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ANÁLISE E BREVE HISTÓRIA DA XILOGRAVURA Xilogravura Angella Schilling 1

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ANÁLISE E BREVE HISTÓRIA DA XILOGRAVURA

Xilogravura Angella Schilling

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CURSO LIVRE DE XILOGRAVURA

ANÁLISE

E

BREVE HISTÓRIA DA XILOGRAVURA

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Realizado pela Secretaria de Estado, dos Esportes, da Cultura e do Lazer – SECEL

Ministrado por:

ANGELLA SCHILLING

Artista Plástica

Formada pela faculdade de Belas Artes – Curso de Licenciatura em Desenho e Plástica – FEEVALE- RS.

Especializada em gravura há 37 anos

Período: 13 de julho a 04 de setembro de 2009

Na Casa da Cultura Ivan Marrocos

Porto Velho - RO

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“O gravador, como todo artista, está sempre recebendo impressões exteriores, que seleciona inconscientemente, e devolve, mais tarde em linguagem de arte. “

(autor desconhecido)

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DO GREGO : XILON , significa madeira.

GRAFÓ , significa gravar ou escrever.

O QUE É UMA GRAVURA?

É o corte, a incisão, o sulco, o talhe, feito em material duro, como metal, pedra, vidro, osso, madeira... a arte de gravar é executada com auxílio de instrumentos cortantes.

Há duas técnicas de xilogravura, dependendo do modo como a madeira é cortada. Se cortada em tábuas, no sentido vertical, da árvore em pé, ao comprimento de sua fibra, chama-se de xilogravura de fibra. Se a madeira for cortada no sentido horizontal da árvore em pé, chama-se de xilogravura de topo.

XILOGRAVURA DE FIBRA

A técnica deve ser clara, limpa, precisa, de acordo com as necessidades de expressão do gravador.

O taco de madeira, do mesmo tamanho do desenho a ser gravado, deve ser polido para receber o desenho, que é cavado nas partes brancas, por goivas, formão, canivete...

A madeira, na parte alta, não cortada pelo gravador, é que vai receber a tinta por intermédio de um rolo, a ser transferida para o papel.

XILOGRAVURA DE TOPO

Como a de fibra, a madeira é polida e desenhada para receber a gravação que é feita com buril. A madeira de topo não apresenta fibra nem nervura, o que permite trabalhar com traços mais delicados. Esta gravura trabalha mais com traços, que formam gamas de claro – escuro. Quando trabalhada com traços finos dá a ilusão de ser uma aguada. Os pretos são compactos, pois não tem a respiração das nervuras da xilogravura de fibra, o que identifica uma da outra. A impressão é igual à xilo de fibra.

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PARA MELHOR COMPREENSÃO DA GRAVURA

A gravura tem todas as qualidades para ser uma arte popularizada. Tem parentesco com a arte gráfica, que está conosco no nosso dia a dia, como o jornal, o livro, a bula de remédio, o cartaz, a embalagem, etc

Sua múltipla reprodução, leva a diminuição do seu preço, dando maior facilidade para ser adquirida, como ; para decorar ambientes, ser usada em ilustrações de livros, revistas, jornais, de existir em folhas soltas guardadas em pastas ou gavetas.

A gravura é intimista quando está dentro de um livro ou de uma pasta e tem uma maior comunicação quando está numa parede.

A Arte Maior da Gravura é uma arte alcançável a todos nós, que não temos a possibilidade de adquirir uma pintura de um artista de segundo escalão, mas sim, de uma gravura de um artista de primeiro plano. Com o preço de uma pintura, poderemos iniciar uma coleção de gravuras.

Ela tem seus segredos próprios, que só os que estão familiarizados com a técnica, os conhecem.

ORIGINALIDADE

Uma gravura de arte ORIGINAL é aquela em que o artista que cria o desenho é o mesmo quem faz a gravação, e possivelmente também faz a impressão.

Gravura de reprodução é a CÓPIA de uma pintura, desenho, escultura, e até outra gravura. Essa cópia nunca é feita pelo autor do original, senão passaria a ser uma gravura original. Quando identificada a gravura de reprodução, com a gravação do nome do autor, não pode ser considerada como falsificada.

Essas informações passam a existir após a segunda metade do século XVII. Colocava-se o nome do artista que criou a obra, na margem inferior da matriz, seguia-se o nome do gravador ( que geralmente era o mesmo que traduzia a pintura, desenho ou escultura, em termos gráficos, ou que reduzia o desenho ao tamanho da chapa). Constava ainda muitas vezes o nome do editor e impressor.

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NORMAS PARA A GRAVURA

A gravura moderna criou regras. Entre elas os artistas passaram a assinar suas provas uma a uma a lápis, fora da gravação, logo abaixo do sulco deixado pela matriz. Como também, a enumerar as mesmas à mão, uma a uma, limitando assim a tiragem. Houve consequentemente o reconhecimento do seu valor pela raridade.

Ao assinar e enumerar a sua edição, o artista se compromete a não imprimir mais provas do que as indicadas. Acabadas as cópias de uma tiragem ou edição, pode-se fazer nova, mas neste caso usa-se o número romano para enumerá-las.

A escolha do lápis foi feita para que interferisse o mínimo possível junto à gravura impressa a tinta, garantindo a aprovação de cada cópia pelo próprio artista.

Assim ficou decidido que o nome do artista será assinado logo abaixo da marca da matriz do lado direito. O título da gravura deverá ficar no centro e a numeração da tiragem, bem como as anotações de Provas de Estado e Provas do Artista ficarão do lado esquerdo.

A numeração limite da tiragem garantiu ao comprador saber o exato número de cópias de determinada gravura. Uma tiragem de 30 exemplares fica assim numerada: a primeira cópia 1/30, a segunda 2/30 e assim sucessivamente até o limite de 30/30. Esta norma dá segurança ao comprador e faz com que o artista se comprometa a não imprimir mais provas do que as indicadas.

A gravura definitiva tem maior qualidade artística do que as anteriores que são apenas as Provas de Estado ou Provas de Cores. A gravura está pronta para a tiragem quando o artista assim determina, conforme seus conceitos ou suas exigências em relação a arte. Faz-se assim uma cópia, chamada de PA, ( prova do artista). A partir desta é executada a tiragem.

As Provas de Estado sendo cópias únicas, tornam-se o espelho do artista, é onde ele se olha para ter uma visão de si mesmo, estas cópias são de extrema importância, pois é onde a gravura cresce, se desenvolve, pula obstáculos, inventa, cria...

Na Prova final ela já está pronta para o relacionamento com o resto do mundo.

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IMPRESSÃO

A impressão é outra etapa de grande importância. Tendo, sobre ela, grande influência, a técnica, destreza, limpeza e cuidado especial com o papel para a impressão, bem como a qualidade das tintas e papéis. Desta forma a gravura será duradoura.

Os papéis devem ser protegidos dos raios solares diretos, da umidade excessiva, dos bichos de toda espécie, até dos homens que não estão habituados a segurarem um papel mais delicado ou de melhor qualidade, quebrando-o.

Muitos papéis, tem marca que se mostra olhando-os por transparência. São as filigranas, marca d’água, selo d’água. A marca d’água identifica a fabricação do papel. Há também os papéis que são marcados com selo em relevo.

A impressão pode ser feita com a pressão da própria mão, usando uma colher ou espátula de madeira, por fricção nas costas do papel, resultando numa gravura de cunho artesanal e muito pessoal, onde o artista ainda coloca sua emoção na hora da impressão, afastando os artifícios de uma estampagem. Ou ainda, pode–se utilizar uma prensa específica para xilogravura, chamada “ prelo” de rosca ou tipográfica onde ao contrário da anterior a pressão exercida sobre a matriz ocorre de maneira uniforme. O uso da colher ou da prensa depende do resultado que o artista determinou para a xilogravura.

A impressão da Xilogravura é chamada “ em relevo”,pois a tinta a ser transferida para o papel é recebida das partes em relevo da matriz.

A parte cavada e trabalhada pelo artista não recebe a tinta. Esta é colocada na matriz através de rolos de borracha.

A tiragem feita a mão é mais valorizada e é identificada pelo brilho nas costas do papel, dado pelo fato da fricção da colher ou espátula de madeira no mesmo. Os pretos devem conservar as características da fibra e nervuras da madeira.

Quando o artista termina a edição de uma gravura, faz-se uma marca combinada, dentro das regras dos colecionadores, dando conhecimento de que a impressão foi feita integralmente. Como uma última cópia, mostrando marcas raiadas, quadriculadas, um X, por exemplo, a assinatura impressa do artista, faltando um pedaço da matriz...

Ainda para impossibilitar futuras impressões, o taco é, às vezes cortados em pedaços.

Embora possa acontecer acidentes no decorrer da impressão, sendo este caso avaliado posteriormente.

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Há ainda a profissão do “ impressor”, que pode ser uma pessoa, ou uma equipe especializada apenas para executar a tiragem de uma gravura. Mas, nos dias atuais esta profissão está sendo menos procurada pelos artistas brasileiros, pelo fato de encarecer a gravura. Os motivos são inúmeros; entre eles esta o uso dos computadores na realização da arte como meio de expressão.

Há a necessidade de divulgar mais esta técnica, para que as pessoas saibam dar o devido valor a uma gravura de arte através do conhecimento e de todo o processo pelo qual passa uma Xilo.

COMO VALORIZAR UMA GRAVURA

A gravura de um iniciante não tem o mesmo valor de um artista consagrado. Cópias de uma mesma matriz podem ter valores diferenciados, quando mostram diversidades de impressão, qualidade de papal, margens, conservação, etc.

O número limite, influencia também no valor de uma gravura.

A tiragem feita pelo próprio artista é mais valorizada do que a cópia feita por um impressor.

A raridade, o estado, a prova do artista, a prova com anotações, uma peça mais antiga e fora do mercado, tem maior valor.

UMA BREVE HISTÓRIA DA GRAVURA.

A gravura iniciou com o Homem; na pré- história, faziam sulcos nas pedras. No antigo Egito gravavam nos sarcófagos, e também gravavam em pedaços de madeira, as quais eram impressas nas paredes . Os egípcios, indianos e persas usavam a xilogravura para estampagem de tecidos.

Mais tarde, foi utilizada como carimbo sobre folhas de papel para a impressão de orações budistas na China e no Japão, e assim, com o passar dos séculos foi progredindo com as novas descobertas e usos.

Na Idade Média ( Renascimento (1300 – 1650)) a arte da gravura é um trabalho anônimo, e individual.

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Nos fins do Século XIV, com autorização papal, os monges vendiam bulas e gravuras religiosas nas festas das igrejas. As gravuras eram vendidas em folhas soltas pelos próprios artistas ou por pessoas da sua confiança.

A gravura como folha solta, tornou-se logo uma arte popular, vendida em feiras e nas ruas. Tinha cunho de crítica social, religiosa, feitos históricos e heróicos, comemorações, retratos, festas, etc. Além da venda popular, o artista era patrocinado pelo governo e pelos grandes senhores.

Na Europa, por volta de 1400 a xilogravura foi empregada nas cartas de baralho e imagens sacras.

A primeira gravura da qual se tem notícia, no ocidente, data do ano de 1370, é uma xilogravura, de um autor anônimo chamada “ O Centurião e os Dois Soldados”.

Antes da descoberta da imprensa de tipos móveis, em 1454, empregava-se a xilogravura. Esta substituiu a iluminura nas ilustrações dos livros, que antes eram manuscritos e ilustrados à mão.

Por volta de 1455/60 iniciou-se o costume da individualidade, o artista assinava seu nome ou seu apelido. Os artistas de maior nome passaram a assinar suas matrizes. A assinatura valorizava a gravura, facilitava a venda e divulgava seu nome, protegendo-o de falsificação.

A gravura antiga, deu origem aos logotipos e à marca registrada.

Albrecht Dürer ( 1471 – 1528 ) fez a série “Apocalipse” (1499) estas influenciaram muito na ilustração alemã.

Na Itália em especial nas cidades de Veneza e Florença, embora subordinada à ilustração de livros, a xilogravura italiana foi muito criativa, graças a tradição miniaturista.

Além da assinatura, alguns artistas faziam anotações nas margens das suas provas. Hoje, cópias como as de Goya anotadas tem grande valor.

Os artistas de renome compreendiam o alcance que a gravura tinha para a divulgação da sua obra, tornando assim, suas pinturas mais populares, instalando também ateliês por conta própria.

No início do século XVI o comércio da gravura já era uma organização regular, com importação e exportação. Ampliava-se o mercado, fazendo gravuras para todos os pretextos e espécie de público.

Estimulado pelo editor, surge o colecionador. A gravura é valorizada. Olha-se a qualidade, o nome do artista e o tema também.

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A partir do século XVI, a xilogravura sofreu forte concorrência com a gravura em metal. Enquanto isto no Japão a Xilo teve seu momento de esplendor com a Escola Ukyio – e. Produzindo em folhas avulsas, com tiragens enormes, feitas por equipes de entalhadores e impressores, reunidos em oficinas coletivas. Sendo estas gravuras muito coloridas.

Foi no século XVIII que as margens começaram a ser consideradas e valorizadas. Os impressores escolhem papel proporcional ao tamanho da chapa, sobrando espaço para largas margens. Os colecionadores param de cortá-las.

As grandes margens favoreceram a gravura nas paredes, a prosperidade da França de Luis XIV (1638 – 1715), fez com que a gravura ficasse lado a lado com a pintura.

A gravura foi colocada atrás de um vidro, ganhou “ passepartout” e moldura. Saiu dos livros para as paredes.

Na Europa, voltou com intensidade graças ao aparecimento da técnica de topo, que se difundiu durante o século XIX, com o gravador inglês Thomas Bewick ( 1753 – 1828) que reinou na gravura de topo.

No final do século XIX, muitos artistas de vanguarda se interessaram pela técnica e a resgataram como meio de expressão.

Depois houve a empolgação artística principalmente com o suíço Felix Valloton ( 1865 – 1925); o francês Paul Gauguin ( 1848 – 1903) e o norueguês Edward Munch ( 1863 – 1944).

Em seguida foi a vez dos expressionistas alemães ( Kirchner, Heckel, Scmidt-Rottluff, Nolde...)

O grupo Die Brücke, de 1906 e os fauves franceses ( Matisse, Derain, Duffy e Vaminck) elevaram a xilogravura a um nível de expressão extraordinário.

A Xilo, no século XX, ficou em desvantagem com a criação do clichê metálico, fruto da fotografia aliada à corrosão química de metais; mas voltou a ganhar força e notoriedade quando artistas voltaram a usá-la com grande criatividade para se expressarem.

Atualmente a gravura é considerada um processo nobre.

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A GRAVURA NO BRASIL

Os brasileiros eram proibidos de exercer a função de gravadores, por ordem real, além de não haver nenhuma condição para exercê-la. Não houve no Brasil, uma Escola desse gênero ou mesmo influência de um mestre na época do Brasil Colônia.

Sendo assim, os interessados iam à Europa para aprender e aperfeiçoar a técnica de gravação.

Somente quando a corte portuguesa veio ao Brasil, em 1808, é que o Príncipe Regente D. João permitiu a impressão de quaisquer obras, pois ele próprio necessitava destes serviços. ( é importante frisar que neste período não existia ainda a fotografia). Criou-se então a Impressão Régia, onde a gravura foi praticada por artistas portugueses, na qual apesar dos poucos recursos de que dispunham, deixaram algumas gravuras de valor apreciável.

Houve um artista, no período de 1822, chamado Ferreira da Silva, que realizou uma coleção de gravuras sobre o Rio de Janeiro.

Vários gravadores franceses vieram contratados para exercer sua arte e ensinar gravura, principalmente a de metal, na Academia de Belas Artes que ainda seria fundada. Um deles foi Debret.

A gravura naquela época era muito difícil de ser realizada. Além da falta de material também não se encontrava papel para a impressão.

Já na década de 1920, a xilogravura era trabalhada com grande maestria na Europa, usava-se quase que exclusivamente a madeira de topo. Apesar de poder ser impresso tipograficamente, era pouco praticado nos livros e jornais.

Com o surgimento do colecionador, a gravura começou a ser valorizada. Olha-se a qualidade, o nome do artista e o tema. Hoje o artista cresceu e a técnica também. Há liberdade, condições, meio, aceitação, apesar do material aqui existente ainda não ser o mais adequado para certas gravuras, sendo necessário ainda a importação.

A gravura hoje é uma técnica considerada de alto nível e é muito ampla. Sua reprodução conduz à diminuição do seu preço, dando-lhe maior oportunidades para o uso de decoração de ambientes ou como arte pura, dependendo do tema, da técnica utilizada. A gravura hoje faz parte da arte contemporânea, pela capacidade em que o artista tem de se expressar livremente, tornando sua comunicação mais direta.

GRAVADORES NO BRASIL12

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Um dos primeiros gravadores de reconhecido nome é Modesto Brocos, que publica xilogravura, no 1° número do jornal “Mequetrefe” em 01 de janeiro de 1875. O jornal declara que a xilogravura é uma novidade no Brasil.

Mas , Alfredo Pinheiro, em 1873 já tem uma oficina de xilogravura no Rio de Janeiro, José Vilas-Boas, entra na sua oficina e mais tarde ensinará esta técnica na Casa da Moeda e na Escola Nacional de Belas Artes.

Lasar Segall – lituano, que se fixou no Brasil em 1923 , (1891 – 1957 ), faz xilogravura em 1910/1911/1944...

Dar raízes à gravura brasileira foi um trabalho difícil que exigiu oferecer tudo e nada receber em troca. Não havia tradição, materiais nem conhecimentos mais profundos sobre a técnica. Não existia mercado.

Os grandes incentivadores e reconhecidos gravadores pioneiros foram Carlos Oswald, Oswaldo Goeldi e Lívio Abramo. Eles tiveram muita garra e vigor o que na Europa não havia.

Em 1930 o Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro é reaberto ( foi inaugurado em 1911 sem sucesso nos cursos de gravura), surgindo um real interesse pelos jovens, forma-se o amor pela gravura, nasce o gravador, que faz apenas gravura , é época de grande efervecência, é quando nasce realmente a gravura brasileira.

Os anos 50 correspondem ao período de fixação da Modernidade Brasileira, quando é lançada a 1ª Bienal Internacional de São Paulo em 1951.

Vem também nos anos 50, o Clube da Gravura de Porto Alegre, aí ela adquire maiores contornos políticos e populares, seguindo o exemplo dos artistas mexicanos. Com esta atitude, os artistas reinstalam os fundamentos de uma identidade nacional. Seus integrantes eram Carlos Scliar, Glênio Bianchetti, Vasco Prado, Glauco Rodrigues e Danúbio Gonçalves.

Grandes artistas brasileiros utilizam a arte de gravar para se expressarem, como Tarsila do Amaral, Portinari, Lasar Segall...

Além desse grupo e dos “pioneiros” Goeldi com seu “ expressionismo amargo” segundo o crítico de arte Roberto Pontual; Lívio Abramo criou juntamente com Maria Bonomi o Estúdio Gravura em São Paulo em 1960.

Destaco ainda na década de 60, a gravadora Isa Aderne, que faz uma xilo com contexto político e social.

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A GRAVURA BRASILEIRA NOS DIAS ATUAIS

Como expressão artística a gravura é, em suas diversas modalidades, considerada a mais democrática e funciona de modo autônomo.

O artista gravador contemporâneo utiliza-se das antigas técnicas de impressão e também das novas tecnologias como o Xerox, o fax, a fotogravura, a heliogravura, a impressão digital...

A gravura teve importante papel na criação de rótulos, ilustrações de livros, cartazes para cinemas...

N a literatura de cordel no Nordeste, encontramos forte expressão xilográfica, com belíssimas gravuras, geralmente de artistas autodidatas,que ilustraram tão bem as histórias populares.É sabido que os artistas se utilizavam até de pregos e varetas de guarda – chuvas. Ela ganhou fama pela qualidade e originalidade.

A Xilogravura vem resistindo bravamente aos tempos , desde o período medieval.

O Brasil possui hoje, uma tradição gráfica reconhecida internacionalmente, onde nossos artistas gravadores, tem a possibilidade de participar de inúmeras Bienais realizadas no mundo todo. Assim pode-se dizer que o Brasil continua bem representado no exterior quanto às artes gráficas.

Considero de grande importância que se continue divulgando esta modalidade da arte, pois com as dificuldades que são impostas no dia a dia, por diversas razões, sejam econômicas, culturais ou sociais, que esta não caia no esquecimento.

Quero dizer que, nos dias atuais o número de gravadores diminuiu consideravelmente e é necessário que se mantenha acessa a chama do conhecimento desta técnica tão específica que remonta a Idade Média.

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ALGUNS GRAVADORES BRASILEIROS

Para conhecimento dos interessados, coloco abaixo nome de alguns dos nossos gravadores, que faziam e fazem xilogravura.

Rio de Janeiro: Carlos Oswald, Oswaldo Goeldi, Lívio Abramo, Axl Leskoschek(austríaco),Lasar Segal (russo), Edith Behring, Darel Valença,Ivan Serpa, Fayga Ostrower, Isabel Pons, Milton Dacosta, Rubem Grilo, Isa Aderne, Rizza Conde, Gian Shimada,Adir Botelho, Pedro Sánchez, Kasuo Iha...

São Paulo: Aldemir Martins, Sonia Ebling, Maria Bonomi, Marcelo Grassmann, Renina Katz...

Rio Grande do Sul: Carlos Scliar, Xico Stockinger, Henrique Fuhro, Danúbio Gonçalves, Wilson Cavalcanti, Vera Chaves Barcelos, Vasco Prado, Zorávia Betiol...

Paraná: Poty Lazzarotto, Eliana Prolik, Uiara Bartira... Distrito Federal: Leda Watson… Acre: Mario Klar… Bahia: Hansen Bahia… Pará: Diô Viana... Pernambuco: Gilvan Samico, Aloísio Magalhães... Minas Gerais: Lyria Palombini...

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Trabalho idealizado e redigido por ANGELLA SCHILLING

Consultas bibliográficas:

A Arte Maior da Gravura............................................Orlando da Silva

A Gravura...................................................................Iberê Camargo

Oswaldo Goeldi....................................Solar Grandjean de Montign PUC - RJ

Sites virtuais...............................................................internet

ANGELLA SCHILLING

- 1972 / 1975 - Faculdade de Belas Artes – Curso de Licenciatura em Desenho e Plástica – FEEVALE - RS

- Entre 1974 e 2008 Participou de Cursos e frequentou :

Oficinas de Pintura com Paulo Porcella em Porto Alegre – RS.

Cursos de Gravura em Metal, Buril, Técnicas Alternativas, Desenho e Percepção Visuais com Eduardo Sued, Carlos Martins, Anna Letycia Quadros, Henry Goetz, Isis Braga, Osmar Fonseca, Gian Shimada no MAM, PUC, INGÁ, SESC da Tijuca no Rio de Janeiro – RJ.

www.angellaschilling.com

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Realização

GOVERNO DE RONDÔNIA

SECRETARIA DE ESTADO DOS ESPORTES, DA CULTURA E DO LAZER - SECEL

CASA DE CULTURA IVAN MARROCOS

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