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Page 1: Caso Caceres MT

Superior Tribunal de Justiça

AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 66.223 - MT (2011/0244776-9)

RELATORA : MINISTRA NANCY ANDRIGHIAGRAVANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO AGRAVADO : L M DA S G ADVOGADO : GRACIELA FARIA - DEFENSORA PÚBLICA E OUTROS

DECISÃO

Cuida-se de agravo interposto por MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO

DE MATO GROSSO em face de decisão que negou seguimento a recurso especial

fundamentado na alínea "a" do permissivo constitucional.

Ação: de interdição, ajuizada pelo agravante, em desfavor de L M DA S G,

tendo em vista que quando o agravado tinha 16 anos de idade, na cidade de Cáceres/MT,

tirou a vida de seu pai, sua mãe e seu irmão de 3 (três) anos, a golpes de faca. Em razão

disso, recebeu medida sócio-educativa de internação por 3 (três) anos, passando por

diversas instituições psiquiátricas, as quais dão conta de sua insanidade mental e vontade

de continuar matando. Nesse contexto, o parquet requer, às vésperas da conclusão dos 3

(três) anos da medida aplicada, que o interditando permaneça internado, posto que seus

atos poderiam ter desdobramentos potencialmente danosos para si e para outrem, caso

fosse liberado e deixasse de receber tratamento especializado.

Sentença: julgou improcedente o pedido de interdição, formulado pelo

agravante, tendo em vista não se enquadrar nos casos previstos no art. 1.767 do CC/02.

Acórdão: negou provimento à apelação interposta pelo agravante, para

manter os termos da decisão do 1º grau de jurisdição, nos termos da seguinte ementa

(e-STJ fl. 300):

APELAÇÃO CÍVEL - INTERDIÇÃO - CURATELA - MAIOR INCAPAZ - IMPOSSIBILIDADE DE EXERCER ATOS DA VIDA CIVIL - AUSÊNCIA DE PROVA - RECURSO DESPROVIDO.

Não comprovada a incapacidade da pessoa para gerir atos da vida civil e bens, não há falar-se em interdição.

Parecer do Ministério Público Federal: de lavra do Subprocurador-Geral

da República, Maurício Vieira Bracks, pelo não provimento do agravo em recurso

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especial. (e-STJ fls. 419/421).

Recurso especial: alega violação dos arts. 1.767, I, e 1.777 do CC/02.

Sustenta que "o contexto fático, debatido no acórdão, não fora valorado adequadamente,

sendo considerado, equivocadamente, inapto a ensejar a decretação da interdição de

Lucas Messias da S. Gonçalves, o que, consequentemente, rendeu azo a negativa de

vigência ao artigo 1767, inciso I, do Código Civil (...)

Por meio de informações obtidas por contato telefônico, junto ao Titular da

6ª Vara Especializada de Família e Sucessões, corroboradas por informações conseguidas

junto à 2ª Vara da Infância e Juventude, ambas de Cuiabá/MT, verifica-se que L M DA S

G se encontra internado, voluntariamente, na Associação Resgatando a Cidadania,

instituição voltada para a reinserção social de pessoas que cumpriram pena de reclusão

ou medida socioeducativa.

Relatado o processo, decide-se.

Em face da possibilidade de, na ausência de medidas acautelatórias,

tornar-se inócuo o pedido formulado no recurso especial, impõe-se a adoção de medidas

urgentes que resguardem, tanto os interesses do interditando, quanto o resultado útil de

um possível provimento judicial, favorável ao pleito formulado pelo Ministério Público

Estadual.

Forte nessas razões, CONHEÇO do agravo e determino que seja reautuado

como recurso especial, nos termos do art. 34, XVI, do RISTJ, aguardando, as partes, o

devido julgamento do recurso especial

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DETERMINO, ainda, que L M DA S G seja mantido, de forma

compulsória, na instituição onde atualmente se encontra - Associação Resgatando a

Cidadania -, até o ulterior julgamento final deste Recurso Especial, ficando o Juízo da

Sexta Vara Especializada de Família e Sucessões da Comarca de Cuiabá, responsável

pelo cumprimento desta determinação e pela adoção de medidas urgentes que se façam

necessárias.

Publique-se. Intimem-se. Oficie-se.

Brasília (DF), 10 de fevereiro de 2012.

MINISTRA NANCY ANDRIGHI, Relatora

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