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0 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE CURSO DE TURISMO MARIA CECILIANNE DE MORAES CAMILO A APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR NO TURISMO: ÊNFASE NO CONSUMIDOR DOS MEIOS DE HOSPEDAGEM FORTALEZA 2013

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ

FACULDADE CEARENSE

CURSO DE TURISMO

MARIA CECILIANNE DE MORAES CAMILO

A APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR NO TURISMO:

ÊNFASE NO CONSUMIDOR DOS MEIOS DE HOSPEDAGEM

FORTALEZA

2013

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MARIA CECILIANNE DE MORAES CAMILO

A APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR NO TURISMO:

ÊNFASE NO CONSUMIDOR DOS MEIOS DE HOSPEDAGEM

Monografia submetida à aprovação da

coordenação do curso de Turismo do Centro

de Ensino Superior do Ceará como requisito

para a obtenção do titulo de Bacharelado em

Turismo.

FORTALEZA

2013

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Bibliotecário Marksuel Mariz de Lima CRB-3/1274

C183a Camilo, Maria Cecilianne de Moraes

A aplicação do código de defesa do consumidor no turismo:

ênfase no consumidor dos meios de hospedagem / Maria

Cecilianne de Moraes Camilo. – 2013.

58f.

Orientador: Profº. Ms. Eugênio Ximenes Andrade.

Trabalho de Conclusão de curso (graduação) – Faculdade

Cearense, Curso de Turismo, 2013.

1. Defesa do consumidor - Código. 2. Consumidor - Direito.

3. Relação de consumo no turismo. I. Andrade, Eugênio

Ximenes. II. Título

CDU 347.451.031:338.48

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MARIA CECILIANNE DE MORAES CAMILO

A APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR NO TURISMO:

ÊNFASE NO CONSUMIDOR DOS MEIOS DE HOSPEDAGEM

Monografia como pré-requisito do Titulo de

bacharelado em Turismo outorgado pela

Faculdade Cearense tendo sido aprovada

pela banca examinadora composta pelos

professores.

DATA DA APROVAÇÃO: 25/06/2013

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________

Eugênio Ximenes Andrade - Professor Orientador

____________________________________________

Ariane Queiroz - Banca

____________________________________________

Paula Roberta - Banca

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AOS MEUS PAIS

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Camilo (in memoriam) e Espedita, que, nas lutas da vida, são

os meus pilares, nas derrotas, meus ombros consoladores e, nas vitórias, meus mais

ardentes torcedores. Seu estímulo e o seu carinho foram as armas desta vitória.

Ao meu esposo Sidney e a nossa filha Ana Júlia, que compartilharam dos

meus dias e das minhas dificuldades de vencer cada momento, fazendo-me sentir

especial e me dando coragem para continuar enfrentando os obstáculos da vida.

Ao meu professor orientador, Eugenio Ximenes Andrade, por sua preciosa

paciência na orientação e no incentivo que tornaram possível a conclusão desta

monografia.

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“o sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um

objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo

fará coisas admiráveis.”

José de Alencar

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RESUMO

O presente trabalho tem como objeto a aplicação do Código de Defesa do

Consumidor nas relações de consumo no turismo. Versa sobre a proteção do

consumidor, que se iniciou a partir do momento em que se se verificou existente a

vulnerabilidade deste perante o fornecedor numa relação jurídica de consumo. Traz

os princípios gerais do direito do consumidor, assevera brevemente sobre as

relações de consumo no turismo. Analisa as soluções judiciais e extrajudiciais, bem

como os acidentes de consumo que acontecem quando no uso ou gozo normal de

um produto ou serviço, este vem a apresentar defeito ou anormalidade, que

coloquem em risco a vida do consumidor ou sua saúde. Destaca os problemas

usuais dos turistas com os meios de hospedagens, tais como furtos ocorridos em

hotéis, coisas deixadas no hotel, problemas de saúde e morte e comportamento

indevido do hóspede e as soluções previstas no direito para uma conciliação de

forma justa e eficaz, difundindo os direitos dos consumidores e a forma de defendê-

los.

Palavras – Chave: Código de Defesa do Consumidor, Direito do Consumidor,

Relações de Consumo no Turismo.

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ABSTRACT

This work aims implementation of the Code of Consumer Protection in

consumer relations in tourism. Deals with consumer protection, which began from the

moment whether there exists this vulnerability before the vendor in the legal

reletionship of consumption. Brings the general principles of consumer law, asserts

briefly on consumer relations in tourism. Analyzes and extrajudicail solutions, as well

as consumer accidents that happen when in normal use or enjoyment of a product or

service, this comes to malfunctions or abnormalities that endanger the life or health

of the consumer. Highights the usual problems of tourists with the means of

accommodation, such as thefts occurred in hotels, things left in hotel, health

problems and death and improper behavior of the effective spreading consumer

rights and how to defend them.

Key – words: Code os Consumer Protection, Consumer Law, Consumer

Relations in Tourism.

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LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS

CADE – Conselho Nacional de Direito Econômico

CDC – Código de Defesa do Consumidor

CNDC – Conselho Nacional de Defesa do Consumidor

DECON – Departamento de Defesa do Consumidor

EMBRATUR – Instituto Brasileiro de Turismo

FAC – Faculdade Cearense

FNRH – Ficha Nacional de Registro de Hóspedes

IBEDEC – Instituto Brasileiro de Estudo e Defesa das Relações de Consumo

INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia Normalização e Qualidade Industrial

JEPC – Juizados Especiais de Pequenas Causas

LGT – Lei Geral do Turismo

MTur – Ministério do Turismo

OCC – Organismos Certificadores Credenciados

OMT – Organização Mundial do Turismo

ONU – Organizações das Nações Unidas

PROCON – Grupo Executivo de Proteção ao Consumidor

SBC – MH – Sistema Brasileiro de Classificação dos Meios de Hospedagem

SNDC – Sistema Nacional de Defesa do Consumidor

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SUMARIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 11

2 CONCEITOS DE TURISMO ............................................................................... 13

2.1 Tipos de Turismo .............................................................................................. 15

2.2 Meios de Hospedagem .................................................................................... 16

3 AS RELAÇÕES DE CONSUMO E SUA EVOLUÇÃO ....................................... 19

3.1 O comportamento do consumidor no turismo .................................................. 20

4 DIREITO DO CONSUMIDOR NO BRASIL ........................................................ 23

4.1 Código de Defesa do Consumidor (CDC) ........................................................ 25

4.2 Princípios gerais trazidos pelo CDC ................................................................ 26

4.2.1 Principio da Boa-Fé ....................................................................................... 28

4.2.2 Principio da Isonomia ou Principio da Vulnerabilidade do Consumidor ....... 29

4.2.3 Principio da Transparência ........................................................................... 31

4.2.4 Principio da Equidade ou Principio do Equilíbrio Contratual ........................ 32

4.3 O Código de Defesa do Consumidor nas relações de consumo no turismo ... 34

4.3.1 Consumidor e Fornecedor ............................................................................ 35

4.3.2 Produtos e Serviços ...................................................................................... 38

4.4 Soluções Judiciais e Extrajudiciais .................................................................. 38

4.4.1 Juizados Especiais Cíveis ............................................................................. 39

4.4.2 Acidentes de Consumo ................................................................................. 41

4.4.3 Problemas usuais dos turistas com os meios de hospedagens ................... 44

4.4.3.1 Furtos ocorridos em hotéis ......................................................................... 44

4.4.3.2 Coisas deixadas no hotel ........................................................................... 46

4.4.3.3 Problemas de saúde e morte ..................................................................... 48

4.4.3.4 Comportamento indevido do hóspede ....................................................... 50

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 53

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 55

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1 INTRODUÇÃO

“Em matéria de turismo, todos os temas são envolventes, mas nada

consegue equiparar-se a relação consumo e turismo (MOURA, 2003, P.1)”.

É importante salientar que as relações de consumo evoluíram

enormemente nos últimos anos e ganharam amplitude com a criação do Código de

Defesa do Consumidor em 1990, o que muito contribuiu para o estabelecimento de

regras entre os meios de hospedagem na qualidade de fornecedor do serviço e o

turista na condição de consumidor final.

A problemática se dá então, na responsabilização do fornecedor e na

proteção adequada e eficaz do consumidor que muitas vezes, tem seus direitos

lesados e não vêem a efetiva reparação a que tem direito.

O objetivo deste trabalho é analisar e discutir os problemas enfrentados

usualmente pelo turista (consumidor) e que direitos decorrem da existência desses

problemas, mostrando os diferentes direitos concedidos bem como sua

fundamentação jurídica, pormenorizando a aplicação do Código de Defesa do

Consumidor nas relações com os meios de hospedagem que será o objeto de

estudo do presente trabalho.

A pesquisa do tema em questão é de extrema relevância por se tratar de

um novo direito que deve ser posto cada vez mais em prática, por conta da

dificuldade em resolver de forma eficaz a conciliação de certos conflitos entre o

turista e os operadores de turismo.

A metodologia utilizada para a elaboração deste trabalho foi uma pesquisa

bibliográfica, de caráter qualitativo, que pode proporcionar mais visão e

compreensão acerca do tema estudado. Esta pesquisa foi realizada em livros,

artigos científicos, revistas científicas, trabalhos de conclusão de curso e

dissertações de mestrado. Não se obteve êxito com a pesquisa em campo, pois as

tentativas de entrevistas com empreendimentos hoteleiros a respeito dos conflitos

oriundos das relações de consumo entre turistas e os meios de hospedagem não

puderam de fato acontecer.

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Buscando alternativas que pudessem enriquecer nosso trabalho, vamos

utilizar como exemplos os estudos de casos feitos por Bittencourt, Brasileiro, Karkles

entre outros

A presente monografia dividiu-se em cinco capítulos, sendo o primeiro

capitulo essa introdução.

O segundo capítulo versa sobre os diversos conceitos e tipos de turismo,

bem como a classificação dos meios de hospedagem.

O terceiro capítulo aborda as relações de consumo de maneira geral,

dando ênfase ao comportamento do consumidor no turismo.

O quarto capítulo trata do direito do consumidor no Brasil, da criação do Código de

Defesa do Consumidor, destacando seus principais princípios como o da boa-fé, da

vulnerabilidade, da transparência, do equilíbrio contratual, bem como a aplicação do

código nas relações de consumo no turismo. Além de analisar os problemas

habituais em meios de hospedagem como furtos, coisas deixadas no hotel,

problemas de saúde e morte e comportamento indevido do hóspede e as soluções

previstas no direito para uma conciliação de forma justa e eficaz, difundindo os

direitos dos consumidores e a forma de defendê-los.

Por fim, apresentam-se considerações finais e as referências

bibliográficas.

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2 CONCEITOS DE TURISMO

Embora não exista uma conclusão absoluta acerca do que seja o turismo,

sabe-se que a primeira definição para o termo surgiu em 1910 com o austríaco

Hermann Von Schullern, economista e um dos primeiros teóricos do turismo, citado

por Barreto (2003, p. 9), que definia o turismo como “o conceito que compreende

todos os processos especialmente os econômicos, que se manifestam na chegada,

na permanência e na saída do turista de um determinado município, país ou estado”.

Conforme Dias (2002, p.13), “o turismo cresceu como disciplina de pesquisa

no período compreendido entre as Guerras Mundiais (1914 - 1938), principalmente

sob um olhar econômico”. Destaca-se, então, o papel da Escola de Berlim pelo

esforço de tentar sistematizar o conhecimento do turismo, sendo destaques vários

autores como Robert Gluksmann, Shwinck e Arthur Bormann.

Gluksmann, citado por Dias (2002, p.13), definia o turismo como “uma

superação do espaço por pessoas que afluem a um lugar onde não possuem lugar

fixo de residência”. Antes da Segunda Guerra Mundial, Glucksmann formula uma

proposta de definição que considera o turismo como “a soma das relações

existentes entre pessoas que se encontram passageiramente em um lugar de

estadia e os habitantes desse lugar” (DIAS, 2002 p.14).

Na mesma época, Benscheidt, outro integrante da Escola de Berlim, definiu

turismo como “o conjunto de relações pacifica entre viajantes que se detêm em um

lugar, as pessoas que ali não tem seu domicílio e os habitantes dessa região” (DIAS,

2002, p 14).

Ainda segundo Barreto (2003, p.10), Schwinck conceitua o turismo como

“movimento de pessoas que abandonam temporariamente seu local de residência

por qualquer motivo relacionado com o espírito, o corpo ou a profissão”.

Para Padilla (1992, p. 19), turismo é

Um fenômeno social que consiste no deslocamento voluntário e temporário de indivíduos ou grupos de pessoas que, fundamentalmente por motivos de recreação, descanso ou saúde, saem de seu local de residência habitual para outro, no qual não exercem nenhuma atividade lucrativa nem remunerada, gerando múltiplas inter-relações de importância social, econômica e cultural.

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Já de acordo com Ignarra (2003, p.12), na década de 1940, alguns autores

evoluíram a conceituação da Escola de Berlim. Hunziker e Krapf conceituaram o

turismo como “o conjunto das inter-relações e dos fenômenos que se produzem

como consequência das viagens e das estadas de forasteiros, sempre que delas

não resultem um assentamento permanente nem que eles se vinculem a alguma

atividade produtiva.”

Alguns turismólogos e estudiosos do turismo acreditam que essa definição

serve para padronizar o campo das idéias em torno do real significado para o

turismo.

Beni (1998, p.19), um dos principais estudiosos do turismo no Brasil,

membro da OMT e representante do Conselho de Ética das Américas, definia o

turismo como “o estudo do homem longe do seu local de residência, da indústria que

satisfaz suas necessidades, e dos impactos que ambos, ele e a indústria, geram

sobre os ambientes físicos, econômicos e socioculturais da área receptora”. Porém

em seu atual site1, Beni conceitua de uma forma mais completa, o turismo:

Tenho conceituado o turismo como um elaborado e complexo processo de decisão sobre o que visitar, onde, como e a que preço. Nesse processo intervêm inúmeros fatores de realização pessoal e social, de natureza motivacional, econômica, cultural ecológica e científica que ditam a escolha dos destinos, a permanência, os meios de transportes e o alojamento, bem como o objetivo da viagem em si para a fruição tanto material como subjetiva dos conteúdos de sonhos, desejos, de imigração projetiva, de enriquecimento existencial histórico-humanístico, profissional e de expansão de negócios. Esse consumo é feito por meio de roteiros interativos espontâneos ou dirigidos, compreendendo a compra e venda de bens e serviços da oferta original e diferencial das atrações e dos equipamentos a ela agregados em mercados globais com produtos de qualidade competitivos.

No conceito criado pela Organização Mundial do Turismo (OMT) (1994, p. 3)

e também adotado pela Organização das Nações Unidas (ONU), o turismo é

descrito como “as atividades que as pessoas realizam durante suas viagens e

permanência em lugares distintos do que vivem por um período de tempo superior a

24 h e inferior a 60 dias consecutivos, com fins de lazer, negócios e outros”.

A Lei nº 11.771/08, também conhecida como Lei Geral do Turismo (LGT)

em seu artigo 2º conceitua o turismo como sendo “a atividade realizada por pessoas

1Disponível em www.mariobeni.com.br/html/apre.hml, acesso em 17/09/2012

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físicas durante viagens e estadas, e que gerem movimentação econômica, trabalho,

emprego, renda e receitas públicas” (BRASIL, 2008, p.1).

Os conceitos de turismo apresentados expressam que o turismo é algo

bastante controverso segundo os vários autores que tratam de conceituá-lo. Porém

a maioria de suas definições retrata o deslocamento de pessoas de seu local de

residência habitual por períodos determinados (superior a 24 h e inferior a seis

meses) e por razões não profissionais e sim com o intuito de recreação, lazer,

descanso ou saúde, entre outros, ou destacam o lado econômico desse setor.

Assim como as definições de turismo não possuem um consenso, os

diversos tipos de turismo também podem ser classificados por diferentes critérios, de

acordo com os diversos autores que se propõem a estudá-lo. A seguir

apresentaremos algumas tipologias.

2.1 Tipos de turismo

Considerando a origem e o destino dos visitantes, há três tipos básicos de

turismo: o Turismo Interno (ou doméstico), realizado pelos viajantes que viajam

dentro de seu próprio país; o Turismo Receptivo (ou receptor), feito pelos visitantes

que não são residentes no país, na região ou localidade; e o Turismo Emissivo (ou

emissor), realizado pelos residentes para fora do país, da região ou localidade

(DIAS, 2002, p. 22).

Desses três tipos deriva outras categorias como o Turismo Interior, que é a

combinação do Turismo Interno com o Turismo Receptivo; o Turismo Nacional, que

é a soma do Turismo Interno com o Turismo Emissivo; e o Turismo Internacional,

que é o resultado do movimento de visitantes entre os diferentes países e

compreende o Turismo Receptivo e o Emissivo.

Graças ao extraordinário desenvolvimento ocorrido nas últimas décadas,

sobretudo nos meios de transportes que pôde encurtar distâncias, e ao

barateamento das viagens, o turismo não só se desenvolveu como se diversificou,

fazendo surgir novos meios de hospedagem dirigidos a uma demanda cada vez

mais exigente. A seguir serão apresentados os meios de hospedagem de turismo e

as características que os distinguem.

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2.2 Meios de hospedagem

Cruz (2007, p. 1) relata, em seu blog, que “o estudo dos meios de

hospedagem muitas vezes se confunde com o da hospitalidade”. A confusão em

questão é até aceitável, já que as pesquisas sobre a hospitalidade freqüentemente

usam exemplos ligados a equipamentos de hospedagem, mas a área de estudo da

hospitalidade é muito maior. Como o próprio nome já diz meios de hospedagem são

locais utilizados pelas pessoas para pernoitarem e fazem parte do que chamamos

de equipamentos turísticos.

A autora afirma que “o desenvolvimento e o crescimento do fluxo turístico se

deram a partir do século XX, quando os meios de hospedagem tiveram que se

adaptar para corresponder às exigências do mercado”. Hoje existem meios de

hospedagem especializados em atender executivos, famílias, LGBT, ecoturistas,

enfim, diversos nichos de mercado. Cada qual busca atender as mais sutis

necessidades de seus consumidores a fim de se sobressair no meio de tamanha

concorrência.

O Decreto nº 84.910/80 define meios de hospedagem como “os

empreendimentos ou estabelecimentos destinados a prestar serviços de

hospedagem em aposentos mobiliados e equipados, alimentação, e outros

necessários aos usuários” (NIETO, 2004, p.109).

O Ministério do Turismo2, em junho de 2011, baixou uma Portaria que cria

um Sistema de Classificação, o qual define as características por tipos (hotel, hotel,

histórico, hotel fazenda, resort, pousada, cama & café, flat/ apart-hotel) e categorias

(de uma a cinco estrelas) que os estabelecimentos devem seguir.

O Sistema Brasileiro de Classificação dos Meios de Hospedagem (SBC –

MH) foi instituído com o objetivo de regular o processo e os critérios pelos quais os

meios de hospedagem poderão obter a chancela do Governo Federal, atribuída pela

classificação no Ministério do Turismo que divide os meios de hospedagem de

2 Ministério do Turismo. Disponível em www.classificação.turismo.gov.br/MTUR acesso 11/09/2012.

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turismo em cinco categorias, sendo elas: luxo superior (cinco estrelas), luxo (quatro

estrelas), standard superior (três estrelas), standard (duas estrelas) e simples (uma

estrela).

O SBC – MH estabelece para o tipo HOTEL as categorias de uma estrela

(mínimo) a cinco estrelas (máximo); para o tipo RESORT, as categorias de quatro

estrelas (mínimo) a cinco estrelas (máximo); para o tipo HOTEL FAZENDA, as

categorias de uma estrela (mínimo) a cinco estrelas (máximo); para o tipo CAMA &

CAFÉ, as categorias de uma estrela (mínimo) a quatro estrelas (máximo); para o tipo

HOTEL HISTÓRICO, as categorias de três estrelas (mínimo) a cinco estrelas

(máximo); para o tipo POUSADA, as categorias de uma estrela (mínimo) a cinco

estrelas (máximo); para o tipo FLAT / APART-HOTEL, as categorias de três estrelas

(mínimo) a cinco estrelas (máximo).

Para ser classificado em uma das categorias citadas acima, o meio de

hospedagem terá de comprovar, durante a auditoria realizada pelos Organismos

Certificadores Credenciados (OCC) e pelo Instituto Nacional de Metrologia

Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO), o atendimento aos critérios de

classificação, definidos pela matriz de classificação.

De acordo com Badaró (2004, P. 23), a matriz de classificação contém

padrões comuns e específicos aos diversos tipos e categorias de meios de

hospedagem de turismo, cujo objetivo é atender as maiores expectativas dos

mercados interno e externo e orientar hóspedes (clientes), dependendo da qualidade

percebida pelos mesmos em termos de conforto, comodidade, serviços e

atendimento.

Segundo Nieto (2004, p.110), “o meio de hospedagem que possui certo

número de estrelas será beneficiado por dar maior segurança ao turista em relação

ao tipo de serviço que estará adquirindo”. Assim, ao adquirir serviço de hospedagem

sabendo de antemão o número de estrelas do hotel, já se tem idéia quase que

precisa daquilo que se está adquirindo e, portanto, pode-se aceitar o preço como

justo, não correndo o risco de surpresas desagradáveis.

Se o meio de hospedagem não tem classificação, não se sabe, ao certo, o

tipo de serviço que se está comprando e, consequentemente, não há como saber se

o preço é justo ou não, enfim estaremos tomando a decisão relativamente às

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escuras. E isso, por ser totalmente arriscado, normalmente é evitado pelo turista. A

surpresa que poderá surgir tão logo se chegue ao local pode se tornar um pesadelo

e não terá compensado o risco assumido (NIETO 2004).

Ainda conforme o autor, os meios de hospedagem, uma vez classificados

pelo MTur, devem seguir a risca as exigências de tal classificação, mantendo os

padrões de conforto e serviços estabelecidos no Regulamento e Matriz dos Meios de

Hospedagem de turismo. Mas, mesmo que não possuam essa classificação, ainda

assim, o Código de Defesa do Consumidor lhes fará uma serie de exigências como:

afixação de preços e do horário de inicio e término da diária e seu tipo (simples, com

café da manhã, pensão completa) na recepção e nas unidades de habitação;

informação prévia sobre eventual multa por cancelamento de diária; afixação de

preços dos produtos e serviços oferecidos como alimentos e bebidas, produtos do

frigobar, lavagem de roupas, comunicação dos cuidados a serem tomados com

bagagens e existência de cofre; informação sobre o regulamento interno do meio de

hospedagem etc.

No próximo capítulo abordaremos a evolução das relações de consumo com

o advento do CDC, destacando o comportamento do consumidor dentro do turismo.

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3 AS RELAÇÕES DE CONSUMO E SUA EVOLUÇÃO

Para Almeida (2003, p. 2), “é fato inegável que as relações de consumo

evoluíram enormemente nos últimos tempos”. Das operações de simples troca de

mercadorias e das incipientes operações mercantis chegou-se, progressivamente,

às sofisticadas operações de compra e venda arrendamento, ‘leasing’, importação

etc., envolvendo grandes volumes e milhões de dólares.

Ainda conforme Almeida (2003, p. 2), há muito as relações de consumo

deixaram de ser pessoais e diretas, transformando-se principalmente nos grandes

centros urbanos, em operações impessoais e indiretas, em que não se dá

importância ao fato de não se ver ou conhecer o fornecedor. Surgiram os grandes

estabelecimentos comerciais e industriais, os hipermercados e, mais recentemente,

os shoppings centers. Com a mecanização da agricultura a população rural migrou

para a periferia das grandes cidades, causando o inchaço populacional, a

conturbação e a deterioração dos serviços públicos essenciais. Os bens de consumo

passaram a ser produzidos em série, para um número cada vez maior de

consumidores. Os serviços se ampliaram largamente. O comércio experimentou

extraordinário desenvolvimento, ampliando a utilização da publicidade como meio de

divulgação dos produtos e atração de novos consumidores e usuários.

A produção e o consumo em massa geraram a sociedade de massa,

sofisticada e complexa. Como era de esperar, essa modificação das relações de

consumo culminou por influir na tomada de consciência de que o consumidor estava

desprotegido e necessitava, portanto, de resposta legal protetiva (ALMEIDA, 2003,

p.2).

Conforme Pó (2008, p. 9), com o surgimento do primeiro Grupo Executivo de

Proteção ao Consumidor (PROCON) em 1976 e com o Código de Defesa do

Consumidor (CDC) em 1990, o consumidor ganha relevância. Os direitos dos

consumidores ficam claros, assim como as punições para as empresas infratoras. As

pessoas aprendem mais sobre seus direitos e os tribunais começam a julgar casos

com a nova legislação. Ou seja, surgem canais e ferramentas para o consumidor

agir, o que faz com que as empresas se preocupem mais em respeitar os

consumidores. A estabilização monetária realizada pelo Plano Real em 1994

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aumentou, nos dois anos imediatamente posteriores, o poder de compra das

pessoas de mais baixa renda, livres da perda de valor da moeda causada pela

inflação. O consumo de bens aumentou junto com as exigências dos consumidores

por mais qualidade nos produtos e serviços (PÓ, 2008, p.9).

Era natural que a evolução das relações de consumo acabasse por refletir

nas relações sociais, econômicas e jurídicas. Pode-se mesmo afirmar que a

proteção do consumidor é consequência direta das modificações havidas nos

últimos tempos nas relações de consumo, representando reação ao avanço rápido

do fenômeno que deixou o consumidor desprotegido diante das novas situações

decorrentes do desenvolvimento (ALMEIDA, 2003, p.2).

Trigueiro (2010, p. 1), afirma que “ao longo dos anos pode-se observar uma

mudança no comportamento do turista, e esta se relaciona diretamente com as

mudanças que ocorreram na economia mundial”. Em função da nova economia,

temos uma nova leitura de mercado, sendo assim os desejos e as necessidades dos

turistas tem passado por bruscas alterações. O novo consumidor de turismo,

influenciado pelos recursos, características e necessidades dessa nova economia,

tem mudanças de comportamento que geram alterações diretas na oferta turística.

A seguir, falaremos sobre as mudanças no comportamento do consumidor

de turismo gerado a partir desse novo mercado.

3.1 O Comportamento do Consumidor no Turismo

Para que se possa entender o comportamento do consumidor de turismo, se

faz necessário entender o comportamento do consumidor em geral.

Segundo Seabra (2009, p.9), o conceito de comportamento do consumidor

faz referência à atitude interna ou externa do individuo ou grupos de indivíduos

dirigidos para a satisfação das suas necessidades mediante bens ou serviços.

Para Araújo (2010, p.1), “para se chegar a uma análise do consumidor, é

necessário estudar seu comportamento social, econômico e cultural”. Segundo o

autor, o comportamento do consumidor divide-se em três fases: fase de aquisição

(onde os fatores que influenciam a decisão são estudados); a fase de consumo

(onde o pesquisador analisa de que maneira os consumidores de fato utilizam um

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produto e as experiências que eles obtêm com este uso) e a fase de disposição (que

se refere àquilo que os consumidores fazem com um produto, uma vez que estão

cansados de usá-lo). Todas essas fases facilitam e auxiliam na tomada de decisão

do marketing, na criação de leis e regulamentos para a proteção dos consumidores

(o lado fraco na esfera econômica), além de ajudar a entender o próprio ser humano.

Mowen e Minor (2003, p. 3) afirmam que “compreender o consumidor e o

processo de consumo proporciona uma serie de benefícios”. Dentre eles estão o

fornecimento de uma base de conhecimentos a partir do qual os pesquisadores de

marketing podem analisar os consumidores, o apoio aos legisladores e

controladores na criação de leis e regulamento referentes à compra e à venda de

mercadorias e serviços, o auxílio aos gerentes em sua tomada de decisões e o

auxilio ao consumidor na tomada de melhores decisões de compra.

Com relação ao consumidor turístico (turista), Horner e Swarbrooke (2002, p.

27) definiram o comportamento do consumidor de turismo como sendo “o estudo das

razões de compra dos produtos pelas pessoas, e sobre o seu modo de tomar

decisões.”

Para estes, a decisão de compra de um produto turístico resulta de um

processo complexo e influenciado por fatores internos como as motivações

pessoais, a personalidade, a disponibilidade financeira, a saúde, os compromissos

profissionais e familiares, as experiências passadas, as atitudes, opiniões e

percepções e fatores externos como o conselho do agente de viagens, as

informações obtidas sobre destinações, recomendação boca-a-boca de amigos e da

família, promoções e ofertas especiais de operadores de turismo.

De acordo com Cooper, Fletcher et al (2003, p. 33), torna-se imprescindível

estudar o comportamento do turista para tomar ciência das necessidades, dos

motivos para aquisição e do processo de decisão associados ao consumo do

turismo; do impacto dos diversos efeitos das várias táticas promocionais; da possível

percepção do risco em aquisições turísticas; dos diferentes segmentos de mercado

baseados no comportamento de compra e de como os administradores poderão

melhorar suas chances de sucesso em marketing.

No próximo capitulo falaremos sobre o surgimento do direito do consumidor

no Brasil, bem como da criação do CDC e de seus principais princípios como o da

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Boa-Fé, Isonomia ou Vulnerabilidade do Consumidor, da Transparência e o Principio

da Equidade ou Principio do Equilíbrio Contratual.

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4 DIREITO DO CONSUMIDOR NO BRASIL

O Direito do Consumidor é um ramo recente da Ciência Jurídica, que se

originou na década de 60 com o movimento consumerista norte–americano. E o

marco inicial do surgimento da forma mais próxima da atual de se reconhecer o

consumidor foi a mensagem especial do Presidente Kennedy endereçado ao

Congresso dos Estados Unidos acerca da Proteção dos Interesses dos

Consumidores, ao afirmar:

Consumidores, por definição, somos todos nós. Os consumidores são o maior grupo econômico na economia, afetando e sendo afetado por quase todas as decisões econômicas, públicas e privadas [...]. Mas são o único grupo importante da economia não eficazmente organizado e cujos posicionamentos quase nunca são ouvidos (CAVALIERI, 2008, p. 24).

Embora Cavalieri (2008, p.24) afirme que o direito do consumidor se originou

na década de 60 nos Estados Unidos, Pedron e Caffarate (2000, p. 1) afirmam que,

“no Brasil, entre as décadas de 40 e 60, foram sancionadas diversas leis e decretos

federais legislando sobre a saúde, a proteção econômica e as comunicações”.

O Decreto Lei nº 22.626/1933, que reprimia a usura, que significa a

cobrança exorbitante e ilegal de juros (ainda hoje em vigor), praticamente inaugura o

direito consumerista no Brasil. Posteriormente temos o Decreto Lei nº 869/1938 que

versava sobre crimes contra a economia popular. Quase trinta anos mais tarde, em

1962, foi criada a Lei de Repressão ao Abuso do poder econômico, Lei nº 4137, que

trouxe inúmeros benefícios ao consumidor criando o Conselho Nacional de Direito

Econômico (CADE)(PEREIRA, 2003, p.1).

Um marco na defesa do consumidor ocorreu na década de 70. Em 1976 no

estado de São Paulo foi criado o primeiro órgão público de proteção ao consumidor,

o Grupo Executivo de Proteção ao Consumidor, o PROCON (MOREIRA, 2012, p. 1).

Ainda segundo Moreira (2012, p. 1), em 1988, foi finalmente inserida na

Constituição Federal a proteção aos direitos do consumidor como princípio da ordem

econômica (art. 170) e no artigo 48 do ato das Disposições Constitucionais

Transitórias (ADCT), que expressamente determinou a criação do Código de Defesa

do Consumidor. Todo esse trajeto culminou nos anos 90 na sanção da Lei nº

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8.078/90, amplamente conhecida como o Código de Defesa do Consumidor (CDC),

que foi o grande marco da evolução da defesa do consumidor brasileiro.

A responsabilidade civil que trata o Código de Defesa do Consumidor é a

objetiva de acordo com seu artigo 6º, que traz, entre os direitos básicos, o da

obrigação

I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;

II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;

III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem;

IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;

V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;

VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;

VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados;

VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;

IX - (Vetado);

X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral. (BRASIL, 2003, p. 12).

O Código de Defesa do Consumidor surge como uma ferramenta necessária

a proteção das mais legítimas necessidades da pessoa humana que, inserida no

contexto de uma civilização pós-moderna, exerce cotidianamente o papel de

consumidora (adquirente,usuária) dos produtos e serviços no mercado globalizado(

AZEVEDO, 2009, p. 35).

A defesa do consumidor hoje no Brasil está consolidada, e o volume de

demanda tem aumentado ano a ano. Isso se deve à política de educação para o

consumo, na qual os órgãos integrantes do Sistema Nacional de Defesa do

Consumidor (SNDC) têm levado a informação sobre a utilização adequada dos

produtos e serviços, através de palestras, campanhas informativas, feiras,

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atendimentos em praça pública, seminários e fiscalizações educativas e punitivas ao

consumidor quanto aos seus direitos (MOREIRA, 2012, p. 1).

4.1 Código de Defesa do Consumidor (CDC)

O Direito do Consumidor é um novo direito que surgiu para regular as

relações entre consumidores e fornecedores ante as tendências advindas do

desenvolvimento da sociedade, que torna as relações mais abstratas e impessoais,

consequentemente, mais complexas e com problemas sociais (NUNES, 2000, p. 71).

Para Nunes (2000, p. 71), era necessário que tivéssemos uma lei capaz de

dar conta das relações jurídicas materiais que haviam surgido e estavam em plena

vigor, porém sem suporte legal que lhes explicitassem os abusos que vinham sendo

praticados. O autor afirma que “o regime privatista do código civil é inoperante em

questões ligadas à sociedade de massa, como da mesma forma é o sistema das

ações judiciais individuais do código de processo civil”.

Segundo Almeida (2003, p. 10), a vitória mais importante nesse campo fruto

dos reclamos da sociedade e de ingente trabalho dos órgãos e entidades de defesa

do consumidor foi a inserção, na Constituição da República promulgada em 1988, de

quatro dispositivos específicos sobre o tema. O primeiro deles, mais importante

porque reflete toda a concepção do movimento, proclama que “o estado promoverá,

na forma da lei, a defesa do consumidor” (art. 5º, XXXII)3 e também no Ato das

Disposições Constitucionais Transitórias em seu art. 48 anunciava a edição do tão

almejado Código de Defesa do Consumidor, que se tornou realidade pela Lei nº

8.078 de 11/09/1990, após longos debates, muitas ementas e vários vetos, tendo

por base o texto preparado pela comissão de juristas e amplamente debatido no

âmbito do Conselho Nacional de Defesa do Consumidor (CNDC).

O CDC, antes de cuidar da Política Nacional de Proteção e Defesa do

Consumidor, trabalha a Política de Relações de Consumo, dispondo sobre os

objetivos e princípios que devem nortear o setor. Já se disse, acertadamente, que a

defesa do consumidor não pode ser encarada como instrumento de confronto entre

3 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros

residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor; e o Art. 48 do ADCT dispõe: O Congresso nacional, dentre de 120 dias da promulgação da Constituição, elaborará Código de Defesa do Consumidor

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produção e consumo, senão meio de compatibilizar e harmonizar os interesses

envolvidos (ALMEIDA, 2003, p. 14).

Nesse contexto, tal política tem por objetivo o atendimento das necessidades

dos consumidores, o respeito a sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de

seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como

harmonia das relações de consumo respaldada no principio da boa fé e

transparência (art. 4º do CDC).

Por fim, Moreira (2012, p. 1), afirma que “na busca de uma proteção ampla

ao consumidor, o CDC prevê a participação de diversos órgãos públicos e entidades

privadas, bem como o incremento de vários institutos como instrumentos para a

realização da Política de Consumo.

O Código de Defesa do Consumidor trouxe profundas inovações

comparadas com o Direito Civil e, para proteger o consumidor, adotou a teoria da

responsabilidade objetiva e solidária, ou seja, independente do fornecedor ter culpa

no acidente ou incidente, ele responde perante o consumidor por todos os danos

(MOREIRA, 2012, p. 1).

Após falar da importância do Direito do Consumidor e de seus conceitos

básicos, faz-se necessário mencionar seus princípios gerais segundo o código de

defesa do consumidor brasileiro.

Vários são os princípios constitucionais relacionados a defesa do

consumidor, como a dignidade humana, a justiça, a boa fé, o direito a vida, a

isonomia, a transparência, a equidade, a eficiência, entre outros (TRAJANO, 2004,

não paginado). Alguns merecem um destaque especial dentro do presente trabalho

e serão tratados a seguir.

4.2 Princípios Gerais Trazidos pelo CDC

Antes de adentrar aos princípios gerais trazidos pelo Código de Defesa do

Consumidor, e importante mencionar que segundo Lourencetti (Apud, NUNES,

2009, p. 1), “a dignidade da pessoa humana e do consumidor é a garantia

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fundamental que ilumina todos os demais princípios e normas e que então, a ela

devem respeito, dento do sistema constitucional soberano brasileiro.”

Princípios, conforme consta no vocabulário jurídico de Plácido e Silva,

significa, literis:

PRINCIPIOS. No sentido, notadamente no plural, significa as normas elementares ou os requisitos primordiais instituídos como base, como alicerce de alguma coisa. E assim, princípios revelam o conjunto de regras ou preceitos, que se fixam para servir de norma a toda espécie de ação jurídica, traçando, assim, a conduta a ser tida em qualquer operação jurídica.

Desse modo, exprimem sentido mais relevante que o da própria norma ou regra jurídica. Mostram-se a própria razão fundamental de ser das coisas jurídicas, convertendo-as em perfeitos axiomas.

Princípios jurídicos, sem duvidas, significam os pontos básicos, que servem de ponto de partida ou de elementos vitais do próprio Direito. Indicam o alicerce do Direito.

E, nesta acepção, não se compreendem somente os fundamentos jurídicos, legalmente instituídos, mas todo axioma jurídico derivado da cultura jurídica universal. Compreendem, pois, os fundamentos da Ciência Jurídica, onde se firmaram as normas originárias ou as leis cientificas do Direito, que traçam as noções em que se estrutura o próprio Direito.

Assim, nem sempre os princípios se inscrevem nas leis. Mas, porque servem de base ao Direito, mas porque servem de base ao Direito, são tidos como preceitos fundamentais para a prática do Direito e proteção aos direitos ( BARROS, Apud SILVA, 2010, p. 8).

Assim, deduz-se que os Princípios são anteriores às normas jurídicas

propriamente ditas, são as bases que foram consideradas para elaboração desta,

estando, então, interligados. A norma jurídica deve ser respeitada tanto quanto os

princípios também devem (BARROS, 2010, p. 8).

No contexto da proteção dos direitos do consumidor/turista, as decisões dos

tribunais brasileiros fundamentam-se, muitas vezes, nos princípios fundamentais da

Lei consumerista (MOURA, 2003, p. 43).

Ainda segundo Moura (2003, p. 43), tais princípios foram estabelecidos nos

Artigos 1º ao 7º do Código de Defesa do Consumidor, sendo que os demais e

subsequentes foram elaborados como uma espécie de descrição daqueles

princípios contidos nos sete primeiros, de modo a torná-los efetivos e operacionais.

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4.2.1 Principio da Boa-Fé

Paludo (2005, p.5) diz que o código de Defesa do Consumidor consagrou a

boa-fé como principio no art. 4º inc. III4, ao dispor que a Política Nacional de

Relações de Consumo deve atender, entre outros princípios, ao da boa fé.

Exige o CDC a boa-fé dos contratantes porque pressupõe o contrato não como síntese de interesses contrapostos ou pretensões antagônicas, mas como instrumento de cooperação entre as partes, que devem comportar-se com lealdade e honestidade, de maneira que não frustrem mutuamente as

legítimas expectativas criadas ao redor do negócio jurídico ( PALUDO Apud SILVA, 2005, p. 5).

Desta forma na elaboração do Código de Defesa do Consumidor, o

legislador se preocupou em dar ao consumidor proteção à sua boa-fé, impondo

sanções caso fosse desrespeitada, visando à harmonia entre as relações de

consumo (BARROS, 2010, p. 17).

A boa-fé aqui mencionada retorna mais a frente como clausula geral no

artigo 515 inc. IV. É a chama da boa-fé objetiva, que é uma regra de conduta, dever

das partes de agir em conformidade com a honestidade e lealdade, é um modelo,

um standard, ela não depende da verificação de má-fé subjetiva do fornecedor (

LOURENCETTI, 2009, p.19).

4 Art. 4º A Política Nacional de Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o

respeito a sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida,

bem como a transparência e harmonia das relações de consumo; Inc. III – Harmonização dos interesses dos participantes das

relações de consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e

tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art.170, da Constituição Federal),

sempre com base na boa-fé nas relações entre consumidores e fornecedores;

5 CDC, Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as clausulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e

serviços que: IV – estabeleçam obrigações considerada iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem

exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade;

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Este princípio é necessário, decorrente do desrespeito dado ao consumidor.

Ocupando este o posto de hipossuficiente6 na relação de consumo, bem como

acreditando em todas as vantagens oferecidas pelo produto e detentor de boa-fé,

acabava por ser prejudicado, pois era ludibriado pelo fornecedor que sempre visava

mais lucros mesmo que fosse ilícito. Para que o consumidor fosse protegido e a sua

boa-fé tutelada, o CDC o incorporou uma vez que este principio sempre existiu mas

por não ser respeitado, precisava de algo que exigisse este respeito, ou seja, de

uma norma coercitiva para que o respeito devido fosse concedido (BARROS, 2010, p.

17).

Assim, as partes devem agir com sinceridade, veracidade, sem objetivar

somente o lucro fácil com a consequente imposição de prejuízos ao outro. Dessa

forma, esse principio não alcança apenas o fornecedor, abrangendo também o

consumidor, vedando-lhe vantagem desmedida através de benefícios reservados

pelo CDC.

A consecução do contrato deve ser presidida pela boa-fé objetiva. Não basta

cláusulas com prestações equivalentes se, durante a execução do contrato, uma das

partes adotarem procedimentos aparentemente lícitos, mas que causam lesão

(PALUDO, 2005, p. 5).

Para Moura Apud Nunes (2000, p. 45), a boa-fé objetiva busca estabelecer

equilíbrio de interesses entre as partes, vetando o desrespeito, abusos ou lesões

entre os contratantes.

4.2.2 Principio da Isonomia ou Vulnerabilidade do Consumidor

Bueno (2007, p.806), em seu minidicionário da língua portuguesa diz que

“vulnerável é o que se pode vulnerar ou penetrar, designativo do lado fraco de um

assunto ou questão e do ponto por onde alguém pode ser atacado ou ferido.”

Segundo Simonetti (2010, p.1), “o principio da vulnerabilidade do consumidor

é tido como o principio maior que rege as relações de consumo” Segundo o autor:

6 Hipossuficiente: nas relações de consumo, ou seja o consumidor é mais fraco, portanto hipossuficiente em relação ao

fornecedor (menos capaz).

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No direito, vulnerabilidade é o princípio segundo o qual o sistema jurídico reconhece a qualidade do agente mais fraco na relação, seja com relação a trabalhadores, a gestantes, ao consumidor, etc. Daí que se tem que especificamente o princípio da vulnerabilidade do consumidor é a caracterização absoluta do consumidor como sendo ente vulnerável, sendo essa uma premissa básica e indispensável para a harmonização e equilíbrio nas relações de consumo.

Antes da vigência do CDC, não muito raro o consumidor encontrava-se em

desvantagem em relação ao fornecedor, por isso que a vulnerabilidade é sua

característica mais marcante e é o principal motivo para a criação do Código de

Defesa do Consumidor (BARROS, p.9)

Ainda de acordo com Barros (2010, p.10), desta forma, na relação de

consumo ser vulnerável designa ser o lado fraco dentro da relação. O CDC, no seu

artigo 4º, Inciso I 7, reconheceu que ser vulnerável é estar em condição de

inferioridade. O consumidor é a parte hipossuficiente, uma vez que o fornecedor

possui todas as informações referentes ao seu produto, bem como detém maior

poder econômico, o que concede a ele diversas facilidades entre elas, contratar

melhores profissionais para lhe defender em juízo (BARROS, ano, p.10).

Para Marques (2004, p.105), a vulnerabilidade do consumidor pode ser

demonstrada a partir de três fatores, o primeiro de ordem técnica (que se caracteriza

pela falta de conhecimentos específicos sobre o que se está adquirindo, podendo

ser facilmente enganado em relação as características e utilidade), o segundo de

ordem jurídica ou cientifica (onde faltam os conhecimentos jurídicos, econômicos e

contábeis ao consumidor) e por ultimo o de ordem fática ou sócio – econômica

(individualizada pela posição de superioridade e monopólio do consumidor).

Conclui-se, então que todo consumidor pode ser considerado vulnerável, já

que deve se sujeitar às praticas impostas pelos fornecedores, ficando a mercê

destes (MARQUES, 2004, p.107).

7 ARTIGO 4º: A Política Nacional de Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos

consumidores, o respeito a sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da

qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia da relações de consumo, atendidos nos seguintes princípios: I –

reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo.

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4.2.3 Principio da Transparência

Segundo Nieto (2004, p.132), este princípio que forma o tripé de sustentação

do Código de Defesa do Consumidor junto com o da qualidade e o da proteção

contratual “assegura o direito do consumidor de ser informado sobre a qualidade,

quantidade, composição e características do produto ou serviço, assim como o de

poder identificar o caráter publicitário da mensagem”.

Nos termos do art. 4º o CDC tem por fim justamente reequilibrar as relações

de consumo, harmonizando e dando maior transparência as relações contratuais

A Política Nacional das Relações de consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios (BRASIL, 2003, p. 12).

Pelo princípio da transparência o fornecedor tem o dever de prestar

informações claras e corretas sobre o produto a ser vendido, sobre o contrato a ser

firmado, refletindo na lealdade e respeito nas relações entre fornecedor e

consumidor visando uma relação contratual mais sincera e menos danosa entre

consumidor e fornecedor (MARQUES, 2004, p.206).

Segundo Nunes (2000, p.105) o princípio da transparência se exprime “pela

obrigação do fornecedor em dar ao consumidor a oportunidade de conhecer os

produtos e serviços oferecidos, além de gerar obrigação de conhecimento prévio do

conteúdo dos contratos”. A transparência tem estreita relação com o direito básico à

informação.

O princípio da transparência nas relações de consumo é complementado

pelo direito básico a informação seja através da oferta clara e correta (leia-se aqui

publicidade ou qualquer outra informação suficiente, art. 30)8, sobre as qualidades

do produto e as condições do contrato, sob pena do fornecedor responder pela falha

8 CDC, Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de

comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela

se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.

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da informação (art. 20)9, ou ser forçado a cumprir a oferta nos termos em que foi

feita (art. 35)10; seja através do próprio texto do contrato, pois pelo art. 4611, o

contrato deve ser redigido de maneira clara, em especial os contratos pré-

elaborados unilateralmente (art. 54 § 3º)12, devendo o fornecedor “dar oportunidade

ao consumidor” conhecer o conteúdo das obrigações que assume, sob pena do

contrato por decisão judicial não obrigar o consumidor, mesmo se devidamente

formalizado (MARQUES, 2004, p.206).

4.2.4 Princípio da Equidade ou princípio do Equilíbrio Contratual

Segundo Mattieto (2006, p.29), o equilíbrio contratual, cujas raízes deitam

sobre a idéia maior de igualdade, “é uma expressiva construção presente no direito

contemporâneo dos contratos, ao lado do princípio da boa-fé”.

Mattieto (2006, p. 29), afirma que “o princípio da equidade como o próprio

nome já diz tenta manter tal relação mais nivelada possível, sem que nenhuma das

partes seja explorada”, ou seja, “as relações de consumo devem ter prestações

equânimes, compatíveis e proporcionais com o bem fornecido ou com o serviço

prestado”.

Conforme Palludo (2005, p.741), o princípio da equidade tem por função

básica

A promoção do equilíbrio na relação contratual, dispondo não só as

atribuições, mas também das funções de partes envolvidas no processo de

9 CDC, Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios ao consumo ou lhes

diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem

publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e a sua escolha. 10

CDC, Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o

consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha: I – exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da

oferta, apresentação ou publicidade.

11 CDC, Art. 46. Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigaram os consumidores, se não lhes fora dada a

oportunidade de tomar conhecimento prévio do seu conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a

dificultar a compreensão de seu sentido e alcance.

12 CDC, Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas clausulas tenham sido aprovadas pela autoridade competentes ou

estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar

substancialmente seu conteúdo. § 3º - Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e com caracteres

ostensivos e legíveis, de modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor.

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fornecimento e no processo de consumo, assegurando o desenvolvimento

do negócio, promovendo o combate a prática considerada abusiva, situação

comprometedora das relações de consumo.

O equilíbrio contratual, nos contratos de turismo, exemplo de abusividade de

que deve o consumidor ser protegido, estão nos artigos 12, 14, 18 e 20 do Código

de Defesa do Consumidor:

Art. 12 o fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o

importador respondem independentemente da existência de culpa, pela

reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes

de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação,

apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por

informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.

Art. 14 o fornecedor de serviços responde, independentemente da

existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores

por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações

insuficientes sobre sua fruição e riscos.

Art. 18 os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis

respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os

tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes

diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com

as indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou

mensagem publicitária respeitada às variações decorrentes de sua

natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.

Art. 20 o fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os

tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por

aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta

ou mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e

à sua escolha:

I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível;

II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem

prejuízo de eventuais perdas e danos;o abatimento proporcional do preço

(BRASIL, 2003, 17)

Após falar da importância do Direito do Consumidor no Brasil, e de

mencionarmos seus principais princípios, a seguir explanaremos a aplicação do

CDC nas relações de consumo no turismo.

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34

4.3 O Código de Defesa do Consumidor nas relações de consumo no turismo

A partir da massificação da prestação de serviços e da produção de

produtos, se viu necessária uma legislação que envolvesse o consumo. Pois a

produção em massa fez com que o fornecedor pudesse ditar as regras do mercado

e o consumidor que deixasse de contratar, deixava de satisfazer suas necessidades

(MENDONÇA, 2007).

Durante anos o consumidor esteve em posição desfavorável para reivindicar

seus direitos perante o que lhe era imposto pelo fornecedor. Não havia consenso

entre as partes, bem como nenhuma lei específica para determinar os direitos dos

consumidores e os deveres dos fornecedores (MOURA 2003).

Porém as relações de consumo ganharam amplitude com a edição do

Código de Defesa do Consumidor, em 1990 e cada vez mais vem ganhando espaço

no mundo jurídico com a familiarização da sociedade com seus direitos oriundos

deste diploma legal.

Para Mendonça (2007, p.1), o CDC tem como função “proteger as

complexas relações jurídicas existentes entre consumidores e fornecedores

estabelecendo a isonomia na relação quando ela não está presente, coisa que não

seria possível com a legislação civil comum”.

O Código de Defesa do Consumidor é aplicado toda vez que se estiver

diante de uma relação de consumo, independente de ramo de Direito público e

privado, contratual e extracontratual, material e processual, pois é uma Lei de

Ordem Pública13. Assim em se tratando do sistema turístico, sendo este uma

atividade de livre iniciativa, a sua relação com o consumidor também é regida pelo

CDC e para isto é necessário compreendermos os conceitos básicos do direito do

consumidor, são eles consumidor, fornecedor, produto e serviços, abordados a

seguir.

13

Lei de ordem publica é aquela cuja obediência é obrigatória e dispositiva de ordem substantivo e instrumental, não pode ser

desatendida ou relevada pelas partes e principalmente pelo juiz.

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35

4.3.1 Consumidor e Fornecedor

Analisaremos agora a figura do consumidor nas relações de consumo.

Alguns autores advertem não ser fácil a tarefa de definir o conceito jurídico de

consumidor.

Moura (2003, p.39), afirma que consumidor numa visão geral é “qualquer

pessoa que contrata para consumo final, em beneficio próprio ou de outrem, a

aquisição ou locação de bens ou prestação de um serviço”.

Para Almeida (2003), consumidor é aquele que se encontra numa situação

de usar ou consumir, estabelecendo-se, por isso uma relação atual ou potencial,

fática sem dúvida, porém a que se deve dar uma valorização jurídica a fim de

protegê-lo, quer evitando quer reparando danos sofridos.

Herman e Benjamin apud Almeida (2003, p.37) exprimem o conceito jurídico

de consumidor como sendo:

Todo aquele que para uso pessoal, de sua família, ou dos que se subordinam por vinculação doméstica ou protetiva a ele, adquire ou utiliza produtos, serviços ou quaisquer outros bens ou informação colocados a sua disposição por comerciantes ou por qualquer outra pessoa natural ou jurídica, no curso de sua atividade ou conhecimento profissional.

No entanto o Código de Defesa do Consumidor traz em seu corpo três

conceitos de consumidor. O primeiro deles está expresso no Art. 2º que diz

“Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza

produto ou serviço como destinatário final” (BRASIL, 2003, p.11).

Sobre esse artigo, Moura (2003, p.39) chama atenção para a presença de

dois requisitos “a aquisição ou utilização de bem ou serviço e a destinação privada

do bem adquirido ou utilizado. Este último quesito exclui do conceito de consumidor

o industrial, o comerciante, o intermediário ou atravessador”.

De acordo com a autora a pessoa jurídica somente será considerada

legalmente como consumidora quando adquirir ou utilizar o produto ou serviço como

destinatária final. De qualquer sorte, consagrando a proteção do consumidor pessoa

jurídica, o que refletiu como um avanço em toda sociedade de consumo.

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O segundo conceito de consumidor encontra-se preconizado no art. 17, que

trata dos acidentes sofridos por terceiros, estranhos à relação jurídica de consumo.

Tal artigo dispõe:

“Art. 17 Para os efeitos dessa Seção, equiparam-se aos consumidores todas

as vitimas do evento”.

Moura (2003, p.40) explica que tal artigo visa acolher toda as vitima do

evento, em função da gravidade dos acidentes de consumo14 que acarretam riscos à

saúde e à integridade física de consumidores e terceiros, ou seja, nesse caso não

importa se o tutelado15 qualifica-se como destinatário final do produto ou se houve a

sua participação na relação de consumo, sua proteção estará condicionada apenas

ao fato de que tenha sido atingida em sua incolumidade16 física – psíquica ou

econômica pelos efeitos do acidente de consumo

O terceiro conceito, incluído no Capítulo das “Praticas Comerciais” e também

fazendo referência ao Capítulo da “Proteção Contratual”, é assim disciplinado no

Código de Defesa do Consumidor:

“Art. 29 Para os fins deste capítulo e do seguinte, equiparam-se aos

consumidores todas as pessoas determináveis ou não, as práticas nele previstas”.

Sobre esse terceiro conceito, Rocha (1997, p.70) comenta que tal artigo

equiparou aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às

práticas comerciais, gozando da mesma proteção concedida ao consumidor direto.

Desse modo, aqueles que não são partes em um contrato de compra e venda ou de

prestação de serviços, mas que podem vir a ser, estão protegidos da mesma forma

que os consumidores no tocante às práticas comerciais e contratuais.

No que tange ao conceito de fornecedor podemos perceber que

diferentemente do que ocorre com o consumidor, o conceito de fornecedor não é

14 Acidentes de Consumo: são os eventos danosos decorrentes das relações de consumo. Haverá acidente de

consumo toda vez que ocorrerem danos que ultrapassem a esfera do produto ou serviço, ou seja

características que não se limitem a torná-los impróprios ao consumo, inadequados ao consumo, e diminuírem

o seu valor ou a implicarem em disparidade com a oferta, informação, etc.

15 Tutelado – adj. E s. m sujeito a tutela; protegido; tu.te.la.do

16 Incolumidade – s. f. integridade; inteireza; retidão; in.co.lu.mi.da.de

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debatido com freqüência pelos autores, talvez em decorrência do vasto leque de

atividades econômicas e da amplitude da área de prestação de serviços.

Segundo Almeida (2003, p. 40), o conceito de fornecedor seria “aqueles que

desempenham negociações típicas de direito privado sem profissionalidade, por

acerto direto e sem qualquer influência da publicidade”. De acordo com o autor

entende-se que fornecedor é “aquele que fornece produtos, praticando uma das

seguintes atividades: produção, montagem, criação, construção, transformação,

importação exportação, distribuição ou comercialização (ALMEIDA, 2003, p.41)”.

O nosso CDC definiu o que seja fornecedor em seu artigo 3º como sendo

Toda pessoa física ou jurídica, publica ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados

17, que desenvolvem atividades de

produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.

Ao apreciar tal conceituação Saad (1999, p.71), afirma que a analise do

conceito legal de fornecedor deixa evidente sua abrangência e amplitude. Segundo

o autor é fornecedor “o industrial que fabrica o produto, o comerciante que põe em

circulação e vende-o; aquele que exporta para outros países nossa produção ou

importação dos estrangeiros bens para poder vendê-los no território nacional e o

prestador de serviços”.

Segundo Moura (2003, p.41), na definição dada pelo CDC do que seja

fornecedor podemos destacar três categorias de fornecedores “o fornecedor real,

compreendendo o fabricante, o produtor e o construtor; o fornecedor presumido

assim entendido como o importador de produtos industrializados ou in natura e o

fornecedor aparente, ou seja aquele que aplica seu nome ou sua marca no produto

final”

Foram conceituados o consumidor e o fornecedor, porém uma relação de

consumo, conforme já dito é aquela em que um dos pólos é o consumidor e o outro

o fornecedor, ambos negociando produtos e serviços. Portanto cabe agora

conceituar o que é produto e o que é serviço.

17 As Sociedades irregulares ou sem registro – as chamadas Sociedades de fato

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38

4.3.2 Produto e Serviço

Dispõe o § 1º do art. 3º do CDC (BRASIL, 2003, p. 10), que “produto é

qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial”.

Segundo Filomeno (2001, p.44), produto é “qualquer objeto de interesse em

dada relação de consumo, e destinado a satisfazer uma necessidade do adquirente,

como destinatário final”.

Para Nunes (2000, p. 94), a definição legal é bastante clara e auto

explicativa, porém um dado fundamental não fora salientado, que é “a ausência do

requisito da remuneração, ao contrario do que ocorre com o serviço, para que o

produto seja considerado como objeto da relação jurídica de consumo”.

Disposto na legislação, serviço está conceituado no § 2º do art. 3º do nosso

CDC como “qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante

remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária,

salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.

Tal lei exclui os serviços do tipo trabalhista da aplicação do CDC, pois

segundo Nunes (2009, p.100),

Para Nascimento (1991, p.25), “serviço é a prestação de atividade, é o

laborar em favor de outrem”.

O consumidor na qualidade de hipossuficiente, decorrente da vulnerabilidade

reconhecida, encontra-se na maioria das vezes, em situação de desamparo,

socorre-se então às defensorias públicas, que possuem a importante função de

orientação e representação em juízo, caso haja necessidade.

Atualmente existem no Brasil vários órgãos públicos responsáveis por

soluções previstas no direito para uma conciliação de forma justa e eficaz. A seguir

veremos quais são esses órgãos e como eles atuam para solucionar os conflitos

entre as partes envolvidas.

4.4 Soluções Judiciais e Extrajudiciais

O Código e os órgãos de defesa do consumidor devem ser acionados a

partir do momento em que o consumidor se sentir lesado durante ou após contratar

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39

algum produto ou serviço. “Seus direitos estão claramente expressos no Código, que

está cada vez mais respeitado no Brasil (MOURA, 2003, p. 90)”.

Conforme Moura (2003, p. 90), para que a lei possa surtir efeitos práticos,

três fatores são determinantes “a reeducação do consumidor que precisa conhecer

seus direitos, o trabalho contínuo e integrado dos órgãos de defesa e a

conscientização dos fornecedores de produtos e serviços”.

Ainda segundo Moura (2003, p. 90), no momento em que o problema surge,

“é necessário que sejam resguardados os direitos, principalmente quando envolver

Dano Moral18”.

Assim, o lesado poderá dirigir-se ao PROCON que é o principal órgão de

defesa do consumidor estando vinculado à Secretaria de Justiça e da Defesa da

Cidadania dos Estados. Encontra-se presente em todos os estados brasileiros,

podendo fazer-se representar em nível tanto municipal quanto estadual ou também

através do Ministério Público, para registrar sua queixa e pedir ressarcimento de

danos materiais; ou acionar o DECON para investigar crimes praticados contra os

consumidores, previsto tanto no Código de defesa do consumidor quanto em outras

legislações, ou informar a EMBRATUR (se for o caso) para a fiscalização.

4.4.1 Juizados Especiais Cíveis

O Instituto Brasileiro de Estudo e Defesa das Relações de Consumo

(IBEDEC)19, em seu site afirma que os Juizados Especiais Cíveis, são órgãos do

Poder judiciário que visam conciliar e julgar os problemas que lhe são submetidos,

através de juízes leigos e de juízes togados. São destinados a atender causas de

valor não superior a 40 salários mínimos. Nos juizados as pessoas que tiverem

problemas de até 20 salários mínimos podem reclamar sozinhas sem assistência de

um advogado.

Almeida (2003, p.26) comenta que

18 Dano Moral: Prejuízo ou deterioração dos bons costumes; ir contra os princípios morais.

19 Disponível em: www.ibedec.org.br Acesso em 11/05/2013

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De 1984 a 1995 existiram no Brasil os JEPC – Juizados Especiais de

Pequenas Causas, instituídos pela Lei nº 7.244/8420

. Buscou-se, com sua

instituição, facilitar a solução das pendências de pequena expressão

econômica – até 20 (vinte) vezes o salário mínimo – , atacando os dois

pontos críticos do acesso ao judiciário. À crítica de ser cara a justiça,

respondeu-se com a gratuidade em primeiro grau (lei citada art. 51)21

e com

a possibilidade de ingresso direto no juizado, sem assistência de

profissional da advocacia (idem art. 9º)22

.

Ainda conforme Almeida (2003, p.27),

em 26/09/1995 foi editada a Lei n° 9.09923

, que dispõe sobre os Juizados

Especiais Cíveis e Criminais e dá outras providências. Foi revogada a Lei nº

7.244/84. Os JEPC foram substituídos pelos Juizados Especiais Cíveis e

Criminais com nítidas vantagens para o consumidor. que dispõe sobre

vários procedimentos desse “novo” órgão que integra o Poder Judiciário,

orientado pelos critérios da simplicidade, informalidade, rapidez e economia

processual, buscando sempre a conciliação entre as partes.

Moura (2003, p. 93), explicam que as de ações nos Juizados Especiais está

restritas às pessoas físicas, capazes, maiores de 18 anos e às microempresas.

Segundo a autora para manter a rapidez processual,

Fica excluídas da competência dos Juizados Especiais as causas de

natureza alimentar, familiar, fiscal e de interesse da Fazenda Pública e

também aquelas relativas aos acidentes de trabalho, aos resíduos e ao

estado e capacidade de pessoas, ainda que de cunho patrimonial (MOURA

2003, p. 94).

E que os Juizados Especiais dividem-se em:

20 Lei nº 7.244/84 – Lei de 7 de novembro de 1984. Dispõe sobre a criação e o funcionamento do

Juizado Especial de Pequenas Causas.

21 Lei citada art. 51 O acesso ao Juizado de pequenas Causas independerá, em primeiro grau de jurisdição, do

pagamento de custas, taxas ou despesas.

22 Idem art. 9º As partes comparecerão sempre pessoalmente, podendo ser assistidas por advogados.

23 Lei n° 9.099 Revogou a Lei nº 7.244/84. Os JEPC foram substituídos pelos Juizados Especiais

Cíveis e Criminais

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41

Juizados Cíveis, que tem por finalidade julgar pedidos de reparação por

danos que não ultrapassem 40 salários mínimos e Juizados Criminais que

tem por finalidade resolver delitos de pouca gravidade (MOURA, 2003, p.

94).

Reinaldo Filho (1996, p.18), afirma que o Juizado Especial, como

instrumento de defesa do consumidor deve ser deixado para a solução dos litígios

mais comuns no dia a dia das relações de consumo, envolvendo produtos e serviços

de reduzido valor econômico.

Segundo Santos (2009, p.3), “no turismo, assim como em qualquer outra

relação de consumo, os turistas estão amparados pela Constituição Federal, pelo

Código de Defesa do Consumidor como ainda contam com a Lei Geral do Turismo

(Lei nº 11771/0824)”.

Para o autor, os turistas (consumidores) podem acionar os juizados

espaciais de duas formas

Na forma individual, onde o consumidor que tenha um problema pode

acionar a empresa para resolver. Primeiro recomenda-se uma tentativa de

acordo, depois uma notificação extrajudicial e, não havendo sucesso, uma

interposição de ação no judiciário. Na forma coletiva, um grupo de

consumidores que tenham problemas com a mesma empresa entra na

justiça representada pelo seu representante legal, valendo aqui o princípio

de que a união faz a força, ficando a briga mais barata, pois o custo é

dividido entre os associados e a argumentação mais convincente, porque

será um erro geral (SANTOS, 2009, p. 26).

A seguir explanaremos os problemas decorrentes de vícios e defeitos

durante o fornecimento de serviço de hospedagem.

4.4.2 Acidentes de Consumo

24

Lei Geral do Turismo: Dispõe sobre a Política Nacional do Turismo, define as atribuições do Governo Federal

no planejamento, desenvolvimento e estímulo ao setor turístico.

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42

“Os acidentes acontecem quando no uso ou gozo normal de um produto ou

serviço, este vem a apresentar defeito ou anormalidade, que coloquem em risco a

vida do consumidor ou sua saúde (SANTOS, 2009, p. 11)”.

Segundo o autor, são exemplos de acidentes de consumo no turismo “um

acidente automobilístico durante um passeio em dunas, uma queda em piso

molhado da recepção de um hotel, o afundamento de um barco durante o passeio,

entre outros (SANTOS, 2009, p.11)”.

Quando se tratar de Turismo de Aventura, Santos (2009, p.12), explica que

“os riscos devem ser previamente informados ao consumidor, por escrito e de forma

compreensível, afim de que o consumidor tenha plena consciência dos riscos

assumidos com a atividade”. E ainda assim, se o fornecedor deixar de tomar alguma

medida de segurança inerente ao esporte ou atividade que vai oferecer, pode ele

responder pelos danos causados.

A importância que aqui queremos destacar é que em se tratando de relação

de consumo, a responsabilidade do fornecedor é sempre objetiva. Ou seja

independentemente de o fornecedor ter culpa no acidente ou incidente, ele vai

responder perante o consumidor por todos os danos físicos, estéticos, materiais e

morais causados.

O Instituto Nacional de Metrologia Normalização e Qualidade Industrial

(INMETRO), Em seu site25 afirma que “o Brasil ainda não possui estatísticas, sobre

a ocorrência deste tipo de acidente que pode impactar, social e economicamente,

mais do que os acidentes de trabalho e de trânsito aos quais já é dado algum tipo de

tratamento”.

Por isso o INMETRO incentiva que se relate os acidentes de consumo. O

produto ou serviço não necessariamente precisa ter sido comprado por você. Com o

seu relato o Instituto afirma estimar o prejuízo econômico e social causado por este

tipo de acidente à sociedade brasileira e contribuir para a redução de inúmeros

acidentes a partir da elaboração e revisão de normas e regulamentos técnicos, para

o aperfeiçoamento de produtos e serviços expostos à venda no mercado nacional,

bem como para o direcionamento de ações focadas por parte das autoridades

25 Disponível em: www.inmetro.gov.br/consumidor/acidente_consumo.asp Acesso em: 11/05/2013

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regulamentadoras voltadas não apenas para a fiscalização, mas também para a

educação para o consumo.

O site do INMETRO divulgou uma pesquisa sobre os principais acidentes de

consumo no Brasil em abril de 2013, como mostra o gráfico a seguir:

Fonte: INMETRO

Ainda segundo Santos (2009, p.12), “é importante para o consumidor

sempre guardar comprovantes de pagamento ou contratação dos serviços, bem

como anotar eventuais testemunhas do fato ocorrido e se possível registrar boletim

de ocorrência para comprovar o fato”.

Problemas acontecem até com os mais prevenidos e instruídos. É

impossível que você cerque todas as possibilidades ou que tenha certeza que não

encontrará problemas. E os conflitos oriundos das relações de consumo entre

turistas e os meios de hospedagem que serão comentados a seguir.

Porcentagens dos Acidentes de Consumo

Alimentos

Produtos infantis

Embalagens

Utensilios do lar

Eletrodomésticos e Similares

Outros

Veiculos e Acessórios

Mobiliário

Saúde

Cozinha

Calçados e vestuários

Serviços

Produtos Quimicos

Aparelhos Eletricos

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44

4.4.3 Problemas usuais dos turistas com os meios de hospedagens

Da mesma forma que o turista deve tomar medidas de prevenções ao

planejar sua viagem, em relação à saúde, transporte, segurança e meios de

hospedagem o seu anfitrião, aqui representados pelo hotel, também devem ter

consciência de seus direitos e principalmente, suas obrigações.

Para Nieto (2004, p.151), cabe inicialmente observar que os

estabelecimentos devem, tendo em vista o princípio da transparência que vige no

Código de Defesa do Consumidor, manter preços das diárias, seus respectivos

horários de início (check in) e término (check out) ostensivamente informados aos

hóspedes.

Da mesma forma, preços de produtos e serviços, como o uso de lavanderia,

itens de frigobar, uso de sauna etc., devem ser fornecidos aos hóspedes, sob pena

de não terem de ser pagos pela infração legal e o provável desconhecimento por

parte do cliente. A informação como dita acima deve ser ostensiva e, assim, de fácil

acesso e compreensão (NIETO, 2004, p. 151).

Selecionamos alguns casos representando diferentes situações nos meios

de hospedagem abordando problemas habituais tais como furtos, coisas deixadas

no hotel, problemas de saúde e morte e comportamento indevido do hóspede.

A análise dessas situações que ocasionam esses distúrbios na prestação

dos serviços de hospedagem será comentada a seguir.

4.4.3.1 Furtos ocorridos em hotéis

O art. 1284 do Código Civil prevê que “a responsabilidade em casos de

furtos e roubos que tenham sido cometidos por funcionários, fornecedores, visitantes

ou outros admitidos, é do hoteleiro”.

Segundo Nieto (2004, p.153), “a responsabilidade dos meios de

hospedagem alcança igualmente a bagagem do hóspede desde o momento na

entrada no estabelecimento ou na recepção no porto ou aeroporto pelo próprio

empreendimento hoteleiro”.

O autor comenta que alguns hotéis costumam oferecer cofres para depósito

de objetos de valor dos clientes, mas furtos costumam acontecer com relativa

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freqüência e o fato de existirem cofre não eximem o hotel de responsabilidade. Às

vezes a camareira vai limpar o apartamento e deixa a porta aberta, momento em

que alguém furta algo do interior do quarto, ou mesmo algum profissional desonesto

da equipe se envolve com este tipo de ocorrência. “A responsabilidade será sempre

do hotel que deverá ressarcir os prejuízos causados ao hóspede” (NIETO, 2004,

p.153).

Badaró (2006, p.33), “é de responsabilidade do hospedeiro, como

depositário, zelar pelas bagagens de seus hóspedes, devido à responsabilidade

contratual equiparada ao depósito necessário”. Essa responsabilidade só cessa nos

casos nos quais ocorrem violências, assaltos à mão armada, que não poderiam ser

evitados, ou se provando que a culpa foi do hóspede.

Castelli (1996, p. 105), afirma que “todo problema é algo indesejável.

Indesejável porque o resultado poderia ter sido melhor. Esta diferença entre

resultado desejável e o resultado real é que constitui o problema”.

Segundo o autor, “para eliminar tal problema é necessário resolvê-los ali

mesmo no nascedouro, nunca ocultá-los ou passá-los adiante, encará-los como uma

oportunidade para melhorias” (CASTELLI, 1996, p. 105).

O autor afirma que “faz parte da natureza humana o fato de não querer

admitir que se tenha um problema, pois o reconhecimento dos problemas equivale

ao reconhecimento de falhas ou fraquezas. Com isso, a pesquisa in loco ficou

comprometida, pois não se obteve êxito a tentativa de entrevistas com

empreendimentos hoteleiros a respeito dos conflitos oriundos das relações de

consumo entre turistas e os meios de hospedagem.

Buscando alternativas que pudessem enriquecer nosso trabalho, vamos

utilizar como exemplos os estudos de casos feito por Bittencourt, Brasileiro et al

(2008, p. 1), que se adéqua perfeitamente ao assunto tratado.

Sobre furtos ocorridos em hotéis, os autores contam que:

Um furto ocorreu no interior de um hotel no centro da cidade. De acordo com

o boletim de ocorrência feito na delegacia mais próxima, o chefe de recepção

informou que dois indivíduos chegaram ao balcão, pedindo informações sobre o

salão de eventos do hotel. Durante um momento de distração do funcionário que os

atendia, um dos rapazes entrou em uma das salas do salão de eventos, que estava

alugada para um encontro de funcionários de uma empresa de eletrodomésticos, e

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46

se apoderou de um notebook e um projetor, ambos pertencentes à empresa. O

segundo rapaz tratou, então, de encerrar o assunto com o funcionamento da

recepção, foi ao encontro do comparsa e os dois saíram rapidamente do hotel.

Quando os organizadores do evento deram pela falta dos objetos, já não havia como

alcançar os dois homens. Restou ao gerente do hotel providenciar o registro, um

boletim de ocorrência na delegacia de polícia mais próxima, para investigar o furto.

Mamede (2003, p.167), explica que “é dever do empreendedor, qualquer que

seja, velar pela segurança daqueles que estejam legitimamente no âmbito de seu

empreendimento”.

Bittencourt, Brasileiro et al (2008, p. 1) explicam, que no caso de furto, “é

importante que o hotel se previna, definindo procedimentos e treinando

funcionários”. Evitando comentários por partes dos funcionários, ou de quem quer

que seja, com os outros hóspedes. E desde que provados os danos, a indenização

pode ser muito maior do que o valor do equipamento furtado.

No estudo de caso visto ainda a pouco, “uma vez que o hotel tenha efetuado

um contrato com quem locou o espaço, a responsabilidade passa a ser da empresa

ou pessoa contratante, isentando o hotel da responsabilidade”. Esta condição deve

estar inserida no contrato de locação, em clausula expressa (BITTENCOURT,

BRASILEIRO ET AL, 2008, p. 1).

4.4.3.2 Coisas deixadas no hotel

Situação muito comum nos meios de hospedagem são os hóspedes

deixarem objetos ou valores para trás, perdendo-os ou esquecendo-os nas unidades

habitacionais ou nas áreas comuns do hotel. É objetos de todo o tipo, pelos quais os

hóspedes ou clientes podem vir a exigir reembolso. Portanto, devem se tomar

providências para garantir os interesses da empresa e do hóspede.

Segundo Mamede (2004, p.158), o primeiro procedimento a ser tomado pelo

hotel é “entrar em contato com o hóspede utilizando as informações contidas na

Ficha Nacional de Registro de Hóspedes (FNRH), a qual deverá conter o nome,

endereço e telefone para contato”.

O autor, porém afirma, ser perfeitamente possível que tal contato não seja

viável, seja por falhas no preenchimento da ficha, seja por não se poder precisar

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quem é o proprietário da coisa. No entanto se não for possível o contato, o habitual é

o recolhimento do pertence no estabelecimento hoteleiro por um prazo de no

máximo 90 dias. Após essa data, mantém-se a lista de registro arquivada e o objeto

é descartado ou doado (MAMEDE, 2004, p.158).

Legalmente o procedimento a ser tomado é o que aborda os artigos1170 e

1175 do Código Civil26, afirmando que o pertence deverá ser entregue à autoridade

judiciária ou policial com sua descrição e a declaração do hoteleiro. O juiz publicará

o pertence e sua descrição em edital com prazo de dez dias para que seu respectivo

dono reclame. Caso o prazo estipulado seja exonerado, o pertence será avaliado e

alienado em leilão (BADARÓ, 2006, p.32).

O estudo de caso que mostraremos a seguir foi feito por Bittencourt,

Brasileiro ET AL (2008, p. 1), e diz o seguinte:

Ao fazer a arrumação do apartamento, depois que o hóspede já havia

efetivado seu check-out27, uma camareira encontrou um brinco sobre a mesa.

Chamou a sua governanta que, muito zelosa, identificou a ficha do hóspede no

sistema e ligou para o telefone que lá constava. A chamada foi atendida por uma

senhora chamada Maria Amélia. Quando a governanta informou sobre o brinco

encontrado, a mulher disse que o objeto não poderia ser dela, pois nunca tinha

estado naquele hotel e não havia ninguém do seu convívio que tivesse se

hospedado ali recentemente. A governanta pediu desculpas e desligou. Não foi o

caso, mas este procedimento poderia ter causado grande constrangimento, com

graves consequências.

Os autores comentam que o procedimento para a entrega de objetos

esquecidos, a pessoa deve comprovar que é realmente a dona de pertence. No caso

de uma mala, por exemplo, a pessoa vai descrever seu conteúdo. Se a descrição

26 Art. 1170 do Código Civil – Deverá entregar o pertence ou o valor à autoridade judiciária ou policial, que a

arrecadará, mandando lavrar o auto respectivo, dele constando a sua descrição e as declarações do

albergueiro.

Art. 1175 do Código Civil – Posse é o poder que se manifesta quando alguém atua por forma correspondente

ao exercício do direito de propriedade ou de outro direito real.

27 Check out – Expressão utilizada na hotelaria para se referir a partida do hóspede. Encerramento de conta do

hóspede. Disponível em: WWW.babelfish.com Acesso em: 11/05/2013.

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conferir, deve-se fazer um termo de retirada, registrar dados e números da

documentação e após colher assinatura no documento, entregar o objeto.

4.4.3.3 Problemas de saúde e morte

Para Mamede (2004, p.152) “adoecer ou ferir-se é possibilidade presente,

constante, isenta de privilégios geográficos ou temporais: é uma surpresa que pode

atingir quaisquer pessoas, em qualquer lugar”.

O mesmo se diga da morte, “o desconhecido inevitável, a última grande

surpresa da vida”. É lugar-comum dizer que todos sabem que ela virá, só não sabem

quando, nem onde, ou seja, a morte pode ocorrer justamente quando se está

hospedado (ou trabalhando) num hotel.

Por isso o autor afirma que “hospedar é mais do que simplesmente dar

quarto e comida, hospedar é abrigar, é proporcionar todas as condições para que o

hóspede possa ficar em segurança”. E num ambiente que lhe é estranho, há

presunção legal de que o hospedeiro dá ao hospede a segurança e o auxilio que,

em seu próprio ambiente, seriam dados pela família, amigos e/ou vizinhos.

Badaró (2006, p.28), explica que

o hotel é obrigado a informar sobre qualquer produto ou serviço que seja

nocivo à saúde ou segurança ou que apresente periculosidade ao hóspede

de acordo com o art. 928

do Código de Defesa do consumidor.

Quando o hóspede se acidenta sem que haja risco de vida, o hotel é

obrigado, contratualmente a dar abrigo, segurança e socorrê-lo, apoiado

pelo art. 1429

do CDC. Podem ser feitos pequenos curativos no próprio

estabelecimento já que a EMBRATUR prevê que todos os meios de

hospedagem devem possuir equipamentos de primeiros socorros e

28 Art. 9 do CDC: O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivo ou perigoso à saúde ou

segurança deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou periculosidade

sem juízo de adoção de outras medidas cabíveis em caso concreto

29 Art. 14 do CDC: O fornecedor de serviço responde independentemente da existência de culpa, pela

reparação dos danos causados aos consumidores por defeito relativos a prestação de serviços, bem como por

informações insuficientes ou inadequadas sobre fruição e riscos.

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funcionário com treinamento específico para o atendimento de situação

simples ou preliminar ao atendimento de emergência.

Segundo a autora, caso não seja possível resolver o problema no hotel, a

gerência deve providenciar a pronta remoção do acidentado para o hospital, clínica

ou consultório médico onde possa ser devidamente atendido. E que o hotel é

obrigado a arcar com todas as despesas médicas e de outras razões dos hóspedes

desde o momento em que este se acidenta até o momento que sai da unidade de

tratamento e/ou recuperação.

“O mesmo ocorre nas situações de doenças leves, como gripes, febre,

diarréia e afins” (MAMEDE, 2003, p. 163).

Ainda conforme Mamede (2004, p.153), “em caso de morte não há diferença

jurídica de tratamento para morte de hóspede, de empregado ou de um terceiro

(visitante ou desconhecido)”.

O autor explica que o corpo de empregados, principalmente o pessoal da

governança (camareiros, faxineiros etc.), deve ser treinado para ao constatar um

óbito, manter a calma, não fazer escândalos, não propagar o fatos entre os demais

hóspedes e, principalmente, para não tocar em nada e não mudar nada de lugar, o

que atrapalharia um eventual trabalho de polícia e de sua perícia técnica. O

empregado que encontra alguém morto, seja um hóspede, seja outro empregado,

seja um terceiro (visitante ou desconhecido), tem apenas que comunicar o fato,

imediatamente, a seu superior (a governanta ou gerente).

Para o autor é importante ressaltar que “a remoção do corpo e a liberação

da unidade habitacional (quarto, apartamento, suíte, bangalô, etc.), são atos da

polícia, não cabendo ao estabelecimento interferir. Nada deve ser limpo, removido

ou alterado sem liberação policial.”

Agora, se o turista é acometido de mal súbito ou vitima de acidente ou

agressão que o pode conduzir à morte, deve-se tentar salvar-lhe a vida, o que

certamente rompe a regra do não intervir no cenário do sinistro, própria das

situações em que alguém já é encontrado morto.

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Mamede (2003, p.162), explica que esse socorro é uma obrigação jurídica,

cuja omissão caracteriza crime, de acordo com o artigo 13530 do Código Penal que

pune com pena de detenção de um a seis meses, ou multa, quem deixa de prestar

assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal.

A seguir mostraremos o estudo de caso feito por Bittencourt, Brasileiro ET

AL (2008, p. 1), que retrata a seguinte situação:

Devido ao seu trabalho como representante comercial, João da Silva viajava

freqüentemente a uma grande cidade do Brasil e se hospedava sempre no mesmo

hotel. Em uma dessas viagens, ele retornou ao hotel após o dia de trabalho, entrou

no quarto e não saiu mais. No dia seguinte, não desceu para o café da manhã e

tampouco para o almoço, nem respondeu quando a camareira bateu à porta de seu

apartamento para saber se ele queria o serviço de arrumação. Os funcionários

estranharam tal comportamento e resolveram agir. Bateram várias vezes na porta do

apartamento de João, sem resposta. O gerente providenciou, então, a abertura da

porta e encontrou o hóspede caído no banheiro, sem vida. Ao constatar o óbito, o

gerente comunicou o fato à polícia. Os policiais fizeram a vistoria do local e

removeram o corpo. Foi solicitada à autoridade policial a discrição nos seus

trabalhos, para evitar escândalos e garantir a credibilidade do estabelecimento.

4.4.3.4 Comportamento indevido do hóspede

Segundo Badaró (2006, p. 29) as obrigações do hóspede não estão

limitadas ao pagamento. “O hóspede deverá comporta-se de maneira adequada

tratando de forma respeitosa funcionários, outros hóspedes e o patrimônio físico do

hotel. Da mesma forma, seus acompanhantes e eventuais visitantes devem respeitar

as regras do meio de hospedagem”.

30 Art. 135 do Código Penal: Deixar de prestar assistência quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança

abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou

não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: pena de 1(um) a 6(seis) meses, ou multa.

Parágrafo Único: A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e

triplicada, se resulta morte.

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Mas existem situações que fogem ao cotidiano de um estabelecimento

hoteleiro, como óbitos e doenças dos hóspedes e terceiros. Ou ainda, o

comportamento inesperado para enfrentar situações como essas, preservando tanto

a integridade do estabelecimento quanto a de funcionários e colaboradores

(BITTENCOURT, BRASILEIRO ET AL, 2008, p. 1).

Para os autores, considerando que a hospedagem é um contrato

materializado no momento da assinatura da FNRH, em todas as circunstâncias de

ofensa e de impossibilidade de manutenção da hospedagem haverá quebra de

contrato por descumprimento de obrigação do hóspede. Por isso, o hotel, desde que

comprovado o fato, poderá rescindir o contrato, determinando a saída do hóspede

do estabelecimento. Caso o hoteleiro não tome providências, o empregado ofendido

poderá processar o estabelecimento por danos morais.

Sobre comportamento indevido do hóspede, Badaró (2006, p.31), conta que

“quando um hóspede se encontra bêbado causando perturbação, os funcionários

devem cuidar para que não ocorram brigas, discussões, agressões sob pena de

responder pelos danos havidos”.

A autora explica que o hotel deve tentar levar o hóspede embriagado para

seu apartamento. Caso o hóspede insista em prejudicar o bom andamento de sua

estada, a polícia pode ser acionada, salvo que pelo art. 6231 da Lei de

Contravenções Penais, apresentar-se publicamente em estado de embriaguez de

modo que cause escândalo ou coloque em perigo a segurança própria ou alheia, é

crime. O hotel pode ser considerado culpado se persistiu em servir bebida alcoólica

a um hóspede já em estado de embriaguez salvo o art.6332 do Código Penal.

31 Art. 62. Apresentar-se publicamente em estado de embriaguez, de modo que cause escândalo ou ponha em perigo a

segurança própria ou alheia; Pena - prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa.

Lei das Contravenções Penais - Decreto-lei 3688/41 | Decreto-lei nº 3.688, de 3 de outubro de 1941. Disponível em: http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/110062/lei-das-contravencoes-penais-decreto-lei-3688-41. Acesso em 05/06/2013.

32 Art. 63 Servir bebidas alcoólicas: II - a quem se acha em estado de embriaguez; Pena - prisão simples, de dois meses a um

ano, ou multa.

Lei das Contravenções Penais - Decreto-lei 3688/41 | Decreto-lei nº 3.688, de 3 de outubro de 1941. Disponível em: http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/110062/lei-das-contravencoes-penais-decreto-lei-3688-41. Acesso em 05/06/2013.

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Bittencourt, Brasileiro ET AL (2008, p.1), recomendam que diante destas

situações, o hotel “disponibilize aos hóspedes um regulamento interno, que

apresente de forma clara e de fácil compreensão quais são os compromissos do

estabelecimento e quais são os direitos e os deveres dos hóspedes”. Além de ter

“muita cautela ao acionar a polícia, certificando-se de que isso não constitui ato

abusivo, o que caracterizaria em lesão ao direito do hóspede e, por conseqüência,

em dever de indenizá-lo pelos prejuízos causados”.

Ao fim deste capítulo, podemos concluir que, se não é possível eliminar

todos os riscos relacionados aos meios de hospedagem e que segurança absoluta

não existe, pode-se e devem-se conscientizar hoteleiros e hóspedes, de que eles

existem e que cumpre preveni-los.

A seguir serão apresentadas as considerações finais

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho teve como objeto de estudo a aplicação do Código de

Defesa do Consumidor no turismo com ênfase no consumidor dos meios de

hospedagem.

Durante a elaboração do trabalho foi possível observar a escassez e a

insuficiência de bibliografia sobre o assunto, apesar do avanço de pesquisas sobre a

temática no ultimo ano, embora maioria dessas pesquisas em direito do turismo

sejam baseadas, ainda, somente na reflexão teórica.

Outra dificuldade foi a adequação da linguagem jurídica, pois a mesma

possui um vocabulário bem específico e muitas vezes não é compreendido por

profissionais e estudiosos de outras áreas, como é o caso do turismo.

Quanto ao objetivo geral traçado no inicio da pesquisa que visava identificar

e analisar os problemas enfrentados usualmente pelos turistas (consumidores) e os

meios de hospedagem (prestador de serviço turístico) foi alcançado, na medida em

que foram analisadas as partes envolvidas e identificada a relação de consumo, sua

evolução e a mudança no comportamento do consumidor turista.

Buscou-se também analisar os princípios básicos do Direito do Consumidor

abordados pelo Código de Defesa do Consumidor brasileiro, a proteção do

consumidor em nosso ordenamento jurídico, verificando quais são os elementos

adotados como cruciais para a caracterização da relação de consumo, assim como

quais são as diretrizes adotadas pela nossa legislação no que se refere à proteção

do Consumidor, que é vulnerável nas relações de consumo.

A identificação dos órgãos competentes aos qual o consumidor turista deve

recorrer quando sentir-se lesado em relação a eventuais e inadequados serviços

turísticos prestados pelos os meios de hospedagem foi outro assunto retratado

durante a pesquisa.

Outro tema abordado foi os problemas enfrentados usualmente pelos

turistas, bem como os direitos que decorrentes de vícios e defeitos durante o

fornecimento de serviço de hospedagem. Foram mostrados os diferentes direitos

concedidos e sua fundamentação jurídica para uma conciliação de forma justa e

eficaz.

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Por tudo o que foi exposto, essa pesquisa busca servir de instrumento para

informação e mobilização de elementos motivadores de novas investidas na

interdisciplinaridade do turismo e do direito.

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