cartilhaaudiovisual final (1)

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1. E agora, o que é que eu faço?

2. Manual do Produtor Integral

3. O que fotografia ter a ver com um bom vídeo

3.1. Por que escolhemos filmar com as DSLR`S 3.2. Como uma boa fotografia não depende somente

do nosso equipamento ou partindo para questões estéticas!3.3. Hora da prática ou ajustando o equipamento.

4. Editando e jogando pro mundo.

4.1 Importando o arquivo4.2 Exportando o arquivo

4.3 Plataformas e distribuição

Este Caderno de Formação n° 1 – Audiovisual e Fotografia é o primeiro de uma série de três publicações sobre temas da área da comunicação e cultura organizadas pelo projeto “Jovens Comunicadores Tecendo Redes”, uma realização da Casa Brasileira de Pesquisa e Cooperação com o patrocínio da Petrobras.

Oprojetovisaarticularumaredenacionaldejovensmultiplicadoresdeaçõesdecomuni-cação e cultura nas áreas da reforma agrária das cinco regiões do Brasil, proporcionando a criação denovasoportunidadesparaos jovensdocampoeumamaiorparticipaçãonodebatesobreasquestõesfundamentaisdanossasociedadeenaconstruçãodasalternativasaosproblemasqueseapresentam. Para tal, o projeto parte do acúmulo construído por várias organizações do campo nas áreasdejuventude,culturaecomunicaçãoebuscafortaleceraçõescoletivasjáexistentes.

Opresentecadernoabordaráquestõesrelativasàproduçãoaudiovisualefotográficaapartirdeumaperspectivapopular.Sepropõeaofereceremespecialsubsídiosdecarátertécnicoqueseespera possam contribuir para uma maior apropriação dessas ferramentas de comunicação e cultu-raeaconstruçãodeumalinguagemcomunicativaprópriaapartirdarealidadedocampo.

Esperamos que seja útil! Boa leitura e bom trabalho!

Equipe do projeto “Jovens Comunicadores Tecendo Redes”

Apresentação

Um vídeo é uma forma de se comunicar por meio de sons e imagens em movimento. Para se comu-nicar com alguém, você precisa se fazer entender. Para se inscrever em algum debate, você organiza na cabeça ou escreve num papel os pontos que quer abordar e desenvolver, para que as pessoas compreendameconcordemcomseuposicionamento.Antesdesairfilmandoporaí,vocêtemquefazer a mesma coisa.

- Qual será o tema do vídeo? - Nesse tema, quais os assuntos que quero abordar? - E como eu vou abordar tais assuntos?

Vamostomarcomoexemploovídeosobreosdezanosdoassentamento.Játemosotema:dezanosdo assentamento. Quais os assuntos?

Poderíamos começar falando sobre como era aquela terra antes da ocupação, depois pes-quisar como viviam as famílias fora da terra. Daí, falar sobre o dia da ocupação, a resistência para se manter na terra, as ameaças feitas pelo fazendeiro, a organização das famílias. Depois, o início daprodução,aconquistadaterra,omutirãodeconstruçãodascasas,aescoladoassentamento,aformaçãodacooperativa,oqueaindafaltaconquistareporaívai...Comotemaedestrinchandoosassuntos,opróximopassoésabercomoabordarisso.Costuma-sedividirosvídeosemfilmesdeficçãoedocumentários.

Ficção é quando se encena determinado tema.

1. E agora, o que eu faço?

Nonossoexemplo,poderíamosconversarcomogrupodeteatrodoassentamentoparafil-marumaencenaçãosobreodiadaocupação.Oubuscamosimagensdearquivo–fotosefilmagens–ejuntamoscomalgunsdepoimentosdostrabalhadoresetrabalhadorasqueparticiparamdaocu-pação. Nesse caso, estaríamos optando pelo documentário.

Ouentão,jáqueessenegóciodeseparareengessarasformasnãoécomagente,juntaraencenaçãocomosdepoimentoseasimagensdearquivo.Afinaldecontas,ovídeoédoassentamen-to e o assentamento é quem decide como fazer.

Nessemomentodedefiniçãodetemas,assuntoseformasdeabordagem,quantomaispes-soasparticiparem,melhor.Énodebatecoletivo,natrocadeidéiaseopiniõesquesechegaaome-lhorresultado.

Seovídeoésobreaprodução,nadamelhordoquechamarosetordeproduçãoparapar-ticipardaconversa.Seforparamobilizarostrabalhadoreseastrabalhadoras,opessoaldafrentedemassastambémpodeajudarmuito.Umvídeoeducativo?Nadamelhorqueoscompanheirosecompanheirasdosetordeformaçãoeeducação.

Lembrando também que, além dos militantes diretamente envolvidos no assunto que vamos tratar,misturaropessoaldeváriossetoresecoletivospodecontribuirparaampliaressanossaidéiaepodermosconstruirumanoçãodeconjuntomaisafinada.

Em resumo, é o momento de debater e de pesquisar.

Nesseprocesso,vamos juntandoelementos–comotextos,dadose fotos– fazendocon-versasiniciais,sistematizandoosdebatescoletivosparacomeçarageraraidéiadonossotrabalhoconcreto de produção audiovisual. E é certo que, quanto mais aprofundado e rico esse processo, melhorseráovídeoproduzido.

POR QUÊ?

Mas por que um vídeo? Por que não uma cartilha, um jornal ou quem sabe até mesmo uma peça de teatro? Por que escolher logo o vídeo? E não vale dizer que é porque o setor de comunicação conseguiu uma filmadora e tem gente que sabe fazer. Só isso não basta.

Um vídeo é uma ferramenta de comunicação. O fato de ser produzido com sons e imagens em movimento facilita a comunicação, pelo seu poder de síntese, podendo apre-sentarempoucosminutosumagrandequantidadedeinformaçãodeformaclaraeatraente.Um vídeo é de fácil circulação. Para ver um filme, você não precisa que o diretor, o câmera, o editor e os personagens estejam presentes. Basta a fita ou o DVD.

1. E agora, o que eu faço?

Issonãoquerdizerquesejamelhoroumaisimportantequeumjornal,umapeçadeteatroouumacartilha.Demodoalgum.

Um vídeo é apenas mais uma ferramenta que dispomos na nossa luta. E ao fazer essa opção, temos quepensarcomotorná-lamaiseficiente.Porquenãopodemoscairnaarmadilhadaquelesqueacre-ditamqueumvídeoporsisóésoluçãodetodososproblemas.

Se fosseassim,era só fazerumvídeobemcaprichado,daquelesbonsmesmo,emostrarparaopresidente,quefariaaReformaAgrárianamesmahora.Sefosseassimseriafácil.Masvocêssabemque não é.

Aodecidirfazerumvídeo,temosquenoscertificarseérealmenteamelhorferramentaparaade-manda proposta.

Seráqueumasériedeprogramasderádiosobreaproduçãoagroecológicaasertransmitidanarádiocomunitáriadoassentamentonãosurtiriamaisefeito,jáqueacomunidadeouvearádiotododia?SeráqueumamatériaparaoJornalSemTerrasobreoatrasonaReformaAgrárianomeuEstadonãochegariaamaiscompanheirosecompanheirasnoBrasiltodo?Etambémnãoserialegalumaexposiçãofotográficanasescolasdomunicípiocomasfotosdahistóriadoassentamento?

Esesomadoaissosepuderfazerumvídeo,melhorainda!Ovídeonãopodeserpensadocomoalgoisolado.Elesócumpriráseupapelseestiverdentrodocontextodelutasdanossaorganização.

PRA QUEM?

Um vídeo só completa seu ciclo de existência quando é visto por alguém. Afinal, a gente faz um filme para que alguém assista. É claro que não tem como saber de antemão quem vai ver o vídeo. Um DVD pode passar de mão em mão, alguém pode colocar na In-ternet ou uma TV pode decidir exibir o filme na sua programação. Então, o vídeo ganha o mundo! Mas quando estamos construindo um vídeo, ajuda - e muito - saber pra quem se destina, prioritariamente.

É O QUE ALGUNS CHAMAM DE PÚBLICO ALVO.

Issopodeajudarnadefiniçãodaduraçãodovídeo:seéparatrabalhodebase,umvídeomaiscurto,seéparaserexibidoemumencontro,podeterumaduraçãomaior.Notipodein-formações:numvídeodedenúncia:éprecisocontextualizaroespectadorsobrealgunsdadosdaregiãonumvídeosobreaagriculturafamiliar:dadosquecomparemprodutividadedaagriculturacamponesaeoagronegóciosevaihaverlegendasounarração:seráquetodosqueverãoofilmesabem ler?

Definirdeantemãoparaquemsedestinaprioritariamenteovídeo facilitanasdecisõesaserem tomadas durante sua realização.

Está chegando o dia da filmagem e você não sabe o que será necessário levar?

Algo bem básico é a filmadora.

Atéporquesemelaficadifícilfilmar.Massembateria,afilmadoranãofunciona.Certifique-sequeestálevando:afilmadoraeumabateriaqueestejacarregada.Setivermaisdeumabateria,melhor.Levetodascarregadas.Maseusótenhoumaetalvezelanãodureodiatodo?Entãoleveocarregador.

Eorganizeseudiadefilmagemparaque,emalgummomento-talveznapausadolancheoudo almoço - você possa deixar a bateria carregandoparaopróximoturno.Nessecaso,éútillevartambémumaextensão.

Cartões de memóriatambémsãoimprescindíveis.Ébomlevarsempreumaquantidadesu-perioràexpectativadefilmagens.Nuncasesabeoquesepodeencontrar.Imaginechegaremumacampamentoe,nomeiodomelhordepoimento,amemóriaacabaenãotemoutrocartãopararepor?Émelhorestarprevenido.Lembre-setambémdeverificarseelesestãovaziosecomespaçopara serem gravados.

Sempreébomficaralertaparanão deixar o equipamento exposto por muito tempo ao sol. Issopodedanificaro funcionamentodafilmadoraou inutilizaralgo.Alémdisso,as câmerasquetrabalhamosagora,chamadasDSLR`s(veremosissomaisadiante)sãocâmerasfotográficasquefilmam,ouseja,elastemdeterminadaslimitações,umadelaséosuperaquecimento.Elaspodemdesligarsozinhas,ouaparecerumsímbolodeumtermômetronatela. Issosignificaqueelaestásuperaquecida e deve ser desligada até resfriar-se, para não comprometer o arquivo que está sendo gravadoeaprópriacâmera.

Acabandoocartãodememória,identifique-oantesdeguardar.Podesercomumnúmero,data,tema.Nãoimporta.Temqueserumaidentificaçãoquesirvaparaque-tantovocêcomoqual-queroutrapessoa-saiba,minimamente,oqueexistenele.

Seduranteasfilmagensvocêvaipegarumdepoimento,ébomgravar com um gravador externo de áudio.Comoessascâmerasnãosãofeitasparafilmar,suaqualidadedeáudionãoétãobom.Então,semprequepossívelgraveoáudioexternamente.Seissonãoforpossível,aproximeomáximopossívelacâmerado/aentrevistado/a,somentetomecuidadoparanãoficarpróximaaopontodeintimidá-lo/a.Independenteseháumgravadorexternoounão,escolhasemprelugarescompoucoruídoparanãocomprometeraentrevista.Lembre-sesemprequetantoacâmeracomoosgravadoresdeáudiosãomuitomaissensíveisqueonossoouvido,ouseja,duranteagravaçãoháruídos que não nos incomodam, mas que acabam sendo captados pelo microfone, comprometendo nossa gravação.

Um tripé também pode te ajudar muito. Imagineterquesegurarumafilmadoraporminu-tos,àsvezeshoras,ininterruptos?Pormaisquevocêsecontroleesejaforte,suamãovaicomeçarasecansareoresultadovaiserumaimagemtremida.Comumtripéissonãoacontece.Emúltimocaso,podemosapoiaracâmeraemumbanco,mesaoumesmoapoiarobraçoemoutraspartesdocorpo para um maior controle.

COM QUEM?

Duaspessoaséomínimoparasegarantirumafilmagem.Umapessoaparaficarres-ponsávelpelacâmeraeoutraparacuidardoáudio.Issonãoimpedequehajarevezamento,trocasdefunções.Comonãoimpedetambémqueoutraspessoassesomemàequipe. Seexistemcondições,ésemprebomdesignarumapessoaparaatarefadeprodução.Essapessoaéaquelaquevairesolverospepinosenquantooscompanheirosfazemafilma-gem. Ela vai cuidar do contato prévio com as comunidades, do transporte, da alimentação, dos recursos,doshorários,enfim,dalogísticacomoumtodo.Pareceserumatarefachata,masénelaquesetemumavisãoeconhecimentogeraldetodoprocessodefeituradeumfilme.

Como?

Antesdesairparafilmar,éprecisofazerumplano de filmagem, ou seja, um planejamento prévio para saber como será o dia-a-dia de gravações.

- Onde vai filmar - A que horas a equipe sai

- Quando começam as filmagens- O que vai filmar

- Quem vai ser entrevistado/a

Éclaroqueplanospodemsermodificadosduranteodecorrerdasfilmagensporcausadeumachuva,deumatraso,masumplanejamentoprévioconhecidoportodaaequipepodeagilizarasfilmagenseajudarnasoluçãodeimprevistos.

Conhecer o quê e quem vai filmar é essencial.Porisso,programe-separachegaràlocalida-dedasfilmagenscomalgumaantecedência,paraseambientarcomolocal,conhecereconversarcomosmoradores,entenderocotidianodacomunidadeedescobrirasmelhoreslocações.

Aofilmar,buscarasmelhorescondiçõesdeluzesom.Procurarlocaismaisclarosecomme-nosbarulho.Capturarasimagenscomumaboasobradetempoparaaedição–oidealéquecadaplanocapturadotenhapelomenosdezsegundosdeduração.Capturartambémosomambientedecadalocação–oidealégravarumminutosódesomambiente.

Aofimdodia,avaliar com a equipe de filmagem o material capturado. Esse enquadramento ficoubom?Eoáudio?Seráquenãoseriamelhorrefazertalimagemoudepoimento?

Essaavaliaçãoajudaverosacertosenãocometerosmesmoserrosnospróximosdias. Ese for preciso, refazer alguma coisa, já que ainda está na localidade. Imagine o que é viajar a outro Estado ou até mesmo a uma comunidade longínqua e, quando voltar, descobrir que o material cap-turadonãoficoubom.Refazeragoravaificarbemmaisdifícil.

Terminandoasfilmagens,organizar o material capturado e identificar os cartões de memó-ria ou os arquivos, caso você já fez download para algum computador.

Aí começa outra etapa, a edição do material

Primeiro,éprecisovertodoomaterialfilmadoparaseteridéiadaqualidadeedoconteú-do.Feitoisso,opróximopassoéfazeraminutagemdomaterial,ouseja,transcreveroconteúdodomaterialdetodososcartõesdememória,informandootimecode(marcaçãodetempogravadanoarquivo)deinícioedefim,alémdeinformaçãosucintasobreoconteúdodecadaplano.Comaminutagem(tambémconhecidacomodecupagem),vocêteráarealnoçãodomaterialquetememmãosepoderáescolheroqueserácapturadoparaailhadeedição,economizandoassimtempoememóriadocomputador.Oidealéutilizarumaplanilhaprópriaparaessefim,quedepoisdepre-enchidacomessasinformações,seráutilizadasemprequesequisertrabalharcomomaterialbrutofilmado.Esseesforçopodeparecerinicialmentechato,masseráfundamentaltantoparaconheceromaterialasereditado,comoparaosquedepoisirãotrabalharcomessasmesmasfitasemoutrosvídeos,poisjávãopartirdeumaplanilhasistematizada.

Apósaminutagem,façaacapturadostrechosselecionadosnailhadeedição.Tentesempreorganizaracapturadeformaquevocêouqualqueroutrapessoaquefortrabalharnaediçãoconsigaentenderomaterialeencontrarcomfacilidadedeterminadotrechode imagemoudepoimento.Duranteaedição,lembredereservarmomentosparaexibiroandamentodotrabalhoparaoutraspessoas,nãosomenteparaaquelasqueestãoparticipandodarealizaçãodovídeo.Aopiniãodelaspodeajudarasaberseofilmetemfácilcompreensão,seestáconseguindocumprircomoplaneja-do,seháalgumasugestãoouacréscimoaserfeitoantesdefinalizá-lo.Essesmomentosdeanálisepréviaecoletivacostumamenriquecerefortaleceroresultadofinaldotrabalho.

PRA ONDE?

Finalizadoovídeo,oúltimopassoépensarnaexibiçãoedistribuição.Issovaidepen-derdopúblicoaquesedestinaovídeo.Podeserexibidoemalgumaassembléia,encontroouatopúblico.Podeserpostadonainternetouenviadoaalgumatelevisãoparaexibição.Podeserinscritoemalgumfestival.Podeserexibidoemalgumcineclubedacidadeoudoassentamento.Éprecisopensarnadistribuiçãoeexibiçãodesdeosprimeirospassosdare-alizaçãodovídeo,poiséumaetapaquecostumaserdispendiosa(comprarmídiasvirgens,reproduziremgrandesquantidades,pagardespesasdepostagemporcorreio)eabandona-danumsegundoplano.Issoéumsérioerro.Seriamuitofrustrantedepoisdetantotrabalhorealizarumvídeoquenãovaiservistoporninguém!

“Estamos aqui porque somos revolucionários. Ser revolucionário não é somente estar disposto a transformar, mas sim que estas transformações sejam realmente revolucionárias. Podemos ter idéias revolucionárias, mas se não a materializamos em forma revolucionária, em uma estrutura revolucionária, que se manifeste na expressão diária, então não estamos cumprindo nossa missão. Há certas coisas que precisam ser rompidas no que diz respeito à divisão do trabalho. Não pode ha-ver a separação entre os que pensam e os que produzem. Vamos trocar funções, conhecer todos os processos, inclusive na área administrativa. Estamos buscando que esta transformação seja integral em toda a parte operativa. Não pode ser uma transformação em pedaços, porque isso conduz a que trabalhemos divididos em parcelas”.

BlancaEkout,presidentadaTVViVe,assemblEiacomos/astrabalhadores/as, dia de lançamento da produção integral, 4 de abril de 2007.

AS SEIS ETAPAS DA PRODUÇÃO INTEGRAL

A) A investigação participativa

>> Primeira Etapa

Ainvestigaçãoparticipativapartedasaçõesdacomunidade,dopensamentopopular.Fazerumroteiroépartirdeumarealidadequenuncaantesfoitomadacomopontodepartidaparaumroteiro,istoquerdizerquedevemospartirdainteligênciapopularparaconheceraspessoas,situa-ções,objetivoseobstáculos,açõese,apartirdaí,construirnossoplanodefilmagem.

Aconstruçãodoroteirocomeça,pois,semafilmadora,combasenaidéiamotriz.Trata-seprimeiramentedeconstruirumespaçodeencontro,deapresentar-secomo“coletivodeproduçãoaudiovisual”, de mostrar-se como integrante de um projeto aberto, a serviço do povo, aprendendo aescutaroqueosinteressadostenhamadizer.Odiálogocomoshabitantespermiteestabelecerelementosrecorrentesnostestemunhos,encontrarpontosemcomumepontosdeconflitodesdeosocial,assimcomodescobriroselementosreprimidos,masdifíceisdeexpressar.Trata-sedeum

2. Manual do Produtor Integral Conselhos para entrevista, reportagem e documentário

(ViVe – Escuela Popular y Latinoamericana de Cine e Television. 2008)

movimentopaciente,demuitodiálogocommuitaspessoas,semnenhumtipodeimposição.Oau-diovisual não é “poder sobre o povo”, mas sim “ferramenta do povo”. Trata-sedeabandonaropontodevistaúnico,dominantenatelevisãocomercial(a“televisãocomopoder”),paraescutareconfrontarosdiferentespontosdevistadopovo.Evidentemente,aoinvestigararealidadedelugarespermanentes(umassentamento,umpovoado,umbairro,umaocu-pação)sepercebemdiferençassociais,degeração,degênero,deorigem,deinteresse,decultura,etc.Nahoradeexibirofilmeouprograma,éestaconfrontaçãodemocrática,pluralistaediretadevozesedepontosdevistadiferentesquefavoreceráaidentificaçãodocoletivoealucidezdoexpec-tador,eporconseqüênciaapossibilidadedeumdebatereflexivoetransformador.

O tempo de preparação permite uma socialização mútua, a compreensão das resistências edosdesejos,dasauto-censuras,daslinhasdefugaoudeevasão,doslimitesinvioláveis.Tambémpermitedistinguiroselementosimportantesdossecundários,definirassituaçõeschaves,aspesso-ascapazesdeencanarumpropósitoeinclusiveosconflitosinterpessoaisrelacionadoscomoproje-to.Ademais,trata-sedaorganizaçãodasreuniõesdefilmagem,segundoasdisponibilidadesdecadaum,etambémdotempoacordadoparaafilmagem.

Desde o primeiro momento, temos que imaginar o momento da edição, sem copiar a enfa-donhaformadonoticiáriodominante(simplessucessãodeentrevistas-bustosadornadasporplanosdeapóiopassivoseafastadosdodiscursoverbal).Ouseja,trata-sedeprepararamontagemparaleladeváriosfluxosdeconsciência,variasrealidadesvividasporpersonagensdiferentesdentrodeumacomunidade, de uma mesma realidade social.

>> Segunda Etapa

ComoTEMPOdarelaçãoeoCONVÍVIOcomascondiçõesdevidadacomunidade,aequipedeproduçãointegralrelacionaevinculaosfatosprincipaisentresi,reúne-osemumaprimeirahipó-tesederoteiro,sobreaqualconversaeavaliacomacomunidade.‘Éistoquequeremdizer?Istoéomaisútil?Etc...’Ouseja,exatamenteocontráriodatelevisãodominanteoudocinemacomercial,nosquaisoroteiroéescritodeantemão,numescritório,paraserimpostoàrealidade,custeoquecustar.

Naescolhadosporta-vozestemosquetercuidadocomosseguintesaspectos:algunstêmproblemaparaseexpressarfrenteàfilmadora(dicção,nervosismo),oupelocontrário,‘sobre-atu-am’ou‘roubamacena’.Outrosqueremfalardeumtemaquenãovemaocaso,ouinclusiveacertarcontascomavizinhançaatravésdacâmera.Deve-seescolheros‘atores’dareportagem/documentá-rio,tantoentreaspessoasporta-vozes(reconhecidaspelocoletivo),comoentreaspessoas-recurso(aquelasquetêmumaexperiênciavividaemrelaçãoaotema).Trata-sedeequilibrarasinformaçõesobjetivaseosdadossubjetivos(conflitoseemoçõesdasubjetividade).

Aestruturadereportagem/documentárioseconcebeassimdesdeumainvestigaçãopartici-pativa,aproveitandoasoportunidades,osdescobrimentos,aretro-alimentaçãoporpartedacomu-nidade.Assim,aidéiainicialevoluieseenriquice,aomesmotempoqueseconcretiza,semabando-nar,entretanto,oobjetivoprincipal.

>> Terceira Etapa

Aproduçãointegraldoprograma,suadifusãoeseuseguimentoserãoummomentoútildavida da comunidade, como modo de revisar, consertar e reforçar o poder popular. Uma forma de

traçarotempohistóricodaaçãopopularentrepassado,presenteefuturo,emcadaetapadalutadeclasses e da necessária transformação das relações de produção.

Mas atenção: para garantir uma interação politicamente produtiva entre os ‘coletivos deproduçãoaudiovisual’eapopulaçãoéimperativoqueaequipedeproduçãointegralseformeper-manentementenocampoideológico,nocamposócio-político(história,economia,sociologiaetc.).Porexemplo,pararompercomosestereótipossobreas‘áreasdeconflito’,as‘favelas’,os‘acampa-mentos’,nãobastaviajarparaacomunidade,éprecisoconstruirumolhar,ouseja,sercapazdeana-lisararealidadesocial.Rompercomopensamento‘localizado’,‘particular’,‘anedótico’dosespaçossociais,parapassaraumaleituraanalítica,‘global’destesespaços.

Éevidentequeoessencialdoqueocorre,incluindoatéomaisvisível,encontrasuaexplica-çãoforadesteslugares.Porexemplo,asfavelasdoRiodeJaneiro,lugaresdeabandonoeviolência,secaracterizamessencialmenteporumaausênciadoEstado(escola,saneamento,saúdeetc.).Aonarrar uma realidade local, temos de entender que por mais local que pareça, uma determinada realidadeépartedeum‘todo’,tantonocampoeconômico,comonopolítico,nosocialetc.Ecomomilitantes dos movimentos sociais, devemos construir uma obra audiovisual que busque as possibi-lidades de transformação e superação dessa realidade.

Exemplodeperguntasgeradorasdediálogos:

Quempossuiosmeiosdecomunicação?Quemosusaefetivamente?Quem, através dessa dupla relação, é o dominador? E o dominado?Quemtiraproveitodisso?Quem consome? Quem acumula? Quem se empobrece?A que contradições, a que lutas dão lugar essas relações? Com que resultados? Quando começou todaessahistória?Qual é o papel do Estado?Quando as coisas serão diferentes? Onde está o interesse comum? Como isso poderia ser diferente? Porque o povo deveria se ocupar disto?

B) A Filmagem: “as almas preparadas tiram proveito do azar”

1. Encontraropontodeescuta:aquedistância?Apartirdequeproximidadepsicológica?

2. Fixarafilmadoranesselugar(evitarosprimeiríssimosplanos,adaptar-seàluz).Oentrevistadorsecolocaaoladodafilmadora,nopontodeescutamaispertinente.Sentiromomentoemquedevegravar,sentiromomentoemquedeveparardegravar.

3. Deixarquearelaçãohumanaopere(deixarosilênciosemanifestarnotemponecessárioeapro-priadopararespeitaraexpressãodooutro).Posiçãodehumildadeparaoprodutor:oentrevistadosabemaisqueelesobreasituaçãoeaexperiênciadascoisas.

Emresumo,épelaqualidadedarelaçãohumana,pelaconfiançaestabelecidaque‘sema-nifestaráasinceridade’.Apessoanãosomentedescobriráoquetemadizerecolocaráemordemsuasidéiasenquantorevisaseussonhos,comotambémsesurpreenderádizendoumaverdadequetalveznuncatenhadito...Eestaqualidadederelaçãoéprecisamenteoquesenotaránofilmeequeo diferencia a produção audiovisual militante da produção comercial.

4. Para além do que foi dito, o produtor integral escuta o que está implícito por trás das falas ou dossilêncios.Nãobusca,comoosrepórteresdatelevisãocomercial,canalizarsistematicamenteasrespostasemumroteiropré-estabelecido.Pelocontrário,busca,atravésdeumolhardiferenciado,relançaralgodonãodito,superarumaapreensão,aclararumquerer-dizer,facilitarumaexpressão.Nessesentido,os ‘atoresdoreal’nosdirigemtambémaumaverdadecompletamentesubjetiva,sem dúvidas, mas com freqüência mais interessante que os postulados iniciais. Há um verdadeiro ‘encontro’,umainteraçãoforteentreospontosdevista.Noentanto,oprodutorintegraldeveestarconsciente,manter-secentradonotemaesaberquepoderásetornarinútilumaacumulaçãodeinformaçõesededetalhesanedóticosnomomentodaedição.

Enquadramento: três regras básicas

a)Usaraescaladeplanos(veroanexofinaldestemanual),masnuncacortarsobreasarticulaçõesdocorpo(pescoço,cotovelo,punhos,joelhos,clavícula...)

b)Descentralizar,deixando‘oar’diantedoolhar,doladodomovimento,dodeslocamento

c)Nãodeixarmuito‘ar’porcimadascabeças(emprimeiroplano,podemosinclusivecortarosca-belos...)

Som

a)Escutarossonsambientes,interessantesporseutimbreouseusignificado.

b)Épossívelapontaromicrofoneparaumafonteforadequadroenquantoacâmerapermaneceorientada pelo mesmo sujeito visual.

c) Capturaremseparadoosom,parapreparararelaçãodialéticasom/imagemnaedição.

C) A Edição: “Fazer-se entender pela maioria é nosso dever”

1. Observar os instantes significativos da vida.

Otemponarrativonãoéotempodavida, istoé,umtempopuramentecronológicosub-metidoàduraçãoreale inteiradosfatos:seráprecisorecortar,diminuir,eliminarasestagnaçõesdaexpressão,osintervalosvazios,osmomentosinúteis.Otemponarrativo/discursivoseapóiadefatonasinferências(induçõesededuções)obtidasapartirdeiníciosvisuaisesonoros(aspalavras,asexpressões),querdizer,apartirdeinstantesparticularmentesignificativosextraídosdomaterialbruto.Temosque:

a.Organizaraspalavraseospropósitoscomoobjetivodeconstruirumaprogressãointeressante

b.Alternarosmomentosdescritivos(planoslongos)eosmovimentosdeinterioridade(planosdeaproximação)

c.Evitarumdiscursodemasiadoexplícito,provocar,sobretudoumtrabalhomentaldededuçãoe

deinduçãoquemanteráoexpectadorativo,planoapósplano,seqüênciaapósseqüência,graçasaprojeções e comparações que se verá obrigado a fazer sobre as situações e os personagens. O es-pectadordeveencontrarinteresseeemoçãonodesenvolverdofilme:Nãonosdirigimossomenteaosconvencidos!

ComodizohistoriadorLuisSuárezumaproduçãoaudiovisualtransformadoranãopretendegerarespectadores,massim‘especta-autores’,ouseja,pessoasquevãoatuardepoisdaprojeção.Ação/reflexão/ação:umfilmenãopodesernuncaumfimemsimesmo,massimummeiodere-forçaracapacidadedetransformardesdeopoderpopular.Porisso,ofilmedevefazerpensar,masoespectadortambémprecisarespirar,apropriar-sedascoisabebendodamemóriaedosconheci-mentosjáconstituídos.Associar,reavivarumalembrança,experimentarumsentimento,tudoissolevatemponamentedetodo(a)espectador(a).Avelocidademataopensamento.Devemosdeixaroespectadorparticipar,partindodedúvidas,desilêncio,derespirosdentrodareportagemoudodocumentário.Poristo:

Temosqueconstruiroequilíbrioentreascoisasditas(palavras),ascoisasfeitas(ação),ascoi-sasmostradas(situações)eascoisassugeridas(continuidadedeplano,elipses,relações).(exemplo:odocumentário‘Cuba,ovalordeumautopia’)

2. Três tipos de polos para filmar, tendo como objetivo a edição

a.Polosituação(ondeestamos?Quando?Oquesepassa?)ouseja,planobastantelongosb.Polopersonagem(nosaproximamosdosestadosinteriores,dospensamentosedasemoções,dasreaçõesedasintençõesdepersonagensvisíveisgraçasàproximidadedosplanos)c.Polosubjetivo:oespectadorvêatravésdosolhosdealguém(tambémexisteosemi-objetivo)

3. As deduções são imediatas

Exemplos:afolhaestámolhada,équechoveu;ocarroestáestacionado,équeapessoache-gou...Tocaacampainha?Háalguémnaporta!Ocarroestáamassado?Houveumacidenteetc...Emoutraspalavras,cadaplanopreparaoseguinte,por‘instruçõesinternas’(umapalavra,umgesto,umareorientaçãodaatenção,doolhar,ummovimentodecorpo,umamudançadeexpressão,umgestodeapontar,umdeslocamento,umruídooff,umaréplica inesperada,umencolhimentodeombro),todasestas‘instruçõesinternas’dentrodeumplanopermitemocorteeacontinuidadedasequência.

4. Cuidar do arranjo dos fundos visuais

(identificamosomesmolugaremoutromomento)ouosajustesparaaambiênciasonora(identificamosoutralocaçãonomesmomomento,atravésdarupturasonora).Emtodomomentooespectadordevesercapazdeidentificarotempoeoespaço.Umfiocondutor(relativoàmemó-riaeàdedução)relacionaasseqüênciasentreelas.

D) Prática da Filmagem

1. Conhecerdeantemãoo‘epicentro’dacena(oqueéimportantefilmar),paranãoperturbaraspessoasfilmadasduranteatomada.

2. Evitarosmovimentosinúteisdecâmera(semintençõesouinapropriados),oplongéeeocontra-plongéegratuitos:noscolocamosàalturadaaçãosomenteparaquesejamaislegível.

3. Evitarozoom,salvoseéabsolutamentenecessário(deixemo-loaosturistas...).Podemosfilmarcom um tripé, fácil e rápido de desmontar.

4. Controlaraqualidadeenitidezdosome,sobretudo,suarelaçãocomosruídosambientes.

5. Deixarsempreumpequenosilêncio(algunssegundos)noinícioenofimdeumplano(antesdecortar).

Distinguir: situações, palavras, ações (matéria básica)

Assituaçõessefilmamemplanosamplos–asaçõesdospersonagens,seuposicionamentonumlugar,nummomento,numprocesso.Cuidadocomoselementosperturbadores(imagensousons)queentramemcampo(foradotema,falsaspistas.

Asações(osgestosdetrabalho,asmãos,porexemplo)–comfreqüênciasãorepetitivas,podemosentãofilmá-lasdesdemuitosângulos,deumminutooudeumahoraaoutra,deumdiaao outro.

Aspalavras–sãofilmadasdefrenteou¾defrente,ocineastaaoladodacâmera(paraqueoentrevistadosedirijamaisàcâmera,querdizer,aoespectador).Aspessoaspoderãovoltar-separafalarcomumoutroalguém:devemosentãoalteraroeixodacâmeraparamanterumpontodevistafrontal do interessado.

Entrevista

1. Acertarotemacomoentrevistado,sem‘revelarperguntar’

2. Evitarasentrevistaslargar(túneisverbais)

3.Escolherecuidarasimagensdefundo(evitarosfundoscommuitoelementos,quedistraemoolhodoespectador,ouinsignificantes)

4. Buscar a ambiência sonora menos ruidosa

5. O microfone boom sobre os entrevistados

Técnicas de entrevista

1.Acâmerasemodificaentrecadapergunta

2. Faz-seaprimeirapergunta.Cuidarparaquearespostanãoseestendaemdemasiado(sepossível–1’30’’–sintéticaeclara)

3.Interrompe-serespeitosamente:‘nãoentendi,poderiaexplicar-metalouqualponto’eaproveita-mosesteinstanteparamudaroeixo(fundovisualdiferente,diferençadeeixo).

4.Segundarespostaesegundainterrupção:‘issoquerdizeroquê?’=outramudançadeeixooudeescala de plano.

5. TerceiraRepetição:‘masalgunsdizemqueoueuouvidizer...’=outramudançadeeixooudees-cala de plano.

Desta maneira, dispomos de várias tomadas, de várias escalas e de vários fundos para uma mesmaentrevista.Istoresultamuitoútilparaaedição,poissetemosumaentrevistasemditasva-riações, ou seja com um mesmo plano, uma mesma escala e um mesmo fundo, e que o cortamos e o editamos na mesma imagem, isto cria uma impressão de voltar atrás, de falta de progressão, de estagnação.

Preferir as entrevista em ‘situação’

Quandoaspessoastrabalhamemcondiçõeshabituais,falamcomasmãosenãocomoes-tátuasfixas,oumelhorainda,falamentreelas,respondendoelançandoelasmesmasasperguntas.Seudiscursoémaisvivo,maislivre,atraimaisoespectador.

Não se esquecer de gravar os sons em separado

Sonsambientes(paracobriraseqüência);palavras(contrapontoemoff?),efeitossonoros(açõesprecisasrealçadaspelomicrofone);música,seexiste.

Informes das primeiras filmagens

Anotaraspalavraschavesdasentrevistasparaemseguidabuscarimagensesonsquepossamcomplementá-los. Discussão com a equipe. Busca de situações relacionadas. Filmagem imediata ou distintadestescomplementos?Factualidade?Relaçõespossíveiscomfotos,arquivos,documentos.De que se fala? Ouvimos algum elemento importante? Era essa a situação correta, a pessoa adequa-da?Alteraratempoedecidiroselementosdafilmagem.

A preparação e a consulta prévia evitam em grande medida os erros e os inconvenientes. Comfreqüênciaacabaotempoenãodáparavoltaraentrevistardepoisdafilmagem!

E) Prática da edição

-Reunir,subtrair,organizar,combinar...Issosediscute!Aproduçãointegralsignificaquepensamoseinventamosmuitomaisjuntosquesozinhos.

-Devemossaberatéondevamos(personagens,tramasesubtramas).

-Criarumacolaboraçãohumanaprivilegiadanasaladeedição:convivência,colaboraçãointimista,fluidezdarelaçãocriadora.

-Editarumareportagemouumdocumentárioé‘realizar’asignificação,iraoessencial.

- Como abordar e organizar o material bruto?

Uma primeira divisão permite descobrir entre emoção e compreensão, os momentos fortes, a idéias claras, os instantes comoventes, sem procurar analisar muito. Essa primeira conferência é muitoimportante!

Logoconfirmamosos‘bons’planos,osplanos‘possíveis’,osplanospara“descartar’segundoumareestruturaçãogeraldotema(discutidacomaequipe integral).Deve-sedescobriramelhorediçãopotencialainda‘escondida’nomaterialbruto.

Classificar o material bruto em:

1. Entrevistas;2. Ações;3.Situações;4. Cenários,paisagens;5. Materialdearquivo.

Analisar e decompor as entrevistas em fragmentos similares pelo conteúdo. Nomeá-los.Avaliarbemoquesedisse,oquesesentiu,oqueseexplicou,oquesecomunicou(palavraschaves).

Aspossibilidadesdeintervençãodecada‘unidadedesentido’delimitadasdestaformaper-mitemummaiorgraudeinvençãonaedição.Onde?Emqueordem?Qualduração?Sóorigornaclassificaçãopréviapermitelevaracaboestadinâmica.

Abandonar a linearidadedo tempocorrente, recomporasdurações,praticar simultanea-menteaelipseeacontinuidade,querdizer,construirumtemponarrativodeterminandoosdife-rentes planos de entrada e de saída, ensaiando combinações e disposições. Em outras palavras, construir outra realidade.

Numacenadedoispersonagens(XeY),quandomostramosXnatela,podemosfazerumaelipsesobreY(momentaneamenteemoff),querdizer,descobrirYumpoucomaistarde,enquantootempo(nãomostrado)sedesenrolou.

Aocontrário,quandoestamossobreY,podemosfazerumaelipsesobreXerecortaradura-ção na mesma proporção.

Podemostambémpassardeumprimeiroplanosilenciosoepensativoàcoisapensada,de-sencadeando assim uma montagem paralela.

Igualmente, podemos ir de um personagem que desliga o telefone para sair de sua casa dire-tamenteàchavenaigniçãonocarro,economizandotodososplanosintermediários(casaco,maleta,chaves,escada,garagem).Todoomundoentenderáqueasaídanocarroestárelacionadacomofiocondutor.Oespectadorpercebeosmovimentosporqueosassociaàsuaexperiênciaeassimficamais fácil imaginar o que vai passar.

Ditodeoutramaneira,oeditorcriaocontexto–planosanteseplanosdepois–aoredordediferentespersonagensedediversassituaçõeseéjustamenteocontextoquedásentidoacadaumdosplanos,enquantoqueasuavez,cadaumdestesplanosalimentaocontexto.

Três regras da edição

1. Nãosaturaroespectadorcomdadosdemasiadosdensoseabreviadospelaedição.Deixarqueocorpoeointelectodoespectadorfuncionemeassimilem.Serianecessáriopoderentenderevalorara percepção de um espectador real para avaliar o ritmo, a intensidade, as emoções.

2.Fazerbrevespausasnaediçãoparaencontrarumolharnovo.Reduzirotempodeediçãoéeviden-tementeminaraqualidadedofilme,criandoumarotinaformaleoenfadodoespectador(exemplo:músicafolclóricasobretrêsminutosdeum‘postal’inicial,emvezdecomeçardeumavezcomorelato).

3.Aediçãonãopropõeumaediçãorealistadarealidade:elipsesemudançasdepontosdevista,duraçãodesigualdeimagensconcedidasatalouqualpessoa,tamanhodeplanosvariáveis.Háaquiumaverdadeiraviagemmental.Otemposefecha,avançamossobreabasedeintenções(quererdizer,quererfazer)edeemoções(positivasounegativas)dospersonagensrepresentados.Seguimosumaidéia,umfiocondutor.

Tratando-sedeatosepalavrasdavidacotidiana,oespectadorpodecaptarogeral,semterque dizer ou mostrar tudo.

Trata-se verdadeiramente de uma construção cuja função principal não é aquela de ‘fazer en-traraqualquercustoomaterialbrutonumformatopré-determinado’,massimderecriarosfluxosdeconsciênciadospersonagensedosespectadores(chamadosaconhecimentos jáconstituídos,atualizaçãodeideologiasparticulares,retornodeelementosesquecidos,deemoçõesdissimuladas,deidéiasdesvanecidas,propostaspolíticasnovasetc.).

F) Conclusão

Na televisão comercial se ouve com freqüência ‘Isto é o que queremos em tal ou qual lugar, comtalouqualduração,paraalcançartaltipodeaudiência’.Numatelevisãosocialistadizemos:‘Istoéoqueopovodeseja,necessitanestemomentoeporistodeveexistirtaltipodeprogramaoudocumentário’.Aequipedeproduçãointegraléumgrupodemilitantesrevolucionários(as)capazde:

1. Envolver-secomproblemaselutasreaisdosmovimentossociaisemtodoopaís.Sempremanten-do o vínculo com o povo. Falamos de uma produção não invasiva e de um compromisso permanente comomovimentopopularmaisalémda‘pauta’,umcompromissointenso,radicaledecisivo.

2. Formar-seaomaisaltonívelnocampotécnicoeideológico,pararelacionarseussaberespróprioscom os saberes populares. Deve lutar contra as idéias pré-concebidas, os lugares comuns da ideolo-gia dominante.

3. Incentivarefomentaraparticipaçãoprotagônicadopovonoprocessodeproduçãoaudiovisual.

3. O que a fotografia tem a ver com um bom vídeo?

3.1 Por que escolhemos filmar com as DSLR`S

3.2 Como uma boa fotografia não depende somente do nosso equipamento ou partindo para questões estéticas!

3.3 Hora da prática ou ajustando o equipamento.

Nosúltimos5anos,oaudiovisualpassouporgrandestransformaçõescomachegadadascâ-merasDSLR`s,issoporquesãocâmerasquegarantemumaboaqualidadedeimagemcomumcustomuitobaixocomparadoascâmerasprofissionais.

Mas o que são câmeras DSLR`S?

Primeiroénecessárioentendermosqueestaéumacâmerafotográficaquefilma,elanãoéumafilmadora,portantotemumasériedelimitações,massuasvantagensjustificamemuitoanos-saescolhaporelas.Vamosentenderporquê.

A câmera DSLRé–exatamente–asiglapara Digital Single Lens Reflex. Vamos esmiuçar o queissosignifica,câmerasreflex,formamaimagemapartirdeumespelho,ouseja,asiglaReflex vem do fato de a imagem do visor ser a mesma capturada pelas lentes. Isto confere ao equipamento uma maior precisão, pois o que está sendo enquadrado será o que realmente sairá no foto. Single lens, significa que elas utilizam uma lente intercambiável, ou seja, podemos trocar de lente, e por isso temos um equipamento muito mais versátil, que nos dá muito mais possibilidades técnicas e estéticas na hora de fazer o filme. E Digital é porque ela produz uma imagem digital 1_.

Maselanãoproduzqualquer imagemdigital,produzumadasmelhores imagensquepo-demoster.Aqualidadedeumaimagemdigitalémedidapelaquantidadedepixelsqueelapodeconter,quantomaispixelstemosmaiorseráaqualidadedessaimagem.Issoporquepixeléaquelequadradinhoqueguardaasinformaçõesdoarquivo,entãoteremosmaisinformações,oquesigni-ficamaiorquantidadedecores,denitidez,etc.Adiferençaentreessesformatoséaresoluçãodosvídeos(quantidadedepixels).OformatoVGAtem480linhas(640x480p),oformato HD possui 720 linhas(1280x720p)eoFull HD,1080linhas(1920x1080p).

1 http://www.zoom.com.br/camera-digital/deumzoom/o-que-e-uma-camera-dslr

As DSLR`s permitem ainda uma menor profundidade de campo, o que isso significa?

A quantidade de objetos a diferentes distancias da lente que estão em foco é uma função da profundidade de campo. Pouca profundidade de campo significa que apenas um plano está em foco. Muita profundidade de campo significa que muitos planos estão em foco.

A profundidade de campo é determinada pela distancia focal, abertura de iris e tamanho do sensor. DSLRs explodiram em popularidade quase que unicamente pela capacidade de criar imagens com menor profundidade de campo. Isso se dá principalmente pelo enorme tamanho dos seus sen-sores, que são extremamente maiores que outras cameras de video. Num nivel bem básico, menor profundidade de campo permite aos cineastas tirar de foco partes da imagem que eles julguem des-necessárias. 2

2 in. Cinematografico.com.br/guiadslr

Outroaspectoimportanteparaqueessascâmerassejamtãointeressantes,éporquecomovimoscomaprofundidadedefoco,elascriamimagensmuitosemelhantesasimagensdecinema,gravadasnapelícula.Masnãoésomenteissoqueasaproximadessaestética,ataxadequadrosporsegundoéfundamentalparaqueissoocorra.Masoqueéisso?

Mas o que é a taxa de quadros por segundo?

O vídeo nada mais é do que uma sequência de fotos tão rápidas que o nos-so cérebro acredita que elas estão em movimento. Quando falamos em 24 qua-dros por segundo, significa que precisamos de 24 frames ou fotos para fazer um segundo de imagem, ou ainda, cada segundo de imagem contém 24 fotos . Essa éumaconvençãoutilizadanocinemaquequandogravadaempelículatrabalhada mesma maneira, são 24 fotos no rolo de película que formam um segundo de filme,adiferençaéqueelassãoanalógicas,eaimagemquetrabalhamosédigital.

Taxas de quadro diferentes renderizam o movimento de modo diferente, o que combinado com o tempo de exposição produz imagens que se comportam muito diferente umas das outras. O cinema mantém um padrão de 24 quadros por segundo desde 1920 e os espectadores associam esta cadencia com conteudo cinemático, então gravar em 24 quadros por segundo é essencial se voce vai gravar material dramático.

No entanto voce não tem que gravar sempre na mesma taxa de quadros que vai projetar seu filme. Por exemplo, se sua camera pode gravar 60p, é uma otima maneira de gravar material em camera lenta. Se voce gravar a 60p pode diminuir a velocidade para 40% na timeline para um efeito prefeito de slow-motion. 3

Pronto!Agoraficoumaisfácildecompreenderporqueescolhemosessascâmeras.Seguementãoalgumasnoçõesbásicasdefotografiaecomomanipulamoselasnessetipodeequipamento.MassevocênãoestivertrabalhandocomumaDSLRnãotemproblema,agrandemaioriadoconhe-cimentoapresentadoaquivaiservirparaqualquercâmera,lendoomanualdasuacâmera,facilmen-tevocêencontraráondeexecutaroscomandosdados.

3 in. Cinematografico.com.br/guiadslr4 in. Cinematografico.com.br/guiadslr

Exposição e Abertura de Iris

ISO e ruído

A exposição é a relação entre abertura da iris (ou abertura para ficar mais curto), tempo de exposição e sensibilidade do sensor (além de eventuais filtros), ou em termos simples, é o quão clara ou escura vai ficar sua imagem. Variando estes tres fatores podemos controlar a quantidade de luz na nossa imagem.

A iris é o circulo ajustável do lado de trás de uma lente que deixa passar mais ou menos luz. A quantidade de luz que ela transmite é geralmente chamada de F-Stop . Mas lembre-se que a aber-tura não afeta apenas a quantidade de luz, mas também o angulo dos raios atingindo o sensor, uma iris fechada cria uma imagem com mais profundidade de campo, uma iris aberta cria uma imagem com menos profundidade de campo como voce pode ver na imagem acima. 4

ISO na verdade é a sigla da “Organização Internacional de Padronização” (International Or-ganization for Standardization, em ingles), e por isso voce ve essa sigla em vários outros lugares além da fotografia - muitas empresas tem certificação ISO:9001, por exemplo. Mas como cinemato-grafistas, nossa preocupação é com uma padronização so, a que pertence a medida de sensibilidade

a luz em fotografia. ISO, como usamos em fotografia digital, veio da sensibilidade de filmes usados nas antigas SLRs (sem o D de digital na frente).

Mesmo que nos não venhamos a usar negativos, nossas cameras são calibradas para que a sensibilidade do sensor a ISO 400 seja a mesma sensibilidade de um filme ISO 400. ISO é uma medida logaritimica, ou seja, ISO 400 é duas vezes mais sensivel a luz do que ISO 200, que é duas vezes mais sensivel que ISO 100, e assim por diante. Aumentar o ISO num sensor digital significa aumentar a carga elétrica dos pixels e adicionar mais ruido na imagem, ou seja, quanto maior o ISO, mais clara a imagem, mas também mais ruido vai estar presente.5

Velocidade do obturador e o tempo de exposicao do sensor a luz. Para cameras de filme, é o tempo que o obturador (mecanico) fica aberto e o filme fica exposto a luz. Mas para gravar videos em uma DSLR, essa abertura é simulada eletronicamente.

A velocidade do obturador afeta a quantidade de luz que atinge o sensor e tambem afeta como o movimento e capturado. Obturador mais lento deixa entrar mais luz e os movimentos ficam menos nitidos (mais borrados), enquanto obturador mais rápido resulta em menos luz entrando na camera e quadros mais bem definidos e dependendo da velocidade, a sensação de luz estroboscopi-ca. Em cameras de cinema, normalmente se grava com o obturador a 180 graus, o que significa que o obturador está aberto 50% do tempo (180 graus de 360). Isso significa que a quantidade de tempo que a seu obturador fica aberto é metade da sua taxa de quadros por segundo; então a 24 quadros por segundo, um obturador de 180 graus seria melhor emulado com um obturador de 1/48. Provavelmente isso não vai ser possivel na sua DSLR, então usamos o valor mais proximo, que seria 1/50 ou 1/60 por exemplo. Essa configuração dá o movimento mais cinemático na imagem, mas pode variar muito dependendo das suas intenções. Obturador muito rápido cria movimentos mais bruscos. Por outro lado, o obturador mais lento cria movimento mais suave por que vai haver mais borrado nos movimentos (motion blur). Não tem uma regra fixa para uso do obturador, mas se voce não sabe o que escolher, vá com a metade da taxa de quadros.6

5 in. Cinematografico.com.br/guiadslr 6 in. Cinematografico.com.br/guiadslr

Velocidade do obturador (Shutter)

3.2 Como uma boa fotografia não depende somente do nosso equipamento ou partindo para questões estéticas!

Enfim,explicadasasespecificaçõestécnicasdousodacâmera,partimosparaaparteesté-tica.Afinal,denadaadiantaumbomequipamentosenãosoubermosutilizá-lo.Umbomenqua-dramentosempreseráumbomenquadramentoindependentedoequipamentos.Existemalgumasregrasnafotografiaquesãouniversaiseexistemmuitoantesdela,começaramcomaspinturasesãoseguidasatéhoje,porquesãoregrasmatemáticassobrecomposição,comoenxergamosmelhordeterminadas coisas de acordo com o lugar que elas ocupam. Vejamos.

Parautilizá-ladeve-sedividir a fotografia em 9 quadros, traçando 2 linhas horizontais e duas verticais imaginárias, e posicionando nos pontos de cruzamento o assunto que se deseja des-tacarparaseobterumafotoequilibrada.Osdoisterçosdaimagematingemonúmero0,666,oqualseaproximadocomprimentodaseçãoáureadeumsegmentoqueé,0,618,onúmerodeouro.

O ponto de ouro

Dentrodaregrados3terços,ospontosondeaslinhasseencontram,sãochamadosdepontodeouro.Masháumpontoquesedestacamais,nocantodireitoinferior,nossoolharénaturalmen-tedirecionadoàeleassimquevemosaimagem.

Por isso que é importante não centralizarmos demais os temas, colocando ele a sua direita temosumacomposiçãomaisinteressante.Éimportantelembrardissoquandoestamoscompondooquadrotantodeumaaçãocomodeumaentrevista,porexemplo.

A regra dos Três Terços

Planos

Os ângulos

Movimentos de Câmera

Alémdadivisãoemplanos,acâmerapodeserdefinidaquantoasuainclinação.

1) Câmera alta ou plongée

Enquadraapessoadecimaparabaixodandoaimpressãodeachatamentoouinferioridade.

2) Câmera baixa ou contre-plongée

Aocontráriodacâmeraaltadáaimpressãodesuperioridade.

3) Câmera na diagonal

Geraumdesequilíbrionaimagemcriandoumatensãointerna.Éusadapararevelarestadosdede-sequilíbrio.

Ex.: pessoa passando mal --- camera em close-up pegando o rosto de lado.

4) Câmera Subjetiva

Umacâmerasubjetivaéaquelaemquetemosa impressãodeestarmosolhandoacenacomosolhosdoatorouatriz.

Ex.: Bate-se na porta e uma mulher atende. Mostra-se essa mulher em primeiro plano e a pessoa que bateu na porta em primeiro plano também. Elas conversam entre si e as cenas as mostram de frente uma falando com a outra. A camera assume o papel (ponto de vista) de cada um dos perso-

nagens. Outro exemplo é um homem andando por um matagal as pressas. Aparece ele andando do ponto de vista dos seus olhos pelo matagal. Causa apreensão, medo.

A escolha do que é visto e de como é visto é um dos principais recursos narrativos da linguagem vi-deográfica. Além dos planos e angulos a camera tem o recurso de mover-se em relação a sua base e ao eixo da ação.

1) Panorâmica (PAN)

Este movimento descreve uma cena horizontalmente, podendo ser da esquerda para direita, mas existem objeções de fazê-la da direita para esquerda, pois estaria em desacordo com o modo da leitura ocidental

2) Tilt ou pan vertical

Descreve um objeto, um prédio, uma pessoa no sentido vertical, ele pode ser usado de cima para baixo, ou de baixo para cima, dependendo da intenção da descrição.

3) Travelling

A camera pode movimentar-se, aproximando ou afastando, da esquerda para direita (ou vice-versa) ou de cima para baixo (ou vice-versa)

4) Zoom in e zoom out

Utiliza-se como movimento o recurso que a lente Zoom possibilita:

Zoom in: traz a imagem distante para bem proxima;Zoom out: leva a imagem proxima para longe.

Técnicas para Gravação

1) Eixo da câmera

A captação de cenas obedece a uma regra de posicionamento de camera, chamada eixo. É um eixo imaginário de 180 graus que divide a cena. Quando uma das cameras ultrapassa o eixo dos 180º, dizemos que ela “quebrou o eixo”.

2) Plano e contraplano

Numa entrevista, por exemplo, enquadramos os dois participantes em Close up e ao enquadrarmos um dos participantes o outro aparece apenas com a parte e trás da cabeça.7

7 http://www.grupotransformar.org/2011/08/enquadramentos-angulos-e-movimentos-de.html)

3.3 Hora da prática ou ajustando o equipamento.

Depoisdetodasessasinformaçõesedeterplanejadooqueiremosfilmar,estánahoradeajustaroequipamento,ousetar(fazerasetagem)nojargãodocinema.Éimportantequeasetageme a sua conferência sejam feitas todas as vezes que formos gravar, isso porque os comandos dessas câmerassãobemsensíveiseasvezessemquerermexemosnasconfigurações,navelocidade,porexemplo.AquivamosusaroexemplodacâmeraCanon60D,asetagemseráamesmaemqualquerDSLR,oquemudaéondeestãooscomandos.Portanto,sevocêestátrabalhandocomoutromodelodecâmeraésóencontrarondeoscomandosestão,lembrandoqueantesdecomeçarautilizaracâ-meraéfundamentalleromanual,aliestãocontidasinformaçõesimportantesequevãolheajudarmuitoaterumaintimidadecomoequipamento,facilitandosuavidanahoradefilmar.

Vamoslá!Depoisdeligarmos,precisamosescolheromodovídeo,queéindicadopelodese-nhodessacâmera.

Após,faremosasetagemgeral,ondeescolheremosquetipodeimagemiremosgravar.ParaissoiremosnoMENUinicialdacâmera.Alipodemosobservarquetemosabasquedividemostiposde comando. No primeiro ítem da primeira aba temos o comando EXPOSIÇÃO FILME,aliescolhere-mosMANUALparapodermostermaiorcontrolesobreotipodeimagemqueiremosfazer.

Depois,vamosescolherotipodeimagemquequeremostrabalhar.Lembraquecomenta-mos issoanteriormente?EssascâmeraspermitemquefilmemosemfullHD,maselasgeramar-quivosbempesadosqueexigemquetenhamosumlugarparaarmazená-los.Semprequepossívelfilmenamelhorqualidadepossível,porqueessasimagenspodemserusadasfuturamente,elassãoumregistrohistóricoimportante.Parasetarmosiremosnasegundaabaeescolheremosoprimeiroítem,TAM.GRAV.FILME.Aliteremoscincoopçõesdeimagens.SeescolheremosgravarfullHDserá1920x1080p,etemosaopção30quadrosporsegundoou24quadrosporsegundo.Lembremque30quadrosaproximadeumaestéticadovídeoe24aproximadeumaestéticadecinema,elasnãodiferememqualidade.Emgeralutilizamos1920x1080p24.

Opróximopassoéirmosparaapróximaaba,eselecionarmosoterceiroítemESTILOIMA-GEM.Aliháváriasopçõesdeimagens,masarecomendaçãoéquesempreescolheremosoestiloNEUTRO.Issoporqueelenosdámaiorpossibilidadedemexernacorquandotivermoseditando.

Alémdecriarmosumpadrãonosso,porexemplo,seopessoaldeumestadomandaralgu-masimagensparaumvídeoqueopessoaldeoutroestadoeditará,nosteremosumtipodeimagemcomumoqueevitapossíveisproblemastécnicos.Porexemplo,segravarmoscomimagensem24quadrosporsegundoeoutrapessoaem30quadrosporsegundo,nahoradaexportaçãoteremosqueescolherumadessasopções,portantoaoutrapoderáficarmaislentaoumaisrápidaquandotivermosassistindoaovídeo.

Logoabaixonamesmaaba,noúltimo itemWBPERSONALIZADOéonde iremos“baterobranco”.Significaqueiremosselecionarumacorpadrãoparaaimagem,“limpandoacâmera”.Ela

tomaráessacorcomoreferênciaparafazeraleituradasoutrascores.Porexemplo,sebatermosobrancoemumasuperfícievermelha,teremosumaimagemesverdeada.Obranco“limpa”aimagemporque ele é a junção de todas as cores, lembrem que estamos falando de luz, claro que se misturar-mostodasascoresdetintaeladaráqualquercor,menosbranco.

Lembrem, toda a vez que mudarmos de ambiente para gravar, devemos bater o branco no-vamente.Issoporquecadaambientetemumaluzespecífica,mesmoquenossoolhonãoperceba.

Essassãoasconfiguraçõesbásicasquedevemosescolhertodaavezqueiremosfilmar.Masháinúmerasoutrasconfiguraçõesquedepoisdeleromanual,pegarintimidadecomacâmeravocêpoderámexertambém,facilitandoomanuseiodoequipamentotendomaiorcontroledele.

Agoravamosparaasoutrasconfiguraçõesquedependemdoespaçoondeiremosfilmar.Apalavrafotografiavemdogregoesignifica “desenhar com a luz e contraste”, ou seja, essencialmen-tefotografarsignificatercontroledaluzqueentranacâmeraqueirásergravadanaimagem.

Temosentãotrêscontrolesbásicos:avelocidade,aaberturaeoISO.Éacombinaçãoentreessestrêscontroleséquedecidimosquetipodeimagemiremosgerar:seelairáficarborrada,sevaicongelaromovimento,etc.Jávimoscadaumdelesnotópicoanterior.

Mas o que é cada um desses números no meu visor?

1 2 3

1-Velocidade/2-Abertura/3- ISO

Você pode decidir como e quais informações aparecerão no seu viewfinder (assim como também chamamos a tela da câmera) clicando no botão INFO.

Há6opções,cadaumadelassomam-semaisinformações.Escolhaaquevocêsesentirmaisavontade,masmantenhaasinformaçõesbásicas(velocidade,aberturaeISO)semprepre-senteseescolhaumaquenãoteatrapalheaopontodevocênãoconseguirfazerumbomquadrodoqueestáfilmando).

Depoisdesabermosoquesignificacadaumadessasinformaçõesprecisamossempreestaratentos/asàelas.Comoessassãocâmerasfotográficaselassãofeitasparafotografar,podepareceróbviomasela tornar fácilmexeremcontrolesde fotografiaquenemsempreprecisamosparaovídeo,assimprecisamosteralgunscuidadosespecíficos.Porexemplo,emrelaçãoavelocidadedegravação.Nascâmerasquesãofilmadorasapesardetermosapossibilidadedecontrole,nãoéalgoqueprecisamosnospreocuparpoisjáestápré-definido.Nessascâmerasesseéoprimeiroítemqueapareceemnossoviewfindereéumdosmaisfáceisdemexer,portanto,cuidado!Asvezesmexe-mosnelesemquererepodemosassim,tornarinutilizáveisumasériedeimagensporapenasumdescuido.Porisso,semprequandoestiverfilmandodeixeessainformaçãopresentenovisor.

AsT2i/T3i/T4iea60De7Dtêmpequenasdiferençasnaexecuçãodoscomandos.

Para mexer na abertura na 60D apenas gire esse botão.

Para mexer na abertura nas T2i/T3i/T4i segure o botão AV e gire esse botão.

Em ambas as câmeras, para mexer na VELOCIDADE apenas gire esse botão.

Para mexer no ISO

(lembre-sequequantomenoro ISO,menosruídoteremosna imagem!Portantopra terum ISObaixoemgeraltrabalhamoscomamaioraberturadalente,quesignificaomenornúmero)apertenobotãoISOegireparaaesquerdaouparaadireitaessebotãoaqui,omesmocomandoserveparaambasascâmeras.

Foco

Umadasmaioresvantagensdessascâmeraséapossibilidadedetrocarmosdelenteepor-tantotermoscontroleemrelaçãoaprofundidadedecampo(quetambémérelacionadacomota-manhodosensordacâmera).Umapequenaprofundidadedecampo,significaqueofocoémuitomaissensível,poistemosmuitomais“camadas”.Aqueestáfocadaéjustamenteaqueficanítidaeconcentranossaatenção.Atenção!Comoofocoésensívelérecomendávelquefaçamosofocodamaneiramostradaaseguir,poiscomoovisorépequeno,àsvezessomosenganados/asachandoqueaimagemestáfocadaenãoestáesópercebemosquandovemoselaampliada,nocomputadornahoradeeditarounasuaexibição.

Essebotão funcionacomoumaespéciedezoom(atençãoquandoaumentamosoudimi-nuímoso zoomdacâmera -girandoa lente - tambémestaremosmudandoo focodela),elanosaproximadaimagemparasabermosseomotivoestárealmentefocado.Sãoduasaproximaçõesdiferentes,parafocarexatamenteomotivoésóacompanharoquadradoqueestávisívelnatela,paramexerelesemtiraracâmeradolugareprecisarrefazeroquadroésóapertarassetasquevaiparacima,parabaixo,paraaesquerdaeparaadireitaatélocalizarseuobjeto.

Atenção,ofocoautomáticonãofuncionanomodofilmagem.Portanto,nuncatentemexernofocoquandoeletiverselecionadonaopçãoautomático.Paramudaréapenaspassarachavedeumladoparaooutro:

AF – Foco automáticoMF – Foco manual

Essaoutrachavequeficaabaixodalenteservepara“estabilizaraimagem”quandotraba-lhamoscomcâmeranamão.Atente-separaquandotiverfilmandocomumtripémudá-laparaOFF,pois ela pode criar uma espécie de ruído na imagem já que procura estabilizá-la quando ela já está assim.Seforfazercâmeranamãoérecomendávelque“ligue”oestabilizadorcolocandonoON.

Exposição do filme MANUALTamanho de gravação do filme 1920x1080p24ou30

Estilo de Imagem NEUTROIso omaisbaixopossível

VelocidadeSempreodobrodaquantidadedequadrosporsegundo:50sefor24fpsou60sefor30fps*(framesporsegundo).

4. Editando e jogando para o mundo!

3.1 Importando o arquivo. 3.2 Exportando o arquivo 3.3 Plataformas e distribuição

Paraeditarmostudoaquiloquefilmamosefinalizarmosnossovídeoutilizaremosumpro-gramadeediçãonão-linear.Aquinãoiremosensinarautilizá-lo,porqueébastantecomplexoeháumainfinidadedeferramentascontidasnele.Paratal,indicamosqueassistamosmilharesdetuto-riaisexistentesnoyoutube,quevãodesdeobásico,aprendendoamexernoprograma,comoosdequestõesespecíficas,porexemplo,comocolocarcartelasquepassemdaesquerdaparaadireita.Desbravem!

Aqui,vamosnosaterasespecificaçõesequestõesdotipodearquivoqueestamostrabalhan-doquesãogeradospelascâmerasDSLR`s,queserãoexemplificadasnoprogramaAdobePremierequepodeserutilizadotantonosistemaoperacionalMAC,comonoWindows.Mas,asespecifica-çõesapresentadasservemparaosoutrosprogramasdeediçãonãolinear,comooFinalCut,SonyVegas,emgeraloquevaimudaréapenasotipodecomando.

Antesdeirmosparaostópicosespecíficos,éimportantelembrarquequandotrabalhamoscomumtipodearquivo,devemosmantereledesdeafilmagem,acaptura,aimportaçãoeaexpor-tação.Ouseja,sefilmamosem1920x108024fps,precisamosexportarem24fpsedevemosevitartrabalharcomtiposdearquivosdiferentesquepossamprovocaralgumerrodurantealgumaetapa.

EssesnovostiposdearquivoseformatosjáforamincorporadosnasversõesmaisrecentesdoAdobePremiere(apartirdoAdobePremiere5.0),dentreelesasgeradaspelasDSLR`s.Oprogramaacompanhounãosomenteessasdiferençascomotambémasnovasnecessidadesdeexportação,veremosmaisaseguirqueparacadatipodemídiautilizadageraremosumarquivofinalespecífico.

Importando o arquivo

Quando você abrir o programa, a primeira coisa solicitada será a setagem da sequência, ouseja,oprogramaquersaberquetipodeimagemvocêvaiutilizar.Essajanelairáabrirantesdoprograma.Nela iremosescolherHDV,queé imagemdigitalemaltadefinição, isso segravarmos1080x1020p.

Quando você abrir o programa, a primeira coisa solicitada será a setagem da sequência, ouseja,oprogramaquersaberquetipodeimagemvocêvaiutilizar.Essajanelairáabrirantesdoprograma.Nela iremosescolherHDV,queé imagemdigitalemaltadefinição, isso segravarmos1080x1020p.

Bom,depoisqueeditarmosovídeochegouahoradeexportá-lo.Cadaplataformadeexibi-çãoexigeumtipodearquivo,issoporquequandoexibimosnainternetoarquivonãoprecisaterumtamanhotãogrande,jáquealémdeficaronline(seforumarquivopesadodemorarápracarregar)as telasdos computadores/celulares/tablets tem tamanho limitado. Jánahoradeexibir emumcineclube, no assentamento, ou seja, numa tela maior, precisamos de um arquivo maior para que aqualidadesejamantida,lembramdoquesãoospixels?Seeutiverpoucospixelsvamosesticaraimagemfazendocomqueainformaçãocontidanelasejaprejudicada.

Oformatoutilizado,quegarantemaiorquantidadededadosoriginaisdaimageméoH.264.Inde-pendentedenossaplataformadeexibiçãovamosescolhê-lo.

Aextensãodesseformatoseráespecíficoparacadajaneladeexibição.Orecomendávelésesubir-mosovídeoparaoyoutube,exportamosassim,paraovimeoamesmacoisa.

Sequisermosguardaroarquivocomocópiamasterouparaexibiçõesmaioresexportamosnofor-matodopróprioarquivo.ElegeraráumarquivoMP4emanteráaqualidade.Masnãoétãosimplesassim como das outras formas que já estão pré-selecionadas. Vejamos a seguir, passo a passo.

NacaixaOutputNameescolhaonomeeolocalondesalvarseuvídeoexportado:

Entãocontinuando:AindanaabaVídeodeixamosotamanhodoframeem1920x1080,aFrameRateem29,97(seforocaso,poisvcpodequerer23,97sefilmouem24P,ouainda60Psefilmouem60quadrosprogressivos).OformatodepixelparaAVCHDésempreSquarePixels(1.0),oformato(TVStandart)deixeemNTSCpoisestamosnoBrasil.Eagoraomaisimportante:naabaLevel,queporpadrãonessepresetficaemMainmudeparaHigh,poissomenteesseprofilepermitetaxasdedadosmaioresecompressãocommaisi-frames.

NacaixaLeveltroquedopadrão4.2paraopadrão5.1:

MarquetambémoboxRenderatMáximumDephparapermiturqueoexporterdoPremiere aproveiteaprofundidademaximadecoresdisponívelnovídeooriginal:

AgoravamosmodificarosparâmetrosdeBitrateSettings.NacaixaBitrateEncodingvamosexcolherVBR,2passparapermitirqueoprogramadetermineataxadedadosdeacordocomacom-plexidadedacenaefaçaissoem2passadas,melhorandoaprecisãodacompressão.

Nessepontoobservequeotamanhofinaldenossoarquivoaserexportadojápassoupara602MB.Masreparenaoutrasetavermelha.AcaixaKeyFrameDistanceaindaestámarcadoovalorde90.Issosignificaqueteremospoucosi-frames.

Comonosqueremosquenossoarquivofinalsejacompostoapenasdei-frames,ouseja,deframesquecontehamtodaainformaçãodeimagem,coremovimentonelemesmo,vamosmudaressevalorpara1.VamosmarcartambémacaixadeseleçãoUseMaximumRenderQualityedeixardesmarcadasascaixasUsePreviewseUseFrameBlending,paraevitarqueoPremiereuseospre-viewsdevídeodebaixaqualidadenahoradaexportação.Eoframeblending,queémaisutilizadoem vídeos entrelaçados e visa suavisar as diferenças entre campos ou mesmo entre frames progres-sivos em passagens de maior movimento, acaba criando um efeito de blur ou sombra indesejável.

AsconfiguraçõesdaabaAudiopodemficarcomoestão.

NaabaMultiplexerpodemosdeixaraconfiguraçãopadrão,queéMP4sequizermosquenossovídeofinalsejaumarquivo*.mp4comoáudioincllusonacorrentedevídeo.

Pronto! Agora é só clicar em EXPORT e esperar que seu filme estará pronto para ser exibido!

Lembram dos 24fps, a quantidade de quadros por segundo? Na realidade isso é uma convenção e esse número foi arredondado, cada segundo é composto por 23.976 quadros. Iremos nos deparar com esse número várias vezes no programa de edição.

Divulgando nosso vídeo Bom,depoisdeprontonãopodemosabandoná-lo!Éinteressantequetodasasformasdeexibiçõespossíveissetornemrealidade:internet,debate,cineclube,DVD,etc.Oimportanteéfazê-lo circular. Fazer um lançamento no assentamento e na internet são boas estratégias de divulgação.

Como exibir/lançar o vídeo na internet Escolhaumdiaehoraparaolançamentovirtual.Utilizeasmídiassociais,e-mail,sites,parafazeraagitaçãodolançamento.Peçaparaqueaspessoascompartilhemasinformaçõesenodiaehoramarcadosvocêliberaovídeonoyoutube/vimeoouositequeescolher.Maslembre-se,emgeralexportarumfilmeedepoisfazerouploadcostumademoraralgumashoras,evitedeixarparafazerissonodiadaexibição.Semprefaçanomínimoumdiaantes–ouassimqueseuvídeoestiverpronto–paraquequalquerproblemaquetivervocêtenhatempopararesolver.

Como exibir/lançar o vídeo no assentamento Conversecomoscoletivosexistentesnoassentamentoparasaberqualéomelhordia,horaeformaparaessaexibição.Podesernacooperativa,nosalãocomunitário,naIgreja,naescola,nasede,nocampodefutebol.Ouemtodosesseslugares!Oimportanteéqueaspessoasassistamovídeo,promovaumdebateaofinal,paraquetodos/aspossamdarsuaopiniãoeotemadofilmenãofiquelimitadoàele

Ficha TécnicaOrganização:

Equipe do projeto “Jovens Comunicadores Tecendo Redes”

Projeto gráfico e diagramação: MarinaTavares

Realização: Casa Brasileira de Pesquisa e Cooperação

Email: [email protected]