casos de direito constitucional ii 2013 resolução 2 a 11 (1)

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  • DIREITO CONSTITUCIONAL II

    1 Rui Lanceiro

    NOTAS SOBRE A RESOLUO DOS CASOS

    Notas prvia:

    Este documento destina-se a apresentar, sucintamente, as questes abordadas relativamente

    aos casos discutidos em aula deve, por isso, ser lido em conjunto com a resoluo feita

    na aula. O objectivo dos casos era apresentar a matria da teoria da lei ou seja, por vezes

    os casos levantam outras questes, que no foram tratadas em aula e no sero aqui

    resolvidas, por extravasarem o que se pretendia

    O presente documento no substitui de forma alguma o estudo do Manual do

    Professor Carlos Blanco de Morais.

    Segue-se a posio do regente, o Professor Carlos Blanco de Morais, expressa no Manual.

    Caso n. 2

    Com este caso pretendia-se abordar a problemtica da definio de lei e de norma, bem como da

    reserva de lei e dos seus limites.

    i) Definio de norma:

    a. A generalidade deve constituir o elemento estrutural de caracterizao de uma norma.

    Norma como critrio de deciso aplicvel a uma pluralidade indeterminada ou

    imediatamente indeterminvel de destinatrios independentemente de se esgotar numa

    situao concreta ou pluralidade de situaes. A abstraco no deve constituir um

    elemento de definio da norma, porque no abrange as regras que se esgotam num caso

    concreto, apesar de serem gerais (carcter normativo do comando). A repetibilidade no

    elemento da norma.

    b. No entanto, para efeitos de Direito Constitucional, h um problema com o conceito de

    norma, para efeitos de fiscalizao da constitucionalidade que apenas ocorre

    relativamente a normas, nos termos do artigo 277., n. 1;

    c. De facto, como a Constituio no obriga a que os actos legislativos sejam gerais e

    abstractos nomeadamente porque isso s acontece para alguns casos (artigo 18., n. 3;

    leis de bases), e admitida a existncia de actos administrativos sob a forma de lei (artigo

    264., n. 4) , teramos sempre, face a um acto legislativo, de conferir se este continha

    normas, para verificar se a sua constitucionalidade poderia ser fiscalizada pelo Tribunal

    Constitucional;

  • DIREITO CONSTITUCIONAL II

    2 Rui Lanceiro

    d. O Tribunal Constitucional (TC) tem uma posio pragmtica: adoptou um conceito

    funcional de norma, adequado ao sistema de fiscalizao. A frmula de qualificao

    necessria para ser objecto de controlo da constitucionalidade abrange: 1. Os actos

    normativos desprovidos de forma legal (critrio de deciso ou regra de conduta), de

    contedo geral e abstracto; e 2. Os comandos sob a forma de lei, mesmo que individuais e

    concretos, desde que com a forma e fora de lei.

    e. No Direito Constitucional de adoptar a concepo pragmtica do TC.

    ii) Definio de lei:

    a. A anlise deve partir do regime constante na Constituio e no de uma mitologia do

    conceito de lei;

    b. A Constituio no obriga que a lei tenha sempre um contedo geral e abstracto podem

    existir (e existem) leis singulares, com contedo individual e concreto. Como j referimos, a

    Constituio s estabelece a necessidade de contedo geral para alguns casos (artigo 18., n.

    3; leis de bases), sendo admitida a existncia de actos administrativos sob a forma de lei

    (artigo 264., n. 4). A funo poltico-legislativa primria ou dominante sobre as

    secundrias, como a funo administrativa, sendo admissvel a compresso do seu mbito de

    actuao, dentro de certos limites. Defender o contrrio seria admitir uma limitao

    competncia legislativa genrica da Assembleia da Repblica que no se encontra na

    Constituio face redaco do artigo 161., alnea c);

    c. A lei resulta de um critrio poltico de deciso e um acto:

    i. Produzido atravs de um determinado processo e revelado com uma determinada forma

    (tpica de lei) artigo 112., n. 1;

    ii. Por um rgo com competncia para tal;

    iii. Que goza de uma determinada fora no ordenamento jurdico (fora geral de lei) artigo

    112., n. 5;

    iii) Reserva de lei:

    a. Trata-se de uma reserva face ao mbito e aos actos tpicos de outras funes;

    b. o domnio material necessrio de legalidade, que resulta do princpio da separao de

    poderes (artigo 111., n. 1) e implica:

    i. Prioridade de disciplina normativa: a lei assegura a regulao exclusiva e primacial de

    determinadas matrias, com carcter inovatrio; excluso de deslegalizao ou substituio

    por acto de outra funo em caso de lacuna ou omisso;

  • DIREITO CONSTITUCIONAL II

    3 Rui Lanceiro

    ii. Supremacia da lei: princpio da legalidade os actos das funes secundrias devem fundar-

    se na lei e conformar-se com ela;

    c. A reserva pode ser:

    i. Horizontal: o mbito material que a lei pode abranger h reserva total de lei (a lei pode

    dispor sobre todas as matrias) (exemplo artigo 161., alnea c);

    ii. Vertical: o grau de densificao Podem existir leis individuais e concretas mas se a

    densificao for muito grande, h o potencial de conflito com funes secundrias ou com

    a autonomia privada.

    Caso n. 3

    Com este caso pretendia-se abordar a problemtica da reserva de lei e dos seus limites, bem como

    da tipicidade da lei.

    i) DL do Governo:

    Questo da reserva de lei em sentido vertical - limites:

    a. A autonomia privada (ex.: contratao colectiva ou contrato de trabalho);

    b. Apesar de no existir reserva geral de administrao (tambm no existindo uma reserva

    geral de regulamento), existem domnios reservados administrao, relativamente:

    i. administrao autnoma:

    1. Autarquias Locais ( o que surge no Caso): cfr. artigos 235., 237., 241.. Exemplos:

    proibido revogar regulamentos autrquicos ou substitu-los; tambm proibido

    concretizar demasiado o acto legislativo, pois pode levar expropriao da autonomia

    administrativa (exemplo: emisso de actos administrativos);

    2. Regies Autnomas: cfr. artigos 227., n. 1, alnea d) e g), 232., n. 1. Exemplos:

    proibido revogar regulamentos regionais ou substitu-los; tambm proibido

    concretizar demasiado o acto legislativo, pois pode levar expropriao da autonomia

    administrativa (exemplo: emisso de actos administrativos);

    3. Universidades: cfr. artigo 76., n. 2. Corresponde a um ncleo de auto-organizao

    institucional ou funcional, de mtodos pedaggicos concretos, bem como de avaliao

    dos alunos (exames, notas ou passagens administrativas);

    ii. administrao independente: Conselho Superior de Magistratura; ERC; CNE.

    iii. Ao Governo: deve haver respeito pelo ncleo essencial da administrao ou do executivo

    (Ac. do TC n. 24/98): este no pode ser ofendido ou apropriado. uma decorrncia do

    princpio da separao de poderes a garantia de uma esfera ou margem til de poder

  • DIREITO CONSTITUCIONAL II

    4 Rui Lanceiro

    autnomo de administrao do Governo at para permitir a sua responsabilizao sem

    uma intromisso intolervel da Assembleia da Repblica. As reservas administrativas

    especficas do Governo sero, assim, por exemplo:

    1. A reserva de execuo oramental: artigo 199., alnea b); 167., n. 2 (lei, dispositivo ou

    norma travo);

    2. A reserva relativa ao poder de direco, superintendncia e tutela (artigo 199., alnea d).

    Neste mbito pode-se distinguir:

    a. Os poderes relativos administrao directa: o poder de direco. A reserva abrange

    os actos de nomeao, classificao, responsabilizao disciplinar, dar ordens ou

    injunes, interferir na gesto corrente, ordenar operaes materiais, etc. O TC tem

    sido relutante na sua afirmao, por temer diminuir o controlo e responsabilizao

    do Governo perante a Assembleia da Repblica. No tem razo: a fiscalizao no

    implica poderes de substituio.

    b. Os poderes relativos administrao indirecta: o poder de superintendncia emitir

    directrizes. Tendo em conta o mbito do poder do Governo e o da reserva de lei

    (normatividade), aqui difcil encontrar uma reserva firme. Deve ser verificado o seu

    respeito caso a caso.

    uma reserva do Governo face Assembleia da Repblica. Pode o Governo usar a forma

    de DL para actuar nestes domnios? Em princpio isso ser inconstitucional por excesso de

    forma (a reserva aqui refere-se s forma, no j ao rgo) mas a consequncia a mera

    irregularidade do DL.

    ii) Lei:

    a. Pode revogar o DL: lei e decreto-lei tm igual valor, salvo excepes (artigo 112., n. 2);

    b. Tipicidade:

    i. H uma reserva de Constituio relativamente aos actos legislativos (que tm fora e forma

    de lei) s so admssiveis as formas constitucionalmente previstas (artigo 112., n. 1);

    ii. A lei no pode criar outros actos legislativos nem atribuir a actos de outra funo fora de

    actos legislativos como a Assembleia da Repblica tencionava fazer neste caso.

    iii. A lei no pode ser interpretada, integrada, revogada, suspensa, modificada ou ver a sua

    aplicao estendida, com eficcia externa, por actos que no sejam actos legislativos (artigo

    112., n. 5). , no entanto, admissvel a interpretao conforme Constituio quando

    existe apenas um sentido interpretativo que seja conforme.

  • DIREITO CONSTITUCIONAL II

    5 Rui Lanceiro

    Caso n. 4

    Com este caso pretendia-se abordar a problemtica da reserva de lei e dos seus limites, bem como

    da tipicidade da lei.

    i) Lei da Assembleia da Repblica: questo da reserva de lei: a lei pode, em princpio densificar

    esta matria sem limite no h necessidade de generalidade ou abstraco;

    ii) DL:

    a. Tipicidade: (112., n. 5);

    b. Regulamentos (a propsito da remisso para portaria):

    i. Regulamentos independentes: disciplina tendencial ou parcialmente inovatria, em termos

    prximos dos da lei, mas sem gozar da sua fora, carecendo de lei que estabelea a

    competncia objectiva e subjectiva para a emisso (artigo 112., n. 7);

    ii. Regulamentos de execuo: concretizar normas legais (artigo 112., n. 7);

    iii. Regulamentos autnomos: normas administrativas (esto abrangidos os regulamentos

    independentes ou de execuo) emitidas por rgos integrados na administrao autnoma

    que, por definio, prossegue interesses prprios (AL: 241.; Uni: 76., n. 2; RA: 227.,

    n. 1, alnea d);

    iv. Regulamentos delegados: proibidos pela Constituio, trata-se da previso de normas

    administrativas que, mediante habilitao legal, derrogam, interpretam ou integram (ou

    ampliam) actos legislativos so inconstitucionais por violao do princpio da tipicidade

    (112., n. 5). , no entanto, admissvel a interpretao conforme Constituio quando

    existe apenas um sentido interpretativo que seja conforme.

    c. Regulamentos do Governo:

    i. Os regulamentos independentes do Governo carecem de forma de decreto regulamentar

    (artigo 112., n. 6);

    ii. inconstitucional norma que remeta para acto regulamentar a disciplina de uma matria,

    sem estabelecer o respectivo regime jurdico, se este no tiver a forma de decreto

    regulamentar. Neste caso, estamos perante um regulamento independente do Governo, que

    deve ter a forma de decreto regulamentar (artigo 112., n. 6). inconstitucional tambm

    porque se est a contornar o controlo do Presidente da Repblica relativamente aos actos

    do Governo (o decreto regulamentar est sujeito a promulgao artigo 134., alnea b).

  • DIREITO CONSTITUCIONAL II

    6 Rui Lanceiro

    Caso n. 5

    Com este caso pretendia-se abordar a problemtica da reserva de lei e dos seus limites. Era suposto

    discutir se a lei da Assembleia da Repblica violava:

    i) A autonomia privada relativamente aos privados que tinham celebrado contratos com o

    Estado que so alterados pela lei;

    ii) O dispositivo travo (artigo 167., n. 2) por eventual diminuio das receitas das portagens;

    iii) O domnio reservado de administrao do Governo relativo administrao indirecta por

    causa das orientaes (artigo 199., alnea d) - (ver supra Caso n. 3, i), b), iii., 2., b.)

    Caso n. 6

    Com este caso pretendia-se abordar a problemtica da tipicidade da lei e das reservas de

    competncia legislativa.

    i) O estabelecimento da competncia legislativa reserva de Constituio;

    ii) Competncias legislativas (rgos):

    a. A Assembleia da Repblica tem competncia legislativa genrica (artigo 161., alnea c) e

    duas reservas de competncia: a absoluta (artigo 161. e 164.) e a relativa (artigo 165.). A

    reserva de competncia legislativa pode ser de densificao total, abrangendo toda a extenso

    da matria, ou incidir apenas sobre domnios reservados (por exemplo, as bases ou o regime

    geral);

    b. O Governo tem competncia legislativa concorrencial (artigo 198., n. 1, alnea a), delegada

    ou autorizada (artigo 198., n. 1, alnea b), complementar ou de desenvolvimento (artigo

    198., n. 1, alnea c) e uma reserva exclusiva de competncia: artigo 198., n. 2;

    c. As Assembleias Legislativas das Regies Autnomas tm competncia legislativa comum

    (artigo 227., n. 1, alnea a), delegada ou autorizada (artigo 227., n. 1, alnea b)

    complementar ou de desenvolvimento (artigo 227., n. 1, alnea c) e domnios reservados:

    artigo 227., n. 1, alneas l), n) e p).

    iii) O regulamento municipal inconstitucional por violar a reserva absoluta de competncia

    legislativa da Assembleia da Repblica (artigo 164., alnea n).

    iv) O regulamento municipal viola o princpio da tipicidade da lei artigo 112., n. 5 porque

    pretende ter fora de lei e alterar um acto legislativo;

  • DIREITO CONSTITUCIONAL II

    7 Rui Lanceiro

    v) O DL do Governo viola o domnio reservado de competncia das Assembleias Legislativas

    das Regies Autnomas (artigo 227., n. 1, alnea l), e artigo 232., n. 1).

    Caso n. 7

    Com este caso pretendia-se abordar a problemtica das reservas especficas de lei.

    i) Quanto ao contedo, existem reservas:

    a. Reserva de lei geral e abstracta: quanto restrio de direitos, liberdades e garantias (artigo

    18., n. 3);

    b. Reserva de lei geral: leis de bases (pressuposta);

    c. Reserva de lei de contedo no retroactivo: quanto restrio de direitos, liberdades e

    garantias (artigo 18., n. 3); quanto lei penal incriminadora, tipificadora ou penalizadora

    (artigo 29., n.s 1, 3 e 4) e quanto criao de impostos (artigo 103., n. 3).

    ii) A lei do Caso viola a reserva de lei geral e abstracta e a reserva de lei de contedo no

    retroactivo.

    iii) Discutir a proporcionalidade da restrio (artigo 18., n. 2)

    Caso n. 8

    Com este caso pretendia-se abordar a problemtica das reservas especficas de lei. A lei do Caso

    viola a reserva de lei de contedo no retroactivo (artigo 103., n. 3).

    Caso n. 9

    Com este caso pretendia-se abordar a problemtica das reservas de competncia legislativa, das

    reservas especficas de lei, bem como das leis de valor reforado.

    i) A lei de bases est inserida na reserva de lei geral (cfr. supra Caso 7, i) b.), pelo que a norma

    concreta relativa a Leiria inconstitucional;

    ii) Categorias de lei:

    a. Leis comuns ou ordinrias: leis produzidas de acordo com as regras gerais de produo

    ordinria e cujas normas no dispem da capacidade de vincular outros actos legislativos;

    b. Leis com valor reforado: leis que se devem fazer respeitar, passiva ou activamente, por

    outros actos legislativos, sob pena de ilegalidade qualificada destes ltimos (112., n. 3):

    i. Leis reforadas pelo procedimento / sentido prprio: Leis portadoras de maior rigidez ou

    de fora passiva do que as leis comuns em razo da associao entre a exclusividade da

  • DIREITO CONSTITUCIONAL II

    8 Rui Lanceiro

    reserva parlamentar, que envolve o seu objecto material qualificado e procedimento

    especial ou agravado fixado na Constituio. Exemplo: Leis orgnicas (artigo 166., n. 2)

    que so aprovadas, em votao final global, por maioria absoluta dos Deputados em

    efectividade de funes (artigo 168., n. 5); e Leis que necessitam de aprovao por

    maioria de 2/3 dos Deputados presentes, desde que superior maioria absoluta dos

    Deputados em efectividade de funes (artigo 168., n. 6);

    ii. Leis reforadas pela parametricidade material / sentido imprprio: Leis portadoras de uma

    hierarquia material sobre outras, traduzida na aptido para fixarem princpios, directrizes,

    procedimentos e normas gerais subordinantes relativamente ao contedo de outras leis.

    Exemplo: leis de bases; leis de autorizao legislativa (artigos 112., n. 2, e 165., n. 2);

    iii. Leis duplamente reforadas: Actos legislativos simultaneamente rgidos e materialmente

    paramtricos de outros. Exemplos: EPARA (artigos 226., 227., 231., n. 7); OE e GOP

    (artigo 161., alnea g); Lei Quadro das Privatizaes (293.).

    iii) O Deputado do Caso no tem razo porque no se trata de uma lei orgnica (artigo 166., n.

    2) e, mesmo se o fosse, no seria aprovada por maioria de 2/3, mas por maioria absoluta dos

    Deputados em efectividade de funes (artigo 168., n. 5).

    iv) A lei de bases do ambiente est inserida na reserva de competncia relativa da Assembleia da

    Repblica (artigo 165., n. 1, alnea g). Assim, o Governo s pode legislar neste mbito se

    estiver habilitado com uma autorizao legislativa.

    v) A autorizao legislativa do governo inconstitucional por no respeitar o artigo 165., n. 2,

    quanto necessidade de fixao de objecto, sentido e extenso;

    Caso n. 10

    Com este caso pretendia-se abordar a problemtica da tipicidade da lei reforada.

    Tipicidade:

    i) H uma reserva de Constituio relativamente aos actos legislativos de valor reforado (que

    tm fora especfica de lei) s so admssiveis as formas constitucionalmente previstas (artigo

    112., n. 2 e 3);

    ii) A lei no pode criar outros actos legislativos de valor reforado nem atribuir a actos legislativos

    comuns o valor reforado como o EPARAA faz neste caso, ao estabelecer um procedimento

    agravado (pela maioria) para este tipo de decretos legislativos regionais. O preceito do

    EPARAA , por isso, inconstitucional.

  • DIREITO CONSTITUCIONAL II

    9 Rui Lanceiro

    Caso n. 11

    Com este caso pretendia-se abordar a problemtica da deslegalizao.

    i) A deslegalizao ocorre quando uma lei confere natureza regulamentar a normas com forma e

    fora de lei.

    ii) Exemplos de deslegalizaes proibidas:

    a. Leis que desgraduam preceitos legais que se encontrem no mbito da reserva de lei, dando-

    lhes natureza regulamentar (ex: contedo essencial de direitos, liberdades e garantias);

    b. Lei que rebaixa preceitos legais permitindo a sua revogao ou modificao por normas

    regulamentares, sem mais (artigo 112., n. 5);

    c. Lei que deslegaliza, remetendo regulao para regulamento de execuo quando, por na

    verdade apenas definir a competncia, se trata de um regulamento independente, que deveria

    tomar a forma de decreto regulamentar (artigo 112., n. 5, 6 e 7);

    iii) Exemplo de deslegalizaes admissveis: fora da reserva de lei, um acto legislativo confere valor

    regulamentar a preceito legal desde que expressamente e com critrios para o exerccio do

    poder regulamentar. Se a matria tiver carcter inovatrio e for competncia do Governo, o

    regulamento em causa deve ter a forma de decreto regulamentar (artigo 112., n. 6).