chams business 7: o brasil na marca da cal

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PRODUTOS HALAL empresas brasileiras de olho no mundo árabe ROBERTO DUAILIBI não se pode ter medo de investir em publicidade CRAQUE Rivellino sem papas na língua ÍCONE Henry Maksoud Neto conta a história do hotel que não envelhece ano VIII número 7 - novembro de 2013 O Brasil na marca da cal GOLS DE PLACA E BOLAS FORA DA COPA DE 2014

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Gols de placa e bolas fora da Copa de 2014

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Page 1: Chams Business 7: O Brasil na marca da cal

produtos halalempresas brasileiras de olho no mundo árabe

roberto duailibinão se pode ter medo de investir em publicidade

craqueRivellino sem papas na língua

íconeHenry Maksoud Neto conta a história do hotel que não envelhece

ano VIII número 7 - novembro de 2013

O Brasil na marca da calGols de placa e bolas fora da copa de 2014

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Chams Business não é uma revista especializada em esportes, mas pegou carona no principal torneio esportivo mundial e elaborou uma edição que está batendo um bolão. A Copa do Mundo já vem mexendo com o brasileiro desde que o País foi anunciado como sede, em 2007. Esta edição não será temática, falando exclusivamente sobre o evento, mas escalou alguns temas que tabelarão com a Copa e com turismo, esporte, automóveis, marketing esportivo, publicidade e muito mais.E não vamos fazer feio, mostran-do que temos domínio do jogo. Escalamos um time de primeira, com Roberto Rivellino, o jogador; outro Roberto, o Duailibi publi-citário; o ministro do Turismo, entre outros especialistas em suas posições e conhecedores do campo e dos adversários. Enfim, a revista vai mostrar que o Brasil funciona, sim, por causa da Copa do Mundo e sem ela também.Aliás, o que queremos é mostrar

exatamente isso: o Brasil está pre-parado, mas há vida no País fora do torneio de futebol. A hotelaria está muito bem treinada, porém o mais importante é saber como ela se comportará depois que o apito final encerrar o jogo e mostrar que o País vive sem a atração principal.E mais, que acabada a Copa, outro desafio vem aí, as Olimpí-adas em 2016, no Rio de Janeiro. Mas isso é outro assunto, quem sabe, outra edição.Nossa Chams Business entra em campo este final de ano para se-guir o que o professor nos pediu. Afinal, jornalismo não é uma cai-xinha de surpresas. Mas uma caixa de Pandora, na qual podem estar todas as surpresas, que esperamos sejam sempre boas.Por falar em boa, uma boa leitura!

Marco BaroneJornalista Responsável

Estamos Em campo E com muIta paIxão

A

A P R E S E N T A Ç Ã O

Page 4: Chams Business 7: O Brasil na marca da cal

Chams Business nasceu temática, nos idos de 2007. Foram duas exclusivas de mercado imobiliário e construção civil, já engatilhada a uma de saúde e bem estar. A partir de 2010, partimos para as multi-setoriais. Porém, no início deste ano, nossa equipe havia decidido por voltar a rondar temas. Como não se ater a grandes eventos?Mas não foi este um ano qualquer. Para o jornalismo, ano de perdas, quando o mês de maio levou na braçada de uma mesma semana os grandes publishers Ruy Mesquita e Roberto Civita. Chegou, então, o mês de junho, quando multidões outrora caladas optaram por tomar as ruas, o espaço do outro, do nós, do coletivo. Para o jornalismo, ano de sustos. Ficou célebre a imagem da repórter da Folha de S. Paulo que teve o olho direito alvejado por uma bala de borracha na violenta repressão policial da noite de 13 de junho.Mas esta mesma juventude que tomou as ruas não se contentava com a cobertura da mídia tradicional, a colocou em che-que e evidênciou um novo modo de fazer mídia, de se consumir notícias. Para o jornalismo, ano de encruzilhadas. Como lidar com as metamorfoses que questio-nam o status quo outrora consolidado? No início do ano, a receita de circulação de New York Times superou a de publi-cidade. Em agosto do mesmo ano, o Wa-

shington Post, talvez o mais antigo jornal da capital norte-americana, foi vendido ao presidente da gigante Amazon.com pela bagatela de U$ 250 milhões. Ao mesmo tempo, redações pelo Brasil co-meteram cortes preventivos, encerraram publicações, redesenharam processos (isso necessário). Nunca foi tão grande o abismo entre gerações. A tecnologia não criou somente novas tribos, gírias e maneiras de comunicação, mudou a maneira de se consumir conteúdo, e não se trata de mudança estanque.

Enquanto isso, na quadradura dos campos, clima de união, luta por direitos. Jogadores se manifestaram imóveis em nome do Bom Senso Futebol Clube. No decorrer do caminho, uma Copa veio se construindo, ao modo brasileiro, como poucos duvidavam que seria: gastos exor-bitantes para enormes e quase modernas arenas — muitas das quais tornar-se-ão ociosas aos apitos finais. Se não for o legado da infra-estrutura, se não for o legado da inclusão, se não for o legado da mobilidade, se não for o legado do respeito ao que é público, que seja o legado de sobreviver a adversidades e, acima de tudo, aprender com elas.

Micaela Fajuri de Bruyn FerrazDiretora editorialNovembro de 2013

NaVEgar é (Im)prEcIso

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Page 5: Chams Business 7: O Brasil na marca da cal

Excelência e Qualidade em

Construção Civil Pesada.

Consórcio

O Consórcio Encalso – Engevix – Kallas

está ampliando o Aeroporto Internacional

Eduardo Gomes, em Manaus/AM. Quando

concluído, será o 4º maior do país em área

construída.

As obras estão em pleno andamento com

entrega prevista para abril de 2014.

Resumo do empreendimento

Terminal de Passageiros:

Área Ampliada: , que totalizará 57.774,93 m²

uma área de 97.258,55 m²

Estacionamento para 2.670 vagas.

Capacidade Anual de passageiros:

– Atual: 4,2 milhões

– Projetada: 13,5 milhões

Aeroporto de Manaus/AM

Encalso Construções Ltda. Engevix Engenharia S.A

Alameda Araguaia, 3571

Barueri - SP

www.engevix.com.br

Kallas Incorporações e Construções S.A

Rua João Lourenço, 432

Vila Nova Conceição - São Paulo - SP

www.kallasnet.com.br

Praça Dom José Gaspar, 134

4º andar - São Paulo - SP

www.encalso.com.br

Page 6: Chams Business 7: O Brasil na marca da cal

4 Chams Business novembro de 2013

diretorraul tárek Fajuri

diretora editorialmicaela Fajuri de Bruyn Ferraz

diretor comercialramiro Elias Fajuri

projeto gráficoWilson roberto santos

arte e diagramaçãoWilson roberto santos

revisãoLuiz paulo rodriguesLeila miriam saraiva Fajuri

jornalista responsávelmarco BaronemtB 22.537

chams Business é uma publicaçãode chams Empresa Jornalística Ltda.

administração, redação, departamentocomercial e assinaturas:av. Brigadeiro Luís antônio, 2050cj 105 - ala acEp 01318-002são paulo sp

contato:55 11 3459.748855 11 [email protected]

os conceitos emitidos em entrevistas e artigos refletem unicamente à opinião de seus autores. a posição desta revista é de total isenção, tendo como objetivo a livre exposição de ideias.

6 EstaNdE notas do mercado

8 ENErgIafontes alternativas já são vistas como opção

10 JoEL LEItE“o brasileiro percebeu que podia exigir mais dos fabricantes”

14 traNsportE rodovias e ferrovias para integrar o País

17 artIgo o muro invisível entre o IDH e a cidadania

20 cruzEIrosquase 800 mil passageiros navegaram pela costa brasileira na temporada 2010/2011

22 produtos HaLaLa Quatá teve linha de queijos certificados para público muçulmano

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5 Novembro de 2013 Chams BusiNess

ESPECIALO BRASIL NA MARCA DA CAL

24 mINIstro gastão VIEIra “há hoje 15 aeroportos em obras nas cidades-sede”

26 markEtINg EsportIVo a Copa será a ‘prova dos nove’

30 rIVELLINo “o futebol está nas mãos dos empresários, que não entendem nada de futebol”

32 pIratarIa fez o Brasil perder R$23,8 bilhões no último ano

35 EstaNdE notas do mercado

36 HENry maksoud NEto “não estamos preocupados com a Copa”

40 HotéIs o Brasil dos 460 mil leitos

46 roBErto duaILIBI “as marcas já não tem mais donos”

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6 Chams Business novembro de 2013

SeR dono de um negócio é um ótimo negócioPesquisa recentemente divulgada pela Endeavor — principal insti-tuição mundial de seleção e apoio a empreendedores de alto impacto — mostra que 76% da população brasileira quer abrir um negó-cio próprio. Na última edição da ChAMs BusiNEss foi feita análise do segmento de franquias, uma porta de entrada interessante para quem quer “andar com as próprias pernas”. só para se ter ideia, há franquias de vários segmentos com investimentos que se encaixam em diferentes perfis, partindo de R$ 15 mil até a casa dos milhões. Ter uma franquia também é sinônimo de maior segurança. segundo o sebrae, a taxa de fechamento de unidades de franquias no País é de apenas 5%, após dois anos de existência. Além disso, o setor vem mantendo taxas de crescimento de dois dígitos nos últimos dez anos. Os bons números não param. Em 2013 a Associação Brasileira de Franchising (ABF) prevê crescimen-to de 10% para o setor. Em 2014, a entidade aposta que negócios em alimentação, prestação de serviços, educação e limpeza e higienização serão os alavancadores de números ainda mais positivos.

PaRa quem queR comPRaR um imóvel em dubaiO mundo árabe, sem dúvida, é um mercado de enorme potencial, em todos os setores e não podia ser di-ferente com o mercado imobiliário. De olho em potenciais comprado-res e investidores, o Departamento de Terras de Dubai (DLD, na sigla em inglês), lançou o site eMart (www.emart.gov.ae) que visa a venda e a locação de imóveis no emirado. A ideia do site é fomentar o mercado local, atrair mais inves-timentos estrangeiros e facilitar os trâmites para as transações. O en-dereço permite que proprietários e profissionais do mercado listem suas unidades e as negociem por meio de vendas diretas ou leilões. Todas as negociações realizadas po meio do eMart seguem regras e leis estabelecidas pelo Depar-tamento de Terras de Dubai. Por ora só estão disponíveis imóveis residenciais, mas, com o tempo, o site terá imóveis comerciais como escritórios, lojas, showrooms e estacionamentos, além de vilas e terrenos, entre outros tipos. Todas as transações financeiras serão processadas pela plataforma de pagamentos Noqodi. Os com-pradores têm opção de fazer o pagamento por meio de cartões de crédito ou transferência bancária para as instituições associadas ao Noqodi – Emirates islamic Bank, Emirates NBD, Commercial Bank of Dubai, Abu Dhabi islamic Bank e Mashreq Bank. (Fonte: ANBA)

bRaSil bate RecoRde de tuRiStaSA Copa do Mundo ainda nem começou e o Brasil já mostra que está preparado parta receber maior número de turistas em nosso território. O instituto Brasileiro de Turismo (Embratur) anunciou que o País acaba de bater seu próprio recorde de visitantes estrangeiros em um ano — e olha que 2013 ainda não terminou. segundo o ór-gão, até este mês, entraram no país mais de 6 milhões de turistas. Esse montante superou a marca dos 5 milhões que durava desde 2005. De acordo com o levantamento, esse aumento foi devido aos even-tos realizados este ano, a Copa das Confederações e a Jornada Mun-dial da Juventude. só a JMJ, que contou com a visita do Papa Fran-cisco, trouxe mais de 2 milhões de estrangeiros ao Brasil. De acordo com Flávio Dino, presidente da Embratur, a média de crescimento brasileira está acima da mundial, 5%, contra 3%. há um cresci-mento constante acelerado, ainda mais pelos eventos. O impacto dos megaeventos é indiscutível", afirmou Flávio Dino o presidente da Embratur. A América do sul ainda é a maior origem de turistas, com destaque para os argentinos, seguida, na ordem, da Europa, América do Norte, Ásia, África, Oceania e América Central.

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eStandeNOTAS dE mERcAdO

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7 Novembro de 2013 Chams BusiNess

goveRno autoRiza conceSSão de cinco PoRtoSA secretaria de Portos (sEP) do Governo Federal anunciou nesta segunda-feira a autorização da concessão de cinco novos Terminais de uso Privado, localizados em Ni-terói (RJ), Porto Belo (sC), Guarujá (sP), são João da Barra (RJ) e santos (sP). Os terminais são os primei-ros concedidos após a entrada em vigor do novo marco regulatório do setor portuário, de junho de 2013, e vão movimentar carga geral, passa-geiros e granéis sólidos.A sEP informou que também estão em análise final, na Agência Na-cional de Transportes Aquaviários (Antaq), autorizações para terminais privados no Espírito santo (Ara-cruz), Pará (Barbacena, itaituba e Juriti), Amazonas (três terminais em Manaus), Bahia (dois em ilhéus) e Rondônia (Porto Velho). A estima-tiva é que os 15 empreendimentos gerem investimentos aproximados de R$ 6,4 bilhões. segundo a sEP, de agora em diante, o fluxo de conces-são de terminais será contínuo, a partir da manifestação do interesse privado e da disponibilidade de área. (Fonte: Agência Brasil)

bRaSil maioRO Brasil pode ter mais 363 muni-cípios nos próximos anos. Essa é a estimativa do instituto de Pesquisa

Econômica Aplicada (ipea) que recentemente divulgou pesqui-sa na qual foi considerada que a promulgação do projeto de lei nº 98, de 2002, que permite a criação de novas cidades. De acordo com técnicos do instituto, que teve como base pesquisa em sites de Assembléias Legislativas de 19 estados, no total foram contabiliza-dos 475 pedidos. Mas como a Lei impõe limites populacionais para os novos municípios e para os remanescentes da emancipação, o número de processos que atendem aos requisitos caiu. O estado que conta com mais pedidos é o Piauí, com 80 processos, mas somente 49 cumprem os pré-requisitos. O Acre fica em último, com quatro proces-sos. Entre os estados que cumprem os requisitos, a Bahia tem mais pedidos, 52.

o exemPlo vem de minaS geRaiShá dez anos o estado de Minas Gerais mostra que é possível, sim, desburocratizar e descom-plicar a vida das empresas. O Descomplicar, programa mineiro de desburocratização, completou dez anos em 2013, e o balanço é altamente positivo, principal-mente para as pequenas e médias empresas. Além de reduzir o tempo de abertura de empresas de 45 para seis dias, aumentou

para 37% a participação de PMEs nas compras governamentais, por meio da compra exclusiva de bens e serviços por secretarias e autarquias do governo. só em 2013, as PMEs forneceram quase R$ 562 milhões ao governo de Minas. Mas não são só as empre-sas que ganharam. A desburocra-tização das relações entre Estado e cidadãos também foi alvo do Descomplicar. Desde 2010, a expansão da rede de atendimen-to ao cidadão passou a ser feita por meio de Parcerias Público-Privadas. Com isso, O índice de satisfação do cidadão atualmente é de 99,3%, e o tempo médio de espera caiu de 46 para 12 minu-tos. Que o exemplo seja seguido em todas as esferas.

PaíS Já Pagou maiS de R$ 1,5 tRilhão em imPoStoSNem tudo no Brasil é boa no-tícia. segundo a Associação Comercial de são Paulo (ACsP), o brasileiro pagou este ano mais de R$ 1,5 trilhões em impostos. segundo o impostômetro, reló-gio instalado na sede da entida-de, cada brasileiro, em média, pagou quase R$ 8 mil de carga tributária, até o fechamento desta edição. Ou seja, até o final do ano, esse número deverá ser maior. Em 2012, segundo o levantamento, o brasileiro pa-gou R$ 1,56 trilhão. O primeiro impostômetro foi instalado em 2005 com finalidade de cons-cientizar a sociedade do valor financeiro da carga tributária anual, chamando a atenção para a precária contrapartida dos serviços públicos oferecidos à população. Quem quiser acom-panhar as diversas mudanças, pode acessar o siteimpostome-tro.com.br e acompanhar (e la-mentar) o relógio em tempo real.

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8 Chams Business novembro de 2013

‘Brasil, país que me seduz, de dia falta água e de noite falta luz’. A trovinha é uma brincadeira do passado que relatava, em rima, uma realidade de muitas cidades brasileiras de todos os portes. O País progrediu, a forma de se ter energia também, mas os riscos de novos colapsos nunca saíram da cabeça da população, que, vira e mexe, ressuscita os versos.

Na década de 1990 o Brasil co-meçou a sofrer crises de apagões, mas uma das piores acorreu entre 2001 e 2002, que afetou o forneci-mento e distribuição de energia elétrica em todo o País, sendo causado por falta de chuvas, que deixaram várias represas vazias. segundo especialistas do governo, o Brasil não corre mais esse risco

o rEcEIo dE NoVos coLapsos dE ENErgIa No país aINda toma coNta dE EmprEsárIos E popuLação. goVErNo garaNtE quE a Luz Não sE apagará.

nas de Belo Monte, (5.500 MW), Te-les Pires (1.820 MW) e sinop (6.000 MW). somam-se a estas, outras de médio porte, como Dardanelos e Mauá (261 e 361 MW, respectiva-mente), ambas já implantadas.

Além dessas instalações, há a pre-visão de novas pequenas centrais (entre 1,1 MW e 30 MW de potên-cia instalada) instaladas em quedas d’águas e que, no geral, abastecem centros consumidores no entorno — inclusive unidades industriais e co-merciais — o que facilita o transpor-te da energia. Nos últimos oito anos, de 2005 até 2012, foram outorgadas pela Agência 139 autorizações para novas Pequenas Centrais hidrelétri-cas. Ou seja, nos próximos anos — e principalmente nos grandes eventos que virão —, estamos tranquilos.

de grandes faltas, mas o fato pode ocorrer em pequenas proporções.

De acordo com a Agência Nacio-nal de Energia Elétrica (Aneel), in-terrupções pontuais podem acon-tecer, tendo em vista que o sistema não é infalível, porém ela trabalha e fiscaliza para que elas não ocorram, principalmente interrupções de grande magnitude. A Agência não trabalha com a hipótese de apagão/racionamento como os ocorridos no passado, uma vez que que a reali-dade daquela época era outra, de uma oferta menor de energia. Nos últimos anos foram outorgadas di-versas usinas hidrelétricas — entre as quais, santo Antônio, licitada em 2007, com capacidade instalada de 3.150 MW; Jirau, licitada em 2008, com 3.300 MW de potência, e as usi-

A luz

NO fim dO TúNEl

ContinuArá ACesA

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9 Novembro de 2013 Chams BusiNess

atenção e PRevençãoMas de qualquer maneira, falhas

podem ocorrer e o sistema está se preparando para evitar futuros colapsos. De acordo com a Aneel, além do incremento da matriz ener-gética, com realização de leilões e construção de usinas, a agência cumpre com sua obrigação de fis-calizar a prestação dos serviços de eletricidade, nos segmentos de ge-ração, transmissão e distribuição de energia elétrica, aplicando multas regularmente quando o processo de fiscalização identifica compor-tamentos conflitantes com o regra-mento estabelecido no marco regu-latório em vigor. Tais sanções tem caráter coercitivo e visam induzir as concessionárias de serviço pú-blico na direção das boas práticas regulatórias.

Está em desenvolvimento na Agência a ampliação das atividades de acompanhamento e monitora-

mento da prestação dos serviços de transmissão e distribuição de ele-tricidade. Trata-se de ação comple-mentar ao processo punitivo e visa identificar e corrigir tendências que possam levar à degradação dos ser-viços prestados antes que os proble-mas estejam caracterizados. Tal meta está alinhada à busca continuada da melhoria da prestação dos servi-ços de transmissão e distribuição de energia elétrica, a fim de aumentar a segurança e a qualidade dos serviços prestados aos consumidores.

alteRnativaS bem-vindaS

O bom é que o Brasil não depende somente da energia tradicional, elé-trica, vinda de usinas. As energias alternativas, como a eólica e solar, por exemplo, já são vistas como op-ção, apesar de ainda não serem am-plamente exploradas em seu poten-cial. A Aneel entende que são boas

opções, e tem promovido leilões para contratação de energia eólica. Atualmente, ela representa 1,71% da matriz energética brasileira, mas pode crescer. A oferta principal de eólica é no Nordeste, por ser uma região onde há bastante vento. Já a solar é mais cara, porém interessan-te devido à grande incidência de sol no Brasil. A Aneel promoveu recen-temente uma chamada pública para incentivar projetos nessa área.

O brasileiro não precisa mais ter em casa um estoque de velas ou de pilhas. A situação é diferente e os versos simpáticos da antiga trovi-nha, felizmente, só ficaram na lem-brança. Mas é bom lembrar que so-mos um País com grande território e que essa realidade é mais concreta em grandes centros. Regiões mais distantes sofrem ainda com o pro-blema, mas a tendência é que, nos próximos anos, isso mude. Pelo me-nos é o que se espera.

Santo Antônio também no rio madeira, na cidade de porto Velho. Em novembro de 2016, estará totalmente concluída, operando as 50 turbinas instaladas

Jirau no rio madeira, a 120 km de porto Velho, é considerada uma inovação por alagar uma área menor que outras usinas

Belo Monte está sendo construída no rio xingu, na cidade de altamira, no pará

Teles Pires, no rio teles pires, afluente do rio tapajós, na fronteira dos estados do pará e mato grosso

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hidrelétricas outorgadas nos últimos anos

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e n t r e v i s t a

10 Chams Business novembro de 2013

BRASILEIRO ExIgE

MAIS E DEIxA DE

LADO O SIMPLES E

BARATO. PRóxIMO

PASSO PARA O SETOR

AUTOMOTIvO é

UNIR O CONfORTO

ExIgIDO A PREçOS

MAIS ACESSívEIS.

PARA O AlTO E AvANTE, SemPRe de caRRo

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j o e l l e i t e

11 Novembro de 2013 Chams BusiNess

Entre o final da década de 1980 e começo da de 1990, o Brasil vivia uma realidade de não abertura das importações, em qualquer setor. Se pudermos citar uma coisa boa do governo collor [fernando collor de mello, presidente do Brasil, que sofreu impeachment em 1992] foi a abertura do País às importações. A indústria automobilística foi uma das maiores beneficiadas.

Até essa data, o brasileiro esta-va acostumado às cerca de quatro grandes montadoras (Volkswagen, Ford, GM/Chevrolet e Fiat — que ainda representam, juntas, 60% do mercado brasileiro) e poucas meno-res, fruto de insistência de empre-sários brasileiros, como a Gurgel, e a importações feitas pessoalmente pelo próprio consumidor, a custos altíssimos. Esse quadro mudou e, hoje, o cenário é bem diferente. Ro-dam no País 49 marcas, 300 mode-los e 1,2 mil versões. O brasileiro vive um momento importante no qual a evolução de vendas cresce em torno de 15 a 20% anualmente, e a produção também. "se eu tives-se ideia para onde a indústria auto-mobilística vai, ficaria rico." Assim resume o momento o jornalista Joel Leite, um dos maiores especialistas no setor no Brasil.

Ele trabalhou durante 12 anos no Jornal do Carro, então suplemento do Jornal da Tarde e, hoje, do Esta-dão. Passou por diversas redações e criou a Agência de Notícias Au-toinforme, que responde pelos sites Auto informe e Eco informe. hoje, apresenta o Boletim Autoinforme, nas rádios Bandeirantes, Band-News e sul América Trânsito, além de ter suas colunas publicadas em vários veículos. Ou seja, sobre carro tem muito que falar.

Para ele, o mercado atual é mar-cado pela versatilidade, e o Brasil vive um momento de crescimen-to moderado, o que deve ser uma tendência para os próximos anos.

segundo ele, durante a crise eco-nômica mundial, no início dos anos 2000, enquanto outros países se re-traiam, o Brasil cresceu economica-mente, em todos os setores. O de automóveis foi um deles. Éramos o 19º mercado mundial e hoje somos o quarto em consumo, passando players importantes, como a Alema-nha. E mais, em produção, estamos em sétimo lugar. De 2005 a 2012, enquanto a média mundial de cres-cimento foi de 25%, no Brasil foi de 122%. só a China, Arábia saudita e Índia cresceram mais.

Essa virada se deu a partir de 2006, quando começaram a chegar por

aqui montadoras chinesas, coreanas e francesas, que abriram fábricas em diversos estados, melhorando a economia de diversas localidades. isso, segundo ele, gerou um fenô-meno que não se via no passado: a infidelidade (no bom sentido). O consumidor, que era apegado a uma marca e suas características mais fortes e tinha suas preferências, ga-nha opções. Ele abre o olho e passa a escolher o que tem de melhor, de acordo com seus próprios critérios: conforto, luxo, economia, praticida-de, potência etc.

"Com a revolução da informática, a tecnologia ficou acessível a todos. hoje, tecnologia não é mais segredo de uma única marca, pois quem de-termina isso é o mercado. O produ-to a ser feito, oferecido e comprado depende do padrão que o consumi-dor deseja. Não é mais imposto pe-las montadoras. Foi uma mudança de paradigma", explica Leite.

atendimento e fidelizaçãoisso fez com que as características

mais marcantes — e os diferenciais — de um fabricante acabassem. Ou

seja, se o consumidor sabia, por exemplo, que um GM era mais mo-derno, que um Volks era mais forte, que a Fiat tinha carros com maior espaço interno e a Ford, os mais lu-xuosos, isso, atualmente, está espa-lhado por todas as marcas, e é pos-sível encontrar essas características em todas as marcas e modelos. "Cla-ro que cada marca tem sua identida-de, mas não são grandes diferenças, como no passado", afirma.

hoje o grande diferencial está, sim, no atendimento. É esse conta-to direto com o comprador que vai determinar o sucesso e a fideliza-ção de um modelo ou de uma mar-

ca. hoje se pensa no pré-venda, na venda e no pós-venda. Tecnologia é uma commodity. Atendimento e contato é que determinam o di-ferencial de uma fábrica. "O rela-cionamento está por trás de tudo, inclusive o sucesso."

De acordo com o jornalista, pes-quisas mundiais mostram que o brasileiro é um consumidor infiel. Ele troca facilmente uma marca pela outra, se ele encontrar o que procura por preço mais interessan-te. Cabe a cada empresa fidelizar esse consumidor. As empresas que aqui estavam antes da abertura do mercado não tinham essa pre-ocupação, pois não havia opções. A entrada das chinesas mudou o cenário, abrindo um leque de op-ções que acabou com a afetividade do consumidor. "O brasileiro acor-dou e percebeu que podia exigir mais dos fabricantes, que por sua vez, tinham de 'ganhar' esse com-prador, que começava a ter maior poder de compra", diz.

Apesar disso, o brasileiro — e muitos apaixonados por carro pelo mundo todo — é apegado a deter-

"O BRASilEiRO AcORdOu E PERcEBEu quE POdiA ExigiR mAiS dOS fABRicANTES, quE POR SuA vEz, TiNhAm dE ‘gANhAR’ ESSE cOmPRAdOR, quE cOmEÇAvA A TER mAiOR POdER dE cOmPRA"

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e n t r e v i s t a

12 Chams Business novembro de 2013

minadas marcas e modelos, ainda mais se elas também são fiéis a elas na entrega. um exemplo disso é o Golf, da VW, que é um ícone, mes-mo que não seja um modelo que chama tanta atenção nas ruas. um dos primeiros modelos importa-dos a entrar no País, sempre foi um carro visto como versátil, moderno e tecnológico. isso explica a razão do sucesso de vendas desde seu lançamento, ainda como importa-do. Agora, com uma geração ainda mais moderna e tecnologia, o su-cesso continua. Dentro de sua faixa, está entre os mais vendidos. "A fi-delização está mais pelo padrão do carro do que pela marca", afirma.

"A mudança de mercado fez com que tudo mudasse. A entrada dos chineses, em nichos mais popula-res, sacudiu o segmento. Os carros populares mudaram o mercado. Dos médios para cima, era normal ter tudo. As montadoras chinesas chegaram com populares equipa-dos. O mercado brasileiro — e o consumidor — começou a mudar a partir daí", lembra Leite. Mesmo assim, os chineses não ‘estouraram’ em vendas. O lobby das maiores montadoras inviabilizou isso. O governo atuou impondo impostos mais altos, o que impossibilitou um crescimento maior dessas marcas. Mas elas se mantêm, pois o merca-do brasileiro é importante para elas.

custo brasil no carro tambémuma das maiores reclamações do

brasileiro é o custo de um carro no Brasil. Tirando o nicho de carros de altíssimo padrão, como Ferraris, por exemplo, na média, o mesmo modelo no Brasil é muito mais caro que em outros países. As próprias montadoras, conforme Joel Leite, não explicam isso. Em sua pesquisa ele ouviu dos próprios presidentes das empresas, que o brasileiro paga mais caro por qualquer carro, mas eles não justificam. Eles, os presi-dentes, afirmaram que não veem

motivos para baixar os preços, pois o mercado brasileiro aceita. "Para eles, a lucratividade do mercado brasileiro é maior, o brasileiro com-pra, por isso não precisam baixar os valores de venda", conta.

Ele acrescenta que nessa pesqui-sa — que virou uma grande repor-tagem — os empresários foram ca-tegóricos: “Por que baixar o preço se o consumidor paga?”, explicava um executivo. Ou seja, não só no

setor de automóveis, o brasileiro paga mais caro, como não briga para mudar esse cenário. Ou seja, se quem compra não liga, por que quem vende vai ligar?

De acordo com ele, a razão de ser o carro mais caro do mundo é o chamado Custo Brasil, que é a alta carga tributária somada ao custo do capital, que onera a produção. "Mas o grande vilão dos preços não são os impostos, mas o lucro que as montadoras querem ter. Em nenhum país do mundo, onde a indústria automobilística tem um peso importante no PiB, o carro custa tão caro para o consumidor como no Brasil, mesmo em carros fabricados aqui", assegura.

Mas o consumidor começou a acordar para isso, não só na compra do seu carro. O novo consumidor, a chamada Classe C emergente, co-meça a se tocar e se revoltar. Ou seja, ele, em um futuro próximo, é quem determinará essa mudança. O acesso faz com que esse consumidor tenha mais opções. “Essa parcela da popu-lação é quem está comprando essas novidades e sendo responsável por sucessos de venda que antes eram

impensáveis. A demanda fará com que o mercado mude. "Essa parcela é a mais infiel. Ela quer comprar o melhor, dentro de suas possibilida-des e troca facilmente de modelo, de marca. O fator preço é fundamental para isso. Ou seja, se as montadoras não mudarem esse pensamento, não terão sucesso", afirma.

O brasileiro quer melhorar. Por exemplo, há alguns anos, os carros populares representavam 57% do

mercado, hoje mal chegam a 40%. O responsável por isso é justamente essa parcela de consumidores ‘infiéis’. Ele não quer um segundo carro mais barato, ele quer o único, melhor. "Ou as montadoras percebem isso logo, ou não atenderão mais esse consumidor, que trocará facilmente por um carro/marca mais confortável, mas mais barato", garante.

Enfim, o mercado brasileiro, que passou por um boom do mercado, vive um momento bom, com cres-cimento real, paulatino, e isso deve ser assim daqui para frente. A gran-de vantagem do Brasil em compara-ção a outros países é que passamos ao largo da crise mundial. O setor de automóveis sobreviveu, pois en-tendeu o potencial do nosso mer-cado. "Quem quer vender bem no Brasil — e muitas empresas estão entrando no País — tem de saber entender e atender o consumidor daqui. O consumidor mudou, mas o mercado também. só desperta-rá o interesse do comprador daqui quem oferecer mais para ele. E não e só a venda interna, o Brasil é um ponto de exportação para a Améri-ca Latina", conclui Joel Leite.

"A ENTRAdA dOS chiNESES, Em NichOS mAiS POPulARES, SAcudiu O SEgmENTO. OS cARROS POPulARES mudARAm O mERcAdO. dOS médiOS PARA cimA, ERA NORmAl TER TudO. AS mONTAdORAS chiNESAS chEgARAm cOm POPulARES EquiPAdOS. O mERcAdO BRASilEiRO — E O cONSumidOR — cOmEÇOu A mudAR A PARTiR dAí "

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transporte

14 Chams Business novembro de 2013

O BRASil AiNdA cREScE POR ROdOviAS?

“Governar é construir estra-das”. Essa frase é de Washing-ton Luis, que foi presidente do Brasil entre 1926 e 1930, mas foi proferida quando ainda era presidente do Estado de são Paulo (antigo nome do cargo de governador). A frase correta foi “Governar é povoar; mas, não se povoa sem se abrir estradas, e de todas as espécies; Governar é, pois, fazer estradas!”.

À época, ele foi muito critica-do pelos seus adversários que eram contra essa novidade, as estradas, chegando a ser chama-do de ‘General Estrada de Boba-gem’, um trocadilho com ‘Estra-

apEsar dE sEr uma opção, o traNsportE modaL, No BrasIL, aINda Não é uma rEaLIdadE Em todo o tErrItórIo NacIoNaL. muIto aINda sE tEm para crEscEr.

da de Rodagem’. Essa tradição ‘estradeira’ de Washington Luis ficou arraigada nos governa-dores futuros, inclusive sendo intensificada e, hoje, são Paulo é o Estado com maior número de estradas, sejam locais (ou vi-cinais, que ligam cidades), esta-duais ou federais.

No País, de certa forma, esse conceito também vingou e o Brasil construiu estradas, mas, em compensação, esqueceu ou relegou outros modais a um segundo plano. Na década de 1970, por exemplo, os gover-nos militares desbravaram o País por meio de rodovias. Os

maiores exemplos foram a BR-230, conhecida como Transa-mazônica; a BR-174, que liga Manaus a Boa Vista; a BR-210, conhecida com Perimetral Nor-te; e a BR 163, que liga Cuiabá (MT) a santarém (PA). Essas es-tradas fizeram parte do Plano Nacional de integração (PiN), instituído pelo presidente Emí-lio Garrastazu Médici, em 16 de julho de 1970, e que também previa que 100 quilômetros em cada lado das estradas a serem construídas deveriam ser desti-nados à colonização. A intenção do governo era assentar cerca de 500 mil pessoas em agrovi-

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15 Novembro de 2013 Chams BusiNess

las que seriam fundadas. Mas isso só ficou no papel. Já ferro-vias e hidrovias nunca foram o forte do País, mesmo sendo meios mais interessantes, mais baratos e com menores perdas para quem os utiliza.

hoje, Governo e iniciativa pri-vada tentam tirar essa ‘herança’ dos projetos de modais e, ao mesmo tempo, fazer com que o Brasil cresça fora das rodovias. Mesmo que isso demore ainda alguns anos, algo está sendo fei-to. Durante muitos anos o Brasil pouco investiu na infraestrutu-ra de transportes. A partir dos anos 90, o governo deu início ao programa de transferir à inicia-tiva privada a concessão de ro-dovias federais.

Pesquisas feitas pela Confede-ração Nacional dos Transportes (CNT) mostram a situação das rodovias federais exploradas pela iniciativa privada em com-paração à malha existente em outros países. De acordo com o levantamento, denominado Pesquisa CNT de Rodovias e realizado desde 1996, cerca de 65% da movimentação de car-

gas e 90% da movimentação dos passageiros ocorrem pelas rodo-vias. Apesar disso, 63,8% da ex-tensão avaliada apresentam al-guma deficiência no pavimento, na sinalização ou na geometria da via. Foram pesquisadas toda a malha federal pavimentada e as principais rodovias estadu-ais, em um total de 96.714 km avaliados em 30 dias de coleta em campo. Em 2012, o índice havia sido de 62,7%. Também aumentaram os pontos críticos, passando de 221 para 250. são consideradas como pontos críti-cos situações que trazem graves riscos à segurança dos usuários, como erosões na pista, buracos grandes, quedas de barreira ou pontes caídas.

FeRRoviaS e hidRoviaSApesar do volume desse tipo

de modal, o Brasil não é só estra-das. Para ampliar e melhorar o sistema de transporte ferroviário de carga, foi lançado em agosto de 2013 o Programa de investi-mentos em Logística: Rodovias e Ferrovias (PiL). O Programa inclui um conjunto de projetos que contribuirão para o desen-volvimento de um sistema de transportes moderno e eficiente e serão conduzidos por meio de parcerias estratégicas com o setor privado, promovendo-se sinergias entre os modais rodo-viário, ferroviário, hidroviário, portuário e aeroportuário.

No setor rodoviário, o pro-grama prevê a concessão de 7

quaSe 60 anoS de oPção Pelo tRanSPoRte RodoviáRio não Se Jogam Pelo Ralo. a bR-116, movimentada Rodovia que liga aS RegiçõeS Sul e SudeSte, Recebe duPlicação em obRa do goveRno FedeRal

obRaS de conStRução da FeRRonoRte, que abRange oS municíPioS de alto aRaguaia, PedRa PReta, RondonóPoliS e alto gaRçaS, no eStado do mato gRoSSo (outubRo de 2012)

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transporte

16 Chams Business novembro de 2013

mil km de rodovias. O investi-mento estimado é de R$ 46 bi-lhões. Já no setor ferroviário, o programa prevê investimentos de R$ 99,6 bilhões em constru-ção e/ou melhoramentos de 11 mil km de linhas férreas.

suas diretrizes principais prevêem uma rede ferrovi-ária ampla, moderna e inte-grada; cadeias de suprimen-tos eficientes e competitivas; modicidade tarifária; respon-sáveis pela infraestrutura, si-nalização e controle da circu-lação de trens. O programa contempla um novo modelo, em que os concessionários te-rão concessão pelo prazo de 35 anos, e contemplará fer-rovias de bitola larga (1.600 mm) com alta capacidade de carga e traçado geométrico otimizado que permita maio-res velocidades (80 km/h).

Para o setor de hidrovias,

‘muita água há de correr sob essa ponte’. Comparativamen-te aos outros sistemas, o Brasil pouco vê necessidade de se olhar para rios como meios de transporte de carga.

Apesar de o País ter um transporte hidroviário inte-ressante, dividido nas mo-dalidades fluvial e marítima, com um total de 4 mil quilô-metros de costa atlântica na-vegável, além de milhares de quilômetros de rios, o modal foi deixado de lado pelo PiL. Pode-se entender esse esque-cimento pelo fato das hidro-vias serem muito periféricas, pois não passam por grandes centros produtores ou con-sumidores. Dessa forma, a prioridade é criar uma malha ferroviária mais robusta.

De acordo com especialis-tas, o sudeste e o sul do País tem potencial para se aprovei-

tar esse tipo de modal. Porém, para se aproveitar melhor es-sas vias navegáveis, é neces-sária a construção de eclusas, grandes obras de dragagem e, principalmente, de portos que possibilitem a integração inter-modal, que, infelizmente, não foram contempladas no PiL.

O que pode servir de alento é que poucos países usam esse tipo de transporte. um bom modelo pode ser os EuA, com o Rio Missisipi. O que se deve, sim, é pensar no futuro. Como a Copa do Mundo, de certa for-ma, resvala em todos os setores, o que se espera é que o legado dos grandes eventos (incluin-do-se as Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro) também se reflita nesse segmento. O Brasil precisa mudar e essa mudança, necessariamente, passa pelo transporte, seja pelas estradas, ferrovias ou hidrovias.

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17 Novembro de 2013 Chams BusiNess

comPaRativo

Desde 1991 — ano em que o PNuD (Programa das Nações unidas para o Desenvolvimento) passou a medir o iDh dos municí-pios brasileiros — são Caetano do sul goza de sua glória de campeã.

A pequena cidade da Grande são Paulo, quando não ocupa o posto mais alto, acotovela-se entre as primeiras colocações. Não à toa, já que o pequeno polo industrial colonizado por italianos possui or-çamento de quase R$ 900 milhões para ser aplicado em uma área de 15 km2. O resultado é uma cidade relativamente bem resolvida, prin-cipalmente em comparação com as do ABC Paulista ou de outras re-giões metropolitanas que também ostentam boas posições no ranking brasileiro de Índice de Desenvolvi-mento humano Municipal.

Entre os dez maiores iDhs do País, o estado de são Paulo abo-canha quatro posições, santa Ca-tarina três, sendo que uma delas divide com o estado do Espírito santo, enquanto as três restantes ficam com os estados do Rio de Janeiro, Paraná e Distrito Federal.

um olhar mais superficial colo-ca a pequena cidade do ABC pau-lista no mesmo patamar das ou-tras. Porém um observador mais atento aos números das cidades

O muRO iNviSívEl ENTRE O idh E a cidadania

no banco de dados do iBGE per-cebe que, neste seleto grupo, são Caetano do sul apresenta também o menor índice de desigualdade. No Mapa de Pobreza e Desigual-dade, figura com índice de Gini de 0,36, o mesmo de Joaçaba, o pe-queno município catarinense que ostenta o sétimo iDh do País. Mas embora são Caetano e Joaçaba te-nham iDhs tão parecidos — res-pectivamente 0,862 e 0,827 — e o mesmo coeficiente de Gini, há sim maior façanha do município pau-lista, que mantém baixo índice de desigualdade com PiB per capita

112% maior que o do município catarinense.

Comparando ainda com as vizi-nhas santo André e são Bernardo do Campo, são Caetano do sul é certamente a mais bem resolvida das três do ABC Paulista. há total cobertura de saneamento básico, boa iluminação pública, saúde pú-blica acima da média, assim como o sistema educacional, que além do Fundamental, possui Fatec e universidade municipal. A pavi-mentação é de qualidade e alcança a totalidade das ruas, dado bastan-te coerente com a frota de automó-

micAElA fAjuRi B. fERRAz

ARTigO

IdHíndice de gini

pIB per capita

0,862

0,36

73.605,89

0,827

0,3634.766,58

*Fonte IBGe

São Caetano do Sul/SP

Joaçaba/SC

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18 Chams Business novembro de 2013

veis, caminhonetes e camionetas de 0,95 por habitante maior de 20 anos em um município de 15 km2 (essa mesma relação cai para 0,76 em santo André, 0,74 em são Ber-nardo e 0,69 na capital são Paulo). Em um dos quesitos de acessibili-dade, são Caetano também é um ponto fora da curva: aproxima-damente 43% dos domicílios par-ticulares permanentes possuem rampas para cadeirantes em seu entorno, contra os 5% de santo An-dré e são Bernardo e 8% da capital.

Não é só o iBGE que traz são Ca-etano do sul em alta conta. No Ín-dice de Bem Estar urbano (iBEu), estudo do Observatório das Metró-poles, está entre as quatro primei-ras no ranking geral. Nos quesitos ‘atendimentos coletivos’ e ‘infraes-trutura urbana’, figura na segunda e primeira posições, respectiva-mente. Porém, no mesmo relató-rio, considerando a mobilidade ur-bana, vai para o 169º lugar das 289 ranqueadas.

um RedeSenho caótico uRbano

Mas ser o primeiro iDh do Brasil sem políticas públicas que permi-tam frear a especulação mobiliária tem um preço: cerca de 274 unida-des por km2 em lançamentos ver-ticais, entre 2010 e 2012, segundo o secovi-sP (sindicato da habita-ção). A quantidade relativa supera em 350% são Bernardo e em mais de 650% santo André, que lança-ram respectivamente 78 e 41 uni-dades por km2.

Esta enxurrada de empreendi-mentos imobiliários tem conse-quências. Espaços que antes abri-gavam pequenas casas passam a ostentar enormes edifícios, com ao menos duas vagas por unidade. Novos residentes buscam a quali-dade de vida propagandeada pelo primeiro iDh do Brasil, o que acar-reta aumento de população, frota e, principalmente, um redesenho

caótico da cena urbana local. Casas foram derrubadas indiscriminada-mente para a subida de prédios, onde pessoas se escondem em confortáveis fortalezas verticais. As edificações, por sua vez, com seus altíssimos muros oprimem as calçadas estreitas potencializando, assim, a violência que primeiro os motivou a construir tal muro. Des-sa forma, uma cidade antes calo-rosa tende a tornar-se aos poucos insegura, inóspita e impessoal.

coRtando vínculoSOs critérios que compõe o Índice

de Desenvolvimento humano são bastante limitados: renda, educa-ção e longevidade. um alto iDh

não se converte, necessariamente, em altos níveis de cidadania ou de censo comunitário. A rica cidade do ABC paulista isola seus pobres “pra lá da linha do trem”, em áre-as que repetidamente sofrem com enchentes. Nos cortiços espalha-dos por alguns bairros da cidade, os vizinhos enxergam ameaça e gradeiam seus jardins, cortando-se, assim, o vínculo com a comu-nidade. A violência presente nas grandes cidades não chegou a são Caetano do sul com a mesma for-ça, mas nota-se comportamentos “preventivos”, quando se enxer-ga no outro, de maneira um tanto histérica, uma ameaça ao invés de uma proteção.

lançamentoS imobiliáRioS veRticaiS (2010-2012)

São caetano do SulSanto AndréSão Bernardo do campo

*Fonte: SeCovI-SP

4107 unidades7230 unidades9194 unidades

São caetano do SulSanto André São Bernardo do campo

lançamentoS imobiliáRioS veRticaiS em unidadeS PoR km2 de áRea uRbana

274 unidades / km2

41 unidades / km2

78 unidades / km2

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19 Novembro de 2013 Chams BusiNess

O índice de 0,95 veículos por ha-bitante maior de 20 anos também torna-se significativo quando es-tima-se que apenas cerca de 20% dos residentes exerce trabalhos em outros municípios (embora o va-lor esteja acima da média estadual, aproximadamente 80% da popu-lação reside e exerce atividade em uma cidade que caberia dentro do bairro da Vila Mariana e, ainda as-sim, a imensa frota denota opção pelo transporte individual). Cida-des mais seguras tem vida em suas calçadas, com pessoas caminhando nas mais diversas horas, porque no espaço público há troca, há encon-tro, e dele se alimenta o senso coleti-vo. Ao contrário, utiliza-se o “quase um carro por pessoa” para circular pela cidade que já sente o aumento dos índices de congestionamento — a adoção de rodízio de veículos já é pauta frequentemente discutida pelos jornais locais e pela prefeitura.

Dentro da frota total de mais de 130 mil veículos, o despreparo em lidar com o pedestre é notório. Mo-toristas ignoram faixas de pedestres e as utilizam frequentemente como vagas de estacionamento; pedestres que tentam atravessar em faixas que não possuem farol vivem verda-

deiras aventuras e são longamente ignorados; fregueses de estabeleci-mentos comerciais tradicionais da cidade estacionam em locais proi-bidos, mas agentes de trânsito nada fazem (e não é desprezível citar que sempre há um político influente que frequenta os mesmos locais).

tRadição coRdialO alto poder aquisitivo da cidade

não se traduz em opções culturais diferenciadas. Por cinco anos a cida-de não teve sequer uma sala de cine-ma e atualmente conta com salas de uma grande rede limitada a títulos comerciais. Encontrar uma livraria também foi tarefa árdua por muitos anos, mas atualmente há uma me-gastore também de grande rede. Não é irrelevante o fato de tanto o cine-ma quanto a livraria estarem em um novo shopping center que faz parte de um colossal empreendimento imobiliário de 300 mil metros qua-drados, em construção no terreno de uma antiga fábrica de cerâmica.

No campo político, há relevância no fato do mesmo partido ter es-tado no poder ininterruptamente por 30 anos, sendo que nas elei-ções de 2012 fora derrotado não por uma oposição de fato, mas por

uma dissidência do próprio parti-do governista, mantendo assim os mesmos grupos no poder. Embora haja grande oferta de serviços pú-blicos, estes não são públicos em seu sentido puro, pois nem sempre são distribuídos de acordo com re-gras universais. De seus gabinetes, alguns se sentem os donos do po-der a ponto de lotear benefícios e os distribuir, na melhor tradição cordial, como favores pessoais, angariando a gratidão das “bases” que os perpetuam no poder.

há que se fazer justiça aos nú-meros, e os de são Caetano do sul reluzem entre seus vizinhos. O iDh é uma medida importante, deve ser almejada e sempre me-lhorada. Mas não basta se abraçar a ela como simples indicador de desempenho, pois não revela ní-veis de cidadania, a capacidade de seus residentes trazerem para si a responsabilidade, de se sentirem parte do problema e da solução, de se enxergarem no outro, de se-rem também o vizinho, ao mesmo tempo senhorio e inquilino. Que números podem mensurar cida-dania? humanamente desenvolvi-do, o desafio está em transformar o “h” em “humanitário”.

NOS cORTiÇOS ESPAlhAdOS POR AlguNS BAiRROS dA cidAdE, OS viziNhOS ENxERgAm AmEAÇA E gRAdEiAm SEuS jARdiNS, cORTANdO-SE, ASSim, O víNculO cOm A cOmuNidAdE. A viOlêNciA PRESENTE NAS gRANdES cidAdES NÃO chEgOu A SÃO cAETANO dO Sul cOm A mESmA fORÇA, mAS NOTA-SE cOmPORTAmENTOS “PREvENTivOS”, quANdO SE ENxERgA NO OuTRO, dE mANEiRA um TANTO hiSTéRicA, umA AmEAÇA AO iNvéS dE umA PROTEÇÃO.

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c r u z e i r o s

20 Chams Business novembro de 2013

Viajand pelos

Apesar de ser uma realidade relativamente nova no Brasil, o turismo em cruzeiros tem cres-cido muito por aqui. O País já é o quinto em número de turis-tas transportados em cruzeiros marítimos no mundo. segundo dados da Cruise Lines inter-national Association (CLiA), divulgados pela Associação Brasileira de Cruzeiros Maríti-mos (Abremar), na temporada 2010/11, foram transportados 793 mil passageiros pela costa brasileira, o melhor resultado de todos os tempos.

Pode-se dizer que os cruzei-ros marítimos no Brasil, como

forma efetiva de turismo, ti-veram início na década de 1960 (o que havia antes eram alguns roteiros esporádicos, mais para a região Nordeste). Porém, foi somente a partir de 1995 que uma alteração na lei liberou a navegação cos-teira a navios estrangeiros e abriu esse mercado.

Já a partir do ano seguinte, o País começou a receber navios estrangeiros para a exploração dos portos nacionais durante todo o período de verão. As temporadas iam de meados de dezembro ao início de abril, quando os navios retornavam

ao local de origem (geralmen-te Europa, EuA e Caribe), para iniciar novos itinerários.

De lá para cá a coisa toda mudou, fazendo com que o passageiro brasileiro subisse no patamar das empresas que operam esse tipo de turismo. Na última década, por exem-plo, de acordo com a Abremar, houve um considerável au-mento do fluxo de cruzeiros marítimos na costa brasileira, com a ampliação da oferta de leitos nos navios e de rotas por parte dos armadores. De acor-do com o estudo da associação, que levou em consideração a

maReSmodaLIdadE dE VIagEm gaNHa cada VEz maIs INtErEssados No BrasIL E crEscE Em todas as camadas da socIEdadE.

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21 Novembro de 2013 Chams BusiNess

temporada 2010/2011, não só os brasileiros se aproveitaram desses roteiros. Cerca de 100 mil estrangeiros viajaram em 20 navios pela costa brasileira. O Brasil tem condições de cres-cer ainda mais neste segmento.

Os impactos totais (diretos e indiretos dos armadores e dos cruzeiristas) foram de R$ 1,4 bilhão, sendo R$ 893,5 milhões gerados pelos gastos dos armadores com compras de suprimentos, custos portuários e combustíveis, e R$ 522,5 milhões gerados pelos gastos dos cruzeiristas nos portos de embarque/desembarque e de trânsito. Assim como nos hotéis, os navios também recebem uma classificação para determinar o tipo e grau de serviços oferecidos a bordo.

a temPoRada que dePende do Sol

hoje, muitas agências de viagens tem se especializado nesse tipo de viagem. só para se ter ideia, a CVC, maior ope-radora de viagens da América Latina, tem incrementado seu portfólio de cruzeiros para oferecer aos turistas a maior oferta de pacotes marítimos do mercado — pelo Brasil e exterior. hoje, ela conta com mais de 100 navios para aten-der a demanda da temporada 2013/2014. Desses, dez transa-tlânticos realizaram 242 rotei-ros no período, só no Brasil.

um dos destaques dos ro-teiros em águas brasileiras e que sempre resultam em su-cesso são os cruzeiros temáti-cos, focados em dança, saúde,

culinária, rock, bem-estar e até mesmo como extensão acadê-mica, para estudantes de Edu-cação Física, Turismo, Gas-tronomia, Moda, entre outras áreas. Os pontos de partida são santos (sP), Rio de Janeiro (RJ), salvador (BA), Fortaleza (CE), Recife (PE), Natal (RN), João Pessoa (PB) e itajaí (sC).

Os cruzeiros são mais uma opção de turismo para o Bra-sil. um país que pode ser ex-plorado — no bom sentido — por terra e por água, mos-tra que as possibilidades são quase que infinitas. iniciativa privada e governo podem, sim, trabalhar para que esse potencial seja melhor explora-do. há demanda, e o caminho aponta para o crescimento. O mar, está sim, propício.

passageiros foram transportados pela costa brasileira, na temporada 2010/11

793 mil

Os impactos totais (diretos e indiretos dos armadores

e dos cruzeiristas)

r$ 1.4 bilhão

Santos (SP) Rio de Janeiro (RJ) Salvador (BA) Fortaleza (CE) Recife (PE) Natal (RN) João Pessoa (PB) Itajaí (SC)

os pontos de partida são:

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p r o d u t o s h a l a l

22 Chams Business novembro de 2013

Os produtos alimentícios brasileiros sempre tiveram ex-celente aceitação no mundo árabe. Os países dessa região figuram entre os principais im-portadores de gêneros como frango, carnes de maneira ge-ral e produtos agroindustriais. O Oriente Médio não é nosso principal mercado comprador, como a China, EuA e união Européia, mas há espaço para ampliar cada vez mais essa re-lação comercial.

Como prova de que o cam-po é fértil, a Quatá Alimentos recentemente obteve a certifi-cação halal concedida pela Fe-deração das Associações Mu-çulmanas do Brasil (Fambras), sob inspeção da Cibal halal, para seus produtos derivados do leite, principalmente os queijos, sua principal produ-ção, chancelando a intenção da entrada da empresa no mundo islâmico. A palavra ‘halal’ significa ‘lícito’ em ára-be. Portanto, trata-se de muito mais que um produto sendo elaborado com matéria-pri-ma halal, ele é resultado de um sistema de produção que

Queijo brAsileiro no mundo islâmiCoquatá adquIrE cErtIFIcação cIBaL HaLaL Em LINHa dE produtos dIrEcIoNada a púBLIco muçuLmaNo.

busca criar mecanismos que contribuam com a saúde hu-mana, criando equilíbrio sus-tentável em todo o processo dentro das leis islâmicas.

A Quatá fabrica e comerciali-za produtos das marcas Quatá (queijos, leites etc.), Glória (lei-te, leite em pó, creme de leite e leite condensado) e Cristi-na (queijos). segundo Mauro Roberto Afanacio, gerente de Marketing da Quatá, a entra-da nos países muçulmanos é a primeira investida interna-cional da empresa. Eles já co-meçam com um verdadeiro desafio, pois há muitas parti-cularidades que precisam ser entendidas e respeitadas para se comercializar com essa por-ção do globo. se a região ainda é pouco conhecida, os países islâmicos guardam ainda mais detalhes. “Acreditamos que a oportunidade de negócios no segmento de alimentação no Brasil, voltado para o nicho halal, já faz parte da realidade, sendo um cenário que cres-ce significativamente com a quantidade de itens fabricados conforme as diretrizes de algu-

mas doutrinas. Observando o crescimento dessa comunida-de no País e no mercado exter-no, nossa indústria se prepa-rou para fabricar itens voltados a esse consumidor”, explica.

O mundo muçulmano, como se sabe, tem suas peculiarida-des, e esse, talvez, seja o gran-de desafio da empresa. Mas a grande vantagem é que a Quatá não precisou fazer mu-danças ou adaptações em suas linhas para entrar no mercado halal. De acordo com Afanacio, os processos das fábricas já são padronizados, o que permitiu atender todas as exigências para a certificação. “O que po-demos considerar é uma ade-quação recente, relacionada a um ingrediente, onde, ao invés de utilizarmos o coalho de ori-gem animal, passamos a utili-zar um coagulante enzimáti-co”, adiciona.

A Quatá exportará 16 itens — todos queijos — para o novo mercado: gorgonzola, parme-são, minas padrão, mussarela bolinha, mussarela, prato, pra-to cobocó, prato esférico, e os tipos emmental, gruyère, es-

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23 Novembro de 2013 Chams BusiNess

tepe, provolone fresco, reino, gouda e provolonete curado. Os produtos serão comercia-lizados no mercado varejista e industrial, e a empresa tem grandes expectativas já no mé-dio prazo.

aval ReligioSo e de qualidade

Visando o mercado islâmico, foi necessária a Certificação halal concedida pela Fambras. A instituição religiosa, reco-nhecida mundialmente, tem o braço operacional na Cibal halal, responsável pela pres-tação de serviços e auditorias. Ou seja, para entrar nesse novo mercado, qualquer empresa deve obedecer e provar que se-gue critérios de qualidade em sua produção, além de respei-tar todos os quesitos religiosos que esses países exigem.

De acordo com Mohamed El Zoghbi, presidente da Fam-bras, para se obter a certifica-ção, uma empresa que queira entrar nesses países deve pas-sar pela auditoria da Cibal ha-lal. somente após a aprovação da Federação é concedida a ha-bilitação halal e/ou certificado halal. Especificamente para o caso de alimentos, na entidade há dois segmentos: o setor fri-gorífico e industrial. Para o pri-meiro, a empresa deve seguir a norma, passando primeira-mente por auditoria que con-templa requisitos de segurança alimentar: a Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle halal (Appcch). Os interessa-dos devem implantar procedi-mentos halal, que contemplem linha de abate direcionada a Meca, sangradores muçulma-nos e câmaras de estocagem exclusivas. sempre que se for exportar, é emitido certificado a cada embarque.

A auditoria segue o mesmo conceito para o setor indus-trial. A certificação para essa área se divide em duas meto-dologias: matérias-primas (in-gredientes), que passam por auditoria anual, com análises laboratoriais específicas e cer-tificação para a cadeia forne-cedora; e produtos finais, que entram na categoria de acom-panhamento de produção por supervisor muçulmano, tam-bém com emissão de certifi-cado a cada embarque. Espe-cificamente para o segmento de queijos, como os da Quatá, as matérias-primas são 100% halal, garantidas por proce-dimentos de auditorias, bem como acompanhamento de

toda a produção, com monito-ramento e rastreabilidade total do produto.

segundo Zoghbi, os cuida-dos da entidade são muitos. Por exemplo, para habilitação de produtos industrializa-dos, o importante é que seus ingredientes não contenham elementos considerados ilíci-tos pelos muçulmanos, como os derivados do porco, de ani-mais que não foram abatidos conforme a jurisprudência islâmica, de insetos, de seres humanos e de sangue, e tam-bém álcool etílico. Esse rigor não foi empecilho para a Qua-tá, visto que a empresa já tem rigoroso processo de produ-ção e, conforme a certificação, possui conceitos de boas prá-ticas de fabricação e Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle, em concordância com requisitos halal de segu-rança alimentar.

Falando particularmente da Quatá, Zoghbi acredita que a empresa enxergou potencial no mercado e traçou estratégia. “A Quatá certamente realiza pesquisa de mercado e enxer-gou o grande público potencial no Brasil e nos países islâmi-cos. A empresa recebeu a certi-ficação para duas marcas, Qua-tá e Cristina, e para a fábrica de Vazante (MG), mas em breve devem receber a habilitação os demais produtos e plantas”, assegura o dirigente. Tanto Quatá quando Fambras espe-ram excelente retorno. Para a entidade, será a expansão do conceito halal; para a Quatá, a certeza de que entram em um mercado promissor, que conta com mais de 1 milhão de con-sumidores, que pode se mul-tiplicar com facilidade e que movimenta us$ 650 bilhões por ano no mundo.

Roberto Afanacio, gerente de Marketing da Quatá

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e n t r e v i s t a

24 cHams BusINEss Novembro de 2013

O BRASilPREciSA

SeR viSto

EM ENTREvISTA à ChAMS

BUSINESS, gASTãO

vIEIRA, MINISTRO DO

TURISMO, DEfENDE A

NECESSIDADE DE fAzER

O BRASIL AINDA MAIS

ATRAENTE PARA OS

TURISTAS ESTRANgEIROS,

E TAMBéM OS DAqUI.

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g a s t ã o v i e i r a

25 Novembro de 2013 Chams BusiNess

País de dimensões continentais, com um litoral de quase 7,5 mil quilômetros, fora suas riquezas naturais, com biomas diversos, pouco vistos em outras partes do planeta. Apesar disso, o País recebeu 5,1 milhões de visitantes estrangeiros em 2010, apenas o segundo principal destino turístico na América do Sul e o terceiro na América latina, depois de méxico e Argentina. O Best in Travel 2014, classificação anu-al dos melhores destinos feita pelo guia de viagens lonely Planet, classificou o Brasil como o melhor destino turístico do mundo em 2014. mesmo assim, isso não tem se refletido em aumento de turistas no País. O turismo interno tem crescido, mas está muito longe do que se pode esperar. Em entrevista exclu-siva à chAmS BuSiNESS, o ministro do Turismo, gastão vieira, elenca o que governo e iniciativa privada podem fazer para mudar esse cenário.

comparando-se com outros des-tinos, como eua, europa e ásia, o brasil está longe dos turistas? como reverter isso?sim, o Brasil evidentemente está lon-ge da Europa, da Ásia e dos EuA. Esse é um dos motivos de termos nos argentinos 30% dos visitantes inter-nacionais. A França, que tem 80 mi-lhões de visitantes, tira vantagem da posição geográfica privilegiada, no centro da Europa e cercada de países ricos. É claro que não dá para mudar o Brasil de lugar, mas podemos au-mentar o fluxo de turistas estrangei-ros ampliando conexões aéreas entre o Brasil e países cujos habitantes que-remos atrair, como a Rússia, por meio de voos diretos, e estabelecendo po-líticas de multidestinos com outros países da América Latina — roteiros internacionais integrados com nos-sos vizinhos — para aumentar o inte-resse dos turistas estrangeiros.

como está a rede hoteleira nas ci-dades turísticas? e nas que recebe-rão jogos da copa do mundo?O Brasil tem hoje cerca de 464 mil lei-

tos em sua rede hoteleira. Nas cidades-sede, a perspectiva é de mais 26 mil novos quartos acrescentados até 2015.

o total de leitos é compatível com o volume de turistas que o País recebe?É bastante compatível. A taxa de ocu-pação em 2012 ficou em torno de 65%, segundo o Fórum dos Operadores hoteleiros do Brasil (FOhB). O que o setor teme, na verdade, é que haja inclusive excesso de quartos ofertados na Copa em algumas cidades e que isso possa comprometer a rentabilida-de dos empreendimentos.

Por que o turismo no brasil é caro, comparativamente com países que recebem mais turistas?Por vários motivos: um é o câmbio. A valorização recente do Real em rela-ção ao Dólar minou a nossa competi-tividade para os turistas estrangeiros. uma evidência disso é o número de americanos que vinham ao Brasil em 2004, com o dólar a R$ 2,93, e em 2012, com o dólar a R$ 1,91, caiu de 706 mil para 586 mil. Os operadores turísticos também se ressentem de uma carga tributária excessiva e de leis trabalhis-tas muito rígidas. O Governo já está agindo para sanar esses problemas. No ano passado, a hotelaria, as em-presas aéreas e o setor de transporte rodoviário de passageiros entraram no pacote de desoneração de iNss do governo, o Brasil Maior. E os hotéis tiveram abatimento em sua conta de luz, o que tende também a se refletir nos investimentos e na diária. De for-ma geral, o setor hoteleiro respondeu bem às medidas do governo.

como trazer o turista à américa do Sul, inclusive os de países mais distantes?uma possibilidade na qual estamos trabalhando é a política de multides-tinos, mencionada acima. Queremos começar com Cuba, que desde me-ados deste ano passou a contar com um voo direto para o Brasil e atrai muitos turistas russos.

vale a pena construir novos empre-endimentos em razão de grandes eventos?sim, embora, a rigor, os empreen-dimentos que estão sendo feitos no País hoje, excluindo-se alguns ho-téis em cidades mais saturadas, não sejam destinados especificamente à Copa, mas à população.

grandes eventos deixarão legado no turismo?sim. um exemplo são os aeroportos. A expansão na infraestrutura aeroportu-ária é uma necessidade de longa data, que foi catalisada pela proximidade dos grandes eventos esportivos. há hoje 15 aeroportos em obras nas cida-des-sede. Todos eles ficarão como le-gado para a população e para a econo-mia das cidades. O mesmo vale para as obras de mobilidade urbana e de si-nalização turística. há ainda um fator menos tangível, mas nem por isso me-nor, que é o aumento da visibilidade internacional do Brasil como destino. isso para o turismo é fundamental — e esperamos que o grande legado da Copa seja a mudança de patamar na atração de turistas para o País.

o turismo interno e destinos mais próximos de pontos de origem têm potencial?Altíssimo. O Brasil hoje tem metade de sua população na classe média. só paulistas viajando pelo Brasil são 18 milhões de pessoas por ano. O Mi-nistério do Turismo tem a convicção de que é no mercado doméstico que está o maior potencial de explosão no número de turistas no País. Os brasi-leiros foram alçados recentemente ao mercado de consumo e querem viajar. Foi pensando nisso que o MTur relan-çou, em setembro, o programa Viaja Mais Melhor idade, para estimular o turismo em baixa estação entre idosos, aposentados e pensionistas. O progra-ma está sendo um sucesso: só no pri-meiro mês foram 236 mil acessos ao site. A próxima etapa será uma versão do Viaja Mais destinada a jovens.

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marketing

26 Chams Business novembro de 2013

TimES NAciONAiS TEm muiTO A APRENdERapEsar dE tErEm EVoLuído Nos úLtImos aNos, o FutEBoL BrasILEIro tEm muIto o quE aprENdEr — E crEscEr — com o markEtINg EsportIVo.

O brasileiro, sem dúvida, tem uma paixão pelo futebol que pouco se vê em torcedores de outros locais no mundo. Mas essa paixão, no Brasil, não se reflete em benefícios dire-tos para os times. Não como na Europa, por exemplo, ou mesmo em países que não con-tam com a mesma tradição ou paixão de tor-cedores, entre eles os Estados unidos.

O futebol brasileiro não pode deixar a pai-xão de lado só pelo negócio, mesmo que seja altamente lucrativo. O negócio já é lucrativo e a paixão existe e deverá permanecer, pois faz parte da cultura e dos valores do brasilei-ro. O que se precisa é organizar a coisa toda. Com a Copa do Mundo se aproximando, o cenário futuro é bem promissor, mas ainda se patina muito por aqui.

Barcelona tem por volta de 223 mil sócios-torcedores; ao lado do Benfica, são os dois com maior número no mundor

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27 Novembro de 2013 Chams BusiNess

Para Cesar Gualdani, só-cio-diretor da stochos sports & Entertainment, especialis-ta em marketing esportivo, isso tem tudo para mudar, principalmente se os times trabalharem melhor suas marcas. segundo ele, com-parando-se o momento atu-al com a ótica que se tinha dez anos atrás, algumas coi-sas evoluíram. hoje, clubes possuem departamentos es-pecíficos onde profissionais de marketing atuam. Olhan-do-se os grandes centros do mundo, o Brasil — clubes brasileiros deixam muito a desejar. Mas o cenário não é tão ruim assim e muito pode se aprender com boas inicia-tivas de fora.

Os programas de sócio-tor-cedor são um exemplo. Parte considerável das receitas dos clubes no Exterior, no Brasil os exemplos são poucos, po-rém frutíferos e com grande potencial inexplorado, princi-palmente para os programas voltados à relação do ingresso e ida a estádios. Profissionais podem ajudar nesse sentido.

“Temos bons profissionais no marketing dos principais clubes do País, entretanto é necessário que o departa-mento tenha o respaldo e, principalmente, o entendi-mento de conselheiros, di-retores e presidentes de que essa área é importante, diria até vital. Que necessita de

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orçamento adequado para realizar e desenvolver suas ações”, defende Gualdani.

Em contrapartida, de acor-do com ele, os piores exem-plos de marketing dos clubes são os patrocínios pontuais que não agregam valor algum à marca, nem para o torcedor nem para o time. “Ganha no curto prazo, mas deprecia sua marca e não entrega nada em troca”, assegura.

naming RightSuma novidade para os ti-

mes brasileiros são os chama-dos naming rights, direito ao uso de nomes em estádios, torneios, como a Libertadores da América, cujo nome oficial é Copa Bridgestone Liberta-dores — ou mesmo em times (uma realidade lá fora e muito distante daqui, apesar de al-guns exemplos). Nós, exata-mente pela paixão, não vemos ou entendemos que o estádio onde nosso time joga — ou mesmo o nome do seu time — pode ser batizado com o de uma empresa e fazer com que o clube ganhe mais dinheiro, cresça e possa ser competitivo.

No Brasil, o primeiro exem-plo claro no futebol brasileiro a adotar a prática foi a Arena da Baixada, do Atlético Pa-ranaense. O espaço adotou o título de Kyocera Arena en-tre 2005 e 2008, em razão de parceria com a empresa japo-nesa Kyocera Mita America, especializada na produção de aparelhos e componentes eletrônicos. O acordo foi des-feito a partir de 1º de abril de 2008, por decisão do clu-be, para tentar buscar outros parceiros mais lucrativos, de-vido à expectativa existente à época com o retorno com a Copa do Mundo de 2014.

Com a Copa, a ideia de are-nas veio com tudo. Algumas que já foram entregues fe-charam parceria com a marca

Cesar Gualdani, sócio-diretor da Stochos Sports & Entertainment

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marketing

28 Chams Business novembro de 2013

de cerveja itaipava, mas, por causa das regras da Fifa, só podem ser ‘batizadas’ depois da Copa do Mundo. O Pal-meiras, time paulista, fechou acordo com a seguradora ale-mã Allianz e receberá o nome de Allianz Parque, escolhido pelos torcedores.

Para o especialista, tanto em competições quanto em estádios, o resultado depende do objetivo do patrocinador. se for somente visibilidade, pode esquecer. Conforme ele, existem dezenas de outras propriedades mais acessíveis que podem agregar mais va-lor que o futebol. Agora, se o objetivo for relacionamento, o resultado é positivo.

bonS exemPloS devem SeR SeguidoS

Embora novo, comparativa-mente com times da Europa, o marketing esportivo no Brasil tem bons exemplos de suces-so, como o são Paulo, inter-nacional e Corinthians. Estão longe de Barcelona, Milan ou Real Madrid, mas são mode-los que podem ser seguidos por clubes daqui, mas não ce-gamente. Como qualquer ou-tro negócio, é preciso conhecer profundamente o meio e, prin-cipalmente, o cliente-torcedor, as ameaças, riscos, o lado po-lítico e os concorrentes. Enfim é um negócio como todos os outros, que têm altos e baixos.

Gualdani avisa que, mesmo

com o cenário de negócios alta-mente positivo, o esporte vem em primeiro lugar. Os eventos, por exemplo, servem de su-porte para receitas adicionais quando o estádio apresentar ociosidade, mas é importante lembrar que eles são, prima-riamente, estádios de futebol. Voltando à questão dos está-dios e das receitas que podem vir dele, o especialista alerta que, no exterior, qualquer base ou projeto de marketing de um grande clube contempla um estádio como principal gerador de negócios para suas marcas.

“Para viabilizar um bom re-torno com o esporte, cabe aos profissionais da área entender e conhecerem as estruturas e

São Paulo, Corinthians e Santos vem investindo nos planos de sócio-torcedor. O case de maior sucesso no País ainda é o Internacional, com os paulistas trabalhando forte.

Foi apresentado este ano o sexto projeto de roforma na história do estádio Santiago Bernabeu. Com museu, passeio turístico, loja do clube, restaurante, dentre outras opções, a arena é uma das grandes receitas do clube merengue.

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29 Novembro de 2013 Chams BusiNess

as possibilidades de negócios envolvidas. Depois da Copa teremos vários elefantes bran-cos, pois os investimentos em estádios foram altíssimos e o público que vem depois não responderá como nos grandes centros”, avisa, alertando que essas arenas deverão ter proje-tos muito bem pensados.

A Copa do Mundo será a ‘prova dos nove’ para o marketing esportivo e deve fazer com que esse mercado mude nos próximos anos. “Certamente a pergunta mais difícil é saber qual o legado e como tirar proveito com a Copa do Mundo. A Copa que sonho dificilmente acontece-rá. Termos como ‘legado’, ‘or-ganização’, ‘oportunidade de negócios’, ‘investimento em infraestrutura’, podem não acontecer por aqui. Talvez acontecessem se estivéssemos na Alemanha, mas, neste mo-mento, para quem ainda não se movimentou, é tarde de-mais”, conclui Gualdani.

O Estádio do Palmeiras será inaugurado em 2014 e seu nome estará ligado a uma seguradora alemã, detentora do nome de outras arenas pelo mundo.

O Atlético Paranaense foi o primeiro clube a comercializar no País o naming right de seu estádio. A Arena da Baixada hoje é uma das sedes do mundial e o clube espera mais uma vez vender o nome do estádio, com valores ainda maiores que o do contrato anterior.

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30 Chams Business novembro de 2013

CONhECIDO COMO

“PATADA ATôMICA”, O

íDOLO CORINThIANO,

qUE TAMBéM ATUOU

NO fLUMINENSE, SE

MOSTRA INCISIvO

TAMBéM NAS OPINIõES.

quatRo PeRguntaSPARA ROBERTO RivElliNO

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r o b e r t o r i v e l l i n o

31 Novembro de 2013 Chams BusiNess

um dos maiores jogadores que o Brasil já produziu, Roberto Rivelli-no não foi só craque nos campos de futebol. celebrizado por um chute potente, tanto que recebeu na copa do méxico a alcunha de ‘Patada Atômica’ por sua força na perna esquerda, depois que se aposentou dos campos levou essa força para os microfones. Atual comentaris-ta do programa cartão verde (Tv cultura), onde passou a ocupar a cadeira deixada pelo saudoso dou-tor Sócrates, Rivellino mantém uma opinião forte quando o assunto é o esporte preferido dos brasileiros. Não seria diferente às vésperas de uma copa do mundo do Brasil. Atualmente, Rivellino tem uma es-colinha de futebol e tenta encontrar entre as crianças um novo craque.Ao lado do rei Pelé, do Rai (funda-dor da Fundação Gol de Letra), do Cafu (capitão do penta), e dos jovens valores do futebol brasileiro, Lucas e Neymar, Riva também é embaixador da Volkswagen, que explora sua ima-gem na promoção de seus veículos.A chams Business ouviu o ex-jogador sobre o que ele espera do Brasil na copa e sobre o futebol hoje.

o que esperar da copa do mundo no brasil?Todos nós esperamos que seja um grande evento. Problemas todas as copas e todos os países-sede tive-ram. O que acho interessante é que quando o Brasil se candidatou a ser sede ninguém reclamou, muito pelo contrário, todo mundo bateu pal-mas e queria o evento aqui. Quando o Brasil foi eleito, aí vieram críticas e mais críticas. Todo mundo jogou pedra. Deveriam ter feito isso antes. Claro que há absurdos. Quatro está-dios não deveriam sequer ter sido construídos, que o legado vai ficar para ninguém: Brasília, Natal, Ma-naus e Cuiabá. isso, sim, é dinheiro jogado fora. Eu escuto desde crian-ça que saúde, educação, segurança e moradia são prioridades e não é

o futebol ou a Copa do Mundo que vão fazer isso mudar. Tudo tem de acontecer. se formos ver, o Brasil só gastou um dinheiro que não tinha quando sediou a Copa de 1950. De lá para cá o futebol só deu alegria para o povo. É uma hipocrisia dizer que se está gastando o dinheiro que iria para essas necessidades. Deve-ria, sim, também se gastar com isso, mas pensar que o futebol trará um legado para o povo, nem que seja de alegria. Problemas, temos sim, como todo mundo tem, mas por que o Brasil não poderia fazer uma Copa? sou otimista e acredito que vamos fazer uma grande Copa.

Para você, quem vem forte e com chance de levar a copa? quais são as chances do brasil?O Brasil sempre é um dos favo-ritos. Acho que o Felipão [Luis Felipe scolari, técnico da seleção brasileira] deu uma cara para a seleção, que hoje tem uma credibi-lidade maior no mundo e com os torcedores. O Brasil é um dos fa-voritos, não que vá ganhar ou que seja uma obrigação. Acho que a Alemanha ganhou maturidade na última Copa e vem forte. A Espa-nha tem um futebol que encanta; a itália que tem tradição, mesmo jogando mal a gente sabe que vem forte; a Argentina, do meio de campo para frente tem qualidades e conta com um jogador que deve ser a copa dele, o Messi. Pode ter surpresas. Não vejo a holanda for-te; uma Colômbia que não assusta; Bósnia que é uma incógnita. na época em que você jogou, o fute-bol era mais um esporte que um ne-gócio. você acredita que a mudança foi benéfica para times e jogadores?Para os jogadores, sim. Por exem-plo, a Lei Pelé [legislação criada por Pelé à época que era ministro dos Esportes] beneficia os jogadores. As Federações estão ricas, os jogado-res milionários, mas os times estão

falidos. Hoje, um menino já vale milhões e tem contrato assinado ou compromisso assumido com 16 anos, brigando com o time para ir para a Europa. Muitas vezes o clube for-mador não recebe qualquer retorno, pois eles saem de graça. O futebol está nas mãos dos empresários, que não entendem nada de futebol, mas de negócios. O Neymar foi uma exceção, mas mesmo assim o Santos perdeu dinheiro com ele. Infelizmen-te, o futebol virou business. Não há interesse em melhorar isso, morali-zar, fazer um calendário decente. Eu vejo com simpatia esse Bom Senso Futebol Clube [iniciativa de jogado-res para melhorar as condições de trabalho para melhoria do futebol brasileiro] e até me coloquei à dispo-sição para ajudá-los. Eles não estão pedindo coisas absurdas. Tomara que esse movimento tenha força.

Rivellino foi, durante anos, do co-rinthians e depois do Fluminense. havia essa identidade entre joga-dor, time e torcida. com poucas e raras exceções, como marcos e Ro-gério ceni, isso não existe mais. qual a razão disso e é possível vol-tar ao que era no passado?Não, porque hoje o futebol é negócio e o mercado não permite mais isso. Os clubes de fora tem condições de levar um jogador daqui. Como você consegue combater isso? O que o San-tos fez com o Neymar foi um milagre. Hoje um menino de 15, 16 anos é levado para fora e não cria identidade com time algum. Mesmo com ele, parecia que havia um acordo para ele ir para o Barcelona. Hoje, um joga-dor aparece para o futebol e não quer renovar com o time, quer, sim, ir para fora. Os contatos não são mais com os clubes, mas com os jogadores. E não sou contra. Se eu ainda jogasse e me surgisse uma oportunidade dessas, eu sairia sim. A qualidade do futebol e a organização deles é outra. Eles valori-zam, sim, o negócio, mas o negócio só existe se o jogador aparece.

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todos coNtraos pIratas

pIratarIa é um dos graNdEs FuNIs da compEtItIVIdadE. paga-sE caro para produzIr, mas Não sE tEm como compEtIr coNtra produtos FaLsIFIcados.

P i R A T A R i A

32 cHams BusINEss Novembro de 2013

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33 Novembro de 2013 Chams BusiNess

O termo ‘pirataria’ é usado nos tempos de hoje para falar de um produto que é falsifica-do. Nada mais é que a práti-ca de se vender ou distribuir produtos sem a expressa au-torização dos proprietários de uma marca ou produto e sem o devido pagamento de royalties. No mundo todo — e, claro, no Brasil — os maiores exemplos de cópia e falsificação estão em roupas, calçados, utensílios domésti-cos, remédios, livros, softwa-res e CDs. A pirataria é con-siderada crime, e o pior lado está no montante que movi-menta e no destino dos lucros que, muitas vezes, vai para o narcotráfico. O crime é finan-ciado, em sua maioria, por grandes grupos organizados e máfias internacionais.

segundo dados do Fórum Nacional Contra a Pirataria e ilegalidade (FNCC) — maior associação brasileira com foco exclusivo no combate à ilegalidade —, os brasileiros gastaram cerca de R$ 23,8 bilhões no último ano. De acordo com a entidade, em são Paulo, o maior pólo da pirataria do País, entre de-zembro de 2010 e dezembro de 2012, foram apreendidas 78 milhões de unidades de produtos, um montante que representaria R$ 2 bilhões no mercado legal.

segundo Marcio Lamonica Bovino, advogado do escritó-rio Focaccia, Amaral & salvia,

e assessoria jurídica da Asso-ciação de Marketing Promo-cional (Ampro), a pirataria (violação de alguma proprie-dade intelectual) é um grande mal que assola não só o Bra-sil, mas o mundo inteiro. Ela se manifesta tanto no uso não autorizado de uma criação autoral (Lei nº 9.610/1998), como também na violação a alguma marca protegida (propriedade industrial, Lei nº 9.279/1996). “sob o aspec-to autoral, depende de au-torização expressa do autor (criador), a utilização de uma obra protegida pela lei por quaisquer das modalidades existentes, como por exem-plo, a reprodução, a edição, a adaptação, a distribuição, a fixação, a exibição audiovisu-al etc.”, explica.

segundo ele, a proximidade com a Copa do Mundo ten-de a deixar esse quadro ain-da pior, mas é possível, sim, que muitos negócios sejam gerados, respeitados os pre-ceitos da Lei Geral da Copa (nº 12.663/2012), que dispõe sobre as medidas relativas à Copa das Confederações Fifa 2013 e à Copa do Mundo Fifa 2014, entre outros eventos. O trabalho das agências de live marketing (o chamado marke-ting promocional) pode ser considerado criações de espí-rito e, como tal, classificado (dependendo da análise pon-tual) como obras protegidas.

O advogado alerta que o uso

apcm (associação antipirataria de cinema e música) www.apcm.org.brcriada em meados de 2007, a partir da união da adEpI-Brasil (associação de defesa da propriedade Intelectual) e a apdIF (associação protetora dos direitos Intelectuais Fonográficos), tem como objetivo fundamental proteger os direitos autorais de seus titulares, proporcionando um mercado mais ético, e oferecer meios para realização de ações que visem combater a pirataria.

ubV(união brasileira de Vídeo)www.ubv.org.bras principais atividades consistem em representar as empresas associadas em favor dos interesses do setor de vídeo, em especial no que se refere a: contatos com autoridades governamentais para controle e elaboração de políticas direcionadas ao setor; cumprimento das leis nacionais e internacionais para proteção de direitos autorais; desenvolvimento de programas para incentivo e manutenção do mercado de vídeo doméstico; combate à pirataria de produtos audiovisuais no Brasil.

Fncp(Fórum nacional contra a pirataria e a ilegalidade) www.forumcontrapirataria.orgé uma associação civil, sem fins lucrativos, formada em 2006 por entidades setoriais empresariais, empresas e sindicatos. é a maior associação brasileira com foco exclusivo no combate à ilegalidade.conta atualmente com 26 associados, que representam os seguintes setores econômicos: brinquedos; celulares; cigarros; eletroeletrônicos e computadores; pilhas; videogames; produtos de limpeza; tv por assinatura; peças de automóveis; óculos; relógios, impressoras; suprimentos de informática; roupas; tênis; material esportivo; soluções de segurança; perfumes e cosméticos; combustíveis; bebidas; produtos de higiene.

linha de FRente

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p i r a t a r i a

34 cHams BusINEss Novembro de 2013

não autorizado de uma cam-panha, por exemplo, pode ser enquadrado como ato de pi-rataria em geral, sujeitando o infrator a sanções civis de bus-ca e apreensão e indenização por perdas e danos, além da possibilidade do encaminhan-do do caso concreto às auto-ridades policiais para inves-tigação do crime de violação autoral previsto no artigo 184 do Código Penal. Já no campo registral, as marcas também recebem proteção contra o uso e reprodução não autorizados na forma do art. 130 da Lei nº 9279/1996.

Cabe ao titular licenciar o uso de sua marca para terceiro, sob pena deste praticar ato de pira-taria. No entanto, é importante dizer que o titular não tem o controle efetivo que impeça co-merciantes que a utilizem com o objetivo de promoção e co-mercialização, pois o poder de fiscalização é estatal. “O Brasil vem intensificando o combate à pirataria estruturado sobre três eixos: educacional, econô-mico e fiscalização”, lembra.

e aS emPReSaS, como Ficam?

As empresas contratantes de serviço/produtos e o setor de marketing promocional, de modo geral, estão prepa-rados para atender grandes demandas. Conforme Mônica schiaschio, diretora executiva da Ampro, o mercado promo-cional conta hoje com aproxi-madamente 3,5 mil agências em todo o território nacional. são agências de micro, pe-queno, médio e grande porte que prestam toda a gama de serviços relacionados ao live marketing (eventos, ações pro-mocionais, ações em ponto de venda, incentivo, promonline

etc.), sempre proporcionando o contato e a experiência com a marca ou produto.

“As empresas brasileiras es-tão preparadas para atender a grandes demandas, haja vista as ações e eventos de grande porte que tem ocorrido em nosso País nos últimos anos, sempre executados por essas agências. Temos empresas mui-to bem estruturadas, que inves-tem em seu potencial criativo, em tecnologia e em seu capital humano. E não estamos falan-do somente das grandes agên-cias, mas também de peque-nas e médias, que através das chamadas coligações, acabam absorvendo parte dos jobs das grandes agências, o que garante capilaridade às ações em todo o Brasil”, afirma a diretora.

Marcio Bovino assegura que tanto as grandes como as pe-quenas marcas combatem a pirataria principalmente me-diante o apoio às ações do Governo e iniciativas de asso-ciações de classe de cada setor. Ele traz como exemplo entida-des que trabalham nesse sen-tido, como a Associação Anti-pirataria de Cinema e Música (APCM), o FNCP (veja box página 33), entre outros.

A garantia das empresas produtoras e de live marke-ting tem respaldos nacional e internacional. No Brasil, re-gulando os Direitos Autorais, vigora a Lei nº 9.610/1998, e a

“o BrasIL VEm INtENsIFIcaNdo o comBatE à pIratarIa Estruturado

soBrE três EIxos: EducacIoNaL, EcoNômIco E FIscaLIzação”

(Marcio Lamonica Bovino, advogado)

proteção da marca vem trata-da na Lei nº 9.279/1996. Já o Decreto nº 5.244/2004 dispõe sobre a composição e funcio-namento do Conselho Nacio-nal de Combate à Pirataria e Delitos contra a Propriedade intelectual (CNCP). O artigo 184 e seguintes do Decreto-Lei nº 2.848 de 7 de dezembro de 1940, Código Penal, trata do crime de violação autoral.

No campo internacional, vigoram os acordos TRiPs sobre aspectos dos Direitos de Propriedade intelectual relacionados ao Comércio, promulgado pelo Decreto nº 1.355 de 30 de dezembro de 1994, a Convenção univer-sal sobre o Direito de Autor revista em Paris em 24 de julho de 1971 e promulgada pelo Decreto nº 76.905 de 24 de dezembro de 1975, além das Convenções de Genebra, Berna e Roma.

Além disso, a própria Fifa tem suas regras e os produ-tores contam com um grande aliado nesse sentido. Cada vez mais, a maioria dos con-sumidores deixa de comprar produtos piratas para contar com a qualidade de bens com garantia. O problema que ain-da tem de ser resolvido não depende exclusivamente das empresas: o Custo Brasil, com tributos altíssimos, deixam o produto original muito caro. Aí fica difícil competir.

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35 Novembro de 2013 Chams BusiNess

eStandeNOTAS dE mERcAdO cOPA

o legado da coPaO consórcio Encalso/Engevix/Kallas está realizando refor-ma, modernização e ampliação do Aeroporto internacional de Manaus Eduardo Gomes. As obras contratadas pelo Governo Federal tornam o Terminal de Passageiros de Manaus o quarto maior do País em área construí-da, superado apenas por Guaru-lhos (sP), Galeão (RJ) e Brasília (DF). Em se tratando de equipa-mentos mecânicos e elétricos, a entrega prevista para março de 2014 engloba 11 elevadores, dez escadas rolantes, quatro esteiras de restituição de bagagem, três chillers, quatro grupos-gerado-res, cinco transformadores, entre outros equipamentos. A obra tem valor previsto de R$ 389 milhões.

ueeeba! dinheiRinho anteciPadoÀs vésperas do sorteio dos grupos da primeira fase da Copa, o Comi-tê Executivo aprovou a criação de um Fundo de Legado da Copa do Mundo da FiFA 2014. Ao contrário da iniciativa do evento de quatro anos atrás, desta vez o fundo será lançado antes do torneio. Ele de-pende dos lucros da entidade, mas tem investimento inicial de us$ 20 milhões (R$ 47 milhões) no Brasil. A ideia é fomentar as categorias de base e os iniciantes no esporte. Resta saber a quem cabe a admi-nistração dos recursos.

quem queR veR a coPa, queR o Rio de JaneiRoDonos de imóveis para locação no Rio de Janeiro estão rindo à toa. Estudo do TripAdvisor, maior site de viagens do mundo, mostra que a ci-dade é que desperta maior interesse de quem vem assistir ao torneio do Brasil. De acordo com o site, além de receber a final do torneio, os encan-tos da Cidade Maravilhosa atraem os turistas. Na temporada, conforme análises do TripAdvisor, o aluguel de um apartamento varia entre R$ 2 mil e R$ 7 mil por semana. A conta fica atrativa quando se viaja em grupos, mas o valor supera os praticados em cidades como Buenos Aires, Lisboa, Miami e são Francisco.

nem tudo Se comPRaA Fifa, a uefa e a interpol, auxiliada pela Europol, buscam maneiras de coibir a manipulação de jogos ao redor do mundo. Dados do inicio do ano apontam a um esquema que envolve ligas de 15 países, lucros em torno de ' 8 milhões e pagamento de propinas de até ' 100 mil por jogo. Em setembro, a entidade chefe do futebol e a polícia internacional apre-sentaram um programa na internet para combater casos de manipulação de resultados no futebol, com o obje-tivo de jogadores, treinadores e árbi-tros se protegerem das abordagens. Os possíveis alvos de assédio seriam

treinados por meio de um guia interativo para identificar, resistir e denunciar os suspeitos. O programa, que também espera ser eficiente na missão de coibir apostas ilegais, está disponível nos sites da Fifa e da in-terpol, nas línguas inglesa, francesa, alemã, espanhola e árabe.

quem Paga eSSa conta?segundo levantamento realizado pelo uOL Esportes, com base em

sites de transparência e dados en-viados pelos governos municipais, oito cidades-sede aumentaram em média 30% suas dívidas com a união em decorrência dos financiamentos de obras previstas para a Copa. são Paulo, embora seja o município com a maior dívida junto ao Governo Federal, não contraiu empréstimos para a Copa; já o Rio de Janeiro é a cidade que pegou o maior financia-mento com a união para as obras da Copa, R$ 1.179.000.000,00, totalizan-do um endividamento de mais de R$ 7 bilhões, segundo informações da secretaria da Fazenda Municipal.r

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36 Chams Business novembro de 2013

PRIMEIRO hOTEL A SE

INSTALAR NA REgIãO

DA PAULISTA,

O MAkSOUD PLAzA

RESISTE AO TEMPO E

àS MUDANçAS, E SE

REINvENTA.

uma maRca AiNdA vivA E mOdERNA

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37 Novembro de 2013 Chams BusiNess

Em 1979 a cidade de São Paulo ainda tinha na região central toda a força de sua economia. lá estavam as sedes dos principais bancos, os maiores escritórios da cidade, enfim toda a decisão que mexesse com a vida financeira da capital estava centralizada na região. Nessa época a Avenida Paulista começava, ao poucos, a girar a bússola do merca-do financeiro e imobiliário. Ainda não era o futuro centro financeiro, mas já dava os primeiros passos para isso.

Foi nesse cenário que um vi-sionário vislumbrou uma opor-tunidade e mudou a história da hotelaria paulistana — e nacio-nal. henry Maksoud, fundador e diretor presidente da hidroservi-ce Engenharia de Projetos Ltda., especializada em engenharia pe-sada, adquiriu um terreno na Ala-meda Campinas onde ficava um convento de freiras beneditinas enclausuradas. Quis diversificar seu negócio, e começou a criar um conceito. O engenheiro não tinha experiência no ramo, apenas havia feito, até então, algumas incursões no ramo imobiliário, mas nada dessa magnitude ou no nicho.

Ele, como hóspede curioso e deta-lhista, procurou fazer do seu hotel um resumo do que de melhor via e conhecia na hotelaria internacional. Não pensou só na beleza — feito por um engenheiro acostumado à construção pesada, o edifício teve o melhor tratamento construtivo, com conforto e segurança. Total-mente pensado para que o hóspede tenha a melhor estadia possível.

A hotelaria paulistana se resu-mia a hotéis de pequeno a médio portes e a poucos de alto padrão. Os modelos nesse segmento eram o hotel hilton, na Avenida ipiran-ga, Othon Palace, na Rua Líbero Badaró, Windsor e san Raphael, na região da Avenida são João. Com exceção do hilton, eram

mais clássicos que funcionais. Eram o modelo de alta hotelaria na cidade, mas não tinham um pa-drão internacional de excelência.

henry criou um conceito ao lançar o Maksoud Plaza hotel, um marco na hotelaria paulistana e nacional. A região da Avenida Paulista não tinha sequer um hotel de pequeno porte, quanto mais um chamado ‘cinco estrelas’, que se colocaria en-tre os mais luxuosos da cidade e, indo além, oferecendo atendimento de primeira qualidade e conforto ao extremo. Exatamente o que henry Maksoud vivenciara em suas via-gens pelo mundo.

Não demorou para que o hotel começasse a receber altos execu-tivos, chefes de estado e celebri-dades nacionais e estrangeiras. O atendimento cuidadoso e aten-cioso voltado ao conforto de seus hóspedes, além de uma série de detalhes requintados, o tornaram uma referência. Afora isso, a bele-za arquitetônica em meio ao centro empresarial e financeiro da cidade fez sua fama. Tudo começa com a recepção, e era esse o conceito que Maksoud quis dar ao seu hotel. O majestoso Atrium Lobby já é a me-lhor acolhida que o hóspede pode ter: a estrutura escultural que se vê logo que se entra, com teto so-lar, torres coloridas dos elevado-res panorâmicos, fontes e espelhos d'água, vegetações floridas e ver-des, obras de arte, jardins suspen-sos de plantas tropicais e reflexos de tonalidades da luz solar nos for-ros dos 22 andares do Atrium.

terceira geraçãohenry Maksoud Neto hoje é o

responsável pela operação do hotel, a terceira geração da família no con-trole do Maksoud Plaza. uma ca-racterística de famílias libanesas, o controle e administração são 100% familiares e passam de pai para fi-lho. segundo ele, o hotel já passou por algumas reformas, mas mante-ve seu padrão. Claro que sofreu um pouco com a mudança de cenários nos últimos anos e a criação de uma concorrência, que veio exatamente desse pioneirismo.

O neto do ‘Seu henry’ chegou a ver toda a negociação para a com-

pra do terreno. Nascido em 1975, ainda criança era levado pelo avô nas conversas com as freiras que venderam o local. A construção, de acordo com ele, não foi fácil, até pela topologia do terreno, mas ti-nha de ter esse tamanho e padrão de qualidade e luxo.

Com o tempo, começaram a ser construídos mais hotéis, aumentan-do a concorrência, mas Maksoud Neto não entende que isso possa ter deixado o seu para trás. "há três décadas, o Brasil tinha tudo para fazer, em todos os segmentos. Não era diferente com a hotelaria. Lan-çamos um conceito que passou a ser adotado por outros estabeleci-mentos, mas o Maksoud não deixa-va de ser referência", afirma.

Além da hospedagem, o Maksoud Plaza levou um novo conceito de negócio para a região. Possui, desde sua inauguração, áreas para reuniões, exposições,

"mEu Avô SEmPRE diz quE quER um hOTEl cOm SERviÇO dE quAlidAdE, E quE iSSO SEjA umA cONSTANTE: quE quEm ENTRA Aqui TENhA um ATENdimENTO dE PRimEiRA, dO ckEck iN AO chEck OuT. quEm chEgA Aqui SABE quE TERá O mElhOR ATENdimENTO E mElhOR SERviÇO cOm hONESTidAdE. TEmOS décAdAS dE ExPERiêNciA E quEm uSA NOSSAS iNSTAlAÇõES TEm ESSA SEguRANÇA"

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38 Chams Business novembro de 2013

auditórios para eventos, palestras, teatro, casa de shows e restaurantes que sempre se destacaram pelos cardápios de qualidade. segundo ele, hoje a hotelaria paulistana tem uma grande oferta que atende à demanda, até com sobra — ou até predatória, em razão de preços. Ele entende que a concorrência é válida, pois os quatro estrelas atendem o público que não vai para os de cinco; os de três, aqueles que não vão para os de quatro; e assim por diante. "Até mesmo os flats e hotéis econômicos tem seus públicos. Mas houve um período de exagero e os estabelecimentos sofreram com isso", pondera.

hoje o mercado mudou e o Maksoud Plaza é um dos pou-cos hotéis em sua categoria que depende exclusivamente de suas receitas. Os chamados cinco es-trelas, atualmente, são mais con-trolados por grupos estrangei-ros ou fundos de pensão. Caso precisem de uma reforma, por exemplo, recorrem aos seus ad-ministradores para conseguir os fundos para isso. "O Maksoud Plaza, não. Qualquer mudança ou reforma que planejemos sairá necessariamente de nossa receita, do nosso negócio", diz.

barriga no balcãohoje o Maksoud continua 100%

familiar e nunca abriu mão do luxo e do esmero no atendimen-to e ainda é referência. Não exis-te na cidade um hotel com essa característica. "A vida em hotel é complicada. Operar um hotel tem seus custos. Diariamente, eu assino de quatro a cinco pastas de contas, compras de insumos. Manter essa estrutura e disputar com grandes cadeias internacio-nais não é fácil".

De acordo com ele, para compe-tir você tem de ter seus diferen-ciais. O hóspede que chega aqui deve sentir que tem esses dife-

renciais de serviço e atendimen-to, não plastificado, como em um hotel de cadeia. "Oferecemos o atendimento 'barriga no balcão', mas com requinte, luxo e excelên-cia", define.

Para Maksoud Neto outro dife-rencial do seu hotel é a qualida-de de seus funcionários. A média de casa dos colaboradores é de dez anos. Quem chega à recep-ção reconhece quem o atendeu há alguns anos. Outro ponto de destaque é que o hotel não segue modismos que não levam a nada.

segundo ele, uma mudança de cor de parede não adianta se isso não carrega em si uma funcionalidade ou eficiência. "Nossa identidade é nossa principal marca".

O faturamento do hotel tam-bém mudou com o tempo. No passado, a maior parte do retor-no vinha da hospedagem, em me-nor escala dos eventos e serviços. hoje, 50% vem da hospedagem, 40% de eventos e 10% de outros serviços, como restaurantes, es-tacionamento etc. Como a área de eventos cresce em uma cidade

Vista do Atrium Lobby: os anos passam, mas o projeto de Henry Maksoud não envelhece

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39 Novembro de 2013 Chams BusiNess

como são Paulo, o hotel foi se es-truturando para melhor atender esse público. Com um diferen-cial: não existe na região um local com tamanho, espaço e estrutura como o Maksoud Plaza. são 5 mil metros de área para eventos, 38 salas, comportando de dez a mil pessoas confortavelmente em lo-calização privilegiada.

Paulista: eterno chamarizNo passado, a escolha da região

da Avenida Paulista foi óbvia para atender um público que começava a ficar importante na cidade, mas a região chegou a passar por uma espécie de decadência. O problema maior pelo qual a Paulista passou foi sua limitação construtiva e de espaço, por isso houve a migração das empresas para outras regi-ões. uma delas foi a Avenida Luis Carlos Berrini. Lá, havia espaço e maiores condições para que as em-presas, grandes corporações, que antes estavam na Paulista, se insta-lassem. Com isso, houve também a criação de um novo polo hoteleiro.

Essa mudança fez com que o próprio Maksoud Plaza passasse por épocas mais ‘brandas’, prin-cipalmente entre 2004 e 2005, mas, mesmo assim, o hotel nun-ca pensou em fechar as portas. "um hotel é o último laço da ca-deia e, quando as coisas vão mal, os primeiros cortes recaem sobre eventos e viagens de funcioná-rios. Mas a vantagem é que isso é cíclico", avalia Maksoud Neto. Atualmente o Brasil vive um bom momento em sua economia e isso traz bons resultados e reflexos ao setor, um segmento que ainda tem muito o que crescer.

uma nova era se iniciaA região da Paulista deve voltar,

em breve, a ser um novo centro econômico. há um novo shopping em construção, empresas tem vol-tado à avenida, até mesmo por ter

um metro quadrado para locação mais em conta que a zona sul, o que trará novo alento para o setor hoteleiro na região. O Maksoud, hoje, é um hotel de business, que procura facilitar a vida de seus usuários, empresários, empresas, colaboradores e hóspedes, pres-tando um serviço de qualidade.

“Meu avô sempre diz que quer um hotel com serviço de quali-dade, e que isso seja uma cons-tante: que quem entra aqui tenha um atendimento de primeira, do ckeck in ao check out. Quem chega aqui sabe que terá o melhor aten-dimento e melhor serviço com honestidade. Temos décadas de experiência e quem usa nossas instalações tem essa segurança", assegura Maksoud Neto. segun-do ele, o avô ainda é o presiden-te da empresa e está totalmente envolvido nas decisões do dia-a-dia. "Aprendi com meu avô que as coisas tem de ser certas, corretas e cumprir o que se prometeu".

Entre os planos de investimen-tos do hotel estão as reformas dos quartos e das áreas de eventos com espaços novos dedicados princi-palmente a eventos sociais, estas já concluídas, a reforma do lobby, que se refletirá em todo os ambientes (ainda a ser iniciada) e a melhora da infraestrutura com menor consumo de energia, já em andamento.

a copa não muda nadaCom a proximidade da Copa do

Mundo muitos setores estão se mexendo e esperam retorno com o evento, mas isso não deve ocor-rer com o segmento de hotelaria.

segundo Maksoud Neto, é claro que o movimento deve aumentar nos hotéis, principalmente nas ci-dades-sede, mas não deve inter-ferir no movimento do Maksoud e nem no setor como um todo.

"Não estamos preocupados com a Copa. O mês de julho, quando acontece a Copa, é um período de férias em que cai um pouco nossa taxa de ocupação. somos um dos hotéis oficiais da Fifa, mas não vis-lumbramos um grande aumento no nosso fluxo normal, pois quem faz negócios evitará a Copa", calcula.

segundo ele, a taxa de ocupação do hotel gira em torno de 50% a 60% nos dias úteis, sendo o forte de terça a quinta-feira, e de 30% a 40% nos finais de semana. A média de estadia é de dois dias e o perfil dos hóspedes é de pessoas que vem para negócios (brasileiros e estran-geiros), em sua maioria homens.

"O mais interessante é perceber que, assim como o hotel, que está na terceira geração na adminis-tração, nossos hóspedes também estão nessa mesma geração. Te-mos aqui netos de antigos hóspe-des", conclui.

"NÃO ESTAmOS PREOcuPAdOS cOm A cOPA. O mêS dE julhO, quANdO AcONTEcE A cOPA, é um PERíOdO dE féRiAS Em quE cAi um POucO NOSSA TAxA dE OcuPAÇÃO. SOmOS um dOS hOTéiS OficiAiS dA fifA, mAS NÃO viSlumBRAmOS um gRANdE AumENTO NO NOSSO fluxO NORmAl, POiS quEm fAz NEgóciOS EviTARá A cOPA"

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40 Chams Business novembro de 2013

SEjA bem-vindo

A rede hoteleira no Bra-sil conta com mais de 460 mil leitos e a expectativa é que esse montante cresça em mais 26 mil novos quar-tos até 2015. De acordo com as empresas que operam a maioria dos hotéis, esse cres-cimento não está ancorado exclusivamente na Copa do Mundo de 2014, mas faz par-te de um planejamento que analisa o volume de hóspe-des que o Brasil vem rece-bendo nos últimos anos.

rEdE HotELEIra BrasILEIra sE prEpara para a copa do muNdo E para o quE VEm dEpoIs.

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41 Novembro de 2013 Chams BusiNess

só nas 12 cidades-sede, se-gundo o Ministério do Tu-rismo, existem 5.510 meios de hospedagem (entre ho-téis, pousadas, pensões, al-bergues e apart-hotéis), com 254.205 quartos. Até a Copa do Mundo, haverá aumento de mais de 19 mil quartos. A Fifa exige que as cidades-se-de tenham unidades habita-cionais para, ao menos, 30% da capacidade do estádio, e, em todos os casos, o percen-tual deve ser atingido até a realização do evento.

hoje, de acordo com os operadores de hotéis, o Brasil possui bons estabelecimentos, já preparados para receber turistas, e não só na Copa. A rede está apta a atender des-de os mais abastados, que se hospedam em hotéis cinco es-trelas, de padrão internacional de luxo e conforto, até turistas que procuram uma estadia mais barata, mas com confor-to e comodidade. E isso não só nas cidades-sede.

segundo Chieko Aoki, pre-sidente da rede Blue Tree hotels e conhecida como a grande dama da hotelaria bra-sileira, hoje, há muitas cidades que estão se desenvolvendo, recebendo empresas e indús-trias, e ainda não tem a estru-tura adequada para receber os executivos ou, até mesmo, promover eventos para estas

pessoas. Também não se pode esquecer que, com a ascensão da classe média, o País passou a ter grande número de no-vos turistas. “A hotelaria está em expansão e há espaço para crescermos mais, tanto em nú-mero de leitos quanto em es-paços para eventos”, afirma.

Atualmente, a Blue Tree ad-ministra 23 hotéis, distribu-ídos por 18 cidades de Nor-te a sul do País: Búzios (RJ), Caxias do sul (Rs), Curitiba (PR), Florianópolis (sC), For-taleza (CE), Goiânia (GO),

“a HotELarIa Está Em ExpaNsão E Há Espaço para crEscErmos

maIs, taNto Em NúmEro dE LEItos quaNto Em Espaços para EVENtos”

Joinville (sC), Lins (sP), Lon-drina (PR), Macaé (RJ), Ma-naus (AM), Porto Alegre (Rs), Recife (PE), Rio Verde (GO), santo André (sP), são José dos Campos (sP), são Paulo (sP) e Teresina (Pi). “Todas elas são muito importantes no cenário nacional e internacional quan-do falamos de viajantes de negócios, que é o foco da Blue Tree”, explica Chieko.

Para ela, o Brasil tem gran-de potencial no turismo, de maneira geral, e no segmento de negócios, de forma mais específica. Temos muitos atra-tivos, e a visão do turista em relação ao País vem mudan-do continuamente. Conforme a executiva, a partir da crise mundial e do avanço econô-mico brasileiro, conseguimos ganhar mais credibilidade em todos os sentidos, inclusive no setor de turismo. O Bra-sil se tornou um importante destino para empresários que desejam prospectar novos ne-gócios e também local para sediar grandes eventos inter-nacionais. Além disso, por sua grande extensão territorial, é rico em belezas naturais e tem grande diversidade cultural, o que ajuda a atrair turistas em busca de diferentes experiên-cias, sejam elas relacionadas a negócios, ecoturismo, praias ou cultura, por exemplo.

Já no que se refere à Copa

Chieko Aoki, presidente da rede Blue Tree Hotels

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do Mundo de 2014 e aos Jo-gos Olímpicos de 2016, a visi-bilidade será ainda maior. No entanto, não se pode negar que há muitas melhorias a serem feitas para recepcionarmos os turistas — e elas são essenciais para que a visão do mundo so-bre nós seja positiva. Em sua análise, há uma necessidade de mais instituições que formem profissionais com competência e paixão pelo que fazem e para elevar continuamente o padrão da indústria. só assim o Brasil se destacará no competitivo mercado internacional. “Outro ponto importante é a união do setor com as diversas áreas de economia, como o varejo, go-verno, associações de classe, como táxis, empresas de lazer e entretenimento, restaurantes etc., que formam o setor de turismo. Juntos, todos podem trabalhar estratégias de pro-moção para os destinos, como faz Cingapura”, defende.

Chieko informa que a rede, que possui 12 hotéis em sete das 12 cidades-sede, está mui-to entusiasmada com o even-to. Eles assinaram contrato com a Match, empresa con-tratada pela Fifa, por meio do qual parte dos apartamentos dos seus hotéis está reserva-da para jogadores, comissões e turistas em geral durante a realização da Copa. No que se refere ao que fica depois de um grande evento como esse, ela destaca a profissionaliza-ção da hotelaria em todas as suas vertentes, maior visibi-lidade internacional e os ga-nhos em infraestrutura para o País. “Não podemos perder de vista que, quanto maior a ação pré-evento, maiores se-rão os ganhos pós-evento. De todo modo, está em cada um de nós formar este legado.”

Paixão Pelo bRaSil, maS com PRoFiSSionaliSmo

uma paixão pelo Brasil, levada ao negócio. Dessa forma, Annie Morrissey, vi-ce-presidente de Marketing e Vendas da Atlantica hotels international, inglesa com es-pírito totalmente brasileiro, entende que o Brasil pode, sim, concorrer com os prin-cipais destinos de verão do mundo, como o Caribe. E essa análise é totalmente profissio-nal, sem qualquer ufanismo pela terra que adotou.

De acordo com ela, o grande dificultador desse cenário ser mais positivo é que o Brasil ainda não entendeu o turis-mo de lazer da mesma forma que já entendeu o corporativo. “Temos totais condições de concorrer com destinos como Caribe, havaí, sul da Fran-ça. há muito o que se fazer e crescer. sou otimista e acredito que eventos como a Copa do Mundo ajudarão a mudar esse cenário”, assegura.

Para ela, um dos maiores le-gados da Copa será colocar o Brasil definitivamente como destino, e todo o trabalho do Governo e da iniciativa privada deve ser focado no turista e na melhor experiên-cia que ele pode ter quando

“tEmos totaIs coNdIçõEs dE coNcorrEr com dEstINos como

carIBE, HaVaí, suL da FraNça. Há muIto o quE sE FazEr E crEscEr”

Annie Morrissey, vice-presidente de Marketing e Vendas da Atlantica Hotels International

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43 Novembro de 2013 Chams BusiNess

diminuindo diStânciaS

68,7%destino Brasil

23,3%destino exterior

Estudo soNdagEm do coNsumIdor – INtENção dE VIagEm, do mturfeito com 2 mil rEsIdENtEs dE sEtE capItaIs, do uNIVErso dos quE prEtENdEm VIaJar

26,8%

53%

um ponto comum une operadores de turismo e governo: o Brasil ainda é visto como um destino distante, mas isso pode se reverter. muito tem sido

feito, e a copa do mundo deve ser o grande divisor de águas, para que esse quadro mude e o País comece a receber cada vez mais turistas estrangeiros. mas há outro problema, que nos afeta diretamente: para nós, o Brasil é caro.mesmo com uma economia mais saudável e com maiores facilidades de crédito e acesso a facilidades, como passagens aéreas e pacotes mais atraentes, o volume de turistas ainda não cresce como se esperava. Apesar disso, de acordo com o ministério do Turismo, os destinos turísticos nacionais superam os internacionais na preferência dos brasileiros que pretendem viajar até julho deste ano. No estudo Sondagem do consumidor – intenção de viagem, do mTur, realizada em janeiro de 2013, com 2 mil residentes de sete capitais, do universo dos que pretendem viajar, 68,7% apontaram como destino cidades brasileiras. Outros 23,3% disseram que vão visitar outros países. O avião foi apontado como o meio de transporte escolhido por 53%, seguido do automóvel, com 26,8%.Para a decolar.com, maior agência de viagens on-line da América latina, o problema da distância é mais um estigma do que uma realidade. Alípio camanzano, diretor da empresa, acredita que a falta de informação

dos turistas estrangeiros seja o maior problema. “Ainda sofremos com estereótipos internacionais que limitam nossa grande e rica variedade de destinos a poucas cidades com atrativos limitados. Não somos apenas o país do carnaval, de mulheres com biquínis minúsculos. isso é, inclusive, um sinal de desrespeito com nosso País e população”, defende.Segundo ele, é possível, sim, atrair os turistas estrangeiros, mesmo fora de grandes eventos. Em relação à América do Sul, por exemplo, é preciso resgatar a personalidade latino-americana do brasileiro. importante, de acordo com ele, é divulgar mais o Brasil para os nossos ‘hermanos’. como diretor da decolar.com, ele faz parte de um grande grupo, presente em 20 países da região, divulgando-os intensamente entre si. Em relação aos países mais distantes, é necessário insistir, intensificar e ampliar ao máximo a divulgação dos destinos brasileiros e as diversas atividades turísticas que se tem por aqui.falando do ponto de vista das agências, grandes geradoras desse turismo, ele acredita que todos tem papel importante na divulgação do País. “A todo instante, estamos lembrando que viajar é uma delícia e que existem milhares de destinos no Brasil e no exterior para se conhecer. Assim, acabamos estimulando todo o setor”.

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44 Chams Business novembro de 2013

estiver aqui para o torneio. E, claro, ficar com a melhor impressão possível para que-rer voltar. Annie acredita que a maioria das cidades-sede estão aptas para receber os turistas e, de maneira geral, a oferta é suficiente para aten-der a demanda. “As cidades que podem ter, hoje, dificul-dades estão se ajustando ou terão de fazê-lo”, garante.

A Atlantica hotels é a ope-radora do Brasil melhor colo-cada na lista das 300 maiores redes do mundo, segundo a revista hotels, de Chicago (EuA), ocupando a 89ª ocu-pação. No mundo, admi-nistra 11 bandeiras em di-ferentes padrões. Com sede em são Paulo e empreendi-mentos em 41 cidades brasi-leiras, possui mais de 12 mil apartamentos em mais de 75 hotéis, nas categorias Eco-nômico, MidClass, superior, Luxo e Resorts.

A executiva acredita que investir no turismo e na ho-telaria brasileiros tem po-tencial. “investidores, de maneira geral, pensam em retorno e apostam no futuro, na melhoria de um sistema. investir em hotéis no Brasil é retorno garantido, de mé-dio a longo-prazo”. Ela acre-dita em um círculo virtuoso para o setor: o público que vem para a Copa ou grandes eventos substitui o hóspede normal. Assim que acaba, o público normal volta e é acrescido com novos turistas que conheceram o País por meio desses eventos.

“A Copa do Mundo será o grande cartão de visitas do Brasil para o mundo. será nossa oportunidade de refor-çarmos que somos um povo acolhedor e que esta terra

“tEmos totaIs coNdIçõEs dE coNcorrEr com dEstINos como

carIBE, HaVaí, suL da FraNça. Há muIto o quE sE FazEr E crEscEr”

(Alípio Camanzano, diretor da Decolar.com)

tem atrativos o ano inteiro. O boca a boca será fundamental para retermos e ganharmos mais turistas. Os resultados e as perspectivas são altamente positivos”, afiança Annie.

o bRaSil é logo aliA distância depende de

ponto de vista. Essa é a aná-lise de Fanck Pruvost, dire-tor de Operações do Grupo Accor para a América Latina. segundo ele, essa questão de

distância pode ser relevan-te para os países asiáticos e europeus, mas é irrelevante para turistas das Américas. “Eu diria que tudo depende de conexões aéreas e, em um futuro próximo e com a Copa do Mundo, isso está para ser resolvido”, garante.

A Accor vê a Copa como um potencial e vem investin-do nisso. seus funcionários estão sendo treinados para atender os turistas. Não que eles estejam sendo prepa-rados em função do evento, mas o evento está acelerando algumas mudanças, como a decoração de alguns hotéis, seja no hall de entrada, seja nos quartos. “É bom que se lembre que, depois da Copa, tudo volta ao normal e va-mos continuar a fazer nosso

trabalho”, diz Pruvost.Líder mundial em operação

hoteleira e líder de mercado na Europa, a Accor está pre-sente em 93 países. Na Amé-rica Latina são 224 hotéis em 11 países. O amplo portfó-lio das marcas hoteleiras da Accor na América Latina — sofitel, Pullman, MGallery, Grand Mercure, Novotel, Mercure, Adagio, ibis, ibis styles e ibis Budget — ofe-rece uma oferta variada, do

luxo ao econômico. Até 2015, somente no Brasil, a rede pre-tende ter entre 240 e 250 ho-téis operando e cerca de 300 em toda América Latina.

“O desenvolvimento da Ac-cor e da ibis não está ligado à Copa e aos jogos olímpicos, mas ao potencial do Brasil. Foi uma estratégia planeja-da há 15 anos, quando nem se pensava nesses eventos no Brasil. A chegada deles, no máximo, pode antecipar alguma estratégia, como a abertura de algum hotel, mas não mudar”, adianta. Para ele, o grande legado que a Copa deixará será infraes-trutura, mas principalmente mudar a imagem do Brasil, que será um destino impor-tante para o turismo de lazer e de negócios.

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UM DOS NOMES

MAIS CONhECIDOS

DA PUBLICIDADE

BRASILEIRA,

ROBERTO DUAILIBI,

DÁ A RECEITA PARA

qUEM qUER CRESCER

EM SEU NEgóCIO.

a alma do negócio

é APAREcER SEmPRE

FELIpE mo

ra

Es

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R o b e R t o D u a i l i b i

47 Novembro de 2013 Chams BusiNess

“uma empresa ou produto, inde-pendentemente do tamanho, deve ter como certo o investimento em propaganda e publicidade. isso vale para grandes corporações, como para pequenos negócios. A colônia, por exemplo, deve ter isso em men-te: investir em comunicação é funda-mental. Esse ‘pé atrás’ tem muito da história do comércio, do passado, em que os antigos donos de negó-cios preferiam esconder balanços, lucros, a mostrar que estavam bem e chamando clientes”. Esse conselho é dado por Roberto duailibi, um dos maiores nomes da publicidade brasileira. O fundador da dPz, uma das mais premiadas agên-cias publicitárias do País. Ele vai além disso e dá um recado direto a empre-sas da comunidade árabe e, com toda propriedade, pois ele mesmo é um descendente. Segundo o publicitário, a colônia precisa receber mensagens de que é importante investir em publicidade, seja uma pequena em-presa, seja uma grande corporação. “é preciso investir em comunicação como um todo. As pessoas precisam ser sistemáticas e essa ideia deve fazer parte do trabalho de direção de qualquer companhia”, ensina.

Para ele, a conta é simples: a publicidade deve representar de 1,5% a 5% do faturamento de uma empresa, independentemente da época. Aumentou o faturamento, aumenta a verba. isso tem de ser sagrado, de acordo com a sua ex-periência — que não é pouca. O legado é o crescimento contínuo.

Ele também recomenda que esse filão seja entregue sempre a profis-sionais que vão saber administrar a verba. “Essa é a primeira noção: a publicidade é parte da vida de uma empresa. É preciso criar uma ver-ba específica e ser sistemático com isso”, afirma Duailibi.

O publicitário cita o passado para tentar justificar essa cultura da maioria das organizações. Con-forme ele, antigamente eram exclu-sivamente os donos das empresas que cuidavam das entradas e saí-das de recursos e eles é quem de-cidiam onde e como investir, o que geralmente era feito no estoque de novos produtos, principalmente se era um comércio. Eles não pen-savam em abrir novas frentes ou mesmo mostrar ao público em ge-ral seus diferenciais. “Era mais co-mum que escondessem isso, com receio de alta tributação e impos-tos sobre seu movimento e lucro. O cenário mudou, mas o costume já estava arraigado. É preciso mudar e as novas gerações já começam a perceber isso”, destaca.

ganhando com grandes e pequenos eventos

Com a competência de mais de 50 anos de atuação no segmento, Roberto Duailibi falou também dos grandes eventos que o Brasil sedia-rá em 2014 e 2016, Copa do Mundo e Olimpíadas, respectivamente, e como usar a publicidade a favor.

segundo ele, é possível ganhar, sim, com grandes eventos, mes-mo não sendo um patrocinador

oficial. E não só esportivos como esses, mas musicais, eventos me-nores de negócios, culturais, pe-quenas competições etc. Publici-dade e eventos podem e devem andar juntos. E isso pode ser como organizador, patrocinador e co-tista, entre outras formas. “Esses eventos geram mídia e público, a marca ganha exposição e a exposi-ção faz com que ela seja lembrada, e essa lembrança é forte na hora da compra”, resume.

“É lógico que Copa e Olimpía-das serão o top da publicidade, mas outros eventos virão por eles e pelo esporte, que sempre é uma excelente vitrine para qualquer marca. No Brasil, por exemplo, até mesmo em razão do clima, há muita coisa para se fazer, seja ou-tdoor ou indoor.” Ele cita outras possibilidades interessantes, mais periféricas e que não demandam verbas vultosas. Levar a informa-ção mais longe, a um público sem muito acesso a ela seria uma de-las. Esse tipo de atuação gera be-nefícios incomensuráveis a uma empresa, produto ou marca.

Para quem tem verba suficiente, associar uma marca a um grande evento tem vantagens que valem o investimento, mas também tem seus riscos. “Todo o investimen-to de publicidade em um grande evento está ligado à audiência e ao envolvimento do público. No caso da Copa, por exemplo, se o país pelo qual se torce não vai em frente, o torcedor perde o interesse e isso para a marca não tem preço.

“TOdO O iNvESTimENTO dE PuBlicidAdE Em um gRANdE EvENTO ESTá ligAdO à AudiêNciA E AO ENvOlvimENTO dO PúBlicO. NO cASO dA cOPA, POR ExEmPlO, SE O PAíS PElO quAl SE TORcE NÃO vAi Em fRENTE, O TORcEdOR PERdE O iNTERESSE E iSSO PARA A mARcA NÃO TEm PREÇO. há RiScO, mAS AiNdA ASSim vAlE A PENA”.

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há risco, mas ainda assim vale a pena. Quanto mais longe se vai, maior pode ser o retorno. A audi-ência nesse tipo de evento é absur-da, incomparável com a mídia no dia a dia”, vaticina.

Publicidade é a regraPara empresas e marcas que não

tem possibilidade de associar o nome à Copa, há outras formas mais em conta, conforme a verba. se ela quer estar associada ao fu-tebol, há a possibilidade de patro-cínio de um time pequeno. Estar associado a um time local, próxi-mo de sua área de atuação, sede ou fábrica tem seu retorno. Nes-ses casos, segundo Duailibi, as pessoas se identificam tanto com a marca que patrocina o seu time ou de sua cidade que compram mais seus produtos ou serviços. “Mesmo que tenham torcedores contrários, os resultados são mais positivos que negativos”.

As empresas cresceram e a deci-são não está somente em uma úni-ca mão. Para o bem ou para o mal, isso foi um caminho lógico. Mas, de acordo com ele, mesmo que a decisão não seja mais do funda-dor ou somente do ‘dono’, apostar em publicidade é uma regra. “As marcas já não tem mais donos e a administração das empresas está cada vez mais profissional, descen-tralizada. Antigamente, lidávamos diretamente com os proprietários, que tinham o poder de decisão, que não pensavam no Ebtida [sigla para lucro antes de juros, impos-tos, depreciação e amortização], mas na imagem que a marca pas-sava. O valor agregado não era fi-nanceiro. hoje quem decide se vai investir em publicidade pensa no tipo de retorno financeiro que isso trará, somente isso”, compara.

Por fim, ele ensina que há muitas maneiras de se chegar ao público — seja uma grande empresa, seja uma pequena — basta achar a bre-

Roberto duailibi não é só um apaixonado pela publicidade. Ele também é um entusiasta da história de sua família. há anos, ele estuda as suas origens com o objetivo de resgatar a história e deixá-

la viva para as futuras gerações. E não só da família duailibi, mas de muitas outras famílias árabes.durante décadas mostrou-se um colecionador de livros e ‘causos’, uma paixão que foi levada tão a sério que foi colocada em prática. Em 1997 ele criou o centro de Estudos familyd, que não só resgata a trajetória dos duailibi, com fotos e documentos, mas estuda a imigração árabe para o Brasil e a história do líbano. Para isso, conta com uma equipe composta por historiadores, pesquisadores, jornalistas, entre outros profissionais.mas esse trabalho veio bem antes, em 1980, como um projeto pessoal. No centro são desenvolvidas pesquisas referentes não só à história da sua família, mas também a assuntos decorrentes do tema, como movimentos migratórios, preservação da memória e cultura do líbano, exposições em parcerias com museus e outras instituições de pesquisa e universidades.Na biblioteca, segundo o site do centro www.familyd.net, há mais de 1,3 mil obras. há também milhares de fotos e um acervo de setenta esculturas, entre outras peças, que permitem viajar pela história do Oriente. dos antigos egípcios, passando pela Pedra da Roseta, até peças em bronze do Orientalismo Austríaco, cada peça nos conta uma história. Também é possível fazer pesquisas de diversos temas históricos. Para a preservação da memória familiar entre as novas gerações de parentes d, é desenvolvido o Projeto jovens. Em visitas monitoradas, os jovens tem acesso ao acervo bibliográfico e recebem informações sobre as origens da família, o trabalho de pesquisa já desenvolvido, além do contato com os relatos orais transmitidos de geração para geração. A sede do centro de Estudos familyd está localizada no bairro do morumbi, em São Paulo, e é aberta à visitação, com hora marcada, pelo e-mail [email protected] ou pelo telefone (11) 3079.4564.

cha certa e trabalhar para isso. No caso de grandes eventos, é muito melhor se associar, pois o retorno é maior. O legado de se participar de um grande ou pequeno evento é muito grande e segue depois que ele acaba. “investir sempre é a me-lhor receita. se há mais verba, in-veste-se mais e por mais tempo. O importante é manter e crescer sem-pre que puder. Não há segredo”, conclui Roberto Duailibi.

uma biblioteca de Família

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egistro: 135058 -- Data: 00:33:21 22/10/2013