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CHAR

ACIFO

RMES

CHARACIFORMES

ACESTRORHYNCHIDAE

PEIXES COMERCIAIS DE MANAUS

FAMÍLIA ACESTRORHYNCHIDAEOs membros dessa família alcançam de 15 a 35cm decomprimento padrão e apresentam corpo alongado,ligeiramente comprimido; escamas diminutas, fracamenteimplantadas; focinho longo e pontudo; boca terminal, coma maxila superior ligeiramente maior que a inferior; dentescaniniformes, de diferentes tamanhos, alguns em forma depresa, em ambas as maxilas; placa de dentes no palato;primeiro osso da série infra-orbital bastante longo eestreito e cobrindo a maior parte do osso maxilar; rastrosdo primeiro arco branquial pequenos, laminares eespinhosos; nadadeira dorsal localizada na porçãoposterior do corpo; hábito piscívoro; preferência por lagos,igarapés e áreas marginais de rios. A família inclui umgênero e cerca de 15 espécies, com insignificanteparticipação na pesca comercial; ocasionalmente, asespécies de menor porte são utilizadas na aquariofilia. Nomercado foi encontrada apenas uma espécie.Fonte bibliográfica: Menezes & Géry, 1983; Lucena &Menezes, 1998; Menezes, 2003.

DENTE-DE-CÃO

Nome científico: Acestrorhynchus falcirostris (Cuvier,1819).Outros nomes comuns: Uéua, cachorro, cachorrinho;peje perro (Peru).Diagnose: Porte grande, até 35cm; altura máxima docorpo contida aproximadamente seis vezes nocomprimento padrão; dentes caninos de diferentestamanhos; maxila superior com um par de presasrelativamente grandes, atrás de um par de pequenosdentes cônicos, encobertos por tecido carnoso; linhalateral com 140 a 175 escamas; 30 a 37 séries deescamas entre a origem da nadadeira dorsal e a linhalateral e 17 a 22 séries entre esta e a base da nadadeiraanal. A família foi criada recentemente para abrigar osrepresentantes do gênero Acestrorhynchus, antesincluídos em Acestrorhynchinae, como subfamília deCharacidae.Biologia: Piscívoro; caça as presas próximo à vegetação;apresenta preferência por peixes de pequeno porte, osquais são engolidos inteiros, às vezes em grandenúmero; há evidências de que desova mais de uma vezpor ano.Importância econômica: Insignificante.

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CHARACIFORMES

ANOSTOMIDAE

PEIXES COMERCIAIS DE MANAUS

FAMÍLIA ANOSTOMIDAEOs membros dessa família possuem corpo alongado efusiforme; nadadeira anal curta, normalmente com novea onze raios; narinas anteriores com uma expansãocarnosa em forma de tubo; abertura branquial unida aoistmo; boca pequena, não protrátil; processoascendente do pré-maxilar bem desenvolvido, maxilasrelativamente curtas; dentes incisivos, côncavosinternamente, numa única fileira, em forma de escada,firmemente implantados, em número de 6 a 8 em cadamaxila; esses peixes, quando parados, normalmente seposicionam com a cabeça voltada para baixo; hábitoalimentar herbívoro a onívoro, consumindo basicamentefrutos, sementes, raízes, esponjas, insetos e outrosinvertebrados aquáticos. A maioria das espécies formacardumes e empreende migrações tróficas ereprodutivas e algumas delas têm destacada importância

ARACU-CABEÇA-GORDA

Nome científico: Anostomoides laticeps (Eigenmann,1912).Outros nomes comuns: Aracu.Diagnose: Porte médio, até 30cm; boca ligeiramentevoltada para cima; 8 dentes firmemente implantadosem cada maxila, sendo alguns da maxila superiorfracamente cuspidados e os demais incisiformes;

na pesca comercial e de subsistência. A família éformada por 12 gêneros e cerca de 140 espécies. Aparticipação desse grupo é insignificante,correspondendo a menos de 1% da produção total,entretanto, é um dos mais diversificados grupos depeixes no mercado de Manaus, representado por cincogêneros e 10 espécies.Fonte bibliográfica: Géry, 1977; Garavello, 1979;Santos, 1980a; b; 1981; 1982; Winterbotton, 1980;Santos & Jegu, 1989; 1996; Garavello & Britski, 2003.

coloração cinza com uma a três faixas transversaisdifusas sobre o tronco, sendo mais destacada aquelasituada entre as nadadeiras dorsal e ventral;ocasionalmente, ocorre também uma listra longitudinalincipiente, ao longo da linha lateral, mais evidente naporção posterior do corpo.Biologia: Onívoro, consome material vegetal e insetos; fazmigrações e desova uma vez por ano, provavelmente noalto curso dos rios; ocorre principalmente em rios daperiferia da bacia amazônica.Importância econômica: Insignificante no geral e nogrupo, apesar de ser um dos aracus de maior porte.

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CHARACIFORMES

ANOSTOMIDAE

PEIXES COMERCIAIS DE MANAUS

ARACU-CABEÇA-GORDANome científico: Leporinus agassizi Steindachner, 1876Outros nomes comuns: Aracu; lisa (Colômbia, Peru).Diagnose: Porte grande, até 35cm; coloração cinza-amarronzada, com uma listra escura ao longo docorpo, iniciando-se na altura da nadadeira dorsal e seestendendo até o final do pedúnculo caudal; linha lateralcom 39 a 41 escamas; nadadeira adiposa com o centroalaranjado e a extremidade escura.

Biologia: Onívoro, consome principalmente insetos esementes; faz migrações e desova no início daenchente; ocorre principalmente nos afluentes de águaclara e escura.Importância econômica: Insignificante no geral e nogrupo, apesar de ser um dos aracus de maior porte e maisapreciados na pesca.

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CHARACIFORMES

ANOSTOMIDAE

PEIXES COMERCIAIS DE MANAUS

ARACU-CABEÇA-GORDA

Nome científico: Leporinus friderici (Bloch, 1794).Outros nomes comuns: Aracu; boga (Bolívia); lisa(Peru).Diagnose: Porte médio, até 30cm; coloração castanhaa acinzentada, mais escura no dorso que no ventre;três ou ocasionalmente duas manchas escurasarredondadas ao longo da linha mediana do corpo;linha lateral com 39 a 41 escamas; cinco fileiras deescamas entre a nadadeira dorsal e a linha lateral e 4,5a 5 entre essa e a nadadeira ventral.

Biologia: Onívoro, consome insetos e material vegetal;ampla distribuição, inclusive fora da bacia amazônica,ocorre em vários tipos de água, sendo tambémencontrado em áreas alteradas, nos arredores dasgrandes cidades.Importância econômica: Insignificante no geral e nogrupo.

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CHARACIFORMES

ANOSTOMIDAE

PEIXES COMERCIAIS DE MANAUS

ARACU-CABEÇA-GORDA

Nome científico: Leporinus trifasciatus Steindachner,1876.Outros nomes comuns: Aracu; boga (Bolívia); lisa(Peru).Diagnose: Porte grande, até 40cm; corpo robusto,coloração cinza-escuro no dorso e cinza-claro noventre; três faixas transversais escuras sobre o tronco,sendo mais destacada aquela situada entre asnadadeiras dorsal e ventral; uma mancha arredondada

na base do pedúnculo caudal; parte inferior da cabeça eregião opercular alaranjadas; 6 dentes em cada maxila;linha lateral com 43 escamas, 6 fileiras horizontais deescamas entre a nadadeira dorsal e a linha lateral.Biologia: Onívoro, consome larvas de insetos ematerial vegetal; ocorre comumente em rios e lagos deágua branca.Importância econômica: Insignificante no geral;moderada no grupo.

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CHARACIFORMES

ANOSTOMIDAE

PEIXES COMERCIAIS DE MANAUS

ARACU-CANETANome científico: Laemolyta varia (Garman, 1890).Outros nomes comuns: Aracu.Diagnose: Porte médio, até 25cm; boca ligeiramentevoltada para cima; dentes da maxila superiorcuspidados e os da inferior com borda plana; porçãobasal do lábio inferior normalmente clara; coloraçãocinza, com uma a três faixas escuras transversais,geralmente esmaecidas; uma listra escura horizontal ao

longo do corpo; 6 a 6,5 séries de escamas entre aorigem da nadadeira dorsal e a linha lateral.Biologia: Onívoro, consome material vegetal e detritos;faz migrações e desova no início da enchente; ocorretanto em lagos quanto no canal do rio.Importância econômica: Insignificante no geral e nogrupo.

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CHARACIFORMES

ANOSTOMIDAE

PEIXES COMERCIAIS DE MANAUS

ARACU-COMUM

Nome científico: Schizodon fasciatus Spix & Agassiz, 1829.Outros nomes comuns: Aracu; boga (Bolívia); lisa(Colômbia, Peru).Diagnose: Porte grande, até 40cm; 8 dentes largos emulticuspidados em cada maxila; coloração cinza,intercalada por quatro faixas transversais escuras sobre otronco e uma mancha arredondada na extremidade dopedúnculo caudal.

Biologia: Herbívoro, consome algas, frutos, sementese folhas de gramíneas aquáticas; ocorre em rios deágua branca; reproduz-se uma vez por ano, no inícioda enchente; os alevinos se desenvolvem em lagos,normalmente entre os capins aquáticos.Importância econômica: Insignificante no geral edestacada no grupo. É a espécie mais importante entre osaracus.

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CHARACIFORMES

ANOSTOMIDAE

PEIXES COMERCIAIS DE MANAUS

ARACU-FLAMENGONome científico: Leporinus fasciatus (Bloch, 1794).Outros nomes comuns: Aracu; omima amarilla y negra(Colombia).Diagnose: Porte grande, até 35cm; 8 a 10 faixasescuras sobre fundo amarelo no tronco e cabeça; linhalateral com 43 a 45 escamas; 7 a 8 séries de escamasentre a origem da nadadeira dorsal e a linha lateral; nosjovens, com cerca de 5cm, algumas das faixasapresentam-se fundidas, separando-se à medida quecrescem.

Biologia: Onívoro, consome material vegetal e larvasde insetos; migrações reprodutivas, com desova umavez por ano, no início da enchente; ocorre comumentenas margens de rios e lagos de água branca.Importância econômica: Insignificante no geral e nogrupo, apesar do porte e de ser muito apreciado naalimentação.

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CHARACIFORMES

ANOSTOMIDAE

PEIXES COMERCIAIS DE MANAUS

ARACU-PAU-DE-NEGONome científico: Rhytiodus argenteofuscus Kner, 1858.Outros nomes comuns: Aracu-pau-de-vaqueiro.Diagnose: Porte médio, até 30cm; boca ligeiramentevoltada para cima e cada maxila com 8 dentes incisivosde base estreita e bordas largas, ligeiramentecôncavas, com saliências pontudas; coloração cinza-escuro no dorso e cinza-claro no ventre, havendo umalinha reta separando esses dois padrões de coloração;escamas pequenas, em número de 52 a 55 na linha

lateral; 7 fileiras horizontais de escamas entre anadadeira dorsal e a linha lateral.Biologia: Herbívoro, consome algas e raízes de plantasaquáticas; desova uma vez por ano e os jovens sedesenvolvem em lagos de água branca, normalmentesob os capins aquáticos; ocorre comumente em lagose rios de água branca.Importância econômica: Insignificante no geral e nogrupo.

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CHARACIFORMES

ANOSTOMIDAE

PEIXES COMERCIAIS DE MANAUS

ARACU-PAU-DE-NEGO

Nome científico: Rhytiodus microlepis Kner, 1858.Outros nomes comuns: Aracu-pau-de-vaqueiro;seferino (Bolívia).Diagnose: Porte grande, até 40cm; espécie semelhantea R. argenteofuscus, diferindo desta pelo maior númerode escamas da linha lateral (86 a 92 em vez de 52 a 55) epelo colorido, uniformemente escuro ou amarronzado;ocasionalmente, ocorrem zonas mais escuras, em forma

de faixas incipientes sobre o tronco.Biologia: Herbívoro, consome algas e raízes de plantas;desova uma vez por ano e os jovens se desenvolvemgeralmente sob os capins aquáticos; ocorre comumenteem águas brancas, sobretudo em lagos.Importância econômica: Insignificante no geral emoderada no grupo. É a espécie de maior porte entreos aracus comercializados em Manaus.

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CHARACIFORMES

ANOSTOMIDAE

PEIXES COMERCIAIS DE MANAUS

ARACU-TESOURA

Nome científico: Leporinus falcipinnis Mahnert, Géry& Müller, 1997.Outros nomes comuns: Aracu.Diagnose: Porte grande, até 35cm; colorido de fundoamarelado com 12 a 14 faixas escuras, algumas delasunidas parcial ou totalmente; linha lateral com 41 a 43escamas; nadadeira caudal profundamente furcada;dorsal pontiaguda, com os primeiros raios bem maioresque os demais; nos jovens com cerca de 15cm, as

faixas sobre o corpo encontram-se anastomosadas,separando-se à medida que o peixe cresce; diferebasicamente de L. fasciatus pelo maior número dasfaixas transversais sobre o corpo.Biologia: Onívoro, consome insetos, esponjas e materialvegetal; ocorre apenas em rios de água preta, sendocomum no rio Negro.Importância econômica: Insignificante no geral e nogrupo.

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CHARACIFORMES

CHARACIDAE

PEIXES COMERCIAIS DE MANAUS

ARARIFAMÍLIA CHARACIDAE: Jatuarana, Matrinxã, Pacu,Piranha, Sardinha, Tambaqui, entre outros.É a família mais numerosa da ordem Characiformes,abrigando cerca da metade das espécies dessa ordem.Para melhor compreendê-la, muitos autores a subdividemem várias subfamílias, mesmo que as relações deparentesco entre elas ainda não estejam devidamenteestabelecidas. Na família estão incluídas espécies de porterelativamente grande e bem conhecidas, como a matrinxã(Bryconinae), piranhas, pacus, pirapitinga e tambaqui(Serrasalminae), e também espécies miúdas e de difícilidentificação, como as piabas (Tetragonopterinae). Dianteda alta diversidade e da falta de estudos sistemáticos, nãose pode ainda traçar características exclusivas para osmembros dessa família, entretanto eles se caracterizambasicamente pela presença de dentes em ambas as

Nome científico: Chalceus erythrurus (Cope, 1870).Outros nomes comuns: Rabo-de-fogo; sardinacolimorada (Colômbia).

maxilas; nadadeira anal relativamente longa; adiposa quasesempre presente (ausente somente em Erythrinidae); ossomaxilar geralmente denteado, principalmente na seçãopróxima à sua junção com o pré-maxilar. A família inclui 12subfamílias, aproximadamente 145 gêneros e 950 espéciesdescritas. No mercado de Manaus foram encontradas 18espécies, pertencentes a 11 gêneros.Fonte bibliográfica: Géry, 1972; 1977; Goulding, 1980;Paixão, 1980; Howes, 1982; Borges, 1986; Villacorta-Correa, 1987; 1997; Jegu & Santos, 1988; Zaniboni Filho,1992; Bittencourt, 1994; Machado-Allison & Fink, 1996;Oliveira, 1997; Zanata, 1997; Araujo-Lima & Goulding,1997; 1998; Lucena & Menezes, 1998; Pizarro, 1998;Lucena, 2000; Lima, 2001; 2003; Jegu, 2003.

Diagnose: Porte pequeno, até 20cm; perfil da regiãoabdominal arredondado; coloração cinza-prateado;nadadeiras caudal e anal vermelhas e pélvicasamarelas; escamas muito desenvolvidas, formandoapenas 3 fileiras entre a origem da nadadeira dorsal e alinha lateral e 2 entre esta e a base da ventral; linhalateral baixa, passando pela região abdominal, sendoas escamas perfuradas menores que as do restante docorpo; nadadeira anal curta, com 8 a 9 raiosramificados; lóbulo inferior da nadadeira caudalnormalmente maior e mais largo que o superior.Biologia: Onívoro, consome principalmente insetos,frutos e sementes; ocorre comumente nas áreasalagadas das cabeceiras de rios de pequeno a médioporte.Importância econômica: Insignificante, entretanto,apresenta certa importância na aquariofilia.

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CHARACIFORMES

CHARACIDAE

PEIXES COMERCIAIS DE MANAUS

JATUARANA

Nome científico: Brycon melanopterus (Cope, 1872).Outros nomes comuns: Matrinxã; sábalo, sabaleta(Colômbia).Diagnose: Porte grande, até cerca de 35cm; dentesmulticuspidados em 3 a 4 fileiras na maxila superior e 2fileiras na mandíbula, sendo a fileira principal formadapor dentes robustos e atrás da qual ocorre um par dedentes cônicos; uma mancha negra, difusa, iniciando-se na altura das nadadeiras ventrais, seguindo emdireção ao pedúnculo caudal e daí subindodiagonalmente pela nadadeira caudal; linha lateralcom 62 a 68 escamas; uma mancha preta ou cinza-escura na região umeral, imediatamente acima da linha

lateral. Existe certa confusão na atribuição dos nomesmatrinxã e jatuarana, pois as espécies são muitoparecidas e pertencentes a um mesmo gênero. Nãoraro, esses nomes são aplicados inversamente, isto é,a espécie denominada matrinxã num local, édenominada jatuarana em outro e vice-versa.Biologia: Onívoro, alimenta-se de frutos, sementes,artrópodes e explora intensivamente o igapó; desova total,no período de enchente. Ao contrário da matrinxã, não fazmigração reprodutiva em direção aos rios de água branca,desovando nos próprios afluentes em que habitam; ocorrepredominantemente em rios de água clara e preta.Importância econômica: Insignificante.

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CHARACIFORMES

CHARACIDAE

PEIXES COMERCIAIS DE MANAUS

MATRINXÃNome científico: Brycon amazonicus (Spix & Agassiz,1829).Outros nomes comuns: Rabo-de-fogo; sardinacolimorada (Colômbia).Diagnose: Porte grande, alcançando cerca de 40cm;dentes multicuspidados em 3 a 4 fileiras na maxila superiore duas fileiras na maxila inferior, sendo a principalformada por dentes robustos e atrás da qual ocorreum par de dentes cônicos; coloração cinza-amarelado,mais clara no ventre; escamas com as bordas escuras,formando linhas contínuas sinuosas, mais evidentes naporção terminal do corpo, onde aparecem em formade ziguezague; linha lateral com 69 a 80 escamas.

Biologia: Onívoro, consome basicamente frutos,sementes, insetos e outros invertebrados; os jovens epré-adultos têm maior preferência por peixes eartrópodes, enquanto os adultos preferem frutos esementes. Faz migração reprodutiva no início daenchente, quando desce os afluentes para desovar nosrios de água branca; realiza também uma migraçãotrófica, quando sobe os rios, na enchente/cheia, parase alimentar na floresta alagada. Além disso, faztambém deslocamentos de dispersão, quando deixa asáreas que estão secando e penetra no leito dos rios.Os alevinos e jovens são criados nas áreas de várzea,no período que vai da enchente até a seca; os adultos

e jovens recrutados das áreas de várzea fazem“arribação”, isto é, dispersam rio acima no período daseca. A pré-desova, que corresponde à fase derepouso e início da maturação gonadal ocorreenquanto os adultos permanecem no canal dosafluentes, no período de seca; o comprimento padrãomédio de primeira maturação sexual se dá em torno de32cm.Importância econômica: Moderada; entretanto, nasépocas de migração, ela apresenta importância destacada.Além da importância na pesca, é também um dos peixesmais utilizados na aqüicultura regional.

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CHARACIFORMES

CHARACIDAE

PEIXES COMERCIAIS DE MANAUS

PACU-BRANCOPPPPPACUSACUSACUSACUSACUSPacu é um nome aplicado a um conjunto de pelo menosoito gêneros e aproximadamente trinta espécies, sendoque nos mercados da Amazônia Central, asmais comuns pertencem aos gênerosMylossoma e secundariamente a Myleus eMetynnis, todos eles pertencentes àsubfamília Serrasalminae. Ascaracterísticas básicas desse grupo sãoo corpo bastante comprimido e alto,quase redondo; uma série de escudosósseos, em forma de serra, no ventre;dentes incisivos largos, algunsmolariformes, próprios para quebrar frutos esementes; os dentes se distribuem em duasfileiras na maxila superior e apenas uma namaxila inferior, sendo que atrás destageralmente ocorre um par de dentes na regiãomediana ou sinfisial; osso maxilar curto, semdentes; escamas diminutas; nadadeira dorsallonga, geralmente filamentosa nos machos,por ocasião da reprodução. Os pacus têmimportância relativa em torno de 5% daprodução total, representando o sexto lugarentre os peixes mais comercializados nomercado de Manaus. Durante a vazante,quando os peixes estão migrando no leito dorio e são mais vulneráveis à pesca, estaparticipação praticamente dobra, chegando a12%. No mercado de Manaus foramencontradas seis espécies de pacus, além dapirapitinga.

Nome científico: Myleus rubripinnis (Müller &Troschel, 1844).Outros nomes comuns: Pacu; gancho rojo (Colômbia).Diagnose: Porte médio, até 30cm; corpo alto eromboidal; nadadeira adiposa estreita, sendo sua basemenor que a distância que a separa da nadadeiradorsal, essa com 25 a 28 raios ramificados; coloraçãocinza-esbranquiçado, exceto em alguns indivíduos emque aparecem manchas vermelho-ferruginosas noopérculo, tronco e base inferior da nadadeira anal;esse colorido, no entanto, só ocorre nos machos emreprodução, sendo, portanto, um dimorfismo sexualtransitório; nas fêmeas, apenas a região opercular e

porção inferior da base da nadadeira anal ficamavermelhadas, sendo a mancha vermelha nessanadadeira continuada por uma mancha preta namargem posterior.Biologia: Herbívoro, alimenta-se basicamente de frutos esementes e o pico da desova se dá no início da enchente;ocorre comumente em rios de água clara.Importância econômica: Insignificante no geral e nogrupo.

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CHARACIFORMES

CHARACIDAE

PEIXES COMERCIAIS DE MANAUS

PACU-BRANCONome científico: Myleus torquatus (Kner, 1858).Outros nomes comuns: Pacu.Diagnose: Porte pequeno, até 20cm; corpo alto eromboidal; nadadeira adiposa estreita, sendo sua basemenor que a distância que a separa da dorsal;nadadeira anal com 33 e dorsal com cerca de 21 raiosramificados; coloração cinza-esbranquiçado; margemposterior das nadadeiras caudal e anal com uma faixaescura e relativamente larga ao longo de toda suaextensão.

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Biologia: Herbívoro, alimenta-se de frutos e sementes;ocorre comumente em rios de água clara.Importância econômica: Insignificante, no geral e nogrupo.

CHARACIFORMES

CHARACIDAE

PEIXES COMERCIAIS DE MANAUS

PACU-GALO

Nome científico: Metynnis lippincottianus (Cope, 1870).Outros nomes comuns: Pacu.Diagnose: Porte pequeno, até 15cm; corpoarredondado; nadadeira adiposa longa, maior que adistância que a separa da nadadeira dorsal; dentesrelativamente curtos; um espinho ósseo na base danadadeira dorsal; anal com 30 raios ramificados; ramoinferior do primeiro arco branquial com cerca de 22rastros; coloração cinza-claro, com numerosasmanchas escuras arredondadas e alongadas, maisvisíveis no ventre; em alguns indivíduos aparece umamancha vermelha intensa, contornando externamentea abertura opercular, além de numerosas manchasescuras ou avermelhadas sobre as escamas da linhalateral e na porção superior do dorso. Esse padrão de

colorido representa um dimorfismo sexual apresentadopelo macho, no período de reprodução.Biologia: Onívoro, com tendência à herbivoria; ocorreprincipalmente em rios de água clara e preta.Importância econômica: Insignificante no geral e nogrupo.

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CHARACIFORMES

CHARACIDAE

PEIXES COMERCIAIS DE MANAUS

PACU-JUMENTONome científico: Myleus schomburgkii (Jardine &Schomburgk, 1841).Outros nomes comuns: Pacu, pacu-cadete.Diagnose: Porte grande, até 35cm; distingue-se dosdemais pacus por possuir uma faixa escura, transver-sal a ligeiramente inclinada sobre o tronco, maisacentuada entre o flanco e a base da nadadeira dorsal.

Biologia: Herbívoro, alimenta-se de frutos esementes; ocorre comumente nos afluentes

de água clara ou preta.Importância econômica: Insignificante

no geral e no grupo.

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CHARACIFORMES

CHARACIDAE

PEIXES COMERCIAIS DE MANAUS

PACU-MANTEIGANome científico: Mylossoma aureum (Agassiz, 1829).Outros nomes comuns: Pacu; palometa (Colombia).Diagnose: Porte pequeno, até 20cm de comprimento;corpo elevado e bastante comprimido; ausência deespinho na base da nadadeira dorsal; anal com 28 a34 raios ramificados e intensamente escamada; 8dentes na maxila inferior; 10 a 16 serras entre asnadadeiras ventrais e a anal, sendo a última serra nãounida à base dessa nadadeira; coloração uniformementeclara, exceto a extremidade do pedúnculo caudal, ondenormalmente aparece uma pequena mancha escura.

Biologia: Onívoro, com forte tendência herbívora;alimenta-se basicamente de material vegetal einvertebrados; empreende migrações tróficas ereprodutivas e a desova se dá no período de enchente;ocorre em rios de água branca e áreas alagáveis.Importância econômica: Insignificante no geral e nogrupo; entretanto, em determinadas épocas temimportância moderada no grupo.

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CHARACIFORMES

CHARACIDAE

PEIXES COMERCIAIS DE MANAUS

PACU-MANTEIGANome científico: Mylossoma duriventre (Cuvier, 1818).Outros nomes comuns: Pacu, pacu-toba; pacupeba(Bolívia); palometa (Colômbia, Peru).Diagnose: Porte médio, até 25cm; diferencia-se de M.aureum pelo maior porte, maior número de serras nasérie entre as nadadeiras ventrais e anal (18 a 22),sendo a última unida ao primeiro raio dessa nadadeirae maior número de raios ramificados na anal (37).Apresenta coloração esbranquiçada, sendo a cabeça e

região ventral normalmente amarelo-alaranjadas;uma mancha escura no opérculo.

Biologia: Herbívoro, com tendência onívora;alimenta-se basicamente de frutos,

sementes e de larvas de insetosaquáticos. Os adultos ocorrem nas

várzeas e igapós onde consomemprincipalmente frutos, enquanto os jovens

alimentam-se de plantas aquáticas. O início damaturação sexual ocorre em indivíduos com cerca de16cm, estando todos aptos a reproduzir com 19cm decomprimento total. O período reprodutivo é longo,havendo dois picos de desova no período deenchente. Ocorre comumente em rios e lagos de águabranca.Importância econômica: Insignificante no geral edestacada no grupo. É a espécie de pacu maisimportante, chegando em certas ocasiões a 100% daprodução desse grupo de peixes.

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CHARACIFORMES

CHARACIDAE

PEIXES COMERCIAIS DE MANAUS

PIRANHA-AMARELAPIRANHASAs piranhas são mundialmente famosas por causa daslendas criadas a respeito de sua ferocidade. Elas ocorremapenas no continente sul-americano e são caracterizadaspor uma série de escudos ósseos em forma de serra nalinha mediana do ventre; maxilas superior e inferiorcom uma única série de dentes inseridos lado a lado,formando uma lâmina cortante; tem um espinho nabase anterior da nadadeira dorsal; a maioria dasespécies consome peixes, entretanto frutos, sementese invertebrados fazem parte da dieta de maneiraconstante ou ocasional; coloração bastante variada, emfunção do estágio de desenvolvimento e da coloraçãoda água em que vive. A participação das piranhas napesca comercial é baixa. No mercado de Manaus essegrupo representou menos de 1% da produção total,sendo formado por cinco espécies.

Nome científico: Serrasalmus spilopleura Kner, 1858.Outros nomes comuns: Piranha-tucupi, piranha;piraña (Bolívia).Diagnose: Porte médio, até 25cm; coloração cinza-escuro; extremidade da nadadeira caudal normalmentecom uma faixa escura larga, sendo acompanhada poruma estreita faixa branca na porção terminal; espaçointerorbital estreito, contido cerca de 2,5 vezes nocomprimento da cabeça; tem uma série de 4 dentes nopalato; um espinho na base anterior das nadadeirasdorsal e anal; em vida ou recém-coletada, essa espécieapresenta as escamas com reflexos amarelo-prateados.

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Biologia: Piscívoro, consome basicamente peixes eocasionalmente material vegetal.Importância econômica: Insignificante no geral e nogrupo.

CHARACIFORMES

CHARACIDAE

PEIXES COMERCIAIS DE MANAUS

PIRANHA-BRANCANome científico: Pristobrycon striolatus (Steindachner,1908).Outros nomes comuns: Piranha, piranha-xidaua.Diagnose: Porte médio, até 25cm; coloração variável,formada por pequenas manchas escuras sobre fundoclaro, ou por numerosas faixas transversais escuras eclaras, alternadamente e mais concentradas no flancodorsal; nadadeiras com extremidades esbranquiçadas;

cabeça relativamente pequena, contida cerca de 3vezes no comprimento padrão; distância interorbitalestreita, contida cerca de 2,6 no comprimento dacabeça; ausência de espinho na base da nadadeiraanal; adiposa com base estreita, menor que o diâmetrodo olho; ausência de dentes no palato; osso suborbitalestreito, deixando uma zona nua larga e coberta depele.Biologia: Piscívoro, consome peixes e ocasionalmentematerial vegetal.Importância econômica: Insignificante no geral e nogrupo.

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CHARACIFORMES

CHARACIDAE

PEIXES COMERCIAIS DE MANAUS

PIRANHA-BRANCANome científico: Serrasalmus gouldingi Fink &Machado-Allison, 1992.Outros nomes comuns: Piranha.Diagnose: Porte médio, até 30cm; corpo commanchas escuras ovais e vermiculares nos indivíduosjovens e uniformemente claras nos adultos, acima de21cm de comprimento; olho bem desenvolvido,contido cerca de 3,8 vezes no comprimento da cabeça;base da nadadeira adiposa larga, equivalente aodiâmetro do olho; nadadeiras cinza-claras, comextremidades hialinas.

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Biologia: Pouco conhecida; alimenta-se de peixes,frutos e sementes. Ocorre principalmente no rioNegro, mas já foi registrada também para os riosUatumã, Trombetas e alguns afluentes do rio Madeira.Importância econômica: Insignificante no geral e nogrupo.

CHARACIFORMES

CHARACIDAE

PEIXES COMERCIAIS DE MANAUS

PIRANHA-CAJUNome científico: Pygocentrus nattereri Kner, 1858.Outros nomes comuns: Piranha, piranha-vermelha;piraña roja (Colômbia); palometa (Bolívia).Diagnose: Porte médio, até 25cm; corpo romboidal elargo, especialmente na porção anterior; cabeça curta erobusta; mandíbula massiva e prognata; espaçointerorbital bastante largo, contido cerca de 2 vezes nocomprimento da cabeça; olho pequeno, contido cercade 6 vezes no comprimento da cabeça; fontanela

estreita e longa, alcançando o nível médio do olho; umespinho na base anterior das nadadeiras dorsal e anal;ausência de dentes no palato; coloração cinza-arroxeado e iridescente; queixo e ventre normalmentealaranjados; dorso cinza-azulado; nadadeira caudalcurta e acinzentada.Biologia: Consome peixes, dos quais são arrancadospedaços; desova parcelada, no início da enchente;tamanho médio da primeira maturação sexual em

torno de 13cm nos machos e 15cm nas fêmeas; ovosaderentes, depositados sobre plantas submersas ecuidados por um ou ambos os pais; ocorre apenas emrios de água branca e é típica de ambientes lênticos.Importância econômica: Insignificante no geral edestacada no grupo. É a espécie mais comum dogrupo das piranhas no mercado.

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CHARACIFORMES

CHARACIDAE

PEIXES COMERCIAIS DE MANAUS

PIRANHA-PRETANome científico: Serrasalmus rhombeus (Linnaeus, 1766).Outros nomes comuns: Piranha, piranha-branca;piraña negra, puño (Colômbia).Diagnose: Porte grande, até 50cm de comprimento,sendo a maior das piranhas; corpo alto; mandíbulaprognata; distância interorbital relativamente estreita,contida cerca de 3 vezes no comprimento da cabeça;colorido uniformemente cinza-escuro nos adultos; nosjovens ocorrem numerosas manchas escurasarredondadas; nestes, também, a extremidade dasnadadeiras caudal e anal apresentam uma faixa escura,enquanto nos adultos ela é uniformemente cinza-escura; uma mancha escura, em forma de meia-lua outriangular, na região umeral.

Biologia: Onívoro, consome peixes, invertebrados,insetos e material vegetal; maturidade sexual emindivíduos com cerca de um ano de vida e comcomprimento padrão de aproximadamente 15cm;acima de 19cm de comprimento os indivíduos sãotodos adultos; desova mais de uma vez por ano, compico no período de enchente; ocorre comumente emrios e lagos, principalmente em águas pretas e claras.

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Tem sido uma das espécies de peixes mais bem-sucedidas em reservatórios artificiais ou dehidrelétricas na Amazônia, onde é intensivamentepescada, mas pouco aproveitada.Importância econômica: Insignificante no geral e nogrupo.

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PIRAPITINGA

Nome científico: Piaractus brachypomus (Cuvier, 1818).Outros nomes comuns: Cachama blanca (Colômbia);paco (Peru).Diagnose: Porte grande, alcançando até 70cm e 30kg,um dos maiores peixes de escamas de água doce.Caracteriza-se pelo corpo alto e robusto, duas fileirasde dentes na maxila superior, sendo que a externa écurva e a interna, reta, formando um hiato entreambas, ou seja, um espaço triangular carnosopróximo ao vértice da primeira fileira; essacaracterística provavelmente está relacionada aomecanismo de prender e quebrar o alimento; um parde dentes cônicos, situado logo atrás da fileira principalda mandíbula; nadadeira adiposa sem raios; coloraçãobem distinta entre jovens e adultos: em indivíduos comcerca de 10cm de comprimento, a porção ventral do

tronco e da cabeça é avermelhada e ocorremnumerosas manchas ovais escuras no dorso; emindivíduos adultos ou de maior porte, a coloração éuniformemente cinza-escuro.Biologia: Onívoro, com forte tendência à herbivoria;consome frutos e sementes, sobretudo no período decheia, quando a floresta está inundada e suadisponibilidade é bem maior; na seca, quando os peixesabandonam as matas alagadas e retornam ao leito dosrios e lagos, aumenta o consumo de folhas, moluscos,peixes, insetos e outros invertebrados. A pirapitinga fazduas migrações: uma ascendente, no início da vazante,quando sai da floresta alagada e se dirige às cabeceirasdos rios; e outra no início da enchente, quando descepara desovar, geralmente nos rios de água branca. Osjovens ocorrem normalmente em lagos de água branca e

são muito parecidos com a piranha-caju; ocorrenormalmente em rios de água branca e clara.Importância econômica: Insignificante, contudo,aumenta no período de cheia, quando o peixe estámigrando da floresta alagada em direção ao canal dorio. Além de ser muito utilizada na pesca, essa espécievem sendo utilizada com relativo sucesso napiscicultura; a reprodução induzida, bem como ocruzamento com tambaqui e pacu-caranha do pantanalmato-grossense são técnicas normalmente empregadaspara a obtenção de híbridos com ótimas característicaspara esse tipo de manejo; populações introduzidas emlagos artificiais na Venezuela nunca chegaram areproduzir, indicando que a migração é um processovital para a propagação natural da espécie.

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SARDINHA-COMPRIDASARDINHASPeixes de médio porte, alcançando cerca de 30cm decomprimento padrão e que se caracterizam pelo corpoalongado e bastante comprimido lateralmente; nadadeiraspeitorais bem desenvolvidas e ventrais atrofiadas; peitoexpandido e quilhado devido à hipertrofia dos ossoscoracóides, nos quais se inserem os músculos peitorais;linha lateral baixa, situada na região ventral; escamas bemdesenvolvidas, soltando-se com facilidade; dentesmulticuspidados, firmemente implantados em duasséries, em ambas as maxilas. Esse peixe tem umaimportância econômica relativamente grande,sobretudo por ser facilmente capturado em cardumese ser bastante acessível às camadas sociais de menorpoder aquisitivo; tem uma participação média nopescado total em torno de 3,5%, chegando a cerca de14% no período da seca. A produção no mercado deManaus está centrada em duas espécies.

Nome científico: Triportheus elongatus (Günther,1864).Outros nomes comuns: Sardinha; sardina (Bolívia,Colômbia).Diagnose: Porte médio, até 25cm; corpo bastantealongado, altura contida cerca de 4 vezes nocomprimento padrão; 24 a 29 rastros no ramo inferiordo primeiro arco branquial, sendo o tamanho destesaproximadamente a metade do tamanho dosfilamentos branquiais; linha lateral com 45 a 48escamas; nadadeira caudal alaranjada com a margemescura, com um pequeno prolongamento na porçãomediana; 6,5 fileiras de escamas entre a nadadeiradorsal e a linha lateral e 3 entre esta e a nadadeiraventral.

Biologia: Onívoro, com tendência herbívora; consomebasicamente frutos, sementes e outros itens vegetais einsetos; ocorre principalmente nas áreas de várzea ecursos inferiores dos principais afluentes do sistemaSolimões/Amazonas.Importância econômica: Insignificante no geral edestacada no grupo. É a espécie mais importante emais freqüente entre as sardinhas. Seu pico deprodução se dá no período de enchente.

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SARDINHA-PAPUDA

Nome científico: Triportheus angulatus (Spix &Agassiz, 1829).Outros nomes comuns: Sardinha; sapamama (Peru);sardina (Bolívia, Colômbia).Diagnose: Porte pequeno, até 20cm; corpo curto ealto, altura contida cerca de 3 vezes no comprimentopadrão; uma grande expansão quilhada e em forma de“papo” na região peitoral; nadadeira caudal com raioscentrais escuros e prolongados em forma de

filamento, cujo tamanho correspondeaproximadamente a 1/3 da nadadeira; 32 a 35 rastrosbem desenvolvidos no ramo inferior do primeiro arcobranquial, atingindo cerca da metade do tamanho dosfilamentos branquiais; linha lateral com 34 a 36escamas; 6 fileiras de escamas entre a origem dadorsal e a linha lateral e 2 fileiras desta até a origem danadadeira ventral; coloração cinza-metálico, maisescura no dorso; ocasionalmente aparecem pontos de

pigmentos sobre as fileiras de escamas ao longo dosflancos, formando listras curvas incipientes.Biologia: Onívoro, consome basicamente frutos,sementes, insetos e outros invertebrados; formacardumes e empreende migrações, sendo uma tróficana seca e outra reprodutiva na enchente; desova naságuas brancas e vive comumente em áreas de várzea.Importância econômica: Insignificante no geral e nogrupo.

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TAMBAQUINome científico: Colossoma macropomum (Cuvier, 1818).Outros nomes comuns: Ruelo, bocó; cachama negra,gamitana (Colômbia, Peru).Diagnose: Grande porte, até 100cm de comprimentoe mais de 30kg; segundo maior peixe de escamas daAmérica do Sul, depois do pirarucu; corpo alto,romboidal, lábios grossos, dentes molariformes;ausência de espinho pré-dorsal; nadadeira adiposacom raios. No decorrer de seu desenvolvimento otambaqui sofre grandes variações tanto no padrão decoloração, quanto na forma do corpo: nos juvenis,com até 10cm de comprimento, ocorre uma manchaescura arredondada na região mediana do corpo, aonível da nadadeira dorsal, desaparecendocompletamente a partir desse tamanho; nos jovenscom até cerca de 30cm o corpo é bastante alto,tornando-se mais alongado na fase adulta. A coloraçãonos adultos é também bastante variável com a cor daágua, sendo mais escura nos indivíduos que vivem emrios de água preta e mais clara nos de água barrenta. Éuma espécie endêmica das bacias do Amazonas eOrinoco, sendo muito comum em lagos de várzea.

Biologia: Onívoro, os adultos consomem basicamentefrutos e sementes, tendo zooplâncton comocomplemento. É o único peixe de grande porte naAmazônia que possui rastros branquiais longos efortes dentes molariformes, sendo uma característicaanatômica singular que lhe permite alimentar-se tantode zooplâncton quanto de frutos e sementes. Aatividade alimentar dessa espécie é baixa no período devazante e seca, quando ela empreende migraçõesascendentes, de dispersão e utiliza suas reservas degordura acumuladas no fígado e cavidade abdominal;por outro lado, a atividade alimentar é muito alta porocasião da enchente/cheia, quando ocupa as florestasinundadas nas margens dos rios e lagos e onde hámaior disponibilidade de itens alimentares. Estômagobastante volumoso; na fase de intensa alimentação,chega a consumir uma quantidade de alimentocorrespondente a cerca de 9% do peso de seu corpo;

no período de seca permanece no leito dos rios;penetra nos afluentes de menor porte para explorar asmatas alagadas na enchente e cheia e se desloca paraos rios de águas barrentas para desovar; comprimentopadrão médio da primeira maturação é de 61cm,estando o total da população adulta aos 76cm; otamanho mínimo encontrado para fêmeas maduras foide 45cm; a proporção sexual é de aproximadamente1:1 na Amazônia Central e um número relativamentemaior de machos na bacia do rio Mamoré. A massa deovos é de aproximadamente 2 a 8% do peso corpóreoda fêmea e eles se desenvolvem mais acentuadamentedurante o período de seca, quando o peixe consomemenos alimento, mas possui grande quantidade degordura estocada, que chega a cerca de 10% do pesocorpóreo; a idade média dos indivíduos sexualmentemaduros é de 3,5 a 4 anos, quando atinge cerca de6,3kg; período de vida longo, de pelo menos 13 anos,tendo sido calculada uma expectativa de vida deaproximadamente 17 anos; para cada ano de vida, há

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Exemplar Adulto

a formação de um anel nas escamas e otólitos, o qualé formado durante o período de vazante e seca, que,na Amazônia central, geralmente ocorre entre outubroe dezembro; peixes de idade conhecida apresentam omesmo padrão de anéis sazonais e diários, querestejam em condições naturais ou confinadas;evidenciando que há um ritmo endógeno para suaformação. Fecundidade bastante alta, aumentandocom o tamanho e peso das fêmeas. Indivíduos comtamanho médio de 80cm produzem cerca de 1,2 milhãode óvulos; cada um, quando maduro, medindo cercade 1,3mm de diâmetro; o número médio de ovócitospor grama de peso corpóreo é de aproximadamente 78;desova total, na enchente, em rios de água branca; aslarvas são carreadas pela correnteza durante 4 a 15dias, percorrendo de 400 a 1.300km; depois nadam emdireção aos lagos de várzea, onde passam as fases dejuvenil e pré-adulto; peixes jovens, entre 1,3 e 15cm decomprimento são encontrados exclusivamente entrecapins aquáticos, tanto enraizados quanto flutuantes,localizados nas margens de rios de água branca e emlagos ou enseadas próximas a esses mesmos rios; aslarvas começam a se alimentar de fontes externas ao

atingirem entre 5 e 7mm de comprimento, quandopassam a consumir zooplâncton, sobretudo cladóceros,rotíferos, copépodes e larvas de insetos, que são muitoabundantes nos lagos de várzea. A presença de maiorquantidade de gordura estocada na cavidade abdominalno período de seca é interpretada como uma adaptaçãopara a manutenção de um estoque de reservaenergética, utilizada no período de seca e para areprodução, que ocorre no início da enchente.Importância econômica: Destacada. Trata-se do peixemais importante na pesca e piscicultura da regiãoamazônica. Em 1976, foram comercializadas em Manausmais de 13.000t desta espécie, sendo que a produçãodiminuiu bastante a partir desta data, chegando a cerca de6.000t entre os anos de 1979 e 1986. Segundo dados daEstatística da Pesca do Ibama, em 2001 e 2002 aprodução de tambaqui no Amazonas foi de 2.663 e2.929,5 toneladas, respectivamente, representando apenas4,4% da produção total de pescado. Curiosamente, essaquantidade se mostra inferior à produção oriunda dapiscicultura do estado, que foi de 3.000 e 3.500t, no

mesmo período. Apesar do rápido incremento dapiscicultura regional, é improvável que a produção detambaqui, por esse meio, esteja sendo superior àprodução oriunda dos estoques naturais. No presenteestudo o tambaqui teve uma participação média de 26%da produção total no mercado de Manaus, sendo estabem maior no período de cheia, quando chega até a 45%da produção total. Esse dado, aliado ao fato de queexemplares dessa espécie vêm sendo vendidos comtamanho muito inferior ao permitido, em muitos casosabaixo de 20cm de comprimento total, é sintomático deuma comercialização fora dos parâmetros estipulados pelalegislação. Assim, a exemplo do que vem ocorrendo com opirarucu, é evidente que grande quantidade de tambaquiesteja entrando no mercado de Manaus por vias diversasdaquelas contempladas pelo sistema de coleta de dadospesqueiros oficiais e, portanto, comportando umaprodução real muito acima daquela normalmente citadanas estatísticas pesqueiras.

Exemplar Jovem

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BRANQUINHA-CABEÇA-LISACURIMATIDAE

Nome científico: Potamorhina altamazonica (Cope, 1878).Outros nomes comuns: Branquinha; yahuarachi (Peru).Diagnose: Porte médio, até 30cm; corpo relativamentealongado; escamas diminutas e em grande número,havendo 90 a 120 na linha lateral; 21 a 27 séries deescamas entre a origem da nadadeira dorsal e a linhalateral e 17 a 23 entre esta e a origem da anal; região pré-pélvica transversalmente arredondada, sem quilha;corpo uniformemente prateado.

Biologia: Detritívoro, consome matéria orgânicafloculada, algas, detritos e microorganismosassociados; empreende migrações reprodutivas edesova no início da enchente; ocorre comumente emlagos de água branca.Importância econômica: Insignificante no geral edestacada no grupo. É a espécie mais importante entreas branquinhas no mercado de Manaus.

FAMÍLIA CURIMATIDAEOs membros dessa família apresentam corpo relativamenteelevado ou fusiforme; boca terminal ou subinferior;ausência de dentes; rastros branquiais ausentes ourudimentares; abertura branquial unida ao istmo; intestinobastante longo e enovelado; estômago alongado, comparedes grossas em forma de moela; hábitodetritívoro, consumindo matéria orgânica floculada,algas, detritos e microorganismos associados; amaioria dos curimatídeos forma grandes cardumes eempreende migrações tróficas e reprodutivas; algumasespécies são muito abundantes e largamentecapturadas na pesca comercial; outras são diminutas eusadas na aquariofilia. Como o nome comum indica, agrande maioria das espécies tem o corpouniformemente claro ou ocasionalmente apenas umamancha na base do pedúnculo caudal; habitaprincipalmente lagos e águas lênticas e tem hábitosdiurnos. A desova da grande maioria das espécies étotal e geralmente ocorre no início da enchente. Aparticipação média desse grupo de peixes na produçãototal foi insignificante, menos de 1%; entretanto, é umpescado barato e acessível às populações de baixarenda. No mercado de Manaus foram encontradascinco espécies, pertencentes a três gêneros.Fonte bibliográfica: Géry, 1977; Vari, 1984; 1989a;b;c; 2003.

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CHARACIFORMES

CURIMATIDAE

PEIXES COMERCIAIS DE MANAUS

BRANQUINHA-CASCUDANome científico: Psectrogaster amazonica Eigenmann& Eigenmann, 1889.Outros nomes comuns: Branquinha.Diagnose: Porte pequeno, até 20cm; corpo curto ealto; escamas ctenóides, ásperas ao tato,principalmente na região ventral; região pré-pélvicatransversalmente arredondada; região pós-pélvica comuma série de espinhos voltados para trás e originadospela modificação das escamas que formam a margemda quilha; linha lateral com 53 a 55 escamas; 13 a 15séries de escamas entre a origem da dorsal e a linhalateral e 8 a 9 entre esta e a origem da ventral; corpo

uniformemente claro e prateado, exceto a base dosraios medianos da nadadeira caudal, que é tingida poruma pigmentação escura.Biologia: Detritívoro, consome matéria orgânica floculada,algas, detritos e microorganismos associados; formacardumes e faz migrações tróficas e reprodutivas; aprimeira maturação sexual ocorre em indivíduos com cercade 15cm de comprimento e a desova se dá no período deenchente; ocorre comumente em lagos de água branca eclara.Importância econômica: Insignificante no geral e nogrupo.

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CHARACIFORMES PEIXES COMERCIAIS DE MANAUS

BRANQUINHA-COMUMCURIMATIDAE

Nome científico: Potamorhina latior (Spix & Agassiz,1829).Outros nomes comuns: Branquinha; sabalina (Bolívia);viscaino (Colômbia).Diagnose: Porte médio, até 30cm; corpo relativamentealongado; região pré-pélvica com uma quilha medianaque se estende até a porção pós-pélvica, porém semserras; linha lateral com 90 a 120 escamas; 15 a 18séries de escamas entre a origem da nadadeira dorsale a linha lateral e 16 a 20 entre esta e a origem da anal;coloração uniformemente cinza, ligeiramente maisescura no dorso e clara no ventre.Biologia: Detritívoro, consome matéria orgânica floculada,algas, detritos e microorganismos associados; empreendemigrações reprodutivas e desova no início daenchente, ocorrendo comumente em lagos de águabranca.Importância econômica: Insignificante no geral emoderada no grupo. É a segunda espécie maisimportante entre as branquinhas.

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CURIMATIDAE

PEIXES COMERCIAIS DE MANAUS

BRANQUINHA-PEITO-CHATONome científico: Curimata inornata Vari, 1989.Outros nomes comuns: Branquinha.Diagnose: Porte pequeno, até 20cm; corporelativamente longo; boca subterminal; lábio superiorcarnoso, formando focinho saliente; 3 dobrascarnosas na parte superior da cavidade oral,acompanhada de apêndices secundários laterais àsmesmas; região pré-ventral achatada, sendo retangularna parte central e delimitada por uma quilha de cadalado; escamas ciclóides, lisas; linha lateral com cerca de60 escamas; 14 séries de escamas entre a origem da

nadadeira dorsal e a linha lateral e 9 entre esta e aorigem da ventral; nadadeira anal com 9 raiosramificados; coloração uniformemente clara.Biologia: Detritívoro, consome matéria orgânicafloculada, algas, detritos e microorganismosassociados; sua distribuição está confinada à porçãomédia e baixa da bacia amazônica, ocorrendonormalmente em lagos ou margens dos rios.Importância econômica: Insignificante no geral e nogrupo.

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BRANQUINHA-PEITO-DE-AÇOCURIMATIDAE

Nome científico: Potamorhina pristigaster (Steindachner,1876).Outros nomes comuns: Branquinha.Diagnose: Porte médio, alcançando cerca de 25cm;corpo relativamente alto; região pré-pélvica côncava,com quilha em ambas as margens laterais; região pós-pélvica comprimida, com margem ventral serrilhada;escamas ctenóides, ásperas ao tato; linha lateral com86 a 106 escamas; 26 a 32 séries de escamas entre aorigem da dorsal e a linha lateral e 22 a 28 entre esta ea anal; coloração uniformemente clara, exceto a

extremidade do pedúnculo caudal, onde há umamancha escura arredondada.Biologia: Detritívoro, consome matéria orgânicafloculada, algas, detritos e microorganismosassociados; ocorre comumente em lagos, onde parecepassar todo seu ciclo de vida, sem empreendergrandes migrações.Importância econômica: Insignificante no geral e nogrupo.

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FAMÍLIA CYNODONTIDAE: Peixe-cachorro, ripa, pirandirá.Os membros dessa família apresentam porte médio agrande, até 70cm e caracterizam-se pelo corpobastante alongado e comprimido lateralmente; nadadeiraspeitorais muito desenvolvidas e em posição elevada; umaquilha na linha mediana pré-ventral; rastros branquiaisespinhosos; boca ampla e oblíqua; um par de presasexageradamente grandes na mandíbula, as quais se alojamnum orifício do palato quando a boca se encontra fechada,podendo aparecer com a ponta na superfície do crânio;além das presas ocorrem numerosos dentes agudos,caniniformes em ambas as maxilas; são peixespredadores, adaptados à vida pelágica; normalmentehabitam rios ou lagos, sendo raros em igarapés ouriachos; a cabeça desses peixes é comumente utilizada em

Nome científico: Cynodon gibbus Spix & Agassiz,1829.Outros nomes comuns: Cachorra, cacunda; chambira(Peru); perro (Colômbia).Diagnose: Porte médio, até 30cm; corpo relativamentecurto e alto, especialmente no seu terço anterior;

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CYNODONTIDAE

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PEIXE-CACHORROartesanato, como material exótico, em virtude dadentição exposta. A família inclui 5 gêneros e 14espécies, com baixíssima importância na pescacomercial, apesar do grande porte de alguns de seusrepresentantes. Sua participação no mercado deManaus é insignificante, abaixo de 1% da produçãototal, sendo encontradas três espécies do grupo,pertencentes a três gênerosFonte bibliográfica: Taphorn, 1992; Reis et al., 1998;Toledo-Piza et al., 1999; Toledo-Piza, 2000; 2003.

escamas ciclóides, lisas ao tato; nadadeira dorsallocalizada na altura ou mesmo ligeiramente atrás daorigem da anal; nadadeira caudal curta, destituída deescamas; uma mancha escura arredondada atrás damargem superior da abertura branquial e outra nabase da nadadeira caudal; nadadeira adiposauniformemente clara.Biologia: Piscívoro; consome peixes e em menorquantidade, insetos e outros organismos que caem nasuperfície d’água; desova no início da enchente; osadultos normalmente ocorrem no leito de rios e lagos,e os jovens entre a vegetação das margens de rios deágua branca.Importância econômica: Insignificante.

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Nome científico: Hydrolycus scomberoides (Cuvier, 1816).Outros nomes comuns: Cachorra; chambira (Peru);perro, payara (Colômbia).Diagnose: Porte grande, até 50cm; nadadeira dorsallocalizada à frente do nível da anal; escamas ctenóides,ásperas ao tato; nadadeira caudal curta, arredondada eintensamente escamada em quase toda sua extensão;base da nadadeira anal também bastante escamada;uma mancha escura alongada atrás da margemsuperior da abertura branquial; nadadeira adiposa amarelana base e preta na extremidade; demais nadadeirashialinas; caudal com a borda escura.

CHARACIFORMES PEIXES COMERCIAIS DE MANAUS

PIRANDIRÁCYNODONTIDAE

Biologia: Piscívoro, consome peixes inteiros; desovano início da enchente próximo à vegetação ao longodas margens de rios; os adultos vivem principalmenteno leito dos rios e os jovens preferem o meio davegetação, especialmente às margens de rios de águabranca.Importância econômica: Insignificante.

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Nome científico: Rhaphiodon vulpinus Spix & Agassiz,1829.Outros nomes comuns: Cachorra; chambira (Peru);machete (Bolívia); payarín (Colômbia).Diagnose: Porte grande, até 70cm; corpo bastantealongado; nadadeira dorsal localizada atrás da origemda anal; escamas da linha lateral bem salientes e maisfirmemente implantadas que as demais; nadadeiracaudal curta, com os raios medianos maiores que oslaterais e às vezes prolongando-se em forma defilamento; coloração do corpo cinza-prateado.

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CYNODONTIDAE

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RIPABiologia: Piscívoro, consome basicamente peixes, mastambém insetos; desova no início da enchente; osadultos são encontrados normalmente no leito de riose em lagos, e as larvas e jovens entre a vegetação, aolongo das margens de rios de água branca.Importância econômica: Insignificante.

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FAMÍLIA ERYTHRINIDAE: Jeju, traíra.Os membros dessa família apresentam corpo cilíndrico;nadadeira dorsal com 8 a 15 raios e situada na verticalque passa pela origem da ventral; caudal arredondada;anal curta, com 10 a 11 raios; adiposa ausente;escamas relativamente grandes, em número de 34 a47 na linha lateral; abertura bucal longa, estendendo-se além da margem anterior da órbita; dentes cônicos ecaniniformes, de diversos tamanhos, firmementeimplantados em ambas as maxilas; placa de dentes nopalato; hábito carnívoro, algumas espécies consomempeixes e outras alimentam-se insetos e demaisinvertebrados. A família inclui 3 gêneros e 15 espécies,popularmente denominadas traíras e jejus, com grandeimportância na pesca de subsistência. No mercado deManaus foram encontradas duas espécies.Fonte bibliográfica: Géry, 1977; Taphorn, 1992; Oyakawa,2003.

Nome científico: Hoplerythrinus unitaeniatus (Agassiz,1829).Outros nomes comuns: Guaraja, agua dulce (Colômbia);shuyo (Peru); yayú (Bolívia).Diagnose: Médio porte, até 30cm; nadadeira dorsalcom 11 a 12 raios; nadadeira anal curta, com 10 a 12raios; linha lateral com 32 a 37 escamas; dentescaniniformes de diversos tamanhos em ambas as maxilas;uma listra escura longitudinal ao longo da linha lateral euma mancha arredondada sobre o opérculo; bexiganatatória intensamente vascularizada, adaptada pararespiração aérea.Biologia: Carnívoro, consome basicamente peixes,camarões e insetos e tem como táticas alimentares a tocaiae espreita. Alcança a maturidade sexual com cerca de 1ano e a desova ocorre no período da enchente;

fecundidade baixa, em torno de 6.000 ovócitos porpostura, sendo que cada um mede cerca de 1,5mm dediâmetro. No período reprodutivo, o macho apresentadimorfismo sexual na nadadeira anal, a qual se tornabastante intumescida na base. Além disso, há formação deuma bolsa epidérmica na base e porção posterior doúltimo raio da nadadeira anal e também nesse períodohá uma cessação da atividade alimentar por parte dosreprodutores. Há uma crença popular segundo a quala espécie “menstrua” em determinadas épocas do ano,provavelmente em decorrência das características acimacitadas. Esse fato é gerador de tabu quanto a seu consumocomo alimento.Importância econômica: Insignificante, aparecendoapenas esporadicamente no mercado de Manaus.

CHARACIFORMES PEIXES COMERCIAIS DE MANAUS

JEJUERYTHRINIDAE

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Nome científico: Hoplias malabaricus (Bloch, 1794).Outros nomes comuns: Bentón (Bolívia); dormilón,moncholo (Colômbia); huasaco (Peru).Diagnose: Porte grande, até 40cm; corpo cilíndrico eescorregadio devido à intensa quantidade de mucoproduzido; coloração cinza-escura a amarronzada, àsvezes com barras angulares ao longo dos flancos;nadadeiras com faixas formadas por pequenas manchasescuras e claras, alternadamente; cabeça robusta, bastanteossificada; escamas duras e lisas; nadadeira caudalarredondada; dorsal com 13 a 15 raios; dentescônicos e caniniformes, de diversos tamanhos efirmemente implantados em ambas as maxilas. É um dospeixes mais comuns do Brasil, ocorrendo em todas as

bacias hidrográficas e em todo tipo de ambiente,inclusive em áreas poluídas.Biologia: Carnívoro, alimentando-se de peixes eocasionalmente de camarões e insetos aquáticos. Paracaptura de alimentos, utiliza a tática de emboscada, e aspresas são engolidas inteiras. Vive comumente em águaslênticas, como lagos, margens e remansos de rios e écapaz de suportar ambientes com baixíssimasconcentrações de oxigênio. Maturação sexual com um anoe cerca de 15cm de comprimento. O período de desova élongo, abrangendo cerca de cinco meses, mas o pico dadesova ocorre geralmente no começo da enchente. Afecundidade é baixa, em torno de 2.500 a 3.000 ovócitos,que apresentam diâmetro em torno de 2mm. Durante adesova, os reprodutores preparam ninhos, fazendo ou

limpando depressões do terreno, em águas rasas e osovos são guardados pelo macho. Tem a capacidade dese mover fora d’água e, graças a isso, normalmente fazmigração entre um corpo d’água e outro através davegetação ou terreno úmido. Apesar de não ser um peixemuito constante nos mercados, aparece com freqüênciarelativamente alta no período de seca, quando a pesca émais acentuada nos lagos. Em muitos reservatórios éutilizado na pesca esportiva.Importância econômica: Insignificante, mas tem umagrande importância na pesca de subsistência, pois, alémda sua ampla distribuição, é facilmente capturada comanzol e linhada.

CHARACIFORMES

ERYTHRINIDAE

PEIXES COMERCIAIS DE MANAUS

TRAÍRA65

FAMÍLIA HEMIODONTIDAE::::: Cubiu, orana.Os membros dessa família apresentam corpo fusiforme;boca subterminal a inferior; dentes frágeis, geralmentemulticuspidados e com borda convexa; algunsgêneros são caracterizados pela ausência de dentes(Anodus) ou dentes em ambas as maxilas(Micromischodus sugillatus), mas em todas asespécies dos demais gêneros só ocorrem dentes namaxila superior; borda anterior da mandíbulaarredondada; maxila superior às vezes protrátil; umapálpebra ou membrana adiposa cobrindo totalmente oolho, exceto por uma abertura alongada verticalmenteou mesmo um pequeno orifício sobre a pupila; umsulco na região anterior do flanco, onde se encaixa oprimeiro raio da nadadeira peitoral, quando essa édeprimida sobre o corpo; nadadeira ventral com 9 a11 raios; uma mancha escura na linha mediana dotronco ou uma listra longitudinal ao longo do lóbuloinferior da nadadeira caudal; a maioria das espéciesconsome larvas de insetos, detritos, algas, perifíton ouplâncton; peixes pelágicos, formam cardumes eempreendem migrações reprodutivas. A família incluias subfamílias Anodontinae e Hemiodontinae, comcinco gêneros e cerca de 35 espécies. No mercado deManaus foram encontradas três espécies pertencentesa três gêneros.Fonte bibliográfica: Roberts, 1974; Géry, 1977; Langeani,1996; 1998; 2003.

Nome científico: Anodus elongatus Agassiz, 1829.Outros nomes comuns: Cubiu-orana; yulilla (Peru).Diagnose: Porte médio, até 30cm; corpo fusiforme,pedúnculo caudal estreito e nadadeira caudal bemdesenvolvida; linha lateral com 96 a 127 escamas; 14 a19 séries de escamas entre a nadadeira dorsal e a linhalateral e 11 a 14 entre esta e a base da ventral;coloração cinza-escuro, com uma mancha escura naregião mediana do corpo, na altura da linha lateral; 87a 202 rastros longos no primeiro arco branquial;ausência de dente; uma mancha escura no queixo.Biologia: Planctófago, alimenta-se basicamente depequenos invertebrados que formam o plâncton, comocladóceros, copépodos e rotíferos; desova na enchente;ocorre normalmente em lagos de água branca e clara;migra em grandes cardumes, ocasião em que sãopescados com mais intensidade.Importância econômica: Insignificante, entretanto emalgumas épocas do ano, quando os cardumes estãomigrando, são bem comuns.

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CUBIUHEMIODONTIDAE

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ORANASPeixes de pequeno a médio porte, entre 15 e 30cm decomprimento padrão; corpo fusiforme; dentesmulticuspidados na maxila superior; ausência dedentes na mandíbula; olho coberto por uma mem-brana adiposa; a maioria das espécies vive em águasabertas, forma cardumes e empreende migrações; temhabilidade para saltos fora d’água; alimenta-sebasicamente de algas e invertebrados. O grupo tembaixíssima participação na pesca, embora os cardumessejam facilmente capturáveis em determinadas épocasdo ano, quando se encontram em migraçãoreprodutiva. No mercado de Manaus foramencontradas duas espécies.

Nome científico: Argonectes longiceps (Kner, 1858).Outros nomes comuns: Orana.Diagnose: Porte pequeno, até 20cm; focinho comuma série de dobras na porção superior; pálpebraadiposa recobrindo totalmente o olho, exceto por umorifício diminuto, quase imperceptível, acima da pupila;maxila superior ligeiramente protrátil; linha lateral comcerca de 80 escamas; 14 a 15 séries de escamas entrea origem da nadadeira dorsal e a linha lateral e 8 entreesta e a origem da ventral; lóbulos da nadadeira caudalclaros nas porções proximal e distal, tendo a regiãointermediária uma faixa escura contínua, em forma de“v” horizontal e com o vértice dirigido para a cabeça.

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HEMIODONTIDAE

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ORANA-COLARINHO67

Biologia: Onívoro, consome algas e pequenosinvertebrados.Importância econômica: Insignificante no geral e nogrupo.

Nome científico: Hemiodus sp.Outros nomes comuns: Voador.Diagnose: Porte médio, até 25cm; corpo roliço ebaixo, com altura contida cerca de 4 vezes nocomprimento padrão; linha lateral com cerca de 120escamas; 26 séries de escamas entre a dorsal e a linhalateral e 16 entre esta e a base da ventral; uma manchaescura alongada no flanco, na região posterior danadadeira dorsal, com diâmetro aproximadamente domesmo tamanho do olho e a qual é eventualmenteseguida por uma faixa escura inconspícua, que vai até

o final do pedúnculo caudal; lóbulo inferior danadadeira caudal com uma faixa amarelada. Na revisãotaxonômica feita por Langeani (1996), esse peixe éconsiderado como espécie nova, sob o nome deHemiodus “microlepis-longo”.Biologia: Onívoro, alimenta-se de perifíton, formadopor algas associadas a um substrato, e demicroorganismos a ele associados; ocorreprincipalmente em rios de água branca.Importância econômica: Insignificante no geral edestacada no grupo. É a espécie de orana maiscomum nos mercados de Manaus.

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ORANA-FLEXEIRAHEMIODONTIDAE

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Nome científico: Prochilodus nigricans Agassiz, 1829.Outros nomes comuns: Curimatá, grumatã, curimba,quebra-galho; bocachico (Colômbia, Peru).Diagnose: Porte grande, até 50cm e 3kg; lábiosbastante desenvolvidos, carnosos, em forma deventosa e bordejados por inúmeras papilas globularesou cristas carnosas; dentes diminutos, espatulados,móveis e numerosos, implantados em duas fileiras,sendo a interna em forma de V e a externa reta, aolongo da margem externa dos lábios; escamasctenóides, ásperas ao tato; nadadeira caudal comfileiras verticais irregulares e sinuosas de pequenasmanchas escuras; linha lateral com 44 a 51 escamas; 7a 11 fileiras de escamas entre a origem da nadadeiradorsal e a linha lateral e 7 a 9 fileiras entre esta e a

FAMÍLIA PROCHILODONTIDAE: Curimatã, jaraqui.Os membros dessa família são caracterizados pelocorpo fusiforme a elevado; um espinho bifurcado nabase da nadadeira dorsal; boca em forma de ventosa,com lábios espessos, carnosos e eversíveis;numerosos dentes diminutos, móveis, falciformes ouespatulados e distribuídos em duas séries na frente eem uma série na lateral dos lábios; intestino longo,bastante enovelado; estômago alongado e em formade moela, isto é, com paredes grossas e lúmenestreito. Os representantes dessa família têm hábitoalimentar detritívoro, consumindo detritos, matériaorgânica particulada, algas e perifíton; formamcardumes numerosos e empreendem longasmigrações reprodutivas e tróficas, podendo superargrandes obstáculos, como corredeiras e pequenascachoeiras; têm destacada importância na pescacomercial e de subsistência em toda a bacia amazônica.A família inclui três gêneros e 20 espécies, sendo quena área estudada foram encontradas três espécies.Fonte bibliográfica: Géry, 1977; Ribeiro, 1983;Vazzoler et al., 1989; Castro, 1990; Vazzoler & Amadio,1990; Fernandes, 1997; Oliveira, 1997; Castro & Vari,2003.

origem da nadadeira ventral.Biologia: Detritívoro, alimenta-se de algas perifíticas,microorganismos animais e matéria orgânica emdecomposição, geralmente depositada no fundo dosrios; forma cardumes e empreende longas migrações;desova na enchente, em rios de água branca ou clara;os alevinos e jovens são criados nas áreas de várzea;comprimento padrão médio da primeira maturaçãosexual em torno de 26cm, quando os machos atingemcerca de 1,7 e as fêmeas, 2,1 anos de idade.Importância econômica: Moderada. É um dos peixes maispopulares e de maior importância econômica em váriosmercados pesqueiros da região amazônica, chegando adominar a produção em determinadas épocas do ano,quando os cardumes estão migrando.

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PROCHILODONTIDAE

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CURIMATÃ69

JARAQUIPeixe de porte médio, em torno de 35cm; dentespequenos, delicados e numerosos, implantados namargem externa dos lábios, em duas fileiras em cadamaxila, sendo a fileira interna em forma de V e a externaem linha reta; escamas ciclóides, ou seja, com bordaslisas; nadadeiras caudal e anal adornadas por bandasdiagonais escuras, intercaladas por bandas amarelo-alaranjadas; o número de bandas na nadadeira caudalaumenta com o crescimento dos indivíduos, variando de3 a 5 em cada lóbulo; forma imensos cardumes eempreende longas migrações; a desova ocorre no inícioda enchente; nessa ocasião, os reprodutores emergemem grupos pequenos para a desova na superfície oumeia água, enquanto os machos que se encontram nofundo produzem de maneira sincronizada sons audíveispelos pescadores. Os jaraquis representam em média20% da produção pesqueira, sendo o segundo maisimportante peixe do mercado de Manaus, superadosapenas pelo tambaqui; no entanto, eles ocupam aprimeira posição nas feiras de bairros. Além disso, é opeixe mais popular, pela grande aceitação e consumopelas populações de baixa renda da cidade. Faz parte dofolclore local, na lenda de fazer permanecer na região ovisitante que consumi-lo. Duas espécies ocorrem nomercado de Manaus.

Nome científico: Semaprochilodus taeniurus(Vallenciennes, 1817).Outros nomes comuns: Jaraqui; sapuara, yaraquí,bocachico cola de bandera (Colômbia).Diagnose: Porte grande, até 35cm; corporelativamente baixo e alongado; linha lateral com 64 a 77escamas; 12 a 14 séries de escamas entre a origem danadadeira dorsal e a linha lateral e igual número entre estae a origem da ventral; 23 a 26 séries de escamas ao redordo pedúnculo caudal; 16 a 22 séries de escamas entre acabeça e a origem da nadadeira dorsal.Biologia: Detritívoro, consome matéria orgânica, algas,bactérias, fungos e outros microorganismos depositadosem substratos; desova na enchente, um pouco antes dojaraqui-escama-grossa; comprimento total médio daprimeira maturação em torno de 25cm, sendo que aos32cm todos são adultos.Importância comercial: Destacada no geral emoderada no grupo. Cerca de 30% da produção dosjaraquis no mercado de Manaus.

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JARAQUI-ESCAMA-FINAPROCHILODONTIDAE

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Nome científico: Semaprochilodus insignis (Jardine &Schomburgk, 1841).Outros nomes comuns: Jaraqui; sapuara, yaraquí,bocachico cola de bandera (Colômbia).Diagnose: Porte grande, até 35cm; corpomoderadamente alto e romboidal; linha lateral com 47 a 53escamas; 9 a 11 séries de escamas entre a origem danadadeira dorsal e a linha lateral e igual número entre estae a origem da ventral; 18 a 22 séries de escamas ao redordo pedúnculo caudal; 11 a 15 séries de escamas entre acabeça e a origem da nadadeira dorsal; ocorre comumente

em rios de água branca e preta, empreendendomigrações anuais entre ambas.Biologia: Detritívoro, consome matéria orgânica, algas,bactérias, fungos e outros microorganismosdepositados em substratos; desova na enchente;comprimento total médio da primeira maturação emtorno de 26cm, sendo que com 36cm todos osindivíduos são adultos.Importância comercial: Destacada no geral e no grupo. Éa espécie mais comum, representando cerca de 70% daprodução de jaraquis no mercado de Manaus.

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JARAQUI-ESCAMA-GROSSA71