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Jornal do Conselho Regional de Química IV Região (SP) Ano 26 - Nº 148 Nov/Dez 2017 ISSN 2176-4409 Enviados cartazes para divulgação do Prêmio CRQ-IV Pág. 7 “Pílula do câncer” volta a ser testada; Alesp abre CPI Pág. 14 CFQ divulga os valores das anuidades para 2018 Pág. 3

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Jornal do ConselhoRegional de Química

IV Região (SP)Ano 26 - Nº 148Nov/Dez 2017

ISSN 2176-4409

Enviados cartazes paradivulgação do Prêmio CRQ-IV

Pág. 7

“Pílula do câncer” volta aser testada; Alesp abre CPI

Pág. 14

CFQ divulga os valores das anuidades para 2018Pág. 3

2 – Informativo CRQ-IV Nov/Dez 2017

PRESIDENTE: HANS VIERTLER

VICE-PRESIDENTE: NELSON CÉSAR F. BONETTO

1º SECRETÁRIO: LAURO PEREIRA DIAS

2º SECRETÁRIO: DAVID CARLOS MINATELLI

1º TESOUREIRO: ERNESTO HIROMITI OKAMURA

2º TESOUREIRO: REYNALDO ARBUE PINI

CONSELHEIROS TITULARES: CLAUDIO DI VITTA,DAVID CARLOS MINATELLI, ERNESTO HIROMITI

OKAMURA, JOSÉ GLAUCO GRANDI, LAURO

PEREIRA DIAS, MANLIO DE AUGUSTINIS, NELSON

CÉSAR FERNANDO BONETTO, REYNALDO ARBUE

PINI E RUBENS BRAMBILLA.

CONSELHEIROS SUPLENTES: AELSON GUAITA,AIRTON MONTEIRO, ANA MARIA DA COSTA

EDITORIAL

EXPEDIENTE

FERREIRA, ANTONIO CARLOS MASSABNI,GEORGE CURY KACHAN, JOSÉ CARLOS OLIVIERI,MASAZI MAEDA E SÉRGIO RODRIGUES.

CONSELHO EDITORIAL: HANS VIERTLER E CLAUDIO

DI VITTA

JORNALISTA RESPONSÁVEL:CARLOS DE SOUZA (MTB 20.148)

ASSIST. COMUNICAÇÃO:JONAS GONÇALVES (MTB 48.872)

ASSIST. ADMINISTRATIVA: MARIELLA SERIZAWA

CONTATOS: 11 3061-6059 [email protected]

Uma publicação do Conselho Regional de Química IV RegiãoRua Oscar Freire, 2.039 – SP/SP

Tel. (11) 3061-6000 - www.crq4.org.br

PRODUTOS PERIGOSOS

Está disponível paradownload a versão eletrô-nica da 20ª revisão doRecommendations onthe Transport of Dange-rous Goods. Também co-nhecido como OrangeBook, o regulamento fazparte do esforço da Orga-nização das Nações Uni-das (ONU) para harmoni-zar o transporte de produ-tos perigosos como meio para garantira proteção da saúde, do meio ambientee facilitar o comércio mundial.

A revisão propõe, dentre outras al-terações, novas e atualizadas instruçõesrelativas a artigos que contenham subs-tâncias perigosas; classificação de fer-tilizantes a base de nitrato de amônio;classificação de misturas corrosivas;unidades de transporte de carga conten-do baterias de lítio; instruções de em-balagem para baterias de lítio defeituo-sas ou danificadas; relatórios de teste

para baterias de lítio; transporte de subs-tâncias instáveis sob controle de tem-peratura; transporte de veículos alimen-tados por líquidos ou gases inflamáveise células de combustível ou baterias.

A versão impressa da 20ª revisão doOrange Book está disponível para acompra no link: http://www.unece.org/index.php?id=46066. Já a versão ele-trônica, em inglês, se encontra dispo-nível para download gratuito pelo linkhttps://www.unece.org/trans/danger/publi/unrec/rev20/20files_e.html.

Polêmica sem fimSete meses após ter sido praticamente

descartada pelo Instituto do Câncer deS. Paulo (Icesp) como uma alternativaao tratamento da doença, a fosfoetano-lamina volta ao noticiário. Em outubro,a Assembleia Legislativa paulista deci-diu instaurar uma CPI para investigar asrazões daquela decisão. O ponto de par-tida para o processo foram as alegações– feitas por integrantes do grupo que sin-tetizou o composto –, de que houve fa-lhas nos testes conduzidos pelo Icesp.

Por sua vez, o governo federal anun-ciou a retomada dos testes com a subs-tância. Agora, a chamada “pílula docâncer” terá avaliada sua farmacociné-tica, estudo que será feito na Universi-dade Federal do Ceará.

Em outra frente, o Instituto VivaFosfo, que reúne apoiadores da libera-ção da substância como medicamento,informou que a entidade teve seu esta-tuto alterado, o que lhe permitirá atuarcomo um centro de pesquisa. Essa mu-dança o credenciaria a receber investi-mentos para agilizar o cumprimento dosprotocolos legais que poderão compro-var a eficácia do produto.

Enquanto grande parte dos espe-cialistas segue cética em relação à efi-cácia da fosfoetanolamina sintética, ocomposto, convertido em suplementoalimentar, continua sendo fabricado nosEstados Unidos e trazido para o Brasilpor meio de importação direta.

O mercado parece promissor, poisnovas marcas estão sendo lançadas. Amais nova é a “Phosphoethanolami-ne+Plus” que, segundo sua distribuido-ra, é produzida por uma indústria bra-sileira. Consultada, essa empresa con-firmou o desenvolvimento da fórmula,mas disse que a produção é feita nosEUA, onde o produto é vendido.

Confira mais detalhes deste e deoutros assuntos abordados nesta últimaedição de 2017 do Informativo.

Boas festas!

ONU publica revisão do Orange Book

Informativo CRQ-IV – 3Nov/Dez 2017

ANUIDADES

O Conselho Federal de Químicapublicou a Resolução Normativa nº269, de 24 de novembro de 2017, defi-nindo os novos valores das anuidades.Em relação a 2017, o reajuste médiofoi de 1,71%, para pessoas físicas, e de1,80%, para empresas. Essas variaçõessão inferiores à estimativa de 3% deinflação para este ano.

Segundo a resolução, as anuidadespara pessoas físicas ficaram assim es-tabelecidas: Nível Superior, R$ 505,00;Nível Médio, R$ 250,00; Auxiliares/Provisionados, 178,00.

Os profissionais que quitarem inte-gralmente suas anuidades até 31 de ja-neiros terão desconto de 20%. A redu-ção será de 10% para quem optar porfazer o pagamento até 28 de fevereiro.O prazo final para o recolhimento, semdesconto, é 31 de março.

As anuidades para pessoas jurídicasvão variar de R$ 702,00 (microempre-sa) a R$ 5.788,00 (companhias comcapital social superior a R$ 10 milhões).Os descontos para as empresas são osseguintes: 5%, se o pagamento ocorreraté 31 de janeiro; 3%, para quitaçõesfeitas até 28 de fevereiro.

A estimativa é de que os boletos cor-respondentes estejam distribuídos até odia 16 de janeiro. Quem não receber oseu, poderá emitir a segunda via dire-tamente a partir do site Conselho(www.crq4.org.br). Outra possibilidadeé solicitar o envio da segunda via peloe-mail [email protected]. Em caso dedúvidas, ligue para 11 3061-6000, desegunda a sexta-feira, das 9h30 às 15h.

ATRASO – O pagamento das anuidadesé obrigatório. O atraso no pagamentoimplicará acréscimos de juros e multa.

Resolução do Conselho Federal deQuímica define valores para 2018Reajustes ficaram abaixo da inflação; boletos serão distribuídos até 16/01

Freepik

As empresas que não pagarem aanuidade também terão sua dívidaacrescida de juros e multa. Elas aindanão terão renovada a Anotação de Res-ponsabilidade Técnica, certidão que

atesta sua regularidade no Conselho.Este documento também poderá cre-denciá-las, por exemplo, a participar deconcorrências ou a realizar registros emoutros órgãos reguladores.

O CRQ-IV informa quenão fará atendimentopessoal, telefônico

ou por e-mailno período de

21/12 a 07/01/2018.

4 – Informativo CRQ-IV Nov/Dez 2017

BIOQUÍMICA

Há mais de duas décadas, fármacosbaseados em nanopartículas são consi-derados importantes alvos da medicinapersonalizada. Potencialmente capazesde atingir diretamente tumores, infec-ções e inflamações no organismo dopaciente, os nanofármacos permitem acombinação perfeita de doses ideaiscom o direcionamento ao local exatode atuação.

Tornar viável esse tipo de tratamen-to específico para cada indivíduo im-plica superar dois problemas interliga-dos que podem alterar a eficiência dosnanofármacos. O primeiro está na ma-nutenção das nanopartículas e envolvea estabilidade coloidal. Assim que en-tram em contato com um fluido bioló-gico – sangue, por exemplo –, elas ten-dem a alterar o potencial de superfície.O segundo é a formação de um reco-brimento inespecífico (chamado de co-roa) nas nanopartículas com o acúmulo

de moléculas menores, como peptídeos,açúcares e proteínas.

Pesquisadores brasileiros consegui-ram, pela primeira vez, demonstrar oimpacto de componentes biológicosalém das proteínas, geralmente despre-zados na formação dessa coroa. No arti-go de capa do Journal of MaterialsChemistry B, da Royal Society of Che-mistry (Reino Unido), os QuímicosMaiara Emer e Mateus Borba Cardoso,do Centro Nacional de Pesquisa emEnergia e Materiais (CNPEM), mostra-ram que, além das proteínas, componen-tes relevantes como peptídeos, açúcarese outros tipos de moléculas – que for-mam a coroa biomolecular – impactamna eficiência das nanopartículas.

“Há muitos estudos sobre a coroaproteica [formada apenas por proteí-nas], mas, em relação à coroa biomole-cular, só se sabia que ela existia e quepossivelmente não interferiria em ne-

nhum aspecto das nanopartículas. De-monstramos, no entanto, que não é bemassim. Existe impacto e ele não deveser negligenciado”, disse Cardoso.

No estudo, nanopartículas de sílicacom diferentes superfícies foram incu-badas em culturas de bactérias Esche-richia coli e Staphylococcus aureus, emum ensaio com ausência de proteína.Os meios utilizados para o crescimen-to das bactérias são ricos em vários des-ses componentes biológicos que for-mam a coroa biomolecular.

Os pesquisadores testaram então ocrescimento e morte das bactérias e aeficiência das nanopartículas contra asbactérias. Os resultados mostraram queexiste uma forte correlação entre a for-mação da coroa biomolecular nas nano-partículas e sua capacidade bactericida.

“Observamos que nanopartículascom superfícies distintas diferem aoadsorver em maior ou menor quantida-de esses componentes. E é essa maiorou menor capacidade que está relacio-nada à eficiência do nanomedicamentode matar a bactéria”, disse Cardoso.

Foi demonstrado também que a liga-ção da nanopartícula com os componen-tes do fluido biomolecular pode influen-ciar a estabilidade coloidal dependendoda superfície das nanopartículas. “Depen-dendo da superfície, ocorre maior oumenor ligação entre as moléculas. Issoreflete na capacidade da nanopartícula dematar bactérias”, explicou.

Os pesquisadores agora estão traba-lhando uma nova estratégia para evitara formação das coroas proteica e bio-molecular em nanopartículas.

Maria Fernanda ZieglerAgência FAPESP

Estudo busca ampliar a eficiência dasnanopartículas no combate a bactérias

Pesquisa de Químicos brasileiros foi destaque em publicação do Reino UnidoDivulgação/Fapesp

Estudo analisou o comportamento de componentes de fluidos biológicos – como peptídeos e açúcares similaresaos encontrados no sangue – que podem cobrir a superfície das nanopartículas e afetar sua ação em terapiasmedicamentosas

Informativo CRQ-IV – 5Nov/Dez 2017

BIOQUÍMICA

Uma revolução no campo da Bio-química. Assim a Real Academia Sue-ca de Ciências define o conjunto daspesquisas feitas pelos laureados com oPrêmio Nobel de Química 2017: o suí-ço Jacques Dubochet, o alemão Joa-chim Frank e o escocês Richard Hen-derson desenvolveram a criomicrosco-pia eletrônica, que possibilitou umamelhora significativa do imageamentode biomoléculas. O total a ser divididoentre os três contemplados será de 9milhões de coroas suecas, o equivalen-te a US$ 1,1 milhão (ou R$ 3,5 milhões,na cotação atual).

A técnica consiste na utilização debaixas temperaturas para congelar bio-moléculas em movimento e, dessa for-ma, gerar condições ideais para a ob-servação de processos bioquímicos.Iniciados na década de 1980, os estu-dos viabilizaram o aperfeiçoamento dasimagens até que a resolução atômicadesejada fosse atingida em 2013. Asestruturas tridimensionais obtidas per-

mitiram, entre outros avanços, o desen-volvimento de pesquisas sobre fárma-cos capazes de combater doenças cau-sadas pelo vírus da zika.

No estado líquido, a água tende aevaporar no vácuo dos microscópioseletrônicos, o que leva as biomolécu-las ao colapso. Para resolver esse pro-blema, Jacques Dubochet conseguiu,no início dos anos 1980, vitrificar aágua, esfriando-a rapidamente para so-lidificá-la em torno de uma amostra bio-lógica, sem os cristais de gelo que in-terferem no feixe de elétrons do micros-cópio, o que preservou as formas natu-rais das biomoléculas mesmo no vácuo.Nascido em 1942 em Aigle, na Suíça,ele é professor honorário na Universi-dade de Lausanne.

Joachim Frank, nascido na cidade deSiegen (Alemanha) no ano de 1940, via-bilizou a aplicação da técnica de formaampla. De 1975 a 1986, desenvolveu ummétodo por meio do qual imagens bidi-mensionais borradas são analisadas e

mescladas para revelar estruturas tridi-mensionais em uma definição de melhorqualidade. Atualmente, ele é professorna Universidade Columbia (EUA).

Natural de Edimburgo (Escócia),onde nasceu em 1945, Richard Hender-son é coordenador do Laboratório deBiologia Molecular da Universidadede Cambridge (Inglaterra). Em 1990,ele conseguiu usar a microscopia ele-trônica para gerar a imagem tridimen-sional de uma proteína em resoluçãoatômica. Até então, acreditava-se quepoderiam ser feitas imagens apenas dematéria inerte, pois os feixes de elé-trons dos microscópios destroem osmateriais biológicos.

De acordo com a nota oficial da Aca-demia Sueca sobre o Nobel de Química,o avanço proporcionado pelos estudos deHenderson constituiu-se em uma provadefinitiva do potencial da técnica.

Acesse http://bit.ly/2xg8Pu3 paraobter mais informações sobre o PrêmioNobel de Química de 2017.

Pesquisadores que desenvolverama criomicroscopia ganham o Nobel

Trabalhos permitiram a produção de imagens com mais definição de biomolecúlasThe Royal Swedish Academy of Sciences

Criomicroscopia gera imagens que permitem análises mais precisas de estruturas biomoleculares:(a) Proteína que regula os ritmos circadianos, responsáveis pelo “relógio biológico” do corpo humano; (b) sensor que permite a audição

por fazer a leitura das mudanças de pressão no ouvido; (c) estruturas da superfície do vírus da zika.

6 – Informativo CRQ-IV Nov/Dez 2017

LITERATURA

Participe do sorteio de livros sobreOrgânica e Tratamento de Água

A promoção é aberta a profissionais e estudantes em situação regular no Conselho. Para participar, envieum e-mail para [email protected], informando nome, CPF e endereço residencial com CEP. No

campo “Assunto” da mensagem escreva “Sorteio” e nome do livro de interesse. Remeta e-mailsseparados se quiser concorrer a ambos. O sorteio ocorrerá em 12/01/2018.

Editada em dois volumes, a 9ª edição da obra de JohnMcMurry aborda, entre outros, tópicos como visão geral dereações orgânicas; alcenos: estrutura e reatividade, reaçõese síntese; estrutura e ligação; ligações covalentes polares;ácidos e bases; compostos orgânicos: alcanos e sua estereo-química. Além dos conceitos teóricos, a publicação incluidezenas de exercícios práticos.

Professor emérito da Universidade de Cornell (EUA), oautor desenvolveu a chamada “reação de McMurry”, am-plamente utilizada na síntese laboratorial de moléculas or-gânicas complexas e na síntese comercial de várias drogasfabricadas pela indústria farmacêutica.

Distribuídos no Brasil pela Cengage Learning e comer-cializados na internet pela Cia. dos Livros (http://bit.ly/2ip04ML), cada volume custa R$ 151,92.

A preocupação com o pequeno número de obras volta-das especificamente para técnicos que atuam nas áreas detratamento e distribuição de água para o abastecimento pú-blico foi o que motivou a elaboração deste manual.

Escrito por Jarbas Malheiros, Nizar Qbar e Regina MeiOnofre, todos vinculados à Companhia de Saneamento Bá-sico do Estado de São Paulo (Sabesp), a publicação de 240páginas está dividida em quatro capítulos: Corrosão; Sanea-mento e Processo de Oxidação e Desinfecção; Atendimentoa Acidentes e Técnicas de Contenção de Vazamento.

Patrocinado pela Associação dos Engenheiros da Sa-besp, o manual custa R$ 60,00 para associados e R$ 80,00para os demais interessados. Mais informações podem serobtidas pelos e-mails [email protected] [email protected].

Informativo CRQ-IV – 7Nov/Dez 2017

8 – Informativo CRQ-IV Nov/Dez 2017

BIOENERGIA

Especialistas estimam que iniciati-vas em diferentes setores serão neces-sárias para reduzir as emissões de ga-ses estufa, manter o aquecimento glo-bal abaixo de 2 ºC até o fim do séculoe, dessa forma, minimizar os impactosda mudança climática para a humani-dade. Para Carlos Henrique de BritoCruz, diretor científico da Fapesp, abioenergia tem lugar garantido nesseconjunto de soluções.

A avaliação foi feita durante a pales-tra de abertura da terceira edição da Bra-zilian Bioenergy Science and Techno-logy Conference (BBEST). Organizadono âmbito do Programa Fapesp de Pes-quisa em Bioenergia (Bioen), o eventoocorrido em outubro, na cidade de Cam-pos do Jordão (SP), discutiu a bioener-gia como ferramenta para a construçãode uma economia sustentável.

“Energia é essencial para o desen-volvimento. Nos próximos anos, paísescomo China, África, Índia, OrienteMédio, Rússia e Brasil vão precisar demais energia para criar uma vida me-lhor para sua população. Isso torna ain-

da maior o desafio de conter as emis-sões e, portanto, será preciso buscarnovas formas de lidar com esse proble-ma”, disse Cruz.

A bioenergia, acrescentou, pode aju-dar a mitigar as emissões de gases deefeito estufa principalmente no setor detransportes – que atualmente é o quemais demanda energia no mundo (27%de toda a energia consumida). Para ele,a ideia de que os carros elétricos vãosubstituir totalmente os motores a com-bustão interna precisa ser vista comcautela, pois a indústria automobilísti-ca ainda precisaria superar o desafio deaumentar a autonomia dos veículosmovidos a baterias.

“A conveniência de usar combustí-vel líquido é relevante e ainda há espa-ço para os motores a combustão se tor-narem menores e mais eficientes. A ele-tricidade e os biocombustíveis são solu-ções complementares e terão de traba-lhar juntos. A demanda por biocombus-tíveis no futuro estará associada princi-palmente à aviação, navegação oceâni-ca e viagens rodoviárias de longa dis-tância”, completou o diretor da Fapesp.

BIOECONOMIA – O presidente da Fapesp,José Goldemberg, destacou que até 2050a bioenergia corresponderá a quase 30%de toda a energia usada no mundo. Atual-mente, esse índice está em torno de 10%,segundo dados da International EnergyAgency (IEA), organização intergover-namental autônoma criada no âmbito daOrganização de Cooperação e Desenvol-vimento Econômico. “Por estar cientedessa situação a Fapesp criou o Bioen,que desde sua criação em 2008 já rece-beu R$ 80 milhões de investimento”,disse Goldemberg.

Glaucia Mendes Souza, professorado Instituto de Química da Universida-de de São Paulo (USP) e membro dacoordenação do Bioen, afirmou que aBBEST nasceu praticamente ao mes-mo tempo que o Programa Fapesp dePesquisa em Bioenergia com o intuitode congregar a academia e a indústriae fazer um esforço de comunicar osavanços no campo da ciência e da tec-nologia para os formuladores de políti-cas públicas do setor.

“Nas edições anteriores da BBEST,conseguimos mostrar como a bioener-gia pode interagir com questões comosegurança alimentar, ambiental, climá-tica e o desenvolvimento sustentável.Nos últimos três anos, começamos apensar em todas essas questões de umamaneira mais integrada, buscando odesenvolvimento de uma bioeconomia.Por meio do Bioen, estamos desenvol-vendo tecnologias para usar a biomas-sa e para fazer muitas outras coisas alémdo bioetanol, como combustíveis deaviação e bioprodutos que substituamaqueles hoje produzidos pela indústriapetroquímica”, finalizou.

Conferência debateu como reduziremissão de gases do efeito estufa

Evento organizado pela Fapesp reuniu especialistas em Campos do Jordão

Brito Cruz, diretor científico da Fapesp

Arquivo pessoal

Professora Glaucia Mendes Souza, do Bioen

Reprodução YouTube/aab

Informativo CRQ-IV – 9Nov/Dez 2017

BIOENERGIA

A startup brasileira SANergya, cria-da por estudantes de mestrado e pro-fessores da Universidade de Taubaté(Unitau), no Vale do Paraíba, sagrou-se vencedora da primeira edição daGlobal Biobased Business Competition(G-BIB), cuja final ocorreu durante aBrazilian Bioenergy Science and Tech-nology Conference (BBEST).

Como prêmio, a equipe receberá10 mil para executar o projeto de ne-

gócio que desenvolveu – um sistema ino-vador que consegue produzir biogás,biofertilizantes e enxofre a partir da fer-mentação anaeróbica de efluentes.

“Não imaginávamos vencer a finalinternacional”, disse o Engenheiro deAlimentos Fabrício Miguel Farinassi,mestrando em engenharia de produçãona Unitau e integrante da SANergya.Colaborador do Conselho, Farinassiministrou, em 2013, os minicursos “Bi-otecnologia aplicada em processos in-dustriais” e “Manutenção Produtiva To-tal aplicada às Indústrias Químicas”.Confira, nas páginas 10 e 11, artigo ondeele explica o projeto vencedor da G-BIB.

A competição selecionou o melhormodelo de negócios baseado na produ-ção sustentável nas áreas de biocom-bustíveis e biomateriais. Além do timebrasileiro, a competição incluiu umaequipe da Holanda e outra da Alema-nha, cujas propostas de negócios eramsubstituir corantes artificiais por natu-rais nas indústrias de alimentos e cos-méticos, entre outras.

“Foi uma decisão difícil para o júri”,disse Patricia Osseweijer, do BioInno-vation Growth Mega-Cluster – consór-cio de instituições públicas e privadaslíderes em biocombustíveis da Alema-nha, Holanda e Bélgica –, que promo-

ve a competição. “Os modelos de ne-gócios das três equipes finalistas erambem diferentes e apresentam vantagense desvantagens. Mas, no final, o júridecidiu escolher um modelo de negó-cios com maiores chances de ganharescala mais rapidamente”, explicou.

A SANergya vai usar o prêmio paramontar uma planta-piloto dentro daAmyris, uma companhia de biotecno-logia norte-americana instalada na ci-dade de Brotas, interior de São Paulo.Isso a permitirá demonstrar o projetopara clientes e fazer o negócio deslan-char, previu Farinassi.

SUSTENTÁVEL – A startup brasileira de-senvolveu um sistema de biodigestãode efluentes que utiliza biorreatores ebactérias, sem criar passivo ambientale que valoriza os subprodutos da bio-metanização. O processo permite tra-tar o biogás oriundo de efluentes e con-verter o sulfeto de hidrogênio (H

2S) –

a parte corrosiva do biogás – em enxo-fre elementar. “No sistema convencio-nal de biodigestão de efluentes, o bio-gás é tratado em filtros que, com o tem-

po, saturam, gerando um passivo am-biental indesejável para as empresas”,comparou Farinassi.

Em sua primeira edição, a G-BIBreuniu estudantes de mestrado e dou-torado de universidades da Alemanha,Holanda e do Brasil. A etapa brasileiracontou no total com a participação de18 equipes inscritas. Entre elas foramselecionadas oito finalistas que se apre-sentaram no dia 3 de julho, no auditó-rio da Fapesp. A ganhadora foi a SA-Nergya, formada pelos professores Ede-raldo Godoy Junior, Arcione FerreiraViagi, e pelos mestrandos Farinassi eRafaela Cunha.

Antes daquela final, os competido-res participaram de uma master classno dia 10 de maio, em que aprenderama estruturar um modelo de negóciosbaseado em Canvas – uma ferramentade planejamento estratégico que permi-te desenvolver e esboçar modelos denegócios novos ou já existentes.

As matérias sobre a BBEST e G-BIB basearam-se em reportagensproduzidas pela Agência Fapesp.

Startup brasileira vence competiçãointernacional em bioeconomia

Grupo da Universidade de Taubaté recebeu prêmio de 10 mil eurosPhelipe Janning/Agência Fapesp

Farinassi,Godoy Júnior e Viagi,

da SANergya

10 – Informativo CRQ-IV Nov/Dez 2017

ARTIGO

Segundo estudos, a emissão de bio-gás rico em metano (CH4), gás carbô-nico (CO2) e gás sulfídrico (H2S), cau-sada pelo descarte inadequado de ma-téria orgânica, vem provocando mudan-ças climáticas significativas no plane-ta. Caso esse problema não seja equa-cionado, crescerá o risco de ocorrênciade catástrofes naturais, com conse-quências irreversíveis ao meio ambientee ao sistema econômico.

Neste contexto, o uso do biogás de-corrente do reaproveitamento de efluen-tes de indústrias, esgoto sanitário e de ater-ros sanitários torna-se cada dia mais cons-tante em diversos países, possibilitando,também, o surgimento de novos segmen-tos de negócio. Entretanto, tal tecnologiapossui limitações em razão do alto custode purificação do biogás, que possui inú-meros contaminantes que prejudicam seuuso e aplicação comercial. A tecnologiaexistente também gera passivos ambien-tais pelo uso de filtros que não são reci-cláveis e nem reutilizáveis.

A fim de buscar uma saída para esseimpasse, ao longo de aproximadamentecinco anos, a SANergya – startup de alu-nos da Universidade de Taubaté (SP) –,realizou pesquisas laboratoriais e apli-cadas em indústrias, associando trata-mento anaeróbio de efluentes, bioener-gização do biogás produzido e valoriza-ção dos subprodutos na forma de bio-metano, de enxofre e de biofertilizantea partir do lodo excedente produzido.

Inicialmente em escala de laborató-rio, foi desenvolvido um processo paraeliminação de contaminantes presentesno biogás e conversão em biometano eenxofre elementar, conforme ilustradopor meio do kit biodigestor laborato-rial da Figura 1.

Realizou-se a injeção a taxa de0,022 m3/dia de efluente bruto comdensidade de 1.003,37 kg/m3 nos bio-digestores. O efluente digerido seguiupara os biodigestores aeróbio e anóxio,gerando biogás e este foi transferidopara o filtro de biodessulfurização.Neste, tecnologia que está sendo pro-posta e testada, houve a purificação dobiogás gerado, produzindo-se, com usode micro-organismos, o biometano, oenxofre elementar e o biofertilizante,conforme Tabela 1.

Os resultados expressos na Tabela 1permitiram estimar os volumes de pro-dução de biometano, enxofre elemen-tar e biofertilizante tendo como base aalimentação de efluente bruto de umaempresa produtora de alimentos do Valedo Paraíba que gera cerca de 1.400 m3

de efluente bruto biodegradável por dia,conforme Tabela 2.

Considerando-se os valores atuaisdo biometano (gás natural) de R$ 1,89/m3, o do enxofre elementar, R$ 0,25/kg, e do biofertilizante, R$ 0,02/m3,

Ciclo fechado de tratamento ecoeficiente deefluentes, biometanização e biocompostagem

por Fabrício Farinassi

Imagens produzidas pelo autor

Figura 1: Kit biodigestor de laboratório e fluxograma da veiculação dos efluentes líquidos e gasosos doestudo laboratorial

Entrada de Saída de Saída de Saída deEfluente Biometano Enxofre Biofertilizante

Bruto (m3/dia) Purificado (Nm3/dia) Elementar (kg/dia) (m3/dia)

0,022 0,012489 3,89 x 10-3 0,022

Entrada de Saída de Saída de Saída deEfluente Biometano Enxofre Biofertilizante

Bruto (m3/dia) Purificado (Nm3/dia) Elementar (kg/dia) (m3/dia)

1.400 795 248 1.400

Tabela 1: Resultados do ensaio de laboratório de kit biodigestor

Tabela 2: Estimativa de uso da tecnologia de purificação de biogás

Informativo CRQ-IV – 11Nov/Dez 2017

ARTIGO

tem-se que o potencial de geração decaixa para a empresa é de R$ 1.502,55/dia oriundo do biometano, de R$ 62,00,do enxofre elementar, e de R$ 28,00,do biofertilizante. Adotando-se umaoperação de 320 dias/ano, tem-se umareceita estimada de R$ 509.616,00.

Inicialmente, acredita-se que o in-vestimento necessário adotado para aaquisição e instalação dos equipamen-tos esteja na ordem de R$ 1 milhão.Assim, apenas com a geração de bio-metano e enxofre será possível alcan-çar o payback num prazo inferior a doisanos de operação da planta, pois o flu-xo de caixa acumulado ficará positivoneste período, conforme Figura 2.

Além do payback ser inferior a doisanos, o Valor Presente Líquido para oprojeto em dez anos, considerandotaxa financeira de 12%, é de R$1.879.444,00 e a Taxa Interna de Re-torno de 29,2%.

É importante destacar que além dageração destes produtos, há redução deaté 40% do custo operacional da Esta-ção de Tratamento de Efluentes, o que

Figura 2: Gráfico de fluxo de caixa anual e acumulado do projeto

poderá reduzir o payback para menosde um ano, ampliando-se as taxas deretorno do investimento.

PRÊMIO – A partir dos estudos tecnoló-gicos desenvolvidos e dos resultadostécnicos e financeiros obtidos, a star-tup SANergya iniciou a busca e capta-ção de investimentos para a instalaçãode plantas piloto e industrial para apli-cação da nova tecnologia.

Numa destas buscas, a startup se ins-creveu no Global Biobased BusinessCompetition (G-BIB), competição denível mundial que envolveu uma dis-puta entre 19 startups de universidadesbrasileiras, quatro de universidades ale-mãs e quatro holandesas. A SANergyafoi a vencedora devido à inovação tec-nológica proposta e em razão de o seuplano de negócios prever rápido retor-no do investimento e de lucros (vejamatéria na página 9).

O próximo passo da SANergya será,com os 10 mil euros conquistados noG-BIB, instalar uma planta piloto emuma unidade industrial do Vale do Pa-

raíba, que será usada como modelo paraoutras empresas e clientes interessados.

Além disso, a SANergya está bus-cando, via PIPE/Fapesp, Finep e outrosprêmios investimentos para a instala-ção da primeira planta industrial paratratamento dos efluentes e geração dosprodutos em escala real.

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12 – Informativo CRQ-IV Nov/Dez 2017

POLÍMEROS

O panorama atual da utilização depolímeros e as perspectivas para o fu-turo estiveram em pauta do IV Fórumde Ensino Superior da Área Quími-ca, realizado dia 20 de outubro pelaComissão de Ensino Superior do CRQ-IV com apoio do Sindicato dos Quími-cos, Químicos Industriais e Engenhei-ros Químicos do Estado de São Paulo(Sinquisp). O auditório do Conselhorecebeu cerca de 80 pessoas, entre di-retores de escolas, coordenadores decursos, professores e estudantes.

Ao fazer a abertura do evento, a En-genheira Química Andrea Mariano,coordenadora das Comissões Técnicasdo CRQ-IV, apresentou informações

sobre a atuação da entidade e destacouo papel da Comissão de Ensino Supe-rior no desenvolvimento de propostaspara currículos de cursos de Bachare-lado em Química e em Química Tec-nológica, além da criação, em 2013, doSelo de Qualidade para cursos superi-ores da área química.

O ciclo de palestras foi iniciado pelaBacharel em Química Lucilene Betegade Paiva. Pesquisadora do Núcleo deBiomanufatura do Instituto de Pesqui-sas Tecnológicas (IPT), ela falou sobrea evolução histórica da utilização demateriais polímeros e plásticos, tendocomo alguns dos principais tópicos aclassificação, a produção e o consumo

de polímeros convencio-nais. Deu ênfase aos termo-plásticos, que podem ser re-ciclados várias vezes a par-tir de processos que utili-zam altas temperaturas.

“Polímeros biodegradá-veis” foi o tema apresenta-do pelo Engenheiro de Ma-teriais Guilhermino Fechi-ne, professor e pesquisadorda Universidade Macken-zie. Segundo ele, a utiliza-ção de polímeros desse tipose fundamenta na busca porum desenvolvimento sus-tentável, que concilie pro-gresso econômico com pro-teção ambiental ao evitar o

acúmulo de plásticos descartados incor-retamente. Fechine lembrou, no entan-to, que “utilizar fontes renováveis por sisó não garante um baixo impacto am-biental. Deve-se avaliar o processo de pro-dução, a performance técnica e suas op-ções de descarte”, referindo-se ao proces-so de Análise de Ciclo de Vida (ACV).

Na sequência, a pesquisadora MariaFilomena de Andrade Rodrigues, tam-bém do IPT, falou sobre produção e de-gradação de plásticos biodegradáveis deorigem bacteriana. Ela apresentou pes-quisas desenvolvidas no Instituto combase na biotecnologia, em um trabalhomultidisciplinar envolvendo as áreas deQuímica, Biologia e Engenharia que

Fórum no CRQ-IVdiscutiu diferentes

aplicações e avançostecnológicos

Evento foi organizado pela Comissão de EnsinoSuperior e teve o apoio do Sinquisp

Lucilene Paiva, do IPT, enfatizou a reciclagem dos termoplásticos

Fechine: conciliar progresso com meio ambienteFotos: CRQ-IV

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Informativo CRQ-IV – 13Nov/Dez 2017

POLÍMEROS

formam a base estrutural de proces-sos biotecnológicos. De acordo comMaria Filomena, questões ambien-tais, como a dificuldade de recicla-gem de alguns materiais, aumentama demanda por biopolímeros quepossuam características capazes desubstituir os plásticos convencio-nais. Um dos exemplos mostradosfoi o plástico biodegradável feito apartir da cana-de-açúcar.

As diversas aplicações de políme-ros na atualidade permearam as apre-sentações feitas durante a segunda par-te do Fórum. O ciclo foi aberto porAndré Luiz Jardini Munhoz, pesquisa-dor sênior do Instituto Nacional deCiência e Tecnologia de Biofabricação(Biofabris), instalado na UniversidadeEstadual de Campinas (Unicamp).

Munhoz descreveu algumas técni-cas de fabricação desenvolvidas peloBiofabris, um dos Institutos Nacionaisde Ciência e Tecnologia (INCTs) man-tidos pelo Ministério da Ciência, Tec-nologia, Inovações e Comunicações(MCTIC). Um dos principais objetivosdesse INCT é sintetizar biomateriaisque possam ser utilizados no desenvol-vimento de próteses e órgãos artificiais

para as áreas médica e odontológica.Em seguida, o professor e pesquisa-

dor Marco-Aurelio De Paoli, também daUnicamp, falou sobre termoplásticosreforçados com fibras de celulose obti-das a partir de eucaliptos. Trata-se, se-gundo comparou, de uma alternativaambientalmente sustentável aos compó-sitos feitos com fibras de carbono e devidro. A disponibilidade da celulose (um

dos polímeros mais abundantes no pla-neta, juntamente com a lignina, quepode ser usada como antioxidante)proporciona vantagens como um cus-to inferior de produção, baixo impac-to ambiental, além de menores índi-ces de densidade e abrasividade. Con-tudo, De Paoli assinalou a existênciade desafios tecnológicos a serem su-perados para que a produção em largaescala se viabilize.

O IV Fórum de Ensino Superi-or da Área Química foi encerradocom a apresentação da Bacharel emQuímica Mônica Freire Dias Martins,da empresa Solvay. Discutindo a apli-cação de polímeros de alta performan-ce, ela ressaltou a versatilidade dessacategoria de materiais, que pode serutilizado em setores como o aeroespa-

cial e o automobilístico. Mônica tambémmostrou vantagens proporcionadas nasáreas médica e farmacêutica, tais comoa proteção conferida por embalagens demedicamentos feitas com os denomina-dos “polímeros de alta barreira”.

Cópias das apresentações feitas du-rante o evento podem ser obtidas gra-tuitamente na seção “Downloads” dosite www.crq4.org.br.

Munhoz: feitura de próteses para as áreas médica e odontológica Maria Filomena destacou os plásticos de origem bacteriana

Celulose reduz custos e impacto ambiental, afirma De Paoli

14 – Informativo CRQ-IV Nov/Dez 2017

FOSFOETANOLAMINA

Iniciadas em 2015, as pesquisas coma fosfoetanolamina sintética (conheci-da como a “pílula do câncer” ou sim-plesmente “fosfo”) patrocinadas peloGoverno Federal entrarão em uma novaetapa com a confirmação, em outubro,de testes clínicos em humanos a seremfeitos pelo Núcleo de Pesquisa e De-senvolvimento de Medicamentos daUniversidade Federal do Ceará (NPDM/UFC). Até o fechamento desta edição,no entanto, não haviam sido divulgadosdetalhes nem prazos. Ano passado, oNPDM elaborou laudos técnicos sobreensaios pré-clínicos in vitro e em testescom animais envolvendo a substância(http://bit.ly/2jbuaU8).

A retomada dos estudos foi anteci-pada pelo Instituto Viva Fosfo (www.vivafosfo.org), organização que reúneapoiadores da liberação da substânciapara ser utilizada como um medicamen-to. Em vídeo publicado em setembro(http://bit.ly/2zrgYi1), a então presiden-te do Instituto, Bernadete Cioffi, disseque a medida era importante porque,pela primeira vez, será possível fazeruma avaliação farmacocinética, ou seja,uma investigação sobre o percurso quea substância faz no organismo, desde aingestão, passando pela absorção e

Governo retoma testes com a“pílula do câncer”; SP abre CPI

Pesquisador faz alerta sobre versões vendidas como suplemento alimentar

transformação, até a sua eliminação.Portadora de câncer há mais de cincoanos, ela afirma ter melhorado signifi-cativamente depois que passou a se tra-tar com a fosfo, quando a doença jáhavia evoluído para metástase.

No mesmo vídeo, Cioffi anunciouque a presidência do Viva Fosfo passa-ria a ser ocupada pelo Químico Gilber-to Chierice, líder da equipe do Institu-to de Química da USP de São Carlos(IQSC-USP) que, nos anos 1990, pes-quisou e sintetizou a fosfoetanolamina.Além da inclusão do nome do Químicoem sua denominação, a entidade tam-bém passará a atuar na área de pesquisa,cuja direção será feita pelo imunologis-ta Durvanei Augusto Maria, pesquisa-dor do Instituto Butantan e integrante dotime de Chierice. Até então, o institutoconcentrava suas atividades apenas naassistência a pacientes.

Essa mudança, ressaltou BernadeteCioffi, será importante por duas razões.A primeira é que, a partir de agora, oinstituto terá total controle dos proto-colos de pesquisa clínica. Os estudosserão feitos não só com a fosfoetanola-mina, mas também com outros poten-ciais fármacos pesquisados pela equi-pe de Chierice. A segunda razão é quea nova configuração habilitará o insti-tuto a receber financiamento externopara a realização das pesquisas.

CPI – Em 25 de outubro, a AssembleiaLegislativa de São Paulo (Alesp) insta-lou uma Comissão Parlamentar de In-quérito (CPI) para entender os motivosda suspensão, anunciada em março(http://bit.ly/2iHluB5), dos testes coma fosfoetanolamina patrocinados pelogoverno paulista e que estavam sob a

responsabilidade do Instituto do Cân-cer do Estado de São Paulo (Icesp).

Durante a instalação da CPI, Chie-rice reiterou que a substância começoua ser testada ainda em meados dos anos1990, com base em protocolos aprova-dos pelo Ministério da Saúde (confirao vídeo em http://bit.ly/2hc5NBI), umavez que, na época, a Anvisa ainda nãoexistia. Os resultados desses testes, con-tudo, nunca foram divulgados.

No dia 22 de novembro compare-ceu à CPI o imunologista DurvaneiAugusto Maria, que apontou falhas nosprocedimentos adotados pelo Icesp.“Nós [auditores] acompanhamos ape-nas os prontuários dos pacientes; emmomento nenhum houve reuniões paradiscutir os resultados obtidos ao longoda pesquisa. Se não houve esses encon-tros, não haveria como ter resultadospositivos”, justificou. A participaçãodos autores teria começado apenas nasegunda fase do estudo, quando os ti-pos de tumores e pacientes já haviamsido determinados e não era mais pos-sível interceder nos métodos.Cioffi: mudança facilitará captação de recursos

SBT/Internet

Durvanei apontou falhas no protocolo do Icesp

Arquivo

Informativo CRQ-IV – 15Nov/Dez 2017

FOSFOETANOLAMINA

POLÊMICA – Em depoimento concedi-do em setembro ao Boletim SBQ (http://bit.ly/2zoufKU), da Sociedade Brasi-leira de Química, o professor e pesqui-sador Luiz Carlos Dias – vencedor daedição 2014 do Prêmio Walter Bor-zani, promovido pelo CRQ-IV – criti-cou a comercialização da fosfoetano-lamina na forma de suplemento alimen-tar. Fabricados nos Estados Unidos,esses produtos chegam ao Brasil atra-vés de importação feita diretamentepelo consumidor.

O pesquisador coordenou os estu-dos, custeados pelo Governo Federal,destinados a analisar os componentesda fosfo produzida no IQSC-USP. Re-alizados no Laboratório de QuímicaOrgânica Sintética (LQOS) do Institu-to de Química da Universidade de Cam-pinas, os resultados, divulgados emmarço de 2016, mostraram que a subs-tância apresentava expressivo grau deimpureza (http://bit.ly/2yhlMFr).

Dias relatou que o LQOS, pelo qualresponde, testou cápsulas de fosfoeta-nolamina vendidas como suplementoalimentar por dois fornecedores ameri-canos: Cardan Wellness/Life’s Pharma,que fabrica o produto “Phosphoethano-lamine+Plus”, e Quality Elements, queproduz a “PhosphoEthanolamine”. “Asanálises permitiram afirmar que as cáp-sulas têm os mesmos componentes da-quelas produzidas pelo IQSC-USP, masem diferentes proporções e contendoaté mais impurezas”, disse.

O produto fornecido pela QualityElements teve a produção supervisio-nada pelo bioquímico Marcos Viníciusde Almeida e pelo médico Renato Me-neguelo, ex-integrantes do grupo lide-rado por Chierice. Os dois se desenten-deram com o professor aposentado doIQSC-USP porque este era contrário aolançamento do composto como suple-mento alimentar, insistindo que fossereconhecido como um fármaco.

Já o suplemento distribuído pelaCardan Wellness, que até então era des-conhecido por aqui, chegou às mãos de

Luiz Carlos Dias por meio de uma pes-soa que o procurou pedindo que o ana-lisasse. O solicitante alegou que seuinteresse pelo produto era pessoal.

A Cardan Wellness, segundo infor-ma em seu site, é uma empresa de logís-tica baseada na Flórida (EUA). Já aLife’s Pharma, dona da marca “Phospho-ethanolamine+Plus”, seria, também deacordo com o site da Cardan Wellness,uma divisão da “Ecadil Corporation,uma empresa brasileira com sólidas raí-zes alemãs na área farmacêutica”.

Aliás, uma foto publicada no Face-book dessa distribuidora informa que oproduto é “made in Brazil”. Numa tradu-ção livre, o mesmo texto diz que o País

foi “o lugar de nascimento da fosfoeta-nolamina sintética, onde milhares de pes-soas têm desfrutado dos benefícios deuma melhor qualidade de vida e longevi-dade usando o produto”. O texto assegu-ra que a Life’s Pharma sintetizou a formamais pura dessa “classe farmacêutica”.

A Ecadil possui duas divisões no Bra-sil: a primeira, sediada em Cosmópolis,produz matérias-primas para indústrias dediversos segmentos (como o cosmético);a segunda, que teve o nome alterado paraGlatt Medicamentos Genéricos Ltda., estálocalizada em Limeira e atua na área deQuímica Farmacêutica.

Procurado pelo Informativo, JoséAntonio Costabile, diretor da Ecadil,confirmou a ligação, mas salientou quea Phosphoethanolamine+Plus é fabri-cada pela Ecadil USA, companhiaconstituída com sócios daquele país.Observou, contudo, que a patente deformulação e a tecnologia envolvida noprocesso produtivo foram desenvolvi-das pela empresa brasileira.

Segundo ele, o registro da patente,feito pela Ecadil tanto aqui quanto nosEUA, é distinto daquele desenvolvidopelo grupo do IQSC-USP. A síntese dafosfoetanolamina utilizada no suple-mento distribuído pela Cardan Wellnessse baseou em uma patente registradanos anos 1950 pela britânica Glaxo eque hoje é de domínio público. Costa-bile ressaltou também que a produçãoé feita nos EUA por ainda não haver,no Brasil, uma regulamentação especí-fica por parte da Anvisa que permita afabricação de um suplemento alimen-tar à base de fosfoetanolamina.

Questionado sobre as divulgações fei-tas na página do Facebook mantida pelaCardan Wellness, que sugerem uma po-tencial ação do suplemento no combateao câncer, o diretor da Ecadil alegou queas postagens são de exclusiva responsa-bilidade da distribuidora americana. “Narotulagem, são ressaltados apenas os be-nefícios de cada componente em termosgerais, ou seja, não se fala em tratamentode nenhuma doença”, concluiu.

“Fosfo” da Life’s Pharma tem tecnologia brasileira

Dias: suplementos vindos dos EUA têm impurezas

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16 – Informativo CRQ-IV Nov/Dez 2017