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CENTRO UNIVERSITÁRIO POSITIVO – UNICENP MARCIO LUIS SOTTILE FRANÇA ESTUDO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS GERADOS PELO CHORUME DO ATERRO CONTROLADO DE MORRETES – PR CURITIBA 2007

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CENTRO UNIVERSITÁRIO POSITIVO – UNICENP

MARCIO LUIS SOTTILE FRANÇA

ESTUDO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS GERADOS PELO CHORUME

DO ATERRO CONTROLADO DE MORRETES – PR

CURITIBA

2007

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MARCIO LUIS SOTTILE FRANÇA

ESTUDO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS GERADOS PELO CHORUME

DO ATERRO CONTROLADO DE MORRETES – PR

Dissertação apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Gestão Ambiental do curso de mestrado Profissional em Gestão Ambiental, Centro Universitário Positivo (UnicenP). Orientador: Prof. Dr. Paulo Roberto Janissek Co-orientador: Prof. Dr. Klaus Dieter Sautter

CURITBA 2007

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TÍTULO: “ESTUDO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS GERADOS PELO CHORUME

DO ATERRO CONTROLADO DE MORRETES-PR”.

ESTA DISSERTAÇÃO FOI JULGADA ADEQUADA COMO REQUISITO

PARCIAL PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE MESTRE EM GESTÃO AMBIENTAL

(área de concentração: gestão ambiental) PELO PROGRAMA DE MESTRADO EM

GESTÃO AMBIENTAL DO CENTRO UNIVERSITÁRIO POSITIVO – UNICENP. A

DISSERTAÇÃO FOI APROVADA EM SUA FORMA FINAL EM SESSÃO PÚBLICA

DE DEFESA, NO DIA 31 DE JULHO DE 2007, PELA BANCA EXAMINADORA

COMPOSTA PELOS SEGUINTES PROFESSORES:

1) Prof. Paulo Roberto Janissek - UnicenP - (Presidente);

2) Prof. Klaus Dieter Sautter, UnicenP – Co-orientador;

3) Prof. Dimitrios Samios, examinador externo, da Universidade do Rio

Grande do Sul, Instituto de Química, Departamento de Físico-Química;

4) Profª. Eliane Carvalho Vasconcelos, UnicenP;

5) Profª. Ana Flávia Locateli Godoi, UnicenP;

.

CURITIBA – PR, BRASIL

PROF. MAURÍCIO DZIEDZIC

COORDENADOR DO PROGRAMA DE MESTRADO EM GESTÃO AMBIENTAL

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17

A Deus

A Flavia e à Marina, minhas razões de viver.

A minha mãe Beatriz e ao meu pai Sergio.

Aos meus irmãos Marcelo e Mauro.

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AGRADECIMENTOS

Ao Ruy e à Marilda, pois souberam entender e suprir a minha ausência nos cuidados

com a Marina;

Ao meu orientador Prof. Dr. Paulo Roberto Janissek, por todos os ensinamentos, a

atenção, a motivação, o entusiasmo, a dedicação, a paciência e, acima de tudo, a

amizade;

Ao meu co-orientador Prof. Dr. Klaus Dieter Sautter pelos ensinamentos e a

amizade;

Ao Coordenador do Programa de Mestrado em Gestão Ambiental, Prof. Dr. Mauricio

Dziedzic;

A Profª. Drª Selma Cubas e a Denise Teixeira Bregunce, pela ajuda no Laboratório

de Saneamento;

A Eunice Maria da Silva, pela presteza dedicada durante o curso.

Ao Leonardo da Silva Mendes, pelos contatos feitos em Morretes.

Ao amigo Tiago Silvestro Bocalon, pela ajuda prestada nos laboratórios.

À Débora Toledo Ramos pela paciência e ajuda nas análises químicas.

A Karla H. Preussler pelas trocas de informações.

Ao Luis Fernando Moro Milléo pela disponibilidade e o apoio.

Ao Pedro Henrique da Silva Rodrigues pelas análises dos solos.

Aos alunos da disciplina de poluição dos solos.

A todos os professores do Programa de Mestrado em Gestão Ambiental.

Pelas amizades que fiz durante o curso.

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“A Terra pode oferecer o suficiente para satisfazer as necessidades

de todos os homens, mas não a ganância de todos os homens.”

Mahatma Gandhi

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RESUMO

Os impactos ambientais causados pelo chorume nos corpos d’água e no solo em

volta do Aterro Controlado de Morretes - PR, que apresenta área de 2.148,36 km2 e

recebe aproximadamente 6 toneladas de resíduos sólidos diariamente foram

avaliados. Foram feitas coletas nos meses de fevereiro, correspondente ao final da

temporada de aumento significativo de turistas, e abril de 2007. Na primeira coleta o

chorume apresentou valores mais elevados de pH (8,46), Demandas Química e

Bioquímica de Oxigênio (DQO 4160 mg/L e DBO 585 mg/L) e sólidos totais (11473

mg/L). Os coliformes totais e termotolerantes, determinados somente na primeira

coleta, também apresentaram valores elevados (1,6 X 105 e 2,4 X 104

respectivamente). Já na segunda coleta, o chorume apresentou valores mais

elevados de sólidos (11473 mg/L), alcalinidade (1100 mg CaCO3/L) e metais

pesados (Cromo 0,5 mg/L e Chumbo 3,2 mg/L). Para os corpos d’agua, os valores

mais elevados foram observdos na segunda coleta, e para o ponto de menor

altimetria, localizado em uma área de banhado. Para as amostras de solo, coletadas

em diferentes profundidades próximas aos corpos d’agua, os teores de metais

pesados e matéria orgânica também foram mais elevados no ponto de menor

altimetria. Assim, na maior profundidade amostrada (70 a 100 cm) foram

encontrados altos teores de metais (chumbo 132, zinco 290 e cobre 230 mg/kg

solo). O conjunto de resultados indica a influência da sazonalidade e que a falta de

impermeabilização do solo ocasiona a contaminação pelo chorume através do lençol

freático que aflora no ponto de menor altimetria.

Palavras-chave: Resíduos Sólidos, Aterro Controlado, Chorume, Impacto ambiental

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ABSTRACT

The environmental impacts caused by the Morretes landfill leachate in the soil and

surface water were studied. Morretes is a touristy city of Paraná State in Brazil and

its landfill has 2.148,36 km2 of total area and daily receives approximately 6 tons of

solid waste. Samples of leachate and surface waters were collected in February,

related to the end of high tourist season, and April of 2007. For the February

collected leachate were found the more basic pH value (8,46), highest results in the

Chemical and Biochemical Oxigen Deman (COD 4160 mg/L and BOD 585 mg/L) and

solid contend (11473 mg/L) The total and fecal coliforms, analyzed only for the

February samples, presented high values (1,6 X 105 e 2,4 X 104 respectively). For

the April collected sample it was found the highest values for the solids contend

(11473 mg/L), alkalinity (1100 mg CaCO3/L) and heavy metal (Chrome 0,5 mg/L and

Lead 3,2 mg/L) parameters. For the surface water samples, the highest values

results were found in the April sampling and for the lowest altimetry point. Samples of

the soil close to the water points were also collected at four deep layers, and the

heavy metals and organic matter contend were highest for the lowest altimetry point

and notably different for the others regions. As a result, in the lower soil layer

sampled (70-100 cm) it was found greatest values for the lead, zinc and copper

contend (132, 290 e 230 mg/kg, respectively). The overal results are indicative of the

tourist season influence and that the landfill studied, without soil isolation is causing

leacheate contamination thought the underground water that comes out in the lowest

altimetry point.

Key-words: Solid waste, Landfill, leachate, environmental Impact

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 – Método da trincheira..............................................................................36

FIGURA 2 – Método da escavação progressiva........................................................37

FIGURA 3 – Método da área......................................................................................38

FIGURA 4 – Balanço hidrológico da formação do líquido percolado.........................46

FIGURA 5 – Dinâmica dos metais pesados no solo..................................................56

FIGURA 6 – Localização do município de Morretes no Estado do Paraná...............70

FIGURA 7 A – Vista do Aterro Controlado de Morretes.............................................72

FIGURA 7 B – Plano altimétrico do município de Morretes destacando a área do

Aterro..........................................................................................................................72

FIGURA 8 – Identificação dos pontos de coleta de chorume, águas superficiais e

solo.............................................................................................................................76

FIGURA 9 – Ponto 1 – Área de coleta de água em um córrego à montante do

Aterro..........................................................................................................................77

FIGURA 10 – Ponto 2 – Área de coleta de água em um córrego do aterro..............78

FIGURA 11 – Área mostrando as condições do ponto 3 (chorume) na segunda

coleta..........................................................................................................................79

FIGURA 12 – Ponto 4 – área de coleta de água em um córrego a jusante do

aterro..........................................................................................................................80

FIGURA 13 – Ponto 5 – área de coleta de água em área de banhado.....................81

FIGURA 14 – Valores obtidos para a DBO................................................................94

FIGURA 15 – Teor de matéria orgânica nos solos...................................................101

FIGURA 16 – Teor de Pb nos solos.........................................................................101

FIGURA 17 – Teor de Ni nos solos..........................................................................101

FIGURA 18 – Teor de Zn nos solos.........................................................................101

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FIGURA 19 – Teor de Cu nos solos.........................................................................102

FIGURA 20 – Procedimento gráfico adotado para calcular a alcalinidade do ponto

3................................................................................................................................106

FIGURA 21 – Curva potenciométrica do ponto 1 da primeira coleta.......................106

FIGURA 22 – Curva potenciométrica do ponto 2 da primeira coleta.......................107

FIGURA 23 – Curva potenciométrica do ponto 4 da primeira coleta.......................107

FIGURA 24 – Curva potenciométrica do ponto 5 da primeira coleta.......................108

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Composição gravimétrica dos resíduos sólidos de alguns países (%).25

TABELA 2 – Composição dos resíduos sólidos gerados no Brasil (%).....................25

TABELA 3 – Composição do chorume em aterros com diferentes idades................42

TABELA 4 – Resultados obtidos para os parâmetros analisados por diferentes

pesquisadores.............................................................................................................64

TABELA 5 – Parâmetros físico-químicos obtidos para os pontos 1, 2, 3, 4 e 5 no

Aterro Controlado de Morretes, PR.............................................................................91

TABELA 6 – Coliformes totais e termotolerantes no Aterro Controlado de Morretes,

PR...............................................................................................................................92

TABELA 7 – Valores de DQO encontrados nas duas coletas realizadas no Aterro

Controlado de Morretes, PR.......................................................................................95

TABELA 8 – Relação DQO/DBO no Aterro Controlado de Morretes, PR..................97

TABELA 9 – Concentração de metais pesados no chorume no Aterro Controlado de

Morretes, PR ..............................................................................................................98

TABELA 10 – Resultados obtidos para o solo e os corpos d’água no Aterro

Controlado de Morretes, PR.......................................................................................99

TABELA 11 – Alcalinidade do chorume e dos corpos d’água no Aterro Controlado de

Morretes, PR.............................................................................................................105

TABELA 12 – Resumo dos parâmetros avaliados que poderiam indicar

contaminação do Aterro Controlado de Morretes, PR..............................................109

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnica

C: Carbono

Cd: Cádmio

CH4: Metano

CONAMA: Conselho Nacional do Meio Ambiente

Cr: Cromo

Cu: Cobre

DBO: Demanda bioquímica de oxigênio

DQO: Demanda química de oxigênio

EIA: Estudo de Impacto Ambiental

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IPT: Instituto de Pesquisas Tecnológicas

N: Nitrogênio

NBR: Norma Brasileira Registrada

NH3: Nitrogênio amoniacal

Ni: Níquel

NMP: Número mais provável

O2: Oxigênio

Pb: Chumbo

pH: Potencial hidrogeniônico

RIMA: Relatório de Impacto de Meio Ambiente

t: Tonelada

Zn: Zinco

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................16

2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................20

2.1 RESÍDUOS SÓLIDOS.........................................................................................20

2.2 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS ..................................................21

2.3 CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS ..............................................24

2.3.1 Quantificação ...................................................................................................24

2.3.2 Composição gravimétrica .................................................................................24

2.3.3 Características físicas e químicas ....................................................................26

2.3.4 Aspectos microbiológicos .................................................................................27

2.4 OS RESÍDUOS SÓLIDOS E OS IMPACTOS AMBIENTAIS...............................28

2.4.1 Impacto ambiental do solo................................................................................28

2.4.2 Impacto ambiental das águas...........................................................................29

2.4.3 Impacto ambiental do ar ...................................................................................30

2.5 MÉTODOS DE DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS .......................32

2.5.1 Destinação a céu aberto...................................................................................32

2.5.2 Aterro controlado..............................................................................................32

2.5.3 Aterro sanitário .................................................................................................34

2.5.3.1 Tipos de aterros sanitários ............................................................................34

2.5.4 Métodos de disposição de resíduos sólidos urbanos em aterros sanitários.....35

2.5.4.1 Método da trincheira......................................................................................35

2.5.4.2 Método da escavação progressiva ou método da meia encosta...................36

2.5.4.3 Método da área ou aterro tipo superficial ......................................................37

2.6 CHORUME..........................................................................................................38

2.6.1 Composição .....................................................................................................40

2.6.2 Geração............................................................................................................43

2.7 POLÍTICA DE RESÍDUOS SÓLIDOS DO ESTADO DO PARANÁ .....................47

2.8 CONTAMINAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS...............................................50

2.8.1 Padrões de qualidade da água e limites para o lançamento de efluentes .......52

2.8.2 Parâmetros de qualidade da água ...................................................................54

2.8.2.1 Potencial Hidrogeniônico (pH).......................................................................54

2.8.2.2 Demanda Química de Oxigênio (DQO).........................................................55

2.8.2.3 Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) .....................................................55

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2.8.2.4 Metais pesados .............................................................................................55

2.8.2.5 Sólidos...........................................................................................................60

2.8.2.6 Condutividade ...............................................................................................60

2.8.2.7 Coliformes totais e termotolerantes...............................................................61

2.8.3 Matéria orgânica do solo ..................................................................................61

2.9 ESTUDO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS ..........................................................62

3 MATERIAIS E MÉTODOS .....................................................................................70

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA...........................................................................70

3.1.1 GEOLOGIA ......................................................................................................73

3.1.2 GEOMORFOLOGIA .........................................................................................73

3.1.3 PEDOLOGIA ....................................................................................................73

3.1.4 CLIMA ..............................................................................................................74

3.1.5 VEGETAÇÃO...................................................................................................74

3.1.6 HIDROGRAFIA ................................................................................................75

3.2 COLETA DAS AMOSTRAS E PARÂMETROS ADOTADOS ..............................75

3.3 ACONDICIONAMENTO E TRANSPORTE DAS AMOSTRAS............................82

3.4 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS E MICROBIOLÓGICAS DO CHORUME E DOS

CORPOS DÁGUA.....................................................................................................83

3.4.1 Determinação do pH ........................................................................................83

3.4.2 Determinação da DQO.....................................................................................83

3.4.3 Determinação da DBO .....................................................................................84

3.4.4 Determinação da condutividade elétrica...........................................................84

3.4.5 Determinação da alcalinidade e poder tamponante .........................................84

3.4.6 Determinação dos sólidos totais.......................................................................85

3.4.7 Determinação dos metais pesados nos corpos d’água ....................................85

3.4.8 Determinação dos coliformes totais e termotolerantes.....................................86

3.5 ANÁLISES DO SOLO..........................................................................................87

3.5.1 Determinação da matéria orgânica ..................................................................87

3.5.2 Determinação dos metais pesados no solo......................................................88

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................89

4.1 ESTIMATIVA DE GERAÇÃO DO CHORUME ....................................................89

4.2 pH........................................................................................................................89

4.3 CONDUTIVIDADE ELÉTRICA ............................................................................90

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4.4 SÓLIDOS TOTAIS ..............................................................................................91

4.5 COLIFORMES TOTAIS E TERMOTOLERANTES (NMP/100mL) ......................92

4.6 DBO ....................................................................................................................93

4.7 DQO ....................................................................................................................94

4.8 ANÁLISE DE METAIS PESADOS.......................................................................98

4.8.1 Comparação interlaboratorial ...........................................................................98

4.8.2 Metais pesados no chorume, solo e corpos d’agua .........................................99

4.9 TEOR DE MATÉRIA ORGÂNICA E DE METAIS PESADOS NOS SOLOS......101

4.10 ALCALINIDADE ..............................................................................................104

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ..............................................................111

6 REFERÊNCIAS....................................................................................................113

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16

1 INTRODUÇÃO

O ser humano sempre produziu resíduos em suas atividades diárias. Porém,

essa produção acentuou-se após a Revolução Industrial ocorrida na Inglaterra no

século XVIII, devido à formação de um intenso mercado consumidor dos mais

variados produtos.

O crescimento urbano, a industrialização e a conseqüente elevação dos

patamares de consumo vêm provocando o aumento da geração de resíduos sólidos,

principalmente nas regiões metropolitanas, impondo grandes demandas, tanto pela

quantidade, quanto pelas características dos resíduos gerados. (SILVA, 2002).

As características de consumo da sociedade moderna instituíram problemas

de degradação ambiental por lançamentos cada vez maiores e indiscriminados de

dejetos líquidos, sólidos e gasosos, de origens comerciais, industriais ou residenciais

ao meio ambiente. A geração crescente de resíduos sólidos urbanos, associada a

uma falta de investimentos no setor de saneamento, leva à propagação da

disposição dos resíduos em locais como córregos, rios ou, ainda, terrenos distantes.

Em grande parte, estas disposições finais são desprovidas de técnicas adequadas

de tratamento, instituindo agravantes ambientais como a contaminação de

mananciais de águas superficiais e/ou subterrâneas (GOMES, 2005).

A geração de resíduos sólidos urbanos no Brasil sempre foi uma questão

problemática devido a grande quantidade gerada, a falta de disposição final e

tratamentos adequados.

Com o crescimento populacional das cidades, o aumento do poder

aquisitivo das pessoas, o desenvolvimento industrial e um maior poder de consumo

das populações, ocorreu um incremento na geração de resíduos sólidos urbanos o

que acarretou em uma preocupação, por parte de governos e municípios, no sentido

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17

de tentar destinar adequadamente os resíduos sólidos urbanos em áreas próprias

para tal fim, para que eles não causem impactos ambientais como, principalmente, a

poluição dos rios e dos solos.

Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB), realizada pelo

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em 2002, a população brasileira era de

aproximadamente 176 milhões de habitantes, produzindo diariamente cerca de 126

mil toneladas de resíduos sólidos. Quanto à destinação final, os dados obtidos pelo

PNSB, indicam que 69% dos municípios brasileiros depositam seus resíduos sólidos

em “lixões”, somente 17% informam que utilizam aterros sanitários e 13% dispõem

seus resíduos em aterros controlados. Esse cenário é decorrente da política

ambiental adotada no país.

Segundo Lima (2005), muitos são os fatores que influenciam a origem e

formação do lixo no meio urbano, e a distinção destes mecanismos é uma tarefa

complexa e de difícil realização. São eles:

• número de habitantes do local;

• área relativa de produção;

• condições climáticas, pois no verão e no inverno o consumo de certos

produtos é predominante;

• hábitos e costumes da população;

• nível educacional;

• poder aquisitivo;

• tipo de equipamento de coleta;

• disciplina e controle dos pontos produtores;

• leis e regulamentações específicas.

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18

É importante destacar que um dos fatores decisivos na produção de resíduos

sólidos refere-se à economia, pois quando ocorrem variações no setor, seus reflexos

são imediatamente percebidos nos locais de disposição e tratamento dos mesmos.

Se o sistema econômico entra em desaquecimento e as fábricas e o comércio

reduzem suas atividades, certamente haverá redução na quantidade de resíduos. O

oposto também é verdadeiro, apesar de, nestes casos, haver uma tendência para a

estabilização depois de determinado período de tempo, quando se atinge

determinado nível de consumo.

O fato mais preocupante é que a população mundial está crescendo em ritmo

acelerado, com previsão de duplicação nos próximos vinte ou trinta anos. Isso

implica na expansão automática da industrialização – pois maiores quantidades de

alimentos e bens de consumo serão necessários para atender a esta nova

demanda, o que irá gerar inevitavelmente consideráveis volumes de lixo. O não

tratamento dessa massa pode contribuir significativamente para a degradação da

biosfera, em detrimento da qualidade de vida em nosso planeta. (LIMA, 2004).

Os resíduos sólidos no meio urbano, por serem inesgotáveis devido a

inúmeros fatores, tais como o crescimento populacional e econômico,

transformaram-se em sérios problemas para os gestores responsáveis pela limpeza

e saúde pública, bem como da gestão ambiental, pois diariamente, milhares de

toneladas de resíduos de diversas origens e natureza são descartados no meio

ambiente, necessitando de uma destinação correta e segura, que minimize os

impactos inerentes à sua presença e decomposição. (ROCHA, 2006)

Pelo exposto, esse trabalho tem como objetivos analisar se há impactos

ambientais nos corpos d’água gerados pelo chorume do Aterro Controlado de

Morretes, localizado no Município de mesmo nome, no estado do Paraná que está

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19

em operação desde 1994 e apresenta área de 2.148,36 m2 e contribuir para o seu

gerenciamento, por meio do levantamento (diagnóstico) da situação atual e a partir

dela sugerir ações de minimização dos impactos ambientais.

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20

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 RESÍDUOS SÓLIDOS

Segundo a Norma Brasileira Registrada (NBR) 10.004 (2004) da Associação

Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), os resíduos sólidos apresentam estados

sólidos e semi-sólidos, que resultam de atividades da comunidade de origem:

industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços de varrição. Ficam

incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água,

aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como

determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na

rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso, soluções técnicas e

economicamente inviáveis em face de melhor tecnologia disponível.

Pereira Neto (1999) propõe que resíduo urbano seja definido como uma

massa heterogênea, resultante das atividades humanas, os quais podem ser

reciclados e parcialmente utilizados, gerando, entre outros benefícios, proteção a

saúde pública, economia de energia e de recursos naturais.

Já Fonseca (1999) define lixo, como sendo um conjunto de resíduos sólidos,

resultantes das atividades diárias do homem na sociedade.

D’ Almeida e Vilhena (2000) definem resíduos sólidos como os restos das

atividades humanas, considerados pelos geradores como inúteis, indesejáveis ou

descartáveis.

Conforme Lima (2001), resíduos sólidos são materiais heterogêneos (inertes,

minerais e orgânicos) resultantes das atividades humanas e da natureza, os quais

podem ser parcialmente utilizados.

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Cunha e Guerra (2002) definem lixo, como todos os resíduos sólidos

imprestáveis, tais como o domiciliar (restos de alimentos, plásticos, papel e papelão,

vidros, latas, madeiras, entre outros) e o hospitalar (composto não só por resíduos

hospitalares, mas, também, pelos resíduos de farmácias, de biotérios e de

laboratórios de pesquisas).

Para Teixeira et al. (1991)1 apud Ferruccio (2003), a definição da ABNT é

muito ampla e equivoca-se ao incluir líquidos como resíduos sólidos. A norma

poderia incluir os líquidos juntamente com os resíduos sólidos para efeito de

tratamento, mas não simplesmente denomina-lo de resíduos sólidos.

Para Lima (2004), resíduos sólidos, comumente conhecidos como lixo, são

todo e qualquer resíduo que resulte das atividades diárias do homem na sociedade.

Estes resíduos compõem-se basicamente de sobras de alimentos, papéis, papelões,

plásticos, trapos, couros, madeira, latas, vidros, lamas, gases, vapores, poeiras,

sabões, detergentes, e outras substâncias descartadas pelo homem no meio

ambiente.

Segundo o dicionário Aurélio (2005) lixo é tudo o que não presta e se joga

fora ou coisas inúteis, velhas, sem valor. Lixo também pode ser definido como

resíduos que resultam de atividades domésticas, industriais, comerciais, etc.

Neste trabalho, a palavra resíduo está associada ao conceito de lixo, ou seja,

tudo o que é produzido pelas atividades humanas.

2.2 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

Considerando-se o critério de origem e produção, Lima (2004) classifica os

resíduos sólidos em:

1 TEIXEIRA, E. N., NUNES, C. R., OLIVEIRA, S. Revisão Crítica das Normas sobre Resíduos Sólidos. Parte 1. Saneamento Ambiental, 1991.

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Residencial: também chamado de resíduo domiciliar e doméstico, são os

resíduos gerados por sobras de alimentos, produtos deteriorados, embalagens em

geral, retalhos, jornais e revistas, papel higiênico, fraldas descartáveis, etc.

Comercial: são os resíduos originados nos diversos estabelecimentos

comerciais e de serviços, tais como supermercados, bancos, restaurantes,

lanchonetes, lojas, entre outros, gerando resíduos como restos de comida, papéis,

copos plásticos, entre outros.

Industrial: são os resíduos resultantes das atividades industriais. O tipo de

resíduo varia de acordo com o ramo de atividade da indústria, sendo considerados

perigosos ou não.

Público: são os resíduos originados nos serviços de limpeza urbana, como

restos de poda e produtos da varrição das áreas públicas, limpeza de praias e

galerias pluviais, resíduos de feiras livres, etc.

De serviços de saúde: são os resíduos gerados em hospitais, clínicas,

laboratórios, farmácias, etc. Seu acondicionamento, armazenamento, coleta e

disposição final exigem atenção especial devido aos riscos que podem oferecer.

De construção: são os resíduos sólidos gerados em construções civis.

Considerando-se a periculosidade dos resíduos sólidos, ou seja, as

características apresentadas pelo resíduo em função de suas propriedades físicas,

químicas ou infectocontagiosas, que podem representar potencial de risco à saúde

pública e ao meio ambiente, a NBR 10.004 (2004) assim classifica os resíduos

sólidos:

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Classe I – resíduos perigosos

São aqueles que representam periculosidade, conforme definido

anteriormente, ou uma das características seguintes: inflamabilidade, corrosividade,

reatividade, toxicidade ou patogenicidade.

Classe II – não perigosos

São aqueles que não se enquadram na classificação de resíduos Classe I.

Os resíduos de classe II são subclassificados em:

Classe II A – não inertes

São aqueles que não se enquadram na classificação de resíduos Classe I –

perigosos ou de resíduos classe II – B – Inertes. Os resíduos classe II – A – não

inertes podem ter as seguintes propriedades: biodegradabilidade, combustibilidade

ou solubilidade em água.

Classe II B – inertes

São quaisquer resíduos que quando amostrados de uma forma

representativa, segundo a NBR 10.007 (ABNT, 2004), e submetidos a um contato

dinâmico e estático com água destilada, à temperatura ambiente, conforme a NBR

10.006 (ABNT, 2004) não alterem nenhum de seus constituintes solubilizados a

concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se

aspectos como: cor, turbidez, dureza e sabor.

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2.3 CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

Caracterização dos resíduos sólidos segundo Bidone e Povinelli (1999):

2.3.1 Quantificação

A quantificação da geração de resíduos sólidos urbanos é baseada em

índices relacionados ao número de habitantes atendidos pelo sistema de coleta e ao

volume de resíduos gerados, materializando a denominada produção “per capita’” de

lixo. Representa, assim, a quantidade de resíduos sólidos gerada por habitante em

um período de tempo específico, geralmente um dia, e é expressa em kg/hab.dia. E

é de fundamental importância para orientar o planejamento de instalações e

equipamentos que farão parte componente do serviço de coleta e transporte de

resíduos de determinada comunidade.

2.3.2 Composição gravimétrica

A composição gravimétrica representa o percentual de cada componente em

relação ao peso total da amostra de lixo analisada. Os componentes mais utilizados

na determinação da composição gravimétrica são a matéria orgânica, o papel, o

papelão, o plástico, a madeira, o vidro, o alumínio, a borracha, o couro, o metal

ferroso e não-ferroso, entre outros.

Na TABELA 1, observa-se que no Brasil, na Alemanha e na Holanda a

composição dos resíduos sólidos é caracterizada pela matéria orgânica; não

ocorrendo o mesmo com os Estados Unidos, onde o principal componente dos

resíduos sólidos é o papel. Esse fato deve-se ao grande consumo de comida pronta

que o estadunidense ingere diariamente.

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TABELA 1 – Composição gravimétrica dos resíduos sólidos de alguns países (%)

COMPOSTO BRASIL ALEMANHA HOLANDA EUA

MAT.ORG. 65 61,2 50,3 35,6

VIDRO 3 10,4 14,5 8,2

METAL 4 3,8 6,7 8,7

PLÁSTICO 3 5,8 6 6,5

PAPEL 25 18,8 22,5 41

FONTE: MONTEIRO et al. (2001)

No Brasil, a composição dos resíduos sólidos apresenta, de forma geral, sua

maior fração em matéria orgânica. Esse dado refere-se, sobretudo, aos hábitos

alimentares da população brasileira, conforme demonstra a TABELA 2.

TABELA 2 – Composição dos resíduos sólidos gerados no Brasil (%)

TIPO DE MATERIAL

(%)

MATÉRIA ORGÂNICA

52

PAPEL 25

PLÁSTICO 3

METAL 2

VIDRO 2

OUTROS 16

FONTE: IPT/CEMPRE (2002)

A quantidade de lixo proveniente de fontes residenciais, que constitui em

nossos dias um dos problemas básicos de saúde pública, varia consideravelmente

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em composição e quantidade. As variações dependem do status econômico,

composição étnica, costumes sociais, características climáticas, locais, hábitos

populacionais, entre outros.

2.3.3 Características físicas e químicas

A composição física dos resíduos sólidos apresenta as porcentagens

(geralmente em peso) das várias frações dos materiais constituintes do lixo. Essas

frações normalmente distribuem-se em matéria orgânica, papel, papelão, trapos,

couro, plástico duro, plástico mole, metais ferrosos, metais não-ferrosos, vidro,

borracha, madeira e outros. O conhecimento dessa composição é essencial para a

definição das providências a serem tomadas com os resíduos, desde a sua coleta

até o seu destino final, de uma forma sanitária economicamente viável,

considerando que cada comunidade gera resíduos diversos.

A composição química dos resíduos sólidos engloba principalmente a

quantificação de parâmetros como os elementos carbono, nitrogênio, fósforo,

potássio, cálcio, magnésio, cobre, zinco, ferro, manganês, sódio e enxofre que

compõem o elenco básico de macro e micronutrientes, a relação C:N, o pH e as

concentrações de sólidos totais, fixos e voláteis.

Essa caracterização é de fundamental importância, uma vez que a partir dela

é possível viabilizar o reaproveitamento do material orgânico bruto após a sua

degradação, que pode ser aeróbia ou anaeróbia, como corretivo ou fertilizantes de

solos pobres, gás metano utilizado em biodigestor, entre outros. Do total de resíduos

sólidos urbanos produzidos diariamente, tomam-se amostras das quais retira-se 1 g

de material, para submeter aos procedimentos de laboratório, como análise térmica,

matéria orgânica, entre outros. Evidentemente a consistência estatística dos

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resultados dependerá de um acompanhamento sistemático aos resíduos gerados e

analisados, com o estabelecimento de um espectro amostral que espelhe com

precisão a composição do lixo em estudo (BIDONE e POVINELLI ,1999).

2.3.4 Aspectos microbiológicos

Os aspectos microbiológicos dos resíduos sólidos estão, principalmente,

relacionados à fração orgânica que os compõem, uma vez que a sua reciclagem

pode se realizar por meio da decomposição biológica, levada a efeito pelos

microorganismos saprófitos ou decompositores naturalmente existentes no meio. Os

processos de decomposição são, em essência, processos de nutrição e respiração

(aeróbia, em presença do oxigênio, e anaeróbia, na ausência deste) dos

microorganismos.

A decomposição da fração orgânica de uma dada massa de lixo pode se dar,

assim, por processo aeróbio ou anaeróbio. Na primeira hipótese, a decomposição é

muito mais rápida, resultando em subprodutos como gás carbônico, sais minerais de

nitrogênio, fósforo, potássio e outros macro ou micronutrientes solúveis em água e

facilmente assimiláveis pelo sistema radicular das plantas, e alguns compostos

orgânicos de mais lenta biodegradabilidade, geralmente de natureza fibrosa ou

coloidal, bons condicionantes do solo, como é o caso do húmus natural. A

decomposição anaeróbia é lenta, gerando subprodutos em estágios intermediários

de degradação, como a amônia e os ácidos orgânicos, que são nocivos e

contaminantes, e gases, como o gás metano, o gás sulfídrico, malcheiroso,

conferindo efeito estético indesejado e toxicidade. (BIDONE e POVINELLI, 1999).

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2.4 OS RESÍDUOS SÓLIDOS E OS IMPACTOS AMBIENTAIS

Segundo a Resolução CONAMA n° 001 considera-se impacto ambiental

qualquer alteração nas propriedades físicas, químicas e biológicas do ambiente,

causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades

humanas que, direta ou indiretamente, afetem: a saúde, a segurança, e o bem estar

da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e

sanitárias do ambiente e a qualidade dos recursos naturais.

2.4.1 Impacto ambiental do solo

O lixo, disposto inadequadamente, sem qualquer tratamento, pode poluir o

solo, alterando suas características físicas, químicas e biológicas, constituindo em

um problema de ordem estética e, mais ainda, em uma séria ameaça à saúde

pública.

Por conter substâncias de alto teor energético e, por oferecer disponibilidade

simultânea de água, alimento e abrigo, o lixo é preferido por inúmeros organismos

vivos, a ponto de algumas espécies o utilizarem como nicho ecológico.

Classificam-se em dois grandes grupos os seres que habitam o lixo: os

macrovetores, como por exemplo, ratos, baratas, moscas e mesmo animais de maior

porte, como cães, aves, gatos, suínos. No segundo grupo dos microvetores, estão

os vermes, bactérias, fungos e vírus, sendo estes últimos os de maior importância

epidemiológica por serem patogênicos e, portanto, uma ameaça real à sobrevivência

do homem. (LIMA, 2004). Além disso, o lixo pode conter componente tóxico aos

microorganismos, plantas e animais. Os resíduos domésticos contêm pilhas, por

exemplo. Os resíduos industriais, às vezes despejados sem nenhum controle em

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lixões, podem conter metais pesados, óleos, graxas e componentes orgânicos

tóxicos, como pesticidas, solventes, ácidos, entre outros (FONSECA, 2005).

2.4.2 Impacto ambiental das águas

A disposição dos resíduos sem os devidos cuidados pode ocasionar

problemas de poluição das coleções hídricas superficiais e/ou subterrâneas

presentes na área de despejo e adjacências.

No caso das áreas de disposição de resíduos urbanos, a poluição dos cursos

d’água superficiais pode ocorrer pelo escoamento do chorume ou pelo lixo carreado

pelas chuvas, quando este não se encontra bem compactado e coberto.

Atingindo os lençóis d’água subterrâneos – fonte de abastecimento de água

para a população em muitos locais – o chorume poderá poluir poços, podendo

provocar endemias, desencadear surtos epidêmicos ou provocar intoxicações, se

houver a presença de organismos patogênicos e substâncias tóxicas em nível acima

do permissível. Por ser comum na carga do chorume a presença de

microorganismos indicadores de poluição fecal, as águas superficiais receptoras de

chorume também podem ter seu uso limitado. (SISINNO et al.,2000)

Os mecanismos de poluição das águas ocorrem a partir do momento em que

os resíduos industriais e domésticos são lançados indiscriminadamente nos cursos

d’água, como forma de destinação final. Tal comportamento pode ocasionar uma

série de perturbações como aumento da turbidez, formação de bancos de lodo ou de

sedimentos inertes, variações nos gradientes de temperatura, entre outros. O

aumento da temperatura da água diminui a quantidade de O2 que ela pode reter em

solução. Desta forma, os seres que habitam o meio aquático necessitam consumir

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maiores volumes de água para conseguir o oxigênio exigido pelo metabolismo.

Outro tipo de impacto é a descarga do chorume nas águas, que provoca depressão

do nível de oxigênio, elevando a DBO (demanda bioquímica de oxigênio). Quando o

oxigênio dissolvido desaparece ou é reduzido a níveis baixos, os organismos

aeróbios são quase que totalmente exterminados, cedendo lugar aos anaeróbios,

responsáveis pelo desprendimento de gases, como CH4 e NH3, sendo este último

tóxico para a maioria das formas de vida superiores, provavelmente por reduzir a

atividade do ciclo do ácido cítrico do cérebro, pois a amônia interfere em várias fases

deste ciclo pela inibição de diversas enzimas que atuam no processo respiratório

celular (OTTAWAY, 1982).

2.4.3 Impacto ambiental do ar

Considerando a definição de resíduos sólidos, verifica-se que todos os

efluentes gasosos e particulados emitidos para a atmosfera, oriundos das mais

diversas atividades do homem no meio urbano, podem ser considerados como lixo.

Na medida em que estas substâncias apresentem concentrações maiores que os

índices normais suportáveis e que sua simples presença possa produzir ou contribuir

para a produção de efeitos danosos ao homem e ao meio ambiente, nestas

condições, pode-se afirmar que estas substâncias são causadoras de poluição

atmosférica. Nos lixões, o ar pode ser contaminado pelos odores provenientes da

biodegradação da matéria orgânica. O ar também pode ser contaminado pela

fumaça resultante da combustão provocada ou espontânea. A combustão

espontânea pode ocorrer devido ao metano (resultante da degradação anaeróbia da

matéria orgânica). A combustão também pode ser provocada por catadores ou

pessoas interessadas em reduzir o volume da massa do lixo. Nos dois casos, a

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combustão de um material tão heterogêneo produz densa e irritante fumaça escura,

muito desagradável à vizinhança, a qual pode conter substâncias tóxicas. (LIMA,

2004).

Quando a matéria orgânica encontrada no lixo é fermentada por

microorganismos dentro de determinados limites de temperatura, teor de umidade e

acidez, em um ambiente sem oxigênio, ocorre a produção do biogás. O metano,

componente predominante do biogás, é um gás inflamável que pode formar com o ar

uma mistura explosiva, tornando comum a combustão espontânea do lixo nas áreas

de despejo de resíduos sólidos urbanos. Mesmo depois da desativação das áreas

de disposição final de resíduos sólidos urbanos, em algumas delas o metano

continua a ser produzido lentamente durante um longo período de tempo.

A queima proposital que ocorre em alguma áreas de despejo com o intuito de

diminuir o volume dos resíduos depositados também constitui uma fonte de poluição

do ar, além de incômodo e de causar problemas de visibilidade criados pela fumaça

e cinzas produzidas.

Dependendo da ação dos ventos, da temperatura e da volatilidade dos

compostos, o ar também pode ser contaminado a média e longas distâncias. Uma

conseqüência direta deste fato é a chuva ácida: o cloro (Cl) liberado nas reações

que ocorrem na degradação dos compostos organoclorados vai para a atmosfera.

Ao entrar em contato com a umidade do ar (H2O), o cloro cai novamente sob a forma

de chuva ácida, contendo ácidos sulfúrico e nítrico, assim como o ácido sulfídrico

(H2S), que depois de liberado, também é convertido em chuva ácida (SISINNO,

2000).

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2.5 MÉTODOS DE DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS

De acordo com Bidone e Povinelli (1999), os métodos de disposição final de

resíduos sólidos são:

2.5.1 Destinação a céu aberto

É uma forma de disposição final de resíduos sólidos urbanos, na qual estes

são simplesmente descarregados sobre o solo, sem medidas de proteção ao meio

ambiente ou à saúde pública.

Essa forma de disposição facilita a proliferação de vetores (moscas,

mosquitos, baratas, ratos), geração de maus odores, poluição das águas superficiais

e subterrâneas pelo lixiviado – mistura do chorume (líquido), gerado pela

degradação da matéria orgânica, com a água da chuva – além de não possibilitar o

controle dos resíduos que são encaminhados para o local de disposição.

2.5.2 Aterro controlado

É uma forma de disposição final de resíduos sólidos urbanos no solo, na qual

precauções tecnológicas executivas adotadas durante o desenvolvimento do aterro,

como o recobrimento dos resíduos com argila (na maioria das vezes sem

compactação), aumentam a segurança do local, minimizando os riscos de impactos

ao meio ambiente e à saúde pública. Embora seja uma técnica preferível à

destinação a céu aberto, não substitui o aterro sanitário; é uma solução

economicamente compatível (não completamente adequada) para municípios

pequenos que não dispõem de equipamentos compactadores (sua maior

dificuldade).

Entretanto, esta forma de disposição produz, em geral, poluição localizada,

pois similarmente ao aterro sanitário, a extensão da área de disposição é

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minimizada. Porém, geralmente não dispõe de impermeabilização de fundo,

podendo comprometer a qualidade das águas subterrâneas, nem sistemas de

tratamento de chorume ou dispersão dos gases gerados (IPT-CEMPRE, 2000).

Segundo Monteiro et al. (2001), por não possuir sistema de tratamento de

chorume, esse líquido fica retido no interior do aterro. Assim, é conveniente que o

volume de água de chuva que entre no aterro seja o menor possível, para minimizar

a quantidade de chorume gerado. Isso pode ser conseguido empregando-se

material argiloso para efetuar a camada de cobertura provisória e executando-se

uma camada de impermeabilização superior quando o aterro atinge sua cota

máxima operacional.

Também é conveniente que a área de implantação do aterro controlado tenha

um lençol freático profundo, a mais de três metros do nível do terreno (MONTEIRO

et al., 2001).

Normalmente um aterro controlado é utilizado para cidades que coletem até

50t/dia de resíduos sólidos, sendo desaconselhável para cidades maiores

(MONTEIRO et al., 2001).

Os aterros controlados diferem-se dos lixões por serem constantemente

recobertos com uma camada de terra; em geral, esse procedimento obedece a

intervalos de tempo relativamente curtos. O solo não é impermeabilizado e nem

sempre o aterro possui sistema de drenagem de líquidos percolados, tampouco a

captação de gases formados pela decomposição da matéria orgânica (MUÑOZ,

2002).

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Apesar de altamente impactante, este método, segundo o IPT/CEMPRE

(2000), é preferível ao lixão, mas devido aos problemas ambientais que causa e aos

seus custos de operação, é de qualidade bastante inferior ao aterro sanitário.

2.5.3 Aterro sanitário

O aterro sanitário é uma forma de disposição final de resíduos sólidos

urbanos no solo, dentro de critérios de engenharia e normas operacionais

específicas, proporcionando o confinamento seguro dos resíduos (normalmente

recobrimento com argila selecionada e compactada em níveis satisfatórios), evitando

danos ou riscos à saúde pública e minimizando os impactos ambientais. Esses

critérios de engenharia mencionados materializam-se no projeto de sistemas de

drenagem periférica e superficial para afastamento de águas de chuva, de drenagem

de fundo para a coleta de lixiviado, de sistema de tratamento de lixiviado drenado,

de drenagem e queima dos gases gerados durante o processo de bioestabilização

da matéria orgânica.

2.5.3.1 Tipos de aterros sanitários

Aterros sanitários convencionais: são utilizados basicamente para

disposição de resíduos classes II e III, sem controle efetivo sobre formas

diferenciadas de descarga e compactação, podendo ocorrer alguma forma de

compactação prévia de materiais recicláveis, como papel, papelão, vidros, plásticos

e metais (IWAI, 2005).

Aterros projetados para máximo aproveitamento de biogás: é uma

situação inexistente no Brasil, porém bastante comum em alguns países europeus.

Nesses casos, são necessários projetos especiais. Como exemplo, a elevação da

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altura ou profundidade das camadas de resíduos, células individuais (aterros

celulares) em que os resíduos são dispostos sem camadas intermediárias de

cobertura (TCHOBANOGLOUS et al., 1993).

Aterros sanitários como unidade em um sistema integrado de

tratamento: corresponde propriamente a diferenciações no método de operação,

separando-se o conteúdo orgânico para ser disposto no mesmo.O processo de

biodegradação pode ser acelerado pelo aumento da umidade, seja por meio da

recirculação do chorume ou por adição de lodos de sistemas de tratamento de

esgotos ou estrume de animais (preferencialmente ruminantes). O material

degradado pode ser posteriormente removido e empregado como material de

cobertura e as células escavadas podem ser novamente ocupadas

(TCHOBANOGLOUS et al., 1993).

2.5.4 Métodos de disposição de resíduos sólidos urbanos em aterros sanitários

2.5.4.1 Método da trincheira

É aplicado quando o local do aterro for plano ou levemente inclinado, e

quando a produção diária de lixo, preferencialmente, não ultrapassar 10 t.

Normalmente, o espalhamento dos resíduos é realizado manualmente, sem

compactação, com a utilização de equipamentos manuais, inclusive sem a entrada

dos operadores na parte interna da trincheira propriamente dita. O material

proveniente da escavação é utilizado no recobrimento dos resíduos, o que é feito,

preferencialmente, a cada dia, com tolerância para freqüências menores somente

em circunstâncias especiais (BIDONE e POVINELLI, 1999).

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Preenchida a trincheira, com a parte superior devidamente nivelada, a sobra

da escavação é transportada para um bota-fora ou utilizada na melhoria das vias de

acesso ao parque do aterro, passando-se à escavação da trincheira seguinte

contígua à anterior. É interessante depositar o material escavado sobre a trincheira

aterrada, pois acelera os recalques e compacta a massa de lixo (FIGURA 1).

Para Lima (2004), este método fundamenta-se na abertura de trincheiras no

solo, onde o lixo é disposto no fundo, compactado e posteriormente recoberto com

terra.

FIGURA 1 – Método da trincheira

Fonte: LIMA (2004)

2.5.4.2 Método da escavação progressiva ou método da meia encosta

Para Bidone e Povinelli (1999), esse método é utilizado em áreas secas e de

encostas, normalmente aproveitando-se o material escavado do próprio local na

cobertura do lixo.

O aterro é executado depositando-se um certo volume de lixo no solo o qual é

compactado por um trator de esteira em várias camadas, até 3 ou 4 m de altura. Em

seguida, o trator escora, na parte oposta da operação, o material para a cobertura

do lixo compactado, formando as células sanitárias.

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37

Após a conclusão do aterro, com o “selamento” superficial e a reconstituição

da morfologia do local, a área pode ser utilizada em atividades menos restritivas do

ponto de vista ambiental.

O método da escavação progressiva segundo Lima (2004), é empregado em

áreas planas onde o solo natural oferece boas condições para ser escavado e

utilizado como material de cobertura. Inicialmente a rampa é escavada no próprio

solo onde o lixo é disposto e compactado pelo trator. Este deve operar no sentido

ascendente, formando, assim, a célula. No final do dia o material recortado é

utilizado para fazer o recobrimento da célula (FIGURA 2).

FIGURA 2 – Método da escavação progressiva

FONTE: LIMA (2004)

2.5.4.3 Método da área ou aterro tipo superficial

Segundo Bidone e Povinelli (1999), a técnica de execução de aterro em área

é utilizada quando a topografia local permite o recebimento/confinamento dos

resíduos sólidos, sem a alteração de sua configuração natural (FIGURA 3).

Nessas áreas, os resíduos são descarregados e compactados, formando uma

elevação tronco-piramidada, que recebe o recobrimento com solo ao final da

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operação de um dia. A primeira elevação constitui o paramento necessário para o

prosseguimento da célula, em qualquer sentido.

Em virtude da falta de locais disponíveis, muitas vezes tornou-se necessário,

principalmente nas grandes metrópoles, o aproveitamento de áreas baixas e úmidas,

como pântanos, alagados e mangues, para a construção de aterros sanitários.

Para Lima (2004), o método da área é comumente empregado em locais onde

a topografia se apresenta de forma irregular e o lençol freático está no limite

máximo. A formação da célula do aterro por este método exige o transporte e a

aquisição de terra para cobertura. Em alguns casos se faz necessária a construção

de diques de obtenção ou valas de retenção de água pluviais.

FIGURA 3 – Método da área

FONTE: LIMA (2004)

2.6 CHORUME

Segundo Ehrig (1992), o lixiviado, percolado ou chorume pode ser

caracterizado como a parte líquida da massa de resíduos, que percola através

desta, carreando materiais dissolvidos ou suspensos, que constituirão cargas

poluidoras ao meio ambiente. Na maioria dos aterros sanitários, o chorume é

composto pelo líquido que entra na massa de resíduos, proveniente de fontes

externas, tais como: sistema de drenagem superficial, chuvas, lençóis freáticos,

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nascentes e além daqueles resultantes da decomposição dos resíduos sólidos. A

sua formação se dá pela digestão da matéria orgânica, por ação de enzimas

produzidas por bactérias. A função dessas enzimas é solubilizar a matéria orgânica

para que a mesma possa ser assimilada pelas células bacterianas.

Segundo D’Almeida e Vilhena (2000), o chorume é o líquido escuro, turvo e

malcheiroso proveniente do armazenamento e tratamento do lixo, mas não é raro se

deparar com outras denominações, como: sumeiro, chumeiro, lixiviado, percolado,

entre outras. A geração do chorume e seu escoamento, sem que receba o

tratamento e disposição adequados, são sem dúvida nenhuma, um dos problemas

ambientais e de saúde pública mais relevantes associados ao lixo.

Fadini e Fadini (2001) e Silva (2002) descrevem o chorume como sendo um

líquido escuro de odor fétido que escoa de locais de disposição final de lixo. É o

resultado da umidade presente nos resíduos, da água gerada durante a

decomposição dos mesmos e também das chuvas que percolam através da massa

do material descartado. É um líquido com alto teor de matéria orgânica e que pode

apresentar metais pesados provenientes da decomposição de embalagens

metálicas e pilhas.

Já para Domingues (2005)2 apud Rocha (2006), o chorume é um líquido de

cor escura, odor desagradável e elevado poder de poluição; é uma substância

resultante da decomposição natural dos resíduos orgânicos. Em áreas onde ocorre a

disposição dos resíduos sólidos, caso não seja drenado e devidamente tratado, este

líquido pode penetrar no subsolo e contaminar águas superficiais com metais

pesados e diversas outras substâncias nocivas à saúde pública e ao meio ambiente.

2 DOMINGUES, M. M. O., O aporte da comunidade escolar à coleta diferenciada de resíduos sólidos domiciliares. Dissertação de Mestrado – UFU. Uberlândia, 2005.

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Diversos fatores contribuem para a quantidade e a qualidade do percolado

gerado em áreas de disposição de resíduos. A pluviometria é um fator fundamental

na análise da quantidade de percolado a ser produzido.

2.6.1 Composição

Segundo Tchobanoglous (1993), quando a água percola por meio da massa

de lixo aterrada de resíduos, que está em decomposição, material biológico e

componentes químicos são carregados para a solução.

A composição química do chorume, segundo o autor, varia muito,

dependendo da idade do aterro e dos eventos que ocorreram antes da amostragem.

Para Christensen et al. (2001)3 apud Pacheco (2004), não é possível estabelecer

uma composição fixa para o chorume, e dividem os compostos presentes no

chorume em quatro grandes categorias:

● Matéria Orgânica Dissolvida (MOD): corresponde a macromoléculas como ácido

húmicos e fúlvicos, lignina e ácidos graxos. Na fase ácida de decomposição quase a

totalidade desses compostos têm massa molecular menor que 500 daltons,

enquanto na fase metanogênica esse número sobe para 1000 daltons. A presença

de substância húmicas e fúlvicas no chorume em grandes quantidades faz com que

este apresente características bem definidas.

● Compostos Orgânicos Xenobióticos: (COX): constituem-se de hidrocarbonetos

aromáticos, compostos halogenados, compostos fenólicos, álcoois, aldeídos,

cetonas e ácidos carboxílicos, além de outras substâncias caracteristicamente

tóxicas, presentes em concentrações muito menores que os compostos húmicos e

3 CHRISTENSEN, T.; KJELDSEN, P.; BJERG, P. L.; JENSEN, D. L.; CHRISTENSEN, J. B.; BAUN, A.; ALBRECHTSEN, H.; HERON, G. Biogeochemistry of landfill leachate plumes. Applied Geochemistry. V. 16, 2001.

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fúlvicos, porém com toxicidade muitas vezes maior que os outros componentes

presentes no chorume.

● Macrocomponentes Inorgânicos: caracterizam-se por apresentar substâncias

inorgânicas essenciais em grandes quantidades, como sódio, potássio, cálcio,

magnésio, ferro, cloretos, sulfato e amônio. A elevada concentração desses

compostos está associada à sua alta solubilidade em água, variando

consideravelmente sua concentração ao longo das várias fases de decomposição do

chorume.

● Metais Pesados: estes compostos em geral estão presentes em pequenas

concentrações, as quais ainda diminuem ao longo dos anos. O sulfeto formado na

fase metanogênica pode reagir com grande quantidade desses metais. Uma

pequena parcela presente no chorume está na forma complexada e outro fator

importante é a presença de colóides. Metais pesados tem alta afinidade com

colóides e por isso são adsorvidos na matéria orgânica dissolvida presentes no

chorume.

Pouco se conhece acerca da qualidade do chorume proveniente dos aterros

sanitários existentes no Brasil segundo Cintra et al. (2005). A composição físico-

química dos percolados, mostrados na Tabela 3, dependem da idade do aterro por

que os processos de degradação dos resíduos estão condicionados à existência de

oxigênio. O desenvolvimento dos processos de degradação pode ser retratado pelo

quociente entre DBO5/DQO encontrado no chorume.

O impacto produzido pelo chorume sobre o meio ambiente está diretamente

relacionado com sua fase de decomposição. O chorume de aterros novos, quando

recebe quantidades significativas de águas pluviais, apresenta pH ácido, alta

demanda bioquímica de oxigênio (DBO), alta demanda química de oxigênio (DQO),

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entre diversos compostos potencialmente tóxicos. Com o passar dos anos, há uma

redução significativa da biodegradabilidade devido à conversão em gás metano e

CO2 de parte dos componentes biodegradáveis (SERAFIM et al., 2003). A tabela 3

apresenta a composição do chorume em aterros com diferentes idades:

A composição química do chorume varia muito dependendo da idade do

aterro e dos eventos que ocorreram antes da amostragem. Se o chorume é coletado

durante a fase ácida, o pH será baixo, porém, parâmetros como DBO5, DQO e

metais pesados deverão ser elevados. Contudo, durante a fase metanogênica o pH

varia entre 6,6 e 7,5 e os valores de DBO5, DQO e metais pesados deverão ser

significativamente menores.

TABELA 3 – Composição do chorume em aterros com diferentes idades.

IDADE DO ATERRO PARÂMETROS 1 ANO 5 ANOS 16 ANOS

DBO (mg/L) 7.500 – 28.000 4.000 80 DQO (mg/L) 10.000 – 40.000 8.000 400

pH 5,2 – 6,4 6,3 6,6 – 7,5 FÓSFORO TOTAL (mg/L) 25 – 35 12 8 ALCALINIDADE (CaCO3) 800 – 4.000 5.810 2.250

DUREZA (CaCO3) 3.500 – 5.000 2.200 540 NITRATO (mg/L) 0,2 – 0,8 0,5 1,6 CÁLCIO (mg/L) 900 – 1.700 308 109 CLORO (mg/L) 600 – 800 1.330 70 SÓDIO (mg/L) 450 – 500 810 34

POTÁSSIO (mg/L) 295 – 310 610 39 SULFATO (mg/L) 400 – 600 2 2 MANGANÊS (mg/L) 75 – 125 0,06 0,06 MAGNÉSIO (mg/L) 160 – 250 450 90 FERRO (mg/L) 210 – 325 6,3 0,6 ZINCO (mg/L) 10 – 30 0,4 0,1 COBRE (mg/L) - < 0,5 < 0,5 CÁDMIO (mg/L) - < 0,05 < 0,05 CHUMBO (mg/L) - 0,5 0,5

Fonte: IPT – CEMPRE 2002.

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2.6.2 Geração

Segundo Castilhos et al. (2003), os lixiviados são líquidos provenientes de

três fontes principais: umidade natural dos resíduos sólidos, água de constituição

dos diferentes materiais que sobram durante o processo de decomposição e líquido

proveniente de materiais orgânicos. O conhecimento dos volumes de lixiviados

gerados em aterros sanitários é essencial para a definição dos processos de

implantação de sistemas de tratamento dos lixiviados e destinação, sistema de

coleta e destinação dos lixiviados. Para Qasim (1994)4 apud Iwai (2005) o fluxo de

água em um aterro sanitário leva consigo vários materiais dissolvidos e suspensos.

Geralmente, quanto maior os fluxos de água por meio dos resíduos sólidos, mais

contaminantes são carreados. Portanto é imprescindível o conhecimento dos

parâmetros que podem ser empregados para quantificar a geração de chorume.

Segundo Monteiro et al. (2001), esses parâmetros são:

Precipitação

Precipitação é entendida como toda água que provém do meio atmosférico e

atinge a superfície terrestre. Diferentes formas de precipitação são neblina, chuva,

granizo, orvalho, geada e neve, formas que se diferenciam em função do estado em

que a água se encontra. A medição da precipitação geralmente é realizada com

pluviômetros instalados na região estudada, ou se utiliza o dado de pluviometria

fornecida pelas estações situadas nas proximidades dos aterros analisados.

Evaporação

O processo de evaporação é definido como a taxa de transferência para a

atmosfera, da fase líquida para a fase de vapor, da água contida em um reservatório

4 QASIM, S. R., Sanitary Landfill Leachate – Generation, Control and Treatment. Technomic Pub. Co.,1994.

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natural qualquer ou em um domínio definido na escala experimental. A evaporação

da água para a atmosfera depende de vários fatores, tais como as condições

climatológicas e de relevo, a umidade, a velocidade do vento, a disponibilidade de

água e energia, a vegetação e as características do solo.

Escoamento superficial

O escoamento superficial representa a parte do ciclo hidrológico que estuda o

deslocamento das águas de superfície da Terra. É a lâmina de água formada pelo

excesso de água da chuva que não é infiltrado no solo e que se acumula

inicialmente nas pequenas depressões do microrrelevo. O escoamento superficial

sobre o solo saturado é formado por pequenos filetes de água que em razão da

gravidade está escoando para os pontos mais baixos do solo. Se a água que escoa

pela superfície encontra uma superfície de solo não saturado pode se infiltrar

novamente. Vários fatores podem afetar o processo de escoamento superficial, e os

principais seriam a declividade do terreno e as características de infiltração do solo.

Infiltração

O processo de infiltração é definido como o fenômeno de penetração da água

nas camadas do solo, movendo-se impulsionada pela gravidade para as cotas mais

baixas, por meio dos vazios, até atingir uma camada suporte, formando a água do

solo. Como o solo é um meio poroso, toda a precipitação se infiltra até o solo chegar

ao estado de saturação superficial.

A produção do chorume em áreas de disposição final não aparece

imediatamente após a disposição dos resíduos; sua manifestação é posterior a um

determinado período do início da disposição das primeiras células. A decomposição

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biológica do lixo é responsável pela produção de gases e pela produção e

composição do chorume, que depende fundamentalmente da fase em que o

processo de decomposição se encontra (IPT/CEMPRE, 2000).

Conforme Ehrig (1992) e Lechner (1994), o volume de lixiviados produzido em

aterros sanitários, controlados ou lixões depende dos seguintes fatores:

• Precipitação na área do aterro: será a lâmina de água, precipitada nesta

área, que determinará os volumes de lixiviados potenciais de contaminação;

• Escoamento superficial: a operação ideal consistiria na condução através de

drenagens para pontos mais baixos e para fora da área de resíduos;

• Infiltração subterrânea: no caso de aterros sanitários tecnicamente bem

concebidos, não deverá existir infiltração subterrânea;

• Umidade natural da massa de resíduos: quanto maior a umidade, maior será

o grau de geração de lixiviados;

• Grau de compactação dos resíduos: resíduos que sofrem compactação

periódica por trator de esteira em um aterro controlado por exemplo, liberam maior

quantidade de percolado do que aqueles dispostos soltos nos aterros ou lixões;

• Capacidade de retenção de umidade no solo: o solo que apresenta grande

capacidade de reter umidade propicia a saturação da zona permeável com maior

rapidez, por conseqüência, o escoamento na superfície do mesmo será em maior

intensidade e infiltração nula, já que foi atingida a capacidade de campo.

De maneira geral, segundo Carvalho (2001), a quantificação do percolado que

alcança a base dos resíduos sólidos (Lv) é fundamentada no balanço hídrico e

calculado a partir da seguinte equação:

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Lv = P – R – AS – ET onde:

Lv = Volume que passa pela base do aterro;

P = Precipitação;

R = Volume perdido pelo escoamento superficial;

AS = Volume de água absorvido pelos resíduos;

ET = Volume perdido por evapotranspiração.

A Figura 4 apresenta um esquema generalizado da formação do líquido

percolado:

FIGURA 4 – Balanço hidrológico da formação do líquido percolado.

Fonte: FARQUHAR (1988)

Schalch (1984) 5 apud Oliveira (2001), estudando a produção e as

características do chorume em processo de decomposição de resíduos sólidos

urbanos, com experimentos em laboratório, verificou que a quantidade de chorume

produzido por 12 kg de resíduos foi de 90 mL para cada 20 dias.

5 SCHALCH, V., Produção e características do chorume em processo de decomposição de lixo urbano. Dissertação de Mestrado em Hidráulica e Saneamento – USP. São Carlos, 1984.

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2.7 POLÍTICA DE RESÍDUOS SÓLIDOS DO ESTADO DO PARANÁ

Desenvolvimento social, garantia de saúde e bem-estar das populações estão

ligados diretamente ao saneamento ambiental. Sem uma política de gerenciamento

integrado de resíduos sólidos, não será possível evitar a deterioração do meio

ambiente, que já alcança níveis extremamente preocupantes. Grande parte do

problema de degradação ambiental é ocasionada pelo tratamento inadequado dos

resíduos sólidos nos centros urbanos, especialmente quanto à sua disposição

(PARANÁ, 2003).

Segundo estimativas do governo do Estado, com uma população de 9 563

458 habitantes (2005), sendo 7 786 084 habitantes na zona urbana, a geração de

resíduos sólidos urbanos (incluindo os resíduos de construção civil) no Paraná é de

aproximadamente 8 000 ton/dia. A política de resíduos sólidos no Estado do Paraná

visa principalmente a “eliminação de 100% dos lixões no Estado e a redução de 30%

dos resíduos gerados, por meio da convocação de toda a sociedade, objetivando:

mudança de atitude, hábitos de consumo, combate ao desperdício, incentivo à

reutilização, reaproveitamento dos materiais potencialmente recicláveis por meio da

reciclagem” (PARANÁ, 2003).

Para alcançar estas metas é imprescindível implementar as seguintes ações:

► Estimular o estabelecimento de parcerias entre o Poder Público, setor

produtivo e a sociedade civil, por meio de iniciativas que promovam o

desenvolvimento sustentável;

► Implementar a gestão diferenciada para resíduos domiciliares, comerciais,

rurais, industriais, construção civil, de estabelecimento de saúde, podas e similares e

especiais;

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► Estimular a destinação final adequada dos resíduos sólidos urbanos de

forma compatível com a saúde pública e conservação do meio ambiente;

► Implementar programas de educação ambiental, em especial os relativos a

padrões sustentáveis de consumo;

► Adotar soluções regionais no encaminhamento de alternativas ao

acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte, tratamento e disposição final

dos resíduos sólidos;

► Licenciar, fiscalizar, e monitorar a destinação adequada dos resíduos

sólidos, de acordo com as competências legais;

► Preservar a qualidade dos recursos hídricos pelo controle efetivo e pelo

levantamento periódico dos descartes de resíduos em áreas de preservação

ambiental;

► Estimular a implantação de unidades de tratamento e destinação final de

resíduos industriais;

Entre as técnicas apresentadas para a destinação final dos resíduos sólidos,

a tecnologia mais econômica e que vem de encontro à Legislação e a realidade da

situação sócio-econômica dos municípios paranaenses é a forma de aterro sanitário,

sendo esta, a técnica mais recomendada atualmente no país (PARANÁ, 2003).

De acordo com os levantamentos realizados pelo governo do Estado, 211

municípios paranaenses já dispõem seus resíduos em aterros sanitários. A maioria

deles já operando e outros em fase final de implantação. Desse total, 114 aterros

sanitários foram implantados. Com a constituição de dois consórcios intermunicipais,

esses aterros atendem atualmente 116 municípios (PARANÁ, 2003).

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Os demais Municípios paranaenses buscaram fontes alternativas de recursos,

visando solucionar o problema ambiental decorrente da disposição final inadequada

de seus resíduos.

Um dos principais desafios para o estado do Paraná será dar a destinação

final adequada aos resíduos sólidos urbanos gerados em todos os 399 municípios,

bem como, a recuperação dos passivos ambientais por meio de tecnologias

adequadas.

Entre as técnicas recomendadas pela Política de Resíduos Sólidos do Estado

do Paraná (PARANÁ, 2003), está a implantação de aterros sanitários nos Municípios

que ainda destinam inadequadamente seus resíduos sólidos urbanos, além da

reciclagem e do reuso, buscando soluções isoladas ou regionalizadas entre os

Municípios.

Com a eliminação de todos os lixões existentes no Estado, um grande passo

estará sendo dado em direção à preservação do meio ambiente, a melhoria da

qualidade de vida e da saúde do povo paranaense, bem como propiciará a retirada

de famílias que hoje vivem em lixões, em condições sub-humanas, dando-lhes

oportunidades dignas de trabalho e de saúde, por meio da implementação de

programas específicos de coleta seletiva e reciclagem (PARANÁ, 2003).

Os projetos a serem desenvolvidos deverão se adequar à realidade de cada

Município, considerando desde o tipo de solo e a população urbana, até os

instrumentos técnicos e financeiros disponibilizados pelas administrações

municipais.

As obras a serem implantadas deverão ser projetadas e executadas de

acordo com as normas vigentes e as tecnologias mais modernas do país

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compatibilizadas com o sistema de tratamento de efluentes (chorume), o isolamento

da área por meio de cerca e cortina arbórea, sistema de drenagem de águas pluviais

e poços de monitoramento de lençol freático, entre outro. (PARANÁ, 2003).

No entendimento do Governo do Estado, as seguintes ações devem ser

implementadas para que Municípios que ainda dispõem seus resíduos sólidos

urbanos em lixões a adequarem-se a Lei Estadual 12.493/99:

► Elaborar EIA-RIMA de acordo com o disposto na Resolução CONAMA

308/02 (Anexo I), entre outras;

► Elaborar projetos de aterros sanitários;

► Implementar obras de infra-estrutura dos aterros sanitários;

► Diminuir o volume de resíduos sólidos gerados.

2.8 CONTAMINAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS

De toda a água disponível no planeta, 97,5% é salgada, espalhada por

oceanos, mares, lagos salgados e aqüíferos salinos. Dos 2,5% de água doce, mais

de dois terços estão indisponíveis ao ser humano, pois ficam contidos em geleiras,

neves, gelos e subsolos congelados.

Da água doce disponível para consumo humano, apenas uma proporção

minúscula é encontrada na superfície terrestre, em rios, lagos, aqüíferos, no solo, no

ar, entre outros (CLARKE e KING, 2005).

A qualidade das águas superficiais está diretamente relacionada ao seu uso e

às atividades antrópicas. A contaminação dos corpos d’água afeta diretamente a

saúde pública e coloca em risco a vida de centenas de espécies de animais que

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vivem nesses ambientes aquáticos ou que fazem uso dessa água para a

sobrevivência (LIMA, 2004).

As águas que correm na natureza contêm substâncias dissolvidas e em

suspensão. O conceito de poluição da água é apresentado como uma mudança na

qualidade da água que a torna menos apropriada para o uso do que originalmente

era (HENNIGAN, 19736 apud ROCHA, 2005).

A contaminação dos recursos hídricos é um dos principais problemas

ambientais da atualidade; de modo semelhante, a maior parte das outras formas de

contaminação ambiental tem origem no crescimento e no desenvolvimento urbano

das últimas décadas. Segundo Hennigan (1973) apud ROCHA (2005), contaminação

é o resultado de qualquer adição ao seu ciclo natural, que altere sua qualidade a

grau tal que se restrinja ou impeça sua utilização.

As principais fontes responsáveis pela degradação dos recursos hídricos,

estão relacionadas com o crescimento demográfico, os impactos produzidos pelas

indústrias devido à expansão econômica, o aumento das áreas agrícolas e o

conseqüente impacto causado pelo uso excessivo de agrotóxicos e fertilizantes, a

ocupação irregular do solo, a falta de tratamento sanitário do lixo, a falta ou a

insuficiência de saneamento básico causando a poluição pelo esgoto in natura e

resíduos sólidos oriundos das cidades e, finalmente, a visão imediatista das políticas

públicas e a falta de conscientização do problema existente (LIMA, 2005).

No entanto, tais causas podem ser minimizadas se a população se

conscientizar sobre a importância da utilização adequada dos recursos hídricos e

medidas sejam adotadas para a proteção dos mananciais. Porém, para que isso

6 HENNIGAN, R. D., Orígenes y control de la contaminacion ambiental. México: Compañia Editorial Continental, 1973.

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52

ocorra são necessárias medidas como: estudar e adotar um gerenciamento

adequado com a observância das peculiaridades regionais e de ocupação do solo,

aproveitar racionalmente os recursos hídricos, incentivar o reuso e o reciclo da água,

fomentar intercâmbios internacionais em vista da existência de bacias hidrográficas

que se estendem por outros países, visar a parceria entre Municípios e Estados no

gerenciamento dos recursos hídricos, entre outros (ROCHA, 2005).

Com relação às águas subterrâneas, estas também estão ameaçadas de

contaminação, pois as águas da chuva podem dissolver e transportar muitos

elementos e compostos retidos nos solos para os corpos d’água subterrâneos.

Deste modo, os depósitos de resíduos sólidos e de resíduos industriais perigosos e

os agrotóxicos utilizados em larga escala na agricultura representam uma das

principais formas de contaminação dos solos e, conseqüentemente, das águas

superficiais e subterrâneas (LIMA, 2005).

2.8.1 Padrões de qualidade da água e limites para o lançamento de efluentes

Devido principalmente à implantação progressiva de atividades econômicas e

ao adensamento populacional de forma desordenada, a ação antrópica vem

ocasionando diversos impactos sobre os recursos hídricos, provocando reflexos no

ciclo hidrológico quanto na quantidade e na qualidade da água disponível para

consumo humano. A poluição das águas tem como origens diversas fontes

associadas ao tipo de uso e ocupação do solo, entre as quais destacam-se:

● efluentes domésticos;

● efluentes industriais;

● mineração;

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● acidental;

● entre outras

O Conselho Nacional do Meio Ambiente por meio da Resolução CONAMA

357/2005, no seu artigo 1º, dispõe sobre a classificação dos corpos de água e

diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as

condições e padrões de lançamento de efluentes nos corpos d’água, que as águas

doces, salobras e salinas brasileiras são classificadas segundo a qualidade

requerida para os seus usos preponderantes, em 13 classes de qualidade. A área

pesquisada enquadra-se na classe III, ou seja, águas que podem ser destinadas ao

abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional ou avançado;

à irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras; à pesca amadora; à

recreação de contato secundário; e a dessedentação de animais.

De acordo com a mesma Resolução, as águas doces de classe III

obedecerão aos seguintes padrões e condições de potabilidade:

I – Condições de qualidade de água:

a) não verificação de efeito tóxico crônico a organismos, de acordo com os critérios estabelecidos pelo órgão ambiental competente, ou, na sua ausência, por instituições nacionais ou internacionais renomadas, comprovado pela realização de ensaio ecotoxicológico padronizado ou outro método cientificamente reconhecido.

b) materiais flutuantes, inclusive espumas não naturais: virtualmente ausentes;

c) óleos e graxas: virtualmente ausentes;

d) substâncias que comuniquem gosto ou odor: virtualmente ausentes;

e) corantes provenientes de fontes antrópicas: virtualmente ausentes;

f) resíduos sólidos objetáveis: virtualmente ausentes;

g) coliformes termotolerantes: para o uso de recreação de contato secundário não deverá ser excedido um limite de 2500 coliformes termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 amostras, coletadas durante o período de um ano, com freqüência

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bimestral. Para dessedentação de animais criados confinados não deverá ser excedido o limite de 1000 coliformes termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 amostras, coletadas durante o período de um ano, com freqüência bimestral. Para os demais usos, não deverá ser excedido um limite de 4000 coliformes termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 amostras coletadas durante o período de um ano, com periodicidade bimestral. A E. Coli poderá ser determinada em substituição ao parâmetro coliformes termotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo órgão ambiental competente;

h) cianobactérias para dessedentação de animais: os valores de densidade de cianobactérias não deverão exceder 50.000 cel/mL, ou 5mm3/L;

i) DBO 5 dias a 20°C até 10 mg/L O2;

j) OD, em qualquer amostra, não inferior a 4 mg/L O2;

l) turbidez até 100 unidades nefelométricas de turbidez (UNT);

m) cor verdadeira:até 75 mg Pt/L; e

n) pH: 6,0 a 9,0.

2.8.2 Parâmetros de qualidade da água

2.8.2.1 Potencial Hidrogeniônico (pH)

Por definição, pH é uma medida de concentração de íons hidrônio (H+) em

uma solução, sendo expresso como co-logaritmo da atividade dos íons H+, dado em

uma escala de 0 a 14. É importante parâmetro de acompanhamento do processo de

decomposição dos resíduos sólidos urbanos, indicando a evolução da degradação

microbiológica da matéria orgânica e a evolução global do processo de estabilização

da massa de resíduos. O pH é um parâmetro que fornece dados relativos às

condições ambientais de um dado corpo hídrico, uma vez que as características

relativas à acidez, a neutralidade e a alcalinidade da água fornecem subsídios para

a interpretação da qualidade ambiental dos recursos hídricos analisados.

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55

2.8.2.2 Demanda Química de Oxigênio (DQO)

A demanda química de oxigênio é um teste amplamente utilizado para avaliar

a carga poluidora de efluentes domésticos e industriais, que é dada pela quantidade

total de oxigênio necessária para a oxidação da matéria orgânica a dióxido de

carbono e água. O método baseia-se no fato de que todos os compostos orgânicos,

com poucas exceções, podem ser oxidados pela ação de agentes oxidantes fortes

em condições ácidas. O parâmetro é útil para indicar a presença de substâncias

orgânicas resistentes ao ataque biológico e a existência de condições tóxicas

(MONTEIRO et al., 2001).

2.8.2.3 Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO)

A determinação da Demanda Bioquímica de Oxigênio é um teste empírico no

qual procedimentos padronizados de laboratório são usados para determinar a

demanda relativa de oxigênio em efluentes, águas residuárias e águas poluídas. O

teste mede o oxigênio necessário à degradação bioquímica de material orgânico e o

oxigênio utilizado para oxidar material inorgânico (MONTEIRO et al., 2001).

2.8.2.4 Metais pesados

A expressão metal pesado é comumente utilizada para designar metais

classificados como poluentes, englobando um grupo muito heterogêneo de metais,

semi-metais e mesmo não metais como o selênio. (CETESB, 2001) Porém, alguns

destes metais pesados em pequenas proporções são essenciais à vida dos

organismos como, por exemplo, ferro, cobre, manganês e níquel, mas, quando estes

elementos apresentam-se em grandes concentrações, podem alcançar níveis

tóxicos às plantas e aos organismos.

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56

Os metais pesados são altamente reativos do ponto de vista químico, o que

explica a dificuldade de encontrá-los em estado puro na natureza. Normalmente

apresentam-se em concentrações muito pequenas, associados com outros

elementos químicos, formando minerais em rochas (ALLOWAY, 1993).

ÁGUAS DE DRENAGEM E RIOS

FIGURA 5 – Dinâmica dos metais pesados no solo. Fonte: Garcia e Dorronsoro (2002).

A concentração de metais pesados no meio ambiente, com sua disseminação

no solo, na água e na atmosfera tem sido motivo de crescente preocupação no

AR

VOLATILIZAÇÃO

SOLO

ADSORÇÃO

COMPLEXAÇAO

PRECIPITAÇÃO

FORMAÇÃO DE MINERAIS

MOBILIZAÇÃO

SUPERFÍCIES DE ARGILA E HUMUS

COM COMPOSTOS ORGÂNICOS E OUTRO ÂNIONS

TRANSFORMAÇÃO

PARA OUTRO CONTAMINANTE

COPRECIPITAÇÃO

COM OUTROS ELEMENTOS

METAIS PESADOS VEGETAÇÃO

CADEIAS TRÓFICAS

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57

mundo. Os metais pesados podem ser percolados por meio do chorume; o chorume

mistura-se com a água da chuva infiltrando-se no solo e quando alcança o lençol

freático pode contaminar a água subterrânea. A possível contaminação dos corpos

d’água tem conseqüências que perduram por tempo indeterminado e são de difícil

controle. Os metais que são incorporados no solo podem seguir diferentes vias de

fixação, liberação ou transporte, segundo a representação da figura 6. Os metais

podem ficar retidos no solo, seja dissolvidos em solução ou fixados por processos de

adsorção, complexação e precipitação. Também, podem ser absorvidos pelas

plantas e, assim, serem incorporados às cadeias tróficas, ou também podem passar

para a atmosfera por volatização ou mover-se para águas superficiais ou

subterrâneas (MUÑOZ, 2002).

As principais características de alguns metais, citadas por Damasceno (1996),

são:

Cádmio (Cd): com densidade 8,6 g/cm3; é utilizado em indústrias de

galvanoplastia, na fabricação de baterias, em tubos de televisão, lâmpadas

fluorescentes, utilizado, também, como pigmento e estabilizador de plásticos

polivinílicos. As águas não poluídas contêm menos do que 1mg/L de Cd, e no caso

de contaminação das águas superficiais, esta se dá por descarga de resíduos

industriais e lixiviação de aterro sanitário, ou de solos que recebem lodo de esgoto.

As principais vias de exposição ao Cd são os alimentos, a água para o consumo

humano, ar, cigarros e exposição industrial. Os efeitos de intoxicação aguda por Cd

são muitos sérios, entre eles: hipertensão, problemas nos rins, destruição dos

tecidos dos testículos e destruição dos glóbulos vermelhos do sangue. Acredita-se

que grande parte da ação fisiológica do Cd é devida a sua similaridade ao Zn; o Cd

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58

pode substituir o Zn em algumas enzimas, causando alterações e impedindo a

atividade catalítica de tais enzimas.

Chumbo (Pb): com densidade de 11,34 g/cm3; é utilizado na fabricação de

baterias, sendo usado, também, na gasolina, em pigmentos, munição e soldas. O

teor de Pb em rios e lagos encontra-se na faixa de 1 a 10mg/L, porém valores

maiores tem sido registrado onde a contaminação tem ocorrido como resultado de

atividades industriais. As principais vias de exposição ao Pb são água para consumo

humano, alimentos, ar, cigarros. A toxidade aguda causada pelo Pb provoca várias

disfunções nos rins, no sistema reprodutivo, fígado, no cérebro e sistema nervoso

central. A vítima pode ter dores de cabeça e dores musculares, sentindo-se

facilmente cansada e irritada e a toxicidade moderada pode causar anemia.

Cromo (Cr): com densidade de 7,19 g/cm3; é usado na fabricação de ligas

metálicas empregadas na indústrias de transporte, construções e fabricação de

maquinários, na fabricação de tijolos refratários; utilizado, também, na industria têxtil,

fotográfica e de vidros. Os níveis de Cr na água, geralmente, são baixos (9,7mg/L),

embora níveis maiores já tenham sido relatados como conseqüência do lançamento

nos rios de resíduos contendo este metal. O Cr é um elemento essencial ao ser

humano, que se mostra necessário para o metabolismo da glicose, lipídeos e para a

utilização de aminoácidos em vários sistemas; parece ser necessário, também, para

a prevenção de diabete e arteriosclerose. As principais vias de exposição ao Cr são

água para consumo humano, alimentos, ar, cigarros. A forma hexavalente do Cr é

reconhecida como carcinogênica, causando câncer no trato digestivo e nos pulmões,

podendo causar, também, dermatites e úlceras na pele e nas narinas. A níveis de 10

mg/kg de peso corporal o Cr6+ pode causar necroses no fígado, nefrites e morte, e a

níveis inferiores podem ocorrer irritações na mucosa gastrointestinal.

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Cobre (Cu) – tem densidade de 8,96 g/cm3 e é essencial aos animais e

vegetais. A ingestão em demasia pode acarretar irritação e corrosão da mucosa,

problemas hepáticos, renais e irritação do sistema nervoso.

Níquel (Ni): com densidade de 8,90 g/cm3; é utilizado na produção de ligas,

na indústria de galvanoplastia, na fabricação de baterias juntamente com o Cd

(baterias Ni-Cd), em componentes eletrônicos, produtos de petróleo, pigmentos e

como catalisadores para hidrogenação de gorduras. Problemas significantes de

contaminação de águas com Ni estão associados com a descarga de efluentes

industriais contendo altos níveis desse metal. Normalmente os níveis de Ni nas

águas superficiais variam entre 5 a 20mg/L. As principais vias de exposição ao Ni

são água para consumo humano, alimentos, ar, exposição industrial, cigarros. O Ni,

relativamente, não é tóxico e as concentrações a que, normalmente, o homem

encontra-se exposto são aceitáveis. As concentrações tóxicas de Ni podem causar

muitos efeitos, entre eles, o aumento da interação competitiva com cinco elementos

essenciais (Ca, Co, Cu, Fe, e Zn) provocando efeitos mutagênicos pela ligação do Ni

aos ácidos nucléicos, indução de câncer nasal, pulmonar e na laringe e indução ao

aparecimento de tumores malignos nos rins e também apresentar efeitos

teratogênicos.

Zinco (Zn): com densidade de 7,14 g/cm3; é empregado na galvanização de

produtos de ferro; utilizado em baterias, fertilizantes, lâmpadas, televisores e aros de

rodas; componentes de Zn, são usados em pinturas, plásticos, borrachas, em alguns

cosméticos e produtos farmacêuticos. O Zn é um elemento essencial, com uma

média diária necessária de 10 a 20 mg; tem uma função na síntese e metabolismo

de proteínas e ácidos nucléicos e na divisão mitótica das células. Este material

tende a ser menos tóxico que os outros metais pesados, porém, os sintomas de

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60

toxidade por Zn são vômitos, desidratação, dores de estômago, náuseas, desmaios

e descoordenação dos músculos. O Zn mostra uma relação fortemente positiva

sobre o Cd, a hipertensão induzida pelo Cd pode ser reduzida pelo Zn.

Problemas ambientais envolvendo os recursos hídricos subterrâneas estão

muito associados às emissões e/ou manuseio de metais pesados, substâncias como

hidrocarbonetos e solventes orgânicossintéticos (principalmente clorados), do que

propriamente às excessivas cargas orgânicas degradáveis (elevada DQO),

responsáveis, em geral, por maiores riscos às águas subterrâneas.

2.8.2.5 Sólidos

A concentração total dos minerais dissolvidos na água serve como índice

geral da utilização da água para diversos usos. A concentração de sais nas águas

varia em função de fatores tais como a concentração inicial nas águas que percola

do solo o que, por sua vez, varia com a quantidade da água da chuva, temperatura,

evaporação, entre outros.

A água com demasiado teor de minerais dissolvidos não é conveniente para

certos usos. Contendo menos de 500 mg/L de sólidos dissolvidos é, em geral,

satisfatória para usos domésticos e para fins industriais (CARVALHO, 2001).

2.8.2.6 Condutividade

A condutividade de uma amostra é a medida de sua capacidade de conduzir

corrente elétrica sendo dependente do número e do tipo de espécies iônicas nela

dispersas. De fato, a concentração total, a mobilidade, a valência das espécies e a

temperatura da solução tem grande importância na determinação da condutividade

de uma amostra líquida (SILVA e OLIVEIRA, 2001).

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61

2.8.2.7 Coliformes totais e termotolerantes

Os coliformes totais são bactérias presentes no intestino do homem e de

animais de sangue quente, entretanto, podem também estar associados à

vegetação e ao solo. Algumas espécies podem se multiplicar no solo ou na água. Os

coliformes termotolerantes, constituindo subgrupo das bactérias coliformes, são

comumente utilizados como indicador de contaminação fecal, dada sua ocorrência

restrita em fezes humanas e outros animais de sangue quente. A detecção dessas

bactérias indica o risco da presença de organismos patogênicos (CARVALHO,

2001).

A utilização do método de determinação de coliformes como indicador de

poluição fecal em água, deve-se ao fato de o número de coliformes presentes na

água apresentar, com o passar do tempo, decréscimo praticamente igual ao

decréscimo do número de bactérias intestinais patogênicas. O coeficiente de

mortalidade é, então, praticamente igual para a E. coli quanto para as bactérias

patogênicas. Outros membros do grupo coliforme, como o A. aerogenes, têm uma

resistência um pouco maior, a taxa de mortalidade é, então, um pouco menor. De

forma geral, a taxa de mortalidade de coliformes é semelhante a taxa de mortalidade

das bactérias patogênicas (BATALHA, 1998 7 apud SILVA, 2007).

2.8.3 Matéria orgânica do solo

A matéria orgânica do solo (MOS) é definida exclusivamente como resíduos

de plantas e animais decompostos. Porém, a maioria dos métodos analíticos de

determinação da MOS não destingue entre resíduos de plantas e animais

7 BATALHA, B., Controle de qualidade de água para consumo humano: bases conceituais e operacionais. São Paulo: CETESB, 1998.

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62

decompostos ou não decompostos, que passem através da peneira de 2mm

(DOORAN e JONES, 1996).

Magdoff (1992) definiu MOS em sentido amplo, como organismos vivos,

resíduos de plantas e animais pouco ou bem decompostos, que variam

consideravelmente em estabilidade, susceptibilidade ou estágio de alteração.

2.9 ESTUDO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS

Define-se impacto ambiental, segundo a Resolução nº 357/05 do CONAMA,

como a alteração das propriedades físico-químicas e biológicas do meio ambiente,

alteração esta provocada direta ou indiretamente por atividades humanas, as quais

afetam saúde, segurança, bem-estar da população, atividades sócio-econômicas,

biota, condições estéticas e sanitárias do meio e qualidade dos recursos.

Por ser cada vez mais abundante, diversificado e, por apresentar potencial

valor agregado, a disposição dos resíduos sólidos urbanos torna-se um problema

altamente complexo, principalmente quando a sua disposição final não é adequada

(GAIESKI, 1989). Os resíduos sólidos podem conter substâncias químicas com

características tóxicas, dentre elas os metais pesados presentes em diversos

materiais provenientes de indústrias, funilarias, atividades agrícolas, laboratórios,

hospitais e residências. A contaminação por metais pesados apresenta um amplo

espectro de toxicidade que inclui efeitos neurotóxicos, hepatotóxicos, nefrotóxicos,

teratogênicos, carcinogênicos ou mutagênicos (BIDONE e POVINELLI, 1999).

Segundo Munn (1979)8 apud Lopes et al. (2003), a avaliação dos impactos

ambientais é uma atividade desenvolvida para identificar e predizer o impacto de

dispositivos legais, políticas, programas, projetos e procedimentos operacionais

sobre o meio biogeográfico, a saúde humana e o bem estar do cidadão. No caso dos 8 MUNN, R. E. Environmental Impact Assessment. Principles and Procedures. John Willey e Sons, 1979.

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63

aterros, vários dos impactos podem ser minimizados desde a concepção do projeto

até a seleção de áreas para sua implantação. Os critérios utilizados pela

comunidade técnica e ambiental, para o processo de seleção da área, visam

proporcionar condições de minimizar o espalhamento da contaminação.

Um solo pode ser considerado “limpo” quando a concentração de um elemento ou

substância de interesse ambiental é menor ou igual ao valor de ocorrência natural.

Esta concentração é denominada como valor de referência de qualidade. Entretanto,

a área será considerada contaminada se, entre outras situações, as concentrações

de elementos ou substâncias de interesse ambiental estiverem acima de um dado

limite denominado valor de intervenção, indicando a existência de um risco potencial

de efeito deletério sobre a saúde humana. Havendo necessidade de uma ação

imediata na área, deve ser executada uma investigação detalhada e adotadas

medidas emergenciais, visando a minimização das vias de exposição como a

restrição do acesso de pessoas à área e suspensão do consumo de água

subterrânea (CETESB, 2001). Contaminante é todo elemento estranho, não natural

ao meio e que podem causar danos à saúde humana e/ou ao meio ambiente

(SCHNOOR, 1996 9 apud NAGALLI, 2005).

9 SCHNOOR, J. Environmental Modeling. Wiley Intersciense, 1996.

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TABELA 4 – Resultados obtidos para os parâmetros analisados por diferentes pesquisadores.

AUTOR

METAIS PESADOS

(mg/L)

C

d C

r C

u N

i P

b Z

n

Sisinno e Moreira (1996)

0,1

0,2

Paschoalato (2000)

0,03 – 2,68

0,001-5,9

Carvalho (2000)

78,4

14,3

48,2

Cam

pos (2002)

0,01

0,03

0,06

Muñoz (2002)

0,013-0,733

0,004-0,251

0,014-0,596

0,043-0,605

0,213-1,275

Silva (2002)

0,01

0,1-0,2

0,25

0,1

0,25

Tartari (2003)

0,1

0,02-0,03

0,02 - 0,05

0,03 - 0,08

Brito (2005)

0,002

0,01

0,11 - 0,19

0,05

0,17-0,34

Nagalli (2005)

0,03

0,2-0,4

0,05

AUTOR

µS/cm

pH

CONDUTIVIDADE

SÓLIDOS

D

BO

D

QO

Sisinno e Moreira (1996)

2.800

5.200

Paschoalato (2000)

6,5 – 7,9

33 – 940

91 – 5200

Cintra (2001)

1.050-18.320

3.940- 29.920

Cam

pos (2002)

89,13

4.611

287

933

Silva (2002)

8,16-8,25

150

3.455-3.470

Tartari (2003)

8,2 - 59,30

39,1 - 413,3

Brito (2005)

7,6 - 7,8

701,6 - 947,0

1.748 - 3.212

Gom

es (2005)

11.610

1.088

2.883

Iwai (2005)

7,23 - 8,06

4840 - 12260

7612 - 20088

400 - 3.560

2100 - 22200

Nagalli (2005)

6,76-9,7

0,14-6,64

48-931

99 - 1.601

PARÂMETROS

(mg/L)

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65

Sisinno e Moreira (1996) avaliaram as concentrações de Cd, Cr, Cu, Fe, Mn,

Ni, Pb e Zn no líquido percolado (chorume) e em compartimentos ambientais (águas

superficiais e subterrâneas, solos e sedimentos) da área do aterro controlado do

Morro do Céu (Niterói – RJ). A qualidade dos corpos d’água localizados nas

proximidades desse aterro foi também avaliada com base na análise de outros

parâmetros físico-químicos e microbiológicos complementares (pH, DBO, DQO e

coliformes.). Os resultados encontrados mostram que as maiores concentrações dos

metais são observadas no solo do sítio limítrofe ao aterro e no sedimento da vala do

aterro, indicando tendência à retenção destes elementos nesses locais. Da mesma

forma, a qualidade das águas superficiais e subterrâneas é ruim, destacando-se a

presença de coliformes nas amostras analisadas, além da evidência – nas águas

superficiais – de grande carga de compostos orgânicos expressos pelos valores de

DQO (5.200 mg/L) e DBO (2.800 mg/L), e das concentrações de Fe (6,4 mg/L),Mn

(2,4 mg/L), Ni (0,12 mg/L) e Zn (0,23 mg/L) acima dos limites permissíveis pela

legislação ambiental.

Paschoalato (2000) analisou alguns parâmetros de líquidos percolados no

Lixão de Serrana e no Aterro Controlado de Dumont, ambos em Ribeirão Preto. No

Lixão de Serrana foram feitas 10 coletas e no Aterro de Dumont, uma coleta. O pH

apresentou variação de 6,5 a 7,9 (Lixão de Serrana) e 7,91 (Aterro de Dumont), que

indicam uma fase avançada de degradação da matéria orgânica. A DBO variou entre

33 e 940 mgO2/L para as duas áreas e a DQO entre 91 e 5.200 mgO2/L. Os metais

pesados apresentaram as seguintes variações: ferro (4,291 a 125,3 mg/L),

manganês (0,122 a 13,75 mg/L), zinco (0,001 a 5,970 mg/L) e níquel (0,030 a 2,681

mg/L).

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66

Carvalho (2001) avaliou o transporte de contaminantes no lixão de Viçosa

(MG) tendo por base a DBO, a DQO, sólidos totais, coliformes termotolerantes e

metais pesados (Zn, Cd e Cu). Os resultados são, respectivamente: 48, 2 mg/L, 78,

4 mg/L, 14, 3 mg/L, 2,35 x 102, 4,28 x 10 NMP/100 mL e 0,002, 0,001, 0, 0,027

mg/L.

Oliveira (2001) avaliou a qualidade da água subterrânea abaixo do depósito

de resíduos sólidos municipais de Botucatu/SP, determinando alguns parâmetros

indicadores de poluição ambiental.

A metodologia empregada consistiu na determinação dos metais pesados

(Cd, Pb, Cr, Ni e Zn), DQO e pH do líquido coletado em extrator de solução do solo

e piezômetro, com amostragens de 45 em 45 dias. Os resultados obtidos na

determinação dos parâmetros indicam poluição ambiental dos metais pesados (Cd,

Pb, Cr, Ni e Zn). Contaminação do lençol freático por Cd e Pb, e da solução do solo

por Cd, Pb e Cr. Apontam, também, para que sejam priorizados estudos que

controlam os processos construtivos e operacionais de aterros sanitários eficientes e

de baixo custo para comunidades de pequeno e médio porte.

Estudos realizados por Cintra et. al. (2002), no aterro controlado de Bauru,

mostraram que a qualidade do chorume obtido no poço coletor apresentou variações

significativas ao longo das amostragens efetuadas durante o período de seis meses.

Para as amostragens de chorume a DBO variou de 1.050 mg/L a 18.320 mg/L, e a

DQO entre 3.940 mg/L e 29.920 mg/L. Portanto, houve uma variação expressiva da

DBO, acima de 1000%, e da DQO, acima de 500%, o que pode estar correlacionado

aos índices pluviométricos.

Em 2002, Campo avaliou o chorume produzido no Aterro Sanitário de Piraí

(RJ) utilizando os seguintes parâmetros: pH, DQO, DBO, alcalinidade,

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67

condutividade, sólidos totais, coliformes totais e fecais e metais pesados (Cd, Cu e

Zn). Os resultados foram: 8,0, 933 mg/L, 287 mg/L, 3.540 mg/CaCO3, 9,13 mS/cm,

4.611 mg/L, 24 x 104 NMP/100 mL, 9,0 x 104 NMP/100 mL, 0,01 mg/L, 0,03 mg/L e

0,06 mg/L, respectivamente. Os resultados obtidos evidenciam um chorume em

avançado estado de degradação.

Muñoz (2002) avaliou os níveis de metais pesados no solo do Aterro Sanitário

e Incinerador de Ribeirão Preto. Para tal, utilizou os metais Cu, Pb, Cd, Zn e Cr. Os

resultados foram: o Cd variou entre 0,013 e 0,733 mg/kg; o Pb entre 0,043 e 0,605

mg/kg; o Cr entre 0,004 e 0,251 mg/kg; o Zn entre 0,213 e 1,275 mg/kg e o Cu entre

0,014 e 0,596 mg/kg.

Silva (2002) caracterizou o chorume do Aterro Sanitário Metropolitano de

Gramacho, localizado em Duque de Caxias – RJ em maio e outubro de 2001. Os

resultados foram os seguintes: na primeira coleta o pH foi de 8,16, a DBO 150 mg/L,

a DQO 3.455 mg/L e os metais pesados (Cd, Pb, Ni, Zn e Cr) <0,01, <0,1, 0,1, 0,35

e 0,2 mg/L respectivamente. Na segunda coleta os valores foram: pH 8,25, DBO

150, DQO 3.470 e metais <0,01, <0,1, 0,25, 0,25 e 0,1 mg/L respectivamente para

Cd, Pb, Ni, Zn e Cr. Os testes de avaliação da ecotoxicidade mostraram-se valiosos

indicadores para inferir o impacto do lançamento do efluente bruto e tratado no

corpo receptor, a Baía de Guanabara, cuja qualidade ambiental está bastante

comprometida.

Nos estudos feitos por Tartari (2003) para verificar os impactos ambientais em

três pontos do riacho próximo ao Aterro Sanitário de Novo Hamburgo (RS), os

parâmetros analisados foram DBO, DQO e metais pesados (Zn, Ni, Cu e Cr). Os

valores variaram entre 8,2 e 59,3 mg/L para DBO, 39,1 e 413, 3 mg/L para DQO e

0,03 a 0,08 (Zn), 0,02 a 0,05 (Ni), 0,02 a 0,03 (Cu) e o Cr apresentou valor de 0,1

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em todas as coletas. Para o líquido percolado foram avaliados a DBO, a DQO, os

sólidos totais e os metais citados. Os resultados foram: 278,6 mg/L, 1.976, 4 mg/L,

2.335 mg/L e 0,78, 1,06, 0,7 e 0,8 mg/L.

No Aterro Sanitário da Caximba, localizado no município de Curitiba (PR), o

estudo feito por Brito (2005) analisou os parâmetros DQO, DBO, pH, metais pesados

e coliformes nas águas do Rio Iguaçu. Foram feitas três coletas entre agosto e

setembro de 2005. Os resultados foram confrontados com a Resolução CONAMA

357/05 e estão listados a seguir: o pH variou entre 7,6 e 7,8; a DBO entre 701,66 e

947,0; a DQO entre 1.748,40 e 3.212,0. Os metais analisados foram Cd, Pb, Cu, Ni

e Zn. O valor encontrado para o Cd foi de 0,002, para o Pb 0,05 e para o cobre 0,01

nas três coletas; o Ni variou entre 0,11 e 0,19 e o Zn entre 0,17 e 0,34. Para

coliformes totais a variação foi de 1,2 x 105 e 1,07 x 106; já os coliformes fecais

variaram entre 6,0 x 104 e 4,3 x 105. Chegou a conclusão que o tratamento do

chorume não é eficaz.

Gomes (2005) realizou um estudo no Aterro Controlado da Caturrita em Santa

Maria – RS para verificar a qualidade do chorume produzido e se os corpos d’água

receptores apresentavam impactos ambientais. Para o chorume os valores foram de

1.088 mg/L para DBO, 2.883 mg/L para DQO, 11.610 µS/cm para condutividade.

Para os corpos d’água, a DQO variou entre 1, 6 e 667 mg/L; a DBO entre 0,5 e 227

mg/L; a condutividade entre 23 e 2.970 µS/cm e concluiu que os corpos d’água

estão impactados com o máximo permitido pela Portaria SSMA 05/89.

Iwai (2005) analisou o percolado do Aterro Controlado de Bauru levando em

consideração os parâmetros pH, DBO, DQO, sólidos totais, alcalinidade e

condutividade. A variação dos resultados foi a seguinte: pH entre 7,23 e 8,06; DBO

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400,0 e 3.560 mg/L; DQO entre 2.100 e 22.200 mg/L; sólidos totais 7.612 e 20.088

mg/L e condutividade entre 4.840 e 12.260 µS/cm – 20ºC.

Nos estudos de Nagalli (2005), realizado nos aterros de Jacarezinho e Barra

do Jacaré, para analisar os impactos ambientais causados pelo chorume nos corpos

d’água, os resultados foram os seguintes: o pH variou entre 6,76 e 9,70; a DBO

entre 48 e 931 mg/L, a DQO entre 99 e 1601, a condutividade entre 0,14 e 6,64

mS/cm. Os resultados dos metais foram: Cd: n.d, Cu: 0,03, Zn: 0,05 e Pb variou entre 0,2 e

0,4. O autor concluiu que, apesar de haver tratamento do líquido percolado, este não

ocorre em níveis satisfatórios, pois não atendem os padrões legais de emissão de

efluentes.

Rocha (2006) fez um estudo sobre os impactos ambientais gerados pelos

resíduos sólidos nas águas superficiais em Uberlândia em duas estações distintas:

uma seca e outra chuvosa e concluiu que há impactos ambientais nas águas devido

aos valores encontrados: a DQO variou entre 8,0 e 411 mg/L; a DBO variou entre

5,0 e 223 mg/L..

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA

O aterro controlado em estudo está localizado no município de Morretes, no

estado do Paraná, próximo ao litoral, nas coordenadas geográficas 25º 28' 37'' S e

48º 50' 04'' W, distanciando 70 km de Curitiba, capital do Estado. A área do

Município é de 687,54 km2, com uma população de 16. 857 habitantes (IBGE, 2006).

Os Municípios que fazem limite com Morretes são: Campina Grande do Sul,

Antonina, Quatro Barras, Piraquara, São José dos Pinhais, Guaratuba e Paranaguá.

(FIGURA 6)

FIGURA 6 – Localização do Município de Morretes no Estado do Paraná. Fonte: IBGE

Estima-se que a população de Morretes produza cerca de 10,2 toneladas de

resíduos sólidos urbanos diariamente. Desse total, aproximadamente 6 toneladas

são depositadas no Aterro Controlado de Morretes (ABRELPE, 2006). Segundo

informações de comerciantes locais, ocorre um incremento de 70% no número de

MORRETES

SÃO PAULO

MATO GROSSO DO SUL

PARAGUAI

ARGENTINA

SANTA CATARINA

OCEANOATLÂNTICO

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turistas em alta temporada (verão), o que influencia a geração de resíduos sólidos e,

conseqüentemente, o aumento da geração de chorume.

De acordo com dados da Secretaria de Meio Ambiente de Morretes, existe um

Plano de Gestão de Resíduos Sólidos composto da coleta de lixo normal e de coleta

seletiva, programada e divulgada nas comunidades. O lixo hospitalar é coletado por

veículos especiais e transportado para o município de Paranaguá, onde ocorre sua

descontaminação e posteriormente destinado para um aterro Classe 2. O lixo normal

é destinado ao Aterro Controlado e o de coleta seletiva é destinado à reciclagem.

O aterro controlado está em operação desde 1994 e apresenta uma área de

2.148,36 m2. Está localizado no bairro de Sapitanduva, distante três quilômetros do

centro urbano de Morretes. No local existe sistema de segurança de entrada com

portões que são mantidos por profissionais da prefeitura, evitando-se dessa forma o

livre acesso de pessoas. Entretanto não se observa à existência de sistemas de

controle ou tratamento do chorume produzido, nenhum tipo de drenagem de gases

(metano). Por ser um aterro controlado, não há sistema de impermeabilização de

solos, o que representa grande risco de contaminação da água subterrânea. Da

mesma forma, como acontece até em aterros sanitários, no local foi possível

observar a presença de vetores que podem afetar a população residente nesse

entorno. Detalhes do local podem ser observados nas FIGURAS 7A obtidas no local,

e na FIGURA 7B, representando o plano altimétrico do aterro controlado de Morretes

(área branca), situado em um fundo de vale, nas proximidades do Rio Sapitanduva,

afluente do Rio Nhundiaquara. As cotas altimétricas representam a altitude em

relação ao nível do mar

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FIGURA 7A – Vista do Aterro Controlado de Morretes.

Fonte: Leonardo Mendes.

FIGURA 7B – Plano altimétrico do Município de Morretes destacando a área do aterro. Fonte: Prefeitura Municipal de Morretes.

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73

3.1.1 GEOLOGIA

Constitui-se de granitos intrusivos e rochas algonquianas como quartzitos,

itabiritos, filitos e calcários, aflorando principalmente na parte norte. (MAACK, 1968)

3.1.2 GEOMORFOLOGIA

Formando uma pequena planície constituída por depósitos sedimentares

marinhos e terrígenos recentes, com uma espessura que pode chegar a 100 metros

com predominância de areias e argilas. Sua largura varia de 10 a 20 quilômetros,

tornando-se um pouco mais larga nas proximidades da Baía de Paranaguá. As

altitudes deste trecho de relevo situam-se entre 0 e 10 metros e, nos pontos mais

distantes do mar, chegam a ter 20 metros.

3.1.3 PEDOLOGIA

Segundo Maack (1968), são encontrados os seguintes tipos de solos:

Podzólico distrófico: solo mineral, não hidromórfico, com horizonte

subsuperficial “B”, caracterizado por apresentar incremento de argila em relação ao

horizonte superficial “A”. Pode ser considerado como solo bem desenvolvido. Com

exceção de rochas efusivas, como basalto e diabásio, pode ser derivado de

inúmeros materiais geológicos.

Litólico distrófico: solo não hidromórfico raso, constituído por horizonte “A” e

“rocha viva”, ou alterada ou sobre horizonte “C”. Ocorre geralmente em relevo forte

ondulado e montanhoso e pode originar-se dos mais variados materiais. Por isso,

suas características morfológicas, físicas e químicas são bem variadas. Pode ter

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textura média e argilosa, com ou sem cascalhos, sendo que algumas vezes é

pedregoso e rochoso.

Cambissolo distrófico: compreende solo mineral, não hidromórfico, pouco

desenvolvido. Situa-se em ambientes de encostas. Pode estar associado aos

latossolos, podzólicos e solos litólicos. Devido a estas diferenças, pode ser

subdividido em rasos, pouco profundos e profundos. Quanto à fertilidade, é bastante

variável e depende do material de origem.

3.1.4 CLIMA

Morretes está localizada em área de clima subtropical, onde predominam

temperaturas amenas. Entre os fatores que interferem na característica climática do

Município destacam-se a localização em relação ao Trópico de Capricórnio, e a

altitude média. Na classificação de Köppen, Morretes apresenta clima do tipo Cfa, ou

seja, Mesotérmico úmido (temperaturas médias inferiores a 25°C), com chuvas bem

distribuídas ao longo do ano e verão quente. Janeiro é o mês mais quente, com

temperatura média de 19,6°C e o mês mais frio é julho, com médias térmicas em

torno de 10°C. No mês de fevereiro, período da primeira coleta, a temperatura

máxima foi de 28 ºC e a mínima 20 ºC, com precipitação de 128 mm. Em abril, mês

da segunda coleta, as temperaturas registradas foram de 26 ºC e 18 ºC

respectivamente, com precipitação de 118 mm (SIMEPAR, 2007).

3.1.5 VEGETAÇÃO

Caracterizada pela Floresta Ombrófila Densa Tipo de vegetação

caracterizada por fanerófitos, cujas alturas médias variam de 20 a 30m, em

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função das características locais, além de lianas lenhosas e epífitos em

abundância que os diferenciam das outras classes de formações.

Sua característica ecológica principal reside nos ambientes ombrófilos,

que marcam a região. Assim sendo, a característica ombrotérmica da Floresta

Ombrófila Densa está presa aos fatores climáticos tropicais de elevadas

temperaturas (médias de 25ºC) e de alta precipitação bem distribuída durante o

ano, 2000 a 3000 mm, o que determina uma situação bioecológica praticamente

sem período biologicamente seco (0 a 60 dias secos). A ocorrência de geadas é

eventual, portanto as árvores em geral não apresentam mecanismos de proteção

contra seca e/ou frio, assim como é reduzido o número de espécies deciduais.

3.1.6 HIDROGRAFIA

A área de estudo está localizada na Bacia Hidrográfica do Rio Nhundiaquara.

Entre os seus afluentes, destaca-se o Rio Sapitanduva, localizado na área do Aterro

Controlado de Morretes.

3.2 COLETA DAS AMOSTRAS E PARÂMETROS ADOTADOS

A coleta das amostras foi realizada em dois períodos do ano de 2007, a

primeira em 28 de fevereiro (verão) e a segunda em 20 de abril (outono), perfazendo

um total de 10 amostras, sendo duas amostras de chorume e oito amostras de

águas superficiais. Nas duas datas citadas houve um período longo de estiagem.

Pretendeu-se, dessa forma, verificar se os possíveis indicadores de contaminação

teriam concentrações diferenciadas devido ao maior número de turistas nos meses

de verão e, assim, influenciar os resultados por meio de uma maior ou menor

concentração dos parâmetros analisados. Foram coletadas amostras de chorume e

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águas superficiais distribuídas em área anterior, próxima e após a extensão do

aterro como mostram as figuras 8, 9, 10, 11, 12 e 13 a seguir:

FIGURA 8 – Identificação dos pontos de coleta das amostras de chorume, águas

superficiais e solo.

Fonte: Google Earth

Os pontos de coleta possuem diferentes características, como pode ser

observado na descrição a seguir:

Ponto 3

Ponto 2

Ponto 1

Ponto 4 Ponto 5

Ponto A

Ponto B

Ponto C

Ponto D

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Ponto 1: local de coleta de água em um córrego localizado à montante do

Aterro Controlado de Morretes, apresentando altitude aproximada de 20 m.

Apresenta coordenadas geográficas 25° 27’ 39’’ de latitude Sul e 48° 49’ 36’’ de

longitude oeste. Este ponto é utilizado como referência para as análises dos corpos

d’água. Não sofre interferência do aterro, mas a montante do ponto de coleta estão

localizadas algumas residências (FIGURA 9).

FIGURA 9 – Ponto 1 - Área de coleta de água em um córrego a montante do Aterro. Fonte: Marcio França.

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Ponto 2: apresenta coordenadas geográficas 25° 27’ 37’’ de latitude Sul e 48°

49’ 37’’ de longitude oeste e está localizado em frente a área de coleta do chorume,

em um pequeno canal a uma altitude entre 18 e 20 m aproximadamente. É o ponto

mais próximo geograficamente e, portanto, considerado adequado para evidenciar

possíveis alterações ocasionadas pelo chorume (FIGURA 10).

FIGURA 10 – Ponto 2 - área de coleta de água em um córrego do Aterro. Fonte: Marcio França

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Ponto 3: localizado nas coordenadas geográficas 25º 27’ 38’’ S e 48° 49’ 30’’

W, área onde foi coletado o chorume, escolhida por ser o único a apresentar um

volume considerável de chorume que permitisse a coleta. Observou-se uma maior

quantidade de líquido na 2ª coleta em relação à primeira (FIGURA 11).

Figura 11 – Ponto 3 - Área mostrando as condições do ponto 3 (chorume) na segunda coleta. Fonte: Marcio França

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Ponto 4: local de coleta de água corrente situado à jusante do Aterro

Controlado de Morretes, apresenta coordenadas geográficas 25° 27’ 30’’ de latitude

Sul e 48° 49’ 35’’ de longitude oeste e altitude aproximada de 17 metros. Observa-

se claramente a ausência de vegetação na margem esquerda do córrego (FIGURA

12).

Figura 12 – Ponto 4 – área de coleta de água em um córrego a jusante do

aterro.

Fonte: Marcio França

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Ponto 5: local de coleta de água localizado em uma área de banhado, na

parte lateral do Aterro Controlado de Morretes com uma altitude de 15 metros.

Apresenta coordenadas geográficas 25° 27’ 32’’ de latitude Sul e 48° 49’ 30’’ de

longitude oeste. Ao contrário do ponto 1, observou-se uma menor quantidade de

líquido na segunda coleta em relação à primeira (FIGURA 13).

Figura 13 – Ponto 5 – área de coleta de água em área de banhado. Fonte: Marcio França

Os pontos A, B, C e D referem-se a amostras de solo que foram coletadas

nas proximidades dos pontos citados anteriormente para a confecção de um

trabalho da disciplina de poluição do solo.

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3.3 – ACONDICIONAMENTO E TRANSPORTE DAS AMOSTRAS

Foram coletadas amostras de chorume e de águas superficiais com volumes

de 3 litros para cada ponto. Em locais onde a profundidade era pequena, a coleta foi

feita com o auxílio de um Becker de 250 mL. Os frascos utilizados foram de vidro

âmbar esterilizado, tomando o cuidado de utilizar um volume de água coletada de

aproximadamente 4/5 da capacidade total do frasco, a fim de ser possível uma

agitação correta.

Para as análises de coliformes totais e termotolerantes as amostras foram

coletadas em frascos adequados e imediatamente acondicionadas em caixas

térmicas com gelo, sendo assim mantidas até a entrega para o Laboratório

Frischmann Aisengart, que será denominado neste trabalho de Laboratório Externo.

Neste Laboratório também foram realizadas as análises de DBO e DQO para todos

os pontos e metais pesados para o chorume (ponto 1) na primeira coleta. Nos

Laboratórios de Análises Químicas do Centro Universitário Positivo (UnicenP) foram

feitas as análises físico-químicas, objetivando-se quantificar os seguintes

parâmetros: pH, DBO, DQO, alcalinidade, sólidos totais e metais pesados (cromo,

chumbo e níquel). Os parâmetros citados se baseiam na Resolução CONAMA

357/2005 e foram selecionados por apresentarem maiores possibilidades de se

obter indicativos de contaminação dos corpos d’água, uma vez que na massa dos

resíduos sólidos urbanos é comum a presença de diversos compostos orgânicos e

inorgânicos que, em sua decomposição ou alteração do seu estado químico, fornece

indicativos de contaminação.

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3.4 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS E MICROBIOLÓGICAS DO CHORUME E DOS

CORPOS DÁGUA

3.4.1 Determinação do pH

A determinação do pH foi feita in situ e de maneira eletrometricamente. O pH

foi medido no pH-metro Quimis (Q-400H). Antes de sua utilização o aparelho foi

calibrado no local com os tampões 4,0 e 7,0.

3.4.2 Determinação da DQO

A determinação da DQO é utilizada para estimar a quantidade de matéria

orgânica em efluentes e corpos d’água. As análises de DQO para todos os pontos

de coletas foram feitas no Laboratório Externo, de acordo com APHA, 1998.

Seguindo orientações, as amostras não foram acidificadas, pois foram

encaminhadas para análise no mesmo dia.

Na primeira coleta a DQO foi analisada na Central Analítica do UnicenP, após

cinco dias, tendo as amostras coletadas permanecido sob refrigeração, sem no

entanto, estarem acidificadas. A demanda de oxigênio consumido pelos materiais

presentes no efluente e nos corpos d’água que estão sujeitos a oxidação, foi

realizada por meio de um forte oxidante químico, neste caso, o dicromato de

potássio. No procedimento foi realizada a digestão da amostra por 2 horas a 150

graus, utilizando-se frascos contendo as soluções dos reagentes da marca HACH.

A leitura dos dados foi feita em um colorímetro DR/890 da marca HACH, cujos

resultados são expressos diretamente em mg/L.

Na segunda coleta a DQO foi analisada no Laboratório de Saneamento do

UnicenP após três dias. Neste caso, as amostras foram acidificadas com ácido

sulfúrico concentrado e, também, mantidas sob refrigeração. O princípio do método

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foi o mesmo, no entanto foram obtidas curvas de calibração com padrões contendo

ftalato de potássio em concentrações para fornecer uma DQO de 20 a 900 mg/L

(corpos d’água) e 1.000 a 5.000 mg/L (chorume). As amostras foram tratadas de

maneira semelhante ao método anterior, sendo os seus valores lidos em

absorbância no aparelho espectrofotômetro V 1600 da marca Pró-Análise e, por

meio da equação da reta da curva de calibração, obteve-se a DQO.

As análises foram realizadas em duplicata no Laboratório da Central Analítica

e em triplicata nos demais.

3.4.3 Determinação da DBO

A determinação da DBO foi feita no Laboratório Externo segundo o método

descrito pelo Standard Methods for Examination of Water and Wastwater (1998).

3.4.4 Determinação da condutividade elétrica

O resultado da condutividade elétrica, expressos em mS/cm foi obtido

diretamente no local de coleta das amostras utilizando-se um condutivímetro da

marca Instrutherm CD 860, mergulhando-se o eletrodo na amostra a ser medida.

3.4.5 Determinação da alcalinidade e poder tamponante

Utilizou-se o método da titulação potenciométrica, reagindo 100 mL da

amostra com solução de ácido sulfúrico 0,02N até pH 4,0. O pH foi determinado

após cada adição do ácido (intervalos de 0,05 mL). Os resultados obtidos foram

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tratados de forma gráfica, sendo o volume de equivalência encontrado pelo método

diferencial. Por esse procedimento foi possível obter a alcalinidade do chorume,

expressa em MgCaCO3/L. Para a análise do chorume, a amostra foi diluída 10

vezes.

3.4.6 Determinação dos sólidos totais

A determinação dos sólidos totais foi feita em duplicata utilizando-se para

cada ponto 50 e 100 mL. Utilizou-se o método proposto por Silva e Oliveira (2001).

100 mL de amostra homogeneizada (VA) foram medidos e adicionadas a uma

cápsula previamente tratada e pesada (A = peso da cápsula). Foi deixado em estufa

a 100 ºC por 12 horas. Depois da evaporação, a cápsula com o resíduo foi resfriada

em um dessecador e pesada (B = peso da cápsula com o resíduo após a secagem).

Para o cálculo dos sólidos totais utilizou-se a fórmula

1000 (B – A) ST = VA 1000 onde:

ST = sólidos totais (mg/L);

VA = volume da amostra (mL);

A = peso da cápsula (g);

B = peso da cápsula com o resíduo após a secagem (g).

3.4.7 Determinação dos metais pesados nos corpos d’água

No Laboratório Externo os metais pesados Cr, Ni, Zn, Cd e Pb foram

avaliados somente para o chorume (ponto de coleta 3). A metodologia utilizada

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86

para as análises seguiu a descrita pela Agência de Proteção Ambiental (EPA, 1994).

Nesse método, a abertura das amostras é realizada com uma mistura dos ácidos

fluorídrico, nítrico e clorídrico e a análise realizada por Espectrometria de Absorção

Atômica (A.A).

No Laboratório Central Analítica do UnicenP, os metais Cr, Pb e Ni foram

avaliados no chorume e nos corpos d’água, para as duas coletas, pelo método da

Espectrometria de Absorção Atômica (A.A.) com chama de ar acetileno utilizando-se

um equipamento da marca Shimadzu AA 6800. Para tanto a abertura das amostras

foi feita segundo o método descrito pela CETESB (2004). Depois de

homogeneizadas, foram retiradas 100 mL de cada amostra e transferidas para um

béquer de 250 mL. Foi adicionado 4 mL de HNO3 concentrado e evaporado em

chapa de aquecimento até cerca de 10 mL. Deixou-se esfriar à temperatura

ambiente e adicionou-se 2,5 mL de HCl concentrado. Cobriu-se com vidros de

relógio por cerca de 30 minutos em refluxo, mantendo-se o volume com água

deionizada. Após essa etapa, evaporou-se até cerca de 10 mL. As amostras

digeridas foram transferidas para um balão volumétrico de 50 mL, aferindo-se o

volume com água deionizada. Para cada ponto o procedimento foi repetido em

duplicata.

3.4.8 Determinação dos coliformes totais e termotolerantes

A determinação do Número Mais Provável (NMP) de coliformes em uma

amostra é efetuada a partir de aplicação da técnica de tubos múltiplos. Consiste na

inoculação de volumes decrescentes da amostra em meio de cultura adequado ao

crescimento dos microrganismos pesquisados, sendo cada volume inoculado em

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87

uma série de tubos. Por sucessivas diluições da amostra, são obtidos inóculos, cuja

semeadura fornece resultados negativos em pelo menos um tubo da série em que

os mesmos foram inoculados e a combinação de resultados positivos e negativos

permite a obtenção de uma estimativa da densidade das bactérias pesquisadas, por

meio da aplicação de cálculos de probabilidade. Para análises de águas, tem sido

utilizado preferencialmente o fator 10 de diluição, sendo inoculados múltiplos e

submúltiplos de 1 mL da amostra, usando séries de 5 tubos para cada volume a ser

inoculado.

As amostras diluídas para a contagem total de bactérias foram semeadas em

caldo lactosado simples. Os tubos que apresentaram produção de gás foram

considerados positivos e a cultura foi utilizada para a realização de testes

confirmativos. Esta análise foi realizada em caldo lactosado-bile verde brilhante, a

2%, onde, também, verificou-se a produção de gás. O NMP de coliformes por cem

mililitros foi determinado pela quantidade de tubos positivos, relacionados em

tabelas disponibilizadas pela Associação Americana de Saúde Pública (APHA,

1992). Esta análise foi realizada no Laboratório Externo.

3.5 ANÁLISES DO SOLO

3.5.1 Determinação da matéria orgânica

As amostras de solo foram obtidas de um trabalho em andamento

desenvolvido por alunos e professores da disciplina de poluição de solos. Parte dos

resultados desse trabalho, ou seja, o teor de metais pesados encontrados para o

solo foi utilizado para complementar os dados e auxiliar na discussão dessa

dissertação. Segundo informação dos autores, as amostras de solo foram coletadas

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88

em profundidades de 0 a 20 cm, 20 a 40 cm, 40 a 70 cm e 70 a 100 cm no segundo

semestre de 2006. As amostras de solo foram secas em estufa a 105 ºC, moídas em

moinho e peneiradas em peneira com abertura da malha de 2 mm. Os cadinhos de

cerâmica de 30 mL foram pesados e, posteriormente, foi adicionado 0,5g de solo de

cada amostra. Foram levados a mufla e aquecidos por 4 horas a 750 °C.

Posteriormente os cadinhos foram pesados e a diferença entre o peso inicial e o

peso final corresponde ao teor de matéria orgânica do solo. (DAVIES, 1974 10 apud

SILVA et al., 1999).

3.5.2 Determinação dos metais pesados no solo

As análises de metais pesados foram realizadas em um projeto desenvolvido

na disciplina de Poluição do Solo. Várias amostras de solo do aterro de Morretes e

no entorno foram coletadas para esse projeto. Os pontos apresentados nesse

trabalho estão especificados na figura 9, sendo escolhidos por representarem os

pontos de solo mais próximos dos locais de coleta dos corpos dágua. No projeto, as

análises foram realizadas no laboratório de A.A. da Central Analítica, sendo a

metodologia analítica utilizada semelhante à descrita para os corpos dágua, sendo

utilizado 1,0 g de solo para cada análise.

10 DAVIES, B. E., Loss-on-ignition as an Estimate of Soil Organic Matter. Soil Sci. Soc. Am. Proc.,

1974.

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89

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 ESTIMATIVA DE GERAÇÃO DO CHORUME

A estimativa da geração do chorume foi feita comparando o Aterro Controlado

de Morretes com o Aterro Sanitário da Caximba, localizado em Curitiba –PR. Ambos

os locais apresentam características semelhantes quanto ao clima. Foram levados

em consideração dois fatores: o tamanho da área e a quantidade de resíduos

depositada no aterro. O Aterro Sanitário da Caximba possui uma área de 407.000

m2, no qual são depositados aproximadamente 2.400 t. de resíduos sólidos, gerando

diariamente 800.000 L de chorume. O Aterro Controlado de Morretes apresenta uma

área de 2.150 m2, resultando em uma produção de 4.226 L de chorume diariamente.

Pelo método da quantidade de resíduos, chega-se a uma produção de 2.000 L de

chorume diariamente no Aterro Controlado de Morretes, pois ele recebe

aproximadamente 6 t. de resíduos diariamente. Pode-se concluir que, pelo método

da estimativa, o Aterro Controlado de Morretes produz diariamente entre 2.000 e

4.226 L de chorume diariamente.

4.2 pH

O impacto produzido pelo chorume sobre os recursos hídricos está

diretamente relacionado com sua fase de decomposição. Apesar de o aterro ter 13

anos, as características do seu pH ainda remetem a um ambiente em processo de

oxidação da matéria orgânica presente no lixo, o que pode favorecer a

contaminação por esse composto (ROCHA, 2006).

Com base na tabela 5, pode-se observar que o ponto 3 (percolado)

apresentou valores de pH entre 7,57 e 8,46, revelando que o líquido é

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90

predominantemente alcalino. Estes valores são relatados por Oliveira e Jucá (2004)

como característico de percolados de resíduos em fase metanogênica de

degradação. Dessa forma, os valores experimentais do aterro de Morretes indicam

que os resíduos sólidos estariam em fase avançada de degradação da matéria

orgânica. O ponto 2, localizado bem próximo da área onde foi coletado o chorume

apresentou mudança significativa da primeira para a segunda coleta. Esta pode

estar associada ao fluxo de percolado que pode estar escoando na direção do

ponto. Assim, na primeira coleta onde o pH do chorume era 8,46, essa alcalinidade

foi suficiente para alterar o pH do ponto 2. Na segunda coleta, como o pH do

chorume não era tão alcalino, o pH do ponto 2 não foi alterado ficando semelhante

aos pontos 1, 4 e 5. Para os demais pontos, não houve grandes variações

evidenciando que não foram afetados pelo chorume nas condições experimentais

utilizadas. Os valores encontrados para os corpos d’água estão dentro do limite

permitido pela Resolução CONAMA 357/05 que estabelece uma faixa de pH entre

6,0 e 9,0. É importante ressaltar que a Resolução CONAMA apresenta um intervalo

muito grande para o pH, o que torna difícil uma conclusão mais contundente

baseada na norma, pois mesmo o chorume está dentro do intervalo estabelecido.

4.3 CONDUTIVIDADE ELÉTRICA

Observa-se na tabela 5 que o ponto 3 apresentou queda na condutividade

elétrica da primeira para a segunda coleta. Este fato pode estar associado a uma

menor concentração iônica, pois foi observado no ponto de coleta maior volume de

percolado, ocasionado pela precipitação pluviométrica que diluiu o chorume,

conforme as condições de coleta descritas. Os pontos 1, 2 e 4 não apresentaram

grandes variações na condutividade. Porém o ponto 5, apresentou aumento na

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91

condutividade da primeira para a segunda coleta (30% aproximadamente), o que

pode estar associado ao aumento da concentração de sais, como cloretos, sulfatos

e outros sais minerais presentes em restos de alimentos e bebidas (temperos,

conservantes, corantes, adoçantes, entre outros).

TABELA 5 – Parâmetros Físico-Químicos obtidos para os pontos 1, 2, 3, 4 e 5, no

Aterro Controlado de Morretes, PR..

PARÂMETROS

pH Temp (°C) Condutividade (µS/cm – 20°C)

Sólidos

(mg/L)

Especif.

pontos de

coleta Coleta

1 Coleta

2 Coleta

1 Coleta

2 Coleta

1 Coleta

2 Coleta

1 Coleta

2

1 (REF.) 6,51 6,73 24 22 0,35 0,36 120 4166

2 8,28 6,65 28 22 0,39 0,36 155 180

3 Chorume

8,46 7,57 40 26 1,20 1,00 9429 11473

4 6,64 6,9 30 24 0,36 0,37 160 4484

5 6,18 6,43 28 23 1,04 1,34 569 6101

Conama / 357 6,0 a 9,0

- -

Fonte: Marcio França

4.4 SÓLIDOS TOTAIS

Com base na tabela 5, pode-se observar o aumento significativo (2000% em

relação à média) na quantidade de sólidos totais para todos os pontos na primeira

coleta em relação à segunda coleta, exceto para o ponto 2. Para os pontos 1, 2 e 4

como a condutividade não foi alterada significativamente entre as coletas, esses

sólidos podem se referir à concentração de matéria orgânica e argila provenientes

do solo, na água coletada. Já nos pontos 3 e 5 pode ter ocorrido uma alteração

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92

também do conteúdo iônico, uma vez que a condutividade foi alterada nesses

pontos.

4.5 COLIFORMES TOTAIS E TERMOTOLERANTES (NMP/100mL)

As análises de coliformes foram realizadas com o intuito de verificar uma

possível contaminação dos corpos dágua pelo chorume, tendo em vista que o

percolado apresenta alta carga microbiológica, proveniente dos resíduos orgânicos.

A análise de coliformes é utilizada rotineiramente para indicar esta contaminação,

Os resultados microbiológicos das amostras foram avaliados somente na primeira

coleta. Observa-se na tabela 6, para o percolado foi de 1,6 x 105 NMP/100 mL para

coliformes totais e de 2,4 x 104 NMP/100 mL para coliformes termotolerantes

(Escherichia coli). Os valores elevados podem ter origem, principalmente, nos papéis

higiênicos, fraldas descartáveis e dejetos no aterro. (ROCHA, 2006)

TABELA 6- Coliformes totais e termotolerantes no Aterro Controlado de Morretes, PR.

AMOSTRAS COLIFORMES TOTAIS COLIFORMES TERMOTOLERANTES

PERCOLADO 1,6 X 105 2,4 X 104

CORPOS D’ÁGUA 5,0 X 102 - 5 X 103 1,1 X 102 – 8,0 X 102

CONAMA 357 5 X 103 1,0 X 103

Fonte: Laboratório Externo

Para os corpos d’água os resultados variaram de 5,0 x 102 a 5,0 x 103 para os

coliformes totais e 1,1 x 102 a 8,0 x 102 para coliformes termotolerantes. Os valores

encontrados para os corpos d’água estão dentro do permitido pela Resolução

357/05 do CONAMA, ou seja, abaixo de 5.000 NMP/100 mL para coliformes totais e

1.000 NMP/100 mL para coliformes termotolerantes, classificando-se como classe II

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93

em relação a este parâmetro, não estando estes pontos sofrendo influência

significativa do chorume. Lima (2000) estudou o chorume do lixão do Roger em

João Pessoa (PB) em área antiga e recente e obteve as seguintes variações:

coliformes totais entre 104 e 106 e coliformes termotolerantes entre 102 e 105. Já

Carvalho (2001) encontrou nos estudos sobre o lixão de Viçosa, as seguintes

variações para o percolado: 4,3 x 104 a 1,23 x 108 e de 1,3 x 104 a 2,4 x 106 para

coliformes totais e termotolerantes respectivamente. Na caracterização do chorume

do Aterro da Muribeca, Paes (2003) encontrou valores variando entre 4,0 x 102 e 2,4

x 108 para coliformes totais e 1,1 x 105 e 2,4 x 108 para coliformes termotolerantes.

Nas análises dos corpos d’água feitas por Silva (2007) em uma área de disposição

de resíduos sólidos em Curitiba, a variação de coliformes totais foi de 1,3 x 103 a 1,6

x 106. Observa-se que os resultados dos autores citados estão muito acima do

permitido pela legislação (classe II), enquanto que os resultados desta pesquisa

demonstram estar em conformidade com a legislação.

4.6 DBO

Observa-se na FIGURA 14 que o valor da DBO, encontrado na

primeira coleta, para o chorume foi de 300 mg/L. Já os corpos d’água apresentaram

variação entre 5,0 (pontos 1 e 2), 10,0 (ponto 4) e 30,0 mg/L (ponto 5). Os valores

encontrados no ponto 5 foram superiores ao estabelecido pela Resolução CONAMA

357/05 para águas da classe II, porém ficando dentro dos parâmetros para águas de

classe III. De fato, Carvalho (2001) encontrou valores de DBO entre 9,6 e 317, 6

mg/L para águas superficiais no antigo lixão de Viçosa (MG).

Na segunda coleta, o valor da DBO para o chorume foi de 585 mg/L. Para os

corpos d’água, os valores variaram entre 10,0 (pontos 1, 2 e 4) e 45,0 mg/L (ponto

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94

5). Estes resultados corroboram Rocha (2006) que encontrou valores de DBO entre

5,0 e 223 mg/L no lixão de Uberlândia. Já Tartari (2003) nos estudos nas águas

superficiais em um riacho no Aterro Sanitário de Novo Hamburgo encontrou valores

entre 8,2 e 59,3 mg/L.

Os elevados valores para o ponto 5 (325% acima da média) estão

relacionados às concentrações de materiais orgânicos presentes no próprio ponto,

conforme a tabela 6; uma vez que este ponto não é um corpo d’água corrente.

Elevados valores de matéria orgânica comprometem a qualidade da água, devido a

diminuição do oxigênio dissolvido e o aumento de microorganismos.

FIGURA 14 – Demanda Bioquímica de Oxigênio, no Aterro Controlado de Morretes, PR.

Fonte: Laboratório Externo

4.7 DQO

Conforme descrito nos materiais e métodos, para cada coleta a DQO foi

analisada em dois laboratórios com o objetivo de se ter um referencial para os

DBO (mg/L)

5 5

300

10 3010 10

585

1045

0

100

200

300

400

500

600

700

Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4 Ponto 5

COLETA 1 COLETA 2

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95

nossos resultados. Na primeira coleta a DQO foi analisada no Laboratório Externo e

na Central Analítica do UnicenP; Na segunda coleta, no Laboratório Externo e no

Laboratório de Saneamento do UnicenP.

TABELA 7 – Valores de DQO encontrados nas duas coletas realizadas no Aterro

Controlado de Morretes, PR.

Externo Ponto

1ª COLETA 2ª COLETA

C. Analítica

1ª Coleta

Lab. Saneamento

2ª Coleta

1 26,0 19,2 25,0 436,7

2 20,0 51,0 10,0 520,9

3 1950,0 1892,5 3430,0 4160,5

4 76,0 23,9 12,0 350,0

5 108,0 367,4 31,0 435,0

Resultados obtidos nos Laboratórios UnicenP / Externo

Fonte: Laboratório Externo e Marcio França

Apesar das metodologias utilizadas serem diferentes, os resultados deveriam

ser semelhantes para o mesmo ponto, no entanto pode-se observar na tabela 7 que

os resultados não são concordantes. Na primeira coleta, para o ponto 5, o valor

encontrado para a DQO foi 3,4 vezes superior na Central Analítica. Exceto para o

ponto 1, onde valores aproximados foram encontrados nos dois laboratórios, nos

demais pontos os valores são inconsistentes, sendo superiores (pontos 2 e 5) ou

inferiores (pontos 3 e 4). Para a segunda coleta, todos os pontos apresentaram

valores bem superiores para o Laboratório de Saneamento do UnicenP chegando a

ser 23 vezes superior (Ponto 1). Essas diferenças são surpreendentes e indicam que

mais estudos comparativos precisam ser feitos para elucidar estas discrepâncias. A

princípio, uma das causas pode ter sido a acidificação das amostras, que ocorreu na

segunda coleta para as análises do UnicenP e não para o Laboratório Externo. No

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96

entanto causa estranheza, pois a acidificação é um procedimento recomendado para

a conservação das amostras. Esperávamos maior discrepância nos resultados da

primeira coleta, onde a análise foi realizada após cinco dias. Portanto, para a

discussão dos resultados da DQO, serão utilizados os dados referentes ao

Laboratório Externo, pois o mesmo procedimento analítico foi adotado nas duas

coletas; além disso, o Laboratório possui certificação ISO 9001.

Observa-se na tabela 7 que o ponto 3 apresentou valores de DQO próximos

entre as duas coletas, mostrando que não foi alterado significativamente no período.

O valor muito superior aos demais pontos indica a contaminação do líquido. Nos

pontos 2 e 5 a DQO aumentou consideravelmente no período (aproximadamente

150%), o que pode ser indício da grande deposição de resíduos no verão (alta

temporada) o que gerou uma maior quantidade de chorume. O ponto 2 está

localizado próximo a formação superficial do chorume; já o ponto 5, que não é um

córrego, sofre contaminação do chorume por meio do lençol freático que aflora a

superfície neste ponto. O ponto 1, por ser referência no trabalho e estar localizado à

montante do aterro, pode estar recebendo influência das moradias localizadas

próximas. O ponto 4, localizado a jusante do ponto 2 apresentou valores superiores

na primeira coleta e inferiores na segunda em relação ao ponto citado. Portanto,

pode estar sofrendo contaminação do aterro por meio de processos diferentes aos

observados no ponto 5 (primeira situação) ou diluição pelo córrego (segunda

situação).

Nos estudos feitos por Tartari (2003) para verificar os impactos

ambientais em três pontos do riacho próximo ao Aterro Sanitário de Novo Hamburgo

(RS), os valores variaram entre 39,1 e 413, 3 mg/L para DQO. ROCHA (2006)

encontrou valores entre 8,0 e 411,0 mg/L nos estudos feitos nas águas superficiais

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97

de uma área de disposição de resíduos em Uberlândia, corroborando os resultados

apresentados por Harmsen (1983)11 apud Oliveira e Jucá (2004), que identificou a

presença de compostos com baixa biodegradabilidade em amostras de percolados

oriundos de um aterro de resíduos sólidos em metanogênese.

Os resultados das amostras observados na tabela 7 evidenciam a

contaminação dos corpos d’água podendo ser comprovada pelos altos valores de

DQO encontrados principalmente no ponto 5.

TABELA 8 – Relação DQO/DBO no Aterro Controlado de Morretes, PR.

PONTO 1ª COLETA 2ª COLETA

DBO (mg/L)

DQO (mg/L)

DQO/DBO (mg/L)

DBO (mg/L)

DQO (mg/L)

DQO/DBO (mg/L)

1 (REF)

5 26 5,2 10 19,2 1,9

2

5 20 4 10 51 5,1

3

300 1950 6,5 585 1892,5 3,2

4

10 76 7,6 10 23,9 2,4

5

30 108 3,6 45 367,4 8,1

Observa-se na tabela 8 que os pontos 3 e 4 apresentaram aumento na

relação DQO/DBO na primeira coleta; já na segunda coleta os mesmos pontos

apresentaram queda na relação DQO/DBO. No ponto 5 houve um aumento da

relação DQO/DBO (125%), o que pode corresponder ao deslocamento do chorume

para esse ponto.

11 HARMSEN, J. Identification of organic compounds in leachate from a waste tip. Water

Research, 1983.

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98

4.8 ANÁLISE DE METAIS PESADOS

4.8.1 Comparação interlaboratorial

Na tabela 9 são apresentados os resultados de análises feitas em 2

laboratórios. O objetivo de realizar análises do chorume também em um laboratório

externo era fazer uma comparação interlaboratorial para avaliar a qualidade e a

confiabilidade das análises realizadas nos laboratórios do Unicenp.

Observa-se uma grande diferença entre os teores de metais pesados

encontrados nos laboratórios do UnicenP e pelo Laboratório Externo. Essa diferença

é intrigante, pois na abertura das amostras pelo Laboratório Externo foi utilizado

ácido fluorídrico, o que deveria ocasionar teores maiores. Assim, novas

comparações precisam ser realizadas para que a questão possa ser elucidada.

Serão considerados neste trabalho os nossos resultados, pois foram analisados

todos os pontos, ao contrário do Laboratório Externo onde só o primeiro ponto foi

analisado.

Tabela 9 – Concentração de metais pesados no chorume do Aterro Controlado de Morretes, PR.

PONTO 3 1ª COLETA

Metais (mg/L)

Lab. Externo Central Analítica

2ª COLETA

Central Analítica

Máximo 0,368 Máximo 0,463 Cr

0,060

Mínimo 0,323

Média 0,345

Mínimo 0,536

Média 0,499

Máximo 0,063 Máximo 0,122 Ni

0,058

Mínimo 0,034

Média 0,048

Mínimo 0,094

Média 0,108

Máximo 2,242 Máximo 3,171 Pb

<0,001

Mínimo 1,572

Média

1,907 Mínimo 3,171

Média 3,171

Zn 0,133 ____ ____ ___

Cd < 0,001 ____ ____ ___

Fonte: Laboratório Externo e Marcio França

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99

4.8.2 Metais pesados no chorume, solo e corpos d’agua

TABELA 10 – Resultados das análises de metais obtidos para o solo e os corpos d’água no Aterro Controlado de Morretes.

ND – Não detectado 3(a) - Chorume

corpos d água

amostrados

12

45

3 (a)

AB

CD

3 (a)

1a coleta

ND

ND

ND

ND

0,133

ND

ND

ND

ND

0,345

2a coleta

ND

ND

ND

ND

-ND

ND

ND

ND

0,499

pontos de coleta

pontos de coleta

teor de zinco

(mg/L)

teor de Cromo (mg/L)

SOLO

profundidad

eam

ostrada (cm)

AB

CD

AB

CD

AB

CD

00-20

16

10

12

46

14,1

40,6

33,9

76,3

10,9

13,3

11,9

99,7

20-40

14

10

10

14

26,6

34,2

37,3

64,1

13,8

17,9

12,4

18,2

40-70

14

12

10

830,4

36,8

47,8

25,8

15,3

17,3

15,1

16,7

70-100

14

12

10

10

25,9

31,4

49,4

132,1

9,4

16,0

16,3

25,1

teor de níquel (mg/kg)

pontos de coleta

pontos de coleta

teor de matéria orgân

ica (%

)teor de ch

umbo (mg/kg)

pontos de coleta

corpos d água

amostrados

12

45

1 (a)

12

45

1 (a)

12

45

1a coleta

120

155

160

569

0,805

0,974

2,508

2,157

ND

ND

ND

ND

2a coleta

4166

180

4484

6101

2,5

1,481

2,664

3,509

ND

ND

ND

ND

teor de níquel (mg/L)

pontos de coleta

pontos de coleta

pontos de coleta

teor de só

lidos (m

g/L)

teor de ch

umbo (mg/L)

SOLO

profundidade

amostrada (cm)

AB

CD

AB

CD

00-20

35,8

34,3

31,6

54,9

42,3

11,8

89,5

58,0

20-40

41,3

43,3

37,7

42,9

13,0

58,0

75,4

88,9

40-70

51,7

49,2

34,0

44,7

15,2

62,2

88,9

46,7

70-100

38,3

44,4

35,4

290,2

11,1

70,0

84,3

230,4

teor de zinco (mg/kg)

teor de cobre (mg/kg)

pontos de coleta

pontos de coleta

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100

Na segunda coleta os teores de metais pesados foram superiores à primeira

coleta, como mostra a tabela 10, indicando um comportamento claramente

associado ao período de maior geração de resíduos. Como a disposição de resíduos

foi maior na primeira coleta, a decomposição de resíduos não é imediata.

Nas análises de metais pesados, detectou-se a presença de chumbo em

todos os pontos referentes aos corpos d’água conforme demonstra a tabela 9. Os

demais metais como o Ni e o Cr não foram detectados. O comportamento do Pb em

corpos d’água é uma combinação de precipitação e complexação aos ligantes

orgânicos e inorgânicos, sendo o grau de mobilidade do Pb dependente do estado

físico-químico dos complexos formados:

- associação a ligantes inorgânicos e orgânicos: a hidrólise dos precipitados

(fosfato de chumbo e sulfeto de chumbo) em valores de pH próximo a 6 solubiliza o

Pb como Pb(OH)+. O Pb(OH)2 insolúvel não é formado até pH igual a 10. A pH igual

a 6 os íons Pb2+ e Pb(OH)+ estão presentes em concentrações aproximadamente

iguais, já a pH igual a 8 predomina Pb(OH)+. O chumbo forma quelatos

moderadamente fortes com os ligantes inorgânicos que contém S, N e O.

- associação a particulados: o chumbo mostra variados níveis de ligação (15 a

83% aos sólidos suspensos. Na água para consumo humano a especiação físico-

química do Pb indica que pouco ou nada desse metal é encontrado na forma de íon

livre) (DAVIES, 1990)

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101

4.9 TEOR DE MATÉRIA ORGÂNICA E DE METAIS PESADOS NOS SOLOS

Os gráficos a seguir mostram o teor de matéria orgânica e de metais pesados

nos solos. Os solos foram coletados em pontos próximos aos corpos d’água com o

objetivo de se analisar possíveis interferências do chorume nos mesmos.

FIGURA 15 – Teor de matéria orgânica FIGURA 16 – Teor de Pb nos solos. no solo. Fonte: Marcio França Fonte: Trabalho de poluição dos solos.

FIGURA 17 – Teor de Ni nos solos. FIGURA 18 – Teor de Zn nos solos. Fonte: Trabalho de poluição dos solos. Fonte: Trabalho de poluição dos solos.

00-2020-40

40-7070-100

ABCD

0

10

20

30

40

50

% (m/m

)

faixa de profundidade (cm)

Teor de Matéria Orgânica

00-2020-40

40-7070-100

ABCD

0,0

30,0

60,0

90,0

120,0

150,0

mg / kg

faixa de profundidade (cm)

Teor de Pb nos solos

00-2020-40

40-7070-100

ABCD

0,0

30,0

60,0

90,0

120,0

mg / kg

faixa de profundidade (cm)

Teor de Ni nos solos

00-2020-40

40-7070-100

ABCD

0,0

30,0

60,0

90,0

120,0

150,0

180,0

210,0

240,0

270,0

300,0

mg / kg

faixa de profundidade (cm)

Teor de Zn nos solos

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102

FIGURA 19 – Teor de Cu nos solos. Fonte: Trabalho de poluição dos solos.

O eixo das concentrações de metais dos gráficos das figuras 16 a 19 foram

confeccionados em escalas diferentes, otimizando o valor para cada metal. Dessa

forma, a comparação entre as concentrações dos diferentes metais precisa ser

realizada levando em conta os valores e não as alturas dos eixos. Pode se observar

que, em todos eles, o ponto D apresentou maior concentração de metais, este fato

pode estar associado à proximidade do ponto D em relação ao ponto 5.

Observa-se na figura 15 que os valores dos pontos A, B e C são semelhantes.

No ponto D ocorre uma grande concentração de matéria orgânica na superfície

devido ao fato deste ponto estar localizado em uma área de banhado, onde ocorre

uma elevada concentração de matéria orgânica no solo.

00-2020-40

40-7070-100

ABCD

0,0

30,0

60,0

90,0

120,0

150,0

180,0

210,0

240,0mg / kg

faixa de profundidade (cm)

Teor de Cu nos solos

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103

Houve uma grande diferença nos teores de chumbo encontrados nos quatro

pontos coletados, como demonstrado na figura 16. O ponto D apresenta elevadas

concentrações em quase todas as profundidades analisadas. Este fato pode estar

associado à grande concentração de matéria orgânica neste ponto e, também, à

incidência de chorume que pode estar se deslocando. Ao se comparar os valores

obtidos com os valores de referência (CETESB, 2001), observa-se que, na maioria

dos pontos, os níveis encontrados apresentaram-se inferiores aos níveis

considerados de intervenção para uso agrícola, residencial e industrial, definidos

respectivamente como, 200 mg/kg, 350 mg/kg e 1.200 mg/kg (MUÑOZ, 2002).

É importante ressaltar que, na Alemanha, os valores de referência para solos

não contaminados é de 0 a 200 mg/kg (HAMILTON, 200012 apud MUÑOZ, 2002).

Horizontes superficiais dos solos têm grande afinidade para acumular Pb

proveniente de deposições atmosféricas ou de fontes industriais e agrícolas devido

principalmente a sua baixa solubilidade e forte adsorção ao solo (ALLOWAY,1993).

Na figura 17 a concentração de níquel não apresentou grandes variações com

exceção do ponto D na profundidade 0 a 20 cm. Este fato pode estar associado à

concentração de matéria orgânica na superfície para este ponto. Assim pode estar

ocorrendo a complexação ou a adsorção do metal neste ponto.

Observa-se na figura 18 que os pontos A, B e C não apresentaram diferenças

significativas entre os perfis e os pontos amostrados. Já o ponto D apresentou uma

maior concentração de zinco na profundidade 70 a 100 cm. Este fato pode estar

associado ao deslocamento do chorume para este ponto.

12 HAMILTON, E. I., Environmental variables in a holistic evaluation of land contaminated by

historic mine wastes: a study of multi-element mine waste in West Devon, England, using arsenic as an element of potential concer to human health. The Science of the Total Environment, 2000.

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104

A figura 19 demonstra uma grande diferença nos teores de cobre encontrados

nos quatro pontos coletados. Os valores variaram de 11,10 a 230, 41 mg/kg. No

ponto C, o perfil do solo não apresentou diferenças nas concentrações. No ponto A,

a maior concentração de cobre ocorreu na superfície. Já nos pontos B e D as

concentrações deste metal ocorreram na maior profundidade amostrada. Chama a

atenção a diferença significativa para o ponto D que é cerca de 4 vezes maior em

relação à superfície.

Em todas as amostragens a maior concentração de metais ocorreu no ponto

D, localizado próximo ao ponto 5. Com base nas tabelas, esta concentração ocorreu

na superfície (0 a 20 cm) e na maior profundidade (70 a 100 cm). Este fato pode

estar associado à mobilidade dos metais, devido à diferença na capacidade de

retenção dos componentes das diversas camadas e à complexação e a quelação da

matéria orgânica; por outro lado, pode estar ocorrendo um fluxo de chorume para

este ponto.

4.10 ALCALINIDADE

É a capacidade que o sistema tem de tamponamento, acarretando um certo

equilíbrio nos valores de pH. Decorrem da presença de carbonatos, bicarbonatos e

hidróxidos, quase sempre de alcalinos e alcalinos terrosos (sódio, potássio, cálcio e

magnésio, entre outros), amônia e ácidos orgânicos voláteis. Grandes teores de

alcalinidade provêm de despejos de indústrias têxteis, químicas, lavanderias e

curtumes, onde ocorre a inibição da ação de microorganismos presentes nos

processos biológicos de tratamento e interferir com a autodepuração dos corpos

d’água (SOUZA, 2003).

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105

Para todas as amostras coletadas, foi realizada uma titulação potenciométrica

com ácido sulfúrico. Por meio deste procedimento, foi possível avaliar a alcalinidade

do chorume que está expressa na Tabela 12.

TABELA 11 – Alcalinidade do chorume e dos corpos d’água no Aterro Controlado de Morretes, PR.

Fonte: Marcio França

Observa-se na tabela 11 que o ponto 3 (chorume) apresentou uma pequena

variação (10%) da alcalinidade da primeira para a segunda coleta. Estes valores

estão abaixo dos encontrados por Campos (2002) que reportou resultados de 3.540

mgCaCO3 para o chorume no Aterro Sanitário de Piraí (RJ)

Para as amostras dos demais pontos, a titulação potenciométrica foi realizada

com o propósito de avaliar uma possível influência do chorume, tendo em vista que

o pH observado para a primeira coleta foi alcalino. Por meio das curvas

potenciométricas, reproduzidas nos gráficos das figuras 17 a 20, foram observadas

se as amostras aquosas possuíam ou não capacidade tamponante e, também, para

melhor comparação entre elas e qual o volume de ácido necessário para atingir o pH

4,0.

ALCALINIDADE (mg/CaCO3)

COLETA PONTO 1 PONTO 2 PONTO 3 PONTO 4 PONTO 5

1 380 180 1000 460 600

2 380 260 1100 200 700

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106

1a Derivada

0,000

0,200

0,400

0,600

0,800

1,000

1,200

1,400

1,600

0,000 0,500 1,000 1,500 2,000 2,500 3,000 3,500 4,000 4,500 5,000

Volume

d pH / d V

FIGURA 20 – Procedimento gráfico adotado para calcular a alcalinidade do

ponto 3.

Fonte: Marcio França

curva potenciométrica ponto 03

3

3,5

4

4,5

5

5,5

6

6,5

7

7,5

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3

Volume de ácido adicionado

pH

FIGURA 21 – Curva potenciométrica do ponto 1 da primeira coleta. Fonte: Marcio França

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107

curva potenciométrica ponto 02

3

3,5

4

4,5

5

5,5

6

6,5

7

7,5

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6

Volume de ácido adicionado

pH

FIGURA 22 – Curva potenciométrica do ponto 2 da primeira coleta.

Fonte: Marcio França

curva potenciométrica ponto 04

3

3,5

4

4,5

5

5,5

6

6,5

7

7,5

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3

Volume de ácido adicionado

pH

FIGURA 23 – Curva potenciométrica do ponto 4 da primeira coleta.

Fonte: Marcio França

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108

curva potenciométrica ponto 05

3

3,5

4

4,5

5

5,5

6

6,5

7

0 1 2 3 4 5 6 7

Volume de ácido adicionado

pH

FIGURA 24 – Curva potenciométrica do ponto 5 da primeira coleta.

Fonte: Marcio França

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109

TABELA 12 – RESUMO DOS PARÂMETROS AVALIADOS QUE PODERIAM INDICAR CONTAMINAÇÃO DO ATERRO

CONTROLADO DE MORRETES, PR

PARÂMETRO

VALOR

CHORUME

[COLETA] a)

VALOR

Ponto (1) (b

) PONTO

[COLETA]

c)

VALOR

ENCONTRADO

d)

%

DO CHORUME e)

%

ACRÉSCIM

O DA

REFERÊNCIA f)

pH

8,46 [1]

6,51

2 [1]

8,28

97

27

CONDUTIVIDADE

(mS/cm – 20°C)

1,20 [1]

0,36

5 [2]

1,34

111

272

DBO (mg/L)

585,0 [2]

10,0

5 [2]

45,0

7 350

DQO (mg/L)

1.950,0 [1]

26,0

5 [2]

367,4

18

1.313

SÓLIDOS TOTAIS

(mg/L)

11.473 [2]

4.166

5 [2]

6.101

53

46

METAIS

PESADOS

(mg/L)

Pb

3,171 [2]

2,495

5 [2]

3,509

110

40

a) Refere-se ao m

aior valor encontrado para o chorume e em que coleta ele ocorreu;

b) É

o valor referência utilizado no trabalho;

c) Refere-se ao ponto e à coleta para o m

aior valor encontrado nos demais pontos;

d) R

efere-se ao valor encontrado no ponto citado no item anterior;

e) Refere-se à porcentagem equivalente de chorume encontrado no ponto;

f) Refere-se à porcentagem equivalente em relação ao ponto referência.

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110

Pode-se observar na tabela 13, que o ponto 5 apresentou as maiores

alterações dos parâmetros analisados, principalmente na segunda coleta. Este fato

pode estar associado à sazonalidade, pois foram feitas coletas no final da alta

temporada, onde ocorre uma maior geração de resíduos sólidos, e na baixa

temporada, onde a produção de resíduos sólidos diminui. Já para o chorume, esta

observação não é válida, ou seja, as alterações se distribuíram em ambas as

coletas. Desta forma, o ponto 5 é mais adequado para amostragens que visem

avaliar o impacto no entorno do aterro. Seria interessante a realização de outras

coletas e análises de outros parâmetros para que haja um diagnóstico mais

completo.

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111

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

A análise, o estudo dos dados e as informações apresentadas neste trabalho

permitem as seguintes conclusões:

● Devido às diferenças encontradas entre os Laboratórios, seria necessário

realizar mais análises, incluindo padrões e, também, amostrar em um 3º laboratório

para confrontar os dados.

● pela estimativa da geração do chorume comparando proporcionalmente

com o aterro Sanitário da Caximba, há um grande volume gerado e, que, no entanto,

não é observado na superfície. Podemos afirmar com base nos valores estimados

que este líquido esteja percolando no solo e chegando ao lençol subterrâneo.

● os valores encontrados para o pH, a DBO e a DQO estão de acordo com a

idade do Aterro, conforme referência demonstrada neste trabalho.

● os valores encontrados para o pH, a DBO e a DQO estão de acordo com o

tempo de operação de 13 anos do Aterro, conforme referência demonstrada neste

trabalho.

● o ponto 5 é o mais comprometido pela contaminação causada pelo chorume

para a maioria dos fatores analisados. Possivelmente está associado com a

contaminação do lençol freático devido a infiltração do chorume no solo, uma vez

que não há impermeabilização de fundo.

● de todos os metais pesados analisados (Pb, Cr, Ni) apenas o chumbo foi

detectado nos corpos d’água.

Tendo em vista que vários parâmetros foram alterados, é inegável que o

Aterro Controlado de Morretes, pela sua própria concepção está ocasionando

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112

impactos nas áreas próximas. A recomendação é que a prefeitura realize

amostragens do local e viabilize estudos para a concepção de um aterro sanitário,

onde os métodos de engenharia são mais adequados, como estão fazendo os

municípios de Paranaguá e Guaratuba e que tome decisões político-ambientais ao

que se refere as ações mitigadoras dos impactos em curso.

Sugestões para a Prefeitura de Morretes:

● o aterro controlado é um método inadequado de disposição de resíduos

sólidos, pois pode comprometer o meio ambiente;

● estabelecer um programa regular de análises do local, mesmo após o

encerramento do Aterro, pois ainda haverá formação de chorume.

● após o encerramento do Aterro, pode ser utilizado o método da

fitorremediação da área.

● procurar destinar seus resíduos em aterro sanitário próprio ou procurar

parcerias com outros Municípios, pois este é considerado o método mais seguro

para destinação dos resíduos.

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113

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