chams business nº 4

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A coletividade árabe impulsiona o crescimento do País O comércio e a expansão do consumo Ministro Padilha apresenta Agenda de Desenvolvimento Paulo Succar dá um roteiro seguro para a reorganização societária Paulo Skaf (Fiesp) fala sobre o bom momento do Brasil Compacta tem o know how do retrofit ano IV número IV - dezembro de 2010 BUSINESS a capacidade do HCor de oferecer tratamentos médicos de última geração sem perder o foco humanitário a importância do GLP para o futuro do Brasil Saúde Energia

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Quarta edição da Chams Business, que circulou em dezembro de 2010.

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Page 1: Chams Business nº 4

A coletividade árabe impulsiona o crescimento do PaísO comércio e a expansão do consumo

Ministro Padilha apresenta Agenda de Desenvolvimento

Paulo Succar dá um roteiro seguro para a reorganização societária

Paulo Skaf (Fiesp) fala sobre o bom momento do Brasil

Compacta tem o know how do retrofit

ano IV número IV - dezembro de 2010

BUSINESS

a capacidade do HCor de oferecer tratamentos médicos de última geração sem perder o foco humanitário

a importância do GLP para o futuro do Brasil

Saúde

Energia

Page 2: Chams Business nº 4

Padrão Internacional de qualidade em atendimento médico e hospitalar.

Certificado pelaJoint Commission International

Tel.: 55 11 3053 6611www.hcor.com.br

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Fazer tudo com coração é ter a melhor estrutura para tudo que faz.

HCor. Faz tudo com coração.

O HCor tem um Centro de Diagnósticos com a mais avançada tecnologia.

O Centro de Diagnósticos e o Laboratório de Análises Clínicas do HCor, referência

mundial em cardiologia, contam com o que existe de mais atual em tecnologia

e seus profissionais são focados na precisão e na eficácia dos resultados. O Centro

de Diagnósticos também está preparado para realizar exames e procedimentos

nas outras especialidades que atende, como neurologia, urologia, pneumologia,

gastroenterologia, cirurgia vascular, ortopedia e medicina do esporte, entre outras.

Centrados em fazer tudo com determinação, os profissionais do HCor atendem o paciente

sem jamais descuidar do lado humano. Fazer tudo com coração é fazer sempre mais.

ANUNCIO CARDIOLOGIA NOVO FINAL SIMPLES:HCor AAA 06/12/10 17:24 Page 1

Page 3: Chams Business nº 4

E d i t o r i a l

Caro leitor da Chams

Depois de um hiato de dois anos, está de volta a CHAMS BUSINESS, mostrando a contribuição da imi-gração árabe para o crescimento econômico do Brasil.

Nas nossas três primeiras edições, o leitor encon-trou análises mercadológicas, perfis e pesquisa histó-rica sobre a atuação da nossa comunidade nos seto-res de Mercado Imobiliário, Construção Civil e Saúde.

Para a quarta edição, nos deparamos com uma pergunta: depois de três edições bem sucedidas, abordando segmentos onde a contribuição da imi-gração é reconhecida e relevante, qual deveria ser nosso próximo tema, já que mais de um século de-pois da chegada dos primeiros imigrantes, os ára-bes saíram da 25 de Março para participar de prati-camente todos os setores da economia brasileira?

A resposta saiu da própria questão: a partir dessa edição, a CHAMS BUSINESS será uma re-vista que abordará os mais diversos setores da economia — uma vez que os árabes atuam com sucesso na quase totalidade deles —, mantendo a mesma qualidade e o mesmo apetite pelo desafio editorial, com reportagens instigantes, assuntos interessantes e uma abordagem diferenciada da economia e do mundo corporativo.

Falando sobre saúde, nesta edição você vai co-nhecer mais sobre o HCor - Hospital do Coração, um dos mais importantes hospitais criados pela coletividade árabe no Brasil. Além de um especial de oito páginas falando da historia e das atividades de benemerência da instituição, não deixe de ler a reportagem sobre o desafio de manter um hos-pital de ponta, com tecnologia de última geração, sem perder o foco no ser humano.

E já que falamos em manter-se competitivo, nenhuma revista de negócios que se preze pode deixar de abordar a economia globalizada e a Chi-na, a potência emergente que provoca admiração (e assusta) o mundo. Sendo motivo de admiração

ou de temor, a ascensão da China é uma realidade que deve ser aceita e entendida, tanto no papel de competidora, como no de um enorme e promissor mercado. Para nos ajudar a entender como fazer negócios na China, convidamos para nos escrever um artigo Mr. Mei Xiangrong e Linda Yang, do Yin-gke Law Firm, de Beijing, um dos maiores escritó-rios de advocacia daquele país.

Sendo a globalização um fenômeno que ocorre simultaneamente em todos os países, não é de hoje que vemos grandes empresas transnacionais vindo atuar no mercado brasileiro. A novidade está no fato de que chegou a vez das pequenas e mé-dias serem procuradas para fusão, aquisição, as-sociação ou Joint Venture. É sobre isso que nos fala Paulo Succar, sócio do Araújo e Policastro Ad-vogados, especialista no assunto.

E se todos os riscos devem ser avaliados, é importante conhecer os que fazem parte do pa-pel de gestor de uma empresa. E os que não de-veriam fazer. É sobre isso que nos fala Antonio Mariz, uma das maiores autoridades em Direito Criminal do Brasil.

Boa leitura!

Como a Coletividade Árabe: em todos os ramos de atuação

Ramiro Elias FajuriDiretor comercial e de novos negócios

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Page 4: Chams Business nº 4

A p r e s e n t a ç ã o

Chegamos ao número quatro!!! Devo confes-sar que não foi fácil a tarefa. Nos números anterio-res havíamos escolhido temas específicos (duas de mercado imobiliário e uma de saúde) e, teori-camente, poderiam ter sido consideradas menos complicadas para serem trabalhadas.

A decisão da direção da revista, em reunião de pauta, foi a de fazer uma edição mais ampla, abordando os setores produtivos de nossa econo-mia de uma maneira mais geral. E devo confessar, achei que seria mais fácil, mas não foi!!!

Os temas começaram a brotar nessa reunião, as possíveis fontes, os setores importantes, en-fim, começamos a desenhar o que poderia ser uma edição muito boa. E que se concretizou, como po-derá ser visto nesta edição. Nesse “brainstorm” muito se discutiu. A conclusão é que teríamos uma edição rica.

O fio condutor da revista foi o que aconteceu no Brasil nos últimos dez anos e quais as pers-pectivas para a próxima década. Os especialistas (verdadeiras pitonisas) ouvidos fizeram um quadro interessante de nossa economia. A boa notícia: o Brasil está no caminho certo!

Não podemos esquecer que a Chams mensal, em sua essência, é uma publicação dedicada à coletividade árabe, principalmente em São Paulo. Dedicamos um espaço interessante às empresas e empresários dessa origem, mas ouvimos pes-soas de fora da colônia. Essa “mistura” rendeu matérias de peso, com importantes informações e análises setoriais.

Para quem achou que poderia faltar assunto para uma quarta edição, ficamos surpresos. Mui-tos assuntos, em razão de espaço, ficaram para uma próxima edição (vem aí a Chams Business número 5, em 2011). Além disso, há a possibilida-de de voltarmos com temas específicos ou mes-mo abordarmos outros mercados, que não só São Paulo, mas isso ainda está no campo das possi-bilidades. Enfim, com certeza nos veremos nova-mente em 2011.

Boa leitura!

E quem disse que não dava?

Marco BaroneJornalista Responsável

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Page 5: Chams Business nº 4

E d i t o r i a l

Nesta edição nº 4, CHAMS BUSINESS encon-tra seu foco, e não seu único foco.

Muito simples. Assim como o sol tem todos os focos, CHAMS, a partir desta edição, focará todas as atividades econômicas. É um trabalho editorial que se iniciou com a edição nº 1, e é para durar toda a vida.

Esta imigração de árabes, basicamente sírios e libaneses, que tem seu ponto de partida na visita do imperador Pedro II à sua terra natal, fez milagres.

Segundo Florestan Fernandes, vieram para cá em busca de oportunidades inexistentes em sua terra. Por isso, com ‘uma mão na frente e outra atrás’, e sem nenhum amparo oficial, ou seja, sem contrato de imigração ou qualquer garantia. Isso mesmo, por sua conta e risco.

Atrás, uma realidade da qual fugiam. Pela fren-te, o desconhecido. Para quem é forte, desconhe-cido significa liberdade de escolha. E significa um só caminho: “vencer ou vencer”.

No Brasil da época, só encontraram, na estru-tura econômica do País, um espaço — e ainda se-gundo Florestan Fernandes, à época, virtual — e o ocuparam: o comércio informal, de porta em por-ta. Traduzindo, mascates.

Esses mascates geraram descendentes em-presários e doutores.

Resultado: hoje seu nome está na indústria — metalúrgica, siderurgia, têxtil, papel e celulose, grá-fica, de confecções, calçadista, informática etc;

No comércio: roupas, veículos, farmácias, eletro-eletrônicos, bijuterias, armarinhos, e também etc;

Nos serviços: hospitais, convênios médicos, clí-nicas, advocacia, construção habitacional, rodovias e estruturas pesadas, empreiteiros de obras públicas, uma gama de profissionais liberais e também etc.

Nosso objetivo é mostrar tudo e todos.

E fim de papo!

PS: aguardem CHAMS BIOgRAFIAS

Indústria, comércio, serviços... tudo

Raul Tárek FajuriDiretor

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Page 6: Chams Business nº 4

Matérias

40 Construção civil

46 Profissão

50 Consumo

Entrevistas

56 EnergiaCresce a presença do GLP na matriz energéticano País com as recentes descobertas do Pré-Sal

8 SaúdeA conduta de uma instituição de saúde que une o avanço tecnológico ao atendimento individualizado

Técnicas de retrofit revitalizam importantes áreas urbanas e preservam o patrimônio histórico em grandes centros

A necessidade do aperfeiçoamento profissional e as novas características do emprego na economia globalizada

O comércio nacional preparado para os novos desafios da economia

34 Marcelo Abla

O especialista em Implantologia mostra a necessidade de uma saúde bucal aliada à de todo o corpo

20 Paulo Skaf

O presidente da Fiesp discorre sobre o momento favorárel do País e de todo o setor indústrial

12 João Crestana

O presidente do Secovi-SP faz uma análise do futuro do mercado imobiliário

diretorRaul Tárek Fajuri

diretoria editorialLeila Miriam Saraiva Fajuri Micaela Fajuri de Bruyn Ferraz

diretor comercialRamiro Elias Fajuri

projeto gráficoTogo Pimentel / Tak Digitalwww.tak.com.br arte e diagramação Wilson Roberto Jr

jornalista responsávelMarco BaroneMTB 22.537

foto da capaistockphoto

Chams Business é uma publicação de Chams Empresa Jornalística Ltda.

administração, redação, departamento comercial e assinaturas:Av. Brigadeiro Luís Antônio, 2050cj 105 - ala ACEP 01318-002São Paulo SP

contato:55 11 3459.748855 11 7881.352155 11 [email protected]

Os conceitos emitidos em entrevistas e artigos refletem unicamente a opinião de seus autores. A posição desta Revista é de total isenção, tendo como objetivo a livre exposição de idéias.

BUSINESS 16 InvestimentoPara aproveitar a ótima conjuntura, o governo planeja o desenvolvimento econômico do País e foca no investimento

36 EstandeNotas do mercado

Page 7: Chams Business nº 4

Perfil

26 HCor - Hospital do Coração

24 Paulo Egídio Seabra Succar

54 Linda Yang e Mr. Mei Xiangrong

64 Antônio Cláudio Mariz de Oliveira

Artigos

Page 8: Chams Business nº 4

Quando se fala em cuidados com a saúde, logo se pensa em uma demanda difícil e dispendiosa. Mas essa equação pode ser solucionada quando percebemos que a saúde pri­vada está mais acessível a uma boa parcela da população. É claro que a maioria dos brasileiros não têm acesso aos mais avançados recursos, mas também se percebe que cada vez mais a iniciativa privada tem realizado parcerias com hospi­tais públicos e contribuído positivamente para a melhoria da saúde de grande parte da população.

O HCor é um exemplo disso. O Hospital do Coração não é somente uma referência no atendimento e no tratamen­to de doenças e problemas cardíacos, mas um exemplo de como as Parcerias Público Privadas na área de saúde são possíveis e viáveis. Segundo Bernardete Weber, superin­tendente assistencial do HCor, é possível ter essa mesma filosofia na saúde pública. “Veja, os pressupostos de cui­dado — como respeito, sensibilidade, empatia, confiança e segurança — são dimensões do foco no paciente, tanto no atendimento público como no privado. Isso não deve ser privilégio de classes ou categorias, mas sim um direito do ser humano e um dever do prestador de serviços em saúde”, afirma.

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A instituição, surgida na década de 50, não pretendia ser somente um centro de atendimento a doentes cardía­cos, mas também um centro de pesquisas e formação de profissionais na área. Foi um dos primeiros hospitais par­ticulares a ter convênio com o Instituto Nacional de Assis­tência Médica da Previdência Social (Inamps), substituído pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e continua com esse tipo de parceria. “Somos um dos hospitais de excelência que têm parceria com o Ministério da Saúde, contribuindo para o desenvolvimento institucional do SUS, com vários projetos em desenvolvimento”, adiciona Bernardete.

Excelência também para a saúde públicaEm 2008 o HCor definiu um novo e importante marco

no histórico de serviços prestados à sociedade. O hospi­tal recebeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Go­vernador de São Paulo, José Serra, o Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, e outras autoridades públicas e personalidades médicas para a assinatura de um acordo, junto a outros cinco hospitais de excelência, com o Mi­nistério da Saúde, o que renova e aprimora o conceito de filantropia no País.

HCor ensina que é possível aliar tecnologia ao cuidado com as pessoas. Uma equação possível para uma empresa especialista em atender gente em momentos delicados.

S a ú d e f o n t e : B e r n a r d e t e W e b e r

O balanço corretoentre razão e emoção

Page 9: Chams Business nº 4

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Com o acordo, o HCor passou a compor o convênio de Apoio Institucional ao Sistema Único de Saúde (SUS), com­partilhando dessa forma sua qualificação técnica, sua ca­pacidade de gerar conhecimento e seu modelo de gestão com a rede pública, estendendo para toda a sociedade os benefícios gerados por uma instituição reconhecida como referência médica e hospitalar em âmbito mundial.

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Page 10: Chams Business nº 4

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Novas tecnologias a custos viáveisMas o maior desafio de um grande hospital é incorporar

novas tecnologias à medicina e, ao mesmo tempo, aliar a evolução tecnológica ao fator humano. O desafio perma­nente das organizações de saúde está na capacidade de liderar a incorporação tecnológica na mesma proporção de incorporação de atitudes de cuidado. Esta é uma dimen­são muito sutil no âmbito da percepção. E o HCor é hoje uma referência na melhor relação serviço/tecnologia/re­sultados. Mas isso não foi fácil. “A preservação do cuidado, enquanto necessidades emocionais e espirituais, é asse­gurada por meio de uma vigilância contínua de lideranças multidisciplinares. No HCor cuidar da pessoa é mais do que assistir um doente”, garante a superintendente.

Quem vê de fora pode até pensar que uma consequên­cia lógica da melhor qualidade nos serviços prestados é o aumento do volume de pessoas atendidas. Porém, aten­der esta demanda e manter a excelência no atendimento é uma questão que precisa ser bem dosada pelos adminis­tradores da saúde privada — e pública — do País.

No caso do HCor, o volume não é um problema, pois a matriz de cuidado é individual. A superintendente do hospital explica que em cada quarto há uma pessoa com sua história e suas necessidades. O trabalho da instituição é capacitar os profissionais de saúde para o cuidado inte­grado individualizado para cada pessoa e com processos, rotinas e protocolos que assegurem práticas de excelên­cia em saúde. “Cuidar bem não implica em aumento de custo, uma vez que depende de atitude. O que custa é implementar tecnologias de cuidado e incorporar inova­ções”, assegura.

Em um mundo em que o tempo é contado em segun­dos e que as pessoas mal têm tempo de pensar em si, mui­tas vezes cuidar da saúde é uma das últimas preocupações. O HCor tem como missão a promoção da saúde e, como instituição acreditada a caminho da terceira Certificação, tem ações de monitoramento e de continuidade do cuida­do, com foco em prevenção e promoção, com programas de manejo de fatores de risco — como por exemplo pro­grama de cessação de tabagismo, educação alimentar, en­tre outros. Ou seja, um hospital moderno e atento a ques­tões de saúde pública, mas que tem em seu cerne, desde a fundação, o carinho no atendimento às pessoas. Esse é o grande diferencial: a integração entre a razão e a emoção, entre o avanço e o cuidado com cada um que atende.

“Os pressupostos de cuidado — como respeito, sensibilidade, empatia, confiança e segurança — são dimensões do foco no paciente, tanto no atendimento público como no privado. Isso não deve ser privilégio de classes ou categorias, mas sim um direito do ser humano e um dever do prestador de serviços em saúde”

Bernardete Weber, superintendente assistencial do HCor

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E n t r e v i s t a J o ã o B a t i s t a C r e s t a n a

O segmento, depois de muitos anos precisando driblar adversidades, hoje convive com resultados positivos. O futuro aponta para um cenário ainda mais promissor.

“O mercado imobiliário do futuro é o popular, voltado para a classe média e de baixa renda.”

Mercado imobiliário:um olhar para o futuro

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A máxima “na crise, crie” sempre foi um mantra para o mercado imobiliário. O setor que, nas últimas décadas, passou por altos e baixos precisou se reinventar, mas como esse mercado é um dos pilares da economia nacional, sou-be virar a página do recrudescimento. Agora o cenário é altamente favorável. O setor continua sendo de suma im-portância para a economia brasileira e apreendeu com as adversidades. A boa notícia: o pior já passou. Mas, em con-trapartida, nem tudo são flores.

A indústria imobiliária ainda tem muitas lutas pela fren-te. A questão tributária, que onera sobremaneira as empre-sas — e, consequentemente, as obras — se reflete no bolso do comprador e, em algumas grandes cidades (como São Paulo), ainda têm que lutar com uma legislação urbana que não permite uma evolução maior. Mas o futuro promete não ser tão nebuloso quanto foi o passado.

A CHAMS BUSINESS entrevistou João Batista Crestana, presidente do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Lo-cação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi-SP), que falou sobre o que o mercado passou nos últimos anos e fez uma previsão das perspectivas para a indústria. Segundo ele, na última década houve uma retomada do setor, e esse é um caminho sem volta, mesmo com o pequeno recuo nos últimos meses. “Esse pequeno decréscimo é ajuste do próprio mercado e não preocupa o mercado imobiliário. Como o mercado segue rumo ao cres-cimento sustentado, essas pequenas oscilações serão perce-bidas em determinados momentos”, afirma.

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“O mercado imobiliário do futuro é o popular, voltado para a classe média e de baixa renda.”

Quais foram os fatos mais relevantes na última década para o mercado imobiliário?Nos últimos dez anos, tivemos a retomada do crédito imobiliário, com os bancos privados e a Caixa Econômica Federal in-vestindo fortemente no financiamento à produção e aquisição de imóveis. Tivemos marcos regulatórios importantes para o segmento, como a Lei que instituiu o Patrimônio de Afetação, o RET (Regime Especial Tributário) e o pagamento do in-

Fotos: divulgação

Page 14: Chams Business nº 4

controverso. Tal legislação trouxe maior segurança para os agentes financeiros, empreendedores imobiliários e con-sumidores. Tivemos a consolidação da macroeconomia, com inflação controlada, queda dos juros, crescimento do emprego formal e da renda. Vivemos um momento de cres-cimento sustentado, após atravessarmos as turbulências da crise financeira internacional, com ascensão equilibrada dos lançamentos e das vendas. O advento do programa do governo federal ‘Minha Casa, Minha Vida’ foi um marco para o setor, que se voltou a atender as necessidades habitacio-nais das famílias de baixa renda.

Apesar de ter ocorrido um crescimento no mercado, ain-da não estamos no melhor dos mundos para o mercado imobiliário. O que ainda precisa ser feito e como o senhor dividiria a quota de cada um: poder público e iniciativa privada?O setor imobiliário atravessou um longo período de es-tagnação e ainda há muito por fazer. Em um futuro breve, enfrentaremos a falta de recursos da poupança para o fi-nanciamento imobiliário, e teremos de encontrar novas fontes de recursos. Para tanto, já iniciamos os debates com os bancos e as empresas de securitização, a fim de ajustar as legislações do mercado secundário. Esperamos que o governo federal transforme o ‘Minha Casa, Minha Vida’ em programa de Estado de Habitação, para o desenvolvimento de longo prazo do mercado imobiliário. Temos de enfren-tar a burocracia na aprovação de projetos e na concessão de financiamento. Mas o mais grave é o enfrentamento da crise da falta de terra para a construção de novos empreen-dimentos. Com legislações regionais elitistas, os preços dos terrenos na cidade têm subido, com aumento dos custos da construção e da venda de unidades. Para solucionar esse gargalo, a iniciativa privada terá de trabalhar em parceria com o setor público.

Quais foram os maiores entraves para um crescimento maior? Quais foram vencidos e quais ainda há por vencer (por que e como vencê-los)?Com o crescimento do mercado da construção civil e imo-biliária, as empresas enfrentam a falta de mão-de-obra es-pecializada, a escassez de terrenos, a burocracia na apro-vação de projetos e, em menor escala, na concessão de financiamento. Esses fatores não podem ser considerados como entraves, mas têm de ser superados para que esse segmento econômico continue a crescer.

Que tipo de imóvel teve maior destaque nestes últimos dez anos?Durante alguns anos, o destaque foi as unidades de mais alto padrão, com quatro dormitórios. Nos últimos quatro anos, lançamentos e vendas de unidades de dois quartos dispararam.

Nos últimos meses temos percebido um pequeno decrés-cimo no volume de negócios, principalmente nas grandes cidades. Isso é normal? O que fazer para reverter isso?Esse pequeno decréscimo é ajuste do próprio mercado e não preocupa o mercado imobiliário. Como o mercado se-gue rumo ao crescimento sustentado, essas pequenas osci-lações serão percebidas em determinados momentos.

Quando se fala em números do mercado só conseguimos ver os das grandes cidades. Como o mercado imobiliário se comporta fora das metrópoles? As cidades do interior de São Paulo e outros estados também passaram pelo mesmo crescimento? Qual a grande diferença entre esses mercados?O desenvolvimento do mercado imobiliário é nacional e irreversível. E a cidade de São Paulo é termômetro para o

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E n t r e v i s t a J o ã o B a t i s t a C r e s t a n a

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“O desenvolvimento do mercado imobiliário é nacional e irreversível. E a cidade de São Paulo é termômetro para o resto do País, tanto em termos de crescimento quanto em problemas a serem enfrentados.”

João Crestana, presidente do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi-SP)

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resto do País, tanto em termos de crescimento quanto em problemas a serem enfrentados. Regionalmente, o merca-do imobiliário se desenvolve de maneira particular, aten-dendo às necessidades locais. No Nordeste, por exemplo, os empresários atendem à demanda de baixa renda, mais presente nesses locais. Lá, as unidades habitacionais são mais baratas, até mesmo pelo volume de terra disponível para construção.

O comprador adquiriu mais direitos, aumentou seu po-der aquisitivo e, hoje, o acesso ao financiamento está, de certa forma, mais fácil. Faça uma análise do perfil desse comprador antes e depois dessa mudança.Atualmente, o comprador imobiliário é muito mais informa-do. Conhece seus direitos, é cuidadoso e cauteloso, e nota-mos grande número de jovens casais comprando imóveis, ou para casar ou para morar cada um em seu apartamento. Esse consumidor é bastante antenado e usa as redes sociais para se comunicar. Acompanha o desenrolar das obras e é bastante exigente.

É possível afirmar que houve uma espécie de ascensão do comprador? Ou seja, aquele comprador que tinha, há

alguns anos, o perfil de um, digamos, dois quartos na pe-riferia, hoje já pode comprar um três quartos em bairro mais centralizado, ou quem tinha um perfil o manteve? Pode-se afirmar que há migração de classes sociais?Há migração de classes sociais sim, e os que já têm imóveis investem na melhoria das suas unidades. O mais importante é que famílias que não tinham acesso ao crédito imobiliário podem financiar ou acessar sua moradia por meio do pro-grama ‘Minha Casa, Minha Vida’, que concede, de maneira es-calonada, subsídios a famílias de acordo com a faixa salarial.

Como o senhor vê o mercado nos próximos dez anos? Quais devem ser os destaques da próxima década (mer-cado e produtos)?O mercado imobiliário dos próximos dez anos estará volta-do, principalmente, para atender à demanda de mais baixa renda, com unidades de dois dormitórios. Mas haverá pro-dutos para atender a todos os públicos, desde unidades mais luxuosas às mais populares.

Quem será o comprador do futuro?O mercado imobiliário do futuro é o popular, voltado para a classe média e de baixa renda.

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Sempre se ouviu que este País era a nação do futuro, que o Brasil assumiria seu papel de potência mundial, protagonista da política global. Gerações foram educadas escutando que veriam essa realidade acontecer e a dinâ-mica social do Brasil acompanhar essa transformação. Po-rém, desde a política de desenvolvimento do presidente Juscelino Kubitschek e algumas ações planejadas na área econômica durante o regime militar, que o Brasil não pla-neja o seu futuro.

Após uma década de 1980 desastrosa para a economia

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brasileira e uma década de 1990 toda ela de recuperação e de combate à superinflação, o País chega hoje a uma pergunta. Será que o futuro promissor do Brasil chegou?

Atrás apenas da locomotiva chinesa quanto ao cresci-mento e com uma recuperação excelente da última crise internacional, que ainda projeta graves reflexos, princi-palmente na economia norte-americana e européia, a nação tupiniquim parece estar nos trilhos e buscando se estabelecer de fato como um personagem de destaque no mundo.

Brasil projeta crescimento através daAgenda para o Novo Ciclo de Desenvolvimento

O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social apresentou suas novas metas em um planejamento nacional, que observa a necessidade de investimento na educação e no incremento tecnológico da cadeia produtiva para consolidar a presença destacada do País na economia mundial.

I n v e s t i m e n t o f o n t e : m i n i s t r o A l e x a n d r e P a d i l h a por Luiz Paulo Rodrigues

Page 17: Chams Business nº 4

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Equilibrando na balança uma economia de potência mundial e problemas sociais de país subdesenvolvido, como nas áreas da saúde e educação, dentre tantas outras, o Brasil tem a maior carga tributária do mundo, com cerca de 35% do PIB, e com uma taxa de juros real ainda muito elevada se comparada a outros países. Neste quadro que inibe o investimento privado, outro fator que freia o desen-volvimento do País, o Governo Federal vem trabalhando em um plano de expansão, aliando o Programa de Acele-ração do Crescimento (PAC I e II) com outras medidas para planificar o desenvolvimento social e produtivo no Brasil.

Ainda em 2003, durante seu primeiro ano de governo, o presidente Lula criou uma análise que previa algumas metas de desenvolvimento. Através do Conselho de Desenvolvi-mento Econômico e Social (CDES), a primeira agenda para esta finalidade foi criada em 2005 que, para um primeiro mo-mento, buscava a drástica redução da desigualdade social.

O CDES, que é um órgão consultivo da Presidência da República, promoveu diversos encontros regionais para discutir as necessidades específicas de cada localidade. Um encontro de destaque aconteceu na Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP). A reunião, que contou

com a coordenação do Ministro da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República e secretário--executivo do CDES, Alexandre Padilha (já confirmado para a mesma pasta no governo Dilma Rousseff ), ampliou a discussão sobre a Agenda para o Novo Ciclo de Desen-volvimento (ANC). Esta nova agenda representa a terceira edição desta planificação de desenvolvimento para o País, já que foi estabelecido durante a recente crise econômica mundial um plano específico de enfrentamento daquela conjuntura, algo que o Brasil já superou. Percalços míni-mos, nem ao menos comparáveis a outras economias.

Os compromissos da Nova AgendaA nova ANC privilegiou nove desafios para o desenvol-

vimento no Brasil: Os Novos Horizontes para a Educação; Desafios do Estado Democrático e Indutor do Desenvol-vimento; A Transição para a Economia do Conhecimento; Trabalho Decente e Inclusão Produtiva; Padrão de Produ-ção para o Novo Ciclo de Desenvolvimento; O Potencial da Agricultura; O Papel da Infraestrutura: transportes, energia, comunicação, água e saneamento; A Sustentabilidade Am-biental; Consolidação e Ampliação das Políticas Sociais.

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Page 18: Chams Business nº 4

Durante uma coletiva de imprensa realizada no prédio da FIESP, na Avenida Paulista, o ministro Padilha resumiu o encontro em uma busca de questões regionais, principal-mente no Estado de São Paulo, no incremento educacio-nal da população e no desenvolvimento tecnológico do País, sobretudo na cadeia produtiva. “Em 2005 fizemos a primeira agenda que planejava a redução da desigualda-de social naquele momento. Depois realizamos a agenda pós-crise. Agora o Conselho parte para uma nova etapa, um novo patamar da economia brasileira, que necessita fortemente do investimento para alavancar a produção nacional e a competitividade do produto brasileiro. Preci-samos diminuir o Custo Brasil investindo. Aqui na Fiesp a principal discussão se dá no campo da educação, na me-lhor preparação da mão-de-obra e no desenvolvimento tecnológico das empresas. O grande esforço é ampliar, sem metas estabelecidas nesta Parceria Público-Privada defendida pelo presidente Lula e por toda a sua equipe econômica, para com isso alcançar níveis internacionais de produção”, disse o Ministro. Vale ressaltar que, neste encontro, ainda não havia acontecido a definição de Dil-ma Rousseff como nova presidente.

A nova agenda traz ainda a observação de projetos que desoneram a produção da alta carga tributária, uma

São metas principais da nova agenda a equiparação dos investimentos públicos com os privados. O empresariado tem que sentir-se seguro para investir, e a nova agenda vai incentivar as chamadas PPPs (Parcerias Público-Privadas). Toda a Cadeia de Produção do Pré-Sal vai exigir um grande investimento, mas isso também será positivo como incentivo para esse investimento privado. É uma grande oportunidade.”

Alexandre Padilha, Ministro da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República e Secretário-Executivo do CDES18

I n v e s t i m e n t o

Page 19: Chams Business nº 4

simplificação fiscal para o empresariado brasileiro que exporta e uma facilitação do processo licitatório no País, para que com isso as empresas brasileiras ganhem espa-ço em projetos e grandes obras realizadas no Brasil.

“São metas principais da nova agenda a equiparação dos investimentos públicos com os privados. O empre-sariado tem que sentir-se seguro para investir, e a nova agenda vai incentivar as chamadas PPPs (Parcerias Públi-co-Privadas). Toda a Cadeia de Produção do Pré-Sal vai exigir um grande investimento, mas isso também será positivo como incentivo para esse investimento privado. É uma grande oportunidade. Vinte por cento dos equi-pamentos utilizados pela Petrobrás na exploração em águas profundas deverão ser absorvidos no Pré-Sal. Des-te número, a grande parte será de tecnologia nacional. Até a indústria naval ganhou novo fôlego, com a cons-trução de grandes navios petroleiros, que antes eram importados e que a estatal já está fabricando”, informou o Ministro.

Investimento em novas tecnologiaA meta apresentada neste plano também se refere à

venda de tecnologia desenvolvida no País. A Embraer e a Petrobras, a indústria sucroalcooleira e o agro-business como um todo, a construção civil, entre outros ramos da economia, podem contribuir fortemente com esse qua-dro de exportação. A conjuntura para o investimento, se-gundo o material apresentado na reunião do conselho na Fiesp, é muito favorável. Destaca-se neste texto o papel do crescimento do crédito ao consumidor, em especial do financiamento do consumo de bens duráveis e à cons-trução civil, as políticas de crédito dos bancos públicos, responsáveis por cerca de metade do crédito outorgado em 2009 e o sistema financeiro privado sólido e operan-do sob regulação eficiente, que possibilita ao Brasil ser um dos poucos países a dispor de condições para crescer com a estratégia do crédito, devido ao tamanho de seu mercado consumidor em potencial. Além disso, o PAC I e o PAC II, a Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), a expansão dos investimentos da Petrobras, o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), entre outros, estão, ao mesmo tempo, dinamizando os investimentos e man-tendo esse momento positivo.

As políticas de investimento têm um ótimo aliado no setor privado, já que o empresariado se encontra pouco

endividado no Brasil e com recursos para investir. São condições que facilitam o resgate dos mecanismos de planejamento de longo prazo, desafiam a capacidade gestora do Estado e impulsionam a modernização admi-nistrativa, ponto fundamental para a competitividade em uma época de extrema desvalorização da moeda ameri-cana e, por conseqüência, uma concorrência mais desfa-vorável ao produto brasileiro no mercado externo.

No plano comercial, a agenda observa o mercado global com uma expansão anual de 70 milhões de ha-bitantes, o que sugere uma ampliação do mercado con-sumidor. Em termos geopolíticos, a tendência é para um deslocamento da bacia do Atlântico para o Pacífico, com os avanços da China e da Índia, que representam 40% da população mundial, e de outros países dinâmicos na região, como a Coréia do Sul e o Vietnã, ou fortes como o Japão. Esse deslocamento favorecerá tanto uma orien-tação mais integradora de infra-estruturas na América Latina, como o melhor equilíbrio de ocupação e uso do território no Brasil, fundamentalmente atlântico na de-mografia e na economia.

Já na presença política do País, Padilha é categórico. “A política de diversificação política implantada pelo pre-sidente Lula é muito significativa para as exportações, como fator de ampliação do mercado consumidor atin-gido. A crise econômica e financeira evidenciou a ina-dequação da estrutura de governança mundial. Está em curso uma mudança na distribuição do poder global que dependerá muito da capacidade estratégica dos gover-nos envolvidos nesse processo de transformação”, afir-mou o ministro.

O momento para o grupo chamado BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) realmente é privilegiado na economia global. Segundo dados da ONU, nos últimos anos a população des-ses quatro países que saíram da pobreza gira em torno de meio bilhão de pessoas, o que representa um significativo aumento da capacidade de consumo no interior de cada um desses países e no potencial de consumo de produtos gerados no âmbito de outras nações. As previsões são que, em 2020, com 3,14 bilhões de habitantes (40% do globo), o BRIC alcance a economia do G-7, porém com taxas de cres-cimento muito superiores. Um reflexo que exemplifica essa consolidação se dá na realização de grandes eventos, como nas Olimpíadas em 2008 (China) e 2016 (Brasil) e na Copa do Mundo de 2014 (Brasil).

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Em entrevista exclusiva à Chams Business, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, mostra que a entidade e os empresários crêem no crescimento do Brasil.

Devemos apostar no Brasil

“Estamos bem, enquanto os países de senvolvidos estão mal. Só depende de nós.”

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O Brasil é o país do futuro. Trata-se de um slogan antigo, muito propagado nos anos 70. O problema é que parecia esse futu-ro nunca chegaria. Bem, ele chegou. Nossa economia tem tido resultados excepcionais em todos os setores, os investimen-tos externos aumentaram na última década e o panorama daqui para frente só tende a ser positivo.“Sempre ouvimos dizer que o Brasil era o ‘País do Futuro’, mas hoje nossa realidade é outra – somos o ‘País do Presente’ e a ‘Potência do Futuro’”, argumenta Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), a mais importante entidade empresarial do País. Nas últimas eleições, Skaf, pela primeira vez em sua vida, se aventurou na política e se can-didatou ao Governo de São Paulo. Não ganhou (ficou em quarto lugar, com mais de 1 milhão de votos), mas obteve uma projeção ímpar no cenário político paulista.Em entrevista exclusiva à ChamS BuSINESS, o dirigente fala sobre o que o setor produtivo pode esperar do futuro. Os cami-nhos, os empecilhos e, acima de tudo, o porto seguro para investimentos estrangeiros que o Brasil se tornou.

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“Estamos bem, enquanto os países de senvolvidos estão mal. Só depende de nós.”

Como o senhor vê o Brasil de hoje? Somos uma nação com grande potencial, com povo traba-lhador e talentoso, larga dimensão territorial, recursos natu-rais fartos e clima favorável. Já poderíamos ter conquistado o desenvolvimento, mas, agora, estamos a um passo dele. O que falta é justamente solucionar os gargalos estruturais e conjunturais. Existe uma nova massa de milhões de brasilei-ros que saíram da pobreza, sendo muitos deles beneficiados por programas sociais. Temos crédito, emprego, aumen-to da renda familiar e, pela primeira vez, também estamos voltados para o mercado interno. Temos condições de fazer diferente. Estamos bem, enquanto os países desenvolvidos estão mal. Só depende de nós. Não devemos colocar limites e dúvidas sobre nossa capacidade. Basta trabalhar com per-severança para fazermos um País diferente e ainda melhor.

Que setores tiveram maior destaque na última década? Quais as razões?Nos últimos dez anos, vimos um crescimento expressivo do setor de equipamentos de transporte que apresentou alta de mais de 15% ao ano. Vale lembrar que esse ramo indus-trial engloba o setor ferroviário, a construção de embarca-ções civis e militares e também de aeronaves, além dos com-ponentes necessários para essas atividades. Dentre outras, algumas razões que podem ser apontadas como catalisado-

ras dessa expansão são o forte crescimento da fabricante de aeronaves Embraer e a contínua expansão dos investimen-tos da Petrobras, com as descobertas do Pré-Sal. além disso, também entram nesta conta os investimentos feitos no setor de infraestrutura por meio do Programa de aceleração do Crescimento (PaC). a partir de 2011, o governo prevê cerca de R$ 46 bilhões em investimentos na malha ferroviária do País, mais de R$ 5 bilhões na construção de portos, quase R$ 3 bilhões em hidrovias e mais R$ 3 bilhões em aeroportos. Outros setores que também apresentaram bons resultados nos últimos dez anos (entre 2000 e 2009) foram os ramos de máquinas para escritório e equipamentos de informática — como consequência da maior informatização nas empresas, do aumento na aquisição de computadores pessoais e da ampliação do acesso à internet no País, que cresceu mais de 100% nos últimos anos. Somamos, ainda, o desenvolvimen-to do setor de veículos, fato corroborado pela recente notícia de que o Brasil se tornou o quarto maior mercado de auto-móveis do mundo.

O Brasil está sofrendo um ataque de importados?Com o enfraquecimento e ociosidade de economias como as dos Eua e da Europa, o Brasil, com um mercado interno pujante, tornou-se alvo desses exportadores, que despejam o excesso aqui. O problema é que estamos comprando bens

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que também produzimos em nossa indústria. O que nos in-teressa é competir em nível de igualdade. Não temos medo da competitividade, mas, hoje, há um desequilíbrio em razão de outros fatores internos com os quais somos obrigados a conviver, como o ‘Custo Brasil’, juros e impostos altos, moeda valorizada e o excesso de burocracia. aliás, o câmbio valori-zado é o primeiro dos problemas a ser atacado. No entanto, se baixarmos os juros, que são um dos mais altos do planeta, automaticamente a moeda se desvalorizaria. Para piorar este quadro, alguns estados brasileiros estão isentando o ICmS de produtos importados — ou seja, uma concorrência desleal dentro de nosso próprio território.

O setor produtivo entendeu as mudanças pelas quais a economia passou? Ele acompanhou essas mudanças? Como as empresas fizeram para que esse cenário fosse menos desfavorável?Nos últimos anos, o Brasil tirou bom proveito do crescimento das principais economias globais, construindo fundamen-tos macroeconômicos sólidos e maior inserção no comércio mundial. Diante dos ambientes externo e interno relativa-mente menos turbulentos, as empresas que atuam no País conseguiram gerir programas de planejamento de longo prazo, projetando de maneira segura seus investimentos. agora, estamos em nova etapa e, uma vez que a economia globalizada exige um padrão de crescimento baseado na inovação tecnológica, qualquer empresa que pretenda con-tinuar no mercado necessita de constante atualização de seus processos produtivos. Com isso, a única forma de con-tinuarem competitivas é investindo em máquinas, tecnolo-gia, mas, principalmente, em capital humano. O que vemos é que o setor produtivo, ao ampliar sua competitividade por meio de investimentos, não só compreendeu e acompanhou o processo de modernização da economia brasileira, como participou ativamente deste momento. Isto porque, sem o crescimento da indústria nacional, seria inviável pensar em um Brasil que, gradativamente, está conseguindo ampliar o nível de renda e o bem-estar da população reduzindo, assim, as desigualdades sociais.

Como será a indústria no futuro? Como trabalhar a possí-vel escassez de recursos naturais?Sempre ouvimos dizer que o Brasil era o ‘País do Futuro’, mas hoje, nossa realidade é outra — somos o ‘País do Presente’ e a ‘Potência do Futuro’. E, neste sentido, falar em ‘indústria no futuro’ é ignorar os inquestionáveis avanços obtidos no

presente pela indústria nacional e, em especial, pela in-dústria paulista na questão ambiental. Nosso setor é um exemplo a ser seguido, inclusive por países desenvolvidos. a força produtiva nacional está em um patamar bastante destacado em comparação com outras nações. Inúmeras empresas mudaram sua matriz energética de combustíveis derivados de petróleo para Gás Natural e, assim, obtiveram uma redução na emissão de gases de efeito estufa para ní-veis abaixo do ano de 1990. O setor sucroenergético já pra-tica um índice de 95% de reuso de água, o que permitiu re-duzir em 85% a taxa de captação de água em seu processo industrial. Em termos gerais, 98% das empresas possuem treinamento ambiental de seus empregados e mais de 40% utilizam fontes renováveis de energia, entre outros inúme-ros exemplos. Quanto a uma possível escassez de recursos, os efeitos podem ser atenuados adotando-se medidas de gestão empresarial e ambiental, que podem ser relativa-mente simples.

E como atingir isso?Tecnologias mais limpas já estão sendo empregadas, roti-neiramente, visando minimizar impactos e otimizar a pro-dução, utilizando menos matérias-primas. a reciclagem de excedentes industriais que servirão como base para a produção de outro segmento e, ainda, a utilização de re-síduos pós-consumo são também alternativas econômicas e ambientais. Quanto ao aproveitamento dos excedentes industriais, a Bolsa de Resíduos da Fiesp há mais de 20 anos vem estimulando essa prática. Basicamente, o que deve ser buscado, com perseverança, é a responsabilidade compar-tilhada entre sociedade, indústria e governo, no desenvol-vimento de novos padrões de produção e de consumo.

Cada vez mais o setor produtivo tem de pensar no seu papel diante da sociedade. A responsabilidade social já é uma realidade no dia-a-dia das empresas. Como isso será na próxima década? Como a Fiesp, como entidade, atua para preparar as empresas para esse cenário futuro?Os empresários estão, cada vez mais, percebendo que o Brasil prospera à medida que o seu povo prospera. Quer di-zer, um mercado forte, numa economia forte, cria indústrias fortes. Para tanto, os empreendedores trabalham, cada vez mais, pensando em criar e fortalecer uma sociedade equi-librada. E o equilíbrio social e ambiental só pode acontecer numa dinâmica de desenvolvimento da economia.

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Como isso foi feito? Qual foi a atuação da entidade?Já trabalhamos e disseminamos esses conceitos, com a re-alização de eventos que oferecem ferramentas para que os empresários caminhem ainda mais nessa direção, atuando de maneira social e ambientalmente responsável, com foco nos seus setores e negócios. um exemplo dessas ações é a mos-tra Fiesp/Ciesp de Responsabilidade Socioambiental, realiza-da anualmente e que já está em sua quarta edição. Os temas abordados são para fortalecer a atuação socialmente respon-sável dos empresários, sempre no sentido inverso do assisten-cialismo. Ou seja, desenvolver, capacitar e educar as pessoas para que elas não dependam mais das organizações, mas sim que se tornem responsáveis pela própria vida.

“Os empresários estão, cada vez mais, percebendo que o Brasil prospera à medida que o seu povo prospera. Quer dizer, um mercado forte, numa economia forte, cria indústrias fortes. Para tanto, os empreendedores trabalham, cada vez mais, pensando em criar e fortalecer uma sociedade equilibrada. E o equilíbrio social e ambiental só pode acontecer numa dinâmica de desenvolvimento da economia”.

Paulo Skaf, Presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp)

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O primeiro deles é um compromisso de sigilo. O segun-do, um entendimento sobre as possibilidades de associa-ção empresarial. É, na tradução ao pé da letra, um memo-rando de intenções. E, caso se alcance o terceiro estágio, já estaremos na famosa Due Diligence, ou seja, a fase das auditorias, momento no qual se revelarão todas as intimi-dades das sociedades envolvidas na operação.

A adoção desse trâmite (NDA, MOU e DD) traz diversas vantagens para as partes envolvidas no arranjo que se pre-tende alcançar. O negócio terá a sua maturação no tempo certo, as partes se conhecerão mais em essência, os temas a serem enfrentados nas negociações surgirão de forma natural e ordenada e, assim, todo o processo será melhor estruturado para uma conclusão satisfatória.

Das três etapas dessa reorganização societária almejada pelas partes, as duas primeiras (Non Disclosure Agreement e Memorandum Of Understanding) exigem mais transpira-ção das partes envolvidas e menos dos seus assessores. Na terceira, o suor será dos profissionais envolvidos no exame das situações legais das sociedades. Nessa fase haverá a Due Diligence fiscal-tributária, trabalhista, societária, imobiliária, a-m-b-i-e-n-t-a-l...(vocês não imaginam, meus caros leitores, como as exigências ambientais se agigantaram nestes últi-mos tempos, mesmo para as pequenas e médias empresas!). Você pode desconhecer, mas certamente sua empresa está sujeita a alguma norma ambiental. Procure e confirmará!

As questões tributárias e trabalhistas também preocu-pam bastante, e devem ser foco de muita atenção das partes.

As tributárias, por conta de uma característica das socie-dades brasileiras: quase todas elas são familiares e, como as famílias tendem a deixar “tudo em família”, criam contin-gências tributárias enormes que, muitas vezes, inviabilizam a operação. Essa situação deve ser bem avaliada pelas par-tes envolvidas. Alguns assessores, sem razão nem porquê, sugerem estruturas societárias irreais, sem fundamentos fáticos, ou recomendam utilizar sociedades off shore. Para isso há seu tempo, hora e lugar. E uma sociedade off sho-re tem muitas limitações em funcionar no Brasil se forem

A r t i g o P a u l o E g í d i o S e a b r a S u c c a r

As oportunidades no Novo Brasil e os cuidados fundamentais na aquisição e venda de empresas

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Ultimamente tenho repetido como um mantra um dis-curso que cada vez tem me feito mais sentido. Susten-

tado por fatos, tenho constatado, junto a amigos e clientes, que o Brasil vive seu melhor momento econômico de todos os tempos. E seguirá assim pelo menos até os eventos Copa do Mundo em 2014 e Olimpíadas em 2016. Com isso me parece que a economia reagirá bem, e o único risco será uma inflação de carestia, de falta de mercadorias. Nem mesmo as “novatadas” do Governo Dilma tirarão esse gran-de arranque do Brasil. Talvez pudesse ser melhor, mas ainda assim vai ser muito bom.

No ambiente empresarial, minha experiência aponta para uma certa tranqüilidade nos negócios. Não temos percebido abalos na liquidez dos agentes. O mercado con-sumidor está absolutamente comprador, especialmente de produtos de baixo valor agregado. E, como é de se esperar em tempos de mercado aquecido e muito dinheiro dispo-nível, as oportunidades de reorganização societária sur-gem como milho de pipoca em óleo quente. Nesse âmbito, tenho assistido e atuado em muitas tentativas e concreti-zações de fusões, aquisições, associações, joint ventures, investimentos de fundos de private equity e venture capital e uma infinidade de outras modalidades de aproximações empresariais. Também tenho notado uma intensificação sem precedentes no movimento de estrangeiros instalan-do-se no Brasil. E, em todos esses casos, não me refiro a grandes companhias transnacionais. Essas já estão no Brasil desde o governo FHC. Agora é a vez das pequenas e médias empresas, o chamado middle market.

Porém, assim como os tempos de crise são identificados como oportunidades, os de excesso de oportunidades podem ser problemáticos se não forem bem administrados. E é aqui que deixo meu maior conselho aos leitores: escolham suas oportunidades. Cerquem-se de informações. Aconselhem-se. Primeiro, ao oferecer ou ao ser assediado por algum interessa-do no seu empreendimento, tenha sempre em mente o rotei-ro Non Disclosure Agreement, Memorandum Of Understan-ding e Due Diligence (nas siglas em inglês NDA, MOU e DD).

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constituídas nos chamados “paraísos fiscais”. Os paraísos fiscais são assim chamados porque são jurisdições de baixa tributação ou onde há sigilo societário. Apesar do Brasil não integrar a Organização para Cooperação e Desenvolvimen-to Econômico, a qual recomenda discriminação fiscal nas relações com empresas nas jurisdições denominadas “pa-raísos fiscais”, editamos entre nós legislação que penaliza pagamentos de rendimentos a pessoas domiciliadas em jurisdições ou dependências em que a tributação é inferior a 20% (caso do Estado de Delaware) ou em que há sigilo so-cietário (caso das Ilhas Virgens Britânicas, facilmente cons-tituídas a partir de Miami, EUA).

As trabalhistas por conta da obtusidade que campeia na justiça laboral. Um dia desses ouvi de um juiz do Tribunal Regional do Trabalho da Segunda Região que “em matéria de fraude a credor, meu entendimento é o mais amplo pos-sível: se há ação trabalhista e houve alienação de patrimô-nio, há fraude” (sic!). Lamenta-velmente são entendimentos dessa natureza, desprovidos de senso jurídico, que tornam os assessores ainda mais im-prescindíveis e os cuidados com esses arranjos societários ainda mais cautelosos.

A avaliação do risco am-biental também tem mereci-do muito destaque em razão do avanço da legislação bra-sileira nesse sentido. Temos experimentado padrões le-gais ambientais bastante ri-gorosos. Na nossa experiência, podemos citar um caso re-lativamente simples de descarte de resíduos por rede de efluentes que tem tomado muita energia dos empresários de uma determinada indústria. Questões interdisciplinares que envolvem direito público, civil, contratual, imobiliário, de vizinhança...

O Brasil é um dos mercados

emergentes mais relevantes

atualmente e, por isso, os

gringos estão buscando

cada vez mais a participação

em empresas nacionais

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Sócio de Araújo e Policastro Advogados, especializado em direito empresarial, formado pela Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie (1989) onde leciona nos cursos de graduação e pós-graduação; mestre em Direito Comercial pela Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie (1991); mestre em Direito Europeu pela Faculdade de Direito da Universidad de Valladolid/Espanha (2004); nomeado Observador Permanente do Centro de Innovación, Desarrollo y Investigación Jurídica para Latinoamérica; professor associado da Universidad Rey Juan Carlos - Madrid/Espanha.

Se o seu caso for então de assédio por estrangeiros, a burocracia aumenta. Há cuidados essenciais sem os quais o sócio jamais poderá repatriar capital ou remeter dividen-dos ao seu país de origem.

Mas se o caso for uma aquisição por um fundo de pri-vate equity ou venture capital, não se assuste, regozije-se! O Brasil é um dos mercados emergentes mais relevantes atualmente e, por isso, os gringos estão buscando cada vez mais a participação em empresas nacionais. Há um grande fluxo de capitais direcionado ao Brasil e isso ainda vai durar, pelo menos até 2016, acredito eu.

Se você, pequeno ou médio empresário, viver ou está vivendo uma situação dessas, tenha presente que essa operação, bem conduzida por uma assessoria jurídica com-pleta, possibilitará limitar as responsabilidades das partes envolvidas, implicará em menos garantias pessoais de par-te a parte (liberando o patrimônio), mais transparência nas

informações e, por via de con-seqüência, mais segurança a todos, poupando argumentos de barganha que muitas vezes mais desgasta a outra parte do que beneficia quem barganha. Atualmente esse fundos têm aceito inclusive aquisições de partes minoritárias, valorizan-do os gestores que estão no comando. Excelente não é?

E, se você quiser colocar uma cereja nesse peru (escrevo este artigo às vésperas do Na-tal...) que tal uma cláusula arbi-

tral? Dessa forma as disputas que surgirem sobre a operação poderão ser resolvidas por arbitragem, com segurança e sem temor de entraves, custos, burocracias, perícias, audiências, aproveitando toda a simplicidade, sigilo, celeridade e tecnici-dade que esse meio de resolução de conflitos oferece.

Bons negócios!

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A preocupação de assumir um papel responsável na sociedade orienta as ações da Associação do Sanatório Sírio desde a sua origem, em 1918. Naquele ano, um gru-po de senhoras da comunidade árabe junta-se para for-mar a associação com o objetivo de ajudar crianças órfãs da I Guerra Mundial.

Anos mais tarde, quando a tuberculose era considera-da uma das mais sérias ameaças à saúde pública, a associa-ção dedica-se à implantação de uma unidade hospitalar que atendesse esses pacientes. Surge, assim, o Sanatório Sírio de Campos do Jordão (SP), inaugurado em 1947.

Com a diminuição dos casos de tuberculose, na década de 60 a entidade começa a discutir os primeiros projetos para a construção de um hospital dedicado às cirurgias torácicas, dando origem ao que seria o HCor – Hospital do Coração.

Os planos avançam e em 1976 o HCor atende seu pri-meiro paciente. Sempre atento à incorporação dos re-cursos tecnológicos que possibilitam oferecer um aten-dimento do mais alto padrão, em 1989 o HCor inaugura o Centro de Diagnóstico, atualmente, um dos mais mo-dernos parques tecnológicos da América Latina voltado à medicina diagnóstica.

Em 1996, é inaugurado o edifício que abriga as unida-des de terapia intensiva adulta e pediátrica, além de uni-dades de internação. Em 2006, o HCor conquista a acre-

HCorHospital do Coração Uma trajetória de cuidados

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ditação concedida pela Joint Commission International (JCI), uma das mais respeitadas certificações internacio-nais de qualidade hospitalar e marco histórico que conso-lida a excelência do hospital na prestação de serviços de saúde, tanto pela qualidade quanto pela humanização do atendimento. Nos anos seguintes, o HCor prossegue seu plano de expansão. Em 2007, é incorporado ao comple-xo o edifício da Rua Abílio Soares, onde funcionam áreas administrativas, consultórios e o Instituto de Ensino e Pes-quisa – IEP HCor.

Em 2008, o HCor assina acordo com o Ministério da Saúde para realização de uma série de projetos de apoio ao desenvolvimento institucional do Sistema Único de Saúde (SUS), por meio de trabalhos de pesquisa, aprimo-ramento da gestão e formação de profissionais na área da saúde. Em 2009, é inaugurado um novo prédio, na Aveni-da Bernardino de Campos, onde passam a funcionar o Ins-tituto do Joelho, a hemodinâmica, novas áreas de exames diagnósticos e unidades de hospital-dia. Em 2010 é inau-gurada a Unidade Fetal, que atende à criança cardiopata carente desde a vida intrauterina.

Agregada à expansão e à incorporação tecnológica presentes em sua história, nos últimos anos o HCor passa a contar com equipes de outras especialidades, que am-pliam o potencial de atendimento e o consolidam como hospital de alto padrão de excelência.

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Origem da Associação do Sanatório SírioUm grupo de senhoras da comunidade árabe junta-se com o objetivo de ajudar crianças órfãs da I Guerra Mundial

Sanatório Sírio de Campos do JordãoUnidade especializada para atender pacientes carentes com tuberculose

Centro de DiagnósticoUm dos mais modernos da América Latina

Hospital do CoraçãoPrimeiro paciente atendido

Ampliação do HCorUnidades de internação, UTI e Hemodinâmica

1918 1996

1947 1989

1976

Linha do tempo

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Acreditação CBA / JCIConsolidação do padrão de excelência

Hospital de excelência a serviço do SUSBenefícios estendidos para a comunidade

Unidade FetalAtendimento à criança cardiopata desde a vida intrauterina

Edifício incorporado ao complexoCentro administrativo, IEP e Consultórios

Nova unidade de hospital-diaCom novas áreas de exames e Instituto do Joelho

2007 2009

2006 2008 2010

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Atualmente o HCor conta com mais de 1.000 médicos cadastrados e aproximadamente 2.000 colaboradores. O Complexo Hospitalar HCor é formado por cinco edifícios e uma nova unidade está em construção.

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Complexo Hospitalar HCor Acessos pela Rua Desembargador Eliseu Guilherme nº 147 e pela Avenida Bernardino de Campos nº 186

Edifício 1 Unidades de Internação, Centro Cirúrgico, UTI e UCO

Edifício 2 Pronto-Socorro, Unidades de Internação, UTI e Hemodinâmica

Edifício 3 Centro de Diagnóstico

Edifício 4 Instituto do Joelho, Centro de Reabilitação, Setor de Arritmias, Hemodinâmica, Gastroenterologia, Medicina do Sono e enidades de hospital-dia

Edifício 5 Acesso pela Rua Abílio Soares nº 250: IEP (Instituto de En-sino e Pesquisa), CETES (Centro de Ensino, Treinamento e Simulação), Escola Técnica de Enfermagem (Universidade Zumbi dos Palmares), áreas administrativas e consultórios.Há ainda uma casa anexa a este edifício, onde funciona a cardiologia pediátrica

Edifício 6 Nova unidade em construção

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P e r f i l I n s t i t u i ç ã o | H C o r

Centro de excelência em cardiologia e também em outras especialidades

O HCor, centro de referência em cardio-logia e cirurgia cardíaca adulta e infantil, também está preparado para o atendimen-to a demais especialidades com a mesma excelência e dedicação com que o faz na cardiologia.Dentre as diversas especialidades, desta-cam-se:

• Ortopedia• Neurologia e neurocirurgia• Cirugia Vascular• Cirurgia Torácica• Urologia• Cirurgia Plástica• Cirurgia Bariátrica• Gastroenterologia • Oncologia• Nefrologia• Medicina do Esporte• Medicina do sono

Centro de Diagnóstico

Recursos de diagnóstico e tratamentode última geração

Laboratório de análises clínicas, radiolo-gia digital, ultrassonografia, medicina nucle-ar, tomografia computadorizada, ressonância magnética, mamografia, doppler-ecocardio-grama, videoendoscopia digestiva, videoen-doscopia respiratória, ergometria, prova de função pulmonar, teste cardiopulmonar e M.A.P.A.

Tomógrafo Somaton Definition Flash O novo tomógrafo permite avaliar, em

mínimos detalhes, todas as ramificações co-ronárias com uma baixa dose de radiação, semelhante à de algumas radiografias sim-ples. Também é utilizado para exames em demais áreas do corpo.

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HCor. Excelência reconhecida pelo Ministério da SaúdeO HCor é referência nacional e internacional em cardio-

logia e em outras especialidades e, por isso, foi selecionado pelo Ministério da Saúde como um dos hospitais de exce-lência para atuar em projetos de melhoria da saúde pública.

O convênio a serviço do SUS reforça o conceito de filan-tropia que orienta as atividades do HCor desde a sua fun-dação e objetiva humanizar e melhorar o atendimento aos pacientes. Além disso, permite compartilhar com toda a so-ciedade a qualificação técnica, a capacidade de gerar conhe-

cimento e a adequação do modelo de gestão, diferenciais que passam a ser incorporados pelo Sistema Único de Saúde.

Reconhecimento internacional Ao conquistar a acreditação da Joint Commission Inter-

national em 2006, considerada a mais importante certifica-ção na área da saúde, o HCor reforça seu compromisso com a qualidade do atendimento, transformando-se num cen-tro hospitalar que segue o mesmo nível de cuidados dos maiores e mais famosos hospitais do mundo.

Hospital do CoraçãoAssociação do Sanatório Sírio

Certificado pelaJoint Commission International

Padrão Internacional de qualidade em atendimento médico e hospitalar

Rua Desembargador Eliseu Guilherme, 147CEP 04004-030Paraíso - São Paulo - SP

Telefones:Geral: (11) 3053.6611Central de agendamento: (11) 3889.3939Pronto Socorro: (11) 3889.9944FAX: (11) 3887.3363

www.hcor.com.br

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A Odontologia, como outras áreas da saúde, avançou muito nos últimos anos. Hoje há tratamentos rápidos e indolores para a maior parte dos problemas bucais. Entretanto a decisão de tratar os dentes ainda é adiada por muitas pessoas, pois se acredita que estes possam ser tratados a qualquer hora. Mas não é bem assim. Para se usufruir do melhor que a odontologia oferece, deve-se ter uma resposta de saúde geral competente, ou seja, capaz de suprir as demandas desse tratamento. Então, quanto melhor a saúde geral do paciente, mais eficiente será o tratamento odontológico.

Como ainda há muitas dúvidas sobre este assunto, o Dr. Marcelo Abla — cirurgião-dentista especialista em Implantologia da Clínica Abla — responde algumas das questões mais comuns trazidas ao consultório.

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E n t r e v i s t a M a r c e l o A b l a

Em entrevista à Chams Business, o cirurgião-dentista especialista em Implantologia da Clínica Abla, Marcelo Abla, fala da importância da saúde bucal, tanto pela questão estética, quanto pelo quadro geral do paciente.

Procure seu dentista e sorria!

O que são e para que servem os implantes dentários?Implantes são parafusos de titânio que servem para substituir as raízes de dentes perdidos. Nestes parafusos, com a ajuda de pilares, é que a prótese será fixada e, assim, o dente substituído.

O que são próteses dentárias? Próteses são substitutos dos dentes. Podem ser totais (den-tadura) ou parciais. Podem substituir até um único dente. Dependendo do número de dentes a ser substituído, o pro-fissional decidirá pela opção mais adequada ao caso.

O que fazer para se ter um sorriso mais branco?Os dentes podem ser clareados com o uso de géis ou pastas oxidantes, que penetram no esmalte rompendo os pigmentos causadores das manchas. E não se preocupe, o clareamento não enfraquece os dentes, pois a estrutura dental não é afetada.

Além de implantes, próteses e clareamento, o que mais pode ser feito para se ter um sorriso bonito e saudável?Uma opção é o alinhamento de dentes “tortos”. Atualmente não há mais limite de idade para se iniciar um tratamento or-todôntico, que pode ser realizado com aparelho fixo, remo-vível ou alinhadores invisíveis. Aliado a tudo isso, a odonto-logia estética e a cosmética possuem uma série de recursos, como facetas e restaurações cerâmicas e estéticas.

E para as pessoas que têm medo de dentista?Hoje, na Clínica Abla, trabalhamos com um médico aneste-sista que, se necessário, seda o paciente durante os procedi-mentos. Aliado a isso, temos a opção do Day Clinic, ou seja, o paciente passa o dia na clínica e é submetido ao maior nú-mero de tratamentos necessários. Assim, o processo é mais rápido e o paciente fica mais confortável e satisfeito.

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Interesse pelo Brasil cresceO turismo é uma das atividades que mais cresce no Bra-

sil. Nos últimos anos, o governo passou a atentar para o po-tencial do setor, traçando metas para seu desenvolvimento e incrementando investimentos. Atualmente, o segmento passa por uma profunda transformação, com impactos sobre a economia nacional. Aliando suas belezas naturais, diversidade cultural e hospitalidade de seu povo à melho-ria na infra-estrutura do setor, o Brasil afirma-se como um dos melhores destinos turísticos do mundo. A variedade de roteiros que agregam belezas naturais com uma rica ex-pressão histórica e cultural potencializa o interesse no País. Segundo dados do Ministério do Turismo (MTur), o País re-cebeu 5 milhões de turistas estrangeiros em 2006 e regis-trou o desembarque de 46.345.828 passageiros oriundos de vôos domésticos regulares e não regulares. Nos últimos anos, o número de turistas estrangeiros cresceu 70%. Se-gundo a Organização Mundial de Turismo (OMT), enquanto o número de passageiros de viagens internacionais cresceu em média 50% no planeta entre 1995 e 2005, o aumento re-gistrado no mesmo período no Brasil foi de 170%. Levando--se em consideração que esses dados ainda não refletem o que pode acontecer no futuro, com a Copa do Mundo, em 2014, e as Olimpíadas, em 2016, os números brasileiros devem ser ainda mais otimistas.

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N o t a s d o m e r c a d o

Melhor poder aquisitivo paraa população

Estudo da Ativa Corretora estima que 5,9 milhões de pessoas devem avançar da classe C para a classe B até o fim de 2011. Com isso, o grupo — com renda familiar en-tre R$ 4.807 e R$ 10.375, segundo o levantamento — deve chegar a 15,4% da população brasileira, ou 29,3 milhões de pessoas. A estimativa é que, além dos 6 milhões que deixarão a classe C em direção à B, 3 milhões sairão da D para a C. Isso é fruto do forte crescimento econômico do Brasil nos últimos anos e do aumento do trabalho for-mal e do crédito, conforme o estudo. O documento traz também que, com a melhoria da renda média na classe B, o perfil de consumo tende a se refinar, e ganham espaço gastos com educação, alimentação fora de casa, transpor-te, higiene e assistência à saúde.

Imóveis comerciais no “Minha Casa”O Ministério das Cidades anunciou que o programa

“Minha Casa, Minha Vida” também abriu a possibilidade de construção de áreas comerciais nos condomínios. Essa foi uma alternativa encontrada para que esses empreen-dimentos financiem custos extras, como a instalação de elevadores. Como o governo considera a possibilidade de

stande

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instalar elevadores nos edifícios para utilizar melhor os terrenos, principalmente nos grandes centros urbanos — onde o preço do metro quadrado é bastante elevado — o dinheiro recebido com o aluguel seria usado para bancar essas despesas adicionais. O programa projeta o retrofit de prédios abandonados nas grandes cidades para aten-der o público, e existe a previsão de se criar áreas comer-ciais nesses prédios para viabilizar esses projetos. O obje-tivo também é cobrir o custo de condomínio com o valor do aluguel arrecadado.

Mercado precisa se preparar para o etanol

Conforme estudo inédito, intitulado “Mandatos de bio-combustíveis da União Européia e dos Estados Unidos: im-pactos sobre os mercados globais”, elaborado em parceria pelo o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a indústria brasileira não está preparada para a expansão do mercado de etanol que deverá ocorrer nos próximos dez anos. Isso porque o setor ainda não percebeu o potencial que está se criando com a necessidade de redução de emis-sões de gases de efeito estufa em âmbito mundial. Baseado nos atuais programas de substituição de energia fóssil, o

estudo trabalhou com uma previsão de que, em 2022, os Estados Unidos precisarão de 9 bilhões de litros de etanol por ano, e a Europa usará 6% de biocombustíveis na matriz de combustíveis líquidos — mas o Brasil não está prepara-do para essa demanda. Em contrapartida, com o aumento da demanda externa, o setor sucroenergético deverá am-pliar os investimentos e expandir a produção.

Internet é ferramenta de pesquisaO Ibope Mídia – empresa do Grupo IBOPE responsável

pelas pesquisas de comunicação, mídia, consumo e audi-ência – divulgou pesquisa que mostra que 80% dos inter-nautas brasileiros usam a web para fazer comparação de preços. De acordo com os dados, cerca de 43% deles cos-tumam recorrer à internet antes de realizar uma compra, sendo que, se o produto tiver um preço maior do que R$ 1,5 mil, eles buscam ainda mais informações na web. O le-vantamento também aponta que 66% dos consumidores analisados — foram 2,5 mil em todo o Brasil — realizaram de uma a cinco compras nos últimos seis meses e que 30% gastaram ao menos R$ 224. Os produtos mais procurados são livros (para 30% dos internautas), carro (para 25% dos internautas), telefones e acessórios para celular (20%), pro-dutos ligados à atividade profissional (18%), eletrodomés-ticos (18%) e produtos de tecnologia pessoal (17%), como câmeras digitais e leitores de MP3.

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5% do crescimento mundial. Só o montante de ‘dinheiro novo’ — a diferença entre a receita de um ano e a do ante-rior, quando positiva — representa mais que todo o mer-cado publicitário chileno.

Compras na web se concentram entre classes A e B

O consumidor brasileiro que realiza compras via inter-net pertence, em sua maioria, às classes A e B e gasta, em média, R$ 118 por mês. As classes A e B respondem por 61% das compras realizadas na web, seguidas pela clas-se C, com 35%, e D e E que, juntas, somam apenas 4%. Entre os consumidores de lojas online, aqueles que têm entre 25 e 44 anos são maioria, equivalentes a 48% do to-tal, sendo que a idade média dos compradores online é 33 anos. O estudo apontou ainda que os homens realizam mais compras via internet em comparação às mulheres, respondendo por 54%, e que as pessoas soltei-ras também são mais propensas ao comércio eletrônico, com 49%. As cidades do Rio de Janei-ro e de São Paulo, juntas, correspondem a 37% do total dos compradores online do país.

BC anuncia medidas para a economia

O Banco Central anunciou uma série de medidas para reduzir o ritmo de aumento do crédito e intensificar o pro-cesso de desaceleração da economia, a fim de evitar o au-mento da inflação. O objetivo é restabelecer as condições do mercado de crédito no período pré-crise de 2008 e evi-tar a formação de bolhas. Entre as medidas anunciadas, es-tão o aumento do compulsório sobre depósitos a vista e a prazo, isenção de recolhimento compulsório nas emissões de Letras Financeiras (depósito a prazo), reserva maior de capital para os bancos concederem empréstimos nas linhas de crédito para pessoas físicas (consignado e veículos) e outros financiamentos acima de 24 meses. Os financiamen-tos imobiliários, crédito rural e compra de veículos de carga (ônibus e caminhões) não serão atingidos pela medida.

Distribuição do PIB nacionalOs seis municípios com as maiores participações no PIB

(Produto Interno Bruto) brasileiro, todos capitais, represen-tam cerca de 25% da produção de bens e serviços do país, segundo dados do ‘PIB dos Municípios do IBGE’ (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Na lista, estão: São Paulo (SP), 11,8%; Rio de Janeiro (RJ), 5,1%; Brasília (DF), 3,9%; Curi-tiba (PR), 1,4%; Belo Horizonte (MG),1,4%, e Manaus (AM), 1,3%. Esse grupo abriga 13,5% da população, o que revela a concentração do PIB do país.

Recorde no lançamento de ações As operações de abertura de capital no mundo bate-

ram recorde em 2010 e superaram o volume registrado em 2007, antes da crise econômica mundial. A estimativa é de que alcancem mais de US$ 300 bilhões. Nos 11 primeiros meses do ano, houve a captação de US$ 255,3 bilhões em 1.199 operações. No período, o Brasil recebe destaque com o maior número de operações na América Latina (11) e o maior volume de captação, com US$ 6 bilhões, seguido pelo México. O número de operações neste ano no País já é superior às seis registradas em 2009.

Cresce a publicidade no País O mercado publicitário brasileiro vai continuar cres-

cendo acima da média global nos próximos anos. Estudos mostram que setores como jornais e revistas, TV e internet vão ter um crescimento de receita maior do que o que se espera para a economia em geral (PIB). Pela previsão, US$ 1,4 bilhão a mais entrará no setor de publicidade do País em 2011, totalizando US$ 18,4 bilhões, o que representa

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O novode novo

Técnicas de retrofit e restauração revitalizam as cidades e ajudam a preservar seu patrimônio histórico.

C o n s t r u ç ã o c i v i l f o n t e : C a r l o s K a g a m i h a t a e M a r c o A n t o n i o R o v e r e l l i

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Retrofit é um termo em inglês que pode ser entendido, de maneira simples, como a popular “reforma”. Mas não é somente isso. Essa explicação restringe muito suas apli-cações. Retrofit tem um sentido mais amplo, que vai do customizar, adaptar e melhorar os equipamentos, confe-rindo-lhes conforto e possibilidades de uso de um antigo edifício, casa, indústria, enfim, de um imóvel, seja ele de que tipo for.

O termo não é novo, teve origem na Europa, onde pré-dios antigos e destruídos pelas guerras tiveram de ser recu-perados. Também é uma técnica muito usada nos Estados Unidos, principalmente para recuperar lugares antes degra-dados, como o Soho, em Nova York — uma área próxima ao porto da cidade que, durante anos, foi se deteriorando, até ser “descoberta” por artistas e arquitetos e, claro, pelo mer-cado imobiliário local.

De algum tempo pára cá, arquitetos, construtores e decoradores brasileiros entenderam que a técnica seria uma opção inteligente — e em geral mais barata — para recuperar prédios, dando-lhes, inclusive, novas utiliza-ções, principalmente nos grandes centros, como a cidade de São Paulo.

Com o conceito de “colocar o antigo em boa forma”, o retrofit é amplamente empregado com o sentido de re-novação e de atualização, mantendo as características intrínsecas do imóvel. Mas cuidado com o entendimento da técnica, pois não se trata de uma simples reconstrução, pois isso implicaria em mera restauração. O retrofit pode ser visto como um renascimento. No mundo da construção, a arte de “retrofitar” está aliada ao conceito de preservação

da memória e da história ou mesmo reaproveitamento de um imóvel, muitas vezes com uma nova destinação.

Isso começa a ser usado, por exemplo, na capital paulis-ta, onde antigos prédios do Centro e da região da Avenida Paulista passaram ou passam por retrofit e, alguns deles, chegam a mudar sua característica de comercial para resi-dencial, ou vice-versa.

Estudar as necessidades do clienteUma das empresas de maior reconhecimento nesse seg-

mento é a RR Compacta. Com mais de 30 anos de atividade, a empresa recupera, restaura, preserva e constrói estrutu-ras patrimoniais, residenciais e industriais, proporcionan-do conforto, segurança e qualidade de vida. A Compacta tem uma expertise voltada ao planejamento e à execução de obras de restauração de estruturas, reforço estrutural, ampliações industriais, retrofit de edificações corporativas e condominiais, revitalização de caixilharia, impermeabili-zação e construções diferenciadas.

“Quando você muda um elemento de uma fachada, quando um prédio necessita de uma intervenção, seja por segurança ou estética, isso pode ser considerado um retro-fit. Com isso, esse imóvel adquire uma nova ‘cara’, uma vida nova, ele se valoriza. Há outra vertente dessa técnica, que é o restauro, que não é um retrofit, e na grande maioria dos casos restringe-se à conservação do valor arquitetônico e consequente tombamento histórico”, explica Carlos Kaga-mihata, engenheiro da Compacta.

Ainda segundo Kagamihata, o retrofit aproveita a es-trutura existente, não muda seu esqueleto, mas provoca

Fachada e detalhes da Catedral Metropolitana Ortodoxa, no Centro Expandido de São Paulo, que foi recentemente restaurada pela RR Compacta

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uma transformação, uma mudança de função, enfim, uma readequação de uso ou de condições. Por exemplo, um edifício dos anos 60 ou 70, que não foi projetado para ter ar condicionado ou sistemas de combate a incêndio, pode muito bem passar por uma readequação de sua estrutura para comportar toda uma mudança. Isso é um retrofit. Não se derruba, mas se moderniza.

Mudar ou demolir? Eis a questãoPara Marco Antonio Roverelli, também engenheiro da

empresa, “em geral, sai mais em conta fazer uma readequa-ção de um prédio antigo, do que colocá-lo abaixo e cons-truir um novo”. Ele cita como exemplo a questão da fibra óptica e dos modernos sistemas de comunicação. “É mais natural que se faça uma estrutura que comporte esses sis-temas em um edifício, do que demolir tudo para se criar um empreendimento novo.”

“Quando você muda um elemento de uma fachada, quando um prédio necessita de uma intervenção, seja por segurança ou estética, isso pode ser considerado um retrofit. Com isso, esse imóvel adquire uma nova ‘cara’, uma vida nova, ele se valoriza.”

Carlos Kagamihata, engenheiro da RR Compacta

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C o n s t r u ç ã o c i v i l

Um dia o Brasil pode ser assim

O diretor da Compacta, Raul Nahas, cita um exemplo que poderia, quem sabe, um dia chegar ao Brasil. Em uma viagem de negócios, ele foi conhecer o que a Espanha fa-zia com relação ao retrofit. Em Barcelona e em Madri é comum a segunda casa. Uma construtora daquele país apresentou o que se transformaria em tendência. Eles construíam um prédio novo em uma rua. Nessa mesma localidade havia prédios com mais de cem anos de uso. A empresa retrofitava esses edifícios antigos e os transformava em uma “segunda casa” para os com-pradores dos empreendimentos novos. No novo, há quarto, sala, cozinha etc, onde eles moram. No segundo, retrofitado, há um quarto pequeno, cozinha, um banhei-ro, mas as pessoas não dormem lá. Usam como home office, para receber amigos em uma reunião, como ateliê, se for artista, etc. Depois, simplesmente deixa o local como está e vai para a primeira casa, onde está a família, para dormir, por exemplo.“Sei que isso pode ser um sonho distante por aqui, mas é um bom exemplo de como podemos fazer um retro-fit de uso. Em São Paulo há prédios que poderiam ser usados para essa mesma finalidade. Você retrofita esse

imóvel e dá outra cara”, vaticina o empresário. É claro que isso atenderia um consumidor específico, com um poder aquisitivo para ter ambos os imóveis. Para ele, o retrofit é o futuro do setor. Com essa técnica é possível recuperar imóveis em desuso, degradados, e dar-lhes uma nova vida, uma nova utilidade, trazendo-os para um momento atual, a preços muito mais acessíveis. Nesse sentido, ele cita que, no Rio de Janeiro, uma área que poderia receber essa tendência seria a zona portu-ária. E isso poderia ser feito em todas as cidades do País.“O retrofit é um caminho que interessa ao setor, e isso não é só na construção. Por exemplo, toda a estrutura elétrica pode receber melhoria, dar um upgrade. Isso é um retrofit”, conta, lembrando que o metro quadrado de um prédio antigo é muito mais barato que as unida-des mais novas.Segundo ele, bons exemplos não faltam pelo Brasil e pelo mundo. É claro que as mudanças devem ser feitas de acordo com o perfil do morador e caber em seu bolso, conforme o que se deseja e se projeta. “Podemos construir ou modificar quase tudo, dependendo do que se quer e do que se pode bancar”, conclui Nahas.

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Para o engenheiro, a técnica permite que se mude um con-ceito ou a função de um prédio, adequando-o às necessida-des de mercado, do cliente e/ou do morador. Isso pode vir de uma necessidade específica ou de uma exigência de mercado e independe do tamanho do empreendimento e de que parte precise ser modificada. “O retrofit pode acontecer em todo o prédio, como uma modernização geral, ou em pontos espe-cíficos, como a readequação do sistema de elevadores ou da fachada. Enfim, as possibilidades são inúmeras”, elenca.

A Compacta costuma fazer, conforme a solicitação, es-tudos de viabilidade de projetos. O cliente muitas vezes procura a empresa com uma necessidade e eles realizam um estudo preliminar, um estudo de retorno, analisando a viabilidade financeira.

“Na maioria das vezes o retrofit é uma necessidade co-mercial. Um prédio antigo, degradado, mas que está em um ponto supervalorizado. O cliente quer saber se vale a pena ter um gasto para recuperar esse lugar. Nós estuda-mos o caso e apresentamos uma solução. Só então o cliente decide. Aliás, já constatamos diversas vezes que um projeto

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Entre as construções recuperadas pela RR Compacta, estão os estádios do Maracanã (Rio de Janeiro/RJ), Morumbi (São

Paulo/SP) e Batistão (Aracaju-SE) . A empresa também foi responsável pela restauração da arquitetura da fachada do

Copacabana Palace, na capital fluminense (foto abaixo).

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puxa outro. Ou seja, um prédio recuperado, que chama a atenção do mercado, fará com que seus vizinhos se movam para não ficarem atrás e não perderem espaço em uma va-lorização certa que a técnica proporciona”, exemplifica Ka-gamihata.

O velho é feio. O antigo é charmosoOs dois engenheiros são unânimes em afirmar que uma

revitalização é necessária para a valorização de um prédio antigo. Na região do Centro da cidade, principalmente na região da Rua 25 de Março, a empresa está com obras sen-do executadas. Há, segundo eles, um trabalho de revitaliza-ção e reutilização de prédios antigos, na maioria, construí-dos na primeira metade do século passado. “ O mercado já percebeu que o velho é feio, mas o antigo pode ser char-moso”, afirma Roverelli.

Ele cita como exemplo na região o edifício Nagib Chohfi, que está sendo reestruturado para ser um shopping de pe-quenas lojas espalhadas pelos seus andares. Era um prédio

Em 1979 os irmãos, e engenheiros, Raul Nahas e Renato Nahas (fotos ao lado) entram para o mercado de engenharia com abertura de empresa própria, a Contec Revestimentos e Po-limento Ltda. Mantendo a sociedade, em 1985 abrem nova empresa e iniciam as atividades com a atual razão social — Compacta Central de Restauração e Revestimento Ltda. — com sede no bairro de Cerqueira César, na capital paulista, onde estão localizados até hoje. Nes-se período destacam-se nas áreas de restauração, recuperação, tratamento de superfícies, reforço estrutural e impermeabilização. Em 2007 a Compacta abre filiais no Rio de Janeiro e no Distrito Federal e marca sua presença também no mercado europeu, com escritório de representação em Lisboa, Portugal, na área de restauro histórico e do ramo hoteleiro.A Compacta já realizou mais de 9 mil obras e mais de 7 milhões de m2. Com um quadro de engenheiros e técnicos especializados, atesta um vasto conhecimento das normas para exe-cução de todas as tarefas profissionais da área de construção civil, incluindo o cumprimento de especificações técnicas e normas de contrato, mantendo-se constantemente à disposi-ção das necessidades da obra, o que resulta em um alto nível de produtividade e qualidade.Com a filosofia de sempre contribuir para a evolução tecnológica e manter a tradição, especializa-se a cada dia para proporcionar trabalhos de alta qualidade para seus clientes. A Compacta completa mais de 30 anos de atividade no segmento de engenharia civil, tendo prestado importante contribuição ao acervo arquitetônico moderno e histórico brasileiro, sendo responsável pela introdução de modernas e inovadoras técnicas construtivas, dada a complexidade e diferenciação dos projetos em que vem atuando.

Expertise a serviço do mercado

de depósitos e moradias. “Mantivemos a estrutura externa, antiga e bonita, e mudamos suas características internas, com reforma e readequação de uso dos pavimentos, reforma dos elevadores, entre outras ações. Isso, para atender um de-sejo do cliente de oferecer o que o mercado procura”, explica. Esse prédio já está com 90% das lojas vendidas ou locadas.

Essa técnica pode ser uma opção para o Centro de São Paulo. Os engenheiros informam que a Prefeitura está in-centivando os proprietários de prédios na região a moder-nizar e readequar seus imóveis. O que deve acontecer nos próximos anos é se criar mecanismos de incentivo, como isenção de IPTU por dez anos, prorrogável por mais dez, se houver reformas e melhorias, para que as unidades do Cen-tro Velho sejam modernizadas. E isso vem acontecendo, por ora, timidamente, mas isso está se impondo como uma tendência. Diga-se de passagem, o retrofit, em sua essên-cia, é a recuperação de locais degradados.

Ainda é um processo lento, pois está amarrado a legisla-ções municipais e estaduais de preservação do patrimônio

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C o n s t r u ç ã o c i v i l

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que inibem qualquer ação mais forte. Tem de haver uma conscientização dos legisladores no sentido de mudar es-sas leis ou torná-las mais flexíveis. “Para se conseguir isso, o proprietário tem de ter muita paciência”, indica o engenhei-ro, que acrescenta que não basta ter vontade, há necessida-de de um estudo de viabilidade para saber se vale a pena usar a técnica. Nisso conta o preço do metro quadrado na região, o custo do material a ser usado, entre outros fatores.

Sonho privado, vontade pública“Esse movimento de ocupação do Centro é um processo

que aconteceu lá atrás, entre as décadas de 30 e 40, e está voltando. Já fizemos algumas obras de recuperação de pré-dios históricos, muitos tombados pelo Patrimônio Histórico, e se pode afirmar que a tendência é forte. Isso tem aconteci-do com investimentos dos próprios moradores ou de inves-tidores, mas pode ser feito pelo Poder Público, por meio de parceria com a iniciativa privada”, assegura Roverelli.

Ele cita como uma opção interessante para o problema de moradia, a recuperação de prédios antigos no Centro, que possui excelente infraestrutura. O próprio programa “Mi-nha Casa, Minha Vida”, do Governo Federal, já criou projetos tendo como base, não a construção de condomínios, mas a recuperação e readequação de edifícios de 30, 40 anos de idade. É possível modernizar, vender financiado e ocupar or-denadamente essas regiões, em São Paulo e em outras cida-des. É lógico que sempre é necessário um estudo prévio de viabilidade para saber se vale a pena, se atende às necessida-des e é vantajoso financeiramente. Esse é um segmento que tende a crescer, principalmente em cidades com grandes demandas, como São Paulo, que possui áreas interessantes, como o Centro, os Jardins, a Mooca, entre outras.

Perícia de profissionaisA empresa está com cerca de 20 obras atualmente, des-

de condomínios residenciais, prédios comerciais e unida-des industriais. Uma que chama a atenção de quem passa é a restauração da marquise do Ibirapuera. Um projeto de Oscar Niemeyer, datado da década de 50, onde está situa-do o Museu de Arte Moderna. A empresa venceu a licitação e está cuidando de toda a recuperação do prédio, com es-tudos para que o resultado se aproxime, o máximo possí-vel, da obra original, que foi se perdendo em anos de pouco caso ou desconsideração com sua arquitetura.

A restauração de fachadas históricas é uma outra espe-cialidade que requer tanto ou mais especificidades quanto o retrofit. Recuperar detalhes como ornatos, pedestais, ca-

pitéis, cornijas motivos ornamentais aplicados no estuque e muitos mais, próprios das fachadas das casas paulistanas do final do século XIX, nos dias de hoje, é um trabalho ár-duo que demanda a perícia de profissionais competentes. Este trabalho exige tanto especialização como talento.

Aliás, a empresa tem em seu portfólio obras de impor-tância no cenário da arquitetura nacional e de resultados de recuperação reconhecidos pelo mercado e por estudiosos da história da arquitetura no País. Foi responsável pela restaura-ção e recuperação estrutural do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, e da agência do Banco do Brasil, no Centro de São Paulo; retrofit do Centro Empresarial Central Park, em São Paulo, e do Rio Centro, no Rio de Janeiro; recuperação dos estádios do Morumbi (São Paulo/SP), Maracanã (Rio de Janei-ro/RJ) e Batistão (Aracaju/SE); cuidou da restauração da arqui-tetura da fachada do Copacabana Palace e do Centro Cultural do Banco do Brasil, no Rio de Janeiro; da Escola Politécnica da USP e da Catedral Ortodoxa em São Paulo; da Igreja Dom Bos-co, em Brasília; do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, bem como de estações do Metrô do Rio de Janeiro e das praças de pedágio da Nova Dutra, em São Paulo. A empresa é, hoje, uma das mais solicitadas no segmento de engenharia voltada para edificações de arquitetura diferenciada. Entre os serviços pres-tados, estão restauração arquitetônica de fachada, recupera-ção e reforço estrutural, impermeabilização, restauração de fachada histórica, tratamento de concreto, obras industriais, construções diferenciadas e remodelação de caixilharia.

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“em geral, sai mais em conta fazer uma readequação de um prédio antigo, do que colocá-lo abaixo e construir um novo. (...) O retrofit pode acontecer em todo o prédio, como uma modernização geral, ou em pontos específicos, como a readequação do sistema de elevadores ou da fachada. Enfim, as possibilidades são inúmeras.”

Marco Antonio Roverelli, engenheiro da RR Compacta

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O mundo mudou e o emprego, necessariamente, teve de mudar também. É claro que o que se modificou não foi o emprego em si, mas como cada trabalhador precisa estar preparado para se inserir no mercado de trabalho. Novas tecnologias, a concorrência mais acirrada para cada vaga e uma necessidade de aprimoramento cada vez mais avançada é exigida como nunca na historia da mão-de-obra no País e no mundo.

O grande problema, sem dúvida, começa em como entender essa realidade. O outro, bem diferente, é saber lidar com ela. Embora haja um discurso quase universal do fim da

empregabilidade como a conhecíamos, isto não aconteceu de uma hora para outra. Demorou décadas para essa virada. Alegar que foi pego de surpresa e não teve

tempo de se adaptar não é mais um discurso aceito no mercado de traba-lho, em qualquer setor. Quem não acompanhou essas mudanças perdeu o trem da história e o emprego. Essa é a má notícia. A boa: ainda é tempo de recuperá-lo.

Hoje só uma faculdade não basta para que se tenha um emprego ga-rantido. Interessa aos empregadores um profissional de iniciativa, poli--valente, que traga e dê soluções e, claro, se tiver uma faculdade, cursos de especialização e fluência em outros idiomas, tanto melhor.

É cada vez mais rara a história do profissional que começou de baixo na empresa, foi galgando degrau por degrau uma carreira, até alcançar uma posição de destaque. Esse profissional começou a existir com me-nos frequência a partir da década de 80, quando a globalização tomou conta do mundo dos negócios, atiçando a concorrência e obrigando as empresas mais sólidas a fazer ajustes rigorosos, tanto de processos de produção como de pessoal. Para as organizações, manter um funcioná-rio durante toda a carreira já não é padrão, é exceção.

O mundo mudouFormar um profissional não deixou de existir, tanto que as em-

presas começaram a investir fortemente em programas de trai-nees, mas, mesmo esses, têm outro perfil. Vêm das faculdades,

começam cedo, mas têm um perfil diferenciado, tanto que, apesar de estarem no início da vida profissional, têm salá-

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O emprego mudou? Adapte-se!Nos últimos anos a mão-de-obra em todos os setores se especializou. Perdeu o trem quem não entendeu. A má notícia: vai piorar.

P r o f i s s ã o f o n t e : J u a n C a r l o s D a n s S a n c h e z

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rios melhores. E no futuro as exigências serão ainda maio-res. Em São Paulo, onde o mercado de trabalho é mais am-plo, as especificidades são em grau idêntico.

“O trabalhador do futuro será aquele que estudará per-manentemente. Terá que dominar a tecnologia de infor-mação nas suas diversas variáveis e, necessariamente, será obrigado a se acostumar com a idéia de ter que falar mais de um idioma. Esse é o trabalhador do futuro. Se essa pes-soa conseguir associar uma boa formação intelectual, esco-lar e acadêmica, ela vai ter emprego pelos próximos anos”, afirma Juan Carlos Dans Sanchez, coordenador de Políticas de Emprego e Renda da Secretaria de Emprego e Relações do Trabalho do Estado de São Paulo (SERT).

Dans acredita que, mesmo com as adversidades e ne-cessidade de maior especialização, o total de vagas de em-prego cresceu no maior estado do Brasil. Para ele, as exi-gências estão maiores, mas o trabalhador, em sua maioria, entendeu e se adaptou. Segundo levantamento da SERT, o setor que mais cresceu em termos de oportunidades de emprego no Estado de São Paulo foi o de serviços. Até por-que há menor exigência no quesito especialização — mas há. Na última década ele teve um crescimento mais relevan-te comparativamente a outros segmentos, inclusive no que diz respeito à oferta de vagas. “O setor de serviços cresce no Estado de São Paulo justamente por conta da concentração de empresas industriais e de comércio, especificamente na cidade de São Paulo”, analisa.

E há espaço para crescer ainda mais. Quando se olha o aspecto demográfico, a população do Estado de São Paulo está envelhecendo. Enquanto o número de jovens perma-nece estável, a população mais idosa deve praticamente dobrar em duas décadas. Isso quer dizer que a área de servi-ços de saúde e lazer crescerá ainda mais devido à demanda da população. A construção civil e a engenharia também continuam ganhando força, mas o setor de serviços ainda terá maior destaque nos próximos dez anos.

Nem tudo são floresEm contrapartida, há segmentos que apresentaram re-

sultados inferiores no tocante ao número de vagas. Apesar de o setor industrial apresentar um bom crescimento em re-lação a outros, foi o de menor expressão neste quesito. “A au-tomatização das empresas industriais e as novas tecnologias ocupam o espaço do trabalhador. Com isso, apesar do forta-lecimento e expansão dessa atividade econômica, o número

“O trabalhador do futuro será aquele que estudará permanentemente. Terá que dominar a tecnologia de informação nas suas diversas variáveis e, necessariamente, será obrigado a se acostumar com a idéia de ter que falar mais do que um idioma”

Juan Carlos Dans Sanchez, coordenador de Políticas de Emprego e Renda da Secretaria de Emprego e Relações do Trabalho do Estado de São Paulo

de empregados cresce pouco e o trabalhador que consegue manter-se no mercado precisa cada vez mais de qualificação profissional”, acrescenta o coordenador da SERT.

A boa notícia é que o trabalhador, de maneira geral, en-tendeu as mudanças pelas quais a economia — e o merca-do de trabalho — passou e acompanhou essas mudanças. É claro que isso foi percebido pelos mais jovens. Isso é fácil de se constatar quando vemos essas alterações nas empre-

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P r o f i s s ã o

O que esperar do futuro?

Segundo a revista @prender — uma das mais completas publicações sobre o setor de gestão para instituições de ensino superior, criada e mantida pela CM Consultoria —, que realizou uma pesquisa em que ouviu cem fontes que atuam no mercado de trabalho e especialistas como professores e economistas, existem áreas que terão maior ou menor ascensão no futuro, e o emprego está intimamente ligado a isso. Conforme o levantamento, os setores de maior probabilidade de crescimento para as próximas décadas são: Infor-mática, Saúde, Meio Ambiente, Turismo, Lazer e Entretenimento, Biotecnologia, Administração, Tecnologia da Infor-mação, Terceiro Setor e Educação.Dessa forma, as ditas ‘Profissões do Futuro’ seriam aquelas ligadas diretamente a essas áreas, como administradores de comunidades virtuais, engenheiros de rede, gestor de segurança na internet, coordenadores de projetos, consul-tor de carreiras, coordenadores de atividades de lazer e entretenimento, designer e planejador de games, gestor de patrocínios, gestor de empresas do terceiro setor, especialista na preservação do meio ambiente, engenharia genética, gerentes de terceirização, gestor de relações com o cliente, especialista em ensino a distância (EAD) e tecnólogo em criogenia.Há aqueles setores em que, mesmo que aconteça em algum período uma queda, são promissores e são sempre assim apontados. De certa forma, estão ligados às relações humanas, e são áreas que ainda podem, mesmo de maneira mais fraca, serem vistas, de acordo com a publicação e os especialistas ouvidos por ela, com possibilidade de crescimento, ainda mais com algum cenário positivo da economia: Turismo, Hotelaria, Sistema de Informações (Informática), Co-municação Social, Moda, Administração, Gastronomia, Logística, Marketing, Telecomunicações, Comércio Exterior e Relações Internacionais.

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sas. Infelizmente, quem é mais velho e tem menos escola-ridade nem sempre consegue perceber as mudanças. Já os mais jovens, que estão ingressando agora no mercado, até por conta da maior escolaridade, conseguem perceber me-lhor essa dinâmica e a mudança de perfil do mercado de trabalho.

Para Sanchez, a melhor forma de facilitar a inserção de mão-de-obra é qualificação e escolaridade. “Por meio desse binômio, o Governo do Estado procura investir e incentivar para que novos profissionais conquistem seu espaço”, asse-gura. Mas isso não deve estar somente nas mãos do Poder Público. E nunca esteve.

A iniciativa privada, por meio dos Senais e Senacs (só para citar exemplos mais claros), sempre incentivou a for-mação de mão-de-obra especializada. Mas isso também gera uma contrapartida da empresa que quer manter esse trabalhador cada vez mais especializado.

Aquele funcionário que se formou na empresa é coisa

do passado, assim como aquela empresa que não oferece qualquer vantagem ao empregado. Essa metamorfose ge-rou um movimento interessante no mercado. Um trabalha-dor quer se ver crescendo na empresa e, se não perceber isso, muda de emprego sem cerimônia. E não vai atrás de salário, mas de oportunidades.

Outro fenômeno também passou a ser importante no novo cenário do emprego. Hoje o trabalhador não se apo-senta mais tão cedo. A mão-de-obra tornou-se mais espe-cializada e o funcionário, em contrapartida, pode dedicar mais tempo de sua vida a ser mais produtivo. Pode-se até começar mais tarde a trabalhar, mas também se termina mais tarde.

O mundo mudou e o emprego também. Há tempo de pegar esse trem, mas não se pode ficar parado esperando que ele passe, pois sua velocidade não permite que ele seja pego andando. Mudar é uma necessidade. Entender essas mudanças e fazer parte delas é imperativo.

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Comércio: a passos largos para o futuroNos últimos anos o setor terciário foi um dos que mais cresceu na economia nacional. Essa é uma tendência que não deve se reverter.

C o n s u m o F o n t e : A l e n c a r B u r t i

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A economia do Brasil, nos últimos anos, teve um cres-cimento pouco visto em âmbito mundial. Todos os setores produtivos tiveram números positivos como há muito tem-po não se via. O que é mais importante é que analistas vêem essa evolução como algo que não deve parar. Ou seja, o que se viu no Brasil, principalmente nas décadas de 70 e 80, como um crescimento rápido, mas efêmero, não deve se repetir.

Dentro desse cenário, o comércio, de modo geral, cres-ceu em todos os seus segmentos, especialmente a partir da segunda metade da década, graças à combinação de

aumento do emprego e da renda, com crédito abundante e prazos longos. Destacam-se, além do automobilístico, os setores de eletrônicos, onde a expansão de venda dos celu-lares foi muito boa, assim como os equipamentos de infor-mática, graças à queda dos preços dos produtos, em razão de incentivos fiscais, evolução da tecnologia e taxa cambial favorável à importação, somados à facilidade de crédito e à incorporação de novos contingentes de consumidores.

“Os supermercados e as farmácias e drogarias manti-veram taxas expressivas de crescimento nos últimos anos

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devido ao aumento da renda das famílias. Talvez o setor de confecções e calçados tenha crescido menos, porque são bens que têm mantido certa regularidade de consumo ao longo do tempo”, analisa Alencar Burti, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

O monstro derrotadoMas nem tudo são flores para o setor. O comércio —

tão afeito a crises — conseguiu superar o final dos anos 90 e voltar a crescer na última década, mas isso não foi fácil. Para o presidente da ACSP, o comércio sempre é muito afe-tado pela conjuntura, e a inflação nas décadas passadas representou um dos maiores obstáculos para as vendas a crédito, fundamental para a expansão de alguns setores.

“O comércio sempre se adaptou às mudanças da economia e atualmente está preparado para atender à grande expansão do consumo, oferecendo produtos de qualidade e atendimento cada vez melhor ao consumidor, graças à forte concorrência existente no setor.”

Alencar Burti, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP)

Além disso, muitas empresas, em geral de micro ou pequeno porte, por falta de conhecimento ou de recur-sos, não acompanharam a evolução do mercado e, assim, acabaram tendo insucesso. “Gradativamente, no entan-to, também as empresas menores vão se modernizando”, acrescenta Burti.

É claro que, com o controle da inflação, o crédito pas-sou a ser viável e, gradualmente, expandiram-se os prazos de compra, ampliaram-se as possibilidades de crédito ao consumidor, o que permitiu o crescimento das vendas. Em contrapartida, também se viu um aumento da inadimplên-cia, o que começou a cair com a retomada do emprego, principalmente a partir do Plano Real.

Um círculo virtuoso se fez desde então. A recupera-

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C o n s u m o

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ção do emprego, em conjunto com a expansão do crédi-to, permitiu o aumento do consumo. “O comércio sempre se adaptou às mudanças da economia e atualmente está preparado para atender à grande expansão do consumo, oferecendo produtos de qualidade e atendimento cada vez melhor ao consumidor, graças à forte concorrência existente no setor”, afirma o dirigente.

CDC: uma conquista do consumidor e do lojista

Outro ponto que poucos enxergaram como benéfico para o setor — e que, em primeira análise, poderia ter sido visto como um obstáculo — o Código de Defesa do Con-sumidor, no final, se mostrou positivo. “Ele fez com que houvesse mais atenção do lojista, pois o consumidor ficou mais atento aos seus direitos e obrigou o comércio a se aprimorar cada vez mais no atendimento e nos produtos que oferece.”

Para o mercado, o CDC veio em muito boa hora, pois, quanto mais o consumidor estiver ciente de seus direitos,

mais exigente ele se tornará, atualmente e no futuro. O comércio (e o empresário do setor) precisa se diferenciar e oferecer mais do que os direitos assegurados para poder conquistar os clientes. Assim, o que se pode esperar é que a preocupação passe a ser não apenas respeitar o direito do consumidor, mas oferecer um diferencial para conquistá-lo e, sobretudo, fidelizá-lo. Essa equação será a tônica do se-tor nos próximos anos. O comércio crescerá desde que haja respeito ao consumidor. Ele, cliente, já percebeu isso e opta pela empresa ou loja que melhor o atende. Não é o preço, hoje, o maior chamariz, mas o que se oferece a mais.

Segundo Burti, felizmente, esse é um cenário que não tende ao retrocesso. O mercado interno brasileiro já é um dos mais importantes do mundo, e a tendência para a pró-xima década é a de continuidade da expansão, não ape-nas quantitativa, como qualitativa. “O consumidor estará mais consciente, mais exigente, cada vez mais difícil de ser conquistado e menos fiel a marcas ou locais. Terá destaque quem perceber isso e atender esse novo cliente”, conclui o presidente da Associação Comercial de São Paulo.

O CDC é um conjunto de regras que visam a proteção dos direitos do consumi-dor, além de disciplinar as relações e as responsabilidades entre o fornecedor, seja ele um fabricante de produtos ou um prestador de serviços, com o consumidor final, estabelecendo para essa relação alguns padrões de conduta, cumprimento de prazos e penalidades aos infratores.Instituído pela Lei Nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, o Código, entretanto, teve a sua vigência protelada para a adaptação das partes envolvidas. O CDC foi fruto de uma expressa determinação constitucional que buscou preencher uma lacuna legislativa existente, onde as relações comerciais eram tratadas de forma obsoleta e não traziam nenhuma proteção ao consumidor.Assim, tornava-se necessária a elaboração de normas que acompanhassem o di-namismo já vivido pela sociedade brasileira. A Constituição de 1988 já determi-nava, em seu artigo 5º, inciso XXXII que ‘O Estado promoverá na forma da lei a defesa do consumidor’, e que, dentro de 120 dias da sua promulgação, deveria ser

elaborado o Código de Defesa do Consumidor. Com a redemocratização do país, houve ainda um fortalecimento das entidades não-governamentais, criando um clamor popular por uma regulamentação dos direitos sociais, o que se fez sentir também na criação do código.Dando cumprimento ao preceito constitucional, o Ministério da Justiça designou uma comissão de juristas para que elaborassem um projeto de lei federal que mais tarde seria aprovado como o Código de Defesa do Consumidor.

O Código Brasileiro de Defesa do Consumidor (CDC)

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como pré-requisito legal a abertura de uma R.O. na China.Os requisitos legais de abertura e estabelecimento de

uma R.O. em território chinês são um tanto simples. A em-presa estrangeira deve ser legalmente registrada no país, possuindo endereço próprio, boa reputação e já estar operando há algum tempo no mercado, preferencialmen-te junto a empresas chinesas. Entretanto, esse tipo de re-presentação pode apresentar desvantagens para aqueles interessados em investir no mercado chinês. Em outras palavras: a R.O. não possuirá permissão legal para conduzir atividades que gerem lucro. A R.O. não possui personalida-de jurídica distinta da empresa estrangeira, portanto qual-quer potencial litígio irá, de acordo com a legislação chine-sa, implicar em responsabilidade conjunta entre a R.O e a matriz. Sua função principal é difundir a marca e o produto,

possibilitando às empresas chinesas importadoras que negociem direta-mente com a matriz, fora da China, e adquiram os produtos divulgados.

Joint Ventures (JV)

Uma Joint Venture é outro meca-nismo a ser considerado ao se fazer investimento estrangeiro na China. A JV é um mecanismo legal que per-mite que empresas estrangeiras co-operem diretamente com empresas chinesas que queiram adquirir no-vas tecnologias e know-how a serem utilizados por chineses no mercado chinês. Em contrapartida, empresas chinesas irão cooperar no desenvolvi-

mento de networking, estabelecimento de canais de ven-da e distribuição, assim como know-how sobre o mercado doméstico chinês.

A r t i g o L i n d a Y a n g e M r . M e i X i a n g r o n g

Investimento estrangeiro na China: visão global

Com um mercado

de mais de 1,3

bilhão de pessoas, a

China, cada vez mais,

abre suas portas

para o investimento

estrangeiro.

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Desde a política de liberalização econômica de 1978, a China tem vivenciado um expressivo crescimento

econômico. Hoje é considerada por muitos especialistas a economia que mais cresce no mundo, uma vez que possui o segundo maior PIB (Produto Interno Bruto) mundial, com números que superam US$ 4,99 trilhões. Apesar da crise econômica que tem afetado o mundo recentemente, a Chi-na tem atingido números que superam a média de cresci-mento global esperada.

Com um mercado de mais de 1,3 bilhão de pessoas, a China, cada vez mais, abre suas portas para o investimento estrangeiro. Com o objetivo de orientar investidores dire-cionados ao mercado chinês, este artigo fará uma breve explicação sobre os canais mais seguros de investimento na China.

Há várias maneiras de um estran-geiro investir neste país:

Representative office (representações)

Constitui-se em um meio bara-to e rápido de marcar uma presença efetiva no mercado chinês. Uma das principais razões pelas quais milha-res de empresas estrangeiras têm es-colhido esta forma de se estabelecer no mercado chinês deve-se ao fato de ela ser de fácil registro se comparada a outras, permitindo, inclusive, que empresas chinesas possam ter acesso maior e mais facilitado aos produtos e serviços oferecidos por esta R.O. de empresa estrangeira.

Alguns tipos de empresas interessadas em investir na China e ligadas às áreas securitária e bancária possuem

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tração, uma vez que é totalmente concebida para evitar disputas e conflitos na direção e gestão da empresa. Outra vantagem de WFOE consiste no fato de os investidores es-trangeiros terem direito a todo o lucro, assim como total confidencialidade de informações de seus produtos confe-rida pela lei de propriedade intelectual chinesa. A principal desvantagem de uma WFOE consiste no fato de que ela precisará de mais tempo para começar a operar e desen-volver suas atividades em território chinês.

Quando comparada aos procedimentos de registro de uma JV, os requisitos legais para registro de uma WFOE são mais simples (a JV é a mais complicada!). Entretanto, entendemos que cada empresa possui objetivos distintos — não há uma fórmula mágica que nos auxilie na escolha entre R.O, JV ou WFOE — daí a necessidade de, sempre que iniciado um processo de investimento em território chinês, se ter uma assessoria jurídica quali-ficada e extremamente acostumada a lidar, não apenas com a cultura e necessidades empresariais chinesas, como também estrangeiras, e capaz de indicar qual o modo mais viável de investimento no país.

* O artigo, escrito com exclusividade para CHAMS BUSINESS, foi traduzido

por João Alexandre Gebara Jr, legal advisor da Yingke Law Firm Beijing

(São Paulo, Brasil).

Não há uma fórmula

mágica na escolha

entre R.O, JV ou WFOE

— daí a necessidade

de se ter uma

assessoria jurídica

qualificada.

A JV constitui-se como a única maneira de empresas li-gadas à aviação, à comunicação e ao mercado imobiliário possuírem presença efetiva e legal em território chinês. A legislação chinesa estabelece dois tipos de JV:• Equity Joint Venture (EJV): estabelece que os sócios deve-rão dividir os lucros, riscos e perdas, no limite de suas res-pectivas ações. • JV Contratual (JVC): é gerida pura e basicamente pelos termos estabelecidos previamente no contrato de JV; cada parte concorda em cumprir as obrigações contratu-ais, assim como outras condições do contrato, tais como investimento de um certo montante de capital. Este contrato estabelecerá os objetivos da JV, assim como direitos e obriga-ções adquiridas por cada uma das partes. A aprovação da JV Contratu-al junto ao governo Chinês passará obrigatoriamente por quatro dife-rentes estágios: 1) Aprovação governamental do pro-jeto; 2) Viabilidade da real execução do projeto no mercado chinês; 3) Contrato social de JV aprovado pela junta responsável pelo seu registro; 4) Registro da empresa.

Wholly Foreign Owned Enterprises (WFOE)

Outra modalidade de empreendimento é a WFOE. A

principal vantagem pode ser encontrada em sua adminis-

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Advogada, sócia e diretora do departamento Internacional da Yingke Law Firm Beijing (Pequim, China)

Mr. Mei Xiangrong, sócio e Diretor Geral da Yingke Law Firm Beijing (Pequim, China)

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Um setor com muito gásConsumo de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) no Brasil tende a crescer, ainda mais com a descoberta de reservas de petróleo na camada do Pré-Sal.

E n e r g i a f o n t e : A m a r o H e l f s t e i n e J u l i o P a p a v e r o

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Com mais de 53 milhões de lares atendidos e um total de 33 milhões de botijões comercializados por mês, o setor nacional de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) teve, segun-do o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de GLP (Sindigás), no primeiro semestre deste ano, um cresci-mento de 4%, em comparação ao mesmo período do ano passado. A entidade calcula que o setor fechará o ano com expansão de 3%.

A participação do GLP na matriz energética brasileira é, atualmente, de 3,4%, e a meta é alcançar até 4,2% em 2020. O setor de GLP movimenta por ano R$ 19 bilhões e está presente em 100% dos municípios brasileiros.

Duas das maiores empresas do segmento, a Consigaz e a Copagaz têm planos de expansão tanto para o setor como um todo, quanto em suas próprias atuações. Res-pectivamente, as empresas ocupam, no cenário nacional,

o sexto e o quinto lugares, mas ambas têm metas de cresci-mento que devem ampliar ainda mais essas posições.

A Consigaz, que atua nos mercados paulista e goiano, por exemplo, alcança a terceira colocação no segmento in-dustrial do Estado de São Paulo. Segundo Julio Papavero, gerente geral comercial da empresa, para levar a qualidade Consigaz a mais consumidores, a empresa estará inaugu-rando, nos próximos meses, mais três bases de engarrafa-mento e distribuição, uma no Estado de São Paulo, na ci-dade de São Vicente, outra no Rio Grande do Sul e, por fim, uma terceira no Espírito Santo.

Já a Copagaz é a quinta maior empresa distribuidora de GLP no País, com um market-share de 8%, atuando em 19 es-tados brasileiros. Na região Centro-Oeste — origem da em-presa — sua participação é ainda maior, com cerca de 50% do mercado nos Estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

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Combate à clandestinidade

O Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), conhecido popu-larmente como gás de cozinha, é envasado em botijões e comumente utilizado pelo consumidor final na cocção dos alimentos. Além disso, é largamente utilizado a granel por todas as indústrias e empresas que necessitem de produ-ção de calor para os mais diversos processos industriais.

No Brasil, ele é utilizado diariamente em indústrias far-macêuticas, gráficas, têxteis, metalúrgicas siderúrgicas, ho-téis, motéis e muito mais. E é ainda utilizado, em cilindros de 20 kg, para movimentar empilhadeiras em diversos se-tores da indústria e centros de distribuição.

A principal vantagem do GLP em relação ao Gás Natu-ral (GN) encanado é a economia para o consumidor. O GLP possui poder calorífico maior que o GN e é comercializado por um setor muito competitivo, onde diversas empresas lutam para fornecer o produto ao consumidor por preços cada vez melhores.

“Neste cenário, a Consigaz se destaca por ser uma empre-sa flexível e fácil de fazer negócio, apresentando os melhores preços do mercado. No GN não há concorrentes diretos, en-

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E n e r g i a

tão fica fácil fazer as contas e saber que o GLP tem um preço final melhor. Além disso, com o GLP o cliente paga apenas o que consome. Não existe nenhum tipo de mensalidade quando nada foi consumido”, explica Papavero.

Em relação a outras fontes de energia, como madeira, xisto, diesel etc., o GLP é uma fonte de energia limpa, pois sua queima não agride o meio ambiente. Produzido em larga escala no Brasil, o GLP é o mais importante aliado da dona de casa na cocção de alimentos. Ainda na esfera familiar, apare-ce como uma excelente e econômica alternativa ao dispen-dioso consumo dos chuveiros elétricos. Na área de comércio e serviços, é ideal para o consumo em padarias, restaurantes e hotéis. Na indústria, suas características especiais o tornam perfeito em companhias siderúrgicas e de papel e celulose, setores do agronegócio e automotivos, para ficarmos em apenas algumas utilizações altamente beneficiadas pela en-trada do produto.

O Brasil é uma nação movida a GLP. “Nenhuma outra fon-te energética se equipara ao produto em importância, uso, abrangência territorial e, sobretudo, confiabilidade. O boti-

Apesar desse crescimento e de seu potencial futuro, o combate à informalidade ainda é um dos principais desafios do setor. Os acidentes com GLP são pouco comuns, mas este não é um produto com o qual se possa negligenciar a segurança, tanto na armazenagem quanto no manuseio. A clandestinidade é uma das maiores preocupações do setor.Segundo o Sindigás, entidade que representa esse mercado, isso é muito prejudicial para a imagem do produto e para os revendedores. O GLP é extremamente seguro, desde que tenha armazenamento e manuseio adequado. E esse é um tra-balho que exige a conscientização da população e colaboração das autoridades, especialmente das prefeituras e órgãos de defesa do consumidor.Para o diretor da Consigaz, o consumo do GLP, quando correto, não oferece riscos. Mas existe uma indústria clandestina que o comercializa e estoca sem respeitar os devidos padrões exigidos pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) e pelo Corpo de Bombeiros. Este é o grande perigo. “A Consigaz é proativa no desenvolvimento e criação de campanhas de prevenção a acidentes com o gás. Por isso, é recomendável que se compre o gás de uma revenda legal, nunca no boteco, posto de gasolina sem alvará, padarias, mercadinhos etc., especialmente porque as redes de revendas autorizadas atendem aos consumidores com qualidade e preço muito competitivo, menor do que o praticado pelos clandestinos.”Da mesma forma, a Copagaz se preocupa com o consumo errado do produto. “Quem compra um produto clandestino corre o risco de ter um produto altamente perigoso dentro de casa. Poderá ocorrer vazamento e sinistro, acarretando lesões corporais graves, como queimaduras, e perdas de patrimônio. Somente as distribuidoras dão todo suporte e assis-tência técnica 24 horas por dia. Em caso de vazamento ou mau funcionamento do botijão, a empresa é obrigada a dar toda a assistência e manutenção necessária. Em caso de acidente, se for detectado que este foi causado pelo botijão, a empresa distribuidora detentora da marca estampada no corpo do botijão dá toda cobertura ao sinistrado”, explica Helfstein.

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jão e o brasileiro formam uma dupla indissociável. O povo que mais entende de energia no mundo”, assegura Amaro Helfstein, diretor comercial e de operações da Copagaz.

Evolução do setorApesar de ter seu uso ainda muito associado à cozinha,

o GLP é um produto muito versátil e serve também, por exemplo, para aquecimento de água, apresentando outros usos nas residências, comércio e indústrias. Na avaliação do executivo da Copagaz, o baixo nível de emissões de partí-culas e gás carbônico (CO2) ampliará a demanda pelo GLP no País. Dessa forma, as duas empresas vêem um futuro promissor para o setor e para suas atuações em âmbito lo-cal e nacional.

“O uso do GLP no Brasil está muito abaixo do seu po-tencial de participação na matriz energética. Ele poderá acompanhar o crescimento da demanda energética brasi-leira. Apoiar o amadurecimento do mercado de GLP signifi-ca alinhá-lo ao quadro evolutivo de nações desenvolvidas. Estas se caracterizam por um mercado liberalizado onde se consome o GLP em diversos segmentos. Aquele que sem-pre foi considerado um combustível que onerava as contas externas do País não só passará a atender totalmente ao

consumo local, como poderá ser utilizado em novas apli-cações ou ser exportado. Esforços devem ser realizados em favor da mudança de percepção da sociedade com relação ao setor energético, passo fundamental para incentivar o mercado interno nas suas diversas formas de uso”, afiança Helfstein, da Copagaz.

Seu colega, Papavero, da Consigaz, concorda com essa previsão. Para ele, o setor continuará crescendo tal qual o Brasil. Quanto mais crescer a população, especialmente nos grandes centros, mais crescerá a demanda pelos diversos tipos de energia, inclusive a proveniente da queima do GLP. “Além disso, a nova busca do ser humano pela sustentabili-dade certamente aumentará o consumo do produto, já que seus concorrentes, como a lenha e outros tipos de combus-tíveis, agridem ferozmente o meio ambiente. Outro fator que reafirma a longevidade do setor é a descoberta de re-servas de petróleo na camada do Pré-Sal. E, como sabido, o GLP é um subproduto derivado do petróleo”, avalia.

O futuro do setor com o Pré-SalO setor de GLP poderá alcançar a auto-suficiência em

2015, principalmente com a descoberta das camadas do Pré-Sal (porção do subsolo que se encontra sob uma ca-

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Um pouco da história da Consigaz

O que não faltou no início da trajetória da Consigaz foi muita luta. Sua base foi estruturada em trabalho árduo, cria-tividade, determinação e perseverança, até se firmar como uma das marcas mais seguras do País.Em 1946, Nassib Saleh Kadri, imigrante libanês, chegou ao Brasil e iniciou, na condição de mascate, a atividade de venda de roupas de cama, mesa e banho. Em 1967, Nassib abandonou a atividade de vendedor ambulante e passou a se dedicar ao comércio de móveis em uma pequena loja de bairro. Seis anos mais tarde, no ano de 1973, com a ajuda de seus filhos, Nassib iniciou, no interior da própria loja, um comércio de gás de cozinha, em pequena proporção. Após três anos, com o contínuo crescimento das vendas de gás, foi instalada a primeira loja da família para o comércio ex-clusivo desse produto.Em 1990, a empresa, representada pelos filhos de Nassib, deu início à comercialização de gás envasado em cilindros de 20, 45 e 90 quilos. Dois anos mais tarde, em dezembro de 1992, a marca Consigaz foi criada, sendo então adotada uma tímida política de padrão para representar a marca.Em 25 de março de 1997, a Consigaz obteve o registro de distribuidora de GLP no Departamento Nacional de Com-bustíveis. Em 10 de novembro de 1998, adquiriu a autoriza-ção para a operação da primeira base de engarrafamento na região de Paulínia, interior de São Paulo.

Hoje, conta com quatro bases de engarrafamento e dis-tribuição. Nos próximos meses serão sete bases localiza-das estrategicamente. A empresa também conta com uma completa e bem-estruturada rede de distribuição de gás.Essa é a história de uma empresa de sucesso, que cada vez mais agrega valor ao desenvolvimento do Brasil. A Consi-gaz comercializa o GLP envasado e a granel. Além disso, co-mercializa a granel os gases propano e butano, que também têm suas aplicações na indústria.A Consigaz busca sempre ser uma empresa acessível ao consumidor, entendendo suas necessidades para que essa relação de mão-dupla seja sempre tão benéfica ao consu-midor quanto para a empresa. Sua marca não é trabalhada apenas por propaganda e marketing, mas pelo conjunto de medidas que toma para atender ao consumidor com exce-lência. A Consigaz tem os botijões mais novos do mercado brasileiro, o que se traduz para o consumidor, conseqüen-temente para a marca, como segurança, economia e qua-lidade. É uma marca humana e acessível, já que a empresa tem por hábito o treinamento e reciclagem constante de seus funcionários. A excelência no atendimento corre pelas veias da empresa e tudo isso se traduz em marca. Frente a tudo isso, resta ao seu departamento de marketing mos-trar ao consumidor, por meio da comunicação, a importân-cia de escolher a Consigaz no momento da compra.

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E n e r g i a

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“A Consigaz se destaca por ser uma empresa flexível e fácil de fazer negócio, apresentando os melhores preços do mercado. No GN não existem concorrentes diretos, então fica fácil fazer as contas e saber que o GLP tem um preço final melhor. Além disso, com o GLP o cliente paga apenas o que consome. Não existe nenhum tipo de mensalidade quando nada foi consumido”

Julio Papavero, gerente geral comercial da Consigaz

mada de sal situada alguns quilômetros abaixo do leito do mar). Acredita-se que a camada do Pré-Sal, formada há 150 milhões de anos, possui grandes reservatórios de óleo leve (de melhor qualidade e que produz petróleo mais fino).

As recentes descobertas do Pré-Sal e dos campos gi-gantes na Bacia de Santos farão do Brasil um exportador de petróleo e um país com GLP em abundância. O Brasil deverá explorar todas as potencialidades que este produ-to oferece de uma forma consciente e beneficiando o pla-neta, como foi previamente exposto.

Em países desenvolvidos, o GLP é muito usado nos aquecedores de ambientes. Por isso a demanda pelo pro-duto ainda está muito concentrada nos Estados Unidos e na Ásia. Na América Latina, o Brasil tem 1/4 do mercado total, mas esta situação tende a ser revertida com a maior oferta, devido às reservas do Pré-Sal.

Conforme análises das duas empresas do setor, esse novo cenário do Brasil com relação à independência ener-gética fará com que o GLP, que sempre foi considerado um combustível que onerava as contas externas do País, não só passe a atender totalmente ao consumo local, como poderá ser utilizado em novas aplicações.

Ainda há espaço para crescerAinda em se falando do Pré-Sal, pode-se imaginar que

o uso do GLP diminua em relação à possível maior utiliza-ção do Gás Natural, oriundo dessas camadas, mas o setor não vê assim, pois ainda existem impossibilidades para uma utilização desta fonte energética em larga escala, principalmente em âmbito nacional.

Para Julio Papavero, da Consigaz, falta muita informa-ção sobre o uso do GLP, pois existem pessoas que acham que precisam comprar o GN, onde existe a rede instalada, o que não é verdade. Conforme o executivo, o Gás Natural encanado tem um custo muito alto de implantação, além de causar grande transtornos na cidades, pela necessida-de de escavação para montagem de suas redes. Ele não chega a todos os lugares e, onde chega, o consumidor paga o custo de implantação, embutido no custo do gás.

Além disso, os consumidores de GN não têm es-toque de gás, portanto, sempre que houver qualquer problema na rede de distribuição, ele ficará sem supri-mento, até que a rua seja toda quebrada, o reparo feito e o fornecimento restabelecido. Não existe alternativa a não ser esperar. “Utilizando-se o GLP, existe o estoque

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Em 1955, Ueze Zahran foi para São Paulo atrás de uma representação para comercializar gás em Campo Grande (MS). Fechou para ser representante da empresa Argoni Gás. Nascia, naquele mesmo ano, a Companhia Paulista de Gás (Copagaz) — posteriormente alterada para Com-panhia Distribuidora de Gás Ltda. — pela qual, com um pequeno caminhão, percorria as ruas de sua cidade distri-buindo o produto. Esse foi o início de um grande negócio.A Copagaz, primeira empresa do Grupo Zahran, iniciou suas atividades distribuindo uma tonelada de GLP por dia nos Estados de São Paulo e Mato Grosso, que englobava o atual Mato Grosso do Sul. Aos poucos, a empresa foi conquistando maior parcela do mercado nacional e hoje comercializa gás em 19 estados e no Distrito Federal e está entre as cinco maiores distribuidoras de GLP do País e uma das mais admiradas.A Copagaz possui 14 engarrafadoras e distribui cerca de 45 mil toneladas por mês para milhões de lares, indústrias, escolas e diversos estabelecimentos comerciais. O item se-gurança sempre foi prioridade da empresa. Seus botijões passam, periodicamente, por um processo de requalifica-ção e só são devolvidos ao mercado depois de rigorosos testes de segurança. Para isso, o Grupo Zahran compreen-de a NHL Requalificadora de Botijões Ltda., que requalifica cerca de 1 milhão de botijões/ano.Pensando ainda na segurança dos consumidores, inaugurou recentemente a Ibrava, nova empresa do Grupo, que tem capacidade de fabricar 40 mil botijões P-13 por turno de oito horas e também de requalificar botijões.O Grupo Zahran também atua na área de telecomunica-

Um pouco da história da Copagaz

ções, com a Rede Matogrossense de Televisão, formada pelas emissoras TV Morena (que transmite para Campo Grande, Ponta Porã, Dourados, Corumbá e Três Lago-as, MS), TV Centro América (em Cuiabá/MT), TV Centro América Sul (Rondonópolis/MT), TV Centro América Nor-te (Sinop/MT) e TV Centro América (Tangará da Serra/MT).É afiliada à Rede Globo de Televisão desde 1976, passando a veicular sua programação, além de produzir programas regionais de variedades, rurais e esportivos. Em 1997 a Rede passou a transmitir suas imagens via satélite a quase todos os municípios do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul. Com seus equipamentos de alta tecnologia, a rede detém 75% de participação da audiência regional.A Copagaz busca o reconhecimento de sua marca pela qualidade na prestação de serviço ao consumidor e a segu-rança passada aos usuários. A preocupação com esses as-pectos vai desde a produção de botijões, com a nova fábri-ca da companhia, Ibrava, até a assistência técnica qualificada. Justamente prezando pela segurança, a companhia é total-mente contra pontos de venda clandestinos, não autoriza-dos pela ANP. Esse tipo de comércio é prejudicial à socie-dade, expondo-a a maiores riscos, não incentivando novos empresários e reduzindo a arrecadação do Estado.A marca Copagaz sempre estará associada à segurança, respeito, qualidade e bons serviços para todos. A empresa hoje é a maior incentivadora do esporte feminino no Bra-sil, patrocinadora do Santos FC, EC Comercial de Campo Grande, Urece e Mixto EC de Cuiabá. Essas parcerias di-vulgam e expõem a marca nacionalmente, aproximando a Copagaz do consumidor.

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E n e r g i a

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“Nenhuma outra fonte energética se equipara ao produto [GLP] em importância, uso, abrangência territorial e, sobretudo, confiabilidade. O botijão e o brasileiro formam uma dupla indissociável. O povo que mais entende de energia no mundo”

Amaro Helfstein, diretor comercial e de operações da Copagaz

de gás, independente da rede de gás da rua. O consu-midor não fica desabastecido se houver um vazamento a cinco quarteirões de distância. No mundo dinâmico em que vivemos, o GLP é uma alternativa muito bara-ta, viável e ecologicamente correta, que atinge quase todos os municípios brasileiros. Vemos o mercado de GLP crescendo cada vez mais. Para quase a totalidade dos consumidores, o GLP tem um custo mais baixo do que o do GN, especialmente nos condomínios, peque-nas indústrias e comércios. A Consigaz tem um sistema de individualização da conta de gás para condomínios, que torna muito mais atraente o uso do gás GLP em relação ao GN”, garante Papavero.

“Encaramos o gás encanado, ou Gás Natural, como pro-duto complementar ao GLP, mais do que competidor. Em vários setores há elevada possibilidade de substituição do GLP pelo Gás Natural e isso já ocorreu há seis ou sete anos, quando perdemos cerca de 10% de nosso mercado para esse competidor. Hoje já o recuperamos e vemos um futu-ro mais promissor ainda para o nosso mercado”, completa Amaro Helfstein, da Copagaz.

Quanto ao preço do produto, dados do Instituto Brasi-leiro de Defesa do Consumidor (IDEC) revelam que o GLP, tanto na embalagem P-13, como nas Centrais de condo-mínios e pequenos comércios, tem preços inferiores ao Gás Natural canalizado. Para o executivo é um contra-sen-so que se instalem tubulações para levar GN a residências quando existe um sistema eficaz de operação para o GLP. O gás de botijão ocupa 26% da matriz residencial e o Gás Natural apenas 1%.

De maneira geral, o setor de GLP, segundo os dois exe-cutivos, continuará em crescimento, pois existem pers-pectivas para novas aplicações. Conforme Papavero, da Consigaz, e Helfstein, da Copagaz, sem dúvida o GLP ga-nhará maior participação na matriz energética brasileira e o Brasil ampliará sua participação no cenário mundial desse mercado.

O mercado de GLP brasileiro é bem distinto do merca-do mundial. No Brasil ainda existem usos do produto não liberados, como o automotivo. O País é um dos maiores consumidores de GLP do planeta, portanto o setor deve-rá continuar em crescimento e existem perspectivas para novas aplicações. Sem dúvida, segundo os executivos, o GLP ganhará maior participação na matriz energética bra-sileira e mundial.

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primeiro realiza materialmente a conduta, total ou par-cialmente. O autor intelectual determina a realização do fato, sem participar de sua execução. O mediato é aquele que utiliza um inimputável para a prática crimi-nosa ou usa pessoas que agem sem conhecimento de que estão praticando um crime.

Definido o conceito de autor, podemos afirmar que co-autor é todo aquele que participa de um fato crimino-so de autoria coletiva. Não basta para a caracterização da co-autoria a conduta conjunta sob o aspecto material, é necessária a existência de um elo subjetivo, um concur-so de vontades. Cada co-autor contribui com uma ação determinada, mas responde pela totalidade da conduta.

Há uma outra modalidade de concurso de pessoas que é a participação, claramente distinta da co-autoria. Constitui na prática de um fato atípico, mas que con-tribui para a realização de um fato típico praticado por outrem. Exemplo: dirigir o carro para um assalto; o vigia que deixa a porta aberta do banco. Na prática, quanto a dosimetria da pena, somente a participação de menor importância constitui elemento que a reduz.

Vemos, pois, que a atribuição da responsabilidade penal só pode recair sobre quem teve com o fato cri-minoso uma relação de execução ou de colaboração, marcadas pela consciência e pela vontade.

Dessa forma, para fins de delimitação da condu-ta de cada um dos sócios, não importa a sua posição societária, mas sim sua atuação na conduta delituosa. O simples fato de um sócio ser apenas investidor, ou-tro diretor comercial ou diretor financeiro, por exem-

A r t i g o A n t ô n i o C l á u d i o M a r i z d e O l i v e i r a

A responsabilidade criminal dos administradores de empresa

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Os crimes empresariais, ou seja, aqueles praticados em benefício das pessoas jurídicas, em geral, são

imputados a seus administradores, uma vez que a pes-soa ficta, à exceção dos crimes contra o meio ambiente, não figura no polo ativo dos delitos, em face da dogmá-tica penal brasileira.

De uns tempos para cá, com o aumento da incidên-cia dos crimes cometidos contra o sistema financeiro, a autoridade policial e o Ministério Público não têm de-monstrado preocupação em individualizar a responsa-bilidade penal, indiciando e denunciando em face de um critério meramente objetivo os diretores, adminis-tradores, gestores ou até mesmo os sócios da empresa.

A responsabilidade pessoal, que é princípio funda-mental do direito penal, deve ser verificada por meio da investigação do vínculo eventualmente existente entre a conduta do indigitado agente do crime com o fato tido como delituoso. A inexistência dessa perquirição leva à adoção da responsabilidade objetiva, com des-prezo ao direito penal da culpa, que foi louvável con-quista do direito moderno.

Deve existir um nexo de causalidade ligando a con-duta do acusado com o fato considerado como delitu-oso. Portanto, o crime só pode ser imputado a quem esteja ligado ao evento que o constitui, quer sob o as-pecto objetivo, ou seja, a prática de uma conduta con-creta, omissiva ou comissiva, quer sob o aspecto subje-tivo, representado pela presença do dolo ou da culpa.

A doutrina distingue três espécies de autoria penal: autor executor, autor intelectual e autor mediato. O

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Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, advogado criminal, ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção de São Paulo e do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária e ex-secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo.

plo, não traz qualquer tipo de presunção quanto à res-ponsabilidade penal, uma vez que esta só pode recair sobre quem teve com o fato criminoso uma relação de execução ou de colaboração, marcadas pela consciência e pela vontade.

A responsabilidade em Direito Penal não pode ser presumida, ficta, tendo como critério apenas alguma cir-cunstância alheia ao querer do agente e à sua conduta em relação ao evento criminoso.

O oferecimento de de-núncias nos crimes empre-sariais somente por ser o denunciado administrador da pessoa jurídica, sem a de-monstração de vínculo entre a conduta e o fato, represen-ta um preocupante retroces-so, que põe em risco a pró-pria estrutura do direito penal. Ademais, afronta vários direitos e garantias individuais consagrados pela nossa Constituição.

Por outro lado, não contando com a compreensão do poder legislativo, não são poucos os exemplos de

A responsabilidade

pessoal, que é princípio

fundamental do direito

penal, deve ser verificada

por meio da investigação

do vínculo eventualmente

existente entre a conduta

do indigitado agente do

crime com o fato tido

como delituoso.

leis penais que, expressa-mente, adotam a respon-sabilidade sem culpa.

Ora, é desnecessário que o legislador, mesmo nos crimes empresariais, dite regras para a respon-sabilização penal, pois os conceitos de autoria, co--autoria e de participação, os princípios informadores da antijuridicidade, da cul-pabilidade e da tipicidade, são imutáveis e seguem as regras do Código Penal.

Dessa maneira, é im-portante realçar que em face da insistência de in-diciamentos e de denún-cias contendo imputações com base em critérios me-ramente objetivos, todos aqueles que estão com-prometidos com a corre-ta distribuição da justiça

criminal devem reagir de forma eficaz, sob pena de em nome do combate à alegada impunidade, aumentar a escalada, já existente, de violação de outros princípios garantidores da dignidade humana, como o da legali-dade, do devido processo legal e do contraditório.

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