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04-01-2011 1 Centro de massa, momento linear de sistemas de partículas e colisões Prof. Luís C. Perna No estudo que temos vindo a fazer tratámos os objectos, como, por exemplo, blocos de madeira, automóveis, etc. como partículas. Neste capítulo iremos estudar sistemas de partículas e as razões pelas quais, em determinadas condições, se podem estudar os seus movimentos pelo respectivo centro de massa. Um corpo não é propriamente uma partícula mas, sim, um sistema de partículas que pode ter vários tipos de movimento. Sistemas de partículas

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04-01-2011

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Centro de massa, momento linear de sistemas de partículas e colisões

Prof. Luís C. Perna

No estudo que temos vindo a fazer

tratámos os objectos, como, por exemplo,

blocos de madeira, automóveis, etc. como

partículas.

Neste capítulo iremos estudar sistemas de

partículas e as razões pelas quais, em

determinadas condições, se podem estudar

os seus movimentos pelo respectivo centro

de massa.

Um corpo não é propriamente uma partícula

mas, sim, um sistema de partículas que

pode ter vários tipos de movimento.

Sistemas de partículas

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Vejamos quais os tipos de movimento que os corpos podem ter:

movimento de translação,

movimento de rotação ou

movimentos combinados de translação e de rotação.

Movimento dos corpos

Movimento dos corpos

No movimento de translação dos corpos

as suas partículas têm todas a mesma

velocidade.

No movimento de rotação dos corpos as

partículas têm velocidades diferentes,

excepto as que se mantêm sobre o eixo de

rotação, cuja velocidade de rotação é nula.

Neste caso, as partículas têm trajectórias

circulares de raios diferentes.

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Corpo rígido ou sólido

indeformável é um

sistema de partículas

cujas posições relativas

permanecem constante,

independentemente do

movimento ou da

interacção a que o corpo

está sujeito.

Corpo rígido e sistema discreto de partículas

Sistema discreto de partículas é um conjunto constituído por um

número finito de partículas cujas distâncias relativas variam no

decurso do movimento.

Centro de massa de um sistema de partículas

Quando um corpo só tem movimento de translação não é necessário

estudar cada partícula, pois todas elas têm a mesma velocidade,

descrevendo a mesma trajectória, sendo portanto, aceitável tratá-

lo como uma partícula.

Um corpo só com movimento de translação pode ser representado

pelo seu centro de massa (CM).

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Significado de centro de massa

O centro de massa (CM) de um sistema de partículas, é um ponto

onde se supõe estar concentrada toda a massa do corpo e onde se

considera aplicada a resultante das forças que actuam nesse

sistema.

Centro de massa de um sistema de partículas

Num sistema de partículas o movimento

de cada partícula é, em geral, complicado.

Porém, há um ponto, associado a cada

sistema de partículas, que possui, quase

sempre, um movimento simples:

É o centro de massa (CM) do sistema.

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Centro de massa de um sistema de partículas

Neste caso complicado de movimento,

o centro de massa, CM, descreve

simplesmente uma parábola.

Centro de massa de um sistema de partículas

O CM, tem o movimento que teria uma

partícula com a massa da saltadora e

onde actuasse a resultante das forças

exteriores exercidas sobre a saltadora.

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Como se determina experimentalmente o CM de corpos rígidos sem simetria?

Pendura-se o objecto por um ponto qualquer (ponto A, por exemplo)

e marca-se no objecto uma linha vertical que passe por esse ponto.

Pendura-se depois o objecto por um outro ponto, B, por exemplo, e,

de novo, marca-se a linha vertical que passa agora por B.

A intersecção das duas linhas indica a posição do centro de massa

(claro que o centro de massa está no interior do objecto e não na

sua superfície!).

CM de corpos rígidos com simetria

Se o corpo for homogéneo e apresentar simetria, o centro de

massa situar-se-á sobre esse elemento de simetria.

O CM de uma chapa rectangular, homogénea,

coincide com o centro geométrico

O CM de uma esfera homogénea situa-se no

centro geométrico.

O CM de um anel está no centro geométrico

e não pertence ao corpo.

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Como calcular o CM de duas partículas?

Experimentalmente, verifica-se que o CM está à distância l1 e l2

das partículas de massas m1 e m2, de tal modo, que distâncias e

massas satisfazem a seguinte condição:

m1 l1= m2 l2

m1 > m2

l1 < l2

Como calcular o CM de duas partículas?

Vamos determinar a posição do CM num referencial em que o eixo

dos xx passa pelas duas partículas:

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Da relação m1 l1= m2 l2 e das relações anteriores vem:

Como calcular o CM de duas partículas?

Esta expressão mostra que o CM é uma “média ponderada” das

coordenadas das partículas do sistema ou corpo quando se toma para

massa de cada partícula, nessa média, o valor da sua massa individual.

Generalizando para um sistema de n partículas

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Como calcular o vector de posição, r , do CM?

Se tivermos um sistema formado

por n partículas de massas m1, m2,

..., mn, localizadas pelos vectores

posição, , a posição

do seu centro de massa é obtida a

partir da seguinte expressão:

Em que rCM = xCM ex + yCM ey + zCM ez

S

n

i

ii

n

nnCM

m

rm

mmm

rmrmrmr

1

21

2211

...

...

1r

2r

nr

, , ... ,

Velocidade do centro de massa

Consideremos o vector posição do CM de um sistema.

Se derivarmos em ordem ao tempo a expressão anterior vem:

que é a expressão da velocidade do centro de massa.

S

n

i

ii

n

nnCM

m

vm

mmm

vmvmvmv

1

21

2211

...

...

S

n

i

ii

n

nnCM

m

rm

mmm

rmrmrmr

1

21

2211

...

...

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Aceleração do centro de massa

Se derivarmos novamente em ordem ao tempo, vem:

que é a expressão da aceleração do centro de massa.

S

n

i

ii

n

nnCM

m

am

mmm

amamama

1

21

2211

...

...

Momento Linear duma partícula

Suponha que um camião e um automóvel à mesma velocidade colidem

com um muro, será que os efeitos materiais devido à colisão são os

mesmos?

É necessário definir uma nova grandeza para exprimir o efeito

provocado, essa nova grandeza chama-se momento linear.

p = m v

Unidade SI de momento linear: Kg m s-1

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Momento Linear duma partícula

O momento linear é uma grandeza vectorial que tem a mesma

direcção e sentido da velocidade.

Tendo em conta o momento linear duma partícula, a 2ª Lei de

Newton pode escrever-se do seguinte modo:

A resultante das forças aplicadas é igual à taxa de variação

temporal do momento linear.

dt

pd

dt

vmd

dt

vdmamF

)(

vmp

Impulso de uma força

Quando ocorrem colisões, actuam forças que não são constantes. São

forças geralmente muito intensas e que duram intervalos de tempo muito

curtos, por ex.: colisões entre carros ou bolas de bilhar.

Podemos definir a grandeza impulso de uma força constante:

Unidade SI de impulso: N.s

O impulso da resultante das forças aplicadas a uma partícula durante

um intervalo de tempo, é igual à variação do momento linear ocorrido

nesse mesmo intervalo.

pI

t

pF

ptFI média

dt

pdF

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Momento Linear do centro de massa

Como

O segundo membro é o momento linear do sistema, uma vez que o

momento linear, de cada partícula é:

Então:

O momento linear do centro de massa, é igual ao momento linear

do sistema, se considerarmos o CM como uma partícula de massa m.

S

n

i

ii

CMm

vm

v 1

iii vmp

SCMSCMS pppvm

n

n

i

n

i

iiiCMS ppppvmvm

...21

1 1

Lei Fundamental de Newton para um sistema de partículas

Se derivarmos em ordem ao tempo a expressão:

em que a resultante das forças interiores é nula porque actuam

aos pares, sendo cada par formado por forças simétricas, logo têm

resultante nula, o que quer dizer que as forças exteriores

determinam o movimento do CM.

n

i

i

n

i

extiCMSCM

SS FFam

dt

vdm

dt

pd

1

int

1

CMSS vmp

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Lei Fundamental de Newton para um sistema de partículas

Esta Lei é conhecida por: Lei do movimento do CM.

Que se pode enunciar da seguinte forma:

“O CM dum sistema de pontos materiais desloca-se como se

nele estivesse concentrada toda a massa do sistema e nele

estivessem aplicadas todas as forças exteriores ao sistema”.

CMS

n

i

exti amF

1

Lei da conservação do momento linear para um sistema de partículas

Deduzimos anteriormente a Lei do movimento do CM:

Quando a resultante das forças exteriores é nula, o momento linear do

sistema é constante.

Lei da conservação do momento linear – Num sistema isolado, há

conservação do momento linear, isto é, se a resultante das forças

exteriores for nula, o momento linear do sistema permanece constante

e a velocidade do CM mantém-se constante.

dt

pdamFF CM

CMS

n

i

extiR

1

,

..

,0 SistSistCMCMCMCM ppppkp

dt

pd

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Colisões

Em física, uma colisão é uma interacção

entre partículas, num intervalo de tempo

muito curto.

Podemos considerar colisões a nível

macroscópico, por contacto directo entre

objectos e colisões a nível microscópico,

por interacções à distância entre

partículas como é o caso, por exemplo, do

bombardeamento de núcleos com

partículas alfa.

Colisões

As forças de interacção entre as partículas que

colidem – forças de colisão, são forças interiores

ao sistema e, geralmente, de intensidade muito

superior à das forças exteriores. Daí estas

últimas poderem ser desprezadas.

Por exemplo na colisão de uma bola de ténis com

uma raqueta, enquanto se dá a colisão, para além

da força de colisão, há força gravítica e a

resistência do ar, uma vez que o intervalo de

tempo é muito curto, estas duas forças são

desprezáveis face à intensidade da força de

colisão.

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Colisões

Durante a colisão desprezam-se as forças exteriores, face às

forças de impacto. Por isso se considera que o sistema de

corpos que colidem é isolado.

Colisões

Numa colisão há sempre conservação do momento linear,

podendo, no entanto, haver ou não conservação da energia

cinética do sistema.

,

SistSist pp

0 SistEc 0 SistEcou

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Colisões elásticas e inelásticas

As colisões classificam-se, atendendo à energia cinética do

sistema antes e após a colisão.

Colisões elásticas ou perfeitamente elásticas

(Se a energia cinética total do sistema tem o mesmo valor antes e

depois da colisão)... SistfSisti EcEc

Colisões inelásticas

(Se a energia cinética total do sistema não se conserva. A energia

cinética inicial é diferente da final).

Colisões perfeitamente inelásticas

Quando, após uma colisão, os corpos ficam ligados um ao outro,

movendo-se em conjunto.

.. SistfSisti EcEc

Coeficiente de restituição, e

Coeficiente de restituição, e, é uma medida da elasticidade duma

colisão; pode relacionar-se com a dissipação de energia e com a

elasticidade dos materiais.

oaproximaçã

oafastament

ii

ff

v

ve

vv

vve

21

21

• Numa colisão elástica ou perfeitamente elástica e = 1

• Numa colisão perfeitamente inelástica e = 0

• Numa colisão inelástica 0 < e < 1

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