casaca de couro - alexandre santos · de carvalho. a posse será à noite no auditório nº4 do...

4
Sociedade Brasileira de Médicos Escritores Regional de Pernambuco Fundada em 24 de fevereiro de 1972 Memorial da Medicina de Pernambuco Rua Amaury de Medeiros, 206, Derby, 52010-120 - Recife - PE Fone (81) 3423-0961 e-mail: [email protected] Casaca de Couro Casaca de Couro sobrames-pe.webnode.com Boletim Sobrames Pernambuco Boletim Sobrames Pernambuco ANO 13 Nº 148 ABRIL / 2016 Do papiro ao blog Tempora mutantur... (Os tempos estão mudando...). Os tempos modernos tor- naram-se muito estranhos, embora tenhamos de aceitá-los conformados, visto que as mudanças representam a própria evolução do mundo. Depois que o homem começou a escrever, muitas linhas foram traçadas em toda e qualquer superfície – do bronze à casca das árvores, do már- more ao pergaminho. No mundo grego e romano, poetas preferiam a tabuinha de cera, por não ter a permanência dos ou- tros materiais. Ela tinha o tamanho de um livro de bolso com uma moldura, como se fosse uma bandeja rasa. Ali se vertia a cera derretida, que, ao solidificar-se, formava uma superfície lisa pronta para receber o tex- to. As letras eram traçadas com uma ponteira aguçada e com uma pequena espátula. Alisa- va-se novamente a superfície para fazer retificações. Para apagar tudo, bastava raspar toda a cera, derretê-la e voltar a recobrir a tabuinha. Sócrates sugeriu que nosso espírito seja dotado de tabuinhas desse tipo, em que inscrevemos as percepções e os pensamentos que desejamos guardar. Tudo que está ali será recordado enquanto perdurar sua imagem na cera, mas o que for apagado ou não puder ser inscrito nunca mais vai ser lembrado. Os artífices da cidade grega de Pérgamo desco- briram que a pele das ovelhas e dos cabritos constituía um material superior ao papiro. Raspavam o couro, alisavam com pedra-pomes e depois branqueavam com gesso ou cal. Para branquear o texto, lavavam com uma solução alcalina, por isso esses pergaminhos fo- ram chamados de palimpsestos. A química rudimentar dos antigos, porém, não conseguia remover totalmen- te a tinta, permitindo que no mundo atual aparelhos modernos lessem o texto primitivo. E assim foram descobertos escritos inéditos de Arquimedes sobre Matemática e grande parte da obra De Re Publica, de Cícero. O palimpsesto é uma espécie de sítio arqueo- lógico na forma de livro. Por isso Freud o escolheu como uma metáfora adequada para a nossa memória e para o nosso inconsciente. Segundo o premiado escritor gaúcho Charles Ki- efer, todo produto cultural novo oculta na sombra da aparência a massa substanciosa que o projeta. Em sua crônica “A leitura em movimento”, o Prof. Geraldo Pereira descobre que “chegaram os tablets, isto é, os leitores eletrônicos para os livros digitais. Dia desses vi um orador subir à tribuna e falar a partir de um texto, cuja construção, como notei, parecia ter sido finalizada ali”. Mas há uma discussão nos ares do mundo: a do fim do livro. O livro impresso fenecerá, depois de mais de cinco séculos da invenção de Gutenberg? A um olhar rápido, os blogs parecem brinquedos da diversão do ego, em que adolescentes desorientados estariam fazendo catarse, como têm dito aqueles que conde- nam, geralmente sem sequer conhecer essa nova for- ma de expressão. Melhor comungar das ideias de Antonio Campos, autor de um blog, que propõe a con- vivência das duas formas, como apresentações com- plementares, nunca excludentes. Ainda, do Prof. Ge- raldo Pereira, na apresentação do seu livro “Crônicas Virtuais”: “Este livro não pediu para nascer. Foi nas- cendo assim, aos poucos, no compasso de atualização do blog que tenho gerenciado na Internet. Um espaço virtual que alimento e com o qual me ocupo no tempo de meu ócio”. Talvez o blog seja isso mesmo: um espaço de trei- namento, um espaço gaveta em que guardamos os nossos originais até a chegada da hora de fazermos a seleção do material para a publicação em livro. Mais que a emergência de uma nova forma artística, o blog é objetivação de uma subjetividade. O cinema não ma- tou o teatro. A Internet não matará o livro. O mundo das formas é infinito. E, uma vez criada, uma forma se torna indestrutível. Não nos livraremos dos livros tão cedo. Ou alguém teria coragem de se anunciar escritor sem livro publicado? Escritor de blog? Omnia mutantur, nos et in illis mutamur (To- das as coisas mudam, e nós, nelas, também muda- mos), concluiu o Imperador Lotário I, neto de Car- los Magno. José Arlindo Gomes de Sá

Upload: doanhuong

Post on 03-Dec-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Sociedade Brasileira de Médicos EscritoresRegional de PernambucoFundada em 24 de fevereiro de 1972

Memorial da Medicina de PernambucoRua Amaury de Medeiros, 206, Derby, 52010-120 - Recife - PEFone (81) 3423-0961 e-mail: [email protected]

Casaca de CouroCasaca de Courosobrames-pe.webnode.com

Boletim Sobrames PernambucoBoletim Sobrames PernambucoANO 13 Nº 148 ABRIL / 2016

Do papiro ao blogTempora mutantur... (Os tempos estão

mudando...). Os tempos modernos tor-naram-se muito estranhos, emboratenhamos de aceitá-los conformados,visto que as mudanças representam aprópria evolução do mundo.

Depois que o homem começou aescrever, muitas linhas foram traçadasem toda e qualquer superfície – dobronze à casca das árvores, do már-

more ao pergaminho. No mundo gregoe romano, poetas preferiam a tabuinha

de cera, por não ter a permanência dos ou-tros materiais. Ela tinha o tamanho de umlivro de bolso com uma moldura, como sefosse uma bandeja rasa. Ali se vertia a ceraderretida, que, ao solidificar-se, formava

uma superfície lisa pronta para receber o tex-to. As letras eram traçadas com uma ponteira

aguçada e com uma pequena espátula. Alisa-va-se novamente a superfície para fazerretificações. Para apagar tudo, bastavaraspar toda a cera, derretê-la e voltar arecobrir a tabuinha. Sócrates sugeriu que

nosso espírito seja dotado de tabuinhas desse tipo, emque inscrevemos as percepções e os pensamentos quedesejamos guardar. Tudo que está ali será recordadoenquanto perdurar sua imagem na cera, mas o que forapagado ou não puder ser inscrito nunca mais vai serlembrado.

Os artífices da cidade grega de Pérgamo desco-briram que a pele das ovelhas e dos cabritos constituíaum material superior ao papiro. Raspavam o couro,alisavam com pedra-pomes e depois branqueavam comgesso ou cal. Para branquear o texto, lavavam comuma solução alcalina, por isso esses pergaminhos fo-ram chamados de palimpsestos. A química rudimentardos antigos, porém, não conseguia remover totalmen-te a tinta, permitindo que no mundo atual aparelhosmodernos lessem o texto primitivo. E assim foramdescobertos escritos inéditos de Arquimedes sobreMatemática e grande parte da obra De Re Publica, deCícero. O palimpsesto é uma espécie de sítio arqueo-lógico na forma de livro. Por isso Freud o escolheu

como uma metáfora adequada para a nossa memóriae para o nosso inconsciente.

Segundo o premiado escritor gaúcho Charles Ki-efer, todo produto cultural novo oculta na sombra daaparência a massa substanciosa que o projeta. Em suacrônica “A leitura em movimento”, o Prof. GeraldoPereira descobre que “chegaram os tablets, isto é, osleitores eletrônicos para os livros digitais. Dia dessesvi um orador subir à tribuna e falar a partir de umtexto, cuja construção, como notei, parecia ter sidofinalizada ali”.

Mas há uma discussão nos ares do mundo: a dofim do livro. O livro impresso fenecerá, depois de maisde cinco séculos da invenção de Gutenberg? A umolhar rápido, os blogs parecem brinquedos da diversãodo ego, em que adolescentes desorientados estariamfazendo catarse, como têm dito aqueles que conde-nam, geralmente sem sequer conhecer essa nova for-ma de expressão. Melhor comungar das ideias deAntonio Campos, autor de um blog, que propõe a con-vivência das duas formas, como apresentações com-plementares, nunca excludentes. Ainda, do Prof. Ge-raldo Pereira, na apresentação do seu livro “CrônicasVirtuais”: “Este livro não pediu para nascer. Foi nas-cendo assim, aos poucos, no compasso de atualizaçãodo blog que tenho gerenciado na Internet. Um espaçovirtual que alimento e com o qual me ocupo no tempode meu ócio”.

Talvez o blog seja isso mesmo: um espaço de trei-namento, um espaço gaveta em que guardamos osnossos originais até a chegada da hora de fazermos aseleção do material para a publicação em livro. Maisque a emergência de uma nova forma artística, o blogé objetivação de uma subjetividade. O cinema não ma-tou o teatro. A Internet não matará o livro. O mundodas formas é infinito. E, uma vez criada, uma formase torna indestrutível. Não nos livraremos dos livrostão cedo. Ou alguém teria coragem de se anunciarescritor sem livro publicado? Escritor de blog?

Omnia mutantur, nos et in illis mutamur (To-das as coisas mudam, e nós, nelas, também muda-mos), concluiu o Imperador Lotário I, neto de Car-los Magno.

José Arlindo Gomes de Sá

Lançamento delivro de Mauro

Arruda“Vige Deuso, qui sofrência!”

é o título do livro do nosso colegasobramista Mauro Arruda lança-do no dia 26 de março, no Centrode Convenções do Hotel Portal deGravatá. Parabéns por mais estaexcelente publicação.

Viajando para AracajuNosso confrade Luiz Barreto, presiden-

te da Sobrames, viajou dia 30 de março paraa cidade de Aracaju, Sergipe, onde partici-pará da eleição da diretoria da FederaçãoBrasileira de Academias de Medicina, repre-sentando a Academia Pernambucana de Me-

dicina, da qual é participante, ocu-pando a cadeira nº 10, e onde exer-ce o cargo de secretário geral.

Em Aracaju aproveitará essaviagem para manter contatos comos confrades da Sobrames de Ser-gipe, que fizeram, com competên-cia e qualidade, as comemoraçõesdo cinquentenário da Sobrames.

Posse na Academia deMedicina

Relembrando os 50 anos da Sobrames

Foto do acervo de Luiz Barreto

Neste mês de abril a Sobra-mes completa 51 anos de funda-ção, terminando o ano de come-morações pelo seu cinquentenário,realizado em Aracaju, em 2015.

Para relembrar e encerrar ascomemorações, apresentamosfoto com alguns presidentes dasregionais da Sobrames que cons-truíram este cinquentenário.

O Dr. Renato Dornelas Câmara Netotomará posse no dia 7 de abril na AcademiaPernambucana de Medicina, ocupando a ca-deira nº 30, cujo patrono é o Dr. Eustachiode Carvalho.

A posse será à noite no auditório nº4do Memorial da Medicina de Pernambuco.

Foto do acervo de Luiz Barreto

Não percam o prazo para inscrição dos trabalhos, nemdeixem para depois as reservas do hotel e do voo. Vamosfazer uma caravana de representatividade de Pernambuco.

Revolução de 1817As comemorações do bicentenário da heroica

Revolução Pernambucana de 1817 tiveram seu iní-cio no Instituto Arqueológico Histórico e GeográficoPernambucano, no último dia 6 de março. À frente,o sociólogo e historiador Jacques Ribemboim, junta-mente com Vamireh Chacon e Wilton de Souza.

Foto do acervo de Jacques Ribemboim, via Facebook

Sobrames-PE tem mais umassociado: Fernando Mariz

O Dr. Fernando Jorge da Costa Mariz tomouposse neste 7 de março como o mais novo membrotitular da Sobrames-PE.

Ele é psiquiatra e foi apresentado por Fátima Ca-life, sua colega de especialidade. O vice-presidenteregional e presidente nacional Luiz Barreto lhe deuposse e o convidou a apresentar-se, o que Fernandofez com pequeno discurso e a apresentação de trêspoemas de sua autoria.

Fernando Mariz chegou à Sobrames-PE por umcaminho interessante, mas que está se tornando co-mum, com o novo universo da Internet. Ele foi incen-tivado pelo poeta gaúcho Joaquim Moncks, coorde-

nador da Casa doPoeta Brasileiro, aprocurar no Recifeo também poetaPaulo Camelo, e oprimeiro contato sefez na AcademiaPernambucana deLetras, na cerimô-nia de posse danova diretoria e depremiação do Con-curso Literário. Jo-aquim Moncks co-nhecera Paulo Ca-melo, quando aquiveio em 2006, jun-

tamente com o poeta baiano João Justiniano da Fon-seca, para instalar a regional da Casa do Poeta.

Nova estante da Sobrames éapresentada

Após encerramento da sessão literária de mar-ço, na manhã do dia 7, membros da Sobrames-PEse reuniram em sua sede para foto de apresentaçãoda nova estante, que praticamente duplicou a capa-cidade de guarda de livros.

A estante já era pretendida havia algum tempo, eseu projeto foi realizado neste mês de fevereiro, oque alegra nossos associados e a diretoria, com apossibilidade de melhor guarda dos volumes que jánão tinham local adequado.

Foto de Mariluce Barreto, do acervo de PedroFernandes Neto, via Facebook

Foto do acervo de Luiz Barreto

Nós, os bichosLuiz Coutinho Dias Fi-

lho, vencedor do 3º PrêmioPernambuco de Literatura,representando a Zona daMata, com o livro “Nós, osbichos”, fez o lançamentodo seu livro, juntamentecom os outros premiados,representantes das outrasregiões de Pernambuco,neste 31 de março, às19h30min, no Museu doEstado de Pernambuco.

Foto: Carmen Camelo

EXPEDIENTEDIRETORIA

Presidente:José Arlindo Gomes de Sá

Vice-presidente:Luiz de Gonzaga Braga Barreto

Secretário:Luiz Coutinho Dias Filho

Tesoureiro:Mário Vasconcelos Guimarães

Diretor Cultural:Cláudio Renato Pina Moreira

CORPO REDATORIALPaulo Camelo de Andrade Almeida

Luiz de Gonzaga Braga BarretoJosé Arlindo Gomes de Sá

Cláudio Renato Pina MoreiraLuiz Coutinho Dias Filho

Sobrames no SemFronteiras

No dia 18 de março cincosobramistas foram homenageadosna Cerimônia de Gala ocorrida noCastelo Suíço, em Blumenau, du-rante as comemorações do terceiroaniversário do Jornal Sem Fron-teiras: Nelson Jacintho (SP), Már-cia Etelli Coelho (SP), Eliane Mo-rais (MA), José Warmuth Teixeira(SC) e Juçara Valverde (RJ). Alémdisso, Márcia Etelli Coelho foi con-templada com o Troféu "SemFronteiras pelo Mundo" (TerceiroLugar - Categoria Verso), divul-gando a Sobrames perante outrasAssociações Literárias.

Foto: J. Duarte

AniversariantesA Sobrames-PE parabeniza

os aniversariantes do mês de abril,e se confraterniza com cada um emseus dias especiais.1 - Isvânia Marques3 - Ednei Freitas6 - Obed de Faria Jr.7 - Sônia Carneiro Leão

Carlos Galvão16 - Luiz Antonio Cunha Barreto

17 - Ana Maria CésarJosemar AlvarengaFátima AzevedoRosiclélia Matuk

19 - Garibaldi Bastos QuirinoIvete NicolauTatiana Bruscky

20 - Edir Pina de Barros21 - Francisco Flávio Leitão22 - Abdias Moura

Janduhy Finizola23 - José Grimberg

Márcio Leite24 - Eni Ribeiro Teixeira25 - Elvite da Assunção29 - Lúcio Roberto Ferreira

Jacques RibemboimPaulo Dantas Saldanha

30 - Eliane Morais

Mais dois livros publicados porsobramistas no mês de março

O sobramista Gustavo Trindade Henriques lançou seu livro “A umpasso do tempo” na nossa sessão literária de março, distribuindo exem-plares entre os presentes. O livro resume crônicas do autor, tendo porsubtítulo “Lendas, profecias, contradições e crônicas”, enveredando peloesoterismo, religião e política, com prefácio de Luiz Barreto.

“Entre contos e crônicas” é o novo livro de Flávio Alencar, quereúne, como o próprio título sugere, contos e crônicas, num estilo umpouco diferente do utilizado nos anteriores, mas mantendo a marca docontista premiado em tantos momentos.