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CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Fábio Rubens Soares A Educação Ambiental na Indústria Química e Petroquímica: uma reflexão em busca da excelência São Paulo 2006

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC

Fábio Rubens Soares

A Educação Ambiental na Indústria Química e Petroquímica: uma reflexão em busca da excelência

São Paulo 2006

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FÁBIO RUBENS SOARES

A Educação Ambiental na Indústria Química e Petroquímica: uma reflexão em busca da excelência

Dissertação de mestrado apresentada ao Centro Universitário Senac, em cumprimento às exigências para obtenção do título de Mestre em Sistema Integrado de Gestão.

Orientador Prof. Dr. Jacques Demajorovic

São Paulo

2006

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Catalogação na Fonte

Soares, Fábio Rubens

S676e A Educação Ambiental na Indústria Química e Petroquímica: uma reflexão em busca da excelência / Fábio Rubens Soares. -- São Paulo, 2006.

157 f. : il. color. ; 28 cm

Orientador: Prof. Dr. Jacques Demajorovic

Dissertação de Mestrado – Centro Universitário Senac, Campus Santo Amaro, São Paulo, 2006.

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Aluno: Fábio Rubens Soares

Título: A Educação Ambiental na Indústria Química e Petroquímica: uma

reflexão em busca da excelência

A banca examinadora da dissertação de mestrado, em sessão

pública realizada no dia ___ / ___ / ___, considerou o

candidato:

( ) aprovado ( )

reprovado

1) Examinador(a): ________________________________________________

2) Examinador(a): ________________________________________________

3) Presidente: ___________________________________________________

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Ao Deus do meu coração, que me deu forças a cada dia neste estudo.

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AGRADECIMENTOS

Este estudo contribuiu significativamente para que eu mudasse vários

paradigmas de minha vida pessoal e profissional. Foi um período de real

aprendizado em que passei a valorizar muito mais o senso crítico, devido às

exigências que este estudo demandou. Foi um período que realmente mudará

em todos os aspectos minha vida.

Quero aqui agradecer ao professor e meu orientador Prof. Dr. Jacques

Demajorovic, pelas diretrizes e por ter me ajudado a crer que seria possível

concretizar este trabalho.

A todos os meus professores que contribuíram para que eu pudesse ter

chegado até este estudo.

A Inghra que entre seus afazeres com as crianças e sua bela casa entre

as montanhas, dedicou seu precioso tempo para rever e comentar este

trabalho.

A Maria Lúcia que dedicou uma parte de seu precioso tempo para

revisar este trabalho.

A meus colegas de turma pelo companheirismo e espírito de cooperação

que me auxiliaram no processo de aprendizado.

A minha querida esposa Lúcia Helena, pois sem o seu apoio eu não

teria concretizado este sonho.

Aos meus amados filhos Veridiana e Fabio, que sempre foram fontes de

minhas forças para lutar e incentivar a continuação de minha jornada.

Aos meus saudosos tios Antonio e Leni, e aos primos Jorge e Cleidy que

me abriram as portas para que eu pudesse seguir minha vida.

Aos meus queridos pais Joaquim e Eunice, e as minhas irmãs Vera e

Ana, que por meio dos fortes laços de família sempre me incentivaram a

prosseguir meus estudos.

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Quero ressaltar que todas as imperfeições que os leitores

eventualmente identificarem ao longo deste estudo são de minha inteira

responsabilidade.

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O que devemos ser? Esta é a questão essencial, pois só o

espírito é capaz de fertilizar a inteligência. É o espírito que impregna a inteligência com a obra em gestação. E a inteligência levará a bom termo.

Antoine de Saint-Exupéry

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RESUMO

O objetivo principal desta dissertação é avaliar como a educação ambiental nas organizações químicas e petroquímicas, vista como disciplina integrante dos seus sistemas de gestão, contribui para a melhora efetiva do desempenho ambiental destas organizações.

Este estudo faz uma reflexão sobre a situação e o tratamento da educação ambiental na indústria química e petroquímica nos dias de hoje. Inicialmente, é feita uma colocação da representatividade desse ramo de atividade no âmbito mundial e nacional, considerando a sua importância nos aspectos econômicos e sociais, assim como os potenciais impactos ambientais que esse setor pode originar. O estudo segue com uma sinopse dos conceitos de educação ambiental e as necessidades básicas da sua aplicação nas indústrias químicas e petroquímicas, mostrando como evoluíram essas organizações em relação ao comportamento, postura e responsabilidades com a causa ambiental. Apresenta alguns dos problemas ambientais mais importantes gerados pela poluição industrial, sua relação com a indústria química e de que forma os diversos níveis da estrutura dessas organizações entendem esses impactos e seu papel na sua solução e controle. Na seqüência, traz uma abordagem do Responsible Care, e do Programa Atuação Responsável e a Norma ISO 14001 e questiona a efetividade desses sistemas como gestores de uma conscientização plena das pessoas envolvidas com relação à importância e o respeito ao meio ambiente; discute de que modo está sendo tratada e inserida a educação ambiental nesses sistemas de gestão e como podem se beneficiar essas organizações, conduzindo eficientemente um programa de educação ambiental de modo a potencializar a gestão ambiental existente.

Finalmente, salienta-se que o setor industrial do ramo químico e petroquímico, em geral potencial poluidor, é um dos setores que necessitam prioritariamente enfatizar suas políticas de educação ambiental, incluindo-as de modo eficaz nos sistemas de gestão aplicados hoje em dia pelo setor. Verifica-se, no final, que pouca atenção tem sido dada à educação ambiental efetiva, o que colabora para a manutenção do paradigma que coloca as questões econômicas à frente das causas sociais e ambientais.

Palavras-chave: Educação Ambiental, Indústria Química, Gestão.

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ABSTRACT

The main objective of this study is to evaluate how the environmental education in the chemical and petrochemical organizations, as an integrated discipline of their management systems, contribute to the effective environmental performance of this organizations.

This study considers the status and treatment of the environmental education in the Chemical and Petrochemical Industries nowadays. Firstly, the representativeness of this activity is considered in the world and national scopes, including its importance in the economic, social and environmental aspects, as well as the environmental impacts this sector might originate. The study follows a synopsis of the concepts of environmental education and the basic needs of its application on the chemical and petrochemical industries, showing the evolution of these organizations in respect to the behavior, attitude and responsibility before the environmental cause, presenting some of the most important environmental problems generated by the industrial pollution, their relation to the chemical industry and how the several levels of structure of these organizations understand these impacts and their role in the solution and control. Next, the study approaches the Responsible Care and the Norm ISO 14001 and questions the effectiveness of these systems as managers of a full consciousness of the internal population as to the importance and respect to the environment; discusses the way the environmental education is being dealt with and inserted in these management systems and how these organizations can benefit, efficiently conducting a program of environmental education so as to strengthen the existing environmental management.

Finally, it points out that the chemical and petrochemical industrial sector - a prospective polluter, in general - is one of the sectors that need to emphasize their policies of environmental education, efficiently including them in the management systems applied by the sector nowadays, since very little attention has been paid to the effective environmental education, which fact collaborates to the existence of the strong paradigm that places the economic issues ahead of the social and environmental causes.

Key words: environmental education, chemical industry, management.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

GRÁFICO 1: Produção Química Mundial (ACC) ........................................................ 37

GRÁFICO 2: Participação da Indústria Química no PIB Total Brasileiro .................... 45

GRÁFICO 3: Importações e Exportações Brasileiras de Produtos Químicos (Sistema Alice) ............................................................................................................ 46

GRÁFICO 4: Investimentos na Indústria Química ...................................................... 48

GRÁFICO 5: Indicadores de Atuação Responsável ................................................... 75

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1: Faturamento da Indústria Química Mundial .................……….. 31

TABELA 2: Exportações da Indústria Química Mundial .............................. 33

TABELA 3: Importações da Indústria Química Mundial .............................. 34

TABELA 4: Número de empregados na Indústria Química Mundial ........... 36

TABELA 5: Faturamento Líquido da Indústria Química Mundial ................. 43

TABELA 6: Indicadores Ambientais de Atuação Responsável por Empresa……................................................................................................

127

TABELA 7: Percentagem de concordância com a eficiência dos programas de acordo com as áreas de pesquisa ......................…………... 157

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 13

Metodologia ..………....................................................................................... 19

Referencial Teórico ........................................................................................ 19

Estudos de Caso ............................................................................................ 20

Análise dos estudos de caso ........................................................................ 22

1. A HISTÓRIA DA INDÚSTRIA QUÍMICA E SUA SITUAÇÃO NO MUNDO ........... 24

1.1 A indústria química no Brasil .................................................................... 38

2. A INDÚSTRIA QUÍMICA E SEUS IMPACTOS AMBIENTAIS .............................. 50

2.1. A indústria química e os grandes acidentes industriais ....................... 51

2.2. A indústria química e os processos de contaminação ambiental ........ 56

2.3. Desdobramento com o impacto ambiental na indústria química ......... 60

3. INCORPORANDO A GESTÃO AMBIENTAL NA INDÚSTRIA QUÍMICA E PETROQUÍMICA: O ATUAÇÃO RESPONSÁVEL.................................................… 63

3.1. Antecedentes do Atuação Responsável .................……………………... 64

3.2. O programa Responsible Care e seus resultados ………...................... 67

3.3. O Atuação Responsável® no Brasil …………………...…………….......... 71

3.4. Análise crítica do Atuação Responsável ……………………................... 77

3.5. Verificação do programa Atuação Responsável …………….................. 84

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3.6. A nova visão do programa Atuação Responsável: Revisar e Adicionar…..............................................................................................................85 4. EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS EMPRESAS: CONCEITUAÇÃO E ABRANGÊNCIA ……………………………………………………………….................. 89

4.1. Educação ambiental segundo a Agenda 21 e a Lei 9795/1999 ............. 90

4.2. A visão da educação ambiental a partir da Norma ISO 14001 ..........… 94

4.3. A educação ambiental em algumas empresas …...…………………....... 100

5. POTENCIALIZANDO A GESTÃO AMBIENTAL POR MEIO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS INDÚSTRIAS QUÍMICAS – BARREIRAS E PROPOSTAS ........ 103

6. ESTUDOS DE CASO ............................................................................................. 113

6.1. Empresa A .................................................................................................. 113

6.2. Empresa B .................................................................................................. 117

6.3. Empresa C .................................................................................................. 120

6.4. Considerações sobre os estudos de caso ............................................. 123

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 130

REFERÊNCIAS ........................................................................………………………. 135

APÊNDICE A: Questionário para os estudos de caso (Gerência) ....................... 140

APÊNDICE B: Questionário para os estudos de caso (Funcionários) ................ 150

APÊNDICE C: Percentagem de concordância com a eficiência dos programas de acordo com as áreas de pesquisa .....…...…………………………….................. 157

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INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objetivo fazer uma reflexão sobre a situação, a

importância e o tratamento da educação ambiental na Indústria Química e

Petroquímica atual.

A indústria química e petroquímica é parte da vida do ser humano, pois

a química faz parte de, praticamente, todos os produtos de consumo. E o

desenvolvimento da indústria química e o conseqüente avanço na sua

produção têm permitido o aumento da expectativa de vida da humanidade que

dispõe, a cada dia, de produtos de tecnologia mais avançada, tais como

medicamentos, produtos de higiene, alimentos, graças à ação de fertilizantes e

defensivos agrícolas de baixa toxicidade, vestimentas com fibras que

apresentam maior conforto e proteção, entre outras utilidades.

Nesse contexto, é notório o fato de que o setor químico e petroquímico é

um importante gerador de divisas e recursos ao país e, portanto, com grande

poder econômico para investir na educação ambiental e na formação de líderes

na sociedade, capazes de intensificar a preocupação com o tema e a

consciência da responsabilidade social, seja nos indivíduos ou nos diversos

setores da sociedade.

No entanto, ao mesmo tempo em que participa significativamente do

potencial econômico do país, o setor químico e petroquímico é fonte de

impacto ambiental em potencial, pelos riscos decorrentes dos seus processos,

seja de efeito imediato ou de médio e longo prazo. Portanto, é extremamente

importante o setor empresarial desse ramo de negócios preocuparem-se com

essa temática e definitivamente desenvolver ações efetivas voltadas à

conscientização ambiental e ao incentivo da educação ambiental em seu meio.

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Ainda assim, não se pode negar que este setor tem adotado estratégias

que o diferencia dos demais setores industriais pelo seu avanço tecnológico e

que tenha feito investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Além disso,

desde a década de 1980, a deterioração da imagem das indústrias químicas se

traduziu em uma série de iniciativas. Entre as mais importantes, destaca-se o

Atuação Responsável.

O Programa Atuação Responsável é a versão brasileira do Responsible

Care, que teve a sua origem no Canadá há 21 anos. A partir daí, essa

importante iniciativa tornou-se uma das mais importantes de um setor

empresarial em nível mundial, no campo de ações voluntárias na área

socioambiental. Atualmente, a iniciativa já atinge 48 países, abrangendo cerca

de 93% da produção química mundial, incluindo o Brasil.

Depois de passados mais de 20 anos do início do programa no Canadá,

é oportuno questionar o quanto o Responsible Care, o Programa Atuação

Responsável e a Norma ISO 14001 mostraram efetividade na conscientização

ambiental na indústria química e petroquímica. Os poucos estudos feitos nesta

área indicam que a educação ambiental ainda não é uma ferramenta integrante

desses sistemas de gestão.

Os principais objetivos da Educação ambiental – que foram definidos na

Carta de Belgrado e devem ser observados pela indústria química e

petroquímica – são: a conscientização; o conhecimento; o comportamento; a

competência; a capacidade de avaliação e a participação de seus indivíduos e

grupos. Neste sentido, este ramo industrial deve levar ao seu público interno a

uma cultura ambiental que garanta a responsabilidade operacional dos seus

negócios e estenda essa postura a toda a comunidade externa das relações da

organização (REIGOTA, 2001).

Educando seus recursos humanos internos, as empresas criarão um

estímulo para que esses recursos expandam seus conhecimentos e envolvam

outros setores da sociedade para que possam atuar na causa ambiental, além

de criar internamente uma oportunidade para que seus colaboradores ajam de

forma consciente e responsável com o meio ambiente. Assim, a educação

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ambiental deve gerar mudanças na qualidade de vida e maior consciência na

conduta pessoal, assim como harmonia entre os seres humanos e destes com

outras formas de vida (DONAIRE, 1999).

Certamente Donaire (1999) não se referia especificamente às empresas

químicas e petroquímicas, no entanto, pode-se concluir que sua afirmação é

perfeitamente aplicável a esse ramo de atividade também.

A proposta de implementação da educação ambiental na indústria

química parte de algumas questões importantes relativas a esse ramo de

atividade, como as indicadas abaixo:

• Se existe necessidade de um melhor conhecimento nessa área

pelo setor;

• Se existe ou não consciência adequada nas empresas;

• Se existem, atualmente, diretrizes sobre educação ambiental

voltadas para a indústria química com níveis de eficiência e abrangência

suficientes;

• Se as indústrias químicas em geral possuem ou não programas

focados na Educação Ambiental;

• Se os programas, em geral, têm como enfoque primário as

pessoas, ressaltando a preservação da natureza e da espécie humana.

Implantando um programa de educação ambiental bem estruturado, a

indústria química e petroquímica poderá se beneficiar, por meio do

aperfeiçoamento profissional de todos os níveis da organização, da ação pró-

ativa e ecoeficiente do seu público interno, da melhora da sua imagem vista

pela sociedade em geral e, não menos importante, da redução de custos por

meio do uso de alternativas mais econômicas, reuso de materiais, processos e

decisões mais eficientes, entre outros (SOARES; SANTOS, 2004).

Dentre os benefícios a serem contemplados na inclusão de um

programa de educação ambiental na gestão da indústria química e

petroquímica, segundo alguns autores que exploram o tema como Donaire

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(1999), Reigota (2001), Freire Dias (2003) e Barbieri (2004), podem ser

destacados os seguintes:

• Aperfeiçoar os sistemas de controle sobre a produção, uso,

manuseio, importação, exportação, transporte, armazenagem e destino final de

substâncias químicas, especialmente com relação àquelas de maior

preocupação;

• Eliminar ou minimizar a exposição da população a substâncias

químicas perigosas, incluindo a de trabalhadores;

• Conduzir e controlar os processos produtivos através dos conceitos

de Produção + Limpa, assegurando a prevenção da poluição do ar, das águas

e do solo;

• Prevenir acidentes e aumentar a capacidade de resposta a

emergências;

• Incentivar a inovação tecnológica, com o desenvolvimento de

alternativas mais seguras e ambientalmente sustentáveis, contribuindo,

também, para a promoção da competitividade da indústria química;

• Promover o desenvolvimento do conhecimento sobre os impactos

efetivos e potenciais de substâncias químicas sobre a saúde humana e o meio

ambiente;

• Promover a articulação e a cooperação nacional e internacional na

gestão de substâncias químicas;

• Redução de riscos. Nesse contexto, o objetivo principal deste estudo é avaliar se a

educação ambiental está integrada na gestão do Programa Atuação

Responsável® e Norma ISO 14001 das organizações químicas e

petroquímicas e, neste caso, como contribui para a melhora efetiva do

desempenho ambiental destas organizações respondendo algumas questões

fundamentais como:

• Qual a importância dada a Educação Ambiental pelas organizações

pesquisadas no contexto do Programa Atuação Responsável® e a Norma ISO

14001?

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• Quais os sistemas de gestão que estão em prática nessas

empresas?

• Como tem sido incorporada a Educação Ambiental nos sistemas de

gestão em prática nessas organizações?

• O que tem sido feito para melhorar a Educação Ambiental das

comunidades interna e externa dessas organizações?

Para tanto, o trabalho foi estruturado em cinco partes principais que

estão descritas a seguir.

No Capítulo 1 organizou-se um histórico da indústria química no mundo

e no Brasil, considerando sua importância socioeconômica.

No Capítulo 2 trata da indústria química e seus impactos ambientais,

levando em consideração tanto os acidentes ambientais localizados de efeito

imediato, quanto os impactos ambientais de médio e longo prazo relativos à

poluição do ar, solo e águas, que tem efeito gradativo na degradação do meio

ambiente.

No Capítulo 3, foi feita uma introdução à gestão ambiental na indústria

química e petroquímica, suas iniciativas e estágios evolutivos, a partir de uma

análise do Programa Atuação Responsável® no Brasil e sua relação com a

norma ISO 14001, considerando seus indicadores e avaliando sua importância

para a exposição de uma análise crítica dos seus pontos positivos e de suas

falhas.

No Capítulo 4, apresenta-se uma conceituação de educação ambiental,

uma análise de sua importância segundo a legislação e normas usuais e

vigentes. Aqui aparece também a aplicação dessas normas na indústria e uma

discussão de como a educação ambiental pode ser explorada como um agente

de otimização nos processos industriais químicos e petroquímicos, pela

conscientização das pessoas, e o seu papel na melhoria do sistema de gestão.

No Capítulo 5, faz-se uma proposta de como pode ser potencializada a

gestão ambiental através da educação ambiental nas indústrias químicas e

petroquímicas e as barreiras que se apresentam, assim como as propostas

sugeridas para sua implementação.

No Capítulo 6, são apresentados os estudos de caso realizados em três

empresas químicas e petroquímicas, mostrando os principais aspectos de seus

sistemas de gestão ambiental e evidenciando como a educação ambiental vem

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sendo inserida nos sistemas de gestão ambiental dessas empresas,

procurando avaliar as hipóteses e as sugestões mencionadas neste trabalho.

No Capítulo 7, são apresentadas as considerações finais sobre o estudo

em questão.

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1.1. Metodologia

O roteiro que foi utilizado como metodologia para desenvolver este

trabalho foi dividido em três componentes fundamentais: em primeiro lugar, a

elaboração do referencial teórico, para que fosse possível um melhor

entendimento das etapas subseqüentes; em segundo lugar, a construção dos

estudos de caso; e, em terceiro lugar, a análise do material efetivamente

coletado e ordenado.

A realização de estudos de caso foi a ferramenta escolhida para

completar este trabalho porque as questões colocadas referem-se a um desafio

atual nas organizações que somente podem ser respondidos a partir da

aplicação de entrevistas e da observação direta dentro das próprias empresas.

Outra razão que justifica esta metodologia é o caráter exploratório do

trabalho. Devido ao numero reduzido de pesquisas na área escolhida, apenas

estudos realizados nas próprias organizações permitem buscar respostas que

possam confirmar ou negar as hipóteses escolhidas.

1.2. Referencial Teórico

O referencial teórico foi elaborado a partir da pesquisa em literatura nas

principais bibliotecas do Estado de São Paulo especializadas na área, pesquisa

em instituições de ensino públicas e privadas, consultas à internet (que possui

material importante relacionado ao setor e ao tema pesquisado) e entrevistas

com profissionais, especialistas e consultores com notáveis experiências na

área. Visitas a empresas e entidades de classe também foram objeto de

pesquisa e foram utilizadas.

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Esta primeira fase foi de extrema importância, porque fundamentou e

fortaleceu as bases para as pesquisas nas indústrias que foram parte dos

estudos de caso.

A pesquisa também sugeriu a continuidade dos estudos e foi o alicerce

para a construção dos questionários utilizados nas fases subseqüentes deste

trabalho.

Os dados obtidos na pesquisa foram em sua maioria compostos de

dados secundários, ou seja, aqueles que já estão coletados e disponíveis para

análise e interpretação, exceto aqueles mencionados nos estudos de caso.

O material pesquisado concentrou os esforços e induziu o foco para as

fases seguintes da metodologia, que teve a intenção de demonstrar como a

educação ambiental vem sendo inserida nos sistemas de gestão ambiental do

ramo industrial químico e petroquímico e qual a sua real efetividade nas

organizações.

1.3. Estudos de caso

Na seqüência, a segunda etapa da metodologia adotada foi

predominantemente a elaboração dos estudos de caso e para o

desenvolvimento dos quais foram elaborados questionários, posteriormente

empregados em três importantes empresas químicas e petroquímicas do Pólo

Petroquímico de Capuava no ABC Paulista.

Essa seleção amostral caracterizou-se, por ser do tipo não

probabilística, por conveniência, e teve foco localizado nas empresas químicas

localizadas no Pólo Petroquímico de Capuava, em Mauá-SP, que conta

atualmente com onze empresas do setor químico e petroquímico.

Ainda que o número de estudos de caso pesquisados seja pequeno em

relação ao universo das empresas químicas no país, entende-se que as

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informações levantadas nos estudo de caso permite perceber características

do setor como um todo, uma vez que este setor é considerado um dos mais

alinhados e homogêneos no país em termos de programas de desenvolvimento

sustentável, coordenados por meio do seu órgão representativo classista a

Associação Brasileira das Industrias Químicas – Abiquim.

Quanto às variáveis que foram pesquisadas, representam tanto aquelas

classificadas como qualitativas, como aquelas classificadas como quantitativas,

para que as conclusões fossem sólidas e consistentes.

Os questionários aplicados foram enviados aos responsáveis pela área

de Sistema Integrado de Gestão, entre os meses de Fevereiro e Junho de

2006.

Outras importantes fontes de informação utilizadas foram as entrevistas

com pessoal operativo, supervisores e gerentes. As entrevistas foram feitas

seguindo uma linha consistente de investigação obedecendo dois critérios

básicos (conforme recomenda Yin (1989)): usando uma linha própria de

investigação, como reflexo do protocolo dos estudos de caso.

Foram feitas também visitas de campo nas três empresas estudadas, de

modo a permitir a observação para comprovar as informações obtidas nos

questionários e entrevistas. Segundo Yin (1989), partindo-se do princípio de

que os fenômenos de interesse não são puramente de caráter histórico,

encontrar-se-ão disponíveis para observação alguns comportamentos ou

condições ambientais relevantes. Essas observações servem como outra fonte

de evidências para os estudos de caso. Esta metodologia enriquece o

conteúdo das pesquisas e melhora a confiabilidade das informações obtidas,

pela verificação das ações correspondentes as respostas obtidas nas

entrevistas.

Ressalta-se ainda que, em razão dos poucos estudos disponíveis

relativos à educação ambiental, como ferramenta de gestão, o estudo de caso

é o instrumento metodológico mais adequado, pois são bastante eficientes

quando se tratam de determinar questionamentos do tipo “como ou por que”,

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relativos a um tema contemporâneo e sobre o qual o pesquisador tem pouco

ou nenhum controle sobre as variáveis (YIN, 1989).

Foram escolhidas indústrias químicas e petroquímicas para falar da

temática ambiental e especificamente a respeito da educação, porque se trata

de um dos setores que, inegavelmente, causa mais impactos em termos

socioambientais. Essas organizações promovem riscos aos recursos naturais

de impacto a médio e longo prazo e, também, risco a seus trabalhadores e

comunidades vizinhas devido aos níveis críticos e periculosidade de suas

operações.

Um outro fator que estimulou o estudo na indústria química e

petroquímica foi a sua importância e liderança na aplicação de sistemas de

gestão ambiental e responsabilidade social, como a Programa Atuação

Responsável.

Sabe-se que quanto maior o número de organizações pesquisadas,

tanto maior a confiabilidade das conclusões realizadas nos estudos de caso,

porém, realizar estudos de caso em um número elevado de organizações traz

alguns inconvenientes em termos de recursos, tempo e dificuldades com a

qualificação e disponibilidade das organizações. Por essa razão, foram

escolhidas para este estudo três companhias que se acredita terem boa

representatividade pelas seguintes razões: todas pertencem ao setor químico e

petroquímico; todas são organizações de grande porte; estão localizadas no

mesmo pólo petroquímico; e todas são associadas do Programa Atuação

Responsável.

1.4. Análise dos estudos de caso

Na terceira etapa, fazemos uma análise dos estudos de caso a partir das

informações fornecidas pelo material da pesquisa. A análise foi feita com base

em informações obtidas dos diversos níveis da organização, incluindo desde

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gerentes de várias áreas da empresa até pessoal da operação propriamente

dita, quando todos tiveram a chance de comentar seus pontos de vista e

revelar sua percepção com relação ao tema estudado.

Os questionários foram dirigidos a pessoal operativo, supervisores e

gerentes, e estudados cuidadosamente quanto às respostas e sugestões

propostas (Apêndices A e B).

É importante relatar que com as análises e conclusões verificadas nos

estudos de caso, a intenção foi buscar a comprovação das hipóteses

desenvolvidas ao longo deste trabalho.

A análise conjunta das informações obtidas nas três organizações

possibilita uma reflexão sobre as semelhanças ou diferenças no tratamento da

Educação Ambiental nos sistemas de gestão ambiental dessas organizações,

levando a uma reflexão da importância e da influência que o Programa Atuação

Responsável vem alcançando nessas empresas e pode indicar como vem se

posicionando a indústria química e petroquímica nesta área.

Os resultados da análise podem também apontar e indicar alternativas

de programas de educação ambiental que, eventualmente poderiam ser

testados em outras organizações, que não do ramo químico e petroquímico,

como uma contribuição a outros ramos de atividade.

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1. A HISTÓRIA DA INDÚSTRIA QUÍMICA E SUA SITUAÇÃO NO MUNDO

De uma maneira geral, a química está presente em todas as atividades

da vida do homem, desde as suas origens até a atualidade.

Desde o primitivo homem das cavernas ao homem atual, em seu sentido

mais amplo a química está presente em todas as facetas da vida do homem.

Com o passar dos tempos, a química veio se desenvolvendo

lentamente, até que a partir do século XIX, a indústria química começou

realmente a ser considerada como uma atividade industrial.

Notoriamente, os dois componentes que corroboraram para o avanço da

química foram a pesquisa em laboratório, que originou a descoberta de novos

produtos, e a transferência dessas descobertas para a produção em escala

industrial.

Analisando a historia da indústria química no mundo, nota-se que seu

desenvolvimento está ligado a dois países: a Alemanha e os Estados Unidos

(LANDAU, 1991). A indústria química alemã predominou no século XIX, a partir

da química derivada do carvão. Já a norte-americana, predominou a partir do

século XX, a partir da química derivada do petróleo.

Além destes, temos também a Inglaterra como um dos principais

participantes do desenvolvimento da indústria química moderna.

Na metade do século XIX, então, surgia na Europa um significante

parque industrial de corantes sintéticos. Esse setor cresceu rapidamente na

Alemanha e surgiram grandes empresas nessa área como a Bayer, a Hoechst,

a Basf e a Agfa (FENICHELL, 1996).

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Sem dúvida a Alemanha tinha potencial produtivo muito maior que os

outros países produtores devido, principalmente, a sua capacitação tecnológica

decorrente dos seus investimentos em pesquisa e desenvolvimento, pois

dispunha de um corpo de técnicos e cientistas de altíssimo nível, o que

possibilitava a constante descoberta de novos produtos e a freqüente inovação.

Um exemplo foi a descoberta da estrutura química do benzeno1 por Friedrich

Kekulé em 1865 (LANDAU; ROSEMBERG, 1998).

A Alemanha seguiu como líder nas pesquisas e no desenvolvimento de

novos produtos, um dos acontecimentos mais notáveis (ocorrido em 1913) foi a

obtenção da síntese da amônia por Fritz Haber e por Carl Bosh da Basf. Esses

químicos alemães desenvolveram a partir de então o processo de produção do

ácido nítrico a partir da amônia (LANDAU, 1991). A Primeira Guerra Mundial

viria mudar este cenário, pois ao seu final a Alemanha foi tremendamente

atingida pelo Tratado de Versalhes, e foi obrigada a abrir mão de toda sua

tecnologia de seus processos aos países aliados, incluindo processos de

produção da amônia pelo processo Haber-Bosh e outros.

A partir de então, surgem os Estados Unidos também como atores,

fortes na produção de produtos inorgânicos entre ácidos, álcalis e fertilizantes.

Desenvolveram, também, um trabalho notável na produção de etanol,

isopropanol e acetona 2 a partir de gases residuais de refinaria.

O Período Pós 1900

No entanto, no período entre 1918 e 1939 houveram grandes

transformações na indústria química mundial.

A Alemanha fundiu as empresas de corantes numa só a IG Farben e a

Inglaterra respondeu com a criação da ICI – Imperial Chemical Industries, o

1 Produto químico. 2 Produtos químicos.

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que estimulou uma concorrência respeitável entre as duas gigantes indústrias

químicas (FENICHELL, 1996).

Na Inglaterra a ICI fez grandes conquistas devido a suas pesquisas

como, por exemplo, o desenvolvimento de um processo para a produção de

metanol e também da gasolina sintética a partir de carvão. Outra descoberta

relevante da ICI foi o polietileno de baixa densidade.

Nos Estados Unidos, um outro fato importante que marcou esse período,

foi o desenvolvimento dos estudos para a transição de processos em batelada

para processos contínuos, pelo MIT – Massachusetts Institute of Technology,

um marco importante para a indústria de petróleo e petroquímica, ajudando o

desenvolvimento de empresas norte-americanas como, por exemplo, Du Pont,

Union Carbide, Dow, entre outras (LANDAU; ROSEMBERG, 1998).

Na década de 1920, a Du Pont lança tintas inovadoras na indústria

automobilística, mudando o conceito da época em pintura com secagem rápida

e descobre o cloropreno, o primeiro elastômero sintético com propriedades

aceitáveis. Depois veio o náilon, um dos produtos de maior sucesso comercial

no mundo.

A partir de experiências inovadoras, a Union Carbide desenvolveu o

acetileno a partir do gasóleo. Outras pesquisas importantes foram: a produção

de eteno, a cloridrina, o etilenoglicol, o oxido de eteno, a acetona, o etanol, o

isopropanol, o butanol e éteres glicólicos 3 .

A Dow, outra empresa americana de porte que surgiu nessa época,

iniciou a produção de soda cáustica e cloro; depois vieram: o cloreto de cálcio,

o fenol, o cloreto de vinilideno e a etilcelulose 4.

3 Produtos químicos. 4 Produtos químicos.

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O Período Pós Segunda Grande Guerra

O período da Segunda Grande Guerra foi marcado por um grande

avanço no desenvolvimento da indústria química mundial, motivado na

Alemanha pelo número avantajado de técnicos e engenheiros e entre os

americanos, como reflexo do desenvolvimento da engenharia química pelo MIT

em Boston, Massachusetts.

Dos processos e produtos desenvolvidos pelos americanos devem ser

salientados a gasolina de aviação e a borracha sintética e o craqueamento

catalítico5. A partir de 1950, os Estados Unidos já lideravam a indústria química

no mundo e avançavam em velocidade acelerada com o desenvolvimento de

novas tecnologias de produção de diversos produtos químicos.

Entre esses polímeros termofixos, podemos citar as resinas uréia-

formaldeido ou melamina-formaldeido, que dão origem ao material conhecido

como Fórmica, produzido na época pela Cyanamid.

Foi também desenvolvido o termoplástico PVC, a partir do cloreto de

vinila e o poliestireno 6, outro termoplástico extremamente importante.

Após 1955, houve mais um grande desenvolvimento da indústria

química americana, graças ao apoio das forças aliadas do pós-querra na

investigação e divulgação das tecnologias alemãs, exploradas intensivamente;

e a indústria química alemã conseguiu se reorganizar, devido à reorganização

da economia do país, à sua tenacidade e trabalho. Outro marco importante

dessa época foi o deslanchar da indústria petroquímica, gerado pela

descoberta de importantes jazidas de petróleo no Oriente Médio.

Durante o pós-guerra, outras nações entraram para o mundo da

indústria química. O Japão, com seu parque industrial químico bastante

destruído com a derrota na Segunda Guerra Mundial, começa a se reerguer até 5 Esse processo de craqueamento catalítico em leito fluidizado foi um sucesso nas refinarias de todo o mundo e é usado até os dias de hoje (SPITZ; SWANSON, 1997). 6 Materiais plásticos.

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constituir, no final do século passado, como segundo maior produtor de

produtos químicos do mundo, perdendo somente para os Estados Unidos. A

indústria química japonesa destaca-se por sua eficiência operacional, pela

grande diversidade de produtos, pelo atendimento ao cliente, e por priorizar os

baixos custos da produção, oferecendo grande competitividade. Além disso,

formação de grandes grupos investidores deu força à indústria química

japonesa, alguns exemplos: Mitsubushi, Mitsui, Sumitomo, Tokuyama, entre

outros. (REUBEN; BURSTALL, 1978).

Nesse período de grande progresso econômico, os países em

desenvolvimento entenderam que, para melhorar o nível de qualidade de vida

da população e gerar empregos e riqueza, teriam que desenvolver a indústria

química, que se mostrava como uma fonte direta e indireta de empregos e

riqueza.

A Era Moderna

O crescimento da indústria química e petroquímica originou no mundo

uma crescente diversidade de produtos e materiais químicos, utilizados na vida

moderna para criar conforto e comodidade a toda a humanidade. A sua

capacidade de inovar mais rápido que outros setores que permitiu um

crescimento notável à indústria química e petroquímica, atuando diretamente

na qualidade de vida das pessoas, adaptando-se às suas necessidades

rapidamente. Isso faz com que Wongtschowski (2002), afirme: “A indústria

química nasceu da necessidade de complementação das atividades básicas

ligadas à preservação da vida humana”.

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A tecnologia, a pesquisa e a ciência juntas buscando produtividade

encontraram no setor químico o lugar ideal para o seu desenvolvimento. Não é

por acaso que este setor é conhecido como “indústria baseada em ciência”,

cuja principal característica é a contínua inovação tecnológica propiciada pelas

atividades de pesquisa e desenvolvimento (DEMAJOROVIC, 2003).

Contudo, essa capacidade de inovar e de criar soluções às demandas

contemporâneas, tem um custo. Uma das principais características do setor

petroquímico é seu alto custo de produção devido aos vultosos investimentos

necessários em equipamentos e em sua operação, fazendo com que sejam

viáveis apenas os empreendimentos significativos, beneficiados pelas

vantagens competitivas propiciadas pelos ganhos de escala.

Outra particularidade deste setor é a ênfase no desenvolvimento de

inovações nos processos tecnológicos e não no produto. Dada a relativa

estabilidade dos produtos gerados, os custos elevados com a matriz

energética, somados aos altos custos de operação, a única alternativa para

ganhar competitividade é introduzir inovações nos processos de modo a reduzir

os custos de produção e aumentar a produtividade.

O setor petroquímico é um dos que mais investe em tecnologia,

pesquisa e desenvolvimento. E essa foi a razão do desenvolvimento

exponencial do setor químico no mundo. Nada parecia ameaçar o crescimento

promissor das indústrias químicas. Sempre inovando, transformando idéias em

tecnologia, criando novas necessidades de consumo e aumentando

substancialmente os lucros (DEMAJOROVIC, 2003).

Esta busca por produtos novos faz com que, segundo Wongtschowski

(2002), a indústria química produza, atualmente no mundo, aproximadamente

70.000 produtos químicos diferentes. Buscando minimizar a complexidade e

divergências, esses produtos foram classificados pela ONU e pelo IBGE no

Brasil em segmentos que são:

• Produtos químicos inorgânicos;

• Produtos químicos orgânicos;

• Resinas e elastômeros;

• Fibras, fios, cabos, filamentos contínuos artificiais e sintéticos;

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• Produtos farmacêuticos;

• Defensivos agrícolas;

• Sabões, detergentes, produtos de limpeza e perfumaria;

• Tintas, vernizes, esmaltes, laca e produtos afins;

• Preparados químicos diversos.

Esse universo de produtos contribuiu efetivamente para a evolução da

indústria química mundial, conforme podemos ver nas tabelas a seguir.

Para se ter uma idéia de faturamento, a indústria química mundial

cresceu de US$ 1283 bilhões em 1990 a US$ 1943 bilhões em 2003, conforme

pode ser observado em detalhes na Tabela 1 por países, considerando a

evolução histórica desde 1990 até 2003 (dados disponibilizados até o momento

pela Abiquim).

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TABELA 1: Faturamento da Indústria Química Mundial (Abiquim).

(Dados consolidados: em US$ bilhões)

PAÍSES/ ANOS 1990 1994 1998 2002 2003

Total mundial estimado

1283.9 1396.6 1543.3 1693.0 1943.5

EUA

305.0 350.5 416.6 420.5 458.1

Japão

170.5 224.3 177.1 182.2 201.3

Alemanha

133.6 131.6 130.1 125.3 154.4

China

34.2 42.8 67.7 96.8 117.9

França

69.4 72.1 78.5 80.1 99.0

Itália

63.4 56.5 62.2 81.4 74.4

Coréia

22.0 34.7 44.7 60.0 n.d.

Reino Unido

46.8 50.9 51.0 50.4 54.8

Bélgica

27.0 29.0 33.0 42.0 50.0

Brasil

31.8 35.6 43.8 37.3 45.3

Espanha

24.0 28.0 33.0 35.0 44.6

Irlanda

4.7 8.0 16.5 35.0 42.6

Índia

18.9 21.7 29.5 37.6 41.7

Taiwan

18.0 24.0 28.0 33.0 n.d.

Suíça

16.0 21.0 25.0 33.0 40.0

Holanda

26.0 23.0 30.0 31.0 38.4

Rússia

62.3 25.5 23.8 30.3 33.4

Canadá

21.5 20.6

21.1

25.8

30.3

n.d. = não disponível Fontes: Abiquim; demais países: American Chemistry Council e Cefic.

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O montante das exportações e importações da indústria química mundial

cresceu de US$ 318 em 1990 a US$ 792 bilhões em 2003, como pode ser

observado em sua evolução por países nas Tabelas 2 e 3 , desde 1990 até

2003.

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TABELA 2: Exportações da Indústria Química Mundial (Abiquim).

(Dados consolidados: em US$ bilhões) PAÍSES/ ANOS 1990 1994 1998 2002 2003

Total mundial estimado 318.2 396.4 529.1 671.8 792.5 EUA

39.0 51.6 68.0 81.1 91.4

Alemanha

57.6 58.8 71.1 77.0 99.0

Bélgica

22.0 28.0 41.0 63.0 76.5

França

28.0 33.0 43.1 49.1 58.7

Reino Unido

24.6 29.3 36.8 42.6 51.1

Holanda

23.0 24.0 32.0 36.0 43.7

Irlanda

4.0 7.0 20.0 38.0 41.3

Japão

15.8 23.6 27.2 33.3 38.9

Suíça

14.0 17.0 22.0 29.0 33.5

Itália

12.9 14.7 19.9 25.4 29.1

China

3.7 6.2 10.3 15.3 18.9

Coréia

3.0 6.0 10.0 14.0 n.d.

Espanha

5.0 6.0 9.0 13.0 17.0

Canadá

6.7 9.0 10.4 12.9 14.5

Suécia

5.0 6.0 7.0 9.0 11.6

Taiwan

3.0 5.0 6.0 8.0 n.d.

Rússia

3.5 4.0 5.4 7.3 9.1

Índia 1.3 2.2

3.1 5.9 6.6

México

2.1 2.8 4.4 5.6 6.3

Brasil 2.1 2.8 3.6 3.8 4.8 n.d. = não disponível Fontes: Abiquim; demais países: American Chemistry Council e Cefic.

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TABELA 3: Importações da Indústria Química Mundial (Abiquim).

(Dados consolidados: em US$ bilhões) PAÍSES/ ANOS 1990 1994 1998 2002 2003

Total mundial estimado

318.2 396.4 529.1 671.8 792.5

EUA

22.5 33.9 54.6 86.1 101.1

Alemanha

36.1 35.3 46.8 54.8 68.5

Bélgica

18.0 21.0 33.0 53.0 61.7

China

6.7 12.1 20.2 39.0 51.0

França

24.7 26.1 35.0 39.5 47.2

Reino Unido

20.2 22.7 30.0 37.2 43.8

Itália

23.2 23.5 29.6 33.4 39.8

Japão

15.2 19.8 20.6 25.5 29.9

Holanda

14.0 16.0 22.0 24.0 27.8

Espanha

10.0 11.0 16.0 20.0 25.9

Canadá

8.2 11.8 16.7 20.9 23.7

Taiwan

7.0 11.0 12.0 14.0 n.d.

Suíça

8.0 9.0 12.0 18.0 20.3

Coréia

7.0 10.0 9.0 14.0 n.d.

México

3.7 7.2 11.5 16.5 14.9

Brasil

3.3 5.7 10.1 10.1 11.0

Suécia

5.0 6.0 7.0 7.0 8.7

Índia

3.1 4.2 5.3 5.7 7.0

Rússia

4.4 2.8 4.3 5.5 6.8

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Por outro lado, como pode ser visto na Tabela 4 em detalhes, o número

de empregados foi reduzido em cerca de 3.500.000 em 1990 a 3.200.000 em

2003, devido ao avanço da automatização dos processos, motivado pelo

esforço na redução de custos operacionais que sempre impulsionaram a

indústria química em geral.

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TABELA 4: Número de empregados na Indústria Química Mundial (Abiquim).

(em milhares)

PAÍSES/ ANOS 1990 1994 1998 2002 2003

EUA

1036 1005 993 928 908

Alemanha

n.d. 570 485 462 464

Japão

401 400 385 364 354

Brasil

445 347 315 310 315

França

266 250 237 241 238

Reino Unido

306 246 258 231 224

Itália

237 225 209 206 204

Espanha

134 132 127 133 130

Bélgica

98 94 95 99 97

Canadá

101 90 93 85 83

Holanda

94 82 79 75 73

México

92 80 70 72 63

Suíça

73 67 58 62 62

Suécia

42 32 39 39 40

Irlanda 14 17 23 22 22 n.d. = não disponível Fontes: Brasil: estimativa Abiquim; demais países: American Chemistry Council e Cefic. Adaptado pelo autor.

O Gráfico 1 (a seguir) ilustra a produção química mundial por região

para possibilitar uma visão da capacidade produtiva global de produtos

químicos. Pode-se notar que EUA e Europa lideram com vantagem a produção

mundial de produtos químicos e reservam a liderança mundial do setor.

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GRÁFICO 1: Produção Química Mundial (ACC).

Fontes: Abiquim; demais países: American Chemistry Council e Cefic, 2004. Adaptado pelo autor.

Tais números evidenciam a importância deste setor na economia atual.

O Brasil, por sua vez, ocupa uma posição de destaque, tendo uma participação

importante no mercado global do setor químico, tão importante quanto vários

outros países considerados de primeiro mundo.

China10%

India2%

Brasil3%

Japão13%

Ásia6%

Am érica Latina3%

Outros6%

Europa Ocidental27%

uropa Central e O riental3%

EUA27%

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1.1. A indústria química no Brasil

Entre os países em desenvolvimento, o Brasil tem uma contribuição

significativa para a indústria química mundial.

Segundo Carrara Jr. e Meirelles (1996), os primeiros passos da indústria

química no Brasil foram dados com a fabricação de açúcar, com a criação do

primeiro engenho em 1520. Em seguida vieram a produção de sabão, óxido e

hidróxido de cálcio e os corantes vegetais que já eram exportados desde 1500.

Outros produtos importantes que foram produzidos desde 1600 foram: o sal, o

salitre e a pólvora. Depois, vieram a aguardente, medicamentos e a barrilha.

Em 1800 foi fundada a empresa F. Matarazzo, que se tornou uma das

maiores empresas nacionais operando no ramo alimentício e, depois, ampliou

sua atuação para outras atividades no ramo químico. Em seguida, vieram as

fábricas de ácido sulfúrico em São Paulo (Cia. de Gás e Óleos Minerais), outra

na Bahia e a terceira no Rio de Janeiro, denominada Fábrica de Ácido Sulfúrico

Concentrado. Já na ultima década de 1800, fundava-se a Dierberger Óleos

Essenciais S.A. em São Paulo, que opera até os dias de hoje.

Um ano mais tarde, fundava-se a Queiroz, Moura e Cia. de ácidos e

produtos químicos, que atualmente é conhecida como Elekeiroz S.A. E, no final

da década, foi fundada a primeira fábrica de cimento do Estado de São Paulo

(SANTA ROSA, 1958).

No período entre guerras, houve um considerável crescimento na

indústria química brasileira, condizendo com outras atividades que também

cresceram significativamente naquela época. No entanto, o grande

desenvolvimento da indústria química brasileira se desencadeou apenas na

década de 1970, com a criação dos três primeiros pólos petroquímicos

brasileiros.

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O Período dos Anos 1970

Souza Antunes (1987) comenta que o primeiro pólo petroquímico foi

criado em Mauá em 1972, no bairro de Capuava em São Paulo, pela iniciativa

de um grupo nacional privado (família Soares Sampaio), que já havia investido

na Refinaria União e decidiu, então, empreender em conjunto com investidores

internos e externos (como, por exemplo, os grupos Gulf Oil Corporation, Phillips

Petroleum – norte-americanos – e, também, os grupos Moreira Salles e Ultra –

nacionais).

Com o início das operações do pólo petroquímico em São Paulo e com o

desenvolvimento crescente da indústria química brasileira, tornou-se

necessário o incremento da produção de produtos petroquímicos e outros

centros petroquímicos de escala foram instalados.

Sendo assim, com os incentivos criados pelo governo para o

desenvolvimento do Nordeste brasileiro e as facilidades criadas em âmbito

federal, estadual e municipal, em 1978, iniciou-se a produção no segundo pólo

petroquímico brasileiro em Camaçari na Bahia.

Já em 1975, enquanto o pólo petroquímico de São Paulo encontrava-se

em franca atividade e o de Camaçari estava em construção, o Governo Federal

estimava que em 1981/1982 já poderia haver escassez de produtos

petroquímicos no Brasil devido à alta demanda e crescimento industrial, pelos

quais o país vinha se destacando. Decidiu-se, então, a criação do terceiro pólo

petroquímico brasileiro, desta vez na Região Sul do país, mais especificamente

em Triunfo, no Rio Grande do Sul, na região aos arredores da Refinaria Alberto

Pasqualini, que forneceria a nafta necessária ao pólo (SOUZA ANTUNES,

1987). Criou-se a Copesul – Petroquímica do Sul, com funções similares a

Copene, no pólo do Nordeste.

Outro ramo da indústria química, a indústria de fertilizantes, graças ao

crescente desenvolvimento industrial e agrícola no Brasil, desenvolveu-se na

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40

mesma época devido ao interesse nacional na substituição de produtos

importados, usados até então sem concorrência.

O primeiro grande complexo industrial de fertilizantes no Brasil foi

decorrente de investimentos dos grupos Ultra e Phillips Petroleum. Iniciou a

sua linha de produção com fertilizantes a base de amônia e NPK 7.

O crescimento médio da indústria de fertilizantes no Brasil, em termos

de produção no período de 1960 a 1999, foi de 7,4% ao ano

(WONGTSCHOWSKI, 2002).

A indústria de química fina no Brasil teve sua força em termos de

produção e faturamento representada por empresas multinacionais. As

principais correspondem a de produção de fármacos. Além destas, podem ser

citadas, entre outras, a indústria de defensivos agrícolas, corantes, pigmentos,

catalisadores, aromatizantes e aditivos.

A indústria alcoolquímica antecedeu a petroquímica por várias décadas.

Uma das primeiras empresas a produzir estes químicos foi a Rhodia, com o

cloreto de etila (usado no lança-perfume), o éter dietílico e o ácido acético a

partir do etanol 8. Outras empresas como a Rhodia, produziam alcoolquímicos,

entre as mais importantes a Hoechst, Union Carbide, Coperbo, Elekeiroz e

Solvay.

Com a crise do petróleo em 1973, o Brasil passou a se interessar pela

pesquisa das fontes alternativas de energia, que reduzissem a dependência do

petróleo externo e, então, foi criado o Proálcool – Programa Nacional do Álcool.

O Programa foi muito bem sucedido, sendo que, desde a sua criação, a

produção aumentou em escala vertical e, em 1985, a produção nacional havia

ultrapassado a marca de 11 milhões de litros no ano.

7 Nitrogênio, Fósforo e Potássio. 8 Produtos químicos.

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41

Os Anos Pós 1990

Após 1990, com o governo Collor, o Brasil sofreu alterações

significativas na sua economia, que provocaram impactos determinantes para a

indústria química nacional. Os principais impactos causados pela integração do

país à economia internacional foram: a redução da proteção aduaneira pela

remoção das tarifas de importações e a reintegração do Brasil no mercado

internacional.

Esse cenário criou uma série de dificuldades para o setor que teve sua

participação no mercado interno reduzida. No entanto, as dificuldades geraram

oportunidades de melhora de desempenho, o que incentivou as indústrias

químicas a responderem às dificuldades pela redução de custos

(principalmente, aqueles oriundos da redução de mão-de-obra), aumento das

exportações, remoção de linhas de produção não-competitivas e criação de

empresas de maior porte para melhorar o potencial econômico.

Segundo Carrara e Meirelles (1996), o ramo industrial químico brasileiro

após 1990, passou então a ter os mesmos problemas mundiais e a enfrentar os

mesmos desafios para se manter em um mercado oscilante. Até então, a

indústria química vivia isolada dos problemas exteriores, porém a partir da

integração com o mercado mundial, passou a ter de conviver com a

sazonalidade da indústria química mundial e, obviamente, com todos os

problemas da economia brasileira.

Nessa época, a assistência do Estado à indústria, de uma maneira geral,

foi reduzida, para não dizer banida, e não foi diferente com a indústria química.

O poder do Estado foi minado pelas circunstâncias e seu potencial em

subsidiar atividades industriais foi fortemente prejudicado, afetando o parque

industrial químico brasileiro.

A indústria petroquímica nacional foi uma das que mais sofreu nesta

época com a abertura das fronteiras do país para o mercado externo.

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42

Empresas que anteriormente possuíam controle compartilhado passaram a ter

somente um sócio controlador.

É bom lembrar que as petroquímicas nacionais nessa época já

possuíam capacidades de produção em escala de competição internacional,

tais como: a Copene 1200mil t/ano; a Copesul 1135mil t/ano; e a PQU 500mil

t/ano (OLIVEIRA, 1994).

Atualmente

Além do setor petroquímico, o setor farmacêutico também tem

representação significativa desde os anos após 1990 até os nossos dias, sendo

o segundo maior setor de vendas do ramo químico. As empresas

multinacionais dominam esse mercado no Brasil e as mais importantes do

ramo farmacêutico são representadas por empresas alemãs e norte-

americanas (CARRARA; MEIRELLES, 1996).

Uma característica marcante desse segmento é o aparecimento dos

genéricos que, devido ao seu preço altamente competitivo e atraente no

mercado, fizeram com que laboratórios menores e menos conhecidos

tomassem vulto. Para se ter uma idéia do crescimento da venda dos genéricos

no Brasil, entre 2000 e 2001, passou de 25 para 127 milhões de dólares

(ABIQUIM, 2004).

Portanto, para que se perceba a importância econômica da indústria

química brasileira, basta ter em conta as tendências mencionadas na

seqüência. A indústria química no Brasil faturou, em 2003, US$ 45 bilhões,

apresentando um crescimento considerável se comparado ao de 1990, quando

faturava US$ 31 bilhões. Isso pode ser visto na Tabela 5, que mostra a

evolução do faturamento liquido da indústria química brasileira por segmento

desde 1990 até 2003.

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43

TABELA 5: Faturamento Líquido da Indústria Química Brasileira (Abiquim).

(em US$ bilhões) SEGMENTOS 1990 1994 1998 2002 2003

Produtos químicos de uso industrial

19.0 19.2 18.5 18.7 24.1

Produtos farmacêuticos 2.7 5.0 8.7 5.2 5.6 Higiene pessoal, perfumes e cosméticos 1.6 2.4 4.3 2.8 3.1 Adubos e fertilizantes 2.3 2.2 2.9 3.3 4.3 Sabões e detergentes (1) 2.0 2.0 3.1 2.1 2.2 Defensivos agrícolas

1.1 1.4 2.6 1.9 3.1

Tintas, esmaltes e vernizes

1.7 1.8 2 1.1 1.3

Outros

1.4 1.6 1.7 1.5 1.6

INDÚSTRIA QUÍMICA Faturamento líquido 31.8 35.6 43.8 36.6 45.3 Faturamento bruto 39.8 44.5 54.8 45.8 56.7 Fontes: Abiquim e associações dos segmentos.

O setor de produtos químicos de uso industrial, composto por produtos

químicos inorgânicos, orgânicos, resinas, elastômeros e outros, lidera o

faturamento da indústria química nacional com 51%, sendo seguido pela

indústria farmacêutica, em segundo lugar, representando 15% do total.

Somente para que se tenha uma idéia do parque industrial brasileiro,

das principais empresas químicas instaladas no país, 39 são de capital

nacional e 58 são de capital estrangeiro. Em termos de faturamento, significa

que 33% vem de empresas nacionais e 67% de empresas estrangeiras.

A indústria química brasileira atualmente constitui o setor de base da

economia. Dela dependem, direta ou indiretamente, todos os demais setores,

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44

para os quais fornece uma diversificada gama de insumos e produtos. Trata-se

de um setor dinâmico e complexo, caracterizado por ser intensivo em capital,

matérias primas e tecnologia.

Segundo dados divulgados pelo IBGE (2003/2004), a fabricação de

produtos químicos é responsável por 12,5% do total da receita da indústria de

transformação brasileira, ocupando a segunda posição, logo atrás da

fabricação de produtos alimentícios e bebidas.

A indústria química brasileira ocupa também participação importante no

PIB com mais de 3,7 % 9. Esta participação no PIB brasileiro vem aumentando

gradualmente e em 2003 apresentou o maior valor histórico desde 1990,

superando a marca daquele ano que foi de 3,1%.

O Gráfico 2, a seguir, mostra a evolução da participação da indústria

química no PIB no Brasil.

9 Para comparar, nos Estados Unidos a participação da indústria química no PIB é de 2%.

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GRÁFICO 2: Participação da Indústria Química no PIB Total Brasileiro (Abiquim).

O Brasil ocupa posição de destaque entre os dez maiores no ranking

mundial, liderado pelos Estados Unidos, com um faturamento de US$ 458

bilhões.

Um estudo recente, feito pela Abiquim (2003, 2004), mostra que no país

é visível um aumento das importações e uma diminuição das exportações, o

que causa um decréscimo da produção nacional em relação ao consumo.

Em 2003, a indústria química brasileira exportou US$ 4,8 bilhões, tendo

sido importados no mesmo período US$ 11 bilhões. As exportações vêm

crescendo em média 6,5% a.a. nos últimos 13 anos, mas as importações vêm

crescendo no mesmo período 9,7% a.a., dados que podem ser observados no

Gráfico 3.

3.12.6 2.7 2.6 2.6

2.3 2.2 2.3 2.22.7

2.9 3 3.23.7

90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 2000 2001 2002 2003

em %

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46

GRÁFICO 3: Importações e Exportações Brasileiras de Produtos Químicos (Sistema Alice).

US$ bilhões FOB

O déficit da balança comercial brasileira de produtos químicos é

explicado pelo baixo nível de investimentos no setor que, embora tenham sido

investidos US$ 1 bilhão no segmento de produtos químicos de uso industrial

em 2004, está muito abaixo do necessário para evitar aumentos significativos

no volume de importações. Outro fator que explica o déficit é o aumento

substancial de consumo de produtos químicos que foi de 85,41% entre 1990 e

2004, comparado ao aumento da produção que foi de 51,78% no mesmo

período.

O terceiro fator que tem afetado bastante o resultado da balança

comercial brasileira de produtos químicos é a majoração dos preços dos

produtos químicos no mercado internacional, decorrente do crescimento da

3 .3 3 .6 3 .64 .5

5 .7

8 .0

8 .99 .7

1 0 .1 9 .8 1 0 .7 1 0 .8 1 0 .1 1 1 .0

2 .1 2 .1 2 .3 2 .5 2 .8 3 .4 3 .5 3 .8 3 .6 3 .4 4 .0 3 .5 3 .8 4 .8

1 9 9 0 1 9 9 1 1 9 9 2 1 9 9 3 1 9 9 4 1 9 9 5 1 9 9 6 1 9 9 7 1 9 9 8 1 9 9 9 2 0 0 0 2 0 0 1 2 0 0 2 2 0 0 3

E x p o rta ç õ e s Im p o rta ç õ e s

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47

demanda mundial sem a correspondente ampliação da oferta (ABIQUIM,

2004).

O faturamento da indústria química brasileira cresceu de US$ 30 bilhões

em 1990 a US$ 45 bilhões em 2003; por outro lado, o número de empregados

reduziu, acompanhando a tendência mundial de 445.000 em 1990 a 315.000

em 2003 (ABIQUIM, 2003; 2004).

O futuro da indústria química brasileira, segundo Wongtschowski (2002),

em cada segmento industrial depende da sua competitividade e vulnerabilidade

em relação à concorrência externa e está diretamente ligado à capacidade do

país de manter o parque industrial instalado e atrair novos investimentos.

Para manter as indústrias no país e atrair investimentos, o país deve

estabelecer uma política que seja sustentada por quatro pilares básicos:

estabelecer condições básicas para disponibilizar mão-de-obra e infra-

estrutura; estabelecer condições de consumo adequadas por meio de uma

política econômica sustentável; estabelecer condições para infra-estrutura de

abastecimento e fornecedores de insumos e negócios secundários; estabelecer

condições para a formação de profissionais capacitados à organização; e

administração do parque industrial formado (ERBER; VERMULM, 1993).

Kanter (1996) afirma que para a indústria química brasileira evoluir no

contexto internacional certamente são necessários investimentos em diversas

áreas que devem ser mencionadas, tais como: otimização dos custos

alfandegários e aduaneiros; otimização dos custos de produção pela redução

dos custos de transporte e cargas tributárias; incentivos à ciência e tecnologia,

saúde, segurança, meio ambiente, qualidade e logística.

Apesar de um futuro incerto, o setor tem demonstrado ter uma

participação fundamental na Economia. No entanto, independentemente de sua

importância no país ou em outros países, existe a necessidade de

investimentos e de esforço continuado e intensivo.

Os investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento têm demonstrado

uma redução significativa e o enfoque tecnológico tem passado da busca de

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novos materiais para busca de novos usos para materiais já conhecidos. Esta

necessidade causada pela determinante econômica dos dias atuais, traduzida

em por uma nova visão do processo industrial, em alguns casos torna-se uma

questão de sobrevivência no mercado.

A projeção de redução de investimentos na indústria química, segundo

dados fornecidos pela Abiquim, pode ser observada no Gráfico 4.

GRÁFICO 4: Investimentos na Indústria Química (fonte Abiquim).

Em US$ bilhões

Os baixos índices de investimentos projetados e planejados em

tecnologia e na área de pesquisa e desenvolvimento na indústria química

nacional proporcionam uma expectativa de que seus processos se tornem

relativamente obsoletos e ultrapassados em curto prazo, causando ao setor

uma perda de competitividade no mercado internacional, além de tornar as

plantas nacionais com maior potencial de riscos ambientais.

Conseqüentemente, as unidades produtivas de empresas nacionais

tornam-se, em termos tecnológicos, mais velhas, menos rentáveis e com

menor produtividade se comparadas com o parque internacional.

1.40

1.22

0.90

0.48

0.240.20

2005 2006 2007 2008 2009 sem definição

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Isso certamente coopera para uma redução da carteira de produtos

químicos produzidos nacionalmente, causando déficit na balança comercial

brasileira de produtos químicos, ou seja, uma necessidade cada vez maior de

importações comparando às exportações, tendo-se em conta que a demanda

interna é sempre crescente.

Pode-se concluir, então, que é indispensável à indústria química

brasileira definir uma estratégia tecnológica que permita enfrentar a

concorrência crescente, tanto no mercado interno quanto no mercado externo.

Sobretudo, nossas empresas químicas devem investir nas áreas de engenharia

e tecnologia, visando incrementar a pesquisa e inovação, essenciais para o

progresso e avanço da competitividade internacional.

Não é tarefa simples comparar os indicadores econômicos referentes às

indústrias químicas de diferentes países com o Brasil.

Independentemente destas dificuldades de comparação de indicadores,

um fator é cada vez mais evidente em relação aos desafios que este setor

enfrentará em países desenvolvidos e em desenvolvimento como o Brasil. Há

um consenso em que o setor químico vem sendo um dos principais

responsáveis também pelo agravamento da situação socioambiental. O

crescimento das atividades químicas foi acompanhado por uma série de

mazelas socioambientais, incluindo acidentes localizados e contaminações de

áreas, sejam de água, solo ou atmosfera.

Esses importantes impactos socioambientais, originados pelo setor, são

uma preocupação constante da sociedade e do próprio ramo de atividade, que

busca soluções imediatas de mitigação e controle para o problema.

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2. A INDÚSTRIA QUÍMICA E SEUS IMPACTOS AMBIENTAIS

Apesar de ser um setor tão importante economicamente, o ramo químico

e petroquímico, pelo seu crescimento, trouxe consigo uma série de problemas

ambientais e preocupações para a sociedade em geral, seja na forma dos

acidentes ampliados – dos quais podemos citar os mais conhecidos, como os

de Seveso, Bophal, Exxon Valdez, Chernobyl, entre outros –, seja pelo impacto

ambiental causado pelas contaminações e poluição.

Demajorovic (2003) ressalta que o crescimento desenfreado das forças

produtivas no século passado, principalmente no ramo químico, teve como uma

das maiores conseqüências, o crescimento dos problemas socioambientais

globalmente e o avanço tecnológico e industrial iniciou uma ameaça à flora e a

fauna, pondo em risco o ser humano.

O potencial de impacto ambiental deste setor, portanto, deve ser

analisado a partir de duas vertentes: a dos acidentes ambientais e a da

poluição ambiental.

A análise ou avaliação ambiental do setor químico e petroquímico deve

ser feito também através do estudo da cadeia produtiva de modo a quantificar o

impacto ambiental de bens e serviços.

Essa avaliação inclui a cadeia produtiva completa do produto, processo

ou atividade, ou seja, a extração e o processamento de matérias primas, a

fabricação, o transporte e a distribuição; o uso, o reemprego, a manutenção; a

reciclagem, a reutilização e a disposição final.

Dessa forma é possível uma análise dos danos ambientais de cada

estágio da cadeia produtiva, e dessa forma considera-se dano ambiental

qualquer tipo de impacto causado no ambiente pela existência do produto.

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51

Isso inclui a extração de diferentes matérias primas, emissão de

substâncias tóxicas, utilização da terra, geração de energia para fabricação e

uso do produto, sendo que o termo produto é usado para bens e serviços.

2.1. A indústria química e os grandes acidentes industriais

Freire Dias (2004) salienta que um dos grandes problemas em potencial

que agridem o meio ambiente é originado pelos acidentes ambientais, que

sempre ofereceram risco eminente oriundos das operações da indústria

química e petroquímica.

No final do século XIX, a falta de conhecimento sobre os riscos do

negócio, aliada à ausência de punição para os atos que resultavam os

acidentes, contribuíam para perpetuar as condições de risco nos locais de

trabalho e nas instalações da época. Os avanços tecnológicos alcançados, no

entanto, potencializaram os riscos na indústria química. Os combustíveis

líquidos produzidos a partir do petróleo criaram novas variáveis como, por

exemplo, volatilidade, fluidez, inflamabilidade mais intensa que no carvão, que

aumentam os riscos de acidentes e facilitam as contaminações por infiltração

no solo e dispersão nas águas (VALLE; LAGE, 2003).

Ainda segundo Valle e Lage (2003), a evolução tecnológica trouxe

também novos materiais produzidos pela síntese química, como ácidos,

anilinas, álcalis, bem como surgiram aplicações para novos elementos

químicos como o cloro, bromo, flúor, cádmio, cujos efeitos à saúde humana e

ao meio ambiente eram pouco conhecidos. O quadro para os grandes

acidentes industriais estava completo:

• Novas substâncias, ainda pouco conhecidas;

• Grandezas físicas (pressões, temperaturas), utilizadas no limite de

resistência dos materiais de construção;

• Processos químicos resultando resíduos perigosos.

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E complementando o quadro, o paradigma do valor econômico:

produtividade e competitividade à frente dos riscos ambientais.

A conscientização de empresários e empregados para os riscos

ambientais ainda era extremamente precária no inicio do século XX. As leis de

proteção eram poucas e o seu cumprimento estava sempre em segundo plano

(LUNDGREN, 1994).

O avanço acelerado do desenvolvimento tecnológico, com a introdução

de novos processos produtivos e o ingresso contínuo de novos materiais no

mercado consumidor, ampliou o impacto ambiental criado pelos processos e

produtos da indústria química. O diclorodifeniltricloroetano (DDT) e as bifenilas-

policloradas (PCBs) são exemplos de substâncias químicas criadas e

produzidas pelo homem que se tornaram famosas pelos impactos

socioambientais que causaram.

Ao longo dos anos, a indústria química passou a incorporar, em seus

projetos e operações, as lições resultantes dos acidentes e impactos que

provocavam. Alguns desses ensinamentos se tornaram leis, normas,

regulamentos e sistemas próprios de gestão.

Porém, de acordo com Valle e Lage (2003), somente a conscientização

de todas as partes intervenientes na atividade industrial química é capaz de

transformar esse aprendizado em soluções efetivas para os problemas

causadores dos impactos ambientais.

Os lançamentos acidentais de efluentes, que causaram grandes

contaminações, tornaram mais rigorosos os critérios de avaliação das formas

de tratamento e de armazenamento dos materiais contaminantes. Na baía de

Minamata, no Japão, desde 1932, uma indústria lançava ao mar efluentes

contaminados com mercúrio. Foram necessários vinte anos para que a

empresa causadora desse grande acidente ambiental reconhecesse a relação

de causa e efeito que tinha como resultado um número crescente de seres

humanos e animais domésticos afetados, tanto física como mentalmente,

devido à contaminação por metil-mercúrio, de toda a cadeia alimentar da

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região. Como aprendizado desse desastre, ficou a percepção de que a demora

em informar os habitantes locais e a contemporização por vinte anos de sua

efetiva solução, ampliou desnecessariamente a extensão da tragédia. O direito

de saber, atualmente basilar na legislação ambiental de muitos países, constitui

outro aprendizado desse acidente (VALLE; LAGE, 2003).

Em 1976, outra tragédia que se tornou uma lição ocorreu na Itália: o

acidente de Seveso em uma planta química que produzia pesticidas. Uma

emissão acidental de tetraclorodibenzoparadiozina (TCDD), subproduto

venenoso e cancerígeno de uma reação química não controlada, obrigou a

evacuação dos moradores das redondezas da planta e o sacrifício de milhares

animais domésticos considerados contaminados. Esse acidente motivou a

emissão da Diretiva de Seveso, documento com força de lei aplicável, em toda

comunidade européia, que trata de riscos de grandes acidentes em certas

atividades industriais (KLETZ, 1994).

Os acidentes provocados ou agravados pelo fogo contribuíram também

para o impacto ambiental da indústria química. O grande acidente ocorrido em

1984, numa refinaria do México, foi causado por explosões sucessivas e

provocou a morte de cerca de quinhentas pessoas e ferimentos em mais de 4

mil. Esse acidente ensejou a elaboração de sistemas de segurança e controle

mais rigorosos para esse tipo de atividade (KLETZ, 1999).

Entretanto, foram as falhas humanas que causaram os mais sérios

acidentes registrados em indústrias químicas. O acidente de Bophal, na Índia,

ocorrido em 1984, deixou um saldo de mortos até hoje em dia não consolidado.

A cifra oscila entre 3400 e 8000 mortos, com um total de mais de 200 mil

pessoas com a saúde afetada. As causas desse acidente são o resultado de

basicamente três falhas: falha de procedimentos internos de segurança; falha

nos sistemas de alarme; e falta de preparo da comunidade vizinha para

emergências. Uma explosão a noite gerou uma nuvem de gás altamente tóxico,

o isocianato de metila, que se espalhou sobre a comunidade vizinha. Esse é

considerado o maior acidente ambiental de origem industrial gerado pelo

homem (KLETZ, 1999).

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Além do acidente de Bophal, houve mais dois acidentes sucessivos na

Basiléia, Suíça, em 1986, com a contaminação do rio Reno por pesticidas e

mercúrio. Esse trio de acidentes mudou o critério de segurança, projeto,

operação, gerenciamento e treinamento nas indústrias químicas em todo o

mundo.

Em reação a esses acidentes, a Diretiva de Seveso foi posteriormente

modificada e passou a incorporar também o controle de acidentes, sob o nome

de Seveso II, desde 1989. Seu escopo é a prevenção de acidentes e a

limitação das conseqüências dos acidentes que venham a ocorrer, cobrindo

não apenas as atividades industriais, como também o armazenamento de

produtos químicos perigosos (KLETZ, 1994).

Outro acidente importante fora do âmbito europeu, ocorrido numa

indústria que produzia perclorato de amônia, instalada no deserto de Nevada,

nos EUA, ao explodir em 1988, provocou um extraordinário impacto em toda a

região, por sorte pouco habitada. A localização de instalações de alto risco

distanciada de grandes aglomerados urbanos é, também, um aprendizado

valioso decorrente desse tipo de acidentes (KLETZ, 1994).

Outros acidentes, também causados por efluentes tóxicos, podem ser

citados, como o da Espanha, em 1998, em que uma barragem de contenção

dos rejeitos de uma mina se rompeu, liberando 5 milhões de metros cúbicos de

lama contendo enxofre, chumbo, cobre, zinco e cádmio. Isso contaminou, de

forma irreparável, um rio, um santuário de pássaros, uma reserva natural e a

agricultura de toda a região. Em 2000, outra barragem contaminou com cianeto

parte da bacia do rio Danúbio, na Romênia, afetando também a Hungria. O

aprendizado, com esses dois acidentes, recomenda como solução projetar e

manter, com maior rigor, as barragens de contenção que compõem os

complexos minero-industriais (KLETZ, 1999).

Segundo Lundgren (1994), as empresas multinacionais aprenderam que

qualquer que seja a localização de sua planta, seja no país de origem ou não,

os danos causados à imagem da empresa são os mesmos e os efeitos sobre

os seus negócios são desastrosos. Esse aprendizado afetou positivamente o

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comportamento ambiental desses grandes grupos, que hoje lideram os setores

industriais na adoção de práticas de auditorias e certificação ambiental. A

preocupação com o planejamento urbano no entorno dos pólos industriais

também aumentou depois do acidente de Bophal.

Planos de contingência e de evacuação de áreas de risco passaram a

ser previstos nessas regiões. A legislação que obriga a transparência das

informações fornecidas pelas empresas aos seus vizinhos, o direito de

conhecimento, também teve grande impulso desde então.

Esta é uma importante evolução que vem ocorrendo no segmento das

atividades industriais: substituir as abordagens corretivas pelas preventivas.

Prevenir um acidente será sempre mais barato e seguro que remediar seus

efeitos. Essa mudança de postura, observada ao longo das duas últimas

décadas, já permite constatar uma sensível redução no número de acidentes

industriais noticiados e, em especial, dos grandes acidentes, bem mais

freqüentes até a década de 1980.

Além dos acidentes ambientais, a indústria química e petroquímica

sempre contribuiu para os principais problemas ambientais crônicos, os quais

são abordados na seqüência, e ainda não existe uma completa consciência do

impacto das operações desse ramo de atividade na mitigação desses

impactos.

Um dos mais significativos é o número de fatalidades entre os

trabalhadores da indústria química ao redor do mundo. Infelizmente, em 2000,

foram registrados 56 acidentes fatais pela International Chemical Companies

Association (ICCA) entre 34 países dos 46 signatários naquele ano. Em 2001,

o número registrado foi 51, incluindo as vítimas da explosão ocorrida em

Toulouse (França). Em 2002, houveram 42 fatalidades reportadas por 37

países. Em 2003, 48 fatalidades foram reportadas de 35 países ao redor do

globo. No Brasil, 4 fatalidades foram registradas em 2003 (ICCA, 2005).

Embora, se comparado a outros setores produtivos o índice de

fatalidade da indústria química seja considerado baixo, uma fatalidade é muito

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e a meta deveria ser mantida em zero. Há que se reconhecer que ainda há

muito a ser feito em gerenciamento de segurança para que essa meta seja

alcançada na indústria química.

2.2. A indústria química e os processos de contaminação ambiental

Os problemas de contaminação e poluição se acentuaram a partir da

Revolução Industrial, época em que foram observadas mais claramente as

primeiras ocorrências de contaminação do ar, do solo e das águas provocadas

pela dispersão de poluentes nas regiões industrializadas, onde se

concentravam indústrias químicas que utilizavam carvão como meio de energia

(VALLE E LAGE, 2003).

O desconhecimento dos efeitos resultantes do uso do carvão deu origem

às primeiras ocorrências de doenças profissionais. Também a acidificação dos

solos, emissão de particulados, degradação das condições de vida nas

populações foram os primeiros efeitos da industrialização química, que

desordenada, envolvia riscos para a saúde do homem e o meio ambiente. A

contaminação do meio ambiente já se dava em um ritmo intenso, mas os

efeitos de longo prazo – que até hoje em dia requerem controle nas regiões

que sofreram essa industrialização descontrolada – não eram considerados

principalmente pela falta de conhecimento dos seus impactos e descaso pela

causa ambiental.

A questão da alteração do clima terrestre, por exemplo, causado pelo

efeito estufa, é considerada um dos maiores problemas ambientais atuais.

Esse fenômeno se dá pelo acúmulo de gases na atmosfera, os quais retêm o

calor emanado pelo planeta, impedindo que o calor se dissipe pelo espaço e é

considerado, pelos especialistas, o mais sério entre os problemas ambientais.

Este é um dos problemas no qual as indústrias químicas e petroquímicas têm

grande participação, pela emissão de gases de suas fontes de combustão.

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57

Essa retenção de calor faz com que aumente a temperatura média da

atmosfera terrestre, causando efeitos climáticos indesejáveis e expressivos.

Os principais gases que causam o efeito estufa são: o gás carbônico, o

gás metano, o ozônio formado a partir de óxidos de nitrogênio, e os

clorofluorcarbonetos (CFC) – todos muito peculiares nas operações das

indústrias químicas. Estudos recentes ampliam a lista de gases causadores do

efeito estufa (PENNA, 1999).

Outro impacto poluidor significativo causado por emissões atmosféricas

é a chuva ácida, que se dá pela formação de ácidos sulfúrico e nítrico a partir

das emissões de poluentes como óxidos de enxofre e nitrogênio.

Segundo Brena (2002), a queima de combustíveis fósseis é a maior

responsável pela contaminação do ar por esses óxidos, que são os mais

importantes ingredientes da chuva ácida. Nos Estados Unidos, os óxidos de

enxofre e nitrogênio são cerca de um terço dos poluentes atmosféricos gerados

pelas indústrias.

As indústrias químicas e petroquímicas, juntamente com as refinarias de

petróleo e termoelétricas, são as grandes produtoras de dióxido de enxofre

(BRENA, 2002). Segundo Baines (1993), eram lançadas por ano cerca de 24

milhões de toneladas de dióxido de enxofre na América do Norte e 44 milhões

de toneladas na Europa devido ao predomínio do uso de carvão com alto teor

de enxofre, comparado aos Estados Unidos que utiliza petróleo como fonte

energética. Estima-se que atualmente são lançadas cerca de 18 milhões de

toneladas na América do Norte e 22 milhões de toneladas na Europa, uma

redução significativa na Europa devido a substituição do carvão sulfuroso por

outras fontes de energia (LOMBORG,2002).

No Brasil, são lançados à atmosfera pela indústria química 30.000t/ano

de dióxido de enxofre (ICCA, 2005).

O impacto à camada de ozônio é outro efeito negativo ao meio ambiente

que tem os poluentes originados pela indústria química como precursor. O

ozônio, um poluente poderoso no nível do solo, forma na atmosfera, um escudo

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protetor contra os raios ultravioleta do Sol, sem o qual a vida não seria possível

na Terra. Essa camada absorve eficientemente a nociva radiação ultravioleta

(UV) que, não apenas danificam o DNA, como provoca o câncer de pele.

O principal vilão da destruição da camada de ozônio é o

clorofluorcarboneto (CFC), fabricado sob variadas formas. Inventado em 1928,

mostrou-se muito útil à civilização industrial. Inicialmente usado em frigoríficos

(geladeiras), tornou-se o gás de aparelhos de ar condicionado e, desde 1950,

passou a ser usado como gás propelente em aerossóis.

Embora na grande maioria dos países o uso dos CFC já esteja banido, o

extraordinário estrago causado, o “buraco”, segue e seguirá sendo uma

preocupação para a humanidade e, de acordo com Penna (1999), a camada

somente estará refeita se todas as nações cumprirem a risca o protocolo de

Montreal, entre os anos 2040 e 2050.

Além dos problemas causados pela contaminação atmosférica, outros

tipos de problemas são potenciais efeitos das operações nas indústrias

químicas, como a poluição das águas, o que torna cada vez mais difícil e cara

a disponibilidade da água potável. De acordo com Braga et al. (2002), os

principais poluentes da água causados por contaminação em processos

químicos são poluentes orgânicos refratários (aqueles que não são

biodegradáveis), como defensivos agrícolas, detergentes sintéticos, petróleo,

metais, excesso de nutrientes, organismos patogênicos, sólidos em suspensão,

calor e radioatividade.

A água, segundo Freire Dias (2002), é um fator limitante vital para as

espécies que vivem na Terra. A ínfima parcela de água doce disponível na

Terra, dada a sua importância para a sobrevivência dos seres humanos,

deveria receber todos os cuidados possíveis. No entanto, não é isso que se

observa, como é sabido, pois sofre todo tipo de agressões.

Dos dados disponíveis no ICCA (2005), pode-se notar que a indústria

química no Brasil é uma das que possui maior potencial poluidor das águas

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(DQO 33.240 tonO2/ano em 2003) e uma das maiores consumidoras de água

com 698 milhões de m3/ano.

A contaminação causada pela disposição de produtos químicos nocivos

nos aterros sanitários e outros destinos, também é um impacto importante para

o qual as indústrias químicas contribuem, causando a poluição do solo e das

águas subterrâneas e, conseqüentemente, originando problemas sanitários de

natureza complexa.

Os contaminantes mais importantes do solo causados por operações

químicas são produtos químicos agrícolas (inseticidas, herbicidas, etc.),

fertilizantes, resíduos industriais perigosos os mais diversos, tais como:

resíduos patogênicos, resíduos de pesticidas (embalagens), lodos contendo

metais pesados, solventes, lodos contendo mercúrio, lodos de petróleo, entre

outros (BRAGA et al., 2002).

Todo este cenário, segundo Valle (2003), deixou marcas e despertou a

conscientização da sociedade para as questões ambientais e isto foi causado

pela ocorrência dos vários desastres ecológicos, alguns citados neste estudo,

muitos deles ainda visíveis e até permanentes, em ecossistemas em todo o

mundo.

Dentre as duas vertentes de impacto ambiental geradas pela indústria

química e petroquímica – a dos acidentes ampliados e a das contaminações e

poluição ambiental – a primeira foi a mais importante por provocar a reação da

sociedade como um todo e permitir a criação das legislações e normas

regulamentadoras, que despertaram ações do setor para minimizar os riscos

inerentes desse ramo de atividade. Essa mobilização do setor gerou ações e

programas voluntários que serão discutidos na seqüência neste estudo.

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2.3. Desdobramento do impacto ambiental na indústria química

Os acidentes ambientais e os impactos ambientais relevantes, criados

pela indústria química e petroquímica, além de causar vítimas diretas,

trouxeram outras conseqüências, tais como: perdas financeiras para as

empresas, estímulo para grupo de ambientalistas reagirem contra produtos

químicos, modificação na legislação e até mudança no discurso dos principais

representantes do setor químico (DEMAJOROVIC, 2003).

As ações das empresas causadoras de acidentes ambientais, como a

Union Carbide em Bophal, caíram violentamente. E, ainda, acidentes como

este provocam outras questões: como colocar em prática medidas preventivas

para evitar acidentes de mesmas proporções nos países desenvolvidos, como

aqueles ocorridos nos países em desenvolvimento?

A mobilização iniciou-se mundialmente, a exemplo da Europa com o

acidente de Seveso que desencadeou legislações mais rigorosas voltadas à

causa ambiental. Esse acidente motivou a emissão, em 1982, da Diretiva de

Seveso, documento com força de lei aplicável em todos os estados membros

da União Européia, que trata de “riscos de grandes acidentes de certas

atividades industriais”.

Esse documento foi posteriormente modificado e passou a incorporar

também critérios para o controle de acidentes, sob o nome de Seveso II, com

força legal desde 1999. Seu escopo é a prevenção dos acidentes e a limitação

das conseqüências dos acidentes que venham a ocorrer, cobrindo não apenas

as atividades industriais, como também o armazenamento de produtos

químicos perigosos. A Diretiva de Seveso talvez seja o primeiro modelo de um

PGR – Programa de Gerenciamento de Riscos (VALLE; LAGE, 2003).

Em decorrência de uma maior exposição na mídia dos acidentes

químicos nas décadas de 1970 e 1980, devido às manifestações de grupos

organizados, originaram-se medidas para tornar mais transparentes as ações

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das empresas químicas e propiciar um controle mais efetivo de suas operações

nos países industrializados (DEMAJOROVIC, 2003).

Surgiram então regulamentações como, por exemplo, nos Estados

Unidos o Toxic Substances Control Act (TSCA) para um melhor controle na

produção de produtos químicos; surge também por meio de ambientalistas a

campanha Right to Know (Direito de Saber) que exigia, das autoridades e das

indústrias, informações sobre tudo que oferecia riscos a comunidade. Surge e

cresce também o movimento NIMBY – Not in my backyard (Não no meu

quintal), no qual grupos organizados recusavam a instalação de empresas

poluentes ou de risco em suas comunidades.

Surge também após Bophal, nos Estados Unidos, a legislação Sara Title

II, referente ao controle das práticas de gerenciamento em unidades industriais

químicas.

Em 1986, o EPCRA (Emergency Planning and Community Right to

Know Act), também chamado de Sara III, passou a exigir das empresas

químicas, com dez ou mais empregados, que estimassem o volume das

emissões gasosas, líquidas e sólidas.

No caso europeu, a Diretiva de Seveso de 1982 passou a exigir que

todos os países signatários notifiquem seus acidentes para serem registrados

no Major Accident Reporting System (MARS). Em 1988, essa diretiva foi

ampliada, passando a exigir das empresas também a disponibilizar

informações para a comunidade e a desenvolver estudos mais rigorosos para a

preservação ambiental (DEMAJOROVIC, 2003).

A indústria química não teve como evitar as regulamentações que as

tornariam mais transparentes e abertas para a sociedade.

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Havia uma grande preocupação dos dirigentes da indústria química com

a sua imagem perante a sociedade, preocupação que se mostrou acertada

pelas pesquisas feitas em 1988 de modo aleatório por todo território norte-

americano, pela CMA – Chemical Manufactures Association, mostrando que a

indústria química tinha realmente uma péssima imagem perante a opinião

publica.

Segundo SMART (1992 apud Demajorovic, 2003), destacam-se os

seguintes resultados para o período de 1980 a 1990:

• As opiniões desfavoráveis aumentaram de 40% para 58%;

• As opiniões favoráveis decresceram de 30% para 14%;

• As pessoas que acreditavam que as empresas do setor químico não

eram suficientemente regulamentadas aumentaram de 57% para

74%; e

• Aqueles que consideravam a indústria como essencial diminuíram de

49% para 38%.

A imagem negativa da indústria química não se restringiu aos países

desenvolvidos. Apesar da fragilidade social e institucional dos países em

desenvolvimento, surge nesses países também a necessidade de mudanças

estratégicas para o setor, em resposta às pressões da sociedade,

comunidades, governo e organizações não-governamentais.

Esse novo posicionamento traz a variável socioambiental não mais

como uma opção, mas como parte integrante da estratégia dos negócios,

garantia de lucratividade e participação de mercado, e isso a nível mundial.

Deu-se inicio então a uma campanha integrada com o objetivo de modificar

práticas gerenciais na área sociombiental e reverter a imagem negativa do

setor perante a sociedade, através do Programa Atuação Responsável, tema

que será abordado na seqüência (DEMAJOROVIC, 2003).

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3. INCORPORANDO A GESTÃO AMBIENTAL NA INDÚSTRIA QUÍMICA E PETROQUÍMICA: O ATUAÇÃO RESPONSÁVEL

O Responsible Care é uma iniciativa da indústria química mundial,

segundo a qual as empresas, através de suas associações nacionais,

comprometem-se a trabalharem juntas para continuamente melhorar o

desempenho ambiental de seus produtos e processos e, então, contribuir para

o desenvolvimento sustentável das comunidades locais e da sociedade como

um todo. O Programa iniciou-se em 1985 no Canadá e, hoje em dia, abrange

48 países onde mais de 85% dos produtos químicos são industrializados no

mundo. O Responsible Care é gerenciado pela indústria e enfoca a melhoria de

desempenho, comunicação e responsabilidade. Ele não é somente mais uma

iniciativa voluntária, mas também a ética industrial e o principal valor da

indústria química (ICCA, 2005).

O Programa Atuação Responsável é a versão brasileira do Responsible

Care. Foi adotado oficialmente pela Abiquim em abril de 1992. As empresas

associadas naquele ano foram convidadas a aderir ao Programa, de forma

voluntária. A partir de 1998, a adesão ao Atuação Responsável tornou-se

obrigatória para todas as associadas da Abiquim, o que demonstra a

importância do Programa para o setor (ABIQUIM, 2004).

O Programa Atuação Responsável, da Abiquim, veio para trazer um

avanço importante na questão da conscientização ambiental na indústria

química brasileira, devido ao seu enfoque na área de Meio Ambiente. Tem

colaborado na postura e comportamento das indústrias químicas em relação ao

seu público interno, bem como com a sociedade como um todo.

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3.1. Antecedentes do Atuação Responsável®

É impossível dissociar o desenvolvimento do programa Responsible

Care® (Atuação Responsável®) do evento ocorrido em 1984 na Unidade da

Union Carbide em Bhopal. Essa empresa transformou-se em um símbolo da

potencialidade dos riscos socioambientais para trabalhadores, comunidades e

meio ambiente e dos riscos para a sustentabilidade dos negócios para

empresas não comprometidas com a variável socioambiental.

Em 1984, a organização registrava um faturamento de US$ 12,5 bilhões

por ano com 1.200 unidades industriais espalhadas pelo mundo. Nessa época,

segundo Piasecki (1995, p. 22), uma pesquisa do Massachussets Institute of

Technology - MIT apontava a empresa, entre diversas multinacionais

estudadas, como exemplo de práticas corporativas e cidadania: “(...) uma

distinção baseada em seus programas ambientais, em sua responsabilidade

social e em sua adequação e sensibilidade aos países estrangeiros em que

operava”. No entanto, nenhuma destas características da empresa resistiu aos

números da tragédia ocorrida em Bhopal.

As estatísticas oficiais indicam que o acidente causou 2.352 mortes e

feriu mais de 200 mil pessoas, sendo 20 mil com disfunções pulmonares

permanentes. As estimativas extra-oficiais, no entanto, apontam para um

número total de mortes que varia de 1.800 a 20.000 pessoas (JOHNSON,

1998). Para Demajorovic (2003), além das vítimas diretas, o acidente gerou

outras conseqüências que serviram de alerta para o setor empresarial. As

perdas financeiras para a empresa, o estímulo dos grupos ambientalistas para

incrementar suas ações contra os produtos e processos químicos, o avanço da

legislação ambiental, interferindo nos processo de tomada de decisão das

empresas, alertou os representantes de diferentes setores empresariais sobre

a necessidade de transformação de seu discurso e prática quanto à variável

socioambiental.

No entanto, poucos setores empresariais entenderam estas importantes

mudanças da sociedade como o setor químico. Ainda mais importante é a

forma como esta percepção se traduziu em ação concreta. A ação do setor

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químico foi um movimento absolutamente singular em relação à retórica da

responsabilidade socioambiental de outros setores industriais: o novo discurso

não surgiu a partir de colocações individuais dos representantes empresariais,

mas sim a partir de uma campanha integrada em nível mundial. Para os atores-

chaves do setor químico e petroquímico mundial, tornava-se evidente que

apenas evitando acidentes e a péssima publicidade decorrente seria possível

interromper o avanço da legislação e a maior intervenção dos órgãos

ambientais no setor.

Por meio do programa Atuação Responsável® foi dado início a uma

campanha integrada com o objetivo de modificar práticas gerenciais no campo

socioambiental e reverter a imagem negativa do setor junto à opinião pública.

Este programa deve ser entendido como um instrumento de

gerenciamento ambiental, incluindo a segurança das instalações, processos e

produtos, bem como a preservação da saúde dos trabalhadores e a proteção

do meio ambiente. Concebido a partir da visão de diálogo e melhoria contínua,

o Programa fornece mecanismos que permitem o desenvolvimento de sistemas

e metodologias adequadas para cada etapa do gerenciamento ambiental que o

setor persegue. O modelo criado é flexível, o que possibilita atender as

necessidades de cada empresa sem que, no entanto, se perca a característica

de um Programa de toda uma indústria.

Vale a pena apresentar como está estruturado o Programa Atuação

Responsável da Abiquim, o qual tem sua marca registrada para utilização pela

indústria química e petroquímica nacional. Esse programa vem sendo adotado

por todas as empresas associadas da Abiquim e esta atitude é vista como uma

demonstração de inovação e busca da excelência nos seus processos,

produtos e serviços, assim como base para o direcionamento para o

desenvolvimento sustentável.

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A Abiquim conta atualmente com cerca de 170 empresas químicas e

petroquímicas de grande porte associadas, além de outras empresas de médio

e pequeno porte. A sua missão é representar a categoria, seja nas

negociações ou nos acordos internacionais, envolvendo a indústria química e

petroquímica e é membro integrante do Conselho da Indústria Química do

Mercosul – Ciquim e também do International Council of Chemical Association

– ICCA, órgão internacional que lidera e coordena o Responsible Care

mundialmente (ABIQUIM, 2000b). A Associação participa também na

coordenação de outros programas que envolvem a indústria química em

setores específicos que são o Plastivida e Pró-Química.

A implementação do Programa Atuação Responsável, assim como a sua

manutenção, é feita por meio de comissões de lideranças representadas pelas

empresas associadas. Este programa, pelo seu Manual de Introdução – cujo

título é Conhecendo o Atuação Responsável –, traz uma retrospectiva de

como evoluíram as indústrias química e petroquímica no contexto mundial e

demonstra que esta evolução foi mais pronunciada após a Segunda Guerra

Mundial, período em que ocorreu a formação e consolidação dos grandes

grupos de empresas do setor e que foi impulsionado pelo desenvolvimento

industrial ocorrido na época (ABIQUIM,1995a).

O manual ainda destaca que nessa etapa os aspectos relacionados à

degradação ambiental não eram considerados, sendo que as questões

ambientais não faziam parte da estratégia dos negócios.

Evidentemente a preocupação com a degradação ao meio ambiente

surgiu varias décadas depois, após vários eventos expressivos que alarmaram

toda a sociedade, como apresentado neste trabalho, e depois que

ambientalistas tomaram a liderança e passaram a pressionar os governos,

levando em conta a preocupação com as gerações futuras.

Com o passar dos tempos, as áreas de meio ambiente, saúde e

segurança, passaram a ser vistas com maior interesse e atenção pelo

empresariado e pelos governos, além das organizações não-governamentais

(ONG) e organismos internacionais. Essas mudanças trouxeram novos

comportamentos, que denotam uma maior preocupação com a qualidade de

vida e sua relação com a meio ambiente (ABIQUIM, 2000a).

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De acordo com o Congresso de Atuação Responsável, em 2001, o

Programa Atuação Responsável busca promover a excelência da indústria

química brasileira, de modo a garantir a sustentabilidade da sociedade da qual

faz parte, garantindo a segurança dos seus trabalhadores e dos seus

processos, zelando pela proteção ambiental e relacionando-se efetivamente

com as comunidades.

Segundo Schmidheiny (1992 apud Roos, 1999), o comprometimento da

indústria química com o meio ambiente segundo o Atuação Responsável é

expresso por intermédio das seguintes características:

• Comprometimento formal de cada empresa signatária;

• Implantação do programa, subsidiado por guias de práticas

gerenciais;

• Gerenciamento do programa, por meio do desenvolvimento de

indicadores de desempenho;

• Comunicação com diversas partes interessadas, especialmente as

externas;

• Estabelecimento de fóruns específicos com o intuito de trocar

experiências entre as empresas signatárias, encorajando-as de

forma a participarem ativamente do programa.

Com as características apresentadas, o Projeto, no mundo e no Brasil,

tem alcançado alguns resultados importantes. Entretanto, existem algumas

controvérsias sobre sua total efetividade, principalmente no que diz respeito à

baixa participação da pequena e média empresa e, principalmente, na inserção

da educação ambiental nas suas práticas gerenciais, assunto a ser analisado a

seguir.

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3.2. O Programa Responsible Care ® e seus resultados

Para muitos representantes do setor químico, os inúmeros acidentes

industriais registrados na década de 1980 tornaram evidente que era preciso

mostrar que o conjunto das empresas químicas estava comprometido com uma

nova postura de responsabilidade socioambiental, incluindo diminuição de

riscos para seus trabalhadores e para as comunidades e gerando produtos

ambientalmente seguros. Era preciso incentivar a adoção de uma ação

articulada voluntária, integrando países desenvolvidos e países em

desenvolvimento.

Para Mazurek (1998), particularmente no caso norte-americano, a visão

dos principais executivos do setor era de que se uma ação de impacto não

fosse realizada para melhorar a opinião pública em relação ao setor o resultado

seria maior regulação refletindo em maiores custos para operação e controle

de poluição nas unidades industriais. A resposta aos desafios colocados seria

desenvolver um programa mundial para o setor químico no campo

socioambiental.

Para atingir os objetivos, foram criados seis códigos de conduta que

contemplam: mecanismos de repasse das informações para a comunidade,

incluindo planos de emergência com a participação dos residentes próximos às

unidades; estratégias para implantar a prevenção da poluição; medidas para

garantir a segurança de processos e produtos; redução de riscos nas

atividades de armazenamento e transporte de produtos químicos;

procedimentos de segurança e saúde nas unidades industriais e

gerenciamento socioambiental do produto do início do processo produtivo à

disposição final (MAZUREK, 1998).

O Programa Atuação Responsável® apresenta-se como uma nova

forma das indústrias químicas conduzirem seus negócios, baseada em

compromissos éticos das empresas com a sociedade. Como afirmam seus

representantes, não se trata propriamente de um programa, mas sim de uma

mudança cultural na forma como a indústria química realiza seus negócios. Na

prática, busca melhorar a percepção do público em relação às formas de

gerenciamento das unidades químicas.

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Para os representantes do setor, a iniciativa tem resultado em melhoria

significativa do desempenho socioambiental das unidades químicas. Destaca-

se a redução das emissões no ar, solo e água em 56% entre 1987 e 1993 nos

Estados Unidos; a redução em mais de 90% das emissões de dioxina,

mercúrio, chumbo e zinco em corpos d’água entre 1985 e 1996 na Noruega e

uma redução em 50 % nas taxas de acidentes em locais de trabalho entre 1980

e 1996 na França. Mesmo assim, é importante frisar que não há certeza se o

melhor desempenho ambiental está efetivamente conectado ao programa

Atuação Responsável® ou a outros fatores como o aumento do rigor na

legislação e a maior mobilização das comunidades (MAZUREK, 1998).

Já Johnson (1998) relata que a cooperação entre a indústria química e o

órgão ambiental nunca foi tão grande e que o programa Atuação

Responsável® está favorecendo uma mudança cultural, incrementado a

responsabilidade nas empresas. Também Mazurek (1998), reforça como ponto

bastante positivo do programa a comunicação com as comunidades próximas

às unidades industriais. Segundo o autor, este parece ser efetivamente o maior

êxito do programa até o presente momento. Pesquisas conduzidas com os

associados do programa Atuação Responsável® nos Estados Unidos

revelaram que 61% das indústrias acreditam que a iniciativa foi fundamental

para a aproximação e melhoria do diálogo com a comunidade. A exigência da

montagem de comitês formados por representantes das indústrias e das

comunidades locais tem propiciado uma modificação da percepção do risco,

uma vez que se estabelecem canais de comunicação diretos com os

representantes empresariais, possibilitando uma melhor compreensão do

processo industrial.

Pesquisas realizadas em localidades em que já funcionam estes comitês

também mostraram uma imagem melhor das empresas junto à população local

do que nas comunidades em que o programa não é conhecido. A opinião

favorável destas comunidades sobre as empresas vizinhas teria crescido de

44% em 1989 para 80% em 1994. Ainda assim, a melhoria da relação entre

empresas e comunidades não foi suficiente para reverter a péssima imagem

das empresas junto à totalidade da opinião pública, uma vez que os comitês

reúnem uma fração reduzida da população norte-americana. Além disso, é

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importante ressaltar que a iniciativa dos comitês também é alvo de críticas por

parte dos grupos ambientalistas. Para eles, a falta de conhecimento técnico

dos representantes comunitários impede uma efetiva avaliação das

informações fornecidas pelas empresas, evitando dessa forma o

desenvolvimento de controvérsias e servindo como uma nova estratégia para

assegurar os interesses destas (MAZUREK, 1998).

Por fim, outro fator considerado importante pelos representantes do

programa Atuação Responsável® é que a iniciativa tem propiciado uma maior

troca de informações entre as empresas, permitindo melhor disseminação do

aprendizado entre seus associados e favorecendo um maior entendimento das

empresas da relação entre sua ação e seus reflexos sobre o meio ambiente. O

desenvolvimento do programa Atuação Responsável® também estaria gerando

como subproduto a melhor capacitação das empresas para a eventual adoção

de processos de certificação, como a ISO 14001, em função dos pontos

comuns existentes entre as duas iniciativas. A sistematização de dados para a

implementação dos códigos do programa contempla uma série de informações

necessárias para o processo de certificação da ISO, o que contribuiria para a

redução de custos e tempo associados a esta atividade para as empresas

(DEMAJOROVIC, 2003).

Apesar dos resultados positivos observados nos países desenvolvidos,

as grandes empresas do setor, convencidas de que a maior mobilização

ambientalista poderia afetar a indústria química como um todo, passaram a

exportar a ideologia de prevenção da poluição para suas subsidiárias em

diversos países. Johnson (1998) afirma que, embora o programa Atuação

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Responsável® nos EUA não exija que o mesmo seja implementado nas

subsidiárias, empresas como Dow Chemical, Dupont, Monsanto e Union

Carbide relatam que os padrões determinados nas matrizes foram integrados

pelas subsidiárias a partir da década de 1990.

Por trás dessa nova política não está apenas a preocupação em

melhorar o desempenho ambiental das subsidiárias e reduzir as possibilidades

de acidentes. Johnson (1998) afirma que no discurso de segurança e ética

ambiental e da necessidade de padronização de procedimentos, há

importantes fatores comerciais envolvidos. O crescimento do setor químico dos

países em desenvolvimento, que não precisava respeitar padrões ambientais

tão rígidos, poderia se tornar uma grande desvantagem econômica para as

empresas nos países centrais. Nesse contexto, argumenta Johnson (1998), as

multinacionais querem estabelecer as mesmas regras do jogo para todos os

jogadores visando assegurar suas vantagens competitivas. Para tanto, é

necessário estabelecer uma harmonização de padrões ambientais em

diferentes países o que, além de garantir vantagens competitivas, cria

mercados para outros serviços.

3.3. O Atuação Responsável® e seus resultados no Brasil

Ainda que o problema de imagem das indústrias químicas e o aumento

da legislação ambiental fossem uma realidade no Brasil, a adoção do programa

teve de vencer uma série de resistências no país. Para diversos representantes

de empresas químicas, a questão da imagem pública do setor limitava-se às

corporações multinacionais, especialmente em seus países de origem.

Empresários nacionais também argumentavam que a iniciativa poderia atrair

ainda mais a atenção dos órgãos ambientais para o setor culminando em uma

legislação ambiental mais restritiva ou reduzir o grau de soberania das

empresas associadas na medida em que preconizava um programa uniforme a

ser implantado indistintamente por todos os associados. Nesse cenário, a ação

de empresas multinacionais que atuavam no Brasil foram fundamentais para

que o Atuação Responsável fosse colocado em prática.

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A principal motivação para os gestores destas organizações era o medo

do avanço das regulamentações governamentais, como observado nos outros

países. No Brasil, o movimento ambiental estava crescendo e os líderes das

multinacionais estavam bem conscientes das suas potenciais conseqüências:

má reputação, aumento da intervenção governamental e dificuldades em

conseguir locais para novas instalações.

Em 1986, uma pesquisa conduzida pela Abiquim em várias cidades

brasileiras demonstrou que a maior parte dos entrevistados não confiava na

indústria química e pensava que o governo deveria exercer um controle muito

mais restritivo e com uma legislação muito mais rigorosa (JOHNSON, 2000).

Na expectativa de que as crescentes pressões públicas, em termos de

legislação vistas em outras partes do mundo, viessem para o Brasil mais rápido

e mais efetivamente, as multinacionais defendiam que o Atuação

Responsável® permitiria às empresas do setor ir além das regulamentações,

antecipando futuras demandas de órgãos públicos e da sociedade.

Em maio de 1992, o Atuação Responsável® foi oficialmente

estabelecido no Brasil com a participação de 50% dos associados da Abiquim.

Em 1993, a Abiquim tinha desenvolvido seis códigos de práticas (com guias e

checklists) para o Atuação Responsável®: Segurança de Processos;

Segurança e Saúde do Trabalhador; Transporte e Distribuição; Proteção

Ambiental; Resposta a Emergências e Diálogo com a Comunidade; e

Gerenciamento de Produto. Os códigos estavam disponíveis para

implementação em janeiro de 1994. Em março de 1996, guias dos códigos

foram publicados. A Abiquim decidiu por não reproduzir os códigos e as guias

de implantação do Responsible Care® e colocou ênfase em liderança,

participação do empregado e sistema de gestão.

Na época, os membros da Abiquim não eram obrigados a assinar o

compromisso com o Atuação Responsável® como no caso dos Estados Unidos

e Canadá e as pequenas e médias empresas eram as mais relutantes em

aderir à iniciativa. Embora as pesquisas mostrassem que muitas dessas

empresas concordavam que o programa tinha seu valor agregado, elas não

tinham recursos tecnológicos ou pessoal para operacionalizar o programa. Até

1998, o programa não foi obrigatório para os membros da Abiquim.

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De 156 membros da Abiquim, 118, ou 75% assinaram o compromisso

com o Atuação Responsável®, em março de 1996. Esses 118 participantes

representavam mais de 90% das companhias líderes de mercado. Em 1997,

104 de 138 companhias químicas assinaram ou renovaram seu compromisso

com o Atuação Responsável® (JOHNSON,2000).

Segundo Roberts (1998), de 219 empresas químicas selecionadas em

uma pesquisa, somente 42 estavam realmente comprometidas com o Atuação

Responsável®. As empresas mais envolvidas com a iniciativa no Brasil eram

estrangeiras e gerenciadas muito profissionalmente. Normalmente eram

empresas de grande porte, com mais de 200 funcionários, com exportações no

nível de US$ 3 milhões por ano. Roberts descobriu que os não participantes

tendiam a ser empresas menores e nacionais. No entanto, nem um nem outro

tipo de empresas pareciam estar respondendo às fortes pressões dos

ambientalistas locais ou agências reguladoras.

Para Johnson (2000), o sucesso da implementação do Atuação

Responsável® no Brasil é difícil de avaliar. Uma das metas do programa é a

auto avaliação, não somente como meio de fazer um benchmarking ou verificar

sua posição para determinar onde se quer chegar, mas para dar evidência às

comunidades e governo de avanços progressivos. Os esforços da Abiquim em

trazer a tona essas avaliações como parte mandatória para os assinantes do

programa, não foi tão bem quanto era esperado. Enquanto em 1995, somente

74 de 103 companhias submeteram-se a avaliação, em outro processo de

avaliação, somente 19 companhias forneceram as informações solicitadas.

Em 1998, no entanto, a Abiquim informava que 70% dos seus 133

membros já haviam adotado o programa. Desse total, em 1999, 75% tinham

implementado o código segurança de processo, 50% o de prevenção à

poluição e transporte e distribuição, e 30% o de resposta às emergências e

gerenciamento de produto. As multinacionais americanas eram as mais

avançadas na implementação do programa.

Apesar da diferença do grau de comprometimento das empresas

nacionais e estrangeiras, diversos representantes empresariais do setor

mencionavam que o programa aumentava a comunicação e cooperação dentro

da indústria e mesmo com companhias fora da indústria. A troca de

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74

informações entre as companhias era obrigatória para os membros do Atuação

Responsável®. As companhias buscavam informações que as auxiliariam a

sobreviver na transição para um mercado aberto, com uma competição mais

acirrada e mais altos padrões. Nesse contexto, percebia-se que ganhavam

mais trabalhando juntas e compartilhando informações do que competindo

intensamente.

Muitos executivos que participavam do programa acreditavam que as

práticas de gerenciamento ambiental poderiam contribuir para uma sólida

imagem pública, fazendo com que renovassem seus compromissos. De

qualquer modo, a participação no Atuação Responsável® não era mantida

especificamente para preservar o meio ambiente, nem para ganhar vantagem

competitiva. Embora houvesse exemplos de companhias lucrando com a

implementação de programas de reciclagem e redução de resíduos sólidos e

companhias quantitativamente demonstrando uma considerável redução de

custos com esses programas, menos de 50% das 104 companhias

participantes do Atuação Responsável® viam o tema ambiental como parte do

negócio.

A falta de credibilidade em que a prevenção à poluição se paga, fazia

com que o interesse pelo meio ambiente fosse limitado. Isso explica, em parte,

porque o Atuação Responsável® foi implementado tão lentamente no Brasil.

Apesar destas dificuldades, um dos principais resultados do programa tem sido

a construção de uma série histórica de diversos indicadores socioambientais

das empresas envolvidas na iniciativa. Na Figura 5 seguem alguns indicadores

divulgados pela Abiquim.

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75 Gráfico 5: Indicadores do Atuação Responsável

Fonte: Abiquim 2006

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76

As empresas químicas e petroquímicas consolidam e divulgam anualmente

esses indicadores. Semelhantes aos usados internacionalmente pela indústria

química ou por outros setores, visam facilitar o entendimento pelo público do

trabalho desenvolvido pela indústria química (ABIQUIM, 2005).

Para a Abiquim (2005), os indicadores revelam que, na maioria dos

casos, houve uma significativa melhoria no desempenho das empresas

associadas nas áreas de saúde, segurança e meio ambiente. Além disso,

indicam o crescimento de importância da consciência por parte do setor de se

reduzir as perdas provocadas por acidentes e pelo desperdício de recursos

naturais, utilizados como fontes de matérias-primas e de energia.

É importante mencionar que o Programa Atuação Responsável® passa

por um processo de revisão, que deverá ser concluído neste início de ano.

Alterações importantes estão sendo introduzidas, visando melhorar ainda mais

o desempenho em saúde, segurança e meio ambiente da cadeia produtiva da

Química. Além disso, estão sendo incorporadas, como parte do programa, a

gestão social e da qualidade, buscando a integração de outros aspectos que,

sem dúvida, contribuem para que as empresas tenham uma atuação

responsável alinhada ao princípio do desenvolvimento sustentável, o grande

desafio para toda a sociedade.

As razões principais para a revisão do Atuação Responsável® são as

seguintes :

• Aprimorar o modelo e o conteúdo – o modelo atual tem se

mostrado muito complexo e burocrático. O desafio é melhorar a

gestão do produto de maneira mais efetiva;

• A legislação brasileira e os acordos internacionais ligados às

atividades químicas cobrem práticas anteriormente voluntárias –

quando o Programa foi lançado apenas algumas práticas

gerenciais eram obrigatórias por lei, atualmente o numero

aproxima-se de 65%;

• Diversas empresas já implantaram as práticas atuais – empresas

que já implantaram 100% das práticas estão buscando

alternativas para novas demandas internas e externas;

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77

• Revisão internacional do Responsible Care® – outras

associações, além do ICCA, já estão trabalhando o tema;

• Aumentar o valor agregado do Atuação Responsável® para as

empresas associadas e sua integração com o negócio – o

Programa deve dar mais ênfase à quantificação de aspectos que

evidenciem valor para os negócios das empresas associadas.

Considerando o que foi apresentado, observa-se que a conjunção de

uma série de forças endógenas e exógenas está contribuindo para a

incorporação de preocupação socioambiental nas empresas químicas que

atuam no Brasil. Nenhum outro setor industrial no país apresenta uma ação

voluntária tão abrangente e integrada como a proposta do Atuação

Responsável. No entanto, apesar de bons resultados, no país e no mundo, a

iniciativa ainda é vista com ressalvas por um grande número de stakeholders.

3.4. Análise crítica do Atuação Responsável®

É certo que, depois de 30 anos de confronto, a política atual das

empresas do setor químico, pelo menos no discurso, pouco lembra o início dos

anos 1960. Para aumentar os lucros ou sobreviver, as próprias empresas

começaram a adotar um “socioambientalismo empresarial”. Esta nova posição

é caracterizada por pregar medidas voluntárias como a adoção do programa

Atuação Responsável®, priorizando a prevenção da poluição e a segurança

dos processos industriais. Não se pode esperar, no entanto, que este programa

provoque uma verdadeira revolução nas indústrias químicas, uma vez que, na

prática o setor parece disposto a fazer pequenas modificações na produção,

mantendo sua capacidade de gerar maiores quantidades de produtos e lucros.

Paralelamente, o foco é reverter sua imagem perante os stakeholders

principais como afirmou Brian Wastle, representante da CCPA, quando

questionado sobre se o programa canadense estaria revertendo a imagem

negativa do setor:

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“(...) o programa contribuiu muito pouco para reverter a imagem das empresas químicas canadenses junto à opinião pública (...) mas não estamos muito preocupados com este fato, a ênfase é melhorar a imagem junto ao público alvo: comunidade e governo.” (3° CONGRESSO DE ATUAÇÃO RESPONSÁVEL®, São Paulo, 1999, apud DEMAJOROVIC et al., 2006, p.108).

Para alcançar os objetivos propostos pelo programa, no entanto, a iniciativa

depende de que as práticas nas áreas de meio ambiente, saúde e segurança

se tornem uniformes ou semelhantes nos diversos países produtores, incluindo

os países em desenvolvimento. Concretamente, o programa Atuação

Responsável® constitui uma campanha de relações públicas integrada, uma

vez que favoreceu aproximação e cooperação entre competidores. Mas, acima

de tudo, o programa é a defesa de uma ideologia que procura eliminar as

contradições inerentes ao desenvolvimento do setor. Ressaltando a

importância da responsabilidade empresarial, divulga a idéia de que apenas as

empresas que incorporarem a abordagem de prevenção à poluição calcada na

preocupação com a qualidade ambiental, com a saúde ocupacional e com a

segurança industrial conseguirão sobreviver no novo contexto. O ponto

nevrálgico desta ideologia, porém, concebe como contexto ideal para as

empresas uma política voluntária das organizações para prevenção da poluição

aliada a uma menor intervenção estatal, como pode ser observado em relatório

produzido pelo ICCA em 1999:

“Talvez a conquista recente mais notável da indústria química japonesa englobe um dos principais objetivos do programa Atuação Responsável® - melhoria voluntária do desempenho das operações químicas nas áreas de saúde, segurança e meio ambiente. Em abril de 1997, a lei japonesa de controle de poluição foi revista, estipulando que as emissões de 12 substâncias químicas estarão sujeitas aos esforços de redução voluntária das próprias empresas nos próximos três anos. Os resultados apurados até o momento indicam que a emissão das 12 substâncias foi reduzida quando comparada ao ano base de 1995 e que, no final de 1998, estas já haviam superado as metas propostas: aldeído acético (redução de 47% contra a meta de 30%); 1,2 dicloroetano (redução de 43,8% contra a meta de 30%); diclorometano (redução de 22,1% contra a meta de 20%); e formaldeído (redução de 63% contra uma meta de 30%).” (ICCA, 1999: 03 apud DEMAJOROVIC et al., 2006, p.105).

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79

Talvez o maior problema do programa ou sua fragilidade perante a

opinião pública esteja na forma escolhida para sua avaliação. Como se trata de

um programa voluntário, o Atuação Responsável® não impõe objetivos

quantitativos para a redução da poluição ou prazos para que determinados

tipos de emissão cessem ou diminuam. Seu critério de desempenho é a

verificação da implementação dos códigos referentes aos sistemas de gestão

por parte dos associados nos diferentes países.

No 3° Congresso Internacional de Atuação Responsável®, realizado no

mês de setembro de 1999 em São Paulo, Kin Loughran, editor da Tomorrow Magazine, fez uma análise crítica do programa apontando sua baixa

credibilidade.

Segundo Loughran, a grande flexibilidade do programa – em muitos

países os integrantes das associações químicas não são obrigados a participar

da iniciativa –, e a excessiva benevolência das associações e empresas

químicas em relação à ação dos “bad guys” do setor impedem que o programa

ganhe maior visibilidade e respeito fora do mundo químico.

A resistência de algumas empresas associadas à iniciativa em admitir

erros cometidos como a Solvay Indupa do Brasil, no caso da cal contaminada

por dioxinas, ou a Rhône-Poulenc, grupo controlador da Rhodia, que negou ter

contaminado águas subterrâneas na Suíça, ou ainda a Monsanto, envolvida na

polêmica dos transgênicos, foram alguns dos exemplos citados que dificultam a

reversão da imagem do setor. Como afirma Loughran, “(...) é impossível vender

o Atuação Responsável® como um programa em que todos podem ser

vencedores”.

Os críticos também apontam a ausência de transparência do trabalho

realizado pelo programa Atuação Responsável®. Nos Estados Unidos, os

códigos de conduta são apresentados a um conselho composto por um

representante do Corpo de Bombeiros, um fazendeiro, um médico e um

morador que residam na proximidade de uma unidade produtiva. Entretanto,

grupos ambientalistas, sindicatos e representantes de órgãos públicos estão

ausentes. A exclusão destes grupos no desenvolvimento dos códigos é

justificada pelo CMA como uma necessidade de preservar a autonomia do

programa e mantê-lo atrativo para seus associados (MAZUREK, 1998).

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Para críticos mais contundentes como os grupos ambientalistas

influentes Greenpeace e Friends of Earth, a iniciativa pode ser comparada a

uma tentativa de colocar a “raposa para cuidar do galinheiro”. Quem coordena

o programa em nível mundial e local são instituições criadas pelas indústrias

químicas, alinhadas com suas posições (MAZUREK, 1998).

Cientes dos problemas de credibilidade do programa, algumas

associações, como a norte-americana, a canadense e a australiana (países

onde a descrença na iniciativa é maior), estão desenvolvendo um sistema

alternativo de verificação por terceiros. Estas estratégias procuram ir além da

opção recomendada pelo programa que se restringe à montagem de um

sistema de indicadores de desempenho a partir de respostas voluntárias das

empresas para os questionários elaborados pelas próprias associações.

No Canadá, por exemplo, a verificação por terceiros é obrigatória para

toda empresa que afirma ter implementado o programa Atuação Responsável®

em sua totalidade. A auditoria é realizada por um grupo formado por dois

especialistas industriais, um membro do Comitê Nacional da CCPA e um

residente da localidade onde está instalada a unidade produtiva. O grupo

entrevista gerentes, trabalhadores, vizinhos, clientes e distribuidores com o

objetivo de verificar se todos os códigos foram efetivamente implementados

(ICCA, 1999 apud DEMAJOROVIC et al., 2006).

Segundo relatório publicado pelo ICCA, a maioria das empresas

canadenses associadas ao programa Atuação Responsável® realizou esta

atividade, sendo que, dos 1.500 dados coletados pelos diferentes grupos, cerca

da metade atesta o excelente desempenho das empresas nos sistemas de

gerenciamento, especialmente no que concerne à prevenção da poluição. A

metade das informações levantadas corresponde a sugestões para melhoria da

conscientização dos trabalhadores e da comunicação com a comunidade,

particularmente no que se refere às medidas preventivas no caso de acidentes

químicos ampliados. É importante notar que, também neste caso, a auditoria se

limita a avaliar a implementação dos códigos e não os dados quantitativos de

poluição ou substituição de produtos considerados perigosos.

Já nos Estados Unidos, com um sistema de verificação por terceiros

semelhante ao canadense, a iniciativa enfrenta maior resistência por parte das

empresas. Muitos associados temem que os indicadores disponibilizados para

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o público possam ser utilizados pelos órgãos ambientais ou organizações não

governamentais como instrumentos para aumentar ainda mais a legislação.

Assim, a auditoria externa não é obrigatória para seus membros, sendo que as

informações são tratadas como propriedade das indústrias, que têm poder de

decisão sobre sua disponibilização. Ou seja, esta ferramenta, que teria como

objetivo inicial permitir a verificação do desempenho ambiental das

organizações e disseminar estas informações, transformou-se apenas em

instrumento de aprendizado e disseminação do conhecimento restrito aos

próprios associados. Interessante notar que, mesmo com a garantia de sigilo

das informações, somente 50 empresas das 193 associadas ao CMA

realizaram esta auditoria externa (ICCA, 1999 apud DEMAJOROVIC et al.,

2006).

Outra medida tomada por representantes do programa Atuação

Responsável® para aumentar sua credibilidade foi a maior integração com

outros atores sociais. Em diversos países, as associações estão

incrementando seus contatos com organizações sindicais e governamentais.

Em que pese estas iniciativas, o grande desafio, ressaltado em vários

discursos durante a realização do evento no Brasil, continua sendo a ampliação

da credibilidade do programa junto aos grupos organizados e tradicionalmente

céticos frente ao novo discurso socioambiental das indústrias químicas, como

reconhece o próprio ICCA:

“O baixo nível de confiança da população em relação ao setor químico, apesar dos esforços feitos para aumentar o desempenho e melhorar o conhecimento e a confiança do público em relação à indústria, continua a ser a principal preocupação.” (ICCA, 1999:04 apud DEMAJOROVIC et al., 2006, p.100).

A mais recente pesquisa feita em nível mundial sobre a percepção dos

stakeholders em relação ao Responsible Care® confirma este diagnóstico. Em

2004, a organização não-governamental Sustainability realizou 40 entrevistas,

com múltiplos stakeholders da indústria química, incluindo acadêmicos,

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gestores públicos, grupos comunitários, organizações multilaterais e

consumidores, localizados nos Estados Unidos, Europa, Ásia, África e América

Latina.

Entre os principais resultados da pesquisa destaca-se a distância entre o

que o setor entende que avançou nas áreas de meio ambiente e segurança e a

percepção dos stakeholders externos sobre a iniciativa.

“O Atuação Responsável® contribuiu significativamente para melhorar o desempenho ambiental e social da indústria química desde sua implementação há duas décadas. No entanto, do grande esforço por parte da indústria para publicizar o sucesso da iniciativa, o Atuação Responsável® permanece praticamente desconhecida da opinião pública e freqüentemente é criticado por aqueles que o conhecem” (SUSTAINABILITY, 2004:07, p.07).

Para a maior parte dos entrevistados a comunicação feita pela indústria

química é sempre reativa, associada a situações de emergência e entendida

muito como uma campanha de relações públicas e de marketing. Há uma

percepção geral que a indústria sabe muito mais do que está disposta a

compartilhar com a opinião pública e que os testes feitos em produtos são

muito menos rigorosos do que deveriam ser, pelo próprio temor das empresas

de ter de lidar com os resultados destes testes.

Um ponto importante da pesquisa é que há um consenso em relação à

importância da combinação da regulamentação e de iniciativas voluntárias por

parte da empresas para a melhoria socioambiental das empresas. No entanto,

face ao histórico da atuação do setor, a legislação é vista ainda como um

instrumento mais relevante. Para a maior parte dos entrevistados, a eficiência

das ações voluntárias como no caso do Atuação Responsável® dependeria

diretamente da disposição do setor em aumentar a transparência, implementar

a verificação por terceiros e estabelecer indicadores para o setor como um

todo, objetivos e prazos para a melhoria do desempenho.

Se, efetivamente, não é possível perceber qualquer alteração positiva da

opinião pública ou identificar a real contribuição do programa para a melhoria

do desempenho socioambiental, alguns aspectos positivos decorrem

claramente da implantação desta iniciativa.

Nos Estados Unidos, por exemplo, onde os grupos ambientalistas se

mostram céticos em relação ao programa, afirmando que mudanças mais

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significativas seriam necessárias para reverter os problemas referentes aos

resíduos tóxicos, a iniciativa tem favorecido a relação entre as empresas e o

órgão regulador e, especialmente, as comunidades locais.

No Brasil, alguns resultados do programa, segundo Johnson (2000), são

bastante significativos. O Atuação Responsável® ajudou a melhorar as

relações entre Abiquim e o governo. As agências ambientais reconhecem o

comprometimento das empresas participantes em implementar efetivamente as

atividades inerentes ao programa. O programa tem demonstrado ser eficaz no

que diz respeito ao gerenciamento ambiental, sob amplo espectro, incluindo

segurança nas instalações, processos e produtos, saúde ocupacional de seus

trabalhadores e proteção ambiental, internamente e ao longo da cadeia

produtiva.

Como se apóia na melhoria do desempenho, o diálogo com a

comunidade e com a sociedade tem se tornado muito mais transparentes,

contribuindo para as relações entre empresa e comunidade. Esse esforço

reforça o conceito de credibilidade da indústria química em geral.

No entanto, é importante mencionar que há uma grande resistência por

parte dos associados, principalmente, pequenas e médias empresas, em

realizar investimentos na área ambiental, diálogo com a comunidade e

disponibilizar seus dados. Quanto a esse aspecto, somente as grandes

empresas mantém atividades formando os CCC – Conselhos Comunitários

Consultivos, nas comunidades onde atuam, principalmente pólos

petroquímicos.

Além disso, os próprios indicadores disponibilizados pela Abiquim

evidenciam os resultados e limites da iniciativa. Os indicadores apresentados

neste trabalho mostram claramente um avanço no que se refere ao

desempenho nas áreas de segurança do trabalho e ecoeficiência. Nesse

sentido destacam-se a redução da freqüência de acidentes e redução da taxa

de mortalidade observada nas empresas associadas. Além disso, a redução do

consumo de gás natural, da utilização de água e do volume de efluentes

lançados, indicam que as empresas participantes da iniciativa têm conseguido

racionalizar o uso de recursos naturais por unidade produzida. Ainda assim, os

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indicadores mostram como ainda são tímidas as iniciativas nas áreas de reuso

de água e emprego de energia renovável. Trata-se de duas áreas de

importância vital na busca da sustentabilidade das organizações empresariais.

Para alcançar isto, contudo, há que se buscar ir além de mudanças

incrementais de melhorias nos processos que resultem em indicadores de

ecoeficiência mais positivos. O compromisso da sustentabilidade depende de

inovação e em tecnologias alternativas que evidenciem que as empresas

químicas alcancem um novo patamar no que se refere à busca pela

sustentabilidade.

Por fim, ressalva-se que programas voluntários como o Atuação

Responsável®, embora representem um grande avanço do setor e benefícios

tangíveis para a sociedade, ainda possuem pontos que deixam a desejar, como

a transparência de dados e resultados das empresas. São questões que

desafiam tais iniciativas a se legitimar perante a opinião pública de forma que a

sociedade reconheça que efetivamente as empresas encontram-se em um

novo patamar em relação à sua responsabilidade socioambiental.

Em função destas constatações, o programa vem sendo reestruturado,

para que sejam feitas verificações por publico externo, além das auto-

avaliações. Esperamos que a nova revisão do programa que foi elaborada e

está sendo implementada pela Abiquim contemple estas lacunas, no sentido de

aperfeiçoar o desempenho e os resultados esperados para os indicadores

estabelecidos para o setor.

3.5. Verificação do Programa Atuação Responsavel®

Nos últimos anos, as empresas signatárias do Programa Atuação

Responsável passaram a se comprometer formalmente a cumprir as metas

anuais de implantação do programa, por meio de assinatura de um termo de

adesão, por um representante da alta gestão da empresa associada.

As empresas signatárias vêm promovendo a evolução de melhoria

contínua de seus respectivos sistemas de gerenciamento de meio ambiente e a

avaliação dos resultados, mediante a adoção de indicadores de desempenho.

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Durante os 10 anos de existência do Programa Atuação Responsável, as

empresas signatárias têm a cada ano encaminhado à Abiquim a consolidação

desses indicadores, atestando a evolução do programa, bem como o

cumprimento das metas estabelecidas.

Recentemente, surgiu o processo “Verificar”. Trata-se de um processo

de avaliação do Programa Atuação Responsável, coordenado pela Abiquim, e

abrange as empresas signatárias, que decidem voluntariamente abrir suas

portas para verificadores de terceira parte. O termo profissional verificador foi

adotado pela Abiquim, no intuito de salientar, para as empresas associadas,

que este processo se restringe apenas à verificação da implantação dos

códigos, não possui cunho de um trabalho de auditoria formal. Segundo

critérios estabelecidos pela Abiquim, integram a equipe de verificadores

representantes oriundos dos seguintes segmentos: empresas associadas,

conselhos comunitários consultivos e órgão certificador independente.

3.6. A nova visão do Programa Atuação Responsavel: Revisar e Adicionar

A revisão do Programa Atuação Responsável foi recentemente

concluída e começa a ser implementada por todos os seus signatários, no

sentido de adequar suas práticas gerenciais com as necessidades da realidade

atual. Nas reuniões das comissões técnicas da Abiquim, foram discutidos os

conceitos e diretrizes contempladas nos princípios diretivos do programa que

estavam sendo considerados defasados em relação aos modelos atualmente

praticados pelas empresas associadas. Gradualmente começaram a aparecer

dúvidas e receios não mais ligados às operações e processos de fabricação,

mas também aos próprios produtos químicos, mais especificamente ao seus

ciclos de vida.

Na primeira década do Programa, a Abiquim juntamente com as

empresas signatárias desenvolveram o Programa Atuação Responsável com o

foco voltado para as atividades industriais e para os processos internos

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voltados à saúde, segurança e meio ambiente, sem perder de vista os cuidados

com os produtos.

As empresas associadas passaram a adotar novas dimensões

sinérgicas com as áreas de saúde, segurança e meio ambiente, não cobertas

pelo Programa Atuação Responsável. Pode-se destacar, a titulo de exemplo, a

gestão da qualidade como parte integrante dos principais processos das

grandes organizações, interagindo plenamente com as áreas de segurança,

saúde e meio ambiente.

Diferente da estratégia adotada na década de 1990, na ocasião de

lançamento do programa, a Abiquim iniciou sua revisão, com intensa

participação das associadas e de outras partes interessadas, conforme

enfatizado no VII Congresso do Atuação Responsável (CONGRESSO DE

ATUAÇÃO RESPONSAVEL, 2003).

Como destaque, cita-se o envolvimento dos sindicatos de classe, como

formadores de opinião, para a busca da excelência na revisão do programa.

A revisão do Programa Atuação Responsável estabelece a visão do

programa voltada a gestão sustentável dos seus negócios. A missão do

programa, por sua vez, está voltada a sustentabilidade econômica, ambiental e

social da indústria química brasileira e de sua cadeia de valor, bem como a

permanente melhoria da qualidade de vida da sociedade. Esta visão privilegia a

responsabilidade social, cujos valores abrangem o respeito aos indivíduos e à

sociedade, a transparência, a cooperação, o aprendizado e a inovação.

Nos Estados Unidos, a instituição denominada American Chemistry

Council (ACC) elaborou a revisão estratégica do programa, visando atender as

três prioridades (KOS, 2003):

• Aumentar o valor agregado e a integração do negócio;

• Melhorar o desempenho;

• Estender a abrangência da iniciativa, com foco voltado a gestão

global de produtos químicos e ao próprio desenvolvimento

sustentável.

Quanto à visão do futuro, pode-se dizer que haverá no programa uma

mudança de foco, que antes era voltada para as operações tornar-se-á dirigido

principalmente para os produtos. Ainda será melhorada a sua estrutura,

considerada pelos usuários segmentada e repetitiva, para torná-la mais

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integrada e direta. As práticas que atualmente estão dispostas em códigos

“verticais”, divididos por temas, passarão a estar dispostas horizontalmente,

divididas por processo. Se o programa tem sido considerado de difícil

visualização e integração com outros sistemas de gestão, passará a ter um

modelo alinhado e fácil de integrar-se com os modelos de gestão já existentes

e implantados.

A Abiquim tem ressaltado nessa revisão a inclusão de temas atuais e

que agregam valor a gestão do negócio, ligados à qualidade, responsabilidade

social e proteção corporativa são a tônica da revisão.

O ICCA cita que dentre as características do Responsible Care:

“Através do Responsible Care, as indústrias químicas estão comprometidas com todos os aspectos de segurança, saúde ocupacional e meio ambiente, a buscar a melhoria contínua de desempenho, a educar todo o seu efetivo e a trabalhar com seus fornecedores e comunidades no que se relacione com o uso de seus produtos(...)” (ICCA, 1992, p.02).

Apesar de ser citado, nos Códigos de Práticas Gerenciais não há

menção específica sobre um programa de educação ambiental estruturado de

modo a possibilitar a formação de seu efetivo no seu meio ambiente. Os

objetivos relativos aos Códigos de Práticas do Atuação Responsável não

deixam evidências de que podem ser suficientes para uma conscientização e

educação ambiental consistentes, visto que são voltados especificamente ao

controle das operações internas da organização e seus impactos.

Apesar de alguns aspectos positivos do Programa Atuação

Responsável, há que se considerar que as informações coletadas para

informação geral e conscientização dos funcionários e comunidades não

representam a maioria do setor e, segundo dados da própria Abiquim (2003),

apenas 65 empresas fizeram a divulgação dos questionários enviados pelo

órgão. Além disso, como não existem séries históricas, não é possível

estabelecer uma tendência do comportamento das empresas quanto às suas

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emissões e consumo energético. Finalmente, as informações são geralmente

apresentadas de forma global, impedindo que os funcionários e a sociedade

consigam perceber a contribuição dos impactos ambientais de suas empresas

e de outras do setor – como é usual nos países desenvolvidos.

Essa falta de divulgação, de conhecimento e de uma discussão mais

aprofundada sobre Educação Ambiental não se limita ao Atuação Responsável.

Isto pode ser também observado no sistema de gestão ISO 14001.

A partir dos dados e informações apresentadas, verifica-se que o

programa apresenta uma série de resultados positivos, mas também

limitações.

Nesse contexto, é importante que o programa não deixe a questão do

papel da Educação Ambiental para segundo plano devido a sua importância

econômica e socioambiental.

Certamente, uma iniciativa como esta poderia se beneficiar a partir da

incorporação à uma visão estratégica em relação a questão da Educação

Ambiental. No entanto, é necessário discutir quais seriam as principais

características desse processo de educação.

O máximo que o programa enfatiza atualmente é o treinamento para o

entendimento e aplicação de suas práticas gerencias inseridas nos Códigos do

Atuação Responsável, e isto não é suficiente para um modelo sustentável.

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4. EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS EMPRESAS: CONCEITUAÇÃO E ABRANGÊNCIA

Souza Vieira (2004) afirma que a educação ambiental que tem como

área de abrangência a escola é denominada educação ambiental formal. Trata-

se de um processo educativo institucionalizado, que envolve o ensino do

fundamental ao superior.

Mas a educação ambiental pode ocorrer fora do âmbito da estrutura

formal de ensino. Por educação ambiental não formal entendem-se aquelas

atividades que não tem comprometimento com a escolarização, desvinculadas

ou não do poder oficial de ensino e, segundo Seara Filho (1987), que têm

flexibilidade de métodos e conteúdos programáticos.

São abundantes os locais para o exercício da educação ambiental não

formal: comunidades, fazendas, bairros, escolas, fabricas, indústrias, etc. A

educação ambiental não formal geralmente tem os adultos como público-alvo.

“Daí ela ser chamada normalmente de educação permanente, desde que não

se trate daquela educação de adultos que acontece na escola” (SEARA FILHO,

1987).

Deve-se considerar que muitos desses destinatários podem ser

analfabetos ou semi-analfabetos e que fazem parte da força produtiva desse

país: conforme detalhado por

“O trabalho de educação de adultos é, a meu critério, o mais decisivo. Primeiro, porque esse setor – que está fora dos canais da educação normal – se manterá como o que toma as decisões durante os próximos 15 ou 20 anos e será, precisamente neste lapso de tempo, quando tais decisões deverão tornar-se as mais críticas e perturbadoras. (…) Não podemos nos dar ao luxo de nos ocuparmos unicamente de jovens e desejar que as gerações mais maduras desapareçam, antes de virar o rumo. Se o tempo permitir, seria talvez essa a maneira mais eficaz de se transformar as coisas, pois custa mais se atingir aos mais velhos que, por natureza, são resistentes a aceitar mudanças em seu estilo de vida” (EMMELIN, 1977, p.201-216).

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Castro Neto (1991 apud MATOS E SCHALCH, 1997) comenta a

importância da educação ambiental no ambiente de trabalho e fora dele:

“Informação e treinamento fornecem as bases para a colaboração e para a

difusão deste conceito no campo ambiental”.

Colaborando para um melhor entendimento deste conceito, a Agenda 21

e a norma ISO 14001 detalham um pouco mais o papel da educação para uma

gestão ambiental mais responsável.

4.1. Educação ambiental segundo a Agenda 21 e a Lei 9795/1999

Continuando com Souza Vieira (2004) outro documento importante que

fornece subsídio teórico para a educação ambiental de trabalhadores é a

Agenda 21. Esse documento foi assinado durante a Segunda Conferência das

Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, ECO-

92, realizada no Rio de Janeiro em 1992.

Oliveira et al. (s.d.) salientam:

“Cumpre destacar a assinatura da Agenda 21, que é um instrumento de interferência nas políticas, mediante planejamento estratégico, com o envolvimento da sociedade civil, das instituições públicas e privadas e das organizações não governamentais.” (p.07).

Nesse documento, o capítulo 36, intitulado “Promovendo a educação, a

conscientização publica e o treinamento”, descreve três áreas programa: a área

Programa A é denominada “Reorientando a educação para o desenvolvimento

sustentável”; a área B intitula-se “Fortalecendo a conscientização ambiental”; e

a área C é denominada “Promovendo o treinamento”.

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91

Essas três áreas devem estar intensamente presentes em um programa

de educação ambiental empresarial, porém, alguns itens na área C merecem

destaque especial. Como no caso do item 36.12, em que se menciona:

“O treinamento é um dos instrumentos mais importantes para desenvolver recursos humanos e facilitar a transição para um mundo mais sustentável. Deve haver um foco em uma profissão específica, dirigido para suprir a falta de conhecimento e despertar uma habilidade que ajude indivíduos a acharem um emprego a serem envolvidos em trabalho de meio ambiente e desenvolvimento. Ao mesmo tempo, programas de treinamento devem promover uma maior conscientização sobre assuntos de meio ambiente e desenvolvimento como um processo de mão dupla.”

Dentro dessa mesma área programa, o item 36.17, também merece

destaque:

“Os países devem incentivar todos os setores da sociedade (tais como indústria, universidades, oficiais de governo e empregados, organizações não governamentais e organizações comunitárias) a incluir um componente de gerenciamento ambiental em todas as atividades relevantes de treinamento, com ênfase no atendimento aos requisitos imediatos de habilidade através de treinamento formal de curta duração, treinamento vocacional e gerencial na indústria. A capacidade de treinamento em gerenciamento ambiental deve ser reforçada e programas especializados de treinamento de instrutores devem ser estabelecidos, para dar suporte ao treinamento nos níveis nacional e empresarial. Novas abordagens de treinamento, para as práticas ambientalmente corretas já existentes, devem ser desenvolvidas. Essas novas abordagens é que irão criar oportunidades de emprego e maximizar o uso de métodos com base nos recursos locais”.

Ainda nessa área, está escrito no item 36.26:

“O sistema das Nações Unidas, convenientemente, deverá estender seus programas de treinamento, particularmente seu treinamento ambiental e atividades de apoio aos empregados e trabalhadores de organizações”.

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Para completar o assunto, a Agenda 21 dá a seguinte definição de

educação ambiental:

“Educação, incluindo educação formal, conscientização pública e treinamento deveriam ser reconhecidos como um processo, através do qual os seres humanos e sociedades podem alcançar seu potencial máximo. Educação é crucial para promover o desenvolvimento sustentável e melhorar a capacidade das pessoas em lidar com as questões de meio ambiente e desenvolvimento, enquanto a educação básica fornece o suporte para qualquer educação ambiental, que necessita ser incorporada como parte essencial da aprendizagem. Ambas, a educação formal e não formal, são indispensáveis para mudar as atitudes das pessoas, que se tornam capazes de acessar e direcionar questões sobre desenvolvimento sustentável. É também crucial, para se atingir a conscientização ética e ambiental, valores e atitudes, habilidades e comportamento coerente com o desenvolvimento sustentável e para a participação pública no processo de tomada de decisão. Para ser efetiva, para o desenvolvimento, a educação ambiental deveria lidar com as dinâmicas físicas e biológicas e do meio socioeconômico e do desenvolvimento humano (que pode incluir o espiritual). Integrada a todas as disciplinas, deveria empregar métodos formais e não formais e meios de comunicação efetivos”. (Agenda XXI, Capítulo 36).

A Lei 9795, de 27 de abril de 1999, dispõe sobre a educação ambiental,

institui a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) e dá outras

providências. Regulamentada apenas pelo Decreto 4281, de 25 de junho de

2002, essa Lei em seu artigo 3°, inciso V, estabelece que o objetivo da

educação ambiental em empresas é “promover programas destinados à

capacitação dos trabalhadores, visando à melhoria e ao controle efetivo sobre

o ambiente de trabalho, bem como sobre as repercussões do processo

produtivo.”

O Ministério do Meio Ambiente – MMA, por meio de sua Diretoria de

Educação Ambiental, vem empreendendo relevante esforço para incentivar o

cumprimento da lei supracitada.

Dados pesquisados pelo Ministério do Meio Ambiente em 1997, cujos

resultados foram compilados no Relatório Nacional de Projetos de Educação

Ambiental, informam que os projetos de educação ambiental tem tido como

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principais parceiros prefeituras municipais, com um índice de 28,2%. Informa

ainda que as universidades, públicas ou privadas, apresentam um percentual

de parceria de 13%, enquanto os parceiros governamentais em nível federal e

estadual têm uma participação de 13,7%. Mas, no caso específico de

empresas, o percentual de parcerias em projetos de educação ambiental é de

apenas 3,6%. A participação das empresas, ainda que relativamente pequena,

mostra uma tendência interessante que reforça o envolvimento da sociedade

nas preocupações ambientais.

Uma das principais dificuldades encontradas na elaboração e execução

de projetos de educação ambiental, além de causa prioritária da interrupção de

projetos na área, seja a falta de recursos financeiros (Relatório Nacional de

Projetos de Educação Ambiental – MMA/1997). Entretanto, no caso das

empresas, principalmente as do setor químico e petroquímico, a falta de

recursos financeiros não é o principal obstáculo.

Segundo Souza Vieira (2004), são poucos os projetos na área de meio

ambiente que trabalham o tema da educação ambiental e raríssimos são,

embora extremamente necessários, os projetos de pesquisa em educação

ambiental aplicada a Engenharia Ambiental. Destacam-se alguns poucos

projetos de educação ambiental aplicados à gestão dos resíduos sólidos

urbanos com ênfase na educação ambiental pró-reciclagem.

A referida publicação do MMA (1997: 10) relata que 58,3% das

atividades de educação ambiental constituem o eixo principal dos projetos

pesquisados. No restante, 41,7%, o eixo principal das atividades pesquisadas

não é a educação ambiental, mas atividades de desenvolvimento sustentável

que contemplam preservação de ecossistemas, problemas da realidade local e

questões referentes aos resíduos sólidos e sua reciclagem.

No que se refere mais especificamente as empresas, a ISO 14001 no

seu item 4.4.2 é o que tem mais contribuído para a discussão em torno da

educação ambiental no ambiente de trabalho.

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4.2. A visão da educação ambiental a partir da Norma ISO 14001

De acordo com Souza Vieira (2004), existem vários conceitos para o

entendimento da educação ambiental. A mais difundida entre elas é a que

integra o texto da lei federal que dispõe sobre a educação ambiental, a qual

institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências, a

saber:

“Entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.” (Lei 9795/1999).

A atuação ambiental tem um amplo espectro de atuação. Em Medina

(2000), o conceito de educação ambiental é enriquecido e detalhado com muita

clareza. Segundo essa educadora, “(...) não se trata somente de ensinar a

natureza, e sim de educar “para” e “com” a natureza, para compreender e agir

corretamente diante dos grandes problemas das relações humanas com o

ambiente”.

A educação ambiental tem uma vasta gama de atuação, mas, no âmbito

industrial, tem-se restringido ao treinamento ambiental aplicado ao atendimento

das normas verdes.

O treinamento para o meio ambiente aborda temas diretamente

vinculados à execução das tarefas dos empregados. Trabalha-se o conteúdo

da Ecologia Industrial numa perspectiva aplicada à missão individual dos

operadores.

Pode-se dizer que a conscientização ambiental chegou efetivamente às

empresas pela Norma BS 7750, publicada pela primeira vez em Junho de 1992

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e revisada em 1994. Essa norma, que foi cancelada a partir de 1997, era

utilizada na especificação de sistemas de gerenciamento ambiental. A Norma

ISO 14001 é oriunda da citada norma britânica BS 7750.

McCallum e Fredericks (1995) comentam que a ISO 14001 é menos

restritiva que a BS 7750 em relação às melhorias contínuas, requisitos de

auditoria e outros itens relacionados direta ou indiretamente à performance

ambiental. Em 1995, foi apresentado o esboço da Norma ISO/DIS 14001 e, no

ano seguinte, foram publicados os cinco primeiros padrões da série ISO 14001.

Este trabalho também encontra respaldo, de maneira mais prática, ou seja,

conforme as leis de mercado, nas ditas “normas verdes” de gerenciamento

ambiental, as Normas ISO 14001 e ISO 14004, de implantação de sistema de

gerenciamento ambiental em empresas (SGA).

Nunes e Baasch (1998) comentam a importância da educação ambiental

quando da implantação de um sistema de gerenciamento ambiental (SGA) com

base na Norma ISO 14001. As autoras esclarecem que a citada norma

recomenda que a educação ambiental em empresa assuma o aspecto de

educação permanente. Explicam que os programas de educação ambiental nas

empresas, constituídos de palestras, seminários e cursos de treinamento, cujo

objetivo é criar consciência, conhecimento tecnológico e econômico, no

entanto, a metodologia é um componente fundamental para o êxito dos

programas de conscientização ambiental em empresas. As autoras enfatizam

que devem ser adotadas metodologias pró-ativas e não apenas de assimilação

de conhecimento e distanciamento do mundo real. Propõem as modalidades

didáticas: solução de problemas, discussão em grupos, discussão de textos,

jogos e simulações. Salientam que a participação é um comportamento chave

para a educação ambiental.

A ISO 14001 direciona grande importância para os clientes externos e

em seu requisito 4.4.2, trata do treinamento, conscientização e competência:

“A organização deve identificar as necessidades de treinamento. Ela deve determinar que todo o pessoal, cujas tarefas possam criar um impacto significativo sobre o meio ambiente, receba treinamento apropriado.

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A organização deve estabelecer e manter procedimentos que façam com que seus empregados ou membros, em cada nível e função pertinente, estejam conscientes:

a) Da importância da conformidade com a política ambiental, procedimentos e requisitos dos sistemas de gestão da qualidade; b) Dos impactos ambientais significativos, reais ou potenciais, de suas atividades e dos benefícios ap meio ambiente resultantes da melhoria do seu desempenho pessoal; c) De suas funções e responsabilidades em atingir a conformidade com a política ambiental, procedimentos e requisitos do sistema de gestão ambiental, inclusive os requisitos de preparação e atendimento a emergências; d) Das potenciais conseqüências da inobservância de procedimentos operacionais especificados.

O pessoal que executa tarefas que possam causar impactos ambientais significativos deve ser competente, com base em educação, treinamento e/ou experiência apropriados“ (p.15).

Dessa forma, a norma estabelece claramente que, além de treinadas, as

pessoas que trabalham para uma organização devem ser conscientizadas, ou

seja, devem agir não apenas para cumprir padrões estabelecidos, mas devem

ter as questões ambientais como objetivo de vida, buscando sempre a melhoria

contínua.

As necessidades de treinamento, que embasarão a formação dessa

conscientização ambiental, são estabelecidas pelo levantamento de aspectos e

impactos ambientais da atividade em questão. Ou seja, o treinamento deve ser

visto como uma atividade de prevenção à ocorrência de determinado risco

identificado. Entretanto, a disponibilidade, apenas de treinamento e de

informação, não é capaz de criar uma consciência ambiental numa

organização. Para isto é necessário que se invista nos seguintes itens:

• A liderança da organização deve estar altamente comprometida com

as questões ambientais, caso contrário, qualquer iniciativa será

efêmera;

• A liderança deve demonstrar seu comprometimento a todos os níveis

hierárquicos da organização;

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• A liderança deve verificar continuamente o comprometimento das

diversas áreas da organização com as questões ambientais, pelo uso

de auditorias internas e externas. Nesse caso, pode-se estender para

verificações de como os funcionários desempenham suas atividades

e qual o nível de conhecimento com relação aos fatores ambientais

que influenciam na atividade (GOMES; TAVEIRA, 2005).

Outra norma, a ISO 14004, apesar de mais abrangente que a ISO

14001, não é empregada para certificação ambiental de empresas, mas para

atender aos clientes internos na implementação do SGA.

Por ser mais abrangente, a Norma ISO 14004, contempla a Norma ISO

14001 e a extrapola. Essa extrapolação da Norma ISO 14004 em relação à

Norma ISO 14001 acontece em todos os seus itens, em função de um maior

detalhamento de suas recomendações. A Norma ISO 14001, por ser uma

norma de certificação, não tem o mesmo nível de detalhamento da ISO 14004,

simplesmente cita os requisitos que devem ser atingidos.

Este trabalho se aproxima mais da Norma ISO 14004, no seu requisito

4.3.2.4, que trata de conscientização ambiental e motivação, e no seu requisito

4.3.2.5, que se refere a conhecimento, habilidades e treinamento. Diz o

requisito 4.3.2.4 da norma supracitada:

“A alta administração tem um papel chave a desempenhar na conscientização e motivação dos empregados, explicando os valores ambientais da organização e comunicando seu próprio comprometimento com a política ambiental.

É o comprometimento individual das pessoas, no contexto dos valores ambientais compartilhados, que faz com que o sistema de gestão ambiental saia do papel e se transforme em um processo eficaz.

É recomendado que todos os membros da organização correspondam e sejam estimulados a aceitar a importância do cumprimento dos objetivos e metas ambientais, pelos quais são responsáveis. É recomendado que eles, por sua vez, encorajem, quando necessário, os outros membros de sua organização a responderem de maneira semelhante.

A motivação para a melhoria continua pode ser reforçada quando os empregados são reconhecidos pelo cumprimento

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dos objetivos e metas ambientais e encorajados a apresentar sugestões que conduzam a um melhor desempenho ambiental” (p.16).

Outro requisito da Norma 14004 está contido na cláusula 4.3.2.5, que se

refere a conhecimento, habilidades e treinamento, fornecendo a seguintes

diretrizes:

“É recomendado que os conhecimentos e habilidades necessários para atingir os objetivos ambientais sejam identificados e considerados na seleção, recrutamento, treinamento, desenvolvimento de habilidades e educação contínua do pessoal. É recomendado prover, a todo o pessoal da organização treinamento apropriado, relativo à política e ao cumprimento dos objetivos e metas ambientais. É recomendado que os empregados possuam uma base adequada de conhecimentos, que inclua treinamento nos métodos e habilidades necessários à execução de suas tarefas com eficiência e competência, tendo conhecimento do impacto que suas atividades podem causar ao meio ambiente, caso as executem de forma incorreta.

É recomendado, também, que a organização se assegure de que os prestadores de serviços que trabalham no local ofereçam evidências de que têm os conhecimentos e habilidades necessárias para operarem de forma ambientalmente responsável.

Educação e treinamento são necessários para assegurar que os empregados tenham conhecimentos apropriados e atualizados dos requisitos legais, normas internas e políticas e objetivos da organização. O nível e o detalhamento do treinamento podem variar de acordo com a tarefa” (p.17).

Apesar das recomendações das normas em relação à importância do

papel da educação na incorporação da variável ambiental nas empresas, na

maioria dos casos as iniciativas optam por desenvolver atividades de educação

ambiental voltadas principalmente para o público extramuros. Em Souza Vieira

(2004, p.18), foi comentado esse assunto:

“No entanto, pela vivência profissional, tem-se conhecimento, fora dos canais formais citados acima de acesso às informações, de projetos de educação ambiental em desenvolvimento em algumas empresas. São projetos de

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educação ambiental informal que ocorrem principalmente extramuros das empresas em Estações Ecológicas, Centros de Educação Ambiental e Áreas de Proteção Ambiental (APA). Algumas produzem material didático como cartilhas, cartazes e folders que são distribuídos nas escolas da vizinhança ou quando da realização de palestras.”

A postura de se adotar ações isoladas de conscientização ambiental,

como programas e projetos de educação ambiental descontínuos, implica

desperdício de tempo e de recursos financeiros.

Observa-se que a educação ambiental teoricamente em empresas

ganhou muito mais expressão com o processo de certificação ambiental de

empresas pela implantação do Sistema de Gerenciamento Ambiental (SGA),

Norma ISO 14001, porém, na prática, nota-se que esta não é a realidade.

Verifica-se uma ênfase na educação ambiental bem mais limitada nas

organizações empresariais que, na maior parte das vezes, procuram

implementar alguns projetos tímidos de educação ambiental intramuros com o

objetivo de obter a certificação ambiental.

Apesar destas limitações apontadas, de acordo com Souza Vieira

(2004), em 1995, começaram a ser desenvolvidas ações para se trabalhar a

educação ambiental não formal de adultos voltada para os trabalhadores na

indústria. O treinamento ambiental, voltado para o público interno de empresas,

é muito importante, embora ainda incipiente. Em geral, as pessoas ligadas às

várias unidades de produção de uma fábrica trabalham numa rotina de muita

responsabilidade, em que não existe muito tempo para participar de

treinamento. Mesmo a montagem de uma escala na tentativa de treinamentos

internos não é tarefa muito simples, por causa do ritmo acelerado da produção.

A fim de concretizar uma metodologia de educação para o

desenvolvimento sustentável em indústrias, vários fatores têm sido levados em

consideração. Cada caso é uma situação - problema diferente.

Em Souza Vieira (2004) destaca-se que para se alcançar o objetivo da

convivência harmoniosa entre o homem e o meio ambiente, pode-se lançar

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mão de outras metodologias, precursoras e facilitadoras do processo de ensino

e aprendizagem.

Essa situação específica conduziu gradativamente os educandos a uma

mudança de comportamento mais ambientalmente correta, ao que se

denominou de alfabetização ambiental dos operadores dos fornos de alumínio

primário:

“Outro fator gratificante no processo de conscientização ambiental em indústria é a manifestação entusiástica e espontânea dos operários, protagonistas dessa indústria-escola-itinerante. Durante a realização de uma das atividades de educação ambiental em uma indústria de alumínio primário, um dos operadores de um dos fornos de alumínio, que trabalhava diariamente exposto a uma temperatura em torno dos 960C, comentou com a instrutora na sala de treinamento: – Gosto muito de estar aqui porque nunca pude ir à escola e hoje ela veio a mim” (SOUZA VIEIRA, 2004: p.21).

Alguns outros exemplos mostram algumas das principais características

de programas de educação ambiental em algumas empresas.

4.3. A educação ambiental em algumas empresas

Lima et al. (1996) comentam o Programa Interagir de Educação

Ambiental da Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST) que é estruturado em

um conjunto de ações interligadas. O programa começou na CST a partir de

1996, dirigido aos empregados. Segundo os autores, o Interagir busca fazer de

cada empregado um gestor ambiental da sua atividade e do seu posto de

trabalho. O programa é constituído de oito etapas: estruturação do programa;

plano de ação; objetivos e metas; módulo despertar, módulo agir, interagindo

com gerentes; implementação e operacionalização; manual do programa;

monitoramento e avaliação; e análise crítica.

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O módulo Agir, do Programa Interagir, constitui-se de um curso de

educação ambiental que visa a propiciar aos empregados uma leitura

detalhada do fluxo de produção, enfocando os principais aspectos e impactos

ambientais do processo produtivo e a maneira como a CST controla e gerencia

esses aspectos, com destaque para as ações de controle ambiental (recursos e

equipamentos de controle ambiental, análise de risco ambiental, ações

preventivas e corretivas, etc.).

Segundo Marcante (2000), desde 1987 a Ripasa desenvolve o programa

de educação ambiental “Conhecer para Preservar”, trabalhando com os

funcionários e utilizando como material didático a Trilha Interpretativa da

Natureza e o Núcleo Faunístico Abrahão Zarzur, incorporado ao programa em

1994. Esse ambiente proporciona uma aula de campo para os visitantes, que

passam quatro horas e meia na fazenda, em meio à fauna e flora locais. Outros

programas de educação ambiental oferecidos pela empresa são: o Programa

de Visitas com Terceira Idade, o Programa com funcionários e colaboradores e

Jornadas ambientais/workshops com os professores.

Camargo et al. (2000) descrevem o programa de educação ambiental da

Votorantim Celulose e Papel, que possui cinco atividades principais: o

Jornaleco, informativo mensal com tiragem de 21.500 exemplares;

interpretação ambiental na área da empresa; visitas monitoradas as fazendas

de produção; núcleo de educação ambiental (sede principal do programa de

educação ambiental da VCP); eventos de educação ambiental; e atividades e

projetos internos.

Essas empresas têm obtido excelentes resultados com estes

programas, conseguindo alcançar êxito nos indicadores ambientais,

comprometimento de seu pessoal com o meio ambiente, conhecimento e

controle eficiente do impacto ambiental criado por suas operações e uma

postura pró-ativa diante das questões ambientais.

No entanto, a prática tem demonstrado que poucas empresas

desenvolvem esses programas específicos de educação ambiental de forma

abrangente. Quando existem são, na maioria dos casos, núcleos de educação

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ambiental abertos a visitação pública. Como já foi comentado, projetos de

educação ambiental específicos para os operários ligados aos processos de

produção mais limpa são muito raros. Além disso, os projetos de educação

ambiental nas empresas são caracterizados por uma visão que privilegia muito

mais o treinamento do que o educar. A cláusula 4.4.2 tem um enfoque

normativo direcionando o pessoal ao comportamento em conformidade com

padrões, procedimentos e requisitos dos sistemas de gestão. Pode-se concluir

do exposto pela ISO 14001 que a norma tem uma conotação normativa e muito

mais voltada ao “treinar” do que ao “educar”.

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5. POTENCIALIZANDO A GESTÃO AMBIENTAL POR MEIO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS INDÚSTRIAS QUÍMICAS – BARREIRAS E PROPOSTAS

Vistos o Programa Atuação Responsável e a Norma ISO14001, que

estão sendo implementadas em geral pela indústria química e petroquímica, é

necessária uma reflexão para o entendimento de como está sendo inserida a

educação ambiental nesse contexto e quais práticas estão sendo evidenciadas

para dar consistência às intenções propostas nesses programas.

Embora sistemas de gestão tenham sido amplamente implantados na

indústria química e petroquímica, como a Atuação Responsável e a série ISO

14000, pouca atenção tem sido dada à educação ambiental como matéria

inserida e integrada nos sistemas de gestão.

Muita ênfase tem sido dada às normas e guias, porém a educação como

base para a conscientização ambiental e social tem ficado restrita a programas

isolados e sem consistência nas gestões das empresas químicas e

petroquímicas.

Usando a abordagem de Reigota (2001), pouco tem sido feito em termos

de:

• Conscientização – levar os indivíduos e os grupos associados a

tomarem consciência do meio ambiente global e de problemas

conexos e de se mostrarem sensíveis aos mesmos;

• Conhecimento – levar os indivíduos e os grupos a adquirir uma

compreensão essencial do meio ambiente global, dos problemas que

estão a ele interligados e o papel e lugar da responsabilidade crítica

do ser humano;

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• Comportamento – levar os indivíduos e os grupos a adquirir sentido

dos valores sociais, um sentimento profundo de interesse pelo meio

ambiente e a vontade de contribuir para sua proteção e qualidade;

• Competência – levar os indivíduos e os grupos a adquirir o savoir-

faire necessário à solução dos problemas;

• Capacidade de avaliação – levar os indivíduos e os grupos a avaliar

medidas e programas relacionados ao meio ambiente em função de

fatores de ordem ecológica, política, econômica e social;

• Participação – levar os indivíduos e grupos a perceber suas

responsabilidades e necessidades de ação imediata para a solução

dos problemas ambientais.

Dados quantitativos nesse assunto não estão disponibilizados

facilmente, porém alguns deles podem ser encontrados para ilustrar a

discussão. Vejamos alguns deles.

Segundo pesquisa feita pelo BNDES de Gestão Ambiental na Indústria

Brasileira em 1998, somente 28% das empresas químicas adotavam algum tipo

de procedimento de gestão ambiental relativa a oferecer cursos à sua mão-de-

obra. Procedimentos como a reciclagem, o reaproveitamento e a disposição de

resíduos estavam presentes entre 42% e 46% respectivamente, mostrando

uma clara tendência das empresas interessadas pelo valor econômico.

Podemos notar também que a postura reativa era forte na questão das

razões para a adoção de práticas de gestão ambiental, sendo que 77% das

empresas químicas adotavam essas práticas para atender as exigências para

licenciamento, 44% adotavam para reduzir custos e somente 23% adotavam

práticas de gestão ambiental para melhorar a imagem perante a sociedade.

Essa postura era mais evidente nas empresas nacionais.

Para se ter uma idéia dos investimentos na área ambiental, cerca de

40% das empresas químicas investiram menos de 3% dos investimentos totais,

sendo que cerca de 30% não investiu em meio ambiente. Somente 5% das

empresas químicas investiram mais de 20%.

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Com relação a etapas futuras da gestão ambiental, podemos verificar

que 75% das empresas químicas tinham planos de aperfeiçoar procedimentos

de acompanhamento e monitoria da gestão ambiental; 50% tinham planos de

expansão do programa de controle ambiental, porém nada se notava em

relação à educação. E, mesmo assim, esses planos eram muito mais evidentes

nas empresas internacionais. Pode-se verificar claramente que somente 20%

das empresas químicas indicavam que pretendiam realizar investimentos

ambientais nos próximos anos relativos a cursos destinados a sua mão-de-

obra.

Desde 1998, novas pesquisas não foram elaboradas, no entanto conclui-

se pelos dados demonstrados anteriormente que existia uma enorme

oportunidade a ser explorada. Contudo, além do fato da educação ser uma

prática pouco utilizada pela maior parcela das indústrias químicas é importante

ressaltar que existem outras barreiras para a difusão deste instrumento no

setor.

As principais barreiras encontradas nas organizações, para um processo

efetivo de implementação de educação ambiental, são principalmente às

apresentadas por Senge e Morse.

Segundo Peter Senge (1998 apud DEMAJOROVIC, 2003), um dos

problemas das organizações está no fato de estas pensarem que o processo

de aprendizado se restringe aos programas de treinamento, quando ele afirma

que vai além. É necessária a prática do dia-a-dia e o aprendizado ocorre ao

longo do tempo, durante o decorrer do trabalho com supervisão adequada.

Outra questão importante é a de entender se as organizações químicas

acreditam que um processo de educação ambiental uma vez implementado

será capaz de efetuar a cultura e valores dessas organizações e em quanto

tempo.

Segundo afirma Suzanne Morse (1984 apud DEMAJOROVIC, 2003), as

organizações buscam objetivos de curto prazo e isto é um obstáculo ao

desenvolvimento de programas de educação ambiental mais efetivos. Morse

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(1984) defende que a implementação de um processo de educação ambiental

normalmente é um desenvolvimento de longo prazo, que envolve mudanças

culturais e de paradigmas, muitas vezes muito fortes, que estão

fundamentados em plataformas sólidas e difíceis de quebrar.

Uma das características da indústria química e petroquímica é a baixa

rotatividade, devido à sua necessidade de mão-de-obra especializada, o que,

conseqüentemente, demanda longos períodos de treinamento e experiência do

seu pessoal nas suas operações. Essa característica, por outro lado, faz com

que as culturas construídas nessas organizações sejam fortes e sólidas. No

entanto, as mudanças culturais são mais difíceis e trabalhosas, demandando

longos períodos para execução, em linha com a tese de Morse.

Outro aspecto que precisa ser entendido é o de como verificar e

comprovar os resultados de um programa de educação ambiental nas

organizações químicas. Entender a educação ambiental como sendo um

programa ou um projeto é, também, de vital importância, isto é, se os

resultados finais esperados são atingidos em um determinado intervalo de

tempo ou se consiste em uma atividade permanente.

É extremamente relevante, também, o modo como as organizações

químicas devem orientar o processo de educação ambiental para tratar de toda

e qualquer clientela, ou seja, de grande, médio e pequeno portes, de operários

a executivos. Por outro ângulo, é fundamental entender quais são os limites da

educação ambiental, ou seja, até onde ela deve e pode ser utilizada em

organizações químicas, questionando se qualquer profissional pode participar

como agente neste processo.

E, finalmente, do ponto de vista organizacional, a quem devem reportar-

se os gestores de programas de educação ambiental (SANTOS; SOARES,

2004).

Segundo Philippi Junior e Pelicioni (2002), do ponto de vista

organizacional e de sustentabilidade do setor químico e petroquímico, os

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107

aspectos fundamentais que justificam um programa de educação ambiental

envolvendo toda a população das empresas são vários:

1) Fazer com que a comunidade interna e externa tenha um contato

direto com a realidade ambiental da área onde vivem e atuam é fator

preponderante para garantir a preservação e conservação ecológica,

entendendo a importância do ecossistema que os envolve;

2) Um outro fator é fazer com que se discuta a importância do ambiente

para a saúde e o bem-estar de cada indivíduo e da sociedade com a qual

convivem a interagem. Fazer com que se desenvolva o sentido ético e social

diante dos problemas ambientais é, também, um desafio que precisa ser

perseguido e alcançado;

3) Outra justificativa para o programa de educação ambiental na

empresa é a de que, para garantir a eficácia de um plano ambientalmente

sustentável, é necessário explicar às populações industriais as integrações

existentes entre o homem e o meio em que vive, fazendo com que percebam a

dependência disso para a sobrevivência;

4) A comparação do desenvolvimento econômico com o custo da

degradação ambiental com o qual a sociedade tem que arcar também tem

importância essencial para que se justifiquem investimentos na educação

ambiental empresarial;

5) Não se poderia deixar de incluir nesta lista a importância em fortalecer

a discussão e a tomada de decisão de buscar um desenvolvimento sustentável,

que satisfaça as necessidades da humanidade e preserve o planeta, tema

indispensável nos dias de hoje para que seja matéria integrante de todo e

qualquer planejamento estratégico de uma empresa sustentável.

A gestão ambiental pró-ativa proporciona às empresas bons frutos,

resultantes de uma maior consciência da necessidade do desenvolvimento de

projetos na área ambiental, entre eles, a educação ambiental.

O comportamento pró-ativo é tido como um instrumento de influência,

pois envolve o sentido dos valores morais e éticos das organizações ou seus

trabalhadores, de modo que interrompa um comportamento que degrade o

meio ambiente.

Na visão moderna, os aspectos sociais e políticos devem ser tão

valorizados quanto o aspecto econômico, para que a empresa possa ser vista

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como uma instituição sociopolítica. A lucratividade e a rentabilidade da

empresa passam a ser influenciadas pela sua capacidade de antecipar e reagir

frente às mudanças sociais e políticas que ocorrem em seu ambiente. Ignorar

esses aspectos tem custado a muitas empresas grande comprometimento

financeiro e impacto em sua imagem institucional (DONAIRE, 1999).

Segundo Maimon (1999), a realidade socioambiental está impondo às

empresas uma mudança de postura e, gradativamente, o comportamento

reativo vai sendo descartado e a responsabilidade ambiental passa a ser

encarada como uma questão de sobrevivência.

Fatores como a maior consciência da opinião pública, o incremento do

movimento ambientalista e a crescente disponibilidade e difusão tecnológicas

que reduzem ou eliminam a poluição ambiental têm contribuído para essa

mudança comportamental.

Surge então o conceito de excelência ambiental que avalia a

organização não somente por seu desempenho econômico, mas também por

seu desempenho ambiental (ALMEIDA, 2001).

Vários são os motivos que podem incentivar as organizações a

adotarem um Sistema de Gestão Ambiental, tais como: imagem, lucro,

qualidade de vida, pressão de mercado, etc.. Todavia, existe um consenso de

que o sucesso de políticas ambientais depende de sua implementação com

outros instrumentos. A educação ambiental e o comportamento pró-ativo das

empresas mostram uma boa parceria que pode conduzir a um processo de

sucesso, tendo a racionalidade ambiental como base.

A educação ambiental na indústria química e petroquímica proposta

neste estudo tem como princípio fundamental a eliminação do risco e baseia-se

em: identificar as possíveis causas de acidentes; fixar padrões de

desempenho; fixar responsabilidades; medir o desempenho x padrões; avaliar

os desvios e controlar; corrigir e elogiar.

Os objetivos principais a serem atingidos são:

• Eliminar todos os riscos de acidentes ambientais;

• Implantar uma cultura preventiva e adotar atitudes pró-ativas em

todas as atividades da organização em relação ao meio ambiente;

• Conscientizar e treinar constantemente, em busca do conhecimento

contínuo;

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• Garantir o uso correto dos padrões internos de meio ambiente em

todas as atividades;

• Garantir atendimento às legislações de meio ambiente;

• Buscar a excelência contínua no controle e eliminação de poluição

ambiental.

Algumas atividades podem ser sugeridas para um Programa de

Educação Ambiental estruturado, em parceria com Recursos Humanos,

garantindo assim, o nível de qualificação e conscientização ideal, entre elas:

• Minuto do meio ambiente – com temas de reflexão e debate em

todas as áreas da empresa, com periodicidade semanal (durante 30

minutos);

• Minuto técnico – com 4 horas de duração por mês, que tem o

objetivo de garantir o desenvolvimento continuado da equipe;

• Semana do meio ambiente – com várias atividades direcionadas à

educação ambiental como palestras, concursos e dinâmicas de

grupo voltadas para a introspecção de conceitos de ações

ambientais;

• Treinamentos diversos – que são ministrados em toda a fábrica,

incluindo contratados e terceiros;

• Realização de dinâmicas e vivencias – que geram mudanças de

comportamento e de paradigmas na área ambiental;

• Participação de forma integrada com a comunidade e órgãos

ambientais – para a efetivação das práticas ambientais;

• Cursos de atualização e aperfeiçoamento – na área de Meio

Ambiente para agentes formadores de opinião na área ambiental;

• Minuto excelência – que aborda discussão de temas específicos

ambientais por área na empresa;

• Exibição de filmes educativos – como temas referentes ao meio

ambiente periodicamente;

• Realização de mutirão educativo;

• Sistema de sugestões – implantado com urnas instaladas em

diversos pontos das empresas;

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• Gerenciando Andando na Área – implantação deste programa que

tem o objetivo de realizar uma verificação interna, com ênfase

ambiental nas áreas da empresa, com periodicidade semanal,

realizada pelo gerente e supervisores;

• Clipping impresso – distribuição aos funcionários e contratados que

traz matérias sobre meio ambiente;

• Palestra mensal pelo gerente da fábrica – que fale sobre um tema

ambiental, estimulando todos os funcionários a participar das

atividades;

• Jogos e competições – atividades entre as áreas da empresa, tendo

como base temas ambientais;

• Biblioteca – um acervo na temática ambiental;

• Quadros Informativos – situados em locais estratégicos da empresa

enfatizando a política e as estatísticas (ARRUDA; SILVA et al.,

2005).

Assim é necessária uma urgente reversão de valores no setor industrial,

principalmente naqueles potencialmente poluidores como a indústria química e

petroquímica, para que atuem responsavelmente nos seus negócios e

participem ativamente nos programas sociais próprios ou de terceiros, visando

ao aperfeiçoamento do conhecimento ambiental nas diversas classes da

sociedade, para que, coletivamente, os esforços para a redução das agressões

ao meio ambiente comecem a apresentar resultados e a garantir a

continuidade das espécies vivas e, particularmente, do homem.

O setor industrial do ramo químico, em geral potencial poluidor, é um

dos setores que necessita prioritariamente enfatizar suas políticas de educação

ambiental, visto que nesse ramo de atividade, em sua grande maioria, continua

apresentando oportunidades de melhora de desempenho quanto às suas

políticas de educação ambiental. Devido a sua posição economicamente

confortável, o setor químico não tem restrições econômicas para incluir no seu

planejamento estratégico investimentos na Educação Ambiental.

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A questão nesse aspecto é de prioridade, entendimento e visão de

sustentabilidade. Atualmente, ainda existe um paradigma muito forte que

coloca as questões econômicas à frente das causas sociais e ambientais, e

não é diferente no setor químico.

No entanto, com a crescente movimentação da sociedade como um

todo, nas áreas sociais e ambientais, começam a aumentar as pressões para a

mudança de comportamento e de atitude das organizações em geral, em

especial dos seus líderes e dirigentes, para um posicionamento responsável

perante essas causas. Esse movimento tem se mostrado como sendo o início

de uma nova era, em que, cada vez mais, toma forma e importância nos

planejamentos estratégicos das organizações, o que tem sido denominado de

Responsabilidade Social Corporativa (RSC).

A RSC é parte integrante do sistema integrado de gestão empresarial e

do vetor continuidade nos negócios e sustentabilidade organizacional que, nos

dias de hoje, toma uma importância ímpar na sociedade empresarial como um

todo.

E, por assim encontrar-se atualmente o setor químico, torna-se evidente

as bases do alicerce de uma organização sustentável, como sendo os pilares

econômico, social e ambiental nos seus negócios.

Dessa forma, a educação ambiental é fator indispensável e decisivo

para que um plano de sustentabilidade seja viável e eficaz, já que provocam

abalos diretamente em um dos pilares que sustentam um posicionamento

organizacional responsável, consistente e contínuo.

É necessário e vital para a qualidade de vida no planeta que esse

segmento do setor produtivo – as indústrias químicas e petroquímicas –, por

meio de seus dirigentes e líderes, adquira uma maior conscientização, de modo

que estimulem e incrementem os investimentos na educação ambiental voltada

para as suas comunidades interna e externa, para incentivar a sociedade como

um todo, pelo seu exemplo e iniciativa, a preservar os recursos naturais, a

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fauna e a flora, fortalecendo as esperanças da continuidade da conservação

ambiental.

Nesse contexto apresenta-se a seguir três estudos de caso de forma a

avaliar a contribuição da educação ambiental para melhoria de seus processos

de gestão a partir da avaliação de gerentes e funcionários de empresas do

setor químico.

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6. ESTUDOS DE CASO

Este capítulo discute por meio da realização dos estudos de caso como

a indústria química e petroquímica está abordando o tema da educação

ambiental dentro do Programa Atuação Responsável e da série ISO 14000,

como parte do seu sistema integrado de gestão e agente de conscientização e

responsabilidade ambiental com relação às suas operações, de forma a

evidenciar ações, atividades e práticas que, segundo Harrington e Knight

(2001), fortalecem a responsabilidade social dessas empresas.

6.1. Empresa A

A empresa A é uma organização multinacional de origem norte-

americana e iniciou suas atividades no Brasil em 1976 na região do ABC, mais

especificamente no Pólo Petroquímico de Capuava. A instalação no local

deveu-se a proximidade de seu maior fornecedor de matéria prima e de seus

principais clientes que atuam, por sua vez, como fornecedores principalmente

da industria automobilística instalada no ABC paulista.

A empresa atua hoje em dia com duas unidades de produção e um

projeto para uma nova unidade, para uma capacidade total de 140000t/ano de

seu produto, um produto químico inorgânico básico. A empresa reporta uma

receita operacional liquida de R$ 220 milhões anuais.

O Programa de Gestão Ambiental na empresa teve início enfaticamente

na década de 1980, desde quando iniciaram as expansões nas suas áreas

industriais e os impactos começaram a se tornar mais significativos.

Os investimentos na área ambiental são estimados da ordem de 15

milhões de dólares até os dias de hoje, em controle de poluição incluindo filtros

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de primeira geração, reuso de água, reprocessamento de produto, tratamento

de resíduos entre outros.

A empresa A intensificou seu programa ambiental a partir de 1992,

quando a ABIQUIM lançou no Brasil o Programa Atuação Responsável e esta

empresa esteve sempre engajada nesse processo como associada. Nessa

época, a empresa incorporou a sua estrutura, grupos de trabalho para cada

Código do Atuação Responsável e iniciou sua implementação, de modo a

atender as práticas gerenciais recomendadas no Programa e continuou,

permanentemente, os planos de melhoria contínua, previstas no plano de

implantação do projeto.

Em 1998, a empresa certificou-se na norma ISO 14001, sendo uma das

primeiras 100 empresas a serem certificadas no Brasil. Desde então, a

empresa vem perfazendo seus investimentos e melhoramentos na área

ambiental, por meio da melhoria dos equipamentos e controle de poluentes.

Os investimentos feitos realmente originaram melhorias em vários

indicadores de desempenho ambiental da empresa, o que dá uma boa imagem

à organização, demonstrando sua responsabilidade para com a causa

ambiental.

Mais recentemente, houve um investimento adicional da ordem de US$

100.000, na construção de uma estação de efluentes domésticos, para

substituir a estação anterior, otimizando principalmente os níveis de DBO

encontrados anteriormente, pois estação é de ultima geração, incluindo

também a reutilização da água tratada no processo produtivo e gerando o

mínimo de resíduo sólido possível.

A empresa tem adotado boas práticas energéticas, sendo que

recentemente fez a substituição de combustível líquido derivado de petróleo

por gás natural, este menos poluidor apesar dos incrementos em custos que

esta mudança causa. A mudança certamente foi motivada por fatores

ambientais.

A empresa possui um grupo de meio ambiente, que tem como Missão:

“Estabelecer uma cultura de meio ambiente na empresa através da Educação Ambiental em todos os níveis incluindo funcionários e contratados de modo a melhorar a conscientização sobre a importância da preservação ambiental, adequar o conhecimento sobre o impacto que as operações da

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organização causam ao meio ambiente e estimular a participação individual e coletiva com idéias e propostas visando a melhoria continua da causa ambiental.”

Programas de redução de energia também foram geridos na planta, com

campanhas de orientação, comunicação e procedimentos que foram adotados,

causando uma redução significativa de 25% nos últimos 5 anos.

A empresa, como parte de seu Sistema de Gestão Ambiental ISO

14001, lançou um Programa de Coleta Seletiva e Reciclagem de Materiais,

gerando uma nova mentalidade de reutilização de recursos materiais e redução

de insumos. Outro programa lançado pela empresa denominado

“Housekeeping”, que se relaciona com Ordem e Limpeza, também obteve

sucesso durante os últimos anos, porque atinge as áreas de Meio Ambiente,

Saúde e Segurança, e cria e mantém uma mentalidade de disciplina importante

na evolução da conscientização ambiental da comunidade interna da planta.

Além desses programas, a empresa tem obtido avanços nos indicadores

de acidentes com afastamento, passando de uma média de 4 acidentes em

1999 a 1 acidente registrado em 2005. Dentro dos planos da empresa está o

Zero Acidente para o ano de 2006.

Junto ao Programa Atuação Responsável, a empresa gerencia, participa

e promove o CCC – Conselho Comunitário Consultivo – que é o grupo

representante da comunidade na qual a empresa atua. O Conselho promove

reuniões de esclarecimento à comunidade sobre as operações da empresa e

seus impactos ao meio ambiente, comunica as ações tomadas para a proteção

ambiental e da comunidade, e promove a interação entre a empresa e a

comunidade, formando uma parceria sólida e consistente para que juntos

atuem, a melhorando a qualidade de vida.

Dentro dessa perspectiva, há o Plano de Responsabilidade Social da

empresa que, dentre outras atividades, mantém uma Escola de primeiro grau

na região em que atua, mantém uma Escola de alfabetização de pessoas

adultas e uma Escola de informática para pessoal carente.

A empresa também promove um Programa de Saúde e Bem Estar, que

inclui o incentivo dos funcionários à prática de exercícios físicos, programas de

relaxamento semanal e exames médicos periódicos, entre outros benefícios.

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Analisando o resultado da pesquisa feita pelos questionários, pode-se

notar uma unânime opinião em concordância tanto no ponto de vista gerencial

quanto do ponto de vista dos funcionários que a empresa possui em sistema de

gestão ambiental e uma política de meio ambiente sólidos e bem

implementados.

A opinião é também muito uniforme entre gerentes e funcionários quanto

a concordância em que a empresa possui indicadores ambientais e a alta

gerência está comprometida com a melhoria contínua e o desempenho

ambiental da organização e investimentos são feitos na melhoria do meio

ambiente na empresa.

A concordância segue sendo unânime quando perguntamos se há um

programa ou um projeto de educação ambiental na empresa, porém tanto

gerentes (100%) quanto funcionários (60%) discordam que todos conhecem

sua estrutura e operação.

Quando perguntamos aos funcionários se conhecem todo o ciclo de vida

do produto produzido pela empresa cerca de 30% dizem que não. Já quando

perguntamos se podem descrever todos os poluentes dos processos de

produção da empresa este número sobe para 40%, e ainda quase 54% dos

funcionários dizem que não são capazes de descrever o impacto ambiental de

cada poluente oriundo do processo produtivo.

Apesar de 85% da gerencia concordar que a educação ambiental traz

benefícios ambientais, econômicos e sociais para a empresa, 80% dos

funcionários discordam com a afirmação de que a realização de cursos e

treinamentos na área ambiental é considerada importante para a ascensão

profissional na empresa.

Quando perguntamos aos gerentes se os funcionários são avaliados

quanto a sua educação ambiental, 30% disse que não. Talvez se este quesito

for avaliado, poderá ser um estímulo aos funcionários para que freqüentem

assiduamente as palestras de educação ambiental. Outro ponto que pode ser

usado a favor da freqüência maior é o fato de que 75% dos funcionários

afirmaram que não é difícil por em prática o que aprendem nas palestras de

educação ambiental.

Mais um indicador interessante é que 40% dos funcionários discordam

que a participação deles nos eventos de educação ambiental é considerada

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essencial pela gerência e 53%, portanto mais da metade, acha que o programa

de educação ambiental não contempla a orientação e entendimento de todos

os níveis da organização, quanto aos impactos ambientais causados pela

empresa em relação à natureza e à sociedade em geral.

Ainda na pesquisa que entre gerentes e funcionários, devemos notar,

cerca de 40% concorda que ainda as questões econômicas estão a frente da

causa ambiental.

No entanto, como pontos positivos, podemos citar que é unânime a

concordância entre gerentes e funcionários (mais de 85%), que a autogestão

da empresa vem se empenhando em prol da melhoria da educação ambiental

e que o programa de educação ambiental é importante e necessita de

melhorias, mais de 60% concordam com esta afirmação.

6.2. Empresa B

A empresa B é uma organização de composição acionária nacional, que

produz produtos químicos básicos com uma capacidade atual de 120000 t/ano

(com planos de expansão para 320000 t/ano para 2007), com investimentos

que somam US$ 160 milhões. A empresa reporta uma receita operacional

liquida de R$ 384 milhões anuais.

Em 2004, dentro do sistema de gestão integrado da empresa, foram

desenvolvidas pequenas ações de controle ambiental nas unidades produtivas,

com investimento da ordem de R$ 100 mil.

A empresa é certificada na norma ISO 14001 e também é signatária do

Programa Atuação Responsável da Abiquim.

Possui um programa de gestão ambiental sólido, incluindo um programa

de reciclagem iniciado há alguns anos e que incentiva os funcionários a

fazerem a coleta seletiva e a depositarem os resíduos gerados nos coletores

espalhados pela fábrica.

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Participa do Grupo de Comunicação do Pólo Petroquímico do Grande

ABC, que tem como objetivo difundir a imagem positiva e a importância do Pólo

e suas empresas para a região dirigido para os diferentes públicos,

especialmente para a comunidade do entorno.

Promove também a Campanha “Não Solte Balões” que tem como

objetivo conscientizar a população dos perigos que um balão pode causar tanto

para a indústria como para a comunidade e educar as crianças para não

fabricar ou soltar balões.

Patrocina a Semana do Meio Ambiente com o objetivo de comemorar o

Dia Internacional do Meio Ambiente, na qual são desenvolvidas diversas

atividades, como peças teatrais sobre educação ambiental para as escolas da

comunidade e seminário sobre o tema para formadores de opinião da região.

Participa do Jornal do Pólo, desenvolvido com o objetivo de informar a

comunidade sobre as ações realizadas pelas empresas na área de

desenvolvimento de produto, tecnológico e, principalmente, na área ambiental

e de responsabilidade social.

Participa do programa Pólo dá Vida, ação que surgiu em função das

necessidades detectadas pelas empresas do Pólo em uma pesquisa realizada

com a população da região e por integrantes do CCC – Conselho Comunitário

Consultivo. Nela muitas pessoas foram beneficiadas, gratuitamente com

serviços gerais que incluem serviços médicos, odontológicos e de higiene

pessoal.

Quanto à pesquisa e questionário aplicados, pode-se notar que existe

uma forte concordância entre gerentes e funcionários sobre a existência de um

sistema de gestão ambiental implementado e uma política ambiental que é de

conhecimento geral e bem aplicada por todos na organização. Mais de 90%

dos entrevistados tem essa opinião. No entanto, na opinião de 43% dos

funcionários entrevistados o programa de gestão implantado e a adesão ao

Programa Atuação Responsável e certificação pela ISO 14001 não são

suficientes para a excelência no desempenho ambiental.

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A opinião é muito uniforme tanto do ponto de vista dos gerentes como

dos funcionários que a empresa estabelece indicadores e metas ambientais e

procura atender suas expectativas. Essa é a opinião de mais de 95% dos

entrevistados.

Porém, 20% dos funcionários desconhecem o ciclo de vida do produto

que sua empresa produz. Quando são perguntados se podem descrever os

poluentes oriundos do processo de produção da sua empresa 43% dizem que

não, e 35% reporta que não é capaz de descrever o impacto ambiental dos

poluentes oriundos do processo de produção de sua empresa. Curiosamente,

cerca de 37% diz que desconhece os resíduos sólidos gerados na empresa.

Dentre os gerentes entrevistados, 100%, diz que investimentos são

feitos na área ambiental e que conhecem os valores investidos; no entanto

cerca de 30% dos funcionários reportam que a realização de cursos e

treinamentos na área ambiental não é considerado importante para ascensão

profissional na empresa.

Interessante notar que 80% dos gerentes entrevistados responderam

que a norma ISO 14001 e o Atuação Responsável são suficientes para a

excelência ambiental, sendo que um programa de educação ambiental é

desnecessário.

Apesar disso, todos entre gerentes e funcionários responderam que

existe um programa de educação ambiental na empresa, que é de

conhecimento geral, e os funcionários responderam que participam ativamente

do programa e freqüentam assiduamente as palestras. Essa é a opinião de

mais de 95% dos entrevistados. 85% dos funcionários entrevistados reportam

que essa participação ativa é considerada essencial pela gerência, apesar de

40% dos gerentes reportarem que os funcionários não são avaliados quanto a

sua educação ambiental.

Cerca de 65% dos funcionários dizem que não é difícil aplicar na prática

o que aprendem nas palestras de educação ambiental.

30% dos funcionários entrevistados têm a opinião de que o programa de

educação ambiental na empresa não contempla a orientação e entendimento

de todos os níveis da organização quanto aos impactos ambientais que a

empresa causa.

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Na opinião de 20% dos gerentes ainda a questão econômica está a

frente da causa ambiental.

Entretanto, é unânime a opinião entre os gerentes, 100%, de que a

educação ambiental traz benefícios ambientais, econômicos e sociais para a

empresa e em confirmação com essa afirmação, 92% dos funcionários

responderam que a autogestão da empresa vem se empenhando em prol da

melhoria da educação ambiental na organização, e um ponto que devemos

mencionar é que 65% dos entrevistados opinam que o programa de educação

ambiental na empresa não é totalmente eficaz e existe a necessidade de

melhorias.

6.3. Empresa C

A empresa C é uma organização de composição acionária internacional,

que produz produtos químicos básicos, com capacidade para produzir

553600t/ano de seu principal produto e reporta uma receita operacional liquida

de R$ 1,6 bilhões.

A empresa possui implementado um sistema de gestão ambiental sólido

e consistente, é certificada na norma ISO14001 desde 2000 e signatária do

programa Atuação Responsável desde 1993.

A empresa tem assumido o compromisso de adequar seu desempenho

ambiental aos padrões definidos pelo Banco Mundial, que são mais restritivos

do que a legislação brasileira, e está implantando projetos de melhorias nas

suas fábricas para atingir esses padrões. Os principais projetos que estão

sendo desenvolvidos pelo sistema de gestão ambiental da empresa são

referentes ao tratamento de efluentes líquidos e a melhoria nas estações de

tratamento existentes.

Além disso, estão sendo implantados projetos de controle de ruído na

planta de Mauá e realizados estudos de otimização de uma caldeira em

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Camaçari, implantada com a finalidade de reduzir a emissão de compostos

orgânicos voláteis para a atmosfera.

Entre as principais ações de responsabilidade social reportadas pela

empresa estão: os programas de educação ambiental e reciclagem, dedicados

a mobilização e sensibilização das pessoas quanto a importância da coleta

seletiva de material reciclável; o impacto de atitudes individuais e empresariais

para motivar a geração de emprego e renda para moradores de rua; a busca

pela solução de problemas ambientais urbanos.

A empresa tem um programa de parceria com a AACD, o qual fornece

fundos e doações para produção de órteses, próteses, coletes e todo tipo de

acessórios para reabilitação de deficientes físicos. Difunde a prática de

esportes e cultura na comunidade por meio de investimentos nessa área.

A empresa possui uma parceria com outras empresas em um projeto de

Biblioteca Comunitária Ler é Preciso, que incentiva a leitura e a escrita a partir

de ações efetivas que colocam o livro no cotidiano de crianças, contribuindo

para a redução do analfabetismo.

Participa e promove a campanha do “Balão é Fogo”, buscando a

conscientização da população sobre os riscos de soltar balão.

Outros programas já citados na empresa B, também são parte da

empresa C, visto que esta faz parte do mesmo Pólo e pratica as mesmas

ações comunitárias e de responsabilidade social.

A empresa investe na coexistência harmônica entre a indústria química,

as comunidades que a cercam e a natureza. Executa a politica de

responsabilidade social em programas de desenvolvimento e adaptação de

equipamentos para minimizar o impacto ambiental, assim como em educação,

ecologia e saúde. A maioria desses projetos conta com a participação

voluntária dos colaboradores e o apoio institucional da empresa.

No que diz respeito à pesquisa, há uma concordância geral entre

gerentes e funcionários de que a empresa tem uma política de meio ambiente e

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um sistema de gestão ambiental e de que existem metas e indicadores

estabelecidos claramente e de conhecimento de todos – mais de 95% dos

entrevistados têm essa opinião.

A unanimidade da gerência reporta que investimentos são feitos da área

ambiental e estes conhecem as cifras investidas. Reportam ainda

unanimemente que a avaliação de desempenho dos gerentes e líderes inclui

requisitos de qualidade ambiental, porém 45% dos gerentes discordam que os

funcionários sejam avaliados quanto a sua educação ambiental.

Em termos de educação ambiental existe uma posição pró ativa da

empresa pois 68% da gerência e 30% dos funcionários opinam que a norma

ISO 14001 e o Atuação Responsável não são suficientes para obter a

excelência ambiental, sendo que um programa de educação ambiental é

necessário e fundamental.

Apesar de 78% dos gerentes concordarem que há um projeto de

educação ambiental na empresa e apesar de quase 90% dizer que todos

conhecem sua estrutura e operação, 54% dos funcionários afirmam que a

empresa não possui um programa intensivo de educação ambiental, ainda

assim unanimemente acreditam que ela tem se empenhado na melhoria

ambiental.

Dentre os funcionários, 85% opinaram que conhecem o ciclo de vida do

produto10 que a empresa produz, no entanto 30% destes dizem desconhecer

os poluentes gerados no processo de produção e não podem descrever o

impacto ambiental causado por eles. Além disso, 20% dos funcionários

entrevistados diz desconhecer os resíduos sólidos gerados na operação da

empresa.

Interessante notar que 54% dos funcionários opinam que a sua

participação nos eventos de educação ambiental não é considerada essencial

pela gerência, ponto em concordância com outra questão na qual 78% dos

funcionários opinou que os cursos e treinamentos na área ambiental não são 10 O ciclo de vida referido inicia-se com o recebimento da matéria prima na empresa até o descarte final do resíduo ou embalagem gerado pelo produto no cliente.

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considerados importantes para a ascensão profissional na empresa. Talvez

essa seja a razão para que 54% dos funcionários terem opinado que não são

freqüentadores assíduos das palestras de educação ambiental e 40% dizem

não participar ativamente do programa de educação ambiental da empresa,

embora cerca de 65% dos entrevistados opinem não ser difícil aplicar na

prática o que aprendem nas palestras de educação ambiental.

Um ponto interessante é a divergência de opiniões na questão da causa

econômica a frente da causa ambiental. Embora 100% dos gerentes reportem

que a educação ambiental é prioridade a frente de questões econômicas, os

funcionários não têm a mesma opinião, 46% têm opinião contrária.

Entretanto, entre os gerentes mais de 90% opinou que o programa de

educação ambiental contribui significativamente para a melhoria ambiental e

traz benefícios econômicos e sociais para a empresa em consonância com a

opinião dos funcionários que afirmam que a autogestão da empresa vem se

empenhando para a melhoria da educação ambiental. Mesmo assim, 78% dos

funcionários afirmaram que o programa de educação ambiental na empresa

não é totalmente eficaz e necessita de melhoria contínua.

6.4. Considerações sobre os estudos de caso

Os questionários aplicados nas pesquisas foram separados em quatro áreas

relacionadas a um sistema de gerenciamento ambiental com a intenção de, ao

compará-las, demonstrar os pontos fortes e fracos e os procedimentos

adotados nas empresas amostradas. Essas áreas foram as seguintes:

• Percepção do risco;

• Gestão;

• Comunicação;

• Educação.

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Os resultados das pesquisas feitas nas empresas A, B e C considerando

os dois níveis na estrutura da organização – gerentes e funcionários –

demonstram igualmente nas três empresas uma visão no nível gerencial mais

otimista, comparada com a visão do nível operativo, unanimemente nas quatro

áreas da pesquisa.

O maior percentual de concordância considerando a opinião dos níveis

gerencial e operativo demonstra que dentre as quatro áreas pesquisadas as de

Comunicação e Gestão são as mais fortalecidas, nessa ordem, seguindo a

área de Percepção do risco.

No entanto, é interessante notar que a pesquisa revela que a área da

Educação Ambiental é a que obteve menor percentual de concordância com as

afirmações feitas no questionário, tanto na opinião do nível Gerencial quanto no

nível Operativo, nas três empresas pesquisadas. Portanto é a área mais

debilitada na opinião dos entrevistados.

Essa era uma das afirmações que se queria confirmar com o estudo.

Pode-se concluir com as pesquisas que há uma concordância geral em

que as empresas possuem programas de Educação Ambiental e que estes

trazem benefícios ambientais, econômicos e sociais para a empresa, como era

de se esperar.

Há concordância geral também sobre o fato de que as empresas

investem continuamente em programas de treinamento e no processo de

conscientização e ambiental de seu pessoal.

Porém, entre 30 e 40% do total dos entrevistados operativos consideram

que esses programas não são totalmente eficazes no que diz respeito a fazê-

los entender os impactos ambientais gerados pelas empresas, sobre qual a

função do órgão ambiental público e a ter realmente consciência das práticas

gerenciais relativas ao Atuação Responsável® e a Norma ISO 14001.

Já na empresa A, diferentemente das empresas B e C,

aproximadamente 30% dos entrevistados revelam que os treinamentos em

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125

emergências ambientais e em prevenção de acidentes com repercussão

ambiental não existem.

Com exceção da empresa B, a participação e a assiduidade no

programa de Educação Ambiental são debilitadas, na opinião geral dos

entrevistados, pois entre 20 e 40% dizem não participar ativamente e entre 35

e 55% não freqüentam assiduamente as palestras de educação ambiental

oferecidas; ainda que 70% destes afirmem não encontrar dificuldades em

aplicar na prática o aprendizado nas palestras de educação ambiental.

Quase 40% dos entrevistados responderam que o programa de

educação ambiental não garante o entendimento de todos os níveis da

organização quanto aos impactos causados por ela e, com a exceção da

empresa C, cerca de 40% dos entrevistados opinam que a educação ambiental

nas empresas se dá basicamente por treinamento teórico.

Nas empresas A e C, entre 40 e 54% dos entrevistados disse que sua

participação nos eventos de educação ambiental não é considerada essencial

pela Gerência.

Na opinião gerencial das empresas A e B, entre 20 e 30% dos

entrevistados afirmam que as questões econômicas ainda estão à frente da

causa ambiental. No entanto, essa opinião aumenta para 15 a 47% quando

ouvimos a opinião do nível Operativo.

O que é muito interessante – e coerente com a hipótese em estudo a ser

demonstrada – é que entre 20 e 55% dos entrevistados acham que o conteúdo

das palestras de educação ambiental não contribui para o desempenho de

suas funções.

Mais interessante ainda é que 30 a 45% dos gerentes dizem que seus

funcionários não são avaliados quanto a sua Educação Ambiental, mas são

unânimes em confirmar a opinião dos funcionários, dizendo que a autogestão

da empresa vem se empenhando em prol da melhoria da Educação Ambiental

(entre 80 e 92% pensa assim).

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126

O que é muito positivo é que entre 40 e 78% dos funcionários

reconhecem que o programa de Educação Ambiental não é totalmente eficaz e

há necessidade de melhorias.

Visto que a área de Educação Ambiental é a área mais debilitada dentre

as quatro verificadas nas três empresas pesquisadas, pode-se notar que ao se

comparar as empresas, não se nota diferenças substanciais entre as três,

embora a empresa A apresente um percentual de concordância com a

eficiência do programa ligeiramente mais baixo do que a empresa B, que por

sua vez apresenta um valor mais baixo que a empresa C.

Nessa ordem, poderia concluir-se que o programa de educação

ambiental da empresa C é ligeiramente mais avançado que as outras duas

empresas. Apesar disso, verificando os indicadores do Atuação Responsável®

para as três empresas pesquisadas para os anos de 2004 e 2005, não se nota

diferenças substanciais entre os indicadores destas empresas de modo a

justificar diferentes eficiências de programas de educação ambiental, conforme

a Tabela 6:

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TABELA 6: Indicadores Ambientais do Atuação Responsável® por Empresa

Empresa A Empresa B Empresa C Acidentes de Processo 2004 0 0 0

2005 0 0 0

Acidentes com pessoal 2004 0 7 0 próprio ou contratado 2005 1 4 0

Taxa de freqüência

2004 0 15,8 0

de acidentes 2005 0 0 0

Gastos em Safety

2004 60 96 65

R$ M 2005 134 267 106

Reclamações da

2004 0 1 0

Comunidade 2005 0 6 1

Geração de Resíduos

2004 2 2 6

Per e Não Per (t/t prod.) 2005 2 3 9

Acidentes de Transp

2004 0 0,24 0

sem danos 2005 0 0 0

Acidentes de Transp

2004 0 0 0

com vaz 2005 0,34 0,42 0

Efluentes lançados(m3) 2004 0 14000 72000 2005 0 53000 82000

Reciclados (m3)

2004 350 0 0

2005 350 0 0

Investimentos em MA 2004 301 384 444 R$ M 2005 371 194 198

# de simulados

2004 0 4 2

2005 2 2 16

# de ações de interação

2004 21 29 33

com a comunidade

2005 25 37 50

Fonte: Abiquim, 2004, 2005.

Para alguns destes indicadores pode-se fazer inferências sobre o papel

da educação ambiental e o desempenho registrado. Por exemplo, pode-se

notar que a empresa C foi a única que não reportou acidente com pessoal

próprio ou contratado nos dois anos verificados, o que indica uma vantagem

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em relação às outras duas empresas. Outra vantagem é que esta é a única que

não reporta acidentes de transporte. Em termos de meio ambiente é a que

mais tem ações de interação com a comunidade e, em termos de investimento

em meio ambiente, equaliza-se com a empresa A. Esses indicadores podem

indicar um reforço ao verificado quanto à leve diferenciação do programa de

educação ambiental na empresa C. No entanto é a que gera mais resíduos

sólidos, talvez devido às características de seu processo.

Por outro lado, a empresa A foi a única que não relatou reclamações da

comunidade nos dois anos verificados e também é a única que não descarta

efluentes externamente e faz reuso de parte destes. Isso pode ser devido às

facilidades inerentes do processo da empresa.

Embora a empresa B apresente os piores indicadores de uma maneira

geral, estes não validam uma afirmação de que seu programa de educação

ambiental seja mais debilitado do que as outras empresas, no entanto deixa

indícios para isto e sugerem uma melhor investigação, pode-se apenas afirmar

que é a que menos investe em meio ambiente, o que pode ter alguma

correlação com os indicadores.

O que se pode concluir é que se existem diferenças entre os programas

de educação ambiental nas três empresas, como verificado nas pesquisas, são

pouco significativas, confirmando que os programas nas três empresas

pesquisadas são similares, e as diferenças, apesar de existirem, são pouco

substanciais.

É muito interessante demonstrar nas pesquisas que as hipóteses

levantadas foram comprovadas pelas análises e conclusões baseadas nas

respostas dos entrevistados, pelas comparações dos resultados entre as

empresas e pela correlação com os indicadores do Atuação Responsável®.

No entanto, entende-se que o universo apesar de representar três

empresas pertencentes ao mesmo Pólo Petroquímico, com as mesmas

características e com sistemas de gerenciamento similares, é um universo

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restrito para generalização de conclusões e deve ser realizado estudo

complementar para consolidar as afirmações feitas neste trabalho.

No entanto, com o resultado das pesquisas elaboradas pode-se

demonstrar que há fortes indícios e indicadores de que as hipóteses propostas

foram verificadas e confirmadas nas três empresas pesquisadas.

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho apresenta uma abordagem atual da indústria química e

petroquímica, fazendo uma referência a sua inegável importância econômica

para o desenvolvimento do país e sua inclusão no mercado globalizado que

caracteriza a era moderna.

Desde ao início de seu desenvolvimento, a indústria química e

petroquímica apesar dessa importância socioeconômica, da sua posição de

destaque no mundo, traz em seus processos industriais os riscos inerentes às

suas operações e um impacto ambiental representativo para a sociedade,

fazendo com que as preocupações, tanto por parte da sociedade como por

parte dos governos, fossem direcionadas a esse setor.

A mobilização da sociedade e as pressões das organizações não

governamentais, reagindo ao descaso pelas questões ambientais por parte das

indústrias químicas e petroquímicas, provocaram a atualização das

regulamentações e das legislações de controle ambiental e obrigaram o setor a

reagir de modo responsável, criando alternativas de ações para a continuidade

sustentável desse setor produtivo como, por exemplo, o programa Responsible

Care ou Atuação Responsável® no Brasil.

A análise desta iniciativa indica que no mundo e no Brasil o setor tem

alcançado indubitavelmente progressos na condução e crescimento dos seus

negócios. Esta mudança de postura e de atitude perante os anseios da

sociedade trouxe mais confiabilidade aos processos químicos e petroquímicos,

modificando a maneira de gerenciar suas operações, criando uma maior

credibilidade para o setor e recuperando a imagem negativa gerada no

passado. Entre os principais pontos positivos destacam-se a redução dos

acidentes de processo e com funcionários, a redução do volume de efluentes

lançados, redução do consumo de óleo combustível e carvão e redução no

consumo de água em processos e produtos entre outros.

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Por outro lado, a análise mostra também que alguns desafios

permanecem tais como aqueles que dependem de iniciativas que dependam

não apenas de investimento em tecnologia mas também de uma mudança

cultural, valorizando soluções proativas, como por exemplo, o incremento do

consumo de combustíveis de fontes renováveis, a redução do consumo de

energia elétrica ou uso de fontes energéticas alternativas e ainda a tímida taxa

de reutilização de águas pelo setor.

Além disso, ainda existe uma resistência no engajamento ao programa

pela pequena e média empresa quanto a investimentos na área ambiental e a

disponibilização de dados estatísticos para que se possa avaliar o desempenho

real deste segmento no contexto atual. Somente as grandes empresas mantêm

atividades constantes relacionadas ao meio ambiente e no campo social por

meio dos CCC – Conselhos Comunitários Consultivos, nas comunidades onde

atuam (principalmente nos pólos petroquímicos).

Neste cenário, o trabalho foi proposto de modo a mostrar que iniciativas

como o Atuação Responsável® poderia alcançar maior grau de efetividade

caso a educação ambiental fosse incorporada como um instrumento de

potencialização do programa.

No entanto, a educação ambiental no setor encontra-se ainda num

modelo normativo em função da série ISO 14000 e mesmo do Programa

Atuação Responsável®. Como resultado, verifica-se que a educação ambiental

é utilizada de forma restrita, limitando seus benefícios para a melhoria da

gestão ambiental. Entre as características que limitam o alcance destas

iniciativas destaca-se o fato das organizações pensarem que o processo de

aprendizado se restringe aos programas de treinamento, quando o processo

deve ir mais além, e o modo com que as organizações buscam objetivos de

curto prazo sendo isto um obstáculo ao desenvolvimento de programas de

educação ambiental mais efetivos.

Os estudos de caso e pesquisas realizados como parte deste trabalho indicam

que, embora a educação ambiental tenha uma considerável importância para o

setor químico e petroquímico, a aplicação desta ferramenta é feita de forma

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parcial, comprometendo sua contribuição para a maior efetividade das

iniciativas de gestão ambiental. Destaca-se na pesquisa realizada alguns

reflexos desta postura podem ser citados, como o fato de que quase metade do

total dos entrevistados da área operacional considerar que os programas de

educação ambiental não são totalmente eficazes no que diz respeito a fazê-los

entender os impactos ambientais gerados pelas empresas; compreender qual é

a função que o órgão ambiental público deve exercer; e, principalmente, no que

tange à consciência das práticas gerenciais relativas ao Atuação

Responsável® e a ISO 14001.

Outro ponto a ser reformulado é o que diz respeito à participação efetiva

dos funcionários nos programas de educação ambiental. Diante da

percentagem alta (40%) que afirma não participar ativamente das atividades

geradas pelos programas de educação ambiental e a de 50% que não

freqüenta assiduamente as palestras de educação ambiental oferecidas, os

programas até então utilizados devem, necessariamente, serem reestruturados

de modo a se tornar mais próximos dos seus funcionários. A distância entre os

programas e os funcionários ainda pode ser constatada em outro momento,

quando quase 40% dos entrevistados responderam que o programa de

educação ambiental não garante o entendimento de todos os níveis da

organização quanto aos impactos ambientais causados por ela.

E, por fim, a educação ambiental poderia ser mais um diferencial para os

funcionários, se o tema entrasse na avaliação de seu desempenho.

Isso quer dizer que ainda existem oportunidades a serem exploradas e

corrigidas com vistas à melhoria contínua da gestão ambiental da indústria

química e petroquímica, incluindo-se programas de educação ambiental

consistentes com a realidade e particularidades do setor, por meio da formação

de seus trabalhadores e líderes.

Essas oportunidades precisam ser identificadas e trabalhadas, para que

essas organizações possam avançar no processo de desenvolvimento

sustentável e elevem seu status socioambiental. Para isso, é preciso estimular

e fortalecer a sensibilidade dos líderes dessas organizações, de forma que

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possam oferecer o suporte e estímulo necessários uma educação ambiental

que ultrapasse as fronteiras das escolas e penetre no mundo industrial.

Uma educação ambiental que seja específica para as indústrias

químicas, que contemple a orientação e possa garantir o entendimento de

todos os níveis na organização quanto aos impactos ambientais que seus

empreendimentos possam causar, os seus efeitos à natureza e à sociedade

em geral, e os meios de controle e prevenção aplicáveis aos seus processos

visando o respeito ao meio ambiente.

Uma educação ambiental que oriente e direcione ao que é preciso fazer

a curto e médio prazos para enfrentar os desafios de modo a reverter as

tendências negativas do setor que impacta a sociedade moderna.

É necessário reduzir a complexidade dos sistemas de gestão existentes,

permitindo que todos os níveis da organização entendam, clara e

perfeitamente, o que é requerido deles como ações, para que possam aplicá-

las. Normalmente, a diversidade de procedimentos e normas implementados

gera uma complexidade que dificulta o entendimento, fazendo com que a

execução seja deficiente.

O objetivo da educação ambiental abordada no trabalho é desenvolver

uma organização consciente e preocupada com o meio ambiente, para atuar

individual e coletivamente na busca de soluções para os problemas do setor e

para a prevenção de novos problemas. Suas metas principais são as

seguintes:

• Tornar os indivíduos e grupos conscientes e sensíveis em relação ao

meio ambiente e aos problemas ambientais;

• Proporcionar conhecimentos sobre o meio ambiente, principalmente

quanto às influências das suas atividades;

• Promover valores e sentimentos que motivem os trabalhadores e os

grupos a se tornarem participantes ativos na defesa do meio

ambiente e na busca de soluções para os problemas ambientais;

• Proporcionar as habilidades que uma participação ativa requer;

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• Proporcionar condições para avaliar as medidas tomadas em relação

ao meio ambiente e aos programas de educação ambiental;

• Promover o senso de responsabilidade e de urgência com respeito

às questões ambientais que estimule as ações voltadas para resolvê-

las.

A educação ambiental deve estimular os trabalhadores a serem

portadores de soluções e não apenas de denúncias, embora estas devam ser

as primeiras atitudes diante dos desmandos socioambientais. Deve também

produzir mudanças nas suas próprias condutas, modificando, por exemplo,

seus hábitos de atuação.

O trabalho e os estudos de caso realizados procuraram mostrar os

pontos positivos e as fragilidades das organizações químicas e petroquímicas.

Procurou apresentar sugestões para mobilizar o setor no sentido de direcionar

os esforços para fortalecer ainda mais sua credibilidade, por meio da educação

ambiental, apesar de todo o avanço que tem sido realizado neste setor pioneiro

e de larga importância para a sociedade e o mundo moderno.

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APÊNDICE A

Questionário para os estudos de caso (Gerência)

“A Educação Ambiental na Empresa”

→Perguntas à Gerência

O objetivo deste questionário é avaliar a sua percepção com respeito à

Educação Ambiental como parte do SGA da empresa. Responda as afirmativas

abaixo de acordo com seu ponto de vista.

1) Razão Social da Empresa no Brasil:

2) Nome Corporativo:

3) Matriz da organização:

4) Produto(s) fabricado(s):

5) Faturamento Anual:

6) Lucro Líquido Anual:

7) Número de funcionários:

8) Número de Supervisores:

9) Número de Gerentes:

10) Número de Diretores:

11) Possui um departamento de Meio Ambiente?

12) Qual a estrutura do departamento?

13) A quem se reporta o responsável de Meio Ambiente?

14) A empresa é certificada ISO 14001?

15) Há quanto tempo?

16) A empresa é signatária do AR?

17) Desde quando?

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18) A empresa tem uma Política de Meio Ambiente?

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parte ( ) Discordo

totalmente

( ) Discordo parte

19) Essa Política, na sua visão, expressa o comprometimento da alta

gerencia com a melhoria contínua e o desempenho ambiental da

organização, e está claramente definida, documentada e divulgada para

todos os empregados.

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parte ( ) Discordo

totalmente

( ) Discordo parte

20) A organização já identificou suas atividades, produtos e serviços,

considerados críticos por poderem causar impactos ambientais adversos

ao meio ambiente.

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parte ( ) Discordo

totalmente

( ) Discordo parte

21) A regulamentação ambiental vigente está documentada e é

periodicamente atualizada e divulgada em toda a organização.

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parte ( ) Discordo

totalmente

( ) Discordo parte

22) A organização tem estabelecido seus objetivos e metas ambientais.

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parte ( ) Discordo

totalmente

( ) Discordo parte

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23) A organização implementou um programa de gestão de qualidade do ar,

agua e resíduos sólidos com instrumentos de monitoramento na sua

área de influencia.

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parte ( ) Discordo

totalmente

( ) Discordo parte

24) A organização realiza monitoramento de ar e água e os resultados são

sempre compatíveis com os padrões legais

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parte ( ) Discordo

totalmente

( ) Discordo parte

25) A organização tem um plano de racionalização de água e energia

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parte ( ) Discordo

totalmente

( ) Discordo parte

26) A organização mantém um inventário atualizado de todos os seus

resíduos e reduz continuamente a sua geração, ou procura reutiliza-los

e/ou recicla-los sempre que possível.

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parte ( ) Discordo

totalmente

( ) Discordo parte

27) O inventário de produtos perigosos é periodicamente atualizado e seu

manuseio, armazenamento e transporte ocorrem em conformidade com

os requisitos legais específicos.

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( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parte ( ) Discordo

totalmente

( ) Discordo parte

28) Existe treinamento dos empregados para isso

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parte ( ) Discordo

totalmente

( ) Discordo parte

29) A organização vem alocando, periodicamente, recursos financeiros e/ou

físicos, ou humanos para investir na melhoria do meio ambiente.

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parte ( ) Discordo

totalmente

( ) Discordo parte

30) A Gerência sabe quanto se investe em Meio Ambiente anualmente.

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parte ( ) Discordo

totalmente

( ) Discordo parte

31) A organização atribui responsabilidades ambientais aos seus

empregados.

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parte ( ) Discordo

totalmente

( ) Discordo parte

32) A avaliação de desempenho de seus gerentes e líderes inclui requisitos

da qualidade ambiental.

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( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parte ( ) Discordo

totalmente

( ) Discordo parte

33) A organização investe continuamente em programas de treinamento e

no processo de conscientização ambiental de seus empregados.

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parte ( ) Discordo

totalmente

( ) Discordo parte

34) A organização tem um sistema de comunicação interna de meio

ambiente de modo que os objetivos e metas ambientais e os planos da

organização são conhecidos por todos os empregados.

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parte ( ) Discordo

totalmente

( ) Discordo parte

35) Existe um procedimento especifico que regulamenta o processo de

comunicação da organização com a comunidade, clientes, fornecedores

e órgãos do governo, no que se refere aos assuntos de meio ambiente.

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parte ( ) Discordo

totalmente

( ) Discordo parte

36) A organização mantém um sistema de informações atualizado e um

manual de SGA em cada setor da empresa.

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parte ( ) Discordo

totalmente

( ) Discordo parte

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37) Existem procedimentos e instruções de trabalhos específicos para todos

os processos, atividades e tarefas caracterizadas como ambientalmente

criticas para a organização.

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parte ( ) Discordo

totalmente

( ) Discordo parte

38) O plano de ação de emergência abrange ações para prevenir e

minimizar os impactos ambientais adversos.

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parte ( ) Discordo

totalmente

( ) Discordo parte

39) Existe treinamento periódico para todos os empregados em

emergências ambientais.

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parte ( ) Discordo

totalmente

( ) Discordo parte

40) A organização realiza medições e monitoramento periódicos do seu

desempenho ambiental para implementar ações corretivas e preventivas

que se façam necessárias para melhorar continuamente seus

resultados.

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parte ( ) Discordo

totalmente

( ) Discordo parte

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41) A organização realiza avaliações e auditorias periódicas do seu

desempenho ambiental.

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parte ( ) Discordo

totalmente

( ) Discordo parte

42) A organização revisa periodicamente sua política, objetivos e metas

ambientais, a partir dos resultados das medições, monitoramentos e das

avaliações ambientais.

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parte ( ) Discordo

totalmente

( ) Discordo parte

43) Existe treinamento para todos os empregados para prevenção de

acidentes com repercussões ambientais.

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parte ( ) Discordo

totalmente

( ) Discordo parte

44) A empresa já sofreu multas ambientais.

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parte ( ) Discordo

totalmente

( ) Discordo parte

45) A empresa tem uma boa imagem pela comunidade local.

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parte ( ) Discordo

totalmente

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( ) Discordo parte

46) Existe um projeto de Educação Ambiental na empresa.

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parte ( ) Discordo

totalmente

( ) Discordo parte

47) Todos os funcionários conhecem a sua estrutura e operação.

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parte ( ) Discordo

totalmente

( ) Discordo parte

48) O treinamento em Educação Ambiental é abrangente e aborda varias

disciplinas.

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parte ( ) Discordo

totalmente

( ) Discordo parte

49) Educação Ambiental é prioridade na empresa na empresa a frente de

questões econômicas.

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parte ( ) Discordo

totalmente

( ) Discordo parte

50) O Programa de Educação Ambiental está isolado da ISO 14001.

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parte ( ) Discordo

totalmente

( ) Discordo parte

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51) O Programa de Educação Ambiental não faz parte do Atuação

Responsável.

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parte ( ) Discordo

totalmente

( ) Discordo parte

52) O Programa de Educação Ambiental na empresa contribui

significativamente para a melhoria ambiental.

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parte ( ) Discordo

totalmente

( ) Discordo parte

53) Os funcionários são avaliados quanto a sua Educação Ambiental.

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parte ( ) Discordo

totalmente

( ) Discordo parte

54) Existem ações específicas que decorrem propriamente da educação

ambiental na empresa.

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parte ( ) Discordo

totalmente

( ) Discordo parte

55) A Educação Ambiental traz benefícios ambientais, econômicos e sociais

para a empresa.

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( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parte ( ) Discordo

totalmente

( ) Discordo parte

56) A ISO 14000 e o Atuação Responsável são suficientes para a excelência

ambiental, sendo que um Programa de Educação Ambiental é

desnecessário.

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parte ( ) Discordo

totalmente

( ) Discordo parte

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APÊNDICE B

Questionário para os estudos de caso (funcionários) “A Educação Ambiental na Empresa”

→Perguntas aos Funcionários

Responda as afirmativas abaixo de acordo com seu ponto de vista. O

objetivo deste questionário é avaliar a sua percepção com respeito à Educação

Ambiental como parte do SGA da empresa.

1) Tenho conhecimento do processo produtivo da minha empresa e das

empresas vizinhas, bem como dos produtos produzidos pelas mesmas.

( X ) Discordo totalmente. ( X ) Discordo pouco. ( X ) Concordo totalmente.

( X ) Concordo pouco.

2) As empresas do setor químico são responsáveis por uma parcela

significativa dos acidentes industriais e de processos de contaminação

ambiental.

( X ) Discordo totalmente. ( X ) Discordo pouco. ( X ) Concordo totalmente.

( X ) Concordo pouco.

3) O programa de gestão ambiental implantado pela empresa e a adesão ao

Programa Atuação Responsável e certificação por meio da NBR ISO 14.001

são suficientes para a excelência no desempenho ambiental.

( X ) Discordo totalmente. ( X ) Discordo pouco. ( X ) Concordo totalmente.

( X ) Concordo pouco.

4) Tenho acesso às informações sobre o desempenho ambiental da empresa

em que trabalho.

( X ) Discordo totalmente. ( X ) Discordo pouco. ( X ) Concordo totalmente.

( X ) Concordo pouco.

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5) Sou regularmente informado dos projetos voltados à melhoria ambiental da

empresa em que trabalho.

( X ) Discordo totalmente. ( X ) Discordo pouco. ( X ) Concordo totalmente.

( X ) Concordo pouco.

6) A empresa tem se empenhado na melhoria ambiental da região.

( X ) Discordo totalmente. ( X ) Discordo pouco. ( X ) Concordo totalmente.

( X ) Concordo pouco.

7) A empresa na qual trabalho vem gerenciando adequadamente os aspectos

ambientais provenientes de seu processo produtivo e das demais operações de

apoio.

( X ) Discordo totalmente. ( X ) Discordo pouco. ( X ) Concordo totalmente.

( X ) Concordo pouco.

8) A terceirização de serviços do setor químico e petroquímico compromete os

programas ambientais das empresas.

( X ) Discordo totalmente. ( X ) Discordo pouco. ( X ) Concordo totalmente.

( X ) Concordo pouco.

9) A empresa na qual trabalho possui programa intensivo de educação

ambiental.

( X ) Discordo totalmente. ( X ) Discordo pouco. ( X ) Concordo totalmente.

( X ) Concordo pouco.

10) Eu participo ativamente do programa de educação ambiental da empresa.

( X ) Discordo totalmente. ( X ) Discordo pouco. ( X ) Concordo totalmente.

( X ) Concordo pouco.

11) O programa de educação ambiental da empresa é excelente e eficaz e me

faz entender todos os impactos ambientais da empresa.

( X ) Discordo totalmente. ( X ) Discordo pouco. ( X ) Concordo totalmente.

( X ) Concordo pouco.

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12) O programa de educação ambiental da empresa é excelente e eficaz e me

faz entender os impactos ambientais externos a ela no meio em que vivo.

( X ) Discordo totalmente. ( X ) Discordo pouco. ( X ) Concordo totalmente.

( X ) Concordo pouco.

13) Os acidentes ambientais são amplamente divulgados a título de

aprendizado na minha empresa como parte do programa de educação

ambiental.

( X ) Discordo totalmente. ( X ) Discordo pouco. ( X ) Concordo totalmente.

( X ) Concordo pouco.

14) A empresa em que trabalho tem preocupação em me fazer entender os

requisitos legais quanto aos seus efluentes e emissões para a atmosfera em

conformidade com a lei.

( X ) Discordo totalmente. ( X ) Discordo pouco. ( X ) Concordo totalmente.

( X ) Concordo pouco.

15) A empresa vem realizando programas voltados à reciclagem de seus

resíduos, incentivando seus funcionários na prática desses programas como

parte da educação ambiental.

( X ) Discordo totalmente. ( X ) Discordo pouco. ( X ) Concordo totalmente.

( X ) Concordo pouco.

16) A empresa utiliza canais de comunicação adequados para divulgação dos

projetos e informações sobre o seu desempenho ambiental (jornais internos, e-

mails, home page,etc.) como parte do programa de educação ambiental.

( X ) Discordo totalmente. ( X ) Discordo pouco. ( X ) Concordo totalmente.

( X ) Concordo pouco.

17) O programa de educação ambiental me dá consciência das práticas do

programa atuação responsável.

( X ) Discordo totalmente. ( X ) Discordo pouco. ( X ) Concordo totalmente.

( X ) Concordo pouco.

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18) O programa de educação ambiental me dá consciência das práticas da

norma ISO 14001.

( X ) Discordo totalmente. ( X ) Discordo pouco. ( X ) Concordo totalmente.

( X ) Concordo pouco.

19) O programa de educação ambiental nos explica o que é e o que faz a

Cetesb.

( X ) Discordo Totalmente. ( X ) Discordo pouco. ( X ) Concordo totalmente.

( X ) Concordo pouco.

20) Eu freqüento assiduamente as palestras de educação ambiental.

( X ) Discordo totalmente. ( X ) Discordo pouco. ( X ) Concordo totalmente.

( X ) Concordo pouco.

21) É muito difícil aplicar na pratica o que aprendo nas palestras de educação

ambiental.

( X ) Discordo totalmente. ( X ) Discordo pouco. ( X ) Concordo totalmente.

( X ) Concordo pouco.

22) A Diretoria da empresa em que trabalho vem se empenhando em prol da

melhoria da educação ambiental.

( X ) Discordo totalmente. ( X ) Discordo pouco. ( X ) Concordo totalmente.

( X ) Concordo pouco.

23) Há pressão da comunidade local para melhoria do desempenho ambiental

na minha empresa.

( X ) Discordo totalmente. ( X ) Discordo pouco. ( X ) Concordo totalmente.

( X ) Concordo pouco.

24) Conheço todo o ciclo de vida do produto produzido pela minha empresa.

( X ) Discordo totalmente. ( X ) Discordo pouco. ( X ) Concordo totalmente.

( X ) Concordo pouco.

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154

25) Posso descrever todos os poluentes oriundos do processo de produção da

minha empresa.

( X ) Discordo totalmente. ( X ) Discordo pouco. ( X ) Concordo totalmente.

( X ) Concordo pouco.

26) Posso descrever o impacto ambiental de cada poluente oriundo do

processo de produção de minha empresa.

( X ) Discordo totalmente. ( X ) Discordo pouco. ( X ) Concordo totalmente.

( X ) Concordo pouco.

27) Posso descrever todos os resíduos sólidos gerados na operação da minha

empresa.

( X ) Discordo totalmente. ( X ) Discordo pouco. ( X ) Concordo totalmente.

( X ) Concordo pouco.

28) Conheço a destinação final dos resíduos gerados no setor o qual faço

parte.

( X ) Discordo totalmente. ( X ) Discordo pouco. ( X ) Concordo totalmente.

( X ) Concordo pouco.

29) Posso descrever o impacto ambiental da minha empresa na comunidade

onde ela está localizada.

( X ) Discordo totalmente. ( X ) Discordo pouco. ( X ) Concordo totalmente.

( X ) Concordo pouco.

30) O programa de educação ambiental na minha empresa é totalmente eficaz

e não há necessidade de melhorias.

( X ) Discordo totalmente. ( X ) Discordo pouco. ( X ) Concordo totalmente.

( X ) Concordo pouco.

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155

31) O programa de educação ambiental na minha empresa contempla a

orientação e garante o entendimento de todos os níveis da organização quanto

aos impactos ambientais que a empresa causa, os seus efeitos à natureza e a

sociedade em geral.

( X ) Discordo totalmente. ( X ) Discordo pouco. ( X ) Concordo totalmente.

( X ) Concordo pouco.

32) E educação ambiental na minha empresa reduz a complexidade das

práticas ambientais incluídas nos sistemas de gestão existentes, permitindo

que os níveis operativos das unidades de produção entendam claramente e

perfeitamente o que é requerido deles como ações:

( X ) Discordo totalmente. ( X ) Discordo pouco. ( X ) Concordo totalmente.

( X ) Concordo pouco.

33) A educação ambiental na minha empresa utiliza praticas no dia-a-dia, e o

aprendizado ocorre através do tempo, durante o decorrer do trabalho com

supervisão adequada ao invés de somente treinamento teórico:

( X ) Discordo totalmente. ( X ) Discordo pouco. ( X ) Concordo totalmente.

( X ) Concordo pouco.

34) O programa de educação ambiental na minha empresa tem como enfoque

principal às pessoas, sendo secundário os ganhos pela empresa:

( X ) Discordo totalmente. ( X ) Discordo pouco. ( X ) Concordo totalmente.

( X ) Concordo pouco.

35) O programa de educação ambiental na minha empresa me prepara

adequadamente para atuar responsavelmente no meu trabalho respeitando e

conservando o meio ambiente:

( X ) Discordo totalmente. ( X ) Discordo pouco. ( X ) Concordo totalmente.

( X ) Concordo pouco.

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36) O programa de educação ambiental da minha empresa me permite

entender os conceitos ambientais básicos e levar estes à comunidade onde

vivo:

( X ) Discordo totalmente. ( X ) Discordo pouco. ( X ) Concordo totalmente.

( X ) Concordo pouco.

37) Considero o conteúdo das palestras de excelente qualidade e essenciais

para o desempenho das minhas funções:

( X ) Discordo totalmente. ( X ) Discordo pouco. ( X ) Concordo totalmente.

( X ) Concordo pouco.

38) A sua participação nos eventos de educação ambiental é considerado

essencial pela Gerência:

( X ) Discordo Totalmente. ( X ) Discordo pouco. ( X ) Concordo totalmente.

( X ) Concordo pouco.

39) A realização de cursos e treinamentos na área ambiental é considerada

importante para ascensão profissional na empresa:

( X ) Discordo totalmente. ( X ) Discordo pouco. ( X ) Concordo totalmente.

( X ) Concordo pouco.

40) A empresa tem uma Política de Meio Ambiente:

( X ) Discordo totalmente. ( X ) Discordo pouco. ( X ) Concordo totalmente.

( X ) Concordo pouco.

41) Eu a conheço completamente:

( X ) Discordo totalmente. ( X ) Discordo pouco. ( X ) Concordo totalmente.

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APÊNDICE C

Percentagem de concordância com a eficiência dos programas de acordo com as áreas de pesquisa

TABELA 7: Percentagem de concordância com a eficiência dos programas de acordo

com as áreas de pesquisa. Percepção do

Risco Comunicação Gestão Ambiental Educação

Ambiental

Empresa A Gerentes 85 89 87 70 Funcionários 75 85 72 66

Empresa B Gerentes 100 100 100 86 Funcionários 90 73 78 78

Empresa C Gerentes 80 94 93 83 Funcionários 78 92 78 67