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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE CURSO DE DIREITO ANTONIO RIBEIRO VELOSO NETO O ATO INFRACIONAL E A EDUCAÇÃO BÁSICA COMO FATOR DE PROTEÇÃO OU DE RISCO. FORTALEZA 2014

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ

FACULDADE CEARENSE

CURSO DE DIREITO

ANTONIO RIBEIRO VELOSO NETO

O ATO INFRACIONAL E A EDUCAÇÃO BÁSICA COMO FATOR DE PROTEÇÃO

OU DE RISCO.

FORTALEZA

2014

ANTONIO RIBEIRO VELOSO NETO

O ATO INFRACIONAL E A EDUCAÇÃO BÁSICA COMO FATOR DE PROTEÇÃO OU

DE RISCO.

Monografia apresentada ao Centro

de Ensino Superior do Ceará-

Faculdade Cearense – FAC, como

requisito parcial para obtenção do

grau de Bacharel em Direito.

Orientador: Prof. Giovanni Baluz

de Almeida

FORTALEZA

2014

ANTONIO RIBEIRO VELOSO NETO

O ATO INFRACIONAL E A EDUCAÇÃO BÁSICA COMO FATOR DE PROTEÇÃO

OU DE RISCO.

Monografia apresentado ao Centro

de Ensino Superior do Ceará-

Faculdade Cearense – FAC, como

requisito parcial para obtenção do

grau de Bacharel em Direito.

Orientador:Prof. Giovanni Baluz

de Almeida

COMISSÃO EXAMINADORA

1° Examinador

................................................................

Prof. Roberto Sílvio de Morais Almeida

2ª Examinador

.................................................................

Profª. Ana Mary Mota

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, sobre todas as coisas, por todas as vitórias na minha vida.

Aos meus familiares que sempre estiveram ao meu lado diante de todas as dificuldades

encontradas ao longo do caminho.

Aos meus amigos, por tudo que já vivi com eles, pelo ombro amigo, por rirmos e por

chorarmos juntos.

Ao coordenador do Curso de Direito da Faculdade Cearense, Dr. Júlio Pontes.

Ao meu orientador, Giovanni Baluz de Almeida, pelo estímulo e pela colaboração

nessa trajetória.

Aos professores Roberto Sílvio de Morais Almeida e Alexandre Carneiro de Souza por

fazerem parteda banca examinadora.

Dedico esta graduação em Direito

ao meu neto Yan Gabriel.

“Do rio que tudo arrasta se diz

violento, porém ninguém diz

violentas as margens que o

comprimem.”

EugenBerthold Friedrich Brech

RESUMO

Esta monografia apresenta um estudo de cunho bibliográfico e documental acrescido de uma

entrevista com a mãe de um adolescente vitimado pela violência social e policial. Sob o

aspecto político, educacional e criminal, aborda-se a questão emblemática das políticas

públicas ineficientes. A educação básica e o ato infracional requereram desta monografia um

olhar sociológico, político e jurídico, visto que são assuntos complementares e entrelaçados

entre si necessitando de uma abordagem interdisciplinar. A delinquência infanto-juvenil

recebe um olhar especial sob o prisma dos fatores disseminadores da aprendizagem vicariante

de Albert Bandura (WIKIPEDIA, 2014), teoria “Social Cognitiva”. Já para Lev Semionovich

Vygotsky (WIKIPEDIA, 2014)“a atividade mental se constitui nas relações sociais, as quais

implicam em aprendizagem social”, teoria “A formação Social da Mente”.Busca-se identificar

nesta produção científica o processo social e jurídico da degenerescência social e

educacional,culminando com a exclusão social de crianças e de adolescentes. Estes atores são

vítimas da anomia social causada pela ineficácia de leis mortas prematuramente, lei nº

11.525/07 que incluiu o §5° no inciso IV do art. 32 da LDB - Lei n° 9.394/96. Estes

estressores ambientais potencializam os fatores de risco, eventos indutores do embrutecimento

de crianças e de adolescentes que proliferam órfãos de políticas públicas educacionais.

Portanto, carentes de fatores de proteção.

Palavras-chave: Anomia social. Letra morta da lei. Fatores de risco. Fatores de proteção.

ABSTRACT

This monograph presents a bibliographic and documentary evidence of study plus an

interview with the mother of a teenage victim of social violence and police. Under the

political, educational and criminal aspect deals with the flagship issue of inefficient public

policies. Basic education and the offense required this monograph a sociological, political and

legal look, as they are complementary subjects and closely interwoven requiring an

interdisciplinary approach. The juvenile delinquency receives a special look through the prism

of disseminators factors of vicarious learning Albert Bandura(WIKIPEDIA, 2014), theory

"Social Cognitive". As for Lev Vygotsky Semionovich (WIKIPEDIA, 2014) "mental activity

constitutes social relations, which imply social learning" theory "Social formation of the

Mind". The aim is to identify this scientific production the social and legal process of social

and educational degeneration, culminating in the social exclusion of children and adolescents.

These actors are victims of social anomie caused by the ineffectiveness of prematurely dead

Laws, Law No. 11,525 / 07 which included § 5 item IV of art. 32 of L.D.B. - Law No. 9.394 /

96. These environmental stressors potentiate the risk factors, brutalization of inducing events

of children and adolescents that proliferate orphans of educational public policies. Therefore,

lacking protective factors.

Keywords: Social Anomie. Dead Letter of the Law. Risk Factors. Protective Factors.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................................

2 ASPECTOS JURÍDICOS DA EDUCAÇÃO BÁSICA BRASILEIRA.............

2.1 A Educação Básica sob a Égide de Tratados Internacionais.....................

2.2 Plano Nacional de Educação Lei nº 13.005/14 – PNE..................................

2.3 Anomia Social Gera Pressupostos Incriminadores......................................

3 CRIANÇA E ADOLESCENTE SOB OS ASPECTOS PSICOSSOCIAIS ......

3.1 Estressores Ambientais e Fatores de Risco Induzem as Patologias

Psíquicas........................................................................................................................

3.2 Criança e Adolescente em Situação de Risco e o ato infracional........................

3.3 Da situação de risco a protagonista da violência...................................................

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................

REFERÊNCIAS ............................................................................................................

ANEXO...........................................................................................................................

9

14

14

17

22

26

26

35

37

43

46

49

9

1 INTRODUÇÃO

O presente estudo surgiu após se constatar o apelo social e legislativo pela

redução da maioridade criminal, antes mesmo de se buscar soluções nos assentos das salas de

aulas das escolas públicas municipais, estaduais, federais e particulares, como preconiza a lei

nº 11.525/07 art. 1º 1, que incluiu o § 5° no inciso IV do art. 32 da Lei de Diretrizes e Bases

para a Educação Nacional - LDB - Lei n° 9.394/962. Ademais existe uma tentativa secundária,

hipócrita, pressionando a redução da maioridade penal utilizando-se da extinção da tutela3 e

do curador4 para menor de 21 (vinte e um) anos e maior de 18 (dezoito) anos, visto que foi

revogado o art. 194 da lei nº 3.689/1941, Código de Processo Penal, pela Lei nº 10.792/20035

culminando com a revogação tácita do art. 2626da mesma lei, ou seja, lei nº 3.689/1941, bem

como da revogação explícita da redação do art. 36 da lei nº 8.069/90 7. Destarte fragiliza-se a

efetividade dos artigos: 3º, inciso I, e 4º, inciso I, da lei nº 10.406/2002, Código Civil

1Art. 1

o O art. 32 da Lei n

o 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescido do seguinte § 5

o.

“Art. 32.§ 5o O currículo do ensino fundamental incluirá, obrigatoriamente, conteúdo que trate dos direitos das

crianças e dos adolescentes, tendo como diretriz a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990, que institui o Estatuto da

Criança e do Adolescente, observada a produção e distribuição de material didático adequado.” (NR)

BRASIL, Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-

2010/2007/Lei/L11525.htm. Pesquisado em 26 nov 2014. 2Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-

se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão, mediante: (Redação dada pela Lei

nº 11.274, de 2006)

IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em

que se assenta a vida social.

§ 5o O currículo do ensino fundamental incluirá, obrigatoriamente, conteúdo que trate dos direitos das crianças e

dos adolescentes, tendo como diretriz a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990, que institui o Estatuto da Criança e

do Adolescente, observada a produção e distribuição de material didático adequado. (Incluído pela Lei nº

11.525, de 2007).

BRASIL, Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm.

Pesquisado em 26 nov 2014. 3Tutela significa o direito que uma autoridade recebe para zelar por um indivíduo menor de idade.Os menores

pesos estão na tutela do Juiz de menores.

Dicionário Informal. Disponível em: http://www.dicionarioinformal.com.br/curador/. Pesquisado em 26 nov

2014. 4Curador é qualquer cidadão que trata das questões do direito em nome de outros que são ou estão

incapacitados de fazê-lo.

Dicionário Informal.Disponível em: http://www.dicionarioinformal.com.br/tutela/. Pesquisado em 26 nov 2014. 5 Art. 194. Se o acusado for menor, proceder-se-á ao interrogatório na presença de curador.(Revogado pela Lei

nº 10.792, de 1º.12.2003)

BRASIL, Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-

lei/del3689.htm. Pesquisado em 26 nov. 2014. 6Art. 262. Ao acusado menor dar-se-á curador.

BRASIL, Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-

lei/del3689.htm. Pesquisado em 26 nov .2014. 7Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a pessoa de até vinte e um anos incompletos.

Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a pessoa de até 18 (dezoito) anos incompletos. (Redação

dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

BRASIL. Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm.

Pesquisado em 26/11/2014

10

Brasileiro8, macula-se o art. 27 da Lei 2.848/40

9e atropela a legislação Especial, lei nº

8.069/90, art. 10410

evidenciando-se a busca pela revogação lei nº 8.069/90 – ECA11

e a

repristinação12

da lei nº 6.697/79, Código de Menores13

.

A hipocrisia fica por conta do Inciso III, art. 279 da Lei nº 3.689/1941, “Não

poderão ser peritos: [...] III - os analfabetos e os menores de 21 anos” (grifo meu). Como se

podem notar os menores de 21 (vinte e um) anos não podem ser nomeados como perito, visto

que busca evitar que eventual ausência de amadurecimento do jovem possa contaminar a

busca da verdade real (grifo meu) (STJ, REsp 259.725/SP, DJ 18.02.2008).

A relevância de se abordar na presente monografia, de cunho bibliográfico e

documental, o tema “O ato infracional e a educação básica como fator de proteção ou de

risco”, com um viés educacional, sociológico, psiquiátrico, jurídico e político justifica-se pelo

aumento da discussão acerca do ato infracional, da evasão escolar, da redução da maioridade

penal constatada no crescente interesse social, bem como pela necessidade de se entender os

motivos endógenos14

e exógenos15

que transformam crianças e adolescentes, ambos

8Art. 3

o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:

I - os menores de dezesseis anos;

Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer:

I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;

BRASIL, Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm.

Pesquisado em 26 nov. 2014. 9Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas

estabelecidas na legislação especial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

BRASIL, Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-

lei/del2848.htm. Pesquisado em 26 nov. 2014. 10

Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei.

BRASIL, Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm.

Pesquisado em 26 nov .2014. 11

Estatuto da Criança e do Adolescente 12

É o fenômeno jurídico pelo qual uma lei volta a vigorar após a revogação da lei que a revogou.

DIREITONET. Estatuto da Criança e do Adolescente. Disponível

em:http://www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/750/Repristinacao. Acesso em 26 nov. 2014. 13

Em 1927 é promulgado o primeiro Código de Menores do Brasil (Decreto nº 17943-A, de 12 de outubro de

1927) no qual a criança merecedora de tutela do Estado era o "menor em situação irregular". Silveira (1984, p.

57) entende que este conceito vem a superar, naquele momento histórico, a dicotomia entre menor abandonado e

menor delinqüente, numa tentativa de ampliar e melhor explicar as situações que dependiam da intervenção do

Estado. O Poder Judiciário cria e regulamenta o Juizado de Menores e todas suas instituições auxiliares. O

Estado assume o protagonismo como responsável legal pela tutela da criança órfã e abandonada. A criança

desamparada, nesta fase, fica institucionalizada, e recebe orientação e oportunidade para trabalhar.

O Código de Menores de 1979 traz um dispositivo de intervenção do Estado sobre a família, que abriu caminho

para o avanço da política de internatos-prisão. O princípio de destituição de o pátrio poder baseado no estado de

abandono, através da sentença de abandono, possibilitou ao Estado recolher crianças e jovens em situação

irregular e condená-los ao internato até a maioridade.

PAES, Janiere Portela Leite.O Código de Menores e o Estatuto da Criança e do Adolescente: avanços e

retrocessos –Disponível em: http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/o-c%C3%B3digo-de-menores-e-o-

estatuto-da-crian%C3%A7a-e-do-adolescente-avan%C3%A7os-e-retrocessos. Acesso em 26 nov. 2014. 14

Endógeno diz-se da formação ou constituição que possui início e se desenvolve por dentro, no interior;

11

submetidos a fatores de risco, tornam-se protagonistas da violência. Portanto, é de vital

importância haver um estudo acerca das matérias em tela que tem impacto direto, na

atualidade, sobre o tratamento constitucional que dispensamos ao princípio basilar da Carta

Magna de 198816

. A monografia propõe-se, então, a contribuir singelamente no trabalho de

formiguinha para suprir esta lacuna colossal.

Neste estudo acadêmico vai se verificar o foco radiador pretérito e atual da

delinquência infanto-juvenil a partir de condutas antissociais, reflexas do legado histórico de

violências protagonizadas pela humanidade ao longo dos tempos. Este legado maléfico

desemboca de forma avassaladora no seio das escolas públicas Municipais e Estaduais, tendo

como vetor o corpo discente e como vítima toda a sociedade causando, inclusive aos

protagonistas do ato infracional, ou seja, a crianças e a adolescentes, sequelas imensuráveis.

Busca-se neste trabalho científico responder o questionamento sobre: até que

ponto a desobediência a lei nº 11.525/2007, art. 1º, pelo poder público, confirmam um estado

permanente de violência infanto-juvenil deflagrada historicamente pelo Estado Juiz?

Desencadear a discussão sobre a relevância da Educação Básica17

para o desenvolvimento

cognitivo, moral, psicológico e social na vida de crianças e de adolescentes é o objetivo geral

desta monografia.

Quanto aos objetivos específicos pretende-se compreender a dinâmica social do

ato infracional dentro das escolas públicas municipais e estaduais cearenses sob o prisma

sociológico, filosófico e jurídico. Identificados e compreendidos os fatores de risco que

viabilizam a violência escolar apontar soluções através da efetivação da lei nº 11.525/2007,

que inseriu o §5º no inciso IV do art. 32 da Lei nº 9.394/9618

- LDB, como fator de proteção

Dicionário de Português Online. Léxico. Disponível em: http://www.lexico.pt/endogeno/. Acesso em 26 nov.

2014. 15

Exógeno é aquilo que é de origem externa. Produzido por fatores externos a um objeto, processo ou fenômeno.

Exemplo: as causas exógenas do desenvolvimento demográfico são a disponibilidade de recursos naturais e as

oportunidades econômicas.

Dicionário Informal - http://www.dicionarioinformal.com.br/ex%C3%B3geno/. Acesso em 26 nov. 2014. 16

Princípio da Dignidade da Pessoa Humana 17

LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.

TÍTULO V - Dos Níveis e das Modalidades de Educação e Ensino - CAPÍTULO I: Da Composição dos Níveis

Escolares - Art. 21. A educação escolar compõe-se de: I - educação básica, formada pela educação infantil,

ensino fundamental e ensino médio; II - educação superior. CAPÍTULO II: DA EDUCAÇÃO BÁSICA - Seção

I: Das Disposições Gerais - Art. 22. A educação básica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-

lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no

trabalho e em estudos posteriores.

BRASIL, Presidência da República. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Disponível

em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm.Acesso em 26 nov. 2014. 18

Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional.

12

para inibir a prática do ato infracional pelo corpo discente da Educação Básica, bem como

assegurar o exercício pleno da vocação docente pelos professores da rede pública de ensino.

A hipótese levantada consiste na relevância social que os fatores de risco

potencializados pela ausência do princípio da proteção integral na vida de milhões de crianças

e de adolescentes, negado pelo Estado Juiz devido à incúria estatal, consubstanciada na

desobediência estatal à lei nº 11.525/2007, desencadeiam no seio das escolas públicas

municipais e estaduais um estado patológico de anomia social19

.

Esse estado decrépito dá vazão a ilícitos penais contra a população infanto-juvenil

praticados por adultos, bem cômodo ato infracional praticado pelo público infanto-juvenil

contra crianças, adolescentes e adultos.

Sobre os aspectos metodológicos deste trabalho, esta monografia compõe-se de

uma pesquisa bibliográfica, desenvolvida através da consulta e da análise da literatura

publicada em livros, dados oficiais pesquisados na internet, imprensa escrita, artigos, entre

outros. Enfim, dados que abordem direta ou indiretamente o tema em análise.

Estes são pressupostos indispensáveis na busca da compreensão do ato infracional

e no encaminhamento social, clínico, jurídico e educacional do fenômeno da violência

infanto-juvenil. Diante da leitura dos modus operandi da construção da violência pelos atores

sociais: comunidade, família, Estado Juiz e população infanto-juvenil. Ter-se-á um

aprofundamento teórico fundamentado nos estudos de renomadas autoridades globais na área

da educação, sociologia, filosofia, psiquiatria e na área jurídica, dentre outras. Com o auxílio

destes renomados estudiosos se compreenderá o traço peculiar do comportamento e conduta

de uma pessoa, de um grupo, ou seja, a idiossincrasia social e educacional brasileira sob o

prisma da lei nº 11.525/07 que incluiu o §5° no art. 32, inciso IV da LDB - lei n° 9.394/96 e

de leis correlatas.

Logicamente não se objetiva esgotar o assunto sobre “O ato infracional e a

educação básica como fator de proteção ou de risco”, porque sendo fenômeno social com

desdobramento nas políticas públicas, mediados por composições político-partidárias com

anuência do analfabetismo funcional eleitoral, a educação básica e o ato infracional sofrem

19

(...) A anomia surge quando as normas de conduta estabelecidas como regras pela sociedade para se alcançar

metas sociais não estão devidamente integradas nestas. A anomia ocorre, pois, quando os indivíduos se sentem

incitados a violar as normas para poder alcançar as metas. Também poderá surgir anomia social,

ainda segundo Merton, quando a cultura der mais importância ao alcance das metas (os valores que definem as

metas) do que às normas sociais ou regras para se atingirem aquelas de modo legítimo (valores que definem as

normas sociais). Assim, quando os grupos sociais aceitam aquele que atinge as metas sociais, mesmo matando

ou por outros meios ilícitos, está-se a fomentar o estado de anomia na sociedade. (...)

13

modificações quanto às suas formas, aos seus gêneros e às suas texturas. Destarte para se

atender às demandas sociais camaleônicas e os interesses de classes abastadas, arraigadas nas

interações politizadoras do poder e na dinâmica social canibalesca, necessita-se compreender

que a sociedade sempre proporcionará o desprazer de se ter que conviver com a busca insana

e egoísta da satisfação de interesses pessoais. Esta é a prática social proliferada geneticamente

e ou socialmente estudada pela sociologia e discutida sob o prisma da psiquiatria, ou seja,

pulsão de vida e pulsão de morte20

, por Freud e por Reich.

20

Conforme Freud:Em 1930, em “O Mal-Estar na Civilização”, a sociologia, a política e a história constituem

objetos de suas reflexões, produzindo um texto marcante onde ele apresenta uma visão da natureza humana que

teve grande impacto por causa da profundidade e da crueza com a qual retratou a humanidade. Para ele, os seres

humanos são criaturas entre cujos dotes instintivos deve-se levar em conta uma poderosa quota de

agressividade (grifo nosso). Em resultado disso, o seu próximo é, para eles, não apenas um ajudante potencial

ou um objeto sexual, mas também alguém que os tenta a satisfazer sobre ele a sua agressividade, a explorar sua

capacidade de trabalho sem compensação, utilizá-lo sexualmente sem o seu consentimento, apoderar-se de suas

posses, humilhá-lo, causar-lhe sofrimento, torturá-lo e matá-lo. (Freud, 1930/1974, p. 133). REGO, R. A.

Psicanálise e biologia: uma discussão da pulsão de morte em Freud e Reich. Disponível em:

http://www.ibpb.com.br/RicardoRegoTese.pdf. Acesso em 10 nov. 2014. p. 8.

Segundo Reich (1933/1995, p. 222) livro “Análise do Caráter” como o capítulo XI, Reich (1933/1995, p. 222)

comenta que “na teoria original, dizia-se que o sofrimento provinha ‘do mundo externo, da sociedade’. Agora se

diz que deriva ‘da vontade biológica de sofrer, da pulsão de morte e da necessidade de punição’.” Segundo ele, a

teoria da pulsão de morte remontou o conflito psíquico aos elementos internos e diminuiu, cada vez mais, o

papel supremo do mundo externo (grifo nosso), frustrante e punitivo (...) essa nova formulação bloqueou o

caminho para a sociologia do sofrimento humano (grifo nosso) (...) a formulação original do conflito psíquico

leva a uma crítica do sistema social. (idem). Comenta criticamente a obra “O Mal-Estar na Civilização”, de

Freud, dizendo que nela “... afirma-se que o sofrimento humano é inextirpável porque os impulsos destrutivos e

os impulsos empenhados na autodestruição não podem ser dominados.” (ibidem).

O sofrimento provém da sociedade. Por isso, temos toda razão em perguntar por que a sociedade produz

sofrimento e a quem isso interessa (...) os aspectos de nossa vida cultural que parecem ser autodestrutivos não

são manifestações de ‘pulsões de auto-aniquilamento’; são manifestações de intenções destrutivas muito

verdadeiras de uma sociedade autoritária, interessada na repressão da sexualidade. (ibidem, p. 263-264).

Estes fragmentos foram retirados da Tese “Psicanálise e biologia: uma discussão da pulsão de morte em Freud e

Reich” de Ricardo Amaral Rego apresentada ao Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo como parte

dos requisitos para obtenção do título de Doutor em Psicologia. Orientador: Prof. Dr. Paulo Albertini.

14

2 ASPECTOS JURÍDICOS DA EDUCAÇÃO BÁSICA BRASILEIRA

2.1 A educação básica sob a égide constitucionalista e de tratados internacionais.

O descaso educacional pela desobediência aos textos constitucionais, enriquecidos

pelos Tratados Internacionais, tendo como gênero o abandono estatal, protagonizado por

políticas públicas deficitárias, dá vasão ao extermínio cognitivo de crianças e de adolescentes

no Brasil, em especial no Estado do Ceará, em proporções epidemiológica devido à falta da

aplicação do princípio da proteção integral. A previsão Constitucional da CF/88, art. 227,

caput, Constituição do Estado do Ceará de 1989, art. 279 e Lei nº 8.069/90, art. 1º, arraigado

na Declaração Mundial sobre Educação para Todo se aprovada pela Conferência Mundial

sobre Educação para Todos em Jomtien, Tailândia, Março de 1990.

Fazendo o simples, o trivial, o politicamente correto propiciaria um engajamento,

dos mesmos, na vida social harmoniosa com as Leis, em que estão assegurados os direitos e

as garantias fundamentais previstos no art. 5º da CF/88. Da mesma forma está previsto no art.

227 da CF/88, com absoluta prioridade para a criança, o princípio da proteção integral. Esta é

a redação dada pela Emenda Constitucional nº 65 de 2010 ao art. 227 da CF/1988.

Corroborando com esta garantia constitucional a Constituição do Estado do Ceará

ratifica este direito fundamental, no seu art. 279 “O Estado deverá assumir, prioritariamente, o

amparo e a proteção às crianças e adolescentes em situação de risco, zelando para que os

programas atendam às características culturais e socioeconômicas locais”21

.

O dever de educar é de todos, no entanto a responsabilidade subjetiva22

de

oferecer uma escola pública inclusiva formadora do corpo discente pautada no princípio da

dignidade da pessoa humana e arraigada no princípio da proteção integral é do Estado. É o

que preconiza o art. 5ºda lei 9.394/96 – LDB 23

.

21

Constituição do Estado do Ceará de 1989- Editora Inesp - Pág. 194 22

...(...) A paulatina contemplação do direito à educação no cenário mundial e pátrio, com a conseqüente

sedimentação da universalidade hodiernamente verificada, permitiu a integração da educação fundamental ao

denominado mínimo existencial, que indica o conteúdo mínimo e inderrogável dos direitos fundamentais. Além

dessa perspectiva historicista, a Constituição de 1988, em seu art. 208, § 1º, tornou incontroversa a

imediata exigibilidade desse direito junto ao Poder Público, erguendo-o à condição de direito subjetivo

público. Tratando-se de norma de eficácia plena e aplicabilidade imediata, a não oferta do ensino

fundamental ou a sua oferta irregular autoriza a sua imediata sindicação junto ao Poder Judiciário (grifo

nosso). [...].

GARCIA, Emerson. O Direito à Educação e suas Perspectivas de Efetividade. Disponível

em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_57/Artigos/Art_Emerson.htm. Acesso em 26 nov 2014.

23

Art. 5o O acesso à educação básica obrigatória é direito público subjetivo (grifo meu), podendo qualquer

cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária, organização sindical, entidade de classe ou outra legalmente

constituída e, ainda, o Ministério Público, acionar o poder público para exigi-lo. (Redação dada pela Lei nº

12.796, de 2013)

15

Observa-se que o dever de educar e de prestar o serviço de educação com absoluta

prioridade para as crianças e com inequívoca qualidade é responsabilidade subjetiva do

administrador público da pasta do Executivo Federal, do Estadual e do Municipal. Destarte

assevera a Constituição Federal de 1988 no seu Art. 208, §2º: Art. 208 “O dever do Estado

com a educação será efetivado mediante a garantia de:§ 2º - O não oferecimento do ensino

obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da

autoridade competente”.

O que se depreende da forma simplória, como é encarada a educação no país, é

que está consubstanciado o interesse explícito dos governantes em inviabilizar a continuidade

da captação do conhecimento através do ensino elaborado, haja vista a precariedade da oferta

da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, ou seja, da Educação

Básica, nos estabelecimentos públicos de educação, de escolas públicas municipais e de

escolas estaduais. Destarte deixar inerte a educação básica, que são a educação infantil, o

ensino fundamental e o ensino médio garante aos apátridas a continuidade da supremacia

burguesa e que estas mazelas políticas jamais irão emergir do poço de lama que é a política

nacional.

Bastaria juntar os pontinhos parasse ter uma visão jurídica e social do descaso

como é enfrentada a Educação Básica no Brasil, ou seja, passando pelo artigo 208, §2º da

Constituição Federativa do Brasil, c/c §3º, art. 5º da Lei nº 9.394/96.

Deste modo poderia se cobrar uma maior efetividade das subservientes casas

Legislativas Federais, Estaduais e Municipais, dos Tribunais de Justiça, omissos quando

solicitados, da sociedade civil desinformada, do Parquet amordaçado e da última instância do

Judiciário centro político do poder, para excluirmos da vida pública os maus homens públicos

do executivo municipal, estadual e federal.

Corroborando com o clima de iniquidades instaladas no “ceio da pátria amada

gentil” temos nos motivos inerentes a uma perpetuação da impunidade do crime de formação

de quadrilha ou bando, devido a uma "maioria de circunstância", que estão configurados na

declaração do Ex-Presidente da Suprema Corte Brasileira, Joaquim Barbosa, uma

demonstração cabal do grau de promiscuidade institucionalizada que reina no submundo da

política escusa, haja vista que o crime de formação de quadrilha ou bando, hoje, associação

criminosa por força da lei nº 12.850/2013, que alterou o art. 288 da lei nº 2.848/1940 – CPB

BRASIL, Presidência da República. Lei nº 12.796, de 2013. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em 27 nov. 2014.

16

(Código Penal Brasileiro) - são praticados diuturnamente por pseudas autoridades do

Executivo Federal, Distrital, Estadual e Municipal, ambas acomunados devido a uma "maioria

de circunstância". Esses delitos, amplamente divulgados pela mídia, estão relacionados a tudo

que envolve as políticas públicas, dentre elas a educação. Segundo a página na internet UOL

notícias o ex-presidente da Suprema Corte Brasileira, Joaquim Barbosa, manifestou-se:

Após o STF (Supremo Tribunal Federal) absolver nesta quinta-feira (27) oito réus

do mensalão da acusação por formação de quadrilha, o ministro Joaquim

Barbosa(grifo meu) fez um desabafo antes do intervalo da sessão. O presidente da

Suprema Corte criticou os pares e, indiretamente, a presidente Dilma Rousseff, ao

afirmar que se formou no tribunal uma "maioria de circunstância".

"Sinto-me autorizado a alertar a nação brasileira de que este é apenas o primeiro

passo. Esta maioria de circunstância tem todo tempo a seu favor para continuar

nessa sua sanha reformadora", disse. "Essa maioria de circunstância [foi] formada

sob medida para lançar por terra todo um trabalho primoroso, levado a cabo por esta

corte no segundo semestre de 2012", disse o ministro.

Quando fala em maioria circunstancial, Barbosa refere-se à nomeação dos

ministros Luís Roberto Barroso eTeori Zavascki, indicados por Dilma para os

lugares de Ayres Britto e Cezar Peluso, que em 2012 votaram pela condenação dos

réus por formação de quadrilha. Barroso e Zavascki tiveram entendimento diferente

dos antecessores e foram decisivos para absolver os réus [...]. (CALGARO,

BALZA, 2014)24

Não é tema principal, de esta monografia abordar com profundidade, as

medidas jurídicas cabíveis aos inúmeros casos recorrentes do crime de responsabilidade, em

tese, tipificado na lei 12.850/2013, ou seja, “organização criminosa”, praticados por pseudas

autoridades do executivo brasileiro e aqueles que atipicamente o exerce. Iremos nos deter na

falta do cumprimento das normas pré-estabelecidas constitucionalmente que caracteriza o

crime de responsabilidade e favorece a disseminação do ato infracional praticado por crianças

e por adolescentes, dentro das escolas públicas Estaduais e Municipais do Ceará. Apenas

como título informativo uma das soluções seria o acionamento do Tribunal Penal

Internacional, visto que o seu objetivo é promover o Direito Internacional e seu mandato é de

julgar os indivíduos e não os Estados (tarefa do Tribunal Internacional de Justiça). “Ela é

competente somente para os crimes mais graves cometidos por indivíduos: genocídios, crimes

de guerra, crimes contra a humanidade (grifo meu) e os crimes de agressão”.25

(WIKEPÉDIA, 2014, on line)

24

CALGARO, Fernanda. BALZA, Guilherme. Julgamento do mensalão. Disponível em:

http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2014/02/27/aviso-o-brasil-que-e-so-o-comeco-diz-barbosa-

apos-derrota-no-stf.htm. Acesso em 26 nov. 2014 25

Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Corte_Penal_Internacional. Acesso em 25 nov. 2014.

17

Coadunando com este entendimento, do crime contra a humanidade, observa-se

no trabalho científico do Promotor de Justiça da Paraíba, Valério Bronzeado26

, embasamento

doutrinário quanto ao entendimento jurídico que poderia se transformar em práticas

denunciadoras para desestimular o crime de responsabilidade, evidenciado pelo oferecimento

inadequado da educação básica nos Estados e nos Municípios brasileiros, visto que conforme

o Promotor de Justiça, Valério Bronzeado, a sociedade deve absorver a ideia legalista de

repúdio contra governantes negligentes que deixam crianças ou adolescentes fora da escola.

Destarte cometem crime contra a humanidade.

A portaria nº11, de 18 de junho de 2012, que deflagrou o inquérito civil público nº

1.29.017.000178/2011-69 oriundo do Ministério Público Federal versa sobre irregularidades

no plano pedagógico de escolas do município de Canoas/RS, especificamente no que delibera

o § 5º do inciso IV do art. 32 da Lei nº 9.394/96 – LDB, ou seja, obrigatoriedade da inclusão

de disciplinas com conteúdo que trate dos direitos das crianças e dos adolescentes tendo como

diretriz curricular a Lei nº 8.069/90 - ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente, por força

do dispositivo infralegal, lei nº 11.525/07, art. 1º.

Todo este entendimento está esculpido na Constituição Federal do Brasil, leis

infraconstitucionais e em tratados e acordos em que o Brasil é signatário em matéria sobre

Direitos Humanos, a saber: Convenção sobre os Direitos da Criança adotada em assembleia

geral das Nações Unidas em 20 de novembro de 1989, art. 1º e art. 28, inciso I, alínea “e”27

.

2.2 Plano Nacional de Educação Lei nº 13.005/14 – PNE

Uma das formas do Estado violentar seu povo é promulgar uma Constituição

assegurando direitos e garantias fundamentais nos seus artigos e ficar na dependência do

Legislativo elaborar leis específicas, que delibere sobre o tema, regulamentando-os

minuciosamente com direitos, com garantias e com deveres. Agora violência maior é

constatar que existem leis infraconstitucionais no ordenamento jurídico pátrio e internacional

26

E-mail: valé[email protected].

27

Art.1. Para efeitos da presente convenção considera-se como criança todo ser humano com menos de 18

anos de idade (grifo nosso), a não ser que, em conformidade com a lei aplicável à criança, a maioridade seja

alcançada antes.

Art.28. 1 – Os Estados Partes reconhecem o direito da criança à educação e (grifo meu), a fim de que ela

possa exercer progressivamente e em igualdade de condições esse direito, deverão especialmente:

e) adotar medidas para estimular a freqüência regular às escolas e a redução do índice de evasão escolar

(grifo nosso).

2 – Os Estados Partes adotarão todas as medidas necessárias para assegurar que a disciplina escolar seja

ministrada de maneira compatível com a dignidade humana e em conformidade com a presente

Convenção (grifo nosso)

BRASIL, Unicef. Convenção sobre os Direitos da Criança. Disponível em:

http://www.unicef.org/brazil/pt/resources_10127.htm. Acesso em 27 nov. 2014.

18

sendo ignoradas. É o caso da lei nº 11.525/07 que incluiu o §5° no inciso IV do art. 32 da

LDB - lei n° 9.394/96, fundamentada na Declaração Mundial sobre Educação para Todos:

satisfação das necessidades básicas de aprendizagem (JOMTIEN, 1990). Infelizmente o §, 5°

do inciso IV no art. 32 da LDB - lei n° 9.394/96 é utilizada de forma tímida, ou seja, diluída

em doses paliativas nas estratégias das ações pertinentes aos direitos e às garantias

educacionais da criança e do adolescente, em detrimento de uma atenção especial no que diz

respeito à obrigatoriedade de se utilizar como Matriz Curricular a lei específica, ou seja, lei nº

8.069/90, ECA, arraigado no Princípio da Proteção Integral.

O Plano Nacional de Educação, lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014, conta com

254 (duzentos e cinquenta e quatro) estratégias distribuídas em 20 (vinte) metas priorizando

objetivos sócios educacionais relevantes sob o amparo de estratégias norteadoras dos

currículos do ensino fundamental. Em quase nada contempla de forma explicita a lei nº

11.525/07, que incluiu o §, 5° no inciso IV do art. 32 da lei n° 9.394/96 – LDB.

É competência de a União exercer com exclusividade sobre as diretrizes e sobre as

bases da educação nacional. É o que se depreende do Título III, Da Organização do Estado,

capítulo II: da união, art. 21 da Constituição Federal de 1988.

Os entes federados não cumprem o que prescreve a legislação pátria e a grande

maioria dos Ministérios Públicos Federais e Estaduais não o fazem cumprir de forma

universal as determinações expressas da lei ordinária nº 11.525/07, que incluiu a

obrigatoriedade no currículo do ensino fundamental, portanto, da Educação Básica, de

conteúdos envolvendo direitos das crianças e dos adolescentes tendo como referencial jurídico

educacional para as matrizes curriculares a lei nº 8.069/90 - ECA. Destarte se macula as

diretrizes do próprio Plano Nacional de Educação, lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014, art.

2º, incisos I ao X28

, em cumprimento ao disposto no art. 214 da Constituição da República

28

Art. 2o São diretrizes do PNE:

I - erradicação do analfabetismo;

II - universalização do atendimento escolar;

III - superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de todas

as formas de discriminação;

IV - melhoria da qualidade da educação;

V - formação para o trabalho e para a cidadania, com ênfase nos valores morais e éticos em que se fundamenta a

sociedade;

VI - promoção do princípio da gestão democrática da educação pública;

VII - promoção humanística, científica, cultural e tecnológica do País;

VIII - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do Produto

Interno Bruto - PIB, que assegure atendimento às necessidades de expansão, com padrão de qualidade e

equidade;

IX - valorização dos (as) profissionais da educação;

X - promoção dos princípios do respeito aos direitos humanos, à diversidade e à sustentabilidade socioambiental.

19

Federativa do Brasil de 1988, previsto no art. 1º do PNE29

– Plano Nacional de Educação com

vigência de 10 (dez) anos, 2014 a 2024.

Omissão maior não se consubstanciou na Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014,

PNE - Plano Nacional de Educação, com duração de dez anos, visto que a lei nº 11.645/2008

acrescentou o artigo 26-A na lei no 9.394/96, que trata da inclusão no currículo oficial da rede

de ensino público e privado a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira

e Indígena”, sendo este artigo, 26-A, acolhido na íntegra pela lei nº 13.005/14, PNE, no anexo

das metas e das estratégias.

Não se sabe o porquê da ausência da lei nº 11.525/07 que incluiu o §5° no art. 32,

inciso IV da LDB - lei n° 9.394/96 norteando as propostas pedagógicas de cunho nacional,

porque enquanto os interesses educacionais das crianças e dos adolescentes estão sendo

sintetizada em currículos direcionados por diretrizes tímidas no Plano Nacional de Educação,

a violência “intramuros escolar” está se proliferando em escala epidemiológica no corpo

social.

O ordenamento jurídico brasileiro possui um instituto jurídico específico- lei nº

8.069/90- Estatuto da Criança e do Adolescente que somado ao que assevera o §5° do inciso

IV no art. 32 da LDB - lei n° 9.394/96 e efetivado na lei nº 13.005/14, PNE, no anexo das

metas e das estratégias daria uma contribuição decisiva para se enfrentar a problemática social

da violência escolar, a contra senso se estar fragilizando, dessa forma, o currículo da

Educação Básica Nacional.

Fazendo-se uma leitura simples do Art. 3o da lei nº 13.005, de 25 de junho de

2014, PNE - Plano Nacional de Educação chega-se a conclusão que para as metas prevista

nessa lei, PNE, poderá demora até 10 (dez) anos para serem implantadas o que se dirá dos

dispositivos legais pertinentes a matéria, ou seja, lei nº 11.525/07 que incluiu o §5° no art. 32,

inciso IV da LDB- lei n° 9.394/96que nem foram suscitados explicitamente.

O Ministério da Educação, a Secretaria de Educação Básica, a Diretoria de

Concepções e Orientações Curriculares para Educação Básica e a Coordenação-Geral do

Ensino Fundamental utilizam a lei n° 9.394/96 - LDB como pressuposto legitimador de suas

JUSBRASIL.Plano Nacional de Educação. Disponível

em:http://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/125099097/lei-13005-14. Acesso em 27 nov. 2014. 29

Art. 1o É aprovado o Plano Nacional de Educação - PNE, com vigência por 10 (dez) anos, a contar da

publicação desta Lei, na forma do Anexo, com vistas ao cumprimento do disposto no art. 214 da Constituição

Federal.

JUSBRASIL.Plano Nacional de Educação. Disponível

em:http://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/125099097/lei-13005-14. Acesso em 27 nov. 2014.

20

ações, em especial o Conselho Nacional de Educação, que possui funções normativas e de

supervisão elaborando diretrizes e orientações. Tal incumbência está prevista no artigo 9º,

parte 1ª, da LDB 9.394/96. Para tristeza da Educação Básica Nacional a cartilha divulgada em

setembro de 2009, “Ensino Fundamental de Nove Anos: Passo a Passo do Processo de

Implantação, 2ª edição”, e chancelada por órgãos governamentais, ignora leis

infraconstitucionais obrigatórias, ou seja, lei nº 11.525/07 e lei nº 11.645/08. Esta lei nº

11.645/08foi esquecida pela cartilha divulgada em setembro de 2009, 2ª edição, no entanto foi

contemplada pela lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014, PNE - Plano Nacional de Educação,

com duração de dez anos, no anexo das metas e das estratégias, 7ª meta, no item 7.25 das

estratégias. Aquela lei nº 11.525/07 foi ignorada completamente por ambas, renegada ao

esquecimento.

A Lei nº 11.525/07 que incluiu o §5° no art. 32, inciso IV da LDB (Lei de

Diretrizes e Bases para a Educação Nacional) - Lei n° 9.394/96, não assume um papel

principal na construção da cidadania participativa infanto-juvenil e na restruturação da

convivência pacífica do corpo discente com o corpo docente das escolas públicas municipais e

estaduais, estuário do ato infracional, pela incúria e ou incompetência administrativa das

pseudas autoridades do Executivo que configura, em tese, crime de responsabilidade, segundo

o que se depreende do artigo 208, inciso VII, §§ 1º, 2º e 3º da Constituição da República

Federativa do Brasil de 1988.

Coadunando com o art. 13 do CPB, do crime, relação de causalidade30

e art. 136, §

3º do CPB, crime de maus-tratos31

no dia 26 de Junho de 2014 a Presidência da República,

sua excelência a presidenta Dilma Rousseff, sancionou a Lei Ordinária nº 13.010/1432

30

Art. 13- O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa.

Considera-se causa a ação ou omissão (grifo nosso) sem a qual o resultado não teria ocorrido. (Redação dada

pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). 31

Art. 136- Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de

educação, ensino,tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis (grifo

nosso), quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou

disciplina (grifo nosso).

§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos (grifo

nosso). (Incluído pela Lei nº 8.069, de 1990)”

BRASIL, Presidência da República - Decreto-lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Disponível em :

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm. Acesso em 27 nov. 2014. 32

Art. 1o A Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), passa a vigorar

acrescida dos seguintes arts. 18-A, 18-B e 70-A:

Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou

de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro

pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos

executores de medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los,

educá-los ou protegê-los. (grifo nosso).

21

incluindo dispositivos legais acrescentou na lei nº 8.069/90 os artigos 18-A, 18-B e 70-A e

alterando a redação do art. 13 da mesma lei, lei nº 8.069/90. Da mesma forma a mesma lei

alterou a lei nº 9.394/96 incluindo o §9º no artigo 26. Ambos os dispositivos legais asseguram

direitos e dever/direito, direitos para crianças e adolescentes em situação de risco e

dever/direito para os Conselhos Tutelares e garantidores.

A sociedade brasileira vive um momento triste em sua história, devido à escalada

da violência infanto-juvenil e a impotência do poder público municipal, estadual e federal em

propiciar fatores de proteção pertinentes à educação de qualidade e de medidas

socioeducativas ressocializadoras.

Um bom começo poderia ser a efetivação da lei nº 11.525/07, que incluiu o §5° no

art. 32, inciso IV da L.D.B - lei n° 9.394/96, em parceria com a Lei Ordinária nº 13.010/14

que acrescentou dispositivos legais as leis: lei nº 8.069/90 os artigos 18-A, 18-B e 70-A e lei

nº 9.394/96 incluindo o §9º no artigo 26. Destarte contar-se-ia com a efetivação do princípio

norteador do E.C.A, ou seja, o Princípio da Proteção Integral interagindo na conscientização

cidadã através do conhecimento jurídico, evitando assim a migração para o ato infracional na

sua forma embrionária, indisciplina escolar.

Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, os responsáveis, os agentes públicos executores de

medidas socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de crianças e de adolescentes, tratá-

los, educá-los ou protegê-los que utilizarem castigo físico ou tratamento cruel ou degradante como formas

de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto estarão sujeitos, sem prejuízo de outras

sanções cabíveis, às seguintes medidas, que serão aplicadas de acordo com a gravidade do caso (grifo

nosso):

Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão atuar de forma articulada na

elaboração de políticas públicas e na execução de ações destinadas a coibir o uso de castigo físico ou de

tratamento cruel ou degradante e difundir formas não violentas de educação de crianças e de adolescentes, tendo

como principais ações:

II - a integração com os órgãos do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública, com o

Conselho Tutelar, com os Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente e com as entidades não

governamentais que atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do adolescente; (grifo

nosso).

Art. 2o Os arts. 13 e 245 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, passam a vigorar com as seguintes alterações:

Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-

tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva

localidade, sem prejuízo de outras providências legais (grifo nosso) (NR).

Art. 245. (VETADO)

Art. 3o O art. 26 da Lei n

o 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional),

passa a vigorar acrescido do seguinte § 9o:

“Art. 26 [...]

§ 9o Conteúdos relativos aos direitos humanos e à prevenção de todas as formas de violência contra a criança e o

adolescente serão incluídos, como temas transversais, nos currículos escolares de que trata o caput deste artigo,

tendo como diretriz a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), observada a

produção e distribuição de material didático adequado. (NR)

BRASIL, Presidência da República. Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996.Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13010.htm. Acesso em 27 nov. 2014.

22

A indisciplina escolar, conduta posterior ao “déficit de atenção e a

hiperatividade”, causa ato infracional consubstanciado em injúria simples, caput do art. 140

do Decreto-Lei nº 2.848/40;injúria qualificada pelo preconceito, art. 140, §3º do Decreto-Lei

nº 2.848/40. Incluída pela Lei nº 9.459, de 1997,a injúria real, art. 140, §2º do Decreto-Lei nº

2.848/40. O crime de Injúria atinge a honra subjetiva da vítima, que é aquilo que a pessoa

pensa de si mesma, é a sua autoestima. As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um

terço se qualquer dos crimes é cometido contra funcionário público, como por exemplo, um

professor da rede de ensino pública Municipal e Estadual em razão de suas funções. Essa é a

leitura que se depreende do art. 141, inciso III do Decreto-Lei nº 2.848/40.

Outro crime praticado reiteradamente por alunos da Escola Pública Municipal e

Estadual é o dano qualificado, art. 163, parágrafo único, inciso III.

A obediência a Lei Ordinária nº 13.010/14, nos trará um benefício inestimável

impondo a presença do Conselho Tutelar nas escolas como mediador dos casos concretos de

ilícitos penais, cometidos pelo núcleo gestor e professores contra alunos e atos infracionais

cometidos pelo corpo discente infanto-juvenil contra seus pares, núcleo gestor, professores e

ao patrimônio público. Haja vista que o Conselho Tutelar é amparado legalmente e com

legitimidade eleitoral, conforme texto da lei nº 12.696/12 que alterou os artigos 132, 134, 135

e 139 da lei nº 8.069/90.

2.3 Anomia Social Gera Pressupostos Incriminadores

A atual sociedade vive um momento delicado, visto que é notória a impotência

estatal em controlar a violência conforme preconiza os órgãos de segurança pública, elencadas

no artigo 144 da CF/88, polícia militar, polícia civil e polícias federais. Sabe-se que o

problema da violência consubstanciada em crime, contravenção penal e ato infracional, não se

resolvem apenas com repressão armada e sim sendo proativo nas ações sociais de cunho

social e educativo. A falta de cumprimento às normas existentes, já amplamente retratada

neste capítulo, lei nº 11.525/07, leva a convivência diuturna com centenas de milhares de

casos, não veiculado pela mídia, mas suportado pelos núcleos gestores e pelos professores (as)

da rede de ensino público municipal e estadual do Brasil, praticados pelo corpo discente em

forma de “ato infracional equiparado a crime e a contravenção penal”. Destarte as escolas

públicas municipais e estaduais brasileiras se transformaram em “replicadores wireless” e até

mesmo sendo “difusoras” destas mazelas sociais, ou seja, reproduz a violência extramuros

ampliando o sinal maléfico da violência,

(sociedade→comunidade→escola→comunidade→sociedade), bem como produz violência

intramuros, (escola→comunidade→sociedade→escola). Este é o circuito vicioso que

23

possibilita a disseminação do ato infracional. A escola pública é um elo vital, um interruptor

mestre capaz de desligar esta corrente do mal em qualquer das situações em que ela esteja

envolvida, ou seja, como replicadora ou como difusora do ato infracional. Conforme retratou

a reportagem veiculada no dia 24/07/2014 no portal G1 <www.g1.globo.com>, onde um

aluno de 17 anos que ameaçava professores foi detido dentro da escola em Urupê/SP e

conduzido para a delegacia em virtude de mandado judicial para apreender o adolescente

infrator. Dessa forma a escola, em tela, funcionou como difusora do ato infracional.

Vive-se uma completa anomia social33

, visto que se presenciam nos dia a dia

comportamentos suicidas, descritos por Émile Durkheim (Épinal, 15 de abril de 1858–França

15 de novembro de 1917). Isto ocorre, segundo Durkheim no seu livro “O Suicídio”, quando

as pessoas que integram o meio social descumprem as normas pré-estabelecidas para atingir

seus interesses pessoais em detrimento da coletividade, ou seja, violam as leis.

Com relação à anomia social, retratada por Émile Durkheim (WIKIPEDIA, 2014,

on line), a mesma encontra ressonância científica em uma interessante experiência de

psicologia social, realizada na Universidade de Stanford (EUA) e por analogia é perfeitamente

adaptável à indisciplina escolar reinante nas salas de aulas “Brasil adentro e Ceará afora”,

salvo, o estágio de comprometimento das janelas quebradas. Trata-se da teoria das janelas

quebradas34

(grifo nosso) ou "broken windows theory". Segundo o Jornal Brasil 247, por

33

Este termo foi cunhado por Émile Durkheim em seu livro O Suicídio. Durkheim emprega este termo para

mostrar que algo na sociedade não funciona de forma harmônica. Algo desse corpo está funcionando de

forma patológica ou "anomicamente." Em seu famoso estudo sobre o suicídio, Durkheim mostra que os fatores

sociais - especialmente dasociedade moderna - exercem profunda influência sobre a vida dos indivíduos com

comportamento suicida.

O termo "anomia" é também utilizado para designar sociedades ou grupos no interior delas, que sofrem do caos

gerado pela ausência de regras de boa conduta comumente admitidas, implícita ou explícitamente, ou, pior ainda,

devido à instalação de regras que promovem o isolamento ou mesmo a predação ao invés da cooperação.

(WIKIPEDIA, 2014)

Wikipédia – Anomia - http://pt.wikipedia.org/wiki/Anomia - pesquisada em 30/11/14

34

Há alguns anos, a Universidade de Stanford (EUA), realizou uma interessante experiência de psicologia social.

Deixou dois carros idênticos, da mesma marca, modelo e cor, abandonados na rua. Um no Bronx, zona pobre e

conflituosa de Nova York e o outro em Palo Alto, zona rica e tranquila da Califórnia. Dois carros idênticos

abandonados, dois bairros com populações muito diferentes e uma equipe de especialistas em psicologia social

estudando as condutas das pessoas em cada local.

Resultado: o carro abandonado no Bronx começou a ser vandalizado em poucas horas. As rodas foram roubadas,

depois o motor, os espelhos, o rádio, etc. Levaram tudo o que fosse aproveitável e aquilo que não puderam levar,

destruíram. Contrariamente, o carro abandonado em Palo Alto manteve-se intacto.

A experiência não terminou aí. Quando o carro abandonado no Bronx já estava desfeito e o de Palo Alto estava

há uma semana impecável, os pesquisadores quebraram um vidro do automóvel de Palo Alto. Resultado: logo a

seguir foi desencadeado o mesmo processo ocorrido no Bronx. Roubo, violência e vandalismo reduziram o

veículo à mesma situação daquele deixado no bairro pobre. Por que o vidro quebrado na viatura abandonada

num bairro supostamente seguro foi capaz de desencadear todo um processo delituoso? Evidentemente, não foi

devido à pobreza. Trata-se de algo que tem a ver com a psicologia humana e com as relações sociais.

24

Luis Pellegrini: “é um modelo norte-americano de política de segurança pública no

enfrentamento e combate ao crime, tendo como visão fundamental a desordem como fator de

elevação dos índices da criminalidade”.

Por outro lado existe algo mais aterrorizador que fomenta a anomia social é a

Letra Morta da Lei, terreno fecundo da produção legislativa tupiniquim e pressuposto

viabilizador da teoria das janelas quebradas. Um flagrante exemplo está estampado na

reportagem veiculada na internet em 14/07/2014 às 19h20 - Atualizado em 14/07/2014,

20h15, retratando o caso concreto de um aluno que ameaçou professores, foi detido dentro da

escola em Urupês e conduzido para a cadeia pública de Novo Horizonte/SP, haja vista que o

Conselho Tutelar35

se queixa de não ter sido comunicado pela escola, pais ou pela própria

Um vidro quebrado numa viatura abandonada transmite uma ideia de deterioração, de desinteresse, de

despreocupação. Faz quebrar os códigos de convivência, faz supor que a lei encontra-se ausente, que

naquele lugar não existem normas ou regras (grifo nosso). Um vidro quebrado induz ao "vale-tudo". Cada

novo ataque depredador reafirma e multiplica essa ideia, até que a escalada de atos cada vez piores torna-se

incontrolável, desembocando numa violência irracional.

Jornal Brasil 247.Janelas quebradas: uma teoria do crime que merece reflexão.Disponível em:

http://www.brasil247.com/pt/247/revista_oasis/116409/janelas-quebradas-uma-teoria-do-crime-que-merece-

reflex%c3%a3o.htm. Acesso em 30 nov. 2014. 35

Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990.Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras

providências.Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente (Grifo meu)..Art.

131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade

de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos nesta Lei. (grifo meu). Art.

135. O exercício efetivo da função de conselheiro constituirá serviço público relevante e estabelecerá presunção

de idoneidade moral. (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012). Capítulo II: Das Atribuições do Conselho.

Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar: (Grifo meu);

I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas

previstas no art. 101, I a VII; (Grifo meu). Título II - Das Medidas de Proteção - Capítulo I - Disposições

Gerais

Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos

nesta Lei forem ameaçados ou violados: I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; II - por falta,

omissão ou abuso dos pais ou responsável; III - em razão de sua conduta.

Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança corresponderão as medidas previstas no art. 101. Capítulo II -

Das Medidas Específicas de Proteção. Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a

autoridade competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas: I - encaminhamento aos pais ou

responsável, mediante termo de responsabilidade; II - orientação, apoio e acompanhamento temporários; III -

matrícula e freqüência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental; IV - inclusão em

programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao adolescente; V - requisição de tratamento

médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; VI - inclusão em programa oficial ou

comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; VII - acolhimento

institucional; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as medidas previstas no art. 129, I a VII; (Grifo

meu).Título IV. Das Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsável. Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou

responsável:

I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família; II - inclusão em programa oficial

ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; III - encaminhamento a

tratamento psicológico ou psiquiátrico; IV - encaminhamento a cursos ou programas de orientação; V -

obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua freqüência e aproveitamento escolar; VI - obrigação

de encaminhar a criança ou adolescente a tratamento especializado; VII - advertência;

III - promover a execução de suas decisões, podendo para tanto:a) requisitar serviços públicos nas áreas de

saúde, educação, serviço social, previdência, trabalho e segurança;b) representar junto à autoridade judiciária nos

casos de descumprimento injustificado de suas deliberações IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de

fato que constitua infração administrativa ou penal contra os direitos da criança ou adolescente;V - encaminhar à

autoridade judiciária os casos de sua competência;VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade

judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o adolescente autor de ato infracional; VII - expedir

25

justiça, desrespeito flagrante ao que preconiza o art. 136, I, da Lei especial nº 8.069/90 –

ECA.

A Lei nº 11.525/07 sancionada pelo Vice-Presidente da República Federativa do

Brasil, em pleno exercício do cargo presidencial, José Alencar Gomes da Silva, com a

vigilância do Conselho Tutelar, conforme o Capítulo II, art.136, inciso IV do ECA - lei nº

8.069/90 e a fiscalização do Ministério Público em muito poderia contribuir com a efetivação

das conquistas legislativa asseverada no § 5º, art. 32, inciso IV da Lei 9.394/96 - LDB.

notificações; VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou adolescente quando necessário;

IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta orçamentária para planos e programas de

atendimento dos direitos da criança e do adolescente; X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a

violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da Constituição Federal; (Grifo meu). XI - representar

ao Ministério Público para efeito das ações de perda ou suspensão do poder familiar, após esgotadas as

possibilidades de manutenção da criança ou do adolescente junto à família natural. (Redação dada pela Lei nº

12.010, de 2009) Vigência(Grifo meu). Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições, o Conselho

Tutelar entender necessário o afastamento do convívio familiar, comunicará incontinenti o fato ao Ministério

Público, prestando-lhe informações sobre os motivos de tal entendimento e as providências tomadas para a

orientação, o apoio e a promoção social da família. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) VigênciaArt. 137. As

decisões do Conselho Tutelar somente poderão ser revistas pela autoridade judiciária a pedido de quem tenha

legítimo interesse. Capítulo III. Da Competência. Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de

competência constante do art. 147. Art. 147. Seção II. Do Juiz - Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é

competente para:VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho Tutelar, aplicando as medidas cabíveis.

BRASIL, Presidência da República. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm. Acesso em 27 nov. 2014.

26

3 CRIANÇAS E ADOLESCENTES SOB OS ASPECTOS PSICOSSOCIAIS.

3.1 Estressores ambientais e fatores de risco induzem as patologias psíquicas.

Esta sociedade perdeu a capacidade de se comunicar com seus/suas filhos (as),

como consequência desencadeou um conjunto de fatores de risco letais ao desenvolvimento

social, moral, psicológico e afetivo infanto-juvenil, haja vista que não se fala o mesmo

idioma, não se compartilham os mesmos ideais, não se “curte” os mesmos “baratos”,

evidencia-se um processo de divórcio litigioso entre pais e filhos (as). Neste cenário

demoníaco estabelecem-se políticos corruptos, empresários sem responsabilidade social,

propostas pedagógicas inócuas e narcotraficantes respaldados por pseudas autoridades

públicas.

O problema é quem implantou no seio da sociedade, e com qual objetivo

disseminou este vírus mortal? O HMIV - vírus da imunodeficiência moral humano -

transmitido através da promiscuidade da ganância corruptiva tendo como agente transmissor o

agente público desonesto e/ou incompetente, tendo como hospedeiro e vítima o jovem sem

teto, sem escola, sem moradia, sem alimentação, sem família, sem identidade cultural e sem

esperança.

Para Lev Semionovich Vygotsky36

(WIKIPEDIA, 2014, on line), a formação

social da mente infanto-juvenil de um modo em geral perpassa pelo desenvolvimento do

indivíduo e pela sua proposição de percebê-lo como resultado de um processo histórico-

social.

A teoria de Lev Semionovich Vygotsky (WIKIPEDIA, 2014, on line), “A

formação social da mente” retrata o peso negativo que as relações históricas, sociais e

culturais conturbadas têm na formatação cognitiva e no comportamento do indivíduo em

desenvolvimento. Albert Bandura37

(WIKIPEDIA, 2014, on line), psicólogo canadense,

36

Lev Semenovitch Vygotsky (em russo ЛевСемёновичВыготский, transliteração: Lev SemënovičVygotskij,

sendo o sobrenome também transliterado como Vigotski, Vygotski ou Vygotsky) (Orsha, 17 de Novembro de

*/*1896, — Moscou, 11 de Junho de 1934), foi um cientista bielo-russo.

Pensador importante em sua área e época, foi pioneiro no conceito de que o desenvolvimento intelectual das

crianças ocorre em função das interações sociais e condições de vida. Veio a ser descoberto pelos meios

acadêmicos ocidentais muitos anos após a sua morte, que ocorreu em 1934, por tuberculose, aos 37 anos.

Wikipédia – Lev Vygotsky - http://pt.wikipedia.org/wiki/Lev_Vygotsky - pesquisado em 27/11/14 37

Albert Bandura (Mundare, 4 de dezembro de 1925) é um psicólogo canadense, autor da Teoria Social

Cognitiva.

É, assim como Skinner, da linha comportamento do indivíduo durante a sua interação. Para ele, o indivíduo é

capaz de aprender também através de reforço vicário (ou aprendizagem vicariante), ou seja, através da

observação do comportamento dos outros e de suas conseqüências, com contato indireto com o reforço. Entre o

estímulo e a resposta, há também o espaço cognitivo de cada indivíduo.

Wikipédia – Albert Bandura - http://pt.wikipedia.org/wiki/Albert_Bandura - pesquisado em 27/11/14

27

assim como Skinner, da linha behaviorista da Psicologia, enxerga o comportamento humano

com um viés cognitivo, haja vista que sua Teoria Social Cognitiva, João-Bobo, experimentou

uma exposição de cenas de violência para três grupos de criança, onde adultos agrediam os

bonecos. Cada grupo de crianças, dos três, vivenciaram as agressões do adulto contra os

bonecos em ambientes distintos e submetidos a finais diferentes, a saber:

No primeiro, o adulto era recompensado. No segundo, era punido e no terceiro, não

sofria nenhuma consequência. Depois, as crianças foram colocadas em uma sala

onde podiam ser observadas sem perceberem. Na sala havia diferentes brinquedos,

dentre eles o João-Bobo. Relatou-se que o grupo que viu o adulto sendo

recompensado tendia a repetir com maior frequência as agressões quando

comparado aos dois últimos grupos. Provando-se, assim que o juízo que

fazemos de certos comportamentos são determinantes para resposta a

determinados estímulos (grifo nosso). (WIKIPEDIA, 2014, on line)

Tomando como base as teorias de Lev Semionovich Vygotsky (WIKIPEDIA,

2014, on line), A formação social da mente, a teoria de Albert Bandura (WIKIPEDIA, 2014,

on line), Teoria Social Cognitiva, e a minha experiência profissional como ex-professor da

rede pública municipal de Fortaleza e ocupando a função de policial civil do Estado do Ceará,

nota-se que o aumento exacerbado da violência infanto-juvenil, consubstanciada no ato

infracional, apresenta um liame estrutural edificado em plataformas distintas do mesmo

edifício, ou seja, processo evolutivo social e processo evolutivo individual. Estes processos

sociais estão entrelaçados sob a égide das ideologias segregacionistas, que coisificam os

indivíduos em propostas de consumo exacerbadas para satisfazer interesses econômicos

corporativistas, sob o manto da “Ordem e Progresso”.

Do ponto de vista do processo evolutivo social existe um motor propulsor que

dopa a população deixando-a em estado de abstinência, ou seja, provoca a corrida tecnológica

tornando-os, cada vez mais, dependentes consumeristas das “parafernálias Made in Japan”,

das drogas lícitas, ilícitas e dos fármacos. Do ponto de vista do processo evolutivo individual

impõe-se uma meta social imposta pelas expectativas que a sociedade espera de cada

indivíduo.

Do ponto de vista profissional o que se observa ratifica as duas teorias, tanto a de

Lev Semionovich Vygotsky (WIKIPEDIA, 2014, on line), A formação social da mente,

quanto à de Albert Bandura (WIKIPEDIA, 2014, on line), Teoria Social Cognitiva, haja vista

que, naquela, nota-se “in loco” o resultado histórico dos embates sociais, desiguais, com

consequências catastróficas para o elo mais fraco, a população infanto-juvenil. Nesta o

28

aprendizado cognitivo perpassa pela exacerbação midiática dos episódios de corrupção,

homicídios, roubo, furto, estupro, latrocínio, entre outros. Explicitado em rede nacional na

hora do almoço sem prévia censura para o público infanto-juvenil, contrariando a lei nº

8.069/90, art. 76, parágrafo único38

.

A exclusão social do cidadão é evidenciada na pobreza extrema, desestruturação

familiar, regime político opressor, desemprego, subemprego, arrocho salarial, desarticulação

da sociedade civil organizada e serviço de saúde pública falida com reflexos significativos na

qualidade da Educação Básica oferecida aos jovens da escola pública municipal e estadual.

Neste cenário se desenvolve e prolifera o futuro da nação, crianças e adolescentes. A visão é

surreal e o prognóstico é previsível, ato infracional.

Albert Bandura (WIKIPEDIA, 2014, on line) com sua experiência “João-Bobo”

conseguiu identificar que o indivíduo é capaz de aprender também através de reforço vicário

(ou aprendizagem vicariante), ou seja, através da observação do comportamento dos outros e

de suas conseqüências, contato indireto com o reforço. No caso das crianças e adolescentes o

contato com a violência doméstica, comunitária, televisiva, cinematográfica e violência

corporais praticados por pais violentos e agentes da autoridade despreparados retrata a Teoria

viva de Lev Semionovich Vygotsky (WIKIPEDIA, 2014, on line), em que “A formação social

da mente” é o reforço e o estímulo para continuarem a praticar os atos infracionais violentos.

Já a teoria de Albert Bandura (WIKIPEDIA, 2014, on line), Teoria social cognitiva retrata o

reforço vicário, ou seja, políticos corruptos com foro privilegiado desviando milhões dos

cofres públicos, mesmo presos não são ressarcidos o erário. Traficantes monopolizando o

judiciário, o legislativo e o executivo pela força econômica. A avassaladora impunidade

criminal, por falta de investigação criminal eficiente, intensifica o reforço vicário respaldado

pela ciência econômica39

e pela sociologia criminal40

.

Mesmos os suplícios corporais suportados pelos adolescentes, quando são

apreendidos pela prática de atos infracionais equiparados a crime e a contravenção penal, em

38

Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente exibirão, no horário recomendado para o público infanto-

juvenil, programas com finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas.

Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apresentado ou anunciado sem aviso de sua classificação, antes de sua

transmissão, apresentação ou exibição.

BRASIL, Presidência da República. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Disponível

em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm. Acesso em 30 nov. 2014. 39

Ciências Econômicas: estuda o crime a partir do instrumental analítico racionalista. O crime é visto como

um mercado e sua oferta é determinada por fatores como o ganho esperado da atividade criminosa, probabilidade

de sucesso e intensidade da punição em caso de falha. 40

Sociologia Criminal: demonstra que a personalidade criminosa é resultante de influências psicológicas e do

meio social.

29

tese, não os intimida, visto que o estímulo financeiro e a possibilidade de êxito na prática

delitiva pela impunidade iminente, fala mais alto nesta sociedade capitalista consumerista.

Dessa forma, a possibilidade de terem visibilidade social através da ostentação de bens

materiais é mais atraente do que a possibilidade de ser autuado em flagrante delito cometendo

ato infracional equiparado a crime e a contravenção penal é o que assevera as ciências

econômicas.

A criminologia41

proporciona aos estudiosos do comportamento humano,

inúmeras patologias de ordem orgânica, psicológica, afetiva e social desencadeadoras da

conduta infanto-juvenil. Estes são os fatores de risco que transformam uma criança e ou

adolescente em situação de risco para executores da violência. Peca-se toda a sociedade, visto

que convivemos diuturnamente com situações explícitas de abandono infantil,

consubstanciada e comprovada pela imensa leva de crianças largada à própria sorte nos

bolsões de pobreza ou nas ruas, nas vielas, nas avenidas, nas praças, nos jardins, ou seja, nos

logradouro público e nada fazemos. Destarte incorremos no tipo penal da omissão de socorro,

previsto no art. 135da Lei nº 2.848/4042

. Peca-se em não encontrar soluções efetivas para

desativar as causas psíquicas e sociais oriundas da idiossincrasia social43

, das patologias

orgânicas e da afetividade negada aos mesmos, ambas consubstanciadas em transtorno de

conduta44

, esses direitos estão inseridos no princípio da proteção integral explicitamente

41

Criminologia:A criminologia é um conjunto de conhecimentos que se ocupa do crime, da criminalidade e suas

causas, da vítima, do controle social do ato criminoso, bem como da personalidade do criminoso e da maneira de

ressocializá-lo. Etimologicamente o termo deriva do latim crimino (crime) e do grego logos (tratado ou estudo),

seria portanto o "estudo do crime".1 É uma ciência empírica e interdisciplinar. É empírica, pois baseia-se na

experiência da observação, nos fatos e na prática, mais que em opiniões e argumentos. É interdisciplinar e

portanto formada pelo diálogo de uma série de ciências e disciplinas, tais como a biologia, a psicopatologia,

a sociologia, política, a antropologia, o direito, a criminalística, a filosofia e outros.

Wikipédia – criminologia - http://pt.wikipedia.org/wiki/Criminologia- pesquisado em 27/11/2014 42

Art. 135 -Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada (

grifo nosso) ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não

pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública ( grifo nosso).

BRASIL, Presidência da República do. Decreto-lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm. Acesso em 27 nov. 2014.

43

Idiossincrasia social: (do grego ἰδιοσυγκρασία (idiosynkrasía), “temperamento peculiar”, composto de ἴδιος

(idios)“peculiar” e σύγκρασις (synkrasis) “mistura”) é uma característica comportamental ou estrutural peculiar a

um indivíduo ou grupo.

Wikipédia –Indiossincrasia-http://pt.wikipedia.org/wiki/Idiossincrasia-pesquisado em 27/11/2014 44

Curso e prognóstico

Os sintomas do transtorno da conduta surgem no período compreendido entre o início da infância e a

puberdade e podem persistir até a idade adulta (grifo nosso). Quando iniciam-se antes dos 10 anos, observa-

se com maior freqüência a presença de transtorno com déficit de atenção e hiperatividade (TDAH),

comportamento agressivo, déficit intelectual, convulsões e comprometimento do sistema nervoso central

devido a exposição a álcool/drogas no período pré-natal (grifo nosso), infecções, uso de medicamentos,

traumas cranianos, etc., além de antecedentes familiares positivos para hiperatividade e comportamento anti-

social. O início precoce indica maior gravidade do quadro com maior tendência a persistir ao longo da vida.

30

escrito no art. 227 da CF/88.

Todo este arcabouço psicológico, genético e social coloca crianças e ou

adolescentes em rota de acoplagem com o iceberg do fracasso educacional e social

consubstanciado numa pequena parte visível, indisciplina escolar, evasão escolar e ato

infracional, assemelhado a crime ou a contravenção penal. A sua parte sombria se efetiva, com

a execução sumária de suas preciosas vidas, por gangues e em muitos dos casos no embate

com as forças policiais. Para Marlova Noleto, coordenadora de Ciências Humanas da

UNESCO45

no Brasil, não é apenas um fenômeno intramuros isolados inerentes às escolas.

A violência entrou de vez no currículo escolar dos brasileiros. Só que agora,

infelizmente, em vez de um saudável e democrático conflito no campo das ideias,

alunos, professores, diretores e funcionários precisam cada vez mais conviver com

agressões, ameaças e abusos.

A violência nas escolas reproduz a violência na sociedade, não é um fenômeno

intramuros isolado", afirma a coordenadora de Ciências Humanas e Sociais da

Unesco no Brasil, Marlova Noleto. Segundo a educadora, os ambientes escolares

deixaram de ser lugares protegidos e muitos pais perderam a tranquilidade ao levar

os filhos à escola. Ela destaca que a ausência de regras claras de convivência entre

alunos e professores contribui para o aumento da violência.

Por Luis Pellegrini - "A violência nas escolas reproduz a violência na sociedade, não

é um fenômeno intramuros isolado", afirma a coordenadora de Ciências Humanas e

Sociais da Unesco no Brasil, Marlova Noleto. (BRASIL 247, 2014, on line)

Constrói-se diuturnamente a avassaladora iniciação de crianças e de adolescentes

na migração rumo aos atos infracionais, assemelhados a crime ou a contravenção penal, da

mesma forma que borboletas monarcas são atraídas pelo campo magnético da terra em sua

migração para as florestas de Oyamel (Abies Mexicana). Esta jornada suicida infanto-juvenil

deixa perplexo qualquer estudioso da área psicossocial e ou criminal pela diversidade, pela

crueldade, pela frieza e pela falta de arrependimento nos atos praticados. É o que se depreende

da matéria veiculada no dia 27 de Fevereiro de 2013, por Mário Vieira, na página da Internet

do jornal “O Estado de São Paulo” 46

.

O que se observa diariamente é a omissão do Estado no tocante ao cumprimento

do “princípio da proteção integral”, quando as crianças estão em situação de risco

Revista Brasileira de Psiquiatria. Transtorno da conduta e comportamento anti-social. Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-44462000000600004&script=sci_arttext. Acesso em 27 nov. 2014. 45

Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. 46

...(...) Em 2011, segundo dados do Ministério da Educação, quase 4,2 mil professores de português e

matemática da 5.ª e da 9.ª séries da rede pública e privada de ensino fundamental contaram ter sido agredidos

fisicamente por alunos dentro das salas de aula, nos corredores ou na saída dos colégios. O número representa

1,9% dos 225 mil docentes que responderam a um questionário anexado à última Prova Brasil. Trata-se de um

exame aplicado a cada dois anos nas escolas públicas urbanas pelo Ministério da Educação.

Estadão – O aumento da violência escolar - http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,o-aumento-da-violencia-

escolar-imp-,1001569 – pesquisado em 27/11/2014

31

necessitando de medidas protetivas elencadas no art. 101 da Lei 8.069/90 (ECA). A sociedade,

a comunidade e a família, desejosos pela incriminação e reclusão do adolescente aos 16 anos,

ou seja, dos 18 anos para os 16 anos. Destarte, faz-se necessária a abordagens pedagógicas,

sociológicas e jurídicas sobre o tema “O ato infracional e a educação básica como fator de

proteção ou de risco”.

O papel da família, do Estado, da sociedade, da escola e da comunidade na

efetivação de um ambiente familiar seguro arraigada em políticas públicas saneadoras,

policiamento pedagógico, ambiente escolar formador de opinião com cidadania participativa,

deve está voltados exclusivamente para os pressupostos indispensáveis para a formação

cidadã das crianças e dos (das) adolescentes, educação básica de qualidade como fator de

proteção, promotora e ratificadoras “Das Medidas de Proteção”47

asseguradas na legislação

especial, Lei nº 8.069/90.

À bem da verdade conhece-se que a Educação Básica em nosso país não está

cumprindo sua função social na garantia dos princípios fundamentais48

que norteiam a Carta

Magna e, sim, transformada em fator de risco para a prática do ato infracional no Brasil,

portanto no Ceará também.

47

Título II; Das Medidas de Proteção; Capítulo I; Disposições Gerais.

Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos

nesta Lei forem ameaçados ou violados:

I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado (grifo meu);

II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;

III - em razão de sua conduta.

Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade competente poderá determinar,

dentre outras, as seguintes medidas:

I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade;

II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;

III - matrícula e freqüência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental (grifo meu);

IV - inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao adolescente;

V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;

VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e

toxicômanos (grifo meu);

VII - acolhimento institucional; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

BRASIL, Presidência da República. Lei nº 8069, de 13 de julho de 1990. Disponível

em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm.Acesso em 27 nov. 2014. 48

A fundamentalidade recebida do texto constitucional e de inúmeras convenções internacionais também deriva

do fato de o direito à educação estar diretamente relacionado aos princípios fundamentais da República

Federativa do Brasil, em especial com o da dignidade da pessoa humana. Nos parece claro que a efetividade do

direito à educação é um dos instrumentos necessários à construção de uma sociedade livre, justa e solidária; à

garantia do desenvolvimento nacional; à erradicação da pobreza e da marginalização, com a redução das

desigualdades sociais e regionais; e à promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,

idade e quaisquer outras formas de discriminação

GARCIA, Emerson. O Direito à Educação e suas Perspectivas de Efetividade. Disponível

em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_57/Artigos/Art_Emerson.htm. Acesso em 27 nov. 2014.

32

Então recorrer a medidas paliativas que é a redução da maioridade penal, para

encobrir o verdadeiro motivo da anomia social arraigada em políticas públicas ineficientes,

dentre elas a Educação Básica sem qualidade é tentar cobrir os pés com lençol curto. Destarte

necessitamos de um estudo aprofundado sobre os impactos psicológicos suportados há

décadas, pelas crianças e pelos adolescentes, consubstanciadas na psicoadaptação da

violência49

seria no mínimo uma tentativa de conhecermos com profundidade os motivos

endógenos e exógenos que transformam crianças e adolescentes em situação de risco para

protagonistas da violência.

Este fenômeno, psicoadaptação da violência, instaura-se na vida de crianças e de

adolescentes pela falta de empatia tornando-o incapaz de sentir a dor ou o prazer do outro

como ele o sente e de perceber suas causas como ele a percebe, segundo Augusto Cury

(WIKIPEDIA, 2014, on line) na sua teoria da Inteligência Multifocal chamado

psicoadaptação.

A orfandade social, familiar e estatal provoca estressores ambientais, que por sua

vez desenvolve fatores de risco que levam crianças e adolescente a desenvolver

patologicamente o Transtorno da Conduta, ou seja, comportamento antissocial, descrito no

DSM-IV50

.

49

Psicoadaptação da violência: Existe um fenômeno insconsciente descrito na teoria da Inteligência Multifocal

chamado psicoadaptação. O fenômeno da psicoadaptação é tão importante que está estreitamente ligado a todas

as vertentes da emoção: prazer de viver, sensibilidade,

criatividade, níveis de ansiedade. Portanto, dependendo da sua atuação, ele pode ser construtivo ou

extremamente destrutivo.

Apsicoadaptaçãotampbem pode ser destrutiva. Os soldados nazistas, pouco a pouco, se psicoadaptaram aos

sofrimentos dos judeus nos campos de concentração e, assim, destruíram sua sensibilidade e sentimento de

culpa(grifo nosso). Os ambientes violentos levam as pessoas a perder a capacidade de se colocar no lugar do

outro (uso da empatia), promovendo o ciclo da violência.

Qualidade de vida requer mudanças - A matemática da emoção e o fenômeno da psicoadaptação –Disponível

em: http://qualidadeparaviverbem.blogspot.com.br/2011/05/3-matematica-da-emocao-e-o-fenomeno-da.html.

Acesso em 27 nov. 2014.

50

DSM-IV -Manual para diagnóstico publicado pela Associação Americana de Psiquiatria

Diagnóstico

Na base do transtorno da conduta está a tendência permanente para apresentar comportamentos que incomodam

e perturbam, além do envolvimento em atividades perigosas e até mesmo ilegais. Esses jovens não aparentam

sofrimento psíquico ou constrangimento com as próprias atitudes e não se importam em ferir os sentimentos das

pessoas ou desrespeitar seus direitos. Portanto, seu comportamento apresenta maior impacto nos outros do que

em si mesmo. Os comportamentos anti-sociais tendem a persistir, parecendo faltar a capacidade de aprender com

as conseqüências negativas dos próprios atos.

O quadro clínico do transtorno da conduta é caracterizado por comportamento anti-social

persistente(grifo nosso) com violação de normas sociais ou direitos individuais. Os critérios diagnósticos do

DSM-IV para transtorno da conduta incluem 15 possibilidades de comportamento anti-social: (1)

freqüentemente persegue, atormenta, ameaça ou intimida os outros; (2) freqüentemente inicia lutas

corporais; (3) já usou armas que podem causar ferimentos graves (pau, pedra, caco de vidro, faca,

revólver)(grifo nosso); (4) foi cruel com as pessoas, ferindo-as fisicamente; (5) foi cruel com os animais,

33

Criança e adolescentes submetidos a políticas públicas ineficazes e que sofrem

maus tratos pelos pais, pelos tutores, pelos curadores ou por quem tem o dever legal de

protegê-los, artigo 136 do CPB, tem seu desenvolvimento cognitivo, psicológico e social

prejudicado. Este é o terreno fecundo para o desenvolvimento de psicopatias retratadas no

transtorno da conduta descrito no DSM-IV, Gallo e Williams apud Cicchetti (2004):

Em uma análise envolvendo seus 30 anos de pesquisa sobre maus-tratos infantis,

Cicchetti (2004) afirma que os maus tratos à criança têm mostrado, de modo

consistente, exercer influência negativa sobre o desenvolvimento muito acima

dos efeitos da pobreza (grifo nosso). O autor afirma que a pobreza não é a causa

em si dos maus tratos, mas que o estresse provocado por ela é um forte fator de

risco. Membros de famílias de baixa renda estão em contato direto com vários

fatores, como aumento da probabilidade de gravidez indesejada, estresse emocional,

fracasso acadêmico e transtorno mental. (GALLO e WILLIAMS, 2005)

Na Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente,

Fortaleza/Ceará, conforme anexo contida nesta monografia, além da omissão do Estado

cearense em prestar uma educação básica de qualidade e efetivar o princípio da proteção

integral, previsto na Lei nº 8.069/90, de forma proativa, observamos que dos 688 Termos

Circunstanciais de Ocorrências, instaurados nos anos de 2011, 2012, 2013 e até junho de

2014, a capitulação penal mais praticada contra criança e adolescente foi os Maus Tratos, art.

136 do CPB. Estes dados representam aproximadamente 47,52%, ou seja, 327 casos. Já o

crime de Abuso de Autoridade, art. 4º da Lei nº 4.868/65 praticado por policiais contra

Criança e Adolescente representa apenas 3,34%, ou seja, 23 casos distribuídos nos anos de

2011 a junho de 2014, tendo a maior incidência no ano de 2012 com 12 casos e a menor

incidência em 2013 com 04 casos. Até junho de 2014 não consta nenhuma instauração de

ferindo-os fisicamente; (6) roubou ou assaltou, confrontando a vítima; (7) submeteu alguém a atividade sexual

forçada; (8) iniciou incêndio deliberadamente com a intenção de provocar sérios danos; (9) destruiu propriedade

alheia deliberadamente (não pelo fogo); (10) arrombou e invadiu casa, prédio ou carro; (11) mente e engana para

obter ganhos materiais ou favores ou para fugir de obrigações; (12) furtou objetos de valor; (13) freqüentemente

passa a noite fora, apesar da proibição dos pais (início antes dos 13 anos); (14) fugiu de casa pelo menos duas

vezes, passando a noite fora, enquanto morava com os pais ou pais substitutos (ou fugiu de casa uma vez,

ausentando-se por um longo período); e (15) falta na escola sem motivo, matando aulas freqüentemente (início

antes dos 15 anos). Os critérios diagnósticos do DSM-IV para transtorno da conduta aplicam-se a

indivíduos com idade inferior a 18 anos e requerem a presença de pelo menos três desses comportamentos

nos últimos 12 meses e de pelo menos um comportamento anti-social nos últimos seis meses, trazendo

limitações importantes do ponto de vista acadêmico, social ou ocupacional(grifo nosso).

Diagnósticos diferenciais incluem os transtornos reativos a situações de estresse e comportamento anti-social

decorrente de quadros psicóticos (por exemplo, episódio maníaco). Crianças vítimas de violência doméstica

podem apresentar comportamentos anti-sociais como reação a situações de estresse e adolescentes em

episódio maníaco podem furtar, falsificar assinaturas em cheques ou provocar brigas com luta corporal

em decorrência da exaltação do humor e não devido a transtorno da conduta(grifo nosso) (...)...

PSIQUIATRIA, Revista brasileira de. Transtorno da conduta e comportamento anti-social. Disponível

em:http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-44462000000600004&script=sci_arttext. Acesso em 27 nov.

2014

34

abuso de autoridade, em Termo Circunstancial de Ocorrência, com a tipificação penal do art.

4º e 2º da Lei nº 4.868/65 praticado por policiais contra Criança e Adolescente.

O cidadão comum em parceria com os pais, tutores, curadores ou de quem tem o

dever legal de protegê-los, são responsáveis por aproximadamente 96,66% dos ilícitos penais

contra a população infanto-juvenil. Desta forma a sociedade cearense representa em torno de

49,13% dos casos de violência contra criança e adolescente. Os pais, os tutores, os curadores

ou quem tem o dever legal de protegê-lo são responsáveis por 47,52%.

Já os policiais civis e militares, tidos como violentos, são responsáveis em apenas

por 3,34% dos atos violentos no meio de um conjunto de fatores de risco que tem além dos

maus tratos como indutores do ato infracional: a pobreza, os amigos agressivos, a família

desestruturada e as drogas51

. A gravidez indesejada, o estresse emocional, o fracasso

acadêmico e o transtorno mental, dentre outros, completam o abecedário dos fatores de risco

para a incidência, em percentuais superiores aos níveis mundiais, da violência de aluno contra

aluno e de aluno contra professores. Consequentemente ocupamos o primeiro lugar

mundialmente no tocante a violência do corpo discente contra o corpo docente, segundo

entrevista veiculada no “Bom dia Brasil” na edição do dia 29/08/201452

. Esta é a forma

embrionária do aparecimento do ato infracional equiparado a crime e a contravenção penal na

51

Renfrew (1997) resume as informações disponíveis sobre o consumo de diferentes drogas e comportamentos

agressivos. Entre as drogas, anfetamina e cocaína apresentam propriedades que aumentam a agressividade.

Esteróides anabolizantes, além de aumentar a agressividade, podem provocar episódios psicóticos de mania. O

álcool pode aumentar a agressividade devido ao seu efeito desinibidor, o mesmo podendo ocorrer com os

inalantes, embora estes últimos apresentem efeitos mais fortes do que o álcool. A maconha, especialmente seu

princípio ativo (o tetra-hidro-canabinol), tem propriedades que reduzem a agressividade. A cafeína, embora não

sendo um entorpecente, agediretamente no sistema serotoninérgico, produzindo alterações em longo prazo nos

receptores de serotonina, provocando aumento na agressividade. A nicotina aumenta a atividade dopaminérgica,

apresentando efeitos inibidores da agressividade. O ácido dietilamida lisérgico (LSD) e sedativos e ansiolíticos

apresentam propriedades inibidorase facilitadoras da agressividade, dependendo da dose consumida. Pequenas

doses de LSD facilitam a agressividade, enquanto altas doses inibem a agressão. No caso dos sedativos e

ansiolíticos, o efeito da dosagem é ocontrário: baixas doses inibem a agressividade e altas doses podem aumentar

a agressão.

GALLO, Alex Eduardo. WILLIAMS, L. C. de A. Adolescentes em conflito com a lei: uma revisão dos fatores

de risco para a conduta infracional. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1516-

36872005000100007&script=sci_arttext. Acesso em 27 nov. 2014. 52

De acordo com a pesquisa, 12,5% dos professores brasileiros sofrem agressões verbais ou ameaças na sala

ao menos uma vez por semana.Uma pesquisa feita em trinta e quatro países mostra que os professores brasileiros são

os que mais sofrem violência de alunos em todo o mundo. O estudo da Organização para a Cooperação e

Desenvolvimento Econômico (OCDE) ouviu cem mil professores e diretores.

Veja alguns resultados: 12,5% dos professores brasileiros disseram sofrer agressões verbais ou ameaças na sala de aula

ao menos uma vez por semana. O número põe o país na pior posição. A média no mundo é de 3,4%. O estudo mostrou

ainda que os profissionais brasileiros gastam 20% do tempo em sala de aula só para garantir a ordem, ou tentar isso.

Outra reclamação é a falta de reconhecimento. No Brasil, 12,6% dos professores acreditam que são valorizados. A

média mundial é de 31%.52

Bom dia Brasil.Professores brasileiros são os que mais sofrem violência no mundo. Disponível em:http://g1.globo.com/bom-dia-

brasil/noticia/2014/08/professores-brasileiros-sao-os-que-mais-sofrem-violencia-no-mundo.html. Acesso em 27 nov. 2014.

35

sociedade advindo dos centros de formação em delinquência infanto-juvenil, as escolas

públicas municipais e estaduais do Brasil. Confirmado pelas recentes pesquisas

internacionais, em que a qualidade dos sistemas educacionais é aferida, visto que é flagrante o

sucateamento gerencial, físico e pedagógico do ensino nas escolas públicas municipais e

estaduais do Ceará e no Brasil, pela falta de vontade política aliada a incompetência gerencial.

A prova cabal é que ocupamos atualmente, 2014, a desonrosa 38ª colocação no ranking "A

Curva do Aprendizado"53

, que avalia 40 sistemas de educação no planeta, segundo Leonardo

Vieira na matéria veiculada no “O Globo” do dia 08/05/2014 às 08h56min, tendo como fonte

de pesquisas dos últimos dois anos disponibilizados pelo Instituto Pearson e pelo The

Economist Intelligence Unit. Em 2012 ocupamos a 40ª posição entre 40 sistemas de educação

no planeta, ou seja, ficamos na lanterna.

Para o descontentamento do povo brasileiro comprova-se o desastre educacional

no Brasil, visto que se amarga o primeiro lugar no quesito violência escolar contra professores

no mundo, ou seja, educação é uma ciência exata, pois para as coisas boas em relação à

educação no Brasil é o antepenúltimo, já para as coisas desagradáveis quanto à educação, o

Brasil é o primeiro.

3.2 Criança e adolescente em situação de risco e o ato infracional

O tema violência infanto-juvenil é discutidos e dissecado há décadas por

cientistas, especialistas em diversas áreas do conhecimento e doutrinadores sobre sua

etiologia oferecendo suas teorias e apontando soluções. Compreender sua origem causa e

consequências permeiam os centros de discussões sobre o fenômeno social. Alguns eventos

sociais gozam de unanimidade entre os atores responsáveis pela análise e combate do

fenômeno quanto à origem, quanto à causa e quanto às consequências. Não há que se apontar

um único evento social propulsor da violência, visto que baixo aproveitamento escolar,

indisciplina escolar, violência contra o corpo docente, evasão escolar ou pobreza extrema

convergindo simultaneamente, sem incidir algum fator de proteção, por exemplo: escola de

qualidade ou família estruturada podem levar a delinquência infanto-juvenil consubstanciado

53

O país do futebol ficou em 38º no ranking "A Curva do Aprendizado", que avalia o desempenho de 40 sistemas

educacionais mundo afora. Elaborado pelo instituto Pearson e pelo The Economist Intelligence Unit, o estudo

compilou dados de testes internacionais e pesquisas no setor dos últimos dois anos.

O Globo. Brasil fica em 38º entre 40 sistemas de educação do mundo, diz estudo. Disponível em:

http://oglobo.globo.com/sociedade/educacao/brasil-fica-em-38-entre-40-sistemas-de-educacao-do-mundo-diz-

estudo-12418369. Acesso em 27 nov. 2014.

36

em ato infracional equiparado a crime e a contravenção penal. Segundo o art. 1º da Lei

10.172/2001que instituiu o Plano Nacional de Educação, portanto anterior ao atual, 14

(quatorze) anos atrás, já mencionava a omissão familiar, o descaso do poder público e os

bolsões de pobreza existente em nosso país como fator preponderante na incidência do círculo

da pobreza e da marginalidade era o que preconizava em seu diagnóstico item 2 – Ensino

Fundamental, subitem 2.1 - Diagnóstico54

.

O futuro chegou e com ele a fatura em forma de atos infracionais e de

estrangulamento do sistema de ensino brasileiro pelos altos índices de indisciplina escolar,

evidenciado em repetência e evasão escolar, ingredientes predecessores da delinquência

infanto-juvenil no Estado do Ceará.

O fenômeno social, delinquência infanto-juvenil, arraigado no uso indiscriminado

de substâncias psicoativas, atrelado à desídia governamental em propiciar currículos

sedimentados em diretrizes norteadoras da adesão racional através do debate em sala de aula,

através de disciplinas obrigatórias contempladas na Lei de Diretrizes e Bases para a Educação

Nacional - Lei n° 9.394/96.

Destarte acompanha-se passivamente a degenerescência epidemiológica do tecido

social, fragilizando as relações sociais em virtude da impotência dos órgãos governamentais,

família, sociedade civil organizada e ONG55

em propiciar projetos sociais na área

educacional, hospitalar, familiar e de lazer para as crianças e adolescentes que se encontram

em situação de risco albergadas pelo princípio da proteção integral, positivado no art. 227 da

CF/88, na Lei específica nº 8.069/90 -Estatuto da Criança e do Adolescente e na Constituição

do Estado do Ceará de 1989, art. 27956

.

54

(...) A exclusão da escola de crianças na idade própria, seja por incúria do Poder Público, seja por omissão

da família e da sociedade,é a forma mais perversa e irremediável de exclusão social, pois nega o direito

elementar de cidadania, reproduzindo o círculo da pobreza e da marginalidade e alienando milhões de

brasileiros de qualquer perspectiva de futuro (grifo nosso).

BRASIL, Presidência da República. Lei nº 10.172, de 9 de janeiro de 2001. Disponível

em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10172.htm. Acesso em 27 nov. 2014. 55

As Organizações não governamentais (ONG) atualmente significam um grupo social organizado, sem fins

lucrativos, constituído formalmente e autonomamente, caracterizado por ações de solidariedade no campo das

políticas públicas e pelo legítimo exercício de pressões políticas em proveito de populações excluídas das

condições da cidadania. Porém seu conceito não é pacífico na doutrina, e com muitas divergências. Fazem parte

do chamado terceiro setor.

WIKIPÉDIA. Organizações não governamentais. Disponível em:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Organiza%C3%A7%C3%A3o_n%C3%A3o_governamental. Acesso em 27 nov.

2014. 56

Art. 279. O Estado deverá assumir, prioritariamente, o amparo e a proteção às crianças e adolescentes em

situação de risco, zelando para que os programas atendam às características culturais e socioeconômicas locais.

Parágrafo único. São consideradas em situação de risco crianças e adolescentes:

37

O que se ver é uma migração do transtorno de déficit de atenção/hiperatividade -

TDAH -para indisciplina escolar e da indisciplina escolar para o ato infracional. Esta

migração da população infanto-juvenil em situação de risco, portanto, carente de medidas

protetivas, consubstancia-se nas estatísticas policiais de atos infracionais equiparados a crime

e a contravenção penal, ou seja, pela omissão da família, da escola, da sociedade, do Estado e

agravada pela forma violenta que muitos policiais civis e militares enfrentam o problema.

A maior forma de violência praticada contra criança e adolescente são

protagonizadas pelos órgãos que deveriam instruí-las educacionalmente com conteúdos

curriculares exigidos pelo §5° do art. 32, inciso IV da LDB- Lei n° 9.394/96, ou seja,

disciplina voltada para o estudo dos direitos e dos deveres da criança e do adolescente, tendo

como diretriz curricular o ECA - Lei nº 8.069/90.

A vinculação entre a formação social da mente infanto-juvenil e o ato infracional

tem seu ancoradouro na etiologia dos processos sociais, que são os disseminadores das

ideologias e das políticas educacionais deficitárias, nas quais fragilizam o corpo docente e a

sociedade em geral, tendo como vítima principal a formação cognitiva, moral e psicológica da

criança e do adolescente em processo de formação da personalidade juvenil. Destarte,

tamanha falta de sensibilidade social e educacional é canalizada nos comportamentos de

crianças e adolescente na forma de repetência, baixo índice avaliativo, evasão escolar,

conduta definida como antissociais ou em sua forma mais letal o ato infracional.

3.3 Da situação de risco a protagonista da violência

Na entrevista realizada em 02 de Dezembro de 2011, com a mãe de um menor

infrator em sua residência, pode-se observar passo-a-passo a transmutação da teoria na

prática, em que ela conta sua triste história com um final trágico, ou seja, a morte prematura

de seu filho, Phelipe, que contando apenas 15 anos de idade, viu-se acusado de envolvimento

com o tráfico de drogas, situação de risco. Em decorrência da ausência do Estado em

propiciar medidas protetivas para resguardar o adolescente priorizando o princípio da I - privados das condições essenciais de sobrevivência no que concerne à alimentação, higiene, saúde,moradia e

educação obrigatória;

II - explorados profissionalmente no mundo do trabalho;

III - envolvidos em atividades ilícitas como: roubo, tráfico de drogas, mendicância e prostituição;

IV - forçados a fazerem da rua o seu espaço de trabalho e habitação;

V - envolvidos com o uso de drogas;

VI - confinados em instituições.

CEARÁ, Estado do. Constituição Estadual de 1989. Disponível

em:http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/70432/CE_Ceara.pdf?sequence=1. Acesso em 27 nov.

2014.

38

proteção integral (previsto na Lei 8.069/90 – ECA) desencadeou-se uma vida criminosa

culminando com um trágico fim.

A somatória dos fatos ocorridos nos quatro últimos anos de sua vida evidenciou-

se a falta de políticas públicas edificantes, que pudessem coibir a escalada do mesmo na

violência infanto-juvenil. A flagrante ausência estatal na otimização de medidas

ressocializadoras do adolescente em questão é evidenciada no seu trágico fim, visto que o

mesmo veio a falecer prematuramente com apenas 19 anos de idade alvejado a bala pela

composição Militar em serviço, o GATE57

.

Ao se recuar no tempo, indo parar uma manhã de um dia bastante ensolarado,

meados do mês de Junho do ano de 2006, no qual Phelipe Thalisson P. Tavares de 15 anos,

evadido do ensino regular na sexta série do ensino fundamental. Brincava próximo à sua

residência, campinho da Rua Antônio Mendes, jogando bola com amigos e vizinhos do bairro

onde morava, Jardim América. O jogo transcorria normalmente quando em dado momento,

começou um corre-corre em decorrência de um cerco realizado por vários policiais do GATE.

Phelipe vendo seus colegas evadindo-se ficou parado sem saber o que estava ocorrendo.

Tratava-se de uma abordagem policial em busca de drogas, sendo que um dos policiais viu

quando alguém jogou para o outro lado do muro um pacote suspeito, constatando-se em

seguida a existência de 13 papelotes de maconha. Por não ter corrido e não saber a quem

pertencia à droga, segundo afirmação de sua genitora, e se soubesse também não poderia

delatar, visto que sua vida correria perigo de morte devido à chamada “Lei do silêncio”. Daí é

fácil deduzir que Phelipe foi autuado em flagrante delito, sendo-lhe imputada a posse da

droga, estava no lugar errado, na hora errada com pessoas erradas. Como um dos policiais o

conhecia, pois era seu vizinho, procurou sua mãe informando que seu filho estava envolvido

com o tráfico de drogas e que a mesma deveria acompanhá-lo a DCA – Delegacia da Criança

e do Adolescente.

O policial militar informou a sua mãe, em tese, que o mesmo estava traficando

maconha e seria apresentada a autoridade policial, o delegado (a) de Polícia Civil, para

apreciar a ocorrência de tráfico de drogas, podendo cumprir pena de acordo com o art. 33 CP,

em regime aberto, pois se tratava de um adolescente em seu primeiro delito.

Após passar uma noite detido, o mesmo ficou respondendo em liberdade assistida

pelo delito que não cometera, visto que faltou elemento materiais para a comprovação do

delito, ou seja, individualização da conduta, o mesmo está com a posse da droga, quantia em

57

Grupo de Ações Táticas Especiais

39

dinheiro trocado, balança de precisão, entre outros. Teve que comparecer ao centro de

reabilitação uma vez por mês, durante quase dois anos. Lá eles, algumas vezes exibiam filmes

educativos sobre drogas e suas consequências. Não tinha nem mesmo acompanhamento

psicológico, portanto, o jovem ficou omissos nos dois primeiros sistemas de garantias58

,

sistema primário e secundário, e negligente no terceiro sistema de garantias em não propiciar

a ressocialização do internado carente das garantias legais asseguradas pelo ECA – Lei nº

8.069/90.

Como morador de ocupações habitacionais, favela da cachorra magra, foi vítima

por duas vezes de assaltos mediante violência, praticado por um dos moradores da ocupação

habitacional de nome Leandro, visto que o mesmo roubara o seu aparelho celular e em outra

oportunidade a sua bicicleta comprada por sua mãe com muito sacrifício, já que sua família

não dispunha de meios pecuniários a contento.

Sua mãe trabalhava como bordadeira em sua própria casa para dispor de meios

para sobreviver e educar seus filhos. De tanto ser roubado Phelipe passou a portar arma e daí

foi apenas um passo para a marginalidade, de vítima a protagonista da violência, haja vista

que passou a ser usuário de drogas, posteriormente, vindo a traficar. Sua vida a partir daí

mudou, metido com más companhias passou a fazer pequenos assaltos, adentrando de vez no

submundo do crime.

Por algum motivo não revelado por sua mãe o conhecido Leandro passou a

ameaçá-lo de morte, e Phelipe decidiu matá-lo antes que a ameaça se concretizasse, e o fez

com dois tiros depois de ser abordado pela vítima com um punhal apontando para o mesmo e

dizendo que ia acabar com a vida de Phelipe.

Na fuga o mesmo pegou um ônibus sem rumo. Desorientado foi visto portando

uma arma de fogo pelo trocador do ônibus e o mesmo alertou o motorista. Na primeira

oportunidade o motorista do ônibus avisou aos integrantes de uma viatura do Raio que o

perseguiu e o prendeu juntamente com a arma do crime. Encontrava-se então Phelipe com

apenas 17 anos de idade e com o peso de um homicídio no seu histórico de vida.

58

Por sua vez, o ECA estrutura-se a partir de três grandes sistemas de garantias (grifo meu): o sistema

primário, que trata das políticas públicas de atendimento a todas as crianças e adolescentes, explicitadas do

artigo 4o ao 87; o sistema secundário, que trata das medidas protetivas para crianças e adolescentes em situação

de risco social e pessoal, explicitadas do artigo 98 ao 101; e o sistema terciário, que, por sua vez, trata das

medidas socioeducativas aplicáveis aos adolescentes em conflito com a lei, constantes no artigo 112 (SARAIVA,

2002).

CEARÁ, Governo do Estado do. Plano Estadual de Atendimento Socioeducativo. Disponível em:

file:///C:/Users/Compaq2/Downloads/plano%20estadual%20de%20atendimento%20socioeducativo%20(1).pdf.

Acesso em 27 nov. 2014.

40

Foi encaminhado ao centro de reabilitação de menores infratores no São Miguel,

tendo lá permanecido por seis meses, sendo então transferido para a Instituição Patativa do

Assaré e lá passou a cumprir as medidas socioeducativas.

Começa por ocasião da sua transferência para a Instituição Patativa do Assaré o

seu martírio, visto que no Centro Educacional Patativa do Assaré era comum à ocorrência de

rebeliões devido aos maus tratos contra os que ali estavam também existia grande rivalidade

entre grupos de reclusos originando atos violentos.

Segundo relato de Phelipe à sua mãe, a instituição era muito ruim, visto que era

comum até mesmo o Diretor do Centro Educacional Patativa do Assaré torturar de forma

física e psicológica os adolescentes infratores sob a tutela estatal. Após a ocorrência de uma

dessas rebeliões Phelipe foi para a “tranca”, que era um galpão fechado sem ventilação, sem

visibilidade do lado externo. No local destinado a castigo corporal em detrimento da punição

ressocializadora do ilícito penal não havia vaso sanitário e sim buracos no chão, como

também eram privados de tomar banho de sol e asseio corporal, desrespeitando assim o art.

273 da Constituição Estadual do Ceará59

.

Uma vez ao mês era feita uma vistoria pelos policiais do GATE e nessas

abordagens os internados eram obrigados a se despir totalmente e sofriam agressões físicas

por ocasião da inspeção. Estas irregularidades eram cometidas quando os mesmos se

dirigirem, com as mãos na cabeça, para a quadra em fila indiana, chegando lá os garotos

deveriam sentarem-se grudados uns aos outros com a mão na cabeça, para que se efetivasse a

vistoria mensal em busca de armas, de drogas e de aparelhos celulares.

A alimentação para os menores que ficavam na “tranca” era servida, às vezes,

com urina ou desinfetante. Tudo isto foi alvo de denúncias feitas ao Juiz da 5ª Vara da

infância e do adolescente, Dr. Dorivaldo.

A mãe de Phelipe denunciou a vários órgãos, inclusive a imprensa falada e escrita

e em decorrência deste fato Phelipe foi transferido 15 dias antes de completar dezoito anos

para o CECAL (Centro Educacional Cardeal Aloísio Lorscheider, no bairro Planalto Ayrton

59

Art. 273. Toda entidade pública ou privada que inclua o atendimento à criança e ao adolescente, inclusive os

órgãos de segurança têm por finalidade prioritária assegurar-lhes os direitos fundamentais.

CEARÁ, Governo do Estado do. Plano Estadual de Atendimento Socioeducativo. Disponível em:

file:///C:/Users/Compaq2/Downloads/plano%20estadual%20de%20atendimento%20socioeducativo%20(1).pdf.

Acesso em 27 nov. 2014.

41

Senna). O CECAL é um centro de ressocialização para infratores do sexo masculino entre 18

a 21 anos, que cometeram atos infracionais graves quando ainda eram adolescentes, foram

julgados e apenados em até três anos de internamento.

Chegando ao CECAL, Phelipe permaneceu na “tranca” por mais 15 dias, por ser

menor e não poder conviver com os maiores de 18 anos. O menor participou de algumas

rebeliões e na última houve até um corredor polonês para os detidos, onde de um lado

estavam os policiais e do outro os orientadores e os funcionários da instituição. Neste

episódio arrancaram-lhe alguns dentes com socos e com chutes. Tamanha brutalidade

envergonha o Brasil internacionalmente, visto que o país é signatário das Regras das Nações

Unidas para a Proteção dos Menores Privados de Liberdade60

adotada pela Assembleia Geral

das Nações Unidas em 14 de dezembro de 1990.

No dia 03 de Maio de 2010, o adolescente saiu em liberdade para em 32 (trinta e

dois) dias se encontrar com a morte, propiciado por instituições que deveriam ser de

ressocialização. Phelipe continuou no submundo do crime, quando em 04 de Junho de 2010,

participou de um assalto com reféns em uma residência acompanhado de dois comparsas, e

que na tentativa de fuga pelo telhado das casas trocou tiros com policiais e levou um tiro no

abdômen chegando a cair de cima de um muro, versão oficial.

Segundo afirmação de familiares existe outra versão para a morte de Phelipe, ou

seja, após cair do muro alvejado, em tese, legitimamente pelo policial militar através da

descriminante de ilicitude, estrito cumprimento do dever legal, estando o mesmo ferido pelo

60

A Assembléia Geral,

Tendo em consideração a Declaração Universal dos Direitos do Homem, O Pacto Internacional sobre Direitos

Civis e Políticos, a Convenção Contra a Tortura e outras Penas ou Tratamentos Cruéis, Desumanos ou

Degradantes, a Convenção sobre os Direitos da Criança, assim como outros instrumentos internacionais relativos

à proteção dos direitos e ao bem-estar dos jovens.

Tendo também em consideração as Regras Mínimas para o Tratamento de Reclusos adotadas pelo Primeiro

Congresso das Nações Unidas para a Prevenção do Crime e o Tratamento dos Delinquentes.

Tendo ainda em consideração o Conjunto de Princípios para a Proteção de Todas as Pessoas Sujeitas a Qualquer

Forma de Detenção ou Prisão, aprovado pela Assembléia Geral na sua Resolução 43/173, de 9 de Dezembro de

1988, e anexa a esta última.

Lembrando as Regras Mínimas das Nações Unidas para a Administração da Justiça de Menores (Regras de

Beijing).

Lembrando igualmente a Resolução 21 do Sétimo Congresso das Nações Unidas sobre a Prevenção do Crime e o

Tratamento dos Delinqüentes, no qual o Congresso pedia o desenvolvimento das Regras das Nações Unidas para

a Proteção dos Menores Privados de Liberdade (...).

1. Declara que a colocação de um jovem numa instituição deve ser sempre uma decisão do último recurso e pelo

mínimo período de tempo necessário.

2. Reconhece que, dada a sua alta vulnerabilidade, os jovens privados de liberdade requerem uma atenção e

proteção especiais e que os seus direitos e bem-estar devem ser garantidos durante e depois do período em

questão privados de liberdade.

BRASIL, Câmara dos Deputados. Disponível em: http://www2.camara.leg.br/atividade-

legislativa/comissoes/comissoes-permanentes/cdhm/comite-brasileiro-de-direitos-humanos-e-politica-

externa/RegNacUniProtMenPrivLib.html. Acesso em 27 nov. 2014.

42

disparo de arma de fogo e imobilizado pela composição militar o mesmo foi alvejado pela

segunda vez à queima roupa. Segundo a mãe de Phelipe aquele tiro foi o que culminou com

sua morte, visto que, segundo familiares do Phelipe um funcionário do hospital Frotinha de

Messejana disse que o mesmo dera entrada já sem vida.

Diante do exposto, pudemos observar o total descumprimento das normas

relacionadas aos Direitos Humanos nas referidas instituições voltadas para a ressocialização.

Das três instituições em epígrafe, apenas O Centro Educacional São Miguel não foi citado,

pela genitora do de cujus, Phelipe, como violador dos direitos humanos dos adolescentes

submetidos às medidas socioeducativas constante na Lei nº 12.594/1261

.

Tanto no Centro Educacional Patativa do Assaré, como também no CECAL está

eivada de denúncias de maus tratos e agressões físicas sofridas pelos reclusos daqueles

centros, quanto à atitude dos policiais, se confirmadas às denúncias estaríamos diante de uma

execução sumária, homicídio qualificado, inadmissível no deslinde das funções policiais.

61Art. 1o Esta Lei institui o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase) e regulamenta a execução das medidas destinadas a

adolescente que pratique ato infracional.

§ 2o Entendem-se por medidas socioeducativas as previstas no art. 112 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do

Adolescente), as quais têm por objetivos:

I - a responsabilização do adolescente quanto às consequências lesivas do ato infracional, sempre que possível incentivando a sua reparação;

II - a integração social do adolescente e a garantia de seus direitos individuais e sociais, por meio do cumprimento de seu plano

individual de atendimento (grifo meu); e

III - a desaprovação da conduta infracional, efetivando as disposições da sentença como parâmetro máximo de privação de liberdade ou

restrição de direitos, observados os limites previstos em lei.

BRASIL, Presidência da República. Lei nº 12.594, de 18 de janeiro de 2012. Disponível em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-

2014/2012/lei/l12594.htm. Acesso em 27/11/2014

43

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os protagonistas relatados neste trabalho científico, as populações infanto-juvenis

embrutecidas, compartilham dos mesmos estressores ambientais e jurídicos disseminados no

território nacional. São as sequelas jurídicas as responsáveis pelo embrutecimento das

populações infanto-juvenis consubstanciadas em cicatrizes sociais, violência, disseminada e

infectadas por parasitas apátridas da política nacional, politiqueiros. Tais lesões jurídicas são

provocadas pelo mesmo objeto perfuro-contundente envenenado, quais sejam: As anomias

sociais e as Letras Mortas da Lei, Centros Educacionais para “Ressocialização” criminosos,

arcabouço estrutural dos estressores ambientais e jurídico contra direitos basilares previstos

nas Regras das Nações Unidas para Proteção dos Menores Privados de Liberdade, adotada

pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 14 de dezembro de 1990. Os efeitos colaterais

destas feridas sociais são suportados pelo corpo social em processo de degenerescência

política, educacional, jurídico e social.

Existe uma resistência cultural do povo brasileiro, em especial das autoridades

constituídas legal e legitimamente, e isto nos apavora ainda mais, em obedecer às leis. As

razões ideológicas que as formataram, num processo social excludente, opressor e tirânico até

poderiam explicar a anomia social existente no seio da sociedade e o descrédito que as

mesmas gozam entre os concidadãos. No entanto, ignorá-las retira da sociedade a única

maneira legal de se conquistar a equidade social, ou seja, desrespeitar as leis vigentes não

fortalece as instituições que, em tese, deveriam resguardar os concidadãos das agressões

jurídicas e propiciar justiça diante da violação de sua integridade física, moral, intelectual e

patrimonial. Por outro lado zelar pela obediência, fiscalizar a produção legislativa isonômica

decretada pelo legislador original, Congresso Nacional, e sancionada pela Presidência da

República é a forma mais segura, em longo prazo, para se edificar uma nação soberana em

que seu povo, território e seus símbolos sejam respeitados, através da cidadania participativa

com engajamento sociopolítico.

Coadunando com o estágio atual da violência infanto-juvenil o Estado do Ceará

aparece de forma negativa no cenário nacional, haja vista que grande parte dos adolescentes

da periferia, violentados nos seus direitos fundamentais e excluídos dos assentos escolares

pelo estigma do pivete institucionalizado, está replicando os insultos do pseudo Estado

Democrático de Direitos. Destarte a psicoadaptação da violência se faz presente na forma

mais odienta, ou seja, vivendo para protagonizar atos infracionais equiparados a crimes, ou

44

seja, homicídios, roubos, furtos, danos e estupros, potencializando os índices desta violência

insana suportada por toda a sociedade cearense em forma de ato infracional.

Corroborando com a ratificação deste estado marginal temos na presença da

escola pública municipal e estadual, que poderia se tornar fator inibidor da marginalização,

um fator de risco. Isto ocorre, dentre outros fatores, pela desvalorização profissional e salarial

do professor (a) e pela falta de diretrizes curriculares atinentes ao §5º, inciso IV, do Artigo 32

da Lei 9.394/96 – LDB, inserida pela Lei 11.525/07, ou seja, inclusão no Plano Nacional de

Educação, como diretriz curricular a Lei 8.069/90.

Portanto, as escolas públicas municipais e estaduais brasileiras estão se

transformando em “replicadores wireless”, e até mesmo em “difusoras” destas mazelas

sociais, por falta de atenção governamental.

Estes são os vetores que propalam e reproduzem a violência extramuros

ampliando o sinal maléfico da violência:

sociedade→comunidade→escola→comunidade→sociedade. Bem como produzem violências

intramuros: escola→comunidade→sociedade→escola. Este é o circuito vicioso que

possibilita a disseminação do ato infracional. A escola pública é um elo vital, “um interruptor

chave” capaz de ligar ou desligar esta corrente do mal. Em qualquer das situações em que a

escola esteja atuando, hora como replicadora da violência, hora como difusora da violência

ela pode vir a ser solução, desde que ela assuma o papel social prescrita nas legislações

vigente no país.

Pode-se concluir que o modelo educacional governamental atual de enfrentamento

da violência infanto-juvenil está falho, haja vista que os índices de atos infracionais estão fora

de controle em todos Estados da Federação. O problema é complexo e necessita de uma

intervenção educacional homogênea por parte da União, dos Estados e dos Municípios em

relação ao ato infracional equiparado a crime e a contravenção penal. Como se pode observar

no desenvolvimento do trabalho científico, existe um conjunto de estressores ambientais

indutores de fatores de risco causadores de transtorno de condutas, que por sua vez é o

alicerce dos atos infracionais instalados no seio escolar. Solução existe desde que se tenha

vontade política e que haja o comprometimento e engajamento social na busca de soluções

pertinente ao caso.

A conclusão que se depreende desta monografia é que qualquer solução para o

fenômeno social da violência infanto-juvenil, que envolva o debate sobre legislações

asseverando direitos, deveres e sanções para adolescentes, bem como medidas protetivas para

crianças; monitoramento dos maus tratos domésticos contra criança e adolescente; anamnese

45

feita pelo psicopedagogo clínico e institucional para se detectar, precocemente, possíveis

casos de déficits de atenção ou hiperatividade, que é o estágio inicial do transtorno de

conduta, sendo este o embrião do ato infracional e combate a violência policial perpassa

obrigatoriamente pelas escolas públicas municipais, estaduais, federais e escolas particulares

brasileiras.

46

REFERÊNCIAS

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ANEXO

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