caso clínico: défice da glucose-6-fosfato desidrogenase so8 faculdade de medicina da universidade...
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Caso Clínico:
Défice da glucose-6-fosfato desidrogenase
SO8
Faculdade de Medicina da Universidade de CoimbraAno lectivo 2009/2010
Bioquímica II
Realizado por:• Ana Rita Pereira• Ana Rita Cruz• Ana Sofia Ferreira• André Carvalho• André Fidalgo• André Caiado• Andreia Palma7/04/2010
Objectivos do trabalho
• Explicar em que consiste uma deficiência em glucose-
6-fosfato desidrogenase;
• Rever de modo breve a Via das Pentoses e outras vias
metabólicas necessárias à compreensão do tema;
• Descrever o caso clínico;
• Responder às questões propostas.
Deficiência em G6PD
Distúrbio genético
Défice de Glucose 6-fosfato desidrogenase
Enzima Chave da Via das Pentoses
Pode causar anemia hemolítica quando os doentes entram em contacto com determinadas substâncias indutoras de
stress oxidativo
• A deficiência de G-6-PD é um dos distúrbios genéticos mais comuns, afectando mais de 400 milhões de pessoas em todo o mundo.
Prevalência
•Estima-se que cerca de 1 em 10 afro-americanos do sexo masculino sofram desta patologia;
•Portugal é um país de baixa prevalência da doença;
Ocorre com maior frequência em regiões de África, Ásia e
Mediterrâneo.
NOTA: Existe uma interacção da hereditariedade com o ambiente na produção de doenças
Via das Pentoses
Glicose 6-P
Ribulose 5-P
2 NADP+
2 NADPH
Ribose 5-P(C5)
Xilulose 5-P(C5)
Sedo-heptulose 7-P(C7)
GAP(C3)
Frutose 6-P(C6)
Eritrose 4-P(C4)
Frutose 6-P(C6)
GAP(C3)
Fase O
xid
ati
va
Fase N
ão O
xid
ati
va
•Fosfopentose isomerase•Fosfopentose epimerase
•Transcetolase I
•Transaldolase
•Transcetolase II
•GLICOSE 6-P DESIDROGENASE•Lactonase•6-Fosfogliconato desidrogenase
Via das Pentoses – Fase Oxidativa
Glicose 6-P
NADP+
NADPH+H+
6-Fosfoglicono-δ-lactona
6-Fosfogliconato
Ribulose 5-P
•GLICOSE 6-P DESIDROGENASE
• Lactonase
• 6-Fosfogliconato desidrogenase
H2O
H+
NADP+
NADPH+H+
+ CO2
Via Glicolítica e Via das Pentoses
Glucose
Glucose 6-fosfato
Glucose 1-fosfato
Frutose 6-fosfato
6-Fosfogluconato
Piruvato
Ribose 5-fosfatoGlicogénio
Caso ClínicoIDENTIFICAÇÃO
Indivíduo caucasiano do sexo masculino, 22 anos de idade
Motivo de Internamento
Febre, arrepios, anorexia, fortes dores abdominais, urina escura, náuseas e diarreia (3 dias consecutivos)
Antecedentes patológicos
Alergias sazonais
Medicado, nas crises alérgicas, com fexofenadina (10 mg/dia) (anti-histamínico H1 não sedativo)
Antecedentes fisiológicos
Internado com icterícia neonatal
Consome bebidas alcoólicas apenas ocasionalmente, não fuma nem consome drogas de abuso
Anemia pronunciada
[Hb] = 8,9 g/dl (N =14-18 g/dl)
Hematócrito = 29% (N= 40-50 %)
GV fragmentados e ausência de reticulócitos
Corpos de Heinz nos GV
Valores normais de glucose e electrólitos
[ureia] = 30 mg/dl
[creatinina] = 1 mg/dl
Nº de GB = 16200 p/ mm³ (N =4.000-10.000 GB p/mm3)
Resultados das
Análises Laboratoria
is
Actividade da alanina aminotransferase = 50 UI/L (Nmáx.= 31UI/L)
Actividade da aspartato aminotransferase = 50UI/L (Nmáx.= 31UI/L)
Actividade da fosfatase alcalina = 146UI/L (N= 120 UI/L)
[Bilirrubina total ] = 2.2 mg/dl (maioritariamente na forma não-conjugada (N= 1,2 mg/dl)
Urina escura, com vestígios de proteínas (entre as quais Hb) e de bilirrubina; sem glucose ou corpos cetónicos
Vestígios de sangue e salmonelas nas fezes
Ritmo cardíaco:120 batimentos p/min
Resultados das Análises Laboratoriais
• O rapaz foi medicado para a diarreia e sintomas
abdominais, mas a anemia persistiu
• Atingiu um hematócrito de 21% 3 dias após dar entrada
no Hospital
• Observou-se um aumento dos reticulócitos e
consequente aumento progressivo do hematócrito
• Procedeu-se a uma análise bioquímica enzimática
Outras informações
Diagnóstico
Deficiência em glucose-6-fosfato desidrogenase
A análise bioquímica enzimática foi consistente com uma
O teste do ADN revelou a substituição de uma citosina por uma timina no nucleótido 563, correspondendo a
uma mutação da variante mediterrânica
Como caracteriza a transmissão hereditária associada à deficiência em
glucose-6-fosfato desidrogenase (G6PD)? Identifique as variantes mutantes
existentes.
O gene responsável está localizado na região telomérica do braço longo do cromossoma X, locus q28
A patologia manifesta-se preferencialmente no sexo masculino
…para que um individuo do sexo feminino seja afectado é necessário que possua as duas cópias do gene mutante, ou uma só cópia se um dos cromossomas X sofrer lionização.
porque
NOTA: Os pais não podem transmitir a doença aos filhos (sexo masculino), na medida em que estes últimos herdam sempre o cromossoma y do pai .
Distúrbio hereditário recessivo ligado ao
cromossoma X
Variantes mutantes existentesVariantes da Glucose 6P desidrogenase
- Actividade enzimática muito
baixa;- Conduz a uma
forma rara de anemia hemolítica
não esferocítica hereditária.
- Nelas se incluem 90% das deficiência em
G6PD;-Apresenta as variantes mais comuns: variante
Mediterrânea e variante A.
- Têm actividade enzimática normal e não se associam
a patologia- Encontram-se as
variantes ditas normais, A e B.
- Têm actividade enzimática
aumentada e não se encontra
patologia associada
Classe 1 Classe 2 e 3 Classe 4 Classe 5
Qual a principal função da enzima a nível metabólico e como é regulada a
sua actividade?
A enzima Glicose-6P- desidrogenase é a ENZIMA CHAVE da via das pentoses e catalisa a seguinte reacção:
Glucose -6 Fosfato 6-Fosfogliconolactona
NADP+ NADPH + H+
Mg 2+
A sua principal função é, deste modo, a produção de NADPH essencial em inúmeras vias metabólicas:
a) Sínteses redutoras:- Síntese dos ácidos gordos;- Alongamento da cadeia dos ácidos
gordos;- Síntese do colesterol- Síntese de neurotransmissores;- Síntese de nucleótidos.
b) Destoxificação:- Redução do glutatião oxidado;- Citocromo P450 monoxigenase
Esta reacção é irreversível, sendo, portanto, uma etapa de controlo da via das pentoses. A enzima G6PD é, então, regulada da seguinte forma:
NADPH/NADP+
• INIBE alostericamente a G6PD;
NADPH/NADP+
• ACTIVA alostericamente a G6PD;
Ésteres de àcidos gordos
• INIBEM alostericamente a G6PD;
O desvio do metabolismo da glucose-6-P é ditado pela necessidade relativa de:
• NADPH• Ribose-5-P• ATP
Glucose-6-P
Via Glicolítica Via das Pentoses?
Como explica a anemia hemolítica neste paciente?
Glicose 6-P
6-P-gluconolactona
NADPH
NADP+H2O2
2GSH
GSSG 2H2O
H2O
GLICOSE 6-P DESIDROGENASE
Glutatião redutase
Glutatião peroxidase
•Nível baixo de glutatião oxidado são mais susceptíveis a hemólise•A presença de agentes oxidantes não enzimáticos leva à geração de peróxido, que pode lesar as membranas•Peróxidos são normalmente eliminados pela glutatiao perozidase, usando glutatião•Além disso, na ausênsia de desta enzima, as sulfridilas da hemoglobina n se podem manter por mt tempo na forma reduzida e pumba,s corpos de heinz•As membranas lesadas pelos corpos de Heinz e pelas formas reactivas de oxigenio tornam.-se deformadas e a célula provavelmente sofrerá lise
Superóxido dismutase
O2O2
.-(em excesso)
Catalase
HO.
(Fe2+)
O2.-
anião radical superóxido, mais vulgarmente designado por apenas superóxido
O peróxido de hidrogénio (H2O2) e, por consequência, o radical hidroxilo (HO•) também são conhecidas espécies resultantes da acção oxidativa do superóxido
GSHManutenção da
hemoglobina no estado ferroso
Destoxificação , reagindo com peróxido de hidrogénio e peróxidos orgânicos
Podem lesar as membranas
Salmonelas
•Nível baixo de glutatião oxidado são mais susceptíveis a hemólise•A presença de agentes oxidantes não enzimáticos leva à geração de peróxido, que pode lesar as membranas•Peróxidos são normalmente eliminados pela glutatiao perozidase, usando glutatião•Além disso, na ausênsia de desta enzima, as sulfridilas da hemoglobina n se podem manter por mt tempo na forma reduzida e pumba,s corpos de heinz•As membranas lesadas pelos corpos de Heinz e pelas formas reactivas de oxigenio tornam.-se deformadas e a célula provavelmente sofrerá lise
NADPH GSH
Fragilidade da membrana dos eritrócitos +
dificuldade em que as sulfídrilas da hemoglobina se mantenham reduzidas
Hemólise excessiva
ANEMIA HEMOLÍTICA
N.B.: O stress oxidativo é mais agudo nas hemácias porque, não possuindo mitocôndrias, não têm meios alternativos de gerar poder redutor
G6PD
Salmonelose
Infecção bacteriana
Processo inflamatório
Fagocitose
O2.-
H2O2
Porque se formam os corpos de Heinz a nível dos GVs?
Corpos de Heinz: agregados de moléculas de hemoglobina desnaturadas
que se interligam umas às outras
G6PD NADPH no eritrócito
Fragilidade da membrana do
eritrócito
O glutatião não se encontra
reduzido
Anemia hemolítica
Desnaturação e precipitação da
HG
Corpos de Heinz
Nestes pacientes o consumo de favas pode acelerar uma crise hemolítica
(favismo). Porquê?
Glicose 6-P
6-P-gluconolactona
NADPH
NADP+H2O2
2GSH
GSSG
GLICOSE 6-P DESIDROGENASE
2H2O
ROS
Fe 2+ oxi)
Fe 3+ (meta)
Alterações membrana
Favas
Vicina Convicina
Divicina Isouramil
Hidrolisam No intestino
Divicina e isouramil
Oxidação irreversível do glutatião e grupos
sulfidriloPermeabilidade do
eritrócito
Deformabilidade eritrocitária
Estabelecimento de pontes cruzadas entre a espectrina e a
banda 3 presentes na membrana e a hemoglobina
Eritrócitos alterados:Removidos da circulação
pelo sistema reticuloendotelial
FAVAS
Níveis elevados de bilirrubina (predominantemente não-conjugada) e
aumento do tamanho do baço (esplenomegália) podem também ser
observados nestes doentes durante uma crise. Porquê?
GV
Heme Globina
Hemoglobina
CO + Ferroa.a.
Baço
ESPLENOMEGÁLIA
Em caso de anemia hemolítica
•Heme oxigenase
Biliverdina
Bilirrubina(não-conjugada)
NADPH+H+
NADP+
O2 +NADPH+H+
NADP++H2O
•Bilirrubina redutase
Em caso de anemia hemolítica
[BRB NÃO-CONJUGADA]
Icterícia pré-hepática
Porque é que a mutação da glucose-6-fosfato desidrogenase confere
resistência à malária?
Glicose 6-P
6-P-gluconolactona
Glicose-6-P desidrogenase
NADP +
NADPH GSSG
2 GSH
Para um bom desenvolvimento, o parasita necessita de:
• Glutatião reduzido (GSH) destoxificação
• Produtos da Via das Pentoses
Estudos in vitro demonstraram que os plasmódios são susceptíveis ao stress oxidativo e que o crescimento desses parasitas é menor em eritrócitos com as variantes G6PD A- e G6PD Mediterrânica. Os eritrócitos deficientes em G6PD são mais rapidamente removidos da circulação, impedindo, assim, o adequado desenvolvimento dos plasmódios.
Pensa-se que os eritrócitos deficientes em G6PD sejam menos resistentes à hipertermia mantida e não suportem o aumento de oxidantes produzidos pelos granulócitos durante a fagocitose.
• Não há cura• Evitar substâncias que requerem a acção da G6PD• Evitar substâncias que conduzam ao stress
oxidativo– Ter cuidado com os seguintes medicamentos:
agentes antimaláricos sulfonamidas (antibióticos) aspirina medicamentos antiinflamatórios não esteróides (NSAIDs) nitrofurantoína quinidina quinina outros
– Evitar legumes (especialmente favas)
Bom Prognóstico!
Abordagem terapêutica
Bibliografia
• BAYNES, John W. and DOMINICZAK, Marek H., Bioquímica Médica, 2º Edição, Eslsevier• STRYER, L.; Biochemistry; 4ªedição; Freeman• PowerPoints de suporte às aulas teóricas de BQI e BQII• Protocolos das aulas práticas de BQI e BQII
• http://www.medicinenet.com/g6pd_deficiency/article.htm• http://msd-brasil.com/msd43/m_manual/apend_II.htm• http://rialto.com/g6pd/• http://g6pddeficiency.org/index.php• http://www.g6pd.org/favism/english/index.mvc• http://mmspf.msdonline.com.br/pacientes/manual_merck/secao_14/cap_156.html• http://www.about-salmonella.com/• http://www.textbookofbacteriology.net/salmonella.html• http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?484• http://www.fcav.unesp.br/download/deptos/patologia/bechara/inflamacao2.pdf• http://www.g6pd.org/favism/english/index.mvc• http://www.laboratoriobiomed.com.br/home/servicos.htm• http://ioh.medstudents.com.br/hemato3.htm• http://emedicine.medscape.com/article/200390-treatment• http://www.medicinenet.com/g6pd_deficiency/article.htm