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Cartilha Paranaense: Ranços e Avanços
Solange Aparecida de O. Collares/UEPG
Drª Profª Maria Isabel Moura Nascimento/UEPG
O trabalho apresenta resultados preliminares de uma pesquisa desenvolvida a partir do
levantamento do material de alfabetização, livros e cartilhas, que circularam no período de
1900/1910 cujo método de leitura fora adotado oficialmente nas escolas públicas e particulares no
Estado do Paraná.
O objetivo real desta pesquisa é buscar compreender em que contexto social e político
surgiram as cartilhas de alfabetização, quais foram os interesses e os determinantes ideológicos
que resultaram desta representação de idéias, dos membros da sociedade burguesa.
Para alcançarmos os objetivos propostos para esta pesquisa, foram analisados documentos
nos seguintes lugares: Museu Paranaense, Biblioteca Pública do estado do Paraná, Casa da
Memória (Curitiba), Ciclo de estudo bandeirantes, Arquivo Público do Estado do Paraná e outros
projetos relacionados a pesquisa como : Projeto Memória do Livro Didático(USP/SP.) Nos
lugares visitados, há inúmeras fontes documentais, até então inexploradas, como relatórios, leis,
decretos que descrevem o ensino no Paraná. Através das fontes encontradas nos locais citados foi
possível realizar a pesquisa.
O termo cartilha nada mais é que o “desdobramento da palavra” cartinha “que, por sua
vez usada em língua portuguesa desde o princípio da Idade Moderna, para identificar aqueles
textos impressos cujo propósito explícito seria o de ensinar a ler, escrever e contar”.(BOTO,
2004, p.494).
O vocábulo derivou-se de carta, pois, como não existia qualquer livro didático, os
professores elaboravam alguns textos manuscritos, para ensino da leitura, ou utilizavam cartas,
ofícios e documentos de cartório.
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As cartas foram inicialmente muito utilizadas pelo professor, como um recurso, para o
ensino da leitura.E outros materiais como :
“Textos manuscritos elaborados pelos próprios professores, cartas, ofícios e documentos de cartório faziam as vezes de material de aprendizagem de leitura e escrita. João Lourenço Rodrigues(1930) aluno da escola primária, fruto deste método de ensino relata: (...) conta que o professor preparava um ABC manuscrito, em folha de papel, que se pegava “com pega-mão para não sujar”. Em seguida à carta manuscrita do ABC, “ veio o b- à -bá que servia de início à série bastante longa das cartas de sílabas. Depois vieram as cartas de nomes e por último as cartas de fora, que serviram de remate à aprendizagem da leitura. O método adotado era o de soletração. As cartas de fora, cedidas ao professor por empréstimo, serviam para exercitar os alunos nas dificuldades da letra manuscrita... Os meninos tinham direito de escolha e davam preferência a certas dessas cartas, de formato maior e conteúdo menor. Eram ofícios dirigidos ao professor e alguns deles traziam a assinatura do Inspetor Geral. (PFROMM,1974,p.53) Além das cartas de relatos de viajantes, utilizou-se a Constituição do Império (a
primeira lei brasileira, especificamente, sobre instrução pública, prescreve isso), o Código e a
Bíblia para o ensinamento dos alunos.
A palavra cartilha também “tem sua origem nos silabários1do século XIX e é posterior,
evidentemente, ao surgimento das metodologias de alfabetização [...]” (Barbosa, 1990).
Destinavam-se as cartilhas, ao ensino das primeiras letras, ou seja, ao período da alfabetização
das crianças que – supunha-se, iriam ter o primeiro contato com a escrita na escola. Das cartas,
passou-se às cartilhas.
Foram utilizadas primeiramente as “cartinhas” e depois “cartilhas” de editoras portuguesa
no Brasil; nas primeiras séries, das escolas primárias. O início da História do material de
alfabetização teve origem em Portugal.
As primeiras cartilhas que foram utilizadas na escola primária foram às portuguesas.
Denominadas pequenos livros, onde continham frases e palavras.
Destinavam-se as cartilhas, ao ensino das primeiras letras, ou seja, ao período da
alfabetização das crianças que –supunha-se –iriam ter o primeiro contato com a escrita na escola.
A cartilha destacou-se no Brasil, como um instrumento de ensino devido à precariedade
da situação educacional, fazendo com que elas de certo modo determinassem os conteúdos e
1 O processo de ensino da leitura e da escrita começava com o alfabeto, que vinha impresso em largos quadros, ocupando página inteira: em primeiro lugar, as letras maiúsculas; na página seguinte, as minúsculas. Elas seriam, na seqüência, divididas entre vogais e consoantes, postas em itálico e expressas como manuscritas.
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condicionassem estratégias de ensino, marcando, pois de forma decisiva, o que se ensina e como
se ensina o que se ensina. (LAJOLO,1996, p.4)
Na segunda metade do século XIX em diante, foram surgindo aos poucos no Brasil,
autores brasileiros e obras como: cartilhas, livros de lições, antologias literárias, coletâneas de
contos e fábulas.
“É também nesse momento que surgem as primeiras grandes editoras brasileiras. Várias
tipografias começam a se multiplicar em muitas cidades do País [...]. Autores brasileiros
passaram a publicar aqui mesmo e consolidou-se uma literatura brasileira”.( GALVÃO,
BATISTA,1998)
O século XX trouxe uma melhor qualidade na impressão gráfica e registrou o
aparecimento de várias cartilhas.
A estrutura da cartilha não se constitui somente da linguagem verbal, é necessário que
todas as linguagens de que ela se vale sejam igualmente eficazes.(LAJOLO,1996) A cartilha deve
apresentar-se com uma nítida impressão gráfica, com as imagens bem definidas para que ocorra
uma melhor compreensão no processo da leitura e da escrita. Pois a imagem também permite
uma leitura do seu significado, embora alguns professores acabem esquecendo da sua
importância.
Constata-se que as cartilhas foram a principal fonte de informação impressa utilizada por
parte significativa de alunos e professores brasileiros e que essa utilização intensiva ocorre
quanto mais as populações escolares (docentes e discentes) têm menor acesso a bens econômicos
e culturais (DIAS, 1999).
Este método de ensino foi proposto especialmente para aqueles que não tinham condição
de comprar vários materiais, a cartilha, tornou-se um meio indispensável para atingir o maior
número de crianças ao mesmo tempo, facilitando o trabalho do professor, isto quando não
substituía totalmente a função de ensinar do professor.
As cartilhas parecem ser, parte significativa da população brasileira, o principal impresso
em torno do qual sua escolarização é organizada e constituída (SOARES, 1996 e 1998).O que
corroborou para manter o uso da cartilha, foi a forma como estava organizada a estrutura da
escola.
Se a cartilha é um material didático indispensável para uma boa parte dos professores, é
certo que sua escolha e adoção ainda carecem de critérios mais apurados que a tornem realmente
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auxiliar aos propósitos definidos. É importante lembrar que todo professor, ao adotar um livro,
necessariamente se torna um co-responsável pelo ensino e encaminhamento da leitura.Emerge
aqui a importância da alfabetização como condição necessária para formar o leitor crítico, um
leitor que executa através da leitura o ato de compreender o mundo.
Das cartas ao material impresso: as cartilhas
No Paraná, a tipografia surgiu juntamente com a imprensa, como em São Paulo; Curitiba ao
ser escolhida como capital da nova província em 26 de julho de 1854, já possuía ourivesarias,
ferrarias, marcenarias, olarias e sapatarias, mas não possuía nenhuma tipografia (Martins, 1957)
A tipografia que estava instalada em Niterói e foi transportada para Curitiba, após ser
contratada pelo então presidente da Província, Zacarias de Góes e Vasconcelos, a fim de publicar
os atos oficiais do governo.
No início a tipografia atendia somente aos pronunciamentos do presidente, foi para esta
finalidade que ela surgia, não se permitia a impressão de qualquer documento, sem antes ter a
autorização do estado.
Assim, o desenvolvimento da imprensa no século XIX resulta de vários fatores. O aumento
da sua clientela é devido inicialmente aos progressos da instrução primária, ao alargamento do
corpo eleitoral e a concentração urbana. Característica primordial da imprensa, à rapidez da
informação e a difusão dos meios de comunicação.(LABARRE, 1918).
O material a ser utilizado e impresso para o âmbito escolar só surge mais tarde, perante a
necessidade das escolas em terem materiais didáticos.
Pode-se dizer que com a produção das primeiras cartilhas no Brasil houve um avanço em
relação à aprendizagem de leitura, que, até, então era feita em abecedários, textos manuscritos e
antigas cartilhas importadas de Portugal (PFROOMM,1974,p.161).
A legislação sobre o livro, sobre sua escolha, aquisição e utilização ficava a cargo das
províncias e, mais tarde, dos estados.
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A primeira cartilha paranaense – utilizada nas escolas públicas do Estado do Paraná
– na primeira República:
Numa época em que as escolas utilizavam-se de castigos físicos como: a palmatória e
outras violências simbólicas surgiu à cartilha paranaense, um método um tanto revolucionário
para época.
A cartilha Paranaense encontrada para a análise foi editada em 1907, utilizada nas escolas
primárias do Estado do Paraná, passou a ser chamada de “Cartilha Progressiva”, do autor
Lindolpho Pombo.[...] A primeira edição da cartilha aconteceu em 1900.(POMBO,1957) O autor
da cartilha foi professor e atuou junto aos responsáveis pelo ensino público.
A Cartilha Progressiva, escrita pelo paranaense Lindolfo Pombo, contemplou um novo
método de ensino para ensinar a ler e a escrever. Foi um instrumento de ensino publicado para o
uso da Infância Brasileira e adaptado para as principais Escolas Públicas e Collegios Particulares
no Estado do Paraná e de outros Estados da República.
Esta CARTILHA,
[...] baseada como está nos princípios modernos de Pedagogia, foi composta de acordo com os mais simples processos de ensino pratico.Por ella a criança aprende, em pouco tempo, as letras minúsculas, maiúsculas e manuscriptas, e vai progressivamente desde a leitura simples e corrente até os principios elementares da leitura explicada e expressiva. ( POMBO,1907)
Este método de educação, para ensinar a ler e a escrever, foi colocado em prática pelo
próprio autor nos Collegios S. Helena e Nossa Senhora da Luz, em Curitiba, deu-lhes os mais
satisfatórios resultados.
Outro Collegio que usufruiu do método do Lindolpho Pombo foi o Collegio
Internacional. A Cartilha utilizada nos vários colégios, foi definida pelo próprio autor como :
“Um método novo e mais simples e natural possível. A criança, sabemol-o todos, logo
que começa a querer fallar, principia syllabando: ba-ba, da-da, na-na,ta-ta, ra-ra, etc...
Depois – instinctivamente, combinando essas syllabas com outras, vai a criança
proferindo as palavras mais simples da língua, até exprimir pensamentos. É isso o que temos
sempre observado.
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Eis ahi a razão por que começamos as nossas primeiras lições com as vogaes mais
elementares combinadas progressivamente com as consoantes b,c,d,t,f,r,p,v.s,etc... afim de
seguirmos à risca o methodo que a própria natureza nos está ensinando”.
O autor faz uma ressalva explicando que é impossível uma criança de 6 a 8 anos, guardar
a importância dos valores phonicos, proferíveis, improferíveis, nazaes, agudos e a mil cousas
mais do mechanismo de nossa língua, sem saber primeiro compreender bem o assunto de que se
trata. Embora reconheça a dificuldade em memorizar todas essas variações lingüista, ele coloca
que se for bem explicada pelo professor através de perguntas e respostas referente a cada lição,
não terá como o aluno não aprender a lição.
Para ele, a criança precisa compreender bem a lição para depois passar para as outras.
E o papel do professor corresponde em saber ensinar as lições, inicialmente as letras, as
palavras depois as sentenças.
Desse modo o professor, que é a alma de todo o ensino, desenvolverá na criança o espírito de observação, as faculdades de percepção, de imaginação e de raciocínio, fornecendo-lhes ao mesmo tempo uma instrução profundamente racional.(Pombo,1907).
Foi delegado ao professor a responsabilidade sobre do ato de ensinar e do aprender, este
foi nomeado publicamente, responsável pelo ensino, caso o aluno não aprende-se ele estaria
fadado ao fracasso da sua profissão.
Dessa forma os autores que conseguiam que os seus materiais fossem avaliados, editados
e comprados pelo Estado eram figuras próximas do governo, pois escreviam um material que de
certa forma combinava com os aspectos ideológicos em vigor, sendo aprovado então pela
comissão avaliadora. Neste período, era comum, ter uma comissão para avaliar o material
produzido e o mesmo não poderia fugir dos aspectos ideológicos dominantes, o respeito à pátria,
a obediência aos governantes.
Para assegurar a sua autoridade enquanto Estado, e para manter os direito por parte dos
governantes, foi criado o Decreto- lei 1.006/38, no qual foram enumerados algumas questões
sobre livros e cartilhas( grifo nosso) que não poderiam receber do Ministério da Educação
autorização para uso. Entre elas podemos destacar:
Capítulo IV-as causas que impedem a autorização do livro didático
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a)que atende, de qualquer forma, contra a unidade, a independência ou a honra nacional; b)que contenha, de modo explícito ou implícito, pregação ideológica ou indicação da violência contra o regime político adotado pela Nação; c)que envolva qualquer ofensa ao Chefe da Nação, ou às autoridades constituídas, ao Exército, à Marinha, ou às demais instituições nacionais; d) que despreze ou escureça as tradições nacionais, ou tente deslustrar as figuras dos que se bateram ou se sacrificaram pela pátria; e) que encerre qualquer afirmação ou sugestão, que induza o pessimismo quanto ao poder e ao destino da raça brasileira; f)que inspire o sentimento da superioridade ou inferioridade do homem de uma região do país, com relação aos das demais regiões; g) que incite ódio contra as raças e as nações estrangeiras; h)que desperte ou alimente a oposição e a luta entre as classes sociais; i) que procure negar ou destruir o sentimento religioso ou envolva combate a qualquer confissão religiosa; j) que atende contra a família, ou pregue ou insinue contra a indissolubilidade dos vínculos conjugais; etc.....(OLIVEIRA, 1986, p.40).
Desta forma a comissão avaliadora, levaria em conta os critérios estabelecidos pelo
governo, para a avaliação dos livros escolares, permitindo ou não a sua publicação. Foi uma
maneira encontrada para salvaguardar o Estado.
A comissão era escolhida pelo Presidente da República, compondo o número de sete
integrantes, os critérios utilizados para a seleção destas pessoas eram: preparo pedagógico e valor
moral. ( apud,1986,41)
Ficava notória a imposição de valores e a manipulação da conduta moral e cívica nesses
manuais de leitura, objetivando a normalização e o enquadramento dos comportamentos sociais
que demonstra uma clara intencionalidade do ensino e dos conteúdos de alfabetização que em
tempo algum permaneceram neutros às imposições ideológicas e sociais da época.
Considerando ideologia um conceito que implica em ilusão, ou que se refere à consciência
deformada da realidade exercida através das idéias e do pensamento.
[...] da classe dominante são também em todas as épocas, os pensamentos dominantes, ou seja, a classe que tem o poder material dominante numa dada sociedade é também a potência dominante espiritual. A classe que dispõe igualmente dos meios de produção intelectual, de tal modo que o pensamento daqueles a quem é recusado os meios de produção intelectual está submetido igualmente à classe dominante.(MARX, 1979, p.55-56).
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A existência de um determinante ideológico em torno da cartilha e de seus conteúdos,
propostos nas páginas das cartilhas leva em detrimento de outros valores que não podem ser
explicitados na cartilha.
A escola utiliza-se do ensino e dos seus métodos, como meio para servir aos interesses da
classe burguesa, ocultando a realidade das diferenças de classe, ao invés de buscar uma
legitimidade de igualdade para todos.
Os grupos escolares, e a educação fornecida por eles surgem,
[...] neste período, como um instrumento de legitimação e de camuflagem e de desigualdades, logo de conservação social e ainda para alguns em seu papel de preparação da força de trabalho adequada às necessidades do aparelho produtivo de acordo com a evolução da divisão do trabalho e a organização do trabalho capitalista. (NOGUEIRA, 1993, p.11).
Desta forma a educação proposta pela escola, torna-se contraditória, prega-se o direito de
igualdade a todos e o que é oferecido é totalmente o contrário, para a elite uma educação
diferenciada e para os proletariados uma educação básica (formação de mão-de-obra).
A educação é definida pela classe dominante, no século XIX. Assim,
[...]são os indivíduos que constituem a classe dominante possuem, entre outras, uma consciência e pensam em conseqüência.Enquanto dominam a classe e determinam uma época histórica em toda a sua amplitude, obviamente esses indivíduos dominam em toda a extensão da sua classe, dominam, como seres pensantes, como produtores de idéias e, regulamentam a produção e a distribuição das idéias de sua época.(MARX, 1986,p.10)
Determinando o conteúdo e a forma a ser transmitida para a classe de proletariado, a
escola para eles passa a ter outra finalidade apenas como valor de uso, tem uma função prática,
utilitária para garantir sua sobrevivência no dia-a-dia sem o “diploma” não se consegue
determinados empregos (isto não quer dizer que com ele se consiga) ( FARIA, 1980,p.16) Esta
idéia acabou se perpetuando ao longo da história e muitos passaram a acreditar que é através do
ensino proposto que pode se obter a “ascensão social”. Ao mesmo tempo em que exige homens
competentes, responsáveis e dóceis ao sistema capitalista.
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A cartilha neste sentido é fruto destas relações determinadas pela classe dominante, a qual
determina as condições econômicas1, política e educacional.
Através do material impresso a burguesia,
[...] representa o seu interesse como sendo o interesse comum a todos os membros da sociedade, ou exprimindo a coisa no plano as idéias, a dar aos seus pensamentos a forma de universalidade, apresentá-lo como únicos, razoáveis, os únicos verdadeiramente válidos (MARX, 1979, p.57).
Assim, podemos perceber que desde o início da formação cultural e social do aluno, este
esteve fadado a uma falsa consciência da realidade. Pois em nenhum momento pensou em formar
o aluno como indivíduo pertencente a uma sociedade e que deveria ter voz ativa no meio social.
A cartilha veio contribuir para a massificação da população, pois ao mesmo tempo que se
apresentava como um instrumento único e absoluto para todos, não possibilitava por parte do
aluno qualquer intervenção ou questionamento do trabalho apresentado pelo professor.A
educação estava abandonada ao descaso da classe dominante, a ponto de transformar-se em uma
mera ilustração.
Através da escola tentava-se garantir o direito do ensino da leitura e da escrita nas séries
iniciais e também das quatro operações, noções de história e geografia. As condições eram
péssimas, falta de mobiliário, falta de livros escolares e professores desqualificados.
A Educação ofertada pelo Estado- nas escolas primárias
A escola passa utilizar-se do seu ensino como meio para representar [...] os interesses dos
setores dominantes,[...] mas também aos setores dos dominados, visto que a classe dominante
1 Por relações econômicas, que consideramos a base determinante da história da sociedade, entendemos o modo como os homens de uma sociedade definida produzem os meios de existência e trocam entre si os produtos ( na medida em que existe a divisão de trabalho ). ( MARX, 1986,p.18)
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atribui à escola a função de transmitir sua ideologia, mas o efeito da educação vai além dos
limites por eles desejados. (CF. FARIA, 1996,p.79, Rossi, 1978, p.106)
No século XIX, a elite que determina a educação a ser oferecida na escola para a
população, dosando o conhecimento a ser oferecido por ela. A escola necessita de um
instrumento que possa atingir este fim.
Para o ensino das primeiras letras no Brasil utilizou-se cartilha de alfabetização. O único
objetivo da cartilha é colocar em evidência a estrutura da língua escrita, tal como é concebida
pelos métodos de alfabetização. (BARBOSA, 1991, p.60)
Dessa forma a estrutura oferecida pela cartilha impossibilitava o leitor de fazer uma
leitura de mundo, uma vez detinha-se a repetições e não privilegiava o processo de associação e
análise necessário para uma efetiva compreensão de conteúdos.
Determinando a concepção de alfabetização a ser adotada como uma ação voltada para os
aspectos:
[...] de uma mera técnica a ser transmitida, sem que se considere suas condições de produção. Trabalhar a leitura e a escrita resume-se a uma questão de memória e de exercícios repetitivos.A palavra é desvigorada de seu sentido ao ser dissecada e enquadrada para o ensino de letras e sílabas, sem atenção ao mundo e à vida da criança (DIETZSCH,1996,p.45)
A proposta de ensino tornara-se uma mera técnica a ser reproduzida, não podendo esperar,
de tal ensino, uma formação crítica e consciente para os alunos que freqüentavam as escolas
primárias.
O instrumento adotado foi à cartilha, pois a instrução fornecida por ela, delimitava;
[...] no ensino há uma técnica de leitura, entendendo-se essa técnica como a decifração de um elemento gráfico em um elemento sonoro. É a iniciação da criança no mundo da escrita e, nessa iniciação, ela deve aprender a identificar os sinais gráficos (letras, sílabas, palavras) e associá-los aos sons correspondentes.(BARBOSA, 1991, p.54).
Visto que, nas cartilhas as crianças aprendiam frases descontextualizadas e às vezes
construídas apenas para um bom arranjo com a mesma vogal, do tipo (“Ivo viu a uva”, o início do
século XX mostrou a necessidade de se ensinar a leitura através de palavras ou frases, e não mais
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com base no alfabeto, fonemas e famílias de sílabas tipo “ba-be-bi-bo-bu”, chegando-se a
“preciosas” composições como “o bebê baba” ou “o boi baba”).
Na gratuidade das frases soltas, perde-se o texto, sacrifica-se o leitor iniciante, a não ser
que alguém o encoraje a brincar com o significante e a jogar com o absurdo para se
desconstruir/reconstruir outros sentidos.(DIETZSCH,1996, p46)
Para as classes dominantes, com certeza, era a escola dos três “bês”: boa, bonita e barata.
Os professores eram mal pagos, pois eram quase analfabetos; em pequenas comunidades e áreas
rurais, a escola isolada possuía um só professor, sem preparo pedagógico, que mal conseguia
ensinar a leitura, a escrita e as quatro operações.
Na época existiam cerca de 12 escolas na capital, cinco na cidade e duas nas vilas e uma
nos povoados- na Primeira República.
Foi na República que surgiram algumas mudanças que propiciaram o desenvolvimento da
indústria literária no Brasil e a expansão da compra e venda de livros didáticos e das cartilhas.
O sistema econômico – financeiro do país era formado pela exportação de produtos
primários e o controle de intercâmbios como mecanismo para assegurar a continuidade da
produção agroexportadora. O que mantinha o país em desenvolvimento era a situação econômica
favorecida como: a expansão do café, a urbanização, os surtos de expansão do mercado interior, o
trabalho industrializado. A base da economia estava alicerçada na produção de café, e dependia
da mão-de-obra dos ex-escravos e dos imigrantes.(NASCIMENTO, 2004) O Estado do
[...] Paraná oferecia as melhores condições, para o plantio do café, devido ao clima e ao solo fértil. Isso incentivou agricultores das mineiras, a virem formar suas fazendas neste Estado. Como havia pouco investimento na área de comunicação o Paraná ficou por muito tempo isolado das outras regiões.(STECA, 2002, p.193)
A expansão cafeeira se deu em todos as Regiões de Minas Gerais, São Paulo e Rio de
Janeiro. Era comum encontrar nas fazendas de cafezais, os negros, que serviam como escravos,
pertencendo aos senhores feudais como uma propriedade de força de trabalho. Embora neste
período, tivessem ocorrido as abolições dos escravos, muitos permaneciam no antigo sistema
escravocrata.
“No regime da escravidão, em que o trabalho se desmoraliza e é resultante de uma
imposição, o grupo dominante vê se freqüentemente obrigado a recorrer à violência física,
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quando quer alcançar seus desígnios”.(Idem, p.281). A exploração e a degradação do trabalhador
se dava através dos aspectos ideológicos.[...]“A violência aparece como um dos itens mais sérios
na percepção de um povo, revelando, contudo que a violência não podia ser considerada
monopólio exclusivo do aparelho repressivo do Estado.”(NORONHA,2004,p.68)
A repressão se caracteriza também pela falta de respeito as suas crenças e dos seus
limites, pois os fazendeiros, faziam com que os seus servos trabalhassem, 12 horas por dia,
impedindo-os de se reunirem com outros escravos da região. Desta forma inibiam qualquer
reação de repúdio, limitando –os somente aos afazeres destinados pelo senhoril. Não tinham
acesso a compra de objetos valiosos, ao voto, ao transporte coletivo e à educação.
Havia um distanciamento entre os senhores do café e seus escravos, que estavam
destinados a um ofício. O papel desempenhado pelo senhor, era de repressor, simbolizando a
justiça, força política e militar e até o poder da igreja.(VIOTTI, 1966). Aos negros restava a
submissão total à vontade do senhor. Em prol do desenvolvimento econômico, muitos sofreram
maus tratos, moravam em lugares insalubres, eram explorados como animais, foram considerados
bestas, resignados aos fatores econômicos e políticos.
A sociedade era composta por negros, caboclos, imigrantes, trabalhadores nas plantações
de café. Muitos constituíam suas famílias, na senzala, mesmo com a abolição, nada mudou em
termos sociais . Nesta época 53% da população era representada pela massa escrava.
Na primeira metade do século XIX, podemos dizer que houve verdadeira enxurada de
africanos entrados no Rio de Janeiro, para substituir os negros. (ROCHA, 2004, p.44)
Muitos imigrantes italianos e outros descendentes vieram ao Brasil, pois recebiam
algumas mordomias em troca da mão-de-obra. Alguns filhos de colonos não freqüentavam a
escola, pois a ele cabia a tarefa do cultivo agrícola. Os que freqüentavam a escola o faziam
sempre com muitas dificuldades, pois o campo os exigia muito e esses acabavam desistindo.
Embora houvesse um distanciamento do campo e da cidade. Os colonos ficavam
praticamente isolados, sem comunicação e havia também dificuldade no transporte.
A educação fornecida para as vilas era diferenciada, os livros escolares utilizados eram
outros. Poucos eram, os que tinham poder aquisitivo para adquirir o material escolar.
Nesse contexto ilustrativo a política educacional adotada na República, para a zona rural,
afirma que o homem do campo não precisaria de uma formação educacional qualificada,
explicitando que:
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[...] durante este período foi a de atendimento restrito e preferencial às populações urbanas, em detrimento das populações residentes em áreas rurais, que eram justamente aquelas consideradas, na época, como as mais avessas à educação escolar. [...] deixavam-se os setores considerados mais arredios sempre para momentos posteriores, ou recebendo uma educação diferenciada e inferior à que se propunha para as áreas urbanas. (DEMARTINI, 1989,p.12)
Para as escolas rurais procurava-se direcionar um ensino voltado para as condições
mínimas de alfabetização, em outras séries atividades desenvolvidas destinava-se para a técnica
agrícola e para as meninas voltadas para os serviço domésticos.
As meninas aprendiam a costurar, cozinhar, a cuidar de seus filhos. E para os meninos
ficava estipulado a manutenção da família.
Esse ideal era comum encontrar estampado nas páginas das cartilhas.
As lições também eram dadas geralmente sob a forma de fábulas, e cada uma possuía
obrigatoriamente um ensino moral.
Uma análise da cartilha revela que a informatividade do discurso não é considerada :
[...] o espaço da argumentação e informatividade é preenchido pelas ordens que se apóiam no imperativo, nas normas e valores ditados, explicita ou implicitamente, e que são reforçados pelas formas de manipulação da linguagem em suas características de impessoalidade e de imposição. (DIETZSCH,1990, p.41)
Ainda hoje, observa-se que “cartilha é feita para a pequena burguesia”assumir” a
ideologia burguesa, para que depois , continuando seus estudos, ela possa ir adquirindo mais
conhecimento.
Nesse grande exército burguês, são aliciados cotidianamente os filhos dos operários, pois
o mundo que a cartilha mostra só pode ser o mundo ideal: os avós possuem uma chácara, os pais
têm bons empregos, boa casa, um carro, e conseguiram tudo isso porque estudaram.
Ninguém diz para as crianças: “converse com as pessoas adultas, pois você pode aprender
com elas”, mas a cartilha recomenda a leitura como forma de aprendizagem, a educação como
instrumento de ascensão social. Apenas com uma ressalva: a cartilha e os livros escolares não
dizem que não há emprego para todos os que concluem o ensino superior, nem mesmo campo de
trabalho.
Assim, as cartilhas e os livros sistematizam,
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[...] a ideologia burguesa, amortiza o conflito realidade X discurso, dizendo que o verdadeiro é o segundo. Dessa forma, dia que sua experiência é errada e desde que se esforce e estude, subirá na vida. Assim o livro e a cartilha contribui para a reprodução da classe operária, porém de posse da ideologia burguesa, portanto, conformista e passiva.(FARIA, 1996, p.77)
Os professores mais inocentes, sem querer, muitas vezes, acabam entrando no jogo da
classe dominante: “assim como não é só a escola que transmite a ideologia da classe dominante,
não é só o livro e cartilha que, no seu interior, é responsável por sua veiculação. O próprio
professor, com sua postura, seus conhecimentos, pode garantir a sua transmissão”.
(GRIGOLI,1978 apud FARIA, 1996, p.73)
Nesse contexto em que a ideologia esteve sempre presente, muitos professores
considerando-a um processo que o presumível pensador segue, sem dúvida conscientemente, mas
com uma consciência falsa tornaram-se coadjuvantes do processo muitas vezes por falta de
preparo e de consciência.
Ficou registrado na memória de alguns alunos que passaram pela escola, a imagem de um
professor autoritário que usava de seu poder e do castigo para atingir os ideais da classe
dominante.
De acordo com os depoimentos de autores consagrados da literatura nacional, tais como
José Lins do Rego e Graciliano Ramos, as cartilhas ou livros didáticos utilizados na primeira
República não deixaram boas recordações. José Lins do Rego registrou, em DOIDINHO, os
momentos de dor e angústia durante a leitura das lições de um livro de Felisberto Carvalho, usado
nas escolas primárias, nas primeiras séries. Em meio a tanta falta de sentido, Graciliano Ramos
confessa que ficou intrigado com um versinho: “ Fala pouco e bem e ter-te-ão por alguém”. No
seu imaginário infantil, a mesóclise soava como um nome de homem. Ele não entendeu mais esse
“ensinamento” do livro didático e da cartilha.
Os bisavôs dos jovens de hoje, talvez os avôs de alguns pais, talvez também possam
recordar esse período negro da história da educação, no qual a cartilha e a palmatória andavam
juntas. Á custa do sangue dos pupilos, mestres sisudos, mal-formados, tentavam incutir a
ideologia da classe dominante.
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Pode-se dizer que os professores, a ferro e a fogo, procuravam disseminar a ideologia
burguesa ao proletariado, sendo coadjuvantes do Estado nessa barbárie, tudo em nome da
Educação.
Ao invés de buscar uma nova alternativa,
uma metodologia que nasce-se da prática do trabalho, porque ela não é “ algo fechado, terminado, pronto para ser aplicado”, tal como apresenta na cartilha [...] é a partir da realidade do aluno que “ a escola daria os conteúdos, os instrumentos para que ele pudesse adquirir a cultura padrão, mas de uma forma crítica, diga-se. (apud, Farr,1982,p.52)
Muitas inovações ocorreram, de 1930 para cá, também na área educacional, mas os
problemas da educação – e do livro e da cartilha de alfabetização – ainda persistem.
Conclusão:
Inegável torna-se argumentar que a maneira como a ideologia educacional veiculada pelas
cartilhas foi produzida – muitas vezes de maneira despótica – influenciou significativamente no
processo de formação dos indivíduos. No entanto há a necessidade de relativizar tal influência
uma vez que o indivíduo é resultado da exposição de inúmeras relações sociais sejam elas
institucionalizadas ou não.
A hegemonia do pensamento/ideologia da elite político-social foi recorrente nos processos
educacionais, pois a educação sempre foi alvo de vigia e especulação por possuir a função de
conduzir o ideal coletivo da sociedade: a produção, relacionada ao capitalismo, e este, não só
redefine antigas relações, subordinando-as à reprodução do capital, mas também engendra
relações não-capitalistas, igual e contraditoriamente necessárias a essa reprodução. È necessário
disciplinar a força de trabalho e um bom local para que esse disciplinamento ocorra é a escola.
Nas sociedades em processo de desenvolvimento capitalista, a Nação vai se constituindo
como espaço do mercado, onde se dão as relações capitalistas de produção, tendo a ver tanto com
o processo de acumulação de capital quanto com a ascensão da burguesia.
A questão do nacionalismo é portanto um imperativo muito mais da hegemonia dominante
do que de interesses das classes assalariadas.
Esse disciplinamento imposto pela classe dominante faz com que a classe assalariada
padeça de uma falta de identidade.
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(...) o brasileiro não encontra em nosso meio desde os primeiros dias da infância a escola
da virilidade, de autonomia e de iniciativa, que o deveria preparar para o trabalho; não recebe a
lição de laborosidade e de resistência, não adquire a consciência de que é um produtor, um agente
dinâmico da vida social. Sem valor econômico, o homem não pode ter personalidade. (Apud
Noronha/ano pg.54).
Necessário se faz motivar a reflexão, pois até então a reflexão empreendida sobre o povo,
sobre a constituição da classe trabalhadora vem desde uma perspectiva de força das relações
concretas vividas e sofridas na sua experiência cotidiana. Desta maneira, essas experiências
cotidianas vêm a se constituir em obstáculos à construção da identidade, à organização da
sociedade e da própria classe trabalhadora.
Outro fator muito discutido e gerador de polêmicas diz respeito à diversidade e
heterogeneidade do povo brasileiro, no entanto, vale ressaltar que esses fatores não devem ser
considerados como sinal de carência ou obstáculo, mas expressão da forma fragmentada de
constituição desses sujeitos históricos.
As cartilhas e sua constituição e interferências ideológicas serviram como instrumento
facilitador e simplificador muitas vezes nesse dilema: Diversidade/ heterogeneidade, uma vez que
sempre houve a intenção de homogeinizar para facilitar o controle e a manipulação por parte das
classes dominantes. Portanto, a conclusão, pois, que se é levado a tirar, mostra que as cartilhas
são incompetentes e um equívoco educacional. A educação é um processo verdadeiro quando faz
com que o indivíduo tome a história em suas próprias mãos, a fim de mudar o rumo da mesma.
Através da reflexão e da análise que lhes possibilitam fazer escolhas mais adequadas a sua
realidade.
Há décadas, buscam-se métodos e práticas educativas adequadas à realidade cultural,
social, econômica e política dos brasileiros, e todos os estudos já desenvolvidos e os que ainda
estão sendo desenvolvidos servem para um repensar do educador que atua com distintas classes
sociais no processo educativo e também para torná-lo mais consciente de sua responsabilidade,
inclusive quando é forçado a utilizar materiais que veiculam idéias prontas e acabadas no caso –
as cartilhas – as famosas cartinhas que nortearam e ainda permeiam o processo de aquisição do
conhecimento atual
A padronização da cartilha reduz o aprendizado a símbolos pré-determinados e que não
condizem com o contexto. As cartilhas não consideram e não priorizam as peculiaridades da
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lógica do desenvolvimento cognitivo do aluno, e mais fácil e prático torna-se utilizá-las porque
estas preocupam-se tão somente com os processos técnicos e repetitivos. Convém lembrar que o
papel do educador é mediar a aprendizagem, priorizando nesse processo, a reflexão, sobre a
realidade vivida pelo aprendiz.
Fazer com que o indivíduo seja capaz de entender que o modo de produção da vida
material condiciona o processo de vida social, político e intelectual em geral e também que não é
a consciência dos homens que lhes determina o ser; é que é justamente o contrário o ser social
que lhes determina a consciência é fundamental que seja o foco principal da educação e das
práticas pedagógicas conscientes de sua tarefa.
Os homens fazem, eles próprios a sua história, portanto é necessário ter consciência disso
e não conformar-se com a vontade coletiva que muitas vezes é contraditória, até porque, as idéias
variam de épocas para épocas e de culturas para culturas .Ter discernimento para avaliar essas
questões é fundamental, inclusive nos materiais apresentados para conduzir as sociedades através
do processo educacional.
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