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1 CENTRO UNIVERSITÁRIO AUTÔNOMO DO BRASIL - UNIBRASIL GRADUAÇÃO EM JORNALISMO Evellyn Heloise Ezidio Por trás da arquibancada Uma websérie sobre o cotidiano das torcidas organizadas do Paraná CURITIBA 2016

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CENTRO UNIVERSITÁRIO AUTÔNOMO DO BRASIL - UNIBRASIL

GRADUAÇÃO EM JORNALISMO

Evellyn Heloise Ezidio

Por trás da arquibancada

Uma websérie sobre o cotidiano das torcidas organizadas do Paraná

CURITIBA

2016

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Evellyn Heloise Ezidio

Por trás da arquibancada

Uma websérie sobre o cotidiano das torcidas organizadas do Paraná

Trabalho de conclusão de curso para obtenção do título de graduação em Comunicação Social – Jornalismo, do Centro Universitário Autônomo do Brasil - UniBrasil.

Orientadora: Elaine Javorski.

CURITIBA

2016

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RESUMO

Este trabalho tem como objetivo criar uma reflexão a respeito da imagem das torcidas

organizadas perante a mídia e os espectadores em geral do futebol paranaense. Por

meio de uma análise de conteúdo quantitativa o presente estudo prevê compreender

de que maneira a mídia trabalha com a temática das torcidas organizadas. Após a

obtenção do resultado da pesquisa em questão, considerou-se necessário um registro

memorável e de acesso prático à sociedade de um material jornalístico, capaz de

mostrar a realidade vivida pelas torcidas organizadas, sem cair na estereotipação da

violência, ditada pela mídia e percebida durante o estudo. O principal objetivo do

trabalho é mostrar que as torcidas organizadas vivem para levar incentivo e apoio aos

times, bem como colaborar para uma possível mudança de paradigmas sobre a

temática.

PALAVRAS-CHAVE: Vídeo documentário; violência; torcida organizada;

estereótipos; jornalismo esportivo.

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SUMMARY

Cheerleaders beyond mere executors of shows in Brazil stands are responsible for

claim, collect and inspect the clubs and their boards. However, they are understood by

most of society, as a synonym for violence. This is mainly through sports news

coverage, which stopped, since the 90s, a decisive position in the marginalization of

these supporters process, the face of public opinion. Through a webdocumentário, this

work aims to present the actual understandings and work carried out by four main

cheerleaders of Paraná state. These being: Fúria Independente Paraná; Império

Alviverde; Torcida Falange Azul; Torcida Organizada Os Fanáticos. It also aims to

bring viewers the interest to know the reality lived within these entities, thus

demystifying the image marginalization of these recreational unions.

This work aims to create a reflection on the image of cheerleaders before the

paranaense media. Through a qualitative content analysis, the present study aims to

understand how the media works with the theme of cheerleaders. After obtaining the

results of the research in question, it was considered that a memorable record and

convenient access to the company of a journalistic material capable of showing the

reality experienced by organized twisted was necessary, without falling into the

stereotyping, dictated by the media that the entities in question are violent. The main

objective is to show that the cheerleaders live to bring encouragement and support

teams, as well as joy and entertainment into the Brazilian stadiums, and collaborate

on a possible change of stereotypical paradigms of the fans.

KEYWORDS: Video documentary; violence; cheerleading; stereotypes; sports

journalism.

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SOMMARIO

Cheerleaders al di là di meri esecutori di spettacoli in Brasile stand sono

responsabili della pretesa, raccogliere e controllare i club e le loro tavole. Tuttavia, essi

sono compresi dalla maggior parte della società, come sinonimo di violenza. Questo è

principalmente attraverso lo sport copertura di notizie, che si fermò, a partire dagli anni

'90, una posizione decisiva nella marginalizzazione di questi processi sostenitori, il

volto di opinione pubblica. Attraverso un webdocumentário, questo lavoro si propone

di presentare le intese attuali e le attività svolte da quattro cheerleaders principali di

stato del Paraná. Questi benessere: Fúria Independente Paraná; Império Alviverde;

Torcida Falange Azul; Torcida Organizada Os Fanáticos. Essa mira inoltre a portare

gli spettatori l'interesse a conoscere la realtà vissuta all'interno di queste entità,

demistificare così l'emarginazione immagine di queste unioni ricreative.

Questo lavoro si propone di creare una riflessione sull'immagine di cheerleaders

prima che i media Paranaense. Attraverso una analisi qualitativa dei contenuti, il

presente studio si propone di comprendere come i media lavora con il tema di

cheerleaders. Dopo aver ottenuto i risultati della ricerca in questione, si è ritenuto che

un record memorabile e un comodo accesso alla compagnia di un materiale

giornalistico in grado di mostrare la realtà vissuta dai organizzato contorto era

necessario, senza cadere nella stereotipizzazione, dettata dai media che le entità in

questione sono violente. L'obiettivo principale è quello di mostrare che le cheerleaders

vivono per portare le squadre incoraggiamento e di supporto, così come la gioia e

divertimento negli stadi brasiliani, e collaborare su un possibile cambiamento di

paradigmi stereotipati dei tifosi.

PAROLE CHIAVE: documentario video; violenza; cheerleading; stereotipi;

giornalismo sportivo.

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O futebol é o ópio do povo e o narcotráfico da mídia.

Millôr Fernandes

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1: TEMÁTICA DAS MATÉRIAS ENVOLVENDO TORCIDAS......... 26

GRÁFICO 2: MATÉRIAS GERAIS.................................................................... 26

GRÁFICO 3: MATÉRIAS NEGATIVAS............................................................. 27

GRÁFICO 4: MATÉRIAS POSITIVAS.............................................................. 27

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: LOGOTIPO DA TORCIDA ORGANIZADA OS FANÁTICOS.......... 13

FIGURA 2: LOGOTIPO DA TORCIDA IMPÉRIO ALVIVERDE......................... 14

FIGURA 3: LOGOTIPO DA TORCIDA FÚRIA INDEPENDENTE...................... 14

FIGURA 4: LOGOTIPO DA TORCIDA FALANGE AZUL.................................. 14

FIGURA 5: LOGO DO PROGRAMA TORCEDOR LEGAL............................... 18

FIGURA 6: LISTA DE AÇÕES SOCIAIS DE TORCIDAS ORGANIZADAS....... 18

FIGURA 7: GRÁFICOS DE RESPOSTAS – PESQUISA DE CAMPO............... 32

FIGURA 8: OPINIÕES APRESENTADAS – PESQUISA DE CAMPO.............32

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LISTA DE SIGLAS

FIP Fúria Independente Paraná

IAV Império Alviverde

TFA Torcida Falange Azul

TOF Torcida Organizada Os Fanáticos

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LISTA DE ANEXOS

ANEXO 1: RESULTADO QUESTIONÁRIO – PESQUISA DE CAMPO ............47

ANEXO 2: RESULTADO QUESTIONÁRIO – PESQUISA DE CAMPO ............48

ANEXO 3: RESULTADO QUESTIONÁRIO – PESQUISA DE CAMPO ............48

ANEXO 4: RESULTADO QUESTIONÁRIO – PESQUISA DE CAMPO ............49

ANEXO 5: RESULTADO QUESTIONÁRIO – PESQUISA DE CAMPO ............49

LISTA DE TABELAS

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TABELA 1: PESQUISA QUALITATIVA – ANÁLISE DE CONTEÚDO – GLOBO

ESPORTE PARANÁ ...................................................................................... 20

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13

2 TEMA E PROBLEMA ............................................................................................. 15

2.1 FUTEBOL E TORCIDA ORGANIZADA NO BRASIL ...................................15

2.2 FUTEBOL E TORCIDA ORGANIZADA NO PARANÁ ..................................17

2.3 O PAPEL DO ESTADO E DA MÍDIA NO CONTROLE DA VIOLÊNCIA DENTRO

DOS ESTÁDIOS DE FUTEBOL ......................................................20

2.4 O PROJETO DE REESTRUTURAÇÃO DAS TORCIDAS ORGANIZADAS DO

PARANÁ ................................................................................................................... 24

2.5 AS TORCIDAS ORGANIZADAS E SUAS TEMÁTICAS NA MÍDIA

PARANAENSE.......................................................................................................... 26

3 OBJETIVOS .......................................................................................................... 36

3.1 OBJETIVO GERAL .............................................................................................. 36

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................... 36

4 JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 37

4.1 TORCIDA, MÍDIA E VIOLÊNCIA ......................................................................... 38

5 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................... 42

5.1 O JORNALISMO E SEUS AGENTES ..........................................................42

5.2 JORNALISMO ESPORTIVO .......................................................................44

5.3 AGENDA-SETTING ............................................................................................ 47

5.4 PRODUÇÃO DOCUMENTÁRIA ......................................................................... 49

6 METODOLOGIA DE PESQUISA ...................................................................50

6.1 IMPORTÂNCIA DOS ESTUDOS JORNALÍSTICOS ............................................50

6.2 ANÁLISE DE CONTEÚDO ........................................................................51

7 DELINEAMENTO DO PRODUTO..................................................................52

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................... 55

9 REFERÊNCIAS ......................................................................................................56

10 CRONOGRAMA....................................................................................................53

11 ANEXOS ..............................................................................................................54

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1. INTRODUÇÃO

A presente websérie – disponível diretamente no site do produto:

www.portrasdaarquibancada.com -, busca compreender a representação na mídia e

a interferência que a mesma possui no dia a dia das torcidas organizadas do Paraná.

Para isso, como primeiro passo foi realizado um levantamento histórico de

como surgiram as torcidas organizadas no Brasil. Os registros dataram que foi em

meados do ano de 1942, por intermédio de Jaime Rodrigues de Carvalho. Inicialmente

as torcidas organizadas eram compostas por pequenos grupos com um torcedor

representante principal, chamado torcedor-símbolo. Este detinha o comando sobre os

demais e eram vinculados aos clubes, além de possuírem a tarefa de manter os

demais torcedores sob disciplina severa. No entanto, apesar de o objetivo das torcidas

organizadas ser de entretenimento e lazer, com o passar dos anos as torcidas foram

moldando-se à novos padrões e questões sociais conforme a situação que as

rodeava. Exemplo disso temos a Ditadura Militar que empregou grande influência no

comportamento das torcidas organizadas na época em que ocorreu. À época foi o

início da participação dessas agremiações em episódios de violência. Por conta disso,

ainda existe um pré-conceito de que as torcidas organizadas são apenas para realizar

badernas, arruaças e instigar a hostilidade.

Em um segundo momento, para buscar o objetivo deste trabalho, foi realizada

uma análise de conteúdo quantitativa do programa Globo Esporte Paraná. Em

paralelo com a pesquisa, foi realizada a gravação de uma websérie, separa em quatro

capítulos, sobre a realidade das principais torcidas organizadas do Paraná, que são

elas: Fúria Independente (Paraná Clube); Império Alviverde (Coritiba); Falange Azul

(Londrina); Os Fanáticos (Atlético Paranaense). A websérie serviu para fundamentar

a crença de que as torcidas organizadas não são compreendidas em sua real função

dentro da mídia esportiva.

Após a obtenção dos resultados da pesquisa e a soma da conclusão das

gravações e acompanhamentos das torcidas organizadas, foi realizada uma reflexão

para buscar compreender a representação na mídia e a interferência que a mesma

possui no dia a dia das torcidas organizadas do Paraná. Pois, considerou-se que o

espaço dedicado à essa temática nos veículos de comunicação é pequeno, e quando

aparente é estereotipado como violento. Apesar de realmente possuírem tais

ocasiões, assim como as próprias admitem, as torcidas não existem para instigar tais

atos. Então, o trabalho apresentado visa por meio da websérie gravada demonstrar a

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realidade vivida pelas torcidas organizadas do Paraná, apresentando sua rotina e

ações positivas que são realizadas a fim de apresentar sua real beleza, influência e

importância dentro do futebol brasileiro.

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2. TEMA E PROBLEMA

2.1. Futebol e torcida organizada no Brasil

No Brasil, segundo Bellos (2002), o futebol começou a ser praticado em

1894, quando filhos de nobres residentes no país trouxeram o esporte após suas

viagens pela Europa. Apesar de o início do esporte ter acontecido por meio

daqueles que detinham o maior poder aquisitivo da época, hoje o esporte é

popularmente jogado em qualquer canto do país e contribui para a identidade

social do brasileiro1.

Com sua popularidade, o futebol trouxe seguidores, fãs, torcedores, que

oferecem tempo e dinheiro em dedicação a sua paixão, um time de futebol.

Segundo Murad (2012, p.88), as primeiras organizações de fanáticos por futebol

no Brasil surgiram com a Charanga Rubro-Negra, do Clube de Regatas do

Flamengo, em 1942, por Jaime Rodrigues de Carvalho; com a Torcida

Uniformizada do São Paulo, entre 1960 e 1970, por Laudo Natel, e Manoel

Porfírio da Paz, em 1940. Todas elas por influência das charangas2.

Segundo Hansen (2007, p. 01), as torcidas organizadas, em seu início,

eram pequenos grupos com um torcedor principal, chamado torcedor-símbolo,

que detinha o comando sobre os demais. Na época, esses líderes, geralmente,

eram vinculados aos clubes e possuíam a tarefa de manter os torcedores sob

disciplina severa. O trabalho do torcedor era estreitamente apoiar o time e jamais

ver os adversários como inimigos. Porém, isso obteve mudanças.

Conforme a prática social do futebol foi se tornando popular, a rivalidade

entre clubes passou a fazer parte do meio. Assim como explica Campos (2006,

p.36), os indivíduos que possuem representações sociais em comum formam

uma torcida, por exemplo, um grupo de pessoas que simpatize com determinado

1 No livro “Para entender: A violência no futebol”, Mauricio Murad (2012, p.19) esclarece que o

futebol pode ser considerado parte da história da luta social brasileira: “Sem dúvida, é uma das identidades coletivas brasileiras mais pregnantes. Sendo assim, o futebol, além de esporte, é um caminho para se entender o próprio país, no que ele tem de “BOM” e de “RUIM”. ”. 2 Segundo o dicionário Aurélio, charanga significa: 1. Conjunto de músicos que tocam

principalmente instrumentos metálicos de sopro. 2. Música ou conjunto musical que é barulhento ou desafinado.

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time formará uma torcida, por menor que seja a quantidade de integrantes. Logo,

esses grupos com características e opiniões semelhantes irão possuir negação

a outros times, principalmente os rivais, justamente por compartilharem da

mesma opinião.

O torcedor não é completamente racional, não enxerga os fatos com imparcialidade, pois a paixão pelo seu time o impede. Desta forma, rejeita tudo que não seja ligado ao seu clube, principalmente os outros times, pelos quais às vezes chega a cultivar ódio (ibid).

Inicialmente, as torcidas eram conhecidas por organizar grandes

espetáculos nas arquibancadas, que tiveram grande influência do universo

carnavalesco e musical brasileiro, porém, apesar de caracterizarem-se como

algo atrelado ao carnaval3 brasileiro, as organizações de torcedores já

apresentavam episódios violentos desde seus primórdios.

Na origem carnavalizadas, as torcidas marcavam sua atuação com cânticos, cores, alegorias e festejos. Foi nessa conjuntura que as relações entre futebol e música popular no Brasil se intensificaram, aprofundaram-se. Nas primeiras décadas, até mais ou menos início dos anos 1970, havia alguns conflitos, sim, entre as torcidas, mas eram localizados, pontuais. O que predominava era um cenário de sociabilidade quase familiar. (MURAD, 2012, 88)

Assim como descrito na citação acima, os primeiros conflitos entre

torcidas organizadas deram-se no início dos anos de 1970. Porém, nessa época,

no Brasil, acontecia um dos mais importantes momentos da história política do

país, a ditadura militar. Além de, é claro, a Copa do Mundo de 1970.

Com a chegada desses momentos, torcedores extremados, radicais e

suas práticas violentas começaram a invadir as arquibancadas. E, por

consequência, não demorou muito para que tais comportamentos tomassem as

páginas policias. Por mais alarmante e rápida que foi a ação desses grupos, com

questões de violência dentro dos estádios, nada foi feito por parte das forças de

segurança para neutralizar essas atitudes (ibid).

3 Para o dicionário Aurélio, carnaval é: 1 Período de festas profanas de origem medieval,

compreendido entre o dia de Reis e a quarta-feira de Cinzas. 2 Período que compreende os três dias que precedem a Quaresma. 3 Conjunto de brincadeiras e festejos que ocorrem nesses dias. 4 Grande divertimento ou festa.

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Assim, segundo Pimenta (2016, p.123), o surgimento dessa nova

configuração de torcedor, com características organizativas extremistas, deu o

início das denominadas ‘torcidas organizadas’.

De carnavalizadas, as torcidas passaram a ser e a atuar como coletivos militarizados, seguindo doutrinas e os padrões do militarismo então vigente, que aparecia em quase toda a sociedade, mesmo quando de modo indireto. O futebol e as torcidas organizadas não ficaram fora desse jogo político. (MURAD, 2012, p. 90)

Após a conquista da Copa do Mundo de 1970, o Brasil passou a ter seu

futebol internacionalizado, evoluído, e da mesma maneira, as torcidas evoluíram

e viraram grandes instituições. Hansen (2007, p.2) cita que a evolução das

torcidas organizadas extinguiu o torcedor-símbolo, e em seu lugar, na nova

configuração, a peça principal da torcida foi denominada de presidente.

Mesmo com a nova configuração estrutural, as torcidas ainda mantinham

seu principal objetivo de incentivar e apoiar seu time.

2.2. Futebol e torcida organizada no Paraná

No Paraná, segundo a Federação Paranaense de Futebol, atualmente,

existe trinta e três times de futebol profissional, credenciados e oficializados pela

entidade, no estado. Dentre esses, os mais numerosos e com maior

representatividade no futebol paranaense: Clube Atlético Paranaense, Coritiba

Foot Ball Club, Paraná Clube e Londrina Esporte Clube. Todos com suas torcidas

organizadas, oficializadas e reconhecidas pelos clubes respectivamente:

Associação Recreativa Torcida Organizada Os Fanáticos

(TOF), criada em 1977 e representa os torcedores do Atlético Paranaense. É

considerada a principal torcida organizada do time. A Associação Recreativa

Torcida Organizada Os Fanáticos foi fundada em 24 de outubro de 1977 e teve

a sua estreia na partida entre Atlético Paranaense e Brasília, no Estádio Couto

Pereira, no dia de sua criação. Segundo o site

www.furacao.com/torcida/fanaticos4, a torcida é representada pela imagem de

4 Principal site de notícias sobre o Atlético Paranaense não oficial. Feito por torcedores.

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uma caveira, o slogan é "Atlético até a morte" e os torcedores ocupam dentro da

Arena do Atlético5, a área denominada como Buenos Aires Inferior.

FIGURA 1 – LOGOTIPO DA TORCIDA ORGANIZADA OS FANÁTICOS

Grêmio Recreativo Torcida Organizada Império Alviverde

(IAV), também criada em 1977, é a principal torcida representante do Coritiba.

Segundo o site www.imperioalviverde.com.br/quem_somos6, a torcida foi

fundada por Luiz Stellfeld, o Grêmio Recreativo Torcida Organizada Império

Alviverde, tem como alguns de seus objetivos proporcionar o entretenimento na

arquibancada, incentivar, fiscalizar, cobrar e zelar pelo clube.

FIGURA 2 – LOGOTIPO DA TORCIDA ORGANIZADA IMPRÉRIO ALVIVERDE

Torcida Fúria Independente (FIP), criada em 1993, representa os

torcedores do Paraná Clube. Como descrito no

www.paranaclube.com.br/torcida_furiaindependente7, a principal torcida do

Paraná Clube foi criada em 29 de Setembro de 1993, após a fusão entre as

torcidas “Fúria Tricolor” e “Independente Paranista”.

5 Conhecida anteriormente como Arena da Baixada, a Arena Atlético Paranaense tem

capacidade para 43.000 e foi uma das sedes da Copa do Mundo, no Brasil, em 2014. 6 Site oficial da Torcida Império Alviverde. 7 Site oficial da torcida Fúria Independente

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FIGURA 3 – LOGOTIPO DA TORCIDA FÚRIA INDEPENDENTE

Grêmio Recreativo Torcida Organizada Escola de Samba

Falange Azul, criada em 1992, representa os torcedores do Londrina. A Falange

Azul surgiu em 05 de Fevereiro de 1992. Assim como descrito no site

www.falangeazul.com.br8, o principal lema da entidade é “apoio total e

incondicional ao Londrina Esporte Clube a única razão de nossa existência”.

FIGURA 4 – LOGOTIPO DA TORCIDA FALANGE AZUL

Apesar de apresentarem grandes espetáculos nas arquibancadas, as

principais torcidas organizadas do Paraná já presenciaram, também, inúmeros

casos de confrontos violentos. Dois deles, muito marcantes. O primeiro, no ano

de 2009 quando a torcida organizada do Coritiba invadiu o Estádio Couto

Pereira9 e fez do gramado um campo de guerra no estádio. Como segundo

exemplo, temos a briga entre a torcida do Atlético Paranaense e a do Vasco da

Gama10, na cidade de Joinville, em Santa Catarina, no ano de 2013. As duas

torcidas entraram em confronto nas arquibancadas do estádio.

Não foram apenas esses dois casos, porém, devido à suas grandes

repercussões nas mídias nacionais, destacam-se entre os outros que também já

8 Site oficial da torcida Falange Azul 9 Matéria produzida pelo jornalista Eduardo Luiz Klisiewicz, ao site globoesporte.com. Coxa é rebaixado para a 2ª divisão e torcida promove quebra-quebra. 2009. Disponível em: <http://www.gazetadopovo.com.br/esportes/coxa-e-rebaixado-para-a-2-divisao-e-torcida-promove-quebra-quebra-byzwwnlsbxyih2e5swkz6u7gu>. Acesso em: 02 mar. 2016 10 Matéria produzida pelo site globoesporte.com. Briga generalizada de torcidas deixa quatro feridos na Arena Joinville. Disponível em: <http://globoesporte.globo.com/futebol/brasileirao-serie-a/noticia /2013/12/briga-na-arquibancada-paralisa-jogo-entre-furacao-e-vasco.html>. Acesso em: 09 mar. 2016.

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foram registrados pelos estádios paranaenses. Assim como iremos demonstrar

na análise de conteúdo qualitativa, presente no próximo tópico deste trabalho,

que realizamos de um programa televisivo de esportes de maior audiência no

Paraná. Porém, nenhum destes episódios de violência possuíram a mesma

intensidade que os citados acima.

O principal fator que desencadeia as brigas entre esses grêmios

recreativos são as chamadas “alianças” entre torcidas organizadas. No jargão

popular, a ideia de “aliança” significa que as torcidas se tornam inimigas.

Exemplificando isso, temos a torcida do Atlético Paranaense e a do Coritiba, que

são rivais por serem as duas maiores torcidas do estado e da cidade de Curitiba.

Além, é claro, de serem as torcidas dos dois principais, e mais conhecidos, times

do Paraná, tanto no Brasil, quanto no mundo. Ambas se envolvem em inúmeros

confrontos pela capital do estado nos dias de jogo.

Como há rivalidade entre as duas torcidas hoje, os torcedores acabam

brigando entre si, tomando a rivalidade uma da outra. A exemplo disso, temos a

torcida do Londrina, Falange Azul, aliada da torcida do Atlético Paranaense.

Essa aliança, trouxe para a torcida londrinense a mesma rivalidade da torcida

atleticana, por isso, em muitos casos já registrados, a torcida do Londrina acabou

entrando em confronto com a torcida do Coritiba.

Numa partida válida pelo Campeonato Paranaense de 2015, o Coritiba foi

a Londrina11, enfrentar o time da casa. Porém, nas arquibancadas, as torcidas

entraram em confronto. Na ocasião, alguns torcedores do Coritiba invadiram o

local onde estava a torcida organizada do Londrina. Em seguida, uma confusão

generalizada tomou conta do estádio.

2.3. O papel do Estado e da mídia no controle da violência dentro

dos estádios de Futebol

Em boa parte dos casos de violência nos estádios, políticas públicas foram

aplicadas com o objetivo de repreender tais atos. No Paraná, antes de todos os

clássicos, a Polícia Militar realiza uma reunião com dirigentes e assessores dos

11 Matéria produzida pelo jornalista André Bueno, ao jornal O Bonde. Torcida do Coritiba chega atrasada e briga no Café. Disponível em: <http://www.bonde.com.br/?id_bonde=1-52--28-20140309>. Acesso em: 09 mar. 2016.

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clubes, com membros das torcidas organizadas e representantes do governo

para estabelecer as medidas de segurança que farão parte do evento (SANTOS,

2016). Nesta reunião fica definida qual será a atenção dada à segurança pública

estadual, geralmente mediante a um policiamento reforçado, além de uma

escolta das torcidas e dos times até o estádio onde será realizada a partida. É

definido, também, se haverá um reforço no patrulhamento em toda a cidade de

realização do jogo.

Porém, sabemos que, efetivamente, não cabe apenas ao Estado e suas

forças realizar o controle da violência dentro dos estádios. Evidentemente, é

dever dos governos garantir a segurança de todos os frequentadores de eventos

culturais e esportivos nas cidades, como está assegurado na missão da

Comissão Paz no Esporte, do Governo Federal12. Mas, uma ação conjunta entre

times de futebol, torcidas organizadas, governos e mídia poderia resolver a

questão da violência dentro e fora dos estádios brasileiros. Como afirma Murad

(2012), “é preciso buscar a definição de políticas públicas de segurança em

diversos ambientes - algo que poderia ocorrer em qualquer outro cenário cultural

e social” (p. 13).

Apesar das efetivas atitudes tomadas por parte das polícias militares,

guardas municipais e representantes de clubes e torcidas, a realidade é

completamente diferente do que é apresentado nas reuniões antes dos

clássicos. Onde aparentemente tudo ocorrerá bem e pacificamente. Em uma

pesquisa realizada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em

2009, ao longo de dez anos, desde 1999, 42 torcedores foram mortos em jogos

de futebol, deixando o Brasil com o título de campeão em mortes de torcedores,

ficando atrás de Itália e Argentina (HORA, 2016). O resultado é alarmante, pois

da data da pesquisa até a atualidade da execução deste trabalho, são sete anos

de diferença, o que nos faz ter uma interpretação considerável de que esse

número é superior a 42 mortes.

12 A Comissão Paz no Esporte nasceu por meio de um decreto do ex-presidente da república

Luis Inácio Lula da Silva, no ano de 2004. Originalmente a comissão é conhecida por Comissão Nacional de Prevenção da Violência para a Segurança dos Espetáculos Esportivos, e tem como sua missão preservar o espetáculo, garantindo a segurança e o direito à cidadania. Disponível em: <http://www2.esporte.gov.br/arquivos/institucional/relatorioFinalPazEsporte.pdf>. Acesso em: 27 mar. 2016.

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Mas, infelizmente, o que ocorre na prática, também, é que as próprias

autoridades de polícia e governo criam um pré-conceito contra as torcidas

organizadas, remetendo à suas características o vandalismo, a destruição aos

patrimônios, e que servem apenas para badernas. Deixando assim, um

estereótipo desses representantes, e que, infelizmente é alimentado pela mídia.

Assim como comentou o jornalista esportivo Osvaldo Pascoal13, do canal

televisivo pago FOX Sports, durante a discussão sobre a violência entre torcidas

organizadas de São Paulo, ocorrida em uma partida de futebol, em que o

profissional cita que clubes, polícia e entidades governantes têm medo das

torcidas organizadas, por isso não realizam medidas mais drásticas contra os

atos de violência.

“Vou dizer para vocês o que está errado. Sabe o que está errado? É o medo. O medo que o presidente do Corinthians tinha da torcida organizada. O medo que o presidente do Palmeiras tem da torcida organizada. Todos eles têm medo. O medo que o desembargador, o medo que o policial, o medo de quem promove ação contra esses caras, porque eles estão em bando, eles estão em grupos. E, se você perguntar pra qualquer pessoa, eles vão dizer assim: ‘Não, mas esses meninos aqui são trabalhadores. Eles saem sete horas da manhã de casa e volta às dez da noite. Só que quando ele se reúne com a torcida, ele se transforma em um vândalo, em um cidadão deste porte.’. Eu não sou policial, não tenho formação pra isso, mas penso que este é o perfil psicológico do torcedor organizado. Quando ele se reúne em bando ele se transforma. Claro que existem os maus elementos nas organizadas, a polícia sabe disso, aliás a polícia sabe até quem é e, quem está ligado à o quê dentro da facção do crime. A polícia sabe, mas finge que não sabe! ”14

Porém, a principal pergunta que fica para nossas considerações é: De que

maneira esses agentes podem unir-se para realizar políticas de pacificação entre

torcedores?

Algumas medidas já foram empregadas pelas políticas públicas, porém

pouco efetivas. Situações como cadastramento de torcedores organizados, tanto

pelos clubes quanto pelas entidades. Como é o caso do programa Torcedor

Legal, do Ministério do Esporte. Criado em 2011, o programa tem como objetivo

13 Matéria veiculada na rede televisiva FOX Sports. ‘Clubes e Polícia têm medo das torcidas organizadas’ diz Osvaldo Pascoal. Disponível em: <http://www.foxsports.com.br/videos/396297283752-clubes-e-policia-tem-medo-das-torcidas organizadas-diz-osvaldo-pascoal> 14 Citação íntegra do jornalista esportivo Osvaldo Pascoal, retirada do vídeo da rede televisiva

FOX Sports. Disponível em: <http://www.foxsports.com.br/videos/396297283752-clubes-e-policia-tem-medo-das-torcidas organizadas-diz-osvaldo-pascoal>

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a prevenção da violência nos espetáculos esportivos, por meio de um conjunto

de iniciativas para melhorar as condições de segurança o conforto do público

nos estádios de futebol, no Brasil.

FIGURA 5 – LOGO DO PROGRAMA TORCEDOR LEGAL

Para efetuar tais ações, o programa visava realizar o cadastramento dos

torcedores que frequentassem estádios de futebol, bem como os torcedores

organizados, na promoção da paz no futebol. Além de oferecer dados oficiais

das torcida organizadas, como ações sociais, senso de torcedores e etc.

FIGURA 6 – LISTA DE AÇÕES SOCIAIS DE TORCIDAS ORGANIZADAS

Porém, após ser apresentado na cidade de Curitiba, capital do Paraná, no

mesmo ano de sua criação, o programa não teve andamento.

Outo viés a se considerar, parte do fato de que, sabendo que futebol é

paixão e paixão mexe com as emoções do torcedor, podemos aqui, descrever

uma possível solução, em que podemos usar da figura do jogador de futebol,

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como representante dos times para esta ação. Já que os jogadores são vistos

como heróis para os torcedores. É o jogador quem irá salvar ou afundar o time.

É ele quem levará a alegria ou a tristeza que alimentará a emoção – em questão

– do torcedor. Assim, utilizando-se dessa imagem, e também, com o auxílio das

políticas públicas governamentais, o time poderá ser um dos condutores de

campanhas em prol ao combate à violência dentro e fora dos estádios. Para isso,

empreender medidas sociológicas-educativas, por meio dos jogadores como

figuras principais e exemplares em campanhas publicitárias e sociais, seria uma

das principais saídas, e uma das mais viáveis, para ter efetividade neste

trabalho.

Em uma entrevista concedida à revista Exame, o sociólogo Maurício

Murad comentou sobre quais medidas, em seu ponto de vista, poderiam ser

efetivas no combate a violência nos estádios. “Precisa primeiro punir, acabar

com a morosidade da Justiça, depois preparar a polícia para lidar com multidões

e aí fazer a reeducação pedagógica do torcedor. Falta vontade política para

resolver", diz. “Murad vê também necessidade de mudança na segurança dos

estádios - dentro ficariam os agentes privados, e fora, a polícia militar.”

(MENDONÇA, 2016).

Já a reeducação tem a ver com políticas públicas, esforços

institucionais, campanhas permanentes, sistemáticas e interligadas,

visando à mudança de valores, comportamentos e mentalidades,

mesmo que parcial e alcançada só no longo prazo. (MURAD, 2012,

p.27)

Seguindo a linha de raciocínio do sociólogo, além das medidas

socioeducativas empregadas pelas políticas públicas com o apoio dos times, a

reeducação partindo dos próprios torcedores já tem sido empregada por meio de

uma reestruturação de suas entidades.

2.4. O projeto de reestruturação das torcidas organizadas do

Paraná

Provando o contrário das afirmações sobre como as torcidas organizadas

são violentas e incitam a mesma, algumas das torcidas paranaenses estão

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modernizando-se e procurando transmitir uma nova imagem de si mesmas. Para

isso, as torcidas organizadas estão realizando uma reestruturação em suas

entidades.

Explicando, em linhas gerais, o projeto tem a intenção de diminuir os

episódios de ódio e violência dentro da torcida, colocando-se assim, a função

dessa entidade apenas para lazer e execução de confraternizações dentro das

arquibancadas.

No site oficial da torcida Império Alviverde15, é possível encontrar em meio

às descrições da entidade o seguinte trecho:

Queremos mostrar que torcida organizada não é o que a mídia insiste em dizer de forma sensacionalista. Toda a instituição é vulnerável, existem erros e minorias de má conduta, mas preferimos priorizar e enaltecer as coisas boas que infelizmente não são divulgadas pela mídia. Ações estas que corresponde a maioria absoluta dentro de qualquer instituição. Assim a Torcida Organizada Império Alviverde vem fazendo o seu papel na arquibancada e na sociedade, vibrando, torcendo e empurrando o Coritiba na busca pela vitória, seja aonde for16.

Utilizando tal citação como exemplo, é possível perceber que existe, sim,

a real preocupação das torcidas em transmitir para a população seus verdadeiros

objetivos, não apenas de que são entidades envolvidas em confusões e que

incitam a violência.

Como principal exemplo da execução deste projeto de reeducação das

torcidas organizadas, atualmente, temos no Paraná a torcida do Londrina

Esporte Clube, denominada Falange Azul, que vem realizando ações para

reeducar as atitudes de seus torcedores dentro da entidade. Dessa forma,

recadastramentos de todos os participantes da entidade para analisar seus

antecedentes criminais, bem como suas condições comportamentais perante a

torcida, são realizados. Além disso, a torcida Falange Azul realiza ações de

cunho caridoso como arrecadar mantimentos e afins para distribuição em

entidades carentes. Outro quesito interessante de se ressaltar no trabalho desta

torcida é a Bateria Mirim. Nela crianças e adolescentes são convidados a

participar dos ensaios da bateria da torcida organizada, em que aprendem a

15 Torcida representante do Coritiba Foot Ball Club 16 Império Alviverde. História. Disponível em: <http://www.imperioalviverde.com.br/historia.html>. Acesso em: 11 de maio de 2016.

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tocar os instrumentos e músicas da torcida. A ideia principal desta ação é trazer

o ambiente familiar para mais próximo da torcida, como era nos tempos antigos,

onde os domingos à tarde as diversões em família eram nos estádios.

2.5. As torcidas organizadas e suas temáticas na mídia paranaense

Pouco se conhece do desejo das torcidas organizadas em transmitir uma

boa imagem de si, bem como dos conteúdos que elas oferecem ao restante dos

torcedores, aos jogadores e dirigentes dos clubes. Tudo o que sabemos é aquilo

que chega por intermédio dos meios midiáticos que, em sua maioria, mostram

as participações das torcidas nas arquibancadas, de uma maneira geral, durante

uma partida e os episódios de violência ocorridos dentro e fora dos estádios.

Para comprovar esta falha na transição de conteúdo dos meios midiáticos,

utilizaremos aqui, por meio de uma análise de conteúdo qualitativa, uma

avaliação de como o tema dos estereótipos das torcidas organizadas é tratado

na mídia. O método de pesquisa baseou-se na busca dos vídeos transmitidos

pelo programa Globo Esporte – Paraná17, com as seguintes tags: torcida

organizada; violência; torcida; torcedores. Os vídeos analisados datam desde o

ano de 2012 ao ano de 2016.

TABELA1

Título Palavra-

chave Data Link Duração

Confrontos entre torcedores

fora do Estádio marcaram o

Atletiba

Torcedores 23/02/2012 http://glo.bo/25FKA4K 00:01:16

Jogo entre Londrina e

Operário-PR termina em

confusão

Torcedores 08/04/2012 http://glo.bo/1Zph2oc 00:01:09

Polícia orienta torcedores do

Paraná a não usar camisa do

Torcedores 21/11/2012 http://glo.bo/1XuzQp9 00:02:14

17 Programa esportivo de maior audiência no estado do Paraná. Com 12,4 pontos de audiência, em média, segundo o site TV FOCO, em pesquisa realizada no ano 2013.

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time ao chegar ao

Ecoestádio

A torcida organizada do

Atlético vai ficar seis meses

afastada dos estádios

Torcida

organizada 10/02/2013 http://glo.bo/1UpVbJ8 00:03:26

Confusão e violência

mancham jogaço em

Londrina

Violência 04/03/2013 http://glo.bo/1WAZzeE 00:03:54

Esquema de segurança do

Atletiba do segundo turno

deve se repetir na final

Torcedores 02/05/2013 http://glo.bo/1sZ4KIC 00:01:33

Paraná Clube inova em

busca de melhor saúde

financeira

Torcida

organizada 23/08/2013 http://glo.bo/22G2y5s 00:03:00

Atletiba tem briga, 11 detidos

e líder de torcida preso com

arma, após jogo

Torcida 06/10/2013 http://glo.bo/1sZ8KJ8 00:02:15

Presidente de torcida

organizada do Atlético-PR

briga em Atletiba

Torcida

organizada 07/10/2013 http://glo.bo/1r7NdNb 00:00:16

Confusão em Joinville

mancha o fim do

Brasileirão

Torcedores 09/12/2013 http://glo.bo/22H8SK4 00:04:15

Atlético quer identificar e

punir os envolvidos na briga

entre torcidas organizadas

Torcedores 09/12/2013 http://glo.bo/1VG652K 00:02:34

O projeto "Torcida Legal"

ainda não saiu do papel Torcedores 17/12/2013 http://glo.bo/1TQmzk3 00:02:32

Operação "Cartão Vermelho"

prende nove torcedores

atleticanos

Torcedores 19/12/2013 http://glo.bo/25Hx4RB 00:02:22

Torcedores do Londrina

invadem campo após derrota Torcedores 10/02/2014 http://glo.bo/1sZ3Lbx 00:00:41

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Violência marca despedida

do Londrina na Série D Violência 03/11/2014 http://glo.bo/1stwJQK 00:02:53

Coritiba x Fluminense 2009:

Confusão no Couto Pereira Torcida 04/11/2014 http://glo.bo/1styAoE 00:02:57

Londrina convoca imprensa

para explicar confusão Violência 05/11/2014 http://glo.bo/1U7hIP9 00:03:36

Reações de uma final

perdida: por dentro da

arquibancada coxa-branca

Torcedores 05/05/2015 http://glo.bo/24rjbBj 00:01:54

Torcida fica na bronca com

derrota do Coritiba no Couto

Pereira

Torcida 01/06/2015 http://glo.bo/1Y1iChs 00:03:51

Clássico teve também duelos

de torcedores Torcida 22/06/2015 http://glo.bo/1stx1qZ 00:04:12

Torcida do Coritiba lamenta

posição ruim do time, mas

mantém a esperança

Torcida 10/08/2015 http://glo.bo/28dzVAv 00:03:40

Torcida do Coritiba faz a

diferença e empurra o time

no Couto Pereira

Torcida 13/08/2015 http://glo.bo/24rhpjn 00:02:24

Ney Franco ameniza reação

da torcida e fica na bronca

com arbitragem

Torcida 14/09/2015 http://glo.bo/24rifN2 00:05:47

Sem dar importância para

estádios, Milton Mendes

exalta torcida do Atlético

Torcida 16/09/2015 http://glo.bo/1X5BeO3 00:03:54

Torcidas movimentam último

Atletiba de 2015 Torcida 21/09/2015 http://glo.bo/1X4U1ch 00:04:18

João Paulo tenta responder

críticas da torcida com

números e boas atuações

pelo Coritiba

Torcida 23/09/2015 http://glo.bo/1UBUYVY 00:04:02

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Atlético-PR pede paz, mas

perde para a Ponte Preta e

ouve novas vaias

Torcida 28/09/2015 http://glo.bo/24q98wd 00:04:37

Coritiba consegue seu maior

reforço contra o Galo: a

torcida

Torcida 01/10/2015 http://glo.bo/1TUV3XZ 00:02:37

Londrina conta com apoio

em massa da torcida para

garantir vaga na Série B

Torcida 08/10/2015 http://glo.bo/25GUxCo 00:02:01

Delegado diz que violência

de torcidas é de difícil

solução e pede união

Violência 15/10/2015 http://glo.bo/1Y1oib9 00:02:19

Londrina conta com apoio do

torcedor para jogo decisivo

no Café

Torcida 30/10/2015 http://glo.bo/1WAD9Ko 00:03:02

Torcida do Londrina esbanja

confiança para jogo decisivo

contra o Vila Nova

Torcida 10/11/2015 http://glo.bo/1ZnOtI1 00:04:04

Londrina é recepcionado

com festa pela torcida após

vice da Série C

Torcida 24/11/2015 http://glo.bo/22G5gYN 00:03:47

Torcedores do Coritiba se

unem para homenagear um

dos maiores ídolos do clube

Torcida 25/11/2015 http://glo.bo/28ctqOm 00:03:06

Marcos é a torcida do

Paraná em campo Torcida 28/11/2015 http://glo.bo/1t9uX81 00:01:56

Pachequinho convoca a

torcida do Coritiba para jogo

contra o Vasco

Torcida 05/12/2015 http://glo.bo/1VEE7V7 00:01:48

Cristóvão pede calma para a

torcida Torcida 25/01/2016 http://glo.bo/1VEDz1m 00:01:48

Torcida dá o show aqui no

GE Torcida 05/02/2016 http://glo.bo/210ds4A 00:01:24

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Fininho, Walter quer dar

alegrias à torcida do Atlético-

PR

Torcida 09/02/2016 http://glo.bo/1Xt8DTy 00:04:34

Torcedores do Atlético só

querem saber de Walter Torcida 18/02/2016 http://glo.bo/1UpX9sT 00:03:05

Coritiba enfrenta pressão da

torcida em reencontro com

Operário

Torcida 20/02/2016 http://glo.bo/1UkMO1O 00:03:25

Torcida do Coritiba tem boas

lembranças de clássicos na

Arena

Torcida 19/03/2016

http://glo.bo/25EKQkx

00:01:19

Atletiba divide ansiedade e

euforia Torcedores 21/03/2016 http://glo.bo/1Y9CYp3 00:03:58

Apareça no GE mostra

galera vibrando nas

arquibancadas

Torcida 30/03/2016 http://glo.bo/1PvP89O 00:01:37

A temperatura vai subir na

decisão do Campeonato

Paranaense

Torcida 26/04/2016 http://glo.bo/24q7Zot 00:03:14

Torcedores motivam

jogadores antes do clássico Torcida 30/04/2016 http://glo.bo/22G4jiU 00:01:28

Feliz da vida: visão da

torcida atleticana na vitória

da primeira final do

Paranaense

Torcida 03/05/2016 http://glo.bo/1PvNzZE 00:01:25

Ansiedade define o tempo

que separa a torcida da

finalíssima do Paranaense

Torcida 03/05/2016 http://glo.bo/25EKZod 00:04:52

Enquanto jogadores treinam,

torcida do Atlético faz fila por

ingressos

Torcida 04/05/2016 http://glo.bo/25EKcU8 00:02:32

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Preleção da Galera:

Torcedores dão o último

recado antes do Atletiba da

final

Torcida 07/05/2016 http://glo.bo/1Xt5TFH 00:02:02

Paraná espera apoio da

torcida contra a

Chapecoense

Torcida 11/05/2016 http://glo.bo/1r7NLTi 00:01:13

A festa das torcidas é

destaque no GE Torcida 15/05/2016 http://glo.bo/1UBTSd4 00:00:54

Após minuciosa análise da pesquisa, que pode ser observada nos

gráficos abaixo18, é possível perceber que quando a palavra-chave ‘torcida’ foi

inserida, o número de matérias encontradas foi maior, do contrário ao encontrado

quando citamos ‘torcida organizada’ como fonte de busca. Assim, supomos que

a forma geral de se tratar das torcidas foi mais vezes empregada do que

especificamente as organizadas. Sendo assim, percebemos que a temática

‘torcida organizada’ quase não é abordada neste veículo de comunicação.

Podemos perceber que, o fato deste veículo realizar este tipo de

generalização da torcida em suas matérias, também é uma forma de desvalorizar

a figura da torcida organizada, já que boa parte da festa nas arquibancadas é

realizada e organizada pela mesma. Algo importante a salientar é que algumas

matérias apresentam frases como: “a torcida fez uma linda festa”. Frase que

transmite uma impressão erronia da realidade dos estádios, pois a expressão

em questão demonstra que todos os presentes cantaram, utilizaram bandeiras e

adereços pirotécnicos para realizar um espetáculo, generalizando a torcida,

porém na maioria dos casos quem faz este papel são as organizadas.

A exemplo desta afirmação, temos a matéria intitulada “Torcidas

movimentam último Atletiba de 2015”19, presente em nossa tabela de pesquisa,

onde o foco da matéria foi a festa realizada nas arquibancadas pelas torcidas do

Atlético Paranaense e Coritiba. Empregando a palavra ‘torcida’ na matéria,

mostra-se e faz o espectador acreditar que todos os presentes fizeram parte do

18 Observar gráficos 1,2,3 e 4 19 Matéria presente na 19ª posição na tabela de exposição.

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espetáculo, mas quem organizou e dedicou-se para realizar tal apoio aos times

foram as organizadas20.

GRÁFICO 1

20 Ressaltando tais fatos é possível se pensar que aqui, empregamos um pensamento errôneo, onde passamos uma ideia de que o restante dos torcedores não apoiam seus times. Porém, o que ocorre é que são as torcidas organizada que “puxam” o restante dos torcedores para cantar, apoiar e incentivar o time. Essa é uma de suas essências. São as organizadas quem decoram os estádios com faixas, bandeiras e, em alguns casos, shows pirotécnicos para deixar a festa ainda mais atrativa e emocionante.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Palavras-chaves

Temática das matérias envolvendo torcidas

Violência Torcedores Torcida Organizada Torcida

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GRÁFICO 2

GRÁFICO 3

0

1

2

3

4

5

6

7

8

Matérias gerais

Matérias gerais

Matérias gerais

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

Matérias negativas

Matérias negativas

Matérias negativas

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GRÁFICO 4

É importante ressaltar, que outras matérias, contando outros causos das

torcidas organizadas foram encontrados na pesquisa, porém em um número

muito menor de matérias, que, conclusivamente, não necessitou inseri-los no

presente trabalho.

Após analisarmos os gráficos e a tabela, destacando a análise de

conteúdo de cada vídeo, concluímos que o programa jornalístico em questão,

realiza um filtro de temáticas de suas matérias sobre torcidas e torcedores, antes

de transmiti-las para o público.

Foram inseridas nesta pesquisa 52 matérias televisivas, encontradas

qualitativamente durante a pesquisa de análise de conteúdo. Destas 11 falavam

sobre torcedores, 34 sobre torcidas, três sobre torcidas organizadas e quatro

sobre violência. Com isso, podemos afirmar que as temáticas dos reais trabalhos

realizados pelas torcidas organizadas do Paraná não são transmitidas ao grande

público. O que é divulgado, em sua maioria, são matéria falando de uma maneira

generalizada sobre as torcidas durante os jogos, que compõe de: a festa que

fizeram na arquibancada no jogo; a cobrança da torcida em um momento de má

fase do clube e etc.

Ao analisarmos este filtro que o veículo realiza em suas matérias com a

temática em questão, podemos perceber que o consumidor da notícia apenas

0

5

10

15

20

25

30

Matérias positivas

Matérias positivas

Matérias positivas

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compartilha aquilo que lhe é empregado, concluindo assim que, a forma com que

as torcidas organizadas são tratadas e estereotipadas, em geral, pela sociedade,

provém deste fato.

Zaclis Veiga (2002, p.19), fala sobre como a forma com que o receptor

recebe as informações, por meio dos telejornais, sobre o mundo, pode refletir

naquilo que ele compartilha. “Dessa maneira, os dados transmitidos pelos

noticiários ingressam nesse sistema, no qual há ampliação das informações. O

homem, informado pelos meios de comunicação, faz uma leitura da sociedade a

partir de seus referenciais”.

Desta forma, o jornalismo torna-se construtor de conhecimento coletivo

por meio das informações oferecidas aos telespectadores no cotidiano.

Da mesma forma, o telejornalismo pretende ser um espaço para a demonstração dos fatos do cotidiano, da realidade. Informar é apresentar ao espectador essa realidade, os mecanismos de troca entre os participantes da sociedade, as semelhanças, as diferenças. (VEIGA, 2002, p.44)

De maneira geral, o que chega ao grande público por meio dos grandes

veículos de comunicação, são materiais com um foco completamente oposto ao

da realidade das torcidas organizadas, onde denota que essas instituições

servem apenas para instigar o ódio e a baderna dentro dos estádios brasileiros,

sendo composta de vândalos e marginais. Mas, o que não se percebe é que

esses veículos possuem um papel muito importante para a construção do

discurso sobre a violência no futebol brasileiro.21

Estes, via de regra sensacionalistas, influenciam a opinião pública ao ressaltar acontecimentos secundários como se fossem principais, o que distorce o entendimento do problema. Os veículos de comunicação de massa ocupam papel-chave na construção e na manutenção de um discurso sobre a violência. (MURAD, 2012, p. 199)

Feita esta discussão, cabe-nos analisar de que maneira o jornalismo

esportivo pode influenciar na presenta dos espectadores dentro dos estádios?

21 Ainda no livro “Para entender: A violência no futebol”, Mauricio Murad, o autor relata que existe

um relatório anual, constituído desde 1988, pelo Conselho de Comunidade Europeia, UEFA e FIFA, que mostra a origem do afastamento do público dos estádios de futebol no Brasil é por conta da insegurança, que é alimentada pelo noticiário.

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3. OBJETIVOS

3.1. Objetivo geral

- Evidenciar, por meio da produção de um vídeo documentário, aspectos

da realidade das torcidas organizadas paranaenses, que provém do desejo de

ampliar o campo de entendimento destas instituições frente ao grande público.

3.2. Objetivos específicos

- Apresentar a realidade social vivida dentro das torcidas organizadas do

estado do Paraná.

- Identificar de que maneira os membros destas entidades dedicam suas

vidas às torcidas e clubes de futebol

- Explorar a vertente das torcidas organizadas na história de seus

membros.

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4. JUSTIFICATIVA

A escolha do tema ocorreu por acreditar que as torcidas organizadas, em

geral, estão sendo prejudicadas no exercício de suas atividades, por conta de

serem abordadas, em sua maioria, pela mídia e órgãos de segurança do governo

como “marginais”. Apesar de assumirem que existem casos de violência

vinculadas aos seus nomes, estas instituições possuem papéis importantes para

os clubes, e até mesmo para as sociedades, já que como citado22 por um dos

entrevistados durante das gravações do produto em estudo, algumas pessoas

são retiradas do mundo do crime e inseridas nas atividades sociais das torcidas

organizadas.

Dá-se também, por acreditar que muitas pessoas mal-intencionadas

utilizam as imagens das torcidas para instigarem o ódio e executarem a violência

dentro dos espetáculos esportivos, bem como utilizando das nomeações dessas

entidades para realizar suas malfeitorias fora das dependências esportivas. Por

conta de tais atitudes, muitas pessoas acabam por generalizar tais

comportamentos a todos os membros da torcida organizada.

A ideia da criação deste trabalho, iniciou por meio de um conhecimento

empírico da autora do mesmo. Durante suas experiências com trabalhos

jornalísticos, foi possível ter contato direto com integrantes das torcidas

organizadas do Paraná que expuseram à mesma a realidade vivida e discutida

neste trabalho.

Ao avaliar as informações recebidas, realizar uma breve pesquisa sobre

a realidade exposta foi crucial para crer que o problema realmente era existente.

Partindo deste suposto, uma averiguação de como o presente trabalho poderia

ser realizado, à maneira que pudesse oferecer a sociedade o conhecimento

sobre a essência das torcidas organizadas, foi realizado.

Conclui-se, então, que uma documentação audiovisual das atividades das

torcidas organizadas seria a forma mais autentica e memorável de se apresentar

o conteúdo em questão ao público. Assim como citou Nichols (2005), que os

documentários transmitem uma representação fiel do que aparece diante da

22 Ver episódio “Coritiba o maior do Paraná”.

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câmera. “A tradição do documentário está profundamente enraizada na

capacidade de ele nos transmitir uma impressão de autenticidade”.

Assim, realizando a documentação de tais ações, por meio de uma

filmagem mais naturalista, transmitindo o efetivo vivido, será possível passar aos

espectadores a realidade vivida dentro das torcidas organizadas. Além de

auxiliar na retirada da estereotipação destas entidades de que são violentas,

baderneiras e instigantes ao discurso do ódio e da violência.

4.1. Torcida, mídia e violência

Atualmente, muitas torcidas organizadas têm buscado moldar-se nos

parâmetros sociais. A reeducação foi uma forma encontrada para realizar uma

reestruturação dessas entidades e, de certa forma, mostrar ao público em geral,

aqueles fora do universo futebolístico, que torcida organizada não serve apenas

para brigas. Obviamente, que casos isolados de confrontos ainda existem,

porém, a ideia central das torcidas organizadas agora é servir para incentivar o

time e levar alegria aos espetáculos esportivos, assim como suas origens.

Porém, apesar de algumas entidades tomarem à frente na busca pela

reestruturação, a violência entre torcidas organizadas no país ainda é alarmante.

Além desse episódio a falta de efetivas ações de segurança pública assustam

os frequentadores comuns de estádios no Brasil. Segundo uma pesquisa

realizada pela Comissão Paz no Esporte23, 79% dos torcedores deixam de ir ao

estádio por conta da violência e a falta de segurança nos mesmos.

O resultado coincide com os números apresentados no questionário

aplicado, exclusivamente para a realização deste trabalho, como pesquisa de

campo, em torcedores do estado do Paraná, no final do ano de 2015 e início do

ano de 2016. Disponível na internet, o questionário apresentava espaço para os

torcedores opinarem sobre as questões ligadas às torcidas organizadas. Era

23 A Comissão Paz no Esporte nasceu por meio de um decreto do ex-presidente da república

Luis Inácio Lula da Silva, no ano de 2004. No relatório final da comissão, realizado entre 2005 e 2006, o coordenador executivo do projeto e Ministro do Esporte na época, Marco Aurélio Klein, concluiu por meio de uma pesquisa da Lance-IBOPE de 2004, que pela percepção da sociedade, 79% não vai ao estádio por conta das brigas das torcidas organizadas e os outros 17% não frequenta pela falta de conforto nos estádios. Disponível em: <http://www2.esporte.gov.br/arquivos/institucional/relatorioFinalPazEsporte.pdf>. Acesso em: 27 mar. 2016.

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possível discursar sobre soluções para os conflitos e explicar a motivação da

ausência de alguns nos estádios de futebol.

Depois de avaliados os resultados são perceptíveis que das 51 pessoas

que responderam o mesmo, em que 60,8% eram do sexo masculino e 39,2% do

sexo feminino, e 70,6% não sendo pertencente a alguma torcida organizada.

Além, disso, 52,9% declarou que não vai ao estádio de futebol por conta da

violência entre as torcidas organizadas, 35,3% declarou que não frequenta pelo

preço do ingresso, 11,8%24 mencionaram utros motivos.

FIGURA 7 – GRÁFICOS DE RESPOSTAS – PESQUISA DE CAMPO

24 Ver anexos 1, 2, 3,4 e 5.

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FIGURA 8 – OPINIÕES APRESENTADAS – PESQUISA DE CAMPO

Sabemos que a mídia, o conhecimento popular e as declarações os

órgãos públicos tem contribuído para que este índice de ausências nos estádios

seja ainda maior, já que as mesmas são condutoras e construtoras de

comportamentos, pensamentos e padrões.

A imagem da violência social encontra lugar nessa ótica, na qual o que vale é a representação e a redução de formas em fantástico/espetáculo, geradas pela superficialidade com que os fatos são tratados e pela velocidade da informação que passa. (VEIGA, 2002, p.40)

Mauricio Murad (2012), explica que em um projeto como o combate a

violência nos estádios e o retorno da população a esses ambientes, a mídia tem

um papel muito importante, inclusive na forma que o noticiário dá sentido às

informações.

Estes, via de regra sensacionalistas, influenciam a opinião pública ao ressaltar acontecimentos secundários como se fosse principal, o que distorce o entendimento do problema. Os veículos de comunicação de massa ocupam papel-chave na construção e na manutenção de um discurso sobre a violência. (MURAD, 2012, p.199)

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Para que essa “imagem”, digamos assim, seja reestruturada as torcidas

estão ocupando-se com tarefas sociais, principalmente para tentar trazer o

espírito do “futebol de domingo” para as arquibancadas novamente, como eram

nos tempos antigos, aonde famílias inteiras iam para o estádio divertir-se com o

principal esporte do país, o futebol.

Optar por um vídeo documentário foi utilizado para retratar tal “evolução”

da imagem das torcidas organizadas do estado do Paraná, por meio de imagens,

para ter-se memória/arquivo de que tais ações também são executadas.

Mostrando os trabalhos de ressocialização e ações de caridade que as torcidas

realizam. Assim como citou Nichols (2005, p.72), “Em segundo lugar, a memória

é parte das várias maneiras como os espectadores se servem do que já viram

para interpretar o que estão vendo ”.

Assim o vídeo documentário retratará aos seus espectadores de forma

clara como a torcida organizada realmente funciona em sua essência.

A voz do documentário pode defender uma causa, apresentar um argumento, bem como transmitir um ponto de vista. Os documentários procuram persuadir ou convencer, pela força de seu argumento, ou ponto de vista, e pelo atrativo, ou poder, de sua voz. A voz do documentário é a maneira especial de expressar um argumento ou perspectiva. (NICHOLS, 2010, p.73)

Desta forma, com o presente trabalho, será possível entender como a

mídia esportiva ainda precisa evoluir para tratar as torcidas organizadas como

temática de peças jornalísticas cotidianamente, e não apenas em casos

especiais de Hard News quando as mesmas se envolvem em episódios

violentos.

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5. REFERENCIAL TEÓRICO

A MANIPULAÇÃO DAS

INFORMAÇÕES SE TRANSFORMA,

ASSIM, EM MANIPULAÇÃO DA

REALIDADE.

PERSEU ABRAMO

5.1. O jornalismo e seus agentes

Para iniciarmos uma discussão sobre o jornalismo na formação de

opiniões é relevante delinearmos uma concepção do mesmo. Segundo Correia

(2011), analisando a modernidade em que vivemos, podemos dizer que temos

um importante desenvolvimento dos media, principalmente com relação à

formação noticiosa ou informativa e quando comparado ao início do jornalismo,

baseado apenas na transmissão da informação.

De um modo relativamente genérico podemos dizer que o jornalismo desempenha uma tarefa fundamental no estabelecimento da agenda, formando a opinião pública, impulsionando a formação de conhecimentos, reduzindo a complexidade social através da criação de temas comuns de conversação (FONTECUBERTA abud CORREIA, 2011, p.13).

Sousa (2004, p.75) traz uma reflexão sobre a definição de jornalismo que

se compõe de diferentes papeis, que variam desde a divulgação mediada até a

hierarquização de um conteúdo. “Não é fácil definir o que é jornalismo. Na sua

essência, corresponde, dominantemente, à atividade de divulgação mediada,

periódica, organizada e hierarquizada de informações com interesse para o

público.”

Assim, apesar da diversificação de seu papel, o jornalismo, atualmente, é

uma potencial ferramenta de fundamentação da opinião pública e possui sua

estratégia de comunicação social comparada aos poderes Executivos,

Legislativos e Judiciários. Também é chamado de “contrapoder”, pois exerce

uma função que se contrapõe às funções dos demais poderes.

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Sousa (2004) declara que “À luz da Teoria Democrática, o jornalismo vigia

e controla os outros poderes, baseando-se no princípio da liberdade de

expressão”. (SOUSA, 2004, p. 76).

[...] A expressão da imprensa, com as suas acrescidas responsabilidades, surge acompanhada do conceito de “Quarto Poder”, em que a defesa e vigilância da nova força chamada “opinião pública” é invocada como dever e actua como legitimadora da nova força social que é a imprensa. (TRAQUINA apud SOUSA, 2004, p. 83)

Rossi (1985) faz outra reflexão sobre o papel do jornalismo, destacando

a constante busca por atenção. “Jornalismo, independentemente de qualquer

definição acadêmica, é uma fascinante batalha pela conquista das mentes e

corações de seus alvos: leitores, telespectadores ou ouvintes” (ROSSI, 1985).

Porém, sabemos que para conquistar essa fidelidade do público, o

jornalista é a peça chave. Conforme Traquina afirma, “os jornalistas são

participantes ativos na definição e construção das notícias, e, por consequência,

na construção da realidade” (2005, p. 23).

O jornalista é um contador de histórias e é parte da notícia. De acordo

com Bistane e Bacellar (2005), as histórias contadas pelos repórteres e

jornalistas são compostas de enredo, protagonistas, motivações, horas e locais

em que se desenrolam os fatos.

Sousa (2004) mostra que os jornalistas não devem limitar-se a reportar

apenas as notícias e, sim, contar uma história, baseada em fatos

minuciosamente apurados.

Não podem limitar-se a registrar dados e interpretações de terceiros. Devem encontrar e interpretar dados precisos e fatuais, frequentemente resultantes de sondagens, inquéritos, cruzamentos de dados em bases de dados e processamentos estatísticos. Isto implica, obviamente, novas competências e responsabilidades para os jornalistas (SOUSA, 2004, p. 77).

Porém, essa contínua e próxima participação do jornalista na produção de

uma peça jornalística tem seu lado nocivo. Pois, com a mesma vem à

participação dos empresários e donos das empresas de comunicação que

também acabam influenciando na produção jornalística, o que acaba realizando

as primeiras modificações dos fatos transmitidos. Como ainda complementa

Sousa (2004, p.83), o propósito imediato dos donos de empresas

comunicacionais é obter lucro, seja por meio de vendas ou a inclusão de

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publicidade. “Na construção da notícia, a busca pelo inédito, pelo melhor

espetáculo, transvestido de compromisso com a realidade, transforma o agente

da notícia em personagem principal, cercado de tensões.”. As alterações no

fazer jornalístico, então, deram início ao movimento denominado Novo

Jornalismo, impulsionado pelos empresários Pulitzer e Hearst. (VEIGA, 2002,

p.45).

Estas circunstancias provocam a primeira grande mudança na forma de fazer jornalismo. Os conteúdos tiveram de corresponder aos interesses de um novo tipo de leitores. O jornalismo tornou-se mais noticioso e fatual, mas, por vezes, também mais sensacionalista25 (VEIGA, 2002, p.45).

Com tal movimento, o jornalista passou a ser intérprete da realidade.

Porém, apesar do acontecimento de um fato continuar a ser o principal referente

do discurso jornalístico, ele passou a ter a perspectiva do jornalista,

impressionista e subjetiva, assim como afirma Sousa (2004). “Numa abordagem

fenomenológica da questão, de alguma forma entende-se que é impossível o

sujeito obter conhecimento total do objeto. O objeto pode ser compreensível, no

todo ou em parte, nunca cognoscível na totalidade.”.

A construção da informação molda a opinião do receptor. Lage observa que é comum a mídia fazer uso do controle de opinião pública por meio de certos elementos, tais como: a censura de certas notícias, a produção de notícias deturpadas de tal forma que se transformam em falsas notícias, e, principalmente, a construção de textos convenientes a partir de fatos verdadeiros (VEIGA, 2002, p.54).

E tal prática não se limita apenas em uma das inúmeras formas que o

jornalismo pode se apresentar, mas, sim, podemos encontrá-la no jornalismo

impresso, televisivo, radiofônico e etc. Bem como em suas temáticas, como no

jornalismo esportivo, político, econômico e etc.

5.2. Jornalismo esportivo

É a partir de um dos conceitos de Rossi (1985), que podemos afirmar que

o jornalismo esportivo, além de ter seus assuntos agendados, assim como

iremos mostrar no tópico seguinte, é também influenciado e tem seus temas

filtrados pelos jornalistas que os escrevem. Conforme os interesses daqueles

25 Para explicar a questão “Sensacionalista” Sousa (2004), citando Michael Schudson (1978), afirma que os primeiros livros de jornalismo propunham aos estudantes a “ornamentação” dos fatos, dando aos leitores não apenas fatos, mas também “colorido”.

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que o produzem e daqueles que o transmitem, como daquilo que é proveitoso a

empresários e donos de emissoras.

Mesmo em assuntos de reduzida influência política, como é o caso de uma partida de futebol, a objetividade é quase inatingível. Afinal, não há como ignorar que 99% dos jornalistas esportivos torcem para uma determinada equipe – e seria ingenuidade acreditar que, ao vestirem a armadura de jornalistas, eles se desfaçam de suas paixões pessoais e consigam comentar uma partida de sua equipe apenas com os dedos que batem nas teclas da máquina de escrever e não com o coração, feliz ou amargurado, do torcedor vencedor ou vencido (ROSSI, 1985, p. 11).

Algo que podemos destacar aqui, e que existe como um dos filtros de

apuração dos jornalistas que escrevem sobre esporte, é a emoção. Segundo

Barbeiro e Rangel (2006, p.45), a emoção é a alma do esporte e está quase

sempre arraigada nas narrativas deste meio jornalístico. “Ela está nos olhos do

jogador que fez o gol do título, na decepção da derrota, nas piscinas, quadras e

pistas. Em nenhuma outra área do jornalismo a informação e o entretenimento

estão tão próximos”.

“Para os jornalistas esportivos, a questão da paixão em geral se manifesta já no momento da escolha de sua área de atuação. A maioria deles, em todos os tempões e na atualidade, parece ter optado pelo esporte, antes de tudo, por identificar-se com o tema desde cedo. São casos em que a memória afetiva falou mais alto, de gente que, ao se estabelecer profissionalmente, parecer ter conseguido realizar um velho sonho de infância (UNZELTE, 2009, p.07).

Para Unzelte (2009), é consideravelmente impossível que um torcedor-

jornalista consiga colocar imparcialidade em seu trabalho, pois a paixão

atrapalha na prática jornalística. “No jornalismo esportivo, a paixão atrapalha

principalmente quando se manifesta de duas maneiras: em relação à soberba no

conhecimento do próprio assunto ou à preferência explícita por uma das partes

de uma disputa esportiva” (ibid).

De uma forma geral, a paixão se expressa ainda mais nas crônicas

esportivas, em que o agente jornalístico, em sua maioria, utiliza-se do drama e

da paixão para conquistar o leitor por meio do amor pelo time. Assim como

afirmou Coelho (2009, p.17), as crônicas futebolísticas são frutos de um jeito

carioca de fazer jornalismo. “As crônicas de Nelson Rodrigues e Mário Filho

tinham vida própria, nem bem podiam ser chamadas de jornalismo. Dizia Mário

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Filho no texto que reverenciava o ponta-direita26 do Fluminense, no final dos

anos 50: ‘Telê joga os noventa minutos. Dito assim parece simples. Todo jogador

joga noventa minutos. Seria assim não fosse Telê. Telê é o ponteiro dos

segundos. Não para nunca’”.

A miopia de Nelson Rodrigues tirava-lhe a possibilidade de enxergar qualquer coisa em jogo de futebol, ainda mais em estádio grande como o Maracanã. E daí? Romance era com ele mesmo. Crônicas recheadas de drama e poesia enriqueciam as páginas dos jornais em que Nelson Rodrigues e Mário Filho escreviam. Até jogo violento, como Bangu e Flamengo, que decidiu o Campeonato Carioca de 1966 – a partida não completou o tempo regulamentar porque o jogador Almir, do Flamengo, armou grande confusão – era por eles tratado com rara dramaticidade. Essas crônicas motivavam o torcedor a ir ao estádio para o jogo seguinte e, especialmente, a ver seu ídolo em campo. A dramaticidade servia para aumentar a idolatria em relação a este ou àquele jogador. Seres mortais alçados da noite para o dia à condição de semideuses (ibid).

Além deste filtro específico, a notícia esportiva passa pelo crivo de donos

dos veículos de comunicação e empresários, assim como já citamos no tópico

acima, conforme seus interesses. O que muitas vezes acaba por denegrir a

imagem de tal veículo, fazendo com que os consumidores destas informações,

caso não lhes agrade, passem a não utilizar e se alimentar desta fonte de

opinião.

O discurso jornalístico adotado por um veículo de comunicação pode colocar a ética em xeque-mate. Se o tom da redação é ser mais humanista, pode ocorrer de o repórter tomar participação na vida de um clube, de um atleta, deixar o distanciamento profissional comprometido. Esse tom intimista mexe diretamente na linguagem. Assim, a vitória esmagadora da Seleção Brasileira passa a ser “nossa vitória”, ou o ouro do Brasil no vôlei de praia torna o “nosso ouro olímpico”. Em muitos países da Europa, como Espanha e Itália, é comum o jornalismo-bandeira, e grande o perigo de um comprometimento da credibilidade (BARBEIRO; RANGEL, 2006, p.55).

Porém, o que um bom jornalista deve levar em conta no momento de

escrever sobre esporte é a experiência, a dedicação e o conhecimento sobre o

assunto pautado, assim como afirma Coelho (2009). “É a experiência que vai

26 Ponta-direita ou ponteiro é uma das posições do futebol. Geralmente, o jogador que ocupa esta função desempenha o papel de um atacante pelas laterais do campo.

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ensinar ao jornalista avaliar a importância da informação e definir qual tratamento

dar a ela. E qual tratamento deve receber”.

Análise tática sobre jogo de futebol vai sempre valer relatos dignos de fazer o torcedor mais fanático se arrepiar tanto quanto a descrição perfeita de partida de futebol. A conquista do título, a jogada brilhante, as histórias comoventes sempre fizeram parte do esporte. E sempre mereceram o tom épico que desapareceu das páginas de jornais e revistas e dos relatos de emissoras de rádio e de televisão (COELHO, 2009, p. 23).

Já Campos (2006) traz outra ótica da função da mídia e do jornalista, em

que tais agentes são responsáveis por difundir o papel das representações

sociais. Pois são os mesmos quem viabilizam as informações, que se

processadas socialmente formam as representações.

A mídia por si própria produz representações, principalmente através do discurso da crônica esportiva, que analisa os jogos e faz prognósticos, os quais são apropriados pelo universo consensual, desenvolvendo representações sociais. Além deste fenômeno, a própria mediação entre o fato futebolístico (a partida) e o torcedor (espectador), realizada pelos diferentes meios de comunicação, produzem representações sociais. Apesar de obedecerem a uma coerência, as representações sociais formuladas por torcedores que assistiram o jogo no estádio provavelmente serão diferentes daquelas produzidas por torcedores que viram o jogo pela televisão. A simples fato de estar in loco influencia, além de outros fatores como os ângulos mostrados pela televisão, os replays, os comentários e a narração (ibid).

Conclui-se, então, que tanto o jornalismo esportivo quanto o jornalista que

escreve sobre esportes, têm forte influência na forma em que a sociedade

enxerga o mundo a sua volta. Analisando todas as tarefas de produção

jornalística das matérias esportivas é possível comprovar isso, principalmente na

forma com que os assuntos são agendados antes de serem transmitidos ao

público.

5.3. Agenda-Setting

Para analisar como os meios de comunicação possuem influência no

momento de selecionar o que transmitem ao público, utilizando-se do propósito

que os meios de comunicação, os pesquisadores, atualmente, apenas

selecionam as matérias com conteúdo que atrelam a violência às torcidas

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organizadas. Por isso, podemos discutir, aqui, a teoria do Agenda-Setting. Como

explicada por Sousa (2004, p. 293), após um estudo da campanha eleitoral da

presidência dos Estados Unidos de 1968, a teoria foi apresentada em 1972, por

McCombs e Shaw. Os autores mostraram que os meios de comunicação

possuem a capacidade, mesmo que não intencional nem exclusiva, de agendar

os temas que são objetos de discussão do público em cada momento.

Porém, antes de demonstrarmos que isso ocorre com relação às

discussões midiáticas de que as torcidas organizadas são violentas, devemos

supor que, mesmo que não esteja presente nos assuntos cotidianos da mídia

como uma notícia Hard News, a temática da violência das torcidas organizadas

sempre é pauta de discussões sociais. Todas as vezes que são registrados os

conflitos violentos destas entidades, são eles que aparecem nos veículos de

comunicação e não as ações sociais que as organizadas efetuam.

Podemos afirmar que tal relação entre mídia, torcida organizada e

violência fazem parte de um ciclo vicioso de troca de ações. Pois, a mídia mostra

o que o público quer ver e o público recebe aquilo que a mídia seleciona para

ele ver. Assim, tudo o que é discutido socialmente foi imposto inicialmente pela

mídia como temática de debate social.

Lang e Lang (1955) e Cohen (1963), por seu turno, postularam que a comunicação social pode influenciar diretamente o pensamento do público. Este último autor deu, aliás, o perfil da teoria emergente, ao destacar que a comunicação social. (...) pode não ter frequentemente êxito em dizer às pessoas o que têm de pensar, mas surpreendentemente tem êxito ao dizer às pessoas sobre o que devem pensar (Cohen, 1963:120) (SOUSA, 2004, p.294).

A questão do agendamento das temáticas que serão apresentadas ao

espectador condiz, diretamente, em uma manipulação da realidade, muitas

vezes, até, constitui-se em uma distorção dos fatos. Arbex Junior, Souza e Biondi

(2003), confirmam tal suposição, quando declaram que nos tempos atuais do

jornalismo no Brasil, a manipulação da informação é praticada pela grande

maioria da imprensa. “O principal efeito dessa manipulação é que os órgãos de

imprensa não refletem a realidade como deveriam fazer ”.

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5.4. Produção documentária

Outro importante referencial para estre trabalho é a produção

documentária. Tal produto tem como principal característica “a obrigação de

‘representar a realidade’.” (PENAFRIA, 2009, p. 78).

Entender o documentário como o “tratamento criativo da realidade”, não é apenas uma definição, mas um modo de o problematizar (como sabemos, esta definição é atribuída a John Grierson, nos anos 30). Logo à partida, esta proposta refere o “tratamento criativo” como condição de afirmação de um filme que toma como ponto de partida o registo da realidade (PENAFRIA, 2011).

Especificamente para este trabalho, um olhar mais naturalista e reflexivo

sob a causa central do mesmo, a reestruturação das torcidas organizada na

busca pelo combate ao estereótipo violento das mesmas, seria aconselhável de

se executar. Segundo Nichols (2010), aplicar um modo reflexivo de filmagem no

documentário realiza uma impressão de que o cineasta está tratando

diretamente com o espectador, tratando dos problema e questões de

representação. “O modo reflexivo é o modo de representação do consciente de

si mesmo e aquele que mais se questiona” (NICHOLS, 2010, P.166).

Por oferecer este viés reflexivo, em que o olhar do produtor é

diretamente levado ao espectador, o documentário foge do estereótipo

capitalista, já que é o mundo, o enredo e a história construída pelo cineasta que

é transmitido. Logo, o conteúdo oferecido não passa por nenhum tipo de filtro de

cunhos capitais. Assim, segundo Nichols (2010), podemos considerar o

documentário como testemunho da realidade.

Bernard (2008) cita que o documentário deve basear-se no relato

factual, para assim conquistar seu espectador, mas não apenas a factualidade,

por si só, define um documentário, mas, também, aquilo que o cineasta faz com

a produção do mesmo.

Os documentários conduzem seus espectadores a novos mundos e experiências por meio da apresentação de informação factual sobre pessoas, lugares e acontecimentos reais, geralmente, retratados por meio do uso de imagens reais e artefatos (BERNARD, 2008, P.02).

Assim, um vídeo documentário sobre a reestruturação das torcidas

organizadas, tema deste trabalho, pode ser um exemplo de produção

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documentária reflexiva. Pois, a mesma objetiva-se em mostrar a factualidade

vivida pelas torcidas organizadas do Paraná, assim como foi vista empiricamente

pela autora do trabalho.

6. METODOLOGIA DE PESQUISA

6.1. Importância dos estudos jornalísticos

Antecedente à uma pesquisa, vale realizar uma reflexão sobre os estudos

jornalísticos. De acordo com Correia (2011, p.15) analisar o campus do

jornalismo tornou-se algo comum entre os acadêmicos, graças à percepção de

que as notícias auxiliam no momento de configurar a maneira com que nos

vemos, vemos aos outros e ao mundo.

A história da pesquisa em comunicação é tão antiga quanto a curiosidade humana sobre as relações sociais e a compreensão de que a linguagem e a comunidade são definidas pela linguagem. É possível identificar os interesses ocidentais na comunicação e na mídia, em especial, com a propagação da imprensa, com a instituição do jornal e com a ascensão do nacionalismo. Desse modo, o pensamento europeu sobre a comunicação social e a imprensa inicia-se já no século XVII, nos debates sobre a liberdade de expressão e a imprensa (HANNO ARDT apud CORREIA, 2011, p.15).

Como citado, a propagação da imprensa deu-se pela necessidade do

mundo e do homem, na sociedade antiga e atual de se orientar. Assim, aplica-

se a importância da notícia na vida das pessoas. “Se esta função for cumprida,

a sanidade dos indivíduos e a permanência das sociedades tende a ser

preservada” (PARK apud CORREIA, 2011, p. 21).

Seguindo o pensamento de Park in Correia (2011), de que a sociedade

precisa orientar-se por meio das notícias, pelo bem da sanidade dos indivíduos,

iremos, então, tratar de um método de pesquisa pertinente a comunicação e aos

estudos jornalísticos, que foi utilizada no presente trabalho, a análise de

conteúdo.

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6.2. Analise de conteúdo

A análise de conteúdo tem como foco qualificar as vivências do sujeito,

bem como suas percepções sobre determinado objeto e seus fenômenos

(BARDIN apud CAVALCANTE; CALIXTO; PINHEIRO, 2014, p. 13).

Para desvendar a qualificação das peças jornalísticas sobre a

representação das torcidas organizadas na mídia esportiva paranaense, uma

pesquisa qualitativa foi apresentada na delimitação deste trabalho.

A análise de conteúdo serve para, de forma criteriosa, apontar, descobrir

e avaliar, respectivamente, o que foi dito, o que deixou de ser dito e, o que

deveria ser dito. (ANDRÉ; SOMMA NETO, 2013). Desta forma, para a presente

pesquisa, esta teoria é primordial, de forma que a mesma analisa as temáticas

que foram tratadas e não tratadas pelos veículos de comunicação quando o

contexto eram as torcidas organizadas.

Sousa (2004, p.308) declara que a teoria em questão trata de analisar a

forma como a televisão influência a sociedade, nomeadamente quando se

representam televisivamente situações violentas ou papéis sociais

estereotipados. Assim, podemos ressaltar aqui a questão de as mídias serem

responsáveis por todo e qualquer conteúdo que veiculam, bem como a influência

que tais podem causar em seus receptores.

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7. DELINEAMENTO DO PRODUTO

O produto apresentado, a websérie intitulada “Por Trás da

Arquibancada: uma websérie sobre o cotidiano das torcidas organizadas do

Paraná”, possui um objetivo intrínseco, o de apresentar parte da realidade vivida

pelas torcidas organizadas do estado do Paraná, apresentar o sentimento de

seus integrantes para com a entidade e o clube que cada torcida representa.

Ao falarmos de torcidas organizadas aborda-se sobre uma fração muito

importante do futebol brasileiro e mundial, algo muito representativo para a

beleza do esporte. O presente trabalho tem como missão ilustrar um fragmento

do encanto que essas entidades possuem e que deve ser registrado à

posterioridade, já que nos tempos atuais há uma discussão grandiosa sobre o

fim das organizadas. Mesmo que em poucos minutos, como é a pretensão do

produto final da pesquisa em questão, consideramos, de certa forma, a

possibilidade de perpetuar uma parte do trabalho realizado por essas entidades.

Para a produção da websérie Por Trás da Arquibancada foram

realizadas entrevistas com três personagens, considerados pelos membros de

cada torcida como icônicos de cada entidade. Ressaltamos aqui que apenas as

torcidas Falange Azul e Império Alviverde tiveram seus presidentes como

representantes nas entrevistas. Os presidentes das torcidas Os Fanáticos e

Fúria Independente não se dispuseram a falar, apesar de terem sido procurados.

Além dos personagens das torcidas, o 1º Tenente do Quadro de Oficiais

Especialistas da Polícia Militar do Paraná e chefe do setor de pesquisas da

Academia Policial Militar do Guatupê, Marcos Roberto De Souza Peres

participou das entrevistas contando sobre suas experiências e opiniões sobre as

Torcidas Organizadas, já que o mesmo esteve presente nos esquadrões da

RONE e ROTAM durante dez anos e, neste período, teve contato direto com os

torcedores, pois cobria jogos e fazia escolta dos mesmos durante as partidas de

futebol.

A denominação Por Trás da Arquibancada como título da websérie se

deu por tentar transmitir a ideia do que se passa por trás das torcidas

organizadas, e não apenas o que elas apresentam dentro das arquibancadas.

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Para a abertura da temática de cada torcida, após a apresentação da

entrevista do 1º Tenente Marcos Peres, optou-se por frases impactantes de

autores ligados ao universo futebolístico, ilustrando em palavras os sentimentos

que seriam transmitidos pelos depoimentos dos torcedores após isso.

Com relação às imagens, foram registrados diversos momentos de

atividades realizadas pelas torcidas que vão desde os ensaios das baterias,

passando por preparação para os jogos, recepção dos times nos estádios e

acompanhamento da bateria durante os jogos. Pensou-se, então, que ilustrar

todos os quesitos acima citados, em todos os episódios, ficaria maçante, então

a autora do mesmo preferiu registrar uma atividade em questão de cada torcida:

recepção do time ao estádio (Torcida Falange Azul); acompanhamento da

bateria dentro do estádio (Fúria Independente); ensaio da bateria (Império

Alviverde) e a torcida aos olhos do torcedor/espectador (Torcida Os Fanáticos).

É importante lembrar que durante as gravações foram registradas também

imagens dos bastidores das filmagens, bastidores das preparações das torcidas

antes dos jogos e festas e planos de detalhe.

Os entrevistados, como citado no início deste tópico, foram selecionados

três personagens, considerados pelos membros de cada torcida como icônicos

de cada entidade, sendo eles: na Falange Azul, o presidente da torcida Marcelo

Benini, o relações públicas da torcida Vinicius Ramos, e o diretor geral Henrique

de Souza; na Império Alviverde, o presidente Juliano Rodrigues, o diretor Antônio

Sartori e o integrante da bateria Rodrigo Araújo; na Fúria Independente os

diretores André Ferreira e Gildásio de Andrade, e o vice-presidente Adriano José;

e na Torcida Os Fanáticos os diretores Renato Martins e Gilmar Alves, e a

integrante da bateria Rafaelly Martins. Todos os entrevistados acima citados

concordaram com a proposta do presenta trabalho e se dispuseram a gravar,

crendo que a produção pode auxiliar no bom entendimento da maioria do

trabalho realizado dentro das torcidas organizadas.

É importante lembrar que os membros/diretores das torcidas

organizadas não recebem salários para exercerem estas funções. As entidades

sobrevivem de doações e da venda de seus materiais como adesivos, bandeiras,

camisas, calças, uniformes e etc.

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A websérie foi subdividida em quatro episódios, um sobre cada torcida,

e todos possuem aproximadamente oito minutos e não tem voz off. Os

personagens são quem conduzem a narrativa. Pensado para ser transmitido

também em programa de TV os mesmos foram divididos em formato série

justamente para neste segmento midiático ser transmitido como série de

reportagens.

Já com relação ao formato do produto, a websérie foi produzida baseada

no método reflexivo. Segundo Nichols (2010, p.163), os documentários

produzidos neste estilo requerem que o observemos exatamente como ele são,

não apenas de um mundo histórico representado, mas também de diversos

problemas abordados.

O público-alvo da websérie será torcedores em geral e apreciadores de

futebol, comunicadores, estudantes de comunicação, além de pessoas que n]ao

conhecem o universo das torcidas organizadas. A proposta é que o presente

trabalho também seja veiculado em programas de TV.

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8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Desde o início deste trabalho o objetivo foi mostrar que as torcidas

organizadas não são entidades objetivas a realizar ações de violência,

confusões, brigas e arruaças nos estádios e fora do ambiente futebolístico, assim

como muitas vezes é transmitido ao grande público. O principal objetivo buscado

a se mostrar aqui foi o quanto as torcidas organizadas são importantes para o

futebol e quais suas reais funções. Pois, são as mesmas que levam a emoção e

a beleza para dentro dos estádios.

Não se nega que existem os episódios violentos nas atitudes das torcidas

organizadas, no entanto, ainda se faz necessário um avanço por parte dos meios

jornalísticos em transmitir também as ações positivas que estas entidades

realizam.

Acredita-se que por meio deste trabalho será possível contribuir para que

as torcidas organizadas sejam vistas com “outros olhos”, tanto pela mídia como

pela sociedade, resultado este que o mesmo poderá alcançar quando finalizado

em um vídeo documentário. Assim, o trabalho em questão poderá ser um quesito

inicial para uma reavaliação, por parte dos meios de comunicação, na maneira

com que são tratados e produzidos os temas evolvendo as torcidas organizadas,

e o quanto a abordagem destas temáticas têm influenciado na presença de

espectadores dentro dos estádios de futebol.

Por fim, crê-se que o presente documentário auxiliará a mídia esportiva

do Paraná, já que na pesquisa qualitativa de análise dos conteúdos veiculados

no principal programa jornalístico esportivo do estado, foi possível perceber que

as torcidas organizadas não detêm espaço na mídia esportiva, e que se faz

necessário realizar uma reflexão sobre a representação das torcidas

organizadas do Paraná, nos grandes veículos.

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9. REFERENCIAS

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ANDRÉ, Hendryo; SOMMA NETO, João. Mídia e Política: Observações e críticas. Curitiba: Programa de Pós-Graduação em Comunicação/UFPR, 2013.

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AZUL, Falange. Ideologia - História. Disponível em: <http://www.falangeazul.com.br/>. Acesso em: 23 mar. 2016.

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CAVALCANTE, Ricardo Bezerra; CALIXTO, Pedro; PINHEIRO, Marta Macedo

Kerr. Análise de conteúdo: considerações gerais, relações com a pergunta de

pesquisa, possibilidades e limitações do método. Informação e Sociedade,

João Pessoa, v. 1, n. 24, p.13-18, jan. 2014.

COELHO, Paulo Vinicius. Jornalismo Esportivo. São Paulo: Contexto, 2009.

CORREIA, João Carlos. O admirável mundo das notícias: Teorias e Métodos.

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FURACAO.COM. Fanáticos. Disponível em: <http://www.furacao.com/torcida/fanaticos.php>. Acesso em: 27 mar. 2016.

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HANSEN, Viviane. Torcida Organizada Os Fanáticos: Relacionamentos e Sociabilidade. 2007. 92 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Educação Física, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2007.

HORA, Zero. Brasil lidera mortes de torcedores no futebol. 2009. Disponível em: <http://zh.clicrbs.com.br/rs/esportes/noticia/2009/07/brasil-lidera-mortes-de-torcedores-no-futebol-2585540.html>. Acesso em: 23 mar. 2016.

INDEPENDENTE, Fúria. Torcida Organizada Fúria Independente Tricolor - quem somos. Disponível em: <http://www.furiapr.com.br/>. Acesso em: 09 mar. 2016.

KLEIN, Marco Aurelio. Comissão Paz no Esporte: Relatório Final da Fase 1. 2004. Disponível em: <http://www2.esporte.gov.br/arquivos/institucional/relatorioFinalPazEsporte.pdf>. Acesso em: 27 mar. 2016.

MENDONÇA, Renata. Violência no futebol: debate sobre soluções tem 'jogo de empurra' e desacordos. 2015. Disponível em: <http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/02/150211_futebol_briga_torcidas_rm>. Acesso em: 30 mar. 2016

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PENAFRIA, Manuela. O Paradigma do Documentário: António Campos,

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PIMENTA, Carlos Alberto Máximo. Violência entre torcidas organizadas. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-88392000000200015>. Acesso em: 15 mar. 2016.

ROSSI, Clovis. O que é jornalismo. São Paulo: Brasiliense, 1985.

SANTOS, Marcia. Polícia Militar reúne órgãos de segurança pública e torcidas organizadas para definir esquema de segurança para o Paratiba de domingo. Disponível em: <https://www.pmpr.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=16814&tit=Policia-Militar-reune-orgaos-de-seguranca-publica-e-torcidas-organizadas-para-definir-esquema-de-seguranca-para-o-Paratiba-de-domingo>. Acesso em: 22 mar. 2016

SOUSA, Jorge Pedro. Elementos de teoria e pesquisa da comunicação e da

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TRAQUINA, Nelson. Teorias do jornalismo: Porque as notícias são como são.

Florianópolis: Insular, 2005.

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UNZELTE, Celso. Jornalismo Esportivo: relatos de uma paixão. São Paulo:

Saraiva, 2009.

VEIGA, Zaclis. Telejornalismo e Violência Social. Curitiba: Pós-escrito, 2002.

10. CRONOGRAMA

ATIVIDADES

Jul Ago Set Out Nov Dez

Análise dos dados metodológicos X

Gravações de entrevistas X X X

Decupagem das gravações X

Edição X

Finalização da fundamentação teórica X

Protocolo final X

Banca X

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11. ANEXOS

ANEXO 1

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ANEXO 2

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ANEXO 3

ANEXO 4

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ANEXO 5

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APÊNDICE

Questões para análise de conteúdo do programa Globo Esporte

Data da veiculação da matéria

Tempo de duração da matéria

Temática da peça jornalística

Com relação à temática, as torcidas organizadas aparecem como

Gênero

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ROTEIRO WEBDOCUMENTÁRIO

1. FICHA DE ROTEIRO

Por Trás da Arquibancada: um webdocumentário sobre a realidade das

torcidas organizadas do Paraná

Produção/ Técnica/ Imagens/

Edição:

Evellyn Ezidio

Tempo médio total:

32 minutos

Professor orientador:

Elaine Javorski

TÉCNICA/SEQUENCIA/ÁUDIO IMAGENS/DESENVOLVIMENTO

Ep. 1 – Torcida Falange Azul

ABERTURA

SEQUENCIA 01

1º Ten. Marcos Peres

Com relação às torcidas

organizadas.../não honram essas

torcidas organizadas.

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SEQUENCIA 2

Imagens torcida Falange Azul no

Estádio do Café

Marcelo Benini

É um motor dentro de um estádio de

futebol.../ e pela sua instituição que é

a torcida também.

SEQUENCIA 3

Imagens da recepção do time do

Londrina pela Falange no estádio do

Café

Vinicius Ramos

A caminhada em mim com relação à

torcida Falange Azul.../ e entrar na

torcida organizada.

Henrique de Souza

Sempre acompanhei o Londrina

Esporte Clube.../e é sensacional.

SEQUENCIA 4

Imagens da recepção do time do

Londrina pela Falange no estádio do

Café

Henrique de Souza

A torcida Falange Azul.../realmente o

Londrina teria acabado.

SEQUENCIA 5

Imagens da torcida no estádio do Café

Vinicius Ramos

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Fui representar a torcida Falange Azul

no Macapá.../ brigando pelo acesso à

Série A.

SEQUENCIA 6

Imagens da recepção do time do

Londrina pela Falange no estádio do

Café

Marcelo Benini

Se a gente pega um campeonato.../

porque todos são, é um ciclo.

FINALIZAÇÃO FINALIZAÇÃO

Ep2. Torcida Fúria Independente

ABERTURA

SEQUENCIA 01

1º Ten. Marcos Peres

Desde os anos 2000 eu sou policial

militar.../ que são as brigas das

torcidas organizadas.

SEQUENCIA 2

Imagens da Fúria na Vila Capanema

Já estou há mais ou menos 18 anos na

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André Matoso torcida.../se Deus quiser que não

acabe né.

SEQUENCIA 3

Imagens da Fúria na Vila Capanema

Gildásio de Andrade

Ai, é uma coisa bem difícil de

dizer.../importante pra mim dentro da

torcida.

SEQUENCIA 4

Imagens da Fúria na Vila Capanema

Adriano José

Primeiramente, foi no primeiro

jogo.../pra entrar em uma torcida

organizada.

SEQUENCIA 5

Imagens da Fúria na Vila Capanema

André Matoso

Hoje em dia não é nem mais um

divisor de águas.../e a torcida sempre

tem que dar o seu show.

SEQUENCIA 6

Imagens da Fúria na Vila Capanema

Adriano José

A realidade da torcida.../ nada seria

sem a torcida Fúria Independente.

SEQUENCIA 7

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Imagens da Fúria no Couto Pereira

André Matoso

De vinte anos pra cá, eu acho

que.../muito marcante, pro resto da

vida.

FINALIZAÇÃO FINALIZAÇÃO

Ep.3 Torcida Império Alviverde

ABERTURA

SEQUENCIA 01

1º Ten. Marcos Peres

Como eu sempre participei de grupos

táticos.../ eles acabam maculando

toda uma instituição que é bonita.

SEQUENCIA 2

Imagens do ensaio da bateria da

Império

Antônio Sartori

A torcida tem um lado

social.../convivência de várias

pessoas que tive contato na torcida

organizada.

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SEQUENCIA 3

Imagens da Império no Couto Pereira

Juliano Rodrigues

Eu acho que vai primeiramente da

conscientização.../os atos que eles

cometeriam em qualquer lugar.

SEQUENCIA 4

Imagens da Império no Couto Pereira

Rodrigo Araújo

Então, comecei a ir no estádio em

98.../a Império é o coração do Coritiba.

FINALIZAÇÃO FINALIZAÇÃO

Ep.4 Torcida Os Fanáticos

ABERTURA

SEQUENCIA 01

1º Ten. Marcos Peres

A torcida organizada é bonita, é

bela.../mas essa é a minha visão.

SEQUENCIA 2

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Imagens da Fanáticos na Arena da

Baixada

Renato Martins

Na década de 90.../parte da história

do clube.

SEQUENCIA 3

Imagens da Fanáticos na Arena da

Baixada

Rafaelly Martins

Eu faço parte da Torcida Organizada

Os Fanáticos.../essa é a parte da

torcida organizada.

SEQUENCIA 4

Imagens da Fanáticos na Arena da

Baixada

Gilmar Alves

Comecei a frequentar estádio de

futebol.../ou não rende como com o

apoio da torcida.

SEQUENCIA 5

Imagens da Fanáticos na Arena da

Baixada

Rafaelly Martins

Hoje assim, a gente vem pro

jogo.../que a torcida é a alma do time.

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FINALIZAÇÃO FINALIZAÇÃO

2. CRONOGRAMA DE FILMAGEM

Janeiro a outubro de 2016 31 de julho a 16 de

outubro de 2016

17 de outubro a 30 de

outubro

Primeira etapa das

gravações: filmagens de

jogos

Segunda etapa das

gravações: filmagem de

entrevistas

Edição e finalização

3. ORÇAMENTO

Descrição Quantidade Valor Unitário Valor Total

Gasolina/Transporte 10 R$ 20 R$ 350,00

Microfone Lapela 1 R$ 159,00 R$ 159,00

Arte gráfica 1 R$ 500,00 R$ 500,00

Site/Hospedagem 1 R$228,00 R$228,00

Total R$1237,00

4. FONTES

1º Tenente Marcos Peres

Vinicius Ramos

Marcelo Benini

Henrique de Souza

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Juliano Rodrigues

Antônio Sartori

Rodrigo Araújo

André Matoso

Gildásio de Andrade

Adriano José

Renato Martins

Rafaelly Martins

Gilmar Alves