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FÁTIMA MISSIONÁRIA FEVEREIRO 2010 16 s primeiros missioná- rios da Consolata – pa- dres e irmãos – logo após a sua chegada ao Qué- nia, em 1902, deram-se conta que a sua acção fi- cava diminuída e incompleta sem o con- tributo das irmãs missionárias. Volvidos apenas quatro meses, o líder da primei- ra expedição, o missionário Filipe Perlo, já pedia ao seu tio José Camisassa, que estava ao lado de Allamano nas suas di- ferentes actividades, para lhe transmitir a seguinte mensagem: “Se quiser enviar 100 ou 200 missionários, não há difi- culdade alguma na escolha” do lugar. E acrescentava: “Se não houver padres, mande irmãs. Converteremos o Quénia com irmãs”. Papel insubstituível da mulher Allamano e o seu fiel braço direito conheciam bem a experiência de ou- tros institutos missionários e estavam convencidos da importância insubsti- Centenário da fundação Nascidas do coração As Irmãs missionárias da Consolata celebram este ano, 2010, o primeiro centenário da sua fundação. Tal como os missionários da Consolata, nasceram do coração do beato José Allamano, partilhando assim do mesmo carisma tuível da mulher na missão. Por isso, o beato Allamano decidiu bater à porta das Irmãs da Casa da Divina Provi- dência. Conseguiu que um punhado de irmãs partisse para o Quénia para colaborar com os seus missionários. O seu santo fundador, José Cottolengo, aceitou de bom grado esta colabora- ção, que durou de 1903 a 1925 com o envio de meia centena de religiosas. Era uma solução para Allamano, tanto mais que não se sentia atraído a fun- dar um instituto de irmãs. Insistência vinda da missão Entretanto as missões no Quénia multi- plicavam-se num ritmo impressionante e crescia a necessidade de haver mais pessoal. Allamano dirigiu-se a outros institutos de Turim, para obter pessoal textos Elísio Assunção fotos Ana Paula, E. Assunção e FM Em Maúa, Moçambique, a irmã Cáritas Barri carrega a luta de 100 anos de missão das Irmãs Mission buscam desafios actua

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FÁTIMA MISSIONÁRIA FEVEREIRO 201016

s primeiros missioná- rios da Consolata – pa-dres e irmãos – logo após a sua chegada ao Qué-nia, em 1902, deram-se conta que a sua acção fi-

cava diminuída e incompleta sem o con-tributo das irmãs missionárias. Volvidos apenas quatro meses, o líder da primei-ra expedição, o missionário Filipe Perlo, já pedia ao seu tio José Camisassa, que estava ao lado de Allamano nas suas di-ferentes actividades, para lhe transmitir a seguinte mensagem: “Se quiser enviar 100 ou 200 missionários, não há difi-culdade alguma na escolha” do lugar. E acrescentava: “Se não houver padres, mande irmãs. Converteremos o Quénia com irmãs”.

Papel insubstituível da mulher Allamano e o seu fiel braço direito conheciam bem a experiência de ou-tros institutos missionários e estavam convencidos da importância insubsti-

Centenário da fundação

Nascidas do coração de Allamano

As Irmãs missionárias da Consolata celebram este ano, 2010, o primeiro centenárioda sua fundação. Tal como os missionários da Consolata, nasceram do coração do beato José Allamano, partilhando assim do mesmo carisma

tuível da mulher na missão. Por isso, o beato Allamano decidiu bater à porta das Irmãs da Casa da Divina Provi-dência. Conseguiu que um punhado de irmãs partisse para o Quénia para colaborar com os seus missionários. O seu santo fundador, José Cottolengo, aceitou de bom grado esta colabora-ção, que durou de 1903 a 1925 com o envio de meia centena de religiosas.

Era uma solução para Allamano, tanto mais que não se sentia atraído a fun-dar um instituto de irmãs.

Insistência vinda da missãoEntretanto as missões no Quénia multi-plicavam-se num ritmo impressionante e crescia a necessidade de haver mais pessoal. Allamano dirigiu-se a outros institutos de Turim, para obter pessoal

textos Elísio Assunçãofotos Ana Paula, E. Assunção e FM

Em Maúa, Moçambique, a irmã Cáritas Barri carrega a luta de 100 anos de missão das Irmãs Mission árias da Consolata pelos caminhos do mundo, na Europa, Ásia, Américas e África onde teve início a história com a primeira missão em Nieri, Quénia

buscam desafios actuais e exigentes

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Nascidas do coração de Allamano

feminino, mas sem sucesso. Perante a insistência dos missionários, sobretu-do do vigário apostólico, o bispo Filipe Perlo, José Allamano começou a pensar em fundar um instituto feminino pró-prio. Mas o que mais o seduzia era ter nas mãos a possibilidade de preparar missionárias segundo as exigências da missão e segundo o seu coração, com o mesmo espírito dado aos missionários.

Todos estavam convencidos que seria muito útil para um desenvolvimento harmonioso da evangelização.

Descoberta da vocaçãoComo noutros momentos importan-tes da sua vida, para fundar as irmãs da Consolata, Allamano seguiu o seu caminho de discernimento: rezar, pe-dir conselho e obedecer. Rezou para

pedir luz e força, pois a tarefa não se-ria nada fácil. Decidiu pedir conselho, mesmo ao mais alto nível da Igreja, dirigindo-se ao arcebispo de Turim, ao presidente da Congregação dos Povos, em Roma, e até ao próprio Papa, Pio X. Tanto que, anos mais tarde, formou-se a ideia de que fora Pio X, na audiên-cia de 17 de Setembro, a conferir-lhe a “vocação” para fundar as irmãs.

Em Maúa, Moçambique, a irmã Cáritas Barri carrega a luta de 100 anos de missão das Irmãs Mission árias da Consolata pelos caminhos do mundo, na Europa, Ásia, Américas e África onde teve início a história com a primeira missão em Nieri, Quénia

buscam desafios actuais e exigentes

os 67 anos, Teresa Edvige de-clara-se uma “apaixonada pelo carisma de missionária da Con-solata”. De origem italiana, pas-

sou vários anos da sua vida nos Estados Unidos da América a ensinar jovens. Perguntámos-lhe quem é o fundador das Missionárias da Consolata: “Rezan-do à Consolata, Allamano viu que era necessário ter filhas que se parecessem com ele”, afirma a missionária, deixando transparecer uma pontinha de vaidade e orgulho. É verdade que muitos “lhe

29 de Janeiro de 1910no 10º aniversário da fundaçãodos Missionários da Consolata,o beato José Allamano inaugura,em Turim a sede das Missionárias da Consolata e confia a duas irmãs da Congregação de São José a tarefade acompanhar as jovens aspirantes. Abril de 1910 as primeiras candidatas batem à porta do novo Instituto.21 de Novembro 12 jovens provenientes de várias regiões do norte de Itália dão início à sua formação missionária.28 de Outubro de 1913 as primeiras 15 missionárias da Consolata, destinadas ao Quénia, recebem o crucifixo no Santuárioda Consolata. Preside à cerimóniao cardeal Agostinho Richelmy.3 de Novembro de 1913 as primeiras missionárias partem para o Quénia.28 de Novembro de 1913 as irmãs chegam de comboio a Limuru,a norte de Nairobi, acolhidas por duas irmãs da Divina Providência, que têm o encargo de as iniciar na vida missionária.9 de Fevereiro de 1914 após 12 dias de marcha no meio da floresta, as missionárias chegam a Nieri, seu primeiro campo apostólico, com uma caravana de carros de bois que transportam as bagagens, mantimentos e tendas para repousar durante a noite.

Primeirocampo de missão Freiras que “vest em calças”

Apaixonada aos 67 anos

pediram insistentemente irmãs com o mesmo espírito dos missionários da Consolata”. Inclusive São Pio X. Mas o verdadeiro “fundador é José Allamano e Nossa Senhora da Consolata”. O Pai Fundador tem filhos e filhas: “No cora-ção de Allamano e da Consolata, missio-nários e missionárias nasceram juntos”. Começaram a trabalhar juntos, no Qué-nia. A missão organizada e vivida em co-munhão de pensamento e de acção tinha vantagens “em diversos aspectos, na or-ganização, nas actividades, como ensinar a trabalhar a terra, para que as pessoas se tornassem cada vez mais pessoas”.

Iguais e diferentesCom o passar dos anos, ambos os ramos da família da Consolata seguiram ca-

Em cima: a entrevistada Teresa Edvige; em baixo: irmã Graça Lameiro, natural dos Pousos, Leiria em diálogo com jovens brasileiros durante o Fórum Social, em Belém do Pará; irmãs Maria Ivani, Tigist Abebee e Lúcia Tibola

Freiras que “vest em calças”a África era uma aventura arriscada. “Deviam ser mulheres capazes de supe-rar todas as provas exigidas pela África daquele tempo”. Mudaram-se os tem-pos e, hoje, as dificuldades são outras. “Allamano escolheria mulheres com-pletas, maduras, capazes de verdadeiras relações interpessoais”. Ser missionária da Consolata hoje, significa “ser capaz de sair de si própria e de caminhar sem-pre ao encontro do outro”. A missão actual é muito mais do que ir para um país distante. “Consiste em sair de mim mesma para ir ao encontro do outro. E isso é muito mais que virilidade”.

Desafios novos e actuaisA par das exigências, a missão tem hoje desafios prioritários. “Uma prioridade muito forte é abrir-nos ao «novo» de Deus, isto é, descobrir os desafios ac-tuais da missão”. Teresa Edvige refere o apelo da Ásia. “É para nós um grande desafio. As nossas forças mais jovens têm sido apontadas para este campo novo, difícil e muito exigente”. É um

caminho novo que exige “viver em es-tado permanente de discernimento para podermos perceber para onde Deus nos guia hoje”. É um desafio sem fim, vivido à maneira do Pai funda-dor. “Para isso procuro estar perto da figura do Allamano e dos seus escri-tos”. Nesta busca, a religiosa fez uma descoberta importante: “O Allamano nunca se orgulha de nada, mas apenas de ter sempre feito a vontade de Deus”. Apaixonada deste modo de viver a con-sagração a Deus e à missão, a missio-nária descobriu: “Allamano repete com muita insistência: só Deus me basta, a vontade de Deus, a glória de Deus, são as suas pedras fundamentais”.

Ir às raízesA celebração do centenário constitui um desafio importante. “Espero uma renovação profunda, a partir das raí-zes, para podermos voltar à força ini-cial da fundação”. Irmã Teresa Edvige acrescenta: “É uma paixão muito forte redescobrir a força do carisma que se tornou vivo nas nossas irmãs daquele tempo”. Trata-se de conseguir reali-zar a mesma experiência desta “força carismática para poder incarná-la na realidade de hoje. Se não fica para-do no tempo”. Tal como aconteceu a Allamano, deixar-se conduzir: “Deus tomou-o pela mão e levou-o a fazer uma experiência tão intensa do que significa a sua vontade salvífica. Ele experimentou que Deus tem um único desejo: salvar a pessoa humana”.

minhos diferentes, que “resultaram de apelos, como aconteceu quando Paulo VI nos pediu, pessoalmente, para irmos para a Líbia”. Assistiu-se a uma expan-são em direcções diferentes de parte a parte. Em busca da sua autonomia, as irmãs abriram missões por sua conta. “Hoje, foi retomado o diálogo”, explica Teresa Edvige. Está em curso um cami-nho de aproximação. “A colaboração en-tre padres e irmãs acarretou, no passa-do, algumas feridas e sofrimento. Pouco a pouco, aprendemos a agir em conjun-to entre a parte masculina e a parte fe-minina, como acontece numa família”. As divergências têm uma explicação: “As irmãs não tinham a mesma prepa-ração dos padres; tinham a sua maneira simples de levar por diante uma missão e, de certo modo, sempre dependente deles”. A reconciliação está em curso, mais adiantada “a nível de cúpulas, mas é mais lenta no terreno missionário. Te-mos personalidades diferentes”, explica a missionária conhecedora do caminho histórico de ambos os ramos da família.

Ir ao encontro dos outrosNuma acção de formação das suas fi-lhas, Allamano terá afirmado que queria que elas «vestissem calças». A religiosa confirma a expressão: “Sim! Queria que fôssemos viris, abertas e não mulheres beatas”. E explica: “A mulher do tempo de Allamano tinha uma imagem muito emotiva. Mas para missionárias, eram precisas mulheres volitivas, viris, de ca-rácter”. No início do século XIX, ir para

Ser missionária

da Consolata hoje,

significa “ser capaz

de sair de si própria

e de caminhar sempre

ao encontro do outro”

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stive em missão, na Etiópia, du-rante sete anos, como enfermeira obstetra. Em 1988 adoeci grave-

mente com leucemia. Foi neste período de doença que conheci verdadeiramente a minha família missionária da Consola-ta. Senti-me muito acarinhada por todas as irmãs. Durante a quimioterapia ex-perimentei a força da oração e aprendi que a vida é um dom. Este choque brutal provocou em mim um nascer de novo. Hoje percebo com toda a clareza que toda a vida deve morrer para renascer.

FÁTIMA MISSIONÁRIA (FM) Como ocu-pava o tempo durante a doença?Teresia Mathenge (TM) Vim para Itá-lia para controlo da saúde e tratamen-tos. Passei a viver com as irmãs mais idosas que tinham conhecido o funda-dor José Allamano. Em África, estamos habituados a escutar os anciãos. Recebi delas uma grande riqueza. Mais recente-mente, pedi para frequentar o curso de Teologia da Saúde, de dois anos. O so-frimento pelo qual tinha passado exigia

Teresia Mathenge começa a viver aos 28 anosMissionária queniana na Etiópia

Tanzânia 30 de Janeiro de 1923, seis missionárias da Consolata chegam a Tosamaganga, Iringa.Etiópia 22 de Novembro de 1924, seis missionárias fixam-se em Addis-Abeba. Somália 4 de Janeiro de 1925, as missionárias da Consolata chegam a Mogadíscio e dedicam-se a acolher órfãos.Moçambique 18 de Setembro de 1927, sete irmãs missionárias da Consolata chegam a Miruru, Zambézia.Brasil 26 de Junho de 1946, logo

após a guerra, as missionárias da Consolata põem pé no continente americano.Suíça 1 de Agosto de 1946 assinala a primeira abertura na Europa. Colômbia 19 de Janeiro de 1950, oito missionárias desembarcam em Curaçao.Inglaterra 17 de Dezembro de 1950, uma abertura para o estudo do inglês.Estados Unidos da América 2 de Fevereiro de 1954, as irmãs da Consolata abrem casa em Michigan.Libéria 27 de Fevereiro de 1963,

primeira missão na África Ocidental.Togo 7 de Outubro de 1963, um grupo de irmãs entra neste país africano.Portugal 11 de Março de 1964, as irmãs estabelecem-se na Malveira, Lisboa.Espanha 27 de Novembro de 1974, as irmãs dedicam-se à animação missionária.Líbia 9 de Outubro de 1975, a pedido das autoridades líbias, as irmãs da Consolata estabelecem-se em Messah.

Percurso pelas estradas do mundo

“Sou missionária da Consolata, muito feliz de pertencer a esta família”. Teresia Mathenge é natural do Quénia, o primeiro campo missionário das Irmãs

da Consolata

africana no meio de africanos, volunta-riamente fora do meu país. Ao passo que eles, por motivo de trabalho, são força-dos a estar fora da sua pátria. São por-tadores de traumas e continuam a viver como escravos. Estou com eles para que possam alcançar a sua própria liberda-de, ter um trabalho que eles escolham e não um trabalho que lhes seja imposto. Quero ser instrumento de perdão, para que eles sejam capazes de perdoar. O perdão é um dom muito grande.

FM Como descobriu a figura e o caris-ma de José Allamano?TM Estudei numa missão dos Missioná-rios da Consolata e ouvia o pároco falar, com muita frequência, de Allamano, um homem que amava muito os africanos.

esta paragem no trabalho. Agora estou a trabalhar com imigrantes de origem africana, vindos da Nigéria. Sou uma

Em cima: irmã Teresia Mathenge, do Quénia: em baixo: irmã Anélia de Paiva, do Brasil

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CALENDÁRIO

Rifão: Amigo, entra em Fevereiro com muito cuidado; O mês é traiçoeiro e mal-humorado: ora tem vinte e oito, ora tem vinte e nove; ora tem sol, ora tem chuva; pode ter vento e por vezes até geada. Cuidado, pois! Mas, apesar de tudo, destacamos algumas datas muito significativas

Fevereiro

Apresentação de Jesus no templo.

Podemos considerá-la uma festa missionária, pois Nossa Senhora, e São José foram ao templo apresentar Jesus, tal como fazem os missionários que levam Jesus aos povos não evangelizados.

São João de Brito, o grande missionário

português que foi martirizado no Maduré – Índia. Há livros bonitos que falam da sua vida.

Nossa Senhora de Lurdes. Esta data é

considerada pela Igreja como dia mundial do doente. Nossa Senhora de Lurdes tem um grande santuário em França, que se tem caracterizado pela cura milagrosa de muitos doentes. Por este motivo fica bem aplicada esta data sob a protecção de Nossa Senhora.

Peregrinação nacional da família

missionária da Consolata a Fátima. Estamos todos convidados. Lá nos veremos cara a cara, e nos reconheceremos todos como filhos do mesmo Pai e que é o Beato Allamano.

Dia de Carnaval, oferece umas mini-férias que

os estudantes adoram. Por um estranho acaso é também o dia do aniversário da morte do padre José Allamano, ele que não queria nada com o Carnaval, e cai-lhe esta data em cima! Quando era vivo ele punha os seminaristas e as irmãs todos de joelhos a rezar em desconto dos pecados que, eventualmente, se faziam naquele período carnavalesco. Voltemos ao fundador e à sua santa morte. Os historiadores referem: “Enquanto no céu, limpo de nuvens, brilhavam milhões

de estrelas, os olhos de Allamano iam-se apagando pouco a pouco. E às quatro da madrugada foi o fim. A notícia correu veloz e a cidade de Turim acorreu a dar-lhe o último adeus. “Ó mãe – perguntava uma criança – porque é que as pessoas lhe tocam com terços e medalhas nas mãos?” – Porque ele era um santo!

Festa dos Pastorinhos de Fátima

– Francisco e Jacinta. O aspecto mais missionário que encontramos neles, como aliás em toda a mensagem de Fátima, é a universalidade da salvação: “Temos de rezar muito pelos pecadores, porque há alguns que não se convertem por não haver quem reze por eles”. É a tese da missão: ir ao encontro dos povos para que eles também reconheçam em Jesus Cristo o salvador do mundo.

Teresia Mathenge começa a viver aos 28 anosDizia aos missionários: Ai de vós, se tra-tais mal os africanos, se não os respei-tais! Isso espicaçava a minha curiosida-de: Quem é este homem que nunca este-ve em África, mas ensina os seus como devem respeitar os africanos?

FM Foi fácil seguir esta vocação? TM A minha mestra de noviciado dizia que não queria meninas molengonas. No Quénia as mulheres são laboriosas. São elas que reúnem a família e a levam para a frente. Nós olhamos para as irmãs da Consolata anciãs que aprenderam a nossa cultura. Quando queriam apresen-tar-nos um desafio, diziam: “Tu, como mulher africana…”. Inculcavam-nos os nossos valores africanos. Esquecer o desafio de conhecer os valores positivos da nossa cultura, é um empobrecimento para as nossas jovens de hoje.

FM Escolheu ser irmã da Consolata. Qual é o segredo para viver a sua vo-cação ao jeito de Allamano?TM O meu desejo é dar o que recebi. É o que eu procuro dia após dia: testemu-nhar que Cristo está vivo hoje. Faço-o de uma maneira simples, na minha vida quotidiana. Quando adoeci de leu-cemia, percebi o que é a vida. É viver e dar-se da maneira mais quotidiana. O que te acontece, recebe-o, acolhe-o, desfruta-o e reparte-o pelos outros na simplicidade e na humildade.

Venezuela 1 de Fevereiro de 1982, três irmãs missionárias da Consolata são destinadas à evangelização e promoção humana em Paraguaipoa, Guajira. Bolívia 23 de Março de 1991, iniciam o apostolado entre os mineiros do planalto Poopò, Oruro. Guiné-Bissau 28 de Fevereiro de 1992, as irmãs fixam-se em Empada.Mongólia 27 de Julho de 2003, realiza-se a primeira presença num país asiático.Djibuti 17 de Setembro de 2004, as irmãs da Consolata entram num país predominantemente muçulmano.