, P, S, Si, Zn, Pt, Po, K, Sl, Na, Er, Tm, Ru, Hf, Ti, Cu, Br, W, Cl, Cd, Pd, Ni e Pb

no nematide Procamallanus (Spirocamallanus) inopinatus. Elementos como Zn, Co, Pd, Cu,

Hf e Er possuem funo biolgica conhecida em pequenas concentraes enquanto que Pb,

Cd, Ni, Tm, W, Ru, Pt, Po e Ti, no possuem funo biolgica definida e podem ser

decorrentes de pequenos vazamentos provenientes de embarcaes que navegam pela rea.

No nematide Procamallanus (S.) inopinatus foi detectada uma habilidade bioacumuladora

para elementos trao, principalmente para metais pesados, como Cu, Pb, Cd e Ni, com nveis

de concentraes acima das encontradas no hospedeiro e no ambiente de coleta. O estudo

concluiu que a fauna parasitria de P. nattereri pode ser utilizada como uma eficiente

ferramenta bioindicadora de efeito e de acumulao, contribuindo para o monitoramento no

ambiente estudado.

11

Captulo I

BIODIVERSIDADE PARASITRIA DA PIRANHA VERMELHA Pygocentrus nattereri

(KNER, 1958) (CHARACIFORMES: SERRASALMIDAE) NA AMAZNIA

CENTRAL: OCORRNCIA E ESTUDO TAXONMICO

12

Resumo

descrita a fauna parasitria de Pygocentrus nattereri capturados em lagos de vrzea

da Amaznia Central. Foram adicionadas informaes as descries originais das espcies j

descritas, citadas novas ocorrncias e descrita uma nova espcie de Nematoda do gnero

Philometra. Os lagos estudados foram: Baixio, Preto, Iauara, Anan, Campina e Marac,

localizados entre as cidades de Manaus e Coari na Amaznia Central, em um trecho de

aproximadamente 400 km. Foram coletados 355 P. nattereri durante quatro excurses de

campo nos meses de maro, junho, setembro e dezembro de 2008. Os peixes mediam em

mdia 15,4cm 3,5 de comprimento total e pesavam 230,9g 2,7. Foram coletados e

determinados, at o menor txon possvel, 52.664 espcimes de parasitos, divididos em 36

espcies pertencentes a 4 filos: Platyhelminthes, Acantocephala, Nematoda e Arthropoda

destes 16 espcies de Monogenoidea; 1 de Cestoda; 2 de Digenea; 1 de Acantocephala; 6 de

Nematoda; 3 de Copepoda; 5 de Branchiura; 1 uma de Pentastomida1 e de Isopoda. Elevou-

se de 47 para 57 o nmero de espcies citadas para P. nattereri, descrita uma nova espcie

de Nematoda do gnero Philometra. Anlises dos exemplares de Anacanthorus sp. indicaram

ser uma espcie nova, porm o nmero de indivduos foi muito pequeno para possibilitar a

descrio. As novas ocorrncias de parasitos em P. nattereri foram: Gyrodactylus sp.

(Monogenoidea); Clinostomum marginatum e Austrodiplostomum compactum (Digenea);

Neochinorrynchus sp. (Acantocephala); Capillaria sp., Anisakis sp., Pseudoproleptus sp.

(Nematoda) e Dolops bidentata (Branchiura). A grande diversidade de espcies parasitas que

utilizam P. nattereri como hospedeira indica o importante papel que essa espcie de peixe

possui para a manuteno da biodiversidade nos lagos de vrzea da Amaznia central.

Palavraschave: Parasitos de peixes; Filo Platyhelminthes; Filo Acanthocephala; Filo

Nematoda; Filo Arthropoda; lagos de vrzea; Rio Solimes.

13

Abstract

Was described the parasitic fauna of Pygocentrus nattereri captured in foodplains lakes of

the Central Amazonia. Information was added to the descriptions of the species already

described, cited new occurrences and new species were described. The lakes studied were:

Baixio, Preto, Iauara, Anan, Campina and Marac, located between the cities of Manaus and

Coari in the Central Amaznia, a 400 stretch of approximately km. Were collected 355 P.

nattereri captured during four field trips during the months of March, June, September and

December. The fish measured 15,4cm 3,5 and weighed 230,9g 72,7. Were collected and

determined, to the lowest taxon possible, 52,664 specimens of parasites, divided into 37

species: 17 espcies of Monogenoidea; 1 of Cestoda; 2 of Digenea; 1 of Acantocephala; 6 of

Nematoda; 3 of Copepoda; 5 of Branchiura; 1 of Isopoda and 1 of Pentastomida. Increased

from 47 to 57 the number of species cited for P. nattereri, it described a new species of

Nematoda of the genus Philometra. Analysis of specimens of Anacanthorus sp. indicated to

be a new specie, but the number of individuals were too small to make the description. The

new occurrences of parasites in P.nattereri were: Clinostomum marginatum and

Austrodiplostomum compactum (Digenea); Neochinorrynchus sp. (Acantocephala); Capillaria

sp. Anisakis sp., Pseudoproleptus sp. (Nematoda) and e Dolops bidentata (Branchiura). The

great diversity of parasite species that use P. nattereri as a host, indicates the important role

that this species has to maintain biodiversity in the Amazon floodplain lakes. 58 species

depend of P. nattereri to complete its life cycle.

Key-words: Fish parasites; Platyhelminthes; Acanthocephala; Nematoda; Arthropoda;

floodplain lakes; Solimes River.

14

1. Introduo

A bacia Amaznica possui a mais elevada biodiversidade terrestre e aqutica do

planeta (Myers et al., 2000; Reis et al., 2003). Porm, esta biodiversidade est em constante

ameaa devido a diversas aes antrpicas impostas a este ambiente. Principalmente na

Amaznia Central, na bacia do rio Solimes-Amazonas, que utilizada como hidrovia para

transporte, inclusive o de petrleo e gs (Soares et al., 2007; Anjos 2008; Oliveira, 2010).

A bacia Amaznica um tpico sistema de grande rio com amplas plancies adjacentes

submetidas a um ciclo hidrolgico previsvel (pulso de inundao). A mdia anual de 10

metros, com inundaes decorrentes do transbordamento lateral da gua do canal principal do

rio em direo plancie (Junk et al., 1983; Soares et al., 2007).

Essa variao no nvel da gua promove a alternncia das fases terrestre e aqutica.

Estas determinam modificaes drsticas nas condies ambientais, exigindo adaptaes

especficas dos organismos aquticos e terrestres (Junk et al., 1983; Val e Almeida-Val,

1999).

A impressionante diversidade da ictiofauna Amaznica com cerca de 3.000 espcies

descritas, atribuda a vrios fatores. Estes podem ser a idade e o tamanho do sistema de

drenagem, sucesso de habitats e diversidade de nichos disponibilizados por rios, lagos e

reas alagadas (Carvalho et al., 2007).

A biodiversidade de peixes amaznicos significativa e est relativamente bem

estudada em relao a outras bacias do Brasil. Mas em face da grande diversidade de peixes, o

conhecimento da diversidade das espcies parasitas e de seus ciclos de vida muito se tem a

fazer (Thatcher, 2006; Silva-Souza et al., 2006).

Nos ltimos anos, os parasitos de peixes foram reconhecidos como um importante

componente da biodiversidade global (Poulin e Morand, 2004). Apesar desse reconhecimento

ter sido intensificado por diversos estudos cientficos atuais, h sinais de que os parasitos

continuam a ser um componente subestimado da biodiversidade total em muitas regies do

planeta (Luque e Poulin, 2007).

Atualmente a biodiversidade em ecossistemas dulccolas, em particular o amaznico,

enfrenta ameaas ambientais decorrentes da degradao de seus corpos dgua. Dessa forma,

estudos sobre a biodiversidade parasitria de peixes, so importantes, pois essas relaes

ecolgicas regulam a abundncia, a densidade das populaes de hospedeiros e estabiliza teias

alimentares estruturando assim, as comunidades animais (Poulin e Morand, 2004).

O parasitismo representa uma das formas de vida de maior xito sobre o planeta

15

ocorrendo em praticamente todas as cadeias alimentares e em todos os nveis trficos (Ponce

de Len e Prieto, 2002). provvel, que esse tipo de interao tenha se desenvolvido por

acaso, pouco tempo aps o inicio da vida na Terra (Fortes, 2004). Em princpio como uma

associao no prejudicial, e com o decorrer do tempo, tenha se transformado gradativamente

em dependncia at ficar o metabolismo de uma espcie completamente vinculado ao

metabolismo da outra (Bell e Burt, 1991; Fortes, 2004, Thatcher 2006).

Isso significa que muitas das espcies parasitas so, pelo menos em algum grau,

especficas a um hospedeiro ou a somente um limitado nmero de espcies hospedeiras

(Benetton e Malta, 1999; Malta e Varella, 1996; Malta et al., 2001). Essa especializao e a

especificidade ao hospedeiro so necessrias devido a problemas de disperso de um

hospedeiro para o outro, dessa forma a organizao do parasito se especializa

correlativamente s condies em que vive no hospedeiro (Pessa e Martins, 1988; Malta et

al., 2001).

Neste sentido os parasitos de peixes devem ser tratados como um componente

integrante e importante das comunidades naturais, no s porque eles representam uma

parcela substancial da diversidade de espcies e biomassa (Poulin e Morand, 2004). Mas

tambm pela influncia direta e indireta exercida na estrutura da comunidade influenciando

diretamente a abundncia relativa de espcies de vida livre (Mouritsen e Poulin, 2005; Wood

et al., 2007)

Assim, entender o papel integral desempenhado pelos parasitos de peixes

em ecossistemas naturais, identificando regies com altas e baixas diversidades parasitrias,

crucial para um completo entendimento do funcionamento do ambiente (Luque e Poulin,

2007).

Um levantamento recente da diversidade dos parasitos de peixes brasileiros de gua

doce revelou que at o presente momento j foram registradas 1.050 espcies parasitas em

620 hospedeiros (Eiras et al., 2010).

Na Amaznia com mais de 3.000 espcies de peixes descritas, pouco menos de 300

espcies de metazorios parasitos de peixes so conhecidas. Em uma modesta avaliao,

estimando que pelo menos quinze espcies desses organismos parasitem cada espcie de

peixe, pelo menos 45.000 espcies existam, e dessa forma, cerca de 44.700 ainda faltam ser

coletadas e descritas para a cincia (Malta e Varella, 2006; Thatcher, 2006).

Portanto, existem muitas espcies parasitas de peixes a serem coletadas e identificadas

em contraponto aos poucos taxonomistas e sistematas remanescentes (Brooks, 2000). Como

16

os parasitos s podem ser estudados aps o reconhecimento cientfico da espcie, estimativas

da biodiversidade parasitria para qualquer rea geogrfica esto sempre aqum da

diversidade real (Overstreet, 1997; Poulin e Morand, 2004; Eiras et al., 2010).

Trabalhos de cunho taxonmico que trazem luz da cincia a descoberta de novas

espcies e novas ocorrncias representam uma importante contribuio ao conhecimento da

biodiversidade de uma rea e so a base para os demais estudos em ecologia parasitria como

manejo ambiental, integridade bitica e conservao de bacias (Luque e Poulin, 2007).

A perda de expertize na taxonomia de parasitos est acontecendo em todo o mundo.

Essa tendncia de declnio precisa ser revertida para que se pretenda monitorar corretamente

novas ocorrncias de parasitos em face das alteraes ambientais por exemplo (Poulin, 2010).

Considerando a importncia dos parasitos de peixes como componentes chave da

biodiversidade, conhecer a fauna parasitria em um ambiente, determinando se esta

diversidade est ou no em declnio crucial para aes de gesto e conservao ambiental no

sentido de utilizar esses organismos como indicadores de estabilidade do ambiente (Poulin,

2004; Luque e Poulin, 2007).

O hospedeiro Pygocentrus nattereri (Kner, 1958) e sua diversidade parasitria

Dentre as inmeras espcies de peixes amaznicos destaca-se a Pygocentrus nattereri

ou piranha vermelha por possuir interesse econmico na pesca extrativista, na confeco de

artesanatos, aquariofilia e na venda de subprodutos industrializados como a sopa desidratada

de piranha (Lessi et al., 2004; Santos et al., 2006; Soares et al., 2007).

Pygocentrus nattereri considerada uma espcie caracterstica das vrzeas

amaznicas, devido abundncia em amostragens cientficas de peixes, sendo assim utilizada

como indicadora de estabilidade desses ambientes (Siqueira-Souza, 2004; Yamamoto, 2003;

Do Vale, 2003; Claro-Jr, 2003; Freitas e Garcez, 2004; Vega-Corredor, 2004; Freitas e

Siqueira-Souza, 2009)

Pygocentrus nattereri pertence ordem Characiformes, famlia Characidae sendo

considerada de mdio porte, alcana at 25 cm de comprimento padro. Ocorre nas bacias dos

rios Amazonas, Paran-Paraguai e Essequibo, alm de rios da regio Nordeste do Brasil

(Jgu, 2003; Santos et al., 2006).

Pygocentrus nattereri pelgica, habitando os lagos e remansos de rios de guas

brancas, guas claras e pretas com baixa correnteza. Nos lagos so capturadas principalmente

na gua aberta em ambos os perodos, diurno e noturno. A propenso dessa espcie para ser

17

atrada pelos peixes presos nas malhas das malhadeiras faz com que sejam emalhadas em

grande nmero (Siqueira-Souza e Freitas, 2004; Freitas e Siqueira-Souza, 2009).

A espcie possui colorao variada, o que dificulta sua caracterizao. cinza no

dorso e laranja avermelhada no ventre, seus flancos tm cor castanha-creme com numerosas

pintas de melanina estendendo-se para parte dorsal da cabea, do rostro, das nadadeiras

anteriores e inferiores e nadadeira caudal. Tem desova parcelada, reproduzindo no incio da

enchente, com um tamanho de primeira maturao sexual em torno de 13,0 cm nos machos e

15,0 cm nas fmeas (Queiroz e Magurran, 2005; Santos et al., 2006).

O nome piranha vem do Tupi-guarani e pode ter sido originado da composio das

palavras pyr, significando peixe, e sanha ou ranha, significando dente. Com essa dentio

caracterstica, a piranha vermelha se alimenta arrancando pequenos pedaos de suas presas

(Freitas e Siqueira-Souza, 2009).

Pygocentrus nattereri tem sua dieta baseada principalmente em peixes (Resende,

2000; Behr e Signor, 2008), embora outros itens sejam registrados em menores freqncias

tais como pedaos de peixes, vegetais, insetos, crustceos, moluscos, aranhas, pequenos

vertebrados e escamas de rpteis (Bonetto et al., 1967; Braga, 1981; Piorski et al., 2005;

Carvalho et al., 2007; Behr e Signor, 2008).

Os adultos alimentam-se principalmenteao anoitecer e alvorecer. Os jovens so ativos

durante todo o dia e suas presas so principalmente os pequenos caracdeos e os doraddeos

juvenis que vivem nos bancos de macrfitas, onde buscam refgio e alimento (Claro-Jr, 2003;

Freitas e Siqueira-Souza, 2009).

Do ponto de vista ictioparasitolgico, todas as caractersticas acima citadas contribuem

com um considerado nmero de espcies parasitas que utilizam P. nattereri como hospedeiro

intermedirio, paratnico e definitivo. Estas caractersticas a qualificam para ser usada como

bioindicadora em programas de monitoramento (Thatcher, 2006; Vital et al., 2011).

Pygocentrus nattereri pode ser considerada a espcie de peixe amaznico com a maior

diversidade de metazorios parasitas com atualmente 47 espcies. Vinte e oito espcies da

Sub-Classe Monogenoidea: Amphithecium brachycirrum Boeger e Kritsky, 1988; A.

calycinum Boeger e Kritsky, 1988; A. camelum Boeger e Kritsky, 1988; A. catalaoensis

Boeger e Kritsky, 1988; A. falcatum Boeger e Kritsky, 1988; A. junki Boeger e Kritsky, 1988.

A. microphalum Kritsky, Boeger e Jgu 1997; Anacanthorus anacanthorus Mizelle e Price,

1965; A. braziliensis Mizelle e Price, 1965; A. maltai Boeger e Kritsky, 1988; A. neotropicalis

Mizelle e Price, 1965; A. reginae Boeger e Kritsky, 1988; A. rodonensis Boeger e Kritsky,

18

1988; A. thatcheri Boeger e Kritsky, 1988; A. stachophallus Kritsky, Boeger e Van Every,

1992; Calpidothecioides orthus (Mizelle e Price, 1965) Kritsky, Boeger e Jgu, 1997; C.

serrasalmus (Mizelle e Price, 1965) Kritsky, Boeger e Jgu, 1997, 1997; C. crescentis

(Mizelle e Price, 1965) Kritsky, Boeger e Jgu, 1997; Cleidodiscus amazonensis, Mizelle e

Price, 1965, Enallotecium aegidatum Boeger e Kritsky, 1988; Mymarothecium galeolum

Kritsky, Boeger e Jgu, 1996; Notothecium mizellei Boeger e Kritsky, 1988; N. aegidatum e

Kritsky, 1988; Notozothecium minor Boeger e Kritsky, 1988; N. penetrarum Boeger e

Kritsky, 1988; Pithanothecium amazonensis Mizelle e Price, 1965; P. piranhus Mizelle e

Price, 1965; Rhinoxenus piranhus Kritsky, Boeger e Thatcher, 1988 (Mizelle e Price, 1965;

Boeger e Kritsky, 1988; Malta, 1984; Boeger e Kritsky, 1988; Kritsky, Boeger e Van Every,

1992; Kritsky, Boeger e Jgu, 1996; Kritsky, Boeger e Jgu 1997; Vital, 2008).

Uma espcie da Superordem Eucestoda: Proteocephalus serrasalmus Rego e

Pavanelli, 1990 (Rego e Pavanelli, 1990). Uma espcie do Filo Acanthocephala:

Echinorhynchus paranensis Machado Filho, 1959 (Vicentin, 2009). Quatro espcies do Filo

Nematoda: Procamallanus (Spirocamallanus) inopinatus Pereira, 1958; Brevimulticaecum

Mozgovoy, 1951 (larva); Contracaecum sp. Railliet e Henry, 1912 (larva); Eustrongylides sp.

Jgerskild, 1909 (larva) (Barros et al., 2006; Vital, 2008; Vicentin, 2009).

Trs espcies da Sub Classe Copepoda: Rhinergasilus piranhus Boeger e Thatcher,

1988; Myracetyma piraya Malta, 1993; Ergasilus yumaricus Malta e Varella, 1996. (Malta,

1993; Malta e Varella, 1996; Boeger e Tatcher, 1988). Quatro espcies da Sub Classe

Branchiura: Argulus chicomendesi Malta e Varella, 2000; Dolops bidentata Bouvier, 1989;

Dolops carvalhoi Lemos de Castro, 1949; Dolops longicauda Heller, 1857. (Malta e Varella,

2000; Thatcher, 2006).

Trs espcies da Ordem Isopoda: Amphira branchialis, Thatcher, 1993; Braga

patagonica Schioedte e Meinert, 1884; Asotana sp. Schioedte e Meinert, 1881 (Thatcher,

1993; Carvalho et al., 2004). Trs espcies da Subclasse Pentastomida: Sebekia oxycephala

Diesing, 1835 (larva); Leiperia gracile Diesing, 1835 (larva); Subtriquetra sp. 1 (larva)

(Sambon, 1922; Vicentin, 2009; Eiras et al., 2010; Almeida et al., 2010).

Porm, apesar do elevado nmero de espcies descritas, novos estudos tendem a

aumentar o nmero de grupos e espcies parasitas para esse hospedeiro, revelando o papel

determinante dessa espcie de peixe como mantenedora de diversas espcies parasitas o que

contribui diretamente com o aumento da biodiversidade local.

Nessa viso, o objetivo desse captulo foi realizar uma caracterizao da fauna

19

parasitria de P. nattereri em lagos de vrzea da Amaznia Central ao longo de um ano,

identificando novas ocorrncias e espcies que utilizam esse peixe como hospedeiro

intermedirio, paratnico ou definitivo fornecendo assim, subsdios para pesquisas de cunho

ecolgico e ecotoxicolgico apresentadas nos captulos subsequentes.

2. Material e mtodos

2.1. rea de estudo

Caracterizao da rea de estudo

Os lagos amostrados so denominados lagos de vrzea e esto localizados ao longo

das margens do rio Solimes. Essas reas so denominadas de vrzeas baixas, pois so

influenciadas pelo pulso de inundao na poca de cheia, sendo abastecido por lenol fretico

ou igaraps oriundos da floresta circundante no perodo da seca.

Os lagos estudados foram: Baixio, Preto, Iauara, Anan, Campina e Marac, todos

localizados entre as cidades de Manaus e Coari - AM, em um trecho de aproximadamente 400

km (Figura 1). Os seis pontos amostrais esto abaixo descritos segundo Siqueira-Souza (2006)

e representados na figura 2.

Ponto 1- Lago do Baixio (031727,2 S/ 600429,6 O) localizado no municpio de

Iranduba, um lago bastante elptico, com rea de 79,776 ha. Apresenta colorao da gua

branca, suas margens so dominadas por plantas aquticas das espcies Eichornia crassipes,

Paspalum repens, Pistia stratiotes, entre outras. Apresenta profundidade mxima em torno de

8,50m, na cheia e mnima de 0,85m na seca.

Ponto 2- Lago Preto (032117,1 S/ 603728,6 O) localizado no municpio de

Manacapuru apresenta como caracterstica ser mais redondo que alongado, com rea de

221,203 ha. A gua decantada, do tipo cor de ch, percebida em todo o perodo de estudo,

sendo que no perodo de guas altas com a influncia das guas do rio Solimes, o lago

apresentou colorao mais turva. A profundidade mxima varia entre 7,16m na cheia e

mnima de 0,15m na seca.

Ponto 3- Lago Iauara (033639,2 S/ 611633,0 O) localizado no municpio de

Manacapuru, este lago bem mais alongado que largo, com rea de 108,91ha. Sua gua de

cor branca, estando localizado bem na margem do rio Solimes, recebendo a influncia direta

do rio nos perodos de enchente e cheia. Sua profundidade mxima de 6,62m na cheia e

mnima de 1,57m na seca.

Ponto 4- Lago Anan (035354,8 S/ 614018,4 O) localizado no municpio de

20

Anori, o lago possui uma rea de 551,43ha e gua de cor branca. Ao longo do ciclo

hidrolgico, apresenta-se bastante complexo, em comparao aos demais lagos, com um

volume muito grande na cheia, que reduzido para um canal estreito no perodo de

vazante/seca. Sua profundidade oscila entre 9,37m no perodo da cheia e 1,08 m na seca.

Ponto 5- Lago Campina (034615,8 S/ 622010,3 O) localizado no municpio de

Codajs, este lago bastante largo no perodo de guas altas, apresentando como

caracterstica distinguvel em relao aos demais, uma grande rea recoberta por plantas

aquticas Utricularia foliosa, Salvinia auriculata, Pontederia sp., Paspalum repens no

perodo da seca. Sua rea de 188,89 ha e a cor da gua branca, com profundidade mxima

variando entre 9,76m na cheia e mnima de 1,30 m na seca.

Ponto 6- Lago Marac (035032,8 S/ 623432,4 O) localizado no municpio de

Coari tem como caracterstica ser mais extenso que largo, com rea de 169,75 ha. Apresenta

grande quantidade de plantas aquticas: Pontederia sp., Ceratopteris pteridoides, Paspalum

repens e Echinochloa polystachya (Prado, 2005) em suas margens. A cor de sua gua branca

e a profundidade oscilou de 9,00m na cheia a 0,47m na seca.

21

Figura 1. Localizao geogrfica da rea de estudo, localizada na Amaznia Central AM.

22

Figura 2. Viso panormica dos seis pontos amostrados ao longo do Rio Solimes, AM.

Ponto 1- Lago Baixio

Ponto 4- Lago Anan

Ponto 2- Lago Preto

Ponto 3- Lago Iauara

Ponto 5- Lago Campina

Ponto 6- Lago Marac

23

2.2. Coleta dos dados

Para a coleta dos peixes foram realizadas quatro excurses trimestrais nos meses de

maro, junho, setembro e dezembro de 2008. Cada viagem de campo durou onze dias

consecutivos. As coletas dos peixes e anlise da parasitofauna foram realizadas em campo a

bordo de uma embarcao regional adaptada pra esse fim (Figura 3).

Necropsia dos peixes

As coletas dos peixes para as anlises parasitolgicas foram realizadas em parceria

com o grupo de pesquisa da ictiofauna do projeto Inteligncia Estratgica da Indstria do

Petrleo e Gs na Amaznia (PIATAM). Como se trata de exemplares de populaes naturais

o efetivo populacional desconhecido e, conseqentemente no estatisticamente possvel

estabelecer um grau de confiana para detectar pelo menos um exemplar parasitado para um

determinado grau de prevalncia. Dessa forma o tamanho da amostra foi maior possvel

levando em conta as possibilidades de coleta, posterior armazenamento e processamento do

material.

O esforo de pesca foi padronizado em todas as estaes e amostragens, por meio do

uso de redes de espera, dispostas aleatoriamente nos lagos no obedecendo a um padro

quanto ao local amostrado (margens, gua aberta, pausadas, vegetao flutuante). As redes

tinham dimenses de 20m de comprimento por 2m de altura e os tamanhos das malhas foram

de 30, 40, 50, 60, 70, 80, 90 e 100 mm entre ns adjacentes. O tempo de permanncia das

redes na gua foi de aproximadamente 10 horas por lago, perodos diurno e vespertino, com

duas despescas a cada cinco horas.

Todos os pontos de coleta foram georeferenciados com a utilizao de um GPS

(Sistema de Posicionamento Global) Garmin e-Trex, para diminuir a margem de erro na

Figura 3. Embarcao e laboratrio adaptados usados para anlise do material coletado em campo.

24

recolocao das redes. Os exemplares de P. nattereri (Figura 4) capturados foram triados e

identificados em campo com o auxlio de especialistas da Universidade Federal do Amazonas

e Instituto Nacional de Pesquisas da Amaznia-INPA e atravs de chaves de identificao

apresentadas nos trabalhos Santos et al., 2006 e Soares et al., 2007.

Figura 4. A- Exemplar jovem e B- adulto de Pygocentrus nattereri (barras = 5 cm).

Para cada peixe uma ficha de necropsia foi aberta onde todos os dados referentes ao

hospedeiro, local coletado, condies do peixe, dia, hora, local, coletor, necropsiador,

parasitos, aparncia externa, sexo e estgio gonadal (quando possvel), nmero de parasitos,

local de fixao foram registrados. As necropsias foram feitas em campo seguindo um roteiro

adaptado do Laboratrio de Parasitologia e Patologia de Peixes do Instituto Nacional de

Pesquisas da Amaznia (LPP-INPA) descrito em Morais et al. (2010).

2.3. Coleta, fixao e preparao dos parasitos

Em cada pescaria os peixes eram retirados das malhadeiras e imediatamente

inspecionados evitando assim a manipulao excessiva. Nos peixes capturados os parasitos

encontrados foram coletados, fixados e preparados para determinao seguindo metodologia

especfica para cada grupo, mostrada a seguir:

Monogenoidea: Para a coleta dos monogenideos, as brnquias foram excizadas

abrindo-se o oprculo com auxlio de bisturi, tesoura e pina e, em seguida, colocadas

separadas em frascos sem lquido de tamanho proporcional ao tamanho das brnquias. No

frasco contendo as brnquias foi adicionado formol 1: 4.000, agitou-se de 50-70 vezes,

aguardou-se de 1-3 horas e posteriormente foi adicionado formol puro at obter a

concentrao de 5% (Amato et al., 1991).

25

Para a coleta de monogenideos parasitos da superfcie do corpo, os hospedeiros

foram acondicionados em frascos com gua quente (60 70oC), agitados vigorosamente,

coletando-se posteriormente os parasitos e conservando-os em formol 5% (Kristky e

Stockwell, 2005).

Para o estudo dos rgos internos os parasitos foram corados com tricrmico de

Gomori, e para o estudo morfomtrico e das estruturas esclerotizadas, espcimens foram

montados em lminas permanentes em meio de Hoyer modificado para helmintologia e em

Gray e Wess (Amato et al., 1991; Kritsky et al., 1995).

Digenea: Foram examinados cuidadosamente com o auxilio de estereomicroscpio os

olhos, tegumento, escamas, nadadeiras a procura de metacercrias encistadas ou no humor

vtreo. Os cistos encontrados foram imediatamente rompidos para a liberao e coleta dos

parasitos (Eiras et al., 2006).

Cada rgo interno foi aberto em uma placa de Petri individual, onde o contedo de

cada rgo foi analisado em soluo salina a 0,65% (Amato et al., 1991).

Os fils dos peixes foram retirados e examinados em contraste sobre negatoscpio a

procura de metacercrias encistadas (Morais et al., 2011). Os cistos encontrados na

musculatura foram coletados e observados sob microscpio estereoscpio.

Os digenticos encontrados foram fixados com ou sem compresso em A.F.A. (95 partes

de etanol 70 GL, 3 partes de formalina comercial (37-40%) e 2 partes de cido actico glacial),

com o tempo de compresso varivel de 30 minutos a 8 horas (Eiras et al., 2006; Fernandes,

com. pessoal). Depois de terminada a fixao os digenticos foram retirados com auxlio de

finos pincis e conservados em A.F.A. (Thatcher, 1993; Fernandes, com. pessoal).

Para os estudos morfolgicos os digenticos foram desidratados pela srie alcolica,

corados com carmim alcolico clordrico de Langeron (Langeron, 1949), diafanizados em

fenol e creosoto de faia e montados em lmina e lamnula em blsamo do Canad (Amato et

al., 1991; Eiras et al., 2006; Fernandes, com. pessoal).

Cestoda: O trato digestivo foi aberto e os cestides (adultos e larvas) foram coletados

com pincis finos e transferidos para gua destilada. Todo o Cestoda quando pequeno

(metacestides) ou sees contendo o Esclice, poro imatura, madura e grvida, foram

levemente comprimidos entre lminas e colocados no fixador A.F.A. em temperatura

ambiente (Kennedy e Andersen, 1982; Knoff, com. pessoal). Alguns helmintos foram levados

ao refrigerador em gua destilada por no mnimo 24 horas, para possibilitar o relaxamento dos

esclices (Amato, 1985). As larvas foram tratadas como digenticos pequenos, sempre que

26

encistadas foram desencistadas (Amato et al., 1991).

Posteriormente, os helmintos foram corados pelo carmim de Langeron e hematoxilina

de Delafield, diferenciados em lcool clordrico a 0,5%, desidratados em srie alcolica

crescente, clarificados em creosoto de Faia e montados entre lmina e lamnula com blsamo

do Canad ou preservadas em etanol 70 GL (Eiras et al., 2006; Knoff, com. pessoal).

Espcimes para cortes histolgicos transversais foram processados segundo tcnicas

usuais em histologia, cortados em micrtomo com espessura de cinco micrmetros e corados

com Hematoxilina-eosina (Pavanelli, 1991).

A terminologia das larvas de Cestoda segue a estabelecida por Chervy (2002), baseada

principalmente nas caractersticas morfolgicas determinveis da larva de Cestoda totalmente

desenvolvida, ou a existncia de uma lacuna principal e a retrao ou invaginao do

Esclice. As medidas so dadas em mm.

Acanthocephala: Os acantocfalos foram coletados do intestino dos hospedeiros com

bastante cuidado com o uso de pincis finos, estiletes e pinas, evitando com que a probscide

se rompesse e ficasse presa na parede intestinal. Em seguida, foram resfriados em refrigerador

por aproximadamente 24 horas em soluo salina a 0,65% para que a probscide fosse

totalmente extrovertida, em seguida foram fixados em A.F.A. e posteriormente armazenados

em etanol 70 GL (Amato et al., 1991).

O estudo anatmico dos acantocfalos foi realizado de acordo com Amin (1969). Para

os estudos morfolgicos os acantocfalos foram corados com carmim alcolico clordrico

(Eiras et al., 2006).

Nematoda: O trato digestivo dos hospedeiros foi aberto e os nematides coletados

com pincis finos, estiletes e pinas. Foram examinadas tambm as cavidades do corpo como

a rbita ocular a procura de nematides adultos e musculatura, mesentrio e intestino atrs de

larvas e adultos.

Os rgos foram colocados separadamente em placas de Petri contendo soluo salina

a 0,65% (Moravec, 1998).

Os helmintos encontrados foram transferidos para outra placa de Petri contendo

soluo salina a 0,65%, com a finalidadede efetuar a limpeza dos parasitos com auxlio de

pincel e estiletes. Uma vez limpos, os nematides foram fixados em A.F.A. aquecido a

aproximadamente 65-70C, para morrerem estendidos (Crdenas, com. pessoal). Os

exemplares foram transferidos para frascos contendo etanol 70 GL com glicerina a 5%, onde

foram conservados (Amato et al., 1991).

27

Lminas temporrias foram feitas diafanizando os nematides em cido fnico a 50%,

60% e 70%, e em cido ltico com glicerina entre lmina e lamnula (Moravec, 1998). Para

preservao dos espcimens nas montagens temporrias, cmaras midas foram feitas em

placa de Petri para cada exemplar estudado.

Crustacea: Para Copepoda as brnquias dos hospedeiros foram excizadas, colocadas

em placas de Petri e cada filamento examinado sob microscpio estereoscpio. Os coppodos

das fossas nasais foram retirados e fixados conforme Varella (1992).

Para o estudo morfolgico de Copepoda, lminas permanentes foram preparadas a

partir da montagem total dos parasitos segundo Amato et al. (1991) e Malta e Varella (1996).

Para a coleta de Branchiura e Isopoda a superfcie externa do corpo, nadadeiras,

cavidade bucal e branquial, parede interna do oprculo e aberturas no abdmen dos

hospedeiros foram examinadas. Os crustceos encontrados foram coletados com pincis finos,

estiletes e pinas, e fixados e conservados em etanol 70 GL glicerinado a 10% (Amato et al.,

1991).

Para o estudo dos Branchiura lminas escavadas contendo glicerina e lcool 70%

foram utilizadas para montagens provisrias com crustceos inteiros. Para o estudo de

Isopoda os apndices foram dissecados com estiletes, clarificados com fenol puro e lminas

provisrias foram feitas (Malta e Varella, 2000).

Os cistos de pentastomdeos encontrados no mesentrio e nas paredes intestinais e do

estmago de P. nattereri, foram imediatamente retirados e rompidos com a finalidade de

preparar os parasitos para a identificao. Posteriormente, os parasitos foram fixados e

conservados em etanol 70 GL e montados posteriormente em lminas permanentes em meio

de Hoyer. A identificao dos pentastomdeos foi realizada com base nas dimenses dos seus

ganchos, nmero de segmentos do corpo e poro oral.

Para a identificao dos parasitos encontrados em P. nattereri baseada em

caractersticas morfolgicas, foram utilizadas principalmente as chaves e descries

elaboradas por: Bouvier (1899); Stekhoven (1937); Ringuelet (1948); Machado Filho (1948,

1959); Mizelle e Price (1965); Travassos et al. (1969); Pinto e Noronha (1976); Rego (1979);

Salgado-Maldonado (1979); Malta (1981); Lemos de Castro e Silva (1985); Vicente et al.

(1985); Lemos de Castro (1985,1986); Schmidt (1986); Boeger e Kritsky (1988); Kritsky,

Boeger e Thatcher (1988a); Boeger e Thatcher (1988b); Rego e Eiras (1989); Rego e

Pavanelli, (1990, 1991); Thatcher (1993, 2006); Malta (1993); Malta e Varella (1996, 2000);

Kritsky, Boeger e Jgu (1997); Moravec (1998); Rego et al. (1999) e Vicente e Pinto (1999);

28

Gibson et al. (2002); Amin (2002); Rego (2006) e Khon et al. (2007).

Para confirmao especfi