causas da revoluÇÃo farroupilha

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CAUSAS DA REVOLUO FARROUPILHA

Econmicas O Rio Grande do Sul, estava esgotado pela seqncia de guerras, a ltima das quais tinha sido a campanha da Cisplatina, com as estncias e charqueadas produzindo pouco, com os rebanhos esgotados e sem que o imprio brasileiro pagasse as indenizaes de guerra, apesar de locupletar-se com as exportaes de caf e acar do centro do Pas. Os impostos sobre o gado em p e sobre a arroba de charque - principais produtos da Provncia - eram escorchantes. Todos os produtos da pecuria pagavam dzimo. Cada arroba exportada pagava 600 ris de taxa e cada lgua de campo pagava 100 mil ris de imposto anual. O pior, porm que o centro do Brasil preferia comprar o charque platino ao invs do rio-grandense que era produzido pelo brao escravo das charqueadas. E, portanto, caro. O charque uruguaio ou argentino, fruto do brao assalariado nos intervalos das infindveis guerras e revolues do Prata, era vendido no Rio de Janeiro e So Paulo bem mais barato que o charque rio-grandense. No se deve nessa poca falar em contrabando, porque a fronteira sul do Rio Grande era indefinida. At bem pouco a Cisplatina era provncia do imprio e muitos estancieiros brasileiros ou orientais tinham campos no Uruguai e tambm no Rio Grande e mesmo tarde delimitadas, sendo impossvel dizer onde terminava o Brasil e onde comeava a Repblica Oriental do Uruguai em organizao.

Sociais O Rio Grande do Sul tinha 14 municpios e cidades com suas vilas respectivas, uma populao de aproximadamente 150 mil pessoas entre brancos, escravos e ndios. No havia uma escola pblica, uma ponte construda ou uma estrada em boas condies. Apesar do seu continuado sacrifcio nas guerras de fronteiras e apesar da riqueza que o caf acumulava na Corte, apesar da sangria na sua populao masculina dizimada pelas guerras, apesar do luto constante das mulheres gachas, o Rio Grande do Sul no merecia qualquer ateno ou reconhecimento por parte do imprio. O descontentamento era geral.

Polticas

O movimento farroupilha foi um dos muitos movimentos liberais que sacudiram a Regncia na 1 metade do sculo XIX, na dcada de 30, e alcanou de fato ser a primeira experincia republicana em territrio do Brasil. Exaltados pela independncia, os brasileiros se dividiam entre Liberais e Conservadores, havendo nas duas grandes faces subfaces de orientao diversa. Os liberais no apenas no Rio Grande do Sul eram chamados "farroupilhas", palavra do portugus castio para designar esfarrapados. No Rio Grande do Sul os gachos abrasileiraram o termo, usando mais freqentemente a expresso "farrapos". De uma maneira geral os maons dominaram o Partido Liberal no Rio Grande do Sul, adeptos da maonaria francesa, de inspirao republicana, que prejulgava a independncia dos trs poderes: o Legislativo, o Executivo e o Judicirio. Dizia-se que todas as decises tomadas de pblico pelos liberais j tinham sido em segredo tomado no recesso das Lojas manicas, a mais prestigiosa das quais tinha por nome "Fidelidade e Firmeza". Prceres liberais mantinham um estreito contato com maons de idntica orientao no Uruguai e na Argentina, sendo famosa a amizade entre Bento Gonalves da Silva e Juan Antonio Lavalleja, prestigioso caudilho uruguaio. Na efervescncia poltica da Independncia os rio-grandenses efetivamente pelo menos os lderes liberais - no viam com maus olhos a organizao do Uruguai como um Estado independente e soberano entre Argentina e Brasil. As causas polticas que levaram revoluo forma muitas, sobretudo graas a inabilidade do presidente da Provncia, Dr. Antonio Rodrigues Fernandes Braga, primeiro rio-grandense a ocupar to alto posto. Fernandes Braga denunciou Bento Gonalves da Silva como conspirador e a recm empossada Assemblia Provincial (20 de Abril de 1835), substituta do antigo Conselho Geral da Provncia e onde o Partido Liberal tinha maioria, exigiu que o presidente Fernandes Braga apresentasse provas e este, em sesso secreta no pode faz-lo. Bento Gonalves consolidava assim sua posio de lder liberal. Anteriormente j fora denunciado como conspirador contra o Imprio pelo Mal. Sebastio Barreto Pinto, quando se revoltara diante da famigerada e reacionria "Sociedade Militar". Chamado a Corte nessa ocasio para se defender, voltara inocentado das acusaes e altamente prestigiado, conseguindo mesmo a nomeao de Fernandes Braga para presidente, o qual agora lhe pagava o gesto com nova acusao... Funcionando durante pouco mais de ms, a Assemblia Provincial, foi sempre um caldeiro fervente. E a imprensa exaltada da poca contribuia para maior agitao: quando os conservadores criaram um jornal chamado "A Idade de Ouro", os liberais responderam fundando "A Idade de Pau"... Entre as causas polticas deve ser mencionada tambm a ligao dos liberais com experimentados agitadores italianos, como o conde Lvio Zambecari.

Militares A autoridade militar maior da provncia era o Comandante das Armas, Mal. Sebastio Barreto Pinto, conservador ferrenho e feroz inimigo de Bento Gonalves, que fora comandante de fronteira em Jaguaro. Bento Gonalves da Silva no era oficial do Exrcito, mas guerrilheiro das milcias e depois da Guarda Nacional, forjado e experimentado no campo de batalha, comandante de gachos que apenas se fardavam - quando recebiam farda - nos perodos de guerra. Sua brilhante carreira de armas desde soldado raso at coronel da Guarda Nacional era causa do cime do velho marechal do exrcito brasileiro. Que no era bem visto pelos grandes do Imprio prova o fato de que recebeu quatro condecoraes por seu feitos militares mas nunca recebeu terras nem ttulo de nobreza, ao contrrio, por exemplo, de Manuel Marques de Souza, Joo da Silva Tavares, Francisco Pedro de Abreu e do prprio Osrio.

Guerra dos Farrapos ou Revoluo Farroupilha so os nomes pelos quais ficou conhecida a revoluo ou guerra regional, de carter republicano, contra o governo imperial do Brasil, na ento provncia de So Pedro do Rio Grande do Sul, e que resultou na declarao de independncia da provncia como estado republicano, dando origem Repblica Rio-Grandense. Estendeu-se de 20 de setembro de 1835 a 1 de maro de 1845. A revoluo, de carter separatista, influenciou movimentos que ocorreram em outras provncias brasileiras: irradiando influncia para a Revoluo Liberal que viria a ocorrer em So Paulo em 1842 e para a Revolta denominada Sabinada na Bahia em 1837, ambas de ideologia do Partido Liberal da poca. Inspirou-se na recm-finda guerra de independncia do Uruguai, mantendo conexes com a nova repblica do Rio da Prata, alm de provncias independentes argentinas, como Corrientes e Santa F. Chegou a expandir-se costa brasileira, em Laguna, com a proclamao da Repblica Juliana e ao planalto catarinense de Lages. Teve como lderes: Bento Gonalves, General Neto, Onofre Pires, Lucas de Oliveira, Vicente da Fontoura, Pedro Boticrio, Davi Canabarro, Afonso Jos de Almeida Corte Real, Teixeira Nunes, Vicente Ferrer de Almeida, Jos Mariano de Mattos, alm de receber inspirao ideolgica de italianos carbonrios refugiados, como o cientista Tito Lvio Zambeccari e o jornalista Luigi Rossetti, alm de Giuseppe Garibaldi, que embora no pertencesse a carbonria, esteve envolvido em movimentos republicanos na Itlia.

(1835 - 1845)

Guerra dos Farrapos ou Revoluo Farroupilha so os nomes pelos quais ficou conhecido o conflito entre sul-rio-grandenses republicanos e o governo imperial. Durou de1835 a 1845 e, para alm da ento Provncia do Rio Grande do Sul, chegou a alcanar a regio de Santa Catarina, na regio sul do Brasil.

poca do perodo Regencial brasileiro, o termo farrapo era pejorativamente imputado aos liberais pelos conservadores (chimangos) e com o tempo adquiriu uma significao elogiosa, sendo adotado com orgulho pelos revolucionrios, de forma semelhante que ocorreu com os sans-cullotes poca da Revoluo Francesa. H, tambm, uma outra viso da Guerra dos Farrapos (o outro lado).

Antecedentes e causasAs causas remotas do conflito encontram-se na posio secundria, econmica e poltica, que a regio sul, e em particular a Provncia do Rio Grande do Sul, ocupava nos anos que se sucederam Independncia. Diferentemente das provncias do sudeste e do nordeste, cuja produo de gneros primrios se voltava para o mercado externo, a do Rio Grande do Sul produzia para o mercado interno, tendo como principal produto o charque, utilizado na alimentao dos escravos africanos. A regio sul, desse modo, encontrava-se dependente de um mercado que por sua vez dependia do mercado externo e sofria as consequncias disso.O Rio Grande belo. Como causa imediata, o charque rio-grandense era tributado mais pesadamente do que o similar oriundo da Argentina e do Uruguai, perdendo assim competitividade no mercado interno em funo dos preos. No interior da Provncia existiam fazendas agrcolas cuja produo tambm era destinada ao consumo interno. Ali, muitos colonos se estabeleciam e, entre eles, militares desmobilizados. Alguns desses colonos no conseguiam adquirir terras para formar as prprias fazendas e acabavam formando bandos armados que se ofereciam aos proprietrios mais afastados. H que considerar, ainda, que o Rio Grande do Sul, como regio fronteiria regio platina, era militarizado desde o sculo XVII, citando-se a ento ainda recente Guerra da Cisplatina. Embora vrios rio-grandenses tenham se distinguido na carreira militar, no havia uma contrapartida poltica, sendo as posies de comando, civis e militares, ocupadas por elementos oriundos da Corte. Tambm preciso citar o conflito ideolgico presente no Rio Grande do Sul a partir da criao da Sociedade Militar, um clube com simpatia pelo Imprio e at mesmo suspeito de simpatizar com a restaurao de D. Pedro I. Os estancieiros riograndenses no viam com bons olhos a Sociedade Militar e pediam que o governo provincial a colocasse na ilegalidade.

A guerraAo chegar o ano de 1835 os nimos polticos estavam exaltados. Estancieiros liberais e militares descontentes promoviam reunies em casas de particulares, destacando-se as figuras de Bento Manuel Ribeiro e Bento Gonalves, dois lderes militares. Naquele ano foi nomeado como presidente da Provncia Antnio Rodrigues Fernandes Braga, nome que, se inicialmente agradou aos liberais, aos poucos se mostrou pouco digno de confiana. No dia em que tomou posse, Fernandes Braga fez uma sria acusao de separatismo contra os estancieiros rio-grandenses, chegando a citar nomes, o que praticamente liquidou as chances de conviver em paz com os seus governados. Em 20 de setembro de 1835 Bento Gonalves marchou para a capital Porto Alegre, tomando a cidade e dando incio revolta. O governador Fernandes Braga se refugiou na povoao vizinha de Rio Grande, que viria a ser tomada alguns meses depois. Os farroupilhas, como tambm ficaram conhecidos os rebeldes, empossaram Marciano Pereira Ribeiro como novo presidente. O liberal Diogo Feij, ento Regente do Imprio do Brasil, tentando acalmar os nimos, nomeou um presidente rio-grandense para a Provncia, Jos de Arajo Ribeiro. A Assemblia Provincial mostrou-se indecisa quanto a esse nome e decidiu adiar-lhe a posse. Nesse dia da posse, em que Jos Ribeiro deveria comparecer Assemblia, seria ento informado de que no seria empossado. Bento Manuel se ops a esse ardil e, a partir de ento, desligou-se dos revoltosos. Jos Ribeiro no compareceu diante da Assemblia em Porto Alegre e tomou posse em Rio Grande, o que irritou ainda mais os nimos rio-grandenses. Como resultado, os rebeldes proclamaram, atravs de Antnio de Sousa Netto, a Repblica Rio-Grandense (11 de setembro de 1836), indicando para presidente o nome de Bento Gonalves. Este, no entanto, acaba cercado pelas foras de Bento Manuel com o apoio de embarcaes da Marinha Imperial sob o comando de John Grenfell. Na famosa batalha da ilha do Fanfa, Bento Gonalves se rendeu (4 de Outubro de 1836), sendo conduzido preso ao Rio de Janeiro e depois a Salvador, onde far ligaes com os rebeldes da Sabinada. Na ausncia do lder, Gomes Jardim assumiu o governo da Repblica Piratini, sustentada pelas foras de Sousa Netto. Nesse nterim, Bento Gonalves se evadiu espetacularmente da deteno no Forte do Mar (Salvador, 1837), retomando a presidncia no mesmo ano. Nessa fase, organizando o Estado, faz com que a revoluo atinja seu auge, levando a crer que a Repblica Piratini conseguir consolidar-se como Estado independente. No plano ttico, a capital Porto Alegre havia sido recuperada pelos legalistas, que tambm ocupavam a de Rio Grande. Sob rigoroso cerco, estas cidades eram abastecidas pela Marinha Imperial, senhora do oceano. As tentativas feitas para conquistlas em 1838 revelaram-se frustantes. Diante da presso das foras imperiais a capital da repblica foi transferida de Piratini para Caapava do Sul, cidade mais inacessvel e mais fcil de defender. Como reforo, chegou ao Rio Grande do Sul o revolucionrio italiano Giuseppe Garibaldi. Com apoio de Davi Canabarro, Garibaldi partiu para Santa Catarina, onde proclamou a Repblica Juliana (15 de julho de 1839), formando com a Repblica Piratini uma confederao. A nova repblica, entretanto, revelou-se efmera, pois sem condies de expandir-se pelo interior de Santa Catarina durou apenas quatro meses: em novembro desse mesmo ano as foras do Imprio retomaram a cidade litornea de Laguna, a capital juliana.

A pazEm 1840, por ocasio da maioridade de Dom Pedro II, foi oferecida uma anistia, recusada pela maioria dos rebeldes. Alguns, contudo, exaustos pelos anos de luta, comearam a compreender que no poderiam alcanar a vitria. Em 1842 foi finalmente promulgada a Constituio da Repblica, o que deu um nimo momentneo luta. Nesse mesmo ano, entretanto, foi nomeado para presidente do Rio Grande do Sul o experimentado general Lus Alves de Lima e Silva, o qual tratou de negociar a paz por via diplomtica mais do que pela blica. Os farroupilhas entraram em discordncia, com episdios como a morte de Antnio Vicente da Fontoura e o duelo entre Onofre Pires (ferido e depois morto) e Bento Gonalves. As negociaes de paz foram conduzidas por Lima e Silva, de um lado, e Davi Canabarro (que subtituiu Bento Gonalves), do outro. No dia 28 de Fevereiro de 1845 (algumas fontes referem 1 de Maro ou 25 de Fevereiro), depois de 10 anos de lutas, foi assinada a paz em Ponche Verde, que tinha como condies principais: a anistia aos revoltosos; os soldados rebeldes seriam incorporados ao exrcito imperial, nos mesmos postos (excetuando-se os generais); a escolha do presidente da Provncia caberia aos farroupilhas; as dvidas da Repblica Rio-Grandense seriam assumidas pelo Imprio do Brasil; haveria uma taxa de 25% sobre o charque importado. Obs.: H contradies quanto a validade do Tratado de Ponche Verde (ver comentrios). A atuao de Lima e Silva foi to nobre e decente para com os rebeldes que os rio-grandenses o escolheram para presidente da provncia. O Imprio, reconhecido, outorgou ao general o ttulo nobilirquico de Conde de Caxias (1845).

Principais batalhascombate da ilha do Fanfa (3 e 4 de Outubro de 1836) combate do Poncho Verde Fonte: pt.wikipedia.org (28 de Fevereiro de 1845)

REVOLUO FARROUPILHA

( 1835 - 1845 ) Bento GonalvesMilitar e revolucionrio gacho. Principal dirigente da Revolta dos Farrapos, movimento liberal e federativo que proclama a Repblica no Rio Grande do Sul.

Bento Gonalves da Silva (23/9/1788 - 18/7/1847) nasce em Triunfo, filho de um rico estancieiro. Participa da guerra contra as Provncias Unidas do Rio da Prata (1825-1828), sendo recompensado por dom Pedro I com o posto de coronel das milcias e comandante da fronteira sul do pas. Sua destituio desse cargo, durante a regncia do Padre Diogo Feij, o estopim da Revoluo Farroupilha, em 1835. Bento Gonalves entra em Porto Alegre e derruba o presidente da provncia, Antnio Fernandes Braga. Com o apoio da populao, resiste s primeiras reaes legalistas. No ms seguinte enfrenta as tropas regenciais, derrotado e preso. Mandado para a Bahia, encarcerado no Forte do Mar. Durante sua priso, os farroupilhas proclamam a Repblica Rio-Grandense, em 11 de setembro de 1836. No ano seguinte, com a ajuda de liberais baianos, Bento Gonalves foge do crcere e volta para o Rio Grande do Sul. aclamado presidente da Repblica Rio-Grandense, posto no qual se mantm at a derrota final dos revoltosos, em fevereiro de 1845.

Giuseppe Garibaldi

Poltico italiano (4/7/1807-2/6/1882). Nasce em Nice, na poca pertencente Itlia, em uma famlia de pescadores. Comea trabalhando como marinheiro e, entre 1833 e 1834, serve na Marinha do rei do Piemonte. Ali, sofre influncias de Giuseppe Mazzini, lder do Risorgimento, movimento nacionalista de unificao da Itlia, na poca dividida em vrios Estados absolutistas. Em 1834 lidera uma conspirao em Gnova, com o apoio de Mazzini. Derrotado, obrigado a exilar-se, fugindo para o Rio de Janeiro e, em 1836, para o Rio Grande do Sul, onde luta ao lado dos farroupilhas na Revolta dos Farrapos e se torna mestre em guerrilha.Trs anos depois, vai para Santa Catarina auxiliar os farroupilhas a conquistar Laguna. L conhece Ana Maria Ribeiro da Silva, conhecida como Anita Garibaldi, que deixa o marido para segui-lo. Em 1841 convidado a dirigir a Marinha do Uruguai. Defende o pas contra Manuel Oribe - ex-presidente da Repblica que luta pelo poder - e, depois, contra o ditador argentino Juan Manuel Rosas, que invade o Uruguai em 1842. Volta Europa em 1854 e luta pela unificao italiana, liderando um exrcito de voluntrios, os "camisas vermelhas". Parte com seus homens de Gnova, no norte, e chega Siclia em 1860, conquistando-a para o Piemonte. Em 1874 eleito deputado e recebe uma penso vitalcia pelos servios prestados nao. Morre em Capri. Um dos temas mais comuns nos livros de Histria do Brasil a Guerra dos Farrapos. Observado a partir da perspectiva central agro-exportadora brasileira, o movimento farroupilha riograndense perde qualidade, veracidade e atinge o prosaico. Mesmo na historiografia e na literatura produzidas no Rio Grande do Sul h distores que confundem os fatos. Alguns fazem apologia dos heris e condenam os traidores. Outros tentam desmistificar, mas pouco acrescentam ao conhecimento do contexto, s motivaes e conseqncias do movimento dos farrapos. Colocam-se como discusses o carter separatista ou no do movimento, gerando posies apaixonadas ou constrangedoras para a problemtica da identidade regional e nacional. Estudos histricos e produes literrias mais recentes tm sido mais objetivos. O movimento farroupilha rio-grandense fez parte de exigncias locais e esteve inserido no jogo das questes nacionais e internacionais tpicas da primeira metade do sculo XIX. Com base nessa historiografia mais recente, pretende-se compreender as relaes do movimento farroupilha no contexto brasileiro, platino e do mundo ocidental. Alm disso, responder a indagaes como: quem fez e por que fez a guerra? Quais os interesses em jogo na ecloso e durao do movimento? De que forma foi realizada a paz e por que ela apresenta um certo esprito de "comemorao" entre os legalistas e insurretos? Finalmente, criticar as reivindicaes dos farrapos a partir da constatao dos limites da pecuria rio-grandense.

A poca e suas relaes com a revolta farroupilhaNaquela poca, o liberalismo econmico estava derrubando estruturas antigas, calcadas nos monoplios e regimes polticos autoritrios e absolutistas. O constitucionalismo surgia como fundamental histria da humanidade. No entanto, os processos de emancipao poltica e de formao do Estado Nacional brasileiro foram centralizadores e autoritrios. Os regionalismos no foram respeitados. No ocorreram autonomias tanto para interferirem na indicao dos administradores provinciais como na capacidade de legislar em assemblias regionais. As elites regionais se ressentiram com a dissoluo da Assemblia Constituinte de 1823, a outorga da Carta de 1824, as polticas tarifrias no protecionistas, a censura e as perseguies polticas aos inimigos da corte do Rio de Janeiro. Algumas dessas elites recorreram insurreio armada, sempre reprimidas e vencidas pelo centralismo monrquico. Foram as classes dominantes do Par e do Amazonas que iniciaram a Cabanagem. O mesmo ocorreu na deflagrao da Balaiada, no Maranho. Nessa e em outras revoltas os setores dominantes foram surpreendidos pela participao crescente dos segmentos dominados. A emergncia dessas camadas preocupava as elites porque elas extrapolavam os objetivos iniciais dos movimentos, voltando-se contra a estrutura de dominao social. Outras revoltas, como a dos farrapos, no permitiram que setores mais populares, e dominados socialmente, extrapolassem os objetivos estabelecidos pelas elites locais. A Guerra dos Farrapos foi um movimento da classe dominante rio-grandense, em oposio ao centralismo exercido pela corte do Rio de Janeiro, e s.

Participao de grupos sociaisA maior parte dos criadores e charqueadores engajaram-se como militantes ou financiando a insurreio. Os comerciantes, em sua maioria, assumiram posio defensiva ao lado do governo monrquico, chamados de legalistas. Intrigas entre os chefes polticos pecuaristas produziram deseres ou posicionamentos opostos ao longo do movimento.

Os habitantes de Porto Alegre, Pelotas e Rio Grande, na poca as principais cidades do Rio Grande do Sul, nunca aderiram, em sua totalidade, ao movimento. Cabe destacar que Porto Alegre, a principal base de sustentao dos legalistas, ganhou o ttulo de "mui leal e valorosa" do monarca brasileiro. A Repblica Rio-Grandense criada no dia 11 de setembro de 1836, teve como sedes administrativas as cidades de Piratini, Caapava e Alegrete, expressando nas mudanas a fragilidade estratgicomilitar do movimento. A revolta teve mais apoio no meio rural (junto a pecuria extensiva). O movimento no foi acolhido pelos imigrantes germnicos que j iniciavam a ocupao da encosta do planalto meridional (So Leopoldo, Montenegro, Ca e arredores). Nas cidades, os comerciantes e os segmentos sociais, em geral, dividiram-se, mas pouco fizeram a favor ou contra. O movimento farroupilha rio-grandense nunca dominou um porto, por tempo razovel, para escoar produtos e, assim, garantir a sobrevivncia imediata dos insurretos. Realizaram a tomada de Laguna, buscando alcanar um porto mais permanente, mas foram derrotados e expulsos, em pouco mais de trs meses.

A questo dos "heris"A Guerra dos Farrapos tem garantido historiografia oficial e ideologia dominante extensa "galeria de heris", muitas vezes equiparados aos semideuses, e a guerra equiparada a uma "epopia". Outras vezes, os personagens so denunciados como "oportunistas", "contrabandistas", etc. Certamente os episdios histricos de 1835 a 1845 podem ensejar referenciais importantes problemtica de smbolos e identidades sociais e nacionais. Mas necessrio compreender que o movimento dos farroupilhas passou por anlises tericas relacionadas ao republicanismo, constitucionalismo e cidadania. Vrios foram os pensadores que se ativeram aos temas, deixando registros dessas discusses. Mais do que isso, os "heris" no podem ofuscar o que os farrapos no visualizavam: uma sociedade entravada, com uma pecuria debilitada, sem perspectivas de avanos no mercado altamente competitivo que se desenvolvia a partir do sculo XIX. Alm disso, o movimento farroupilha lutou pelos interesses da classe dominante pecuarista rio-grandense, descaracterizando-se, portanto, uma viso mais abrangente, com justia distributiva. Bento Gonalves da Silva, Bento Manuel Ribeiro, Davi Canabarro, Antnio de Souza Neto e muitos outros eram pecuaristas ou estavam envolvidos com a pecuria. Todos lutaram nas guerras empreendidas por lusos-brasileiros na bacia Platina, desde a conquista militar dos Sete Povos das Misses, passando pela Guerra Cisplatina. Depois de 1845, muitos continuaram lutando com os vizinhos platinos. Merece destaque a figura de um mercenrio, Guiseppe Garibaldi, que tambm lutou ao lado de Rivera, no Uruguai, e participou das guerras pela unificao da Itlia. Outros mercenrios participaram da Guerra dos Farrapos ou estiveram engajados nas tropas inimigas (legalistas).

Insurreio ou Revoluo?A insurreio que os farrapos preferiam chamar de revoluo durou dez anos. Fazer revoluo significava avanar na Histria, mesmo para os segmentos dominantes doincio do sculo XIX. Alis, a revoluo implicava o uso da fora, legitimando o movimento. Os exemplos das elites dominantes da Amrica do Norte, Frana e Inglaterra estimulavam processos revolucionrios com objetivos de destruir o arcaico, o antigo, o ultrapassado. S que os farroupilhas no questionaram a escravido em seu sistema produtivo nem ao menos tiveram condies de ensaiar planos de liberdade e crescimento econmico. Identificaram-se mais com o conflito centro versus periferia. Por isso, incorreto chamar o movimento de revoluo. Foi uma guerra civil entre segmentos sociais dominantes. Alm disso, a escravido era a "doena" que o paciente no aceitava ter. Preferia dirigir suas crticas falta de protecionismo alfandegrio. Esquecia-se ou no queria entender que a estrutura produtiva da charqueada rio-grandense retraa a capacidade de competir com os similares platinos. Este sim era o principal problema da pecuria rio-grandense, que s teve espao no mercado enquanto os concorrentes platinos estavam envolvidos em guerras contra o domnio espanhol ou na disputa pelo controle do Estado Nacional. Foi sintomtico: de 1831 em diante, os platinos entraram em perodo de relativa paz, voltaram a criar gado e produzir charque sem os inconvenientes das guerras. Com isso, o charque rio-grandense entrou em colapso. Em 1835 eclodia o movimento farroupilha.

Resultados do MovimentoPor dez anos, a guerra civil prejudicou o setor pecuarista. As perdas foram muito maiores do que os lucros polticos e econmicos do movimento. Os pecuaristas saram mais endividados junto aos comerciantes e banqueiros. Propriedades rurais, gado e escravos foram perdidos e tornou-se muito difcil rep-los posteriormente. A paz honrosa de Poncho Verde, em 1845, acomodou as crescentes dificuldades dos farrapos, pois no interessava ao governo monrquico reprimir uma elite econmica. Aos oficiais do Exrcito farroupilha foram oferecidas possibilidades de se incorporarem aos quadros do Exrcito nacional. Lderes presos foram libertados e a anistia foi geral e imediata. Antes e depois da Guerra dos Farrapos, os rio-grandenses lutaram contra os platinos, defendendo militarmente os interesses da coroa portuguesa e, a partir de 7 de setembro de 1822, os da corte brasileira. Ou seja, interessava ao governo do Rio de Janeiro assinar o acordo de Poncho Verde porque a poltica externa brasileira ainda necessitaria dos servios militares (sempre disponveis) da Guarda Nacional formada por estancieiros e pees rio-grandenses.

Quanto poltica tarifria, medidas sem expressividade e pouco duradouras tentaram transparecer um melhor tratamento dado ao produto nacional. A estrutura produtiva ultrapassada (baseada na escravido) no foi alvo de preocupaes. A sensao que existe hoje, passado um sculo e meio, a de que as motivaes daquele movimento no foram superadas. Por um lado, o Rio Grande do Sul continua em situao de mando poltico dependente, com uma economia pouco beneficiada no processo de acumulao capitalista que se reproduz no Brasil. Por outro, o Rio Grande do Sul no consegue "enxergar o prprio umbigo" e compreender que suas dificuldades resultam da forma como tem sido realiada sua insero como scio menor no sistema capitalista brasileiro. Expressando-se de forma figurativa, o Rio Grande do Sul continua produzindo e vendendo charque, subsidiando (perifericamente) o funcionamento do mercado exportador brasileiro e sem cacife no processo poltico-decisrio nacional.

Manifestos de Bento Gonalves"Compatriotas! O amor ordem e liberdade, a que me consagrei desde minha infncia, arrancaram-me do gozo do prazer da vida privada para correr covosco salvao de nossa querida ptria. Via a arbitrariedade entronizada e no pude ser mais tempo surdo a vossos justos clamores; pedistes a cooperao de meu brao e dos braos que me acompanham, e voei capital a fim de ajudar-vos a sacudir o jugo que com a mo de um inepto administrador vos tinha imposto uma faco retrgrada e antinacional." "A inaptido que desde logo mostrou para to elevado cargo e a versatilidade de carter do Sr. Braga favoreceram os desgnios dos perversos, que nele acharam o instrumento de seu rancor contra os livres; e no poder anexo a presidncia o meio de saciar suas ignbeis vinganas." "O Governo de sua Majestade Imperial, o Imperador do Brasil, tem consentido que se avilte o Pavilho Brasileiro, por uma covardia repreensvel, pela m escola dos seus diplomatas e pela poltica falsria e indecorosa de que usa para com as naes estrangeiras. Tem feito tratados com potncias estrangeiras, contrrios aos interesses e dignidade da Nao. Faz pesar sobre o povo gravosos impostos e no zela os dinheiros pblicoos... Faz leis sem utilidades pblicas e deixa de fazer outras de vital interesse para o povo... No administra as provncias imparcialmente... Tem conservado cidado longo tempo presos, sem processo de que constem seus crimes."

ProclamaoSala das sesses da Asemblia Constituinte e Legislativa (Alegrete, 1843)

RIO-GRANDENSES!Est satisfeito o voto nacional. Chegou finalmente a poca em que vossos Representantes reunidos em Assemblia Geral vo formar a Constituio Poltica, ou a Lei fundamental do Estado. Desde o primeiro perodo de nossa Revoluo, desde o primeiro grito de nossa Independncia, este sem dvida um dos sucessos mais memorveis, que deve ocupar um dia as pginas da histria. Dentro em pouco tempo o edifcio social ser levantado sobre bases certas e inalterveis. Concidados! Os destinos da Ptria dependem principalmente de vossa constncia e valor. Nesta luta de liberdade contra a tirania vs tendes dado um exemplo herico do mais nobre, desinteressado patriotismo, e vossos dolorosos sacrifcios assaz provam, quanto pode uma Nao generosa, e magnmica, que jurou no ser escrava. A Guerra dos Farrapos ocorreu no Rio Grande do Sul na poca em que o Brasil era governado pelo Regente Feij (Perodo Regencial). Esta rebelio, gerada pelo descontentamento poltico, durou por uma dcada (de 1835 a 1845). O estopim para esta rebelio foi as grandes diferenas de ideais entre dois partidos: um que apoiava os republicanos (os Liberais Exaltados) e outro que dava apoio aos conservadores (os Legalistas). Em 1835 os rebeldes Liberais, liderados por Bento Gonalves da Silva, apossaram-se de Porto Alegre, fazendo com que as foras imperiais fossem obrigadas a deixarem a regio. Aps terem seu lder Bento Gonalves capturado e preso, durante um confronto ocorrido na ilha de Fanfa ( no rio Jacu), os Liberais no se deixaram abater e sob nova liderana (de Antnio Neto) obtiveram outras vitrias. Em novembro de 1836, os revolucionrios proclamaram a Repblica em Piratini e Bento Gonalves, ainda preso, foi nomeado presidente. Somente em1837, aps fugir da priso, que Bento Gonalves finalmente assume a presidncia da Repblica de Piratini. Mesmo com as foras do exrcito da regncia, os farroupilhas liderados por Davi Gonalves, conquistaram a vila de Laguna, em Santa Catarina, proclamando, desta forma, a Repblica Catarinense. Entretanto, no ano de 1842, o governo nomeou Luiz Alves de Lima e Silva para comandar as tropas que deveriam os farroupilhas. Apos trs anos de batalha e vrias derrotas, os "Farrapos" tiveram que aceitar a paz proposta por Duque de Caxias. Com isso, em 1845, a rebelio foi finalizada. A revoluo Farroupilha, tambm chamada de Guerra dos Farrapos, explodiu no Rio Grande do Sul e foi a mais longa revolta brasileira. Durou dez anos (1835 a 1845).

clique para ampliar Os problemas econmicos dos classes dominantes esto entre as principais causas da Revoluo Farroupilha. O Rio Grande do Sul tinha uma economia baseada na criao de gado e vivia, sobretudo, da produo do charque (carne seca). O charque era vendido nas diversas provncias brasileiras (So Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e na regio nordeste), pois era muito utilizado na alimentao dos escravos. Os produtores gachos, donos de imensas estncias (fazendas de gado), reclamavam duramente do governo do imprio contra a concorrncia que sofria do Uruguai e da Argentina, pases que tambm produziam e vendiam charque para as provncias brasileiras. Como as impostos de importao eram baixos, os produtos importados pelo Uruguai e da Argentina chegaram a custar menos que a carne do Rio Grande do Sul. A concorrncia estava arruinando a economia gacha. Os poderosos estancieiros gachos queriam que o governo do imprio protegesse a pecuria do Rio Grande e dificultasse a entrada do charque argentino e uruguaio no Brasil. Essa mesma elite de grandes estancieiros tambm brigava com o governo do imprio por uma maior liberdade administrativa para o Rio Grande do Sul. Entre os principais lderes do farroupilhas destacaram-se Bento Gonalves, Davi Canabarro e Jos Garibaldi. Em 1835, Bento Gonalves comandou as tropas farroupilhas que dominaram Porto Alegre, capital da provncia. O governo do imprio reagiu energicamente, mas no teve foras suficientes para derrubar os farroupilhas. A rebelio expandiu-se e, em 1836, fudou a Repblica Rio Grandense, tambm chamada Repblica de Piratini. O momento mximo da expanso do movimento farroupilha deu-se em 1839, com a conquista de Santa Catarina e a fundao da Repblica Juliana, sob o comando de Davi Canabarro e Garibaldi. A revoluo Farroupilha s foi contida a partir de 1842, por meio da ao militar de Lus Alves de Lima e Silva, futuro duque de Caxias. Alm da ao militar, Caxias procurou entrar em acordo com os lderes farroupilhas. No dia 1. De maro de 1845, j durante o Segundo Reinado, celebrou-se o acordo de paz entre as tropas imperiais (comandadas por Caxias) e as foras farroupilhas. O acordo de paz assegurava vantagens bsicas exigidas pelos poderosos fazendeiros gachos. O direito de propriedade era garantido. Os revoltosos no seriam punidos e receberiam a anistia (perdo) do imprio. Alm disso, os soldados e oficiais do exrcito farroupilha seriam incorporados ao exrcito imperial, ocupando postos militares equivalentes. Os escravos fugitivos que lutavam ao lado dos farroupilhas teriam o direito liberdade. Esta medida,entretanto, beneficiou pouco mais que uma centena de negros(a maioria tinha morrido durante as lutas). Fonte: www.geocities.com

Revoluo Farroupilha

1835 - 1845Maior rebelio ocorrida no Brasil durante a Regncia. Comea em 1835 no Rio Grande do Sul, estende-se at Santa Catarina e termina em 1845. Conhecidos como farrapos, os liberais exaltados, partidrios do regime federativo e republicano, insurgemse contra o governo central e defendem maior autonomia para as provncias. No Rio Grande do Sul, eles so os emissrios das queixas da elite estancieira contra os altos impostos cobrados sobre o charque, o couro e o trigo - produtos bsicos da economia local. So tambm porta-vozes dos ressentimentos da sociedade gacha, que se sente abandonada pelo Imprio na turbulenta regio da fronteira sul do pas.

Ofensiva farroupilhaEm 21 de setembro de 1835, o deputado federalista e coronel das milcias Bento Gonalves da Silva entra em Porto Alegre e destitui o presidente da provncia, Antnio Fernandes Braga. Com a ajuda popular, neutraliza as primeiras reaes legalistas. Porto Alegre retomada pelas foras imperiais, mas os revoltosos ampliam o controle sobre as reas ao longo da lagoa dos Patos e na Campanha Gacha. Aps a vitria das tropas comandadas por Souza Neto nos campos do Seival, entre Pelotas e Bag, os rebeldes proclamam a Repblica Rio-Grandense em 11 de setembro de 1836. A cidade de Piratini, no interior da provncia, vira a capital revolucionria.

Repblica JulianaNo ms seguinte, quando se prepara para atacar Porto Alegre, Bento Gonalves derrotado na travessia do rio Jacu. Condenado, enviado para a priso, na Bahia. Mesmo sem o chefe principal, a rebelio extravasa os limites gachos e ocupa a cidade de Lages, importante entreposto comercial de Santa Catarina. Ajudado pelos liberais baianos, Bento Gonalves foge da cadeia em abril de 1837 e volta a sua provncia. Entre 1838 e 1839, o movimento fortalece-se. Por precauo, os revoltosos mudam a capital para Caapava, no interior da Campanha. Com a participao do italiano Giuseppe Garibaldi, uma expedio enviada para tomar Laguna, no litoral de Santa Catarina, onde proclamada a Repblica Juliana.

Contra-ofensiva imperialCom mais homens e armas, as foras do governo avanam contra os rebeldes. Em 1840, a capital dos insurretos transferida para Alegrete, no extremo oeste gacho, para escapar do cerco inimigo. Em 1842 chega ao Rio Grande o novo presidente e comandante de armas da provncia, Lus Alves de Lima e Silva, baro de Caxias. Com rpidas medidas poltico-administrativas e militares, Caxias revigora as tropas legalistas e abre caminho para negociaes com os insurretos. Aps sucessivas derrotas e com suas lideranas em crescente desentendimento, os revoltosos aceitam a paz em 28 de fevereiro de 1845.

O RenascimentoEngels, em sua vasta obra, informa que em momentos de grave crise histrica a humanidade produz gnios. O Renascimento pode ser compreendido a partir deste principio, uma vez tratar-se de momento gravssimo de crise terminal do Modo de Produo Feudal. A nova tica, a nova moral da burguesia, enfim, exigia o fim do cavalheirismo medieval. Exigia personagens capazes de simular serem o que no so, de dissimular serem o que so, capazes, enfim, de erigir o blefe, a fraude e a pecnia como seus tpicos principais de comportamento e adorao. O Homem do Renascimento, segundo Agnes Heller, era aquele que se comportava de acordo com as frases de Shakespeare ou Leonardo da Vinci, como:

Posso sorrir, e matar enquanto sorrio, E proclamar-me feliz com o que me aflige o corao, Molhar as minhas faces com lgrimas fingidas E acomodar a minha cara a todas as ocasies... Posso acrescentar cores ao camaleo, Mudar de forma mais depressa que Proteu E mandar para a escola o sanguinrio Maquiavel! Ricardo II, Ato 3, Cena 5 ********** Vede aqueles que podem ser chamados Simples condutores de comida, Produtores de estrume, enchedores de latrinas, Pois deles nada mais se v no mundo Nem qualquer virtude se observa no seu trabalho, Nada deles restando alm de latrinas cheias Anotaes, Leonardo da Vinci

Percebe-se que, alm de ser capaz de simular, dissimular, mentir e atraioar o homem dos

novos tempos burgueses que seguem at nossos dias de profunda decadncia da prpria burguesia at por esgotamento deveria ser capaz de obter fama e fortuna em vida, o que seria impensvel durante o feudalismo. A seguir o pensamento do genial Leonardo da Vinci, era preciso deixar a sua marca na histria, fosse em que campo da existncia fosse. Somente era criticado aquele que nada mais fazia do que trabalhar, comer, dormir e, no mximo, reproduzir-se, coisa que outros animais so capazes de fazer o que enfatiza o humanismo renascentista.

Origens

Giorgio Vasari (1511 1574), italiano nascido na cidade de Arezzo, publicou em 1550 um importante livro sobre os artistas plsticos de sua poca, com o longo ttulo Vida dos mais excelentes pintores, escultores e arquitetos italianos, desde Cimabue at a nossa poca. Em sua opinio, a partir da queda de Roma (476), a cultura e a arte entraram em decadncia, renascendo somente por volta de 1250. Vasari identificou trs fases no que concebia como Renascimento artstico. Na primeira fase situava Giotto, pintor nascido em 1267 e morto em 1337. Na segunda fase, considerou como figura mais emblemtica o pintor Masaccio (1401 1428) e na terceira fase, a mais importante das trs, deu merecido destaque a Leonardo da Vinci (1452 1519), Rafael dAnunzio (1483 1520) e Michelangelo Buonarotti ( 1475 1564). Essas trs fases so denominadas pelos italianos Trecento, Quatrocento e Cinquecento, respectivamente.

Vasari foi talvez o primeiro estudioso a empregar o termo Renascimento para descrever o florescimento artstico-cultural da Itlia dos sculos XV e XVI. Usado para identificar no apenas as criaes artsticas na pintura, como todo o movimento ento ocorrido, como a literatura e a cincia, que tomava como modelo e inspirao a cultura da Antiguidade Clssica.

Enquanto o pintor italiano Giotto renovava as artes plsticas com suas obras, o poeta e escritor italiano Francisco Petrarca (1303 1374) destacava-se como iniciador do humanismo. No por coincidncia, ambos anunciavam uma importante mudana no campo da cultura, denominada pelos historiadores, seguindo a tradio iniciada por Vasari, Renascimento Cultural.

O HumanismoQue obra de arte o homem: to nobre no raciocnio; to vrio na capacidade; em forma e movimento, to preciso e admirvel, na ao como um anjo; no entendimento como um Deus; a beleza do mundo, o exemplo dos animais.

Hamlet, William Shakespeare

Revolucionria observao, que conclama a um antropocentrismo em contrapartida ao teocentrismo que grassou por cerca de um milnio na Europa Ocidental. O Homem a peachave, o Homem inclusive comparado ao Todo-Poderoso j no sentido de colocar a nova mundividncia em vigor. Quando props uma nova periodizao da Histria europia, Petrarca tambm tinha em mente a idia de renascimento. Ele chamava de Antiguidade ao perodo que termina com a converso do imperador Constantino ao Cristianismo (337). O perodo seguinte constitua uma nova era, que Petrarca chamou de Moderna, e estendia-se at a poca em que ele vivia (sculo XIV). O termoModerno, contraposto a Antiguidade, tinha ento uma conotao negativa... Com o tempo, contudo,Moderno foi se associando ao renascimento da cultura antiga e acabou ganhando um significado positivo. Sendo a poca Moderna aquela em que os valores antigos estavam renascendo, firmou-se a idia de que o perodo compreendido entre aqueles dois extremos constitua a poca Mdia, a que estava no meio de duas pocas brilhantes: a Antiga e a Moderna. Idade Moderna, assim, veio a transformar-se praticamente em sinnimo de Renascena. Petrarca considerava sua poca como o final de um tempo obscuro, de uma Idade das Trevas, iniciado com a decadncia do Imprio Romano. Em comparao com a poca dos antigos gregos e romanos, plena de realizaes culturais, a Idade Mdia lhe parecia bastante pobre... Tal preconceito, contudo, tem sido revisto por autores contemporneos uma vez ser inegvel a enorme produo cultural patrocinada e orientada pela Igreja Catlica Romana; havia tabus e heresias, mas o pensamento cristo progrediu bastante no perodo considerado Mil Anos de Trevas... De todo o modo o Humanismo Renascentista deve ser considerado um movimento intelectual de valorizao da Antiguidade Clssica. No se tratava, contudo, de meramente copiar as realizaes do Classicismo greco-romano; tal aspecto retiraria ao movimento sua maior amplitude. O Humanismo, embora no sendo a rigor uma filosofia, representou um movimento de glorificao do Homem, tornado centro de todas as indagaes e preocupaes. Constitua, em sentido amplo, uma tomada de posio antropocntrica em reao ao teocentrismo medieval, vale

enfatizar. Os Humanistas no mais aceitavam os valores e maneiras de ser e viver da Idade Mdia. Por conseguinte, o interesse pela Antiguidade era um meio para atingir um fim: os humanistas viam na Antiguidade aquilo que correspondia aos desejos que sentiam. Pretendiam encontrar nos antigos Homens, considerado como um ser geral, impessoal, universal, que existe equalitariamente por toda a parte. Em funo disso, os humanistas tenderam a valorizar a produo cultural da Antiguidade Greco-Romana, sem que com isso queiramos dizer que pregavam um retorno ao passado, tomado apenas como fonte de inspirao. Para a ecloso e ampla difuso do Renascimento como um todo h que se considerar ainda: 1) O aperfeioamento da imprensa, que possibilitou a difuso dos clssicos greco-romanos, da Bblia e de outras obras, at ento manuseadas apenas pelos monges copistas dentro de Mosteiros e Abadias; 2) A decadncia e derrocada de Constantinopla, que provocou um verdadeiro xodo de intelectuais bizantinos para a Europa Ocidental; 3) As Grandes Navegaes ou Mecanismos de Conquista Colonial, que alargou os horizontes geogrficos e culturais e propiciaram o contato europeu com culturas completamente distintas, contribuindo para derrubar muitas idias at ento tidas como verdades absolutas; 4) O Mecenato praticado por burgueses ricos, Prncipes e at Papas, interessados em projetar suas cortes, da financiarem as atividades do Renascimento Cultural. O Humanismo teve suma importncia, pois conduziu a modificaes inclusive nos mtodos de ensino, uma vez que comearam a surgir Academias e Liceus laicos, onde se estudava as lnguas clssicas (o latim e o grego) e com a maior preocupao em analisar acurada e cientificamente os fenmenos da natureza. Deixa de valer o magister dixit aristotlico medieval e passa a valer a busca emprica da Verdade.

Aspectos ou caractersticasO Renascimento foi, de certa forma, a expresso de um movimento humanista nas Artes, Letras, Filosofia e Cincia, constituindo-se, segundo R. Mousnier, em um prodigioso desabrochar da vida sob todas as suas formas, que teve de um modo geral suas maiores manifestaes de 1490 a 1560, mas que no est preso dentro destes limites. Ento, um afluxo de vitalidade fez vibrar toda a humanidade europia. Toda a civilizao da Europa transformou-se em conseqncia. Em sentido estreito, o Renascimento esse el vital nos trabalhos do esprito. menos uma doutrina, um sistema, que um conjunto de aspiraes, uma impulso interior que transformou a vida da inteligncia e a dos sentidos, o saber e a arte.

Vejamos agora as condies vigentes na Europa que facilitaram ou fomentaram o surgimento do Humanismo e do Renascimento. A burguesia, enriquecida com o comrcio, estava ainda presa a um Modo de Produo contraditrio em tudo e por tudo a seus interesses. Estava presa a valores da Igreja e da Nobreza medievais; para contest-los e difundir seus valores, mercadores e banqueiros, burgueses em geral, promoveram um estilo de Artes, Letras, Religio e Cincias mais de acordo com suas concepes racionalistas, antropocntricas e valorizadoras do acmulo de riquezas a qualquer custo. Como contraponto, a nobreza decadente tal como o faz hoje a burguesia decadente buscava cooptar os intelectuais e artistas do renascimento patrocinando suas pesquisas e seus trabalhos com vistas a manter o statu quo ante, ou seja, o Absolutismo Monrquico. Esta tenso durar at o perodo do Iluminismo que finalmente depe a Nobreza e o Clero, entronizando a burguesia endinheirada se j detinham o poder econmico e contestavam os dogmas religiosos, o que lhes podia impedir de deter o poder poltico? O foco inicial do Renascimento foi a Itlia, que j dispunha de prsperas cidades mercantis e para onde chegou a principal leva de intelectuais bizantinos, entre outros fatores maior contato com outras culturas e civilizaes por projetar-se no Mar Mediterrneo e ser na prtica o bero da civilizao greco-romana. No se deve, contudo, separar ou valorizar apenas alguns destes fatores. Devem ser considerados como um todo! O aspecto econmico, em ltima instncia, fator determinante aqui se enfatizam os interesses mercantis da burguesia em asceno.

Os novos valores e os gnios produzidos por aquele perodo de criseO Renascimento, com acentuado esprito crtico em todas as suas manifestaes (artstica, religiosa, literria, poltica, etc.) teve como principais representantes, no aspecto eminentemente literrio: Dante Alighieri A Divina Comedia Nicolau Maquiavel O Prncipe, A Mandrgora Giovanni Boccacio O Decameron Ariosto Orlando Furioso Miguel de Cervantes D. Quixote de La Mancha Lus de Cames Os Lusadas William Shakespeare Romeu e Julieta, Jlio Csar, Hamlet, Otelo e milhares de outras obras poticas e peas teatrais; tantas que h at hoje uma polmica se foi um nico ser humano a escrever obra to vasta e de to grande valor! O Renascimento, sem dvida precisava de gnios. E os produziu! Erasmo de Roterd O Elogio da Loucura Etienne de La Boetie Discurso da Servido Voluntria Thomas Morus Utopia, entre vrias outras obras e Autores...

Em sua vertente principalmente Artstica, o gnio universal de Leonardo da Vinci , sem sombra de dvida a maior estrela desta constelao. Alm de pinturas e esculturas de valor inigualvel, foi o precursor da balstica e o inventor do submarino e at do helicptero (que s no se viabilizaram em seu tempo por motivos banais!). Michelangelo Buonarotti, o escultor que no gostava de pintura, autor da decorao deslumbrante, sufocante mesmo, da Capela Sixtina, alm das esculturas de Moiss, Davi e Piet entre centenas de outras! Rafael Snzio, famoso pelas suas pinturas magnficas de Madonas, Murilo e El Greco, entre outros tantos.

Em sua vertente Cientfica h que destacar-se principalmente o fato de surgir um poderoso esprito crtico comum a todos os renascentistas, sejamos justos! que rejeitava o princpio da autoridade, o magister dixit aristotlico medieval. Agora buscava-se empiricamente os fatos detalhada e acuradamente, com comprovaes factveis de reproduo em laboratrio. No bastava mais estar escrito numa obra genial de Aristteles para ser verdade. Era necessrio comprovar essa verdade, o que muitas vezes no ocorria, levando a crises com a Igreja, ainda poderosa, e sua Santa Inquisio, que supliciou muitos dos pioneiros da cincia em nome da defesa da f... Destacam-se, nesta vertente, o polons Nicolau Coprnico, cuja teoria heliocntrica foi completada no sculo XVII pelo italiano Galileu Galilei (perseguido pela Inquisio, teve de retratar-se mas deixou uma obra imorredoura. S foi perdoado pela Igreja Catlica no ano do Jubileu, ou seja, em 2000 d.C. quando, finalmente, a Igreja Catlica aceitou o fato de que a Terra redonda, gira em torno do seu prprio eixo e em torno do sol... Giordano Bruno, por sua vez, no se retratou. Sua tese de que somente um universo infinito seria compatvel com a idia de um Deus infinito estava em dessintonia com as teses aristotlicas. Por esta heresia ele foi amarrado a uma estaca em praa pblica onde teve a lngua perfurada por uma faca e foi enfim queimado vivo. Como sofriam os cientistas da rea das cincias naturais em tempos remotos. Tanto quanto hoje sofrem os verdadeiros e radicais cientistas da rea de humanas... Alm destes, Johannes Kepler tambm na Astronomia; na Medicina Nostradamus (poderoso vidente e ocultista tambm!), William Harvey, Miguel Servet, Ambroise Par e Andr Veslio (considerado o pai da moderna Anatomia). Imagine-se o que passaram estes desbravadores quando profanar o corpo de um morto para fazer disseco era um crime, uma

heresia! Na Religio, a Reforma Protestante com sua pregao contrria quela da Igreja Catlica Romana, muito mais favorvel burguesia, tem em Martinho Lutero e Joo Calvino seus principais expoentes.

Lzaro Curvlo ChavesBibliografia: Histria das Sociedades Rubem Aquino O Renascimento - Nicolau Sevcenko O Homem do Renascimento Agnes Heller Histria Geral das Civilizaes, volume 2 R. Mousnier