chams business 3

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Saúde e bem-estar Geriatra do HC alerta: vida saudável ajuda no bom envelhecimento Professor titular da USP e da Unicamp fala da oftalmologia brasileira A ‘Hotelaria Hospitalar’ chegou para ficar Varises: só uma questão estética? Endocrinologista comenta a “epidemia” de obesidade infantil ano II número III - dezembro de 2008 BUSINESS Clínico geral do HSL comenta a importância de uma boa relação médico-paciente Presidente do CROSP fala de sua luta pela fluoretação das águas Ontem e hoje, a contribuição dos árabes ao Brasil Médico de família Saúde bucal

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Terceira edição da revista Chams Business, que circulou em dezembro de 2008, com foco em saúde e bem estar.

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Page 1: Chams Business 3

Saúde ebem-estar

Geriatra do HC alerta: vida saudável ajuda no bom envelhecimento

Professor titular da USP e da Unicamp fala da oftalmologia brasileira

A ‘Hotelaria Hospitalar’ chegou para ficar

Varises: só uma questão estética?

Endocrinologista comenta a “epidemia” de obesidade infantil

ano II número III - dezembro de 2008

BUSINESS

Clínico geral do HSL comenta a importância de uma boa relação médico-paciente

Presidente do CROSP fala de sua luta pela fluoretação das águas

Ontem e hoje, a contribuição dos árabes ao Brasil

Médico de famíliaSaúde bucal

Page 2: Chams Business 3

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Page 3: Chams Business 3

E d i t o r i a l

A primeira geração de árabes que chegou ao Brasil, há mais de 100 anos, trouxe na bagagem grande espírito empreendedor, imensa disposição para o trabalho e o tino comercial que é sua “mar-ca registrada”. Para a grande maioria, além do conhecimento da língua do novo país, faltava “o diploma”. Mas o que trouxeram foi o suficiente para que fossem bem sucedidos no comércio.

Por isso, ou apesar disso, tornou-se questão de honra para aqueles imigrantes que seus filhos tivessem o estudo que eles não tiveram. Que fos-sem doutores. Essa soma de orgulho com espíri-to empreendedor resultou em uma das mais im-portantes contribuições dos árabes para o nosso país.

Se for possível apontar a maneira que os ára-bes escolheram para agradecer ao Brasil pela ge-nerosa acolhida, sem dúvida seria a área da saúde. Essa comunidade deu ao país médicos e dentis-tas cuja competência é reconhecida dentro e fora do Brasil. Também construiu, equipou e financiou hospitais que são referência mundial na pesquisa

e tratamento de diversas enfermidades, sendo geradores e distribuidores de conhecimento mé-dico e científico que é e será fundamental para a universalização da saúde no país, sem dúvida um dos maiores desafios do Brasil nas décadas vindouras.

Boa leitura!

Questão de honra

Ramiro Elias FajuriDiretor comercial e de novos negócios

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Page 4: Chams Business 3

A p r e s e n t a ç ã o

Já passamos da fase de testes. Temos de mostrar

definitivamente que viemos para ocupar um espaço no

mercado editorial. Assim encaramos esta Chams Bu-

siness número 3 - Saúde (CB - Saúde). É claro que

uma revista anual tem suas particularidades e peculia-

ridades, mas espaço a ocupar também.

Um conhecido meu usa uma expressão que cabe

bem agora: “modéstia às favas”. Chegar ao número

3 não é fácil, mas chegamos com qualidade e padrão

editorial diferenciado. Tem um público cativo da revis-

ta-mãe, a Chams mensal, que é exigente e também

diferente, a coletividade árabe. Mas este produto sa-

télite vai além da comunidade. Aliás, essa é a missão

da CB - Saúde.

A escolha do tema também tem um pé na colô-

nia, saúde. É inegável a importância e influência dos

imigrantes e seus descendentes na formação desse

setor em São Paulo. Abordamos isso em uma matéria

que mata a curiosidade de como surgiram alguns dos

principais hospitais paulistanos e seus fundadores.

As pautas estão diferenciadas e abordam um viés

interessante desse segmento. Não queríamos ser uma

publicação técnica, mas não podíamos deixar de falar

de alguns temas; não havia tempo para falar em núme-

ros e perspectivas, mas não tínhamos como abordar o

mercado e os avanços que vêm por aí. Enfim, esse era

o desafio: ser uma revista atual e que mantivesse essa

característica por pelo menos 12 meses, afinal é uma

publicação com essa duração.

Bem, foi assim que fizemos esta CB - Saúde. Com

esmero, cuidado e, acima de tudo, preocupação em

mostrar esse setor de maneira abrangente. Muito fa-

lamos, mas muito ainda há por falar. Ainda bem, pois

temos a certeza que a próxima será ainda melhor.

Uma maneira holística de ver a saúde

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Marco BaroneJornalista Responsável

Page 5: Chams Business 3

E d i t o r i a l

Impossível em um simples editorial citar todos

aqueles, de origem árabe, que se destacaram no exer-

cício da medicina. Eles merecem livros, e vários foram

publicados sobre eles. Assim, de memória, me vêm à

mente o “Reminiscências e Registros”, de Scharif T.

Kurban, e “Médicos Sírios e Libaneses do Passado”

de Carlos da Silva Lacaz — os próprios autores gran-

des médicos, sendo que o segundo, apesar de não ser

ele mesmo “patrício”, ao longo de sua vida profissio-

nal e familiar se envolveu tão fortemente com a comu-

nidade que lhe prestou esta homenagem.

Vou lembrar apenas alguns, que já se foram: uns

conheci pessoalmente, outros só de ouvir falar.

Alexandre Yazbek foi o primeiro filho de imigrantes

árabes que cursou e se formou em uma Faculdade de

Medicina no Brasil. Exerceu a medicina com grande

intensidade: ainda simples doutorando, no Pronto So-

corro Sírio, na célebre epidemia de gripe espanhola em

1918, e mais tarde na Santa Casa, Hospital Alemão e

Hospital Santa Cecília.

Chucri Zaidan era conhecido como “médico dos

pobres”, pois quando o paciente não tinha condições,

além de não cobrar a consulta, ainda o ajudava ma-

terialmente. Também grande médico foi seu sobrinho

Jorge Zaidan. Em seu consultório da Alameda Santos,

realizava um exame clínico minucioso e, ali mesmo,

olhava o paciente através do seu aparelho de Raio-X e

examinava sua urina. E nunca errava no diagnóstico.

Provavelmente o nome com mais prestígio inter-

nacional é o de Daher Cutait, conhecido não só pelo

trabalho que executou no Hospital Sírio-Libanês, como

também pelo magnífico cirurgião que foi, tendo inclusi-

ve criado uma técnica cirúrgica adotada mundialmente

que leva seu nome: “Técnica de Cutait”.

Não poderia deixar de lembrar também de minha

tia, Virgínia Carone, uma das primeiras mulheres a se

formar médica pela USP. Reumatologista do HC, mas

que era nossa médica de e da família, e com todo o

carinho, cuidou dos sarampos, cataporas e outras ma-

zelas de seus sobrinhos.

Esses são apenas alguns dos médicos pioneiros,

mas lembrá-los é uma forma de homenagear toda esta

geração.

In memoriam

Leila Saraiva FajuriDiretora editorial

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Tive o privilégio de residir na Vila Madalena: Rua

Fradique Coutinho, esquina com Aspicuelta. Nes-

sa época aproximou-se de minha família um jovem

dentista recém formado, chamava-se Adib Kairalla.

Montou seu primeiro consultório numa sala da

Rua Wizard, cujo aluguel teve o aval de Dona Maria-

na, e almoçava todos os dias em nossa casa.

Daí em diante ele progrediu e tornou-se um den-

Post Scriptum: uma lembrança quase familiar

tista famoso. Quando teve oportunidade, retribuiu,

adotando a recém-formada Sonia, minha sobrinha,

como estagiária.

Raul Tárek FajuriDiretor

Page 6: Chams Business 3

Matérias

30 Geriatria

32 Psiquiatria

34 Ensino e Pesquisa

Entrevistas

8 História

A trajetória das principais instituições de saúde construidas pelos imigrantes e seus descendentes

O supervisor do Serviço de Geriatria do HC esclarece o que é uma velhice saudável

Psiquiatra da USP ensina a observar sintomas de depressão

O diretor clínico do HSL fala do empenho da instituição em se manter uma referência em saúde

24 Salim Helito

O clínico geral do Hospital Sírio-Libanês defende a volta do médico de família

20 Luiza Dal Ben

A presidente da Dal Ben discorre sobre os benefícios do atendimento domiciliar

14 Emil Razuk

O presidente do CROSP faz um panorama da saúde bucal da população

diretorRaul Tárek Fajuri

diretoria editorialLeila Miriam Saraiva Fajuri Micaela Fajuri de Bruyn Ferraz

diretor comercialRamiro Elias Fajuri

projeto gráficoTogo Pimentel / Tak Digitalwww.tak.com.br arte e diagramação Wilson Roberto Jr

jornalista responsávelMarco BaroneMTB 22.537Danilo TovoMTB 24.585

foto da capaTrista Weibell / istockphoto

Chams Business é uma publicação de Chams Empresa Jornalística Ltda.

administração, redação, departamento comercial e assinaturas:Av. Brigadeiro Luís Antônio, 2050cj 105 - ala ACEP 01318-002São Paulo SP

contato:55 11 3459.748855 11 8224.199355 11 [email protected]

Os conceitos emitidos em entrevistas e artigos refletem unicamente a opinião de seus autores. A posição desta Revista é de total isenção, tendo como objetivo a livre exposição de idéias.

BUSINESS27 Angiologia

O que são varizes, como prevenir seu aparecimento e quais os tratamentos mais usuais

Page 7: Chams Business 3

Perfis38 Pro Matre Paulista

47 Clínica PEAR

55 Clínica Abla

52 Cirurgia eletiva

42 Dermatologia

Dermatologista do HSL comenta os tipos de câncer de pele, uma das formas mais frequentes da doença

36 Eduardo Carone 40 Newton Kara José 44 Ricardo Marum

Pediatras falam da vacina que salva a vida de milhões de crianças

Diretora do Grupo Saha fala do CECMI e dos planos para inaugurar o Hospital Dr. Antonio Ganme

Um dos principais nomes da cirurgia hepática no País conta sua trajetória

Leia os comentários de um dos ícones da oltalmologia brasileira e mundial

O endocrinologista alerta para os riscos da obesidade infantil, um dos grandes males da atualidade.

64 Soraya S. Smaili

66 Marco Antonio Arap e Sami Arap

Artigos48 Infectologia

sxc.

hu

Max D

elson / istockphoto

StylePix / istockphoto

56 Biografia

58 Hotelaria hospitalar 62 Planos de saúde

Perfil de Adib Jatene, o médico que é uma instituição

Tendência trazida do exterior pela RR Compacta

Veja a análise do mercado de convênios médicos e odontológicos

Page 8: Chams Business 3

A ligação dos povos árabes com a medicina é muito ín-tima. Desde os primórdios dessa ciência há uma relação de descoberta e de posicionamento diante do fato de trans-formar o desconhecido em algo prático, em algo de bom para o homem (veja artigo página 64).

No Brasil, a formação médica deste povo começa, de alguma forma, já com a primeira geração de brasileiros de origem árabe e se intensifica com a segunda. Era um cami-nho lógico. Os antepassados que vieram para cá formavam seu patrimônio com o comércio e o solidificavam por meio da compra de imóveis e terrenos (veja matéria na Chams Business número 1).

Esses bisavós, avós e pais das atuais famílias, depois de garantirem o sustento momentâneo e o futuro próximo, começaram a pensar na formação de seus filhos. Três ca-minhos eram os mais fortes: ou se tornavam advogados,

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e podiam administrar os bens da família; ou engenheiros, que multiplicavam estes bens; ou médicos, que garantiam a saúde da comunidade.

Dessa forma, a partir das décadas de 30, 40 e 50 come-çam a se graduar, nas Faculdades de Medicina, os primeiros descendentes de árabes, seguidos por inúmeros outros, que muito influenciaram na construção de uma forte me-dicina brasileira. As famílias árabes deram excelentes mé-dicos para o Brasil.

Segundo revela o livro que conta a história do Hospital Sírio-Libanês e da Sociedade Beneficente de Senhoras, os registros da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo revelam que, na turma de 1919, um dos formandos era filho de um imigrante que chegou ao Brasil antes da abolição da escravatura. Entre 1929 e 1949, diplomaram-se 57 jovens descendentes de sírios e libaneses.

A força de um povo está no que ele constrói para as demais geraçõesA influência dos povos árabes na construção de uma medicina forte no Brasil é muito grande. A comunidade está intimamente ligada à história da saúde em São Paulo.

H i s t ó r i a Por Marco Barone

istockpho / arte Wilson Santos

Page 9: Chams Business 3

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E mais, ajudaram a construir alguns dos principais hos-pitais e centros médicos da cidade de São Paulo, que são, hoje, referências nacionais, na América Latina e no mundo. E isso falando só da capital paulista, pois existem exemplos espalhados por todo o Brasil.

Esta Chams Business número três, que aborda a área de saúde, não poderia deixar de tratar dessa influência. Anali-sando exclusivamente a história médica de São Paulo em diferentes épocas, destacam-se cinco grandes hospitais.

Os hospitais Aviccena, do Coração (HCor), Nove de Ju-lho, Santa Joana e Sírio-Libanês foram fundados por des-cendentes dos primeiros árabes que chegaram ao Brasil. A Ameplan, de história mais recente, também confirma sua marca na saúde brasileira. Contamos aqui um pouco da história deles e como estão hoje. Um passeio pela força da comunidade e pelo modelo que se criou de medicina, que coloca São Paulo entre os principais centros médicos do mundo. Conheça os principais exemplos, por ordem alfa-bética.

Ameplan, voltada para o futuro

Fundada em 1992 por Ali Taha, médico formado pela Fa-culdade de Medicina de Pouso Alegre e pós graduado em Administração Hospitalar pelo IPH (Instituto de Pesquisas Hospitalares), a Ameplan é uma empresa relativamente nova no mercado de saúde, mas de muito sucesso, já tendo figura-do mais de uma vez entre as 100 empresas que mais crescem no Brasil.

Contando com mais de 20 unidades próprias e referen-ciadas, a empresa deve sua rápida expansão a uma combi-nação de medicina bem-feita com uma estratégia de negó-cios bem definida. Com a maior parte de seus segurados em carteiras empresariais, a empresa localizou a maior parte de suas unidades de saúde em regiões periféricas, muitas vezes carentes de um serviço de saúde de boa qualidade.

O primeiro hospital da rede da Ameplan foi inaugurado em 1994 em Santo Amaro — o pronto-socorro Vida’s, atual Hospital e Maternidade Vida’s, uma instituição hospitalar re-ferência na Zona Sul. Em 2007, foram concluídas as obras do Hospital Vida’s Alta Complexidade, especializado em cirurgias cardíacas, neurológicas, oncológicas e em quimioterapia. Os outros dois hospitais da rede são o Hospital e Maternidade Paranaguá, na Zona Leste, e o Hospital São Conrado, na re-gião do Jardim Paulista. Em outubro deste ano, a empresa inaugurou o Hospital Nossa Senhora de Fátima em Osasco, região carente de instituições de saúde. O prédio, construído nos anos 40, era um hospital público que fechou suas portas e foi adquirido e reformado pela Ameplan. O Nossa Senhora de Fátima conta com 80 leitos, número já em vias expansão, e conta com ala excusiva de maternidade, UTI neonatal, adulta e pediátrica (veja cobertura completa na ed. 191 de Chams).

A Ameplan ainda conta com o Pronto Atendimento Vital Care em Diadema, no ABCD paulista. Além dos cinco hospi-tais próprios, há 20 centros médicos espalhados pela cidade — a maioria localizada estrategicamente em regiões perifé-ricas, onde há um número maior de conveniados.

A empresa tem como perspectiva para o futuro a aber-tura de capital para competir no mercado financeiro e atrair investidores. Para gerir um rendimento interessante para o mercado, é necessária uma carteira de 500 mil vidas, marca que pretende alcançar em breve.

Aviccena, uma referência na Zona Leste

Fundado em 1984 na região central de São Paulo, o Grupo Aviccena nasceu com o Hospital Humaitá. O nome

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Aviccena é uma homenagem a uma das mais importantes personalidades da história da medicina, o filósofo e cientis-ta Ibn Sinna (Avicenna), que viveu no século XI (saiba mais sobre ele no artigo à página 64).

O grupo que fundou o Aviccena era formado por 13 médicos muçulmanos de origem libanesa, que criaram o primeiro hospital islâmico fora de países árabes.

Em 1990, transferiu-se para uma unidade mais ampla, localizada na Zona Leste, cuja população há tempos vinha merecendo um hospital de alto padrão, com instalações e serviços de primeira linha. O grupo escolheu o bairro do Be-lenzinho para suas novas instalações.

Desde então, oferece um serviço diferenciado, resga-tando a abordagem generalista da medicina atual. Graças ao seu atendimento exclusivo e aos excelentes resultados obtidos, o hospital foi evoluindo e conquistou o prestígio e a confiança da comunidade local, transformando-se em um dos principais hospitais da região, que apresenta os mais altos índices de crescimento da capital.

Em 2008 inaugurou um novo prédio, com mais 3,5 mil m². Possui, hoje, uma área de 7,5 mil m² construídos, 106 leitos divididos em apartamentos, enfermarias, unidade coronariana e unidade de terapia intensiva. Seu Pronto So-corro (adulto e infantil) atende em média 550 pacientes/dia durante a semana e 400 pacientes/dia aos fins de semana.

O setor de Hemodinâmica executa mais de 150 procedi-mentos mês, e seu setor de Urologia é reconhecido pela ex-celência na Zona Leste. Cirurgias cardíacas e neurológicas são realizadas rotineiramente e ainda conta com setores de imagens e exames laboratoriais. Seu corpo clinico é aberto e tem mais de trezentos médicos, de todas as especialida-des, cadastrados.

HCor, o nosso Hospital do Coração

Na reunião de 12 de junho de 1936, da Sociedade das Se-nhoras Homsienses (antiga Sociedade Refúgio dos Órfãos) foi lançada a idéia da construção de um sanatório, em Cam-pos do Jordão, para o tratamento da tuberculose. A cidade, em razão do clima, tinha tradição nesse tipo de tratamento. O Sanatório Sírio, cujo nome foi formalmente escolhido em 18 de outubro de 1945, foi inaugurado em 15 de novembro de 1947, e ficou famoso pelo alto padrão de atendimento e instalações. Quando se fala em Sanatório Sírio, não se pode dissociar de sua história a dedicação, entre muitos outros, de

Nabiha Abdalla Chohfi e o dos médicos Pedro Taufik Camas-mie, Alberto Chap Chap e Pedro Além. O sanatório foi desati-vado na década de 80, com a erradicação da tuberculose.

Mas mesmo antes disso, o trabalho das senhoras prosse-guia e crescia. Em 1957 a Associação do Sanatório Sírio ad-quiriu em São Paulo um terreno que futuramente abrigaria um hospital voltado para cirurgias torácicas. Em 1961 foi lan-çada sua pedra fundamental, sendo a obra iniciada em me-ados de 1963, a cargo da Construtora Chohfi. A geração de fundos para a construção do hospital foi muito forte dentro da própria comunidade árabe, mas as campanhas de arre-cadação envolveram toda a sociedade paulistana. A festa da cobertura da obra aconteceu em agosto de 1967, quando a Associação começou a estabelecer laços com o médico Adib Jatene, que traria sua marca para o futuro hospital, ao acon-selhar que ele fosse dedicado ao tratamento das doenças do coração (veja biografia página 56). A orientação de Jatene deu frutos, e no final de 1968, as atas da Associação já fa-lavam em Hospital de Cirurgia Cardíaca e Torácica da Asso-ciação do Sanatório Sírio, nome este que foi paulatinamente simplificado, até chegar a Hospital do Coração.

Várias cirurgias importantes vêm marcando sua história, tendo sido seu primeiro transplante cardíaco realizado em maio de 1985. O HCor foi pioneiro na implantação de stent de Palmaz-Schatz. Em 1985, o doutor Eduardo de Sousa e sua equipe realizaram a primeira intervenção desse tipo em humanos no mundo.

Com um novo prédio inaugurado em 1996, transformou-se em pouco tempo em um dos maiores centros de doenças cardiovasculares da América Latina. Hoje a seção de cardio-logia realiza cerca de 4 mil procedimentos anuais.

Atualmente a sociedade mantenedora do HCor, Associa-ção do Sanatório Sírio, é presidida por Ivone Sallum Maksoud.

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Reunião da Sociedade Refúgio dos Orfãos no salão da igreja da Rua Itobi

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Hospital 9 de Julho: do sonho do pai, nasce uma referência nacional

Nagib Ganme era fazendeiro e comerciante em Araça-tuba. De origem libanesa, tinha um sonho: queria ver seus três filhos homens — Antonio, João e Anis — formados médicos e, com eles, montar um pequeno hospital naquela cidade do interior de São Paulo.

Antonio, o primeiro a receber o diploma, em 1947, deu o passo inicial para a realização do desejo do pai. Mas foi mais além ao abraçar, mais tarde, com a garra peculiar à família, a oportunidade que ligaria para sempre o nome Ganme a um dos centros de excelência médica do País: o Hospital 9 de Julho.

Em 1951, o médico-cirurgião Antonio Gan-me passou a integrar a equipe do renomado professor Euryclides de Jesus Zerbini, e é incen-tivado pelo mestre a permanecer na capital paulista. Anos depois, ao saber que o peque-no Hospital Nossa Se-nhora da Conceição, na Rua Peixoto Gomide, estava à ven-da, Zerbini sugere a Antonio negociar a compra, a partir da formação de uma cooperativa de 50 médicos.

Aceito o desafio, em 1955, Antonio dá o sinal para a aquisição do hospital, de 34 leitos. O negócio é fechado e o valor seria pago em três prestações anuais. Porém apenas oito médicos confirmam sua participação na sociedade. An-tonio, então, negocia mais prazo e resolve recorrer ao pai.

A idéia inicial de se montar uma clínica em Araçatuba — que já tinha até terreno comprado — foi alterada diante do entusiasmo de Antonio pelo negócio na capital. João já havia se formado médico e Anis cursava o último ano. Eles se juntaram ao irmão.

Batizado de 9 de Julho em homenagem à Revolução Constitucionalista e à avenida de mesmo nome, que passa em frente a uma das entradas do prédio, em mais de cinco décadas, o hospital não parou de crescer. Sob o olhar aten-to e amigo do velho Nagib, os jovens Antonio, João e Anis passaram a dividir a administração do hospital com muita eficiência, sem abandonar a prática da medicina. Antonio

realizava cerca de três cirurgias por dia. O ginecologista João assumiu a maternidade e, mais tarde, formado em Ad-ministração Hospitalar, a direção clínica. Anis dirigia o Ban-co de Sangue e a Unidade de Hemoterapia. A única irmã e também sócia, Sálua Ganme, se integrou à vida do hospital, acompanhando de perto os trabalhos.

Em 2008, 95,29% do controle acionário do Hospital 9 de Julho passou para a Rede Esho, empresa de serviços hospi-talares. Atualmente, o conselho administrativo é composto por Charles Souleyman Al Odeh, José Carlos Magalhães e George Schahin.

O 9 de Julho pode ser considerado uma referência no tratamento de casos de alta complexidade, pois a estrutu-

ra física, equipamentos e equipes multiprofissio-nais especializadas e inte-gradas permitem o acom-panhamento de pacientes de alta gravidade, como: trauma, grandes cirurgias, neoplasias, doenças car-díacas e neurológicas e infecções generalizadas.

Seus números hoje: 267 leitos (200 unidades

de internação, 50 de UTI e 17 de Hospital Dia); cerca de 4 mil médicos; aproximadamente 13 mil atendimentos/mês, abrangendo internação, pronto-socorro, consultas e exa-mes; e um total de 1,5 mil colaboradores (900 da área assis-tencial e 600 da área administrativa).

Santa Joana, o carinho das antigas parteiras em um ambiente moderno

O Hospital e Maternidade Santa Joana foi inaugurado em 1948, como Casa de Saúde, na antiga Rua Tupinambá, pelo doutor Eduardo Amaro. Em 1991, já administrada pe-los seus dois filhos, Antonio e Eduardo, respectivamente médicos anestesista e pediatra, passou por uma grande reestruturação, que incluiu uma nova ala com os conceitos modernos de hotelaria em maternidades.

A família, com muita dedicação, transformou o Santa Joana em uma das mais renomadas maternidades da cida-de. O conceito empregado por seu fundador e continuado pelos atuais administradores é levar o trabalho das antigas

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A partir da década de 30, começam a se graduar,

nas faculdades de medicina, os primeiros

descendentes de árabes

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parteiras, com cuidado, esmero e atenção completa às ma-ternidades, fugindo ao máximo daquela “cara de hospital”.

A Maternidade Santa Joana é a única na cidade (e pio-neira) ao oferecer uma academia e uma piscina, exclusivas para gestantes, com cursos ministrados por profissionais qualificados pelo corpo clínico da maternidade.

Em 2008, às vésperas das comemorações dos 60 anos da maternidade, o processo de reforma foi completado. Todos os andares receberam berçários setoriais, foram instaladas televisões de tela plana em todos os apartamentos e a UTI neonatal — referência no tratamento e cuidado de bebês prematuros de baixo peso — foi ampliada para cerca de 70 leitos. Em média nascem mensalmente 900 bebês.

Os números do Santa Joana: 210 leitos; 66 leitos na UTI neonatal e cinco leitos na UTI adulto; aproximadamente 1,1 mil funcionários; 4 mil ginecologistas e obstetras cadastra-dos. Atende as seguintes especialidades: obstetrícia, gine-cologia, neonatologia e medicina fetal.

Em 2000 o grupo adquiriu a tradicional Maternidade Pro Matre Paulista, fundada em 1936, e implantou naque-le hospital a mesma filosofia de gestão e atendimento que marcam o Santa Joana.

Sírio-Libanês, a força da mulher no cuidado aos doentes

Um dos mais importantes hospitais do Brasil e da Amé-

rica Latina, o Hospital Sírio-Libanês é resultado de uma ação filantrópica consolidada com tecnologia de ponta, profissionais gabaritados, respeito ao paciente e expansão contínua.

Fundada em 1921 por um grupo de senhoras de origem síria e libanesa lideradas por Adma Jafet, a Sociedade Bene-ficente de Senhoras foi a grande fomentadora do que viria a ser o Hospital Sírio-Libanês. A Sociedade nasceu na casa de Dona Adma.

As senhoras queriam a construção de um hospital “para ficar à altura de São Paulo”, que deveria ser “central, bonito, grande, e permitir expansões futuras”. Com o dinheiro arre-cadado em doações na própria colônia, elas puderam esco-lher o melhor. O terreno entre as ruas da Fonte e Barata Ri-beiro foi selecionado pela localização e comprado em 1923. O hospital nasceu com o compromisso de ser grande.

A pedra fundamental foi lançada em 29 de novembro de 1931. Os primeiros equipamentos chegaram em 1937 e, em 1941, já se marcava a data da inauguração. Mas esse sonho precisou ser adiado, pois o governo do Estado requi-sitou o prédio para a instalação de uma escola de cadetes — eram tempos de guerra. Foram anos de negociação com um único objetivo: ter o prédio de volta.

Dona Adma certa vez falou: “Em nossa pátria devemos criar instituições dignas de nossa coletividade, para nos tor-narmos verdadeiramente merecedores da estima que nos tributam. A primeira instituição, cuja fundação se impunha em caráter urgente, era a de um Hospital que atendesse a todas as classes sociais”. Foi exatamente por isso que ela batalhou.

Foram anos de luta, mas infelizmente Adma não pôde ver seu sonho realizado. Ela morreu em 1956 e somente

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Foto: Arquivo HSL

Fachada do Santa Joana

Adma Jafet no lançamento da 1ª pedra fundamental (1931)

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Em 1978 Daher Cutait criou o Centro de Estudos e Pes-quisas (Cepe), com o propósito de incorporar, cada vez mais, a educação e a investigação científica à rotina da assistência hospitalar, promovendo o desenvolvimento de pesquisas e a disseminação de conhecimentos para os profissionais de saúde da instituição e da sociedade.

A partir de 1996, com a criação do Comitê de Ética em Pesquisa, as pesquisas clínicas passaram a ter controle ins-titucional pelo Cepe. Em 2006 o Comitê passou a ser cha-mado de Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP) e hoje ocupa 5,8 mil m2, contando com todos os recursos necessários à sua missão.

O hospital também possui uma Escola de Enfermagem com a finalidade de capacitar mão-de-obra especializada nas funções de auxiliar e técnico em enfermagem. As vagas são ofere-cidas gratuitamente.

Em 1998 foi inaugurado o Centro de Oncologia, criado com o intuito de oferecer o que há de melhor para pacientes com câncer, com atendimento mul-tidisciplinar e profissionais de especialidades distintas. O HSL é reconhecido nacional e interna-cionalmente pela excelência no atendimento, tratamento, pes-quisa e ensino sobre o câncer.

Em mais de quatro déca-das de funcionamento, o Sírio-Libanês não parou de evoluir e

crescer, sempre com pensamento no paciente. Atualmente atende 40 especialidades, do pronto atendimento às uni-dades de transplante — aliás, nesse segmento é uma refe-rência em âmbito mundial.

Com 100 mil metros quadrados de área construída, cer-ca de 4,5 mil colaboradores — entre funcionários, equipe de enfermagem e médicos —, o HSL possui capacidade para re-alizar até 50 cirurgias por dia, cerca de dois mil tipos de exa-mes diagnósticos e acolher 300 pessoas em seus leitos.

A entidade mantenedora, Sociedade Beneficente de Senhoras - Hospital Sírio-Libanês, é atualmente presidi-da por Ivette Rizkallah e tem a já centenária Violeta Jafet como presidente honorária.

três anos depois a Escola de Cadetes abandonava o prédio da Rua da Fonte, que depois teve seu nome alterado para Rua Adma Jafet. Mas era preciso reconstruir o prédio que estava deteriorado e teve seu projeto original desvirtuado.

Muitas das pioneiras já não estavam mais vivas e quem estava à frente da Sociedade era Violeta Basílio Jafet, filha de Adma. Coube a ela concretizar o sonho de sua mãe e daquelas senhoras da Sociedade, que já havia mudado de nome para Sociedade Beneficente de Senhoras — Hospital Sírio-Libanês.

Refazer a Sociedade foi o primeiro passo. Violeta cha-mou as contemporâneas de sua mãe e agregou novas alia-das. Em 1960 assumia a presidência da Sociedade. Conclu-ídas as reformas iniciais, o Hospital Sírio-Libanês começou a funcionar precariamente. Em 1961, Daher Cutait fez a primei-ra cirurgia no hospital. No ano seguinte um pronto–socorro infantil começou a atender.

Em agosto de 1965 o HSL foi inaugurado ofi-cialmente, sob direção cli-nica de Cutait, e com Vio-leta Basílio Jafet ainda na presidência da Sociedade. Em poucos meses o hos-pital passou de 35 para 60 leitos. De lá para cá, a instituição só cresceu, construindo novas alas e prédios e ampliando suas áreas de atendimento, sempre com forte ajuda e participação da coletividade árabe e apoiado em um tripé: excelência do corpo clínico, atualização constante dos equipamentos e atendimento humanizado.

O Sírio-Libanês sedimentou sua reputação como um centro de qualidade e de grande competência. Em 1981 foi dado um passo importante para a humanização do hospital, quando foi implantado o Serviço de Voluntárias, um dos mais bem reconhecidos em instituições de saú-de. Ele conta atualmente com mais de 200 mulheres que trabalham em diversos setores, levando conforto e calor humano aos pacientes.

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Foto: Divulgação

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E n t r e v i s t a E m i l A d i b R a z u k

Emil Adib Razuk, atual presidente do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo, é um defensor da saúde bucal há décadas. Entre outros feitos relevantes, é um dos introdutores da fluoretação da água no Brasil, especificamente no Estado de São Paulo, que se tornou referência nacional no tema. Os resultados são mais do que expressivos, especialmente quanto à redução da ocorrência de cárie na população dos municípios paulistas, fato que é um desafio para a odontologia em todo o mundo. Razuk teceu importantes considerações para Chams Business, enfatizando a importância da medida e, mais do que isso, falando da realidade odontológica brasileira e dos programas de saúde bucal.

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Especialista em fluoretação e presidente do CROSP, Emil Razuk conta como mudou a saúde bucal do brasileiro.

Por Danilo Tovo

Saúde bucal

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Foto: Patrícia Figueiredo

Emil Adib Razuk já atuou como diretor do Ser-viço Dentário Escolar do Governo de São Pau-lo (1972-1974). Como deputado estadual (SP), ocupou a presidência da Comissão de Ciência, Cultura e Tecnologia da Assembléia Legislati-va, a vice-presidência da Comissão de Ad-ministração Pública e a Comissão de Saú-de e Educação. Razuk ainda foi diretor do Departamento de Assistência ao Escolar do governo de São Paulo e bolsista do go-verno francês na década de 1960. Partici-pou como conferencista de seminários em países como Argentina, México e Equador. Teve trabalho de pesquisa sobre perfil da saúde escolar publicado, em 1982, na re-vista da Sociedade Brasileira de Pediatria.Atualmente, Emil Razuk é presidente do CROSP, e ainda trabalha junto ao Ministério da Saúde para ampliar o número de Equipes de Saúde Bucal no âmbito do Saúde da Família.

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Qual a importância da saúde bucal para o estado geral das pessoas?Uma boa saúde bucal é indispensável para a boa saúde geral das pessoas. É parte integrante do ser humano. A ca-vidade bucal é onde acontece a primeira fase da digestão, através do bolo alimentar. Além disso, muitas doenças podem ter origem de uma infecção buco-dentária como o infarto do miocárdio, artrite, nefrite e o reumatismo ar-ticular agudo. Não se pode negligenciar a saúde bucal, e a classe odontológica e o CROSP procuram conscientizar a população disso, por meio de campanhas e programas institucionais, como, por exemplo, a distribuição de fol-ders orientando como prevenir o câncer bucal; e parcerias, como a que foi realizada com a Rede Globo em 2007, que veiculou mais de nove mil vezes, nas suas 121 afiliadas, vinhetas de serviço público sobre a escovação, além de in-troduzir em suas telenovelas mensagens socio-educativas sobre o assunto.

A fluoretação das águas faz parte dessa luta?Dentro das afecções que acometem o ser humano, a cárie, depois do resfriado comum, é a de maior incidência no brasileiro. E a fluoretação comprovou ser o método mais adequado para reduzir a incidência da cárie em até 60%. A fluoretação das águas atinge democraticamente todas as pessoas, sem distinção de ordem social, econômica e edu-cacional e sem lhes exigir qualquer esforço. É um processo natural. Foi por isso que, no dia 1° de dezembro de 1976, apresentei, como Deputado Estadual, o Projeto de Lei n° 416 que obrigava a Sabesp a fluoretar suas águas. O PL foi adotado ipsis literis, integralmente, pelo Executivo que, à época, era o único poder que tinha autoridade cons-titucional para propor leis que resultassem em gas-tos. Mas a lei é de minha autoria. As repercussões dessa lei na saúde bucal da população do Estado são imensas. Graças à luta da classe odontológi-ca, mudamos o panorama da saúde bucal daqueles “Brasis” onde não havia fluoretação. Hoje, o índice mé-dio CPOD (Cariados, Perdidos e Obturados) em São Paulo é de 1,2%. Já em João Pessoa, é de 3,6%. Além dessa lei, como presidente do CROSP, consegui que as de-mais 126 cidades que têm serviço autônomo de

tratamento d’água adotas-

sem a fluoretação por meio da ajuda de custo do Estado. Espera-se que, até o fim deste ano, todos os municípios paulistas já estejam recebendo esse benefício.Paralelamente — como parte da mesma luta —, a partir de 1972, implementei, como diretor do Serviço Dentário Escolar, os bochechos fluorados nas escolas, prática que se tornou parte da realidade escolar e social. Foi um tra-balho amplo e árduo, de muita luta, mas é duradouro e trouxe muitos benefícios para a saúde pública.

O que a fluoretação das águas pode mudar, de fato?A diferença é muito importante para a saúde bucal. É um método de alto valor social e humano. A fluoretação é muito democrática, não exige esforço dos pais e alcança todas as camadas sociais. Automaticamente ela atinge a todos, e com grandes benefícios para as pessoas em ge-

ral, ricos e pobres. O cus- to é muito baixo, fica

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em menos de R$ 1,00 por habitante/ano. Isso previne a cárie, um problema freqüente, só menor que o resfriado comum. Por isso, o Conselho Regional de Odontologia do Estado de São Paulo (CROSP) assina e tem controle rigoro-so da fluoretação. É um diferencial e tanto. Hoje, muitas ci-dades não têm ainda esse serviço e batalhamos para que todas tenham.

Como funciona a fluoretação?Atua, sobretudo, na formação do esmalte do dente. O flúor forma uma camada de fluoreto de cálcio, que é ácido-resistente, e protege os dentes. Resumidamente sempre digo: água do filtro é mais interessante que água engarra-fada, já que essa tem flúor e a outra não.

Que ações o CROSP tem feito atualmente?Em parceria com a Secretaria de Estado da Educação, pro-movemos o concurso “A Saúde Bucal”, um amplo programa de conscientização que envolve mais de 6 milhões de estu-dantes do ensino fundamental e é reconhecido pela UNES-CO como o maior programa pedagógico de saúde bucal do

mundo. Realizamos também o programa de prevenção e diagnóstico precoce do câncer bucal, com a distribuição de 9,2 milhões de folders, atendendo pessoas carentes em várias cidades do Estado. A proposta é continuar a desen-volver projetos que orientem, conscientizem e eduquem a população, além de valorizar a profissão com campanhas institucionais. Esse é o foco do CROSP hoje em dia.

Mudando de assunto, como a odontologia brasileira se enquadra no cenário mundial atualmente?Temos uma característica muito interessante. A odonto-logia brasileira busca o que tem de melhor: da americana absorvemos a estética e muita coisa da endodontia e pe-riodontia; da européia, o estudo das doenças estomatoló-gicas. Temos influências da escola asiática (como o uso da acupuntura, por exemplo). Trocamos muitas experiências, aprimoramos tudo e por isso fazemos uma boa odontolo-gia. Recebemos elementos interessantes e isso enriquece demais a odontologia brasileira. É uma diferenciação boa e dá ao Brasil uma posição técnica-científica de destaque no cenário mundial.

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“A fluoretação é muito

democrática, não exige esforço dos

pais e alcança todas as camadas

sociais.”

Foto: Patrícia Figueiredo

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Com uma receita bem pessoal, a Dal Ben traz novo conceito ao home care e se destaca no mercado com seus diferenciais.

E n t r e v i s t a L u i z a W a t a n a b e D a l B e n Por Marco Barone

Tudo pelomelhor conforto do paciente

Em seu site, a Dal Ben define como sua missão “ser uma empresa de gestão em saúde que presta atenção do-miciliar personalizada a pacientes, familiares e instituições, com transparência e segurança, em harmonia com seus colaboradores, médicos e equipe multiprofissional”. O chamado home care, ou atendimento domiciliar, é uma especialização na área da saúde com uma visão bem diferente das instituições de saúde tradicionais. Ao invés de o paciente ir até o hospital ser tratado, os profis-sionais de saúde vão até sua casa para tratá-lo. Criada por Luiza Watanabe Dal Ben há quase 20 anos, a Dal Ben conquistou a admiração e o respeito de todo o mercado, composto por hospitais, médicos, enfermeiros e empresas de grande porte. Sempre atendendo uma clientela diferenciada e exigente.

Foto: Jorge Akim

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“O ambiente familiar sempre é mais propício para a recuperação.”

Atuando no Estado de São Paulo, a Dal Ben tem um conceito de relacionamento diferenciado das demais empresas em se tratando de paciente e família. Acima de tudo, a empresa pri-ma pelo respeito aos costumes e às particularidades de cada um. Possui infra-estrutura e know how suficientes para realizar um completo atendimento domiciliar, atendendo pacientes de todas as idades e os mais diversos casos clínicos. Sua presidente é enfermeira com passagens em alguns dos principais hospitais de São Paulo e se especializou nesse tipo de atendimento. Nesta entrevista ela fala sobre esse tipo de serviço e o grande diferencial de sua empresa. “A atenção aos detalhes faz com que sejamos reconhecidos como uma das melhores empresas do segmento”, diz Luiza.

Como funciona a assistência domiciliar hoje em dia?Hoje, sem dúvida, está bem mais avançada e propagada do que quando ela surgiu na década de 90. Esse tipo de atendi-mento seguia o modelo americano, baseado principalmente na redução de custos, pois o foco principal eram os pacien-tes de UTI, que custavam muito caro na estrutura hospita-lar. Hoje, podemos falar que temos nosso próprio sistema, amparado em quatro modalidades: a internação domiciliar; o gerenciamento de doenças crônicas; as visitas domiciliares; o atendimento leve, como na aplicação de vacinas.

Quais são os benefícios de uma assistência domiciliar em relação a um hospital?Quando bem indicada, são muitos. O ambiente familiar sem-pre é mais propício para a recuperação. A carga negativa que um hospital carrega é nula no home care. Mas é preciso deixar bem claro que qualquer tratamento deve estar em consonân-cia com indicação e orientação médicas. A premissa da Dal Ben, por exemplo, é ter o consentimento do paciente, de sua família e, claro, do médico. Tendo respeito a esses princípios é que atingimos melhores resultados. Não podemos esquecer que sempre seremos os “estranhos no ninho” e devemos res-peitar esse ambiente na sua totalidade e integridade. Em sua casa, o paciente tem sua rotina e seus hábitos respeitados e não precisa seguir as rotinas de um lugar estranho.

Como é esse atendimento?Na Dal Ben fazemos uma avaliação prévia do paciente e do ambiente em que ele estará. Sempre trabalhamos conjun-tamente com o médico e com a família. Temos uma equipe técnica com médicos, enfermeiras, fisioterapeutas etc. Mas em hipótese alguma direcionamos o atendimento. Pode-mos até sugerir, mas não tomar a decisão.

Qual o grande diferencial da Dal Ben em relação ao mercado?Nossa equipe técnica, composta por profissionais próprios ou de parceiros, e a forma como tratamos nosso paciente. Nosso lema (“Única, como carinho de família”) é mais que um simples slogan, é uma regra para todos. Conseguimos aliar à prática do dia-a-dia um aparato científico moderno, mas o trato pessoal é nosso maior diferencial.

A Dal Ben também tem uma forte atuação em hospitais e clínicas. Como isso funciona?É uma modalidade diferente e uma de nossas especialida-des. Temos contrato com o Sírio-Libanês e indicação para o Albert Einstein, Santa Cruz, Nove de Julho, HCor e Oswal-do Cruz. Para as famílias que desejam, podemos trabalhar conjuntamente com as equipes médica e de enfermagem dentro do hospital. Mas nosso trabalho é de acompanha-mento, de ajuda. Não interferimos no tratamento. Nada é feito no paciente sem a permissão e conhecimento do hos-pital. Seguimos todos os regimentos internos. Nossos pro-fissionais são treinados para trabalhar dentro da filosofia da instituição.

Como é a escolha dos profissionais da Dal Ben?É claro que experiência é fundamental, mas saber que ele tem condições de entrar na casa das pessoas e não se en-volver é primordial. Nesse sentido, uma análise da persona-lidade é imprescindível. Todo profissional que entra na Dal Ben passa por uma análise psicológica e pedagógica. Preci-samos saber se ele terá abertura para o novo e flexibilidade, além do conhecimento técnico.

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Qual o custo desse tipo de atendimento e qual o perfil dos pacientes?Hoje, bem menor do que quando surgiu há quase 20 anos. Atualmente a maioria dos planos de saúde já disponibiliza esse serviço aos seus associados. Em razão disso, o perfil dos usuários é bem diversificado. Normalmente, quando passa o tempo de cobertura dos convênios, estes criam condições para que as famílias continuem com o serviço, cedendo ou alugando equipamentos por baixos custos. No período mais estável da doença, o tratamento domiciliar chega a ser 52% mais barato que os hospitais. Além disso, nos hospitais a cobrança costuma ser por diária e por procedimentos e no home care se fecha um pacote que inclui tudo.

Para finalizar, quais os cuidados que uma família deve ter na hora de contratar um home care?Antes de qualquer coisa, pesquisar e conhecer a empresa e sua estrutura. Exigir prova de credenciamento em órgãos re-guladores do setor; fazer um contrato com direitos e deveres de ambos os lados; conhecer os profissionais com os quais trabalhará; saber como será a comunicação entre a equipe na casa e a central. Mas, fundamental é que o relacionamento en-tre médico, família e empresa seja transparente.

Como saber se uma pessoa é indicada para atender de-terminado doente, uma determinada família, com seus costumes tão únicos?Fazemos um treinamento prévio e uma avaliação específica para aquela família, para aquele paciente. Assim, sabemos se ela tem condições e o perfil adequado para aquele atendi-mento. Aí entram vários aspectos: a dinâmica da família, os horários, a distância da casa do auxiliar com a do paciente, entre outros. Fundamental na escolha do atendente é saber se ele respeitará os hábitos, costumes e a cultura da família. Por exemplo, temos muitos pacientes de origem nipônica, e eles têm suas peculiaridades. A relação deve ser muito trans-parente, a ponto de procurarmos saber se o auxiliar comeria uma comida oriental. Da outra parte, estudamos também a família, quem são, seus nomes, mapa de relações (ecomapa) e até o animal de estimação da casa. Mas nada impede que haja mudanças. Se o atendente não se adaptou, trocamos.

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Márcia Ganme Baüerle é enfermeira e trabalhou em um dos principais hospitais do País, o Nove de Julho, que foi de sua família. Quando sua mãe precisou de um atendimento domiciliar ela não pensou duas vezes. Como já conhecia o trabalho de Luiza Watanabe Dal Ben, que foi enfermeira do Nove de Julho, ela procurou a antiga colega.

“Uma enfermeira conhece muito bem os problemas e as necessidades do paciente. Queria essa visão e infra-estrutura para cuidar da minha mãe. Um atendimento personalizado e eficiente. O cuidado não é só com ela, mas com a família”, conta.

Ela diz que pouco antes do primeiro turno das eleições de 2008, em uma reunião com Luiza, comentou que a mãe gostaria de votar. “Eu sabia que existiam táxis que eram preparados para levar cadeirantes, mas não sabia onde encontrá-los. Luiza, sem avisar, pesquisou e descobriu uma empresa em Sorocaba que realiza esse tipo de transporte. E mais, soube que um deles viria prestar um serviço em São Paulo e que estaria livre no dia das eleições. Foi uma surpresa e uma grande alegria ver que minha mãe realizaria sua vontade. É assim que deve ser uma empresa de home care. Ir além, para dar o maior conforto e qualidade de vida aos doentes”, conclui.

Com carinho e com afeto

E n t r e v i s t a L u i z a W a t a n a b e D a l B e n

Foto: Jorge Akim

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Abandonada por muitos médicos ainda no início da dé-cada de 70, com o advento da tecnologia, a relação

médico-paciente, tão preconizada na medicina de Hipócrates, volta aos poucos à rotina dos

profissionais da área de saúde. É o retorno daquele médico que pratica a ver-

dadeira medicina: consultas demoradas, com menos exames e internações e mais proximida-

de com o paciente. “Não adianta ter tecnologia se você não tem uma boa relação de confiança com seu

paciente. A falta desta relação pode comprometer o diagnóstico e o tratamento”, afirma Alfredo Salim Helito, clínico geral, internista e médico de família, além de membro do corpo clínico do Hospital Sirio-Libanês.Salim é co-autor do livro “Saúde: Entendendo as Doenças, a Enciclopédia Médica da Família” (2007, Editora Nobel). A obra explica de forma clara e concisa, e com linguagem acessível, as principais doenças que atingem o brasileiro. Hoje é muito comum um paciente sair do consultório médico com muitos pedidos de exames e incertezas quanto ao seu estado de saúde. Consultas rápidas e solicitações de procedimentos vêm, ao longo do tempo, substituindo a tão tradicional relação médico-paciente. A falta de uma relação de confiança entre as duas partes não comprome-teria o diagnóstico, o tratamento e a medicina como um todo? Vejamos o que fala Helito.

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Os caminhos que levam a uma maior proximidade na relação médico-paciente.

A volta do médico de família

E n t r e v i s t a A l f r e d o S a l i m H e l i t o Por Danilo Tovo

O que é preconizado na medicina para estabelecer uma boa relação médico-paciente?O princípio básico de uma boa medi-cina consiste em uma relação médico-paciente onde haja confiança, empatia e respeito mútuos. Se tivermos, por exem-plo, cinco médicos com mesmos currícu-lo e especialidade, mesma competência, com o mesmo diagnóstico e terapêutica, a tendência é que o paciente se entenda melhor com um deles, estabelecendo uma relação de confiança.

A partir de quando começou a mudar esta relação médico-paciente?Mudou com o surgimento da tecnologia. Até o início do século XX a medicina era feita apenas com a relação médico-paciente, pouca aparelhagem, pouquíssima tecnologia e quase não existiam hos-pitais e casas de saúde. Era uma medicina de poucos recursos e muita “tecnologia mental” do profissional, usando o conceito bá-sico da medicina, que era o histórico completo do paciente, iden-tificação do paciente e suas queixas, a história pregressa daquela queixa, ficha sobre os antecedentes pessoais, como alergias por exemplo, exame físico apropriado e, aí sim, em cima disso, elabo-rar as hipóteses diagnósticas para então estabelecer uma terapêu-tica. Com a tecnologia, vieram os novos conceitos de terapias, de

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centro cirúrgico, de medicina voltada para infecções, pacientes críticos, respiração artificial, choques, catéter, drogas.

A tecnologia não deveria ajudar e somar? Por que isto não aconteceu?Sim, claro. O grande problema é que ao invés de usar esta tecnologia como aliada, houve sua polarização total para hospitais e terapia intensiva, e tirou-se da frente de traba-lho a relação médico-paciente. Sem essa relação não existe medicina. Na verdade houve uma substituição, o que trou-xe graves dificuldades para a medicina a ponto de compro-meter o tratamento.

Que dificuldades são estas?Muito exame, internações, laboratórios e aparelhos. A essência da medicina deixou de ser feita. Mesmo com toda essa tecno-logia, faltou o principal: a participação física e a abordagem do médico. Sem isso, mesmo com a vasta quantidade de exames e tecnologia de ponta, a medicina não se desenvolve. É muito comum, por exemplo, sermos chamados pelos es-pecialistas para ajudar no diagnóstico. O clínico aborda o paciente ou a família (no caso do paciente estar inconscien-te ou na UTI), faz uma identificação apropriada do histórico, exame físico, para só então formular hipóteses diagnósticas. A tecnologia só ajuda se você seguir os preceitos de que a relação médico-paciente é fundamental na boa medicina.

Hoje se observa uma quantidade enorme de especialistas e subespecialistas e uma deficiência cada vez maior de clínicos. A que o senhor atribui isso?A entidade “clínico-geral” realmente estava em extinção. Da minha turma de formandos, em 1981, 95% deles optaram por algum tipo de especialidade. Aí houve outro hiato, o da especialidade, da tecnologia, da aparelhagem, dos exa-mes e, em contra-partida, aquele clínico médico de família, generalista, desapareceu. Hoje, se verifica uma tendência inversa, com a volta desse médico. Acompanhado de todos os recursos da tecnologia moderna.

Mas o senhor pode ser um bom especialista tendo uma boa formação generalista, não é mesmo?Pode. Mas hoje o especialista é muito cobrado. Eu mesmo não tenho condições de estudar tudo o que se renova, se modifica na medicina nas diferentes especialidades. O es-pecialista tem que estudar e se atualizar constantemente porque assim se exige desses profissionais.

O grau de exigência da especialidade é muito grande e acaba comprometendo a formação do generalista?Sem dúvida. Esse é um dos motivos de, na década de 70, ter desaparecido a entidade “clínico-geral”, o médico de família e, no lugar dele, entrado os especialistas. Isto aconteceu no mundo inteiro, não apenas no Brasil. Nos EUA também, jus-tamente onde, teoricamente, se pratica a “melhor medicina do mundo” (o que não é verdade).

Mas pelo que o senhor fala, existe uma tendência de se voltar àquele clínico, o médico de família? Existe alguma coisa que explique esta reviravolta da história?Apesar da relação médico-paciente ter se deteriorado um pou-co com o advento de novas tecnologias e aparelhagens, o clíni-co, no século XXI, voltou a centralizar o atendimento médico, só que em tons de modernidade. Uma das principais causas disto acontecer é que a medicina está se inviabilizando pela falta de confiança entre médico e paciente, família e comunidade.

Como assim? Daria para o senhor explicar melhor isso?Imagine aquele clínico que antigamente ia à casa do paciente no fim de semana e tratava, não apenas dele, mas de toda a família. Se ele não se atualizar, na segunda-feira, com certeza, esta família vai buscar auxílio de um especialista. Hoje o clínico tem que ser generalista. Tem que ser extremamente voltado

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Alfredo Salim Helito é clínico geral formado pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa, é membro atuante do corpo clínico do HSL e consultor da Rádio Jovem Pan desde 1999

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“A entidade ‘clínico-geral’ estava em extinção.”

para a modernidade, ter luz própria, estudar mais e estar atua-lizado em todos os aspectos e detalhes da medicina, isso sem esquecer a tecnologia, nem que seja de maneira superficial.

Além destes aspectos técnicos, o que mais um médico precisa para ser um bom clínico de família?O clínico médico de família generalista tem que atender 24 horas durante 365 dias por ano. Estar à disposição de seus pa-cientes este período todo. Para dar cobertura nas 24 horas do dia, ele tem que ter uma boa formação acadêmica, com resi-dência médica e atividades médicas além do consultório, seja na universidade, seja em alguma outra instituição de saúde de ponta. Precisa também constituir uma boa equipe de assisten-tes, não para substituí-lo, mas auxiliá-lo. Finalmente, precisa ter ciência e conhecimento de toda a tecnologia moderna e deve estar cercado de toda a gama de especialistas para, no caso de uma adversidade, ter a quem recorrer. Se, por exemplo, tenho um paciente com neoplasia, chamo um oncologista que se re-laciona perfeitamente comigo e que vai trazer a terapêutica correta, mas sob minha tutela, com a minha participação.

Esse movimento de trazer o clínico médico de família de volta também acontece por parte dos pacientes?Sim. Feliz do paciente que tem condições de ter na sua vida um médico de família. Hoje o médico generalista tem outra visão, está acoplado à modernidade, mas sem abrir mão da relação médico-paciente.

O fato de hoje os médicos pedirem exames desnecessários é prejudicial para os pacientes, os convênios e a saúde pública, certo? O que está sendo feito para reverter esta situação?A saúde pública, e os próprios convênios, já se deram conta do quanto eles perdem em dinheiro com o mau atendimen-to e com exames desnecessários. Eles têm a exata noção de que esta situação é causada pela falta de clínicos bem remu-nerados, competentes e que pratiquem a medicina baseada na relação médico-paciente. Eles já perceberam que investir no clínico geral é mais lucrativo, tanto que hoje os convênios estão desesperados atrás de bons clínicos. A saúde nos EUA está passando por problemas financeiros por estes mesmos

motivos. Eles morrem de medo de processos por parte do pa-ciente. Quando um paciente, mesmo o de convênio, tem um médico de sua confiança, ele sabe que pode contar com este profissional a qualquer hora. Assim, vai menos a pronto-socor-ros, usa menos exames e medicamentos. Hoje, todas as fontes pagadoras estão criando seu programa Médico de Família.

Esses médicos que estão saindo das faculdades têm no-ção do que é ser um médico generalista?Teoricamente todo médico que se forma e vai fazer residên-cia deveria ter um bom conhecimento generalista para, só depois, se especializar. Mas isto vai depender dele. Se a op-ção é se especializar, ele tem que ser o melhor no seu setor.

E como os especialistas reagem à presença dos generalis-tas em instituições de ponta com alta tecnologia?Os próprios especialistas ficam mais tranqüilos quando vêem que o paciente tem um clínico que o acompanha, em quem ele confia. A maioria dos hospitais mantém equipes multidisciplinares. O Hospital Sírio-Libanês tem especialis-tas em todos os setores. É uma pena (e uma vergonha) que isto não possa ser feito na saúde pública.

O que a medicina oferece à grande parte da população que não tem acesso a médicos e hospitais de ponta como o Sírio, por exemplo?Por enquanto a medicina em saúde pública oferece muito pouco. Mas eles estão se esforçando. Este movimento ainda é muito embrionário e precário. Começa que o médico da rede pública, para fazer um atendimento de primeira, pre-cisa ser muito bem remunerado. Ele não só não o é, como precisa ter oito empregos para sobreviver. Se for bem re-munerado, terá estímulo para se atualizar, estudar.Infelizmente, a nossa saúde pública é precária. A sorte é que há muitos hospitais de ponta atendendo esta população carente. É uma tentativa de trazer a saúde pública para o nosso aten-dimento. Além disso, alguns hospitais, como o Sírio-Libanês e o Einstein, têm programas de ensino e pesquisa para treinar e qualificar médicos e paramédicos que atuam em regiões mais carentes, tanto no Brasil como em outros países.

E n t r e v i s t a A l f r e d o S a l i m H e l i t o

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Quem não teve, pelo menos conhece alguém que já sofreu com varizes, aquelas proeminentes marcas azula-das e arroxeadas que se instalam nas pernas, coxas e pés. Se esteticamente incomoda, é bom saber que trata-se de uma doença que deve ser tratada e pode provocar dor, cansaço e sensação de peso nas pernas. Em casos extre-mos, podem ocorrer hemorragia e trombose venosa su-perficial ou profunda.

A doença atinge mais o sexo feminino, numa pro-porção de quatro mulheres para um homem, com ida-de entre 18 e 50 anos. Estima-se que 40% da população brasileira apresenta varizes em algum grau. Segundo pesquisas, a doença vem aumentando muito no país. Um dos fatores, além dos convencionais, é o uso cada vez mais precoce de anticoncepcionais. Outro pode ser atribuído à musculação praticada de forma inadequada. “É uma questão que preocupa muito, já que a doença às vezes se manifesta em graus mais acentuados”, diz o ci-rurgião vascular Jorge Kalil, médico do Hospital São Luiz, em São Paulo.

É muito comum quem sofre de varizes reclamar de dores

nas pernas, com a sensação de estarem pesadas ou arden-do, edema (inchaço), principalmente ao redor do tornozelo, cãibras e dormência. Estes sintomas podem se agravar no fim do dia — depois que a pessoa ficou por longo tempo em pé ou sentado — no calor, no período próximo ou du-rante a menstruação e também na gravidez.

Veias dilatadas

Varizes ou veias varicosas são veias dilatadas, tortuosas e alongadas, de diversos tamanhos, localizadas nos mem-bros inferiores. É fácil entender porque estas veias se dila-tam e se alteram anatomicamente. As artérias são respon-sáveis por levar o sangue do coração para as extremidades, e as veias de levar este mesmo sangue de volta ao coração, impulsionado, principalmente, pela ‘bomba’ muscular das panturrilhas. Para que o sangue possa voltar ao coração, as veias possuem válvulas venosas que impedem seu reflu-xo. Caso essas pequenas válvulas falhem, o sangue reflui e causa a dilatação das veias devido ao aumento do volume sangüíneo.

problema sérioe não questão

de estética

Conhecida da maioria das pessoas, principalmente das mulheres, as varizes quando diagnosticadas precocemente e tratadas evitam uma série de complicações.

VARIZES

A n g i o l o g i a F o n t e : J o r g e K a l i l Por Danilo Tovo

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Niko Guido / istockphoto

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Diagnóstico

Não é difícil perceber quando se está com varizes. “Na maioria das vezes elas são visíveis e palpáveis, o que facilita que a própria pessoa perceba sua existência”, diz Kalil. De-

tectado o problema, a primeira coisa a se fazer é pro-curar um especialista para um melhor diagnósti-

co, que pode ser feito visualmente ou através do Ecodoppler Venoso, exame que avalia o fluxo veno-

so superficial e profundo. O diagnóstico precoce evita que as varizes aumentem de tamanho e de número, além

de outras complicações próprias da evolução da doença, como por exemplo:w Edema- inchaço;w Eczema- geralmente se inicia com prurido (coceira);w Dermatite;w Fibrose;w Flebite- inflamação da veia;w Tromboflebites- inflamação da parede da veia com for-mação de coágulo; w Úlceras varicosas- feridas nas pernas; w Hemorragias- a pele e a parede das varizes muitas vezes ficam tão finas que facilmente se rompem, podendo ocor-rer varicorragia (hemorragia proveniente de varizes);w Pigmentação, escurecimento e endurecimento da pele.

Tratamento: cirurgias menos agressivas

O tipo de tratamento vai depender do diagnóstico. Se forem varizes primárias e de calibre pequeno, conhecidas como micro-varizes ou telangiectasias, o tratamento é rea-lizado através de escleroterapia — injeções de substâncias indolores aplicadas dentro dos vasos que servem para se-car as varizes.

Quando as varizes já se encontram num tamanho maior, o indicado é a cirurgia, procedimento que, graças ao avanço da medicina, hoje é menos agressivo. A micro-cirurgia, por exemplo, é um procedimento simples e seguro, minima-mente invasivo, que dispensa pontos e curativos, a anes-tesia é local e o tempo de internação hospitalar raramente passa de 12 horas.

“Este tipo de procedimento evoluiu tanto que hoje nós procuramos preservar ao máximo a veia magna, a safena,

Vários fatores de risco predispõe aparecimento da doença:

w Hereditário- pessoas cujos familiares (pai, mãe, avós, tios) apresentam o problema, provavelmente também sofrerão de varizes;w Gravidez- além dos hormônios, a compressão da veia cava inferior pelo útero gravídico pode dificultar o retorno ve-noso. O risco de va-rizes aumenta em mulheres que tiveram duas ou mais gestações;w Anticoncepcionais e te-rapia de reposição hormonal- o uso de hormônio aumenta o risco de varizes e de trombose venosa; w Pessoas que ficam muito tempo numa mesma posi-ção, em pé ou sentada; w Raça branca- o continente africano é onde me-nos acontece a doença. A explicação é que o tecido elástico das veias do negro é melhor do que o do caucasiano;w Idade- com a passagem do tempo, a tonicidade dos tecidos diminui; w Sexo- provavelmente a questão hormonal explica a incidência maior em mulheres; w Obesidade- considerada um fator desencade-ante das varizes pela maior compressão abdo-

minal, dificultando o retorno do sangue das pernas para o coração, dilatando assim as

veias das pernas;w Sedentarismo;

w Tabagismo- favorece a formação de trombes no organismo. Este risco au-menta muito quando as-sociado ao uso de anti-concepcionais; w Depilação com cera quente- provoca o apa-

recimento de micro-vari-zes.

A n g i o l o g i a

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maior veia do corpo humano. Retirar a safena hoje é exce-ção, e não regra como antigamente”, diz Kalil. Após a cirurgia o paciente deve usar meias elásticas de média compressão e fazer repouso por dois ou três dias. A cirurgia não implica que a doença não volte. O ideal é que o paciente que sofre de varizes, mesmo que tenha operado, consulte seu médi-co pelo menos uma vez por ano para acompanhamento.

Prevenção

Como já se sabe que as varizes têm como origem fato-res ambientais, comportamentais e genético, não custa nada adotar algumas medidas simples para prevenir o problema.

w Use sempre que possível meias elás-ticas, principalmente durante a gestação ou em atividades em que se permaneça por muitas horas em pé;w Praticar exercícios físicos ajuda, mas evite colocar todo o peso do corpo so-bre as pernas;w Evite ficar em pé ou sentado por tempo prolongado; w Fique sempre que puder deitado com as pernas para o alto;w Não use roupas muito apertadas que dificultem o retorno venoso; w Só use salto alto acima de 4,5 centímetros em ocasi-ões especiais;w Evite a obesidade, mantendo sempre uma dieta sau-dável.

“Retirar a safena hoje é

exceção, e não regra como

antigamente”

Foto: Danielle Sandrini

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A expectativa de vida do brasileiro que era de 66,6 anos em 1990 passou a 72,5 em 2007 e deve chegar a 80 em 2040, segundo projeção do IBGE. Estamos vivendo mais. Contudo, estamos envelhecendo melhor? Você já pensou no que fazer para chegar à velhice com qualidade de vida, autonomia e independência?

Uma solução, segundo especialistas, seria manter cor-po e mente funcionando até chegar à terceira idade, após os 60 anos. E o ideal para isto é cultivar hábitos saudá-veis desde a juventude, como alimentação balanceada e atividades física e mental. “Envelhecimento bem sucedido é sinônimo de estilo de vida saudável. A saúde é o nosso maior patrimônio”, alerta o geria-tra José Antonio Esper Curiati.

A busca por uma velhice saudável começa antes e não depois que os anos começam a pe-sar. Isso quer dizer que quem deseja chegar bem à “melhor idade” deve começar desde cedo a cui-dar da saúde. Cooper já dizia que “não adianta acrescentar anos à sua vida, e sim vida aos anos vividos”.

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O que é envelhecer com saúde? “É enve-lhecer com autonomia para tomar decisões e

independência para poder fazer tudo o que qui-ser, coisas simples como tomar banho, vestir-se

e sair sozinho, atravessar as ruas com segurança, andar pelo bairro, conversar com as pessoas, con-tar as suas histórias e dividir as suas experiências”,

exemplifica Curiati. Para ele, o conceito de envelhe-cer com qualidade de vida é um ser humano saudá-vel física, mental, emocional e espiritualmente, inte-

grado à sociedade e possuidor de ampla sabedoria.

Velhice não é doença

“A velhice não é uma doença como a enxaqueca ou o câncer. É um processo natural, no qual as funções do

organismo declinam pouco a pouco. Não há como escapar. Cada célula do nosso corpo

está geneticamente programada para envelhecer. Por melhores que

sejam os nossos hábitos e o ambiente

Qualidade de vida na juventudeé determinante para uma velhice saudável

Alimentação equilibrada e atividades físicas previnem doenças e, no futuro, trazem qualidade de vida ao idoso.

G e r i a t r i a F o n t e : J o s é A n t o n i o C u r i a t i Por Danilo Tovo

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em que vivemos, a velhice virá. Continuar a ter uma vida rica e plena, apesar de todas as limitações da idade, seria a concretização dessa sabedoria, mais facilmente alcançada através do desenvolvimento espiritual”, afirma.

“O ser humano tem que evoluir no sentido da sabedo-ria, que deveria ser a coroação do bom envelhecimento”, continua Curiati, que critica a preocupação da mídia e das pessoas com o culto à juventude, ao corpo bonito. Ao in-vés de concursos de beleza da terceira idade, argumenta, a sociedade e os médicos geriatras deveriam enaltecer o crescimento espiritual e a sabedoria de quem está enve-lhecendo. “Por que não fazer um concurso do idoso mais sábio?”, questiona.

Dicas para envelhecer melhor

Prevenção e tratamento são fundamentais para evitar doenças e principalmente para controlar os males crô-nicos, aqueles que uma vez adquiridos acompanham as pessoas para sempre. Se a doença for bem controlada, o indivíduo terá a mesma longevidade e saúde de alguém que não apresenta este quadro.

Longevidade

Até o início do século XX, por exemplo, a expectativa de vida nos países desenvolvidos mal chegava aos 40 anos. O Brasil, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), por volta de 2025 terá a sexta população de idosos do mundo, com mais de 32 milhões de pessoas com mais de 60 anos.

Esse fato se deve à diferença das taxas de nascimento e mortalidade, assim como à melhoria das condições de higiene, nutrição, avanços da ciência, da medicina e dos exames preventivos.

No Brasil, atualmente são 18 milhões de pessoas com mais de 60 anos, um idoso em cada dez brasileiros, ou seja, 10,5% da população. Um aumento de 47,8% em apenas dez anos, muito acima do crescimento geral da população, de 21,6%. Segundo estimativas, em 2050 a proporção de idosos no país será de um para cinco brasileiros. A previsão para os países desenvolvidos é de um idoso para cada três.

“O ser humano tem que evoluir

no sentido da sabedoria, que

deveria ser a coroação do bom envelhecimento.”

José Antonio Esper Curiati é geriatra, doutor em medicina pela Faculdade de Medicina da

USP e supervisor do Serviço de Geriatria do Hospital

das Clínicas

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Apatia, falta de interesse pelo que antes dava prazer; pensar só em coisas ruins e ter como único desejo trancar-se num quar-to escuro e chorar. Se alguém vive situação semelhante a esta, há mais de três meses, é hora de procurar ajuda. O quadro pode indicar depressão — doença lenta e gradativa que provoca an-siedade, insônia, falta ou apetite em demasia, baixa libido e, de-pendendo da intensidade, até delírios e pensamentos suicidas.

Muito confundida com tristeza, a depressão é uma alteração da ação dos neurotransmissores (substâncias responsáveis pela troca de informações do Sistema Nervoso Central) no cérebro. São estas substâncias que fazem com que sintamos emoções, prazer ou dor.

Diferente da tristeza, não existe um motivo aparente e ime-diato para que a pessoa apresente todas as sensações citadas acima. Perdas podem causar os mesmos sintomas, mas o que difere as duas é o tempo de duração, que na tristeza não costu-ma ultrapassar a quatro meses, ou aquele necessário para que a pessoa resolva ou aceite o problema desencadeador.

A depressão geralmente é contínua e progressiva, quase sempre acompanhada de ansiedade e crises de choro e, quan-to mais tempo durar, maior o impacto na vida da pessoa. Nor-malmente o desânimo, a tristeza e a falta de vontade de sair da cama impedem o depressivo de realizar tarefas simples do dia-a-dia como, por exemplo, trabalhar, cuidar dos filhos, ir ao cinema, além de dificultar os relacionamentos familiares.

“Na depressão a pessoa não tem controle da situação e seu cotidiano é completamente alterado. Já no estado de tristeza, melancolia, vai depender de como o indivíduo administra a própria vida. A tristeza, além de não apresentar vários dos sinto-mas presentes na depressão, tem hora para terminar”, explica o psiquiatra Zacaria Borge Ali Ramadam, do Instituto de Psiquia-tria do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de

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Depressão: diagnóstico precoce ajuda no tratamento

50% da população do planeta já viveu pelo menos um episódio depressivo. A organização estima que 17 milhões de brasileiros sofram com a doença que atinge todas as faixas etárias, sendo, porém, mais comum entre os 20 e 50 anos de idade. As mulhe-res têm maior tendência à depressão, em uma proporção de duas mulheres para cada homem. Uma das razões, segundo o especialista, é a variação hormonal, que “tende a interferir na produção de neuro-transmissores, principalmente da serotoni-na”, explica.

A OMS estima que os distúrbios de humor, incluindo a de-pressão, devem afetar cerca de 340 milhões de pessoas nos próximos anos. Em 2020, segundo a instituição, a ocorrência de depressão será o principal distúrbio mental na população dos países em desenvolvimento.

Sem causa aparente

Não se sabe ainda qual a causa da depressão. Fatores ge-néticos, psicossociais, neuroquímicos e ambientais podem pro-vocar a doença. Quando os pais são portadores do mal, o risco dos filhos apresentarem depressão é de 25% a 50%. A morte de pessoas próximas, perda de emprego, separação ou outros

Doença atinge crianças e adultos, limita a vida das pessoas, mina as energias e, quanto mais tempo durar, maior o impacto em suas vidas.

P s i q u i a t r i a F o n t e : Z a c a r i a B o r g e A l i R a m a d a m Por Danilo Tovo

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eventos estressantes também podem desencadeá-la, assim como problemas causados por derrame, baixo funcionamento da tireóide, uso de remédios à base de corticóides ou para hi-pertensão.

Fatores de risco:

Os principais são: histórico familiar de depressão; ser do sexo feminino; idade mais avançada; episódios anteriores de depres-são; parto recente; acontecimentos estressantes; dependência de drogas.

Tratamento

Quanto mais cedo detectada a doença, melhores são os re-sultados no tratamento. O grande problema é que na, maioria das vezes, o próprio depressivo não tem a iniciativa de procurar ajuda. É aí que entra a família. “É muito importante observar se houve mudanças no comportamento desta pessoa, se ela está se isolando dos amigos e parentes, perceber se ela está mais ca-lada, entre outros detalhes”, alerta o psiquiatra do HC.

A depressão pode ser tratada com psicoterapia e medicação antidepressiva para normalizar a quantidade dos neurotrans-missores. A melhora com esse tratamento que dura, em média, seis meses, é de 70% a 80%. Em casos mais graves e quando a pessoa não responde a outros tipos de tratamento, é usado eletroestimulação cerebral, antigamente chamado de eletro-convulsoterapia.

A prática de exercícios físicos pode ajudar no tratamento, já que a atividade libera endorfina, o hormônio responsável pela sensação de prazer e bem-estar. O grande problema é conven-cer uma pessoa que está deprimida a levantar-se da cama e se exercitar. Outra dica é evitar bebidas alcoólicas e jamais fazer uso de drogas. A alimentação deve ser saudável e as horas de sono, suficientes.

Crianças também podem sofrer desse mal

Depressão não é uma prerrogativa apenas de adultos. A doença também ataca crianças e adolescentes. Muitas vezes confundida com hiperatividade, déficit de atenção ou problemas de aprendizado, a doença pode compro-meter o desenvolvimento da criança ou do adolescente, interferindo no seu processo de amadurecimento psi-cológico e social.

Antes da puberdade, o risco de apresentar depres-são é o mesmo para meninos ou meninas. Detectar pre-cocemente a doença ajuda não apenas no tratamento como evita uma reincidência na idade adulta.

Em pelo menos 20% dos pacientes com depressão instalada na infância ou adolescência, existe risco de sur-girem distúrbios bipolares, nos quais fases de depressão se alternam com outras de mania, caracterizadas por eu-foria, agitação psicomotora, diminuição da necessidade de sono, idéias de grandeza e comportamentos de risco.

Vários fatores podem desencadear a doença em crianças e adolescentes. Atritos familiares, solidão, rejei-ção por parte dos amigos, cobrança exagerada em rela-ção ao desempenho escolar, falecimento de um familiar ou a separação dos pais são alguns deles.

Negligência dos pais ou violência sofrida na primeira infância também aumenta o risco. Estudos apontam que a violência urbana, o excesso de atividades na agenda di-ária e a falta de espaço para o lazer também são fatores que devem ser levados em conta.

Crianças também ficam tristes. Diferenciar a depres-são das tristezas do dia-a-dia é muito importante. Na criança, a doença pode ser identificada através de alguns fatores, como a intensidade e a persistência e mudanças anormais em seus hábitos.

Tratamento

A psicoterapia em conjunto com a família é a forma mais comum de tratamento de depressão em crianças. Além dos familiares, professores também são orientados no modo de agir com a criança na escola. Em casos mais graves, apesar de raros, deve ser utilizada medicação an-tidepressiva.

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Zacaria Borge Ali Ramadam é

professor associado do Departamento

de Psiquiatria da Faculdade de

Medicina da USP e membro

efetivo do IPQ do HC

(FMUSP)

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O Hospital Sírio-Libanês há muitos anos é uma refe-rência em atendimento em diversas especialidades, prin-cipalmente no tratamento oncológico. Pacientes chegam do Brasil inteiro e do Exterior para passar pelos médicos do HSL.

Esse reconhecimento vem de décadas e é resultado do trabalho de muitos médicos que passaram por lá e dos que ainda lá estão. Mas o Sírio-Libanês está pensando no futuro e se prepara para ser também um parâmetro em ensino e pesquisa.

Para Riad Younes, diretor clínico e coordenador do Nú-cleo Avançado de Tórax do HSL, o planejamento para isso já está em prática e muitas ações estão acontecendo neste momento.

O Sírio-Libanês possui um corpo clínico aberto e cre-denciado, e foi aplicada uma filosofia de trabalho dividida em núcleos, o que facilita o melhor atendimento, um tem-po maior dedicado à instrução e à orientação de profissio-nais do Brasil e até do Exterior, e também à pesquisa.

São os chamados Núcleos Avançados de Especialida-des, formados por times de profissionais considerados de elite, que discutem os avanços mais recentes e definem, caso a caso, a melhor forma de tratar o paciente e combater sua doença. “Eles estão dando uma cara nova ao hospital”, define Younes.

“Todos os profissionais estão alinhados com esse pen-samento e na busca da qualidade de atendimento, para o melhor ao paciente. Conseguimos reunir aqui o que há de top em medicina no País. Com isso, conseguimos juntar a

34

experiência necessária e contínua, além de criar o padrão de qualidade que queremos para o HSL e para a saúde do Brasil”, afirma o diretor.

Núcleos de especialistas

São dez Núcleos Avançados de Especialidades: Tórax, Cardiologia, Ortopedia, Fígado, Moléstias Infecciosas, Ne-frologia, Urologia, Ginecologia e Mastologia. Estão reuni-dos em cada núcleo, de acordo com Younes, a elite médica nacional do País.

Todos esses especialistas possibilitam implantar um projeto sólido de ensino e pesquisa, um antigo desejo do HSL. Se antes o ensino e a pesquisa poderiam ser conside-rados subprodutos dos núcleos, atualmente são peças im-portantes em todo o hospital.

Conforme Younes, ele, como diretor, e os médicos traba-lham em conjunto com a direção para proporcionar o me-lhor atendimento e ensino e pesquisa de ponta. Ele divide esse trabalho em quatro grandes segmentos. O primeiro é o ensino, com a organização de eventos por núcleo, aber-tos para médicos de todo o País. Os que já se realizaram tiveram média de 500 participantes, com expoentes daqui e de fora.

O segundo é habilitar centros de referência em cuidados mais complexos em outras cidades e estados. Um exemplo: o Sírio-Libanês é responsável por capacitar outras UTIs no Brasil. Isso é feito por videoconferência e pode ser conside-rado um trabalho filantrópico, visto que é implantado em

Cada vez mais, uma referência

E n s i s o e P e s q u i s a F o n t e : R i a d Y o u n e s Por Marco Barone

Foto: Divulgação

Page 35: Chams Business 3

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hospitais públicos carentes desse tipo de atendimento.O terceiro segmento é a introdução intensiva de pesqui-

sa para alavancar a capacidade de se fazer pesquisa cien-tífica no hospital. Essa área está sob coordenação de Luís Fernando Lima Reis, que triplicou o número de projetos no HSL.

Por fim, mas não menos importante, está o treinamento. O Sírio é um dos melhores centros de treinamento em cirur-gia de ponta do País, com grande destaque para as vídeo-cirurgias e as cirurgias robóticas (único centro da América Latina e maior em treinamento). Estão aptos para operar e treinar. Outro ponto importante: com essa solução interna e qualificada, o treinamento fica entre 30% e 60% mais ba-rato que em outras instituições, destaca o diretor.

“Nos últimos anos, mesmo antes de mim, tudo o que havia dentro do hospital foi aproveitado e alavancado. Isso foi fruto de muito trabalho e empenho dos profissionais daqui. Esses projetos e ações colocam o Sírio como uma referência mundial.”

Parcerias com o Exterior

A idéia é começar a criar condições que permitam que os núcleos e o hospital fechem parcerias com instituições do exterior para troca de experiências e para realizar trei-namentos aqui. “Queremos abrir o Brasil para o mundo, le-vando nossa expertise de dentro para fora. O Sírio será, em breve, uma referência internacional”, avisa.

Os planos para o hospital são grandes. Younes diz que

Cada vez mais, uma referênciaem três anos a capacidade de internação deve duplicar, e novos espaços (prédios) estão sendo construídos para comportar as crescentes áreas de ensino e pesquisa. “Esta-mos criando condições para que, no Sírio, como em outros países, o médico fique trabalhando exclusivamente aqui. Isso já está começando nos núcleos”, conclui.

Esse é o compromisso e a luta de toda a equipe para que o Hospital Sírio-Libanês se torne um modelo em ensino e pesquisa.

Riad Younes é formado em Medi-cina pela USP. Sua residência foi no Hospital das Clinicas, onde se especializou em cirurgia to-rácica. Fez sua especialização (fellowship) em Oncologia no Memorium Sloan Kettering, em Nova York. É professor

livre docente em cirurgia na USP e chefe de

Medicina Torácica no Hospital AC Camargo

Foto: Danielle Sandrini

Foto: Divulgação

Page 36: Chams Business 3

O desejo de ser médico foi precoce em Eduardo Carone Filho. Aos 14 anos ele já havia decidido que era essa a profissão que iria exercer. Tinha como exemplo dois tios seus: Virgínia Carone, irmã de seu pai, e Daher Cutait, irmão de sua mãe. A primeira, Tia Virginie, como era conhecida, foi a segunda mulher a se formar médica pela USP. Já Daher Cutait foi a grande influência. Ele vivia na casa do tio para brincar com os primos e via como ele se dedicava à profissão, não só no tratamento dos pacientes, mas também por seu interesse em incentivar e educar novos profissionais. O Dr. Daher estimulou muito seu sobrinho a estudar medicina.

Carone é da turma de 1977 da Unicamp e desde que entrou na faculdade se interessou pela cirurgia. “Sem-pre quis fazer isso. Além do currículo normal do curso, procurava acompanhar os professores, alunos mais velhos e profissionais em cirurgias. Quando me formei sabia que caminho seguir”, lembra o médico.

O concurso para residência foi prestado no Hospital das Clínicas que, segundo ele, é a maior escola de cirur-gia do País. “É a escola-mãe de todas as outras. Foi lá que comecei minha vida médica.” Logo após a residência, prestou concurso no HC e começou a trabalhar no Pronto Socorro. E foi trilhando um caminho de sucesso.

36

E n t r e v i s t a E d u a r d o C a r o n e Por Marco Barone

Por influência de parentes médicos, Eduardo Carone começou na profissão e hoje é um dos principais nomes da cirurgia hepática no País.

Operando seu próprio destino

“Da lista de espera por orgãos, saem m ais pessoas por óbito do que por transplante.”

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Uma paixão: dar vida

No HC começou com cirurgia geral do aparelho digestivo — uma de suas especialidades e na qual é um dos principais nomes no Brasil. Nas próprias Clínicas começou a se interessar pela cirurgia hepática. Em 1984, segundo ele, começaram a aparecer no mundo os primeiros estudos sobre transplante de fígado. Seu interesse pelo tema o fez estudar tudo o que saía sobre o assunto.

“Era um campo novo e no HC já estava sendo criado um grupo para estudá-lo. Em 1986 fiz um fellowship nos EUA e pude me aprofundar e treinar as técnicas de transplante. Um pouco antes, um amigo de infância, o também médico Paulo Chap Chap — hoje seu sócio na clínica — havia ido para os EUA para estagiar. Em nosso retorno, começamos a montar o primei-ro grupo de transplantes do Instituto da Criança do HC”, conta.

De acordo com Carone, até 1995 o grupo — que fazia as ci-rurgias e transplantes no HC, e no Sírio — enfrentava um gran-de problema: a doação. Começaram, assim, a estudar a técnica de transplante inter vivos que Silvano Raia já tentava implantar nas Clínicas. Além de Raia, soube que em Chicago/EUA e em Kyoto/Japão se usava a técnica. Estudou muito o assunto an-tes — como é seu costume — e foi para o Japão se aprofundar ainda mais.

Esse aprimoramento possibilitou que a equipe de trans-plante do Hospital Sírio-Libanês realizasse, naquele mesmo ano, o primeiro transplante inter vivos de fígado com sucesso no Brasil. Hoje esse grupo atua no Hospital A C Camargo e no Sírio-Libanês contando com mais de 450 casos realizados. “A técnica é mais usual em crianças, mas também adultos têm boa aceitação”, explica.

Em seu consultório atende principalmente os casos de ci-rurgias do aparelho digestivo geral, mas sua especialidade são as cirurgias hepáticas e o transplante de fígado. É também res-ponsável pelo Serviço de Hepatologia e Transplante Hepático do Hospital AC Camargo.

Carone, apesar do reconhecimento profissional, não se aco-moda. “Muito ainda precisa ser feito para que esse tipo de cirur-gia aconteça com maior freqüência e em maior número. Nos-sas pesquisas e estudos levam a caminhos interessantes, mas população e poder público precisam ter a consciência de seus papéis e colaborar com a melhora desse quadro”, conclui.

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“Da lista de espera por orgãos, saem m ais pessoas por óbito do que por transplante.”

A luta pela doação e captação de órgãos

Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 72 mil pessoas aguardam por transplante de todos os tipos no Brasil, e a maior dificuldade para atendê-las é a falta de doadores. A cada ano são realizadas em média 15 mil intervenções no país, 90% delas custeadas pelo SUS, que investe anualmente cerca de R$ 500 milhões na área.

Para se fazer um número mínimo de transplantes de fígado, especificamente, que pudesse atender satisfatoriamente a quem está na fila de espera, teriam de ser realizadas entre 3 mil e 3,5 mil intervenções por ano. Infelizmente, esse número está em torno de mil, incluindo os transplantes inter vivos, que representam de 10 a 15% dos casos.

A morbidade das pessoas doentes que esperam na fila é grande e a mortalidade também, pois as ações só conseguem atender a 30% da necessidade. Muito ainda precisa ser feito em âmbito nacional. Atualmente, além dos estados do Sul e do Sudeste, muitos poucos fora desse eixo realizam o transplante hepático. “No Estado de São Paulo saem mais pessoas da lista por óbito do que por transplante”, informa Eduardo Carone, uma dos maiores especialistas em cirurgia hepática e transplante no País.

Segundo ele, a falta de doadores é a maior responsável por isso. O Brasil está muito abaixo da média dos países desenvolvidos, como EUA e alguns países da Europa, nos quais a proporção de doadores é de 20 por milhão de habitantes. A média mundial é de cinco por milhão, como a nossa.

Precisa, sim, de mais estrutura de atendimento, mais dinheiro para que as cirurgias aconteçam com mais freqüência e mais comunicação entre os centros médicos. “Nossa estrutura melhorou muito nos últimos dez anos, mas chegou a um patamar de estagnação, de não evolução, que precisa ser mudado”, defende Carone.

Eduardo Carone é graduado em Medicina pela Unicamp e doutorado em Cirurgia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Page 38: Chams Business 3

P e r f i l E m p r e s a

Em 1936, um grupo de médicos obstetras de São Pau-

lo se uniu para construir a Maternidade Pro Matre Paulista.

Nascia uma parte da história da cidade. Passados 70 anos,

comemorados em 2006, a Pro Matre Paulista acompanhou

o nascimento de pelo menos três gerações de paulistanos.

A marca registrada da casa é um atendimento pleno de

calor humano, aliado a um corpo clínico altamente especia-

lizado e à mais avançada tecnologia de ponta.

A UTI neonatal — com 450 m2 — é referência em São Paulo

e no país. Sua moderna estrutura tecnológica permite acom-

panhar a saúde de bebês que nascem com baixo e extremo

baixo peso (menos de um quilo). A UTI, assim como toda a

maternidade, conta com equipes de especialistas em todas as

áreas da medicina. Sendo referência em gestação de alto risco,

a Pro Matre também conta com UTI para estas parturientes.

A Pro Matre foi pioneira na criação de cursos para ges-

tantes. Há 50 anos falava-se em amamentação e como a

mãe deveria cuidar do seu bebê. Hoje, o curso se adequou

aos novos tempos e é voltado à mulher que trabalha e terá

de voltar para a empresa, passada a licença-maternidade.

Os pais, na sua grande maioria, também participam, já que

irão dividir com as mulheres as tarefas e cuidados do bebê.

A maternidade, onde se realizam cerca de 600 partos/

mês, conta com apartamentos standard e suítes. A Suíte

Master, com 70 m2, possui, além da sala, um jardim de inver-

no climatizado. Em alguns apartamentos, há uma TV pela

Maternidade Pro Matre Paulista

qual a mãe pode acompanhar seu bebê, quando ele estiver

no berçário. A Pro Matre incentiva o aleitamento materno, e

deixa os bebês o maior tempo possível junto aos pais.

Como incentivo ao parto normal, a Pro Matre possui três

suítes, que são apartamentos totalmente equipados para

se transformarem em sala de parto no momento do nas-

cimento do bebê. Esse tipo de acomodação, existente há

oito anos na Pro Matre, hoje é exigência em todas as mater-

nidades. Armários escondem aparelhos, camas se transfor-

mam em mesas ginecológicas etc. As equipe de obstetrizes

e anestesistas ficam à disposição 24 horas e acompanham

de perto o atendimento às futuras mamães.

Na Pro Matre, os bebês não andam de carrinho — são

levados aos quartos no colo das enfermeiras.

Em 2008, a Pro Matre inaugurou no 4º andar uma nova

ala de apartamentos, e brevemente um novo centro cirúr-

gico entrará em funcionamento.

Ao lado desta moderna estrutura física e alta tecnologia,

vale ressaltar que a instituição mantém, acima de tudo, um

relacionamento humanizado com suas clientes, colocando

o calor e o colo sempre em primeiro lugar. A Pro Matre é, há

mais de 70 anos, tradição de berço.

A Pro Matre é pioneira nos seguintes procedimentos:

neurocirurgia em crianças; cirurgias intra-uterinas; medici-

na fetal; cirurgia em bebês por endoscopia; anestesia em

cirurgia infantil.

Há mais de 70 anos no coração de três gerações de paulistanos

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ção

Hospital e Maternidade Pro Matre PaulistaAl. Joaquim Eugênio de Lima, 383, Bela VistaTel.: 11 3269.2233

Leitos: 90Leitos na UTI: 47 leitos na neonatal e 3 na adultoFuncionários: aproximadamente 700Médicos no corpo clínico: quatro mil obstetras e ginecologistas cadastradosEspecialidades atendidas: obstetrícia, neonatologia, medicina fetalEspecialidades cirúrgicas: obstetrícia e ginecológicaExames realizados: ultra-som obstétrico morfológico, dopplerfluxometria colorida, perfil biofísico fetal, cardiotocografia, aconselhamento genético, cariótipo com bandas, biópsia de vilo corial, amniocentese, cordocentese, transfusão intra-útero e cirurgia fetal

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Suite Pro Matre

Page 39: Chams Business 3

Rua do Paraíso, 432 Paraíso São Paulo - SP Tel.: (11) 5080-6000 www.hmsj.com.br

Prêmio Top Hospitalar. Eleita em 2003, 2004, 2005 e 2007. A única maternidade do Brasil com Acreditação em Excelência Nível III

O Hospital e MaternidadeSanta Joana

recebeu vários prêmios,mas este é o mais

importante de todos.

A felicidade estampada no rosto de cada família

é o prêmio que o Santa Joana conquista todos

os dias, há 60 anos. Essa é a razão para nascer

e renascer a cada minuto. Pesquisas, tecnologia,

segurança, conforto e médicos competentes.

No Santa Joana tudo se renova, sempre.

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Page 40: Chams Business 3

Para o Professor Titular da Faculdade de Medicina da USP e da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, a oftalmo-logia brasileira não perde para nenhuma outra no mundo, mas há muito por ser feito pela saúde pública. Na frente das outras demandas, Kara José explica que garantir o acesso da população aos óculos equivaleria a 70% dos problemas resolvidos. Afirma ainda que oferecer exames oftalmológicos e óculos são deveres do governo, já que a iniciativa pri-vada só pode agir pontualmente. Por fim, analisa a saturação do mercado médico. Confira abaixo os principais pontos tocados pelo professor nesta conversa com a revista Chams Business.

Sobre a medicina brasileira:

O que qualifica o nível da medicina de um país é a quantidade de bons médicos e os equipamentos disponíveis para tratamentos. A medicina oftalmológica no Brasil não deve nada para a de nenhum país do mundo. O que ainda falta por aqui são investimentos em pesquisa científica. Têm melhorado bastante com a atuação da Fapesp e de outras ins-tituições, mas os avanços são ainda proporcionalmente pequenos. Mas a questão é que talvez essa não seja a vocação brasileira, não por falta de talentos, mas pelos custos que a pesquisa científica gera. Para se descobrir um novo colírio ou fármaco, é necessária a injeção de milhões de dólares. São investimentos de longo prazo, e o país tem demandas mais urgentes para sanar primeiro. O que realizamos aqui são pesquisas de aplicabilidade de medicamentos já conhe-cidos.

As demandas mais urgentes no Brasil de hoje:

Em primeiro lugar está suprir a necessidade de uso de óculos da população e, em segundo, o tratamento da catarata. Diagnóstico e tratamento do glaucoma, além de instrução da população para evitar traumas oculares são também importantes. Por exemplo, depois que o brasileiro passou a usar cinto de segurança nos veículos, o número de casos de olhos perfurados em acidentes de trânsito, que era alto, caiu para quase zero.

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E n t r e v i s t a N e w t o n K a r a J o s é

O oftalmologista e professor Newton Kara José fala sobre a oftalmologia brasileira, a saúde da população, a questão ‘público x privado’ e os desafios da carreira médica, entre outros temas.

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“O mais importante é solucionar a demanda por óculos.”

O mais importante, porém, é solucionar a demanda por óculos. Segundo estatísticas, após os 50 anos, quase 100% da popula-ção necessita de óculos. São pessoas ainda ativas que passam a ter limitações sem eles. Em relação às crianças, 7% precisam de óculos e, se não os tiverem, poderão ser excluídas da vida esco-lar, pois o potencial de aprendizado fica bastante limitado. A criança, por si só, não consegue identificar sua necessidade, já que não enxergar perfeitamente não dói. Então, é necessário que os responsáveis estejam atentos. É preciso que haja proje-tos do governo para que se detecte o problema: exame oftal-mológico quando a criança passa pelo posto de saúde; cam-panhas de conscientização para o diagnóstico precoce, bem como campanhas para entrega de óculos gratuitos. Iniciativas desse tipo já foram realizadas em governos anteriores, quando o Brasil chegou a atender 3,5 milhões de crianças por ano com apoio de verba federal. Hoje esses projetos existem, mas apenas em nível municipal.

Público x privado?

A iniciativa privada pode ajudar em projetos de saúde públi-ca por tempo limitado. Ninguém tem dinheiro suficiente para prover com constância a saúde da população. As ONGs são de-monstrativas, não resolutivas. Por mais que a iniciativa privada abrace causas, em geral, serão apoios pontuais e de tempo limi-tado. Não se pode esperar um voluntarismo continuado, nem da classe médica, nem do empresariado ou das ONGs. É claro que os mutirões de médicos para atendimento gratuito e, de grupos privados, para entrega de óculos sem custo são projetos louváveis, mas são pontuais. São responsabilidades de saúde pública que o governo deve tomar para si. Além disso, toda vez que realizávamos um mutirão, evidenciávamos que o número de atendimentos rotineiros não estava sendo suficiente.

O problema da catarata

Hoje realizamos no Brasil cerca de 240 mil cirurgias por ano. Se-riam necessárias 900 mil, sendo que dessas, 570 mil são para evi-tar novos cegos. São 230 mil casos de cegueira por catarata ao

ano. É uma doença degenerativa comum na população idosa. Após os 60 anos, todos em geral têm um pouco. Mas a catarata só deve ser operada quando atrapalhar as atividades pessoais e profissionais do paciente. Hoje, falamos de uma nova medicina baseada em evidências: o médico tem que provar que o proce-dimento que vai realizar vai de encontro aos interesses do pa-ciente. É um conceito primordial e óbvio, mas é incrível como só foi pensado (ou repensado) recentemente, pelo crescente nú-mero de intervenções médicas que vemos na sociedade atual.

A oftalmologia na rede particular

Temos uma medicina oftalmológica privada com centros de ab-soluta excelência e profissionais bem preparados, como acon-tece, por exemplo, no Hospital Sírio-Libanês ou no Einstein, re-conhecidos centros de ponta.

Desafios dos novos profissionais

Com o aumento do número de faculdades, falamos de um mercado absolutamente saturado. Como carreira, é necessário muito investimento, financeiro e pessoal. É preciso se dedicar, estudar e trabalhar por muitos anos. O médico de hoje trabalha-rá por muito tempo até recuperar o investimento realizado, se recuperar. Mas é uma bela carreira. É preciso vocação, vontade e muita dedicação.

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Newton Kara José é Professor Titular da Faculdade de Medicina da USP, Professor Titular da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, tem 21 livros e mais de 300 artigos científicos publicados.

Foto: Patrícia Figueiredo

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A dermatologista Cristina Abdalla alerta: quando o assunto é câncer de pele, o sol ainda é o maior vilão.

Verão, férias, praia... Quem não gosta de se estirar na areia por horas a fio, relaxar e aproveitar ao máximo aquelas horinhas de diversão? Ainda mais num país onde o sol apa-rece na maior parte do tempo. Pois é. O grande problema é que muitos se esquecem ou desconhecem que exposição prolongada ao sol é um dos maiores riscos para o câncer de pele, um dos tipos mais freqüentes da doença, com índices em torno de 25%.

A exposição excessiva e constante à radiação ultraviole-ta dos raios solares é a principal causa para o seu apareci-mento, que se manifesta pelo crescimento anormal e des-controlado das células que compõem a pele. Esta radiação está presente tanto nos raios solares como em cabines de bronzeamento artificial. Em pessoas de pele clara, sardas, cabelos e olhos claros, o risco de contrair a doença é maior. Outros fatores são antecedentes familiares com histórico da doença, queimaduras solares, incapacidade para bron-zear e pintas.

Alguns estudos indicam que a exposição excessiva du-rante as primeiras duas décadas de vida aumenta ainda mais o risco. “80% do sol que tomamos na vida é até os 20 anos. Essa é a fase mais crítica, quando o sol provoca efei-tos nocivos e duradouros na pele”, explica a dermatologista Cristina Abdalla, do Hospital Sírio-Libanês.

Pesquisas realizadas pela Sociedade Brasileira de Der-matologia mostraram que, se os cuidados com a pele forem adotados desde a infância, as possibilidades de desenvolvi-mento da doença podem ser reduzidas em até 85%.

Tipos

Entre os tipos de câncer de pele, estão o carcinoma ba-socelular, o carcinoma espinocelular e o melanoma. Os dois primeiros, carcinoma basocelular e espinocelular, têm altas

taxas de incidência, mas também de cura, principalmente pela facilidade do diagnóstico precoce.

O carcinoma basocelular, por exemplo, é o tipo mais fre-qüente, com 70% dos casos. Ele aparece, em geral, após os 40 anos e está diretamente ligado à exposição solar cumu-lativa durante toda a vida. O lugar mais comum é o rosto, principalmente o nariz, região onde há maior exposição solar. Apesar de não causar metástase, pode destruir os te-cidos à sua volta, atingindo até cartilagens e ossos. “Existe um conceito de que pele bronzeada é bonita e até saudá-vel. Não é. Com o tempo, esse sol pode causar queimaduras e envelhecimento precoce”, alerta Abdalla.

Já o carcinoma espinocelular, segundo tipo mais comum de câncer da pele, com 25% dos casos, tem como causas o tabagismo, exposição prolongada ao sol ou a substâncias químicas, como arsênio e alcatrão, e baixa imunidade. É um tipo de tumor perigoso e com grandes chances de se espa-lhar para outras regiões do corpo, como gânglios, e provo-car metástase.

O melanoma, apesar da baixa incidência, 4% dos casos, é o mais perigoso, com alto potencial de metástase. Mais comum em adultos por volta dos 40 anos, pode levar à morte, se não houver diagnóstico e tratamento precoce. Normalmente, inicia-se com uma pinta escura.

Segundo estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca), em 2008 surgirão 55.890 novos casos de câncer de pele não melanoma em homens e 59.120 em mulheres. Já a previsão para câncer de pele melanoma, o tipo mais perigoso da doen-ça, é de 2.950 novos casos em homens e 2.970 em mulheres.

Sinais

w Carcinoma basocelular: mancha, espinha, ferida ou nó-dulo que não cicatriza, podendo sangrar ou não.

D e r m a t o l o g i a F o n t e : C r i s t i n a A b d a l l a Por Danilo Tovo

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w Carcinoma espinocelular: lesão no lábio (placa vermelha ou branca) que não cicatriza; placa avermelhada, escama-ção ou tumoração no couro cabeludo, na face ou no braço. w Melanoma: pintas antigas, ou que aparecem de repente, que crescem, mudam de cor e podem até sangrar. Manifes-ta-se em qualquer lugar, até mesmo na planta do pé. Nos negros, os tumores geralmente são nas regiões palmares e plantares. Este tipo de tumor é raro, mas pode matar.

Prevenção

A melhor maneira de evitar câncer de pele ainda é o diagnóstico precoce feito através de um exame clínico. Nos últimos anos, houve uma grande melhora na sobrevida dos pacientes com melanoma, principalmente devido à detec-ção precoce do tumor. Nos países desenvolvidos, a sobre-vida média, estimada em cinco anos, é de 73%, enquanto que, para os países em desenvolvimento, a sobrevida mé-dia é de 56%. A média mundial estimada é de 69%.

Tratamento

Em todos os tipos de câncer, a cirurgia é o tratamento mais indicado. No carcinoma basocelular, o procedimento

geralmente é suficiente. Nos casos do espinocelular e me-lanoma, às vezes pode ser necessária a retirada dos linfono-dos (nódulos linfáticos). Dependendo do novo local onde a doença se instalou, e da gravidade do caso, são realizadas quimioterapia, radioterapia e imunoterapia. As chances de cura deste tipo de câncer se relacionam diretamente ao diagnóstico precoce.

Dicas

Como a incidência dos raios ultravioletas está cada vez mais agressiva, todas as pessoas devem estar atentas e se protegerem: use chapéu, camiseta, óculos escuros e prote-tor solar (FPS mínimo de 15); evite se expor ao sol entre 10 e 16h (horário de verão); use barracas de algodão ou lona, que absorvem 50% da radiação ultravioleta (as barracas de nylon barram apenas 5% dos raios UV); os filtros solares de-vem ser aplicados antes da exposição ao sol e reaplicados após nadar, suar e se secar com toalhas; e atenção à alti-tude, pois a cada 300 metros, aproximadamente, aumenta em 4% a intensidade da vermelhidão produzida na pele pela luz UV; a neve, a areia branca e as superfícies pintadas de branco são refletoras dos raios solares, e requerem cui-dados redobrados.

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Cristina Abdalla, dermatologista do Hospital Sírio-Libanês, formou-se em Medicina pela Universidade Santo Amaro, tem mestrado e doutorado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

“80% do sol que tomamos

na vida é até os 20 anos.”

Foto: sxc.hu

Foto: Ângela Saraiva

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“Atividades físicas são essenciais, d os esportes às brincadeiras, como nadar, correr.”

Já foi o tempo em que criança gordinha era sinônimo de criança saudável. A obesidade em crianças é uma questão cada vez mais preocupante no Brasil e no mundo, e traz ao universo infantil problemas antes típicos dos adultos, como o diabetes tipo 2, hipertensão e colesterol alto.Em entrevista à Chams Business, o endocrinologista Ricardo Hauy Marum alerta para a importância da alimentação saudável e atividade física, aliados à constante atenção dos pais.

Qual o problema do excesso de peso em crianças e adolescentes?O excesso de peso na infância e adolescência predispõe a várias doenças e complicações de saúde. Entre elas estão o aumento da pressão arterial, dificuldades respiratórias, alterações no esqueleto, como o joelho em “X”, e maior incidência de doenças de pele, como acne, assaduras e micoses. Além dessas, destaco o aumento de colesterol e triglicérides no sangue e no fígado, que podem levar ao surgimento de um tipo de hepatite química, e finalmente o diabetes melitus (também chamado de Tipo 2), antes comum apenas a partir dos 40 anos de idade.

Como o estilo de vida atual contribui para a obesidade infantil?A obesidade tem determinantes genéticos e ambientais. O ambiente que chamamos de obesogênico, caracte-rizado por hábitos alimentares inadequados e pouca atividade física, geralmente é o “gatilho” da obesidade para quem tem a predisposição genética. Ou seja, o estilo de vida urbano atual é o grande responsável pela maior parte

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Alimentação saudável e atividade física são as melhores armas no combate à obesidade infantil

E n t r e v i s t a R i c a r d o H a u y M a r u m Por Danilo Tovo

Igor Stepovik / istockphoto

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“Atividades físicas são essenciais, d os esportes às brincadeiras, como nadar, correr.”

dos muitos casos de obesidade infantil, e também adolescen-te, que surgem em quantidade cada vez maior, configurando uma verdadeira epidemia mundial dessa doença.

Quando se deve começar a tratar a obesidade?O mais rapidamente possível. Uma vez diagnosticada, se nada for feito, as chances de a obesidade infantil evoluir para ado-lescente, e finalmente chegar à obesidade adulta, com todos os problemas que ela traz, são muito altas. O ideal á atuar preventivamente, impedindo que o que, a princípio, seria um simples excesso de peso evolua para um caso de obesidade.

Como saber se seu filho está obeso?Embora pareça algo um tanto evidente, não é fácil para al-guns pais reconhecerem que seus filhos estão acima do peso saudável, principalmente se eles também tiverem um pro-blema de obesidade. É comum esses pais assumirem uma postura de negação, até mesmo se sentirem insultados e re-agirem com indignação a um comentário sobre o assunto.Então, muitas vezes os pais devem tentar ir além da sua avaliação visual: devem ouvir as reclamações de seus filhos, atentarem aos “apelidos” que eles recebem das outras crian-ças, se a numeração de suas roupas corresponde àquelas confeccionadas para a sua idade, e por aí vai.Esses critérios, como a própria avaliação visual, obviamen-te, são bastante subjetivos. O médico, entretanto, conta com métodos objetivos de avaliação. O mais utilizado é o

Índice de Massa Corpórea (IMC), que se obtém dividindo o peso em quilogramas pela altura em metros elevada ao quadrado (kg/m²). O resultado é um número inserido em um gráfico que leva em conta a idade e o sexo, e pode indi-car com segurança se a criança tem baixo peso, peso nor-mal, sobrepeso ou obesidade.

O que leva à obesidade infantil?Além dos fatores genéticos, que explicamos anteriormente, a chamada hereditariedade, a obesidade pode ser causada por fatores ambientais, biológicos e psicológicos. Os prin-cipais fatores de risco estão relacionados ao ambiente, es-pecialmente hábitos alimentares baseados nas chamadas “fast food” e “junkie food”. Essa dieta, além de muito calórica, oferece altos teores de sal, açúcar, gorduras e colesterol e é pobre em nutrientes essenciais, como vitaminas, sais mine-rais, fibras alimentares, carboidratos complexos e anti-oxi-dantes. Somados à má alimentação, temos o estilo de vida sedentário que falamos acima, com pouca atividade física e horas na frente do computador, vídeo-game e televisão. Aliás, o domínio que a TV exerce sobre o público infantil se estende também à alimentação. Os hábitos alimentares in-fantis são criados observando o comportamento dos pais, dos coleguinhas e dos “ídolos”, personagens de desenhos animados e histórias em quadrinhos. Repare que há um “bo-nequinho” em todas as propagandas. Estudos comprovaram que crianças de 2 ou 3 anos já são capazes de memorizar de-

terminados anúncios de comida. Obviamente não propomos nada tão radical quanto eliminar com-putador, vídeo-game e televisão da vida das crianças, mas uma de-vida dosagem.Finalmente, vale lembrar que maus hábitos são um círculo vicioso. Ali-mentos muito salgados, por exem-plo, pedem uma maior ingestão de refrigerantes, e assim sucessiva-mente.

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Como prevenir a obesidade infantil?A prevenção começa em casa, com refeições balanceadas, estímulo à atividade física e atenção aos hábitos alimenta-res de toda a família. Os horários das refeições devem ser pré-estabelecidos, evitando tanto longos períodos em je-jum como as “beliscadas” entre as refeições. Nos intervalos entre as refeições principais devem ser incluídos lanches saudáveis, que podem conter, por exemplo, leite, frutas e pão ou cereais.

Quando a criança já está obesa qual seria o tratamento?O tratamento é basicamente reeducação alimentar, ativida-de física e mudanças dos hábitos pouco saudáveis. E inclui toda a família. Todos os que convivem com a criança são de fundamental importância na mudança desses hábitos. Por exemplo: uma família que come junta, come melhor. De acordo com um recente estudo publicado no jornal Ar-chives of Family Medicine, pesquisadores observaram que crianças que jantam frequentemente com a família têm

dietas mais saudáveis. A refeição das crianças deve conter carboidratos (arroz e feijão), proteínas (carne, frango ou peixe, de preferência assados ou cozidos, para evitar o uso de óleo), verduras e frutas. Atividades físicas também são essenciais. Desde os esportes em si às próprias brincadeiras como nadar, correr, andar de bicicleta.Na reeducação alimentar, especificamente, é preciso paci-ência para “negociar” com a criança a substituição gradati-va de alimentos e líquidos mais calóricos por similares mais saudáveis. Isso é fundamental para o sucesso do tratamen-to. Se para um adulto o conceito de dieta, de forte restrição ao consumo de alimentos gostosos por um determinado tempo, é às vezes bastante difícil, para uma criança ou ado-lescente pode ser inaceitável.É muito importante paciência e cuidado na apresentação dos novos alimentos à criança. Ela deve ter a oportunida-de de cheirar, manusear, presenciar o preparo do alimento, vendo o que ele é in natura e em quantos pratos diferentes ele pode se transformar. Isso é fundamental para a criança aprender a gostar dos alimentos saudáveis. O gosto pelo doce e salgado é inato a todas as pessoas, mas o gosto pelo azedo e amargo, que está em muitas verduras e legumes, e em algumas frutas, é adquirido. E repito, é preciso paciên-cia. Para saber com certeza se uma criança gosta ou não de um determinado alimento, ele deve ser apresentado a ela em pelo menos oito diferentes formas e temperos.

Costuma-se utilizar medicamentos no tratamento da obesidade infantil?Até os 10 anos de idade, de forma alguma. A partir dos 11 anos, em situações muito especiais, seguindo prescrição médica, podem-se utilizar as drogas liberadas para esse propósito pela OMS (Organização Mundial de Saúde.)Uma das condições fundamentais para essa prescrição é que a criança ou adolescente já tenha conseguido algum progresso sem o remédio, que servirá somente como auxí-lio ao tratamento em uma fase mais difícil. É muito impor-tante não criar a impressão de que só é possível emagrecer com remédios.É preciso ainda que os pais tenham cuidado com os fitote-rápicos, muitas vezes presentes em kits de emagrecimento. Os efeitos desses tratamentos, principalmente quando fei-tos à revelia de qualquer acompanhamento médico, já são questionáveis para os adultos, e podem ser muito danosos à saúde das crianças.

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E n t r e v i s t a R i c a r d o M a r u m

Ricardo Hauy Marum é médi-co endocrinologista graduado e doutorado pela Faculdade de Medicina da USP

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P e r f i l E m p r e s a

Especializada no tratamento multidisciplinar da obesi-

dade e outros distúrbios alimentares para todas as faixas

etárias, a equipe da Clínica Pear é formada por endocrino-

logista, psicólogo, psicopedagogo e nutricionista.

Para cada pessoa, dependendo de sua alimentação e

estilo de vida, a obesidade pode ter diferentes causas. Com

base nesse conhecimento, a Clínica Pear oferece tratamen-

to individualizado, baseado em reeducação alimentar, a

cada um de seus pacientes.

Mas, se a obesidade é uma doença que precisa ser trata-

da, ela também pode ser prevenida, ainda na infância.

Baseada nas técnicas de venda da indústria alimentícia,

que se comunica com o público infantil através de perso-

nagens animados e cartoons, a Clínica Pear criou o Universo

Gurzi, que tem personagens, cenários e histórias feitos para

cativar os pequenos. A diferença está que ao invés de salga-

dinhos, refrigerantes e outras guloseimas industrializadas,

apresenta às crianças frutas, verduras e legumes, alimentos

de difícil aceitação na faixa etária dos 3 aos 6 anos de idade.

Na forma de um teatro-oficina, atores fantasiados e nutri-

cionistas contam a história de Gurzi, um simpático alienígena

do planeta Gur, que está à beira de uma catástrofe, pois as

crianças de lá pararam de crescer. Enviado à Terra para desco-

brir o segredo que faz as crianças daqui crescerem, descobre

junto a elas o que comer para crescer forte e saudável.

Universo infantil motiva a alimentação saudável

A diferença dessa abordagem em relação a outros trata-

mentos e orientações está em permitir que as crianças apren-

dam, de maneira lúdica, quais alimentos são bons para elas,

de onde eles vêm e como podem ser preparados em receitas

muito saborosas. O saudável também pode ser gostoso!

Segundo o criador do conceito, o endocrinologista Ricardo

Hauy Marum, o Universo Gurzi tem uma formatação pedagó-

gica e preventiva, e já foi apresentado para mais de 500 crian-

ças, em grupos formados principalmente nas pré-escolas. Divi-

dido em quatro “capítulos” — que vão da caverna onde mora

o simpático alienígena, até a cozinha para o preparo, passando

pela horta onde são colhidos — o Universo Gurzi ensina como

se alimentar de forma saudável e divertida desde a infância.

Entretanto, essa abordagem é válida para crianças até

6 anos. A partir dos 7, especialmente quando não se trata

mais de prevenção, mas de tratamento, muda-se o modo

de agir. Com uma linguagem mais apropriada ao nível de

maturidade da criança ou adolescente, e utilizando-se prin-

cipalmente da cozinha,

ela é ensinada a gra-

dativamente substituir

alimentos gordurosos

e açucarados pelos sau-

dáveis, na chamada ree-

ducação alimentar.

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ClíniCa PEaRRua João Lourenço, 334, Vila

Nova Conceição, São Paulo-SPtel: 11 3845.9573 / 3845.3275

www.clinicapear.com.brwww.gurzi.com.br

Mock-ups de comidas, interior e exterior da caverna do Gurzi e horta, utilizados na prevenção da obesidade e reeducação alimentar

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Vacinação ainda é a melhor forma de prevenir doenças pneumocócicas graves como a meningite e a pneumonia bacterêmica. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a meningite — o tipo mais letal da doença, principal-mente nas crianças menores de dois anos — e a pneumonia são a primeira causa de óbito em crianças menores de cinco anos. Mais de um milhão de crianças nesta idade morrem to-dos os anos por doenças causadas pela bactéria streptococus pneumoniae (pneumococo).

No Brasil, essa bactéria é a principal causa de pneumonia em crianças e a segunda maior causa de meningite bacteria-na, podendo chegar às sepses (infecção na corrente sanguí-nea). Estima-se que a cada ano surjam 512 mil novos casos de pneumonia, doença responsável por pelo menos 4,5 mil

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mortes de crianças com menos de cinco anos. A meningite, por exemplo, mata até 35% das crianças infectadas. Aque-las que sobrevivem podem carregar para o resto da vida seqüelas físicas — como a perda da audição e visão — e neurológicas — como paralisias, convulsões, deficiências de aprendizagem. A cada ano são registrados 1,2 mil casos de meningite no país.

Isto sem contar doenças como sinusite e otite, entre ou-tras, que, apesar de não serem letais, podem deixar sérias consequências. Casos repetitivos de inflamação do ouvido podem resultar em perda de audição, dificuldades no apren-dizado, atrasos no desenvolvimento e na fala e necessidade de intervenções cirúrgicas. Anualmente, são registrados cer-ca de três milhões de casos de otite.

no combate à meningite e pneumonia

Juntas, doenças matam até um milhão de crianças menores de cinco anos em todo o mundo. Isto sem contar a sinusite e a otite, doenças também causadas pelo pneumococo, que apesar de não matar, podem deixar seqüelas graves.

I n f e c t o l o g i a F o n t e : M a r c o A u r é l i o S á f a d i e R e n a t o K f o u r i Por Danilo Tovo

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Vacina pneumocócica conjugada 7-valente

A vacina que está no calendário nacional de vacinação de diversos países pode reduzir em até 70% as doenças causa-das pelo pneumococo. Os EUA, por exemplo, que já contam com a inclusão da vacina em todo o seu calendário básico, desde 2000, reduziram os episódios da doença pneumocó-cica invasiva em crianças, de 1999 a 2004, em 77% em me-nores de um ano; 83% em crianças de 1 a 2 anos; 72% em crianças de 2 a 3 anos; 61% em crianças de 3 a 4 anos; 49% em crianças de 4 a 5 anos.

Essa vacina conjugada também permitiu a imunização indireta de adultos não vacinados (imunidade de rebanho), reduzindo em 36% o número de casos de doença pneu-mocócica invasiva em adultos acima de 65 anos. “Além de interromper a cadeia de transmissão da doença, a vacina ajudou a reduzir os casos de sinusite e otite, uso de antibi-óticos, internação e cirurgia por doenças crônicas”, afirma Renato Kfouri, pediatra e neonatologista do Hospital e Ma-ternidade Santa Joana e diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SbIm).

Resultados semelhantes foram encontrados no Canadá, que também incorporou a vacina em seu calendário de ro-tina a partir do ano 2000. Esta vacina é recomendada para crianças de dois meses de idade até os cinco anos. Ela não é indicada para adultos e idosos. A conjugada tem sete soroti-pos do pneumococo e representa 70% dos casos de doenças invasivas. “Se estivesse disponível na rede pública, poderia reduzir em até 70% as doenças pneumocócicas invasivas em crianças com menos de cinco anos e evitar pelo menos 3.300 mortes”, afirma o pediatra infectologista Marco Auré-lio Sáfadi, professor-assistente de pediatria da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e coordenador do serviço de Infectologia Pediátrica do Hospital São Luiz. “E isto são apenas benefícios diretos”, alerta.

Números no Brasil

No Brasil o pneumococo é o segundo agente causador de meningite bacteriana. Entre 1983 e 2003, foram notificados mais de 29 mil casos de meningite por pneumococo, com 8.554 óbitos. A incidência é de 1 a 1,5 por 100 mil habitantes. Em crianças menores de cinco anos, a incidência é mais alta em comparação com as demais faixas etárias da população,

chegando, em 2005, a 14 por 100 mil em lactentes menores de um ano.

Um estudo, PAE Brasil, realizado pela Unifesp, Santa Casa de São Paulo, Sociedade Brasileira de Pediatria e Organiza-ção Pan-Americana de Saúde (OPAS), e divulgado em 2007, revelou que cada tratamento de meningite pneumocócica custa aos cofres públicos até R$ 8 mil. No caso da pneumo-nia, o custo de cada hospitalização chega a R$ 603,57.

Transmissão

Os pneumococos normalmente se instalam nas vias respiratórias (mucosa nasal e garganta) dos indivíduos sau-dáveis. Em alguns casos específicos eles podem proliferar e invadir a corrente sanguínea. A população de maior risco são as crianças (principalmente as menores de dois anos), ido-sos, portadores de imunodeficiências e pessoas com doen-ças crônicas. Bebês prematuros têm até quatro vezes mais chances de ter doenças pneumocócicas. “Quanto mais nova

“Além de interromper a cadeia de transmissão

da doença, a vacina reduziu internação e cirurgia por doenças

crônicas.” (Renato Kfouri)

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a criança, maior a probabilidade de morte ou de seqüelas”, afirma Kfouri, que ainda alerta para outros fatores de risco da infecção pela bactéria: falta de amamentação, filhos de fumantes, freqüência precoce na creche ou escola.

Sinais e sintomas

Meningite pneumocócica: febre alta, dor de cabeça e ri-gidez da nuca são os principais sintomas em adultos e crian-ças acima de dois anos. Em recém-nascidos e crianças de até dois anos, estes sintomas podem estar ausentes.

Pneumonia pneumocócica: início repentino, tosse, febre, calafrios, falta de ar ou respiração rápida.

Otite média e sinusite pneumocócica: dor local, agitação, febre e irritabilidade são os sintomas mais comuns em crian-ças. Freqüentemente, a membrana do tímpano mostra-se inflamada.

Vacinas: melhor forma de prevenção

Atualmente existem dois tipos de vacinas antipneumo-cócicas: a vacina polissacarídica (pneumocócica 23-valente) e a vacina conjugada (pneumocócica 7-valente). A vacina pneumocócica 23-valente não é eficaz em crianças com me-nos de dois anos de idade e pouco eficaz em crianças de ou-tras idades. Ela funciona muito bem contra doenças graves em adultos, idosos e pacientes com doença de base.

Já a vacina conjugada pneumocócica 7-valente apresen-ta melhor resposta imune, especialmente para as crianças menores de dois anos de idade, estimulando a produção de anticorpos nesta faixa etária. Os tipos de antígenos contidos nesta vacina são aqueles relacionados com as formas mais graves de doença pneumocócica.

Onde encontrar

Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE): vacina pneumocócica conjugada 7-valente gratuita para crianças de até cinco anos prematuras, portadoras de necessidades especiais como, por exemplo, síndrome de Down, doenças neurológicas e cardiopatias crônicas, dia-betes, asma grave e anemia falciforme, além de patologias infecto-contagiosas como HIV-Aids, entre outras.

Quem deve se vacinar

w Crianças até cinco anos: vacina pneumocócica conjugada 7-valente. São três doses no primeiro ano de vida (2, 4 e 6 meses) e um reforço entre o 12° e o 18° mês. w Maiores de 24 anos: se consideradas de alto risco, por exemplo, com doença de base (anemia falciforme, outras doenças do sangue, infecção pelo HIV, doenças crônicas cardíacas ou pulmonares, imunodepressão, doença renal, transplantados), devem receber os dois tipos de vacina contra os pneumococos: conjugada 7-valente e 23-valente.w Adolescentes e adultos portadores de doença crônica: vacina antipneumocócica 23-valente.w Maiores de 60 anos: vacina antipneumocócica 23-valente.Obs.: A vacina antipneumocócica 23-valente deve ser aplicada em dose única naquelas situações em que está indicada. A necessidade de reforço a cada cinco anos fica a critério do médico.

Renato Kfouri é médico pediatra do Centro de Imunização Santa Joana e diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações

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Dizem que filho de peixe, peixinho é, mas a administradora de empresas May

Ganme Cividanes desvirtuou um pouco dessa máxima. Filha de Antonio Ganme,

médico e um dos fundadores do Hospital Nove de Julho, ela não ficou longe da Medici-

na, mas preferiu trilhar o caminho da administração.Ainda no Nove de Julho ela já cuidava deste setor, che-

gando ao cargo de presidente. Em 2004, quando começou o processo de profissionalização do hospital, a família, aos poucos, afastou-se dos cargos de comando. “Esse processo acelerou um antigo sonho: criar o Centro Especializado em Cirurgias Minimamente Invasivas (CECMI). Eu e um grupo de pessoas nos reunimos e arrendamos o antigo hospital da Blue Life, na Bela Vista. Ele faz parte do Grupo Saha — ‘Saúde’ em árabe —, que foi criado para implantar este e outros projetos na área”, explica May, a diretora comercial.

Junto com ela, desde o início, estão Arnaldo Cividanes, seu marido e diretor médico, Bete Nardi, diretora de mar-keting, e Túlio Yamada, diretor administrativo-financeiro. Segundo May, eles queriam trazer para o Brasil a idéia ame-ricana de cirurgia eletiva, que atendesse perfeitamente pa-cientes, médicos e planos de saúde, mas com conceitos de atendimento e administração próprios.

Esta é uma nova concepção de atendimento especiali-zado. Por não ficar dentro de outro hospital, a primeira im-pressão é a de se estar em um hotel cinco estrelas, devido ao luxo e à sofisticação. Apesar de estar apto a fazer cerca de 13 tipos de cirurgias eletivas, sua maior especialização são as chamadas bariátricas, para redução de obesidade. Em todas elas, a média de internação é de três dias.

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“Tudo foi cuidadosamente pensado para oferecer am-biente agradável e atendimento diferenciado para os pa-cientes, bem como a seus familiares e visitantes, propor-cionando uma recuperação extremamente rápida e breve retorno às atividades normais”, assegura a diretora.

Hospital Antonio Ganme

O Centro realiza cerca de 600 cirurgias por mês. Hospi-tais de grande porte têm média muito parecida, mas tam-bém atendem pacientes mais complexos, que podem ficar por vários dias internados e sofrendo procedimentos muito mais demorados.

Como forma de atender ainda mais pacientes e médi-cos, o Grupo Saha está em fase de construção do seu mais novo projeto: o Hospital Dr. Antonio Ganme. Com previsão de início de operações para 2010, o hospital ficará entre a Avenida 9 de Julho e Rua Barata Ribeiro.

“Nossa intenção é estarmos bem próximos dos médi-cos”, afirma May. O novo espaço estará apto a atender às cirurgias que hoje o CECMI atende, mas com um cabedal ainda maior. “Poderemos tratar de casos mais complexos e mais demorados, mas continuaremos com o conceito de atender exclusivamente cirurgias”, explica.

Além de toda a modernidade que será instalada, o Hos-pital Dr. Antonio Ganme terá consultórios médicos para alugar, auditório para 180 pessoas, entrada independente para os consultórios e para o hospital, centro cirúrgico e UTI. Serão, a princípio, 51 apartamentos, com previsão para outros 17. Um novo espaço para um atendimento cada vez mais diferenciado.

Preparando-se para a abertura do Hospital Dr. Antonio Ganme, May Ganme fala sobre o conceito de atendimento que trouxe para o Brasil.

Hospital cinco estrelas

C i r u r g i a e l e t i v a F o n t e : M a y G a n m e C i v i d a n e s Por Marco Barone

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Nunca foi tão fácil sorrir.

• Implantodontia

• Prótese

• Odontopediatria

• Periodontia

• Endodontia

• Ortodontia

• Clínica Geral

• Fonoaudiologia

• Day Clinic

• Estética

• Tratamento com sedação

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Publieditorial

Por trás de um sorriso perfeito há o trabalho de uma equipe multidisciplinar,em que cada profissional é responsável por cuidar de uma área específica. Paranos ajudar a compreender isso, selecionamos algumas perguntas e respostas.

1. O que são e para que servem os implantes dentários?

Implantes são parafusos de titânio que servem para substituir as raízes de dentes em casos de perda ou impossibilidade de aproveitamento.

2.O que são próteses dentárias?

Muitas pessoas confundem prótese com implante. Próteses sãosubstitutos dos dentes. Podem ser totais (dentadura) ou parciais.Dependendo do número de dentes a serem substituídos o dentistadecidirá pela opção mais adequada ao caso.

3.Como posso ter um sorriso mais branco?

Os dentes podem ser clareados com o uso de géis ou pastas oxidantesque penetram no esmalte dos dentes rompendo os pigmentoscausadores das manchas. Ao contrário do que muitos dizem, o clareamentonão enfraquece os dentes, pois a estrutura dental não é afetada.

4.Além de implantes, próteses e clareamento, o que mais posso fazer para ter um sorriso bonito?

Uma opção é o alinhamento de dentes “tortos”. Atualmente não há maislimite de idade para iniciar um tratamento ortodôntico, que pode serrealizado com aparelho fixo, removível ou alinhadores (Invisalign).Aliadas a tudo isso, a odontologia estética e a cosmética possuem umasérie de recursos, como facetas e restaurações cerâmicas e estéticas.

Além do lado estético, vale lembrar que é saudável e aumenta a auto-estimaexibir dentes bem cuidados. Portanto,

SORRIA!

Dr. Marcelo S. Abla

Clínica AblaPraça Oswaldo Cruz, 124, cj. 101 – ParaísoSão Paulo, SP - Tel.: 11 [email protected] • www.clinicaabla.com.br

Dentista-Final:Layout 1 11/14/08 3:18 PM Page 2

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Formação

Formado pela Universidade de São Paulo (USP) em 1953, toda a sua pós-graduação foi feita no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, sob a orientação do professor Euclides de Jesus Zerbini, o homem que realizou, em 1968, o primeiro transplante de coração na América Latina.

Durante dois anos (1955 a 1957) foi professor de Anatomia

56

Topográfica da Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro, em Uberaba (MG), período em que implantou a cirurgia torá-cica no Estado. De volta a São Paulo, em 1958, Jatene assumiu os cargos de cirurgião no HC e no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. Mais tarde tornou-se professor e diretor da FMUSP e do Instituto do Coração (Incor).

Jatene permaneceu nas duas instituições até 1961, quando deixou o HC para se dedicar exclusivamente ao Dante Pazzane-

O médicoque luta por uma saúde digna para todos

Homem que salvou e ainda salva muitas vidas, o médico é o criador de uma técnica cirúrgica de correção de transposição dos grandes vasos da base do coração, conhecida hoje como Operação de Jatene, reconhecida mundialmente.

Nascido Adib Domingos Jatene, no dia 4 de junho de 1929, em Xapuri, no Acre, o ex-ministro da Saúde nos governos de Fernando Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso nunca se acovardou e, vira e mexe, enfrenta empresários da indústria farmacêutica pelos altos preços dos medicamentos — e não poupa de críticas os pesquisadores do setor farmacológico por não se interessarem em realizar estudos sobre doenças comuns de países em desenvolvimento, como o Brasil.

Sobram farpas até para o presidente Lula. Jatene acusa o governo de ter aumentado a expectativa de vida do brasileiro, hoje em 72,7 anos em média, sem desenvolver programas de combate para as chamadas doenças degenerativas.

B i o g r a f i a A d i b J a t e n e Por Danilo Tovo

Duas vezes Ministro da Saúde, criador da polêmica CPMF e com muita disposição para defender sua criação, mesmo quando desafia interesses, Adib Jatene deixou sua marca, tanto na política como na medicina do Brasil.

Foto: Roberto Loffel

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se, onde foi chefe do Laboratório Experimental e de Pesquisa, chefe de Seção de Cirurgia, diretor-médico e diretor-geral. No instituto, o cardiologista criou ainda a Oficina de Bioengenharia, hoje Centro Técnico de Pesquisas e Experimentos, onde foram desenvolvidos vários instrumentos e aparelhos, alguns origi-nais, como bombas de circulação extracorpórea, stents, marca-passos e próteses valvares cardíacas.

Ainda em fase de experimentação em animais, está o de-senvolvimento de um ventrículo esquerdo artificial. O Dante Paz zanese é hoje referência mundial, especialmente na corre-ção de defeitos congênitos do coração e no acompanhamento de gestação de cardiopatas através de cateteres. O hospital se notabilizou ainda por ter utilizado pela primeira vez no país uma série de técnicas cardiológicas engendradas no exterior. Entre as linhas de pesquisas desenvolvidas no Dante, vale a pena citar as voltadas para o coração de portadores de doença de Cha-gas e para os novos tratamentos surgidos a partir de estudos inter-nacionais multicêntricos para pro-blemas como infarto e angina.

É neste centro de bioenge-nharia que se concentra uma das mais relevantes pesquisas na área de cardiologia: o desenvol-vimento pioneiro de um modelo de coração artificial auxiliar. Com tecnologia inovadora, este equi-pamento vai beneficiar pacientes cardíacos em estado terminal a um custo inferior aos similares, com propulsão eletromagnética e pneumática. Outro projeto em desenvolvimento é a criação de uma bomba de sangue centrífu-ga implantável para assistência uni e biventricular (dispositivo que ajuda no tratamento de pacientes cardíacos e pode auxiliar no tratamento cirúrgico destes pacientes).

Jatene já recebeu 178 títulos e honrarias de mais de dez países. Em 1998 foi admitido na classe Grã-Cruz da Ordem Na-cional do Mérito Científico. Neste mesmo ano foi eleito um dos 10 maiores médicos do Século XX pela revista Médicos, do HC. É autor e co-autor de cerca de 700 trabalhos científicos publi-cados tanto no país como no exterior. Jatene é membro de 32 sociedades científicas espalhadas por todo o mundo. Autor de vários livros, sua última obra é “Cartas a um Jovem Médico”. Em

2000, foi eleito na categoria Ciência, Tecnologia & Educação do projeto “O Brasileiro do Século”, promovido pela revista Isto É. Em 1984, Jatene criou a Fundação Adib Jatene

Coordenador da comissão de especialistas que acompanha o ensino médico, Jatene que também foi Secretário de Saúde do Estado de São Paulo, entre 1979 e 1982, prega o endurecimento do MEC no combate à má qualidade dos cursos de medicina no país e defende a criação de um exame semelhante ao da OAB para o exercício da profissão. Ainda neste quesito, o cardiologis-ta defende a formação e a valorização dos médicos clínicos.

Origem humilde

Seu pai, um seringueiro libanês, morreu de febre amare-la quando ele tinha apenas dois anos. A mãe, logo depois da morte do marido, mudou-se para Uberlândia, em Minas Gerais.

Com o pouco dinheiro que tirava na modesta loja de armarinho, mandou o filho para São Paulo fa-zer o segundo grau.

Sua primeira opção na uni-versidade foi engenharia. Ao final do curso jogou tudo para o alto e resolveu prestar vestibular para medicina, e passou sem cursinho. Ele sempre diz que até conhecer o professor Zerbini, responsável pela sua paixão pela cirurgia, sua voca-ção era estudar a saúde pública, uma forma de ajudar a tão sofrida população do Acre.

Nos tempos de estudante, grande esportista, freqüentava o Clube Pinheiros, em São Paulo. Mas

foi na faculdade que descobriu o remo. Nos seis anos em que competiu pela USP, a equipe foi vencedora. Numa das competi-ções, Jatene viu a morte de perto, quando um gigantesco navio rebocador partiu ao meio seu caiaque. Salvou-se agarrando-se a uma corda da embarcação, chegando são e salvo ao cais.

Foi na USP que o médico conheceu sua mulher, Aurice, uma aluna de Nutrição, com quem está casado até hoje. O casal tem quatro filhos — três cirurgiões e uma arquiteta — e dez netos. Aposentado da direção da Faculdade de Medicina da USP, ele opera no Hospital do Coração, na capital paulista, instituição da qual é diretor-geral.

Adib Jatene defende a criação

de um exame semelhante ao

da OAB para o exercício da

medicina.

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O setor de saúde, especialmente o de hospitais e convê-nios médicos, tem como uma de suas principais preocupa-ções, além, é claro, de cuidar da recuperação das pessoas, o de dar o máximo de conforto aos doentes. Infelizmente, esse conforto muitas vezes tem um custo muito alto, recain-do sobre a família do paciente não só os gastos essenciais com medicamentos, equipamentos e equipe médica, mas os altos custos com a hotelaria dos hospitais.

Como oferecer maior conforto e melhor atendimento, sem que isso cause um grande aumento nos custos é do in-teresse de hospitais, planos de saúde, e principalmente dos pacientes e seus familiares. Por essa razão, alternativas co-meçam a ser apresentadas. Um conceito novo, até mesmo no exterior, que surgiu nos EUA, é a separação entre aten-dimento hospitalar e hotelaria. A RR Compacta, na figura de seu diretor Raul Antonio Nahas, debruçou-se no estudo desta forma de atendimento.

O novo conceito que vem sendo chamado de Hotel Hospital consiste em uma nova equação entre os custos hospitalares e os custos hoteleiros. Esse modelo, além de permitir uma redução nos custos de muitos tratamentos, torna o período de tratamento menos traumático, tanto para os pacientes como para seus familiares.

“Analisamos o que estava sendo feito por lá e vimos que a idéia é bem interessante. Como temos vasta experiência em retrofit, técnica construtiva que consiste na otimização do desempenho de edificações existentes, remodelando-as para novos usos, queríamos encontrar novas alternativas e opções de uso de edificações antigas. Foi assim que co-nhecemos o conceito americano”, conta Raul Nahas.

Atuante também no segmento hospitalar, a Compacta buscou essa alternativa: “Nos EUA é normal vermos planos de saúde administrando espaços próprios ou em conjunto com hospitais. É uma forma de os próprios planos reduzi-rem seus custos”, explica Nahas.

Diferente de um Day Hospital

Há alguns anos chegaram ao Brasil, e foram muito bem aceitos, os Day Hospitals e Day Clinics. Esses sistemas per-mitem que pacientes que passarão por pequenas interven-ções fiquem, no máximo, um ou dois dias internados. Mas o novo conceito se difere exatamente no seu cerne.

O que a RR Compacta propõe é um atendimento que transfere a carga, os custos e a preocupação com hote-

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Tendência trazida do exterior pela RR Compacta leva mais humanização a pacientes de hospitais e seus familiares.

Uma nova forma de tratar pessoas

H o t e l a r i a h o s p i t a l a r F o n t e : R a u l N a h a s e R u b e n s A n a u a t e Por Marco Barone

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Para Anauate, a área de saúde é uma das mais dispostas a buscar novos e mais abrangentes conceitos de sustenta-bilidade, pois a preocupação primeira dos profissionais en-volvidos é justamente a melhoria da qualidade de vida do doente e de sua família. “A hotelaria hospitalar é hoje uma ferramenta de gestão imprescindível nos hospitais moder-nos, por proporcionar conforto, segurança e bem-estar ao cliente interno e externo. Este novo conceito busca exata-mente isso”, conclui o arquiteto.

60

laria para outro espaço. Frisa-se que são custos com pa-cientes em recuperação, cuja atenção não precisa ser tão rigorosa e que não precisem de um monitoramento mais constante.

Segundo Nahas, quem poderia usar esse serviço seria aquele paciente que já passou por um procedimento ci-rúrgico, não corre mais riscos e está no hospital para se recuperar para a alta. Ou mesmo aqueles que farão exa-mes mais complexos, até check ups, e precisam ficar mais dias internados. “Eles estariam em um prédio próximo ao hospital, com uma estrutura base de apoio compos-ta por enfermeiros, equipamentos de monitoramento e medicamentos.”

A grosso modo, é como se cada hospital — ou plano de saúde — tivesse sua própria estrutura hoteleira. Esse local teria médicos, enfermeiras, apartamentos maiores e mais confortáveis. Fundamental nesse conceito, segundo Nahas, também é a forma como o acompanhante seria tratado: “Nada daquela caminha ou sofá desconfortável”, salienta, completando que a gestão desse centro seria feita pelo hospital ou plano de saúde. Ainda conforme Nahas, a RR Compacta já vem desenvolvendo estudos arquitetônicos e de logística com o intuito de levantar todas as necessidades deste tipo de estrutura e encontrar um ponto de equilíbrio ideal que alie conforto, segurança e atendimento médico de qualidade.

Prédios sustentáveis

O arquiteto Rubens Anauate é parceiro da Compacta em diversos projetos e um incentivador da idéia. Segundo ele, o ideal é usar uma edificação próxima a um hospital, pois isso baratearia os custos construtivos já que haveria um retrofit desse prédio.

Segundo ele, outro ponto a ser pensado é a sustenta-bilidade. “Em um momento em que se fala em prédios ver-des que economizem recursos e que tenham cuidado com o meio-ambiente, o retrofit é uma opção para essa busca. Ao estudarmos, conjuntamente com as equipes médicas e administrativas dos hospitais e planos de saúde, todas as alternativas, poderemos chegar a um projeto que atenda às necessidades do paciente e do prestador de serviço. Partin-do de um edifício genérico, o transformamos em um com-plexo apropriado para uma instalação desse tipo, que alia hospedagem e atendimento médico”, assegura.

A Compacta Engenharia é uma empresa que recu-pera, restaura, preserva e constrói, com tecnologia e competência, edificações corporativas, residenciais e industriais, proporcionando conforto e qualidade de vida.

Com uma expertise voltada para o planejamento e a execução de obras de restauração de estruturas, reforço estrutural, ampliações industriais, retrofit de edificações corporativas e condominiais, revitalização de caixilharia, impermeabilização e construções dife-renciadas, a Compacta Engenharia completa 30 anos de mercado.

Neste período realizou mais de 9 mil obras e mais de 7 milhões de m2, onde se destacam importantes marcos da vida brasileira como a recuperação estru-tural do Estádio do Morumbi (SP), a reconstrução de grande parte do Aeroporto Santos Dumont (RJ), a construção e ampliação do galpão aduaneiro em So-rocaba Aurora EADI (SP), a construção do Instituto Manuel Giesteira de Promoção Humana (SP), a restau-ração histórica da Catedral Metropolitana Ortodoxa (SP) e do Centro Cultural Banco do Brasil, além do retrofit arquitetônico de empresas como Eurofarma, Roche, Zenica, Hospital Sírio-Libanês, entre outras.

O perfil da Compacta, inovador e diferenciado, faz com que busque a melhoria contínua de seus servi-ços e processos como padrão de qualidade. E, para concretizar essa busca, é certificada pelo sistema ISO 9001 de qualidade e atestado de qualificação PBQP - H (Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade na Construção Habitacional).

Quem é a RR Compacta

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O que esses países têm em comum?

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ItáliaFrança

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O setor de saúde suplementar reúne mais de 2 mil em-presas operadoras de planos de saúde. São milhares de médicos, dentistas e outros profissionais, hospitais, labo-ratórios e clínicas. Os dados são da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

A ANS é o órgão regulador do setor e é vinculada ao Ministério da Saúde. Ela trabalha para promover o equi-líbrio nas relações entre esses segmentos para construir, em parceria com a sociedade, um mercado sólido, equili-brado e socialmente justo.

Toda essa rede prestadora de serviços de saúde aten-de a mais de 40 milhões de consumidores, que utilizam planos privados de assistência à saúde para realizar con-

62

sultas, exames, intervenções ou interna-ções, em um total de 50 milhões de vín-culos ativos de beneficiários de planos de saúde.

As operadoras de planos de assistên-cia à saúde são as empresas e entidades que atuam no setor de saúde suplemen-tar, oferecendo aos consumidores os planos de assistência à saúde. Com base nas informações recolhidas no setor, a ANS definiu oito modalidades de opera-

doras: administradoras, cooperativas médicas, cooperati-vas odontológicas, instituições filantrópicas, autogestões (patrocinadas e não patrocinadas), seguradoras especia-lizadas em saúde, medicina de grupo e odontologia de grupo.

De acordo com pesquisas do setor, em março de 2008, o mercado de planos de saúde privados apresentou um total de 8,4 milhões de beneficiários. Os dados são apre-sentados pelo Caderno de Informação da Saúde Suple-mentar, da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplemen-tar), referente a setembro de 2008.

No período de 2003 a 2008, os planos individuais tive-ram uma taxa de crescimento real de 3,1%. Essas taxas de

Contratação de saúde complementar entre as pessoas com mais de 60 anos cresce nos últimos cinco anos. Mas outras faixas etárias também apresentam alta.

Uso de planos de saúde cresce mais entre a

população idosa

P l a n o s d e s a ú d e Por Marco Barone

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crescimento foram de 2,9% entre os homens e 3,3% entre as mulheres. A faixa etária que apresentou a maior taxa de crescimento real foi a de 60 anos ou mais, 4,1%, um ín-dice acima da média do mercado de planos individuais.

Em compensação, a faixa entre 20 e 59 anos apresen-tou a menor taxa de crescimento real, 2,4%. O estudo aponta que esse crescimento está diretamente relacio-nando ao envelhecimento da população.

Planos odontológicos

Outro segmento que vem mostrando crescimen-to no País é o de planos odontológicos. Ainda de acordo com a ANS, esse setor é um dos que mais cresce no País e deve superar a marca de 10 mi-lhões de beneficiários no próximo ano. Tomando como referência o ano de 2008, a proje-ção é que o número de beneficiários deva aumentar em aproximadamente 21,4%.

O destaque maior ficará na chamada odontologia de grupo, responsável pelo atendimento de 64,3% dos be-neficiários. Em seguida, com 35,7% de usuários, estão as demais modalidades, como cooperativas odontológicas e médicas, operadoras, seguradoras de saúde, autoges-tões e filantropias.

Conforme pesquisas, os preços acessíveis são o princi-pal fator de adesão aos planos odontológicos, o que gera esse crescimento. Em média, é possível contratar um plano com boa cobertura, inclusive com tratamentos mais com-

plexos, a partir de R$ 12/mês. O total de beneficiários na ca-

tegoria triplicou em seis anos, de 2,8 milhões para 8,1 milhões. Atualmente as empresas de saúde

complementar já incluem em seus pa-cotes (individuais, familiares e empre-sariais) o atendimento odontológico. O

que é muito interessante para as operado-ras, que dão um plus em seus serviços, e para o

segurado que, por um valor quase simbólico, tem um serviço a mais e, claro, uma melhor qualidade de vida.

A faixa etária que apresentou a maior taxa de crescimento real foi a de 60 anos ou

mais, 4,1%, um índice acima da média do mercado de planos individuais.

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época. Entre os manuscritos traduzidos para o árabe esta-vam textos desaparecidos de Ptolomeu, Euclides, Galeno e tantos outros provenientes das ciências antigas.

O desenvolvimento exuberante de idéias e saberes

A partir do século IX inicia-se o período emergente da ciência dos árabes. Neste momento, os conhecimentos dei-xam de ser adquiridos apenas a partir das traduções e pas-sam a ser aprimorados, e novos saberes são desenvolvidos. Entre os séculos X e XIII tem lugar o verdadeiro apogeu da ciência árabe com um desenvolvimento em larga escala. No século X é criada a Casa do Saber em Bagdá, onde é instala-da também uma das maiores bibliotecas da humanidade. A

Casa do Saber poderia até ser conside-rada uma das primeiras universidades da história.

Ao longo de quatro séculos pre-valeceu um ambiente de enorme es-tímulo intelectual, e foi neste período que inúmeras descobertas ocorreram, principalmente nas áreas da medicina, matemática, astronomia, geografia, fí-sica, química e arquitetura.

A Medicina

A partir de uma rica herança vinda dos tratados de Hipócrates e Galeno, a medicina árabe inovou em diferentes

aspectos, transformando-se em uma ciência de alto nível. Por ser exercida nas grandes cidades, os árabes desenvolve-ram o conceito de hospital, ou seja, um lugar onde se reu-niam especialistas empenhados no tratamento de doentes, na prática e no ensino da medicina. Nestes locais também se

A r t i g o S o r a y a S m a i l i

Os árabes e suas contribuições para a ciência e a medicina

A Casa do Saber

poderia até ser

considerada uma

das primeiras

universidades da

história.

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Falar da Ciência Árabe é um assunto extremamente fasci-nante. Trata-se de uma história de paixão pelo conheci-

mento que possibilitou avanços importantes para o mundo da ciência em todas as áreas. Embora seja um fato histórico, concreto, que a Civilização Árabe contribuiu com saberes que se refletiram até o mundo moderno e contemporâneo, pouco se fala sobre isso atualmente.

Os árabes existem há pelo menos 4000 anos, mas foi a partir do século VII, com o advento do Islã, que tem início uma era de expansão e aperfeiçoamento da língua árabe e da ampliação do conhecimento a partir do idioma. Devido à expansão geográfica deste período, os árabes entraram em contato com diversas culturas, como a grega, a hindu, a chi-nesa, a bizantina e a persa. A partir disso, passaram a conhe-cer os escritos das civilizações mais antigas e a vertê-los para o árabe, aperfeiçoando a técnica de tra-dução e a divulgação do conhecimen-to. Esta é a base do grande processo de intercâmbio entre as diversas culturas e que passa a ocorrer por intermédio dos árabes, que não foram só os grandes propagadores, mas também os gran-des catalisadores das transformações científicas que se seguiram.

A herança e a consciência

A partir do século VIII os primeiros califas abássidas estimularam o conhe-cimento de textos em latim, grego e siríaco que foram amplamente tradu-zidos para o árabe. Al Mansur foi o primeiro a financiar as traduções de obras indianas e dos filósofos gregos antigos. Os sucessores continuaram e ampliaram esta prática, o que levou à fundação da Casa do Conhecimento, que acolhia os melhores sábios e tornou-se o primeiro centro científico da

Page 65: Chams Business 3

sos estudos na área da neurosciência. Além disso, ele acre-ditava e frequentemente utilizava métodos psicológicos no tratamento de seus pacientes. Foram Avicenna e Al-Razi que defenderam a utilização de estudos do comportamento para o tratamento de doenças, sendo precursores de estudos em psicologia. De fato, os árabes foram os primeiros a descrever a psicologia experimental, as desordens do sistema nervo-so central, os distúrbios do sono e da memória. Junto com as técnicas de neurocirurgia desenvolvidas por Al-Zahrawi, estes saberes foram os precursores de conhecimentos cientí-ficos que ainda hoje são utilizados.

Há vários outros sábios filósofos e médicos, como Ibn Al-Nafis, que descreveu o que é conhecido na anatomia como “a pequena circulação”, que trata da circulação venosa em ar-térias pulmonares antes da sua oxigenação pelo coração. No

estudo, elaboração e compilação de medicamentos, destacou-se o sábio Ibn Al-Baytar, que descreveu mais de 1.400 medicamentos, dentre os quais pelos menos 400 elementos total-mente desconhecidos para a época. Os árabes também desenvolveram noções importantes para o bem estar do indivíduo, como normas de higie-ne e nutrição.

O mais interessante é lembrar que enquanto o conhecimento e a ciên-cia floresciam entre os árabes, a Euro-pa vivia no obscurantismo. Foi graças a eles que muito do conhecimento antigo foi salvo e aprimorado para

depois ser transmitido aos europeus e ao Ocidente, possibi-litando um novo despertar da humanidade e a formação do chamado mundo civilizado. A eles devemos muito da nossa ciência atual, além da herança universal e humanista, presen-te em todo conhecimento científico gerado pelos árabes.

Avicenna foi o

primeiro cientista a

relacionar regiões

do cérebro com

funções específicas

do organismo.

Soraya S. Smaili, formada em Farmácia e Bioquímica pela USP, é mestre, doutora e livre-docente em Farmacologia pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp). Fez estudos de pós-doutorado na Thomas Jefferson University (1997) e no National Institutes of Health (1998 a 2000). Autora de diversos artigos e livros científicos na área, é Professora Associada e Coordenadora da Pós-Graduação em Farmacologia da Unifesp e Presidente do Instituto da Cultura Árabe (2006-2008).

desenvolveram as farmácias, onde se armazenavam e estu-davam os agentes terapêuticos. Devido aos avanços na pes-quisa química e na busca pelo elixir terapêutico, os árabes elaboraram grandes farmacopéias (coleção de elementos detalhadamente descritos quanto ao seu aspecto, obtenção e uso terapêutico). Os avanços na química também visavam a busca do equilíbrio e do bem estar.

Muitas doenças foram descritas e conhecidas com maior profundidade, entre as quais a varíola, a asma e a alergia. Grandes conhecimentos anatômicos e fisiológicos foram adquiridos, entre os quais a anatomia e fisiologia da mulher, o desenvolvimento fetal e a gravidez. Criaram-se e aperfei-çoaram-se instrumentos e técnicas cirúrgicas, sofisticados para a época. Há que se salientar que, a partir dos árabes, as cirurgias, que antes eram feitas pelos barbeiros, tornaram-se práticas desenvolvidas e ensinadas em escolas médicas.

Dentre os grandes sábios médicos, podemos citar Ibn Sina, conhecido também como Avicenna, que elabo-rou um tratado chamado “O Cânone da Medicina”. Uma obra monumental onde descreveu diversas patologias e seus possíveis tratamentos, tendo sido utilizada na prática e no ensino médico até o século XVIII. Dentre as doenças nela descritas, estão várias desordens centrais como a mania, alucinações, pesadelos, demência, epilepsia, derrame, paralisias, tremo-res e até mesmo distúrbios sexuais! Avicenna descreveu estruturas anatômicas de regiões do cé-rebro cujos nomes são utilizados ainda hoje na neuroanato-mia e na neurofisiologia moderna. Ele foi o primeiro cientista a relacionar regiões do cérebro com funções específicas do organismo, o que até hoje continua sendo objeto de inten-

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a testosterona e o estilo de vida. O câncer de padrão here-ditário perfaz até 15% dos casos, sendo mais comum nos pacientes mais jovens. Acredita-se que em homens abaixo dos 50 anos, até 40% dos tumores sejam de origem genéti-ca. A testosterona (principal hormônio masculino) e a dieta rica em gorduras saturadas (presentes em carnes vermelhas e derivados do leite) também têm papel importante no de-senvolvimento dos tumores de próstata, tanto benignos (Hi-perplasia Prostática Benigna - HPB) quanto malignos.

O câncer de próstata é curável em até 90% dos casos quando detectado precocemente. Já em pacientes com tumores extra-prostáticos, os índices de cura não superam 20%. Esses números são conhecidos e amplamente divulga-dos. Entretanto, muitos homens não procuram o urologista para o check-up anual, mesmo conhecendo esses dados. Por exemplo, apesar de 93% dos executivos brasileiros conside-rarem “muito importante” a realização de exames preventi-vos para o câncer da próstata, apenas 52% deles fazem exa-mes periódicos para a detecção da doença. Essa informação faz parte das conclusões de uma pesquisa por amostragem realizada pelo Núcleo Avançado de Urologia do Hospital Sí-rio-Libanês (NAU/HSL), durante uma das palestras do Fórum Mundial de Lucratividade, que reuniu 900 executivos em São Paulo.

Atualmente, técnicas cada vez menos invasivas, como a cirurgia robótica, têm sido utilizadas no tratamento de homens portadores do câncer de próstata localizado, com benefícios tanto estéticos quanto urológicos. Por esta razão é importante reforçar a importância dos formadores de opi-nião na promoção da saúde masculina e no encorajamento à prevenção do câncer de próstata.

A r t i g o M a r c o A n t o n i o A r a p e S a m i A r a p

Fatores de risco para o câncer

de próstata

A palavra câncer deriva do grego karkinos, que significa crustáceo. Foi usada pela primeira vez no século II d.C.

para indicar um tumor maligno de mama numa mulher cujo seio tinha veias tão dilatadas e ramificadas que aparentavam a pata de um caranguejo. Desde então, o termo câncer foi estendido a vários tumores nos mais diferentes tecidos do corpo humano. Dentre eles, o câncer de próstata é hoje re-conhecido como um dos maiores problemas de saúde do homem. Atualmente no Brasil é o segundo câncer mais diag-nosticado em homens e uma das principais causas de morte em indivíduos acima de 50 anos.

O PSA (prostate specific antigen ou antígeno específico da próstata) tem sido utilizado amplamente desde o fim dos anos 80 para identificar homens com risco elevado para o câncer de próstata. Com a utilização do PSA — um simples exame de sangue — a idade dos pacientes que a ele se sub-metem diminuiu, sendo possível a identificação de tumores em estágios iniciais. Um dos principais objetivos do diagnós-tico precoce é a redução da mortalidade pelo tumor. Estudos recentes mostram que esse objetivo vem sendo conquistado e que a pesquisa ativa do câncer de próstata traz resultados importantes em populações de alto risco. E quais são os fato-res de risco para o câncer de próstata?

Apesar das causas da iniciação e progressão do câncer não serem totalmente conhecidas, evidências importantes sugerem que fatores genéticos e ambientais estejam envol-vidos na origem e na evolução do tumor. A idade é o fator de risco mais importante. Sabemos que o câncer de próstata é pouco freqüente em homens abaixo dos 50 anos, tornando-se mais comum quanto mais idosa a população estudada. Outros fatores de risco importantes são a hereditariedade,

Marco Antonio Arap é formado em Medicina com especialização em Urologia pela FMUSP, fellow em Uro-Oncologia na MD Anderson Cancer Center (Universidade do Texas) e membro do Núcleo Avançado de Urologia do Hospital Sírio-LibanêsSami Arap é Professor Emérito de Urologia da Faculdade de Medicina da USP e coordenador do Núcleo Avançado de Urologia do Hospital Sírio-Libanês.

Foto: Danielle Sandrini

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