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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR FACULDADE CEARENSE CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS AS VANTAGENS E DESVANTAGENS DO PREGÃO ELETRÔNICO NAS COMPRAS REALIZADAS PELO GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ MARIA EVANETE DOS SANTOS SILVA FORTALEZA – CE 2014

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR

FACULDADE CEARENSE

CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

AS VANTAGENS E DESVANTAGENS DO PREGÃO ELETRÔNICO NAS

COMPRAS REALIZADAS PELO GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ

MARIA EVANETE DOS SANTOS SILVA

FORTALEZA – CE

2014

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MARIA EVANETE DOS SANTOS SILVA

AS VANTAGENS E DESVANTAGENS DO PREGÃO ELETRÔNICO NAS

COMPRAS REALIZADAS PELO GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ

Monografia apresentada à Faculdade Cearense, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis do Centro de Ensino Superior do Ceará – Faculdade Cearense – FAC, sob a orientação do Professor Luis Antonio Camboim Felex.

FORTALEZA – CE 2014

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MARIA EVANETE DOS SANTOS SILVA

AS VANTAGENS E DESVANTAGENS DO PREGÃO ELETRÔNICO NAS

COMPRAS REALIZADAS PELO GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ

Esta Monografia foi julgada adequada à obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis e aprovada em sua forma final pelo Curso de Graduação em Ciências Contábeis do Centro de Ensino Superior do Ceará - Faculdade Cearense - FAC.

Fortaleza-CE, 06 de Junho de 2014,

_____________________________________ Orientador: Luis Antonio Camboim Felex -ESP

_____________________________________ Examinador(a) Mercidio Gonçalves Filho -ESP

_________________________________________ Examinador(a) Paulo Henrique Lima de Oliveira-DR

___________________________________________

Coordenador(a) do Curso –Mercidio Gonçalves Filho -ESP

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DEDICATÓRIA

Ao meu esposo Izaias Alves do Nascimento por sua existência e por estar

sempre ao meu lado. Pelo companheirismo, respeito, incentivo e seu amor

incondicional.

As minhas filhas Débora dos Santos Alves e Isadora dos Santos Alves, que

mesmo sem entender o que se trata, são a razão de todo o meu esforço e

dedicação, pois são a razão da minha vida.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus que iluminou o meu caminho durante

esta caminhada. Agradeço também ao meu esposo Izaias Alves do Nascimento, que

de forma especial e carinhosa me deu força e coragem, me apoiando nos momentos

de dificuldades, quero agradecer também as minhas filhas, Débora dos Santos Alves

e Isadora dos Santos Alves, que embora não tivessem conhecimento disto, mas

iluminaram de maneira especial os meus pensamentos me levando a buscar mais

conhecimentos.

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RESUMO

As entidades governamentais têm, cada vez mais, usufruindo dos benefícios advindos das tecnologias das informações disponíveis, utilizando-os para aprimorar suas contratações, visando o interesse coletivo. Nesse contexto surge o pregão eletrônico, uma modalidade licitatória utilizada para a aquisição de bens e serviços comuns, efetuado por meio da utilização de recursos de tecnologia da informação, ou seja, através da comunicação pela internet. O presente trabalho tem como objetivo analisar a utilização da modalidade pregão eletrônico pelo Governo do Estado do Ceará, bem como foi realizada uma pesquisa bibliográfica e documental em trabalhos já existentes e autores renomados na área. Através da análise de dados coletados foi possível concluir que o pregão eletrônico entre os anos de 2008 a 2010, a qual alcançou um montante próximo de R$ 2 bilhões, representando uma economia de 34,52 % quando comparados os valores estimados para a contratação com os valores finais das licitações

Palavras-chave: Pregão Eletrônico. Economia Financeira. Licitações.

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ABSTRACT

Government agencies have increasingly enjoying the benefits arising from the information available technologies , using them to enhance their hiring ,targeting the collective interest. In this context the electronic trading , a bidding modality used for the purchase of common goods and services made by utlização resource information technology , or through internet communication arises. This study aims to analyze the use of electronic trading mode by the State Government of Ceará , as well as a bibliographic and documentary research was conducted into existing and renowned authors in the field work. Through the analysis of collected data it was concluded that the electronic trading between the years 2008-2010 , which reached an amount close to U.S. $ 2 billion , representing a savings of 34.52 % when compared to the estimated values for contracting with the final values of the bids. Keywords : Electronic Trading . Financial Economics . Bids .

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SUMÁRIO 1.INTRODUÇÃO.....................................................................................................................09 2. O PROCEDIMENTO LICITATÓRIO NO BRASIL ..................................................... 12 2.1.Licitações – Princípios Gerais ............................................................................. 12 2.2 Dispensa e Inexigibilidade ................................................................................... 17 2.3 Modalidades e Tipo de Licitação ......................................................................... 18 2.4 O Edital ................................................................................................................ 26 2.5 Contratos ............................................................................................................. 27 3. O PREGÃO ELETRÔNICO E SUAS INOVAÇÕES ................................................... 34 3.1. Pregões – Considerações Iniciais ..................................................................... 34 3.2. Princípios Peculiares .......................................................................................... 36 3.3. Pregões Eletrônicos ........................................................................................... 39 3.4. Credenciamento no Pregão Eletrônico ............................................................... 40 3.5. Fases do Pregão Eletrônico ............................................................................... 43 3.6. Vantagens e Desvantagens do Pregão Eletrônico ............................................. 49 4. METODOLOGIA .................................................................................................. 53 4.1. Ambientes de Pesquisa ...................................................................................... 54 4.2. Caracterização da Pesquisa ............................................................................... 55 4.3. Coleta de Dados e Análise de Dados ................................................................. 57 5. ANÁLISE DO PREGÃO ELETRÔNICO NO GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ .................................................................................................................................. 58 5.1. A Operacionalização do Sistema de Compras do Governo do Estado do Ceará58 5.2. Análise da Utilização do Pregão Eletrônico ........................................................ 59 5.3. Comparativo entre o Pregão Eletrônico e as Demais Modalidades Licitatórias 60 5.4. Análise das Vantagens Obtidas pelo Uso do Pregão Eletrônico ........................ 61 5.4.1. Celeridade nos Processos ............................................................................... 63 5.4.2. Economia nas Compras e Contratações ........................................................ 63 5.4.3. Transparência ................................................................................................. 64 5.5. Desvantagens Destacadas ............................................................................... 65 CONCLUSÃO ........................................................................................................... 67 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 69

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1.INTRODUÇÃO

A República Federativa do Brasil, com o advento da Constituição Federal de 1988, adotou, formalmente, a democracia como regime político, conforme se vislumbra no preâmbulo e artigo 1° constituindo-se em estado democrático de Direito, no qual todo poder emanado do povo, que o exerce por meio de seus representantes ou diretamente, tendo como fundamento a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político. No Estado democrático de Direito, a administração deve ater-se para o fato de que todos os seres humanos merecem o mesmo respeito.

A Administração Pública é regida pelos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, prevista no artigo 37 da Constituição Federal, que tem o escopo de garantir a transparência das ações governamentais e a fiscalização por parte da sociedade e dos órgãos oficiais de controle.

Assim, a atuação do administrador, sob o ponto de vista da legalidade e da legitimidade, não pode ser analisada, sem a observância dos princípios constitucionais expressos ou implícitos na Constituição Federal que regem a Administração Pública, bem como a discricionariedade administrativa.

O Estado, organização do poder político da comunidade, é organizado com a finalidade de harmonizar sua atividade, de forma que atinja o objetivo de promover e satisfazer à prosperidade pública, ou seja, o bem comum. Afinal, a função essencial do estado é satisfazer as necessidades coletivas, uma vez que visa antes de tudo o bem estar social.

Para atingir-se esse objetivo, a Lei 8.666, de 21 de junho de 1993, foi criada, esta lei rege o processo licitatório e prevê 05 (cinco) modalidades: Tomada de Preços, Convite, Concurso e Leilão. A partir de então, os contratos realizados dependem, via de regra, de um procedimento licitatório.

O conjunto de procedimentos utilizados pela administração pública objetivando optar pela proposta que oferece mais vantagens para um contrato ou aquisição de bens e serviços dá-se o nome de licitação. Utilizada em todas as esferas do governo, excluindo-se os casos de dispensa e inexigibilidade, previstos em lei, a licitação é um procedimento obrigatório para as contratações no âmbito do poder público, sendo o antecedente necessário de um contrato administrativo.

A Lei n° 8.666, de 21 de junho de 1993, que estabelece normas gerais sobre licitações e contratos administrativos, enumera em seu art. 22 como modalidades licitatórias a concorrência, a tomada de preços, o convite, o concurso e o leilão.

Diante da necessidade da realização de certames licitatórios mais ágeis, surge, através da Lei n° 10.520/02, uma nova modalidade licitatória, o Pregão, que possui como principal característica a inversão na fase externa entre a habilitação e a apresentação da proposta de preço. Tal inversão proporciona grande agilidade aos

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processos licitatórios, uma vez que a apuração da melhor proposta de preços analisar-se-á somente a documentação habilitatória da licitante primeira colocada.

Com o desenvolvimento da tecnologia das informações e os benefícios avindos da internet, surgiu a modalidade pregão, em sua forma eletrônica. Regulamentada pelo Decreto n° 5.450, /2005, tal modalidade licitatória visa à ampliação da quantidade de participantes e o barateamento do processo licitatório bem como na redução da morosidade das contratações por parte da Administração Pública.

Passados alguns anos desde a sua implantação, devido aos diversos benefícios proporcionados por sua utilização, o pregão eletrônico tem se tornado ferramenta rotineira no âmbito da administração pública para a contratação de bens e serviços comuns. Além de desburocratizar as contratações, o pregão eletrônico amplia a concorrência, aumentando a competitividade entre os participantes reduzindo, consequentemente, os custos.

O Governo do Estado do Ceará, assim como as demais entidades pertencentes aos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, para a realização de suas licitações e contratos, se submete aos ditames da Lei N° 8.666/93, devendo dar preferência a modalidade pregão eletrônico nas contratações de bens e serviços comuns, em conformidade com o Decreto n° 5.450/2005. A Administração Estadual submete-se, ainda, a Lei Complementar n° 65, de 03 de janeiro de 2008, que dispõe sobre o sistema de licitações do Estado do Ceara e ao Decreto n° 28.089, de 10 de janeiro de 2006, que regulamenta, no âmbito da Administração Pública, a licitação na modalidade pregão.

O presente trabalho fará uma abordagem do Pregão Eletrônico no âmbito do Governo do Estado do Ceara de 2008 a 2010, destacando as principais vantagens e desvantagens que essa modalidade licitaria trouxe a esta Unidade da federação.

Busca-se com o presente estudo responder ao seguinte problema: de que forma o pregão eletrônico é utilizado pelo Governo do Estado do Ceara? Para tanto, o objetivo geral deste trabalho é analisar a utilização da modalidade pregão eletrônico no Governo do Estado do Ceara, entre o ano de 2008 a 2010. Neste sentido, foram desenvolvidos os seguintes objetivos específicos: a) analisar se a utilização do pregão eletrônico no âmbito do Governo do Estado do Ceara possibilitou uma maior transparência nas contratações ou uma redução nas fraudes; b) levantar o quantitativo de pregoes eletrônicos e das demais modalidades de licitação utilizadas pelo Governo do Estado do Ceara; e c) identificar as vantagens e desvantagens da utilização advinhas da utilização do pregão eletrônico pelo Governo do Estado do Ceara.

A pesquisa tem como pressuposto o seguinte: a adoção do pregão eletrônico no Governo do Estado do Ceara trouxe uma economia aos cofres desta Administração Pública Estadual.

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Tendo em vista alcançar os objetivos a que se propõe este trabalho, e levando em consideração o desencadeamento lógico do raciocínio desenvolvido, estruturalmente, o mesmo foi dividido em cinco seções, as quais serão detalhadas a seguir.

Objetivando permitir uma visualização geral acerca do trabalho, o primeiro capítulo destina-se a introdução do mesmo. Nesta seção é feita uma abordagem inicial do tema em Estudo, destacando aspectos gerais do pregão eletrônico e identificando os objetivos gerais e específicos que se busca alcançar com este trabalho, bem como o problema a ser respondido.

O segundo capítulo aborda de maneira objetiva o tema licitação. Serão apresentados conceitos relativos às licitações, com explanações sobre cada uma das modalidades e dos tipos. Serão tratados também nesta seção, os casos de dispensa e inexigibilidade de licitação, assim como as fases deste processo.

Já o terceiro capítulo trata sobre o pregão eletrônico e suas inovações, desde a suas considerações iniciais, passando por seus princípios peculiares, o seu credenciamento e fases, bem como as vantagens e desvantagens desta modalidade de licitação.

O quarto capítulo trata da metodologia utilizada na realização deste trabalho. Nesta seção é feita uma caracterização da pesquisa, indicando a forma como foram coletados e analisados os dados necessários a realização do trabalho.

O objeto deste estudo é o pregão eletrônico no âmbito do Governo do Estado do Ceará, assim a quarta seção analisa a utilização do pregão eletrônico por esta unidade federativa, destacando as principais vantagens e desvantagens advindas de sua utilização.

No quinto e último capítulo é feita a conclusão deste trabalho, apresentando as considerações finais acerca da pesquisa realizada e as conclusões as quais se chegou com a análise dos dados coletado.

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2. O PROCEDIMENTO LICITATÓRIO NO BRASIL

Esta seção aborda de maneira objetiva o tema licitação. Serão apresentados conceitos relativos às licitações, com explanações sobre cada uma das modalidades e dos tipos.

Serão tratados também nesta seção, os casos de dispensa e inexigibilidade de licitação, assim como as fases deste processo.

2.1 LICITAÇÕES – PRINCÍPIOS GERAIS

A licitação é o meio para efetivação de contratações na Administração pública e sua atuação deve atender às expectativas dos contribuintes e da sociedade brasileira. Através da licitação, que é procedimento administrativo formal, a Administração Pública convoca, por meio de condições estabelecidas em ato próprio, o edital, empresas interessadas na apresentação de propostas para o fornecimento de bens e serviços.

O dever de licitar está previsto na Constituição Federal de 1988, no artigo 37, inciso XXI, que estabeleceu que a contratação de bens, serviços, compras e alienações serão efetivadas mediante processo de licitação pública. Consta neste inciso que:

Ressalvados os casos específicos na legislação as obras e serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam da Lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.

Na legislação infraconstitucional, o dever de licitar está previsto no art. 2° da Lei n° 8.666 de 21 de junho 1993, a qual regulamentou o artigo 37°, inciso XXI da C/F 88 estabelecendo normas gerais de licitações e contratos administrativos, que se aplicam, sem distinção, aos quatro entes da federação, quais sejam: União, Estados, Distrito Federal, e Municípios, bem como os entes autárquicos, fundacionais e empresariais. Segundo o artigo 2° da Lei de Licitações “as obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações, concessões permissões e locações da Administração Pública, quando contratadas com terceiros, serão necessariamente precedidas de licitação, ressalvadas as hipóteses previstas nesta Lei. ”

Muitas vezes a licitação é vista como um procedimento burocrático que apenas se presta a entravar as contratações pretendidas pela Administração compelindo-a, a aceitar propostas que nem sempre se mostram vantajosas, seja

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porque o preço cotado não guarda compatibilidade com preços de mercado, seja porque o produto ofertado, embora mais barato, não detém qualidade e apenas acarreta prejuízo. A partir disto, os servidores e licitantes alegam que todos os males verificados resultam dos exageros contidos na Lei n° 8.666/93 e de exigências feitas sem qualquer sentido prático.

Piscitelli (2006, p. 15), assim define a licitação:

É o conjunto de procedimentos administrativos, legalmente estabelecidos, através do qual a Administração Pública cria meios de verificar entre os habilitados, quem oferece melhores condições para a realização de obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações, concessões, permissões e locações.

Já Mello (2003, p. 492), define licitação como:

Um certame que as entidades governamentais devem promover e no qual abrem disputa entre os interessados e com elas travar determinadas relações de conteúdo patrimonial, para escolher a proposta mais vantajosa às conveniências públicas. Estriba-se na ideia de competição, a ser travada isonomicamente entre os que preencham os atributo e aptidões necessários ao bom cumprimento das obrigações que propõem assumir.

Vê-se que a licitação é um procedimento rigorosamente determinado a que o poder público se submete e que se desenvolve na idéia de competição isonômica entre os interessados em contratar.

Por sua vez, entende Meirelles (2004, p.266), licitação como “ o procedimento administrativo mediante o qual a Administração Pública seleciona a proposta mais vantajosa para o contrato do seu interesse”.

Na ótica de Di Pietro (2006, p.348) licitação é:

O procedimento administrativo pelo qual o ente público, no exercício da função administrativa, abre a todos os interessados, que se sujeitam às condições fixadas no instrumento convocatório, a possibilidade de formularem propostas dentre as quais selecionará e aceitará a mais conveniente para a celebração do contrato.

Analisando os conceitos supracitados, percebe-se, que entre os doutrinadores, é uniforme o entendimento de que a essência da licitação deve objetivar também a garantia à observância do princípio constitucional da isonomia, assegurando assim, oportunidades iguais a todos os interessados em participar do certame.

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Quanto aos princípios que norteiam a licitação, vale ressaltar, que a não observância dos mesmos pode descaracterizar o procedimento licitatório e invalidar o resultado. Esses princípios são divididos em constitucionais e infraconstitucionais.

São considerados princípios constitucionais os constantes no artigo 37 da Carta Magna: legalidade, moralidade, eficiência, publicidade e impessoalidade.

No que diz respeito ao princípio da legalidade, ao contrário da pessoa de direito privado, cuja regra que prevalece é o da autonomia da vontade, ou seja, pode fazer tudo que a lei não proíbe, a pessoa de direito público só pode fazer o que a lei permite.

No que se refere à licitação, esse princípio vincula os licitantes e administração pública às regras estabelecidas nas normas e princípios em vigor. Todos os participantes do procedimento licitatório, sejam estes particulares ou administradores, devem plena observância ao que Lei exige para o cumprimento do certame.

Qualquer ato pertinente ao procedimento licitatório, só será válido, legítimo, se obedecer rigorosamente às disposições definidas em Lei. Entende-se daí que, descumprir tal preceito significa invalidar o procedimento e sujeitar o agente público as sanções da própria lei.

Quanto ao princípio da moralidade conduz ao entendimento de que o agente público deve ser pautado em valores de honra, tais como ética e moral, para que seja válido. A licitação está incluída nesse rol, devendo ser conduzida de forma séria e honesta.

A interpretação do princípio da moralidade conduz ao entendimento de que o agente público que realiza a licitação deve ser ético, honesto, probo, deve buscar a perfeição no trato da coisa pública e alcanças os objetivos do estado. Exige-se da Administração uma mescla da ética, do comportamento baseado na justiça e honestidade, com a conveniência e oportunidade.

O princípio da eficiência tem o propósito de exigir dos agentes públicos a busca do bem comum, atuando de forma imparcial, neutra transparente, participativa, eficaz, sem burocracia e buscando sempre a qualidade, utilizando critérios legais e morais suficientes para melhor aplicar os recursos públicos, evitando desperdícios e garantindo a rentabilidade social.

Ensina Villa (1995 apud Di Pietro, 2006, p. 99):

Não há dúvida de que a eficiência é um princípio que não se deve subestimar na Administração de um Estado de Direito, pois o que importa aos cidadãos é que os serviços públicos

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sejam prestados adequadamente. Daí o fato de a Constituição o situar no topo dos princípios que devem conduzir a função administrativa dos interesses gerais.

Há que se ter o cuidado para não dar à eficiência pública o mesmo significado do mundo privado. No mundo privado, a busca da eficiência e tem como finalidade lucro, ser eficiente é maximizar a lucratividade. Na administração Pública a eficiência tem o propósito de buscar o bem comum, a dignidade da pessoa humana e a justiça social.

O princípio da publicidade constitui o requisito essencial à regularidade de qualquer licitação, uma vez que permite amplo acesso de qualquer interessado no certame e permite também a verificação da regularidade dos atos praticados em processo. A publicidade vai desde a divulgação dos procedimentos para conhecimento dos interessados até atos da Administração praticados nas diversas fases do procedimento licitatório. A Lei das Licitações traz em diversos dispositivos a explicitação deste princípio:

Art. 3°, § 3° A licitação não será sigilosa, sendo públicos e acessíveis ao público os atos de seu procedimento, salvo quanto ao conteúdo das propostas, até a respectiva abertura.

Art. 15, As compras, sempre que possível, deverão:

Art.16. Será dada publicidade, mensalmente, em órgão de divulgação oficial ou em quadro de avisos de amplo acesso público, à relação de todas as compras feitas pela Administração Direta ou Indireta, de maneira a clarificar identificação do bem comprado, seu preço unitário, a quantidade adquirida, o nome do vendedor e o valor total da operação, podendo ser aglutinadas por itens as compras feitas

com dispensa e inexigibilidade de licitação.

O princípio da impessoalidade diz que deve haver igualdade em direitos e obrigações no tratamento prestado a todos os licitantes. Todos os licitantes devem ser tratados de forma neutra, sem qualquer favoritismo ou distinção impertinente. O administrador público não pode tratar com benevolências uns, oferecendo-lhes benefícios em razão de prestígio ou posição social ou tratar com rigor excessivo outros por não gozarem de prestígio ou mesmo serem seus inimigos pessoais ou políticos. Segundo Di Pietro (2006, p. 355) trata-se de um princípio em que:

[…] todos os licitantes devem ser tratados igualmente, em termos de direitos e obrigações, devendo a administração, em suas decisões, pautar-se por critérios objetivos, sem levar em consideração as condições pessoais do licitante ou as vantagens por ele oferecidas, salvo as expressamente previstas na lei ou no instrumento convocatório.

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Além dos princípios constitucionais, existem, os princípios infraconstitucionais que atendem às determinações da Lei n° 8.666 de 21 de julho de 1993, e estão previstos no artigo 3° e em complemento aos já citados são os seguintes: igualdade, probidade administrativa, vinculação ao instrumento convocatório e julgamento objetivo.

O princípio da igualdade é fundamental para a licitação, uma vez que no procedimento licitatório não pode haver discriminação entre os participantes e nem podem existir cláusulas de editais que favoreçam a uns e prejudiquem a outros. Está intimamente ligado ao princípio da impessoalidade e indica que a administração deve tratar a todos os administrados que estejam em uma mesma condição de forma igualitária. O artigo 3°, parágrafo 1°, da Lei n° 8.666/93, trouxe também este princípio, não admitindo qualquer tipo de vantagem ou restrição de competitividade.

§1° É vedado aos agentes públicos:

I – admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo e estabeleçam preferências ou distinções em razão da naturalidade, da sede ou domicilio dos licitantes ou de qualquer outra circunstância impertinente ou irrelevante para o especifico objeto do contrato.

Já o princípio da probidade administrativa exige do administrador uma atuação baseada na honestidade não só para com o licitante, como também para com a administração, fazendo com que o interesse público atinja seu fim, que no caso da licitação seria a escolha mais idônea possível O único interesse que deve prevalecer é o público e a única vantagem ´a da proposta que atenda mais ao interesse público.

A Lei n° 8666/93 traz nos artigos 89 a 99 vários atos de improbidade sem, contudo defini-los com tal. Di Pietro (2006, p.355) afirma: “[...] no que se refere à licitação, não há dúvida de que, sem usar a expressão improbidade administrativa, a Lei 8.666/93, nos artigos 89 a 99, estão punindo, em vários dispositivos, esse tipo de infração.

O princípio da vinculação ao instrumento convocatório é básico de toda licitação, corresponde a uma garantia do administrador e dos administrados. Trata-se de regras previstas no edital ou na carta-convite, conforme o caso. A Administração Pública r os licitantes estão limitados ao que for pedido no Edital, ou seja, o Edital vincula aos seus termos tanto os licitantes como a administração que o expediu. Apenas as regras previamente estabelecidas no edital podem ser explicadas pela Administração e apenas estas orientadas pelos licitantes ou

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interessados no certame.

Este princípio vem expressamente previsto no artigo 41 da lei nº 8.666/93: “Administração não pode descumprir as normas e condições do edital, ao qual se acha extremamente vinculada”.

O princípio do julgamento objetivo pode ser considerado julgamento objetivo, o que se baseia no critério indicado no edital e nos termos especificados nas propostas. Tem como objetivo principal, evitar que a licitação seja decidida de modo objetivo pela comissão julgadora. Qualquer que seja a fase da licitação, o julgamento não pode comportar nenhum subjetivismo por parte dos membros da comissão. O julgamento deve estar de acordo com os procedimentos expressos e impessoais previstos na Lei e no Edital como roteiro obrigatório. O artigo 45 da Lei nº 8.666/93, traz expressamente este princípio:

O julgamento das propostas será objetivo, devendo a Comissão de licitação ou o responsável pelo convite realiza-lo com conformidade com os tipos de licitação, os critérios previamente estabelecidos no ato convocatório e de acordo com os fatores exclusivamente neles referidos, de maneira a possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle.

Citados princípios são a base da orientação dos profissionais que lidam com a licitação. O adequado entendimento e a aplicação desses princípios podem contribuir na eficiência do trabalho do Poder Público e no proveito para a população.

2.2 DISPENSA E INEXIGIBILIDADE

O parágrafo único do artigo 1º da Lei de Licitações e Contratos prevê que todas as entidades da Administração Direta e Indireta no âmbito municipal, estadual ou federal estão subordinadas ao regime da Lei nº 8.666/93. Entretanto, a própria Constituição, ainda no artigo 37 resolveu “os casos especificados na legislação”, ou seja, os casos em que a lei ordinária exemplificará para os quais não haverá a necessidade de licitação onde se permite que o procedimento licitatório seja dispensado ou mesmo inexigível em casos excepcionais.

A dispensa é caracterizada pelo fato de que a Administração Pública pode facultar a realização da licitação, ou seja, o procedimento licitatório poderia ser realizado, porém, o legislado ordinário achou por bem não torná-lo obrigatório pela particularidade do caso. Já a inexigibilidade ocorre quando não existe viabilidade de competição e a Administração Pública obriga-se a contratar diretamente. Di Pietro (2006, p. 361) assim comenta a respeito do assunto:

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A diferença básica entre as duas hipóteses está no fato de que, na dispensa, há possibilidade de competição que justifique a licitação; de modo que a lei faculta a dispensa, que fica inserida na competência discricionária da Administração. Nos casos de inexigibilidade, não há possibilidade de competição, porque só existe um objeto ou uma pessoa que entenda as necessidades da Administração; a licitação é, portanto, inviável.

Assim, observa-se que nos casos de dispensa previstos em lei, o administrador tem a faculdade de licitar ou não, enquanto que na exigibilidade, há impossibilidade de competitividade para a aquisição da proposta mais vantajosa para a administração.

Os casos de dispensa estão relacionados nos vinte e oito incisos do artigo 24 da Lei 8.666/93, artigo esse que dispõe de situações de clara excepcionalidade, como nos casos de greve ou grave perturbação da ordem, emergência ou calamidade pública e quando houver possibilidade de comprometimento de segurança nacional.

A inexigibilidade da licitação vem expressa no artigo 25 do Estatuto das Licitações: “é inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição”. Como exemplo, pode-se citar o caso de aquisição de materiais, equipamentos ou gêneros que só possam ser fornecidos por um produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, vedada a preferência de marca, devendo ser feita comprovação da exclusividade.

Vale ressaltar que não só na licitação, mas também na contratação direta através de processo de dispensa ou de inexigibilidade, os gestores públicos continuam obrigados a contratar observando as melhores condições para a Administração Pública e os princípios norteadores da licitação, com o fio de preservação do Patrimônio Público.

2.3 MODALIDADES E TIPOS DE LICITAÇÃO

A modalidade de licitação é a forma como se conduz o procedimento

licitatório, a partir de critérios em lei e o valor estimado para a contratação é o

principal fator para a escolha da modalidade de licitação.

Como reza o artigo 22, §8º da lei 8.666/93, a administração não pode criar

modalidade, nem pode combinar uma modalidade com outra. No entanto, tal

proibição não exclui a possibilidade de a União criar modalidades, e esta através da

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medida Provisória nº 2.026 de 04.05.2000, criou o pregão como nova modalidade de

licitação para uso exclusivo.

Tal medida provisória foi convertida na lei 10.520 de 17.07.02 extinguindo a

restrição do uso da nova modalidade apenas pela União e a partir desta lei, todos os

entes federativos poderiam utilizar-se do pregão, que será analisado

detalhadamente mais à frente em seção própria.

O artigo 22 da lei 8.666/93 prevê cinco modalidades de licitação, quais sejam:

concorrência, tomada de preços, convite, leilão e concurso. Deve-se observar que o

objetivo das três primeiras modalidades é a contratação de obras, serviços e

fornecimentos, enquanto que o concurso e o leilão têm objetivos próprios e

diferenciados. A concorrência é considerada a modalidade mais democrática, pois

possibilita a qualquer interessado participar do procedimento licitatório, sem a

necessidade de prévio cadastramento junto ao órgão licitante, bastando, portanto

que a habilitação se faça na fase anterior ao julgamento.

Assim dispõe o §1º do artigo 22, Lei nº 8.666/93: “concorrência é a

modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na fase inicial de

habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação,

exigidos no edital para execução de seu objeto”. Segundo Di Pietro (2006, p. 376),

“do conceito decorrem duas características básicas, que são a ampla concorrência e

a universidade. ”

A publicidade é assegurada pela publicação do edital, uma vez que a Lei das

Licitações, no artigo 21 e nos incisos que a publicidade deverá ser feita no Diário

Oficial da União ou no Diário do Estado ou ainda no Diário Oficial do Distrito Federal

e em jornal diário de grande circulação no Estado e também, se houver, em jornal de

circulação na região ou no município onde será feita a licitação.

Quanto à universidade, esta é assegurada por permitir a participação de

qualquer interessado que na fase inicial de habilitação preliminar, bastando para

tanto que comprove possuir os requisitos mínimos exigidos no edital para a

execução do objeto.

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Da interpretação dos artigos 22 e 23 da Lei nº 8.666/93 e dos parágrafos,

tem-se como objeto obrigatório da concorrência: as contratações de obras e serviços

de engenharia, com valor acima de um milhão e quinhentos mil reais; as compras e

serviços diversos dos de engenharia, com valor acima de seiscentos e cinquenta mil

reais; a concessão de direito real de uso (parágrafo 3º, art. 23); e a alienação de

bens móveis de valor superior ao previsto no art. 23 II, “b”.

Continuando a interpretação dos supramencionados dispositivos observa-se a

obrigatoriedade de utilização da concorrência para compra e alienação de bens

imóveis, qualquer que seja o valor, ressalvado o disposto no artigo 19, que admite

concorrência ou leilão para alienação de bens adquiridos em procedimentos judiciais

ou mediante dação em pagamento (parágrafo 3º, art.23, alterado pela Lei nº

8.883/94); licitações internacionais, com ressalva para a tomada de preços e para o

convite, no caso previsto no parágrafo 3º, artigo 23. Para registro de preços (art. 15,

parágrafo 3º I), ressalvada a possibilidade de utilização do pregão, arts. 11 e 12 da

Lei nº 10.520 de julho de 2002.

Enfim, a modalidade concorrência destina-se a licitações de grande vulto,

porém poderá ser utilizada em licitações de baixo valor, desde que esta modalidade

seja a maneira mais econômica e eficaz para o ente licitante.

A modalidade tomada de preços é realizada entre interessados devidamente

cadastrados ou que atendam as condições de cadastramento até três dias da

realização do certame sendo exigida e necessária qualificação deste concorrente

(§2º, artigo 22, Lei nº 8.666/93).

A tomada de preços é a modalidade destinada a contratos de vulto médio,

diferentemente da concorrência que é destinada principalmente a contratos de

grande vulto. O procedimento para esta modalidade é o mesmo utilizado para a

concorrência e possui as mesmas fases, sendo que existem duas diferenças: a

primeira é o prazo para a publicação do edital que é de 15 dias antes da abertura do

certame, ressalvados os casos de licitação dos tipos de melhor técnica ou técnica e

preço, ou ainda quando o contrato a ser celebrado contemplar a modalidade

empreitada integral, que o prazo passará a ser de 45 dias a outra diferença diz

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respeito à habilitação que é feita antes do procedimento licitatório para os

fornecedores inscritos no Registros Cadastral e, durante o procedimento, para os

não cadastrados que apresentarem a documentação necessária.

Os registros cadastrais dos órgão e entidades que frequentemente realizam

licitação deverão ser atualizados anualmente, conforme prevê o artigo 34 da Lei nº

8.666/93, dando a esta ampla divulgação, deixando-os sempre abertos a novos

interessados. A grande vantagem destes registros está no fato de que os

interessados em contratar com o Poder Público apresentam os elementos de sua

habilitação no momento em que se inscrevem, não necessitando apresentá-los

novamente quando da convocação por edital.

Esta modalidade é menos formal que a concorrência, pelo motivo de que é

destinada a contratação de médio vulto, tendo como objetivo, conforme o disposto

no art. 23, I, “b” e II, “b”, da Lei nº 8.666/93: caberá tomada de preços para

contratações de obras e serviços de engenharia com valor estimado até um milhão e

quinhentos mil reais, para as contratações cujo objetivo não foi o ora referido, caberá

tomada de preços o valor de seiscentos e cinquenta mil reais.

Quanto a modalidade convite, o § 3º do artigo 22 da Lei de Licitação acima define:

É a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas.

O convite é a modalidade de licitação cujo processo é o mais simplificado com

relação à concorrência e à tomada de preços. Como se pode observar do conceito

dado pela Lei, existem dois tipos de participantes para esta modalidade de licitação:

os convidados e os interessados.

Nesta modalidade licitatória o instrumento convocatório é denominado carta-

convite, que é feito pôr escrito, com uma antecedência mínima de cinco dias, não há

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nesta modalidade o edital. e na carta-convite que vêm determinadas, de forma

sucinta, as regras da licitação. As cartas convites são enviadas a, no mínimo três

interessados no ramo a que pertence o objetivo do contrato, estes são escolhidos

discricionariamente pelo administrador, dentre as empresas cadastradas ou não.

No caso de Administração Pública não conseguir o número mínimo de

interessado ou seja, o artigo 22, parágrafo 7º, da Lei das Licitações prevê a

possibilidade de disputa de propostas de apenas dois participantes e no caso de

existir apenas um interessado, poderá contratar com mesmo, diretamente, só sendo

valida a licitação se o órgão administrativo justificar minuciosamente o fato e aquelas

circunstancias especiais.

O convite tem como objeto contratações de pequena monta que são definidas

em razão do valor, conforme o art. 23, incisos I e II, alínea “a”, que limita o uso da

modalidade em questão quando se tratar de objeto de obra ou serviço de

engenharia para valor até cento e cinquenta mil reais e outras compras e serviços

que não sejam de engenharia para valor até oitenta mil reais.

O fato de essa modalidade dar espaços a atos de improbabilidade praticados

por maus servidores, devido à grande discricionariedade que tem a Administração

na escolha do licitante vencedor pode ser considerado um ponto negativo da

modalidade convite. Por outro lado, a celeridade na seleção pé um ponto positivo a

ser destacado.

O concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para

escolha de trabalho técnico, cientifico ou artístico, mediante a instituição de prêmios

ou remuneração aos vencedores (§ 4º, artigo 22, Lei nº 8.666/93). No conceito de

Carvalho Filho (2006, p. 234): “ Trata-se, pois de aferição de caráter eminentemente

intelectual”.

A presente modalidade possui distinções em relação ás outras modalidades

licitatórias, nas modalidades comuns (concorrência, tomada de preços e convite), a

execução de serviço ou obra é realizada após a licitação. Os interessados formulam

propostas e o vencedor é contratado para executar a prestação. No concurso os

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interessados já apresentam o trabalho pronto.

Vale ressaltar que o Concurso Público estabelecido pela constituição Federal

pouco tem haver com a modalidade de licitação denominada Concurso. Entre as

afinidades destaca-se que ambos são obrigatórios para a Administração Pública e

podem ser de provas e títulos. Porém o concurso, modalidade de licitação, pode ter

outros critérios de julgamento.

É uma modalidade de licitação de natureza especial, porque, apesar de se

reger pelos princípios da publicidade e da igualdade entre os participantes,

objetivando a escolha do melhor trabalho, dispensa formalidades especificas das

concorrências (MEIRELLES, 2004. p.313).

É de se observar que o vencedor do concurso tem direito apenas ao

pagamento de um prêmio ou uma determinada remuneração, que fica condicionada

à cessão por parte do autor do projeto, dos direitos a ele relativos, para que a

administração possa utilizá-lo de acordo com o prescrito no regulamento ou no

ajuste para sua elaboração.

Carvalho Filho (2006, p. 235) faz o seguinte comentário a respeito da

modalidade concurso:

Como se trata de seleção de projeto intelectual, cumpre que a comissão que dirige a licitação seja bastante criteriosa e apta intelectualmente, uma vez que não é difícil perceber que, em face do inevitável subjetivismo seletivo, pode ser facilitado eventual desvio de finalidade.

Leilão é a modalidade utilizada para a venda de bens móveis inservíveis para

a administração ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou para

alienação de bens imóveis, para quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao

valor da avaliação (5°, artigo 22, lei 8.666/93).

Os bens devem ser avaliados antes do leilão, constando no edital o preço

mínimo a ser ofertado. É indispensável que o edital descreva os bens, possibilitando

sua perfeita identificação. Deve inclusive, indicar o local onde os bens se encontram

para que os interessados possam examiná-los.

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Não há que se falar em sigilo das propostas nesta modalidade, uma vez que

é imprescindível o conhecimento das demais propostas, para que a cada momento,

renovem-se as propostas, para atingir-se no fim desta modalidade que é o melhor

preço.

No leilão, não se exige qualquer tipo de habilitação prévia dos licitantes, pois

a venda é feita à vista ou em curto prazo. Quando do encerramento do leilão, serão

pagos à vista os bens arrematados, admitindo-se ainda, conforme o edital, diferença

de percentual, nunca inferior a 5% do valor da avaliação. Os lances no leilão

deverão ser verbais e aquele que, ao final, oferecer maior lance, de valor igual ou

superior ao avaliado previamente, arremata o objeto de licitação.

Com relação aos tipos de licitação é de extrema importância que estes sejam

definidos, pois isso contribui para que o julgamento das propostas seja objetivo. De

acordo com o 1° do artigo 45 da lei n° 8666/93 existem quatro tipos de licitação: de

menor preço, de melhor técnica, de técnica de preço e de maior lance ou oferta, nos

casos de alienação de bens e ou concessão de direito real de uso.

Como o próprio nome diz, o tipo menor preço é utilizado quando o critério de

seleção da proposta mais vantajosa para a Administração é que o licitante vencedor

seja o que oferta o menor preço. É o tipo mais comum de licitação, sendo que os

demais tipos atendem a casos especiais. O que a Administração busca é

simplesmente a vantagem econômica e por esse motivo a utilização da licitação de

menor preço é usual na contratação de obras singelas, de serviços que dispensam

especialização e na compra de materiais ou gêneros padronizados. Para Carvalho

Filho (2006, p. 244) ''O menor preço é resultado que decorre de verificação objetiva''.

Quanto ao tipo melhor técnica, a utilização se dá exclusivamente para

serviços de natureza predominantemente intelectual, dos quais pode-se citar como

exemplo a elaboração de projetos, cálculos, supervisão, elaboração de estudos

técnicos preliminares e projetos básicos executivos. O que a Administração busca

nesse tipo de licitação é a obra, o serviço, o equipamento ou material mais eficiente,

mais aperfeiçoado, mais rentável. Assim, é admissível que a Administração valha-se

de outros fatores sobre o preço, tendo em vista que nem sempre se pode obter a

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melhor técnica pelo menor preço. Após a fase de escolha da licitante possuidora da

melhor técnica, negociam-se as condições propostas, com base nos orçamentos

detalhados apresentados e tendo como referência limite a proposta de menor preço

apresentada entre as licitantes que obtiveram a valorização mínima. Em havendo

impasse nessa negociação, procede-se à negociação com os demais proponentes,

por ordem de classificação técnica, até que se chegue a um acordo para a

contratação.

O tipo técnica e preço se caracteriza por combinar os dois fatores. A técnica

é relevante, mas o preço deve também ser considerado no julgamento. A

Administração deve escolher a proposta mais vantajosa serão economicamente,

mas segundo critérios mínimos de técnica exigidos no edital. As propostas serão

avaliadas sob a ótica dos dois outros tipos e classificadas de acordo com a média

ponderada das valorizações das propostas técnicas e de preços, através da

utilização de pesos constantes do instrumento convocatório. A licitação que utiliza o

tipo técnica de preço deve, igualmente à de melhor técnica, estar restrita aos

serviços de natureza intelectual.

Difere, contudo, porque, na de melhor técnica, a técnica é fator

predominante, negociando-se o preço posteriormente, enquanto na técnica e preço,

aglutinamos os dois fatores, fazendo a classificação pela média ponderada das

propostas técnica e de preço. Por conseguinte, independentemente de

apresentarem melhor preço, as propostas que não satisfizerem limites mínimos de

técnica, serão desclassificados. O grande cuidado a ser tomado pelo administrador

no tipo técnica e preço reside na confecção do instrumento convocatório

(CARVALHO FILHO, 2006).

Já o tipo maior lance ou oferta que foi resultado de uma inovação na Lei n°

8.666/93, introduzida pela Lei n° 8.883/94. Destina-se aos acasos de alienação de

bens de concessão de direito real de uso, tornando expresso em Lei o Estatuto

anterior trazia de forma apenas implícita. Veio a atender também as particularidades

da modalidade leilão, qual seja a alienação de imóveis que a Administração tenha

adquirido através de ação judicial ou de dação em pagamento.

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Em qualquer modalidade ou tipo de licitação, com exceção da de menor

preço, a classificação das propostas deve ser claramente justificada na ata do

julgamento, permitindo- se assim a verificação da legitimidade e da exatidão do

julgamento, atentando-se para o fato de que nenhuma escolha se justifica sem que

haja real interesse para a Administração, traduzido na proposta mais vantajosa

(MEIRELLES,2004).

2.4 O EDITAL

O edital é o documento elaborado pela Administração Pública e o

instrumento pelo qual a autoridade administrativa leva ao conhecimento público

todos os requisitos, critério e condições essenciais a realização de uma licitação,

seja uma concorrência, uma tomada de preços, um concurso ou um leilão, ou seja,

onde são fixadas as condições para a realização da licitação e convocados os

interessados para a apresentação de suas propostas. Di Petro (2006, p. 383) faz o

seguinte comentário: ''o edital é o ato pelo qual a Administração faz uma oferta de

contrato a todos os interessados que atendam às exigências nele estabelecidas.

Em obediência ao princípio da vinculação ao instrumento convocatório,

previsto no artigo 3° da Lei n° 8.666/93, o edital pode ser considerado como a lei da

licitação, uma vez que, o que estiver contido no edital deve ser rigorosamente

cumprido, sob pena de nulidade do procedimento licitatório.

Segundo Meirelles (2004, p.281) ''o edital, a semelhança da lei, tem

preâmbulo, texto e fecho''. Observação esta, que está em pleno acordo com o artigo

40 da Lei n° 8.666/93, que traça a estrutura que o edital deve ter.

O preambulo é a parte introdutória e se destina a apresentar a licitação e a

identificar o órgão que a promove, e deve conter ainda o nome da repartição

interessada, o número do edital, a finalidade da licitação, a modalidade e o tipo de

licitação, a menção da legislação que a regulamentada, o local, dia e hora para o

recebimento das propostas e abertura dos envelopes com a documentação.

A parte considerada como sendo a fundamental é o texto, que é corpo do

edital, onde é definido o objeto da licitação e estabelecidas as condições de

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participação, o critério para julgamento das propostas e os requisitos para a

formalização do contrato. Deve ser articulado contendo todos os elementos que o

compõem, e como exemplo pode-se citar: o objeto de licitação, os prazos e as

condições de participação na licitação, o critério de julgamento, os critérios de

reajuste de preços e as condições de pagamento.

O fecho é o encerramento do edital, pelo qual são feitas as determinações

finais sobre a sua divulgação, sobre a data e assinatura da autoridade administrativa

responsável pela licitação.

O edital deve trazer também indicações especificas ou peculiares da

licitação a que se refere, além dos acimas explanados. Utilizando-se dessas

indicações e de esclarecimentos no edital, a Administração Pública demostrará

corretamente o desejo e ampliará o número de competidores, possibilitando assim a

seleção da melhor proposta para a Administração que é o principal objetivo da

licitação. Deve-se atentar para o fato de que a não utilização dessas indicações

poderá levar a Administração a sujeitar-se à invalidação do procedimento licitatório,

por falta de elementos essenciais ao texto do edital.

2.5 CONTRATOS

Após a conclusão da licitação, ou os procedimentos de dispensa ou

inexigibilidade, a Administração adotara as providencias para celebração do

respectivo contrato que em linhas gerais, é todo acordo de vontade firmado entre

pessoas para criar obrigações e direitos. A lei n° 8.666/93 considera contrato todo e

qualquer ajuste celebrado entre órgãos ou entidades da Administração Pública e

particulares, por meio do qual se estabelece acordo de vontades, para formação de

vinculo e estipulação de obrigações reciprocas.

O contrato administrativo, por sua vez, é o ajuste celebrado pela

Administração Pública com particular ou com outra entidade administrativa, visando

à execução de objetivos de interesse público. O que distingue o contrato

administrativo dos demais, além da presença do interesse público, é a posição de

supremacia exercida pela Administração Pública, competindo a esta estabelecer as

condições da contratação, revestindo-se, ainda, de prerrogativas, tais como

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alteração e rescisão unilateral.

Esses contratos impõem condições e cláusulas unilateralmente e

caracterizam-se como verdadeiros contratos de adesão. A fase inicial de debates e

da transigência fica eliminada, visto que uma das partes impõe à outra, como um

todo, o instrumento inteiro do negócio que está em geral não pode recusar, com a

predominância apenas da igualdade jurídica. É uma espécie de contrato –

regulamento, estabelecido previamente pela contratante e que a contratada aceita

ou não, segundo as normas de rigorosa padronização.

No contrato administrativo, prevalece o interesse da coletividade sobre o

particular. Essa superioridade, no entanto, não permite que a Administração, ao

impor sua vontade, ignore os direitos do particular que com esta contrata. A

Administração tem o dever de zelar pela justiça.

A Lei de Licitações e Contratos – Lei 8.666, de 21 de junho de 1993, e as

alterações posteriores, regula a matéria, destacando-se o artigo 54 e no parágrafo

primeiro:

Os contratos administrativos de que trata esta Lei regulam-se pelas suas cláusulas e pelos preceitos de direito público, aplicando-se lhes, supletivamente, os princípios da teoria geral dos contratos e as disposições de direito privado.

Os contratos devem estabelecer com clareza e precisão as condições para sua execução, expressas em cláusulas que definam os direitos, obrigações e responsabilidades das partes, em conformidade com os termos da licitação e da proposta a que se vinculam.

Como se vê, os contratos administrativos são regidos por normas de

direito público. Mas há contratos celebrados pela Administração Pública que têm o

conteúdo regulamentado por normas de direito privado. Por exemplo: contratos de

seguro, de financiamento, de locação (em que a Administração Pública seja

locatária) e aqueles em que a Administração é usuária de serviço público. Nesses

contratos, a Administração pode aplicar normas gerais de direito privado, mas deve

observar, quando possível, as regras dos artigos 55 e 58 a 61 e demais regras da

Lei de Licitações.

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Em obediência ao artigo 55 da Lei nº 8.666/93, o contrato deve conter as

obrigações e os direitos das partes, prazos, valor e outras condições, enfim, nele

devem estar contidas todas as condições da contratação, uma vez que regerá,

juntamente com as disposições do ato Convocatório da licitação ou do ato que

autorizou a contratação. O artigo traz as cláusulas necessárias ou essenciais ao

contrato, que dentre outras são as que estabelecem: o objeto detalhado de acordo

com as especificações técnicas, modelo, marca, quantidade e outros elementos

característicos, e em conformidade com o ato convocatório respectivo, o regime de

execução ou a forma de fornecimento, o preço e as condições de pagamento, as

garantias oferecidas para assegurar a execução plena contrato e os direitos e as

responsabilidades das partes.

Em conformidade com Lei de Licitações, os contratos públicos firmados

para atendimentos às necessidades da Administração, podem ser: contratação de

obras ou serviços de engenharia, que são contratos cujo objeto refere-se à

construção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação; contratação de serviços

não incluídos como de engenharia que são contratos cujo objetos refere-se à

demolição, conserto, instalação, montagem, operação, conservação, reparação,

adaptação, manutenção, transporte, locação de bens, publicidade, seguro ou

trabalhos técnico-profissionais e a contratação de fornecimento de bens contratos

cujo objeto refere-se à aquisição de materiais de consumo ou equipamentos.

O contrato administrativo deve ser formalizado por escrito, de acordo

com as exigências de Lei n° 8.666/93. As licitações realizadas nas modalidades

tomada de preços e concorrências e nas contratações de qualquer valor das quais

resultem obrigações futuras como por exemplo a entrega futura ou parcelada do

objeto e assistência técnica deverão ser formalizadas obrigatoriamente por meio de

termo de contrato. Nos demais casos, o temo de contrato é facultativo, podendo ser

substituído pelos seguintes instrumentos hábeis: carta-contrato, nota de emprego de

despesa, autorização de compra ou ordem de execução de serviço. A Administração

também pode dispensar o termo de contrato nas compras com entrega imediata e

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integral dos bens adquiridos, das quais não resultem obrigações futuras, inclusive

assistência técnica, independentemente do valor e da modalidade realizada (art. 62

da Lei 8.666/93).

O contrato verbal constitui exceção somente permitida para pequenas

compras de pronto pagamento, cujo valor seja igual ou inferior a 5% (cinco por

cento) do limite estabelecido no art. 23, incluso II, alínea “a”, da Lei n° 8.666/93, ou

seja, para compras que não ultrapassem R$ 4.000,00

1 Os contratos devem ser numerados e arquivados em ordem cronológica, ou

seja, respeitando a sequência das datas de assinaturas, com registro sistemático

dos extratos. Devem-se atentar para o fato de que, todo contrato, para possuir

validade, exige publicação na imprensa oficial.

No que diz respeito à execução, acompanhamento e fiscalização dos contratos

que a Lei n° 8.666/93 traz nos artigos 66 a 76, tanto a Administração quanto o

contratado devem cumprir fielmente as regras contratuais e as normas da Lei. O

não-cumprimento dessas disposições, total ou parcial, pode levar à rescisão do

contrato, respondendo o culpado pelas consequências. É dever da Administração

acompanhar e fiscalizar o contrato para verificar o cumprimento das disposições

contratuais, técnicas e administrativas, em todos os aspectos, uma vez que o

acompanhamento e fiscalização do contrato é instrumento poderosos que o gestor

dispõe para defesa do interesse público. A execução do contrato deve ser

fiscalizada e acompanhada por representante da Administração, de preferência do

setor que solicitou o bem ou serviço. A Administração deve manter, desde o início

até o final do contrato, profissional ou equipe de fiscalização habilitada, com a

experiência técnica necessária ao acompanhamento e controle do serviço que está

sendo executado.

Os danos causados diretamente à Administração ou a terceiros, decorrentes

de culpa ou dolo do contratado na execução do contrato, são de responsabilidade

deste, devendo o mesmo facilitar a fiscalização, permitindo amplo acesso ao objeto

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em execução e atender prontamente às solicitações da Administração.

A rescisão contratual é uma forma excepcional de extinção do contrato, uma

vez que geralmente se opera pela conclusão do objeto ou pelo término de vigência.

Conforme disposto nos artigos 77 a 80 da Lei n° 8.666/93, a inexecução total ou

parcial do contrato pode acarretar a rescisão, com as consequências contratuais e

as previstas em lei ou regulamentado.

Dentre outros, pode-se citar como motivos para a rescisão do contrato, os

seguintes: o não cumprimento ou cumprimento irregular de cláusulas contratuais,

especificações, projetos ou prazos; a lentidão do cumprimento, levando a

Administração a comprovar a impossibilidade da conclusão da obra, do serviço ou

do fornecimento, nos prazos estipulados; o atraso injustificado no início da obra,

serviço ou fornecimento, sem a paralisação da obra, do serviço ou do fornecimento,

sem justa causa e prévia comunicação à Administração; a decretação de falências

ou a instauração de insolvências civil; a dissolução da sociedade ou o falecimento

do contratado e a ocorrência de caso fortuito ou de força maior, regularmente

comprovada, impeditiva da execução do contrato.

Deve-se atentar para o disposto no parágrafo único do artigo 78 da Lei de n°

8.666/93, que diz “os casos de rescisão contratual serão formalmente motivados nos

autos do processo, assegurado o contraditório e a ampla defesa”, ou seja, é

permitido ao contratado vista do processo para que possa exerce seu direito à ampla

defesa e ao contraditório.

Existem três tipos de rescisão contratual, quais sejam: rescisão unilateral,

rescisão amigável e rescisão judicial. A rescisão contratual é motivada por ato

unilateral da Administração e ocorrerá diante da incidência de um dos casos

enumerados nos incisos I a XII e XVII do art. 78 da Lei n° 8.666/93, a rescisão

amigável é o ato que decorre de acordo com a vontade das partes. A rescisão

amigável deverá ser reduzida a termo no processo da licitação e do contrato,

contudo, para que possa ser realizada, far-se-á indispensável que a conveniência

administrativa seja justificada e que a haja a prévia autorização escrita e

fundamentada da autoridade competente. Por sua vez, a rescisão judicial, decorre

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da decisão do judiciário.

Os contratos administrativos regulam-se pelas próprias cláusulas, pelas

normas da Lei de Licitação e pelos preceitos do direito público. Na falta desses

dispositivos, são regidos por princípios da teria geral dos contratos e as disposições

do direito privado.

É importante ressaltar que o contrato somente pode ser celebrado se houver

efetiva disponibilidade de recursos orçamentários no exercício financeiro

correspondente e que a Administração deve exigir, para celebração do contrato e

durante toda a sua execução, que o contratado mantenha obrigatoriamente todas as

condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação.

São condições necessárias para quem vai elaborar a minuta do contrato, ntre

outras: conhecimento da legislação sobre a matéria; integração com o setor

solicitante; capacidade para escrever com clareza, de forma simples e objetiva,

utilizando-se de termos técnicos e jurídicos adequados e capacidade de detalhar o

assunto, usando linguagem concisa.

É de suma importância que haja integração entre o setor solicitante e o setor

responsável pela elaboração da minuta do contrato. Essa integração é fundamental

não apenas na preparação e condução do procedimento licitatório, mas também

após a entrega do projeto contratado. Somente por meio das comunicações

internas, reuniões, pareceres, é possível à área responsável pela contratação obter

informações sobre a qualidade do objeto contratado e sobre a satisfação do setor

solicitante.

Em suma, a licitação no Brasil sempre foi vista como um procedimento

burocrático que muitas vezes dificulta e atrasa as contratações necessárias à

Administração Pública. As modalidades licitatórias instituídas pela Lei n° 8.666/93

nem sempre satisfazem às necessidades da Administração, das empresas e da

sociedade. Há um clamor por celeridade, desburocratização, transparência e

eficiência.

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As modalidades licitatórias instituídas pela Lei n° 8.666/93, estão cada vez

mais desuso e somente poderão serão utilizadas para a contratação d obras,

locações imobiliárias e alienações em geral, o que leva a crer que muito em breve a

referida lei sofrerá alterações no sentido de atender às novas demandas surgidas

com o fenômeno da globalização e dos orçamentos enxutos, que trouxe a

necessidade de se reinventar o modelo da gestão pública, a fim de concentre na

melhoria contínua e na oferta de serviços que tragam qualidade de vida aos

cidadãos.

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3 O PREGÃO ELETRÔNICO E SUAS INOVAÇÕES

Esta seção aborda a modalidade de licitação denominada pregão mais

especificamente na sua forma eletrônica. São levantados conceitos relativos ao

estudo, bem como um breve histórico sobre o surgimento do pregão. Conceitua-se o

que são bens e serviços comuns e faz-se uma abordagem aos princípios peculiares

à modalidade em questão. São apresentadas as formas de que se pode apresentar

o pregão: presencial e eletrônica. Reza ainda sobre o credenciamento e as fases

desta última forma, assim como são mostradas vantagens e desvantagens quando

de sua adoção.

3.1 PREGÕES - CONSIDERAÇÕES INICIAIS

As modalidades licitatórias, previstas na Lei n° 8.666/93, não conseguiram

dar celeridade desejável a atividade administrativa destinada ao processo de

escolha de futuros contratantes. As grandes reclamações oriundas de órgãos

administrativos centravam-se nos contratos menores ou de mais rápida conclusão,

prejudicados pela excessiva burocracia do processo regular de licitação. A

Administração Pública constatou então, que necessitava criar um procedimento

licitatório desburocratizado e, portanto, mais célere. Nesse contexto, criou-se a

modalidade de licitação chamada pregão.

A modalidade pregão surgiu com o advento da Lei Geral de

Telecomunicações em 1997. Segundo as disposições daquela legislação, a exceção

das obras e serviços de engenharia, era facultado a Agência Nacional de

Telecomunicações (ANATEL) utilizar aquela modalidade nas contratações. Coube,

portanto, aquela Agência o desenvolvimento e aperfeiçoamento do pregão no Brasil.

Pela Medida Provisória n° 2.026, de 4 de maio de 2000, regulamentada pelo

Decreto n° 3.555, de 8 de agosto de 2000, o governo federal instituiu o pregão com

o objetivo de adquirir bens e serviços comuns. Ocorre que esta Medida Provisória

instituiu o pregão apenas no âmbito da união, quando estabelecia no artigo 1° que:

"para aquisição ao de bens e serviços comuns, a união poderá adotar licitação na

modalidade pregão". Esta aplicabilidade do pregão apenas no âmbito da união foi

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muito questionada, posto que a doutrina entendia tal deliberação como

inconstitucional.

A questão foi superada em 17 de julho de 2002 quando foi promulgada a Lei

10.520, a chamada Lei do Pregão, cuja aplicabilidade estendeu-se a todos os

organismos da administração pública direta e indireta, nos âmbitos da União,

Estados-membros, Distrito Federal e Municípios. Nos termos da ementa da referida

Lei ficou instituído, no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, nos

termos do artigo 37, inciso XXI, da Constituição Federal, modalidade de licitação

denominada pregão, para aquisição de bens e serviços comuns, e das outras

providências.

O artigo 2° da Lei 10.520/02, que conceituava o pregão, foi vetado por

ocasião da promulgação daquela lei, portanto, tem que se buscar o artigo 2° da

Medida Provisória 2.182- 18 de 23 de agosto de 2001, adaptando-o a realidade

jurídica e técnica brasileira sobre aquela modalidade de licitação.

Consoante aquela Medida Provisória, pregão e a modalidade de licitação

para aquisição de bens e serviços comuns, qualquer que seja o valor estimando da

contratação, em que a disputa pelo fornecimento e feita por meio de propostas e

lances em sessão pública.

A propósito, não menos importante e informar o significado de bens e

serviços comuns. Consoante o que dispõe o parágrafo único do artigo 1° da Lei do

Pregão, "consideram-se bens e serviços comuns [...] aqueles cujos padrões de

desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio

de especificações usuais no mercado".

Justen Filho (2005, p. 26 e 28) enumera duas características que permitem

aferir o que seja bem ou serviço comum. Observe-se aquele entendimento:

Primeira característica: disponibilidade no mercado próprio

bem ou serviço comum quando a Administração não fórmula

exigências específicas para uma contratação determinada,

mas se vale dos bens e serviços tal como disponíveis no

mercado.

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Importante destacar que, enquanto a Lei Geral das Licitações define as

modalidades de licitações relativamente ao valor estimado, o pregão inovou nesse sentido,

ao permitir a contratação do objeto da licitação, qualquer que seja o valor licitado, bastando

que se configure o objeto como um bem ou serviço comum.

O pregão pode-se apresentar de duas formas: presencial e eletrônica. Na

forma presencial a condução do procedimento se dá em sessão pública com o

recebimento de documentos e propostas e a presença dos participantes. Já na

forma eletrônica, o processamento do pregão dá-se basicamente através da

utilização da tecnologia da informação, a distância, ou seja, sem a presença física

dos licitantes, que encaminham as propostas e participantes do certame pela

internet.

3.2 PRINCÍPIOS PECULIARES

O Decreto n° 3.555/00 que regulamentou a Medida Provisória n° 2.026/00, diz:

A licitação na modalidade de preg e juridicamente condicionada

aos princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da

moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade

administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do

julgamento objetivo, bem assim aos princípios correlatos da

celeridade, finalidade, razoabilidade proporcionalidade,

competitividade, justo prego, seletividade e comparação

objetiva das propostas.

O princípio da celeridade envolve o tempo necessário para a realizar a licitação,

que deve ser o mais breve possível, ou seja, tem por escopo proporcionar a Administração

Pública um procedimento mais rápido, resultando, assim, numa contratação menos

demorada. As principais inovações do pregão, nesse aspecto, foram a inversão das fases

de julgamento das propostas e de habilitação dos vencedores e o menor prazo para a

publicação do aviso do edital, que não poderá ser inferior a oito dias úteis.

O princípio da finalidade presta-se a enfatizar que a licitação não é um fim em si

mesmo, mas instrumento para que a Administração celebre contratos, e com estes, receba

utilidades de terceiros, para que possa satisfazer aos interesses da coletividade e cumprir a

missão institucional. A respeito do princípio da finalidade, Justen Filho (2005, p. 48),

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esclarece que:

A licitação destina-se a selecionar a proposta mais vantajosa para a Administração Pública (com observância do princípio da isonomia). A vantagem se caracteriza em face da adequação e satisfação ao interesse público por via da execução do contrato. A maior vantagem possível configura-se pela conjugação de dois aspectos complementares. Um dos ângulos relaciona-se com a prestação a ser executada por parte da Administração, o outro se vincula a prestação a cargo do particular. A maior vantagem apresenta-se quando a Administrador assumir o dever de realizar a prestação menos onerosa e o particular se obrigar a realizar a melhor e mais completa prestação. Configura-se, portanto, uma relação custo-benefício para a Administração.

O princípio da razoabilidade busca impor limites a discricionariedade da

Administração, trazendo, consequentemente, uma gestão baseada em condutas razoáveis,

o que é bastante evidenciado no pregão. Durante o certame, o pregoeiro tem a possibilidade

de negociar com os licitantes o valor das propostas apresentadas. Ao exercer essa

faculdade, o servidor deve atentar para a razoabilidade como forma de analisar as

consequências da alteração dos preços inicialmente ofertados. O pregoeiro não deve aceitar

propostas superfaturadas, nem tampouco proporcionar a contratação a preços inexigíveis.

O princípio da proporcionalidade requer adequação entre os meios e os fins dos

atos tornados pela Administração. Logo, tem a ver com a potência, com a intensidade dos

atos administrativos. Esse princípio, muito ligado ao princípio darazoabilidade, "se traduz,

antes de tudo, na necessidade de equilíbrio na busca de dois fins igualmente relevantes. A

realização do princípio da isonomia deve dar-se simultânea e conjuntamente com a seleção

da proposta mais vantajosa" (JUSTEN FILHO, 2005).

Todas as vezes que o mercado oferecer possibilidade de competição, torna-se

obrigatória a licitação. O princípio da competitividade significa a exigência de que a

Administração Pública fomente e busque agregar a licitação pública o maior número de

interessados, baseada na eficiência e na isonomia, aumentando o universo das propostas

que são encaminhadas, possam legitimamente escolher a mais vantajosa ao interesse

público.

Quanto ao princípio do justo preço, sabe-se que a Administração, quase sempre,

busca o menor preço na hora de contratar com terceiros. Entende-se como economicidade a

obtenção da melhor proposta, não esquecendo o dever de eficiência. Seguindo a Lei e os

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princípios da licitação, devem-se encontrar soluções mais convenientes para a gestão

pública. Esse e o aspecto do menor e justo e preço. Preço justo e aquele praticado pelo

mercado. Sendo assim, o administrador não pode contratar a preços excessivos. É

inaceitável que, após o procedimento licitatório, a Administração Pública venha a pagar um

preço fora da realidade do mercado.

O princípio da seletividade requer cuidados com a seleção do contratante e da proposta, relacionando-se diretamente com a qualidade do objeto contratado. Ao selecionar a proposta apresentada, deve-se verificar se está se encontra em conformidade com os requisitos explicitados no edital, tais como:especificações do objeto, forma de execução, forma de composição do preço e todas as demais exigências.O princípio do julgamento objetivo propugna abstrair ao máximo o subjetivismo no cotejo das propostas apresentadas. Ensinam Rigolin e Bottino (1999 apud Niebuhr, 2005, p.47), que é evidente,que existem momentos em que 6 humanamente impossível, nas licitações em curso,julgar sem o mínimo de subjetividade, de conteúdo pessoal dos julgadores. Não se pode esquecer que quem julga e um ser humano e que, portanto, mesmo sem intenção, alguma subjetividade perpassa seus atos.

O julgamento objetivo agrega-se ao instrumento convocatório, pois os

critérios do julgamento nele estão previstos. Neste desígnio, o julgamento

objetivo e aquele que se dá na estrita conformidade dos parâmetros prefixados

no edital. Para tanto, o instrumento convocatório não pode prestigiar critérios

objetivos.

Sendo o pregão uma modalidade nova e diferente das demais, possui

sistemática própria, o que confere destaque a alguns princípios que não sejam

os expressos na Lei n°8.666/93. Por consequência, para compreender o pregão,

é fundamental compreender os princípios que o formam para, se alcançar a

essência da modalidade e não interpretar de forma equivocada as questões que

se apresentam.

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3.3 PREGÕES ELETRÔNICO

A fundamentação legal do Pregão Eletrônico está prevista no § 1°, do

artigo 2°, da Lei n° 10.520/02: "Poderá ser realizado o pregão por meio da

utilização de recursos de tecnologia da informação, nos termos de

regulamentação especifica".

O regulamento do pregão eletrônico, no âmbito federal, e o Decreto

5.450, de 31 de maio de 2005, ao qual estão subordinados, além dos órgãos da

administração pública federal direta, os fundos especiais, as autarquias, as

fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e

as demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União.

De acordo com o artigo 2° do Decreto 5.450 de 31 de maio de 2005, o

pregão

eletrônico e uma modalidade de licitação do tipo menor preço, que se realizará

quando a disputa pelo fornecimento de bens ou serviços comuns for feita a

distância em sessão pública, por meio de sistema que promova a comunicação

pela internet.

No conceito da doutrina, e importante citar Justen Filho (2005, p. 220):

Pregão, na forma eletrônica, consiste na modalidade de licitação pública, de tipo menor preço, destinada a seleção da proposta mais vantajosa para a contratação de bem ou serviço comum, por meio de propostas seguidas de lances, em que os atos jurídicos da Administração Pública e dos interessados desenvolvem-se com utilização dos recursos da Tecnologia da Informação, valendo-se especialmente da rede mundial de computadores.

O conceito de Tecnologia da Informação pode ser definido como um conjunto de

todas as atividades e soluções providas por recursos de computação destinados a coleta,

tratamento, armazenamento e transmissão de informações.

O referido regulamento tornou obrigatório o uso do pregão para contratações de

bens e serviços comuns. Dispõe ainda que o pregão na forma eletrônica deverá ser

preferencial e a não utilização exigirá justificativa que comprove a inviabilidade do uso.

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Pregão eletrônico e um procedimento que segue as regras do pregão presencial,

não ocorrendo apenas a presença física do pregoeiro e dos licitantes, pois os lances e as

comunicações são feitos por meio de recursos de tecnologia.

3.4 CREDENCIAMENTOS NO PREGAO ELETRONICO

No pregão presencial, a sessão pública inicia-se com o credenciamento dos

licitantes, devendo os que estiverem presentes na sessão identificar-se ao pregoeiro,

apresentando a este, contrato social ou documento constitutivo, carta de preposição ou

procuração em favor daquele que representa o licitante durante o pregão e o documento de

identificação do mesmo. Esta fase e fundamental para saber se a pessoa que se apresenta

a Administração como representante do licitante realmente agrega poderes para formular

propostas em nome deste, oferecer lances orais e praticar todos os demais atos relativos ao

certame.

Por outro lado, no pregão eletrônico, o credenciamento dá-se de forma diferente. O

caput do artigo 3° do Decreto n° 5.450/05 prescreve o seguinte: "Deverão ser previamente

credenciados perante o provedor do sistema eletrônico a autoridade competente do órgão

promotor da licitação, o pregoeiro, os membros da equipe de apoio e os licitantes que

participam do pregão na forma eletrônica".

Nota-se então, que a sistemática do pregão eletrônico consiste num

credenciamento prévio junto ao provedor do sistema que será utilizado para realização da

licitação, ou seja, dá-se antes mesmo da sessão.

Enquanto no pregão presencial, somente os licitantes devem credenciar-se, no

pregão eletrônico, além dos licitantes, todos os demais agentes administrativos envolvidos

no certame, que tenham qualquer contato com o sistema de informática, devem também se

credenciar.

O credenciamento no pregão eletrônico se efetua através da atribuição de chave de

identificação e senha. A propósito, o § 1° do artigo 3° do Decreto n° 5.540/05 determina que

"o credenciamento dar-se-á pela atribuição de chave de identificação e de senha, pessoal e

intransferível, para acesso ao sistema eletrônico".

Tanto os licitantes quanto o pregoeiro e equipe de apoio, deverão solicitar login e

senha, cujo acesso se dá de forma pessoal e intransferível, sendo de inteira

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responsabilidade do licitante a pratica de quaisquer atos, ainda que involuntários, no uso do

sistema eletrônico. Portanto, a quebra de sigilo ou extravio de senha de acesso deverão ser

comunicados de forma imediata, a fim de que o provedor do sistema proceda ao bloqueio de

acesso ao recurso de tecnologia da informação.

A esse respeito, os § 4° de 5° do artigo 3° do Decreto n° 5.540/05 prescrevem

respectivamente que:

A perda de senha ou a quebra de sigilo deverá ser comunicada imediatamente ao provedor do sistema, para imediato bloqueio de acesso. O uso da senha de acesso pelo licitante de sua responsabilidade exclusiva, incluindo qualquer transação efetuada diretamente ou por seu representante, não cabendo ao provedor do sistema ou ao órgão promotor da licitação responsabilidade por eventuais danos decorrentes de uso indevido da senha, ainda que por terceiros.

Isso significa dizer que, se terceiros tiverem acesso indevidamente a senha de

determinada empresa e apresentarem em nome dela proposta em licitação, tal empresa e

responsável por todos os atos praticados e deverá cumprir a proposta encaminhada a

Administração, sob pena de sofrer as gravíssimas penalidades previstas no artigo 7° da Lei

n°10.520/02: "será descredenciado no Sicaf [...] pelo prazo de ate 5 (cinco) anos, sem

prejuízo das multas previstas em edital e no contrato e das demais cominações legais".

A presunção de que quem dispõe da senha goza de poderes para formular

proposta em nome do credenciado e medida de ordem imperativa para viabilizar o pregão

eletrônico. Assim, cabe ao credenciado a tomar todas as providencias e precauções para

que a senha na seja descoberta nem utilizada por terceiros não autorizados.

Cumpre esclarecer que, uma vez feito o credenciamento junto ao provedor do

sistema, a chave de identificação e a senha poderão ser usadas em qualquer pregão, na

forma eletrônica. O regulamento reza que o referido credenciamento apenas perderá

eficácia quando solicitado o cancelamento pelo credenciado ou por descadastramento junto

ao Sicaf.

Os Estados, Distrito Federal, Municípios, órgãos e entidades administrativas

também podem constituir os próprios registros cadastrais. Porém, com base no § 2° do

artigo 34 da Lei n° 8.666/93, e facultado a estes órgãos utilizarem-se de registros cadastrais

de outros órgãos ou entidades da Administração Pública.

No entanto, e importante frisar que de acordo com o artigo 4° do Decreto n°

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3.722/01, a validade do cadastramento junto ao SICAF e de um ano, conforme se pode

verificar:

O registro de fornecedor no SICAF terá vigência de um ano, ressalvado o prazo de validade da documentação apresentada para fins de atualização no Sistema, a qual deverá ser representada, periodicamente, a vista de norma especifica, objetivando sua regularidade cadastral.

Feito o credenciamento no SICAF, o interessado deverá mantê-lo sempre

atualizado, evitando, dessa forma, que Administração proceda ex-officio ao cancelamento

de cadastro e, consequentemente, a revogação de acesso ao Sistema Eletrônico.

Consoante o artigo 3°, § 6°, do Decreto n° 5.450/05, "o credenciamento junto ao provedor do

sistema implica a responsabilidade legal do licitante e a presunção de sua capacidade

técnica para realização ao das transações inerentes ao pregão na forma eletrônica".

A propósito, Justen Filho (2005, p. 237 e 238) entende que o credenciamento dos

particulares junto ao provedor do sistema eletrônico gera alguns efeitos, dentre os quais se

destacam: a aquisição de legitimação para participar do pregão como licitante; a validação

para os atos do pregão; e a responsabilidade pelos atos praticados.

Nota-se que a função do credenciamento para o pregão eletrônico e de habilitar as

pessoas, agentes administrativos e licitantes, para acessarem e manejarem o sistema. Sem

o credenciamento, não dispõem de meios para praticarem atos por intermédio do sistema de

informática. Com o credenciamento, presume-se que a pessoa que dispõe da chave de

identificação e da senha de determinado licitante goza de poderes para representá-lo e

praticar quaisquer atos relacionados ao certame. O conhecimento da senha e algo que deve

ser restrito, isso porque, a empresa licitante que a detém e responsável por todos os atos

praticados por quem vier a utilizá-la mesmo que indevidamente.

3.5 FASES DO PREGÃO ELETRÔNICO

A licitação pública inicia-se numa fase preparatória ou interna, em que a

Administração Pública empreende planejamento e estudos prévios para definir o objeto da

licitação publica e todas as condições para participar desta, elaborando o instrumento

convocatório.

O processamento do pregão eletrônico dá-se em duas fases: a preparatória ou a

interna e a externa. A fase preparatória do pregão eletrônico compreende os atos requeridos

para a abertura do processo licitatório e assemelha-se com a fase preparatória das demais

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mobilidades, tais quais dispostas na Lei n° 8.666/93. As principais novidades ocorrem na

fase externa da licitação, especialmente no que tange a possibilidade de renovação das

propostas e a inversão das fases, procedendo-se primeiro ao julgamento das propostas,

para depois analisar documentação de habilitação.

Durante esta fase os trabalhos são realizados no âmbito interno, com a

participação do dirigente responsável por compras e contratações, da unidade administrativa

ou área encarregada de serviços gerais e da unidade ou área da qual se origine a demanda

pela licitação. Este dirigente e denominado Autoridade Competente.

A Autoridade Competente, designada no Regimento do órgão ou entidade, e o

dirigente responsável pela administração das compras e contratações. As atribuições

regimentais da Autoridade Competente de uma maneira geral, contemplam o seguinte:

indicar o provedor do sistema; determinar a abertura da licitação; decidir os recursos contra

os atos do pregoeiro; homologar a adjudicação do pregão, determinando a celebração do

contrato.

A fase preparatória do pregão inicia-se com a elaboração do termo de referenda,

que e o documento por meio do qual e possível a administração avaliar os custos que serão

incorridos com a contratação, definir a forma pela qual o objeto licitado será executado em

informar os deveres do contratante e contratado, indicando a forma de gerenciamento do

contrato.

Para Niebuhr (2005, p. 97) o termo de referenda e:

O documento que inicia a fase interna do pregão promovido pelos órgãos federais, em que o requisitante esclarece aquilo que realmente precisa, trazendo a definição do objeto, orçamento detalhado de acordo com os preqos de mercado, modos, estratégia de suprimentos e cronograma. Isto é, o termo de referenda requer o planejamento da licitado e da contratação, definindo os seus elementos básicos.

Assim, faz-se necessário, no termo de referenda, em primeiro lugar, especificar o

objeto a ser licitado, mesmo que possa haver alguma complementação posterior. Ainda,

devem constar do termo de referenda, os elementos que permitam aferir de forma precisa, o

objeto da licitação, observando que não são permitidas descrições que, por serem

excessivas, frustrem o caráter competitivo do certame.

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O termo de referenda e encaminhado a Autoridade Competente, que, em primeiro

lugar, vai analisar se e necessário ou conveniente proceder a licitação de objeto requisitado,

avaliando, dai, as prioridades do órgão ou entidade que representa, os custos a serem

suportados com o contrato e outras condicionantes. O documento ora comentado deverá

estar devidamente aprovado pela Autoridade Competente para que possa gerar os efeitos

pretendidos. Justificada a necessidade da contratação, a administração elaborara o edital,

dentro do qual estarão definidos os critérios de julgamento de propostas, as condições de

habilitação, bem como as sanções aplicáveis para o caso de inadimplemento.

Ainda na fase interna e responsabilidade da administração designar o pregoeiro e

equipe de apoio. A condução do pregão estará a cargo do servidor do órgão ou entidade

promotora da licitação, que tenha sido designado pregoeiro. Como requisito para a função, e

obrigatória a realização de curso de capacitação especifico, consoante o disposto no § 4° do

artigo 10 do Decreto n° 5.450/05: "Somente poderá exercer a função de pregoeiro o servidor

ou o militar que reúna qualificação profissional e perfil adequados, aferidos pela autoridade

competente". A designação do pregoeiro pode ser feita por simples Portaria ao Ato

Administrativo do órgão ou entidade, subscrito pela autoridade competente.

O artigo 10 do Decreto n° 5.450/05, traz no § 1° que "a equipe de apoio deverá ser

integrada, em sua maioria, por servidores ocupantes de cargo efetivo ou emprego da

administração publica, pertencentes, preferencialmente, ao quadro permanente do órgão ou

entidade promotora da licitação".

De acordo com o artigo 84 da Lei n° 8.666/93, que se aplica subsidiariamente a

modalidade pregão, "considera-se servidor público, para os fins desta Lei, aquele que

exerce,mesmo que transitoriamente ou sem remuneração, cargo, função ou emprego

público".

O pregoeiro conduzira o processo licitatório, ficando incumbido de coordenar o

processo; conduzir a sessão publica na internet', analisar as propostas e julgá-las; verificar a

habilitação do vencedor; receber, examinar e decidir os recursos, emitindo parecer

motivadamente a respeito; e a seguir encaminhá-lo a Autoridade Competente quando

mantiver a decisão; declarar o vencedor do certame; adjudicar o objeto da licitação, quando

não houver recurso; conduzir o trabalho da equipe de apoio bem como submeter o processo

a consideração da autoridade superior para homologação. As atribuições do pregoeiro são

executadas com o auxílio da equipe de apoio, que acompanha todo o desenvolvimento do

pregão.

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A Lei preferiu substituir a tradicional Comissão de Julgamento por apenas um

servidor, já que o pregão, pressupõe decisões rápidas e terminativas, exigindo deste,

experiência e capacidade (MEIRELLES, 2004).

A fase externa do pregão inicia-se com a convocação dos interessados por meio de

aviso, nos meios legais de publicação. Referida publicidade deverá propiciar ao interessado

a definição precisa, suficiente e clara do objeto licitado, bem como as informações relativas

a obtenção do edital e a data, local e horário para a realização da sessão pública na

internet.

Piscitelli (2006, p. 235) assim comenta a respeito do aviso do edital:

O aviso do edital conterá a definição precisa, suficiente e clara do objeto licitado, dias e horários em que poderá ser obtida a Integra do edital de convocação, o endereço eletrônico onde ocorrera a sessão pública, a data e hora de sua realização, bem como a indicação de que o pregão será realizado, por meio da internet, deforma eletrônica.

Em obediência ao Decreto n° 5.450/05, a publicação do aviso e obrigatória no

Diário Oficial da União e na internet. Os órgãos e entidades integrantes do Sistema de

Serviços Gerais - SISG, que á a ferramenta de apoio informatizado às compras e

contratações no âmbito do Poder Executivo Federal, obrigatoriamente divulgam os avisos e

editais de licitações no site Comprasnet, sítio de compras do Governo Federal, localizado no

endereço www.comprasnet.gov.br.

Além da publicação no Diário Oficial, no caso dos pregões com valores estimados

acima de 650 mil reais, até 1.300 mil reais, o aviso deverá ser publicado também em jornal

de grande circulação no município onde tenha lugar o certame. No caso de bens ou serviços

em valores acima de 1.300 mil reais, a publicação será em jornal de grande circulação

regional ou nacional.

O prazo para apresentação das propostas não poderá ser inferior a oito dias úteis,

contados a partir da publicação do aviso. E neste momento que é facultado aos

interessados impugnar o instrumento convocatório e pleitear esclarecimentos, cabendo ao

pregoeiro decidir sobre as considerações feitas pelo pretenso licitante.

Após o decurso de oito dias úteis sem qualquer impugnação ao edital, será

realizada sessão pública para recebimento, pelo pregoeiro, das propostas, na data e horário

definidos, mediante utilização de chave e senha de acesso. O interessado ou representante

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deve identificar-se e, se for o caso, comprovar a existência dos necessários poderes para

formulação de propostas e para a prática de todos os demais atos inerentes ao certame.

O § 2° do artigo 21 do Decreto n° 5.450/05 guarda a seguinte redação: "para

participação no pregão eletrônico, o licitante deverá manifestar, em campo próprio do

sistema eletrônico, que cumpre plenamente os requisitos de habilitate e que sua proposta

está em conformidade com as exigências do instrumento convocatório".

Assim, quem declarar que satisfaz os requisitos para habilitação e, posteriormente,

for inabilitado por falsa declaração, será impedido de licitar e contratar com a Administrate,

pelo prazo de atá cinco anos, enquanto perdurarem os motivos determinantes da punieto ou

até que seja promovida a reabilitação perante a própria autoridade que aplicou a penalidade.

Abertas as propostas, o pregoeiro verificará a conformidade destas com o edital.

Niebuhr (2005, p. 301) faz os seguintes comentários acerca das propostas encaminhadas:

A proposta encaminhada pelos Licitantes deve ser analisada sob três aspectos: em primeiro lugar, deve-se verificar a compatibilidade dela com as especificações definidas para o objeto licitado no edital e se ela cumpre os requisitos formais do edital; em segundo lugar, deve-se analisar o prego, se ele está ou não acima do prat icado no mercado e, em terceiro lugar , se o pregão ou naoinexegivel , is to é,

abaixo do prego de mercado.

As propostas inicialmente reputadas aceitáveis pelo pregoeiro dever sem

divulgadas no sistema de informática. As que não forem divulgadas, presume-se que não

foram aceitas, assim, as propostas classificadas participarão dos lances. A propósito, o

artigo 24 do Decreto n° 5.450/05 anuncia que "classificadas as propostas, o pregoeiro dará

início a fase competitiva, quando então os Licitantes poderão encaminhar lances

exclusivamente por meio do sistema eletrônico".

Isso significa que no pregão eletrônico todos os licitantes, desde que as

propostas dos mesmos sejam aceitas, gozam da faculdade de as renovarem, por

meio do oferecimento de lances, através da internet.

O sistema de informática deve manter os licitantes informados em tempo

real a respeito dos lances apresentados. O licitante, ao enviar lance, deve receber

comunicado a respeito do recebimento, horário de registro e valor. Os demais

licitantes devem ser informados de que foi apresentado novo lance e do respectivo

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valor. Somente serão recebidos lances formulados em valores inferiores ao lance

de menor valor registrado.

Importante frisar que é proibido identificar aos demais licitantes o autor do

novo lance registrado. Devem saber apenas que foi registrado novo lance e o valor,

para que possam oferecer outros lances com valores menores.

O § 7° do artigo 24 do Decreto n° 5.450/05 trata do encerramento da etapa

competitiva: "o sistema eletrônico" encaminhara aviso de fechamento iminente dos

lances, após o que transcorrerá período de tempo de até trinta minutos,

aleatoriamente determinado, o qual será automaticamente encerrada a recepção

de lances".

Após o encerramento da etapa competitiva, o pregoeiro solicitará ao licitante

classificado em primeiro lugar, ou seja, o que ofereceu o menor lance antes do transcurso

do tempo estabelecido pelo sistema, o envio da documentação de habilitação, que deverá

ser apresentada no prazo estabelecido no edital.

A modalidade pregão prevê a aplicação tão somente da licitação de tipo menor

preço, que define como vencedor o licitante que apresente a proposta mais vantajosa para a

Administração Pública. Se a proposta de menor preço for desclassificada, o pregoeiro deve

tomar em conta a proposta com o segundo menor preço, passando a analisar a

aceitabilidade desta. E assim deve proceder, de modo sucessivo, de acordo com a ordem

de classificação, até encontrar proposta que seja aceitável. Frise-se que o pregoeiro poderá

negociar diretamente com o licitante, visando obter reduções adicionais de preço.

Quando da habilitação do licitante, o pregoeiro fará a declaração do vencedor e

abrirá prazo para recursos. A esse respeito, comenta Meirelles (2004, p. 317):

Proclamado o vencedor da licitação pelo pregoeiro, contra essa decisão só poderá ser interposto recurso se o licitante interessado manifestar sua intenção de imediato,sendo-lhe concedido o prazo de três dias para apresentação de suas razões, ficando os demais licitantes intimados para apresentar suas contra-razões em igual prazo.

A decisão sobre recurso será instruída por parecer do pregoeiro e homologada pela

Autoridade Competente responsável pela licitação. O acolhimento do recurso implica tão

somente na invalidação daqueles atos que não sejam passíveis de aproveitamento.

Decididos os apelos, o objeto da licitação será adjudicado ao vencedor, cabendo a

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autoridade superior homologar o julgamento e convocar o vencedor para assinar o contrato.

Cabe lembrar que o desenrolar do processo ocorre de forma semelhante ao pregão

não eletrônico, sendo que arquivos e registros digitais serão válidos para todos os efeitos

legais, inclusive para comprovação e prestação de contas aos órgãos de controle.

Nota-se que aqui é evidenciada uma das maiores vantagens da modalidade pregão

eletrônico: a celeridade. Tal vantagem é proveniente da inversão do procedimento licitatório,

ao invés de serem abertos primeiramente os envelopes de habilitação, como nas demais

modalidades, dá-se o julgamento das propostas. Não menos importante, e a possibilidade

de renovação das propostas através de lances sucessivos na etapa competitiva, o que

possibilita uma economia de dinheiro aos cofres públicos.

3.6 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO PREGÃO ELETRÔNICO

O pregão eletrônico tem proporcionado uma considerável economia de gastos da

Administração Pública. Alguns fatores contribuem para que isso aconteça. É importante

destacar um aspecto intrínseco do pregão eletrônico: a realização pela internet. A realização

do certame por meio da rede mundial de computadores ampliou acompetitividade,

porquanto as empresas não precisam deslocar-se para participar do pleito.

Exige-se apenas que as empresas disponham de infra-estrutura mínima para

ofertarem as propostas. Ademais, com a sistemática de lances, a disputa pelo fornecimento

do bem ou serviço comum para a Administração torna-se cada vez mais acirrada.

Segundo informações colhidas no sitio de compras do Governo Federal na internet:

[...] o pregão eletrônico simplifica os procedimentos de compras é mais barato tanto para a Administração Pública quanto para o fornecedor. Essa modalidade / reduz o custo de participação dos fornecedores nas licitações porque não exige que a empresa desloque seus funcionários já que todos os procedimentos ocorrem pela Internet. Com a ampliação dos concorrentes e a disputa realizada entre os fornecedores, o Governo obtém pregos menores. A economia obtida pelo pregão eletrônico no Governo Federal varia entre 20% a 30%.

Outro ponto a destacar e a substituição da análise burocrática de documentos para

um maior aproveitamento de tempo na fase de negociação. Nas demais modalidades de

licitações, primeiro se analisam os documentos de habilitação para, depois, abrir e julgar as

propostas. Na modalidade pregão, só é analisada a habilitação do licitante, cuja proposta foi

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a de menor preço, consoante dispões o artigo 25 do Decreto n° 5.450/05: "encerrada a

etapa de lances, o pregoeiro examinará a proposta classificada em primeiro lugar quanta a

compatibilidade do preço em relação ao estimado para contratação e verificará a habilitação

do licitante conforme disposição do edital".

Do ponto de vista da transparência, o pregão eletrônico tem-se mostrado uma

modalidade que proporciona a qualquer cidadão, em qualquer parte do mundo, a

possibilidade de acompanhar a sessão pública realizada na internet em tempo real. Este

fato não acontece nas demais modalidades, cujos procedimentos dificultam o

acompanhamento do desenrolar dos fatos pelo cidadão de forma mais presente e efetiva.

Dessa forma, a possibilidade de se fraudar a licitação diminui na medida em que as

informações sobre o processo são divulgadas de forma mais completa na internet, podendo

o cidadão conferir os contratos firmados entre o ente da Administração Pública e o particular

bem como se essas contratações estão sendo procedidas de acordo com a legalidade.

Segundo Piscitelli (2006, p. 236):

A forma eletrônica do pregão imprime maior transparência e agilidade aos atos do pregoeiro, uma vez que todo o procedimento e feito online, permitindo que a sociedade tome conhecimento, em tempo real, de todos os detalhes da negociação, ou seja, da apresentação dos lances e escolha, pelo pregoeiro, do lance de menor preço.

A questão da agilidade na condução do pregão e um importante aspecto a se

destacar. A empresa que está interessada em adquirir bens ou serviços para a sua estrutura

organizacional terá mais benefícios econômicos e administrativos tanto quanto esses bens

ou serviços estejam mais rapidamente disponíveis para uso. Em todos os processos

organizacionais o fator tempo e decisivo. Quanto mais cedo sejam realizados os atos da

empresa mais resultados econômicos e sociais poderão trazer. Os atos do pregoeiro, todos

os passos na condução do pregão eletrônico, no início do processo de aquisição desses

bens ou serviços, concorrem para o ganho de tempo na compra e utilização daquilo que a

empresa está adquirindo através dessa modalidade. Segundo informações disponíveis no

sítio Conlicitação (2007):

[...] o Governo Federal estima que o tempo de aquisição de produtos e serviços seja reduzido de 45 para 8 dias. Essa redução pode ser justificada pela inversão do processo de habilitação. Só com o de classificação das propostas. Na

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licitação tradicional, a habilitação das propostas ocorre no início do processo, dando vazão à entrada de recursos - administrativos e/ou judiciais - e seus consequentes prazos necessários, prolongando o procedimento. Levando-se em consideração que a revisão dos documentos ocorre somente para a empresa vencedora, os gastos excessivos, inclusive de tempo, são eliminados, diferentemente do que ocorre nos processos tradicionais, onde são avaliados todos os concorrentes no início da licitação.

Ademais, é de se destacar que até a conclusão da etapa de lances os licitantes e o

pregoeiro não têm como conferir o nome dos participantes. Assim, qualquer ação que tente

inibir a competitividade e descartada, posto que, para alcançar a primeira colocação, cada

concorrente deverá diminuir continuamente o prego. Portanto, a sistemática do pregão

eletrônico tanto favorece a aplicação do Princípio da Impessoalidade quanto evita a

combinação de preços entre os participantes. Em face disto, a Administração Pública só terá

ao que ganhar em termo de segurança na aplicação dos recursos.

O pregão eletrônico tem recebido elogios de organismos internacionais, a

exemplo do Banco Mundial (Bird). Segundo o secretário de Logística e Tecnologia

da Informação do Ministério do Planejamento, por meio de nota disponível no

Sistema Comprasnet:

[...] levantamentos do Banco Mundial (Bird) apontam o Brasil como o maior comprador por meio de leilão reverso eletrônico do mundo e que o sistema de aquisições eletrônicas do país atende aos padrões de qualidade estabelecidos pelo organismo financeiro internacional nessa área. Num estudo realizado pelo Bird nessa área, o Comprasnet atingiu os patamares máximos de eficiência nos indicadores que avaliaram a transparência na divulgação das licitações e de seus respectivos resultados e na utilização de métodos de licitação competitivos. O Bird analisou as contratações de 2005 e dos três primeiros meses de 2006. Segundo o coordenador do estudo, Alexandre Borges de Oliveira, o sistema brasileiro 6 uma referenda na compra de bens e serviços padronizados para a administração pública. Dados estatísticos mostram um significativo corte no prazo para a conclusão de licitações e ao mesmo tempo a obtenção de uma boa competitividade pelos contratos do governo, frisou. Ele acrescentou que o sistema permite produzir informações e dados gerenciais que são usados em decisões estratégicas e no planejamento de compras futuras. O Comprasnet foi primeiro sistema do gênero no mundo aceito pelo Banco Mundial e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para aquisições

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envolvendo recursos de ambos os organismos financeiros internacionais.

A tecnologia da informação e o traço marcante da pós-modernidade, trazendo

benefícios de toda a ordem. Contudo, tais benefícios não são compartilhados por todos,

condenando parcela expressiva dos indivíduos, a realidade distante da tecnologia. Sendo

esta, a desvantagem do pregão eletrônico. O êxito do pregão pressupõe disposição da

tecnologia adequada, ou seja, é recomendável que o licitante disponha de adequado

equipamento, de internet de banda larga. E o fato é que existem inúmeras empresas e

pessoas, fornecedores da Administração Pública, ainda não informatizadas, que não

dispõem da tecnologia e do conhecimento para participar com sucesso do pregão eletrônico.

Contudo, a Administração Pública não deve parar no tempo, nem adotar posição

refrataria a novas tecnologias. Algumas novidades devem ser implementadas com

prudência, de maneira paulatina. Assim, é preponderante a experiência dos agentes

administrativos envolvidos no processo de licitação, que conhecem os fornecedores e

sabem em quais segmentos devem adotar o pregão eletrônico e em quais as novidades

devem ser implementadas com mais moderação. Percebe-se então, que tal desvantagem

pode ser perfeitamente contornada, desde que haja sensibilidade para saber quando e em

que situações utilizar o pregão eletrônico.

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4. METODOLOGIA

Nesta seção será apresentada a metodologia utilizada para o

desenvolvimento deste trabalho, um estudo sobre o pregão eletrônico no âmbito do

Governo do Estado do Ceará. Vale ressaltar que tal pesquisa busca oferecer uma

visão de como são desencadeadas as licitações na modalidade pregão eletrônico no

respectivo Estado.

A metodologia e a explicação minuciosa, detalhada, rigorosa e exata de toda

ação desenvolvida no método (caminho) do trabalho de pesquisa. E a explicação do

tipo de; pesquisa, do instrumental utilizado (questionário, entrevista etc.), do tempo

previsto, da equipe de pesquisadores e da divisão do trabalho, das formas de

tabulação e tratamento dos dados, enfim, de tudo aquilo que se utilizou no trabalho

de pesquisa.

É fundamental a escolha adequada da metodologia a ser desenvolvida na

pesquisa. Para tanto faz-se necessário ter convicção de que objetivos pretende-se

alcançar com a pesquisa, sendo fundamental que exista compatibilidade entre o

objetivo da pesquisa e a metodologia a ser aplicada.

Nas palavras de Barros e Lehfeld (2000, p.3):

O método e o caminho ordenado e sistemático para se chegar a um fim. Pode ser estudado como processo intelectual e como processo operacional. Como processo intelectual,a abordagem de qualquer problema mediante análise prévia e sistemática de todas as vias possíveis de acesso à solução. Como processo operacional,a maneira lógica de organizar a sequência das diversas atividades para chegar ao fim almejado;a própria ordenação da ação de pesquisar. O processo corresponde às etapas de operações limitadas, ligadas a elementos práticos, concretos e adaptados a um objetivo definido.

O método é a ordem que se deve seguir para atingir um fim determinado ou

um resultado desejado. Nesse ponto, vale destacar que e através do método que o

pesquisador consegue desenvolver o estudo ao qual se propõe, auxiliando-o a traçar

o caminho a ser seguido, detectando erros e orientando nas suas decisões.

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Segundo Medeiros (2009), o método exigido na realização da pesquisa pode

ser classificado como dedutivo e indutivo. No primeiro caso, parte-se de enunciados

gerais para que se chegue a uma conclusão particular, devendo ser observado que

os enunciados são colocados em uma ordem lógica, de modo a possibilitar que o

pesquisador tire suas conclusões sobre o que está sendo estudado. No segundo

caso, ocorre o processo inverso, ou seja, parte-se de fatos particulares para se tirar

uma conclusão genérica.

Já Marconi e Lakatos (2010, p. 68) diferenciam o método dedutivo e o

método indutivo da seguinte forma: "o dedutivo tem por propósito explicar o

conteúdo das premissas; o indutivo tem o desígnio de ampliar o alcance dos

conhecimentos".

Para a elaboração deste trabalho utilizou-se o método dedutivo, uma vez

que foi analisada a totalidade dos pregões eletrônicos realizados no âmbito do

Governo do Estado do Ceará a partir do ano de 2008, para que se pudesse chegar a

conclusões específicas relacionadas a tal modalidade licitatória.

4.1. AMBIENTE DA PESQUISA

O Ceará é uma das 27 unidades federativas do Brasil. E o décimo segundo

estado mais rico do país. Localizado na região Nordeste do Brasil, o Estado do

Ceará possui uma área total de 148.825,6 km2. No que tange a divisão político-

administrativa, o Estado é composto atualmente por 184 municípios.

O Governo do Estado está, atualmente, organizado em 18 secretarias que

se encontram subordinadas a Vice Governadoria e Govemadoria e compõem a

Administração Direta. Também compõe a Administração Direta os órgãos auxiliares

de assessoramento superior, tais como a Casa Civil, a Controladoria Geral do

Estado (CGE), a Procuradoria Geral do Estado (PGE), dentre outros.

Já a Administração Estadual Indireta e composta pelas empresas públicas,

sociedades de economia mista, autarquias e fundações, respectivamente, podendo-se citar

como exemplo no caso do Governo do Estado do Ceará a Empresa de Assistência Técnica

de Extensão Rural do Ceara (EMATERCE), a Companhia de Água e Esgoto do Ceará

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(CAGECE), o Departamento Estadual de Transito do Ceará (DETRAN-CE) e Fundação

Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME).

4.2 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Existem várias formas de se classificar uma pesquisa, havendo variações nos tipos

de classificação conforme o autor consultado. Dessa forma, o objeto em estudo, bem como

os objetivos a serem alcançados com o trabalho tornam-se fatores fundamentais para a

caracterização da pesquisa.

A pesquisa pode ser classificada quanta a abordagem em quantitativa e qualitativa.

A pesquisa quantitativa está relacionada a quantificação, análise e interpretação dos dados

obtidos, utilizando-se da estatística. Já a pesquisa qualitativa não emprega procedimentos

estatísticos ou não tem como objetivo, abordar o problema a partir desses procedimentos.

Nas palavras de Beuren (2008. p. 92)

A abordagem quantitativa caracteriza-se pelo emprego de instrumentos estatísticos, tanto na coleta quanto no tratamento dos dados. Esse procedimento não é tão profundo na busca do conhecimento da realidade dos fenômenos, uma vez que se preocupa com o comportamento geral dos acontecimentos.

Segundo Richardson (1999, p. 80)

Os estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem descrever a complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais e que contribui no processo de mudança de determinado grupo e possibilitar, em maior nível de profundidade, o entendimento das particularidades do comportamento dos indivíduos.

No presente trabalho foi escolhida a abordagem do tipo qualitativa, tendo em vista

a mesma se mostrar como a mais adequada para o tema que foi desenvolvido. Logo, não se

faz necessária a adoção de uma abordagem que esteja relacionada a quantificação de

dados, pois esse mecanismo não é essencial dentro do contexto do pregão eletrônico.

Cabe ressaltar que, apesar da abordagem escolhida ser do tipo qualitativa, houve a

coleta de dados numéricos para a realização da pesquisa, sendo os mesmos utilizados

apenas para fins ilustrativos e de embasamento das conclusões, não sendo a análise

quantitativa em si o objetivo deste trabalho.

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No que diz respeito à técnica utilizada, na elaboração desta pesquisa foi

escolhido o levantamento de dados através de consultas a documentos internos da

Procuradoria Geral do Estado (PGE), tais como editais e atas referentes aos

processos licitatórios, especialmente na modalidade pregão eletrônico.

Quanto a técnica, a presente pesquisa pode ser classificada em pesquisa

documental. Tal classificação justifica-se devido ao levantamento documental

realizado junto à organização militar em estudo. Segundo Marconi e Lakatos (2010,

p. 157) "a característica da pesquisa documental e que a fonte de coleta de dados

está restrita a documentos, escritos ou não, constituindo o que se denomina fontes

primárias".

Em paralelo a pesquisa documental, também foi realizada pesquisa

bibliográfica, uma vez que se fizeram necessárias consultas a Leis, Decretos, livros,

monografias, jornais, revistas e meios eletrônicos pertinentes a licitações. Nas

palavras de Marconi e Lakatos (2010, p. 166) "a pesquisa bibliográfica, ou de fontes

secundárias abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema em

estudo".

Tendo em vista que os tipos de pesquisa não são mutuamente excludentes,

a presente pesquisa, além de ser documental e bibliográfica, pode ser definida,

ainda, como um estudo de caso sobre o pregão eletrônico no âmbito do Governo do

Estado do Ceara. Tal limitação temporal do tema deveu-se a conveniência e

facilidade encontrada pelo autor na coleta dos dados documentais e visitas "in loco",

uma vez que o mesmo trabalha em contato permanente com este órgão.

Segundo Severino (2009, p. 120), o estudo de caso e uma "pesquisa que se

concentra no estudo de um caso particular, considerado representativo de um

conjunto de casos análogos, por ele significativamente representativo". Nesse

sentido, uma vez que tal pesquisa se limitará ao Governo do Estado do Ceara, este

estudo de caso poderá servir como base formativa para um estudo mais amplo que

envolva um universo maior de unidades federativas, bem como as conclusões a que

se chegar com este estudo poderão ser validas para outros casos.

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Para se chegar ao resultado desejado nessa pesquisa, desenvolveu-se um estudo

de caráter explicativo, baseado no registro e análise detalhada dos dados coletados sobre

os pregões eletrônicos no âmbito do Governo do Estado do Ceará. Nesse sentido, Oliveira

Neto(2005, p. 9) define a pesquisa explicativa como sendo aquela que "registra fatos,

analisa-os, interpreta-os e identifica suas causas".

4.3 COLETAS DE DADOS E ANALISE DOS DADOS

Nas palavras de Marconi e Lakatos (2010, p. 149), a coleta de dados pode

ser definida como sendo a "etapa da pesquisa em que se inicia a aplicação dos

instrumentos elaborados e das técnicas selecionadas, a fim de se efetuar a coleta

dos dados previstos". Apesar de ser uma etapa cansativa e que toma, normalmente,

bastante tempo do pesquisador, exigindo um cuidadoso registro dos dados, a coleta

de dados e uma fase bastante importante da pesquisa, uma vez que a qualidade

final do trabalho depende, sobremaneira, da qualidade do material coletado.

Para a realização deste trabalho foram coletados dados constantes de

documentos internos da Procuradoria Geral do Estado (PGE), referentes aos

processos de licitação, objetivando identificar as modalidades licitatórias mais

adotadas e suas características, dando maior ênfase a modalidade pregão

eletrônico.

Além do levantamento documental realizado junto a administração estadual

em estudo, utilizou-se, ainda, de consulta ao portal de compras do Governo do

Estado, através do endereço eletrônico www.portalcompras.ce.gov.bn onde foi

possível pesquisar todas as modalidades licitatórias concluídas e em andamento no

Estado.

Posteriormente a pesquisa documental, realizou-se, também, entrevistas

com o pregoeiro e a equipe de apoio, membros da Comissão de Licitação estadual.

Cada entrevista foi gravada para melhor registrar as informações, auxiliando na

análise dos dados. Tais entrevistas tiveram por objetivo buscar informações

detalhadas acerca da utilização do pregão eletrônico no âmbito.

Para Marconi e Lakatos (2010, p. 147) "amostra e uma parcela convenientemente

selecionada do universo (população); e um subconjunto do universo". No que se refere a

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amostragem, importante destacar que foi definida uma amostra dos pregões eletrônicos

realizados no Governo do Estado do Ceará em um período determinado, uma vez que a

pesquisa buscou analisar o universo dos pregões eletrônicos realizados nesta unidade

federativa, entre o ano de 2008 a 2010.

Para se chegar a conclusões sobre os dados coletados faz-se necessários uma

análise minuciosa e detalhada desses dados. Segundo Marconi e Lakatos (2010, p. 151) “

uma vez manipulados os dados e obtidos os resultados, o passo seguinte é a análise e

interpretação dos mesmos, constituindo-se ambas no núcleo central da pesquisa.

Após coletados, os dados foram tabelados a fim de facilitar sua visualização e

poder melhor interpretá-los buscando-se chegar a conclusões no que diz respeito,

principalmente, as razões que levam as demais modalidades licitatórias a serem preteridas

em relação ao pregão eletrônico nessa unidade da federação, bem como o custo/benefício

da utilização dessa modalidade, dentre outros aspectos.

Através da análise dos dados coletados foi possível fazer comparações entre o

pregão eletrônico e as demais modalidades licitatórias realizadas nessa administração

pública estadual, no que diz respeito a celeridade, redução de custos, transparência, dentre

outros pontos importantes no tocante ao processo licitatório.

Por fim, após realizada a análise dos dados, foi possível avaliar o resultado da

utilização do pregão eletrônico no Governo do Estado do Ceará, destacando o seu custo

benefício, bem como as vantagens e desvantagens advindas de sua utilização, entre o ano

de 2008 e 2010.

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5. ANÁLISE DO PREGÃO ELETRÔNICO NO GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ

Neste capítulo será realizada uma abordagem da utilização do pregão

eletrônico no Governo do Estado do Ceará, entre o ano de 2008 e 2010. Busca-se

com tal abordagem, principalmente, identificar os impactos financeiros decorrentes

da utilização do pregão eletrônico nos processos de aquisição de bens/serviços

comuns no âmbito do Governo do Estado do Ceará, destacando as principais

vantagens advindas de sua utilização, bem como as desvantagens que, também,

estão presentes nessa modalidade licitatória.

5.1 A OPERACIONALIZAÇÃO DO SISTEMA DE COMPRAS DO GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ

No Âmbito da Administração Pública Estadual e estudo, as licitações, de um

modo geral, são regulamentadas pela Lei n° 65, de 03 de janeiro de 2008, que

dispõe sobre o sistema de licitações do Estado do Ceará. O decreto Estadual n°

28.089/2006, regulamenta, na esfera estadual, a licitação na modalidade pregão.

Atualmente, na administração pública estadual onde o estudo foi realizado existem 75 unidades de compras, distribuídas entre a administração diretas e indiretas (empresas públicas, sociedades de economia mista, autarquias e fundações).

No Governo do estado do Ceará observou-se que há uma estrutura administrativa específica que é responsável pela aquisição de bens e serviços. ’

A operacionalização das compras e contratações realizadas pelos órgãos e entidades do Governo do estado se inicia em cada uma das 75 unidades de compras, distribuídas entre Administração Direta e Indireta, entretanto, as licitações são processadas de forma centralizada pela Central de Licitações.

Compete a Secretaria de Planejamento e Gestão (SEPLAG) a definição e implantação de normas, diretrizes e políticas, visando a gestão e o contínuo aperfeiçoamento do processo de compras dos sistemas informatizados de apoio às aquisições dos órgãos e entidades do Governo do estado.

A responsabilidade por iniciar os processos de aquisição, preparando e juntando toda a documentação necessária para instruir a fase preparatória da licitação (termo de referência, edital, minuta de contrato e demais anexos) é de competência dos órgão e entidades licitantes. O processo é remetido pelo órgão para execução da licitação pela Central de Licitações somente após parecer favorável de sua respectiva assessoria jurídica.

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Vale ressaltar que quando se tratar de aquisições por dispensa de licitação de

valor não superior a 10% do limite previsto para a modalidade convite, que é de R$8.000,00 para compra ou contratação de serviços, o processo é realizado de forma integral pelo próprio órgão ou entidade, através de cotação eletrônica.

Através da Lei Complementar nº 65/2008 foi instituída a Centra de Licitações,

que é uma unidade administrativa vinculada operacionalmente à Procuradoria geral do estado (PGE). Compete {à central de Licitações processar as licitações encaminhadas pelos órgãos e entidades do Governo do estado, ou seja, é de sua responsabilidade a execução de toda a fase externa dos processos licitatórios. 5.2. ANÁLISE DA UTILIZAÇÃO DO PREGÃO ELETRÔNICO O pregão passou a ser utilizado pelo Governo do Estado do Ceará, inicialmente, em sua forma presencial e, após a edição do Decreto estadual nº 28.089/2006, foi dada prioridade a utilização em sua forma eletrônica, salvo nos casos de comprovada inviabilidade, a ser justificada pela autoridade competente, hipótese em que será adotado o pregão presencial. O pregão eletrônico foi implantado nesta unidade da federação no ano de 2002, sendo o primeiro pregão eletrônico realizado em 23 de dezembro deste ano, para a aquisição de materiais de limpeza, mais especificamente 350 fardos de papel toalha. Analisando as licitações realizadas pelo Governo do Estado do Ceará por meio de pregão eletrônica, compreendidas entre os anos de 2008 e 2010, verificou-se um significativo aumento desta modalidade licitatória, conforme tabela 1. Tabela 1: Número de processos realizados pelo Governo do Estado do Ceará através da modalidade Pregão Eletrônico (2008-2010)

Pregão Eletrônico no Governo do Estado do Ceará

ANO

2008

2009

2010

Nº de Processos 1832 1924 2502

Porcentagem 29,27% 30,74% 39,99%

TOTAL 6258 100,00% Fonte: PGE-CE (2014) Fazendo um comparativo entre os anos em questão, observa-se que houve um pequeno aumento entre os anos 208 e 2009, tendo o percentual passado apenas de 19,27% para 30,74%. No ano de 2010, conforme dados constantes na

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tabela 1, o aumento no volume de licitações por meio de pregão eletrônico foi bastante significativo, chegando ao percentual de 39,99%, sendo este o maior de sua utilização. 5.3. COMPARATIVO ENTRE O PREGÃO ELETRÔNICO E AS DEMAIS MODALIDADES LICITATÓRIAS. Em 2008 o pregão eletrônico já atinge um percentual bastante elevado e começa a se destacar em relação as demais modalidades licitatórias utilizadas pelo Governo do estado do Ceará (Concorrência, Tomada de Preços) e, inclusive, em comparação ao Pregão Presencial, tento atingido neste ano um percentual de 78,90% a mais que sua modalidade presencial, conforme observa-se na tabela 2. No ano de 2009 o volume de licitações realizadas através de pregão eletrônico continuou a crescer, tendo chegado ao patamar de 81,91%. Em 2010 o pregão eletrônico aparece, novamente, como a modalidade licitatória mais utilizada pelo Governo do estado do ceará, atingindo um percentual ainda mais elevado que nos anos anteriores, chegando a 86,35%, como mostra a tabela 2. Tabela 2: Modelos tradicionais de licitação e o pregão eletrônico realizados pelo Governo do Estado do Ceará (2008-2010) 2008 Porcentagem 2009 Porcentagem 2010 Porcentage

m

Concorrência

Tomada de Preços

Pregão presencial.

Pregão eletrônico

139 230 121 1832

5,99% 9,91% 5,20% 78,90%

202 153 70 1924

8,60% 6,51% 2,98% 81,91%

178 168 50 2502

6,14% 5,80% 1,73% 86,35%

TOTAL 2322 100,00% 2349 100,00% 2898 100,00% Fonte: PGE-CE (2014) Analisando, na tabela 3, o detalhamento de todas as modalidades licitatórias realizadas pelo Governo do estado do Ceará, entre os anos de 2008 à 2010, observa-se que o Pregão Eletrônico se destaca, quando comparado às demais modalidades, perdendo somente em volume de processos para a Cotação Eletrônica. Cabe lembrar que o processo é realizado através de Cotação Eletrônica quando se trata por aquisição por dispensa de licitação de valor não superior a R$ 8.000,00 para compra ou contratação de serviços. A Cotação Eletrônica é, também, bastante utilizada pelo Governo do estado do Ceará por ser uma forma de aquisição de bens e serviços de pequeno valor que traz como benefício a redução

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do tempo de elaboração e execução de um processo licitatório. Tabela 3: Detalhamento dos procedimentos licitatórios realizados pelo Governo do Estado do Ceará (2008-2010). Nº de Processos

Modalidades 2008 2009 2010

Concorrência (Menor Preço)

Concorrência (Técnica e Preço)

Concorrência (Melhor Técnica

Concorrência

Cotação eletrônica

Cotação de preço

Tomada de preço (Menor preço)

Tomada de preço (Técnica e preço)

Tomada de preço (Melhor técnica)

Manifestação de interesse

Pregão eletrônico

Pregão Presencial

119 20 0 0 2489 387 193 37 0 1 1832 121

180 20 2 1 3263 244 120 33 0 0 1924 70

128 18 0 2 4888 428 137 31 0 14 2502 50

TOTAL 858 9972 14128 Fonte: PGE_CE (2014) Em 2010 o pregão eletrônico teve o maior número de procedimentos realizados em relação aos anos em análise, ficando em 1º lugar em relação as demais modalidades licitatórias, atrás apenas da quantidade de processos realizados por Cotação Eletrônica. 5.4. ANÁLISE DAS VANTAGENS OBTIDAS PELO USO DO PREGÃO ELETRÔNICO. Conforme já citado em seções anteriores, a doutrina de um modo geral, enumera diversas vantagens que foram agregadas às contratações públicas após a

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implementação do pregão eletrônico. No presente estudo observa-se apenas aquelas vantagens que mais impactaram as compras pelo Governo do estado do Ceará, que são a celeridade, a economia e a transparência. 5.4.1. Celeridade nos Processos Em termos práticos, para melhor visualização da celeridade proporcionada pelo pregão eletrônico, através da tabela 4 será feita um comparação entre o tempo necessário para a realização de uma licitação, para a aquisição do mesmo objeto, através de pregão eletrônico e tomada de preços. Tabela 4: Demonstrativo do tempo total de realização do pregão eletrônico 2009066 e tomada de preços 20100001 – Secretaria da Cultura do Estado do Ceará. Pregão Eletrônico Tomada de Preços

Antecedência da publicação do edital

Data de realização

Data de finalização

08 dias úteis 23/10/2009 04/11/2009

30 dias úteis 27/08/2010 13/09/2010

Total de dias 17 dias uteis 42 dias úteis Fonte: Secretaria de Cultura do estado do Ceará (2014) A agilidade nas contratações através do pregão eletrônico, visivelmente

observada na tabela 4, inicia-se no tempo mínimo exigido por lei para a publicação

do edital, que no caso do pregão eletrônico deve ser de 8 dias úteis, totalizando uma

redução de 22 dias em relação a licitação através de tomada de preços, uma vez

que a exigência da lei para essa modalidade é de 30 dias úteis.

Comparando -se o tempo do início da realização da licitação até a data de

finalização, o pregão eletrônico demorou 9 dias úteis para ser finalizado, enquanto a

tomada de preços teve uma duração de 12 dias úteis. No caso em questão, um fator

que contribuiu para que o processo de tomada de preços caminhasse um pouco

mais rápido do que o comum foi que apenas um licitante teve interesse em participar,

logo a faz e de habilitação foi bem mais rápida, uma vez que houve apenas um

envelope com documentação a ser analisado, reduzindo, substancialmente, seu

tempo de realização.

A celeridade proporcionada pelo pregão eletrônico se deve, principalmente, a

sua característica de inversão de fases, uma vez que nessa modalidade são

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conferidos os documentos de habilitação do licitante vencedor. Dessa forma, reduz-

se, consideravelmente, o tempo que seria gasto examinando toda a documentação

de concorrentes que foram eliminados no exame das propostas.

5.4.2. Economia nas Compras e Contratações

Uma das principais vantagens proporcionadas pela utilização do pregão

eletrônico ao Governo do Estado do Ceará, senão a principal, para a economia que

essa modalidade licitatória trouxe aos cofres públicos, impactando financeiramente,

de forma positiva, às aquisições de bens e serviços comuns.

Para a realização dos pregões eletrônicos é necessário que seja feita uma

definição dos preços através de pesquisa de mercado, buscando-se um preço

estimado mais próximo possível da realidade de mercado e, por conseguinte, um

preço mais vantajoso para a contratação.

Fazendo-se uma análise da tabela 5, comparando esses preços de mercado

estimado (coluna A), como o valor de aquisição (coluna B), resultado das

negociações em tempo real, proporcionada pelo pregão eletrônico, tem-se o valor da

economia alcançada (coluna C).

Tabela 5: Demonstrativo da economia gerada pela modalidade Pregão Eletrônico no

Governo do estado do ceará (2008-2010)

Pregão Eletrônico no Governo do estado do Ceará

ANO Valor Estimado em R$ (A)

Valor da Aquisição em R$ (B)

Economia em R$ (A-B=C)

Porcentagem

2008 2009 2010 TOTAL

1.187.473.683,58 2.230.769.773,48 2.102.556.661,06 5.520.800.118,12

811.428.635,78 1.372.913.554,53 1.430.623.5880,25 3.614.965.778,56

376.045.047,80 857.856.218,95 671.933.072,81 1.905.834.339,56

31,66% 38,45% 31,95% 34,52%

Fonte: PGE_CE (2014)

Nos anos de 2008 a 2010 foi registrada uma economia acumulada que atingiu

o montante de R$ 1.905.834.339,56 (Um bilhão novecentos e cinco milhões

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oitocentos e trinta e quatro mil trezentos e trintas e nove reais e cinquenta e seis

centavos). Em termos percentuais representa uma economia de 34.52%.

Fazendo-se um paralelo entre os anos em estudo, verifica-se um certo

equilíbrio, em relação a economia alcançada. No ano de 2008 houve uma economia

de 31,66% com a utilização do pregão eletrônico. Em 2009 houve um aumento

desse percentual para 38,45%, conforme se observa na tabela 5. Já no ano de 2010

houve uma pequena queda na economia, atingindo, ainda assim, 31,95% percentual

se comparado com as demais modalidades licitatórias.

De acordo com os dados da procuradoria gerado do Estado, o estado do

Ceará economizou R$ 194.412.961,25 (Cento e noventa e quatro milhões

quatrocentos e doze mil novecentos e sessenta e um reais e vinte e cinco centavos)

do valor inicial de suas compras nos quatro primeiros meses deste ano de 2011

(janeiro a abril). A economia foi resultante dos processos de licitação, que incluem

especialmente pregões eletrônicos da central de Licitações do Estado. Esse valor

representa uma redução de 21,33% do custo nos 585 processos licitatórios. Desde

que foi criada em fevereiro de 2007, a Central de Licitações permitiu ainda a

economia de R$ 2.98.005.108,01 (Dois bilhões novecentos e oitenta e cinco milhões

cinco mil cento e oito reais e um centavo) no primeiro governo de Cid Gomes.

Somando os dois períodos chega a R$ 3.179.418.069,26 (Três bilhões cento e

setenta e nove milhões quatrocentos e dezoito mil e sessenta e nove reais e vinte e

seis centavos).

5.4.3. Transparência

Com relação à transparência, destaca-se a possibilidade de

acompanhamentos dos pregões eletrônicos por qualquer interessado, em tempo real,

característica esta que pode ser observada antes, durante e após sua conclusão.

O Governo do estado do Ceará disponibiliza no site Portal de Compras do

Governo do Estado, através do endereço eletrônico www.portaldecompras.ce.gov.br,

todas as informações referentes aos processos licitatórios, desde dados estatísticos

das compras até consultas de licitações em andamentos.

No caso específico do pregão eletrônico o site utilizado é o www.licitacoes-

e.com.br, pertencente ao Banco do Brasil, podendo qualquer indivíduo acompanhar

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o valor dos lances, o lance vencedor e o andamento das licitações, bastando ter o

número “BB”, também denominado número da licitação.

Além do processo por meio do número da licitação, o qual pode ser

encontrado através do site do Portal de Compras em sua página inicial, o site

“licitações-e” também fornece serviços para acompanhamento e pesquisa de

licitações, bem como dados referentes a licitações publicadas, em disputa, etc.

A transparência verificada com a utilização do pregão eletrônico se deve em

grande parte ao fato de sua realização ocorrer através da internet, uma vez que não

existe o contato físico entre os licitantes, sendo tudo realizado à distância, utilizando-

se de recursos de tecnologia da informação. Desse modo, o pregoeiro não tem como

identificar quem está participando da disputa, reduzindo, sobremaneira, a

possibilidade de conluios ou fraudes na realização do certame.

5.5 DESVANTAGENS DESTACADAS

Apesar das importantes vantagens apresentadas, não se pode deixar de

mencionar os pontos negativos do pregão eletrônico que também estão presentes

nessa modalidade licitatória.

Um dos inconvenientes dessa modalidade licitatória se deve ao fato de após

escolhida as melhores propostas e passada a fase de habilitação, existirem muitas

empresas que não atendem às exigências previstas no edital do certame, tendo a

comissão de licitação que proceder, obrigatoriamente, a abertura dos demais

envelopes, seguindo a ordem de classificação, até que se encontre um fornecedor

habilitado, ou seja, que preencha todos os requisitos para a a habilitação.

Uma outra dificuldade levantada, porém com menor incidência, se deve ao

fato de sua realização ser feita através da internet, utilizando computadores,

podendo algumas vezes ocorrer o travamento dessas máquinas, perda de conexão,

ou até mesmo a página expirar, fatos estes que acarretariam uma demora maior na

conclusão do certame.

Pode-se destacar, ainda, como uma desvantagem do pregão eletrônico a

redução da segurança da administração quanto a idoneidade do licitante para

executar a prestação contratual. Isso se deve ao fato de as vantagens econômicas

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ofertadas pelo licitante incentivarem, de certa forma, a administração a ignorar

defeitos e a tentar “ salvar” uma proposta que, em outro cenário, seria sumariamente

rejeitada.

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6. CONCLUSÃO

O presente estudo identificou os impactos financeiros da utilização do pregão eletrônico como principal modalidade licitatória nos processos de aquisição de bens e serviços comuns do Governo do Estado do Ceará, destacando as vantagens e desvantagens advindas de sua utilização por esta unidade da federação.

O objetivo geral deste trabalho foi atingido, tendo em vista que foi feita uma análise da utilização da modalidade pregão eletrônico no âmbito do Governo do estado do Ceará, no período compreendido entre os anos de 2008 e 2010.

Um dos objetivos específicos pesquisados foi analisar se a utilização do pregão eletrônico no âmbito do Governo do estado do Ceará possibilitou uma maior transparência nas contratações ou uma redução nas fraudes. Pelo estudo conclui-se que, de fato, a transparência é uma característica presente nos pregões eletrônicos realizados pela administração estadual, uma vez que o Governo do Estado disponibiliza um site que possibilita ao acompanhamento dos processos por qualquer interessado.

O segundo objetivo específico foi levantar o quantitativo de pregões eletrônicos e das demais modalidades de licitações utilizadas pelo Governo do Estado do Ceará. Através de coleta de dados junto à Procuradoria Geral do Estado verificou-se que o pregão eletrônico é a modalidade licitatória mais utilizada por esta unidade federativa, ficando atrás apenas da quantidade de processos realizados através de Cotação Eletrônica, ferramenta bastante utilizada pelo governo estadual nos casos de dispensa de licitação, por trazer como benefício à redução do tempo de execução de um processo licitatório.

Com relação ao terceiro e último objetivo específico, que foi identificar as vantagens e desvantagens advindas da utilização do pregão eletrônico pelo Governo do Estado do Ceará, destacou-se o seguinte: as vantagens que mais impactaram as compras realizadas pelo Governo do Estado do Ceará foram a celeridade, a economia e a transparência. E como desvantagem apurou-se a queda na conexão da internet, a possibilidade de passada a fase de habilitação, existirem muitas empresas que não atendem às exigências previstas no edital do certame e a redução da segurança na administração quanto à idoneidade do licitante para executar a prestação contratual.

Com esta pesquisa foi possível concluir que o Governo do Estado do Ceará obteve êxito, no que diz respeito ao aspecto economicidade, na utilização do pregão eletrônico em suas aquisições de bens e serviços comuns. Verificou-se que o pregão eletrônico impactou financeiramente, de forma bastante positiva, as contratações no

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âmbito do Governo do Estado do Ceará, proporcionado uma economia de quase 2 bilhões de reais nos 03 anos analisado, representando uma média percentual de 34,52 %.

Dessa forma, após análise dos resultados encontrados com esta pesquisa, pode-se concluir que o pregão eletrônico apresenta diversas vantagens, mas também desvantagens para Administração Pública Estadual, de uma forma geral. Essas desvantagens precisam ser analisadas com cautela pelo governo e levadas em consideração na busca pelo aperfeiçoamento da gestão de compras públicas.

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