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CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO DE SÃO PAULO LILIA TORRES O Livro Paradidático Como Ferramenta para o Ensino da Educação Ambiental Americana 2012

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO DE SÃO PAULO

LILIA TORRES

O Livro Paradidático Como Ferramenta para o Ensino da

Educação Ambiental

Americana

2012

CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO DE SÃO PAULO

LILIA TORRES

O Livro Paradidático Como Ferramenta para o Ensino da

Educação Ambiental

Dissertação apresentada como exigência

parcial para obtenção do grau de Mestre em

Educação à Comissão Julgadora do Centro

Universitário Salesiano de São Paulo, sob a

orientação do Prof. Dr Renato Kraide

Soffner.

Americana

2012

FICHA CATALOGRÁFICA

Torres, Lilia

T646I O livro paradidático como ferramenta para o

Ensino da Educação Ambiental / Lilia Torres –

Americana: Centro Universitário Salesiano de

São Paulo, 2012. 74 f.

Dissertação (Mestrado em Educação). UNISAL – SP.

Orientador: Prof. Dr. Renato Kraide Soffner

Inclui bibliografia.

1 Educação; 2 Ciências; 3. Paradidáticos; 4. Educação

Ambiental. I. Soffner, Renato Kraide. II. Centro

Universitário Salesiano de São Paulo. III. Título.

CDD – 372.357

Catalogação elaborada por Carla C. do Valle Faganelli – CRB- 104/2012

Bibliotecária - UNISAL – Unidade de Ensino de Americana.

Lilia Torres

O livro paradidático como ferramenta para o ensino da educação ambiental

Dissertação apresentada como exigência

parcial para obtenção do grau de Mestre em

Educação no Centro Universitário Salesiano

de São Paulo – UNISAL

Trabalho de Conclusão de Curso defendido e aprovado em __/__/____, pela

comissão julgadora:

Banca examinadora

Profª Drª: Brigida Pimentel Villar de Queiroz - Membro externo

Instituição: Centro Universitário Salesiano de São Paulo – UNISAL

Assinatura: _____________________________________________________

ProfªDrª: Sueli Maria Pessagno Caro - Membro interno Instituição: Centro Universitário Salesiano de São Paulo – UNISAL

Assinatura: _____________________________________________________

Prof Dr.: Prof.Dr.: Renato Kraide Soffner - Orientador e Presidente da Banca Instituição: Centro Universitário Salesiano de São Paulo – UNISAL

Assinatura: _____________________________________________________

Agradecimentos

Agradeço à minha mãe que teve e tem a paciência de me compreender.

Aos meus familiares que tanto torcem pelo meu sucesso.

Aos amigos e colegas de profissão que tanto me auxiliaram ao longo

deste estudo.

A Deus por me dar todas as oportunidades.

RESUMO

Este trabalho pretende realizar a leitura e a respectiva análise dos livros

paradidáticos na área de educação ambiental, os quais são utilizados como

mecanismo de auxílio no ensino de ciências neste tema. A educação ambiental

é uma educação essencialmente social, pois trabalha valores sociais para uma

melhor qualidade de vida e uma perspectiva de futuro melhor para o educando,

sua família, sua comunidade e o planeta. Os livros paradidáticos tratam de

temas relevantes que os livros de ciências não contemplam, em sua maioria, e

também são bastante atualizados, o que favorece o interesse dos educandos

nos temas. Outro ponto interessante dos livros paradidáticos é que são de

baixo custo e reutilizáveis, tendo os seus conteúdos aplicáveis a diversas

séries cabendo ao professor selecionar e recomendar. Assim, a relevância

deste material para a formação cidadã dos educandos é significativa, o que me

levou a realizar este estudo.

Palavras-chave: Educação, ciências, paradidáticos, educação ambiental.

ABSTRACT

This work intends to make an analysis of reading and books textbooks in the

environmental education area, which are mechanism help in science education

in this subject. Environmental education is an essentially social education,

because it works with social values for a better quality of life and perspective of

a better future for the student, his family, his community and the planet. The

textbooks deal with topics relevant that science textbooks do not include and

are also quite updated, which support the interests of students in the topics.

Another interesting point is that the books textbooks are inexpensive, reusable,

and its contents apply to several series whereas the teacher to select. Thus the

relevance of this material for civic education of students is significant which led

me to conduct this study

Keywords: science, textbooks, environmental education, education.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO9......................................................................................................... 09

1.1 O ENSINO DE CIÊNCIAS............................................................................... 11

1.2 EVOLUÇÃO DO ENSINO DE CIÊNCIAS NO BRASIL................................... 12

1.3 OBJETIVOS DO ENSINO DE CIÊNCIAS....................................................... 22

2 EDUCAÇÃO AMBIENTAL................................................................................ 25

2.1 EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL......................................................... 25

2.2 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUAS RELAÇÕES SOCIOCOMUNITÁRIAS... 29

3. ESTUDO DOS LIVROS PARADIDÁTICOS.................................................................... 34

3.1 O ENSINO DE CIÊNCIAS............................................................................... 34

3.2 A ORIGEM DOS LIVROS PARADIDÁTICOS................................................ 37

3.3 CRITÉRIOS PARA ANÁLISE DOS LIVROS PARADIDÁTICOS................... 38

3.4 ESCOLHA DOS LIVROS PARADIDÁTICOS................................................. 43

4. ANÁLISE DOS LIVROS PARADIÁTICOS...................................................................... 45

4.1. LEITURA DOS LIVROS PARADIDÁTICOS................................................. 45

4.2. ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS LIVROS PARADIDÁTICOS.......... 53

4.3. LIVRO DIDÁTICO......................................................................................... 57

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................... 59

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 62

ANEXOS...................................................................................................................... 65

1. INTRODUÇÃO

Por que não aproveitar a experiência que tem os alunos de

viver em áreas da cidade descuidadas pelo poder público para discutir, por exemplo, a poluição dos riachos e dos córregos e os baixos níveis de bem-estar das populações, os lixões e o risco que oferecem à saúde das gentes (FREIRE,1996).

Por mais que a escola ofereça aos educandos novos livros e apostilas

para efetuar o ensino de ciências, eles ainda não atendem às necessidades do

momento atual.

Atualmente, as formas tradicionais de formação e o material didático

disponível já não são atendem totalmente a formação de indivíduos

socialmente participantes e com uma nova consciência socioambiental. Assim,

os educadores buscam novos materiais para a elaboração das suas aulas.

No âmbito da educação para a cidadania e da própria educação

ambiental, surgiram algumas metodologias participativas de maior

complexidade que vão atuar no sentido de promover um aprendizado interativo.

A sociedade sofre transformações constantes em uma velocidade muito

intensa, assim o educando convive em um ambiente com crenças diversas,

domínios de territórios com os mais diversos grupos sociais e familiares. É

necessário dar a eles novas opções de caminhos para os conhecimentos

científicos, onde eles possam ter uma ação mais participativa, não apenas a de

um leitor.

Para melhor atender às necessidades da educação atual, foram

elaborados livros paradidáticos nos mais variados setores da educação. Estes

livros surgiram para auxiliar no ensino de geografia, história, matemática e

ciências. Os livros paradidáticos na área de ciências procuram traduzir aos

educandos problemas socioambientais mais urgentes, que preocupam a

sociedade moderna.

Para os educadores é mais uma ferramenta no auxílio da elaboração

das suas aulas, pois propicia uma maior aproximação dos problemas sociais

dos seus educandos.

A diversidade de títulos disponíveis e, a qualidade do material - fotos,

mapas, jogos, possibilitam novas propostas de atividades, bem como as novas

9

tecnologias - sites, filmes - abrem um novo leque de possibilidades ao

educador, esses se tornando um conjunto de novas ferramentas que muito

contribuem na montagem das aulas e atividades.

A didática das ciências deve superar os velhos caminhos do giz, da

lousa, dos textos e da prova escrita, e ser mais eficiente nas transformações

sociais, contribuindo efetivamente na formação de um cidadão consciente, e

desta forma, tornar a educação mais próxima do dia a dia fornecendo caminhos

ao educando para um futuro promissor, assim a educação terá um resultado

mais significativo.

Em uma nova concepção de ciências, o educador deve ter um papel

fundamental no desenvolvimento da capacidade de análise e reflexão dos seus

educandos, assim como se apresenta nos objetivos gerais das Ciências

Naturais, onde o aluno deverá desenvolver competências que lhe permitam

compreender o mundo e atuar como individuo e como cidadão, utilizando do

conhecimento de natureza científica e tecnológica (Parâmetros Curriculares

Nacionais - PNCs, 1998).

Antes da disponibilidade dos livros paradidáticos, ficava a critério do

professor elaborar textos ou coleta de materiais para serem consultados pelos

alunos para a complementação do tema estudado. Timidamente as editoras

apresentaram os primeiros paradidáticos na disicplina de história e a aceitação

foi grande pois tornava as aulas mais atraentes e colaborava em muito para o

cumprimento do currículo escolar.

Hoje as editoras apresentam uma grande diversidade de títulos/temas

de livros paradidáticos, que são acessíveis aos educadores, e estes não são

materiais consumíveis, isto é, podem ser utilizados por várias salas, já que eles

se apresentam como livros-textos e são para consulta dos alunos e uso dos

educadores nas aulas, assim estes livros são úteis a toda a comunidade

educativa.

Com poucos títulos ainda, mas existem livros paradidáticos no sistema

Braille, cujo objetivo é atender aos educandos com necessidades especiais, já

que estes educandos agora integram as comunidades educativas, e os

educandos necessitam de novas ferramentas para atendê-los de forma

adequada, conforme a portaria nº 948, de 09 de outubro de 2007 do MEC.

10

Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizarem-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos (MEC/SEESP, 2007).

Neste trabalho pretende-se realizar uma análise da metodologia

presente nos livros paradidáticos de ciências disponíveis aos educadores, e o

seu papel no ensino atual da disciplina de ciências. Realizaremos uma leitura

da história do ensino de Ciências no Brasil, para contextualizar melhor o

momento atual no capitulo 1.

No capítulo 2 trataremos das relações da educação ambiental e as

ações sociocomunitárias, o significado social da educação ambiental como

agente transformador dos educandos e o papel do educador.

O capítulo 3 traz um estudo dos livros paradidáticos quanto a sua forma

de publicação, elaboração dos textos e metodologias utilizadas.

E no Capítulo 4, a análise das obras escolhidas para esta pesquisa.

OBJETIVO GERAL

O objetivo geral da pesquisa consiste em analisar nos livros

paradidáticos os conteúdos apresentados, bem como, como eles colaboram na

formação dos educandos e auxiliam nas aulas de ciências.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Apresentamos três objetivos específicos, os quais correspondem às três

etapas em que está dividida esta pesquisa:

1. Analisar os conteúdos apresentados nos livros paradidáticos, no

contexto dos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) que

norteiam a educação no Brasil;

2. Comparar os conteúdos com os materiais - livros e ou apostilas -

utilizados como materiais didáticos de aula;

3. Analisar como os conteúdos dos livros paradidáticos auxiliam na

formação socioambiental e ética dos alunos.

Os livros paradidáticos analisados, neste estudo, são formas de

aprendizado socioambiental que agregam componentes aos conteúdos

tratados nas aulas de ciências. A forma como estes conteúdos são tratados

11

tornam este material bastante significativo na composição das aulas

elaboradas pelos educadores e na formação dos educandos.

1.1. O ENSINO DE CIÊNCIAS

A ciência é uma das mais significativas contribuições para a

compreensão da natureza, do universo e também do desenvolvimento da

cultura. O homem, desde o mais primitivo, já praticava ciências e transmitia os

conhecimentos, de geração em geração.

A educação deve induzir os educandos na tradição cultural, incluindo as

disciplinas acadêmicas, o que implica em compreender a metodologia,

pressupostos, limitações e histórias. O ensino de ciências deve ter claros os

métodos científicos, sua diversidade e suas limitações. O conhecimento em

ciências envolve fatos científicos, leis, teorias e os modos e técnicas usadas

pelas ciências para desenvolver os conhecimentos.

Na breve história do ensino de ciências, que se inicia nos primórdios do

século XIX e se estende aos dias de hoje, tem se orientado por diversas

tendências, a educação aos moldes europeus trazidos pelos nossos

colonizadores, os acordos educacionais com os norte-americanos, entre outros

que ainda hoje são influências nas salas de aulas brasileiras. De forma

resumida, trataremos a seguir destes fatos, pois constituem elementos

significativos na nossa educação.

1.2. EVOLUÇÃO DO ENSINO DE CIÊNCIAS NO BRASIL

... propagar os conhecimentos e estudos das ciências naturais

no Reino do Brasil, que encerra em si milhares de objetivos dignos de observação e exames, e que podem ser empregados em benefícios do comércio, da indústria e das artes, que muito desejo favorecer como grandes mananciais de riquezas... (Dom João - Rei de Portugal).

O discurso acima foi elaborado por Dom João VI, na oportunidade da

fundação do Museu Real em 1818, a um grupo de naturalistas, que tinham

objetivos de descobrir os tesouros das terras brasileiras e não a educação em

ciências propriamente dita. Entretanto, esta é a primeira citação oficial do

ensino de ciências no Brasil.

12

Para compreender a evolução de um processo educacional é necessário

conhecer a história, como claramente colocou Kuhn:

Os conceitos científicos que expressam só obtém um

significado pleno quando relacionados, dentro de um texto ou apresentação sistemática, a outros conceitos científicos, a procedimentos de manipulação e a aplicações do paradigma (p. 182).

Em um breve histórico, do ensino de ciências, mostra que ele tem sido

praticado de acordo com diferentes propostas educacionais que surgiram ao

longo do tempo. Elencaremos algumas delas:

A educação europeia, com a importação de professores para

atender à classe mais abastada no período colonial. Estes

professores com a formação nas escolas europeias sem nenhum

conhecimento da colônia e sem muitos interesses no local,

apenas vinham atender aos contratantes e retornavam para a

Europa - Período Joanino1.

A educação artesanal, que ocorreu por processo não sistêmico,

onde jovens aprendizes conviviam com os mestres nas suas

oficinas. No Brasil Colônia, enquanto os filhos dos

colonizadores recebiam uma educação de caráter humanístico-

intelectual, os escravos exerciam ofícios elementares,

aprendidos na própria prática laboral. Esta diferenciação

refletia o preconceito contra o trabalho manual, herança da

Antiguidade Clássica, que exerceu influência marcante na

formação da cultura brasileira. [...] O trabalho manual era

considerado uma atividade indigna para o homem branco e

livre. Atividades artesanais e manufatureiras, como a

carpintaria, a serralheria, a construção, a tecelagem, entre

outras, eram repudiadas por se tratarem de ocupações de

escravos. A discriminação contra esse tipo de atividade e

1 Período Joanino: Em 1808 devido a invasão das tropas de Napoleão Bonaparte a Portugal, Dom João transferiu a corte portuguesa

para o Brasil. Do ponto de vista cultural, o Brasil ganhou com algumas medidas tomadas por D. João. O rei trouxe a Missão Francesa para o Brasil, estimulando o desenvolvimento das artes em nosso país. Criou o Museu Nacional, a Biblioteca Real, a Escola Real de Artes e o Observatório Astronômico. Vários cursos foram criados (agricultura, cirurgia, química, desenho técnico, etc) nos estados da Bahia e Rio de Janeiro. Este período durou até 1821.

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contra aqueles que a desempenhavam levava muitos a

rejeitarem determinadas profissões. Isso resultou no trabalho e

aprendizagem compulsórios que ocorreram no Período Imperial

de 1822 a 1888 (Oliveira, 2010).

Educação confessional, com a chegada dos religiosos no Brasil,

criando as primeiras escolas nos moldes europeus. Os jesuítas

permaneceram como mentores da educação brasileira durante

duzentos e dez anos, até 1759, quando foram expulsos de todas

as colônias portuguesas por decisão de Sebastião José de

Carvalho, o marquês de Pombal, primeiro-ministro de Portugal de

1750 a 1777. No momento da expulsão, os jesuítas tinham 25

residências, 36 missões e 17 colégios e seminários, além de

seminários menores e escolas de primeiras letras instaladas em

todas as cidades onde havia casas da Companhia de Jesus. -

Período Colonial, Imperial e República.

No ano de 1823, buscando suprir a falta de professores, institui-se

o Método Lancaster, ou do "ensino mútuo", onde um aluno

treinado ensina um grupo de dez alunos, com a presença

constante dos inspetores na fiscalização das atividades escolares.

Nos anos de 1826/1827 um Decreto institui quatro graus de

instrução: Pedagogias (escolas primárias), Liceus, Ginásios e

Academias, e um projeto de lei propõe a criação de pedagogias

em todas as cidades e vilas, além de prever o exame na seleção

de professores, para nomeação. Somente no ano de 1834 o Ato

Adicional à Constituição dispõe que as províncias passariam a ser

responsáveis pela administração do ensino primário e secundário.

A educação brasileira não recebeu nada de muito concreto até a

Proclamação da República, em 1889.

Com a Proclamação da Republica, ocorreu a reforma de

Benjamin Constant que tinha como princípios orientadores, a

liberdade e laicidade (sem influência religiosa) do ensino, como

também a gratuidade da escola primária. Estes princípios

seguiam a orientação do que estava estipulado na Constituição

brasileira. Uma das intenções desta Reforma era transformar o ensino

14

em formador de alunos para os cursos superiores e não apenas

preparador. Outra intenção era substituir a predominância literária pela

científica. A educação brasileira passou por diversas reformas como a

do João Luiz Alves que introduz a cadeira de Moral e Cívica com a

intenção de tentar combater os protestos estudantis contra o governo

do presidente Arthur Bernardes. Nas décadas de vinte ocorreram

diversos movimentos sociais até a ascensão de Getúlio Vargas.

Nas décadas de 1920 / 1930, ocorrem as crises econômicas

mundiais e o marco referencial para a entrada do Brasil no mundo

capitalista de produção. A acumulação de capital, do período

anterior, permitiu com que o Brasil pudesse investir no mercado

interno e na produção industrial. Assim a nova realidade brasileira

passou a exigir uma mão de obra especializada e para tal era

preciso investir na educação. Sendo assim, em 1930, foi criado o

Ministério da Educação e Saúde Pública e, em 1931, o governo

provisório sanciona decretos organizando o ensino secundário e

as universidades brasileiras ainda inexistentes. Estes Decretos

ficaram conhecidos como "Reforma Francisco Campos" e vale

destacar os seguintes decretos:

O Decreto 19.850, de 11 de abril, cria o Conselho Nacional

de Educação e os Conselhos Estaduais de Educação (que

só vão começar a funcionar em 1934);

O Decreto 19.890, de 18 de abril, dispõe sobre a

organização do ensino secundário;

O Decreto 20.158, de 30 de julho, organiza o ensino

comercial, regulamenta a profissão de contador e dá outras

providências;

O Decreto 21.241, de 14 de abril, consolida as disposições

sobre o ensino secundário;

Em 1934 a nova Constituição (a segunda da República)

dispõe, pela primeira vez, que a educação é direito de

todos, devendo ser ministrada pela família e pelos Poderes

Públicos e ainda em 1934, por iniciativa do governador

15

Armando Salles Oliveira, foi criada a Universidade de São

Paulo.

No ano de 1937 tem-se o inicio do Estado Novo e neste contesto

político em 1942, por iniciativa do Ministro Gustavo Capanema,

são reformados alguns ramos do ensino. Estas Reformas

receberam o nome de Leis Orgânicas do Ensino, e são

compostas pelos seguintes Decretos-lei, durante o Estado Novo:

O Decreto-lei 4.073, de 30 de janeiro, regulamenta o

ensino industrial;

O Decreto-lei 4.244, de 9 de abril, regulamenta o ensino

secundário;

O Decreto-lei 4.481, de 16 de julho, dispõe sobre a

obrigatoriedade dos estabelecimentos industriais

empregarem um total de 8% correspondente ao número de

operários e matriculá-los nas escolas do SENAI;

O Decreto-lei 4.984, de 21 de novembro, compele que as

empresas oficiais com mais de cem empregados a manter,

por conta própria, uma escola de aprendizagem destinada

à formação profissional de seus aprendizes. O ensino ficou

composto, neste período, por cinco anos de curso primário,

quatro de curso ginasial e três de colegial, podendo ser na

modalidade clássico ou científico. O ensino colegial perdeu

o seu caráter propedêutico, de preparatório para o ensino

superior, e passou a preocupar-se mais com a formação

geral (PILETTI, 1996).

A educação no Brasil no final da década de 1950 e inicio dos

anos de 1960 esteve envolta em diversas mudanças, pois o

momento político / tecnológico das armas nucleares, os satélites

espaciais e a grande influência norte-americana, movimentavam

estes processos. Vale lembrar que nos Estados Unidos houve

um grande empenho por parte do governo na modificação dos

currículos de ciências, principalmente em física, matemática,

química, ciências, geociências e biologia, assegurando assim a

16

formação de futuros profissionais dos quadros técnicos e

científicos necessários à modernização pretendida.

Por outro lado, provavelmente serviu para predispor a população para a

aceitação das mudanças econômicas realizadas e o custo social dessas

mudanças (Fracalanza, 2006).

No Brasil, a Universidade de São Paulo - USP em conjunto com o

Instituto Brasileiro de Educação e Cultura - IBECC (seção São Paulo), em 1954

iniciaram uma proposta de melhoria do ensino de ciências e introdução do

método experimental nas escolas do ensino fundamental e médio. Nessa fase

inicial de atuação do IBECC (SP), durante os anos de 1950, as propostas

curriculares das escolas brasileiras eram centralizadas e rígidas. Além disso,

os currículos oficiais prescreviam conteúdos que organizavam os

conhecimentos científicos de modo a facilitar a “transmissão cultural” dos

resultados da ciência e ilustrar a aplicação prática desses conhecimentos

(Fracalanza, 2006).

Conforme o mesmo autor, os procedimentos didáticos eram baseados

na exposição oral, na anotação dos alunos, nos exercícios de fixação e,

eventualmente, nas demonstrações práticas de que havia sido ensinado. A sala

ambiente para o ensino de ciências, quando existia, mais parecia um misto de

“museu tradicional” com “farmácias de manipulação”. Nesse caso, armários

envidraçados exibindo aparelhos, drogas, vidrarias, peças anatômica, coleção

de pedras ou espécimes vegetais ou animais conservados, entre outros.

Ademais, em face da escassez de profissionais licenciados por Faculdades de

Filosofia, os professores, em sua maioria, eram leigos ou, quando formados em

nível superior, oriundos das mais diversas profissões: médicos, dentistas,

farmacêuticos, engenheiros, advogados (Fracalanza, 2006).

A educação, que conhecemos hoje, tem seu início mais efetivamente

com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1961. Esta lei

colocou a obrigatoriedade do ensino de ciências em todas as séries ginasiais

(lê-se Ensino Fundamental II), mas com a lei nº 56962 de 1971, a disciplina de

ciências passou a ter caráter obrigatório nas oito séries do primeiro grau, em

verdade hoje, é da 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental II.

Com base na lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1961, cabia aos

professores, a transmissão dos conhecimentos acumulados pela humanidade,

17

mas no ambiente escolar o saber científico era considerado um saber neutro,

isento, e a verdade científica, tida como questionável.

Neste período ocorreu também a ampliação do número de Faculdades

de Filosofia e de matrículas nestes cursos, o que possibilitou a formação de um

número maior de professores habilitados.

A mudança no currículo possibilitou a realização de novas propostas no

ensino de ciências ao mesmo tempo em que novos professores recém-

formados difundiram novas ações pedagógicas propostas nas escolas de

ensino superior.

Neste período ocorre uma ampliação do numero de vagas no Ensino

Fundamental, devido à demanda do processo de industrialização e

consequente concentração urbana.

Na década de 1960 no Brasil ocorre a crise do populismo e, através do

golpe militar de 1964, a reorganização do sistema político e a aceleração do

processo de internacionalização da economia.

No plano educacional, juntamente com a ampliação de vagas nos

diversos níveis de ensino, por pressão de demanda, buscou-se o controle do

conteúdo geral do ensino, a reestruturação administrativa e o treinamento do

pessoal docente e técnico. Essas transformações, gestadas no seio nos

acordos MEC-USAID2, culminaram com as reformas do Ensino Superior (Lei

5.540/69) e da Educação Básica (Lei 5692/71) (Fracalanza, 2006).

No final dos anos 60 e na década seguinte, o Brasil retoma a expansão

econômica com um grande desenvolvimento no setor industrial, a concentração

de renda e o aumento dos problemas sociais e ambientais.

No ambiente educacional o número elevado de matrículas não é

acompanhado com os recursos necessários por parte do Estado, a iniciativa

2

Série de acordos produzidos, nos anos 1960, entre o Ministério da Educação brasileiro (MEC) e a United States Agency for International Development (USAID). Visavam estabelecer convênios de assistência técnica e cooperação financeira à educação brasileira. O último dos acordos firmados foi no ano de 1976. Os MEC-USAID inseriam-se num contexto histórico fortemente marcado pelo tecnicismo educacional da teoria do capital humano, isto é, pela concepção de educação como pressuposto do desenvolvimento econômico. Na prática, os MEC-USAID não significaram mudanças diretas na política educacional, mas tiveram influência decisiva nas formulações e orientações que, posteriormente, conduziram o processo de reforma da educação brasileira na Ditadura Militar. Destacam-se a Comissão Meira Mattos, criada em 1967, e o Grupo de Trabalho da Reforma Universitária (GTRU), de 1968, ambos decisivos na reforma universitária (Lei nº 5.540/1968) e na reforma do ensino de 1º e 2º graus (Lei nº 5.692/1971) (HISTEDBR).

18

privada inicia o seu crescimento neste momento aproveitando os espaços

deixados pelo estado.

Muitos esforços são direcionados para atender à profissionalização no

nível médio, tornada obrigatória pela Lei 5692/71(MEC), assim grande partes

dos novos projetos de ensino de Ciências buscam atender esta necessidade.

Na década de 1970 surgem alguns projetos que valem destacar como o

PREMEN, Programa de Expansão e Melhoria do Ensino, do Ministério de

Educação e Cultura para execução de parte dos acordos do MEC-USAID. No

período de 1972 a 1978 o PREMEN financiou alguns projetos que valem

destacar:

Ciência Integrada com o Centro de Ciências de São Paulo –

CECISP;

Projeto de Ensino de Ciências para o 1º Grau com o Centro de

Ciências do Rio Grande de Sul – CECIRS;

Laboratório Básico Polivalente de Ciências com a Fundação

Brasileira para o Desenvolvimento do Ensino de Ciências –

FUNBEC;

Por uma Compreensão da Saúde com o Ministério da Saúde;

Ciências Ambientais com o Centro de Ciências de São Paulo -

CECISP.

Além do PREMEN, a Fundação Brasileira para o Desenvolvimento do

Ensino de Ciências - FUNBEC3 desenvolveu alguns projetos bastante

relevantes para a época:

Laboratório Portátil de Ciências para o 1º Grau;

Kits para Experimentos de Ciências – 1º Grau em parceria com a

Fundação Ford;

Ciências, Higiene e Saúde em parceria com a Fundação

MOBRAL;

Ciências, Estudos Sociais e Matemática – 1º Grau.

3

FUNBEC -Fundação Brasileira para o Desenvolvimento de Ensino de Ciências - teve sua origem na Universidade de São Paulo, em 1967 com recursos da Unesco.

19

Todos estes projetos contribuíram para as mudanças desejadas no

currículo naquele período da história do ensino de Ciências no Brasil.

Na primeira metade do século XX, a Escola Nova foi um movimento de

renovação do ensino, sob importantes impactos de transformações

econômicas, políticas e sociais.

Assim, a educação tem como eixo norteador a vida, a experiência e a

aprendizagem, fazendo com que a função da escola seja a de propiciar uma

reconstrução permanente da experiência e da aprendizagem dentro de sua

vida.

Vários educadores se destacaram, especialmente após a divulgação do

Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, podemos mencionar Lourenço

Filho e Anísio Teixeira, grandes humanistas e nomes importantes de nossa

história pedagógica.

Um conceito essencial do movimento aparece especialmente em

Dewey3. Para ele, as escolas deviam deixar de ser meros locais de

transmissão de conhecimentos e tornarem-se pequenas comunidades.

Lourenço Filho nos fala sobre a escola que Dewey4 dirigia no final do

século passado, na Universidade de Chicago:

As classes deixavam de ser locais onde os alunos estivessem

sempre em silêncio, ou sem qualquer comunicação entre si, para se tornarem pequenas sociedades, que imprimissem nos alunos atitudes favoráveis ao trabalho em comunidade (Lourenço Filho, 1978).

Este modelo de escola influenciou muitos educadores no Brasil, como

também o ensino de ciências.

No decorrer da década de 80, o desenvolvimento mundial gerou

grandes custos sociais e ambientais. Desta forma, iniciaram as discussões

sobre as relações entre a educação e a sociedade.

Os problemas relativos ao meio ambiente e à saúde começaram ter

presença nos currículos de ciências naturais, mesmo que abordados em

diferentes níveis de profundidade.

4

O grande nome do movimento da Escola Nova na América foi o filósofo e pedagogo norte-americano John Dewey.

20

Neste período o ensino de ciências foi influenciado por dois programas

patrocinados pelo Ministério de Educação e Cultura, o primeiro foi o programa

de “Integração da Universidade com o Ensino de 1º Grau” e o segundo foi o

“Educação para a Ciências”.

O programa de Integração da Universidade com o Ensino de 1º Grau

tinha por objetivos atualizar e levar novas dinâmicas aos professores do Ensino

Fundamental, já o programa Educação para a Ciências foi desenvolvido pela

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) do

MEC, com o apoio do Banco Internacional para Reconstrução e

Desenvolvimento - BIRD e os seus objetivos eram:

melhorar a qualidade e tornar essencialmente experimental o

ensino de ciências nas diferentes áreas da química, física,

biologia e matemática;

incentivar a pesquisa científica universitária na área do ensino de

ciências buscando a melhora efetiva no Ensino Fundamental e

Médio;

elaborar atividades não formais de ensino, visando uma

valorização da ciências pela sociedade e despertar nos jovens um

maior interesse pelo estudo de ciências.

Mais recentemente, outros programas foram desenvolvidos visando

inovações e melhoria na qualidade do ensino em nossas escolas. Agências

como ProCiências (CAPES) e o Ensino Público (Fundação de Amparo à

Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP) criaram e desenvolveram

projetos na área do ensino de ciências.

Nestes últimos 25 anos existiram diversos grupos de pesquisas e

pesquisadores que se debruçaram buscando caminhos para a melhora e

ampliação de ações no ensino de ciências. Os professores formados nos

últimos anos já estão munidos de diversas propostas de ensino e atividades

práticas, podendo assim, gerar aulas mais próximas e significativas para os

educandos, mas ainda temos o problema de regiões onde as aulas são

ministradas por leigos e ou outros profissionais que não educadores

(Fracalanza, 2006).

21

1.3. OBJETIVOS DO ENSINO DE CIÊNCIAS

O ensino de ciências no Brasil é norteado pelos Parâmetros Curriculares

Nacional (PCN’s), documento desenvolvido pelo Ministério de Educação e

Cultura - MEC, para orientar toda a educação no país, indicando como

objetivos fundamentais do Ensino Fundamental que os alunos sejam capazes

de:

compreender a cidadania como participação social e política,

assim como exercícios de direitos e deveres políticos, civis e

sociais;

posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas

diferentes situações sociais;

conhecer características fundamentais do Brasil nas dimensões

sociais, materiais e culturais;

conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural

brasileiro, bem como aspectos socioculturais de outros povos e

nações;

perceber-se integrante, dependente e agente transformador do

ambiente;

desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o

sentimento de confiança em suas capacidades afetivas, físicas e

cognitivas;

conhecer e cuidar do próprio corpo, valorizando e adotando

hábitos saudáveis;

utilizar as diferentes linguagens: verbal, matemática, gráfica,

plástica e corporal;

saber utilizar deferentes fontes de informações e recursos

tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos;

questionar a realidade formulando-se problemas e tratando de

resolvê-los, utilizando para isso o pensamento lógico, a

criatividade, a intuição, a capacidade de análise crítica,

selecionando procedimentos e verificando sua adequação.

A disciplina de ciências tem vital importância no Ensino Fundamental,

pois para que os educandos atinjam os objetivos acima elencados e

22

desenvolver os conhecimentos científicos contribuirão de forma efetiva a estes

processos. O PCN de ciências5 apresenta como objetivo:

Os objetivos das ciências naturais no ensino fundamental são

concebidos para que o aluno desenvolva competências que lhe permitam compreender o mundo e atuar como indivíduo e como cidadão, utilizando conhecimentos de natureza científica e tecnológica (PCN, 1997).

Os conteúdos de ciências no ensino fundamental devem favorecer a

construção dos conceitos científicos, sendo relevantes do ponto de vista social,

cultural e científico emitindo ao educando as mais diversas relações e

compreendê-los para interagir com o seu meio ambiente. Os objetivos do

ensino de ciências norteiam para que os educandos desenvolvam as seguintes

capacidades:

compreender a natureza como um todo dinâmico, sendo o ser

humano parte integrante e agente transformador do mundo em

que vive;

identificar relações entre conhecimento científico, produção de

tecnologia e condições de vida;

formular questões, diagnosticar e propor soluções para problemas

reais a partir de elementos das ciências;

saber utilizar conceitos científicos básicos, associados a energia,

matéria, transformações;

saber combinar leitura, observações, experimentações e

registros;

coletar dados, organizar, comunicar e discutir os fatos e

informações;

valorizar o trabalho em grupo, trabalhar em construções coletivas

com ação critica e cooperativa;

compreender a saúde como bem individual e comum que deve

ser promovido por todos;

5 O MEC desenvolveu um PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) para cada uma das disciplinas, assim o volume 4 da coleção é para esta disciplina.

23

compreender a tecnologia como meio para suprir necessidades

humanas, mas sendo o seu uso correto sem prejudicar o homem

e a natureza.

Sendo a natureza uma ampla rede de relações entre fenômenos, e o ser

humano parte integrante e agente de transformação dessa rede, são muitos e

diversos os conteúdos, objetivos de estudo desta área. Faz-se necessário,

portanto, o estabelecimento de critérios para a seleção dos conteúdos, de

acordo com os objetivos gerais da área e com os fundamentos apresentados

nestes Parâmetros Curriculares Nacionais. São eles:

Os conteúdos devem se constituir em fatos, conceitos,

procedimentos, atitudes e valores compatíveis com o nível de

desenvolvimento intelectual do aluno, de maneira que ele possa

operar com tais conteúdos e avançar efetivamente nos seus

conhecimentos;

Os conteúdos devem favorecer a construção de uma visão de mundo

que se apresenta como um todo formado por elementos inter-

relacionados, entre os quais o homem, agente de transformações. O

ensino de Ciências Naturais deve relacionar fenômenos naturais e

objetivos da tecnologia, possibilitando a percepção de um mundo

permanentemente reelaborado, estabelecendo-se relações entre o

conhecido e o desconhecido, entre as partes do todo;

Os conteúdos devem ser relevantes do ponto de vista social e ter

revelados seus reflexos na cultura, para permitirem ao aluno

compreender, em seu cotidiano, as relações entre o homem e a

natureza medidas pela tecnologia, superando interpretações

ingênuas sobre a realidade à sua volta. Os temas Transversais

apontam conteúdos particularmente apropriados para isso (PCN,

1997).

Cabe ao educador selecionar os conteúdos a serem trabalhados e

decidir sobre que perspectivas, enfoque e assuntos devem ser trabalhados em

sala de aula, para levar o educando, a saber, utilizar conceitos científicos

básicos e a evoluir nos estudos.

24

2. EDUCAÇÃO AMBIENTAL

A ciências e a tecnologia são parâmetros da

humanidade, a que todos os seres humanos têm direito. Os saberes são fruto do trabalho coletivo, direta e indiretamente, e não apenas dos nomes reconhecidos. Representam possibilidades, de melhorar a vida, diminuir o sofrimento, alargar a consciência (BARBOSA, 2009).

O ser humano sozinho não sobrevive, a educação tem por função

socializar o indivíduo. Nem sempre existiu a escola como se conhece hoje, ela

tem por função socializar o individuo para desenvolver funções no seu meio

social. “A educação aparece na sociedade humana com a função social de

evitar a contradição existente entre os interesses pessoais e sociais.” (CARO,

2011).

Assim também a Educação Ambiental surge para atender à necessidade

urgente de uma sociedade que está, se autodestruindo, com um

desenvolvimento tecnológico e urbano sem muito observar o meio ambiente.

Ao se considerar o ensino fundamental como sendo o nível de

escolarização obrigatório no Brasil, não se pode pensar no ensino de Ciências

como um ensino propedêutico, voltado para uma aprendizagem efetiva em

momento futuro. A criança não é cidadão do futuro, mas já é cidadão hoje, e,

nesse sentido, conhecer ciências é ampliar a sua possibilidade presente de

participação social e viabilizar sua capacidade plena de participação social no

futuro (PCN’s).

Ao educador cabe apresentar a Educação Ambiental, selecionando,

organizando e problematizando os conteúdos de modo a promover um avanço

no desenvolvimento, nas habilidades e competências do educando

possibilitando a sua construção como um individuo socialmente participativo,

ético e competente.

2.1. Educação ambiental no Brasil

A educação ambiental surgiu no Brasil oficialmente na década de oitenta

com a lei nº 6938, e vale destacar, neste contexto, o artigo 2º:

25

A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana.

Entre os princípios enunciados, temos o inciso número X que diz:

Educação Ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da

comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio

ambiente.

Apesar de experiências identificadas na década de 1970, as discussões

relacionadas a este campo de saber e ação política adquirem caráter público

de projeção no cenário brasileiro em meados da década de 1980, com a

realização dos primeiros encontros nacionais, a atuação crescente das

organizações ambientalistas, a incorporação da temática ambiental por outros

movimentos sociais e educadores e o aumento da produção acadêmica. Além

dessa ampliação de forças sociais envolvidas, sua importância para o debate

educacional se explicita na obrigatoriedade constitucional, em 1988, no

primeiro Programa Nacional de Educação Ambiental, em 1994 (reformulado em

2004), nos Parâmetros Curriculares Nacionais, lançados oficialmente em 1997,

e na Lei Federal que define a Política Nacional de Educação Ambiental – PNEA

- Lei n. 9795/1999 (Loureiro, 2008).

Vale destacar os artigos 1º ao 5º:

Art. 1o: Entende-se por educação ambiental os processos por meio dos

quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,

habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio

ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e

sua sustentabilidade.

Art. 2o: A educação ambiental é um componente essencial e permanente

da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos

os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não

formal.

26

Art. 3o: Como parte do processo educativo mais amplo, todos têm direito

à educação ambiental, incumbindo:

I - ao Poder Público, nos termos dos artigos 205 e 225 da Constituição

Federal, definir políticas públicas que incorporem a dimensão ambiental,

promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e o engajamento

da sociedade na conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente;

II - às instituições educativas, promover a educação ambiental de maneira

integrada aos programas educacionais que desenvolvem;

III - aos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente -

SISNAMA, promover ações de educação ambiental integrada aos programas

de conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente;

IV - aos meios de comunicação de massa, colaborar de maneira ativa e

permanente na disseminação de informações e práticas educativas sobre meio

ambiente e incorporar a dimensão ambiental em sua programação;

V - às empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas,

promover programas destinados à capacitação dos trabalhadores, visando à

melhoria e ao controle efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como sobre

as repercussões do processo produtivo no meio ambiente;

VI - à sociedade como um todo, manter atenção permanente à formação

de valores, atitudes e habilidades que propiciem a atuação individual e coletiva

voltada para a prevenção, a identificação e a solução de problemas ambientais.

Art. 4o: São princípios básicos da educação ambiental:

I - o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo;

II - a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a

interdependência entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob o

enfoque da sustentabilidade;

III - o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, na perspectiva da

inter, multi e transdisciplinaridade;

IV - a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas

sociais;

V - a garantia de continuidade e permanência do processo educativo;

VI - a permanente avaliação crítica do processo educativo;

27

VII - a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais,

nacionais e globais;

VIII - o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade

individual e cultural.

Art. 5o: São objetivos fundamentais da educação ambiental:

I - o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente

em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos,

psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e

éticos;

II - a garantia de democratização das informações ambientais;

III - o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a

problemática ambiental e social;

IV - o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e

responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a

defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da

cidadania;

V - o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis

micro e macrorregionais, com vistas à construção de uma sociedade

ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da liberdade, igualdade,

solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade e sustentabilidade;

VI - o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a

tecnologia;

VII - o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e

solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade.

A comunidade educativa aceitou o tema Educação Ambiental como

parte integrante e de grande relevância nos conteúdos de ciências, pois a

sociedade já pedia um maior envolvimento com este tema. Os problemas

relativos ao meio ambiente passaram a ser presença obrigatória nas aulas de

ciências, assim trazendo os conteúdos mais próximos ao cotidiano dos

educandos.

Presente no conteúdo escolar, a temática ambiental permite apontar

para as relações recíprocas entre sociedade e ambiente, marcadas pelas

necessidades humanas, seus conhecimentos e valores. Observar os

28

fenômenos naturais, identificar seus ciclos, compreender suas forças e

fraquezas, ver-se como parte integrante destes sistemas torna o educando

mais próximo da natureza, e assim a possibilidade de um tratamento respeitoso

e ético para com o meio ambiente.

Segundo Ferreira, é preciso que a Educação Ambiental no Brasil assuma

sua autonomia, seja efetiva, concretize ações e independência crítica, pois

somente assim sua mobilização social, contando com a participação das

comunidades em relação a todos os problemas ambientais, será uma

realidade.

2.2.Educação Ambiental e as suas relações sociocomunitárias

No Brasil, a Educação Ambiental teve o seu início mais significativo, em

pequenas comunidades, pois nelas o educador mora e convive com os

educandos, participando ativamente das mesmas angústias e alegrias da

comunidade.

A visão socioambiental orienta-se por uma racionalidade

complexa e interdisciplinar e pensar o meio ambiente não como sinômino de natureza intocada, mas como um campo de interações entre a cultura, a sociedade e a base física e biológica dos processos vitais, no qual todos os termos dessa relação se modificam dinâmica e mutuamente (CARVALHO, 2004).

A educação ambiental se constrói numa relação muito significativa, onde

cada indivíduo tem seu papel e é muito importante. Podemos observar a

Educação Ambiental como um processo de construção, onde encontramos:

1. O Educador e a Educação Ambiental

Um educador deve se sentir envolvido com as questões ambientais,

possuir conhecimento dos processos e manter-se atualizado. Deve levar

aos educandos os seus conhecimentos científicos para que eles possam

compreender a cidadania com participação social e política efetiva.

2. O Educando e a Educação Ambiental

Um educando envolvido com os temas ambientais, estimulado,

desenvolvendo compreensão melhor do meio ambiente. Deve relacionar os

conceitos científicos aprendidos nos bancos escolares com o seu dia a dia e

29

aplicá-los para melhorar o seu ambiente e ter ações de preservação

ambiental.

3. A Escola e a Educação Ambiental

Uma escola que possua no eixo norteador de conteúdos a educação

ambiental e que também a pratique no seu cotidiano. A escola como

referência do educando e da comunidade. O tema transversal6 Meio

Ambiente traz a discussão a respeito da relação entre os problemas

ambientais e fatores econômicos, políticos, sociais e históricos. São

problemas que acarretam discussões sobre responsabilidades humanas

voltadas ao bem-estar comum e ao desenvolvimento sustentado, na

perspectiva da reversão da crise socioambiental planetária (PCN).

4. A Comunidade e a Educação Ambiental

Uma comunidade que participe ativamente nos eventos da escola e que

se sinta desafiada a desenvolver projetos comunitários que modifiquem e

melhorem o meio ambiente. As ONGs - Organizações Não Governamentais

existem neste espaço e possuem um papel muito significativo nas

comunidades.

5. O Estado e a Educação Ambiental

Um governo comprometido com as questões ambientais tanto no

executivo como no Legislativo e com o cuidado especial na educação. Uma

política pública representa a organização da ação do Estado para a

solução de um problema ou atendimento de uma demanda específica da

sociedade. Quanto a sua modalidade, as políticas públicas se dão por

intervenção direta, por regulamentação, ou contratualismo. O MEC e o

Ministério do Meio Ambiente em seus respectivos setores de educação

ambiental, pautados pelo ProNEA - Programa Nacional de Educação

Ambiental, estão implantando programas e projetos junto às redes públicas

de ensino, unidades de conservação, prefeituras municipais, empresas,

6 Os temas transversais dos novos parâmetros curriculares incluem Ética, Meio ambiente, Saúde, Pluralidade cultural e Orientação

sexual. Eles expressam conceitos e valores fundamentais à democracia e à cidadania e correspondem a questões importantes e

urgentes para a sociedade brasileira de hoje, presentes sob várias formas na vida cotidiana. A transversalidade, bem como a

transdisciplinaridade, é um princípio teórico do qual decorrem várias consequências práticas, tanto nas metodologias de ensino quanto

na proposta curricular e pedagógica.

30

sindicatos, movimentos sociais, organizações da sociedade civil,

consórcios e comitês de bacia hidrográfica, assentamentos de reforma

agrária, dentre outros parceiros.

Quando envolvemos um indivíduo em um contexto, tudo o que ele

aprende se torna significativo e aplicativo. É papel da educação formar

indivíduos que sejam agentes sociais transformadores, multiplicadores dos

conhecimentos e muito mais conscientes.

Neste contexto, vale lembrar as colocações do Brandão (2006):

Somos nós, nós em comum, em comunidade, os donos (isso

mesmo), os benefícios, os usuários, os “curtidores” do imenso patrimônio natural e cultural que compõe todo o repertório de bens culturais e, em conjunto, bens patrimoniais partilhados por e entre nós. E assim como eu cuido do meu quarto e, em família, nós cuidamos de nossa casa, assim também, em comunidade, somos responsáveis pelo cuidado do que é por direito partilhamos em comum, comunitariamente. Nós somos os gestores das frações de natureza e cultura dos mundos próximos que nos tocam não só para conviver e “curtir”, mas também para recriar, cuidar e preservar.

A responsabilidade de educar para a sustentabilidade é de todos. Ela

não se estabelece de forma impessoal e descontextualizada, mas está

relacionada com a escola que se vive, com a escola concreta de todos os dias,

com seus problemas e suas virtudes, com o contexto em que está inserida

(Gadotti, 2010).

Os educadores possuem a tarefa de fornecer aos educandos

ferramentas para desenvolver novas perspectivas de olhar o meio ambiente e

desenvolver atividades que sejam compatíveis a um desenvolvimento

sustentável. Como conteúdo escolar, a temática ambiental permite apontar

para as relações recíprocas entre a sociedade e ambiente, marcadas pelas

necessidades humanas, seus conhecimentos e valores (PCN, 1997).

A educação ambiental é hoje absolutamente necessária para chegarmos

a um futuro mais promissor; ela é uma questão social, pois envolve todos os

indivíduos da comunidade; é uma questão ecológica, pois envolve todos os

seres vivos que se relacionam no meio ambiente em que se encontram. A

ecologia é o principal referencial teórico para os estudos ambientais. Em uma

definição ampla, a Ecologia estuda as relações de interdependência entre os

31

organismos vivos e destes com os componentes sem vida do espaço que

habitam, resultando em um sistema aberto denominado ecossistema (PCN,

1997).

O paradigma da sustentabilidade implica na construção de novos

valores, conhecimentos e aprendizagem. No esforço de comunicar, sensibilizar,

mobilizar e formar a comunidade de vida planeta, o papel da educação

ambiental tem se acentuado desde a década de oitenta. Em âmbito

internacional, a Organização para a Educação, a Ciência e a Cultura das

Nações Unidas – UNESCO, tem a incumbência de dar surgimento ao capítulo

36 da agenda 217, que trata da educação ambiental em todos os níveis de

formação de educadores da informação ao público (Gadotti, 2010).

No capitulo 36 vale destacar:

O ensino, inclusive o ensino formal, a conscientização pública e

o treinamento devem ser reconhecidos como um processo pelo qual os seres humanos e as sociedades podem desenvolver plenamente suas potencialidades. O ensino tem fundamental importância na promoção do desenvolvimento sustentável e para aumentar a capacidade do povo para abordar questões de meio ambiente e desenvolvimento, ainda que o ensino deva ser incorporado como parte essencial do aprendizado. Tanto o ensino formal como o informal é indispensável para modificar a atitude das pessoas, para que estas tenham capacidade de avaliar os problemas do desenvolvimento sustentável e abordá- los. O ensino é também fundamental para conferir consciência ambiental e ética, valores e atitudes, técnicas e comportamentos em consonância com o desenvolvimento sustentável e que favoreçam a participação pública efetiva nas tomadas de decisão. Para ser eficaz, o ensino sobre o meio ambiente e desenvolvimento deve abordar a dinâmica do desenvolvimento do meio físico/biológico e do sócio econômico e do desenvolvimento humano (que pode incluir o espiritual); deve integrar-se em todas as disciplinas e empregar métodos formais e meios efetivos de comunicação (Agenda 21,1997).

7 A Agenda 21 é o principal resultado da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento – UNCED/Rio-92.

Este documento foi discutido e negociado exaustivamente entre as centenas de países ali presentes, sendo, portanto um produto diplomático

contendo consensos e propostas. Agenda 21 é um documento estratégico, um programa de ações abrangente para ser adotado global,

nacional e localmente, visando fomentar em escala planetária, a partir do século XXI, um novo modelo de desenvolvimento que modifique os

padrões de consumo e produção de forma a reduzir as pressões ambientais e atender as necessidades básicas da humanidade. A este novo

padrão, que concilia justiça social, eficiência econômica e equilíbrio ambiental, convencionou-se chamar de Desenvolvimento Sustentável.

32

Há um século e meio, o chefe indígena norte americano Seattle disse a

seguinte frase tão atual:

“O homem não teceu a teia da vida, ele é apenas um de seus filhos. Há

uma ligação em tudo, a Terra não pertence ao homem, o homem pertence à

Terra. O que ele fizer a Terra estará fazendo a si mesmo.”

Assim, uma educação ambiental significativa, com um olhar amplamente

socioambiental só tem a contribuir na formação dos educandos como também

na formação do cidadão.

33

3. ESTUDO DOS LIVROS PARADIDÁTICOS

3.1. O ensino de ciências

A grande qualidade da espécie humana foi a de romper com as

próprias limitações: um animal frágil, provido de insignificante força física, dominou toda a natureza e se transformou no mais temível dos predadores. Sem asas dominou os ares; sem guelras, ou melhor, membrana própria conquistou os mares. Tudo isto porque difere dos outros animais por ser o único que possui cultura. Mas que é cultura?” (LARAIA,1986).

O ensino de ciências é a forma mais antiga de organização da cultura

humana, pois desde os tempos dos Neandertais, os conhecimentos sobre a

natureza eram ensinados de pais para filhos.

A construção do ensino de ciências pode ser compreendida como um

mosaico constituído de várias cores e formas, que o educando vai montando o

seu conhecimento a partir dessas peças, com informações que lhe são

significativas. Assim, a escola tem um importante papel ao fornecer estas

peças que são de fundamental importância.

Quanto ao ensino de ciências temos segundo Veglia, 2007:

Ciências Naturais

O que é ciências?

Quais as visões do

ensino?

Para que ensinar

ciências?

Como ensinar

ciências na escola?

34

Ciências Naturais

As ciências naturais têm o papel de colaborar para a compreensão do

mundo e suas transformações, situando o homem como indivíduo participativo

e parte integrante do Universo (PCN). O Estado selecionou um conjunto de

conhecimento da humanidade com os quais os educadores deverão trabalhar

com os educandos.

O que é ciências?

As ciências são um conjunto de informações/conhecimentos acumulados

pela humanidade que têm os seguintes pré-supostos:

são autênticas, pois descreve a realidade;

são verdadeiras, pois suas teorias e os seus conhecimentos são

considerados universais e absolutos;

são neutras, pois seus conhecimentos científicos estão acima dos

objetivos pessoais.

Pode-se organizar as ciências segundo os conteúdos, que devem ser

tratados a partir de modelos teóricos não limitados, ou seja, devem ser

multidisciplinar e ou transversais (envolvendo os demais conteúdos:

matemática, língua portuguesa, dentre outros). Os procedimentos e atitudes

serão muito significativos para uma boa aprendizagem.

Quais as visões do ensino?

O ensino de ciências deve ser organizado de forma que os educandos

desenvolvam as seguintes capacidades e habilidades:

compreender a natureza;

identificar relações;

formular questões, diagnosticar e propor soluções;

ter a capacidade de utilizar conceitos científicos;

combinar leituras, observações, experimentações e registros de

processos científicos.

Ao concluir o ensino, o educando deve ter as habilidades desenvolvidas e

o gosto pelas ciências bem como se sentir envolvido e parte integrante de tudo

que o cerca.

35

Para que ensinar ciências?

O ensino de ciências nos leva a observar, refletir e relacionar com o

meio ambiente que nos cerca, também descobrir a existência de outros

ambientes com as suas características e valores.

Os conceitos e procedimentos desta área contribuem para a ampliação

das explicações sobre os fenômenos da natureza, para o entendimento e o

questionamento dos diferentes modos de nela intervir e, ainda, para a

compreensão das mais variadas formas de utilizar os recursos naturais (PCN).

O educador deve levar o educando a uma viagem nos conhecimentos

acumulados pela humanidade, sempre observando o nível intelectual do aluno.

Este estudo deve mostrar uma relação significativa entre homem-natureza, isto

é, o educando com o seu próprio corpo, com os seres vivos, com o meio

ambiente e todo o sistema dinâmico do Universo.

Como ensinar ciências na escola?

É evidente que não se ensina na escola os conceitos exatamente como

os cientistas os colocam (ciências erudita). É necessário adaptar estes

conceitos para os educandos, fazendo uma transformação didática. Segundo o

esquema da professora Veglia temos:

os cientistas elaboram os procedimentos, testam e desenvolvem

teorias em uma linguagem própria – ciências erudita;

os conhecimentos científicos são estudados e compreendidos

pelos educadores, que devem transformar estas informações para

uma linguagem acessível aos educandos;

os educadores elaboram as suas aulas com os devidos cuidados,

isto é, sem modificar os conhecimentos eruditos, mas sim

transformá-lo de forma didática para as aulas;

permitir aos educandos uma construção própria das ideias

trabalhadas;

verificar se os educandos absorveram o conhecimento,

mostrando a capacidade de relacionar os conteúdos de forma

coerente.

36

É importante selecionar as atividades para que favoreçam a construção

de ideias básicas para o desenvolvimento de hipóteses e modelos. Propor

também, situações problemas relevantes socialmente e a possibilidade de

análise de um modelo científico. Assim, dando a devida atenção, o ensino de

ciências se torna muito relevante e significativo aos educandos.

3.2. A origem dos livros paradidáticos

A partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) do final dos

anos 90, em que se estabeleceram os PCN’s, a importância dos livros

paradidáticos nas escolas aumentou significativamente, pois a orientação para

a abordagem de temas transversais relacionados ao desenvolvimento da

cidadania abriu espaços para a produção de obras a serem utilizadas em sala

de aula.

Os livros paradidáticos são materiais muito eficientes do ponto de vista

pedagógico, pois utilizam aspectos mais lúdicos que os livros didáticos.

Recebem esse nome porque são adotados de forma paralela aos materiais

convencionais, sem que ocorra a substituição dos livros didáticos.

Os temas tratados nos livros paradidáticos são mais atuais e recebe

uma roupagem especial nas ilustrações, mapas, textos e na dinâmica de

apresentação dos conteúdos. Outro ponto relevante nestes livros e que merece

destaque são os sites e endereços eletrônicos sugeridos para pesquisas e

troca de informações entre educandos.

Estes livros não são descartáveis, ou seja, podem ser utilizados por

diversos educandos sem perder a sua qualidade. Trata-se de um material

didático que pode ser colocado na biblioteca da escola para ser trabalhado por

diversas séries. Quanto ao conteúdo deste material, o mesmo pode ser

utilizado em sua totalidade ou parte dele, ficando a critério do educador da

série. Tratando-se da educação infantil, é possível explorar as ilustrações dos

livros com as crianças.

A utilização dos livros paradidáticos aumentou na rede pública de ensino

a partir da descentralização dos recursos do Programa Nacional do Livro

Didático (PNLD) e a decisão de alguns Estados, como São Paulo, de investir

37

nessas obras. Por assim ser, as editoras publicaram diversos títulos para

atender esta nova demanda.

3.3. Critérios para análise dos livros paradidáticos

Os livros paradidáticos devem receber os mesmos cuidados ao serem

escolhidos que recebem os livros didáticos, seguindo as determinações e

orientações do Programa Nacional do livro Didático.

O Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) tem como principal

objetivo subsidiar o trabalho pedagógico dos professores por meio da

distribuição de coleções de livros didáticos aos alunos da educação básica.

Após a avaliação das obras, o Ministério da Educação (MEC) publica o Guia de

Livros Didáticos com resenhas das coleções consideradas aprovadas.

O guia é encaminhado às escolas, que escolhem, entre os títulos

disponíveis, aqueles que melhor atendem ao seu Projeto Político Pedagógico.

O programa é executado em ciclos trienais alternados. Assim, a cada ano o

Ministério da Educação e Cultura - MEC adquire e distribui livros para todos os

alunos de um segmento, que pode ser: anos iniciais do Ensino Fundamental,

anos finais do Ensino Fundamental ou Ensino Médio. À exceção dos livros

consumíveis (utilizáveis uma única vez), os livros distribuídos deverão ser

conservados e devolvidos para utilização por outros alunos nos anos

subsequentes.

É importante lembrar as recomendações do MEC aos professores, ao

escolher os livros, que diz:

Nesse processo inovador de ensino e aprendizagem, no qual

tanto o aluno quanto o professor estão cada vez mais se apropriando de ferramentas da Ciência para a reconstrução do conhecimento e da linguagem científica, o livro didático aparece como um instrumento de apoio, problematização, estruturação de conceitos, e de inspiração para que os alunos, e o próprio professor, investiguem os diversos fenômenos que integram o seu cotidiano. Assim, o livro não precisa ser seguido de forma linear, unidade a unidade, capítulo a capítulo. Ele possibilita muitas idas e vindas, servindo como fonte de pesquisa sobre assuntos diversos, mas que estabelecem nexos durante as investigações dos alunos.

38

Como os temas de pesquisa são emaranhados, com muitas

conexões e relações, os conteúdos emergem naturalmente e, ao final do ano

letivo, quase todos, ou todos os conteúdos tradicionalmente previstos, e muitos

outros, terão sido explorados.

O livro didático, assim como o Manual do Professor, é um suporte

de conhecimentos e de métodos para o ensino e serve como orientação para

as atividades de produção e reprodução do conhecimento. Mas, deve ir, além

disso, pois é fundamental que estimule outras leituras, apresente referências

bibliográficas – sejam de revistas especializadas ou obras disponíveis nas

bibliotecas – e incentive o acesso a obras e portais de educação na Internet. E,

por último, mas essencial, que estimule o professor a realizar junto aos alunos

incursões no conhecimento científico através da experimentação de modo a

gerar novas interpretações ao longo dos experimentos. Desse modo, quando

ensina, aprende.

O MEC tem o cuidado de orientar para o estímulo de leituras extras.

Assim, os paradidáticos não são apenas um desejo pessoal do educador de

melhorar as suas aulas, mas também faz parte da construção do ensino

proposto pelo Estado.

Os critérios e procedimentos adotados para análise dos livros

paradidáticos foram norteados pelos eixos teórico–metodológicos propostos

pelos PCN’s, que norteiam o nosso ensino. Os livros paradidáticos serão

analisados sob dois ângulos fundamentais: projeto gráfico e os aspectos

teórico–metodológicos.

No projeto gráfico serão analisados todos os aspectos formais e

materiais relativos à apresentação da capa, texto, mapas, tabelas, gráficos e

demais ilustrações, que favorecem na compreensão dos conteúdos.

Nos aspectos teórico–metodológicos gerais serão analisadas as

características comuns a todos os componentes curriculares que devem ser

respeitados em um material pedagógico.

O educador irá analisar, ao longo da sua carreira escolar, diversos

materiais para utilizar nas suas aulas e é importante valer-se de critérios que

ele adquiriu ao longo da sua formação e as suas experiências, escolhendo

entre os livros publicados o que contenha a melhor proposta teórico-

metodológica para a série a ser trabalhada.

39

Nesta pesquisa trabalharemos com os livros paradidáticos na área de

educação utilizados no ensino regular na 8ª série / 9º ano do Ensino

Fundamental II.

A partir dos critérios do Guia de Livros Didáticos propostos pelo MEC

temos:

I - Projeto Gráfico

A coleção é isenta de erros de revisão e/ou impressão?

O livro apresenta sumário, refletindo claramente a organização dos

conteúdos e atividades propostos, além de permitir a rápida localização

das informações?

As ilustrações indicam a proporção dos objetos ou seres representados,

não induzindo a erros em relação a seu tamanho?

As fotos, esquemas e desenhos da coleção apresentam citação de

fontes, locais de custódia (local onde estão acervos cuja imagem está

sendo utilizada na publicação), datas e outras informações necessárias

ao crédito?

Os gráficos e tabelas da coleção apresentam títulos, fontes e datas?

A coleção apresenta legibilidade gráfica adequada para o nível de

escolaridade a que se destina, em relação: aos desenhos; ao tamanho

das letras; ao espaçamento entre letras, palavras e linhas; ao formato,

dimensões e disposição dos textos na página?

As ilustrações (fotos, esquemas, gráficos, tabelas, desenhos, molduras,

pano de fundo, etc.) são adequadas às finalidades para as quais foram

elaboradas?

As imagens da coleção contemplam a diversidade étnica da população

brasileira e a pluralidade social e cultural do País?

II - Aspectos Teóricos – Metodológicos

O livro aborda em sua proposta pedagógica e implementa nas atividades

sugeridas? A construção, pelo educando, de habilidades cognitivas para

as demandas da sociedade atual, superando procedimentos

primordialmente de memorização e de repetição de exercícios

descontextualizados?

40

Ele valoriza a experiência extraescolar e a vinculação entre a educação

escolar, o trabalho e as práticas sociais?

E atende ao objetivo da formação básica do cidadão, contribuindo, por

meio da Ciência, para o desenvolvimento da capacidade de aprender e

para o domínio da leitura, da escrita e do cálculo?

Contribui para uma compreensão do ambiente natural e social, do

sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se

fundamenta a sociedade?

Favorece uma educação para a cidadania, estimulando o aluno a fazer

julgamentos, tomar decisões e atuar criticamente frente a questões

cruciais do presente e do futuro, envolvendo-se em debates sobre as

repercussões, relações e aplicações do conhecimento científico na

sociedade?

Contribui para desenvolver uma postura de respeito, conservação, uso e

manejo correto do ambiente?

Respeita o caráter laico do ensino público, não fazendo doutrinação

religiosa ou política?

Valoriza a comunicação da Ciência, pela proposição de diferentes

meios, em linguagens e formatos apropriados para o público ao qual se

dirige, contribuindo para o desenvolvimento de competências

comunicativas e argumentativas dos alunos e o domínio ampliado da

leitura e da escrita?

III - Atividades

O livro apresenta temas de estudo, atividades, linguagem e terminologia

científicas adequadas ao desenvolvimento cognitivo dos estudantes?

Ele valoriza a manifestação do conhecimento prévio dos alunos sobre o

que é objeto do ensino?

E evidencia a historicidade do conhecimento científico, considerando

que novas teorias e conhecimentos têm múltiplas autorias e se

concretizam em contextos históricos?

41

IV - Manual do professor

O Manual do Professor expressa e detalha a proposta pedagógica do

livro, explicitando objetivos, pressupostos teórico-metodológicos,

organização dos conteúdos e avaliação?

Ele indica possibilidades de trabalho interdisciplinar na escola?

Sugere e discute diferentes formas, possibilidades, recursos e

instrumentos de avaliação que o professor pode utilizar, condizentes

com os pressupostos teórico-metodológicos que nortearam a proposição

das atividades e a seleção dos conteúdos do livro do aluno?

Valoriza o papel do professor como problematizador e mediador das

aprendizagens dos alunos, e não como um simples facilitador ou monitor

de atividades?

Apresenta textos de aprofundamento, experimentos e atividades

complementares na abordagem dos diferentes temas tratados,

sugerindo como utilizá-los e apresentando as respectivas referências?

Constitui-se em complementação didático-pedagógica para atualização

docente e para reflexão sobre a prática, favorecendo estudos dos

professores e interação com os demais profissionais da escola?

Ainda, o Manual do Professor apresenta referências bibliográficas de

qualidade e facilmente acessíveis, estimulando o professor para leituras

básicas e complementares?

Neste trabalho, os procedimentos elencados acima têm como referência

as orientações do MEC na escolha do livro didático, o Guia de Livros Didáticos

PNLD 20118, observando os detalhes comuns aos livros paradidáticos. Serão

utilizadas também, como referência, as técnicas aplicadas pelos professores

que desenvolveram o trabalho, O livro didático de ciências no Brasil, Hilário

Franlanza e Jorge Megid Neto (organizadores).

8 O MEC publica anualmente em se site o Guia de Livros Didáticos do Programa Nacional do Livro Didático, onde os professores da

rede pública encontram as orientações e os livros disponíveis para a adoção. Neste guia contém uma avaliação dos livros, os critérios

de avaliação para a escolha da obra, um quadro comparativo dos livros e um resumo de cada livro. No caso dos livros de ciências, eles

foram oferecidos no ano de 2011.

42

3.4. Escolha dos livros paradidáticos

Os critérios utilizados para a escolha dos livros paradidáticos são:

Autores diversos, isto é, não limitar a uma única área de formação;

A escolha de autores com formação pedagogicamente variada:

geógrafos, biólogos, jornalistas, pois propiciam visões diferentes sobre

as questões ambientais, já que este tema não apresenta, ainda, uma

formação específica;

Todos os livros são acessíveis à rede pública de escolas - O fato dos

livros serem utilizados nas escolas da rede pública e continuar sendo

publicados demonstram que estes foram aprovados pelos educadores

na sua prática;

Livros que já estão sendo utilizados há no mínimo, um ano. É o tempo

mínimo necessário para ser observado pelos educadores;

Livro já trabalhado, em sua totalidade ou parcialmente, por mim com os

alunos, possibilita que façamos uma análise individual, bem como uma

análise com meus alunos, de forma prática;

Múltiplas editoras: editoras diferentes propiciam preços diferentes.

Sendo assim, torna-se acessível aos mais variados tipos de escolas.

Os livros selecionados foram:

CLIMA E MEIO AMBIENTE

Este livro é publicado pela editora Atual, a edição analisada é a 7ª de

2011. Esta obra foi escrita pelo professor Doutor José Bueno Conti, formado

em geografia pela Universidade de São Paulo - USP e é professor titular do

Instituto de Geociências da USP.

ÁGUA: VIDA E ENERGIA

O livro é publicado pela editora Atual, pertence ao Projeto Ciências e a

edição analisada é a 1ª de 2004. Esta obra foi escrita pela professora Doutora

Eloci Peres Rios, formada em biologia pela Universidade Estadual Paulista -

UNESP doutora em Oceanografia pela Universidade de São Paulo - USP,

leciona Ciências no Ensino Médio e escreve artigos para revistas.

43

TERRA EM ALERTA

O livro é publicado pela editora Saraiva, a edição analisada é a 1ª de

2010. Esta obra foi escrita pelas professoras: Neide Simões de Mattos e

Suzana Facchini, ambas biólogas formadas pela Universidade de São Paulo –

USP e possuem outros livros publicados - Regiões Litorâneas; A fascinante

aventura da vida e lixo: problema nosso de cada dia.

MEIO AMBIENTE E SOCIEDADE

O livro é publicado pela editora Ática, a edição analisada é a 1ª de 2005.

Esta obra foi escrita pelo jornalista Marcelo Leite, formado pela Universidade

de São Paulo - USP, doutor em Ciências Sociais pela Universidade Estadual

de Campinas - UNICAMP, vencedor do prêmio José Reis de divulgação

cientifica de 2005. É jornalista da Folha de São Paulo, escreveu também os

livros:

Os alimentos transgênicos, A floresta Amazônica, O DNA, Darwin, todos

pela série Folha explica: Ciências.

Use com cuidado, esta é uma coletânea de 80 colunas publicadas pela

editora da UNICAMP.

Pela editora Ática, publicou os livros: Brasil - Paisagens Naturais,

Pantanal, O mosaico das águas, Amazônia, Terra com futuro, Ciências

em dia, Clones demais, O resgate das cobaias, Fogo Verde, O clube da

Capivara, entre outros.

44

4. ANÁLISE DOS LIVROS PARADIDÁTICOS

4.1. Leitura exploratória dos livros paradidáticos

Com base nos critérios estabelecidos anteriormente, a avaliação dos

resultados obtidos na leitura e na utilização no cotidiano escolar dos livros

paradidáticos foram os seguintes:

CLIMA E MEIO AMBIENTE

I – Projeto Gráfico

Geral Apresenta um sumário muito

fragmentado.

Ilustrações, Mapas, Gráficos e

Tabelas

As imagens são de tons escuros as

quais não facilitam a consulta; e, há

um excesso de informações, além

dos dados não estarem

devidamente atualizados.

45

II – Aspectos teóricos – metodológicos

Textos São bem sintéticos, com uma

linguagem não muito acessível.

Ilustrações, mapas, gráficos e

tabelas.

Desenvolvimento de

habilidades/competências

Não são atuais; a elaboração não

favorece a leitura do educando da

série a ser trabalhada.

Trabalha com as habilidades de

identificar, discriminar, constatar

relações. Ficam faltando diversas

habilidades esperadas para a

atividade.

Cotidiano Não se aproxima muito do

cotidiano do educando como seria

esperado.

Ambiente É o foco principal do material, mas

sem muitas relações com o

cotidiano do educando.

Ciência/tecnologia/sociedade Não há uma relação clara entre

ciências/sociedade/tecnologia.

Saúde Não há uma preocupação

especifica para este item.

Atividades Não há proposta de atividades.

Ficam a critério do educador.

Manual do professor É bastante limitado, com apenas

uma sugestão de pesquisa e a

construção de um pluviômetro.

O livro é de uma publicação recente, mas não atende em grande parte

das habilidades, como constar relações, fazer antecipações e ou levantar

suposições buscadas ao trabalhar as questões ambientais na série desejada,

8ª série / 9º ano. A obra atende mais a disciplina de Geografia, mas pode

46

colaborar com partes dos textos nas aulas de Ciências no conteúdo relativo ao

clima.

Os gráficos, tabelas e quadros informativos serão recursos valiosos para

a elaboração de pesquisas e aulas específicas sobre o tema. A qualidade

gráfica e a organização facilita ao educador desenvolver a aula e obter dados

para a elaboração de um trabalho sobre o tema Meio Ambiente.

ÁGUA: VIDA E ENERGIA

I – Projeto Gráfico

Geral O material utiliza um projeto com

desenhos e poucas imagens.

Ilustrações, Mapas, Gráficos e

Tabelas.

Os gráficos e mapas são

trabalhados de forma simplista,

com uma linguagem muito

simplificada sem muitos detalhes

técnicos da área.

47

II – Aspectos teóricos – metodológicos

Textos É relativamente sintético e traz

alguns detalhes significantes para

questões ambientais.

Ilustrações, mapas, gráficos e

tabelas.

Desenvolvimento de

habilidades/competências

Eles não trabalham totalmente com

os dados esperados para o tema.

O material trabalha habilidades

bastante significativas como fazer

antecipações, constatar relações

entre outras.

Cotidiano Dentro da proposta do tema há

uma boa correlação com o

cotidiano, aproximando o educando

dos temas tratados sobre a água.

Ambiente No tema proposto, as questões

ambientais são tratadas de forma

adequada.

Ciência/tecnologia/sociedade A área tecnológica não é

aprofundada no texto.

Saúde O material trata de forma

adequada, aprofundada e atraente

ao educando.

O suplemento de atividades é

Atividades bastante tradicional, ao longo do

texto existem propostas de

atividades bastante interessantes.

Manual do professor Não contém.

O livro trata o tema Água mais nos aspectos biológicos, isto é, os ciclos

naturais, as questões de doenças transmitidas pela água e não aprofunda as

questões ambientais propriamente ditas. É um material rico para ser trabalhado

ao longo do ano letivo com seus textos. As atividades experimentais propostas

48

ao longo do texto podem ser utilizadas em diversos momentos nas aulas de

Educação Ambiental.

TERRA EM ALERTA

I – Projeto Gráfico

Geral Esta obra trabalha de forma muito

adequada as imagens, gráficos e

tabelas.

Ilustrações, Mapas, Gráficos e

Tabelas

São plenamente adequadas à

proposta da série, trazem as

informações dos créditos

necessários.

49

II – Aspectos teóricos – metodológicos

Textos O texto utiliza uma linguagem

bastante atual, trabalhando

linguagens, habilidades e

competências para a série a ser

trabalhada.

Ilustrações, mapas, gráficos e

tabelas

Desenvolvimento de

habilidades/competências

São utilizadas as mais novas

tecnologias gráficas. A leitura é

clara e de fácil consulta.

As competências e habilidades são

trabalhadas de forma entrelaçada e

bem elaboradas.

Cotidiano Todos os temas são trabalhados a

partir do cotidiano e estão bem

próximos ao dia a dia do educando

Ambiente É relacionado, comparado e

explanado em todo o texto.

Ciência/tecnologia/sociedade O texto trabalha de forma

articulada.

Saúde Não é o foco principal da obra.

Atividades São propostas inovadoras e

dinâmicas. São colocadas ao longo

do texto, como proposta a ser

incorporada ao dia a dia do

educando.

Manual do professor Não contém

O tema Educação Ambiental é tratado profundamente nesta obra e são

utilizados os recursos da internet para complementar o texto, levando o

educando a ampliar os horizontes no assunto. A qualidade gráfica, a dinâmica

dos conteúdos, a forma do texto e a apresentação de alguns temas como o

50

aquecimento global, são trabalhados de forma muito eficiente e atraente ao

educando o que os torna elementos facilitadores das aulas.

A obra permite também a utilização dos textos de forma parcial em

momentos diferentes do programa de Educação Ambiental, no cronograma

anual do educador.

MEIO AMBIENTE E SOCIEDADE

I – Projeto Gráfico

Geral O material trabalha com as

imagens como ponto forte, desta

forma é adequadamente ilustrado.

Ilustrações, Mapas, Gráficos e

Tabelas

São utilizadas imagens atuais, com

poucos gráficos e tabelas, assim

alguns temas ficam sem muitos

dados tabelados.

51

II – Aspectos teóricos – metodológicos

Textos Apresentam poucos dados

técnicos, mais em forma de relato.

Ilustrações, mapas, gráficos e

tabelas

Desenvolvimento de

habilidades/competências

Faltam alguns dados relevantes.

É trabalhada a habilidade de

analisar as relações a partir do

texto.

Cotidiano É relacionado de forma mais

simbólica.

Ambiente É trabalhado de forma mais

simplificada.

Ciência/tecnologia/sociedade São citados de forma discreta.

Saúde Citada de forma discreta.

Atividades Bastante tradicionais, sem cobrar

muitas habilidades especificas.

Manual do professor Não contém

Este material traz um texto que inicia o livro e conclui os capítulos

contando uma história de ficção sobre um problema ambiental. Caberá ao

educador colocar aos educandos que as questões ambientais não são ficção

cientifica, mas sim uma realidade presente em nosso cotidiano. Desta forma, a

mistura de literatura de ficção com Educação Ambiental merece uma atenção

especial do educador. Nas atividades percebe-se um cunho mais lúdico que

científico.

52

4.2. Análise comparativa entre os livros paradidáticos

Na leitura dos livros paradidáticos foram analisados os temas

pertinentes as 8ª séries / 9º ano, no ensino de ciências relativo à Educação

Ambiental e desta forma, obtivemos:

Figura 1: Gráfico demonstrativo dos itens analisados quanto à proposta

ambiental

Itens analisados que atendem à proposta da educação ambiental

95%

70%

60% 50%

Clima e Água Vida Terra em Meio Ambiente

Meio Ambiente e Energia Alerta e Sociedade A Figura 1 mostra que o livro Terra em Alerta traz os conteúdos

desejados à série de forma mais completa atendendo melhor aos objetivos, ou

seja, trabalha as habilidades necessárias para que o educando não só conheça

os assuntos, mas também, se identifique e aplique ao seu cotidiano.

As demais obras trazem contribuições ao ensino nos aspectos da

Educação Ambiental de forma parcial, mesmo assim com significativa

contribuição, já que os temas não são abordados ou aprofundados nos livros

didáticos utilizados na rede pública.

Os temas tratados nos livros paradidáticos analisados foram os

seguintes:

53

Figura 2: Os gráficos demonstram os temas mais trados nos livros analisados

Livros

100%

75% 75%

25% 25% 25% 25%

Aquecimento Ciclo da Clima Consumo Desrespeito a Poluição Produção

Global Água Mundial Humano Natureza Ambiental de Energia

A Figura 2 demonstra os temas mais tratados nos livros paradidáticos

analisados e em destaque a poluição ambiental revelando o momento atual e

os grandes debates internacionais necessários para que a sociedade repense

as suas atividades. A utilização destes temas em debates nas aulas de

Educação Ambiental contribui muito na formação dos educandos.

Os demais temas fazem parte do programa de ciências na 8ª série/9º

ano e dentro do cronograma das aulas serão de grande contribuição ao

educador para elaborar as suas aulas.

Outro item de grande importância é o conjunto de dados para consulta

dos educandos e educadores presentes nos livros paradidáticos e os

resultados obtidos foram:

54

O livro Clima e Meio Ambiente possui o melhor conjunto de dados

Figura 3. Os gráficos demonstram como os dados sobre as questões

ambientais são tratados

Clima e Meio

Ambiente

Terra em

Alerta

Água:

Vida e

Energia

Meio

Ambiente

e

Sociedade

Melhor conjunto Dados Indiretos Dados não Ausentes

atualizados

devidamente atualizados, e a sua apresentação facilita a consulta; já o livro

Terra em alerta apresenta muitas informações na forma de endereços

eletrônicos e alguns dados diretos. A preocupação com esta forma de

informação, via internet, é de que nem todas as escolas e famílias possuem

acesso à internet ainda. O livro Água: Vida e Energia não contempla nas suas

tabelas e gráficos os dados atualizados, isto é, são artigos,mais de dois anos,

assim a pesquisa não será muito eficiente; e concluindo, o livro Meio Ambiente

e Sociedade não apresenta tabela ou gráficos para consultas de dados sobre o

assunto tratado no texto.

É importante ressaltar que os livros não trazem o manual para os

educadores, e tendo em vista que muitos professores que hoje trabalham na

educação não são formados na área, isto é, não possuem formação específica

em ciências, biologia, química ou física, são educadores oriundos de outras

áreas e estão no cargo para suprir uma necessidade momentânea, a falta de

manual torna os livros um pouco menos acessíveis, do ponto de vista do uso

para as aulas de Educação Ambiental.

55

Figura 4 - Conclusão

100

80

60

40

20

0

Projeto Gráfico

Aspectos Teóricos Geral

Clima e Água: Terra em Meio

Meio Vida e alerta Ambiente

Ambiente Energia Sociedade

No gráfico temos uma análise global dos livros paradidáticos analisados:

Clima e Meio Ambiente: apresentou um bom conjunto de informações

com gráficos e tabelas atualizados e de fácil compreensão dos

educandos, imagens claras e pertinentes aos temas tratados e os

conteúdos explorados de formar muito satisfatória para a série a ser

trabalhada.

Água: Vida e Energia trabalham com um tema único que é a água, mas

permite ao professor desenvolver outros temas a partir dos dados,

tabela e imagens contidos nos textos. Ao que o livro se propõe, ele

desenvolve de forma clara e objetiva os conteúdos.

Terra em Alerta: apresentou o melhor conjunto de informações com

gráficos e tabelas atualizados e de fácil compreensão dos educandos,

imagens atuais, diversos endereços eletrônicos para consultas,

propostas de novas pesquisas para ampliação do conhecimento nos

temas tratados, além de trazer um texto completo e dinâmico para os

trabalhos de forma individual e/ou em grupos na sala de aula.

Meio Ambiente e Sociedade: tem uma proposta diferente dos demais

livros, pois trata o tema como uma história, envolve os educandos com

56

um conto de aventura enfocando os temas na trama da história. Em sala

de aula, o livro agradou aos educandos, mas limita a ampliação de

conteúdos a serem tratados.

Todos os livros colaboram com os educadores, pois fornecem opções

para diversificar as aulas e aprofundar em temas ambientais e sociais.

4.3. Livro Didático

É pertinente, neste trabalho, uma análise do livro didático da 8ª série/9º

ano de ciências utilizado pela rede pública.

O livro analisado é o de Ciências Naturais das seguintes professoras:

Olga Aguilar Santana - Bióloga formada pela Universidade de São Paulo

- USP, mestre em educação pela mesma universidade.

Aníbal Fonseca de Figueiredo Neto - Físico formado pela Universidade

de São Paulo - USP, mestre em Educação pela mesma universidade.

Erika Mozena - Física formada pela Universidade Estadual de

Campinas - UNICAMP, mestre em educação pela Universidade de São

Paulo - USP e doutora em ensino de física pela Universidade Federal do

Rio Grande do Sul - UF-RS.

O exemplar analisado foi editado em 2009, 3ª edição, pela Editora

Saraiva. Ao analisarmos o livro verificamos que os seguintes conteúdos foram

abordados:

Força, movimento e equilíbrio - conceitos da física;

Origem da vida, evolução, hereditariedade e biotecnologia -

conceitos da biologia;

Sistema nervoso: sentidos - conceitos da biologia;

Eletricidade e magnetismo - conceitos da física.

Os conceitos são trabalhados de forma bastante aplicativa, envolvendo o

cotidiano do aluno, com a profundidade desejada para a série.

O livro possui ilustrações, gráficos, mapas, tabelas e esquemas, os

quais são muito bem elaborados. Outro elemento significativo no livro são as

sugestões de leitura colocadas ao longo dos capítulos.

57

Em cada capítulo acompanha uma lista de exercícios para fixação e

aplicação dos conteúdos estudados. O material contém também uma unidade

especial chamada Desenvolvendo Competências e Habilidades onde o

educador encontra propostas de atividades complementares e “sites” para

leituras e consultas ampliando os conceitos trabalhados.

O livro não trata diretamente das questões ambientais, estas irão apenas

aparecer na unidade especial, Desenvolvendo Competências e Habilidades,

como sugestão extra, mas não como objetivo direto.

58

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir das leituras e análises de diversos autores com relação ao

ensino de ciências, salientamos:

Os objetivos da educação ambiental é postular o conhecimento da

dinâmica que possui o meio ambiente e assim pretende-se com uma forte ação

dos indivíduos, munidos de condutas responsáveis, éticas e comprometidas

(MEINARDI, 1998).

A Educação Ambiental é um meio de levar às próximas gerações um

ambiente melhor, salvar alguns ecossistemas que estão em perigo e ou

melhorar imediatamente a qualidade de vida dos educandos, familiares e

comunidade. A educação ambiental é uma questão social.

Uma educação mais social, isto é, uma educação que leva em

consideração o educando não só como mais um indivíduo na sala de aula, mas

sim um ser atuante que possui muito conhecimento não acadêmico, e que leva

os conhecimentos adquiridos à sua família e à sua comunidade.

Nesta educação, o educador sai dos sistemas acadêmicos formais, ele

não se limita ao livro didático proposto, utiliza-se de diversos caminhos e dentre

eles estão os livros paradidáticos.

Para utilizar materiais, além do livro didático, é necessário reconstruir a

ideia de aula que o educador foi treinado e possui.

Neste contexto, vale lembrar Descartes:

E, como ao demolir uma casa velha, reservam-se geralmente

os escombros para servir à construção de outra nova, do mesmo modo, ao destruir todas as minhas opiniões, que julgava mal fundadas, fazia diversões, observações e adquiria muitas experiências, que posteriormente me serviam para fundamentar outras mais certas (GRÜN, 2009).

Na evolução do educador, ler, compreender, analisar, associar e

aplicar os livros paradidáticos no ensino de ciências só tem a colaborar para

um ensino mais eficaz e dinâmico.

Os livros paradidáticos analisados apresentam um cuidado, que vai

desde a escolha dos autores (autor) até a profundidade dos temas trabalhados.

59

São livros de acesso relativamente fácil e desta forma ficam disponíveis aos

educadores que desejarem consultá-los.

O tema Educação Ambiental não é contemplado no livro didático

adotado. Neste caso, o educando deverá tratá-lo através de livros extraclasse.

O educador poderá escolher datas especiais, como o Dia Mundial da

Água, Dia do Meio Ambiente, entre outros, para trabalhar os temas, ou colocar

no seu planejamento no momento mais conveniente, associado aos conteúdos

a serem trabalhados.

O tema Educação Ambiental deverá ser abordado, pois é parte

significativa da proposta dos Parâmetros Curriculares Nacional (PCNs). É

proposto como tema transversal, isto é, combinado com outras disciplinas, tais

como:

Geografia: com esta disciplina pode-se trabalhar as questões das

mudanças dos espaços físicos e a Geografia social.

História: com esta disciplina pode-se trabalhar as mudanças das

sociedades, pois evidentemente, modifica o meio ambiente, e

consequentemente acarretará mudanças sociais. Até as guerras

possibilitam discutir questões ambientais.

Língua Portuguesa: dentro desta disciplina é possível trabalhar a

elaboração de textos, muito comuns nas aulas de redação. Uma

combinação com a educação ambiental auxilia a disciplina e envolve

mais os educandos.

Matemática: referenciando-se a esta disciplina, é possível trabalhar a

análise de coleta de dados relativos às questões ambientais, assim

como a construção de gráficos e tabelas.

Educação Física: com esta disciplina pode-se trabalhar a utilização de

materiais reciclados em jogos e gincanas com coleta seletiva.

Inglês: tratando-se da segunda língua, pode-se trabalhar texto em

língua estrangeira de questões ambientais discutidas em sala de aula.

Filosofia: com esta disciplina pode-se trabalhar ética e valores que

estão totalmente ligados à educação ambiental.

60

Pelo acima exposto, é possível verificar que estão nas mãos dos

educadores os caminhos a serem escolhidos para a prática da educação

ambiental.

Dos livros analisados, todos têm a contribuir. Caberá ao educador

escolher o título no momento mais adequado e pertinente, para que o estudo

se torne viável e eficaz.

Kuhn, coloca:

Um homem pode sentir-se atraído pela ciências por todo o tipo

e razões. Entre essas estão o desejo de ser útil, a excitação advinda da exploração de um novo território, a esperança de encontrar ordem e o impulso para testar o conhecimento estabelecido. Esses motivos e muitos outros também auxiliam a determinação dos problemas particulares com os quais o cientista se envolverá posteriormente. Além disso, existem boas razões para que ocasionalmente possam levá-lo a uma frustração. O empreendimento cientifico, no seu conjunto, revela sua utilidade de tempos, abre novos territórios, instaura ordem e testa crenças estabelecidas há muito tempo (KUHN, 2009).

No momento atual da educação pública no Brasil, com as demandas

sociais e a necessidade de cidadãos mais conscientes, éticos e participantes

torna-se cada vez mais necessária uma educação efetiva e significativa. Assim

quanto maior for a gama de conhecimentos e atualizações do educador, melhor

será o seu desempenho na formação dos educandos.

Este trabalho me levou a concluir, neste momento, a necessidade e

importância do uso dos livros paradidáticos na disciplina de ciências, pois eles

apresentam, conceituam, divulgam, estimulam a educação ambiental, tão

necessária nos dias de hoje. Também a necessidade de novas publicações

para atender toda a demanda de informações relevantes ao ensino de ciências

e a Educação Ambiental. Nada está totalmente completo que não possa ser

atualizado e ter novas perspectivas.

61

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ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E

A CULTURA - UNESCO. Ciências Naturais. Disponível em: http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/. Acesso em 06 de Abril de 2012.

PILETTI, Nelson, História da Educação no Brasil, 6 ed. São Paulo: Ática, 1996.

REIGOTA, Marcos (Org). Educação ambiental: utopia e práxis. 1 ed. São

Paulo: Cortez, 2008.

SALES, Paula; OLIVEIRA, Maria Auxiliadora. Educação profissional e

Aprendizagem no Brasil: trajetória, impasses e perspectivas. Tese de

mestrado da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, 2010.

SILVA, Roberto (Org). Pedagogia Social. 2 ed. São Paulo: Expressão & Arte,

2011.

TRIARICO, Hugo Roberto, Didáctica de lãs ciências naturales. 3 ed. Buenos

Aires-Argentina: Bonum, 2010.

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS. História, Sociedade e

Educação no Brasil. Disponível em: http://www.histedbr.fae.unicamp.br/. Acesso em: 06 de Abril de 2012.

63

VEGLIA, Silvia. Ciencias naturales y aprendizaje significatno: claves para

La reflexión didáctica y La planificaión. 1 ed. Buenos Aires-Argentina: Noveduc, 2007.

64

ANEXOS

65

I – PROJETO GRÁFICO

ROTEIRO PARA A ANÁLISE DOS LIVROS PARADIDÁTICOS

Títulos:

Autor:

Editora: | Ano de edição:

Séries: | Área:

ILUSTRAÇÕES

66

Análise S R D

Titulo: adequação à área de conhecimento

Capa: pertinência da ilustração

Qualidade gráfica

Articulação texto e imagem

Programa visual

Legibilidade dos caracteres

Atualidade dos dados

Referências da internet

Referências bibliográficas

Análise S R D

Nitidez

Legendas

Destaques

Créditos

MAPAS, GRÁFICOS E TABELAS

II – ASPECTOS TEÓRICOS – METODOLÓGICOS

A – GERAL

TEXTOS

ILUSTRAÇÕES, MAPAS, GRÁFICOS E TABELAS

67

Análise S R D

Escalas

Orientação

Legenda

Qualidade gráfica

Detalhamento

Convenções gráficas

Atualidades

Análise S R D

Adequação

Articulação

Diversidade

Correção conceitual

Análise S R D

Adequação

Articulação

Diversidade

Correção conceitual

ATIVIDADES

DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES / CAPACIDADES

68

Análise S R D

Leitura e interpretação

Produção de texto

Elaboração de problema

Observação e registro

Planejamento

Análise e síntese

Aplicação do conhecimento em situações novas

Análise S R D

Adequação

Articulação

Diversidade

Correção conceitual

B – ESPECÍFICO

1. COTIDIANO

69

Cotidiano S R D

O cotidiano

está

presente

No texto

Nas ilustrações

Nas atividades

O cotidiano

é

tratado de

modo

Genérico

Especifico a determinados locais

O cotidiano

envolve

aspectos

Técnico – científico

Socioeconômico – cultural

Naturais

De interação mútua

O cotidiano

é utilizado

como

elemento de

Exemplificação

Ponto de partida

Ponto de chegada

2. AMBIENTE

70

Ambiente S R D

Explicitam objetivos e critérios para classificação da matéria

e dos fenômenos terrestres

Apresenta a organização da matéria terrestre em diferentes

escalas e respectivas inter-relações

Explicita evidencias nos processos de transformações

Privilegia a ideia de interação nos processos terrestres

Estabelece relações entre tempo e transformações

Desenvolve a noção de movimento e de conservação da

matéria e da energia nos processos terrestres

Desenvolver a ideia de ciclicidade, padrão e previsão de

transformações

Apresentar as fontes de energia associadas aos processos

terrestres

Explicitar a relação forma/função na organização dos seres

vivos

Tratar as inter-relações entre seres vivos como formas de

adaptação ao meio

Desenvolve a ideia de evolução dos materiais e dos

processos terrestres

Aborda as relações diversificadas entre ser humano e o

restante da natureza

Evita a abordagem antropocêntrica das relações ser

humano e restante da natureza

Apresenta a Terra como planeta em transformação e em

equilíbrio dinâmico (ecossistemas terrestres)

Desenvolve a noção de ambiente terrestre de forma

pluridimensional, integrada e histórica

3. CIÊNCIAS / TECNOLOGIA / SOCIEDADE

71

Ciências / Tecnologia / Sociedade S R D

Contextualiza historicamente o processo de produção do

conhecimento científico

Atribui a produção Genericamente a cientistas

do conhecimento A cientistas específicos

cientifico A grupo(s) de cientistas

Aborda a aplicação pela sociedade do conhecimento

cientifico

Discute os impactos decorrentes da aplicação do

conhecimento cientifico

Aborda o conhecimento cientifico como base ao

desenvolvimento tecnológico

Aborda o conhecimento tecnológico como fornecedor de

técnicas para o desenvolvimento cientifico

Aborda a tecnologia como fator para melhoria das

condições de vida

Aponta outros fins para a tecnologia

Vincula o conhecimento cientifico a outras formas de

conhecimento e evita tratá-lo com absoluta supremacia

Evita abordar Ciência – Tecnologia como potencialmente

solucionadoras de qualquer problema

4. SAÚDE

72

Saúde S R D

Evitar conceber saúde como ausência de doença

Conceber a prevenção (profilaxia) como orientação a fim de

se evitar a ausência de saúde

Fornece informações que orientam nas soluções dos

problemas decorrentes da interação organismo-ambiente

Estabelece relações entre as questões de saúde e os

fenômenos e conceitos científicos correlatos

Fornece informações

que orientam a cura

Do desequilíbrio localizado

Do desequilíbrio do organismo

Concebe Desequilíbrio do organismo

ausência Desequilíbrio localizado

de saúde Problema individual ou de determinada classe

social

como Resultado da interação organismo - ambiente

(determinante social, biológico, etc)

C – ATIVIDADES

73

As atividades propostas possibilitam S R D

Resolução de exercícios de fixação

Pesquisa bibliográfica

Uso de audiovisuais ou softwares

Realização de medidas

Controle de variáveis

Uso ou construção de equipamentos e instrumentos

Classificação / seriação

Elaboração / leitura de gráficos / tabelas

Confecção de materiais do tipo cartaz, maquete, relatório,

etc.

Elaboração de textos

ou ilustrações

Similares ao livro

Novos

Estudo

do

Ambiente

Em suas características físicas

Em suas características sociais

Próximo

Remoto

Natural

Em equipamento público

Experimentação

Realizada pelo aluno

Realizada pelo professor

Com material improvisado

Com material de laboratório

Elaboração

de materiais

a partir de

dados

Fornecido pelo professor / livro

Obtidos pelos alunos

De outros materiais

(livros, revistas, relatórios técnicos, etc.)

Participação

do

aluno

Individualmente

Em pequenos grupos

Com a classe toda

(debates,seminários, dramatizações, etc.)

D – MANUAL DO PROFESSOR

E – OBSERVAÇÕES E JUSTIFICATIVAS

Para as avaliações são usadas as legendas:

S Satisfatórios

Quando os objetos analisados atingem plenamente o que se deseja.

R Regular

Quando os objetos analisados atingem parcialmente o que se deseja.

D Deficiente

Quando os objetos analisados apresentam deficiências no que se

deseja.

Após a análise dos livros paradidáticos, todos os resultados devem estar

planamente justificados dentro dos critérios estabelecidos.

74

Análise S R D

Explicitação dos objetivos com coerência

Subsídios para o trabalho com o livro do aluno

Coerência com o livro do aluno

Correção conceitual

Justificativa das respostas dos exercícios

Indicação de fontes e bibliografia

Sugestão de atividades complementares

Aprofundamento dos conteúdos do livro do aluno

Orientação de estudos

Explicitação de formas e critérios de avaliação