catálogo luís augusto 2008

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Catálogo oficial e/ou oficioso da primeira ex- posição indi- vidual de lui- soaugusto por Luís Au- gusto, prima- vera de 2008.

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catálogo inédito de minha primeira exposição individual em 2008, no ifcs/ufrj, realizada às "próprias" custas, e que sem o apoio de Negro Léo, Bárbara Vida, Ana Coutinho, Victor Gil, Marcos Lacerda, Daniel Fernandes, Constança Barahona, Felipe Ridolf, Curumim e, claro, João Akira San, nada disso teria acontecido, ou teria acontecido de uma forma bem menos especial! Amor fati!

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Page 1: Catálogo Luís Augusto 2008

C a t á l o g o oficial e/ou oficioso da primeira ex-posição indi-vidual de lui-s o a u g u s t o por Luís Au-gusto, prima-vera de 2008.

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Apresentação ou se réplica houver às vanguardas

em memória viva à negro léo

estou empenhado em alcançar um fator que expo-nencie, sobretudo, minha criatividade, de modo a alçar minhas idéias num grande inventário que pre-cipite nos avanços do mercado e nas querelas da bu-rocracia. para além do registro da mudança, registro para a mudança. não é porque não temos dispensa que dispensaremos os espaços, venho insistindo nes-sa tecla. não é preciso muito, é preciso tudo e estou animado. me sinto no ritmo da moçada e a moça-da é um mito, diz muito, pouco, às vezes diz tudo e às vezes não diz, não diz nada. há calor no receio e poucos podem imaginar. gosto quando minha ca-beça explode no céu. não sei porque cargas d’água a revolução veio a ser minha namorada, talvez porque ela esteja em circulação, talvez porque ela diga que eu não vou passar, talvez porque ela me traga inse-gurança, talvez porque ela me faça sonhar o contrá-rio, talvez porque às vezes eu titubeie e me pergunte: reflexo da cultura ou revolução? não. não há como fugir, ou ao contrário, só há como fugir. maurício, o que diria a tolice depois de uma leitura mais assaz de moby dick? vamos suspender as cores das ima-gens por hora. quando a matilha vai se reunir? tenho algo a dizer, pagamos um alto preço pelos termos da autenticidade. será que somos antigos? à moda anti-ga? desvalidos? onde estava nosso imenso alcance?

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meus amigos, ontem mesmo me vi escondendo-me como uma criança no pique. saí com uma máxima: se eu fosse portinari soltaria pipa ten-taria encostar no dedo de deus ou pensar que a pipa sou eu. constança é tudo que ela pede e ain-da ajudarei akira a construir a bicicleta que voa.nota sobre a simultaneidade. muito me dis-se chico xaves ao ponto de perceber, eu é cla-ro, ou digo, escuro e profundo, alguns níveis en-volvidos na realização da dinâmica da vida. de repente achei ter desenhado, ou pintado, como queiram, o tempo da terra e o espírito do homem.

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Corcina nº12008

Nanquim sobre papelnão dimensionado

Page 5: Catálogo Luís Augusto 2008

Corcina nº32008

Nanquim sobre papelnão dimensionado

Page 6: Catálogo Luís Augusto 2008

Série Rio: Pão de açucar2008

Nanquim e guache sobre papelnão dimensionado

Série Rio: Corcovado2008

Nanquim sobre papelnão dimensionado

Série Rio: Central2008

Nanquim sobre papelnão dimensionado

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Avant la lettre2008Nanquim sobrepapel de revista

Dom Quixote2008

Nanquim sobre papel

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Entrevista em conversa. Marcos Aurélio Lacerda e Luís Augusto.

Em princípio, uma miríade de impressões algo disforme. Uma poética do estilhaço. Indefinível som. Fragmentos de uma ordem que já nasce desfeita. O olhar se perde. No entanto, há algo a mais, quer dizer, tra-ço, linha, forma, cor, figura, criam um campo de significados que não é tão disperso e diverso como pode parecer para um olhar apressado, um olhar que não se perde. É como se o olhar precisasse se perder, ter a sensação do que não tem forma definida, para assim poder ver e sentir uma forma definida, ou uma definição da forma de uma outra ordem...

É sobretudo uma investigação sobre os limites e al-cances de dada inscrição. O suporte, aonde as coisas acontecem, geralmente papel, trato-o de modo muito próximo da noção de campo de consistência. O ris-co é iminente e o equilíbrio um desejo. No caso de minha pintura, ou desenho, como queiram, raríssi-mas vezes eu trabalhei com um projeto pré-deter-minado, de modo a seguir muito mais o ímpeto em percorrer os processos de realização do que um fim em si mesmo. É claro que eu posso agregar senti-dos prévios ou posteriores, mas o que me interessa é alcançar uma composição alquímica, isto que eu talvez tenha chamado acima de equilíbrio. Me pare-ce ser aí a morada e talvez a potência desta poética.

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É curioso: não à toa sugeri que nós começássemos tentan-do pensar algum tipo de “definição” para a obra, correndo o risco de sermos apressados nesta definição. Mas quería-mos imprimir um ritmo, um movimento com as variações e modulações que podemos ver nas pinturas. Ora difu-sa e dispersa, ora demasiado concentrada e consistente. A forma. João Cabral em seu “Psicologia da composição” diz procurar “ a forma atingida/como a ponta do novelo/que a atenção, lenta, desenrola”. É este o sentido de se di-zer que a pintura é concentrada e consistente. Do mesmo modo, Poe em seu ensaio sobre o poema “ O Corvo” mos-tra toda a arquitetura cerebral de sua feitura, deixando de lado o que poderia ser visto como arroubo de sentimentos ou “inspiração”, ou mesmo desvario e loucura indomada...

Come as you are. Na carta do vidente, Rimbaud assi-nala as tensões que evolam por sobre o artista, media-dor da forma e do informe, dando-as como vem. Acho absolutamente válido a tentativa de pensar uma defi-nição, apesar de sua extrema dificuldade. Todos nós sabemos o quão árduo é a tarefa de esclarecimento, seja qual objeto for, mas especialmente na arte, sobre a qual se acumulam um número infindável de confusões, divergências, soluções, resoluções, tendências, etc...

por isso falei em “poética do estilhaço”, mas também su-geri que há nas pinturas algo além disso, quer dizer, um tensão entre o fragmento difuso e a unidade concentrada..

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Muito sugestivo a proposta, vejo nela um ajustamento de fato com o que faço. Em uma conversa informal em algum lugar da cidade, você havia me dito sobre a questão pré-reflexiva do artista perante o espaço em branco, e o movimento de conquista de algo por vir, a pintura ou o desenho, ou ainda a própria escrita...

É, eu lembro disso. Eu tinha ido a tua casa durante à noi-te, em minhas deambulações pelas ruas da cidade, e fiquei observando o seu processo de criação. Naquele momen-to, pensei nos textos de Merleau Ponty sobre a pintura, a percepção e a razão. Há um deles, não lembro bem ago-ra qual, onde o filósofo francês fala sobre um pensamen-to “pré-reflexivo” no ato da criação artística, em especial na pintura. Trata-se de pensar aquele instante que passa despercebido quando não temos a concentração e atenção necessária para ver o pintor no processo de feitura de um quadro. Na verdade, a impressão inicial é de que se trata de um conjunto disforme de gestos imprevisíveis, sem a previ-dência, o cuidado do distanciamento reflexivo, a dúvida. É neste texto que Merleau-Ponty fala sobre uma filmagem em câmera lenta do processo de pintura que o deixou des-concertado, pois ele viu ali todo o cuidado, a previdência, a reflexão, em suma, a presença de um pensamento também reflexivo na criação artística, mas de uma outra ordem...

Uma ordem reflexiva, na medida em que ele pre-cisa conjugar soluções para certas resoluções, é uma questão imediata e que só pode ser atualizada

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É um mínimo no processo, dito menor mas pouco observado, daí o auxílio da câmera, a visão propos-ta por ela na reconstituição de certos procedimen-tos adotados. Creio que poucos artistas pormenori-zariam este fato, não fosse o auxílio de um outro e me vejo nesta situação. Se por um lado esta razão pré-reflexiva atuante na criação não me permitiu assegurar um controle total sobre o que faço, em termos até argumentativos, encontrei no supor-te este elemento catalisador que considero ser uma percepção política indispensável em todo e qual-quer ato, ou ainda gesto, o que em larga medida me fez proclamar uma espécie de independência ou sorte, ou ainda, última inocência, última timidez.

Eu queria colocar algumas questões sobre o que você falou aí, mas antes dizer que gostei de ver você fazer alguma menção, mesmo que ainda como esboço, da “concepção política” do que faz. Porque falar em técnica, suporte, política, etc., é atentar para aquilo que Bourdieu diz sobre toda a problemática de considerar o artista como um “criador incriado”, quer dizer, como se ele não fizesse parte de uma rede mais ampla que inclui público, meio de comunicação e circulação, e assim por diante. Mas ainda não consegui entender a relação entre percepção política e o que seria “última inocência” ou mesmo timidez.

Marcos, nós que não somos do Rio de Janei-ro, eu, São Pedro, você, São Paulo, mas que

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também poderia ser qualquer outra cidade, estado ou país, sabemos da dificuldade de “penetração ilesa” a que todo e qualquer estranho é submetido, pois traze-mos outros sinais que possuem no mínimo um duplo jogo, o exotismo e a desconfiança. Temos que estar sempre muito centrados em nossos objetivos e não é possível balbuciar. Isto implica um ethos, uma prática cravada no tempo e com o tempo, assinalando nos-sa posição sobre os diversos níveis da existência que nossa curta presença na terra nos agracia. É sobre este ponto axial que aflora esta percepção política a que me refiro, um modo específico de tratamento dado às coisas e que não mede fronteiras, (seja papel, co-mida, bebida, amigos, pais, namoradas, professores, compromissos, estado, conflitos, sentimentos, pensa-mentos, etc,) em última instância, como nos relacio-namos e agenciamos esses constantes encontros para além do acaso, e sua afirmação demanda o abando-no de posturas como a inocência e a timidez, dentre muitas outras, para se poder dizer EU. Não se trata de um “criador incriado”, bem criado ou malcriado, deveras. Penso com a possibilidade de retroalimen-tação criativa instalada e de certo modo efetivada a partir da inclusão do público, dos meios de comuni-cação, circulação e distribuição coexistentes à trajetó-ria de cada artista, e eu venho buscando o meu jeito.

Bom, já que você incluiu uma série de elementos como parte expressiva da “criação”, e aqui coloco de forma pro-posital as aspas, e já que estes elementos estão como que

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inseridos num “campo de significados” mais amplo ( para retomarmos o início de nossa conversa), será preciso deli-mitar bem estes elementos e lugares. Quero entender um pouco sua relação com todas estas coisas, e nisso incluo as suas deambulações pela cidade do Rio de Janeiro, os itine-rários urbanos, as ruas e curvas da cidade, em suma, os seus diversos trajetos que marcam trajetórias específicas e que informam, ou podem informar, sobre a sua produção , e aqui não uso aspas também propositalmente. Como diz a canção de Wilson Batista “ louco, pelas ruas ele andava...”

ontem, em nosso grupo de estudo sobre a música popular brasileira, falávamos sobre a questão épica, mas esta questão já me atravessava antes, as espec-tativas de minha morada no Rio, aqueles sonhos de Passárgada, encanto, assombro, desassossego, bus-ca por respostas que ninguém vai te dar, vontade de saber, sei lá, cair no mundo como um anjo decaído, que a passos surdos roça o vento por dentre cidades esplêndidas. Assim o fiz e assim o faço. Sobretudo ca-minho. Triste, alegre, confuso, desperto... este movi-mento me é muito caro. Nunca gostei muito da idéia de porto seguro, pois sempre que vejo um barco atado à terra é como se ele estrangulasse o mar. Daí talvez minha aptidão maior para as artes, que certamente vem se mostrando mais frutífero que outros aspec-tos cultivados por mim, como os estudos filosófi-cos e antropológicos. Outro ponto de inflexão sobre meu trabalho são as pessoas que cerceiam meu uni-verso íntimo e que auxiliam sobremaneira em meu

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desenvolvimento espiritual, político, afetivo, intelec-tual, interpessoal, e tantas outras instâncias que po-deriam ser elencados: José Benedito, Djanira, Árita Cristina, Francisco Bento, Daniel, Negro Léo, Maurí-cio, Antônio Carlos, Marina, Carolzinha, Ivan, Tainá, Castor, Gabriela, Felipe Portavales, Constança, você, Bruno, Carneiro Leão, Luiz Antônio, Roberto, Palmi-ra, irmãos da 1ª igreja, Vinícius, Heitor, Cabelo, Tho-mas, Thomás, Germano, Ricardo, Aline, Ana, Victor, Bárbara, Ligia, João, Joca, Gabriel, Marlúcia, Felipe e Bruno, Luiza, Ana, Lêlê, Melina, São Pedro da Aldeia, Diamantina, Raquel, Marcos, ah cara, é muita gente...

Há, como nós sabemos, diferentes formas de se pensar a reprodução de uma obra de arte, e há também um quadro histórico onde se vê diferentes técnicas, tais como a xilogravura, a litografia, a imprensa, a foto-grafia, entre outros. Sem deixar de lado as diferencia-ções entre as diversas formas de reprodução de imagens (“O cinema falado é o grande culpado da transfor-mação...”), nós poderíamos apontar algumas questões cruciais, tais como as que aparecem na pergunta an-terior. Em princípio, trata-se de colocar em questão novamente esta dupla condição da obra de arte,como mercadoria e significado, tendo em vista que a signifi-cação não se perde ( ou não o deveria )ante à dimen-são mercadológica. Por isso falei em produção/criação, e sorrateiramente não coloquei aspas em produção.

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A dimensão “social” da obra de arte, interna a própria obra, como um dos elementos de sua feitura, parece a mim ganhar mais realce ao falar em produção sem aspas, e ao deixar um pouco de lado a criação, etc. Em suma, como a sua obra pode explicitar as questões que se inserem no âmbito da produção, ou mesmo a dimensão social desse processo? De que modo esta polarização mercadoria/significado aparecem? Por fim, qual o lugar ( se é pertinente falar em lugar)em que você in-cluiria a sua obra no contexto das obras de arte no Brasil, ou mesmo no “campo cultural” do Brasil contemporâneo?

Gosto de sua perspicácia ao afastar os dois ter-mos, tratados em sua grande maioria, ou com tamanha confusão, ou encetada por sobre mitos, e falo por mim. Faz três meses que me inseri no campo da arte através de uma instituição de en-sino, Parque Lage, onde venho submetendo mui-tos de meus trabalhos ao olhar crítico de profis-sionais e estudantes como eu, e tem sido muito interessante as diversas reações com relação ao meu trabalho. Não nego que me senti um pouco decepcionado pelo tratamento excessivamente formal dado à análise do mesmo, e talvez eles ti-vessem razão, pois até então eu não havia refleti-do de maneira mais radical sobre os motivos ins-critos, com exceção do trabalho realizado para a primeira festa de jazz que eu e um grupo de ami-gos produzimos no Hotel Paris, centro da cidade.

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Realizei alguns quadros a partir de uma série de ima-gens retiradas de uma revista de arte francesa, tendo em vista o caráter paródico que nós já focávamos com a própria festa, a se imaginar a execução de jazz, tan-to programado quanto ao vivo, em um prostíbulo de modo a remeter à própria origem social daquela músi-ca, e que encontrávamos através do nome do hotel, um dos espaços de consagração do mesmo gênero. Penso nos músicos de Miles o aconselhando a não voltar para os Estados Unidos naquele período tão conturbado, especialmente quanto às lutas pelos direitos civis, os brancos dali eram diferentes, os respeitavam, diziam. Arranquei algumas páginas daquela revista que as-sinala um lugar comum da arte associada aos ideais burgueses, vanguardísticos, citadinos, civilizatórios, refinados, cheios de tiques e chiques, e intervi com a minha pena e meu nanquim de maneira a publicizar o evento. Era uma forma de realizar um deslocamento à maneira da própria festa, que não custava mais que 2,00 reais, para ser mais exato 1,99. Quem no Brasil conseguiria ouvir Jazz a 1,99? Avant la lettre. Foi o nome da primeira festa. Sua divulgação foi realizada através de listas de e-mails, sem produzir lixo algum, apenas uma máquina fotográfica digital e um com-putador foram precisos para distribuir a informação. Num espaço previsto para 150 pessoas, e debaixo de muita chuva, alcançamos a estimativa de mais de 600 pessoas, circulando durante toda a noite. Creio ter sido este o primeiro êxito alcançado por mim, na ten-tativa de conjugar a questão da produção e da criação.

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Na segunda festa, O tédio já não é mais meu amor, preparamos um audiovisual, escrevi os letreiros e desenhei os motivos, filmados por Negro Léo e cujos planos se repetiam segundo a montagem de Constança. Desta vez mandamos por e-mail, além de uma análise sobre nossa percepção em re-lação ao mercado de festas, o link no youtube com a chamada para a festa, que soava ao sabor da can-ção de Assis Valente, “sossega leão, sossega leão...” Já no Parque Lage, um amigo que acabara de voltar de Portugal comentou comigo sobre alguns artistas que estavam a intervir sobre os espaços públicos com cartazes que traziam motivos artísticos em relação aos quais desconheço, mas que denominavam seu ato intervencionista sobre a égide do título “ Museu efê-mero”. No mesmo período ganhei um rolo de papel jornal, e pincel e nanquim japonêses, concatenando esta idéia de além-mar, somado a uma técnica desen-volvida a partir do suporte e do material especifica-dos, além da abertura de meu ateliê filosófico para algumas idéias de Walter Benjamin, particularmente noções como aura, reprodutibilidade, ou mais, a obra de arte como um fetiche, uma mercadoria, que em muito vem me ajudando a operar uma percepção crí-tica do tempo da pintura e da pintura do tempo. É como um causo policial que envolve uma mulher que tem os braços decepados. O autor, não-identificado. Suspeitam da história. Alguém comenta: -que belas pernas. Não se contendo pergunta que horas abre. Conforme dito no início de nossa conversa, tenho me dedicado a esta investigação sobre os limites e

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alcances das inscrições que venho realizando. Já estou terminando algumas peças para minha se-gunda exposição individual que será aberta em novembro, com uma terceira festa, A revolução é minha namorada, e que gostaria de me deter mais especificamente sobre este tema na ocasião, pos-to ser exposto os resultados desta pesquisa, agen-ciada com outras questões tal qual o audiovisual, será ele também culpado?! e já fica o convite para uma segunda entrevista ou melhor conversa.

Então, falemos sobre os quadros dessa exposição, que é a primeira...

oficialmente e oficiosamente sim, e que carinho-samente a chamo de primavera de 2008. Em tem-pos de multimídia, estou realizando a curadoria de meus melhores trabalhos, e em contraste com os mais recentes, posto se encerrar à poucas ho-ras da abertura. O tempo urge, diz minha irmã. Sua extensão já ultrapassa a marca de 300 peças, e salvo belíssimas e por vezes dramáticas exce-ções, penso se concentrarem o fino em minha recente produção, sua grande maioria nanquim sobre papel, seja, jornal, offset, papiro, pergami-nho, ofício, ... Rapaz é uma peça produzida a par-tir de experimentos com pigmentos naturais, no caso, urucum e o próprio nanquim. Ele me pare-ce uma pessoa altiva, centrada e que radia força e

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e mistério. Há o Intelectual, desolado, inquieto frente ao estado de coisas que ocupa seu raio de visão. Se réplica houver às vanguardas, é um estudo de imersão sobre a simultaneidade, pa-gônica, partindo de uma possível resposta à al-guma questão deixada por qualquer vanguarda, em nanquim sobre papiro ou pergaminho. Enca-minho com ele, questões para o audiovisual, no sentido de responder alguns estímulos. Hão tam-bém outros lances em jogo. Resposta automáti-ca ao que se considera vanguarda, uma interro-gação sobre a questão de ser belo ou economia política, retrato de um artista quando jovem cão, menino lobo que uiva para fixar uma imagem da liberdade, espero eu sempre livre. Tríade sem título, aspectos inscritos sobre a precariedade com tamanho requinte de riquezas pictóricas e em larga medida pitoresca, ironicamente belo por se pretender naturalista, a esta natureza não há encargo de título. Série: Ritmo da Moçada nº1, quadrinho que inaugura o discurso indireto livre em minhas inscrições, cada um reconhe-cerá os seus. Os atingidos, um dos poucos tra-balhos sobreviventes destinado à intervenção em espaços públicos, cujo suporte é papel jor-nal, juntamente com O bagre. Confesso que a partir de agora, só o tempo dirá esta primavera.

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A aparência/ilusão das formas, em seu bailado es-quisito, criam em nós um prazer que vem mais da inquietação, da dificuldade de apreensão do olhar, o olhar que precisa se perder para ser e saber o ser dos desenhos, traços, formas imprevistas, etc. Diferentes texturas, o silêncio do olhar percorrendo o que já não sabe ser o olhar ou o saber da apreensão. Claro que esta apreensão não se concentra num ponto fixo, mas ela se concentra de algum modo, portanto não é apenas fugidia, e você está nos fazendo “ver”, quer dizer, fazendo “teoria”. Dando formas ao mundo, ou melhor, se abandonarmos a idéia de um mundo pré-existente, é possível ir mais longe, o artista não dando formas ao mundo, mas criando mundos...

Tarde, noite e madrugada de domingo, 19 de outubro de 2008.

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Série Tríade Sem título nº22008

Nanquim sobre papel30 x 42 cm

Page 23: Catálogo Luís Augusto 2008

Série Tríade Sem título nº3 2008

Nanquim sobre papel30 x 42 cm

Page 24: Catálogo Luís Augusto 2008

Série Tríade Sem título nº 1 2008

Nanquim sobre papel30 x 42 cm

Page 25: Catálogo Luís Augusto 2008

O rapaz2008

Nanquim sobre offset65 x 140 cm

O intelectual 2008

Nanquim sobre offset65 x 145 cm

Page 26: Catálogo Luís Augusto 2008

Série: o Ritmo da Moçada nº12008

Nanquim sobre offset43 x 64 cm

Page 27: Catálogo Luís Augusto 2008

Os atingidos2008

Nanquim sobre offset143 x 120 cm

Page 28: Catálogo Luís Augusto 2008
Page 29: Catálogo Luís Augusto 2008

Resposta automática aos que se consideram vanguarda

2008Nanquim sobre offset

70 x 93 cm

Se réplica houve as vanguardas2008

Nanquim sobre offset100 x 70cm

Page 30: Catálogo Luís Augusto 2008

luísoaugusto

telefone: 21 9656-5568e-mail: [email protected]

Ateliê:Ladeira do Barroso, 15, 201. Gamboa, Rio de Janeiro - RJ. Brasil.