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CEI - AGU 1ª RODADA 10/10/2014 www.cursocei.com facebook.com/cursocei twitter.com/cursocei Página - 1 1ª RODADA CEI-AGU PREPARATÓRIO PARA O CONCURSO DA ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO (ADVOGADO DA UNIÃO) 10/10/2014 Círculo de Estudos pela Internet www.cursocei.com facebook.com/cursocei twitter.com/cursocei

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1ª RODADA

CEI-AGUPREPARATÓRIO PARA O CONCURSO DA

ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO(ADVOGADO DA UNIÃO)

10/10/2014

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CORPO DOCENTE

SADI TOLFO JUNIOR. Mediador de Direito Constitucional e Administrativo e coordenador do CEI – AGU.

Advogado da União, lotado em Brasília (concurso de 2012/2013). Especialista em Direito Público. Graduado em Direito pela Universidade Federal de Santa Maria/RS. Assistente da Coordenação-Geral de Assuntos Estratégicos da Consultoria Jurídica do Ministério da Integração Nacional.

CAROLINA BLUM. Mediadora de Direito Econômico, Financeiro e Empresarial e coordenadora do CEI – AGU.

Advogada. Graduada em Direito pela Universidade de Passo Fundo/RS. Pós graduando em Direito Empresarial. Aprovada nos concursos de Procurador do Banco Central (10º lugar – concurso 2013/2014) e Procurador Federal (2013/2014).

CAMILLO PIANA. Mediador de Direito Processual Civil e Tributário.

Procurador da Fazenda Nacional, lotado em Canoas – RS (concurso 2012/2013). Graduado em Direito pela Universidade de Passo Fundo/RS (2011/2012). Aprovado também nos concursos de Advogado da Caixa Econômica Federal (2012), Procurador e Assessor Jurídico do Município de Novo Hamburgo/RS (2012).

PAULO HENRIQUE LOPES DE LIMA. Mediador de Direito Penal, Processual Penal e Ambiental.

Advogado. Graduado em Direito pelo Centro Universitário UNIEURO. Exerceu o cargo de Assessor de Procurador Regional da Repúbica de 2008 a 2010. Pós graduando em Direito Ambiental. Aprovado nos concursos de Procurador Federal (2013/2014) e Procurador do Estado da Bahia (2013/2014).

VINÍCIUS DE AZEVEDO FONSECA. Mediador de Direito Civil, Internacional Público e Internacional Privado.

Advogado da União, lotado na Procuradoria da União no Estado de Mato Grosso, onde atua no grupo de patrimônio público e probidade administrativa. Membro do Grupo Permanente de Atuação Proativa da Procuradoria-Geral da União. Integrante da Comissão Executiva da Escola da AGU no Estado de Mato Grosso. Bacharel em Direito pela Universidade de Caxias do Sul, com extensão universitária em Direito Internacional Público, Direito Internacional Privado e Direito Comunitário pela Universidade de Coimbra. Aprovado nos concursos para Advogado da União 2012/2013 (3° lugar) e Procurador do Estado do Rio Grande do Sul 2011/2012 (8° lugar).

JOÃO EULÁLIO DE PÁDUA FILHO. Mediador de Direito do Trabalho, Direito Processual do Trabalho e Seguridade Social.

Advogado da União, lotado em Manaus (concurso 2012/2013). Foi Procurador do Estado de São Paulo (concurso 2012/2013). Graduado em Direito pela Universidade Federal do Piauí. Pós-Graduado em Direito Público pela Universidade Federal do Piauí, em convênio com a Escola Superior da Magistratura do Piauí – ESMEPI. Pós-Graduado em Direito Privado pela Universidade Federal do Piauí, em convênio com a Escola Superior da Magistratura do Piauí – ESMEPI.

COORDENAÇÃO CEI

CAIO PAIVA - [email protected]

Defensor Público Federal, titular do 2º Ofício Criminal da DPU/Manaus, unidade em que é Chefe-Substituto. Membro do GT – Grupo de Trabalho da DPU sobre presos. Especialista em Ciências Criminais. Exerceu o cargo de assessor de juiz de direito (2010-2013). Fundador do CEI. Editor do site www.oprocesso.com.

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INSTRUÇÕES GERAIS:

Seja bem vindo à 1ª RODADA do Curso CEI-AGU. O curso é composto por seis mediadores, que estarão à disposição dos alunos durante os quatro meses de curso. Nesse período, os alunos terão acesso a mais de 440 (quatrocentas e quarenta) questões objetivas comentadas, todas inéditas e cuidadosamente elaboradas pelos mediadores, de forma a promover o melhor aproveitamento possível do curso. Faculta-se ao aluno submeter, a cada rodada, suas respostas às questões dissertativas e parecer/peça ou dissertação para correção individualizada pelos mediadores. Tendo interesse em submeter suas questões à correção individualizada, basta enviá-las, em formato word (.doc), para o e-mail do respectivo mediador, indicado junto ao enunciado da questão.

Atenção: o envio das respostas para correção individualizada deverá ocorrer até o dia 20/10 (segunda-feira). Posteriormente, no dia 30/10, junto com o material da 3ª rodada, será divulgada a ata contendo o espelho de correção comentado e as melhores respostas.

Mapeamento da banca e resumo de jurisprudência: ao final deste material, o aluno irá encontrar o mapeamento da banca de todas as disciplinas e um resumo da jurisprudência do STJ/STF com decisões importantes acerca do tema “crimes relativos às licitações”, verificado no mapeamento como sendo de grande incidência nas provas de Advogado da União.

SADI TOLFO JUNIORCoordenador do CEI – AGU

CAROLINA BLUM Coordenadora do CEI – AGU

Estarei sempre à disposição para dúvidas e questionamentos.

CAIO PAIVA Coordenador Geral do CEI

E-mail: [email protected]

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SUMÁRIO

QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO............................................................................5

QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO.........................................................................11

DIREITO ADMINISTRATIVO........................................................................................................................11DIREITO CONSTITUCIONAL......................................................................................................................20DIREITO FINANCEIRO.................................................................................................................................27DIREITO ECONÔMICO................................................................................................................................30DIREITO TRIBUTÁRIO..................................................................................................................................34DIREITO AMBIENTAL..................................................................................................................................40DIREITO CIVIL...............................................................................................................................................48DIREITO PROCESSUAL CIVIL.....................................................................................................................54DIREITO EMPRESARIAL..............................................................................................................................64DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO.......................................................................................................70DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO......................................................................................................72DIREITO PENAL............................................................................................................................................77DIREITO PROCESSUAL PENAL...................................................................................................................84DIREITO DO TRABALHO.............................................................................................................................90DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO..................................................................................................94DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL..........................................................................................................97

QUESTÕES DISSERTATIVAS.............................................................................................................................101

GRUPO 1 - DIREITO CONSTITUCIONAL.................................................................................................101GRUPO 2 - DIREITO AMBIENTAL.............................................................................................................101GRUPO 3 - DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL...................................................................................102

PEÇA JUDICIAL..................................................................................................................................................103

GRUPO 2 .....................................................................................................................................................103

MAPEAMENTO DA BANCA.............................................................................................................................107

COMPILADO DE JURISPRUDÊNCIA STJ/STF..............................................................................................136TÓPICOS ESPECIAIS PARA A PFN..................................................................................................................141

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QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADOTreine os seus conhecimentos e depois, a frente, confira o seu desempenho lendo os comentários dos mediadores sobre os enunciados.

DIREITO ADMINISTRATIVO

1. O proprietário de um imóvel desapropriado por interesse social para fins de reforma agrária ajuizou ação visando demonstrar que seu imóvel era produtivo, e por isso não poderia ter sido desapropriado para esse fim. Alegou que durante vistoria para verificar o grau de utilização da terra, a Administração não considerou a existência de extensão de área de reserva legal, sob o fundamento de que essa área não estava averbada no registro do imóvel. Sustenta o autor que a área de reserva legal deve ser excluída do cálculo de produtividade do imóvel rural, mesmo que não averbada no registro imobiliário antes da vistoria. Nesse contexto, de acordo com a jurisprudência do STJ, a pretensão do autor deve ser atendida.

2. Thiago foi contratado temporariamente para prestar serviços técnicos na ANATEL, após aprovação em processo seletivo simplificado regido pela Lei nº 8.745/1993. Doze meses após o encerramento deste contrato, foi aprovado em outro processo seletivo simplificado, também com base na Lei 8.745/1993, desta vez para ocupar o cargo de engenheiro na área de atuação de elaboração de projetos em saúde, no Ministério da Saúde. Nesse caso, ainda que a nova contratação ocorra em período inferior a 24 meses do encerramento do contrato temporário anterior, Thiago pode ser contratado para o novo cargo.

3. Os Conselhos Profissionais possuem natureza jurídica de entidade autárquica. Por essa razão, gozam dos privilégios e se submetem às restrições inerentes a esta espécie de entidade.

4. As agências reguladoras e executivas são autarquias sob regime especial, criadas para fiscalizar, regular e normatizar a prestação de serviços públicos por particulares. Este regime especial se caracteriza por uma maior independência e autonomia em relação aos entes da Administração Direta.

DIREITO CONSTITUCIONAL

5. Tem-se hiato constitucional nos casos em que se constata discrepância entre o conteúdo da Constituição politica e a realidade social. Desta lacuna poderão ser verificados alguns fenômenos, tais como: a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte, mutação constitucional, reforma constitucional, e hiato autoritário.

6. O poder constituinte difuso constitui processo informal de alteração da Constituição, por meio do qual se muda a interpretação a ser dada ao texto constitucional sem alterar a sua literalidade.

7. Em determinado Estado da federação, constatou-se que as empresas de planos de saúde demoravam prazos extensos para autorizar os exames médicos dos usuários. Em vista disso, foi editada naquele ente lei prevendo prazos máximos para que empresas de planos de saúde efetuassem essas autorizações. De acordo com a jurisprudência do STF, referida lei é constitucional, tendo em vista que dispõe sobre a proteção do consumidor, matéria de competência concorrente entre a União e os Estados.

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8. Do ponto de vista formal, não há qualquer inconstitucionalidade em Lei Estadual, de iniciativa parlamentar, que crie dentro da estrutura de um Estado da federação órgão vinculado à Secretaria Estadual de Educação, pois conforme entendimento pacífico, a criação de órgão público depende de lei.

DIREITO FINANCEIRO

Julgue os itens abaixo, à luz do que dispõe a Lei Complementar nº 101 (Lei de Responsabilidade Fiscal):

09. Se um ente da federação não proceder à instituição, previsão e efetiva arrecadação dos tributos de sua competência constitucional, tornar-se-ão vedadas quaisquer transferências de recursos para este ente, por parte dos demais.

10. Considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa corrente derivada de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua execução por um período superior a três exercícios.

DIREITO ECONÔMICO

11. As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, assim como a propriedade do produto da lavra.

12. Em atenção ao postulado da soberania nacional, que se constitui em princípio da ordem econômica, constante do inciso I do Art. 170 da Constituição, são vedados os investimentos de capital estrangeiro no Brasil, bem como a remessa de lucros ao exterior.

DIREITO TRIBUTÁRIO

13. Para o STF, Decreto de Estado-membro que autoriza a cobrança de pedágio em determinada Rodovia Estadual é constitucional.

14. Considerando a situação de urgência e relevância, admite-se que medida provisória editada pelo Presidente da República institua empréstimo compulsório para atender a despesas extraordinárias decorrentes de calamidade pública.

15. A quantia percebida pelo contribuinte a título de juros de mora decorrentes de valores recebidos em ação judicial tem, na vigência do Código Civil de 2002, natureza jurídica indenizatória. Nessa condição, portanto, sobre ela não incide imposto de renda.

DIREITO AMBIENTAL

Considerando as disposições constitucionais acerca da proteção do meio ambiente, julgue o item a seguir.

16. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem público de uso comum e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de

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defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Considerando a atual disciplina acerca da competência para processar e julgar os crimes cometidos contra o meio ambiente, julgue a assertiva a seguir.

17. Efetuada pelo IBAMA a apreensão em propriedade privada de “oryzoborus angolensis” (curió), espécime que pertence à fauna silvestre, e lançado o respectivo auto de infração, competirá à Justiça Federal processar e julgar eventual ação penal por crime contra a fauna, em razão da aplicação da súmula 91 do STJ.

18. No caso em que um indivíduo, ao entrar em propriedade de pessoa jurídica, utilizada em seu processo produtivo, cujo acesso seja fácil, consentido e costumeiro, tenha sofrido, por conduta não dolosa, graves queimaduras decorrentes de contato com resíduos tóxicos que lá estavam expostos a céu aberto, a existência de cerca e de placas de sinalização informando a presença de material orgânico exime o proprietário da responsabilidade pelos danos causados à pessoa.

GRUPO 2: Direito Civil, Direito Processual Civil, Direito Empresarial, Direito Internacional Público e Direito Internacional Privado.

DIREITO CIVIL

19. Para que o evicto possa exercer os direitos resultantes da evicção, na hipótese em que a perda da coisa adquirida tenha sido determinada por decisão judicial, não é necessário o trânsito em julgado da referida decisão.

20. Tratando-se de bem de família que se constitua em imóvel rural, é possível que se determine a penhora da fração que exceda o necessário à moradia do devedor e de sua família.

21. A mera alegação da União de que determinada área constitui terreno de marinha, sem que tenha sido realizado processo demarcatório específico e conclusivo pela Delegacia de Patrimônio da União, é suficiente para obstar o reconhecimento de usucapião.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

22. A legitimidade para execução de condenação imposta por Tribunal de Contas (art. 71, §3º, CF) é exclusiva do ente público em favor do qual ela reverte.

Julgue os itens a seguir considerando a seguinte situação hipotética:

Em processo que tramita perante a Justiça Estadual, a União, aduzindo possuir interesse econômico no resultado da demanda, formula pedido de intervenção no feito com base no parágrafo único do art. 5º da Lei 9.469/97, o qual prevê a chamada “intervenção anômala”.

23. Ao dispensar a exigência da presença do interesse jurídico próprio das demais modalidades interventivas, a intervenção fundada em tal dispositivo em muito se aproxima, inclusive no que respeita aos poderes exercidos pela interveniente pública no processo, da figura do amicus curiae.

24. Tendo a União ingressado no feito com base no referido dispositivo legal, a competência desloca-se para a Justiça Federal.

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25. A sentença extintiva ou de improcedência proferida em ação de improbidade administrativa fica sujeita, por aplicação analógica do art. 19 da Lei 4.717/65 (Lei da Ação Popular), ao reexame necessário.

DIREITO EMPRESARIAL

26. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, atentando para a literalidade do §4º do Art. 6º da Lei n.º 11.101/2005, entende que o prazo de 180 dias de suspensão do curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, ocorridas em razão do deferimento de sua recuperação judicial, não pode ser ultrapassado.

27. Um grupo de alemães, desejando exercer atividade empresarial no Brasil, estabeleceu sede no país, contratou empregados brasileiros e constituiu seu capital social com recursos estrangeiros, observando o que dispõe a legislação brasileira no que se refere à organização. É correto afirmar que, sob o ponto de vista da legislação brasileira, os alemães constituíram uma empresa nacional, a qual prescinde de autorização do governo federal.

28. De acordo com o disposto na legislação de regência (Lei n.º 6.404/76), nas sociedades anônimas o Conselho de Administração se constitui em órgão de existência obrigatória, mas de funcionamento facultativo.

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

29. As fontes formais de direito internacional público estão dispostas, em rol não exaustivo, no art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça, o qual também estabelece expressamente a hierarquia existente entre tais fontes.

30. A Corte Internacional de Justiça, principal órgão jurisdicional da Organização das Nações Unidas, possui competência contenciosa e consultiva, sendo que, no campo desta última competência, a Corte emite pareceres que podem ser solicitados pela Assembleia Geral da ONU, pelo Conselho de Segurança ou por qualquer dos Estados signatários do seu Estatuto.

DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO

31. No que toca à aplicação da Convenção da Haia sobre os Aspectos Civis do Sequestro Internacional de Crianças, de 25 de outubro de 1980, o STJ entende ser possível, no bojo de processo que vise à busca e apreensão da criança sequestrada, o indeferimento de pedido, formulado pelo pretenso sequestrador, de prova pericial para aferição das condições psíquicossociais do infante e a ordem de imediato retorno deste ao seu país de residência habitual, caso a hipótese seja de retenção nova.

32. Uma pessoa nascida na Argentina, filho de pai brasileiro nato e mãe naturalizada brasileira, poderá adquirir a condição de brasileiro nato desde que seja registrada em repartição consular brasileira competente e, posteriormente, fixe residência no Brasil, dependendo, entretanto, a aquisição da condição de brasileiro nato, da manifestação personalíssima de opção pela nacionalidade brasileira, a ser realizada via procedimento de jurisdição voluntária, perante o juízo estadual da comarca da sua residência, após o atingimento da maioridade civil.

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GRUPO 3: Direito Penal, Direito Processual Penal, Direito do Trabalho, Direito Processual do Trabalho e Direito da Seguridade Social.

DIREITO PENAL

33. Segundo a mais recente orientação do Plenário do Supremo Tribunal Federal, a perda do mandato eletivo de Deputado Federal ou de Senador da República independe de deliberação das respectivas Casas do Congresso Nacional, bastando o trânsito em julgado da condenação criminal proferida pela Suprema Corte.

34. A jurisprudência do STJ e do STF, embora não uníssona em relação ao valor máximo considerado como teto para a aplicação do princípio da insignificância, tem admitido a sua incidência nos crimes praticados contra a ordem tributária e também no crime de descaminho, em face da sua natureza tributária. A reiteração na omissão de pagamento de tributo, contudo, afasta a aplicação do princípio.

DIREITO PROCESSUAL PENAL

35. Ministro relator do STJ, em decisão monocrática, proferiu decisão denegatória de habeas corpus, sob o argumento de inadequação da via eleita, tendo a defesa, em seguida, interposto recurso ordinário em habeas corpus perante o Supremo Tribunal Federal. Neste caso, sendo ausente manifesta ilegalidade, o presente recurso ordinário não deve ser conhecido, sob pena de supressão de instância e de extrapolação da competência do Supremo.

36. A competência para processar e julgar o crime de racismo praticado pela internet será da Justiça Federal, desde que caracterizada, no caso, a transnacionalidade do delito, considerando tratar-se de crime previsto em tratado ou convenção internacional pelo qual o Brasil se comprometeu a combater. Além disso, a competência será fixada, como regra, pelo local de onde partiram as manifestações ofensivas. No entanto, nos casos em que os ofensores estiverem domiciliados em diversos estados da Federação e propagam seus ideais de cunho racista por mensagens postadas em uma mesma comunidade virtual, com o mesmo modus operandi, os processos deverão ser reunidos em decorrência da conexão probatória ou instrumental e a competência deverá ser fixada pela prevenção, ressalvados eventuais processos em que já tenha sida proferida a sentença.

DIREITO DO TRABALHO

37. Em razão do disposto na Súmula nº 331 do Tribunal Superior do Trabalho, na hipótese de contrato de empreitada de construção civil, no qual a Administração Pública ocupa a posição de dono da obra, em caso de inadimplemento das obrigações trabalhistas pelo empreiteiro, a Administração deve responder de forma subsidiária.

38. Por vedação constitucional, prevista no art. 37, XIII, não é possível equiparação salarial envolvendo empregados públicos, seja empregado da Administração Direta, seja empregado de Sociedade de Economia Mista.

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

39. Para o Supremo Tribunal Federal, compete à justiça comum processar e julgar causas

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envolvendo complementação de aposentadoria por entidades de previdência privada, mesmo se decorrente de contrato de trabalho.

40. Segundo o TST, a fase de cumprimento de sentença prevista no art. 475-J do Código de Processo Civil é aplicável ao processo trabalhista.

DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL

41. Os valores mensais relativos ao auxílio-doença e ao salário-família podem ser inferiores ao salário mínimo.

42. É constitucional a contribuição a cargo de empresa, destinada à seguridade social, no montante de “quinze por cento sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, relativamente a serviços que lhe são prestados por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho”, prevista no art. 22, IV, da Lei 8.212/1991.

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QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO

GRUPO 1: Direito Administrativo, Direito Constitucional, Direito Financeiro e Econômico, Direito Tributário e Direito Ambiental.

MEDIADOR: SADI TOLFO JUNIOR

DIREITO ADMINISTRATIVO

1. O proprietário de um imóvel desapropriado por interesse social para fins de reforma agrária ajuizou ação visando demonstrar que seu imóvel era produtivo, e por isso não poderia ter sido desapropriado para esse fim. Alegou que durante vistoria para verificar o grau de utilização da terra, a Administração não considerou a existência de extensão de área de reserva legal, sob o fundamento de que essa área não estava averbada no registro do imóvel. Sustenta o autor que a área de reserva legal deve ser excluída do cálculo de produtividade do imóvel rural, mesmo que não averbada no registro imobiliário antes da vistoria. Nesse contexto, de acordo com a jurisprudência do STJ, a pretensão do autor deve ser atendida.

COMENTÁRIO

Conforme entendimento do STJ, a pretensão do autor não deve ser atendida, pois a área de reserva legal, para ser excluída do cálculo da produtividade do imóvel, deve ter sido averbada no registro imobiliário antes da vistoria.

A desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária tem previsão constitucional no art. 184:

Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.

O art. 185, a seu turno, dispõe que são insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não possua outra, e a propriedade produtiva.

Regulamentando o dispositivo, o art. 6º, da Lei 8.629/93, traz os parâmetros a serem aferidos para determinar a produtividade do imóvel:

Art. 6º Considera-se propriedade produtiva aquela que, explorada econômica e racionalmente, atinge, simultaneamente, graus de utilização da terra e de eficiência na exploração, segundo índices fixados pelo órgão federal competente.

§ 1º O grau de utilização da terra, para efeito do caput deste artigo, deverá ser igual ou superior a 80% (oitenta por cento), calculado pela relação percentual entre a área efetivamente utilizada e a área aproveitável total do imóvel.

Observem que o grau de utilização da terra é calculado pela relação percentual entre área efetivamente

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utilizada e a área aproveitável do bem. Essa aferição será realizada pela administração mediante vistoria no imóvel, onde os parâmetros citados serão cotejados à realidade do bem.

De acordo com o art. 10, IV, da Lei, consideram-se não aproveitáveis “as áreas de efetiva preservação permanente e demais áreas protegidas por legislação relativa à conservação dos recursos naturais e à preservação do meio ambiente”. Por esse motivo, as áreas de reserva legal não devem ser consideradas áreas aproveitáveis para fins de aferição do grau de utilização da terra.

Nesse cenário, podemos entender claramente a intenção do autor em ver reconhecida a área de reserva legal no cálculo de utilização da terra. Ora, se nesse cálculo tais áreas não devem ser consideradas, quanto maior a extensão de área de reserva legal existente maior a probabilidade de que a área seja considerada produtiva. De outro norte, caso não considerada, maior a probabilidade de que seja considerada improdutiva.

Imaginem uma área com extensão de 10.000 ha, dos quais 4.000 é área de reserva legal. Se considerarmos a área como um todo, como totalmente aproveitável, o grau de utilização da terra será calculado sob os 10.000 ha. Por outro lado, se considerarmos os 4.000 ha como área de reserva legal, e, portanto, área não aproveitável, o grau de utilização da terra será calculado tomando como parâmetro os 6.000 ha restantes.

Diante dessa situação, entendeu o STJ que a área de reserva legal, para ser excluída do cálculo da produtividade do imóvel, deve ter sido averbada no registro imobiliário antes da vistoria. Também nesse sentido já entendeu o STF:

MANDADO DE SEGURANÇA. DESAPROPRIAÇÃO. REFORMA AGRÁRIA. LEGITIMIDADE ATIVA. ESBULHO POSSESSÓRIO. FAZENDA INVADIDA POR INTEGRANTES DO MST. PERÍODO POSTERIOR À REALIZAÇÃO DA VISTORIA. TRANSMISSÃO DA PROPRIEDADE. IMÓVEL NÃO DIVIDIDO. ART. 1784 C/C ART. 1791 DO CÓDIGO CIVIL. EXISTÊNCIA DE ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E INAPROVEITÁVEIS. LAUDOS CONTRADITÓRIOS. NECESSIDADE DE DILAÇÃO PROBATÓRIA. ORDEM DENEGADA. 1. Não se pode tomar como titular do domínio do imóvel uma pessoa jurídica sem existência jurídica. Consta do registro público do distrato social da empresa a nomeação, como responsável pelos bens da sociedade, do ex-sócio falecido. Por essa razão, os seus herdeiros têm legitimidade para impetrar o mandado de segurança. 2. A invasão do imóvel por integrantes do Movimento dos Sem-Terra ocorreu em período posterior à conclusão das vistorias realizadas pelo INCRA, de modo que não teve o condão de influenciar nos resultados encontrados sobre a produtividade da fazenda. Precedentes. 3. O imóvel rural objeto da futura partilha entre herdeiros continua sendo único até o fim do inventário, embora com mais de um proprietário, formando um condomínio. Precedentes. 4. Para a exclusão das áreas de preservação permanente ou de reserva legal, estas devem estar devidamente averbadas no respectivo registro do imóvel. Não se encontrando individualizada na averbação, a reserva florestal não poderá ser excluída da

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área total do imóvel desapropriando para efeito de cálculo da produtividade. 5. A divergência de avaliações acerca das áreas aproveitáveis e inaproveitáveis demanda dilação probatória, inviável no rito especial do mandado de segurança. 6. Ordem denegada. (MS 24924, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. JOAQUIM BARBOSA, Tribunal Pleno, julgado em 24/02/2011, DJe-211 DIVULG 04-11-2011 PUBLIC 07-11-2011 EMENT VOL-02620-01 PP-00001).

Ressalta-se que o entendimento do STJ se manteve mesmo em face da disposição contida no art. 18, §4º, do novo Código Florestal (Lei 12.651/2012), segundo a qual:

Art. 18. A área de Reserva Legal deverá ser registrada no órgão ambiental competente por meio de inscrição no CAR de que trata o art. 29, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, ou de desmembramento, com as exceções previstas nesta Lei.

§ 4º O registro da Reserva Legal no CAR desobriga a averbação no Cartório de Registro de Imóveis, sendo que, no período entre a data da publicação desta Lei e o registro no CAR, o proprietário ou possuidor rural que desejar fazer a averbação terá direito à gratuidade deste ato.

De acordo com o Tribunal (REsp 1297128/BA): “com a promulgação do Novo Código Florestal, manteve-se inalterada a intenção do legislador de exigir a perfeita identificação da área de reserva legal, modificando apenas o órgão responsável pelo registro e manutenção desses dados, não se justificando a alteração do entendimento jurisprudencial desta Corte a respeito da matéria.”

Por todos esses motivos, o item deve ser considerado errado.

GABARITO: ERRADO

2. Thiago foi contratado temporariamente para prestar serviços técnicos na ANATEL, após aprovação em processo seletivo simplificado regido pela Lei nº 8.745/1993. Doze meses após o encerramento deste contrato, foi aprovado em outro processo seletivo simplificado, também com base na Lei 8.745/1993, desta vez para ocupar o cargo de engenheiro na área de atuação de elaboração de projetos em saúde, no Ministério da Saúde. Nesse caso, ainda que a nova contratação ocorra em período inferior a 24 meses do encerramento do contrato temporário anterior, Thiago pode ser contratado para o novo cargo.

COMENTÁRIO

O enunciado reflete caso concreto recentemente julgado pelo STJ, que na ocasião não viu óbice na contratação de servidor temporário para outra função pública, por outro órgão, sem relação de dependência com aquele que o contratara anteriormente, precedida por processo seletivo equiparável a concurso público.

Com efeito, a investidura em cargo ou emprego público, em regra, depende da aprovação prévia em

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concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei (art. 37, II, da Constituição Federal).

No entanto, a própria Constituição traz exceções a esse regramento, elencando situações em que o concurso público é dispensado: cargo em comissão (art. 37, II); cargos eletivos; nomeação de juízes, desembargadores, e ministros de tribunais; ex-combatentes que tenham efetivamente participado de operações bélicas durante a Segunda Guerra Mundial (art. 53, I, do ADCT); agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias (art. 198, §4º); servidores temporários (art. 37, IX).

Para contratação destes últimos (temporários), a Constituição estabelece que “a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público”.

No âmbito federal o tema veio disciplinado na Lei 8.745/1993, que no art. 3º dispõe o seguinte:

Art. 3º O recrutamento do pessoal a ser contratado, nos termos desta Lei, será feito mediante processo seletivo simplificado sujeito a ampla divulgação, inclusive através do Diário Oficial da União, prescindindo de concurso público.

Observem que a contratação por tempo determinado, no âmbito da administração federal, será realizada por meio de processo seletivo simplificado, que não é concurso público, mas constitui mecanismo para selecionar de forma impessoal o melhor candidato para o cargo. No caso descrito no enunciado, o candidato submeteu-se ao processo seletivo em ambos os cargos, logrando aprovação.

Ocorre que o art. 9º, III, da Lei 8.745/1993, estabelece que o pessoal contratado nos termos deste diploma normativo não poderá ser novamente contratado, com fundamento nesta Lei, antes de decorridos 24 (vinte e quatro) meses do encerramento de seu contrato anterior.

Assim, considerando que a contratação de Thiago se daria em interstício inferior a 24 meses do término de outro contrato temporário (ANATEL), e não estando a situação albergada por alguma das exceções previstas no art. 9º, III, em tese, não poderia ser contratado no novo cargo (Ministério da Saúde).

Todavia, no julgamento do REsp 1.433.037-DF, entendeu o STJ que:

A vedação prevista no art. 9º, III, da Lei n. 8.745/1993, que proíbe nova contratação temporária do servidor, antes de decorridos 24 meses do encerramento do contrato anterior celebrado com apoio na mesma lei, deve ser interpretada restritivamente, de acordo com a finalidade para qual foi criada, ou seja, impedir a continuidade do servidor temporário no exercício de funções públicas permanentes, em burla ao princípio constitucional que estabelece o concurso público como regra para a investidura em cargos públicos.

Assim, nas palavras do Tribunal:

a hipótese de contratação de servidor temporário para outra função pública, por outro

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órgão, sem relação de dependência com aquele que o contratara anteriormente, precedida por processo seletivo equiparável a concurso público, não se aplica a vedação do art. 9º, inciso III, da Lei n. 8.745/1993, por referir-se a cargo distinto do que foi ocupado anteriormente.

A interpretação da Lei 8.745/1993 deve ser feita de forma restritiva, levando em conta a finalidade para qual foi elaborada, qual seja, evitar a continuidade de servidor temporário em exercício de função pública permanente, violando o princípio constitucional do concurso público. E não é isso que o caso apresentado reflete. Trata-se de contratação de servidor para outra função pública, para órgão diverso, sem relação de dependência com aquele que o contratara anteriormente.

Ademais, levando-se em conta que a seleção para o novo cargo se deu mediante processo seletivo, o qual, a despeito de não ser concurso público, constitui meio para selecionar de forma impessoal o melhor candidato para o cargo, vedar a contratação, além de não atender o sentido do art. 9º, III, implicaria ofensa ao princípio constitucional da igualdade de acesso aos cargos, funções, e empregos públicos, mediante escolha dos mais capacitados.

Por fim, ressalto que o tema já foi objeto de análise pelo Tribunal em outras situações. Numa delas, inclusive, entendeu o STJ que a vedação do art. 9º, III, não incide na contratação temporária de professor substituto para instituições de ensino distintas (REsp 503.823/MG).

Por todos esses motivos, a questão deve ser considerada certa.

GABARITO: CERTO

3. Os Conselhos Profissionais possuem natureza jurídica de entidade autárquica. Por essa razão, gozam dos privilégios e se submetem às restrições inerentes a esta espécie de entidade.

COMENTÁRIO

Conforme entendimento consolidado do STF, os Conselhos Profissionais possuem natureza jurídica de autarquia, e como tal devem se sujeitar ao regime jurídico desta espécie de entidade, gozando dos privilégios a ela concernentes e se submetendo às restrições que lhe são peculiares.

A fim de contextualizar o regime jurídico das autarquias, lembra-se que se trata de pessoa jurídica de direito público, que desenvolve atividades típicas de Estado, criada por lei exclusiva, sem fins lucrativos, com finalidade específica. A diferença principal da autarquia em face das demais pessoas jurídicas da administração indireta é o fato de que ela desenvolve atividades típicas de Estado.

Sendo pessoa jurídica de direito público, o regime jurídico à que se submete é semelhante ao da Administração Direta, apenas não sendo tratada como tal por não ser ente político. Assim, seus atos são atos administrativos; os contratos que celebrar serão contratos administrativos, submetendo-se ao dever de licitar; sua responsabilidade é, em regra, objetiva; seus bens são bens públicos; sujeita-se à Lei de Responsabilidade Fiscal; obedece, em regra, a prescrição quinquenal (Decreto 20.910/32); goza dos privilégios processuais de Fazenda Pública; e seu regime de pessoal é o estatutário.

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Lembrados estes conceitos, inicialmente, a Lei 9.649/98 classificou os conselhos profissionais como entes de direito privado, exercidos por delegação do poder público, mediante autorização legislativa, não mantendo com os órgãos da Administração Pública qualquer vínculo funcional ou hierárquico (artigo 58).

Em face do dispositivo foi ajuizada a ADI nº 1.717, que, analisando a constitucionalidade do conteúdo, entendeu que os conselhos profissionais exercem atividade típica de Estado, concernente à fiscalização do exercício da liberdade profissional. Nesse contexto, constituindo atividade que abrange poder de polícia, de tributar e punir, no âmbito do exercício de atividade profissional, não pode ser delegada a entidade privada. Assim, entendeu o STF que deve ser reconhecida aos Conselhos Profissionais a natureza jurídica autárquica, aplicando-lhe o regime jurídico ínsito a essa espécie de entidade.

Ressalta-se que o Tribunal ratificou esse entendimento em decisões mais recentes, como no acórdão abaixo colacionado:

ADMINISTRATIVO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSELHO DE FISCALIZAÇÃO PROFISSIONAL. EXIGÊNCIA DE CONCURSO PÚBLICO. ART. 37, II, DA CF. NATUREZA JURÍDICA. AUTARQUIA. FISCALIZAÇÃO. ATIVIDADE TÍPICA DE ESTADO. 1. Os conselhos de fiscalização profissional, posto autarquias criadas por lei e ostentando personalidade jurídica de direito público, exercendo atividade tipicamente pública, qual seja, a fiscalização do exercício profissional, submetem-se às regras encartadas no artigo 37, inciso II, da CB/88, quando da contratação de servidores. 2. Os conselhos de fiscalização profissional têm natureza jurídica de autarquias, consoante decidido no MS 22.643, ocasião na qual restou consignado que: (i) estas entidades são criadas por lei, tendo personalidade jurídica de direito público com autonomia administrativa e financeira; (ii) exercem a atividade de fiscalização de exercício profissional que, como decorre do disposto nos artigos 5º, XIII, 21, XXIV, é atividade tipicamente pública; (iii) têm o dever de prestar contas ao Tribunal de Contas da União. 3. A fiscalização das profissões, por se tratar de uma atividade típica de Estado, que abrange o poder de polícia, de tributar e de punir, não pode ser delegada (ADI 1.717), excetuando-se a Ordem dos Advogados do Brasil (ADI 3.026). 4. In casu, o acórdão recorrido assentou: EMENTA: REMESSA OFICIAL EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. CONSELHO PROFISSIONAL. NÃO ADSTRIÇÃO À EXIGÊNCIA DE CONCURSO PÚBLICO, PREVISTA NO ART. 37, II, DA CF. PROVIMENTO. I – Os conselhos profissionais, não obstante possuírem natureza jurídica autárquica conferida por lei, estão, no campo doutrinário, classificados como autarquias corporativas, não integrando a Administração Pública, mas apenas com esta colaborando para o exercício da atividade de polícia das profissões. Conclusão em que se aporta por carecerem aqueles do exercício de atividade tipicamente estatal, o que lhe acarreta supervisão ministral mitigada (art. 1º, Decreto-lei 968/69), e de serem mantidas sem percepção de dotações inscritas no orçamento da União.

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II – Aos entes autárquicos corporativos não são aplicáveis o art. 37, II, da Lei Maior, encargo exclusivo das autarquias integrantes da estrutura administrativa do estado, únicas qualificáveis como longa manus deste. III – Remessa oficial provida. Pedido julgado improcedente. 5. Recurso Extraordinário a que se dá provimento. (RE 539224, Relator (a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em 22/05/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-118 DIVULG 15-06-2012 PUBLIC 18-06-2012 RT v. 101, n. 923, 2012, p. 684-690)

Em vista de todos esses motivos, o enunciado da questão deve ser considerado certo.

Por fim, como bem lembra o acórdão colacionado acima, deve-se excepcionar dos demais conselhos de fiscalização profissional a Ordem dos Advogados do Brasil, que para o STF possui natureza jurídica de autarquia “sui generis”. Para o Tribunal, a OAB constitui serviço público independente, não integrando a Administração Indireta, e não estando sujeita às restrições ínsitas às autarquias, como o controle orçamentário, financeiro, operacional e patrimonial exercido pelo TCU. Eis o entendimento do Tribunal:

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. § 1º DO ARTIGO 79 DA LEI N. 8.906, 2ª PARTE. “SERVIDORES” DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL. PRECEITO QUE POSSIBILITA A OPÇÃO PELO REGIME CELESTISTA. COMPENSAÇÃO PELA ESCOLHA DO REGIME JURÍDICO NO MOMENTO DA APOSENTADORIA. INDENIZAÇÃO. IMPOSIÇÃO DOS DITAMES INERENTES À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA E INDIRETA. CONCURSO PÚBLICO (ART. 37, II DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL). INEXIGÊNCIA DE CONCURSO PÚBLICO PARA A ADMISSÃO DOS CONTRATADOS PELA OAB. AUTARQUIAS ESPECIAIS E AGÊNCIAS. CARÁTER JURÍDICO DA OAB. ENTIDADE PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO INDEPENDENTE. CATEGORIA ÍMPAR NO ELENCO DAS PERSONALIDADES JURÍDICAS EXISTENTES NO DIREITO BRASILEIRO. AUTONOMIA E INDEPENDÊNCIA DA ENTIDADE. PRINCÍPIO DA MORALIDADE. VIOLAÇÃO DO ARTIGO 37, CAPUT, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. NÃO OCORRÊNCIA. 1. A Lei n. 8.906, artigo 79, § 1º, possibilitou aos “servidores” da OAB, cujo regime outrora era estatutário, a opção pelo regime celetista. Compensação pela escolha: indenização a ser paga à época da aposentadoria. 2. Não procede a alegação de que a OAB sujeita-se aos ditames impostos à Administração Pública Direta e Indireta. 3. A OAB não é uma entidade da Administração Indireta da União. A Ordem é um serviço público independente, categoria ímpar no elenco das personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro. 4. A OAB não está incluída na categoria na qual se inserem essas que se tem referido como “autarquias especiais” para pretender-se afirmar equivocada independência das hoje chamadas “agências”. 5. Por não consubstanciar uma entidade da Administração Indireta, a OAB não está sujeita a controle da Administração, nem a qualquer das suas partes está vinculada. Essa não-vinculação é formal e materialmente necessária. 6. A OAB ocupa-se de

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atividades atinentes aos advogados, que exercem função constitucionalmente privilegiada, na medida em que são indispensáveis à administração da Justiça [artigo 133 da CB/88]. É entidade cuja finalidade é afeita a atribuições, interesses e seleção de advogados. Não há ordem de relação ou dependência entre a OAB e qualquer órgão público. 7. A Ordem dos Advogados do Brasil, cujas características são autonomia e independência, não pode ser tida como congênere dos demais órgãos de fiscalização profissional. A OAB não está voltada exclusivamente a finalidades corporativas. Possui finalidade institucional. 8. Embora decorra de determinação legal, o regime estatutário imposto aos empregados da OAB não é compatível com a entidade, que é autônoma e independente. 9. Improcede o pedido do requerente no sentido de que se dê interpretação conforme o artigo 37, inciso II, da Constituição do Brasil ao caput do artigo 79 da Lei n. 8.906, que determina a aplicação do regime trabalhista aos servidores da OAB. 10. Incabível a exigência de concurso público para admissão dos contratados sob o regime trabalhista pela OAB. 11. Princípio da moralidade. Ética da legalidade e moralidade. Confinamento do princípio da moralidade ao âmbito da ética da legalidade, que não pode ser ultrapassada, sob pena de dissolução do próprio sistema. Desvio de poder ou de finalidade. 12. Julgo improcedente o pedido. (ADI 3026, Relator(a): Min. EROS GRAU, Tribunal Pleno, julgado em 08/06/2006, DJ 29-09-2006 PP-00031 EMENT VOL-02249-03 PP-00478 RTJ VOL-00201-01 PP-00093).

GABARITO: CERTO

4. As agências reguladoras e executivas são autarquias sob regime especial, criadas para fiscalizar, regular e normatizar a prestação de serviços públicos por particulares. Este regime especial se caracteriza por uma maior independência e autonomia em relação aos entes da Administração Direta.

COMENTÁRIO

A criação das agências reguladoras pode ser associada ao processo de desestatização iniciado na década de 90, que teve por finalidade diminuir a máquina pública, delegando-se à iniciativa privada uma série de atividades antes desempenhadas pelo Estado, a fim de conter gastos e buscar uma maior eficiência na sua execução.

A Lei 8.031/1990, que criou o Programa Nacional de Desestatização, posteriormente revogada pela Lei 9.491/1997, trazia no artigo 1º claramente esse intento:

Art. 1° É instituído o Programa Nacional de Desestatização, com os seguintes objetivos fundamentais:

I - reordenar a posição estratégica do Estado na economia, transferindo à iniciativa

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privada atividades indevidamente exploradas pelo setor público;

II - contribuir para a redução da dívida pública, concorrendo para o saneamento das finanças do setor público;

III - permitir a retomada de investimentos nas empresas e atividades que vierem a ser transferidas à iniciativa privada;

IV - contribuir para modernização do parque industrial do País, ampliando sua competitividade e reforçando a capacidade empresarial nos diversos setores da economia;

V - permitir que a administração pública concentre seus esforços nas atividades em que a presença do Estado seja fundamental para a consecução das prioridades nacionais;

VI - contribuir para o fortalecimento do mercado de capitais, através do acréscimo da oferta de valores mobiliários e da democratização da propriedade do capital das empresas que integrarem o Programa.

Mas, se de um lado transferiu-se ao setor privado uma série de atividades essenciais, antes prestadas pelo Poder Público, de outro, surgiu para o Estado a necessidade de que o desempenho destas atividades fosse fiscalizado.

Em vista disso, criaram-se as agências reguladoras, entidades autárquicas criadas sob regime especial para fiscalizar, regular e normatizar a prestação de serviços públicos por particulares. Este regime especial corresponde a uma maior autonomia e liberdade que desfrutam em relação aos entes da Administração Direta, embora permaneçam sujeitas à supervisão ministerial, tais como: função diferenciada, de normatizar, regulamentar e fiscalizar as diversas atividades; investidura especial dos dirigentes, nomeados pelo Presidente da República após aprovação prévia do Senado Federal; mandado fixo dos dirigentes; e autonomia financeira.

Visto isso, denota-se que o conceito trazido no enunciado da questão corresponde ao de agências reguladoras. Por outro lado, a questão erroneamente trata as agências executivas como sinônimo de agências reguladoras.

Vulgarmente as agências executivas nada mais são do que velhas autarquias e fundações que estão sucateadas, e executam um plano de reestruturação para readquirir eficiência. Para tanto, necessitam de maior liberdade (autonomia) e recursos públicos, razão pela qual celebram com a administração direta um contrato de gestão para implementar esse plano de reestruturação (cujos requisitos vem elencados na Lei 9.649/1998).

Assim, podemos entender como agência executiva a qualificação especial dada a autarquia ou fundação pública que celebra com o Ministério supervisor um contrato de gestão, e atende aos requisitos elencados na Lei 9.649/1998.

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Dentre os principais requisitos trazidos pela Lei está: ter um plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional em andamento; e ter celebrado contrato de gestão com o respectivo Ministério supervisor. A qualificação como agência executiva será feita em ato do Presidente da República.

Ressalta-se que o Poder Executivo editará medidas de organização administrativa específicas para as agências executivas, visando assegurar a sua autonomia de gestão, bem como a disponibilidade de recursos orçamentários e financeiros para o cumprimento dos objetivos e metas definidos nos contratos de gestão.

O artigo 52 dispõe que “os planos estratégicos de reestruturação e de desenvolvimento institucional definirão diretrizes, políticas e medidas voltadas para a racionalização de estruturas e do quadro de servidores, a revisão dos processos de trabalho, o desenvolvimento dos recursos humanos e o fortalecimento da identidade institucional da Agência Executiva”.

Acerca dos contratos de gestão a serem celebrados, o §1º do dispositivo lembra que “os Contratos de Gestão das Agências Executivas serão celebrados com periodicidade mínima de um ano e estabelecerão os objetivos, metas e respectivos indicadores de desempenho da entidade, bem como os recursos necessários e os critérios e instrumentos para a avaliação do seu cumprimento”.

Importante observar que a qualificação como agência executiva é temporária. Ela decorre da celebração do contrato de gestão junto ao Ministério supervisor, a fim de conferir à autarquia meios para que implemente seu plano de reestruturação. Findo esse contrato, ela volta a ser uma autarquia comum.

Sendo assim, considerando os conceitos trazidos, por tratar as agências executivas e reguladoras como sinônimas, a questão deve ser considerada errada.

GABARITO: ERRADO

MEDIADOR: SADI TOLFO JUNIOR

DIREITO CONSTITUCIONAL

5. Tem-se hiato constitucional nos casos em que se constata discrepância entre o conteúdo da Constituição politica e a realidade social. Desta lacuna poderão ser verificados alguns fenômenos, tais como: a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte, mutação constitucional, reforma constitucional, e hiato autoritário.

COMENTÁRIO

A expressão hiato constitucional foi cunhada pelo professor Ivo Dantas, que, fazendo um paralelo entre “direito legislado”, “Constituição Política”, e a “realidade social”, concluiu que quando uma Constituição não reflete “os fatores reais de poder”, tem-se um “hiato constitucional”, caracterizado pela dissonância entre a realidade presente na Constituição e a refletida na sociedade, contribuindo para a ineficácia das leis e abalos aos ordenamentos jurídicos gerados por revoluções.

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Como reação a esse quadro, alguns fenômenos poderão ser verificados, tais como a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte, mutação constitucional, reforma constitucional, e hiato autoritário. Vejamos então cada um deles.

Assembleia Nacional Constituinte: Trata-se de manifestação de poder constituinte originário, responsável pela elaboração de uma nova Constituição dentro de um Estado. No Brasil, são exemplos as Constituições de 1891, 1934, 1946, e 1988.

Mutação constitucional: A Constituição Federal pode ser modificada através de um processo formal de alteração, caracterizado pelas emendas constitucionais (artigo 60). A mutação constitucional, a seu turno, constitui processo informal de alteração, sem que haja modificação do texto constitucional. Assim, não constitui alteração materialmente perceptível, da forma do texto, mas do modo como interpretar o enunciado. É, portanto, alteração no significado e sentido interpretativo do texto constitucional. Como exemplo de mutação constitucional, podemos citar o entendimento exarado pelo STF no HC 91.361, acerca do não cabimento da prisão civil do depositário infiel, do qual, abaixo, transcreve-se a ementa:

“HABEAS CORPUS” - PRISÃO CIVIL - DEPOSITÁRIO LEGAL (LEILOEIRO OFICIAL) - A QUESTÃO DA INFIDELIDADE DEPOSITÁRIA - CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS HUMANOS (ARTIGO 7º, n. 7) - HIERARQUIA CONSTITUCIONAL DOS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS - PEDIDO DEFERIDO. ILEGITIMIDADE JURÍDICA DA DECRETAÇÃO DA PRISÃO CIVIL DO DEPOSITÁRIO INFIEL. - Não mais subsiste, no sistema normativo brasileiro, a prisão civil por infidelidade depositária, independentemente da modalidade de depósito, trate-se de depósito voluntário (convencional) ou cuide-se de depósito necessário. Precedentes. TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS: AS SUAS RELAÇÕES COM O DIREITO INTERNO BRASILEIRO E A QUESTÃO DE SUA POSIÇÃO HIERÁRQUICA. - A Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Art. 7º, n. 7). Caráter subordinante dos tratados internacionais em matéria de direitos humanos e o sistema de proteção dos direitos básicos da pessoa humana. - Relações entre o direito interno brasileiro e as convenções internacionais de direitos humanos (CF, art. 5º e §§ 2º e 3º). Precedentes. - Posição hierárquica dos tratados internacionais de direitos humanos no ordenamento positivo interno do Brasil: natureza constitucional ou caráter de supralegalidade? - Entendimento do Relator, Min. CELSO DE MELLO, que atribui hierarquia constitucional às convenções internacionais em matéria de direitos humanos. A INTERPRETAÇÃO JUDICIAL COMO INSTRUMENTO DE MUTAÇÃO INFORMAL DA CONSTITUIÇÃO. - A questão dos processos informais de mutação constitucional e o papel do Poder Judiciário: a interpretação judicial como instrumento juridicamente idôneo de mudança informal da Constituição. A legitimidade da adequação, mediante interpretação do Poder Judiciário, da própria Constituição da República, se e quando imperioso compatibilizá-la, mediante exegese atualizadora, com as novas exigências, necessidades

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e transformações resultantes dos processos sociais, econômicos e políticos que caracterizam, em seus múltiplos e complexos aspectos, a sociedade contemporânea. HERMENÊUTICA E DIREITOS HUMANOS: A NORMA MAIS FAVORÁVEL COMO CRITÉRIO QUE DEVE REGER A INTERPRETAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO. - Os magistrados e Tribunais, no exercício de sua atividade interpretativa, especialmente no âmbito dos tratados internacionais de direitos humanos, devem observar um princípio hermenêutico básico (tal como aquele proclamado no Artigo 29 da Convenção Americana de Direitos Humanos), consistente em atribuir primazia à norma que se revele mais favorável à pessoa humana, em ordem a dispensar-lhe a mais ampla proteção jurídica. - O Poder Judiciário, nesse processo hermenêutico que prestigia o critério da norma mais favorável (que tanto pode ser aquela prevista no tratado internacional como a que se acha positivada no próprio direito interno do Estado), deverá extrair a máxima eficácia das declarações internacionais e das proclamações constitucionais de direitos, como forma de viabilizar o acesso dos indivíduos e dos grupos sociais, notadamente os mais vulneráveis, a sistemas institucionalizados de proteção aos direitos fundamentais da pessoa humana, sob pena de a liberdade, a tolerância e o respeito à alteridade humana tornarem-se palavras vãs. - Aplicação, ao caso, do Artigo 7º, n. 7, c/c o Artigo 29, ambos da Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica): um caso típico de primazia da regra mais favorável à proteção efetiva do ser humano. (HC 91361, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 23/09/2008, DJe-025 DIVULG 05-02-2009 PUBLIC 06-02-2009 EMENT VOL-02347-03 PP-00430 RTJ VOL-00208-03 PP-01120).

Reforma constitucional: Como dito, a Constituição Federal pode ser modificada através de um processo formal de alteração, caracterizado pelas emendas constitucionais (artigo 60). Esse processo, manifestação do poder constituinte derivado reformador, constitui o que se chama de reforma constitucional. Por oportuno, transcrevo abaixo o dispositivo citado:

Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:

I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;

II - do Presidente da República;

III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.

§ 1º - A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.

§ 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em

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dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.

§ 3º - A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.

§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:

I - a forma federativa de Estado;

II - o voto direto, secreto, universal e periódico;

III - a separação dos Poderes;

IV - os direitos e garantias individuais.

§ 5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.

Hiato autoritário: Quando a lacuna deixada pelo hiato constitucional é preenchida por meio da outorga constitucional a um poder autoritário, mesmo que ilegítimo, tem-se um hiato autoritário. Trata-se, em verdade, de um espaço temporal com ausência de democracia. No Brasil, pode-se citar como exemplos de hiatos autoritários: o “Estado Novo” (de 1930 a 1937), e a Ditadura Militar iniciada com o Golpe de 1964.

Sendo assim, observa-se que os fenômenos citados (Assembleia Nacional Constituinte, mutação constitucional, reforma constitucional, e hiato autoritário) são mecanismos que podem ser deflagrados em caso de uma ruptura entre o conteúdo da Constituição política e a realidade social, o que, como vimos, constitui o chamado hiato constitucional. Por conta disso, o item deve ser considerado certo.

GABARITO: CERTO

6. O poder constituinte difuso constitui processo informal de alteração da Constituição, por meio do qual se muda a interpretação a ser dada ao texto constitucional sem alterar a sua literalidade.

COMENTÁRIO

A fim de contextualizar a questão, e sem a pretensão de esgotar o tema, trago a seguir um breve resumo acerca das classificações do Poder Constituinte.

O Poder Constituinte pode ser classificado em Originário e Derivado. Como Originário, entendemos o Poder Constituinte responsável pela elaboração de uma nova ordem constitucional, rompendo inteiramente com a anterior. Ele pode ser subdividido em:

a) Histórico: Responsável pela elaboração da primeira constituição dentro de um Estado.

b) Revolucionário: Relacionado ao triunfo de um novo direito, que pode se dar por: golpe de estado (quando o exercício do poder constituinte é usurpado pelo governante), ou por revolução propriamente dita, também conhecida como insurreição (quando o poder constituinte é exercido por um grupo externo

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aos poderes constituídos, como na Constituição de 1937).

Já o Poder Constituinte Derivado é criado e instituído pelo originário, obedecendo aos regramentos impostos por ele. Por sua vez, pode ser classificado em:

a) Decorrente: Responsável por elaborar a Constituição dos Estados membros.

b) Reformador: Responsável pela modificação da Constituição através de um processo formal de alteração. Está presente no artigo 60, através das emendas constitucionais.

c) Revisor: Também responsável pela modificação da Constituição, mas diferente da reforma, é um procedimento extraordinário de alteração, por meio de revisão. Está previsto no artigo 3º do ADCT.

O Poder Constituinte Difuso, diferente do reformador, que constitui via natural de alteração do texto constitucional, por meio de procedimento formal descrito na Constituição (art. 60), caracteriza-se pela informalidade e espontaneidade por meio das quais instrumentaliza modificações no texto constitucional. Por ele, altera-se a Constituição sem que haja modificação do seu texto.

Na questão anterior vimos o conceito de mutação constitucional, que constitui fenômeno decorrente de um hiato constitucional. A mutação não constitui alteração materialmente perceptível, da forma do texto, mas do modo como interpretar o enunciado. É, portanto, alteração no significado e sentido interpretativo do texto constitucional.

Nesse sentido, o poder constituinte difuso constitui, justamente, fundamento para aplicação dos mecanismos de mutação constitucional. Ao contrário do poder reformador, de natureza jurídica, cuja fonte está no próprio texto da Constituição (decorrente, portanto, da vontade do poder constituinte originário, que elaborou a Constituição), o poder difuso é um poder de fato, decorrente de fatores sociais, políticos e econômicos.

Assim, em vista dos argumentos acima trazidos, a questão deve ser considerada certa.

Por fim, apenas para evitar lacunas no estudo das classificações do poder constituinte, lembro também a classificação do Poder Constituinte Supranacional. Fundado na ideia de que a titularidade do poder é do cidadão universal, e não do povo (como no poder constituinte originário), e num conceito remodelado de soberania, o poder supranacional seria o responsável pela criação de uma Constituição Supranacional Legítima, onde cada Estado cederia parcela de sua soberania para que fosse criada.

Ressalto que a matéria poder constituinte é uma das mais importantes a serem estudadas para a primeira fase da prova de Constitucional, tendo sido objeto de questionamento em todos os concursos até então. Portanto, estudem muito essa matéria, e mentalizem os conceitos! Uma dica é associar palavras-chave a cada conceito. Por exemplo, quando falamos em poder constituinte originário, logo, podemos associá-lo a: nova ordem, nova Constituição, rompimento com a anterior. Quando falamos em poder constituinte derivado decorrente, podemos associá-lo a: Constituições dos Estados. Poder constituinte difuso, a: mutação constitucional, não alteração de texto, mudança de interpretação. E assim por diante...

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GABARITO: CERTO

7. Em determinado Estado da federação, constatou-se que as empresas de planos de saúde demoravam prazos extensos para autorizar os exames médicos dos usuários. Em vista disso, foi editada naquele ente lei prevendo prazos máximos para que empresas de planos de saúde efetuassem essas autorizações. De acordo com a jurisprudência do STF, referida lei é constitucional, tendo em vista que dispõe sobre a proteção do consumidor, matéria de competência concorrente entre a União e os Estados.

COMENTÁRIO

A questão retrata uma situação concreta enfrentada pelo STF no julgamento da ADI 4.701. Na ocasião, analisou-se a constitucionalidade da Lei 14.464/2011, do Estado de Pernambuco, cujo objeto era determinar “prazos máximos para a autorização de exames, que necessitem de análise prévia, a serem cumpridos pelas empresas de planos de saúde, de acordo com a faixa etária do usuário”.

Na ocasião, entendeu o Tribunal que a relação entre o usuário e as empresas de plano de saúde tem natureza contratual, portanto, de direito civil, cuja competência para legislar é privativa da União (art. 22, I). Ainda que o diploma questionado também trate da proteção ao consumidor, o Estado só está autorizado a legislar quando essa proteção tiver âmbito extracontratual, não podendo interferir nos contratos em si. Assim, no caso analisado, a competência para legislar é da União, por se tratar de matéria de direito civil, tal como prevê o art. 22, I, da Constituição. Nesse sentido foi a manifestação do STF:

Vale observar, porém, que essa orientação alcança a proteção extracontratual do consumidor, não autorizando os Estados a interferirem nos contratos em si. Nesse particular, a competência é privativa da União (CF/88, art. 22, I), conforme o entendimento deste Tribunal:

“AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI N. 10.989/93 DO ESTADO DE PERNAMBUCO. EDUCAÇÃO: SERVIÇO PÚBLICO NÃO PRIVATIVO. MENSALIDADES ESCOLARES. FIXAÇÃO DA DATA DE VENCIMENTO. MATÉRIA DE DIREITO CONTRATUAL. VÍCIO DE INICIATIVA.

1. Os serviços de educação, seja os prestados pelo Estado, seja os prestados por particulares, configuram serviço público não privativo, podendo ser desenvolvidos pelo setor privado independentemente de concessão, permissão ou autorização.

2. Nos termos do artigo 22, inciso I, da Constituição do Brasil, compete à União legislar sobre direito civil.

3. Pedido de declaração de inconstitucionalidade julgado procedente.” (ADI 1.007/PE, Rel. Min. Eros Grau) “Ação direta de inconstitucionalidade. 2. Lei estadual que regula obrigações relativas a serviços de assistência médico-hospitalar regidos por contratos de natureza privada, universalizando a cobertura de doenças (Lei nº 11.446/1997, do Estado de Pernambuco). 3. Vício formal. 4. Competência privativa da União para

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legislar sobre direito civil, comercial e sobre política de seguros (CF, art. 22, I e VII). 5. Precedente: ADI nº 1.595-MC/SP, Rel. Min. Nelson Jobim, DJ de 19.12.2002, Pleno, maioria. 6. Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente.” (ADI 1.646/PE, Rel. Min. Gilmar Mendes)

Ademais, a competência privativa da União para legislar sobre seguros, prevista no art. 22, VII, assim como para fiscalizar as operações relacionadas a essa matéria, prevista no art. 21, VIII, alcançam os planos de saúde, pela estrita afinidade com a lógica dos contratos de seguro, principalmente em vista do componente atuarial. Nesse sentido foi a manifestação do Tribunal:

A meu ver, porém, a questão contratual talvez nem seja a mais relevante. Como indicam os precedentes, é da União a competência para regular o mercado de planos de saúde, o que inclui não apenas a normatização da matéria (CF/88, art. 22, VII), mas também toda a fiscalização do setor (CF/88, art. 21, VIII). O enquadramento da matéria nesses dispositivos não depende da qualificação dos planos de saúde como seguros para todos os fins, mas sim da sua evidente afinidade a essa e a outras figuras textualmente incluídas nos enunciados em tela (e.g., a previdência privada). Todas elas têm em comum um elemento de risco financeiro evidente, certo caráter aleatório, que justifica a regulação estatal do mercado. Ademais, os planos de saúde compartilham com os seguros e a previdência privada um forte componente atuarial. Tudo isso aponta decisivamente para uma compreensão mais ampla dos arts. 21, VIII, e 22, VII, da Constituição, a fim de considerar incluída nos dispositivos a referência aos planos de saúde.

Por mais descentralizadas que sejam, as federações têm em comum o caráter nacional do mercado, não havendo barreiras domésticas à circulação de bens e serviços. Por isso mesmo, a regulação econômica em sentido estrito é confiada ao ente central: sendo a única entidade federativa com abrangência territorial para alcançar todo o mercado nacional, ele é o único que pode planejar, absorver e distribuir todos os efeitos da regulação.

Assim, pelos motivos acima expostos, o item deve ser considerado errado.

GABARITO: ERRADO

8. Do ponto de vista formal, não há qualquer inconstitucionalidade em Lei Estadual, de iniciativa parlamentar, que crie dentro da estrutura de um Estado da federação órgão vinculado à Secretaria Estadual de Educação, pois conforme entendimento pacífico, a criação de órgão público depende de lei.

COMENTÁRIO

A questão traz à pauta tema muito cobrado em provas de Advocacia Pública, referente à criação de órgãos públicos, que inclusive foi objeto de questionamento na fase subjetiva da última prova de Advogado da

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União.

Com efeito, a criação de órgãos públicos dentro da estrutura da Administração Pública depende de lei, conforme interpretação do art. 48, XI, e art. 84, IV, “a” (a contrario sensu), da Constituição Federal:

Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre:

XI - criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública.

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:

VI - dispor, mediante decreto, sobre:

a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos.

Segundo precedentes do STF, as regras de processo legislativo no âmbito federal devem ser observadas pelos Estados e Municípios, em razão do Princípio da Simetria. Assim, conclui-se que no âmbito estadual a criação de órgãos públicos também depende de lei.

No entanto, conforme dispõe o art. 61, § 1º, II, “e”, da Constituição Federal, a iniciativa para deflagrar o processo legislativo, nesse caso, é privativa do chefe do Poder Executivo:

Art. 61. § 1º - São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que:

II - disponham sobre:

e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública, observado o disposto no art. 84, VI.

Sendo assim, o erro da questão está em admitir que lei estadual que cria órgão dentro da estrutura da Administração Pública possa ser de iniciativa parlamentar. De acordo com as regras da Constituição Federal, aplicadas aos Estados pelo princípio da simetria, a iniciativa é do Governador do Estado.

Ressalta-se que a inconstitucionalidade, nesse caso, é formal, pois decorre de um vício no processo legislativo de elaboração do ato (no caso, por ter sido iniciado por agente incompetente). Se o vício decorresse de violação ao conteúdo de um texto constitucional, afrontando total ou parcialmente outro dispositivo com o mesmo tema, nesse caso a inconstitucionalidade seria material.

Por estes motivos, o item deve ser considerado errado.

GABARITO: ERRADO

MEDIADOR: CAROLINA BLUM

DIREITO FINANCEIRO

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Julgue os itens abaixo, à luz do que dispõe a Lei Complementar nº 101 (Lei de Responsabilidade Fiscal):

09. Se um ente da federação não proceder à instituição, previsão e efetiva arrecadação dos tributos de sua competência constitucional, tornar-se-ão vedadas quaisquer transferências de recursos para este ente, por parte dos demais.

COMENTÁRIO

Segundo o caput do Art. 11 da Lei de Responsabilidade Fiscal, “constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da Federação”. Para trazer efetividade à norma, o parágrafo único do mencionado artigo prevê uma espécie de “sanção” para o ente for considerado um irresponsável fiscal. Pois bem, o enunciado trata justamente dessa sanção.

Há, contudo, dois equívocos presentes na assertiva, que podem ser verificados com a simples leitura do parágrafo único do Art. 11 da Lei de Responsabilidade Fiscal. Primeiro, não é a não instituição, previsão e efetiva arrecadação de qualquer tributo que irá acarretar a vedação de transferências, e sim a não instituição, previsão e efetiva arrecadação de algum imposto (que é somente uma das 5 espécies de tributo, segundo doutrina majoritária e STF); Segundo, a vedação de transferências se dá tão somente com relação às voluntárias. Vale dizer, as transferências obrigatórias deverão continuar sendo feitas regularmente.

Tatiane Pisciteli (Direito Financeiro Esquematizado, 2011, pág. 84) alerta que:

“A União, em tese, ofende o Art. 11 da LRF ao deixar de criar o imposto sobre grandes fortunas, previsto no artigo 153, inciso VII, da Constituição. Contudo, tendo-se em vista que a União não recebe transferências voluntárias de outros entes – ao contrário, é ela quem as faz -, não há resultados práticos relevantes em virtude da ausência de criação desse imposto. Em verdade, essa hipótese reflete clara situação de ineficácia da referida norma.”

Sobre a questão, o professor Ricardo Alexandre desenvolve considerações pessoais, no sentido de que o poder atribuído pela Constituição Federal aos entes políticos, para que, por meio de leis próprias, criem tributos, é mera faculdade e não uma imposição constitucional, de modo que cada ente decida de acordo com critérios de oportunidade e conveniência política. Para o tributarista, o disposto no art. 11 da Lei de Responsabilidade Fiscal tem caráter principiológico e não necessariamente impositivo, estando dentro do contexto do equilíbrio das contas públicas, maior objetivo da LRF. Isso porque a proibição de realização de transferências voluntárias para os entes federados que deixem de instituir impostos de sua competência acaba por se tornar uma sanção institucional, que, segundo o autor “parece caminhar em sentido contrário à lição de que o exercício da competência tributária é facultativo.” O doutrinador alerta que o dispositivo deve ser interpretado com cuidado, pois “o espírito da LRF não é o de exigir a criação do tributo a qualquer custo, mas tão somente o de estimular a criação dos tributos economicamente viáveis”. (ALEXANDRE, Ricardo. Direito tributário esquematizado. 3ª ed. atual. ampl. Rio de Janeiro: Forense; São

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Paulo: Método, 2009, p. 192).

De qualquer modo, para fins de concurso público, o mais prudente é seguir a literalidade da LRF, especialmente no tocante ao comando do artigo 11. Note-se que, não obstante a crítica lançada acima por Ricardo Alexandre, o próprio doutrinador, explica a lógica do dispositivo em questão: “Se um ente possui competência para criar um imposto e não o faz, a presunção é de que não precisa da respectiva receita. Se, posteriormente, procura os entes maiores em busca de repasse de recursos, a negativa é razoável.” (Op. cit., p. 192).

GABARITO: ERRADO

10. Considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa corrente derivada de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua execução por um período superior a três exercícios.

COMENTÁRIO

O conceito de despesas obrigatórias de caráter continuado está previsto no Art. 17 da Lei de Responsabilidade Fiscal e é de extrema relevância para a gestão eficiente de recursos públicos. Segundo o dispositivo: “Considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa corrente derivada de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua execução por um período superior a dois exercícios.”

Da leitura do dispositivo, permite-se identificar como requisitos da despesa obrigatória de caráter continuado a natureza corrente da despesa, ou seja, destinada à manutenção e operação dos serviços existentes, deriva de instrumento normativo que não seja o do orçamento e se prolonga no tempo, por, pelo menos, dois anos.

Assim, se a despesa for obrigatória e superior a dois exercícios (veja, 2 exercícios, e não 3, como disse a questão), deve ser tratada com muita atenção, para não gerar desequilíbrio nas contas públicas, em homenagem à gestão planejada que se quis buscar através da LRF. Tamanha é essa preocupação, que o legislador ordinário, no art. 15 da Lei de Responsabilidade Fiscal, dispôs que serão consideradas irregulares, não autorizadas e lesivas ao patrimônio público, as despesas obrigatórias de caráter continuado que não atendam ao disposto no art. 17.

Ademais, deve se proceder à comprovação de que a despesa criada ou aumentada não afetará as metas de resultados fiscais, bem como à compensação de seus efeitos financeiros, nos períodos seguintes, pelo aumento permanente de receita (proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição) ou pela redução permanente de despesa.

Por fim, considerando que o conceito de despesa obrigatória de caráter continuado se vincula ao conceito de exercício financeiro, importa mencionar que, conforme o Art. 34 da Lei n.º 4.320, o exercício financeiro, no Brasil, coincide com o ano civil (1º de janeiro a 31 de dezembro).

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GABARITO: ERRADO

MEDIADOR: CAROLINA BLUM

DIREITO ECONÔMICO

11. As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, assim como a propriedade do produto da lavra.

COMENTÁRIO

A questão, que se resolve pela leitura do Art. 176 da CF, em enunciado aparentemente simples, envolve discussão complexa, que já foi, inclusive, objeto de análise pelo Supremo Tribunal Federal. Transcrevo, então, o Art. 176:

As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a propriedade do produto da lavra.

Para estudar o Art. 176, proponho sua divisão em três partes, como feito acima, extraindo-se, assim, três pontos fundamentais:

(i) As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica são bens da União.

Isso significa que a União também é proprietária do solo sob os quais referidos recursos se encontram? A resposta é não, de acordo com o segundo ponto, também extraído do dispositivo referido:

(ii) A propriedade das jazidas e demais recursos minerais, bem como os potenciais de energia hidráulica não se confunde com a propriedade do solo sob os quais se assentam referidos recursos, que continua a pertencer a quem já os detinha por direito.

Considerando que, de acordo com o §1º do Art. 176, a pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais a que se refere o “caput” do artigo somente poderão ser efetuados mediante autorização ou concessão da União, pergunta-se: e o produto da lavra, a quem pertence? Ao proprietário do solo? À União? Não! Vejam o terceiro ponto:

(iii) A propriedade do produto da lavra pertence ao concessionário ou autorizatário que regularmente detiver a exploração dos recursos.

Assim, podemos concluir que a propriedade dos recursos é distinta da propriedade do solo, que também não se confunde com a propriedade do resultado da exploração.

Segundo Leonardo Vizeu (Lições de Direito Econômico, 7ª Ed., 2014):

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Da leitura do texto constitucional, depreende-se que o legislador constituinte reserva a propriedade dos recursos minerais à União, garantindo, todavia, ao concessionário a propriedade do produto da lavra, uma vez que este arca com o risco financeiro da exploração, assumindo, inclusive, a possibilidade de não haver retorno satisfatório da atividade. Observe-se que a estatização das riquezas naturais foi realizada no regime constitucional de 1934, sendo mantida nos textos posteriores. Assim, a propriedade é tripartite, como no seguinte mosaico: a) superfície: particular; b) recursos minerais: União; e c) produto da lavra: delegatário.

Especial importância tem o motivo, citado pelo referido autor, pelo qual a propriedade do produto da lavra foi atribuída ao delegatário. É que tal atribuição já foi objeto de questionamento perante o Supremo Tribunal Federal (STF). Na ocasião, questionou-se o Art. 26 da Lei n.º 9.478, segundo o qual:

A concessão implica, para o concessionário, a obrigação de explorar, por sua conta e risco e, em caso de êxito, produzir petróleo ou gás natural em determinado bloco, conferindo-lhe a propriedade desses bens, após extraídos, com os encargos relativos ao pagamento dos tributos incidentes e das participações legais ou contratuais correspondentes.

Na ocasião, entendeu o STF, por maioria, que, embora a União detenha o monopólio da exploração de determinadas atividades ligadas aos recursos previstos no Art. 176, não há qualquer incompatibilidade na atribuição do produto da lavra ao delegatário, pois:

[...] A Constituição do Brasil enumera atividades que consubstanciam monopólio da União [art. 177] e os bens que são de sua exclusiva propriedade [art. 20]. 4. A existência ou o desenvolvimento de uma atividade econômica sem que a propriedade do bem empregado no processo produtivo ou comercial seja concomitantemente detida pelo agente daquela atividade não ofende a Constituição. O conceito de atividade econômica [enquanto atividade empresarial] prescinde da propriedade dos bens de produção. 5. A propriedade não consubstancia uma instituição única, mas o conjunto de várias instituições, relacionadas a diversos tipos de bens e conformadas segundo distintos conjuntos normativos --- distintos regimes --- aplicáveis a cada um deles. 6. A distinção entre atividade e propriedade permite que o domínio do resultado da lavra das jazidas de petróleo, de gás natural e de outros hidrocarbonetos fluídos possa ser atribuída a terceiros pela União, sem qualquer ofensa à reserva de monopólio [art. 177 da CB/88]. 7. A propriedade dos produtos ou serviços da atividade não pode ser tida como abrangida pelo monopólio do desenvolvimento de determinadas atividades econômicas. 8. A propriedade do produto da lavra das jazidas minerais atribuídas ao concessionário pelo preceito do art. 176 da Constituição do Brasil é inerente ao modo de produção capitalista. A propriedade sobre o produto da exploração é plena, desde que exista concessão de lavra regularmente outorgada. 9. Embora o art. 20, IX, da CB/88 estabeleça que

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os recursos minerais, inclusive os do subsolo, são bens da União, o art. 176 garante ao concessionário da lavra a propriedade do produto de sua exploração. 10. Tanto as atividades previstas no art. 176 quanto as contratações de empresas estatais ou privadas, nos termos do disposto no § 1º do art.177 da Constituição, seriam materialmente impossíveis se os concessionários e contratados, respectivamente, não pudessem apropriar-se, direta ou indiretamente, do produto da exploração das jazidas. 11. A EC 9/95 permite que a União transfira ao seu contratado os riscos e resultados da atividade e a propriedade do produto da exploração de jazidas de petróleo e de gás natural, observadas as normais legais. [...] (Trecho da ementa da ADI n.º 3273).

Logo, incorreta a assertiva.

GABARITO: ERRADO

12. Em atenção ao postulado da soberania nacional, que se constitui em princípio da ordem econômica, constante do inciso I do Art. 170 da Constituição, são vedados os investimentos de capital estrangeiro no Brasil, bem como a remessa de lucros ao exterior.

COMENTÁRIO

A soberania nacional é valor eleito pelo constituinte não só como princípio da ordem econômica (Art. 170, I, da CF), mas também como fundamento da própria República Federativa do Brasil (Art. 1º, I, da CF). Assim, correta a assertiva na primeira parte.

Contudo, equivoca-se o enunciado ao afirmar inexistente vedação aos investimentos de capital estrangeiro no Brasil, bem assim a remessa de lucros ao exterior. Conforme dispõe o Art. 172 da CF, “a lei disciplinará, com base no interesse nacional, os investimentos de capital estrangeiro, incentivará os reinvestimentos e regulará a remessa de lucros”. A esse respeito, aduz Fabiano Del Masso que:

“Dessa forma, a Constituição Federal demonstra e reconhece a importância do capital estrangeiro para a economia nacional, principalmente em virtude da situação de dependência do Estado brasileiro pelo capital estrangeiro. Assim, a lei deverá incentivar o aporte de capitais provindos de fora para dentro de país, justamente para financiar o déficit de recursos financeiros existentes. Isso se faz, sobretudo, com a estabilidade das regras criadas, pois um dos grandes receios dos investidores para com o Brasil é a frequente e desordenada modificação das regras incidentes no mercado financeiro e de capitais.” (Direito Econômico Esquematizado. 2ª ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense. São Paulo: Método, 2013, páginas 76 e 77).

Hoje, ainda é a antiga Lei n.º 4131/62, com alterações posteriores, que cumpre o papel de disciplinar os investimentos de capital estrangeiro no Brasil, bem como a remessa de lucros ao exterior. A soberania nacional se manifesta na medida em que o constituinte determinou que a lei disciplinasse os referidos institutos com base no interesse nacional.

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Contudo, ainda que não haja, a priori, vedação aos investimentos no Brasil, Leonardo Vizeu (Lições de Direito Econômico, 7ª Ed., 2014) chama a atenção para as seguintes situações:

Há que se ter em mente que, por razões estratégicas, seja de segurança nacional ou de interesse coletivo, a própria Constituição da República torna limitada ou mesmo defesa a participação de investimentos estrangeiros em alguns setores de nossa Ordem Econômica, conforme expressamente previsto no artigo 192, caput, artigo 199, § 3º, e artigo 222, caput, §§ 1º e 4º, a seguir transcritos:

Art. 192. O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvi mento equilibrado do País e a servir aos interesses da coletividade, em todas as partes que o compõem, abrangendo as cooperativas de crédito, será regulado por leis complementares que disporão, inclusive, sobre a participação do capital estrangeiro nas instituições que o integram. (...)

Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.

(...)

§ 3º É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos casos previstos em lei.

(...)

Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País.

(...)

§ 1º Em qualquer caso, pelo menos setenta por cento do capital total e do capital votante das empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens deverá pertencer, direta ou indiretamente, a brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, que exercerão obrigatoriamente a gestão das atividades e estabelecerão o conteúdo da programação.

(...)

§ 4º Lei disciplinará a participação de capital estrangeiro nas empresas de que trata o § 1º.

Por fim, cumpre esclarecer que, por força da revogação do artigo 171 da CRFB, por meio da Emenda Constitucional n. 06/1995, não se admite mais a concessão de quaisquer benefícios ou privilégios, tampouco de reserva de mercado, à empresa brasileira de capital nacional.

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Portanto, incorreta a assertiva.

GABARITO: ERRADO

MEDIADOR: CAMILLO PIANA

DIREITO TRIBUTÁRIO

13. Para o STF, Decreto de Estado-membro que autoriza a cobrança de pedágio em determinada Rodovia Estadual é constitucional.

COMENTÁRIO

O cerne da questão reside na recente afirmação, pelo Supremo Tribunal Federal, de que o pedágio cobrado pela efetiva utilização de rodovias conservadas pelo Poder Público (art. 150, V, da CF/88) possui a natureza de preço público, não estando assim sujeito ao regime tributário, notadamente à observância do princípio da legalidade estrita.

Por conta disso é legítima sua criação por ato infralegal como no caso em tela.

Em verdade, há certa divergência doutrinária quanto à natureza do pedágio: se tributária (taxa) ou não tributária (preço público/tarifa).

Os fundamentos que justificariam a sua natureza tributária, na subespécie taxa, são basicamente: (I) o fato de o dispositivo constitucional que faz menção ao pedágio (art. 150, V, CF/88) estar topograficamente na Seção da Constituição que cuida das “Limitações ao Poder de Tributar”; (II) caracterizar ele pagamento de um serviço específico ou divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição; (III) não ser cabível remunerar serviços públicos por meio de outra rubrica que não a taxa.

De outro lado, pela sua natureza não tributária há os seguimentos argumentos: (I) a localização topográfica do dispositivo no texto constitucional apenas tem a finalidade de esclarecer que, apesar de não ser possível incidir tributo sobre o tráfego de pessoas ou bens, pode, excepcionalmente, ser cobrado o pedágio, que é espécie jurídica diversa e autônoma; (II) não há compulsoriedade na utilização das rodovias conservadas pelo poder público ou quem que lhe faça às vezes; (III) a cobrança se dá em virtude da utilização efetiva do serviço, não sendo devida com base no seu oferecimento potencial.

A par dessa divergência, o Plenário do STF, na ADI 800, Rel. Ministro Teori Zavascki, julgada em 11.06.2014, afirmou que o pedágio possui natureza de preço público, pois consiste em uma retribuição facultativa paga apenas mediante o uso voluntário do serviço, o que deste modo afasta o caráter da compulsoriedade próprio das taxas.

Assentou-se, nessa linha, que o enquadramento da natureza do pedágio não deve se dar à luz apenas de sua localização no texto da Constituição, mas sim mediante o preenchimento ou não dos requisitos do art. 3º do CTN, o qual delimita o conceito de tributo nos seguintes termos: “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”.

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Com efeito, não há, assim, propriamente uma compulsoriedade na utilização de vias conservadas pelo Poder Público.

Nessa linha, tem-se que a existência ou não de via alternativa para o usuário trafegar também é irrelevante para definir a natureza jurídica do pedágio, mormente pelo fato de tal exigência não encontrar previsão no texto constitucional e tampouco na lei ordinária que regula a concessão de permissão de serviços públicos. Quanto a esta última, destaca-se a previsão expressa contida no art. 9º, §1º da Lei 8.987/95, segundo o qual: “a tarifa não será subordinada à legislação específica anterior e somente nos casos expressamente previstos em lei, sua cobrança poderá ser condicionada à existência de serviço público alternativo e gratuito para o usuário”. Quanto ao mais, a ausência de compulsoriedade verifica-se não apenas na existência de via alternativa, mas igualmente na possibilidade de escolha, pelo transeunte, de outro meio de transporte (p.ex.: bicicleta, ônibus, avião, etc.).

A ementa do citado julgamento assim constou redigida:

TRIBUTÁRIO E CONSTITUCIONAL. PEDÁGIO. NATUREZA JURÍDICA DE PREÇO PÚBLICO. DECRETO 34.417/92, DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. CONSTITUCIONALIDADE. 1. O pedágio cobrado pela efetiva utilização de rodovias conservadas pelo Poder Público, cuja cobrança está autorizada pelo inciso V, parte final, do art. 150 da Constituição de 1988, não tem natureza jurídica de taxa, mas sim de preço público, não estando a sua instituição, consequentemente, sujeita ao princípio da legalidade estrita. 2. Ação direta de inconstitucionalidade julgada improcedente. (ADI 800, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 11/06/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-125 DIVULG 27-06-2014 PUBLIC 01-07-2014).

Dessa forma, sendo o pedágio preço público, a ele não se aplicam as amarras e condicionantes próprias do regime jurídico tributário, dentre as quais a legalidade estrita (art. 150, I, da CF/88), mostrando-se constitucional que Decreto do Poder Executivo disponha acerca da sua cobrança.

GABARITO: CERTO

14. Considerando a situação de urgência e relevância, admite-se que medida provisória editada pelo Presidente da República institua empréstimo compulsório para atender a despesas extraordinárias decorrentes de calamidade pública.

COMENTÁRIO

A assertiva encontra-se errada, sendo possível chegar-se a tal conclusão mediante uma interpretação conjunta dos arts. 148, e art. 62, §1º, III, ambos da CF/88.

Isso porque, embora admissível que medida provisória cuide de matéria tributária, inclusive podendo criar tributos, há que se ter presente a impossibilidade de que nela seja tratada matéria expressamente reservada ao âmbito de lei complementar, considerada, ademais, a incompatibilidade de seu processo legislativo com aquele exigido para aprovação das leis complementares.

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O disposto no art. 62, III, na redação da EC 32/2001, é expresso quanto ao ponto:

Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.

§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:

(...)

III - reservada a lei complementar;

De outro lado, tem-se que o art. 148 expressamente exige que a instituição de empréstimo compulsório se dê mediante lei complementar, o que assim impossibilita que medida provisória venha a criá-lo. Diz o mencionado dispositivo:

Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios:

I – para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência;

II – no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, b.

Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.

Uma distinção importante, e que deve se ter presente, pois muito recorrente em provas objetivas, é aquela relacionada às figuras do empréstimo compulsório (art. 148, CF/88), do imposto extraordinário de guerra (art. 154, II, CF), do imposto residual (art. 154, I, CF/88), e da contribuição social residual (art. 195, §4º, CF), todos circunscritos à exclusiva competência da União. Aproveitando a oportunidade, trago ao conhecimento dos Srs. o seguinte quadro resumo:

Empréstimo compulsório

(art. 148, CF, art. 15, CTN)

Imposto extraordinário de guerra

(art. 154, II, CF, art. 76, CTN)

Imposto residual

(art. 154, I, CF)

Contribuição social residual

(art. 195, §4ª, CF)

Lei complementar Lei ordinária Lei complementar Lei complementar

Para atender a despesas extraordinárias decorrentes de

- Calamidade pública

- Guerra externa ou sua iminência

No caso de investimento público de caráter urgente e relevante interesse

nacional

Iminência ou no caso de guerra externa

Garantia da manutenção ou

expansão da seguridade social

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Calamidade pública, guerra externa ou sua iminência = não observa

Investimento público de caráter urgente e relevante interesse nacional

= anterioridade de exercício e nonagesimal

Não observa nenhuma anterioridade

Observa a anterioridade exercício

e nonagesimal

Nonagesimal, com afastamento da regra da anterioridade de

exercício (art. 195, §6º, CF)

As materialidades a serem por ele tributadas (fatos geradores), não se

confundem com os seus pressupostos de instituição acima mencionados. Nesse sentido, a própria LC que o

instituir definirá os respectivos fatos geradores, podendo inclusive incidir sobre hipóteses já tributadas pelos

demais tributos ordinariamente exigidos sem que se fale em bi-tributação ou bis in idem (p.ex.:

empréstimo compulsório incidente sobre a circulação de mercadorias). Podem também os fatos geradores

serem vinculados, ou não, à atividade estatal específica

“Compreendidos ou não em sua competência tributária” (admite,

portanto, bi-tributação)

Fato gerador e base de cálculo diversos dos

previstos no art. 153

Não cumulativo (no recolhimento, a cada

débito apropria-se como crédito os recolhimentos

anteriores)

Fato gerador e base de cálculo diversos dos

previstos no art. 195 da CF

Não cumulativo

É tributo com prazo determinado (art. 15, CTN – LC fixará obrigatoriamente o

prazo de sua duração).

Tributo com promessa de devolução, isto é, restituível, em moeda (STF)

Receita vinculada à despesa que fundamentou sua instituição (art. 148,

p. único, CF/88).

Será suprimido, gradativamente, cessadas

as causas de sua criação (o CTN dispõe que a cessação

definitiva deve se dar no prazo máximo de 5 anos a contar da celebração da

paz).

Receita não vinculada

Sem prazo máximo.

Receita não vinculada

Sem prazo máximo.

Receita vinculada à expansão ou manutenção da

seguridade social

GABARITO: ERRADO

15. A quantia percebida pelo contribuinte a título de juros de mora decorrentes de valores recebidos em ação judicial tem, na vigência do Código Civil de 2002, natureza jurídica indenizatória. Nessa condição, portanto, sobre ela não incide imposto de renda.

COMENTÁRIO

Consolidando a sua jurisprudência, o Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp 1.089.720/RS, por meio da sua 1ª Seção, fixou as seguintes diretrizes quanto à incidência do imposto de renda sobre os juros moratórios:

(a) a regra geral é a incidência do imposto de renda sobre os juros de mora, a teor do art. 16, caput e parágrafo único, da Lei 4506/64, inclusive em reclamatórias trabalhistas;

(b) exceções:

(b.1) os juros de mora pagos no contexto de despedida ou rescisão do contrato de trabalho (perda

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do emprego) gozam de isenção de imposto de renda, independente da natureza jurídica da verba principal, isto é, ainda que a verba principal não seja isenta (tese já pacificada no REsp 1.227.133/RS, julgado sob o rito do art. 543-C, do CPC);

(b.2) os juros de mora incidentes sobre verba principal isenta ou fora do campo de incidência do imposto de renda são isentos de imposto de renda, mesmo quando pagos fora da circunstância da perda de emprego, em conformidade com a regra de que o acessório segue o principal.

Eis a ementa do REsp 1.089.720/RS:

PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO AO ART. 535, DO CPC. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. SÚMULA N. 284/STF. IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA FÍSICA - IRPF. REGRA GERAL DE INCIDÊNCIA SOBRE JUROS DE MORA. PRESERVAÇÃO DA TESE JULGADA NO RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA RESP. N. 1.227.133 - RS NO SENTIDO DA ISENÇÃO DO IR SOBRE OS JUROS DE MORA PAGOS NO CONTEXTO DE PERDA DO EMPREGO. ADOÇÃO DE FORMA CUMULATIVA DA TESE DO ACCESSORIUM SEQUITUR SUUM PRINCIPALE PARA ISENTAR DO IR OS JUROS DE MORA INCIDENTES SOBRE VERBA ISENTA OU FORA DO CAMPO DE INCIDÊNCIA DO IR.

(...)

2. Regra geral: incide o IRPF sobre os juros de mora, a teor do art. 16, caput e parágrafo único, da Lei n. 4.506/64, inclusive quando reconhecidos em reclamatórias trabalhistas, apesar de sua natureza indenizatória reconhecida pelo mesmo dispositivo legal (matéria ainda não pacificada em recurso representativo da controvérsia).

3. Primeira exceção: são isentos de IRPF os juros de mora quando pagos no contexto de despedida ou rescisão do contrato de trabalho, em reclamatórias trabalhistas ou não. Isto é, quando o trabalhador perde o emprego, os juros de mora incidentes sobre as verbas remuneratórias ou indenizatórias que lhe são pagas são isentos de imposto de renda. A isenção é circunstancial para proteger o trabalhador em uma situação sócio-econômica desfavorável (perda do emprego), daí a incidência do art. 6º, V, da Lei n. 7.713/88. Nesse sentido, quando reconhecidos em reclamatória trabalhista, não basta haver a ação trabalhista, é preciso que a reclamatória se refira também às verbas decorrentes da perda do emprego, sejam indenizatórias, sejam remuneratórias (matéria já pacificada no recurso representativo da controvérsia REsp. n.º 1.227.133 - RS, Primeira Seção, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Rel .p/acórdão Min. Cesar Asfor Rocha, julgado em 28.9.2011).

3.1. Nem todas as reclamatórias trabalhistas discutem verbas de despedida ou rescisão de contrato de trabalho, ali podem ser discutidas outras verbas ou haver o

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contexto de continuidade do vínculo empregatício. A discussão exclusiva de verbas dissociadas do fim do vínculo empregatício exclui a incidência do art. 6º, inciso V, da Lei n. 7.713/88.

3.2. . O fator determinante para ocorrer a isenção do art. 6º, inciso V, da Lei n. 7.713/88 é haver a perda do emprego e a fixação das verbas respectivas, em juízo ou fora dele. Ocorrendo isso, a isenção abarca tanto os juros incidentes sobre as verbas indenizatórias e remuneratórias quanto os juros incidentes sobre as verbas não isentas.

4. Segunda exceção: são isentos do imposto de renda os juros de mora incidentes sobre verba principal isenta ou fora do campo de incidência do IR, mesmo quando pagos fora do contexto de despedida ou rescisão do contrato de trabalho (circunstância em que não há perda do emprego), consoante a regra do “accessorium sequitur suum principale”.

5. Em que pese haver nos autos verbas reconhecidas em reclamatória trabalhista, não restou demonstrado que o foram no contexto de despedida ou rescisão do contrato de trabalho (circunstância de perda do emprego). Sendo assim, é inaplicável a isenção apontada no item “3”, subsistindo a isenção decorrente do item “4” exclusivamente quanto às verbas do FGTS e respectiva correção monetária FADT que, consoante o art. 28 e parágrafo único, da Lei n. 8.036/90, são isentas.

6. Quadro para o caso concreto onde não houve rescisão do contrato de trabalho: Principal: Horas-extras (verba remuneratória não isenta) = Incide imposto de renda; Acessório: Juros de mora sobre horas-extras (lucros cessantes não isentos) = Incide imposto de renda; Principal: Décimo-terceiro salário (verba remuneratória não isenta) = Incide imposto de renda; Acessório: Juros de mora sobre décimo-terceiro salário (lucros cessantes não isentos) = Incide imposto de renda; Principal: FGTS (verba remuneratória isenta) = Isento do imposto de renda (art. 28, parágrafo único, da Lei n. 8.036/90); Acessório: Juros de mora sobre o FGTS (lucros cessantes) = Isento do imposto de renda (acessório segue o principal).

7. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, parcialmente provido.

(REsp 1089720/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 10/10/2012, DJe 28/11/2012)

Observa-se assim que o julgado, uma vez fixada a tese jurídica, debruçou-se sobre o caso concreto, de tal modo que, tendo em conta que o capital sobre o qual incidentes os juros não foi creditado ao contribuinte no contexto da rescisão do contrato de trabalho, aplicou a regra de que o acessório segue o principal, mediante verificação em separado de quais as verbas adimplidas naquele contexto eram, ou não, isentas.

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Superada tal etapa, a correlata incidência dos juros seguiu a sorte da verba principal, no seguinte raciocínio: isenção de imposto de renda na principal isenção do imposto de renda no acessório; não isenção de imposto de renda na principal incidência do imposto de renda no acessório.

A matéria, ao que tudo indica, ganhou contornos de definitividade, especialmente porque o STF já teve a oportunidade de rejeitar a sua repercussão geral ao argumento de se cuidar de tema restrito à análise da norma infraconstitucional, privilegiando assim a conclusão do STJ (RE 611.512/SC –Tema nº 306 da Gestão por Temas da Repercussão Geral do STF).

GABARITO: ERRADO

MEDIADOR: PAULO HENRIQUE LOPES DE LIMA

DIREITO AMBIENTAL

Considerando as disposições constitucionais acerca da proteção do meio ambiente, julgue o item a seguir.

16. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem público de uso comum e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

COMENTÁRIO

A questão se relaciona com o ponto 2 do programa de Ambiental previsto no edital do último certame para a AGU, relativamente à Constituição e o meio ambiente.

Antes de qualquer abordagem sobre o item, convém informar que comumente na doutrina critica-se o termo “meio ambiente”. Isso porque a palavra ambiente deriva do grego ambiens, cujo significado é algo como “estar inserido” ou “âmbito que circunda”, tornando redundante a adição da palavra “meio”. De qualquer modo, a discussão é meramente técnica e não guarda relevância para o nosso estudo, sendo a expressão “meio ambiente” amplamente utilizada no Direito Ambiental e que por nós será igualmente adotada.

No que toca à questão apresentada, embora aparentemente simples, exige-se do candidato um preciso conhecimento do conceito de meio ambiente e das peculiaridades que o cercam. Uma leitura apressada da assertiva pode levar à conclusão de que o item está correto. Note-se que o texto apresentado praticamente reproduz o contido no art. 225, caput, da CF/88, senão por um detalhe, qual seja, a errônea afirmação de que o meio ambiente é um bem público de uso comum do povo.

De acordo com o disposto no art. 225, caput, da Constituição Federal:

“Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.” (destacamos)

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Como se nota, a correta compreensão do conceito de meio ambiente é no sentido de considerá-lo um bem de uso comum do povo e não um bem público de uso comum. Rememorando as clássicas lições de Celso Antônio Bandeira de Mello, podemos classificar os bens públicos — isto é, aqueles que pertencem às pessoas jurídicas de Direito Público — em: a) bens de uso comum, que são aqueles destinados ao uso indistinto de todos, como as ruas, estradas, praças etc.; b) bens de uso especial, que são os afetados a um serviço ou estabelecimento público, como as repartições públicas; e c) bens dominicais ou dominiais, que são aqueles próprios do Estado como objeto de direito real, não aplicados nem ao uso comum, nem ao uso especial (Curso de Direito Administrativo. 26ª ed. revista e atualizada até a EC 57, de 18.12.2008. São Paulo: Malheiros, 2009, p. 904).

O meio ambiente se afasta dessa classificação administrativista, especialmente da concepção de bem público de uso comum, encontrando melhor identificação na noção de patrimônio público. Nesse sentido, dispõe o art. 2º, inciso I, da Lei 6.938/81:

“Art. 2º. A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios:

I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo;” (destacamos)

Assim, temos que o meio ambiente é um patrimônio público, de titularidade coletiva, e não um bem de dominialidade estatal (bem público de uso comum). Deve-se entender que o bem público de uso comum nada mais é do que uma modalidade de bem público classificada segundo a destinação dos bens. O meio ambiente sequer é bem público, sendo indevido enquadrá-lo nessa classificação.

A definição do meio ambiente como gênero (do qual são espécies o meio ambiente natural, cultural e artificial) relaciona-se a tudo aquilo que nos circunda, traduzindo-se em conceito jurídico indeterminado. Em âmbito federal, o conceito de meio ambiente é dado pelo art. 3º, inciso I, da Lei 6.938/81, in verbis: “Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas;”

Essa generalidade de aspectos que integram o conceito de meio ambiente não pode ser apropriada pelo Estado, de forma a torná-lo um bem de sua titularidade. Nesse sentido, inclusive, decidiu o STF que o fato de o art. 225 da Constituição Federal, em seu parágrafo 4º, ter previsto que constituem patrimônio nacional a Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira, não conduz à conclusão de ter a Lei Maior os transformado em bens públicos (cf. RE 134.297, julgado em 13.6.1995).

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Luis Paulo Sirvinkas arremata a questão ao ensinar que o bem ambiental não pode ser classificado como bem público nem como bem privado (art. 98 do CC de 2002), mas se apresenta como uma terceira categoria, que se situa numa faixa intermediária entre o público e o privado, denominando-se bem difuso. Para o autor, esse bem pertence a cada um e, ao mesmo tempo, a todos. Não há como identificar o seu titular, e o seu objeto é insuscetível de divisão (SIRVINKAS, Luis Paulo. Manual de direito ambiental. 11ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013).

Assim, toda a atenção do candidato é necessária. Deve-se guardar a ideia de que o meio ambiente é um bem de uso comum do povo (patrimônio público, direito de terceira geração e de titularidade coletiva) e não se confunde com o bem público do Estado na modalidade bem público de uso comum. Portanto, incorreta a assertiva.

GABARITO: ERRADO

Considerando a atual disciplina acerca da competência para processar e julgar os crimes cometidos contra o meio ambiente, julgue a assertiva a seguir.

17. Efetuada pelo IBAMA a apreensão em propriedade privada de “oryzoborus angolensis” (curió), espécime que pertence à fauna silvestre, e lançado o respectivo auto de infração, competirá à Justiça Federal processar e julgar eventual ação penal por crime contra a fauna, em razão da aplicação da súmula 91 do STJ.

COMENTÁRIO

A Constituição Federal de 1988, assim como a Lei 9.605/98, que dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, restaram silentes em relação à definição da competência para o processo e julgamento dos crimes ambientais. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, por sua vez, afirmava em sua súmula 91, editada antes da Lei 9.605/98, competir à Justiça Federal processar e julgar os crimes contra a fauna. O enunciado tinha a seguinte redação: “Súmula 91. Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra a fauna.”

No entanto, na sessão de 8.11.2000, a Terceira Seção do STJ deliberou pelo cancelamento do enunciado de jurisprudência e pela fixação, como regra geral, da competência da Justiça Estadual para o processo e julgamento dos crimes contra o meio ambiente, inclusive aqueles cometidos contra a fauna. Nesse sentido, julgado noticiado no Informativo n.º 466 do STJ:

“(...) Após o cancelamento da citada súmula [súmula 91], o STJ firmou o entendimento, em vários acórdãos, de que, quando não há evidente lesão a bens, serviços ou interesse da União, autarquias ou empresas públicas (art. 109 da CF), compete à Justiça estadual, de regra, processar e julgar crime contra a fauna, visto que a proteção ao meio ambiente constitui matéria de competência comum à União, aos estados, aos municípios e ao Distrito Federal (art. 23, VI e VII, da CF). (...).” (STJ - CC 114.798-RJ, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 14/3/2011)

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Firmou-se o entendimento de que seria competente a Justiça Federal quando evidenciada lesão a bens, serviços ou interesses da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral, nos moldes da previsão contida no art. 109, IV, da Constituição Federal de 1988. O seguinte excerto de jurisprudência auxilia a compreensão:

“(...) 1. Nos delitos praticados contra o meio ambiente, a competência da Justiça Federal só se firma quando existir qualquer lesão a bens, serviços ou interesses diretos da União. 2. No caso, o crime contra a fauna atingiu bens e interesses da União, uma vez que a caça ocorreu às margens do Rio Grande, bem de propriedade da União, nos termos do art. 20, III da Constituição Federal e os animais abatidos estavam integrados ao ecossistema do mencionado rio, sendo este o seu habitat. Assim, firma-se a competência da Justiça Federal para o julgamento desse crime.” (STJ - CC 120.218/SP, Ministra Alderita Ramos de Oliveira - desembargadora convocada do TJ/PE -, Terceira Seção, Data do Julgamento 08/05/2013, DJe 15/05/2013)

No sentido de que a competência da Justiça Federal se firma diante da aferição da lesão a bens, serviços ou interesses das pessoas jurídicas de direito público federais, o STJ, em recente julgado da sua Terceira Seção, decidiu, em um caso que envolvia a prática de crime ambiental por funcionários públicos estaduais, consistente em concessões ilegais para desmatamento (arts. 66 e 67 da Lei 9.605/98), que o fato de o local, antes área estadual, ter se tornado, posteriormente, Parque Nacional, seria suficiente para evidenciar o interesse da União a justificar o deslocamento do processo para a Justiça Federal. Para o Tribunal, “constatada que a área desmatada ilegalmente foi transformada no Parque Nacional das Araucárias (...) evidencia-se o interesse federal (...) sendo certo que, tratando-se de competência absoluta em razão da matéria, não há que se falar em perpetuatio jurisdictionis” (CC 104.942/SC, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 14/11/2012, DJe 22/11/2012).

Aparentemente, trata-se de mudança de entendimento da Terceira Seção, que, anteriormente, em caso similar, já adotou posição em sentido contrário: “Quando a área desmatada era particular à época do delito, e, posteriormente, transformada em área de preservação por Decreto Presidencial, a competência para processar e julgar a causa é da Justiça Estadual, perpetuando-se a jurisdição.” (CC 99.541/PR, TERCEIRA SEÇÃO, DJe 10/12/2010)

O importante, de qualquer forma, é fixar a ideia de que a definição da competência para o julgamento dos crimes contra o meio ambiente deve partir da análise do bem, serviço ou interesse lesionado e não do agente atuante na fiscalização ambiental. O que se quer dizer é que o fato de uma autoridade ambiental federal lavrar auto de infração de conduta que também configura crime ambiental, não necessariamente determinará a competência para processo e julgamento pela Justiça Federal. Em face da competência material comum entre os entes da Federação para proteger o meio ambiente (art. 23, VI e VII, da CF/88) é possível, por exemplo, que agente do IBAMA (autarquia federal), na inércia do “órgão” ambiental competente, exerça o seu poder de polícia (vide art. 17, caput e § 3º, da LC 140/2011) e fiscalize

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o cometimento de lesão ambiental a bem, serviço ou interesse de um ente estadual. A ação da autarquia federal, no entanto, será fundada em interesse genérico, mediato ou indireto, decorrente da competência material comum para a proteção do meio ambiente, não sendo capaz de deslocar a competência para a Justiça Federal. Será, de outro lado, competente a Justiça Federal para o processo e julgamento do ilícito ambiental quando o ente federal for o interessado direto pela tutela ambiental, ou seja, o titular do bem, serviço ou interesse lesionado. A jurisprudência corrobora essa conclusão:

“(...) Na hipótese, verifica-se que o Juízo Estadual declinou de sua competência tão somente pelo fato de o auto de infração ter sido lavrado pelo IBAMA, circunstância que se justifica em razão da competência comum da União para apurar possível crime ambiental, não sendo suficiente, todavia, por si só, para atrair a competência da Justiça Federal.” (STJ - CC 113.345/RJ, Ministro Marco Aurélio Bellizze, Terceira Seção, Data do Julgamento 22/08/2012, DJe 13/09/2012)

“(...) A atribuição do IBAMA (autarquia federal) como responsável pela fiscalização e preservação do meio ambiente não atrai a competência da Justiça Federal, tendo em vista a ocorrência, apenas, de interesse genérico e indireto da União. (...)” (STJ - RHC 26.483/AM, Rel. Ministro Jorge Mussi, Quinta Turma, Data do Julgamento 02/08/2011, DJe 29/08/2011)

“Considerando inexistente a presença de interesse direto e específico a bem da União a justificar a competência da Justiça Federal para julgamento da ação penal proposta contra o paciente - acusado da suposta prática do delito previsto no parágrafo único do art. 46 da Lei 9.605/98 em razão do transporte de madeira em tora sem a devida autorização -, a Turma deferiu habeas corpus para afirmar a competência da Justiça Comum estadual para o julgamento da espécie, afastando, assim, a argumentação do acórdão recorrido no sentido de que a lavratura do auto de infração pelo IBAMA implicaria a competência da Justiça Federal, por ofensa a interesse da mencionada autarquia, uma vez que tal atividade de fiscalização, ainda que relativa ao cumprimento de preceito da Lei de Crimes Ambientais, configura interesse genérico ou indireto da União para os fins do art. 109, IV, da CF. Precedentes citados: RE 300.244-SC (DJU de 19.12.2001) e RE 166.943-PR (DJU de 4.8.1995).” (STF - HC 81.916-PA, Min. Gilmar Mendes, Segunda Turma, julgado em 17.9.2002, DJ 11.10.2002 – noticiado no Informativo n.º 282)

Note-se, portanto, que se a atuação do IBAMA se der não em decorrência da competência material comum, mas fundada em matéria de sua competência exclusiva — o que ocorre, por exemplo, no controle de ingresso de espécimes exóticas no País (cf. Instrução Normativa do IBAMA nº 02/01) e quando as condutas criminosas incidem sobre espécimes ameaçadas de extinção (art. 54 da Lei nº 9.985⁄2000) — o processo e julgamento de eventual crime ambiental caberá à Justiça Federal, conforme vem decidindo o STJ:

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“(...) Contudo, quando presente o interesse da União na lide, porquanto as espécies ilegalmente transportadas e comercializadas estão ameaçadas de extinção, evidencia-se a competência da Justiça Federal. Precedentes do Superior Tribunal de Justiça. 3. Recurso desprovido.” (STJ - RHC 32.592/RS, Ministra Laurita Vaz, Quinta Turma, Data do Julgamento 17/09/2013, DJe 09/12/2013)

“É cediço que a edição da Lei n. 9.605/1998 desencadeou o cancelamento da Súm. n. 91-STJ. Porém a jurisprudência tem reservado a competência da Justiça Federal, nos crimes contra o meio ambiente, quando comprovada a lesão a bens ou interesses da União, de suas autarquias ou empresas públicas (art. 109, IV, da CF/1988), além da hipótese de o dano assumir contornos regionais ou nacionais. No caso, foi constatado, em laudo de vistoria, que o indiciado mantinha em cativeiro animais de fauna exótica (um babuíno e sete tigres-de-bengala) sem nenhuma marcação ou comprovação de origem, em desacordo com a Instrução Normativa n. 2/2001 do Ibama, o responsável pela expedição de autorização de ingresso e posse desse tipo de animal. Assim, diante da prática, em tese, do delito previsto no art. 31 da Lei n. 9.605/1998 (introdução sem licença de espécie no País) e do inegável interesse daquela autarquia federal, deve ser firmada a competência do juízo federal. Precedentes citados: CC 34.689-SP, DJ 17/6/2002, e CC 37.137-MG, DJ 14/4/2003.” (STJ - CC 96.853-RS, Min. Og Fernandes, Terceira Seção, julgado em 8/10/2008, noticiado no Informativo 371 – OUT 2008)

“Outrossim, há situações específicas que justificam a competência da Justiça Privilegiada, como as seguintes: delito envolvendo espécies ameaçadas de extinção, em termos oficiais; conduta envolvendo ato de contrabando de animais silvestres, peles e couros de anfíbios ou répteis para o exterior; introdução ilegal de espécie exótica no País; pesca predatória no mar territorial; crime contra a fauna perpetrado em parques nacionais, reservas ecológicas ou áreas sujeitas ao domínio eminente da Nação; além da conduta que ultrapassa os limites de um único Estado ou as fronteiras do País.” (Passagem do voto proferido pelo Ministro Gilson Dipp, Relator do CC. 34.716/SP, Terceira Seção, julgado em 22/05/2002, DJ de 17/06/2002)

Sobre a questão, vale registrar que o Plenário Virtual do STF, em decisão proferida no dia 3.5.2013, reconheceu, por maioria, a repercussão geral na discussão sobre a competência da Justiça Federal para processar e julgar crimes ambientais transnacionais (casos de crimes ambientais cuja execução se iniciou no País e o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou vice-versa). No recurso extraordinário interposto pelo Ministério Público, que agora aguarda julgamento, sustenta-se que crimes que ultrapassem as fronteiras nacionais, como a exportação clandestina e ilegal de animais da fauna nativa, evidenciam ofensa direta ao patrimônio da União, porquanto o controle de saída e entrada do país está relacionado à soberania do Estado brasileiro, atraindo a competência da Justiça Federal, nos termos

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do art. 109, V, da Carta Magna (a tese, como visto acima, já é aceita pelo STJ). Trata-se do ARE 737.977, de relatoria do min. Luiz Fux, noticiado no Informativo n.º 706, tema 648 de repercussão geral.

Finalmente, no que toca à questão proposta, que utilizou como plano de fundo a ocorrência de crime ambiental contra a fauna silvestre, mostra-se incorreto afirmar que competirá à Justiça Federal processar e julgar eventual ação penal tão somente pelo fato de a apreensão do espécime oryzoborus angolensis (curió) e da lavratura do auto de infração ter sido feita pelo IBAMA, sem que haja demonstração de lesão a bens, serviços e interesses da União. Além disso, a súmula 91 do STJ foi cancelada, de modo que não serve ao embasamento da assertiva.

GABARITO: ERRADO

18. No caso em que um indivíduo, ao entrar em propriedade de pessoa jurídica, utilizada em seu processo produtivo, cujo acesso seja fácil, consentido e costumeiro, tenha sofrido, por conduta não dolosa, graves queimaduras decorrentes de contato com resíduos tóxicos que lá estavam expostos a céu aberto, a existência de cerca e de placas de sinalização informando a presença de material orgânico exime o proprietário da responsabilidade pelos danos causados à pessoa.

COMENTÁRIO

No campo do Direito Ambiental o Brasil tem adotado a responsabilidade civil objetiva por danos causados ao meio ambiente, independentemente da análise de dolo ou culpa, sendo suficiente a demonstração da ação ou omissão, do dano ou prejuízo e o nexo de causalidade entre o dano e a ação, regra que encontra fundamento constitucional no art. 225, § 3º, da Lei Maior e que foi consagrada, em nível infraconstitucional, no art. 14, § 1º, da Lei 6.938/81, in verbis: “Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. (...).”

A responsabilidade objetiva é, pois, exceção no nosso ordenamento jurídico e, segundo a jurisprudência mais recente do STJ, encontra amparo na Teoria do Risco na modalidade risco integral. Ou seja, não são admitidas, no intuito de se eximir da responsabilidade civil objetiva por danos ambientais, quaisquer tipos de excludentes (a exemplo da culpa exclusiva de terceiro, do caso fortuito e da força maior), posicionamento firmado, inclusive, em sede de recurso repetitivo (REsp 1.114.398-PR, 8/2/2012, REsp 1.354.536-SE, 26/3/2014 e, recentemente, REsp 1.374.284-MG, 05/09/2014).

O entendimento consolidado pelo STJ em grande parte se fundamenta na adoção do princípio do poluidor-pagador (Princípio n. 16 da ECO-92), também chamado de princípio do predador-pagador ou princípio da responsabilidade, no sentido de que se coloca na posição de garantidor da preservação ambiental aquele que explora atividade econômica, estando sempre vinculados à atividade desenvolvida os eventuais danos ocasionados. Por tal princípio, impõe-se ao poluidor a internalização do custo ambiental, o que significa incluir no preço final do processo produtivo as despesas com a recuperação do meio ambiente degradado.

A questão proposta diz respeito à responsabilidade civil de empresa, por danos individuais suportados

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por certa pessoa, decorrentes de queimaduras sofridas pelo contato com resíduos tóxicos depositados em terreno da pessoa jurídica. O caso foi objeto de apreciação pela Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, por conta do REsp 1.373.788/SP, de relatoria do ministro Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 06/05/2014, noticiado no Informativo n.º 546. Na ocasião, decidiu o Tribunal que:

“A responsabilidade civil por danos ambientais, seja por lesão ao meio ambiente propriamente dito (dano ambiental público), seja por ofensa a direitos individuais (dano ambiental privado), é objetiva, fundada na teoria do risco integral, em face do disposto no art. 14, § 1º, da Lei 6.938/1981, que consagra o princípio do poluidor-pagador.”

Assim, o particular (pessoa jurídica) que deposite resíduos tóxicos em seu terreno, expondo-os a céu aberto, responde objetivamente pelos danos sofridos por pessoa que, por conduta não dolosa, tenha sofrido, ao entrar na propriedade, graves queimaduras decorrentes de contato com os resíduos, quando o acesso à propriedade seja fácil, consentido e costumeiro, ainda que no local exista cerca e placas de sinalização informando a presença do material orgânico.

No voto condutor do acórdão o ministro Paulo de Tarso Sanseverino teceu importantes considerações acerca da responsabilidade civil objetiva ambiental, cuja transcrição de algumas passagens se faz necessária para a correta compreensão do julgado:

“A responsabilidade objetiva fundamenta-se, assim, na noção de risco social, que está implícito em determinadas atividades, como a indústria, os meios de transporte de massa, as fontes de energia. Assim, a responsabilidade objetiva, calcada na teoria do risco, é uma imputação atribuída por lei a determinadas pessoas de ressarcirem os danos provocados por atividades exercidas no seu interesse e sob seu controle, sem que se proceda a qualquer indagação sobre o elemento subjetivo da conduta do agente ou de seus prepostos, bastando a relação de causalidade entre o dano sofrido pela vítima e a situação de risco criada pelo agente. Imputa-se objetivamente a obrigação de indenizar a quem conhece e domina a fonte de origem do risco, devendo, em face do interesse social, responder pelas consequências lesivas da sua atividade independente de culpa. (...) O Código Civil de 2002 foi além dessa orientação, pois, embora mantendo a responsabilidade civil subjetiva, em seu art. 186, estatuiu, em seu parágrafo único do art. 927, a inovadora cláusula geral de risco, consagrando de forma ampla a responsabilidade objetiva. A teoria do risco como cláusula geral de responsabilidade civil restou consagrada no enunciado normativo do parágrafo único do art. 927 do Código Civil (...)”

Para o ministro relator, a existência de placas de advertência vedando a entrada de pessoas no local não é suficiente para afastar a responsabilidade civil objetiva, pois diante da teoria do risco integral é irrelevante argumentar com a ocorrência de culpa exclusiva ou concorrente da vítima.

Ademais, o fato constatado de que o terreno privado era de fácil acesso, sendo comum o trânsito de

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pessoas no local em que ocorreu o dano, afasta eventual alegação de quebra do nexo causal por culpa exclusiva da vítima. Para o relator, tratando-se de responsabilidade objetiva pelo risco integral, “somente uma conduta dolosa da própria vítima (v.g. atentado terrorista suicida contra uma usina nuclear) teria o condão de interferir no nexo causal.”

Assim, também nessa situação específica submetida ao STJ, entendeu a Terceira Turma do Tribunal ser plenamente aplicável a regra da responsabilidade civil objetiva fundada no risco integral, diante de danos ambientais, de modo que o desacerto da questão está em afirmar, no trecho final, que a existência de cerca e de placas de sinalização informando a presença de material orgânico exime o proprietário da responsabilidade pelos danos causados.

GABARITO: ERRADO

GRUPO 2: Direito Civil, Direito Processual Civil, Direito Empresarial, Direito Internacional Público e Direito Internacional Privado.

MEDIADOR: VINÍCIUS DE AZEVEDO FONSECA

DIREITO CIVIL

19. Para que o evicto possa exercer os direitos resultantes da evicção, na hipótese em que a perda da coisa adquirida tenha sido determinada por decisão judicial, não é necessário o trânsito em julgado da referida decisão.

COMENTÁRIO

Nas palavras de Flávio Tartuce: “a evicção pode ser conceituada como sendo a perda da coisa diante de uma decisão judicial ou de um ato administrativo que a atribui a um terceiro”.

Nos termos do julgado do STJ que embasou a formulação da questão posta:

“A evicção consiste na perda parcial ou integral do bem, via de regra, em virtude de decisão judicial que atribua seu uso, posse ou propriedade a outrem em decorrência de motivo jurídico anterior ao contrato de aquisição”.

A questão em comento poderá ser encontrada tanto dentro da matéria de direito civil, quando de direito processual civil. Vamos a ela.

O que a assertiva afirma é que aquele que perde a coisa em decorrência de uma decisão judicial não precisa aguardar o trânsito em julgado desse decisum para exercer os direitos que lhe cabem em razão da evicção. Por exemplo, A adquire um terreno de B, mas o imóvel lhe é tomado a partir de sentença prolatada contra B em ação reivindicatória, em que houve antecipação de tutela para imissão de terceiro na posse. Precisaria A aguardar o trânsito em julgado dessa sentença para fazer valer seus direitos contra B em razão da perda da coisa?

De acordo com o STJ, não.

Veja-se a ementa do REsp 1332112/GO, 4ª Turma, de relatoria do Ministro Luis Felipe Salomão, julgado em

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21/03/2013, que a par de trazer a resposta da questão, versa didaticamente sobre importantes aspectos concernentes à evicção:

PROCESSO CIVIL. DIREITO CIVIL. EXERCÍCIO DOS DIREITOS ADVINDOS DA EVICÇÃO. DENUNCIAÇÃO DA LIDE. DESNECESSIDADE. TRÂNSITO EM JULGADO DA DECISÃO. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC NÃO CONFIGURADA.

(...)

2. A evicção consiste na perda parcial ou integral do bem, via de regra, em virtude de decisão judicial que atribui o uso, a posse ou a propriedade a outrem, em decorrência de motivo jurídico anterior ao contrato de aquisição, podendo ocorrer, ainda, em virtude de ato administrativo do qual também decorra a privação da coisa. Precedentes.

3. A perda do bem por vício anterior ao negócio jurídico oneroso é fator determinante da evicção, tanto que há situações em que, a despeito da existência de decisão judicial ou de seu trânsito em julgado, os efeitos advindos da privação do bem se consumam, desde que, por óbvio, haja a efetiva ou iminente perda da posse ou da propriedade, e não uma mera cogitação da perda ou limitação desse direito.

4. O trânsito em julgado da decisão que atribui a outrem a posse ou a propriedade da coisa confere o respaldo ideal para o exercício do direito oriundo da evicção. Todavia, o aplicador do direito não pode ignorar a realidade hodierna do trâmite processual nos tribunais que, muitas vezes, faz com que o processo permaneça ativo por longos anos, ocasionando prejuízos consideráveis advindos da constrição imediata dos bens do evicto, que aguarda, impotente, o trânsito em julgado da decisão que já há muito assegurava-lhe o direito.

5. No caso dos autos, notadamente, houve decisão declaratória da ineficácia das alienações dos imóveis litigiosos - assim como seu arresto - em virtude do reconhecimento de fraude nos autos da execução fiscal movida pelo Estado de Goiás contra a empresa Onogás S/A, que transferiu os referidos bens à recorrente, sendo certo que, em consulta ao sítio do Tribunal a quo, verificou-se a improcedência dos embargos à execução fiscal em 14/12/2012, em processo que tramita desde 1998.

6. Dessarte, a despeito de não ter ainda ocorrido o trânsito em julgado da decisão prolatada na execução fiscal, que tornou ineficaz a alienação dos bens imóveis objeto do presente recurso, as circunstâncias fáticas e jurídicas acenam para o robusto direito do adquirente, mormente ante a determinação de arresto, medida que pode implicar no desapossamento dos bens e que promove sua imediata afetação ao procedimento executivo futuro.

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7. O exercício do direito oriundo da evicção independe da denunciação da lide ao alienante na ação em que terceiro reivindica a coisa, sendo certo que tal omissão apenas acarretará para o réu a perda da pretensão regressiva, privando-lhe da imediata obtenção do título executivo contra o obrigado regressivamente, restando-lhe, ainda, o ajuizamento de demanda autônoma. Ademais, no caso, o adquirente não integrou a relação jurídico-processual que culminou na decisão de ineficácia da alienação, haja vista se tratar de executivo fiscal, razão pela qual não houve o descumprimento da cláusula contratual que previu o chamamento da recorrente ao processo.

8. Recurso especial não provido. (Grifei).

A alguns pode parecer que a questão é temerária, eis que fundada em julgado envolto em especificidades concretas. Pois bem, isso foi o que mais houve no concurso para Advogado da União 2012/2013. Ademais, o presente julgado foi publicado no informativo nº 519 do STJ (onde foi destacada a exata frase que consta na questão formulada) e desde então não houve nenhuma decisão em contrário prolatada pelo STJ.

O mais importante não é decorar, mas sim entender o problema e, sobretudo, acompanhar a evolução jurisprudencial do STJ e do STF através dos informativos. Com o CESPE, é informativo na veia! Da primeira à última fase do concurso!

GABARITO: CERTO

20. Tratando-se de bem de família que se constitua em imóvel rural, é possível que se determine a penhora da fração que exceda o necessário à moradia do devedor e de sua família.

COMENTÁRIO

Flávio Tartuce conceitua bem de família como “(...) o imóvel utilizado como residência da entidade familiar, decorrente de casamento, união estável, entidade monoparental, ou entidade de outra origem, protegido por previsão legal específica”. Essa proteção se refere à impenhorabilidade do bem familiar.

Noutro giro, o STJ assentou, através da Súmula nº 364, que a impenhorabilidade do bem de família “(...)abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas”.

Há duas formas de bem de família previstos no ordenamento jurídico brasileiro: o bem de família legal (Lei nº 8.009/1990) e o bem de família voluntário ou convencional (Código Civil, arts. 1.711 a 1.722), sendo de precípua importância a leitura dos dispositivos legais citados, mormente das exceções à impenhorabilidade do bem de família.

A resolução da questão posta (que pode ser considerada relativamente fácil) passa pelo conhecimento do § 2º do art. 4º da Lei nº 8.009/1990, bem assim pela jurisprudência do STJ.

Vejamos o que diz o dispositivo legal mencionado:

“Art. 4º Não se beneficiará do disposto nesta lei aquele que, sabendo-se insolvente,

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adquire de má-fé imóvel mais valioso para transferir a residência familiar, desfazendo-se ou não da moradia antiga.

(...)

§ 2º Quando a residência familiar constituir-se em imóvel rural, a impenhorabilidade restringir-se-á à sede de moradia, com os respectivos bens móveis, e, nos casos do art. 5º, inciso XXVI, da Constituição, à área limitada como pequena propriedade rural.” (Grifei).

Nessa toada, o entendimento do STJ, esposado no informativo nº 521:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. LIMITES À IMPENHORABILIDADE DO BEM DE FAMÍLIA NO CASO DE IMÓVEL RURAL.

Tratando-se de bem de família que se constitua em imóvel rural, é possível que se determine a penhora da fração que exceda o necessário à moradia do devedor e de sua família. É certo que a Lei 8.009/1990 assegura a impenhorabilidade do imóvel residencial próprio do casal ou da entidade familiar. Entretanto, de acordo com o § 2º do art. 4º dessa lei, quando a residência familiar constituir-se em imóvel rural, a impenhorabilidade restringir-se-á à sede de moradia, com os respectivos bens móveis. Assim, deve-se considerar como legítima a penhora incidente sobre a parte do imóvel que exceda o necessário à sua utilização como moradia. REsp 1.237.176-SP, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 4/4/2013. (Grifo original).

GABARITO: CERTO

21. A mera alegação da União de que determinada área constitui terreno de marinha, sem que tenha sido realizado processo demarcatório específico e conclusivo pela Delegacia de Patrimônio da União, é suficiente para obstar o reconhecimento de usucapião.

COMENTÁRIO

O conceito de terreno de marinha, bem da União (art. 20, VII, da CF/1988) consta no art. 2º da do Decreto-lei nº 9.760/1946:

“Art. 2º São terrenos de marinha, em uma profundidade de 33 (trinta e três) metros, medidos horizontalmente, para a parte da terra, da posição da linha do preamar-médio de 1831:

a) os situados no continente, na costa marítima e nas margens dos rios e lagoas, até onde se faça sentir a influência das marés;

b) os que contornam as ilhas situadas em zona onde se faça sentir a influência das marés.

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Parágrafo único. Para os efeitos dêste artigo a influência das marés é caracterizada pela oscilação periódica de 5 (cinco) centímetros pelo menos, do nível das águas, que ocorra em qualquer época do ano.”

A matéria terreno de marinha é pertinente a direito administrativo, por isso mais não será explicado a respeito. O que interessa na questão é o instituto civil da usucapião.

Como sabido, os bens públicos são inusucapíveis (arts. 183, § 3º e 191, parágrafo único, da CF/1988 e art. 102 do CC/2002) – em que pese haja juristas respeitáveis, em minoria, que defendam o contrário; mas isso jamais deve ser defendido em uma prova de advocacia pública, menos ainda em primeira fase.

Dessarte, sendo os terrenos de marinha bens da União, tratam-se de bens públicos, que não podem ser objeto de usucapião.

Ocorre que a demarcação da faixa de marinha e, assim, a identificação dos terrenos de marinha, depende de complexo processo administrativo prévio (visto o parâmetro de medição ser o preamar-médio de 1831, que obviamente não é mais o mesmo de hoje) e custoso.

Assim, a questão é: não tendo ainda ocorrido a demarcação da faixa de marinha e do respectivo terreno, a tão só alegação, pela União, de que determinado imóvel está inserido em terreno de marinha, obsta o reconhecimento da usucapião em favor de um particular (ou até mesmo outro Ente)?

De acordo com o STJ, a resposta é não.

Veja-se a ementa do REsp 1.090.847-SP, 4ª Turma, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 23/4/2013, cujo julgado foi publicado no informativo nº 524:

DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. USUCAPIÃO. MODO DE AQUISIÇÃO ORIGINÁRIA DA PROPRIEDADE. TERRENO DE MARINHA. BEM PÚBLICO. DEMARCAÇÃO POR MEIO DE PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO DISCIPLINADO PELO DECRETO-LEI N. 9.760/1946. IMPOSSIBILIDADE DE DECLARAÇÃO DA USUCAPIÃO, POR ALEGAÇÃO POR PARTE DA UNIÃO DE QUE, EM FUTURO E INCERTO PROCEDIMENTO DE DEMARCAÇÃO PODERÁ SER CONSTATADO QUE A ÁREA USUCAPIENDA ABRANGE A FAIXA DE MARINHA. DESCABIMENTO.

(...)

3. Os terrenos de marinha, conforme disposto nos artigos 1º, alínea a, do Decreto-lei 9.760/46 e 20, VII, da Constituição Federal, são bens imóveis da União, necessários à defesa e à segurança nacional, que se estendem à distância de 33 metros para a área terrestre, contados da linha do preamar médio de 1831. Sua origem remonta aos tempos coloniais, incluem-se entre os bens públicos dominicais de propriedade da União, tendo o Código Civil adotado presunção relativa no que se refere ao registro de propriedade imobiliária, por isso, em regra, o registro de propriedade não

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é oponível à União

4. A Súmula 340/STF orienta que, desde a vigência do Código Civil de 1916, os bens dominicais, como os demais bens públicos, não podem ser adquiridos por usucapião, e a Súmula 496/STJ esclarece que “os registros de propriedade particular de imóveis situados em terrenos de marinha não são oponíveis à União”.

5. No caso, não é possível afirmar que a área usucapienda abrange a faixa de marinha, visto que a apuração demanda complexo procedimento administrativo, realizado no âmbito do Poder Executivo, com notificação pessoal de todos os interessados, sempre que identificados pela União e certo o domicílio, com observância à garantia do contraditório e da ampla defesa. Por um lado, em vista dos inúmeros procedimentos exigidos pela Lei, a exigir juízo de oportunidade e conveniência por parte da Administração Pública para a realização da demarcação da faixa de marinha, e em vista da tripartição dos poderes, não é cabível a imposição, pelo Judiciário, de sua realização; por outro lado, não é também razoável que os jurisdicionados fiquem à mercê de fato futuro, mas, como incontroverso, sem qualquer previsibilidade de sua materialização, para que possam usucapir terreno que já ocupam com ânimo de dono há quase três décadas.

6. Ademais, a eficácia preclusiva da coisa julgada alcança apenas as questões passíveis de alegação e efetivamente decididas pelo Juízo constantes do mérito da causa, e nem sequer se pode considerar deduzível a matéria acerca de tratar-se de terreno de marinha a área usucapienda.

(...) (Grifei).

Nada obstante, inclusive para fins de prova dissertativa, deve-se atentar à seguinte observação, que consta na publicação do julgado acima no informativo nº 524 do STJ:

“(...) é possível o reconhecimento da usucapião, desde que resguardados expressamente os interesses da União, admitindo que, caso se apure, no procedimento próprio, que a área usucapienda se caracteriza como bem público, não haverá prejuízo ao ente público.”

Ou seja, a mera alegação não obsta a usucapião (assertiva errada), porém, a realização do processo demarcatório posterior, com identificação do imóvel como terreno de marinha, em nada afeta o futuro reconhecimento da propriedade da União sobre o bem.

GABARITO: ERRADO

MEDIADOR: CAMILLO PIANA

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

22. A legitimidade para execução de condenação imposta por Tribunal de Contas (art. 71, §3º, CF) é exclusiva do ente público em favor do qual ela reverte.

COMENTÁRIO

Por expressa disposição constitucional as decisões dos tribunais de contas que imponham condenação patrimonial – a título de ressarcimento ao erário ou multa – aos responsáveis por irregularidades no trato da coisa pública gozam de eficácia de título executivo extrajudicial, na forma do disposto no art. 71, §º, da Constituição:

§ 3º - As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título executivo.

A par de certa divergência, tem-se entendido que o título executivo (acórdão do TCU) não necessariamente precisa ser inscrito em dívida ativa, mormente por gozar de pronta eficácia executiva. Nada obstante, a sua inscrição ou não em dívida ativa, exsurge como opção discricionária do ente público:

PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO DE DECISÃO CONDENATÓRIA DO TCU. DESNECESSIDADE DE INSCRIÇÃO EM DÍVIDA ATIVA E CONSEQUENTE INAPLICABILIDADE DA LEI N. 6.830/80. 1. Consoante a orientação jurisprudencial predominante nesta Corte, não se aplica a Lei n. 6.830/80 à execução de decisão condenatória do Tribunal de Contas da União quando não houver inscrição em dívida ativa. Tais decisões já são títulos executivos extrajudiciais, de modo que prescindem da emissão de Certidão de Dívida Ativa - CDA, o que determina a adoção do rito do CPC quando o administrador discricionariamente opta pela não inscrição. 2. Recurso especial provido para determinar que a execução prossiga nos moldes do Código de Processo Civil. (REsp 1390993/RJ, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 10/09/2013, DJe 17/09/2013)

Não havendo o ato de inscrição, a cobrança forçada desses valores segue o rito da execução por quantia certa do Código de Processo Civil, sendo da competência de uma Vara Comum na hipótese de existência de Vara Especializada no processamento de execuções fiscais:

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO. TÍTULO EXECUTIVO FUNDADO EM DECISÃO DO TRIBUNAL DE CONTAS. CRÉDITO NÃO TRIBUTÁRIO. RITO COMUM DO CPC. PRECEDENTES DO STJ. (...) 2. Consoante a orientação jurisprudencial predominante nesta Corte, não se aplica a Lei n. 6.830/80 à execução de decisão condenatória do Tribunal de Contas da União quando não houver inscrição em dívida ativa. Tais decisões já são títulos executivos extrajudiciais, de modo que prescindem da emissão de Certidão de Dívida Ativa - CDA, o que determina a adoção do rito do CPC quando o administrador discricionariamente opta pela não inscrição. 3. Agravo regimental não provido. (AgRg no REsp 1322774/

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SE, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 26/06/2012, DJe 06/08/2012)

Feitas essas rápidas considerações introdutórias, cabe ressaltar o acerto do enunciado da questão.

Isso porque o STF, consolidando sua iterativa jurisprudência agora em sede de repercussão geral (ARE 823347), expressamente assentou que a execução de condenação por tribunal de contas só pode ser proposta pela respectiva entidade beneficiária.

O resultado desse julgamento inclusive foi noticiado no próprio site do Supremo na data de 06.10.2014.

Na ocasião, reconheceu-se a ilegitimidade do Ministério Público para executar condenação patrimonial imposta pela Corte de Contas.

A forma com que noticiado o julgamento no site do Supremo é de todo elucidativa:

No caso dos autos, o MP maranhense questionou acórdão do Tribunal de Justiça local (TJ-MA) que o julgou ilegítimo para executar as decisões do Tribunal de Contas que impõem a responsabilização de gestor público ao pagamento de multa por desaprovação de contas. No Supremo, o MP-MA sustentou sua legitimidade para propor a ação, afirmando que a sua atuação na hipótese “nada mais seria que exercício de defesa do patrimônio público, preconizado pela Constituição Federal, artigo 129, III”.

O relator do recurso, ministro Gilmar Mendes, manifestou-se pela existência de repercussão geral da matéria, visto que “a discussão transborda os interesses jurídicos das partes”. Para ele, “há significativa relevância da controvérsia, nos termos da repercussão geral, e respectivas vertentes jurídica, política, econômica e social”.

Quanto ao mérito, ele destacou que o tema é objeto de atenção do STF há décadas. A jurisprudência consolidada em julgamentos no Plenário e nas Turmas e também em decisões monocráticas, afirmou o relator, compreende que “a ação de execução pode ser proposta tão somente pelo ente público beneficiário da condenação imposta pelos tribunais de contas”. O relator destacou que o entendimento foi firmado no julgamento do RE 223037, de relatoria do ministro Maurício Corrêa (aposentado).

O ministro sustentou ainda que, diante do exposto no artigo 129, inciso III, da Constituição Federal, não se comporta interpretação ampliativa. “É ausente a legitimidade ativa do parquet”, concluiu.

Por maioria, foi reconhecida a repercussão geral da matéria, vencido o ministro Marco Aurélio. No mérito, foi negado provimento ao recurso e reafirmada a jurisprudência da Corte, vencidos os ministros Marco Aurélio e Dias Toffoli.

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Com efeito, constata-se que a jurisprudência do STF já se inclinava nesse sentido conforme se percebe das ementas dos seguintes acórdãos:

II - A jurisprudência desta Corte é no sentido de que a ação de execução de penalidade imposta por Tribunal de Contas somente pode ser ajuizada pelo ente público beneficiário da condenação. Precedentes. III - Agravo regimental a que se nega provimento. (ARE 791577 AgR, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda Turma, julgado em 12/08/2014).

LEGITIMIDADE ATIVA – MINISTÉRIO PÚBLICO – EXECUÇÃO – CONDENAÇÃO POR TRIBUNAL DE CONTAS – PRECEDENTE. Conforme entendimento consolidado do Supremo, os títulos executivos decorrentes de condenações impostas pelo Tribunal de Contas somente podem ser propostas pelo ente público beneficiário da condenação. (RE 791575 AgR, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 29/04/2014).

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. PROCESSUAL CIVIL E CONSTITUCIONAL. TRIBUNAL DE CONTAS ESTADUAL. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. EXECUÇÃO. LEGITIMIDADE ATIVA. BENEFICIÁRIO DA CONDENAÇÃO. AGRAVO IMPROVIDO. I - A jurisprudência desta Corte é no sentido de que a ação de execução de penalidade imposta por Tribunal de Contas somente pode ser ajuizada pelo ente público beneficiário da condenação. Precedentes. II - Agravo regimental improvido. (RE 606306 AgR, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em 18/06/2013)

DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. EXECUÇÃO. MULTA IMPOSTA POR TRIBUNAL DE CONTAS ESTADUAL A PREFEITO. LEGITIMIDADE ATIVA DO ENTE PÚBLICO PREJUDICADO. PRECEDENTES. ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO EM 10.7.2006. As razões do agravo não são aptas a infirmar os fundamentos que lastrearam a decisão agravada, mormente no que se refere à entrega da prestação jurisdicional e à conformidade do entendimento regional com a jurisprudência desta Casa, a inviabilizar o trânsito do recurso extraordinário. No âmbito técnico-processual, o grau de correção do juízo de valor emitido na origem não se confunde com vício ao primado da fundamentação, notadamente consabido que a disparidade entre o resultado do julgamento e a expectativa da parte não sugestiona lesão a norma do texto republicano. Acórdão regional no sentido de que o legitimado para propor a ação de execução de multa imposta pelos Tribunais de Contas a autoridade municipal é o ente público prejudicado. Precedentes. Agravo conhecido e não provido. (AI 765470 AgR, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 18/12/2012).

Deste modo, como o Tribunal de Contas é despido de personalidade jurídica (quanto muito tem

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personalidade judiciária para a defesa de suas prerrogativas), o crédito será titularizado pela pessoa jurídica em favor de quem reverterá o valor da condenação, a ser executada judicialmente por intermédio de sua respectiva Procuradoria.

Imagina-se, por exemplo, um acórdão que impute débito, a determinado agente público, e que reconheça ser o mesmo devido a uma determinada Autarquia Federal. Aí evidentemente a legitimidade para a execução do título será da Procuradoria da Autarquia. No mesmo sentido, sendo o valor glosado revertido em favor da União, a Advocacia-Geral da União é que terá a legitimidade para promover a sua cobrança na via executiva judicial.

GABARITO: CERTO

Julgue os itens a seguir considerando a seguinte situação hipotética:

Em processo que tramita perante a Justiça Estadual, a União, aduzindo possuir interesse econômico no resultado da demanda, formula pedido de intervenção no feito com base no parágrafo único do art. 5º da Lei 9.469/97, o qual prevê a chamada “intervenção anômala”.

23. Ao dispensar a exigência da presença do interesse jurídico próprio das demais modalidades interventivas, a intervenção fundada em tal dispositivo em muito se aproxima, inclusive no que respeita aos poderes exercidos pela interveniente pública no processo, da figura do amicus curiae.

COMENTÁRIO

O art. 5º da Lei nº 9.469/97, resultado da conversão da Medida Provisória nº 1.561, ao prever o que para muitos seria mais uma das prerrogativas conferidas à Fazenda Pública, assim dispõe:

Art. 5º A União poderá intervir nas causas em que figurarem, como autoras ou rés, autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas federais.

Parágrafo único. As pessoas jurídicas de direito público poderão, nas causas cuja decisão possa ter reflexos, ainda que indiretos, de natureza econômica, intervir, independentemente da demonstração de interesse jurídico, para esclarecer questões de fato e de direito, podendo juntar documentos e memoriais reputados úteis ao exame da matéria e, se for o caso, recorrer, hipótese em que, para fins de deslocamento de competência, serão consideradas partes.

Cuida o dispositivo da chamada “intervenção anômala”, que defere, tanto à União (caput) quanto a qualquer pessoa jurídica de direito público (parágrafo único), a possibilidade de intervir, alegando interesse econômico, em processo pendente.

Tal modalidade interventiva ostenta as seguintes características básicas:

- Dispensa a presença do interesse jurídico pelo ente público, bastando a simples alegação da existência de interesse, além da constatação da potencialidade de eventual lesão econômica com o desfecho da

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demanda;

- Diversamente do que ocorre nas demais modalidades de intervenção de terceiros, sua concretização é bastante informal, dispensando a necessidade de se instaurar um procedimento próprio para que se viabilize a efetiva intervenção da pessoa jurídica de direito público;

- A Fazenda Pública, ao intervir no feito, poderá esclarecer questões de fato e de direito, aduzindo alegações que reforcem a defesa dos interesses de uma das partes quanto aos pontos controvertidos na lide;

- A atuação processual do interveniente cinge-se ao esclarecimento dessas questões de fato e de direito, podendo para tanto promover a juntada de documentos e memoriais úteis ao exame da matéria. Não se lhe conferem poderes para atuar além dos limites de tal permissivo (“esclarecimento de questões de fato e de direito”), vedando-se, por exemplo: a formulação de perguntas às partes em seus depoimentos pessoais, a reinquirição testemunhas, a apresentação de contestação ou qualquer outro tipo de resposta, não dispondo da totalidade dos ônus e faculdades conferidas às partes da demanda.

- Possibilita-se a interposição do recurso a fim de garantir o seu interesse econômico, momento então no qual o ente público adquirirá a condição de parte, passando a exercer os ônus, poderes, faculdades e deveres que são conferidos a qualquer parte no processo.

Como nessas circunstâncias a pessoa jurídica interveniente não assume a condição de parte, a doutrina aduz que tal posição processual caracteriza um típico caso de “amicus curiae”, figura ordinariamente relacionada com o controle de constitucionalidade (art. 7º, §2º, Lei nº 9.868/99). A função do “amicus curiae” consiste basicamente em levar, espontaneamente ou quando provocado pelo magistrado, elementos de fato e/ou de direito que de alguma forma relacionam-se intimamente com a matéria posta para julgamento.

Comentando o art. 5º da Lei nº 9.469/97, Leonardo Carneiro da Cunha bem sintetiza:

Surgiu, em razão do referido dispositivo, uma nova forma de intervenção de terceiros, fundamentada na potencialidade de efeitos reflexos, diretos ou indiretos, de natureza econômica, da eventual decisão que vier a ser proferida na causa. Em outras palavras, a nova forma de intervenção de terceiros não depende da presença de interesse jurídico, satisfazendo-se com a simples potencialidade de a decisão gerar, eventualmente, efeitos reflexos, mesmo que indiretos, de natureza econômica; a intervenção funda-se, em verdade, num interesse econômico, e não jurídico. Tal modalidade de intervenção de terceiros vem sendo chamada, por autores de nomeada, de intervenção anômala. Avoluma-se, contudo, orientação doutrinária que prefere identificá-la como um dos casos de amicus curiae. Ao intervir com base no referido dispositivo, a Fazenda Pública não adquire a condição de parte, não havendo, então, modificação de competência, a não ser quando se interpõe recurso.

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Enfim, a nova forma de intervenção de terceiros aplica-se a qualquer pessoa jurídica de direito público, incidindo em todos os tipos de demanda, ainda que a causa envolva, apenas, particulares. Desse modo, esse novo tipo de intervenção de terceiros aplica-se não somente a uma demanda relativa a entes da Administração indireta, mas também a causas mantidas apenas entre particulares.

(A Fazenda Pública em Juízo, 10ª Ed., Dialética, 2012, págs. 172/173)

Por todo o exposto, o enunciado da questão encontra-se correto.

GABARITO: CERTO

24. Tendo a União ingressado no feito com base no referido dispositivo legal, a competência desloca-se para a Justiça Federal.

COMENTÁRIO

Alternativa incorreta, porquanto o ente público, ao intervir no processo com fulcro no permissivo da Lei nº 9.469/97, não assume a condição de parte, o que quando muito irá ocorrer em havendo interposição de recurso por ele.

Conforme a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:

ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA AJUIZADA PELO MPF PARA APURAR A PRÁTICA DE ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. A LEI 9.469/97 AUTORIZA A INTERVENÇÃO DAS PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO NAS CAUSAS CUJAS DECISÕES POSSAM TER REFLEXOS, AINDA QUE INDIRETOS, DE NATUREZA ECONÔMICA. TAL CIRCUNSTÂNCIA NÃO TEM O CONDÃO DE DESLOCAR A COMPETÊNCIA PARA A JUSTIÇA FEDERAL. PRECEDENTES DESTA CORTE. AGRAVOS REGIMENTAIS DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL E DAS CENTRAIS ELÉTRICAS BRASILEIRAS S/A DESPROVIDOS.

1. A assistência é modalidade de intervenção voluntária que ocorre quando terceiro demonstra vínculo jurídico com uma das partes (art. 50 do CPC), não sendo admissível a assistência fundada apenas em interesse simplesmente econômico. Precedentes desta Corte.

2. O art. 5º., parágrafo único da Lei 9.469/97 excepcionou a regra geral da assistência ao autorizar a intervenção das Pessoas Jurídicas de Direito Público nas causas cujas decisões possam ter reflexos, ainda que indiretos, de natureza econômica.

3. In casu, as instâncias de origem concluíram que ofende diretamente interesse da União a validade do contrato firmado para suprir a deficiência na produção de energia elétrica no País.

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4. Esta Corte Superior já pacificou o entendimento de que conquanto seja tolerável a intervenção anódina da União plasmada no art. 5º da Lei 9.469/97, tal circunstância não tem o condão de deslocar a competência para a Justiça Federal, o que só ocorre no caso de demonstração de legítimo interesse jurídico na causa, nos termos do art. 50 e 54 do CPC/73 (REsp. 1.097.759/BA, Rel. Min. LUIS FELIPE SALOMÃO, DJe 1.6.2009).

5. Agravos Regimentais do Ministério Público Federal e das Centrais Elétricas Brasileiras S/A desprovidos.

(AgRg no REsp 1118367/SC, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 14/05/2013, DJe 22/05/2013)

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL - DECISÃO MONOCRÁTICA QUE DEFERIU O PEDIDO DE INTERVENÇÃO NO FEITO FORMULADO PELA UNIÃO, COM BASE NO ARTIGO 5º DA LEI 9.469/97.

1. A intervenção anômala da União, com base unicamente na demonstração de interesse econômico no resultado da lide (artigo 5º da Lei 9.469/97), para juntada de documentos e memoriais reputados úteis, não implica o deslocamento automático da competência para a Justiça Federal. Precedentes do STJ.

2. “A lei ordinária não tem a força de ampliar a enumeração taxativa da competência da Justiça Federal estabelecida no art. 109, I, da Constituição Federal, razão pela qual o deslocamento da competência para a Justiça especializada somente se verificaria se configurado o efetivo interesse jurídico da União ou de outro ente federal” (EDcl no AgRg no CC 89.783/RS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Primeira Seção, julgado em 09.06.2010, DJe 18.06.2010).

3. Outrossim, revela-se Inaplicável, à espécie, a jurisprudência firmada quando do julgamento do Recurso Especial 1.111.159/RJ (submetido ao rito do artigo 543-C do CPC), segundo o qual, em se tratando de causas que versem sobre empréstimo compulsório sobre energia elétrica, ingressando a União no feito, mediante demonstração de legítimo interesse, a competência passa a ser da justiça federal, por força do que determina o artigo 109, inciso I, da Constituição Federal.

4. Isto porque, naquela hipótese, a conclusão adotada pelo órgão colegiado contém premissa peculiar, consubstanciada na orientação jurisprudencial de que solidária a responsabilidade da União pelo pagamento dos valores devidos a título do empréstimo compulsório instituído em favor das Centrais Elétricas Brasileiras (Eletrobrás), donde se extraiu o potencial interesse jurídico da interveniente, ensejador do deslocamento da competência ratione personae, caso assim decidido pela Justiça Federal, nos termos da Súmula 150/STJ.

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5. Assim, correta a decisão agravada que, ao acolher o pedido de intervenção formulado pela União, amparada no artigo 5º da Lei 9.469/97, determinou o recebimento do processo no estado em que se encontra e a manutenção da competência originária para julgamento da demanda.

6. Agravo regimental desprovido.

(AgRg no REsp 1045692/DF, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 21/06/2012, DJe 29/06/2012)

Novamente aqui os elucidativos ensinamentos do Professor Leonardo Carneiro da Cunha, na obra a Fazenda Pública em Juízo, cuja leitura vai fortemente recomendada para aqueles que almejam os cargos da advocacia pública:

Ao ingressar como interveniente na causa, mercê do permissivo contido no parágrafo único do art. 5º da Lei nº 9.469/1997, a Fazenda Pública não adquire a condição de parte, não se qualificando tal forma de intervenção como oposição, denunciação da lide, chamamento ao processo ou nomeação à autoria. De igual modo, essa forma de intervenção de terceiro não se qualifica como uma assistência, seja a simples, seja a litisconsorcial. É que, além de não deter os poderes do assistente, sua intervenção, na espécie, não resulta de um interesse jurídico, sendo bastante a demonstração de um mero interesse econômico, ainda que reflexo ou indireto.

Então, enquanto figura como interveniente, a Fazenda Pública apenas esclarece questões e junta documentos ou memoriais reputados úteis ao desenleio da controvérsia. Daí não haver modificação de competência. (2012, 10ª Ed, p. 177).

GABARITO: ERRADO

25. A sentença extintiva ou de improcedência proferida em ação de improbidade administrativa fica sujeita, por aplicação analógica do art. 19 da Lei 4.717/65 (Lei da Ação Popular), ao reexame necessário.

COMENTÁRIO

Boa parte da doutrina preconiza existir, no processo civil brasileiro, um verdadeiro microssistema do processo coletivo, onde os diversos diplomas legais que cuidam do tema (Lei da Ação Popular, Lei da Ação Civil Público, Código de Defesa do Consumidor, etc.) encontram-se interligados, ainda que em diplomas normativos distintos, numa espécie de diálogo das fontes.

A própria Lei nº 7.347/85 (LACP) segure tal fato na medida em que determina a aplicação, à tutela coletiva lato sensu, das disposições do art. 81 e segs. do CDC:

Art. 21. Aplicam-se à defesa dos direitos e interesses difusos, coletivos e individuais, no que for cabível, os dispositivos do Título III da lei que instituiu o Código de

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Defesa do Consumidor.

Foi nessa ideia de complementaridade que muitos começaram a sustentar a possibilidade de ser aplicar, ao rito da ação civil pública, o disposto no art. 19 da Lei nº 4.717/65 (Lei da Ação Popular), segundo o qual:

Art. 19. A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da ação está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal; da que julgar a ação procedente caberá apelação, com efeito suspensivo.

Destaca-se que a própria jurisprudência do STJ vinha admitindo a sujeição das sentenças proferidas no rito da ação civil pública ao reexame necessário:

PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. REEXAME NECESSÁRIO. CABIMENTO. APLICAÇÃO, POR ANALOGIA, DO ART. 19 DA LEI 4.717/1965. 1. “Por aplicação analógica da primeira parte do art. 19 da Lei nº 4.717/65, as sentenças de improcedência de ação civil pública sujeitam-se indistintamente ao reexame necessário” (REsp 1.108.542/SC, Rel. Ministro Castro Meira, j. 19.5.2009, Dje 29.5.2009). 2. Agravo Regimental não provido. (AgRg no REsp 1219033/RJ, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/03/2011, DJe 25/04/2011)

O voto do Min. Castro Meira, no REsp 1.108.542/SC, e que foi seguido posteriormente pelos julgados daquela Corte, ilustra muito bem a linha argumentativa usada para justificar tal possibilidade:

Analiso, inicialmente, a tese exposta na letra “a”, relativa ao art. 19 da Lei nº 4.717⁄65.

Assiste razão ao recorrente.

Isto porque a primeira parte do dispositivo legal em tela (“A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da ação está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal”), embora refira-se imediatamente à ação popular, tem seu âmbito de aplicação estendido às ações civis públicas diante das funções assemelhadas a que se destinam - proteção do patrimônio público em sentido lato - e do microssistema processual da tutela coletiva, de maneira que as sentenças de improcedência devem se sujeitar indistintamente à remessa necessária.

Neste diapasão, ensinam Emerson Garcia e Rogério Pacheco Alves:

“É de ressaltar que a sentença de improcedência, quando proposta a demanda pelo ente de direito público lesado, reclama a incidência do art. 475 do CPC, sujeitando-se ao duplo grau obrigatório de jurisdição. O mesmo ocorrerá quando proposta a ação pelo Ministério Público ou pelas associações, incidindo, agora, a regra do art. 19 da Lei da Ação Popular, uma vez que, por

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agirem os legitimados em defesa do patrimônio público, é possível entender que a sentença, na hipótese, foi proferida ‘contra’ a União, o Estado ou o Município, mesmo que tais entes tenham contestado o pedido inicial (art. 17, § 3º, da Lei nº 8.429⁄92 c.c. art. 6º, § 3º, da Lei nº 4.717⁄65” (Improbidade Administrativa. Editora Lumen Juris: Rio de Janeiro, 2ª ed., 2004, p. 858).

Ademais, não pairam dúvidas acerca da possibilidade de utilização da lei de regência da ação popular (Lei nº 4.717⁄65) como fonte do microssistema processual de tutela coletiva, prevalecendo, inclusive, sobre disposições gerais do Código de Processo Civil, como vaticina Rodrigo Mazzei, professor da UFES:

“De acordo com nossa posição, apesar da grande importância do Código de Defesa do Consumidor e da Lei da Ação Civil Pública, os dispositivos da Lei de Ação Popular (e os constantes das demais normas com vocação coletiva) poderão ser aproveitados em todo o microssistema coletivo, naquilo que for útil à efetivação da tutela de massa.

Obviamente, deverá o intérprete aferir – em concreto – a eventual incompatibilidade e a especificidade de cada norma coletiva em relação aos demais diplomas, já que as leis que formam esse conjunto de regulação ímpar, sem exceção, interpenetram-se e subsidiam-se de forma harmônica, em especial no que concerne ao processo coletivo, em razão da dicção individual do Código de Processo Civil” (Ação Popular e o Microssistema da Tutela Coletiva. Tutela Jurisdicional Coletiva [org. Fredie Didier Jr. e José Henrique Mouta]. Salvador: Editora Jus Podivm, 2009, p. 384).

Portanto, dada a ausência de dispositivo na Lei da Ação Civil Pública (Lei nº 7.347⁄85) versando sobre a remessa oficial, deve-se, prioritariamente, buscar norma de integração dentro do microssistema processual da tutela coletiva, o que confirma como legítima a aplicação por analogia do art. 19 da Lei nº 4.717⁄65.

A título de reforço, excerto pinçado do parecer ministerial firmado pelo ilustre Subprocurador-Geral da República Dr. José Eduardo de Santana:

“Todavia, deve ser reformado o acórdão recorrido, a fim de que a remessa oficial seja apreciada. Com efeito, não há falar-se em aplicação do art. 475, § 2º, do CPC, no âmbito da ação civil pública. Ao revés, na ausência de regulamentação da matéria pela Lei nº 7.347⁄85, deve ser observado o disposto no art. 19, da Lei nº 4.717⁄65, que regula a ação popular, haja vista a semelhança entre as finalidades de ambas” (fl. 564).

Ocorre que o mesmo STJ, debruçando-se recentemente sobre o tema, inclinou-se em sentido oposto à jurisprudência até então formada, assentando não ser possível a aplicação analogia da Lei da Ação da Popular, especificamente na parte que dispõe sobre o reexame necessário, à ação civil pública de

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improbidade administrativa.

Tal entendimento assim foi noticiado no Informativo STJ nº 0546, de 24 de setembro de 2014:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA E REEXAME NECESSÁRIO.

A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência de ação de improbidade administrativa não está sujeita ao reexame necessário previsto no art. 19 da Lei de Ação Popular (Lei 4.717/1965). Isso porque essa espécie de ação segue um rito próprio e tem objeto específico, disciplinado na Lei 8.429/1992, não cabendo, neste caso, analogia, paralelismo ou outra forma de interpretação, para importar instituto criado em lei diversa. A ausência de previsão da remessa de ofício, na hipótese em análise, não pode ser vista como uma lacuna da Lei de Improbidade que precisa ser preenchida, mormente por ser o reexame necessário instrumento de exceção no sistema processual, devendo, portanto, ser interpretado restritivamente. REsp 1.220.667-MG, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 4/9/2014.

Embora nesse caso mais recente se estivesse diante de ação civil pública relacionada ao cometimento de improbidade administrativa, penso que a tendência é estender esse mesmo entendimento às demais subespécies de ações civis públicas, até porque os fundamentos ali vazados são a todas plenamente aplicáveis. Quanto ao mais, nota-se uma cada vez mais clara inclinação jurisprudencial em conferir interpretação restritiva ao vetusto instituto do reexame necessário.

A conclusão do julgamento do REsp 1.220.667/MG (cujo acórdão pende de publicação), por refletir o mais recente posicionamento do STJ acerca do ponto, inclusive tendo sido publicado em informativo, é aquela a ser prestigiada em provas de concursos da banca CESPE (que tem essa “simpatia” pelos entendimentos mais recentes).

Desse modo, afigura-se incorreta a afirmação da nossa questão quando consigna expressamente a possibilidade de a sentença extintiva ou de improcedência em ação civil pública de improbidade administrativa sujeitar-se ao reexame necessário pelo Tribunal ad quem.

GABARITO: ERRADO

MEDIADOR: CAROLINA BLUM

DIREITO EMPRESARIAL

26. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, atentando para a literalidade do §4º do Art. 6º da Lei n.º 11.101/2005, entende que o prazo de 180 dias de suspensão do curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, ocorridas em razão do deferimento de sua recuperação judicial, não pode ser ultrapassado.

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COMENTÁRIO

Segundo dispõe o Art. 6º da Lei n.º 11.101/05, a decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário. O mesmo Art. 6º, em seu §4º, determina que, em se tratando de recuperação judicial, a suspensão de que trata o caput, em hipótese nenhuma excederá o prazo improrrogável de 180 (cento e oitenta) dias contado do deferimento do processamento da recuperação, restabelecendo-se, após o decurso do prazo, o direito dos credores de iniciar ou continuar suas ações e execuções, independentemente de pronunciamento judicial.

A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, entretanto, vem conferindo interpretação diversa da literal e flexibilizando essa regra.

É possível encontrar farta jurisprudência da Segunda Seção do STJ no sentido de que, caso o plano de recuperação judicial já tenha sido apresentado pelo devedor em recuperação, aprovado pelos credores e homologado pelo Juiz, não é razoável a retomada dos prazos prescricionais e das ações e execuções que contra ele tramitavam. Esse entendimento se baseia, principalmente, no que dispõe o Art. 59 da Lei de Falências, segundo o qual “o plano de recuperação judicial implica novação dos créditos anteriores ao pedido (...)”. Ora, uma vez operada a novação, nos moldes traçados pela Lei de Falências, não subsistem as condições anteriormente estabelecidas, que serviram de parâmetro para as ações/execuções já ajuizadas. Logo, estas não podem ser retomadas nos moldes em que intentadas perante o Poder Judiciário. Transcrevo abaixo a ementa do CC n.º 73.380, julgado em 28/09/2007:

CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. VASP. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. PLANO DE RECUPERAÇÃO APROVADO E HOMOLOGADO. EXECUÇÃO TRABALHISTA. SUSPENSÃO POR 180 DIAS. ART. 6º, CAPUT E PARÁGRAFOS DA LEI 1.01/5. MANUTENÇÃO DA ATIVIDADE ECONÔMICA. FUNÇÃO SOCIAL DA EMPRESA. INCOMPATIBILIDADE ENTRE O CUMPRIMENTO DO PLANO DE RECUPERAÇÃO E A MANUTENÇÃO DE EXECUÇÕES INDIVIDUAIS. PRECEDENTE DO CASO VARIG -C 61.27/RJ. CONFLITO PARCIALMENTE CONHECIDO. 1. A execução individual trabalhista e a recuperação judicial representam nítida incompatibilidade concreta, porque uma não pode ser executada sem prejuízo da outra. 2. A nova legislação busca a preservação da sociedade empresária e a manutenção da atividade econômica, em benefício da função social da empresa. 3. A aparente clareza do art. 6º, §4º e5º, da Lei 1.01/5 esconde uma questão de ordem prática: incompatibilidade entre as várias execuções individuais e o cumprimento do plano de recuperação. 4. “A Lei nº 11.101, de 2005, não terá operacionalidade alguma se sua aplicação puder ser partilhada por juízes de direto e por juízes do trabalho.” (C 61.27/RJ, Segunda Seção, Rel. Min. Ari Pargendler, DJ de 25.06.07). 5. Conflito parcialmente conhecido par declarar a competência do Juízo da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais da Comarca de São Paulo.

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Há, inclusive, precedentes da 2ª Seção admitindo que a suspensão de execução ultrapasse o prazo de 180 dias mesmo sem a apresentação - aprovação – homologação do plano de recuperação judicial, quando a demora não for imputável à empresa devedora. A título ilustrativo, cito três precedentes: (i) AgRg no CC 119337/MG, julgado em 08/02/2012, em que a demora na apresentação do plano de recuperação judicial se deu em razão de determinação da suspensão do processo de recuperação em vista de dúvida surgida acerca da competência para o julgamento do feito; (ii) AgRg no CC 111.614/DF, julgado em 10/11/2010, ocasião em que se reconheceu que o devedor não concorreu de nenhuma forma para a demora na aprovação da recuperação judicial, que seguia seu normal trâmite; e (iii) AgRg no CC 113001/DF, julgado em 14/03/2011, em que houve o transcurso do prazo de 180 dias, mas a demora na homologação do plano de recuperação judicial não foi imputável ao devedor em recuperação judicial. Seguem as respectivas ementas e recomenda-se a leitura do inteiro teor dos julgados, que bem denotam as razões das decisões:

AGRAVO REGIMENTAL. LIMINAR. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. DÚVIDA ACERCA DA COMPETÊNCIA PARA O JULGAMENTO DO PEDIDO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL. PRAZO DE SUSPENSÃO DE 180 DIAS EXCEDIDO. CONTRATO DE COMPRA E VENDA COM RESERVA DE DOMÍNIO. MANUTENÇÃO DOS BENS OBJETO DO CONTRATO NA POSSE DO DEVEDOR. EXCESSO DE PRAZO NÃO ATRIBUÍVEL AO DEVEDOR.

1. Nos termos do art. 49, § 3º, da Lei 11.101/2005, o credor titular da posição de proprietário em contrato de compra e venda com reserva de domínio não se sujeita aos efeitos da recuperação judicial, sendo vedada, porém, a retirada dos bens objeto do contrato do estabelecimento do devedor, no prazo de 180 dias a que alude o art. 6º, § 4º, da mesma lei.

2. Essa proibição de retirada dos bens do estabelecimento do devedor tem como objetivo manter a atividade produtiva da sociedade ao menos até a votação do plano de recuperação judicial.

3. No caso dos autos, como o processamento da recuperação judicial foi deferido em 14.10.2010, o prazo de 180 dias previsto na Lei de Falências já se esgotou. Cumpre frisar, porém, que o escoamento do prazo sem a apresentação do plano de recuperação judicial não se deveu a negligência da suscitante, mas sim à determinação da suspensão do processo de recuperação em vista de dúvida surgida acerca da competência para o julgamento do feito.

4. Diante disso, como não se pode imputar à sociedade recuperanda o descumprimento do prazo de 180 dias, e tendo em conta que o deferimento imediato do pedido de busca e apreensão coloca em risco o funcionamento da sociedade e o futuro plano de recuperação judicial, já que os bens objeto do contrato de compra e venda com reserva de domínio, no caso, são o “coração de uma usina de açúcar e álcool”, mostra-se correta a manutenção dos referidos bens

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na posse da suscitante, até ulterior deliberação.

5. Agravo regimental a que se nega provimento.

(AgRg no CC 119.337/MG, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 08/02/2012, DJe 23/02/2012)

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. JUÍZO DO TRABALHO E JUÍZO DE FALÊNCIAS E RECUPERAÇÕES JUDICIAIS. PRAZO DE 180 DIAS PARA A SUSPENSÃO DAS AÇÕES E EXECUÇÕES AJUIZADAS EM FACE DA EMPRESA EM DIFICULDADES. PRORROGAÇÃO. POSSIBILIDADE. ADJUDICAÇÃO, NA JUSTIÇA DO TRABALHO, POSTERIOR AO DEFERIMENTO DO PROCESSAMENTO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL.

1 - O prazo de 180 dias para a suspensão das ações e execuções ajuizadas em face da empresa em dificuldades, previsto no art. 6º, § 3º, da Lei 11.101/05, pode ser prorrogado conforme as peculiaridades de cada caso concreto, se a sociedade comprovar que diligentemente obedeceu aos comandos impostos pela legislação e que não está, direta ou indiretamente, contribuindo para a demora na aprovação do plano de recuperação que apresentou.

2 - Na hipótese dos autos, a constrição efetuada pelo Juízo do Trabalho ocorreu antes da aprovação do plano de recuperação judicial apresentado pela suscitante e após o prazo de 180 dias de suspensão do curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedora.

AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO.

(AgRg no CC 111.614/DF, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 10/11/2010, DJe 19/11/2010)

COMERCIAL E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. LEI N. 11.101/2006, ART. 6º, § 4º. SUSPENSÃO DAS AÇÕES E EXECUÇÕES. PRAZO DE 180 DIAS. HOMOLOGAÇÃO DO PLANO DE RECUPERAÇÃO. PROVA DO RETARDAMENTO. AUSÊNCIA. FLEXIBILIZAÇÃO. POSSIBILIDADE. IMPROVIMENTO.

I. O deferimento da recuperação judicial carreia ao Juízo que a defere a competência para distribuir o patrimônio da massa falida aos credores conforme as regras concursais da lei falimentar.

II. A extrapolação do prazo de 180 dias previsto no art. 6º, § 4º, da Lei n. 11.101/2005 não causa o automático prosseguimento das ações e das execuções contra a empresa recuperanda, senão quando comprovado que sua desídia causou o retardamento da homologação do plano de recuperação.

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III. Agravo regimental improvido.

(AgRg no CC 113.001/DF, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 14/03/2011, DJe 21/03/2011)

Logo, a assertiva acima está incorreta. Ainda sobre o tema, vale transcrever o Enunciado n.º 42 da Jornada de Direito Comercial, segundo o qual “O prazo de suspensão previsto no Art. 6º, §4º, da Lei n.º 11.101/2005 pode excepcionalmente ser prorrogado, se o retardamento do feito não puder ser imputado ao devedor”.

GABARITO: ERRADO

27. Um grupo de alemães, desejando exercer atividade empresarial no Brasil, estabeleceu sede no país, contratou empregados brasileiros e constituiu seu capital social com recursos estrangeiros, observando o que dispõe a legislação brasileira no que se refere à organização. É correto afirmar que, sob o ponto de vista da legislação brasileira, os alemães constituíram uma empresa nacional, a qual prescinde de autorização do governo federal.

COMENTÁRIO

A legislação brasileira, para fins de determinação da nacionalidade da empresa, desconsidera a nacionalidade dos sócios e a origem do capital, atentando, para este fim, a dois fatores: sede no Brasil e organização de acordo com a legislação pátria. A regra segundo a qual “é nacional a sociedade organizada de conformidade com a lei brasileira e que tenha no País a sede de sua administração” está prevista no Art. 1.126 do Código Civil.

Segundo Fábio Ulhoa Coelho (Curso de Direito Comercial: Direito de Empresa, volume 2, 17ª edição, 2013, págs. 53-54):

“No direito brasileiro, uma sociedade se considera nacional se atende a dois requisitos: sede no Brasil e organização de acordo com a nossa legislação (CC, art. 1.126; Dec-Lei n.º 2.627/40, Art. 60). Não é relevante, assim, a nacionalidade dos sócios, nem a origem do capital investido na sua constituição. Se dois ou mais estrangeiros, residentes no exterior, e trazendo recursos de seu país, constituem uma sociedade empresária com sede de administração no território nacional, obedecendo aos preceitos da ordem jurídica aqui vigente, essa sociedade é brasileira, para todos os efeitos. [...] Quando não se atende a qualquer desses requisitos, a sociedade empresária é estrangeira, e seu funcionamento, no Brasil, depende de autorização do governo federal (CC, Art. 1.134; Dec-Lei 2.627/40).”

Por fim, vale a ressalva de que a informação, constante do enunciado, de que a empresa contratou empregados brasileiros, não tem, assim, qualquer relevância para a solução da questão, eis que tanto a empresa nacional quanto a empresa estrangeira autorizada a funcionar no Brasil podem contratar empregados brasileiros, sem que esse fator seja determinante quanto à nacionalidade da empresa.

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GABARITO: CERTO

28. De acordo com o disposto na legislação de regência (Lei n.º 6.404/76), nas sociedades anônimas o Conselho de Administração se constitui em órgão de existência obrigatória, mas de funcionamento facultativo.

COMENTÁRIO

O Conselho de Administração é um órgão de deliberação colegiada, previsto no Art. 138 e seguintes da Lei n.º 6.404/76 (LSA), integrado por pelo menos três membros. Segundo Fábio Ulhoa (Curso de Direito Comercial: Direito de Empresa, volume 2, 17ª edição, 2013, pág. 243), referido órgão tem como função agilizar o processo decisório no interior das companhias. No entanto, esse órgão, em regra, não é de existência obrigatória. Há somente três casos em que o Conselho de Administração deve, necessariamente, existir: companhia aberta, sociedade com capital autorizado e sociedade de economia mista (Arts. 138, §2º, e 239, da LSA).

Já o Conselho Fiscal, esse sim se constitui em órgão de existência obrigatória e funcionamento facultativo. Tal conclusão pode ser extraída do disposto no Art. 161 da LSA, segundo o qual “a companhia terá um conselho fiscal e o estatuto disporá sobre seu funcionamento, de modo permanente ou nos exercícios sociais em que for instalado a pedido de acionistas.” Ora, a LSA não deixa margem para escolha sobre a existência ou não de um Conselho Fiscal. Ela simplesmente determina que cada companhia terá um Conselho Fiscal, e essa existência, por decorrer diretamente da lei, é obrigatória. Entretanto, ainda que a existência seja obrigatória, o Conselho Fiscal nem sempre estará funcionando, o que será decidido pelos acionistas. Fábio Ulhoa explica (Curso de Direito Comercial: Direito de Empresa, volume 2, 17ª edição, 2013, págs. 257-258):

A aparente contradição dessa assertiva esvai-se com facilidade: a existência é obrigatória no sentido de que não está condicionada à previsão estatutária; contudo, ele [o Conselho Fiscal] pode ou não estar em funcionamento, dependendo da vontade dos acionistas. Assim, ao contrário do que ocorre relativamente ao Conselho de Administração, o conselho fiscal existe, mesmo que omisso o estatuto. Se os acionistas, porém, reputam desnecessário o funcionamento do órgão, como instrumento auxiliar na fiscalização dos administradores, eles simplesmente não elegem os conselheiros. Nesse caso, o conselho está desativado, embora exista e possa ser ativado a qualquer momento. Só em duas hipóteses o conselho fiscal tem funcionamento permanente: nas sociedades de economia mista (LSA, Art. 240), ou se prevista a permanência no estatuto (Art. 161).

Em síntese:

a A existência do Conselho de Administração, em regra, é facultativa. Será obrigatória nos seguintes casos: companhia aberta, sociedade com capital autorizado e sociedade de economia mista.

a A existência do Conselho Fiscal é obrigatória, porém seu funcionamento é facultativo.

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Logo, incorreta a assertiva, ao mencionar o Conselho de Administração quando tratou de característica pertinente ao Conselho Fiscal.

Por fim, uma última informação sobre o Conselho Fiscal, mas agora no que concerne às sociedades limitadas: o Código Civil de 2002, em seu Art. 1.066, trouxe a faculdade (e não obrigatoriedade!) de as sociedades limitadas o instituírem.

GABARITO: ERRADO

MEDIADOR: VINÍCIUS DE AZEVEDO FONSECA

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

29. As fontes formais de direito internacional público estão dispostas, em rol não exaustivo, no art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça, o qual também estabelece expressamente a hierarquia existente entre tais fontes.

COMENTÁRIO

A questão posta é básica, requerendo tão apenas o conhecimento do art. 38 do Estatuto da CIJ.

Efetivamente, as fontes formais de direito internacional público estão consolidadas no art. 38 do Estatuto da CIJ. In verbis:

“Artigo 38

A Corte, cuja função é decidir de acordo com o direito internacional as controvérsias que lhe forem submetidas, aplicará:

a. as convenções internacionais, quer gerais, quer especiais, que estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes;

b. o costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como sendo o direito;

c. os princípios gerais de direito, reconhecidos pelas nações civilizadas;

d. sob ressalva da disposição do Artigo 59, as decisões judiciárias e a doutrina dos juristas mais qualificados das diferentes nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito.

A presente disposição não prejudicará a faculdade da Corte de decidir uma questão ex aequo et bono, se as partes com isto concordarem.” (Grifei)

O erro da questão está na afirmação de que o art. 38 estabelece expressamente a hierarquia entre as fontes elencadas. Isso porque o dispositivo da norma internacional não trata da existência ou não de hierarquia entre as convenções, os costumes, os princípios gerais de direito, a jurisprudência e a doutrina.

A problemática da existência ou não de hierarquia entre as fontes é debatida na doutrina, prevalecendo

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o entendimento de que não há ordem de prevalência entre as fontes, como leciona Paulo Henrique Gonçalves Portela:

“Parte da doutrina confere preferência aos tratados, por ser uma fonte escrita, cujas normas podem, por isso, se revestir de maior clareza e precisão.

Entretanto, esse entendimento não é unânime, como revela Guido Soares, que defende que não pode haver hierarquia entre as fontes de Direito Internacional, por conta da estreita relação que estas mantêm entre si, mormente no momento da aplicação de uma norma, quando a regra de um tratado pode ser interpretada à luz do costume e da doutrina, por exemplo. É nesse sentido que Celso de Albuquerque Mello, em entendimento muito difundido, afirma que não há hierarquia entre tratado e costume, não prevalecendo nenhum deles sobre o outro. Com isso, um tratado mais recente pode derrogar ou modificar um costume, e vice-versa.

O entendimento de que não há hierarquia de fontes é majoritário na doutrina.”

Por fim, repisa-se que o rol apresentado pelo art. 38 acima transcrito não é exaustivo, existindo ainda outras fontes de direito internacional, como a analogia, a equidade, os atos unilaterais dos Estados, as decisões das organizações internacionais, o jus cogens e o soft law.

GABARITO: ERRADO

30. A Corte Internacional de Justiça, principal órgão jurisdicional da Organização das Nações Unidas, possui competência contenciosa e consultiva, sendo que, no campo desta última competência, a Corte emite pareceres que podem ser solicitados pela Assembleia Geral da ONU, pelo Conselho de Segurança ou por qualquer dos Estados signatários do seu Estatuto.

COMENTÁRIO

De fato, a Corte Internacional de Justiça (CIJ) – principal, mas não único, órgão jurisdicional da ONU –, a par da sua competência contenciosa, possui competência consultiva. Veja-se a respeito o art. 65 do Estatuto da CIJ:

“Artigo 65

A Corte poderá dar parecer consultivo sobre qualquer questão jurídica a pedido do órgão que, de acordo com a Carta nas Nações Unidas ou por ela autorizado, estiver em condições de fazer tal pedido.

As questões sobre as quais for pedido o parecer consultivo da Corte serão a ela submetidas por meio de petição escrita, que deverá conter uma exposição do assunto sobre o qual é solicitado o parecer e será acompanhada de todos os documentos que possam elucidar a questão.”

O erro da questão, entretanto, está em afirmar que os Estados (mesmo que signatários do Estatuto da

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CIJ) podem solicitar pareceres da Corte. Não podem. A resposta é trazida no art. 96 da Carta das Nações Unidas:

“Artigo 96

1. A Assembleia Geral ou o Conselho de Segurança poderá solicitar parecer consultivo da Corte

Internacional de Justiça, sobre qualquer questão de ordem jurídica.

2. Outros órgãos das Nações Unidas e entidades especializadas, que forem em qualquer época devidamente autorizados pela Assembleia Geral, poderão também solicitar pareceres consultivos da Corte sobre questões jurídicas surgidas dentro da esfera de suas atividades.” (Grifei)

Denota-se, portanto, que apenas a Assembleia Geral, o Conselho de Segurança e outros órgãos da ONU ou entidades especializadas, esses últimos desde que com o consentimento da Assembleia Geral, são autorizados pela Carta da ONU e pelo Estatuto da CIJ, a solicitarem pareceres da Corte.

GABARITO: ERRADO

MEDIADOR: VINÍCIUS DE AZEVEDO FONSECA

DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO

31. No que toca à aplicação da Convenção da Haia sobre os Aspectos Civis do Sequestro Internacional de Crianças, de 25 de outubro de 1980, o STJ entende ser possível, no bojo de processo que vise à busca e apreensão da criança sequestrada, o indeferimento de pedido, formulado pelo pretenso sequestrador, de prova pericial para aferição das condições psíquicossociais do infante e a ordem de imediato retorno deste ao seu país de residência habitual, caso a hipótese seja de retenção nova.

COMENTÁRIO

A aplicação da Convenção da Haia sobre Sequestro Internacional de Crianças, sobretudo através do ajuizamento, pela AGU, de ações de busca e apreensão de menores sequestrados e retidos no Brasil, é uma das, se não a atribuição mais relevante e presente no cotidiano daqueles Advogados da União que atuam em causas envolvendo direito internacional – em resumo, aqueles lotados no Departamento de Direito Internacional da Procuradoria-Geral da União e os AUs que atuam como “pontos focais” nas Procuradorias nos Estados (esse último é o meu caso, em Mato Grosso). Assim, fosse a prova do concurso para Advogado da União elaborada pela própria AGU, apostaria um dedo que pelo menos uma das questões versaria sobre essa Convenção. Entretanto, como a prova é elaborada pelo Cespe e não pela AGU, não aposto um dedo, mas ainda assim, esperando que a banca seja mais coerente na formulação das questões (o que não ocorreu no concurso de 2012), aposto na sua cobrança em prova. Não deixem de ler essa Convenção!

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Sobre a questão posta, sua resolução inicia pelo conhecimento do art. 12 da Convenção da Haia:

“Artigo 12

Quando uma criança tiver sido ilicitamente transferida ou retida nos termos do Artigo 3 e tenha decorrido um período de menos de 1 ano entre a data da transferência ou da retenção indevidas e a data do início do processo perante a autoridade judicial ou administrativa do Estado Contratante onde a criança se encontrar, a autoridade respectiva deverá ordenar o retomo imediato da criança.

A autoridade judicial ou administrativa respectiva, mesmo após expirado o período de uma ano referido no parágrafo anterior, deverá ordenar o retorno da criança, salvo quando for provado que a criança já se encontra integrada no seu novo meio.

Quando a autoridade judicial ou administrativa do Estado requerido tiver razões para crer que a criança tenha sido levada para outro Estado, poderá suspender o processo ou rejeitar o pedido para o retomo da criança.” (Grifei)

A parte em negrito já revela o que vem a ser “retenção nova”: aquela em que tenha decorrido menos de 1 ano entre a data da transferência ou da retenção ilícita e a data do início do processo perante a autoridade judicial ou administrativa do Estado em que se encontrar a criança.

No mais, a questão baseia-se no julgamento do REsp 1351325/RJ, da Segunda Turma do STJ, ocorrido em 10/12/2013, de relatoria do Ministro Humberto Martins, cuja ementa segue abaixo:

DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO. CONVENÇÃO DA HAIA SOBRE ASPECTOS CIVIS DO SEQUESTRO INTERNACIONAL DE CRIANÇAS. COOPERAÇÃO JURÍDICA ENTRE ESTADOS. BUSCA, APREENSÃO E RESTITUIÇÃO DE INFANTE. GUARDA COMPARTILHADA. OCORRÊNCIA DE RETENÇÃO ILÍCITA POR UM DOS GENITORES. EXCEÇÕES NÃO CONFIGURADAS. ÔNUS DA PROVA QUE INCUMBE À RECORRENTE. RETENÇÃO NOVA. NECESSIDADE DE RETORNO DA CRIANÇA AO PAÍS DE RESIDÊNCIA HABITUAL, JUÍZO NATURAL COMPETENTE PARA DECIDIR SOBRE A SUA GUARDA.

1. No caso concreto, a criança, nascida no Brasil e portadora de dupla cidadania, tinha residência habitual na Itália, sob a guarda compartilhada da mãe (cidadã brasileira) e do pai (cidadão italiano). Em viagem de férias dos três ao Brasil, a mãe reteve a criança neste país, informando ao seu então companheiro que ela e o filho não mais retornariam à Itália.

2. Nos termos do art. 3º da Convenção da Haia sobre Aspectos Civis do Sequestro Internacional de Crianças, o “sequestro internacional” diz respeito ao deslocamento ilegal da criança de seu país e/ou sua retenção indevida em outro local que não o

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de sua residência habitual.

3. O escopo da Convenção não se volta a debater o direito de guarda da criança, mas, sim, a assegurar o retorno da criança ao país de residência habitual, o qual é o juízo natural competente para julgar a sua guarda.

4. A presunção de retorno da criança não é absoluta, mas o ônus da prova da existência de exceção que justifique a permanência do infante incumbe à pessoa física, à instituição ou ao organismo que se opuser ao seu retorno. Ademais, uma vez provada a existência de exceção, o julgador ou a autoridade tem a discricionariedade de formar seu convencimento no sentido do retorno ou da permanência da criança.

5. Na hipótese dos autos, a genitora pleiteou a produção de prova pericial atinente às condições psíquicossociais da criança, tendo o magistrado a quo indeferido a perícia por entender que não haveria necessidade de parecer técnico em casos de retenção nova. Assim, viável o indeferimento da perícia com base no art. 12 da Convenção, pois o pai da criança foi célere no sentido de tomar as providências administrativas e diplomáticas pertinentes à repatriação, agindo dentro do tempo-limite de 1 ano recomendado pelo documento internacional, lapso dentro do qual, salvo exceção comprovada, a retenção nova da criança autoriza o seu retorno imediato.

6. O Brasil aderiu e ratificou a Convenção sobre os Aspectos Civis do Sequestro Internacional de Crianças, devendo cumpri-la de boa-fé, respeitadas, obviamente, eventuais exceções, as quais não foram comprovadas pela recorrente.

Recurso especial conhecido em parte e, nesta parte, improvido.

No corpo do seu voto, no julgamento supra, o Ministro Relator transcreve trechos de conclusões do Grupo Permanente de Estudos sobre a Convenção da Haia de 1980 (criado em 2006 pela então presidente do STF, Ministra Ellen Gracie) para justificar a possibilidade de indeferimento de produção de prova em caso de retenção nova:

“Assim, a importância da disposição está na fixação do termo-limite que deverá ser obrigatoriamente analisado pelo juiz ou autoridade, antes de qualquer outro juízo de valor: se a remoção ou retenção indevida é velha ou nova, em relação ao prazo fixado – um ano. Se a remoção ou retenção se deu no período de um ano anterior ao pedido de retorno, o ato é novo e deve ser analisado dentro da própria lógica do Direto Civil, que é a do desforço imediato. Portanto, a urgência é imperativa. Ultrapassado esse tempo-limite de um ano, o retorno ainda poderá ser determinado, mas nesse caso já se abre à parte sequestradora o direto de provar que a criança se encontra adaptada ao seu novo meio.

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(...)

Ademais, o prazo de um ano somente deveria ser contado a partir da localização da criança, pois é muito frequente que a localização da criança, que, a partir da subtração quase sempre leva uma vida de clandestinidade, muitas vezes demore, ainda mais em um país com as dimensões continentais do Brasil.” (Grifos originais)

Como já referido, o tema da Convenção da Haia de 1980 é da mais alta importância na atuação da AGU. Por isso, retornaremos a ele em uma das nossas questões dissertativas.

GABARITO: CERTO

32. Uma pessoa nascida na Argentina, filho de pai brasileiro nato e mãe naturalizada brasileira, poderá adquirir a condição de brasileiro nato desde que seja registrada em repartição consular brasileira competente e, posteriormente, fixe residência no Brasil, dependendo, entretanto, a aquisição da condição de brasileiro nato, da manifestação personalíssima de opção pela nacionalidade brasileira, a ser realizada via procedimento de jurisdição voluntária, perante o juízo estadual da comarca da sua residência, após o atingimento da maioridade civil.

COMENTÁRIO

A nacionalidade e, sobretudo, a opção de nacionalidade, prevista no art. 12, I, “c”, da CF/1988, é outro tema bastante presente na rotina dos Advogados da União que atuam em processos envolvendo direito internacional.

A atuação se dá justamente nos procedimentos de jurisdição voluntária através dos quais os nascidos no exterior (filhos de pai e/ou mãe brasileiros, como será explanado a seguir) externam sua opção pela nacionalidade brasileira e requerem o reconhecimento da sua condição de brasileiros natos, após a aquisição da maioridade.

A uniformização da atuação da AGU nesses processos e mesmo a fixação do entendimento de que a União (e não apenas o MPF) DEVE participar – e, portanto, ser intimada – desses procedimentos, é bastante recente, do ano de 2013. Ou seja, o assunto é quente para utilização em prova (claro, repito, se o Cespe for coerente com as atribuições do cargo ao elaborar as questões).

Isso posto, passemos à resolução da questão. O caso ali posto está contido numa das previsões do art. 12, I, “c”, da CF/1988:

“Art. 12. São brasileiros:

I - natos:

(...)

c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente OU venham a residir na

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República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira;” (Grifei).

O erro crasso da questão está em afirmar que aqueles nascidos no estrangeiro, filhos de pai e/ou mãe brasileiros e que tenham sido registrados em repartição consular competente, devem, para adquirir a nacionalidade brasileira nata, vir a residir no Brasil e optar por essa nacionalidade, após a maioridade.

Isso porque os nascidos no exterior, filhos de pai e/ou mãe brasileiros, uma vez registrados na repartição consular competente, já adquirem a condição de brasileiros natos, independentemente de residência ou opção. Esse é o comando da alínea “c” do inciso I do art. 12 da CF/1988. A chave desse entendimento está na conjunção OU. Ali separam-se os dois casos previstos pela alínea “c”. Antes do OU, o caso dos registrados nas repartições competentes (que não dependem de residência, nem de opção), depois do OU, o caso dos não registrados nas repartições consulares competentes (mas apenas nos registros civis estrangeiros).

Nesse segundo caso sim, o reconhecimento da nacionalidade brasileira dependerá da fixação de residência no Brasil e da opção, após a aquisição da maioridade, pela nacionalidade brasileira.

Todo esse imbróglio resolve-se através das normas da Resolução nº 155, de 16 de julho de 2012, do Conselho Nacional de Justiça. Vejam, norma recente, assunto recente e relevante na atuação da AGU. Pode até não cair na prova para Advogado da União, mas deveria!

Vejamos os arts. 1º e 8º, § 1º, da Resolução do CNJ:

“Art. 1º O traslado de assentos de nascimento, casamento e óbito de brasileiros em país estrangeiro, tomados por autoridade consular brasileira, nos termos do regulamento consular, ou por autoridade estrangeira competente, a que se refere o caput do art. 32 da Lei nº 6.015/1973, será efetuado no Livro “E” do 1º Ofício de Registro Civil de Pessoas Naturais da Comarca do domicílio do interessado ou do 1º Ofício de Registro Civil de Pessoas Naturais do Distrito Federal, sem a necessidade de autorização judicial.

(...)

Art. 8º O traslado de assento estrangeiro de nascimento de brasileiro, que não tenha sido previamente registrado em repartição consular brasileira, deverá ser efetuado mediante a apresentação dos seguintes documentos:

(...)

§ 1º Deverá constar do assento e da respectiva certidão do traslado a seguinte observação: ‘Nos termos do artigo 12, inciso I, alínea ‘c’, in fine, da Constituição Federal, a confirmação da nacionalidade brasileira depende de residência no Brasil e de opção, depois de atingida a maioridade, em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira, perante a Justiça Federal’.”

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Antes da Resolução do CNJ, o art. 32 da Lei nº 6.015/1973 já tratava da matéria. Entretanto, as incompatibilidades do referido dispositivo com a Constituição Federal de 1988 impossibilitavam a uniformização no trato do assunto, o que o CNJ visou ao emanar a Resolução nº 155/2012.

Para além disso, deixo consignado que a desnecessidade do ajuizamento da ação de opção de nacionalidade por aqueles registrados em repartições consulares competentes para aquisição da nacionalidade brasileira nata é entendimento e orientação do DPI da PGU, cabendo aos Advogados da União, ao se depararem com tais casos, pugnarem pela extinção da ação sem resolução de mérito, por ausência de interesse de agir.

Por fim, outro erro da questão está em afirmar que a competência para o julgamento da ação de opção de nacionalidade seria do juízo estadual, eis que se trata de competência absoluta da Justiça Federal (art. 109, X, da CF/1988).

GABARITO: ERRADO

GRUPO 3: Direito Penal, Direito Processual Penal, Direito do Trabalho, Direito Processual do Trabalho e Direito da Seguridade Social.

MEDIADOR: PAULO HENRIQUE LOPES DE LIMA

DIREITO PENAL

33. Segundo a mais recente orientação do Plenário do Supremo Tribunal Federal, a perda do mandato eletivo de Deputado Federal ou de Senador da República independe de deliberação das respectivas Casas do Congresso Nacional, bastando o trânsito em julgado da condenação criminal proferida pela Suprema Corte.

COMENTÁRIO

Segundo Luiz Regis Prado os efeitos da condenação “são todos aqueles que, de modo direto ou indireto, atingem a vida do condenado por sentença penal irrecorrível. Tais efeitos não se cingem à esfera penal; ao contrário, incidem também, conforme o caso, no âmbito extrapenal (cível, administrativo, político, trabalhista)” (PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro, volume 1: parte geral, arts. 1º a 120. 11ª ed. rev., atual., e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012, p. 766).

A doutrina costuma classificar os efeitos da condenação em efeitos principais e secundários. Principais são os efeitos relacionados à imposição de sanção penal: pena privativa de liberdade, restritiva de direitos, multa ou medida de segurança. Os efeitos secundários, por seu turno, se subdividem em: a) efeitos secundários de natureza penal; b) efeitos secundários de natureza extrapenal. De natureza penal são aqueles que repercutem na própria esfera penal, tais como: reincidência; revogação (obrigatória ou facultativa) do sursis anteriormente concedido ou a vedação da sua concessão, via de regra; impossibilidade de concessão do sursis processual; revogação (obrigatória ou facultativa) do livramento condicional; aumento do prazo da prescrição da pretensão executória; interrupção do prazo da prescrição da pretensão executória, no caso de reincidência; revogação da reabilitação; inscrição do nome do condenado no rol de culpados. No que toca aos efeitos secundários de natureza extrapenal há outra subdivisão, em efeitos secundários de

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natureza extrapenal genéricos e efeitos secundários de natureza extrapenal específicos. Estes decorrem da condenação penal pela prática de determinados crimes e em hipóteses específicas, exigindo motivação na sentença condenatória (estão previstos no art. 92 do CP). Aqueles, por sua vez, decorrem de qualquer condenação penal, são automáticos e estão elencados no art. 91 do CP. Assim, são efeitos extrapenais da condenação:

Genéricos

Art. 91 - São efeitos da condenação:

I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime;

II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé:

a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito;

b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso.

Específicos

Art. 92 - São também efeitos da condenação:

I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo:

a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública;

b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos.

II - a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos crimes dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado;

III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime doloso.

Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença.

(Destacamos)

No que interessa à resolução da questão, temos que a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo é efeito da condenação em crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública (crimes funcionais dos arts. 312 a 326 do CP), quando a pena aplicada for igual ou

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superior a 1 (um) ano; e, nos demais casos, quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos. Não se confunde, é bom ressaltar, com a proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, prevista no art. 47, I, do CP como pena de interdição temporária de direitos, espécie de pena restritiva de direitos. É importante notar, ademais, que a perda de cargo e a perda de função pública têm natureza administrativa, enquanto a perda de mandato eletivo tem natureza política.

No ponto que se refere à perda do mandato eletivo, a Constituição Federal de 1988, em seu art. 15, III, dispôs que a condenação penal transitada em julgado suspende os direitos políticos, enquanto durarem os seus efeitos. Estabeleceu ainda que perderá o mandato o Deputado ou Senador que perder ou tiver suspensos os direitos políticos (art. 55, VI, da CF). Como se nota, “trata-se de dispositivo mais abrangente, uma vez que não limita a espécie de crime a um mínimo da sanção aplicada. Tais dispositivos são normas constitucionais de eficácia plena, sendo desnecessária lei complementadora para a sua aplicação.” (CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, volume 1, parte geral: arts. 1º a 120. 16ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 547). Assim, tal efeito da condenação incide sobre qualquer espécie de crime, independentemente da pena aplicada e da sua respectiva quantidade.

No âmbito da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, na apreciação da AP 470 (caso do “mensalão”), uma primeira interpretação firmada em torno do art. 55, § 2º, da Constituição Federal — o qual determina que a perda de mandato será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa — foi no sentido de que, principalmente quando se tratasse do julgamento de crimes contra a Administração Pública, a decretação da perda de mandato eletivo de parlamentar federal não dependeria de deliberação da respectiva Casa no Congresso Nacional.

No entanto, posteriormente, ao julgar a AP 565, a Suprema Corte, com nova formação, alterou o seu entendimento. O caso (AP 565, noticiado no Informativo 714) envolvia o então Senador Ivo Cassol, do PP de Rondônia. Segunda a denúncia — oferecida, inicialmente, no STJ, período em que detinha o cargo de Governador do Estado de Rondônia, seguindo o processo, posteriormente, para o STF, após a sua diplomação como Senador — Ivo Cassol teria liderado um esquema de fraude em licitações de 1998 a 2002, época em que era prefeito do município de Rolim de Moura / RO. No julgamento da ação penal o plenário do STF, integrado por mais dois ministros que não estavam no julgamento da AP 470 (Ministros Teori Zavaski e Roberto Barroso), decidiu, por maioria de 6 x 4, que a perda do mandato de parlamentar federal é assunto que deve ser tratado pelo Poder Legislativo, de modo que, diante da condenação penal, deve a Suprema Corte encaminhar oficio às mesas da Câmara ou do Senado (a depender do caso), para que, no âmbito da Casa Legislativa competente, sejam tomadas as providencias cabíveis, em observância ao disposto no § 2º do art. 55 da Constituição Federal.

Sobre a distinção de posicionamentos firmados na AP 470 e, depois, na AP 565, desenvolve interessante crítica Luiz Flávio Gomes, aduzindo que o Tribunal errou no julgamento do caso Ivo Cassol ao não decretar a perda do seu mandato, transferindo essa responsabilidade ao Senado Federal. Segundo o jurista:

“Sobre o tema há uma regra e uma exceção (ambas previstas nas leis e na CF). (...)

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Aos parlamentares condenados no caso mensalão (João Paulo Cunha, José Genoíno, Pedro Henry e Valdemar Costa Neto), o STF (por 5 votos a 4) aplicou a regra (perda do mandato decretada pelo STF). Ao senador Cassol, também condenado pelo STF, diante dos votos dos dois novos ministros (Barroso e Teori), aplicou-se a exceção (perda do mandato a ser decretada pela Casa Legislativa). De acordo com minha opinião, os dois casos entram na “regra” (não na exceção). (...) A regra do jogo já estabelecido pelas leis vigentes é a seguinte: Ao STF, quando condena criminalmente uma pessoa, compete decretar a perda do cargo ou do mandato eletivo em duas hipóteses: (a) quando se trata de crime cometido com abuso de poder ou violação de dever funcional ou (b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a quatro anos. É o que diz o art. 92, I, do Código Penal. Os réus do mensalão foram enquadrados nessa lei (porque abusaram do poder, violaram dever funcional e ainda foram condenados a mais de 4 anos). É incompreensível que ela não tenha sido aplicada inclusive para o senador Cassol, que também foi condenado por violar o dever funcional (fraude em licitações, que significa corromper o mandato público). (...) A decisão do STF, no caso mensalão, está em conformidade com o art. 15, III, da CF, que prevê a suspensão dos direitos políticos de quem é condenado criminalmente em sentença definitiva. Como desdobramento natural, diz o art. 55, IV, que, nesse caso, a Casa Legislativa apenas declara a perda do mandato, não tendo nada que decidir (visto que a decisão aqui é judicial, ou seja, exógena ou externa). Essa é a regra geral que comanda o assunto. (...) Qual é a exceção? A regra citada comporta uma única exceção: quando o STF condena o parlamentar e ausentes os requisitos do art. 92, I, do CP (por exemplo: quando o condena a pena alternativa ou substitutiva, em razão de um acidente de trânsito), a decisão de decretar ou não a perda do mandato é endógena ou interna, ou seja, exclusiva da Casa Legislativa (CF, art. 55, VI). Essa é a exceção à regra geral dos arts. 92, I, doCP c. C. Art. 15, III e art. 55, IV, da CF. (...) Essa nos parece a interpretação correta do assunto em debate. É a interpretação, de outro lado, que respeita não só o conteúdo das normas envolvidas (art. 92, 1, do CP, e arts. 15, III, 55, IV e 55, VI, da CF), senão também todos os poderes constituídos. Porque será uma grave ofensa ao STF se ele declarar a perda do mandato (nos termos do art. 92, I, do CP) e a Câmara dos Deputados não acatar (desautorizar) essa decisão. Ficaria uma decisão judicial sob o crivo do Poder Legislativo. Nada mais disruptivo e assistemático. Decisão de juiz se cumpre (depois da coisa julgada, quando então não cabe mais nenhum recurso). Os poderes são independentes e é fundamental que se respeite essa independência, mas devem ser harmônicos. Daí a necessidade de se delimitar com precisão quando o STF decreta a perda do mandato do parlamentar (decretação exógena) e quando essa tarefa é da própria Casa Legislativa (decretação endógena). (...)” (disponível em: http://professorlfg.jusbrasil.com.br/artigos/121932387/perda-de-mandato-

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vergonha-nacional-corrigivel)

Certo é que, embora a questão ainda não esteja pacificada no âmbito da Suprema Corte, a mais recente orientação do Plenário do Supremo Tribunal Federal, firmada na AP 565, é de que a perda do mandato eletivo de Deputado Federal ou de Senador da República depende de deliberação das respectivas Casas do Congresso Nacional, não sendo suficiente o trânsito em julgado da condenação criminal. Errado, portanto, o item.

GABARITO: ERRADO

34. A jurisprudência do STJ e do STF, embora não uníssona em relação ao valor máximo considerado como teto para a aplicação do princípio da insignificância, tem admitido a sua incidência nos crimes praticados contra a ordem tributária e também no crime de descaminho, em face da sua natureza tributária. A reiteração na omissão de pagamento de tributo, contudo, afasta a aplicação do princípio.

COMENTÁRIO

O princípio da insignificância ou da criminalidade de bagatela funciona como causa supralegal de exclusão da tipicidade, de modo que, embora se opere a tipicidade formal do fato, ou seja, a sua adequação ao tipo penal, não ocorre a tipicidade material. Para a sua aplicação, a jurisprudência dos tribunais superiores exige a presença dos seguintes requisitos: a) conduta minimamente ofensiva, b) ausência de periculosidade social da ação, c) reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e d) lesão jurídica inexpressiva (vide STF - HC 114.340/ES, DJe 4.10.2013, noticiado no Informativo n.º 706). Assim, atendidos tais pressupostos, é possível a incidência do princípio da insignificância nos casos dos crimes praticados contra a ordem tributária (Lei 8.137/90), inclusive nas hipóteses de crime de descaminho (art. 334 do CP), que, apesar de configurar crime contra a Administração em geral praticado por particular, tem nítida natureza tributária, pois tutela o erário e a atividade arrecadatória do Estado (STF – HC 85.942/SP, DJe 1º.8.2011). Apenas a título informativo, deve-se atentar para fato de que o crime de descaminho encontra, agora, previsão distinta do crime de contrabando. A Lei 13.008/2014 separou os dois tipos penais, permanecendo o descaminho no art. 334 do CP e realocando o contrabando para o novíssimo art. 334-A do Código Penal.

A grande problemática atual, no que concerne à aplicação do princípio da bagatela aos crimes contra a ordem tributária (incluindo o descaminho), se refere ao valor máximo a ser utilizado como referencial para a sua incidência. O Superior Tribunal de Justiça, em um primeiro momento, reconhecia a atipicidade da conduta pela insignificância quando o valor corrigido do tributo devido não superava o limite de R$ 1.000,00 (mil reais), teto aplicado pela Fazenda Pública para dispensar o ajuizamento de execuções fiscais, conforme as disposições da Lei 9.469/97. O STF, no entanto, passou a aplicar o princípio da insignificância quando o valor sonegado fosse inferior ao estabelecido no art. 20 da Lei 10.522/2002, que dispõe que “Serão arquivados, sem baixa na distribuição, mediante requerimento do Procurador da Fazenda Nacional, os autos das execuções fiscais de débitos inscritos como Dívida Ativa da União pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional ou por ela cobrados, de valor consolidado igual ou inferior a R$ 10.000,00 (dez mil

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reais).” O STJ, a partir de então, passou a utilizar o mesmo parâmetro do art. 20 da Lei 10.522/2002 na análise casuística da aplicação do princípio da insignificância, firmando tal posicionamento em sede de recurso repetitivo: “Incide o princípio da insignificância aos débitos tributários que não ultrapassem o limite de R$ 10.000,00 (dez mil reais), a teor do disposto no art. 20 da Lei nº 10.522/02.” (REsp 1.112.748/TO, DJe 13/10/2009). Ocorre que, no ano de 2012, por meio das Portarias n. 75 e 130, o Ministério da Fazenda promoveu a atualização do valor limite para que a PGFN postulasse o arquivamento, sem baixa na distribuição, das execuções fiscais de débitos com a Fazenda Nacional, passando de R$ 10.000,00 (dez mil reais) para R$ 20.000,00 (vinte mil reais).

Em decorrência dessa atualização passou o Supremo a considerar como teto para o reconhecimento da atipicidade nos crimes contra a ordem tributária (e também no descaminho) pela insignificância da conduta o valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais). Na contramão desse entendimento, o Superior Tribunal de Justiça manteve a orientação no sentido de considerar como patamar da insignificância o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), sob o argumento de não ser possível a aplicação do novo parâmetro trazido pelas Portarias n. 75 e 130 do Ministério da Fazenda, posto que “não foi a lei que definiu ser insignificante, na seara penal, o descaminho de valores até R$10.000,00 (dez mil reais), foram os julgados dos Tribunais Superiores que definiram a utilização do referido parâmetro, que, por acaso, está expresso em lei, não sendo correto, portanto, fazer referida vinculação de forma absoluta, ou seja, toda vez que for alterado o patamar para ajuizamento de execução fiscal estaria alterado o valor considerado bagatelar.” (AgRg no AREsp 243113/PR, DJe 28/04/2014).

Portanto, temos que o teto da insignificância nos crimes contra a ordem tributária (e também no descaminho) é tema controvertido, aplicando o STF o limite de R$ 20.000,00 (vide HC 118.067, Primeira Turma, DJe 10-04-2014 e HC 122.213, Segunda Turma, DJe 12-06-2014) enquanto se mantém o STJ com o parâmetro de R$ 10.000,00 (dez mil reais) (vide, a título exemplificativo, o AgRg no REsp 1.406.356, Quinta Turma, julgado em 6/2/2014 - noticiado no Informativo n.º 536 e o REsp 1.425.012, Sexta Turma, DJ 01/07/2014).

O tema, como dito, é deveras polêmico, sujeito a novas orientações. Tanto é assim que ao analisarmos os últimos julgados do STJ encontramos recentíssimo acórdão da sua Quinta Turma em que se adotou uma nova postura, indicando uma possível tendência de inclinação ao posicionamento do STF, pela aplicação do patamar de R$ 20.000,00 (provavelmente seja o primeiro acórdão nesse sentido). Conforme decidido:

“(...) Adotada, com vista à uniformidade das decisões, a orientação firmada pelo Supremo Tribunal Federal que, apreciando a questão da aplicação do princípio da insignificância ao crime de descaminho, sedimentou ser cabível o reconhecimento do delito de bagatela aos débitos tributários que não ultrapassem o teto de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), em conformidade com o art. 20 da Lei n. 10.522/2002, com as alterações trazidas pelas Portarias n. 75 e 130, do Ministério da Fazenda. Precedentes da 1ª e 2ª Turmas do Pretório Excelso. (...)” (STJ - RHC 45.633/CE, Ministra LAURITA VAZ, Relator(a) p/ Acórdão Ministra REGINA HELENA COSTA, QUINTA TURMA, Data do Julgamento 05/08/2014, DJe 22/08/2014) (destacamos)

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Da leitura do inteiro teor do aresto é possível notar que o voto (vencido) da relatora min. Laurita Vaz era no sentido do que vinha decidindo a Corte Superior, ou seja, pela aplicação do teto de R$ 10.000,00 (dez mil reais). O voto-vencedor, no entanto, da min. Regina Helena Costa, foi no sentido de se alinhar à orientação firmada pelo Supremo Tribunal Federal, que, apreciando a questão da aplicação do princípio da insignificância ao crime de descaminho, sedimentou ser cabível o reconhecimento do delito de bagatela aos débitos tributários que não ultrapassem o teto de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), em conformidade com o art. 20 da Lei n. 10.522/2002, com as alterações trazidas pelas Portarias n. 75 e 130, do Ministério da Fazenda.

Assim, correta a primeira parte da questão, ao afirmar que jurisprudência do STJ e do STF, embora não uníssona em relação ao valor máximo considerado como teto para a aplicação do princípio da insignificância, tem admitido a sua incidência nos crimes praticados contra a ordem tributária e também no crime de descaminho, em face da sua natureza tributária.

No que se refere à segunda parte do questionamento, também não há qualquer incorreção. Isso porque a aplicação do princípio da insignificância, evidentemente, resta afastada quando constatada a habitualidade criminosa em relação a delitos da mesma espécie. O fato de um indivíduo constantemente se omitir no pagamento dos tributos devidos na importação de produtos de origem estrangeira, sempre dentro do limite considerado irrisório para fins de persecução penal, impede a incidência do princípio da insignificância. É o que decidido recentemente pelo Superior Tribunal de Justiça, no RHC 31.612, noticiado no Informativo n.º 541 de junho de 2014:

“A reiterada omissão no pagamento do tributo devido nas importações de mercadorias de procedência estrangeira impede a incidência do princípio da insignificância em caso de persecução penal por crime de descaminho (art. 334 do CP), ainda que o valor do tributo suprimido não ultrapasse o limite previsto para o não ajuizamento de execuções fiscais pela Fazenda Nacional. A par disso, se de um lado a omissão no pagamento de tributo relativo à importação de mercadorias é suportada como irrisória pelo Estado, nas hipóteses em que uma conduta omissiva do agente (um deslize) não ultrapasse o valor de R$ 10 mil, de outro lado não se pode considerar despida de lesividade (sob o aspecto valorativo) a conduta de quem, reiteradamente, omite o pagamento de tributos sempre em valor abaixo da tolerância estatal, amparando-se na expectativa sincera de inserir-se nessa hipótese de exclusão da tipicidade. Ante o exposto, a reiteração na prática de supressão ou de elisão de pagamento de tributos justifica a continuidade da persecução penal.” (STJ - RHC 31.612, Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, Data do Julgamento 20/05/2014, DJe 29/05/2014) (destacamos)

No mesmo sentido, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal:

“(...) Embora seja reduzida a expressividade financeira do tributo omitido ou sonegado pelo paciente, não é possível acatar a tese de irrelevância material da conduta por

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ele praticada, tendo em vista ser ela uma prática habitual na sua vida pregressa, o que demonstra ser ele um infrator contumaz e com personalidade voltada à prática delitiva, ainda que, formalmente, não se possa reconhecer, na espécie, a existência da reincidência. 2. Conforme a jurisprudência da Corte, ‘o reconhecimento da insignificância material da conduta increpada ao paciente serviria muito mais como um deletério incentivo ao cometimento de novos delitos do que propriamente uma injustificada mobilização do Poder Judiciário’ (HC nº 96.202/RS, Primeira Turma, Relator o Ministro Ayres Britto, DJe de 28/5/10). 3. Ordem denegada. (STF - HC 115869, Relator: Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, julgado em 09/04/2013, DJe 07-05-2013, publicado no Clipping do Informativo n.º 705)

Como ressaltado no precedente do Supremo a reiterada omissão no pagamento do tributo demonstra ser o agente um infrator contumaz e com personalidade voltada à prática delitiva, de modo a impedir a aplicação do benefício conferido pelo princípio da insignificância.

Assim, analisado pontualmente o item proposto, mostra-se integralmente correta a questão.

GABARITO: CERTO

MEDIADOR: PAULO HENRIQUE LOPES DE LIMA

DIREITO PROCESSUAL PENAL

35. Ministro relator do STJ, em decisão monocrática, proferiu decisão denegatória de habeas corpus, sob o argumento de inadequação da via eleita, tendo a defesa, em seguida, interposto recurso ordinário em habeas corpus perante o Supremo Tribunal Federal. Neste caso, sendo ausente manifesta ilegalidade, o presente recurso ordinário não deve ser conhecido, sob pena de supressão de instância e de extrapolação da competência do Supremo.

COMENTÁRIO

Nos termos do artigo 102, inciso II, alínea a, da Constituição Federal:

“Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:

II - julgar, em recurso ordinário:

a) o ‘habeas-corpus’, o mandado de segurança, o ‘habeas-data’ e o mandado de injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão”

O dispositivo em comento cuida da competência recursal da Suprema Corte. Para o Excelso Pretório o seu conjunto de competências constitucionalmente estabelecido não comporta possibilidade de extensão de modo a extravasar os rígidos limites fixados pela Lei Maior. Desse modo, a leitura que se faz do art. 102, II, a, da Constituição Federal deve ser no sentido de que a competência do Supremo para julgar em

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recurso ordinário o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção apenas exsurge se a decisão recorrida for de Tribunal Superior, assim considerado em seu colegiado, e não decisão de autoridade que, isoladamente, denega o pedido, ante a necessidade do prévio esgotamento de instância. De um modo geral, das decisões monocráticas o recurso cabível é o agravo regimental (ou agravo interno), o qual será apreciado por um órgão colegiado. No caso, somente após proferida a decisão do Tribunal, representado por seu órgão colegiado, é que seria possível a interposição do recurso ordinário junto ao STF. Nesse sentido, julgado noticiado no Informativo n.º 729 do STF:

“Não se conhece de habeas corpus ou de recurso ordinário em habeas corpus perante o STF quando, da decisão monocrática de Ministro do STJ que não conhece ou denega o habeas corpus, não se interpõe agravo regimental. Sublinhou-se a necessidade de o paciente exaurir, no tribunal a quo, as vias recursais acessíveis. (...)” (STF - RHC 116.711/DF, Segunda Turma, rel. Min. Gilmar Mendes, 19.11.2013) (Destacamos).

No mesmo sentido, decisão mais recente da Primeira Turma:

“(...) In casu, a) o habeas corpus foi impetrado contra ato de Relator que julgou prejudicado o writ manejado no Superior Tribunal de Justiça, pleiteando que, anulada a decisão monocrática, fosse determinada a submissão da matéria ao colegiado do STJ: b) o HC teve seu seguimento negado, em razão do não cabimento de habeas corpus contra decisão monocrática de Relator de Tribunal Superior, tendo sido ressaltada, ainda, a inexistência de constrangimento ilegal que justificasse a concessão da ordem de ofício. (...)” (STF - HC 114.557 AgR, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em 12/08/2014, DJe 04-09-2014) (Destacamos).

Assim, a interposição, na Suprema Corte, de recurso ordinário em habeas corpus, sem antes, porém, se esgotarem as vias recursais no Superior Tribunal de Justiça, configura supressão de instância e impede o conhecimento do recurso pelo STF. O raciocínio é semelhante àquele aplicado à súmula 691 do STF: “não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de ‘habeas corpus’ impetrado contra decisão do relator que, em ‘habeas corpus’ requerido a tribunal superior, indefere a liminar.” Noutras palavras, mostra-se errônea a impetração de habeas corpus diretamente ao Supremo Tribunal Federal contra decisão de relator que, no STJ, indefere liminar em writ anterior.

É importante ressaltar que no julgamento do HC 85.185 (Informativo 396 do STF), o Tribunal Pleno rejeitou a proposta de cancelamento da Súmula 691, formulada pelo ministro relator Cezar Peluso, mas reconheceu a possibilidade de atenuação do enunciado de jurisprudência nas hipóteses de flagrante constrangimento ilegal. O entendimento firmado em 10.8.2005 permanece válido até hoje, de modo que “a competência desta Corte [STF] para a apreciação de habeas corpus contra ato do Superior Tribunal de Justiça (CRFB, artigo 102, inciso I, alínea “i”) somente se inaugura com a prolação de decisão do colegiado, salvo as hipóteses de exceção à Súmula nº 691 do STF, sendo descabida a flexibilização desta norma, máxime por tratar-se de matéria de direito estrito” (STF - HC 114.557 AgR, Primeira Turma, DJe 04-09-2014. No mesmo

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sentido HC 118.643, Segunda Turma, DJe 20-06-2014).

Na prática, a postura que os tribunais têm tomado diante da não utilização do recurso adequado previsto na legislação ordinária é a de, em homenagem à garantia constitucional constante do art. 5º, inciso LXVIII, analisar as questões suscitadas no habeas corpus erroneamente impetrado no intuito de verificar a existência de constrangimento evidentemente ilegal que possibilite a concessão do writ de ofício, evitando-se, assim, prejuízos à ampla defesa e ao devido processo legal.

Assim, correta a questão, pois, diante da decisão monocrática proferida no STJ e da inexistência de flagrante constrangimento ilegal, a defesa deveria ter manejado o recurso de agravo regimental, exaurindo aquela instância e, somente depois do julgamento pelo órgão colegiado (Turma, Seção ou Corte Especial), ter recorrido ao Supremo, nos termos do artigo 102, inciso II, alínea a, da Constituição Federal.

GABARITO: CERTO

36. A competência para processar e julgar o crime de racismo praticado pela internet será da Justiça Federal, desde que caracterizada, no caso, a transnacionalidade do delito, considerando tratar-se de crime previsto em tratado ou convenção internacional pelo qual o Brasil se comprometeu a combater. Além disso, a competência será fixada, como regra, pelo local de onde partiram as manifestações ofensivas. No entanto, nos casos em que os ofensores estiverem domiciliados em diversos estados da Federação e propagam seus ideais de cunho racista por mensagens postadas em uma mesma comunidade virtual, com o mesmo modus operandi, os processos deverão ser reunidos em decorrência da conexão probatória ou instrumental e a competência deverá ser fixada pela prevenção, ressalvados eventuais processos em que já tenha sida proferida a sentença.

COMENTÁRIO

A questão trata da competência para o processo e julgamento do crime de racismo cometido por meio da rede mundial de computadores.

A definição da competência no processo penal compreende a análise de determinados aspectos. Inicialmente, deve-se perquirir se o julgamento será afeto à jurisdição comum (federal ou estadual) ou à jurisdição especial (eleitoral, militar ou trabalhista), em decorrência do critério ratione materiae. Em um segundo momento, busca-se a definição do órgão jurisdicional a quem competirá o processo e julgamento da ação, levando-se em conta a condição pessoal ou qualidade das pessoas acusadas (critério ratione personae). Finalmente, passa-se a analisar as regras de competência territorial (critério ratione loci), definidoras do juízo ou foro no qual deverá ser processada e julgada a ação penal, considerando: a) o lugar do crime; b) o domicílio do réu; c) a prevenção; d) a distribuição. Note-se que os dois primeiros critérios (ratione materiae e ratione personae) estabelecem competências absolutas, com respaldo constitucional, já o critério que trata do lugar onde ocorreu a infração penal (ratione loci) é regra de competência relativa.

No que se refere ao critério ratione materiae, segundo entendimento do STJ e do STF e nos termos do art. 109, V, da Constituição Federal (aos juízes federais compete processar e julgar os crimes previstos em tratado ou convenção internacional...), a competência para o processamento do crime de racismo cometido

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pela internet será da Justiça Federal quando presente a transnacionalidade do delito, pois o racismo é crime pelo qual o Brasil por meio de tratado ou convenção internacional se comprometeu a combater — ressalte-se, neste ponto, que para a definição da competência da Justiça Federal não basta ser o Brasil signatário de tratado ou convenção internacional que preveja o combate a atividades criminosas dessa natureza, sendo necessário, ainda, que esteja evidenciada a transnacionalidade (vide STJ - CC 103.011/PR, Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 13/03/2013, DJe 22/03/2013, noticiado no Informativo n.º 520). Nesse sentido, reiterando a necessidade da transnacionalidade para a definição da competência da Justiça Federal, decidiu a Primeira Turma do STF que “compete à justiça estadual processar e julgar crime de incitação à discriminação cometido via internet, quando praticado contra pessoas determinadas e que não tenha ultrapassado as fronteiras territoriais brasileiras” uma vez que “declarações preconceituosas dirigidas a particulares participantes de fórum de discussão dentro do território nacional não atrairiam a competência da justiça federal (CF, art. 109).” (STF - HC 121.283, Relator: Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 29/04/2014, DJe 14-05-2014, noticiado no Informativo n.º 744). Assim, se considerarmos que as mensagens racistas estão sendo direcionadas a uma ou outra pessoa específica, sem repercussão para além das fronteiras nacionais (sem transnacionalidade), em vez de propagadas na internet, por meio de comunidade virtual, de modo generalizado e impessoal, atingindo indeterminadas pessoas, inclusive fora do território nacional, a competência será da Justiça Estadual e não da Justiça Federal (mesmo estando o racismo previsto em tratado ou convenção internacional). Correto, portanto, o primeiro trecho da questão em análise. O seguinte julgado ilustra de forma didática o que se expõe:

“(...) Esse Superior Tribunal de Justiça consolidou entendimento no sentido de que para a fixação da competência da Justiça Federal deve restar caracterizada lesão a bens, serviços ou interesse da União ou mesmo que a conduta criminosa esteja prevista em tratado ou convenção internacional em que o Brasil se comprometeu a combater. 2. Por outro vértice, tratando-se de conduta dirigida a pessoa(s) determinada(s) e não a uma coletividade, afasta-se as hipóteses do dispositivo constitucional e, via de consequência, a competência da Justiça Federal. 3. No caso concreto, o ora agravante, procurador federal dos quadros da AGU, nos termos da peça acusatória, apresentando-se como ANTI-SEMITA e SKINHEAD com ‘ódio dirigido a judeus, negros e nordestinos’, no site do fórum de discussões do CORREIOWEB, teria proferido ofensas ao usuário ‘ARGUI’ que, segundo ele, deveria “pertencer a um desses grupos que formam a escória da sociedade”. (...) 4. Nesse viés, a suposta prática delituosa em tela não apresenta indícios de crime federal ou de internacionalidade do delito, requisitos estes fundamentais para que houvesse a fixação da competência no âmbito federal. Ao contrário, a acusação é clara ao individualizar as supostas vítimas dos crimes, em tese, praticados pelo ora agravante. (...) 6. Agravo regimental não provido, mantendo-se a fixação da competência do Juízo de Direito da 3ª Vara Criminal de Brasília/DF, então suscitado.” (STJ - AgRg nos EDcl no CC 120.559/DF, Rel. Ministro JORGE MUSSI, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em

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11/12/2013, DJe 19/12/2013) (destacamos)

No tocante à definição do juízo ou foro no qual deverá ser processada e julgada a ação penal do crime de racismo praticado pela internet, ponto que importa à resolução da segunda parte da assertiva proposta, a Terceira Seção do STJ decidiu que a competência será do juízo do local de onde foram enviadas as manifestações racistas (vide STJ - CC 102.454/RJ, DJe 15/04/2009 e CC 107.938/RS, DJe 08/11/2010). Isso porque o crime de racismo, previsto no art. 20 da Lei 7.716/86 (e que não se confunde com a injúria racial do art. 140, § 3º, do Código Penal) se consuma com a prática, indução ou incitação à manifestação discriminatória (no caso da internet, a partir do envio das mensagens ofensivas) e, segundo o art. 70 do CPP, “a competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.” Assim, correto o trecho questão na parte em que afirma que a competência para processar e julgar o crime de racismo praticado pela internet é fixada, como regra, pelo local de onde partiram as manifestações ofensivas (art. 70 do CPP).

Não obstante o regramento geral supracitado, há hipóteses em que se opera a modificação da competência, tal como acontece na conexão e continência. A conexão, segundo a doutrina, “é o liame existente entre infrações, cometidas em situações de tempo e lugar que as tornem indissociáveis, bem como a união entre delitos, uns cometidos para, de alguma forma, propiciar, fundamentar ou assegurar outros, além de poder ser o cometimento de atos criminosos de vários agentes reciprocamente.” (NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Processo Penal e Execução Penal. 11ª ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense, 2014). Nestes casos, buscando facilitar a apuração de provas e a apreciação do caso como um todo, estabelece o CPP, em seu art. 79, caput, o dever de unidade de processo e julgamento.

A competência será determinada pela conexão (art. 76, I e II, do CPP) se: a) ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas (conexão intersubjetiva por simultaneidade); b) ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar (conexão intersubjetiva por concurso); c) ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas por várias pessoas, umas contra as outras (conexão intersubjetiva por reciprocidade); d) no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar as outras (conexão objetiva teleológica); e) no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas (conexão objetiva consequencial); e f ) quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir na prova de outra infração (conexão objetiva instrumental ou probatória).

Na hipótese em apreço, a troca de mensagens racistas praticadas por diferentes agentes em localidades distintas, com o mesmo modus operandi, na mesma comunidade virtual, faz incidir o disposto no art. 76, III, do CPP, que trata da conexão instrumental ou probatória. Isso porque a troca e a postagem de mensagens de cunho racista, interligando as diversas condutas, tem por pressuposto uma relação (ainda que precária) de confiança entre os usuários da comunidade virtual, dando ensejo à troca de dados e informações pessoais que, posteriormente, poderão servir de lastro probatório à identificação da autoria delitiva. Assim, embora a regra geral determine que no crime de racismo praticado pela internet a competência seja estabelecida pelo local de onde partiram as manifestações ofensivas (art. 70 do CPP),

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no caso, considerando o modus operandi, consistente na troca de mensagens em comunidade virtual, determina-se a conexão probatória entre as diversas condutas, nos termos do art. 76, III, do Código de Processo Penal. Neste ponto, modificada a competência inicial, o juízo ou foro no qual deverá ser processada e julgada a ação penal será determinado pela prevenção, nos termos do art. 78, II, c, do CPP. Esse foi o entendimento firmado pela Terceira Seção do STJ no julgamento do CC 116.926-SP, noticiado no Informativo n.º 515:

“(...) Em situações como essa, embora cada mensagem constitua crime único, existe conexão probatória entre os processos instaurados para a apuração das condutas. A circunstância na qual os crimes teriam sido praticados – troca de mensagens em comunidade virtual – estabelece uma relação de confiança, ainda que precária, entre os usuários, cujo viés pode facilitar a identificação da autoria. (...) Assim, embora a competência para processar e julgar o crime de racismo praticado por meio da internet se estabeleça de acordo com o local de onde partiram as manifestações tidas por ofensivas, o modus operandi consistente na troca de mensagens em comunidade virtual deve ser considerado como apto a caracterizar a conexão probatória (art. 76, III, do CPP). Portanto, constatada a suposta ocorrência de crimes conexos, a competência deve ser fixada pela prevenção, em favor do juízo no qual as investigações tiveram início, com ressalva apenas quanto a eventuais processos em que já tenha sida proferida a sentença. Com efeito, de acordo com o disposto no art. 82 do CPP, se, ‘não obstante a conexão ou continência, forem instaurados processos diferentes, a autoridade de jurisdição prevalente deverá avocar os processos que corram perante os outros juízes, salvo se já estiverem com sentença definitiva’. Ainda acerca desse ponto, deve ser mencionada a Súmula 235 do STJ, segundo a qual a ‘conexão não determina a reunião dos processos, se um deles já foi julgado’. Precedente citado: CC 102.454-RJ, DJe 15/4/2009.” (CC 116.926-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Terceira Seção, julgado em 4/2/2013) (destacamos).

Portanto, nos casos em que os ofensores estão domiciliados em vários estados da Federação e trocam mensagens em uma mesma comunidade virtual, inexistindo causa obrigatória de separação das ações (art. 79, I e II, do CPP), os processos deverão ser reunidos em decorrência da conexão probatória ou instrumental e a competência deverá ser fixada pela prevenção, ressalvados eventuais processos em que já tenha sida proferida a sentença.

Deste modo, analisadas todas as assertivas propostas, não há qualquer incorreção a ser apontada. Certa a questão.

GABARITO: CERTO

MEDIADOR: JOÃO EULÁLIO DE PÁDUA FILHO

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DIREITO DO TRABALHO

37. Em razão do disposto na Súmula nº 331 do Tribunal Superior do Trabalho, na hipótese de contrato de empreitada de construção civil, no qual a Administração Pública ocupa a posição de dono da obra, em caso de inadimplemento das obrigações trabalhistas pelo empreiteiro, a Administração deve responder de forma subsidiária.

COMENTÁRIO

No dia a dia do Advogado da União que labora no âmbito trabalhista, maioria considerável dos processos recebidos envolve a discussão acerca da responsabilidade subsidiária da União em casa de inadimplemento de verbas trabalhistas do prestador de serviço. Assim, é de vital importância que Candidato ao concurso de Advogado da União destrinche a Súmula nº 331 do TST, in verbis:

CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE (nova redação do item IV e inseridos os itens V e VI à redação) - Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 I - A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formando-se o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974). II - A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera vínculo de emprego com os órgãos da Administração Pública direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da CF/1988). III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à atividade-meio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta. IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da relação processual e conste também do título executivo judicial. V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente contratada. VI – A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação referentes ao período da prestação laboral.

No caso vertente, deve-se examinar a aplicabilidade de tal súmula na hipótese de contrato de empreitada de construção civil, no qual a Administração Pública ocupa a posição de dono da obra. Para tanto, é importante que o candidato perceba que não há equivalência entre o contrato de empreitada e o contrato de prestação de serviços (nesse diapasão, destaca-se que o CESPE exigiu na 2ª Fase do Concurso de

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Procurador do Estado do Piauí, realizada em 24/08/2014, a diferença entre as duas espécies de contrato).

O Tribunal Superior do Trabalho, através da OJ 191 da SBDI-1, consolidou o entendimento que, salvo se o dono da obra for empresa construtora ou incorporadora, não há responsabilidade subsidiária ou solidária do dono da obra nas obrigações trabalhistas contraídas pelo empreiteiro, in verbis:

191. CONTRATO DE EMPREITADA. DONO DA OBRA DE CONSTRUÇÃO CIVIL. RESPONSABILIDADE. (Nova redação) - Res. 175/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 Diante da inexistência de previsão legal específica, o contrato de empreitada de construção civil entre o dono da obra e o empreiteiro não enseja responsabilidade solidária ou subsidiária nas obrigações trabalhistas contraídas pelo empreiteiro, salvo sendo o dono da obra uma empresa construtora ou incorporadora.

O suposto conflito envolvendo os entendimentos previstos na Súmula nº 331 e na OJ 191 da SBDI-1º, ambas do TST, foi muito bem dirimido pelo Professor Rogério Neiva, conforme trecho abaixo:

Outros dois últimos temas de relevância, relacionados à terceirização na Administração Pública, consistem na necessidade de distinguir a responsabilização do ente público na condição de tomador de serviços da condição de dono da obra, bem como em relação aos casos de convênios. Quanto ao primeiro aspecto, no caso da típica terceirização, subsiste um tomador de serviços, o qual firma contrato com um prestador, tendo o ajuste por objeto o fornecimento de mão de obra. Já no caso da condição de dono da obra, ocorre um contrato de empreitada, estabelecido com um empreiteiro, tendo por objeto a entrega de obra certa. Por meio da tese da OJ 191 da SBDI-1, o TST estabeleceu o entendimento da ausência de qualquer responsabilidade por parte do dono da obra. Portanto, o ente público, nesta condição, que não se confunde com a terceirização, não conta com qualquer responsabilidade sobre os débitos trabalhistas do contratado. (NEIVA, Rogério. Direito e Processo do Trabalho aplicados à Administração Pública e Fazenda Pública. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2012, pág. 73).

Não foi outro o entendimento do Tribunal Superior do Trabalho:

RECURSO DE REVISTA. RITO SUMARÍSSIMO. PETROBRAS. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. DONA DA OBRA. OJ 191 DA SBDI-1 DO TST. MÁ APLICAÇÃO DA SÚMULA 331, V, DO TST. Consoante entendimento da Orientação Jurisprudencial 191 da SBDI-1 do TST, - o contrato de empreitada de construção civil entre o dono da obra e o empreiteiro não enseja responsabilidade solidária ou subsidiária nas obrigações trabalhistas contraídas pelo empreiteiro, salvo sendo o dono da obra uma empresa construtora ou incorporadora. No caso, consta do acórdão recorrido ter a União realizado contrato com a primeira reclamada (ZALAF & COSTA ENGENHARIA LTDA.) para a realização -de serviços de construção civil para

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reformas e melhorias em prédios e instalações da REPLAN-. Contudo, o Regional julgou procedente o pedido de responsabilidade subsidiária com fundamento na Súmula 331, IV, do TST, que não é aplicável nos casos de contrato de empreitada firmado entre dono da obra e empreiteiro, a evidenciar a má aplicação do aludido verbete sumular. Há precedentes. Recurso de revista conhecido e provido.

(TST - RR: 222007720095150087 , Relator: Augusto César Leite de Carvalho, Data de Julgamento: 21/05/2014, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 23/05/2014)

RECURSO DE REVISTA DA UNIÃO. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. DONA DA OBRA. ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL Nº 191 DA SBDI-1 DO TST. MÁ APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 331, V, DO TST. Consoante entendimento da Orientação Jurisprudencial nº 191 da SBDI-1 do TST, ‘o contrato de empreitada de construção civil entre o dono da obra e o empreiteiro não enseja responsabilidade solidária ou subsidiária nas obrigações trabalhistas contraídas pelo empreiteiro, salvo sendo o dono da obra uma empresa construtora ou incorporadora.’. No caso, consta do acórdão recorrido ter a União realizado contrato com a primeira reclamada (Contracta Engenharia Ltda.) para a construção das superestruturas dos prédios da Turbina e Subestação 1 e a totalidade do Prédio de Apoio Administrativo. Contudo, o Regional, apesar de consignar a condição de dona da obra da União, julgou procedente o pedido de responsabilidade subsidiária com fundamento na Súmula nº 331, V, do TST, que não é aplicável nos casos de contrato de empreitada firmado entre dono da obra e empreiteiro, a evidenciar a má aplicação do aludido verbete sumular e da Orientação Jurisprudencial nº 191 da SBDI-1 do TST. Há precedentes. Recurso de revista conhecido e provido. (RR-1130-77.2010.5.15.0116, Relator Ministro: Augusto César Leite de Carvalho, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 15/04/2014)

Percebe-se que o Tribunal Superior do Trabalho entendeu que a OJ 191 da SBDI-1 é plenamente aplicável à Fazenda Pública. Assim, na hipótese de contrato de empreitada não há responsabilidade subsidiária da Administração Pública, com a consequente não aplicação da Súmula nº 331 do TST, uma vez que não há contrato de prestação de serviços, mas de empreitada.

GABARITO: ERRADO

38. Por vedação constitucional, prevista no art. 37, XIII, não é possível equiparação salarial envolvendo empregados públicos, seja empregado da Administração Direta, seja empregado de Sociedade de Economia Mista.

COMENTÁRIO

A Constituição Federal, em seu artigo 37, XIII, veda equiparação de qualquer espécie remuneratória para efeito de remuneração do serviço público, in verbis:

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Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...) XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço público;

Nessa seara, o Tribunal Superior do Trabalho firmou o entendimento de que o artigo 461 da CLT, que trata da equiparação entre empregados, não é aplicável à Administração Direta, Autárquica e Fundacional, conforme OJ SBDI-1 nº 297:

OJ-SDI1-297 EQUIPARAÇÃO SALARIAL. SERVIDOR PÚBLICO DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA, AUTÁRQUICA E FUNDACIONAL. ART. 37, XIII, DA CF/1988 (DJ 11.08.2003).

O art. 37, inciso XIII, da CF/1988, veda a equiparação de qualquer natureza para o efeito de remuneração do pessoal do serviço público, sendo juridicamente impossível a aplicação da norma infraconstitucional prevista no art. 461 da CLT quando se pleiteia equiparação salarial entre servidores públicos, independentemente de terem sido contratados pela CLT.

Entretanto, o TST deu ao mesmo dispositivo interpretação diversa nos casos envolvendo empregados de sociedade de economia mista e de empresas públicas, ao entender que o art. 37, XIII, da Constituição Federal, é destinado somente às pessoas de direito público e que quando sociedade de economia mista ou empresa pública contrata empregados sob o regime da CLT, equipara-se a empregador privado. Tal entendimento foi consolidado por meio da Súmula nº 455:

Súmula nº 455 do TST - EQUIPARAÇÃO SALARIAL. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. ART. 37, XIII, DA CF/1988. POSSIBILIDADE. (Conversão da Orientação Jurisprudencial nº 353 da SBDI-1 com nova redação) – Res. 194/2014, DEJT divulgado em 21, 22 e 23.05.2014

À sociedade de economia mista não se aplica a vedação à equiparação prevista no art. 37, XIII, da CF/1988, pois, ao admitir empregados sob o regime da CLT, equipara-se a empregador privado, conforme disposto no art. 173, § 1º, II, da CF/1988.

Destaca-se que tal Súmula possui origem na OJ SBDI-1 353 que foi convertida em Súmula em maio de 2014. Nesse ponto, aconselha-se aos candidatos estudarem próximo a da data da prova as últimas alterações nas Súmulas e Orientações Jurisprudenciais do Tribunal Superior do Trabalho, pelo menos a partir de 2012, uma vez que costumam ser alvo das questões de concursos, principalmente nos concursos realizados pela banca CESPE.

Diante do exposto, a questão em tela está errada, já que a vedação existente art. 37, XIII, da Constituição Federal, não se estende às empresas públicas e sociedades de economia mista.

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Para melhor compreensão dos requisitos autorizadores da equiparação salarial, aconselha-se aos candidatos que leiam atentamente a Súmula nº 06 do TST.

GABARITO: ERRADO

MEDIADOR: JOÃO EULÁLIO DE PÁDUA FILHO

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

39. Para o Supremo Tribunal Federal, compete à justiça comum processar e julgar causas envolvendo complementação de aposentadoria por entidades de previdência privada, mesmo se decorrente de contrato de trabalho.

COMENTÁRIO

A querela envolvendo a competência para processamento e julgamento das causas envolvendo complementação de aposentadoria foi dirimida, após muita controvérsia, em 2013, pelo Supremo Tribunal Federal.

No Informativo de Jurisprudência nº 695 foi noticiado o julgamento dos REs nº 586453 e RE nº 583050, nos quais, em sede de repercussão geral, ficou assentado que compete à justiça comum processar e julgar causas envolvendo complementação de aposentadoria por entidades de previdência privada, tendo origem ou não em contrato de trabalho.

Para o Supremo Tribunal Federal, há duas relações jurídicas distintas na complementação de aposentadoria: uma entre o empregado e o empregador e outra entre o associado e a entidade de previdência privada. Nessa seara, o liame trabalhista limitar-se-ia à primeira relação, inexistindo qualquer vínculo trabalhista na relação jurídica entre o associado e a entidade de previdência privada, falecendo, portanto, competência à justiça laboral. O fundamento constitucional encontra-se presente no art. 202, §2º, in verbis:

Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social, será facultativo, baseado na constituição de reservas que garantam o benefício contratado, e regulado por lei complementar.

(...)

§ 2° As contribuições do empregador, os benefícios e as condições contratuais previstas nos estatutos, regulamentos e planos de benefícios das entidades de previdência privada não integram o contrato de trabalho dos participantes, assim como, à exceção dos benefícios concedidos, não integram a remuneração dos participantes, nos termos da lei.

O Supremo modulou os efeitos da decisão “no sentido de que fosse limitada aos processos nos quais não houvesse sentença de mérito até a data daquela assentada. Considerou-se que a matéria nunca teria sido tratada de maneira uniforme no Supremo e que, em razão disso, muitos processos já julgados pela justiça

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do trabalho teriam de ser encaminhados à justiça comum para serem novamente sentenciados — o que ensejaria patente prejuízo à celeridade processual e à eficiência.” (Informativo STF nº 695).

Reafirma-se que a decisão da Suprema Corte ocorreu em sede de repercussão geral, dessa sorte, os demais Tribunais devem se curvar à posição do STF. No âmbito trabalhista, tal decisão é muito importante, uma vez que, conforme o noticiado no site do TST (http://www.tst.jus.br/en/noticias/-/asset_publisher/89Dk/content/id/3743452), 6.660 recursos extraordinários sobre o tema se encontravam sobrestados aguardando a decisão do STF.

Nesse diapasão, a OJ da SBDI-1 nº 26 (“A Justiça do Trabalho é competente para apreciar pedido de complementação de pensão postulada por viúva de ex-empregado, por se tratar de pedido que deriva do contrato de trabalho.”) sucumbiu ante à decisão do Supremo, devendo, portanto, ser cancelada.

GABARITO: CERTO

40. Segundo o TST, a fase de cumprimento de sentença prevista no art. 475-J do Código de Processo Civil é aplicável ao processo trabalhista.

COMENTÁRIO

O artigo 769 da Consolidação das Leis Trabalhistas dispõe que: “Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas deste Título”.

Outrossim, o artigo 889 da CLT estabelece que “aos trâmites e incidentes do processo da execução são aplicáveis, naquilo em que não contravierem ao presente Título, os preceitos que regem o processo dos executivos fiscais para a cobrança judicial da dívida ativa da Fazenda Pública Federal.”

Assim, em relação às execuções trabalhistas deve-se buscar a solução do caso na própria CLT e, em caso de omissão, aplicar-se-á supletivamente a Lei nº 6.830/1980 (Lei de Execuções Fiscais), e caso a omissão persista, passa-se ao Código de Processo Civil.

A partir dos dispositivos acima, conclui-se que o direito processual civil somente será aplicado subsidiariamente ao processo trabalhista em caso de omissão da legislação laboral. Ademais, as normas processuais civis devem ser compatíveis com as normas e princípios trabalhistas.

Corrobora Amauri Mascaro Nascimento:

“Duas são as condições, portanto, para a utilização do Código de Processo Civil nos processos trabalhistas. Primeiro, a omissão das leis trabalhistas. Segundo, além da omissão, a compatibilidade entre as normas processuais civis e as exigências do processo trabalhista. Em síntese: a regra da subsidiariedade deve ser entendida em consonância com duas ordens de considerações: a primeira, a verificação de omissão da lei processual trabalhista, caso em que se impõe subsidiá-la; a segunda, a indispensabilidade de as regras subsidiárias serem adaptáveis às necessidades do

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processo trabalhista”.( NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito processual do trabalho. 25. ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 110)

Explanadas as hipóteses de utilização da legislação processual civil, passa-se a analisar a aplicabilidade do art. 475-J do Código de Processo Civil. Tal artigo, inserido no CPC pelas reformas trazidas pela Lei nº 11.232/05, pretendeu dinamizar a execução civil. O dispositivo prevê que caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em liquidação, não o efetue no prazo de quinze dias, o montante da condenação será acrescido de multa no percentual de dez por cento. A partir da citada mudança no rito processual civil, doutrinadores de renome passaram a defender a aplicação do dispositivo à execução trabalhista ao entenderem que a alteração traria maior efetividade às lides laborais. Tal entendimento doutrinário foi acatado pela 1ª Jornada de Direito Material e Processual na Justiça do Trabalho, ocorrida em novembro de 2007: 71. ARTIGO 475-J DO CPC. APLICAÇÃO NO PROCESSO DO TRABALHO. A aplicação subsidiária do artigo 475-J do CPC atende às garantias constitucionais da razoável duração do processo, efetividade e celeridade, tendo, portanto, pleno cabimento na execução trabalhista.

Entretanto, prevaleceu no Tribunal Superior do Trabalho a tese da inaplicabilidade do art. 475-J à execução trabalhista, ao considerar que a CLT, em seu art. 880, esgota a regência do tema, não havendo omissão e consequentemente não sendo aplicáveis as disposições processuais civis, conforme o exposto acima. Nesse sentido, os seguintes arestos do TST:

RECURSO DE REVISTA. MULTA DO ART. 475-J DO CPC. NULIDADE DO ACÓRDÃO POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. ANÁLISE DA MATÉRIA NA FASE DE CONHECIMENTO. POSSIBILIDADE. INAPLICABILIDADE NO PROCESSO DO TRABALHO. A questão relativa a quais matérias deverão ser analisadas na fase de conhecimento é opção da parte. Embora o art. 475-J do CPC trate de questão que remete à fase de liquidação, não há impedimento para que haja debate quanto à sua aplicação na fase de conhecimento, tendo em vista que é nessa fase que se definem os critérios executórios. Ademais, a regra contida no referido artigo pode acrescentar valores à condenação a partir do trânsito em julgado da sentença condenatória, antes, portanto, da fase de liquidação, o que enseja a possibilidade de discussão já na fase de conhecimento. Diante disso e, considerando que a causa já se encontra madura para julgamento, nos termos do art. 515, § 3º, do CPC, passo à análise do mérito. O art. 475-J do CPC determina que o devedor que, no prazo de quinze dias, não tiver efetuado o pagamento da dívida, tenha acrescido multa de 10% sobre o valor da execução e, a requerimento do credor, mandado de penhora e avaliação. A aplicação de norma processual extravagante, no processo do trabalho, está subordinada à omissão no texto da Consolidação. Nos incidentes da execução, o art. 889 da CLT remete à Lei dos Executivos Fiscais como fonte subsidiária. Persistindo a omissão, tem-se o processo civil como fonte subsidiária por excelência, como preceitua o art. 769 da CLT. Não há omissão no art. 880 da CLT a autorizar a aplicação subsidiária do

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direito processual comum. Nesse sentido firmou-se a jurisprudência da c. SDI no julgamento dos leading cases E-RR - 38300-47.2005.5.01.0052 (Relator Ministro Brito Pereira) e E-RR - 1568700-64.2006.5.09.0002 (Relator Ministro Aloysio Corrêa da Veiga), julgados em 29/06/2010. Recurso de revista conhecido e provido. (...) (TST - RR: 9342020115090026 , Relator: Aloysio Corrêa da Veiga, Data de Julgamento: 13/08/2014, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 15/08/2014)

RECURSO DE REVISTA. MULTA DO ART. 475-J DO CPC. INAPLICABILIDADE AO PROCESSO DO TRABALHO. A aplicação subsidiária do Código de Processo Civil ao Direito Processual do Trabalho, de acordo com a doutrina e com a jurisprudência unânimes, exige dois requisitos: a ausência de disposição na CLT e a compatibilidade da norma supletiva com os princípios do Processo do Trabalho. Observa-se que o fato preconizado pelo art. 475-J do CPC possui disciplina própria no âmbito do Processo do Trabalho, pelos arts. 880, 882 e 883 da CLT, que preveem o prazo e a garantia da dívida, por depósito, ou a penhora de bens quantos bastem ao pagamento da importância da condenação, acrescido das despesas processuais, custas e juros de mora. Recurso de Revista parcialmente conhecido e provido. (TST - RR: 15763220115080119 1576-32.2011.5.08.0119, Relator: Maria de Assis Calsing, Data de Julgamento: 22/05/2013, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT 24/05/2013)

Assim, o enunciado está equivocado, uma vez que o Tribunal Superior do Trabalho firmou posição pela inaplicabilidade do art. 475-J ao Processo do Trabalho.

GABARITO: ERRADO

MEDIADOR: JOÃO EULÁLIO DE PÁDUA FILHO

DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL

41. Os valores mensais relativos ao auxílio-doença e ao salário-família podem ser inferiores ao salário mínimo.

COMENTÁRIO

O art. 201, §2º da Constituição Federal dispõe que: “Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo.”

Destaca-se, ainda, que o art. 2º, VI, da Lei 8.213/91, elencou tal dispositivo como princípio da previdência social.

Assim, a partir de uma interpretação contrario sensu, conclui-se que os benefícios que não substituem o salário de contribuição ou rendimento do segurado podem ter valor mensal inferior ao salário mínimo.

Nesse diapasão, o salário-família pode ser inferior ao salário mínimo, uma vez que “cuida-se de benefício previdenciário que não visa substituir a remuneração dos segurados, mas apenas complementar as despesas

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domésticas com os filhos menores de 14 anos ou inválidos de qualquer idade.” (AMADO, Frederico. Direito Previdenciário: Coleção Sinopse para Concursos. 4º Edição. Ed. JusPodvim, 2014, pg 410).

Todavia, a assertiva mostra-se errada quanto ao auxílio-doença, já que trata de benefício “não programado devido ao segurado que ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 dias consecutivos.” (Idem, pg. 398). Percebe-se, portanto, que tal benefício substitui o salário do contribuinte, motivo que, segundo o art. 201, §2º, da Constituição, não pode ter valor inferior ao salário mínimo.

A assertiva estaria correta se, ao invés de auxílio-doença, constasse o auxílio-acidente, pois conforme o art. 86, da Lei 8.213/91, tal benefício possui natureza indenizatória, não substituindo a remuneração do segurado, mas servindo de acréscimo aos seus rendimentos.

GABARITO: ERRADO

42. É constitucional a contribuição a cargo de empresa, destinada à seguridade social, no montante de “quinze por cento sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, relativamente a serviços que lhe são prestados por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho”, prevista no art. 22, IV, da Lei 8.212/1991.

COMENTÁRIO

A Constituição Federal traz, em seu art. 195, as contribuições para custeio da seguridade social. Dentre elas, há a contribuição, a cargo do empregador, sobre a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício:

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:

I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:

a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;

Por sua vez, a Lei nº 8212/91, no art. 22, regulamenta o dispositivo constitucional aos estabelecer as hipóteses de incidência e alíquotas devidas pelos empregadores ou empresa, dentre elas destaca-se a previsão constante do inciso IV:

Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de:

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(...)

IV - quinze por cento sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, relativamente a serviços que lhe são prestados por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho.

Percebe-se que tal dispositivo legal, constante de lei ordinária, equipara os serviços prestados por meio de cooperativas aos serviços prestados por pessoa física, ao fundamento que a cooperativa teria como função primordial a disponibilização dos serviços de seus cooperados.

Contudo, o Supremo Tribunal Federal entendeu que tal equiparação não possui amparo no texto constitucional, conforme o noticiado no Informativo nº 743:

É inconstitucional a contribuição a cargo de empresa, destinada à seguridade social, no montante de “quinze por cento sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, relativamente a serviços que lhe são prestados por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho”, prevista no art. 22, IV, da Lei 8.212/1991, com a redação dada pela Lei 9.876/1999. Com base nessa orientação, o Plenário deu provimento a recurso extraordinário no qual se discutia a obrigação de recolhimento da exação. Na espécie, o tribunal “a quo” entendera ser possível a fixação da mencionada alíquota via lei ordinária. Decidira, ainda, pela validade da equiparação da cooperativa à empresa mercantil, que ampliara o rol dos sujeitos passivos das contribuições sociais. A Corte, de início, salientou que a Lei 9.876/1999 transferira a sujeição passiva da obrigação tributária para as empresas tomadoras dos serviços. Em seguida, assentou que, embora os sócios/usuários pudessem prestar seus serviços no âmbito dos respectivos locais de trabalho, com seus equipamentos e técnicas próprios, a prestação dos serviços não seria dos sócios/usuários, mas da sociedade cooperativa. Apontou que os terceiros interessados nesses serviços efetuariam os pagamentos diretamente à cooperativa, que se ocuparia, posteriormente, de repassar aos sócios/usuários as parcelas relativas às respectivas remunerações. O colegiado aduziu que a tributação de empresas, na forma delineada na Lei 9.876/1999, mediante desconsideração legal da personalidade jurídica das sociedades cooperativas, subverteria os conceitos de pessoa física e de pessoa jurídica estabelecidos pelo direito privado. Reconheceu que a norma teria extrapolado a base econômica delineada no art. 195, I, a, da CF, ou seja, a regra sobre a competência para se instituir contribuição sobre a folha de salários ou sobre outros rendimentos do trabalho. Reputou afrontado o princípio da capacidade contributiva (CF, art. 145, § 1º), porque os pagamentos efetuados por terceiros às cooperativas de trabalho, em face de serviços prestados por seus associados, não se confundiriam com os valores efetivamente pagos ou creditados aos cooperados. Sublinhou que o legislador ordinário, ao tributar o faturamento da cooperativa, descaracterizara a contribuição hipoteticamente incidente sobre

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os rendimentos do trabalho dos cooperados, com evidente “bis in idem”. Assim, o Tribunal concluiu que contribuição destinada a financiar a seguridade social, que tivesse base econômica estranha àquelas indicadas no art. 195 da CF, somente poderia ser legitimamente instituída por lei complementar, nos termos do art. 195, § 4º, da CF. RE 595838/SP, rel. Min. Dias Toffoli, 23.4.2014. (RE-595838)

Assim, a contribuição prevista no art. 22, IV, da Lei nº 8212/91 é inconstitucional, já que, diante da ausência de previsão constitucional, deveria ter sido criada por Lei Complementar, conforme o art. 195, § 4º da Constituição.

GABARITO: ERRADO

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QUESTÕES DISSERTATIVASRespostas em no máximo 15 linhas.

MEDIADOR: SADI TOLFO JUNIOR

GRUPO 1 - DIREITO CONSTITUCIONAL

1. Dois servidores do Tribunal de Justiça de um Estado da federação formularam pedido administrativo, para que fosse reconhecido o direito à percepção de uma gratificação. O plenário do Tribunal, ao julgar o pedido, reconheceu o direito dos postulantes, e com base no princípio da isonomia estendeu o direito aos demais servidores do Tribunal em situação análoga. Em face desta decisão, o Procurador Geral da República ajuizou Ação Direta de Inconstitucionalidade junto ao STF questionando o ato.

Com base na situação acima narrada, responda fundamentadamente:

a) De acordo com a jurisprudência do STF, é cabível o ajuizamento de Ação Direta de Inconstitucionalidade para impugnar a decisão do Tribunal de Justiça?

b) Qual(is) o(s) dispositivo(s) constitucional(is) violado(s) pela decisão do plenário do Tribunal de Justiça, ao estender a gratificação aos demais servidores em situação análoga?

c) De acordo com a jurisprudência do STF, é legítima a invocação do princípio da isonomia pelo Tribunal de Justiça para estender a gratificação aos demais servidores?

A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia 20/10: [email protected]

MEDIADOR: PAULO HENRIQUE LOPES DE LIMA

GRUPO 2 - DIREITO AMBIENTAL

2. A Polícia Rodoviária Federal interceptou na rodovia CE 222 um caminhão que vinha do Pará e constatou o transporte irregular de imbuia, árvore em extinção e protegida de corte. O motorista não tinha nota fiscal do produto tampouco o DOF - Documento de Origem Florestal, licença obrigatória para o transporte de madeira que é concedida pelo IBAMA (Portaria MMA n° 253, de 18 de agosto de 2006). Acionada a superintendência da Autarquia Federal, os fiscais encarregados lavraram multa no valor de R$ 7.500,00 (sete mil e quinhentos reais) e, como medida acautelatória, apreenderam o caminhão e toda a carga, sendo confeccionado o termo de apreensão e depósito. Posteriormente, no decorrer do processo administrativo-ambiental, o autuado apresentou defesa postulando a anulação do auto de infração. Alegou que os agentes do IBAMA teriam determinado a penalidade de multa simples com base nos arts. 46, parágrafo único, e 70, caput, da Lei n.º 9.605/98, mas que seria impossível a aplicação de sanções administrativas fundada em dispositivo referente a crime ambiental. Considerando essa situação hipotética, responda, de modo justificado, com base na legislação de regência e na jurisprudência, aos seguintes questionamentos:

a) A previsão legal do crime combinada com o dispositivo genérico do art. 70 enseja nulidade do auto de infração ou serve de fundamento para a aplicação da sanção pelo cometimento de

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infração administrativa ambiental? Fundamente sua resposta analisando eventual violação aos princípios da legalidade e do devido processo legal.

b) Qual a natureza da multa aplicada pelo IBAMA, penal ou administrativa? Aponte o(s) fundamento(s) legal e/ou regulamentar, caso existente(s).

c) Caso a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (SEMACE), autarquia estadual integrante do SISNAMA, também autue o infrator pelo ilícito administrativo-ambiental, qual auto de infração prevalecerá?

A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia 20/10: [email protected]

MEDIADOR: JOÃO EULÁLIO PÁDUA FILHO

GRUPO 3 - DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL

3. Servidor Público estadual é portador de deficiência e pretende valer-se da aposentadoria especial prevista no art. 40, §4º da Constituição Federal, todavia, ainda não há norma que regulamenta seu direito. A partir de tal contexto fático, indaga-se:

a) Qual a medida judicial cabível contra a referida omissão legislativa?

b) De quem é a competência para processar e julgar tal medida judicial?

c) Se o servidor público estadual em tela, em vez de se enquadrar no inciso I, art. 40, §4º da Constituição Federal (servidores portadores de deficiência), estivesse enquadrado em seu inciso III (servidores cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física.), a medida judicial seria a mesma? Se a resposta for negativa, qual seria a medida cabível?

A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia 20/10: [email protected]

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PEÇA JUDICIAL

MEDIADOR: CAMILLO PIANA

GRUPO 2

JOÃO DA LIMA E SILVA, devidamente qualificado e representado, ajuizou perante a 15ª Vara Federal de Porto Alegre – RS, ação ordinária com pedido cominatório em desfavor da UNIÃO, objetivando a sua nomeação e investidura no cargo de “Analista Contábil” do Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, sob os seguimentos argumentos:

- Afirmou ter participado de concurso público para o provimento de vagas do quadro de pessoal de “Analista Contábil” do Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, na forma do Edital de Abertura nº 1/2014 – MTE. Que o referido cargo é regido pela normativa do regime jurídico dos servidores públicos civis da União (Lei nº 8.112/90).

- No ato da inscrição no certame, e como era exigido pelo respectivo edital, fez a opção de concorrer a uma das vagas destinadas à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Rio Grande do Sul (SRTE/RS), cuja sede fica na capital Porto Alegre.

- Que, à míngua da premente necessidade do serviço, o edital regulador do processo seletivo previu, em seu item 2.5, apenas 1 (uma) vaga de “Analista Contábil” para provimento naquela Regional.

- O mesmo edital, agora em seu item 7.3.2, também dispôs como pontuação mínima de corte, no somatório entre as provas objetiva e subjetiva, 70,00 pontos, sendo 80,00 pontos em cada uma daquelas etapas individualmente consideradas.

- Na primeira fase do processo seletivo, de caráter objetivo, obteve o autor a segunda maior pontuação entre os candidatos inscritos para aquela localidade, sendo aprovado com 48 acertos dentre 50 questões, totalizando assim 96 pontos.

- Na avaliação subjetiva, por seu turno, alcançou o demandante a pontuação 82,50, cumprindo assim a condicionante do item 7.3.2 do edital, posto ter na soma entre as provas alcançado a média final 89,25.

- Conforme o Edital nº 24/2014 MTE, classificou-se na 6ª colocação entre os 12 (doze) candidatos aprovados e que alcançaram a pontuação mínima do item 7.3.2, ficando a apenas 0,25 pontos do 5º aprovado.

- Nada obstante, no Edital nº 26/2014 do MTE, o qual homologou o certame divulgando o resultado final do mesmo, passado no DOU do dia 27.03.2014, constaram apenas o nome de 5 dos primeiros colocados entre aqueles 12 acima referidos.

- Tomou conhecimento de que, poucos dias após a homologação, especificamente em 10.04.2014, o candidato aprovado na 1ª colocação foi nomeado e tomou posse no cargo, tendo posteriormente entrado em regular exercício, situação que perdura até a presente data.

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- Que, por conta de duas vacâncias decorrentes de aposentadorias no cargo de “Analista Contábil” na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Rio Grande do Sul (SRTE/RS), ocorridas em 15.04.2014 e 20.04.2014, foram, logo após tais datas, os demais candidatos aprovados (2º ao 5º colocados) nomeados para preenchimento dessas vagas. Os novos nomeados, contudo, manifestaram, mediante documento devidamente protocolado na Direção de Recursos Humanos do Ministério do Trabalho e Emprego, desistência expressa quanto à posse, posto já terem logrado êxito em outros certames que eram de seu maior interesse. As respectivas nomeações, assim, foram tornadas sem efeito, tudo devidamente publicado na imprensa oficial.

- Assim, entende o autor possuir, diante de tal cenário fático, direito subjetivo a ser nomeado para uma daquelas 2 (duas) vagas surgidas e que foram oferecidas aos candidatos que a ele antecederam, especialmente por conta da ínfima diferença entre a sua pontuação para aquela alcançada pelo último dos nomeados (0,25 pontos apenas).

- Diz, nessa toada, ter cumprido os requisitos do edital, especialmente a pontuação mínima exigida para atestar a aptidão ao exercício do cargo, a saber, os 80,00 pontos entre a média da pontuação da prova objetiva e subjetiva, conforme o item 7.3.2 do edital.

- Asseverou que a limitação de número máximo de candidatos aprovados, e que encontra guarida no Decreto Federal nº 6.944/2009 (o qual estabelece medidas organizacionais para o aprimoramento da administração pública federal direta, autárquica e fundacional, dispondo sobre normas gerais relativas a concursos públicos), é totalmente desarrazoada e desproporcional, notadamente pelo fato de que, na prática, gera distorções e injustiças como as ora verificadas.

- Que o mencionado ato normativo, especialmente o seu artigo 16, §1º e respectivo Anexo II, é inconstitucional, seja materialmente (por ferir a proporcionalidade e a igualdade material), seja formalmente (vez que regulamenta matéria reservada à lei em sentido estrito conforme exige o art. 37, II, do texto constitucional). Diz o referido dispositivo do Decreto nº 6.944/2009:

Art. 16. O órgão ou entidade responsável pela realização do concurso público homologará e publicará no Diário Oficial da União a relação dos candidatos aprovados no certame, classificados de acordo com Anexo II deste Decreto, por ordem de classificação.

§ 1º Os candidatos não classificados no número máximo de aprovados de que trata o Anexo II, ainda que tenham atingido nota mínima, estarão automaticamente reprovados no concurso público.

§ 2º No caso de realização de concurso público em mais de uma etapa, o critério de reprovação do § 1º será aplicado considerando-se a classificação na primeira etapa.

§ 3º Nenhum dos candidatos empatados na última classificação de aprovados serão considerados reprovados nos termos deste artigo.

§ 4º O disposto neste artigo deverá constar do edital de concurso público.

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ANEXO II

QUANTIDADE DE VAGAS X NÚMERO MÁXIMO DE CANDIDATOS APROVADOS

QTDE. DE VAGAS PREVISTAS NO EDITAL POR CARGO OU EMPREGO

NÚMERO MÁXIMO DE CANDIDATOS APROVADOS

1 52 93 144 18

(...) (...)

- Nesse sentido, tem-se que essa cada vez mais corriqueira prática administrativa, comumente nomeada de “cláusula de barreira” ou “cláusula de afunilamento”, é extremamente odiosa e despida de qualquer justificava idônea, sendo, portanto, flagrantemente inconstitucional e ilegal.

- Que o próprio órgão público reconheceu, ao convocar os candidatos aprovados até o 5º lugar, a necessidade de provimento daquelas 2 (duas) vagas deixadas pela aposentadoria de seus anteriores ocupantes, de modo que evidente o interesse público e a necessidade em seu preenchimento. Fez o autor, nessa linha, considerações no sentido de ser totalmente despropositado que se aguarde a abertura de novo certame para prover tais vagas quando existentes candidatos aprovados e aptos conforme certame válido anterior, o que afrontaria o art. 37, IV da CF/88 (“Durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira”).

- Requer, assim, seja declarado o seu direito em ser nomeado ao cargo de “Analista Contábil”, determinando-se que a União, ao final, seja condenada em implementar, em derradeiro prazo de 30 (trinta) dias, as providências e diligências necessárias para a sua nomeação.

- Considerando a violação ao direito, que é subjetivo e evidente na ótica do demandante, postula também que o ente público demandado seja condenado a pagar-lhe, desde a citação (art. 219, do CPC), e até a data de entrada do efetivo exercício, os respectivos vencimentos correspondentes ao cargo pleiteado no período, tudo devidamente corrigido.

O Juiz da 15ª Vara Federal de Porto Alegre – RS, de posse dos autos respectivos, exarou, à fl. 49 dos mesmos, decisão, com esteio no arts. 283 e 284 do Código de Processo Civil, determinando que o autor emendasse a inicial para atribuir valor econômico à causa, bem como para instruí-la com os documentos indispensáveis à sua propositura, notadamente com as cópias dos documentos na narrativa mencionados.

Intimado, o demandante atendeu integralmente ao comando (fl. 55/61), atribuindo à causa o valor de 12 das remunerações vencidas correspondentes ao cargo pleiteado (art. 260 do CPC), bem como acostando ao caderno processual farta prova documental a corroborar a veracidade da sua versão, notadamente as cópias dos editais mencionados, das publicações em diário oficial e do formulário desistência dos demais aprovados, os quais estão autuados às fls. 62/120. Recolheu, outrossim, as custas processuais incidentes na espécie.

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Conclusos os autos, foram tidas como superadas as indigitadas pendências e assim recebida inicial, determinando-se a citação da União por meio da Advocacia-Geral da União (fl. 122).

Mandado citatório regularmente cumprido, e que foi juntado aos autos em 18.07.2014 (fl. 126).

Diante desse quadro fático, na qualidade de Advogado da União com atribuição para representar a União no feito, elabore a medida processual adequada à tutela do interesse do ente federal no caso.

Ao final, assine apenas como “Advogado da União”, colocando, na data, a última do prazo máximo a ser observado para a prática do ato processual que for realizar, com base no calendário abaixo:

A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia 20/10: [email protected]

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MAPEAMENTO DA BANCATEMAS REINCIDENTES NAS ÚLTIMAS PROVAS

DA ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO

DIREITO ADMINISTRATIVO

De acordo com o Edital nº 10 – AGU, de 7 de maio de 2012: 1 Os diferentes critérios adotados para a conceituação do direito administrativo. Direito administrativo como direito público. Objeto do direito administrativo. 2 Conceito de administração pública sob os aspectos orgânico, formal e material. 3 Fontes do direito administrativo: doutrina e jurisprudência na formação do direito administrativo. Lei formal. Regulamentos administrativos, estatutos e regimentos; instruções; princípios gerais; tratados internacionais; costume. 4 Relação jurídico-administrativa. Personalidade de direito público. Conceito de pessoa administrativa. 5 Teoria do órgão da pessoa jurídica: aplicação no campo do direito administrativo. 6 Classificação dos órgãos e funções da administração pública. 7 Competência administrativa: conceito e critérios de distribuição. Avocação e delegação de competência. 8 Ausência de competência: agente de fato. 9 Hierarquia. Poder hierárquico e suas manifestações. 10 Centralização e descentralização da atividade administrativa do Estado. Administração pública direta e indireta. 11 Concentração e desconcentração de competência. 12 Autarquias. Agências reguladoras e executivas. 13 Fundações públicas. 14 Empresa pública e Sociedade de economia mista. 15 Consórcios Públicos (Lei nº 11.107/2005). 16 Terceiro setor. 17 Fatos da administração pública: atos da administração pública e fatos administrativos. Formação do ato administrativo: elementos; procedimento administrativo. 18 Validade, eficácia e auto-executoriedade do ato administrativo. 19 Atos administrativos simples, complexos e compostos. 20 Atos administrativos unilaterais, bilaterais e multilaterais. 21 Atos administrativos gerais e individuais. 22 Atos administrativos vinculados e discricionários. Mérito do ato administrativo, discricionariedade. 23 Ato administrativo inexistente. Teoria das nulidades no direito administrativo. 24 Atos administrativos nulos e anuláveis. Vícios do ato administrativo. Teoria dos motivos determinantes. 25 Revogação, anulação e convalidação do ato administrativo. 26 Licitações, contratos e convênios. Fundamento constitucional. Conceito e modalidades. O regime de licitações e alterações. Dispensa e inexigibilidade. Revogação e anulação, hipóteses e efeitos. Pregão e consulta. Contratos administrativos: conceito e características. Invalidação. Principais espécies de contratos administrativos. Inexecução e rescisão dos contratos administrativos. Lei nº 8.666/93 e alterações. Instrução Normativa/STN nº 01, de 15/01/97 ; Decreto n° 6.170, de 25/07/07; Portaria Interministerial MP/MF/MCT nº 507, de 24/11/2011. Lei nº 10.520/2002 e demais disposições normativas relativas ao pregão. 27 Sistema de Registro de Preços. 28 Poder de polícia: conceito; polícia judiciária e polícia administrativa; liberdades públicas e poder de polícia. Limites, extensão e controle. Poder de polícia e regulação. Distinções. 29 Principais setores de atuação da polícia administrativa. Poder Regulamentar. Regulamentos administrativos de execução e autônomos. O poder normativo não legislativo e o princípio da legalidade. Regulamentação e regulação. Análise do art. 84 da CF/88 quanto aos limites do poder regulamentar. 30 Serviço público: conceito; caracteres jurídicos; classificação e garantias. Usuário do serviço público. 31 Concessão de serviço público: natureza jurídica e conceito; regime jurídico financeiro. 32 Extinção da concessão de serviço público; reversão dos bens. 33 Permissão e autorização. 34 Parcerias Público-

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Privadas (Lei n.º 11.079/2004). 35 Bens públicos: classificação e caracteres jurídicos. Natureza jurídica do domínio público. 36 Domínio público hídrico: composição; regime jurídico das águas públicas. 37 Domínio público aéreo. 38 Domínio público terrestre: evolução do regime jurídico das terras públicas no Brasil: terras urbanas e rurais; terras devolutas. Vias públicas; cemitérios públicos; portos. 39 Recursos minerais e potenciais de energia hidráulica: regime jurídico. 40 Utilização dos bens públicos: autorização, permissão e concessão de uso; ocupação; aforamento; concessão de domínio pleno. 41 Limitações administrativas: conceito. Zoneamento. Polícia edilícia. Zonas fortificadas e de fronteira. Florestas. Tombamento. 42 Servidões administrativas. 43 Requisição da propriedade privada. Ocupação temporária. 44 Desapropriação por utilidade pública: conceito e fundamento jurídico; objeto da desapropriação e competência para desapropriar; procedimentos administrativo e judicial; indenização. 45 Desapropriação por zona. Direito de extensão. Retrocessão. “Desapropriação indireta”. 46 Desapropriação por interesse social: conceito, fundamento jurídico e espécies; função social do imóvel rural. Evolução do regime jurídico no Brasil. 47 Controle interno e externo da administração pública. 48 Sistemas de controle jurisdicional da administração pública: contencioso administrativo e sistema da jurisdição una 49 Controle jurisdicional da administração pública no direito brasileiro. 50 Controle da atividade financeira do Estado: espécies e sistemas. 51 Tribunal de Contas da União e suas atribuições. Entendimentos com caráter normativo exarado por tal Cortes de Contas. 52 Responsabilidade patrimonial do Estado por atos da administração pública: evolução histórica e fundamentos jurídicos. Teorias subjetivas e objetivas da responsabilidade patrimonial do Estado. 53 Responsabilidade patrimonial do Estado por atos da administração pública no direito brasileiro. 54 Agentes públicos: servidor público e funcionário público; natureza jurídica da relação de emprego público; preceitos constitucionais. 55 Funcionário efetivo e vitalício: garantias; estágio probatório. Funcionário ocupante de cargo em comissão. 56 Direitos, deveres e responsabilidades dos servidores públicos civis. 57 Lei n.º 8.112/90 e alterações. 58 Improbidade administrativa. 59 Formas de provimento e vacância dos cargos públicos. 60 Exigência constitucional de concurso público para investidura em cargo ou emprego público. Regime previdenciário do servidor estatutário. Normas e princípios constitucionais. As regras de transição. O sistema de previdência complementar. 61 Procedimento administrativo. Instância administrativa. Representação e reclamação administrativas. 62 Pedido de reconsideração e recurso hierárquico próprio e impróprio. Prescrição administrativa. 63 Organização Administrativa. Advocacia-Geral da União. Ministério da Fazenda. Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. Lei Complementar nº 73, de 10/02/1993. Decreto-Lei nº 147, de 3/02/1967. 64 Advocacia pública consultiva. Hipóteses de manifestação obrigatória. Aspectos de responsabilidade do parecerista pelas manifestações exaradas, e do administrador público, quando age em acordo, e quando age em desacordo com tais manifestações.

Temas recorrentes nas últimas provas objetivas da Advocacia da União (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002):

MUITOIMPORTANTE*

Pontos 5 e 6

Órgãos Públicos (classificação e teorias) (AGU.2012, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002)

Pontos 7 e 8

Competência administrativa (avocação e delegação) (AGU.2012, AGU.2006, AGU.2002)

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MUITOIMPORTANTE*

Ponto 12

Autarquias (agências reguladoras e executivas) (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2002)

Pontos 17 a 25

Atos administrativos (classificação, anulação e revogação, convalidação, requisitos, parecer x ato de aprovação, motivação) (AGU.2012, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002)

Pontos 26 e 27

Licitações e contratos (inabilitação, rescisão contratual – Teoria da Imprevisão, dispensa e inexigibilidade) (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004)

Pontos 30 a 34

SERVIÇOS PÚBLICOS:

- Lei 8.987/95 (responsabilidades da concessionária, formalização e natureza do contrato, modalidades de extinção) (AGU.2012, AGU.2004, AGU.2002)

- PPP (Lei 11.079/04) (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006)

Pontos 35 a 40

BENS PÚBLICOS:

- Classificação (AGU.2008, AGU.2006, AGU.2002)

Ponto 42

Servidão Administrativa (AGU.2008, AGU.2004, AGU.2002)

Pontos 44 a 46

Desapropriação (modalidades, juros, indenização, retrocessão, desapropriação por zona) (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002)

Pontos 47 a 51

Controle pelo TCU (anulação/revisão de aposentadoria) (AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004)

Pontos 52 e 53

Responsabilidade civil do estado (teorias, incidência de juros na condenação da FP) (AGU.2008, AGU.2004, AGU.2002)

Pontos 54 a 62

Cargos públicos (formas de provimento, cargo em comissão, SV13) (AGU.2008, AGU.2006)

PAD (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006)

Improbidade administrativa (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2002)

Ponto 63

Organização Administrativa (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2002)

RELEVANTE*

Ponto 1

Conceito de Direito Administrativo (AGU.2008, AGU.2002)

Pontos 10 e 11

Desconcentração e descentralização (AGU.2006, AGU.2002)

Ponto 14

Empresas Estatais (EP e SEM) (AGU.2012, AGU.2002)

Ponto 15

Consórcios Públicos (LEI 11.107/05) (AGU.2012, AGU.2008)

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RELEVANTE*

Ponto 16

Terceiro Setor (oscip, entidades de apoio e SSA) (AGU.2012, AGU.2008)

Ponto 28

Poder de polícia (AGU.2012, AGU.2002)

Ponto 29

Poder Regulamentar e Poder Normativo (AGU.2012, AGU.2006)

Pontos 35 a 40

BENS PÚBLICOS:

- Tombamento (AGU.2008, AGU.2002)

- Recursos minerais e potenciais de energia hidráulica: regime jurídico (AGU.2006, AGU.2004)

Ponto 41

Limitações Administrativas (AGU.2012, AGU.2002)

Pontos 54 a 62

Processo administrativo federal (Lei 9.784/99) (AGU.2006, AGU.2004)

Ponto 63

Responsabilidades do parecerista e do administrador público (AGU.2008, AGU.2006)

RESIDUAL*

Ponto 1

Objeto do Direito Administrativo (AGU.2008)

Ponto 2

Conceito de Administração Pública (AGU.2006)

Ponto 3

Fontes do Direito Administrativo (AGU.2002)

Ponto 9

Poder Hierárquico (AGU.2002)

Ponto 13

Fundações Públicas (AGU.2002)

Pontos 26 e 27

Contratos administrativos (conceito e características) (AGU.2002)

Pregão (DEC. 5.450/05) (AGU.2012)

Convênios e contratos de repasse (DEC. 6.170/07) (AGU.2008)

Pontos 54 a 62

Agentes públicos (AGU.2002)

DIREITO CONSTITUCIONAL

De acordo com o Edital nº 10 – AGU, de 7 de maio de 2012: 1 História Constitucional do Brasil. 2 Constituição: conceito e classificação. 3 Normas constitucionais: classificação. 4 Preâmbulo, normas constitucionais programáticas e princípios constitucionais. 5 Disposições constitucionais transitórias. 6 Hermenêutica constitucional. 7 Poder constituinte. 8 Controle de constitucionalidade: direito comparado. 9 Controle de

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constitucionalidade: sistema brasileiro. Evolução histórica. 10 Inconstitucionalidade: normas constitucionais inconstitucionais. 11 Inconstitucionalidade por omissão. 12 Ação direta de inconstitucionalidade: origem, evolução e estado atual. 13 Ação declaratória de constitucionalidade. 14 Arguição de descumprimento de preceito fundamental. 15 Da declaração de direitos: histórico; teoria jurídica e teoria política. 16 Direitos e garantias individuais e coletivos. Processo eleitoral. 17 Princípio da legalidade. 18 Princípio da isonomia. 19 Regime constitucional da propriedade. Função social da propriedade. 20 Habeas corpus, mandado de segurança, mandado de injunção e habeas data. 21 Liberdades constitucionais. Jurisdição constitucional no direito brasileiro e no direito comparado. 22 Direitos sociais e sua efetivação. O Direito à saúde na ordem constitucional e legal. Direito à saúde como direito humano. Sistema Único de Saúde. Atribuições da União, dos Estados e dos Municípios. 23 Princípios constitucionais do trabalho. 24 Estado federal: conceito e sistemas de repartição de competência; direito comparado. 25 Federação brasileira: características, discriminação de competência na Constituição de 1988. Intervenção Federal nos Estados-membros. Lei n.º 12.562/2011. 26 Estado Democrático de Direito: fundamentos constitucionais e doutrinários. 27 Organização dos Poderes: mecanismos de freios e contrapesos. 28 União: competência. 29 Estado-membro; poder constituinte estadual: autonomia e limitações. 30 Estado-membro: competência e autonomia. 31 Administração pública: princípios constitucionais. 32 Servidores públicos: princípios constitucionais. 33 Poder Legislativo: organização; atribuições; processo legislativo. 34 Poder Executivo: presidencialismo e parlamentarismo; ministro de Estado. 35 Presidente da República: poder regulamentar; medidas provisórias. 36 Crimes de responsabilidade do presidente da República e dos ministros de Estado. 37 Poder Judiciário: organização; estatuto constitucional da magistratura. 38 Supremo Tribunal Federal: organização e competência. 39 Superior Tribunal de Justiça: organização e competência. Justiça federal: organização e competência. 40 Justiça do trabalho: organização e competência. 41 Ministério Público: princípios constitucionais. 42 Advocacia-Geral da União: representação judicial e extrajudicial da União; consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo; organização e funcionamento. Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. 43 Representação judicial e consultoria jurídica dos estados e do Distrito Federal. 44 Limitações constitucionais do poder de tributar. 45 Ordem econômica e ordem financeira: princípios gerais. 46 Princípios constitucionais da ordem econômica. 47 Intervenção do Estado no domínio econômico. 48 Meio ambiente. 49 Direitos e interesses das populações indígenas. 50 Interesses difusos e coletivos. 51 Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.

Temas recorrentes nas últimas provas objetivas da Advocacia da União (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002):

MUITOIMPORTANTE*

Pontos 1 a 6

Normas e princípios constitucionais (classificação, interpretação e métodos) (AGU.2012, AGU.2006, AGU.2004)

Ponto 7

Poder constituinte (AGU.2012, AGU2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002)

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MUITO

IMPORTANTE*

Pontos 8 a 14

Controle de constitucionalidade (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004) – em especial:

- Evolução histórica do controle no Brasil;

- ADI, ADC, ADPF, ADO;

- MS e ACP no controle de constitucionalidade;

- Legitimidade para as ações do controle concentrado;

- Objeto do controle;

- Eficácia das decisões proferidas no âmbito do controle de constitucionalidade;

- Modulação dos efeitos da decisão;

- Atuação do AGU nos processos objetivos.

Pontos 15 a 23

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS:

- Habeas Corpus (AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002)

Pontos 24 a 30

Organização político-administrativa (disposições gerais, federalismo) (AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004)

Competência legislativa dos entes da Federação (aspectos jurisprudenciais e doutrinários) (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004)

Competência material dos entes da Federação (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004)

Pontos 31 e 32

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:

- Princípios Gerais da Administração Pública (nepotismo, SV13) (AGU.2008, AGU.2004, AGU.2002)

- Concurso Público (AGU.2008, AGU.2006, AGU.2002)

Pontos 34 a 40

ORGANIZAÇÃO DOS PODERES:

- PODER LEGISLATIVO:

- Competência do SF e da CD ( julgamento dos crimes de responsabilidade) (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002)

- Do Processo Legislativo (MPv, leis de iniciativa privativa do PR, reapresentação de matéria rejeitada, processo legislativo sumário, PEC e limitações à emenda, cláusulas pétreas) (AGU.2012,

AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002)

- PODER JUDICIÁRIO:

- Precatórios (AGU.2012, AGU.2002)

- Da Competência Originária do STF (AGU.2012, AGU.2006, AGU.2004)

Pontos 41 a 43

FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA:

- Da Advocacia Pública (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2004)

Ponto 44

Limitações ao poder de tributar (princípios, imunidades, concessão de benefícios fiscais, CIDEs, CIP, normas constitucionais do ICMS) (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002)

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MUITOIMPORTANTE*

Pontos 45 a 47

ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA:

- Dos Princípios Gerais da Atividade Econômica (princípios, exploração direta pelo Estado, monopólio da União) (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2004, AGU.2002)

- Da Política Agrária, Fundiária e da Reforma Agrária (AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002)

RELEVANTE*

Pontos 1 a 6

Constituição (conceito, objeto, elementos e classificações) (AGU.2012, AGU.2002)

Pontos 15 a 23

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS:

- Princípio da Isonomia (AGU.2008, AGU.2006)

- Legalidade e Reserva Legal (AGU.2008, AGU.2006)

- Mandado de Injunção (AGU.2006, AGU.2002)

- Ação Popular (AGU.2008, AGU.2004)

- Irredutibilidade do salário (AGU.2006, AGU.2004)

Pontos 34 a 40

ORGANIZAÇÃO DOS PODERES:

- TCU (revisão judicial e execução de suas decisões, controle interno e externo) (AGU.2012, AGU.2008)

PODER EXECUTIVO:

- Das Atribuições do Presidente da República (competências privativas do PR) (AGU.2012, AGU.2008)

PODER JUDICIÁRIO:

- Disposições Gerais (AGU.2012, AGU.2004)

- Competência do STJ (AGU.2006, AGU.2004)

Ponto 48

Meio Ambiente (AGU.2012, AGU.2004)

Ponto 51

ADCT (AGU.2012, AGU.2004)

RESIDUAL*

Pontos 1 a 6

Evolução histórica das Constituições brasileiras (AGU.2004)

Pontos 15 a 23

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS:

- Inviolabilidade do domicílio (AGU.2006)

- Sigilo das Comunicações (AGU.2006)

- Direito de propriedade e impenhorabilidade da pequena propriedade rural (AGU.2006)

- MS Coletivo (legitimidade) (AGU.2012)

- Habeas Data (AGU.2006)

- Efetivação de Direitos Sociais e reserva do possível (AGU.2004)

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RESIDUAL*

Pontos 24 a 30

Bens da União, dos Estados, do DF e dos Municípios (AGU.2006)

Intervenção (AGU.2004)

Pontos 31 e 32

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:

- Administração Indireta (AGU.2006)

- Aposentadoria do Servidor (AGU.2006)

Pontos 34 a 40

ORGANIZAÇÃO DOS PODERES:

- PODER LEGISLATIVO:

- Das Comissões (AGU.2012)

- PODER EXECUTIVO:

- Do PR e do Vice (AGU.2006)

- Dos Crimes de Responsabilidade (AGU.2006)

- PODER JUDICIÁRIO:

- Competência da JT (AGU.2006)

Pontos 41 a 43

FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA:

- Do Ministério Público (AGU.2006)

Ponto 49

Índios (AGU.2004)

DIREITO FINANCEIRO

De acordo com o Edital nº 10 – AGU, de 7 de maio de 2012: 1 Finanças públicas na Constituição de 1988. 2 Orçamento. Conceito e espécies. Natureza jurídica. Princípios orçamentários. Normas gerais de direito financeiro (Lei n.º 4.320/64). Fiscalização e controle interno e externo dos orçamentos. 3 Despesa pública. Conceito e classificação. Princípio da legalidade. Técnica de realização da despesa pública: empenho, liquidação e pagamento. Disciplina constitucional e legal dos precatórios. Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar n.º 101/2000). 4 Receita pública. Conceito. Ingressos e receitas. Classificação: receitas originárias e receitas derivadas. Preço público e sua distinção com a taxa. 5 Dívida ativa da União de natureza tributária e não-tributária. 6 Crédito público. Conceito. Empréstimos públicos: classificação, fases, condições, garantias, amortização e conversão. Dívida pública: conceito, disciplina constitucional, classificação e extinção.

Temas recorrentes nas últimas provas objetivas da Advocacia da União (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002):

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MUITOIMPORTANTE*

Pontos 1 e 2

Finanças públicas na Constituição de 1988. Orçamento. Princípios orçamentários (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002)

Ponto 3

Despesa pública:

- Disciplina constitucional dos precatórios (AGU.2012, AGU.2004)

RELEVANTE*

Ponto 2

Normas gerais de direito financeiro - Lei n.º 4.320/64 (classificação das receitas e despesas, execução do orçamento) (AGU.2004, AGU.2002)

Fiscalização e controle interno e externo dos orçamentos (AGU.2012, AGU.2009)

Ponto 3

Despesa pública (Lei Complementar n.º 101/2000):

- Da geração da despesa (AGU.2008, AGU.2006)

- Despesa obrigatória de caráter continuado (AGU.2008, AGU.2004)

RESIDUAL*

Ponto 3

Despesa pública (Lei Complementar n.º 101/2000):

- Do controle da despesa total com pessoal (AGU.2008)

- Definições e limites das despesas com pessoal (AGU.2004)

Ponto 4

Receita pública. Conceito. Ingressos e receitas. Classificação: receitas originárias e receitas derivadas. Preço público e sua distinção com a taxa (AGU.2004)

Ponto 6

Crédito público. Conceito. Empréstimos públicos: classificação, fases, condições, garantias, amortização e conversão. Dívida pública: conceito, disciplina constitucional, classificação e extinção

(AGU.2004)

DIREITO ECONÔMICO

De acordo com o Edital nº 10 – AGU, de 7 de maio de 2012: 7 Ordem constitucional econômica: princípios gerais da atividade econômica. Política agrícola e fundiária e reforma agrária. 8 Ordem jurídico-econômica. Conceito. Ordem econômica e regime político. 9 Ordem econômica internacional e regional. Aspectos da ordem econômica internacional. Definição. Normas: direito econômico internacional. Aspectos da ordem econômica regional. Definição. Normas: direito econômico regional – MERCOSUL. 10 Sujeitos econômicos. 11 Intervenção do Estado no domínio econômico. Liberalismo e intervencionismo. Modalidades de intervenção. Intervenção no direito positivo brasileiro. 12 Lei Antitruste. Disciplina jurídica da concorrência empresarial. Princípios. Infrações contra a ordem econômica. Concorrência ilícita e desleal. Repressão do poder econômico pelo Estado. Abuso do poder econômico. Práticas desleais de comércio. Disciplina das medidas de salvaguarda.

Temas recorrentes nas últimas provas objetivas da Advocacia da União (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002):

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MUITO IMPORTANTE*

Ponto 7

Ordem constitucional econômica:

- Princípios gerais da atividade econômica (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2004, AGU.2002)

- Política agrícola e fundiária e reforma agrária (AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002)

RELEVANTE*

Ponto 9

Ordem econômica internacional e regional. Aspectos da ordem econômica internacional. (AGU.2006)

Direito econômico regional – MERCOSUL (AGU.2012)

Ponto 11

Intervenção do Estado no domínio econômico. Liberalismo e intervencionismo. Modalidades de intervenção. Intervenção no direito positivo brasileiro (AGU.2012)

Ponto 12

Lei Antitruste. Disciplina jurídica da concorrência empresarial. Princípios. Infrações contra a ordem econômica. Concorrência ilícita e desleal. Repressão do poder econômico pelo Estado. Abuso do

poder econômico. Práticas desleais de comércio. Disciplina das medidas de salvaguarda (AGU.2004)

DIREITO TRIBUTÁRIO

De acordo com o Edital nº 10 – AGU, de 7 de maio de 2012: 1 O Estado e o poder de tributar. 2 Direito tributário: conceito e princípios. Tributo: conceito e espécies. Código Tributário Nacional. Normas gerais de direito tributário. 3 Norma tributária: espécies; vigência e aplicação; interpretação e integração; natureza. 4 Obrigação tributária: conceito; espécies; fato gerador (hipótese de incidência); sujeitos ativo e passivo; solidariedade; capacidade tributária; domicílio tributário. 5 Crédito tributário: conceito; natureza; lançamento; revisão, suspensão, extinção e exclusão; prescrição e decadência; repetição do indébito. 6 Responsabilidade tributária. Responsabilidade por dívida própria e por dívida de outrem. Solidariedade e sucessão. Responsabilidade pessoal e de terceiros. Responsabilidade supletiva. 7 Garantias e privilégios do crédito tributário. 8 Sistema Tributário Nacional: princípios gerais. Limitações do poder de tributar. Impostos da União. Impostos dos estados e do Distrito Federal. Impostos dos municípios. Repartição das receitas tributárias. 9 Dívida ativa e certidões negativas. 10 Lei Complementar nº 118/2005.

Temas recorrentes nas últimas provas objetivas da Advocacia da União (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002):

MUITO IMPORTANTE*

Ponto 3

Vigência, aplicação, interpretação e integração da legislação tributária (AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002)

Ponto 4

OBRIGACAO TRIBUTÁRIA:

- Fato Gerador (AGU.2004, AGU.2002)

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Página - 117

MUITO IMPORTANTE*

Ponto 5

CREDITO TRIBUTÁRIO:

- Extinção do Crédito Tributário (pagamento, imputação do pagamento, repetição do indébito tributário, ação anulatória, prescrição e decadência) (AGU.2008, AGU.2006,

AGU.2002)

Ponto 6

RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA (redirecionamento da EF e desconsideração da PJ, substituição tributária, responsável e contribuinte, responsabilidade pessoal e de terceiros)

(AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002)

Ponto 7

GARANTIAS E PRIVILÉGIOS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO (AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002)

Ponto 8

SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL:

- Limitações ao poder de tributar (princípios, imunidades, concessão de benefícios fiscais, CIDEs, CIP, normas constitucionais do ICMS) (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004,

AGU.2002)

- Impostos da União:

.IPI (aspectos jurisprudenciais e normas constitucionais) (AGU.2008, AGU.2004, AGU.2002)

RELEVANTE*

Ponto 4

OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA:

- Disposições Gerais (AGU.2006, AGU.2002)

- Competência e capacidade tributaria (AGU.2008, AGU.2002)

Ponto 5

CREDITO TRIBUTÁRIO:

- Lançamento (AGU.2008, AGU.2002)

- Exclusão do Crédito Tributário (AGU.2006, AGU.2002)

Ponto 8

SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL:

- Impostos dos Estados e do Distrito Federal:

.ICMS (aspectos jurisprudenciais e normas constitucionais) (AGU.2008, AGU.2002)

RESIDUAL*

Ponto 1

O Estado e o poder de tributar (AGU.2002)

Ponto 2

Tributo (conceito, natureza jurídica, espécies) (AGU.2006)

Ponto 4

OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA:

- Solidariedade (AGU.2004)

Ponto 5

CREDITO TRIBUTÁRIO:

- Disposições Gerais (AGU.2006)

Página - 118

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RESIDUAL*

Ponto 8

SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL:

- Impostos da União:

.ITR (aspectos jurisprudenciais e normas constitucionais) (AGU.2004)

- Repartição das receitas tributárias (AGU.2002)

DIREITO AMBIENTAL

De acordo com o Edital nº 10 – AGU, de 7 de maio de 2012: 1 Princípios do Direito Ambiental. 2 A Constituição Federal e o meio ambiente. 3 Repartição de competências em matéria ambiental. 4 Poder de polícia e Direito Ambiental. Licenciamento ambiental. Biossegurança. Infrações ambientais. 5 Responsabilidade ambiental. Conceito de dano. A reparação do dano ambiental. 6 Sistema nacional do meio ambiente. Política nacional do meio ambiente. 7 Estudo de impacto ambiental. Conceito. Competências. Natureza jurídica. Requisitos. 8 Biodiversidade. Principais instrumentos de proteção internacional. Acesso. Política nacional. Proteção jurídica do conhecimento tradicional associado. 9 Proteção às florestas. 10 Áreas de preservação permanente e unidades de conservação. 11 Crimes contra o meio ambiente.

Temas recorrentes nas últimas provas da Advocacia da União e da Procuradoria Federal (nos concursos AGU.2002, AGU.2004, AGU.2006 e PGF.2002 não foi cobrada a matéria Direito Ambiental).

MUITO IMPORTANTE*

Ponto 2

A Constituição Federal e o meio ambiente (AGU.2012-2ªFASE, PGF.2010)

Ponto 3

Repartição de competências em matéria ambiental (PGF.2013, AGU.2012, AGU.2008)

Pontos 4 e 7

Poder de polícia e Direito Ambiental. Licenciamento ambiental. Infrações ambientais. Estudo de impacto ambiental. Conceito. Competências. Natureza jurídica. Requisitos

(PGF.2013, AGU.2012, PGF.2010, AGU.2008, PGF.2007)

Ponto 5

Responsabilidade ambiental. Conceito de dano. A reparação do dano ambiental (AGU.2012-2ªFASE, AGU.2012, PGF.2010, PGF.2007, AGU.2004, PGF.2002)

Ponto 11

Crimes contra o meio ambiente (LEI 9.505/98):

- Da Aplicação da Pena (PGF.2013, AGU.2012, AGU.2008)

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RELEVANTE*

Ponto 1

Princípios do Direito Ambiental (PGF.2010, PGF.2007)

Ponto 10

Áreas de preservação permanente e unidades de conservação:

CÓDIGO FLORESTAL (LEI 12.651/2012):

- Das APPs (AGU.2012, PGF.2010, PGF.2007)

SNUC (LEI 9.985/2000):

- Da Criação, Implantação e Gestão das Unidades de Conservação (AGU.2012, AGU.2008)

Ponto 11

Crimes contra o meio ambiente (LEI 9.505/98):

- Dos Crimes Contra o Meio Ambiente:

. Crimes contra a Fauna (excludentes) (PGF.2010)

RESIDUAL*

Ponto 4

Biossegurança (Lei 11.105/05) (AGU.2012)

Ponto 6

Sistema nacional do meio ambiente. Política nacional do meio ambiente:

-Política Nacional do Meio Ambiente (PGF.2010)

-Instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente (PGF.2013)

Ponto 9

Proteção às florestas (Lei 11.284/06) (PGF.2013)

Ponto 10

Áreas de preservação permanente e unidades de conservação:

CÓDIGO FLORESTAL (LEI 12.651/2012):

-Da Supressão da Vegetação para Uso Alternativo do Solo (PGF.2013)

-Da Agricultura Familiar (PGF.2013)

SNUC (LEI 9.985/2000):

- Disposições Preliminares (conceitos) (AGU.2012)

- Categorias de Unidades de Conservação (PGF.2013, PGF.2010)

Ponto 11

Crimes contra o meio ambiente (LEI 9.505/98):

- Competência para Julgamento dos Crimes Ambientais (PGF.2007)

- Dos Crimes Contra o Meio Ambiente:

. Crimes contra a Administração Ambiental (AGU.2008, PGF.2007)

DIREITO CIVIL

De acordo com o Edital nº 10 – AGU, de 7 de maio de 2012: 1 Aplicação da lei no tempo e no espaço. 2 Interpretação e integração da lei. 3 Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro. 4 Pessoas naturais e jurídicas: capacidade; começo da personalidade e da existência legal; extinção; domicílio. 5

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Bens considerados e si mesmos; reciprocamente considerados; considerados em relação ao titular da propriedade. 6 Bens quanto à possibilidade de comercialização. 7 Bens de família legal e bem de família convencional. 8 Fato jurídico stricto sensu. 9 Ato jurídico em sentido estrito. 10 Negócio jurídico: elementos essenciais gerais e particulares; elementos acidentais; defeitos; forma e prova; nulidade e anulabilidade. 11 Ato ilícito. 12 Prescrição e decadência. 13 Posse: conceito, classificação, aquisição, perda; efeitos e proteção. 14 Aquisição e perda da propriedade móvel e imóvel. 15 Usucapião especial urbana e rural. 16 Modalidade de Condomínio. 17 Direitos reais sobre coisa alheia: de fruição, de garantia e de aquisição. 18 Obrigações: modalidades; modos de extinção (pagamento direto e pagamento indireto); extinção da obrigação sem pagamento; execução forçada por intermédio do Poder Judiciário; consequências da inexecução da obrigação por fato imputável ao devedor (mora, perda e danos e cláusula penal); transmissão (cessão de crédito, cessão de débito e cessão do contrato). 19 Contratos em geral: requisitos de validade, princípios, formação, classificação; efeitos em relação a terceiros; efeitos particulares (direito de retenção, exceptio nom adimpleti contractus, vícios redibitórios, evicção e arras; extinção da relação contratual. 20 Compra e Venda. 21 Troca. 22 Doação. 23 Locação de coisa móvel e imóvel. 24 Prestação de Serviços. 25 Empreitada. 26 Empréstimo: mútuo e comodato. 27 Depósito. 28 Mandato. 29 Seguro. 30 Fiança. 31 Obrigação por declaração unilateral de vontade: promessa de recompensa, gestão de negócios, pagamento indevido e enriquecimento sem causa e títulos de crédito. 32 Obrigações por ato ilícito. 33 Responsabilidade civil: conceito, pressupostos, espécies e efeitos. 34 Responsabilidade civil do fornecedor pelos produtos fabricados e pelos serviços prestados. 35 Responsabilidade civil por dano causado ao meio ambiente e a bens diretos de valor artístico, estético, histórico e paisagístico. 36 Registros públicos.

Temas recorrentes nas últimas provas objetivas da Advocacia da União (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002):

MUITO IMPORTANTE*

Ponto 10

Negócio jurídico (validade, existência e interpretação de negócios Jurídicos) (AGU.2012, AGU.2004)

Ponto 12

Prescrição e decadência (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2004)

Ponto 19

Contratos:

- Extinção da relação contratual (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006)

Pontos 33 a 35

Responsabilidade civil (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004)

Ponto 36

Registros públicos (AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004)

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RELEVANTE*

Pontos 1 a 3

Aplicação da lei no tempo e no espaço. Interpretação e integração da lei. Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro (AGU.2008, AGU.2004)

Ponto 13

Posse: conceito, classificação, aquisição, perda; efeitos e proteção (AGU.2008, AGU.2006)

Ponto 14

Aquisição e perda da propriedade móvel e imóvel (AGU.2008, AGU.2004)

Ponto 19

Contratos:

- Fiança (AGU.2006, AGU.2004)

RESIDUAL*

Ponto 4

Pessoas naturais (personalidade e capacidade, nascituro) (AGU.2012)

Pontos 5 a 7

Bens públicos e bem de família (AGU.2008)

Ponto 17

Direitos reais sobre coisa alheia:

- Servidões (AGU.2008)

- Usufruto (AGU.2004)

- Direito do promitente comprador (AGU.2004)

- Hipoteca (AGU.2004)

Ponto 18

Obrigações:

- Modalidades (AGU.2002)

- Adimplemento, inadimplemento e modos de extinção (AGU.2006)

- Transmissão (cessão de crédito, cessão de débito e cessão do contrato) (AGU.2008)

Ponto 19

Contratos:

- Prestação de Serviços (AGU.2012)

- Empréstimo: mútuo e comodato (AGU.2004)

- Depósito (AGU.2004)

- Mandato (AGU.2012)

Ponto 31

Obrigação por declaração unilateral de vontade: promessa de recompensa, gestão de negócios, pagamento indevido e enriquecimento sem causa e títulos de crédito (AGU.2008)

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

De acordo com o Edital nº 10 – AGU, de 7 de maio de 2012: 1 Jurisdição: contenciosa e voluntária. 2 Órgãos

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da jurisdição. 3 Ação: conceito e natureza jurídica. Condições da ação. Classificação das ações. 4 Processo. Conceito. Natureza jurídica. Princípios fundamentais. Pressupostos processuais. 5 Procedimento ordinário e sumário. 6 Competência: absoluta e relativa. 7 Competência internacional. Homologação de sentença estrangeira. Carta rogatória. 8 Partes. Capacidade e legitimidade. Substituição processual. 9 Litisconsórcio. Assistência. Intervenção de terceiros: oposição, nomeação à autoria, denunciação da lide e chamamento ao processo. Ação regressiva. 10 Formação, suspensão e extinção do processo. 11 Petição inicial. Requisitos. Inépcia da petição inicial. 12 Pedido. Cumulação e espécies de pedido. 13 Atos processuais. Tempo e lugar dos atos processuais. 14 Comunicação dos atos processuais. Citação e intimação. 15 Despesas processuais e honorários advocatícios. 16 Resposta do réu: exceção, contestação e reconvenção. Revelia. Efeitos da revelia. 17 Julgamento conforme o estado do processo. 18 Audiência de instrução e julgamento. 19 Prova. Princípios gerais. Ônus da prova. 20 Sentença. Requisitos e efeitos da sentença. Coisa julgada formal e material. Preclusão. 21 Duplo grau de jurisdição. Recursos. Incidente de uniformização de jurisprudência. 22 Reclamação e correição. 23 Ação rescisória. Querela nullitatis. 24 Ação monitória. 25 Liquidação de sentença. 26 Cumprimento de sentença. Impugnação ao cumprimento da sentença. 27 Execução. Regras gerais. Partes. Competência. Responsabilidade patrimonial e fraudes do devedor. 28 Título executivo judicial e extrajudicial. 29 Execução de títulos extrajudiciais: conceito, espécies, pressupostos, partes, competência e procedimento. 30 Execução por quantia certa contra devedor solvente e contra devedor insolvente. 31 Execução para entrega de coisa. 32 Execução de obrigação de fazer e de não fazer. 33 Execução contra a fazenda pública. 34 Embargos à execução. 35 Ministério Público no processo civil. 36 Ação popular e ação civil pública. 37 Mandado de segurança. 38 Mandado de injunção. 39 Habeas data. 40 Ação declaratória. Declaratória incidental. 41 Suspensão de Segurança, suspensão de liminar e/ou acórdão e suspensão de tutela antecipada (Leis nº 4.348/64, 8.437/92 e alterações posteriores). 42 Recurso Repetitivo no STJ (Lei nº 11.672/08), Repercussão Geral no STF (Lei nº 11.418/06) e Súmula Vinculante (Lei nº 11.417/06). 43 Ação discriminatória, de divisão e demarcação. 44 Ação de usucapião. 45 Ação de consignação em pagamento. 46 Ação de despejo e renovatória. 47 Ação de desapropriação. 48 Ações possessórias. 49 Embargos de terceiro. 50 Ação cível originária nos tribunais. 51 Tutela antecipada e tutela específica. 52 Processo Cautelar. Medidas cautelares específicas. Tutela Inibitória. 53 Juizados especiais. 54 Execução Fiscal.

Temas recorrentes nas últimas provas objetivas da Advocacia da União (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002):

MUITO IMPORTANTE*

Ponto 6

Competência (AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002)

Ponto 9

Litisconsórcio. Assistência. Intervenção de terceiros: oposição, nomeação à autoria, denunciação da lide e chamamento ao processo. Ação regressiva. (AGU.2004,

AGU.2002)

Ponto 10

Formação, suspensão e extinção do processo (AGU.2008, AGU.2006)

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MUITO IMPORTANTE*

Ponto 20

Sentença. Requisitos e efeitos da sentença. Coisa julgada formal e material. Preclusão. (AGU.2006, AGU.2002)

Ponto 21

RECURSOS:

- Princípios Recursais, disposições gerais, efeitos recursais (AGU.2012, AGU.2006, AGU.2004)

- Recurso Adesivo (AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002)

- Agravo de Instrumento (AGU.2012, AGU.2004, AGU.2002)

Ponto 23

Ação rescisória. Querela nullitatis (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006)

Ponto 24

Ação monitória (AGU.2012, AGU.2006)

Pontos 33 e 34

Execução contra a fazenda pública (efeitos dos embargos à execução e reexame necessário, execução da parte incontroversa, precatórios, exceção de pré-executividade) (AGU.2012,

AGU.2002, AGU.2006)

Ponto 37

Mandado de segurança (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2004)

Pontos 51 e 52

Antecipação de tutela, efeitos, tutela específica, distinção entre tutela antecipada e medida cautelar, tutela antecipada contra a Fazenda Pública (AGU.2012, AGU.2006, AGU.2002)

RELEVANTE*

Ponto 3

Ação (Teorias da ação, condições) (AGU.2008, AGU.2002)

Pontos 11 e 12

Petição inicial. Requisitos. Inépcia da petição inicial. Pedido. Cumulação e espécies de pedido (pedido e causa de pedir) (AGU.2008, AGU.2002)

Ponto 21

RECURSOS:

- Embargos de Declaração (efeitos infringentes) (AGU.2008, AGU.2006)

Ponto 27

Execução. Regras gerais. Partes. Competência. Responsabilidade patrimonial e fraudes do devedor. (AGU.2006, AGU.2004)

Ponto 36

Ação popular e ação civil pública (AGU.2008, AGU.2004)

Ponto 49

Embargos de terceiro (AGU.2012, AGU.2008)

Página - 124

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RESIDUAL*

Ponto 8

Partes. Capacidade e legitimidade. Substituição processual (AGU.2002)

Ponto 19

Prova (distribuição do ônus da prova, prova emprestada) (AGU.2008)

Ponto 21

RECURSOS:

- Apelação (AGU.2002)

- Embargos Infringentes (AGU.2006)

- Recurso Especial e Recurso Extraordinário (repercussão geral) (AGU.2008)

Ponto 22

Reclamação e correição (AGU.2012)

Ponto 26

Cumprimento de sentença. Impugnação ao cumprimento da sentença (AGU.2008)

Ponto 41

Suspensão de Segurança, suspensão de liminar e/ou acórdão e suspensão de tutela antecipada (Leis nº 4.348/64, 8.437/92 e alterações posteriores). (AGU.2012)

Ponto 42

Recurso Repetitivo no STJ (Lei nº 11.672/08), Repercussão Geral no STF (Lei nº 11.418/06) e Súmula Vinculante (Lei nº 11.417/06) (AGU.2008)

Ponto 43

Ação discriminatória, de divisão e demarcação (AGU.2008)

Ponto 44

Ação de usucapião (AGU.2008)

DIREITO EMPRESARIAL

De acordo com o Edital nº 10 – AGU, de 7 de maio de 2012: 1 O estabelecimento: conceito e natureza, fundo de comercio e sucessão comercial. 2 Nome empresarial: natureza e espécies. 3 Registro de empresas. 4 O Empresário: requisitos necessários, impedimentos, direitos e deveres em face da legislação vigente. 5 Atos de comercio. 6 Livros comerciais obrigatórios auxiliares: espécies e requisitos e valor probante dos livros comerciais. 7 Contratos de Empresas: noções, requisitos, classificação, formação, meios de provas, contratos de compra e venda e de prestação de serviços, contratos de conta corrente, de abertura de credito, de alienação e contrato de leasing. 8 Responsabilidade dos sócios e administradores. Doutrina da desconsideração da personalidade jurídica. 9 Títulos de credito. 10 Sociedades Empresarias: classificação, características, distinções: sociedades não personificadas, sociedade comum e em conta de participação; sociedades personificadas, sociedade simples, em nome coletivo, em comandita simples, limitada, anônima, em comandita por ações, cooperativa e coligadas – liquidação, transformação, incorporação, fusão e da cisão das sociedades sociedade dependente de autorização. 11 Falência e Recuperação de Empresas. Recuperação Judicial e extrajudicial. Intervenção e Liquidação extrajudicial.

Temas recorrentes nas últimas provas objetivas da Advocacia da União (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006,

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Página - 125

AGU.2004, AGU.2002):

MUITO IMPORTANTE*

Ponto 1

ESTABELECIMENTO (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006)

Ponto 2

NOME EMPRESARIAL (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006)

Ponto 3

REGISTRO DE EMPRESAS (LEI 8.934/94) (AGU.2008, AGU.2006, AGU.2002)

Ponto 4

EMPRESÁRIO E SOCIEDADE EMPRESÁRIA (caracterização e inscrição, capacidade) (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006)

Ponto 7

CONTRATOS DE EMPRESAS:

- Arrendamento Mercantil (Leasing) (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006)

Ponto 9

TÍTULOS DE CRÉDITO:

- Endosso e cessão de crédito (AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002)

Ponto 11

FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS (Pessoas sujeitas à Lei de Falências, efeitos da decretação da falência e do deferimento do processamento da recuperação judicial, ineficácia e

revogação de atos praticados antes da falência) (AGU.2012, AGU.2006, AGU.2004)

RELEVANTE*

Ponto 6

LIVROS COMERCIAIS (AGU.2012, AGU.2006)

Ponto 7

CONTRATOS DE EMPRESAS:

- Contratos bancários (caracterização, contrato de conta-corrente) (AGU.2008, AGU.2006)

Ponto 8

Responsabilidade dos sócios e administradores. Doutrina da desconsideração da personalidade jurídica (AGU.2012, AGU.2008)

Ponto 9

TÍTULOS DE CRÉDITO:

- Letra de Câmbio (aval, aceite, vencimento) (AGU.2012, AGU.2002)

RESIDUAL*

Ponto 9

TÍTULOS DE CRÉDITO:

- Título à Ordem e Título Nominativo (AGU.2012)

- Cheque (AGU.2002)

Ponto 10

SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO (AGU.2012)

SOCIEDADES ANÔNIMAS:

- AÇÕES (Espécies e Classes) (AGU.2012)

- Sociedades coligadas, controladoras ou controladas (AGU.2002)

Página - 126

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DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

De acordo com o Edital nº 10 – AGU, de 7 de maio de 2012: 1 História e fontes de direito dos tratados. 2 Obrigações e compromissos internacionais. 3 Produção de tratados. 4 Negociação e competência negocial. 5 Modelos de internalização de tratados. 6. Processo de formação e incorporação dos tratados no Brasil. 7 Hierarquia. 8 Acordo Executivo. 9 Costume internacional. 10 Entes de direito internacional. 11 Estados. 12 Organizações internacionais. 13 Indivíduo. 14 Responsabilidade internacional do Estado. 15 Reparação: restituição, indenização e satisfação. 16 Responsabilidade internacional objetiva. 17 Direito Internacional Tributário. 18 Direito do mar. 19 Direito internacional da navegação marítima e da navegação aérea. 20 Direito internacional ambiental. 21 Direito internacional do trabalho. 22 Direito de integração. 23 Direito do MERCOSUL. 24 Direito comunitário. 25 Conflitos internacionais. 26 Solução pacífica de controvérsias: conceito, natureza e origem. 27 Segurança coletiva e manutenção da paz. 28 Direito de guerra e neutralidade. 29 Serviço diplomático e consular. 30 Direito internacional penal. 31 Direito internacional econômico. 32 Organização Mundial de Comércio: origem, estrutura institucional e Órgão de Solução de Controvérsias. 33 Proteção internacional dos direitos humanos: história e evolução do regime internacional de proteção dos direitos humanos. 34 A teoria das “gerações” de direitos. 35 Direitos civis e políticos e direitos econômicos, sociais e culturais. 36 Universalidade dos direitos humanos e o relativismo cultural. 37 Declaração Universal dos Direitos Humanos. 38 Os Pactos Internacionais da ONU de 1966. 39 Hierarquia dos tratados de direitos humanos no direito brasileiro. 40 Sistemas de monitoramento multilateral de violação de direitos humanos: relatórios periódicos, comunicações interestatais, petições individuais e investigações motu próprio. 41 Procedimentos especiais no âmbito do Conselho de Direitos Humanos da ONU. 42 Sistema interamericano de direitos humanos. 43 A Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem. 44 Comissão Interamericana de Direitos Humanos: origem, composição e competências. 45 Corte Interamericana de Direitos Humanos: composição e competências. 46 Exequibilidade doméstica das decisões da Corte. 47 Direito à democracia e obrigação de sua promoção. 48 Direito à autodeterminação dos povos. 49 Povos indígenas e comunidades tradicionais em face do Direito Internacional. 50 Anistia. 51 Anistias autoconcedidas no direito internacional.

a A disciplina DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO somente passou a ser cobrada no último concurso de Advogado da União (2012), razão pela qual não foi possível “filtrar” temas passíveis de cobrança no próximo certame.

Temas recorrentes nas últimas provas objetivas da Advocacia da União (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002):

MUITO IMPORTANTE*

Ponto 1

Historia e fontes de direito dos tratados (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2002)

Pontos 25 a 27

Conflitos internacionais. Solução pacifica de controvérsias: conceito, natureza e origem. Segurança coletiva e manutenção da paz (AGU.2012, AGU.2008)

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MUITO IMPORTANTE*

Pontos 33 a 46

(AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002) – em especial:

- Proteção internacional dos direitos humanos: historia e evolução do regime internacional de proteção dos direitos humanos.

- Declaração Universal dos Direitos Humanos.

- Hierarquia dos tratados de direitos humanos no direito brasileiro.

- Sistema interamericano de direitos humanos.

- Comissão Interamericana de Direitos Humanos: origem, composição e competências.

- Corte Interamericana de Direitos Humanos: composição e competências.

RELEVANTE*

Ponto 14

Responsabilidade internacional do Estado (AGU.2012, AGU.2004)

Ponto 18

Direito do mar (AGU.2012, AGU.2008)

Ponto 20

Direito internacional ambiental (AGU.2008, AGU.2004)

RESIDUAL*

Pontos 4 a 6

Negociação e competência negocial. Modelos de internalizarão de tratados. Processo de formação e incorporação dos tratados no Brasil (AGU.2002)

Ponto 9

Costume internacional (AGU.2006)

Ponto 10

Entes de direito internacional (AGU.2002)

Pontos 22 e 23

Direito de integração. Direito do MERCOSUL (AGU.2008)

Ponto 30

Direito internacional penal (AGU.2008)

DIREITO PENAL

De acordo com o Edital nº 10 – AGU, de 7 de maio de 2012: 1 Aplicação da lei penal. Princípios da legalidade e anterioridade. Lei penal no tempo e no espaço. 2 Crime. Conceito. Relação de causalidade. Superveniência de causa independente. Relevância da omissão. Crime consumado, tentado e impossível. Desistência voluntaria e arrependimento eficaz. Arrependimento posterior. Crime doloso, culposo e preterdoloso. Tipicidade (tipo legal do crime). Erro de tipo e erro de proibição. Coação irresistível e obediência hierárquica. 3 Exclusão de ilicitude. 4 Imputabilidade penal. 5 Concurso de pessoas. 6 Efeitos da condenação e da reabilitação. 7 Pena de multa criminal (art. 51 do Código Penal). 8 Ação penal publica e privada. 9 Extinção da punibilidade. 10 Crimes contra a administração pública e Lei nº 8.429/92. 11 (legislação específica). 12 Crimes contra a organização do trabalho. 13 Crimes contra a fé pública.

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Temas recorrentes nas últimas provas da Advocacia da União (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002):

MUITO IMPORTANTE*

PARTE ESPECIAL DO CP

Ponto 10

TÍTULO XI – DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:

PRATICADOS POR PARTICULARES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL:

- Descaminho (AGU.2012-2ªFASE)

Ponto 13

TÍTULO X – DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA:

- Falsidade Documental (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004)

RELEVANTE*

PARTE GERAL DO CP

Ponto 1

TÍTULO I – DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL (AGU.2008, AGU.2004)

Ponto 6

TÍTULO V – DAS PENAS:

- Efeitos da Condenação (AGU.2012, AGU.2008)

Ponto 9

TÍTULO VIII – DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE:

- Prescrição (AGU.2008, AGU.2004)

- Renúncia ao Direito de Queixa e Perdão (AGU.2006, AGU.2002)

PARTE ESPECIAL DO CP

Ponto 10

TÍTULO XI – DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:

PRATICADOS POR FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS:

- Peculato (AGU.2012, AGU.2008)

Ponto12

TÍTULO IV - DOS CRIMES CONTRA A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO (AGU.2006, AGU.2002)

RESIDUAL*

PARTE GERAL DO CP

Ponto 2

TITULO II – DO CRIME:

- Relação de Causalidade (AGU.2002)

- Do Crime Impossível (AGU.2006)

Ponto 3

TITULO II – DO CRIME:

- Excludentes de Ilicitude (AGU.2004)

Ponto 6

TÍTULO V – DAS PENAS:

- Reabilitação (AGU.2008)

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RESIDUAL*

Ponto 9

TÍTULO VIII – DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE:

- Disposições gerais (AGU.2008)

PARTE ESPECIAL DO CP

Ponto 10

TÍTULO XI – DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:

- Aplicação do Princípio da Insignificância (AGU.2012)

PRATICADOS POR FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS:

- Concussão (AGU.2004)

- Corrupção Passiva (AGU.2006)

CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA:

- Denunciação caluniosa (AGU.2002)

Ponto 13

TÍTULO X – DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA:

- Moeda Falsa (AGU.2002)

- Falsidade de Títulos e outros Papéis Públicos (AGU.2006)

DIREITO PENAL (LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA)

De acordo com o Edital nº 10 – AGU, de 7 de maio de 2012: 10 Lei n.º 8.429/92. 11 Crimes relativos à licitação (Lei n.º 8.666/93 e alterações). 12 (no programa de penal). 13 (no programa de penal). 14 Crimes de abuso de autoridade (Lei n.º 4.898/65). 15 Crimes contra a ordem econômica, as relações de consumo e a economia popular (Lei Delegada n.º 4, de 26/9/1962; Lei n.º 1.521/51; Lei n.º 8.078/90; Lei n.º 8.137/90; art. 34 da Lei n.º 9.249/95; Lei n.º 8.176/91; Lei n.º 8.884/94). 16 Crimes de imprensa. 17 Crimes de preconceito (Lei n.º 7.716/89). 18 Crime organizado (Lei n.º 9.034/95). 19 Suspensão condicional do processo (Lei n.º 9.099/95). 20 Interceptação telefônica (Lei n.º 9.296/96). 21 Lavagem de dinheiro (Lei n.º 9.613/98). 22 Crimes contra o sistema financeiro nacional (Lei n.º 7.492/86). Crimes contra a saúde pública no Código Penal, Lei Federal nº 8.080/90, Lei Federal nº 9.434/97e Lei Federal nº 9.263/96.

Temas recorrentes nas últimas provas da Advocacia da União (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002):

MUITO IMPORTANTE*

Ponto 11

Crimes relativos a licitações (Lei 8.666/93) (AGU.2012, PGF.2010, AGU.2008, AGU.2002)

Ponto 15

Crimes contra a ordem econômica, as relações de consumo e a economia popular (Lei 8.137/90; art. 34 da Lei n.º 9.249/95; Lei n.º 8.176/91) (AGU.2012-2ªFASE, AGU.2012,

AGU.2002)

Ponto 19

Suspensão condicional do processo (Lei n.º 9.099/95) (AGU.2012, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002)

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MUITO IMPORTANTE*

Ponto 20

Interceptação telefônica (Lei n.º 9.296/96) (AGU.2012-2ªFASE, AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006)

Ponto 22

Crimes contra o sistema financeiro nacional (Lei n.º 7.492/86) (AGU.2012, AGU.2012-2ªFASE, AGU.2006)

RELEVANTE*

Ponto 16

Crimes de imprensa (AGU.2006, AGU.2002)

Ponto 17

Crimes de preconceito (Lei n.º 7.716/89) (AGU.2012, AGU.2002)

Ponto 18

Crime organizado (Lei n.º 9.034/95 Lei 12.850/2013 LEI NOVA!) (AGU.2012)

Ponto 21

Lavagem de dinheiro (Lei n.º 9.613/98) (AGU.2012, AGU.2008)

RESIDUAL*

Ponto 10

Lei n.º 8.429/92 (AGU.2002)

Ponto 14

Crimes de abuso de autoridade (Lei n.º 4.898/65) (AGU.2002)

DIREITO PROCESSUAL PENAL

De acordo com o Edital nº 10 – AGU, de 7 de maio de 2012: 23 Princípios constitucionais e gerais do Direito Processual Penal. 24 Inquérito Policial; notitia criminis. 25 Ação penal; espécies. 26 Jurisdição; competência. 27 Assistência no processo penal. 28 Prova (artigos 158 a 184 do CPP). Sigilo bancário e sigilo fiscal. 29 Prisão em flagrante. 30 Prisão preventiva. 31 Prisão temporária (Lei n.º 7.960/89). 32 Processos dos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos. 33 Habeas corpus. 34 Busca e apreensão. Interceptação das comunicações. 35 Efeitos civis da sentença condenatória. 36 Restituição das coisas apreendidas. Perdimento de bens. 37 Relações jurisdicionais com autoridade estrangeira. Cooperação internacional na investigação de crimes.

Temas recorrentes nas últimas provas da Advocacia da União (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002):

MUITO IMPORTANTE*

Ponto 25

Ação penal:

- Justa causa para a ação penal (AGU.2012-2ªFASE)

Ponto 26

Competência:

- Da definição da competência JF x JE (nos crimes de racismo, contra a organização do trabalho, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira, contra silvícolas, nos crimes de desvio

de verbas públicas) (AGU.2012, AGU.2004, AGU.2002)

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MUITO IMPORTANTE*

Ponto 37

Relações jurisdicionais com autoridade estrangeira. Cooperação internacional na investigação de crimes (AGU.2012-2ªFASE, AGU.2008)

RELEVANTE*

Ponto 23

Princípios constitucionais e gerais do Direito Processual Penal (AGU.2008, AGU.2004)

Ponto 25

Ação penal:

- Denúncia e queixa (Oferecimento, recebimento, aditamento, “denúncia anônima”...) (AGU.2012, AGU.2002)

Ponto 35

Efeitos civis da sentença condenatória (AGU.2012, AGU.2008)

RESIDUAL*

Ponto 24

Inquérito Policial; notitia criminis (AGU.2004)

Ponto 25

Ação penal:

- Ação Civil Ex Delicto (AGU.2002)

Ponto 26

Competência:

- Competência por conexão (AGU.2002)

Ponto 30

Prisão preventiva (AGU.2012)

Ponto 33

Habeas corpus (hipóteses de cabimento) (AGU.2002)

Ponto 36

Restituição das coisas apreendidas. Perdimento de bens (AGU.2008)

DIREITO DO TRABALHO

De acordo com o Edital nº 10 – AGU, de 7 de maio de 2012: 1 Direito do trabalho. Conceito. Fontes: classificação, hierarquia e solução de conflitos. Princípios do direito do trabalho. 2 Renúncia e transação no direito do trabalho. Comissões de conciliação prévia. 3 Relação de trabalho. Relação de emprego. Distinção. 4 Sujeitos da relação de emprego. Empregado. Espécies. Distinção dos demais trabalhadores (eventual, autônomo, de empreitada). Empregador. Grupo de empresas. Responsabilidade solidaria e subsidiaria. Sucessão. Desconsideração da personalidade jurídica. 5 Contrato individual do trabalho: conceito, elementos e modalidades. Contrato de trabalho e contratos afins (locação de serviços, prestação de serviços, empreitada, sociedade, mandato, representação comercial e parceria rural). Cooperativas. Contratos especiais e profissões regulamentadas. 6 Remuneração e salário. Conceito. Componentes do salário. Modalidades. Parcelas não-salariais. 13º salário. Participação nos lucros e resultados. Equiparação

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salarial. 7 Alteração do contrato de trabalho. Efeitos. Suspensão e interrupção do contrato de trabalho. 8 Paralisação temporária ou definitiva do trabalho em decorrência do factum principis. 9 Força maior no direito do trabalho. 10 Extinção do contrato de trabalho. Espécies. Justas causas de despedida do empregado. Culpa recíproca. Despedida indireta. Dispensa arbitrária. Direitos do empregado decorrentes da extinção. Aviso prévio. Programas de demissão voluntária. 11 FGTS. 12 Estabilidade. Garantia no emprego. Despedida do empregado estável. Reintegração, readmissão e indenização. 13 Duração do trabalho. Jornada de trabalho. Intervalos. Trabalho extraordinário e trabalho noturno. Sistemas de prorrogação e compensação de horas. Trabalho em regime de tempo parcial. Adicionais. 14 Férias. Direitos do empregado, épocas de concessão e remuneração. 15 Descanso semanal remunerado. 16 Segurança e higiene do trabalho. Insalubridade e periculosidade. 17 Trabalho da mulher. 18 Trabalho do menor. 19 Direito coletivo. Organizações sindicais: natureza jurídica, criação, administração e dissolução de sindicatos. Acordos e convenções coletivas de trabalho. Mediação e arbitragem. Direito de greve. Serviços essenciais. Condutas antissindicais e consequências.

Temas recorrentes nas últimas provas objetivas da Advocacia da União (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002):

MUITO IMPORTANTE*

Ponto 4

Sujeitos da relação de emprego (Empregado e empregador. Grupo de empresas. Responsabilidade solidaria e subsidiaria. Sucessão) (AGU.2012, AGU.2006, AGU.2004)

Ponto 6

Remuneração e salário (AGU.2012, AGU.2006, AGU.2002)

Ponto 7

Alteração do contrato de trabalho. Suspensão e interrupção do contrato de trabalho (AGU.2012, AGU.2006, AGU.2004)

Ponto 12

Estabilidade (estabilidades provisórias) (AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004)

Ponto 19

Direito coletivo (criação de sindicatos, acordos e convenções coletivas de trabalho, direito de greve) (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006)

RELEVANTE*

Ponto 5

Contrato individual do trabalho (conceito, elementos e modalidades. Cooperativas) (AGU.2012, AGU.2006)

Ponto 13

Duração do trabalho (AGU.2008, AGU.2006)

Ponto 16

Segurança e higiene do trabalho. Insalubridade e periculosidade (AGU.2008, AGU.2006)

RESIDUAL*

Ponto 1

Direito do trabalho (fontes) (AGU.2004)

Ponto 14

Férias (AGU.2006)

Ponto 17

Trabalho da mulher (AGU.2006)

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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

De acordo com o Edital nº 10 – AGU, de 7 de maio de 2012: 20 Direito processual do Trabalho. Fontes. Princípios. O jus postulandi. 21 Justiça do Trabalho. Organização. Competência. As alterações introduzidas pela Emenda Constitucional n.o 45/2004. 22 Processo do trabalho. Atos processuais. Formas de comunicação dos atos processuais. Procedimentos. Nulidades no processo do trabalho. Decisões judiciais. Termo de conciliação e sua eficácia. 23 Recursos no processo do trabalho: princípios gerais, prazos, pressupostos, requisitos e efeitos. Recursos em espécie: recurso ordinário, agravo de petição, agravo de instrumento, recurso de revista, embargos no TST e embargos de declaração. Agravo regimental. Recurso adesivo. 24 Liquidação de sentença. Execução provisória e definitiva no processo trabalhista. Meios de defesa. Execução contra a Fazenda Publica. 25 Execução das contribuições sociais na Justiça do Trabalho. Competência. Legitimidade. Procedimento. Lei n.o 10.035/2000. Prerrogativas do Fisco. 26 Ação rescisória no processo do trabalho.

Temas recorrentes nas últimas provas objetivas da Advocacia da União (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002):

MUITO IMPORTANTE*

Ponto 23

Recursos no processo do trabalho:

- Recurso de revista (AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002)

Ponto 26

Ação rescisória no processo do trabalho (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002)

RELEVANTE*

Ponto 23

Recursos no processo do trabalho:

- Prazos (AGU.2012, AGU.2002)

- Pressupostos e requisitos (AGU.2006, AGU.2002)

- Recurso ordinário (AGU.2012, AGU.2004)

- Agravo de petição (AGU.2004, AGU.2002)

- Embargos no TST (AGU.2008, AGU.2006)

Ponto 24

Meios de defesa (AGU.2006, AGU.2004)

RESIDUAL*

Ponto 20

Direito processual do Trabalho:

- Princípios (AGU.2008)

Ponto 21

Justiça do Trabalho (AGU.2012)

Ponto 22

Processo do trabalho:

- Atos processuais e formas de comunicação (AGU.2006)

- Procedimento sumaríssimo (AGU.2004)

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RESIDUAL*

Ponto 23

Recursos no processo do trabalho:

- Efeitos (AGU.2012)

- Embargos de declaração (AGU.2008)

- Prerrogativas da Fazenda em matéria de recursos (AGU.2012)

Ponto 24

Execução no processo trabalhista (AGU.2008)

Execução contra a Fazenda Publica (AGU.2004)

DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL

De acordo com o Edital nº 10 – AGU, de 7 de maio de 2012: 1 Seguridade social: origem e evolução legislativa no Brasil; conceito; organização e princípios constitucionais. 2 Regime Geral da Previdência Social: beneficiário, benefícios e custeio. 3 Salário-de-contribuição: conceito, parcelas integrantes e excluídas, limites mínimo e máximo; salário-base, enquadramento, proporcionalidade e reajustamento. 4 Planos de benefícios da previdência social: espécies de benefícios e prestações, disposições gerais e específicas, períodos de carência, salário-de-benefício, renda mensal do benefício, reajustamento do valor do benefício. 5 PIS/PASEP. 6 Entidades de previdência privada: conceito e finalidades, constituição, organização, funcionamento e fiscalização. 7 Entidades abertas: regulamentos, requisitos essenciais, vinculação ao Sistema Nacional de Seguros Privados (órgãos normativo e executivo); operações; disposições especiais. 8 Entidades fechadas: posição em relação à seguridade social oficial; entes patrocinadores e supervisão das atividades das entidades fechadas; Ministério da Previdência Social: competência em relação às entidades fechadas; operações; entidades fechadas de previdência privada e suas patrocinadoras no âmbito da administração pública federal. 9 Previdência privada versus previdência pública. 10 Fundos de pensão. 11 Legislação acidentária. Regulamento do seguro de acidentes do trabalho (urbano e rural). Moléstia profissional.

Temas recorrentes nas últimas provas objetivas da Advocacia da União (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002):

MUITO IMPORTANTE*

Ponto 1

Seguridade social:

- Normas constitucionais sobre a Seguridade Social, princípios correlatos e repercussões da EC 20/98 (AGU.2012, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002)

Ponto 4

Espécies de benefícios e prestações:

- Salário-maternidade (AGU.2012, AGU.2006, AGU.2004)

Períodos de carência (AGU.2012, AGU.2006, AGU.2004)

Pontos 6 a 10

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004)

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RELEVANTE*

Ponto 2

Regime Geral da Previdência Social:

- Beneficiário (AGU.2006, AGU.2004)

Ponto 3

Salário-de-contribuição:

- Parcelas integrantes e excluídas, (AGU.2006, AGU.2004)

Ponto 5

PIS/PASEP (AGU.2006, AGU.2004)

Ponto 11

Acidentes do trabalho (caracterização e aspectos sobre a indenização) (AGU.2012, AGU.2004)

RESIDUAL*

Ponto 1

Seguridade social:

- Origem e evolução legislativa (AGU.2006)

Ponto 4

Espécies de benefícios e prestações:

- Auxílio-reclusão (AGU.2006)

Reajustamento do valor do benefício (AGU.2012)

* A classificação da relevância de cada tema leva em consideração a reincidência do assunto nas provas anteriores do CESPE para a carreira de Advogado da União e a repetição do assunto em diversos itens de uma mesma prova, o que sugere certa preferência da banca. Alguns pontos do edital, de cobrança esporádica, não foram incluídos na tabela, o que não significa, contudo, dispensa do seu estudo por parte do candidato.

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COMPILADO DE JURISPRUDÊNCIA STJ/STF:

CRIMES RELATIVOS A LICITAÇÕES (LEI 8.666/93)Tema muito importante para as provas de Advogado da União (ponto 11 do programa de Direito

Penal)

JURISPRUDÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇAJulgados relevantes (2012 a agosto de 2014)

Exigência de dolo específico e efetivo dano ao erário no crime previsto no art. 89 da Lei de Licitações:

A Corte Especial, por maioria, entendeu que o crime previsto no art. 89 da Lei n. 8.666/1993 exige dolo específico e efetivo dano ao erário. (APn 480-MG, CORTE ESPECIAL, DJe 15/06/2012, noticiado no Informativo n.º 494) (ATENÇÃO! JÁ FOI COBRADO PELO CESPE)

Exigência de dolo direto e efetivo dano ao erário no crime previsto no art. 92 da Lei de Licitações:

“(...) Segundo a jurisprudência desta Corte, o crime do artigo 92 da Lei 8.666/1992 depende, ademais da existência de prejuízo para a Administração, do reconhecimento de dolo direto, não se admitindo apenas a modalidade eventual. O elemento subjetivo, entrementes, especializa-se (figura, em doutrina antiga, denominada como dolo específico), não bastando o dolo genérico. (...)” (HC 253.013/SP, SEXTA TURMA, DJe 04/08/2014)

Consumação do crime previsto no art. 89 da Lei de Licitações:

“(...) O delito tipificado no art. 1.º, XI, do Decreto-Lei n.º 201/67, assim como o de dispensa ou inexigibilidade de licitação, previsto no art. 89 da Lei n.º 8.666/93, consuma-se no exato momento em que é celebrado o contrato sem que lhe tenha precedido o procedimento licitatório, quando exigido por lei, sendo certo que eventual entrega do bem ou conclusão da obra contratada se constitui em mero exaurimento da conduta. Precedentes STJ. (...)” (HC 240.144/PB, QUINTA TURMA, DJe 29/04/2014)

“(...) O crime de dispensa de licitação é de consumação instantânea, que ocorre no momento em que é praticado o ato administrativo que libera a realização do certame, fora das hipóteses previstas em lei. (...)” (RHC 33.965/MS, SEXTA TURMA, DJe 19/12/2013)

Participação no crime previsto no art. 89 da Lei de Licitações:

“(...) O delito previsto no artigo 89 da Lei n. 8.666/93, embora se trate de crime próprio, admite a responsabilização não só do administrador público que detém o poder decisório acerca da legalidade, conveniência e oportunidade da contratação mediante dispensa ou inexigibilidade de licitação, mas também daquele que concorre para tal evento, ainda que na qualidade de partícipe, nos termos do artigo 29, caput, do Código Penal. (...)” HC 133367 / SE, Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, Data do Julgamento 12/06/2012, DJe 22/06/2012.

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Concurso material entre fraude em licitação e desvio de verba pública:

“(...) Não há subsunção dos crimes de fraude em licitação (arts. 90 e 92 da Lei n.º 8.666/93) no de desvio de verba pública (art. 1.º, inciso I, do Decreto-Lei n.º 207/67), cujos bens jurídicos tutelados são notoriamente distintos, sendo que aqueles não são meio necessário para este. Na linha do parecer ministerial, “Aquele que, como os Recorrentes, frustra a competitividade de licitação, e, além disso, apropria-se dos recursos públicos relativos ao respectivo contrato, comete dois delitos, em concurso material [CP: art. 69 (caput)].” (...)” (AgRg no REsp 1.293.176/PR, QUINTA TURMA, DJe 07/03/2014)

Concurso formal entre os crimes dos arts. 90 e 96, I, da Lei de Licitações:

“Não configura bis in idem a condenação pela prática da conduta tipificada no art. 90 da Lei 8.666/1993 (fraudar o caráter competitivo do procedimento licitatório) em concurso formal com a do art. 96, I, da mesma lei (fraudar licitação mediante elevação arbitraria dos preços). Isso porque se trata de tipos penais totalmente distintos. Com efeito, enquanto no crime do art. 90 o agente busca eliminar a competição ou fazer com que esta seja apenas aparente, no crime do art. 96, I, atinge-se diretamente a licitação, elevando arbitrariamente os preços em prejuízo da Fazenda Pública. Dessa forma, caracterizadas as duas espécies delitivas, um crime não estará absorvido pelo outro.” (REsp 1.315.619/RJ, QUINTA TURMA, DJe 30/08/2013, noticiado no Informativo n.º 530)

Conflito aparente entre o DL 201/67 e a Lei de Licitações:

“(...) Conquanto o Decreto-Lei nº 201/67 seja norma especial porque institui crimes próprios praticados por prefeitos e vereadores, a Lei nº 8.666/90 também é especial porque tipifica os crimes praticados em procedimentos licitatórios, disciplinando especificamente o tema relativo às licitações públicas. 2. Tratando-se de normas com equivalência hierárquica e incidência nos âmbitos municipal, estadual e federal, resta dirimir o conflito aparente de normas pelo critério cronológico, prevalecendo o artigo 89 da Lei nº 8.666/90 para os atos praticados após a sua entrada em vigor. 3. Recurso improvido.” (REsp 1.288.855/SP, SEXTA TURMA, DJe 29/10/2013)

Irresponsabilidade penal da pessoa jurídica nos crimes contra as licitações:

“(...) A responsabilidade penal da pessoa jurídica é adstrita às hipóteses previstas na Constituição da República, o que não é o caso dos autos (crimes contra as licitações). 2. A pessoa jurídica tem existência distinta das pessoas de seus sócios, não se podendo presumir que entre elas exista solidariedade. 3. O Princípio da Pessoalidade estabelece que a pena não pode passar da pessoa do condenado (art. 5º, XLV, da CF). 4. Condenado apenas um dos sócios da pessoa jurídica pelo cometimento de fraude a licitação, a determinação de não pagamento, pelo ente público, à empresa contratada constitui inadmissível ampliação dos limites da lide.” (RMS 25848/RJ, QUINTA TURMA, DJe 03/02/2014)

“(...) O fato de a empresa não ser denunciada juntamente com o seu sócio pelos crimes previstos no artigos 90 e 95 da Lei 8.666/93 não proíbe a investigação administrativa desta, máxime, ao se verificar que a referida lei não prevê sanções penais para as pessoas jurídicas. III - Atuando o sócio de forma a fraudar licitações procurando obter vantagem ilícita para a sua empresa, tem-se viabilizada a

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responsabilização desta na via administrativa. IV - Recurso ordinário improvido.” (RMS 35221/BA, PRIMEIRA TURMA, DJe 09/08/2012)

Rito especial dos crimes da Lei 8.666/93:

“(...) Segundo regra contida no art. 394, § 2º, do Código de Processo Penal, o procedimento comum será aplicado no julgamento de todos os crimes, salvo disposições em contrário do próprio Código de Processo Penal ou de lei especial. Logo, se para o julgamento dos delitos disciplinados na Lei n.º 8.666/1993 há rito próprio, no qual o interrogatório inaugura a instrução probatória, é de se afastar o rito ordinário em tais casos, em razão da especialidade. (...)” (RHC 40.514/MG, QUINTA TURMA, DJe 16/05/2014)

Inaplicabilidade do procedimento especial dos funcionários públicos aos crimes contra as licitações (= STF):

“(...) O procedimento especial previsto nos artigos 513 a 518 do Código de Processo Penal só se aplica aos delitos funcionais típicos, descritos nos artigos 312 a 326 do Código Penal. Precedentes. 2. No caso dos autos, os recorrentes foram denunciados pelo crime de fraude à licitação, o que afasta a incidência do artigo 514 do Estatuto Processual. 3. Recurso improvido.” (RHC 37309/PE, QUINTA TURMA, DJe 17/09/2013) (ATENÇÃO! JÁ FOI COBRADO PELO CESPE)

“(...) A defesa prévia é necessária apenas em crimes funcionais próprios e na hipótese de estar embasada exclusivamente em representação. A denúncia imputa ao Paciente crime de fraude à licitação - que pode ser praticado por qualquer pessoa -, sendo desnecessária, portanto, a obediência à regra do art. 514 do Código de Processo Penal. (...)” (HC 218.663/RJ, QUINTA TURMA, DJe 23/11/2012)

Perda do cargo como efeito da condenação por crimes contra as licitações:

“Os efeitos extrapenais de decisum condenatório de agente político (prefeito) não podem alcançar novo mandato de modo a afastá-lo do cargo atual. Na hipótese, a interpretação extensiva do art. 83 da Lei de Licitações e Contratos não pode ser admitida porque o mandato do recorrido (2001-2004) expirou antes de ele ser julgado pelo crime cometido, não podendo perder o cargo atual para o qual foi reeleito em 2009. É que a perda do cargo público (sanção administrativa) é um efeito da condenação pelos crimes definidos na lei supradita, logo o afastamento deve ser daquele cargo que permitiu o cometimento do crime, e não de outro que, no futuro, venha a ser ocupado pelo condenado, como ocorreu na espécie. Ademais, ressaltou-se que, em observância ao princípio da legalidade, caso o legislador objetivasse proibir novas investiduras em cargos públicos de agente político criminalmente condenado, deveria, como efeito da sanção penal – nos termos do dispositivo mencionado –, afirmar literalmente tal impedimento legal (como ocorre, por exemplo, na denominada Lei da Ficha Limpa, em relação à inelegibilidade para cargo público), entretanto, in casu, essa determinação não ocorreu.” (REsp 1.244.666-RS, SEXTA TURMA, DJe 27/08/2012, noticiado no Informativo n.º 502)

JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERALJulgados relevantes (2012 a agosto de 2014)

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Dolo específico no crime do art. 90 da Lei de Licitações:

“(...) Assim, a norma do art. 90 da Lei 8.666/93 (...) seria crime próprio, restrito a quem interviesse em procedimento licitatório, a abranger agente público ou particular, desde que participasse do ajuste para impedir a regular disputa no processo de licitação. Analisou que o dolo seria específico no sentido de obtenção da vantagem indevida por meio da fraude ou frustração ao caráter competitivo. Explicou que, no caso em exame, a forma de cerceamento da ampla competição teria sido feita por meio de fracionamento dos valores das obras contratadas, para que as licitações ocorressem por convite, ao invés de tomada de preços. Dessa maneira, as licitações indevidamente realizadas seriam dirigidas a determinados fornecedores de bens e serviços, e nisso constituir-se-ia a fraude. No ponto, destacou que as obras teriam sido realizadas e que não houvera superfaturamento, mas esses fatos não obstariam o aperfeiçoamento do tipo penal, que não exigiria resultado naturalístico. (...)” (AP 565/RO, TRIBUNAL PLENO, DJe 23-05-2014, noticiado no Informativo n.º 714)

Consumação do crime do art. 90 da Lei de Licitações:

“(...) O Plenário desta Corte já decidiu que o delito previsto no art. 90 da Lei 8.666/1993 é formal, cuja consumação dá-se mediante o mero ajuste, combinação ou adoção de qualquer outro expediente com o fim de fraudar ou frustar o caráter competitivo da licitação, com o intuito de obter vantagem, para si ou para outrem, decorrente da adjudicação do seu objeto, de modo que a consumação do delito independe da homologação do procedimento licitatório. (...)” (HC 116.680/DF, SEGUNDA TURMA, DJe 13-02-2014)

Inaplicabilidade do procedimento especial dos funcionários públicos aos crimes contra as licitações (= STJ):

“(...) Não há falar em nulidade do processo em face da não observância do disposto no art. 514 do CPP, pois é da jurisprudência desta Corte que o referido dispositivo processual se reserva às hipóteses em que se imputa a prática de crimes funcionais típicos, o que não é o caso do art. 90 da Lei de Licitações. (...)” (RHC 117.209/RJ, SEGUNDA TURMA, DJe 11-03-2014)

Escolha de modalidade licitatória diversa daquela exigida pela lei constitui fraude à licitação:

“(...) A escolha de modalidade licitatória diversa daquela exigida pela lei, com o fracionamento de despesa, constitui fraude ao caráter competitivo inerente à licitação. Condenação de Ivo Narciso Cassol, Salomão da Silveira e Erodi Antonio Matt pela prática, por doze vezes, do crime previsto no art. 90 da Lei 8.666/93. (...)” (AP 565/RO, TRIBUNAL PLENO, DJe 23-05-2014)

Parecer de Procuradoria Jurídica pela inexigibilidade da licitação não caracteriza, de per si, o crime de dispensa irregular de licitação:

“(...) O dolo, consubstanciado na vontade livre e consciente de praticar o ilícito penal, não se faz presente quando o acusado da prática do crime do art. 89 da Lei nº 8.666/93 (“Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou deixar de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à

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inexigibilidade”) atua com fulcro em parecer da Procuradoria Jurídica no sentido da inexigibilidade da licitação. 3. In casu, narra a denúncia que o investigado, na qualidade de Diretor da Secretaria Municipal de Esportes e Lazer, teria solicitado, mediante ofício ao Departamento de Controle e Licitações, a contratação de bandas musicais ante a necessidade de apresentação de grande quantidade de bandas e grupos de shows musicais na época carnavalesca, sendo certo que no Diário Oficial foi publicada a ratificação das conclusões da Procuradoria Jurídica, assentando a inexigibilidade de licitação, o que evidencia a ausência do elemento subjetivo do tipo no caso sub judice, tanto mais porque, na área musical, as obrigações são sempre contraídas intuitu personae, em razão das qualidades pessoais do artista, que é exatamente o que fundamenta os casos de inexigibilidade na Lei de Licitações – Lei nº 8.666/93. 4. Denúncia rejeitada por falta de justa causa – art. 395, III, do Código de Processo Penal.” (Inq 2482/MG, TRIBUNAL PLENO, DJe 17-2-2012)

Prefeito Municipal, ainda que não seja ordenador de despesas, pode ser processado criminalmente pelos crimes previstos na Lei 8.666/93:

“O Prefeito Municipal, ainda que não seja ordenador de despesas, pode ser processado criminalmente pelos crimes previstos na Lei 8.666/93 – Lei das Licitações, se a acusação o enquadrar como mentor intelectual dos crimes.” (Inq 2.578/PA, TRIBUNAL PLENO, DJe 18-09-2009 – julgado de 2009 incluído por sua relevância) (ATENÇÃO! JÁ FOI COBRADO PELO CESPE)

Competência para o processo e julgamento do crime previsto no art. 89 da Lei de Licitações:

“É de competência da Justiça estadual processar e julgar agente público estadual acusado de prática de delito de que trata o art. 89 da Lei 8.666/1993, não sendo suficiente para atrair a competência da Justiça Federal a existência de repasse de verbas em decorrência de convênio da União com Estado-membro.” (RE 605.609-AgR/SC, PRIMEIRA TURMA, DJe 01-02-2011 – julgado de 2011 incluído por sua relevância) (ATENÇÃO! JÁ FOI COBRADO PELO CESPE)

Independência de instâncias:

“Eventual decisão do Tribunal de Contas da União sobre as contas da Administração não constitui condição de punibilidade dos crimes da Lei 8.666/1993. A relação entre a esfera de contas e a esfera judicial-penal é de independência. Essas instâncias são independentes ou autônomas, não ficando condicionadas a abertura do inquérito nem a propositura da denúncia à conclusão de um eventual processo de julgamentos de contas em qualquer Tribunal de Contas do País, inclusive o TCU.” (HC 103.725/DF, SEGUNDA TURMA, DJ 01-02-2012) (ATENÇÃO! JÁ FOI COBRADO PELO CESPE)

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TÓPICOS ESPECIAIS PARA A PFNElaborado pelo mediador Camillo Piana, Procurador da Fazenda Nacional.

Olá, futuros e futuras colegas.

Inauguro aqui, atendendo a pedidos, esse espaço idealizado para aqueles que querem complementar seus estudos também com vistas ao concurso de Procurador da Fazenda Nacional.

A ideia é trazer a cada rodada algum tema de grande relevância e importância para as atividades fins da PGFN. Pelo histórico das provas passadas nota-se claramente essa tendência e inclinação da banca por temas do cotidiano da instituição, com um grande enfoque prático nas provas, geralmente abordando importantes e recentes discussões travadas diariamente no âmbito dos Tribunais.

Não teremos uma forma fechada de estudo, de modo que as matérias serão abordadas da maneira que eu reputar mais adequada e proveitosa, naquele caso específico, para o nosso estudo.

Para começar, acabei optando por comentar e resolver a peça judicial do último certame da PGFN, realizado no ano de 2012/2013, e que foi o concurso no qual logrei aprovação.

A situação trazida pelo examinador foi a seguinte:

PROVA DISCURSIVA II

PEÇA JUDICIAL

A Empresa X atua no ramo de importação, exportação e comércio de peças para automóveis. Exercendo regularmente suas atividades, nos meses de fevereiro de 2002, março de 2003, junho de 2004 e agosto de 2005, procedeu a importações de produtos estrangeiros e os revendeu no mercado interno, realizando o adimplemento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) incidente no desembaraço aduaneiro.

Ocorre que, segundo a Receita Federal do Brasil, o IPI é devido não só no momento do desembaraço aduaneiro da mercadoria importada, mas também quando da sua comercialização no mercado interno (saída do estabelecimento importador). Por tal razão, lavrou-se um auto de infração (com notificação do contribuinte para apresentar impugnação em setembro de 2007) que proporcionou a respectiva constituição definitiva do crédito tributário em maio de 2010. Todos os fatos geradores acima referidos foram contemplados na autuação.

Diante de tais acontecimentos, a Empresa X ajuizou demanda anulatória circunscrita ao lançamento tributário referido, visando à sua desconstituição em face da ilegalidade e da inconstitucionalidade da exação. Procedeu ao depósito judicial do valor integral do tributo exigido.

Após o regular trâmite do feito perante Vara Federal, a sentença, julgando procedente o pedido para anular o lançamento tributário e impedir novas autuações em relação a importações que venham a se concretizar no futuro, assim se pronunciou:

a) Consumou-se a decadência do direito de constituir o crédito tributário em relação aos fatos geradores

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ocorridos em fevereiro de 2002, março de 2003 e junho de 2004.

b) O aspecto material da regra matriz de incidência do IPI é a operação de industrialização. Como o importador-comerciante não industrializa o produto que revende, não pode ser identificado como contribuinte do tributo (equiparado a industrial), sob pena de violação ao texto constitucional.

c) Uma interpretação conforme à constituição do art. 46 do CTN conduz à conclusão de que as hipóteses de incidência do IPI ali previstas são alternativas e excludentes, sendo vedada a sua cumulação em face do mesmo fato gerador.

d) Haverá bitributação, caso se entenda possível a incidência do tributo na entrada e na saída do estabelecimento importador. O Contribuinte pagará duplamente o imposto.

e) A dupla incidência viola o princípio da isonomia, porquanto o industrial brasileiro só paga o tributo em uma ocasião.

f ) Liberação do depósito judicial, pois a sentença de procedência é apta a suspender a exigibilidade do crédito tributário, tornando excessivamente onerosa para a Autora a manutenção da garantia.

Diante da sentença prolatada, na qualidade de Procurador da Fazenda Nacional, apresente a peça processual pertinente, fundamentada em razões de fato e de direito, considerando que já transcorreram 13 (treze) dias desde a sua regular intimação à Procuradoria da Fazenda Nacional. Ao final, a título de assinatura, consigne apenas “Procurador da Fazenda Nacional”.

De cara, já chamo atenção dos Srs. para a seguinte informação constante do último parágrafo do enunciado da questão: “...considerando que já transcorreram 13 (treze) dias desde a sua regular intimação à Procuradoria da Fazenda Nacional”.

Esse dado não está aí por acaso, mas por uma razão bem simples, qual seja, eliminar a possibilidade de que alguns candidatos optassem por interpor o recurso de embargos de declaração, os quais em tese também se afigurariam cabíveis diante de tal ato decisório.

Como no caso da Fazenda Pública o prazo para a oposição dos EDcl é de 10 dias (5 x 2, tendo em conta a contagem diferenciada prevista no art. 188 do CPC), o recurso adequado e tempestivo para impugnar a sentença de primeiro grau, considerando o já transcurso de 13 dias, seria a apelação, cujo o prazo para interposição é de 30 dias (15 x 2).

Pois bem, antes da elaboração da peça propriamente dita, aconselho que o candidato faça um esboço mínimo acerca dos pontos a serem impugnados e desenvolvidos no recurso.

Como o objetivo aqui não é simplesmente trazer a resposta pronta, mas sim comentar os temas envolvidos no problema, revisando-os também, optei por comentá-los separadamente seguindo uma ordem lógica de raciocínio. Ao final trago sugestivamente a estrutura formal da apelação que costumo utilizar e seguir.

1. Liberação do depósito judicial realizado pela parte autora.

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A “letra f” do enunciado informa que, dentre outras coisas, na sentença de primeiro grau constou a seguinte determinação: “Liberação do depósito judicial, pois a sentença de procedência é apta a suspender a exigibilidade do crédito tributário, tornando excessivamente onerosa para a Autora a manutenção da garantia”.

Pois bem. O depósito judicial em dinheiro do montante tributário exigido, feito incidentalmente ou no bojo de demanda anulatória fiscal, é prática recorrente no cotidiano do contencioso fiscal. Isso porque o depósito do montante integral e em moeda das quantias exigidas pelo Fisco implica na suspensão da exigibilidade do crédito tributário, conforme o art. 151, do CTN, c/c o teor da Súmula nº 112 do Superior Tribunal de Justiça:

Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:

II - o depósito do seu montante integral;

STJ, súmula nº 122. O depósito somente suspende a exigibilidade do crédito tributário se for integral e em dinheiro.

Daí se extraem ao menos três efeitos favoráveis ao contribuinte depositante: (a) primeiro, suspensa a exigibilidade, impede-se a continuidade dos atos de cobrança pela Fazenda credora; (b) segundo, afasta-se a responsabilidade do contribuinte pela atualização e remuneração do capital depositado, que fica transferida à instituição bancária depositária; (c) terceiro, o contribuinte passa a usufruir, quanto ao débito objeto de depósito, de certidão positiva com efeitos de negativa – CPEN (ex vi do art. 206 do CTN).

No nosso caso tem-se que o comando judicial, ao mesmo tempo em que acolhe os pedidos da autora, determina o imediato levantamento, pela contribuinte, das quantias depositadas.

Tal entendimento destoa da melhor interpretação conferida ao tema, além de ser nitidamente prejudicial aos interesses fazendários, vez que a autora levantará os valores e, mesmo que fique mantido o auto de infração contra ela lançado, caberá ao Fisco propor a execução fiscal sem a garantia alguma de êxito na busca de bens penhoráveis da devedora para satisfação do crédito público.

Com efeito, à míngua de existir qualquer pedido da parte autora nesse sentido, deve se ter presente que, uma vez realizado o depósito acessoriamente à demanda anti-exacional, sua liberação somente pode ocorrer com o trânsito em julgado do correlato processo.

Isso porque os depósitos só podem ser liberados em favor de qualquer das partes após o trânsito em definitivo da decisão que solucionar a lide. O § 2º, do art. 32, da Lei 6.830⁄80, é cristalino ao afirmar: “Após o trânsito em julgado da decisão, o depósito, monetariamente atualizado, será devolvido ao depositante ou entregue à Fazenda Pública, mediante ordem do juízo competente”.

Há jurisprudência antiga firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça no sentido de que efetuado o depósito para assegurar a suspensão da exigibilidade do crédito tributário (CTN, art. 151, II), sendo convertido em renda da União em caso de insucesso do contribuinte, igualmente não pode ser levantado antes de sentença a este favorável, transitada em julgado.

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Nesse norte, destaca-se ser ele, depósito, feito também em garantia da Fazenda Nacional:

PROCESSUAL CIVIL - AGRAVO REGIMENTAL - PREQUESTIONAMENTO - LEVANTAMENTO DE DEPÓSITO JUDICIAL - PRECEDENTES. (...) 2. Não é possível o levantamento de depósito judicial, suspensivo da exigibilidade do crédito tributário, antes do trânsito em julgado. Precedentes. 3. Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 154.710/PE, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 06/06/2000, DJ 01/08/2000, p. 223)

5. Se a ação de inexistência de relação jurídica em que a recorrente pleiteava o direito de não pagar a contribuição para o desenvolvimento da indústria cinematográfica – ação principal – foi julgada improcedente, tendo transitado em julgado, os valores depositados nos autos da ação cautelar, com o fim de suspender a exigibilidade do crédito tributário, serão convertidos em renda a favor da União, que saiu vitoriosa no pleito. 6. Jurisprudência iterativa deste STJ. Recurso desprovido. (REsp 662.612/RJ, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 02/12/2004, DJ 28/02/2005, p. 241)

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. LEVANTAMENTO DE DEPÓSITO JUDICIAL EFETUADO PARA SUSPENDER A EXIGIBILIDADE TRIBUTÁRIA ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA. INADMISSIBILIDADE. PRECEDENTES. (...) 2. Consoante farta jurisprudência desta Corte, é vedado ao contribuinte o levantamento do depósito judicial, efetuado em ação cautelar para suspender a exigibilidade do crédito tributário, antes do trânsito em julgado da ação principal. Inteligência do art. 32, § 2º, da Lei nº 6.830/80. Precedentes das 1ª e 2ª Turmas desta Corte Superior (REsp 323.307/SP, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 12/06/2001, DJ 03/09/2001, p. 158)

PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANÇA. LIMINAR GARANTIDA POR DEPÓSITO PARA SUSPENDER A EXIGIBILIDADE (CTN, ART. 151, II). 1. A compensação ou a conversão em renda do valor depositado pura suspender a exigibilidade do credita tributário somente viabiliza-se após o trânsito em julgado do provimento judicial terminativo do litígio, favorável ao contribuinte. (REsp n° 267587⁄SP, 1ª Turma, Rel. Min. MILTON LUIZ PEREIRA, DJ de 27⁄11⁄2000)

AFRMM - CRÉDITO - SUSPENSÃO - EXIGIBILIDADE - DEPÓSITO - LEVANTAMENTO - SENTENÇA - TRÂNSITO EM JULGADO. O depósito efetuado para suspender a exigibilidade do crédito tributário é feito também em garantia da Fazenda e só pode ser levantado após sentença final transitada em julgado, se favorável ao contribuinte. (REsp n° 227958⁄SP, 1ª Turma, Rel. Min. GARCIA VIEIRA, DJ de 07⁄02⁄2000)

AÇÃO CAUTELAR. FINSOCIAL. LEVANTAMENTO DE DEPÓSITO ANTES DO

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TRÂNSITO EM JULGADO DA AÇÃO PRINCIPAL. IMPOSSIBILIDADE. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 151, II, DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. Somente após o trânsito em julgado da sentença da ação principal poderá ser feito o levantamento ou a conversão em renda da União do depósito efetuado para fins de suspensão da exigibilidade do crédito tributário. Ocorre que, tendo sido autorizado o levantamento dos valores relativos às majorações das alíquotas do Finsocial pela autora da ação, ora recorrida, do depósito efetuado, tem-se como violada a norma inseria no artigo 151, II, do Código Tributário Nacional, visto que o depósito em comento tem por fim suspender a exigibilidade do crédito tributário. Recurso Especial provido. (REsp na 179294⁄SP, 1ª Turma, deste Relator, DJ de 07⁄02⁄2000)

FINSOCIAL - DEPÓSITO - SUSPENSÃO - CRÉDITO - EXIGIBILIDADE - LEVANTAMENTO. - Os depósitos só podem ser levantados pela parte após o trânsito em julgado da sentença a ela favorável e a União só pode converter os depósitos em renda após transitar em julgado a sentença que lhe favorecer. - Recurso provido. (REsp n° 169365⁄SP, 1ª Turma, Rel. Min. GARCIA VIEIRA, DJ de 13⁄10⁄1998)

A propósito, destaco também a existência de Súmula do Tribunal Regional Federal da 4ª Região e que reflete esse entendimento:

TRF4, Súmula nº 18. O depósito judicial destinado a suspender a exigibilidade do crédito tributário somente poderá ser levantado, ou convertido em renda, após o trânsito em julgado da sentença.

Em suma, efetuado o depósito, fica ele cumprindo função de garantia do pagamento do tributo, com destinação vinculada à decisão final da demanda, após o respectivo trânsito em julgado.

Sendo assim, no caso, é precipitada a decisão judicial quando desde já coloca à disposição da contribuinte as quantias depositadas.

Penso que tal problema poderia ser resolvido no âmbito dos efeitos da própria apelação, devendo o candidato expressamente postular, na petição de interposição do recurso que é dirigida ao juízo a quo, que fosse o apelo recebido no efeito suspensivo com arrimo no art. 520 do CPC.

Nessa linha, poderia ser escrito um sucinto parágrafo, na peça de interposição, com a seguinte consideração:

“Diante da ausência de quaisquer das hipóteses previstas nos incisos do art. 520 do CPC, pugna a Recorrente pelo recebimento do apelo no duplo efeito, especialmente no que tange à suspensão da eficácia da decisão recorrida quanto à liberação das quantias nos autos depositadas”.

Consignar expressamente tal fato na própria interposição me parece mais salutar na medida em que o próprio juízo de 1º grau, quando da sua leitura, ao conceder o efeito suspensivo, consequentemente

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ficaria impossibilitado de determinar o levantamento do depósito até a ulterior deliberação do Tribunal acerca do tema.

Sem prejuízo, após, já nas razões recursais, poderia então ser feita breve fundamentação (em um ou dois parágrafos), expondo as lições acima no sentido do desacerto da decisão judicial nesse aspecto.

E mais. Tendo em conta o entendimento jurisprudencial acima esboçado, no sentido de que o depósito fica vinculado ao resultado final da demanda (funcionando como garantia do juízo), há inclusive a possibilidade de se postular que, uma vez julgado improcedente o pedido da autora, seja determinada a imediata conversão, em renda da União, dos valores depositados. Tal fato também mereceria consideração nas razões recursais, de modo a, ao final ( já nos pedidos), possibilitar a formulação de postulação expressa dirigida ao Tribunal para que ele, além de julgar improcedente o pedido anulatório, desde já autorize a conversão dos valores depositados em juízo para suspensão da exigibilidade do crédito.

2. Análise da decadência/prescrição quanto aos fatos geradores das competências fevereiro de 2002, março de 2003 e junho de 2004.

Como informa o enunciado, a demanda anulatória circunscreve-se a operações realizadas em fevereiro/2002, março/2003, junho/2004 e agosto/2005 (aspecto temporal do fato gerador). Todos esses fatos, que na ótica do Fisco são passíveis de tributação pelo IPI, foram objeto de lançamento de ofício, por auto de infração, do qual o contribuinte foi notificado em setembro/2007.

Embora o problema não diga expressamente o que teria acontecido depois dessa notificação, há informação no sentido de que a respectiva constituição definitiva do crédito tributário consubstanciado naquele auto de infração teria se dado somente em maio/2010.

No caso, a contagem do prazo decadencial, relacionada com a constituição do crédito tributário, deve ser feita à luz do que dispõe o art. 173, I, do CTN:

Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados:

I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado;

Isso porque, na situação em tela, não houve declaração ou mesmo pagamento algum relacionado aos fatos geradores ocorridos, o que atrai a normativa do art. 173, I, do CTN, conforme dispõe a jurisprudência já consolidada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça:

DIREITO TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. IPI. INEXISTÊNCIA DE DECLARAÇÃO. DECADÊNCIA. TERMO A QUO. ARTIGO 173, I, DO CTN. ACÓRDÃO RECORRIDO EM CONFORMIDADE COM O ENTENDIMENTO PACIFICADO PELA PRIMEIRA SEÇÃO. RECURSO ESPECIAL REPETITIVO N. 973.733/SC. APLICAÇÃO DO ARTIGO 543-C DO CPC. DATA DA CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO.

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REVOLVIMENTO DE MATÉRIA FATICO-PROBATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ.

1. A Primeira Seção do STJ, por ocasião do julgamento do REsp n. 973.733/SC, sob o regime do art. 543-A do CPC, pacificou questões controvertidas referentes ao tema em discussão. Foi fixado entendimento no sentido de que o prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) conta-se a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o pagamento não é realizado, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito.

2. No caso concreto, de acordo com a moldura fática posta pelo Tribunal de origem, os débitos discutidos na execução fiscal correspondem a IPI referente ao período de 07/87 a 03/88. Dessa forma, contando-se o prazo decadencial a partir do primeiro dia do exercício seguinte a cada um dos períodos (01/1/88 e 01/1/89), tem-se que a decadência ficou configurada, respectivamente, em 01/1/93 e 01/1/94, datas anteriores à constituição do crédito tributário que, de acordo com o acórdão recorrido, ocorreu com a notificação do contribuinte, realizada em 25/04/1994 (fl.. 55).

4. Agravo regimental não provido.

(AgRg no REsp 1109693/SP, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 15/12/2009, DJe 02/02/2010)

Assim, desde a prática dos fatos geradores ocorridos em fevereiro/2002, março/2003, junho/2004 e agosto/2005, o lançamento do tributo poderia ter sido efetuado, de modo que a fluência do quinquênio decadencial tem lugar no primeiro dia do exercício (=ano) seguinte aos dos referidos períodos.

Para facilitar o raciocínio e a contagem desses prazos:

Data do fato gerador Início do prazo decadencial Final do prazo decadencialFevereiro/2002 1º de janeiro 2003 1º de janeiro de 2008

Março/2003 1º de janeiro de 2004 1º de janeiro de 2009Junho/2004 1º de janeiro de 2005 1º de janeiro de 2010Agosto/2005 1º de janeiro de 2006 1º de janeiro de 2011

Desse modo, conquanto todos os fatos geradores tenham sido consubstanciados em auto de infração do qual o contribuinte foi notificado em setembro/2007, equivoca-se a sentença ao reconhecer a decadência quanto às 3 primeiras competências, vez a data de constituição dos créditos (setembro/2007) é em muito anterior, inclusive ao termo final do prazo decadencial do mais remoto dos fatos geradores (fevereiro/2002,

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que se encerraria em 1º de janeiro de 2008).

Há também desacerto do decisum ao tomar como marco interruptivo da contagem apenas a data de constituição definitiva do crédito, ocorrida em maio/2010.

Aqui cabe fazer a importante diferenciação entre dois momentos diametralmente distintos: a constituição do crédito (que no lançamento de ofício ocorre com a notificação do contribuinte – no nosso problema, ocorrida em setembro/2007) e a constituição definitiva do mesmo (que tem lugar com a confirmação do lançamento, após apreciação de eventual impugnação administrativa que é franqueada ao contribuinte no bojo do procedimento administrativo fiscal – no caso em tela, ocorrida em maio/2010).

Com efeito, cabe observar que o lançamento (que na hipótese é de ofício na forma do art. 149 do CTN) tem-se como perfeito e consumado quando contiver todos os elementos essenciais exigidos para a sua eficácia, e que são previstos no art. 142 do CTN. Identifica-se o momento da consumação da atividade fiscal com a lavratura do auto de infração ou expedição de notificação de lançamento (art. 9º do Decreto 70.235/72), inclusive com a ciência do sujeito passivo por meio de intimação (art. 23 do Decreto 70.235/72 c/c o art. 145 do CTN), considerada esta como um ato autônomo e a posteriori, que abre a possibilidade do exercício da ampla defesa, pois a partir desse momento começa a fluir o prazo para que seja oposta impugnação ao lançamento, garantindo-se assim o contraditório.

Sendo assim, encerrado o lançamento e regularmente notificado o contribuinte, o crédito tributário estará constituído (ainda que não definitivamente, pois passível de impugnação administrativa), não havendo mais falar em decadência, pois já exercido o direito protestativo pela Fazenda credora.

Quando ao mais, vale destacar que durante o percurso da instância administrativa afasta-se tanto a decadência (=vez que o crédito fora constituído) quanto a prescrição (pois enquanto na pendência do encerramento da seara administrativa, fica suspensa a exigibilidade do crédito – art. 151, do CTN – tolhendo-se do Fisco a possibilidade de empreender qualquer ato relacionado à sua cobrança).

Em última análise, trabalha-se aqui com o postulado da actio nata, vedando-se o início da fluência de qualquer prazo extintivo enquanto obstada o exercício da pretensão por conta da presença de causa suspensiva de sua exigibilidade.

A propósito, a sempre didática explicação do Prof. Mauro Rocha Lopes (Direito Tributário, 3ª Ed, Impetus, 2012, págs. 291/292):

Relembrando o que dissemos no capítulo do lançamento, notificado regularmente o sujeito passivo da liquidação do vínculo tributário, diz-se que está consumada a fase oficiosa do lançamento e constituído o crédito tributário. É certo que tal constituição, nesse instante, ainda não pode ser considerada definitiva, pois impugnação eventualmente oferecida pelo obrigado pode levar a Administração a anular ou a alterar o lançamento. Todavia, finalizada a fase oficiosa dentro do quinquênio legal, não há mais que se cogitar de decadência tributária, pois terá o Fisco exercido efetivamente o seu direito de constituir o crédito (CTN, art. 173).

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Se a decadência tributária é afastada pela simples constituições do crédito, a prescrição só começa a correr quando de sua constituição definitiva, na forma do comando do art. 174, caput, do CTN. Pode-se afirmar, assim, que na pendência da fase litigiosa do lançamento não corre decadência, superada pela simples constituição do crédito, nem prescrição, cujo termo inicial pressupõe o encerramento da discussão administrativa (constituição definitiva do crédito).

3. Incidência do IPI no desembaraço aduaneiro da mercadoria importada e na saída do estabelecimento importador.

Quanto à legalidade/constitucionalidade da tributação pelo IPI também na operação subsequente à importação da mercadoria, cabe refutar integralmente os argumentos acolhidos na sentença.

A “segunda” incidência do IPI na saída do estabelecimento-comerciante, após a importação da mesma mercadoria, é um dos grandes temas atualmente em debate no direito tributário e com grande repercussão econômica (tanto para os contribuintes quando para a União).

Destaca-se que jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, por meio da 2ª Turma daquela Corte, e na linha do entendimento do Min. Mauro Campbell Marques, vinha validando a tributação na hipótese:

RECURSO ESPECIAL. DIREITO TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS - IPI. FATO GERADOR. INCIDÊNCIA SOBRE OS IMPORTADORES NA REVENDA DE PRODUTOS DE PROCEDÊNCIA ESTRANGEIRA. FATO GERADOR AUTORIZADO PELO ART. 46, II, C/C 51, PARÁGRAFO ÚNICO DO CTN. SUJEIÇÃO PASSIVA AUTORIZADA PELO ART. 51, II, DO CTN, C/C ART. 4º, I, DA LEI N. 4.502/64. PREVISÃO NOS ARTS. 9, I E 35, II, DO RIPI/2010 (DECRETO N. 7.212/2010).

1. Seja pela combinação dos artigos 46, II e 51, parágrafo único do CTN - que compõem o fato gerador, seja pela combinação do art. 51, II, do CTN, art. 4º, I, da Lei n. 4.502/64, art. 79, da Medida Provisória n. 2.158-35/2001 e art. 13, da Lei n. 11.281/2006 - que definem a sujeição passiva, nenhum deles até então afastados por inconstitucionalidade, os produtos importados estão sujeitos a uma nova incidência do IPI quando de sua saída do estabelecimento importador na operação de revenda.

2. Não há qualquer ilegalidade na incidência do IPI na saída dos produtos de procedência estrangeira do estabelecimento do importador, já que equiparado a industrial pelo art. 4º, I, da Lei n. 4.502/64, com a permissão dada pelo art. 51, II, do CTN.

3. Interpretação que não ocasiona a ocorrência de bis in idem, dupla tributação ou bitributação, porque a lei elenca dois fatos geradores distintos, o desembaraço aduaneiro proveniente da operação de compra de produto industrializado do exterior e a saída do produto industrializado do estabelecimento importador

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equiparado a estabelecimento produtor, isto é, a primeira tributação recai sobre o preço de compra onde embutida a margem de lucro da empresa estrangeira e a segunda tributação recai sobre o preço da venda, onde já embutida a margem de lucro da empresa brasileira importadora. Além disso, não onera a cadeia além do razoável, pois o importador na primeira operação apenas acumula a condição de contribuinte de fato e de direito em razão da territorialidade, já que o estabelecimento industrial produtor estrangeiro não pode ser eleito pela lei nacional brasileira como contribuinte de direito do IPI (os limites da soberania tributária o impedem), sendo que a empresa importadora nacional brasileira acumula o crédito do imposto pago no desembaraço aduaneiro para ser utilizado como abatimento do imposto a ser pago na saída do produto como contribuinte de direito (não-cumulatividade), mantendo-se a tributação apenas sobre o valor agregado.

4. Precedentes: REsp. n. 1.386.686 - SC, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 17.09.2013; e REsp. n. 1.385.952 - SC, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 03.09.2013. Superado o entendimento contrário veiculado no REsp. n. 841.269 - BA, Primeira Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 28.11.2006.

5. Recurso especial não provido.

(REsp 1420066/SC, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 03/12/2013, DJe 10/12/2013)

A tese inclusive foi noticiada quando da divulgação do Informativo STJ n º 0535, do período de 12 de março de 2014:

DIREITO TRIBUTÁRIO. INCIDÊNCIA DE IPI NA REVENDA DE PRODUTOS IMPORTADOS.

Não é ilegal a nova incidência de IPI no momento da saída de produto de procedência estrangeira do estabelecimento do importador, após a incidência anterior do tributo no desembaraço aduaneiro. Seja pela combinação dos arts. 46, II e 51, parágrafo único, do CTN - que compõem o fato gerador do referido imposto -, seja pela combinação dos arts. 51, II, do CTN, 4º, I, da Lei 4.502/1964, 79 da MP 2.158-35/2001 e 13 da Lei 11.281/2006 - que definem a sujeição passiva -, os produtos importados estão sujeitos a uma nova incidência do IPI quando de sua saída do estabelecimento importador na operação de revenda. Essa interpretação não ocasiona a ocorrência de bis in idem, dupla tributação ou bitributação, pois a lei elenca dois fatos geradores distintos: o desembaraço aduaneiro proveniente da operação de compra do produto industrializado do exterior e a saída do produto industrializado do estabelecimento importador equiparado a estabelecimento

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produtor, isto é, a primeira tributação recai sobre o preço da compra, na qual já está embutida a margem de lucro da empresa estrangeira, e a segunda tributação recai sobre o preço da venda, na qual já está embutida a margem de lucro da empresa brasileira importadora. Além disso, a nova incidência do IPI não onera a cadeia além do razoável, pois o importador, na primeira operação, apenas acumula a condição de contribuinte de fato e de direito em razão da territorialidade, já que o estabelecimento industrial produtor estrangeiro não pode ser eleito pela lei nacional brasileira como contribuinte de direito do IPI - os limites da soberania tributária o impedem -, e a empresa importadora nacional brasileira acumula o crédito do imposto a ser pago na saída do produto como contribuinte de direito - não-cumulatividade -, mantendo-se a tributação apenas sobre o valor agregado. Precedentes citados: REsp 1.386.686-SC, Segunda Turma, DJe 24/10/2013 e REsp 1.385.952-SC, Segunda Turma, DJe 11/9/2013. REsp 1.429.656-PR, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, julgado em 11/2/2014.

Quando tudo parecia se encaminhar para a consolidação do tema, eis que o mesmo Superior Tribunal de Justiça, agora pela sua 1ª Seção, julgando conjuntamente os Embargos de Divergência números EREsp 1.400.759/RS, EREsp 1.398.721/SC, EREsp 1.393.102/SC, EREsp 1.384.179/SC e EREsp 1.411.749/PR, modificou a jurisprudência que até então vinha sendo adotada no âmbito da 2ª Turma, para adotar o entendimento da incidência do IPI somente no desembaraço aduaneiro e sua não incidência quando da saída do estabelecimento importador.

Tratou-se de julgamento tumultuado, com diversas sustentações orais pelos dois lados, e objeto de intenso debate entre os Ministros (inclusive com sucessivos pedidos de vistas), e que ao seu final acabou sendo concluído com o placar de 5 x 3 contra a tese da Fazenda Nacional. Os respectivos acórdãos pendem de publicação, razão pela qual é que deixo de divulgá-los aos Srs.

Nada obstante o entendimento da Seção na oportunidade, a Procuradoria da Fazenda Nacional ainda continua insistindo na sua tese, mais ainda tendo em conta a composição do colegiado naquele momento, inclusive com a ausência do Min. Campbell.

Tanto isso é verdade que, em julgado posterior da 2ª Turma, datado de 15.08.2014, adotou-se a tese validando a incidência do IPI na operação de comercialização subsequente à importação:

PROCESSO CIVIL. TRIBUTÁRIO. IPI. IMPORTADOR COMERCIANTE. FATOS GERADORES. DESEMBARAÇO ADUANEIRO E SAÍDA DO ESTABELECIMENTO COMERCIANTE. BITRIBUTAÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA.

1. Nos termos da jurisprudência do STJ, os produtos importados estão sujeitos a nova incidência de IPI na operação de revenda (saída do estabelecimento importador), ante a ocorrência de fatos geradores distintos.

2. Precedentes: REsp 1.385.952/SC, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques,

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Segunda Turma, julgado em 3.9.2013, DJe 11.9.2013; REsp 1.247.788/SC, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 15/10/2013, DJe 24/10/2013; AgRg no REsp 1.423.457/PR, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 18/2/2014, DJe 24/2/2014.

Agravo regimental improvido.

(STJ, AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.455.759 - PR (2014/0121746-7), Rel. Min. HUMBERTO MARTINS, 2ª T, v. u., j. em 05/08/2014, DJe nº 1566 de 15/08/2014, p. 2177)

Pois bem. Mesmo diante de todas essas idas e vindas, espera-se obviamente que numa prova para ingresso no cargo de Procurador da Fazenda Nacional o candidato defendesse a tese pela possibilidade da incidência tributária.

Voltando ao caso concreto objeto do nosso problema, tem-se que os fundamentos adotados no comando sentencial para reconhecer a invalidade da exação foram basicamente os seguintes:

(I) A materialidade que autoriza a incidência do IPI é a “industrialização”, o que não se verifica no caso porquanto o importador-comerciante apenas revendeu a mercadoria importada. A sua equiparação à industrial, portanto, desconsidera o núcleo do fato gerador do IPI consubstanciado na operação de industrialização.

(II) As hipóteses de incidência do IPI previstas no art. 46 do CTN são alternativas e excludentes entre si.

(III) Haverá bitributação ao ser tributar tanto a entrada da mercadoria quanto na sua saída do estabelecimento importador.

(IV) Violação da isonomia, pois o industrial brasileiro só paga o IPI uma única vez (isto é, na saída de seu estabelecimento).

Para refutar cada um deles caberia ao candidato tecer, respectivamente, as seguintes considerações que se alinham à tese fazendária:

(I) O IPI não recai sobre a atividade de industrialização, de elaboração do produto, mas sobre o resultado do processo produtivo, ou seja, a operação jurídica que envolve a prática de um ato negocial do qual resulte a circulação econômica da mercadoria. O cerne da incidência do IPI, de acordo com o art. 153, inciso IV, da CF, é a operação jurídica que faz circular o produto industrializado. Segundo o próprio texto constitucional: “Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: IV - produtos industrializados” (=e não, portanto, sobre a “industrialização”). Para a configuração jurídica do IPI, podem ser apontados os requisitos seguintes: a) existência de um produto industrializado; b) existência de razão jurídica.

(II) O art. 46 do CTN, em seus três incisos, não materializa hipóteses de incidência excludentes. É importante observar que os fatos geradores, descritos hipoteticamente pelo CTN, são totalmente distintos entre si. O referido dispositivo do CTN apresenta três hipóteses de incidência tributária, quais sejam: a) o desembaraço

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aduaneiro, quando o produto tem procedência estrangeira; b) a saída do produto dos estabelecimentos a que se refere o parágrafo único do artigo 51; e c) a arrematação dos produtos, quando apreendidos ou abandonados e levados a leilão. As diferentes operações encimadas explicitam em que hipóteses alternativas deverá recair o IPI. Ao explicitar que incidirá imposto sobre produtos industrializados na operação de saída do produto nos estabelecimentos a que se referem o parágrafo único do artigo 51 do CTN, o legislador indicou qualquer estabelecimento importador, industrial, comerciante ou arrematante, para consignar que a hipótese de incidência do IPI é a realização de operações com produtos industrializados, sejam os contribuintes importadores, industriais, comerciantes ou ainda arrematantes em leilão. A indicação constante da parte final do inciso II do artigo 46 do CTN não atinge, como é curial, a hipótese descrita no inciso I, do mesmo regramento, uma vez que este inciso traz situação dirigida ao produto de procedência estrangeira.

(III) A bitributação ocorre quando 2 entes distintos tributam o mesmo fato gerador, o que não se verifica na hipótese vez que o ente tributante é apenas 1, a União. Sequer também há falar em bis in idem, pois a tributação não recai sobre o mesmo fato gerador, senão sobre duas materialidades que se diferenciam tanto em seu aspecto temporal quanto em seu aspecto material: Fato I - operação de importação, com a entrada da mercadoria no território nacional quando do seu desembaraço aduaneiro, e Fato II – operação de comercialização no mercado interno, com a saída da mercadoria do estabelecimento importador. Quanto ao mais, a sistemática da não-cumulatividade contorna, com o direito ao creditamento, eventuais problemas do “efeito cascata” da dupla incidência.

(IV) Não há desigualdade jurídica na tributação dos produtos que sofreram industrialização no estabelecimento nacional e dos produtos industrializados que saem do estabelecimento importador, porque ambas as situações denotam signo presuntivo de riqueza. Além disso, o valor da exação devida na segunda operação (venda do produto no mercado interno) será deduzido do valor pago na primeira operação (importação do produto), conforme previsão do artigo 226 do Decreto nº 7.212/2010. Assim, o importador não fica em posição de desvantagem em relação ao produtor/comerciante de produtos nacionais. Não se evidencia qualquer discrímem, visto que o estabelecimento produtor nacional não realizou operação de importação. Considerando que a Constituição não distingue a origem do produto industrializado, o campo de incidência do IPI recai tanto sobre produtos nacionais ou importados. Nessa senda, a definição legal dos fatos geradores abarca tanto o desembaraço aduaneiro de produto de procedência estrangeira, quanto a saída do produto de estabelecimento equiparado a industrial. Caso fosse afastada a tributação, certamente estaria configurada a violação ao princípio da isonomia, visto que o importador desfrutaria de condição mais vantajosa que o produtor nacional, que recolhe o tributo quando se dá a saída do estabelecimento. Ademais, não obstante o princípio informador da seletividade, não se pode ignorar a finalidade extrafiscal do IPI, que constitui forma de intervenção da esfera econômica destinada a regular o consumo e a produção. No caso presente, o fim precípuo da tributação é proteger a indústria nacional, de modo que a carga tributária incidente sobre o bem importado não seja inferior àquela incidente sobre o bem nacional.

Esses são, ao que me parece, alguns dos principais argumentos favoráveis à tese fazendária. Evidentemente

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que o candidato não precisa seguir a ordem por mim acima utilizada. Desde que desenvolva sua argumentação numa ordem lógica, concatenada e bem fundamentada, nada obsta inclusive que sejam agregados novos e diversos fundamentos ao entendimento do Fisco.

4. Proibição de novas autuações em relação a importações que venham a se concretizar no futuro pelo contribuinte autor da demanda.

Por fim, e em atenção ao princípio da eventualidade, caberia ser destacado o fato que segue.

O enunciado da questão bem delimita, na seguinte passagem, o que o contribuinte buscou no processo: “Diante de tais acontecimentos, a Empresa X ajuizou demanda anulatória circunscrita ao lançamento tributário referido, visando à sua desconstituição em face da ilegalidade e da inconstitucionalidade da exação”.

Seguindo ainda o texto do enunciado: “Após o regular trâmite do feito perante Vara Federal, a sentença, julgando procedente o pedido para anular o lançamento tributário e impedir novas autuações em relação a importações que venham a se concretizar no futuro, assim determinou”.

No meu entendimento houve aí uma clara violação ao princípio da congruência ou da adstrição ao pedido previsto nos seguintes dispositivos do CPC:

Art. 128. O juiz decidirá a lide nos limites em que foi proposta, sendo-lhe defeso conhecer de questões, não suscitadas, a cujo respeito a lei exige a iniciativa da parte.

Art. 460. É defeso ao juiz proferir sentença, a favor do autor, de natureza diversa da pedida, bem como condenar o réu em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado.

Vale dizer, o autor formulou apenas pedido desconstitutivo do auto de infração contra si lançado, ao passo que a sentença foi adiante, pois, além de conceder tal pleito, também vedou que a autoridade fiscal realizasse novas autuações em relações a futuras operações que no futuro viessem a acontecer. Esse segundo comando contido na sentença relaciona-se a provimento declaratório de inexigibilidade ou inexistência de relação jurídica tributária, o que em nenhum momento foi objeto do pedido da empresa autora.

A sentença assim padece de vício quanto ao ponto, na medida em que defere ao autor providência jurisdicional declaratória não requerida. Por essa razão também deveria ser impugnada nesse aspecto.

Isso porque assim limitar-se-á a abrangência do eventual entendimento pela ilegalidade da incidência tributária, o qual ficará circunscrito apenas aos créditos consubstanciados no auto de infração, não projetando efeitos indiscriminadamente a fatos geradores que venham a acontecer no futuro.

Fixadas todas essas premissas, ao candidato caberia organizá-las e trazê-las para dentro do recurso a ser manejado.

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A estrutura da apelação não traz grandes dificuldades, estando bem delineadas suas principais características nos arts. 513 a 521 do CPC.

Consiste ela, basicamente, na peça de interposição (dirigida ao juízo a quo), a qual é seguida das respectivas razões recursais (dirigidas ao exame do juízo ad quem – no caso o Tribunal Regional respectivo). Outrossim, o pedido na apelação é de reforma (error in judicando – na interpretação e exame dos fatos, provas e do direito) ou de anulação (error in procedendo – presença de eventual nulidade) do ato decisório do juiz de 1º grau. O recorrente, em síntese, desenvolve argumentação para infirmar as conclusões a que chegou o juiz singular, pedindo, ao final, seja reformada a decisão pelo Tribunal, com a natural inversão dos consectários da sucumbência.

Eu particularmente adoto a seguinte estrutura para a apelação, e que agora deixo como mera sugestão a ser seguida. Por óbvio cada um pode seguir o seu próprio estilo e que esteja habituado a se valer. Desde que não se descuide dos elementos essenciais à peça e de uma boa fundamentação das ideias nela contidas, não vejo maiores prejuízos nesses pormenores laterais que variam de pessoa para pessoa.

O meu modelo é bem básico e direto (linha que inclusive procuro seguir no meu dia-a-dia):

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(ÍZA) DA ___ VARA FEDERAL DE _____

Processo nº: ________

Autora: Empresa X

Ré: União (Fazenda Nacional)

UNIÃO FEDERAL (FAZENDA NACIONAL), por seu procurador signatário, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com esteio no art. 513 e seguintes do Código de Processo Civil, interpor, face à sentença proferida às fls ___ dos autos do processo em epígrafe, o presente recurso de APELAÇÃO, o que faz conforme as razões que seguem anexas.

Diante da ausência de quaisquer das hipóteses previstas nos incisos do art. 520 do CPC, pugna a Recorrente pelo recebimento do apelo no duplo efeito, especialmente no que tange à suspensão da eficácia da decisão recorrida quanto à liberação das quantias nos autos depositadas.

Por fim, uma vez intimada a parte contrária para, querendo, apresentar suas contrarrazões, requer sejam os autos remetidos ao Egrégio Tribunal Regional Federal da __ Região.

Nesses termos, pede deferimento.

Local, data.

Procurador da Fazenda Nacional

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RAZÕES RECURSAIS

Recorrente: União (Fazenda Nacional)

Recorrida: Empresa X

Autos originários nº:

Colenda Turma,

Eméritos Julgadores,

Síntese do caso e delimitação recursal.

A União interpõe o presente apelo em face da decisão de primeira instância que, julgando parcialmente procedentes os pedidos pelo contribuinte ... (... geralmente aqui faço um breve e sucinto do que a sentença decidiu já tangenciando o que será objeto do recurso)

Entende, todavia, data maxima venia, que a decisão merece reforma pelas razões que a seguir passa a expor.

Fundamentos de reforma da sentença.

1. Do destino a ser dado aos valores depositados judicialmente.

2. Da inocorrência da decadência/prescrição.

3. Da validade da tributação do IPI na revenda de produtos de procedência estrangeira.

4. Da incongruência da sentença com o pedido inicial: necessária delimitação do provimento jurisdicional.

Conclusões e pedidos.

Ante o exposto, requer seja o presente inconformismo conhecido e, no mérito, provido, reformando-se o comando sentencial nos termos da fundamentação acima, de modo a julgar improcedentes os pedidos da contribuinte recorrida, condenando-a ainda ao pagamento dos encargos da sucumbência.

Mantendo-se hígido o auto de infração impugnado, requer também seja desde logo autorizada a imediata conversão em renda dos valores depositados incidentalmente ao presente processo.

Subsidiariamente, entendendo Vossas Excelências pela acolhida do pleito anulatório, requer então seja delimitada sua abrangência apenas ao lançamento vergastado, também nos termos das razões acima expendidas.

Nesses termos, pede deferimento.

Local, data.

Procurador da Fazenda Nacional

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