cartilha campanha nacional dia do defensor pÚblico

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1 DEFENSORES PÚBLICOS PELO DIREITO À MORADIA Direito à moradia: cidadania começa em casa!

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Page 1: CARTILHA CAMPANHA NACIONAL DIA DO DEFENSOR PÚBLICO

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DEFENSORES PÚBLICOS

PELO DIREITO À MORADIA

Direito àmoradia:cidadaniacomeçaem casa!

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Direito à moradia:cidadania começa em casa!

Defensores Públicos pelo direito à moradia

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REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

Presidente da RepúblicaLuiz Inácio Lula da Silva

Ministro das CidadesMarcio Fortes de Almeida

Secretaria Nacional de Programas UrbanosCelso Santos Carvalho

Departamento de Assuntos Fundiários UrbanosSandra Bernardes Ribeiro

Departamento de Planejamento UrbanoDaniel Todtmann Montandon

ASSOCIAÇÃO NACIONALDOS DEFENSORES PÚBLICOSPresidenteAndré Luís Machado de Castro

Vice-presidenteMariana Lobo Botelho de Albuquerque

Realização, Coordenação e FinanciamentoAssociação Nacional dosDefensores Públicos - ANADEP

Secretaria Nacional de ProgramasUrbanos do Ministério das Cidades

Coordenação GeralAna Paula Bruno (SNPU/MCidades)Mariana Lobo Botelho de Albuquerque (ANADEP)

EdiçãoAdriana Britto (ANADEP)Amélia Soares da Rocha (ANADEP)Eliane Maria Barreiros Aina (ANADEP)Lia Felismino (ANADEP)Renata Flores Tibyriçá (ANADEP)Ana Maria Furbino Bretas Barros (SNPU/MCidades)Ana Paula Bruno (SNPU/MCidades)Arquimedes Belo Paiva (SNPU/MCidades)Antônio Menezes Júnior (SNPU/MCidades)Jorge Lucien Munchen Martins (SNPU/MCidades)José Cristiano Rilling da Nova Cruz (SNPU/MCidades)Sandra Bernardes Ribeiro (SNPU/MCidades)

Jornalistas ResponsáveisAndréa Bezerra de Melo Girão MotaLuzia Cristina Ventura Giffoni

RevisãoThiago Braga

Concepção GráficaB

Edição de ArteGlaymerson Moises

IlustraçõesColetivo Base

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DEDEFENSORES PÚBLICOS – ANADEP

Conselho DiretorPresidenteAndré Luis Machado de Castro

Vice-PresidenteMariana Lobo Botelho de Albuquerque

1º SecretárioLenir Rodrigues Luitgrads Moura

2º SecretárioJoão Castelo Branco de Vasconcelos Neto

1º TesoureiroEdvaldo Ferreira da Silva

2º TesoureiroLaura Fabíola Amaral Fagury

Diretora de EventosMaria de Belém Batista Pereira

Diretor de Relações InternacionaisFernando Antônio Calmon Reis

Diretor para Assuntos LegislativosCristiano Vieira Heerdt

Diretor JurídicoClóvis Roberto Soares Muniz Barreto

Diretor Acadêmico-InstitucionalAntônio José Maffezoli Leite

Conselho ConsultivoAlexandre Gianni Dutra RibeiroJosé Abadia de CarvalhoAdriana Fagundes BurgerEdmundo Antônio de Siqueira Campos BarrosJoão Luis Sismeiro de OliveiraEdgar Patrocínio Santos Júnior

Conselho FiscalPatricia de Sá Leitão e LeãoJulio Cesar LessaJuliana Garcia BelloqueRaymundo Gomes de PinhoJosé Manoel Bloise FalconManuel Corrêa Oliveira de Andrade Neto

EXPEDIENTEDIREITO À MORADIA: CIDADANIA COMEÇA EM CASA!DEFENSORES PÚBLICOS PELO DIREITO À MORADIA

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DEPARTAMENTO DE ASSUNTOS FUNDIÁRIOS URBANOSSECRETARIA NACIONAL DE PROGRAMAS URBANOS –MINISTÉRIO DAS CIDADESAna Maria Furbino Bretas BarrosAna Paula BrunoAntônio Menezes JúniorCarolina Baima CavalcantiCléo Alves Pinto de OliveiraEndyra de Oliveira RussoDenise de Campos GouvêaFrederico do Monte SeabraGleisson Mateus SouzaJorge Lucien Munchen MartinsJosé Cristiano Rilling da Nova CruzLeonardo Augusto Rodrigues BarrosLetícia Miguel TeixeiraLiege Fontenele CruzLucie Mara Pydd WinterMarcelo Azevedo SilveiraPaula Regina Comin CabralPaulo Coelho ÁvilaSandra Bernardes RibeiroSelena Zampronha MoraesThiago GalvãoViviane Silveira Amaral

Copyright 2010, ANADEP - SNPU/MCidades.Reprodução autorizada com citação da fonteDISTRIBUIÇÃO GRATUITABrasília, DF

DIREITO À MORADIA: CIDADANIA COMEÇA EM CASA!DEFENSORES PÚBLICOS PELO DIREITO À MORADIA

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Direito à moradia:cidadania começa em casa!

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS DEFENSORES PÚBLICOSSECRETARIA NACIONAL DE PROGRAMAS URBANOS

MINISTÉRIO DAS CIDADES

2010Brasília, DF

Defensores Públicos pelo direito à moradia

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APRESENTAÇÃO.....................................................................................................10

1. ACESSO À TERRA URBANIZADA E DIREITO À MORADIA..........................................12Quais as ações necessárias para ampliar o acesso à terra urbanizada pela população?......12Como a Secretaria Nacional de Programas Urbanos trabalha para que isso aconteça?......13

2. DEFENSORIA PÚBLICA E DEFESA DA MORADIA ...................................................14O que é Defensoria Pública?................................................................................14Quem pode usar os serviços da Defensoria Pública?................................................14Como a Defensoria Pública pode atuar na defesa da moradia?..................................15

3. O DIREITO À MORADIA E O DIREITO À CIDADE.....................................................16O que é moradia adequada?................................................................................16Para eu ter direito à moradia, é preciso que eu seja dono de um terreno?.................16O que é direito à cidade?...................................................................................16Por que a participação das comunidades é importante paraque o direito à moradia e o direito à cidade sejam respeitados?...............................17

4. O ESTATUTO DA CIDADE E O DIREITO À MORADIA.................................................18O que é Estatuto da Cidade?...............................................................................18O que é Plano Diretor?.......................................................................................18O que é função social da propriedade?.................................................................19O que são Zonas Especiais de Interesse Social, as chamadas ZEIS?............................19

5. REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA E DIREITO À MORADIA............................................20O que é regularização fundiária plena?.................................................................20Por que regularizar minha casa?..........................................................................20A regularização fundiária é um direito?................................................................20Como fazer para conseguir a regularização fundiária da minha moradia?.....................21

5.1. USUCAPIÃO..................................................................................................22O que é usucapião?...........................................................................................22Quanto tempo de posse é preciso para que eutenha direito a adquirir a propriedade por usucapião?...........................................22O que é usucapião especial de imóvel urbano?......................................................22O que é preciso para ter esse direito reconhecido?................................................23

5.2. CONCESSÃO DE USO ESPECIAL PARA FINS DE MORADIA......................................24O que é concessão de uso especial para fins de moradia?........................................24O que é preciso para ter esse direito reconhecido?................................................24

SUMÁRIO

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Concessão de uso especial para fins de moradiaé a mesma coisa que concessão de direito real de uso?..........................................25

5.3. LEGITIMAÇÃO DE POSSE.................................................................................26O que é legitimação de posse?............................................................................26O que é preciso para ter a legitimação de posse?...................................................26

6. ALUGAR PARA MORAR......................................................................................27Só os proprietários podem locar?........................................................................27A pessoa que aluga o imóvel pode aumentar o valor do aluguel quando quiser?.........27Devo pedir o recibo (comprovante de pagamento) quando pago?............................27A casa que aluguei está em péssimas condições e o locadornão faz nada para melhorar. Posso parar de pagar o aluguel?..................................28Se não tiver como pagar o aluguel, o que devo fazer?............................................28O que acontece quando deixo de pagar o aluguel?................................................29O que é fiança?................................................................................................29O que é caução?...............................................................................................29Posso pedir a tarifa social de energia elétrica, mesmo sendo locatário?....................29

7. DIREITO À MORADIA E CONFLITOS POSSESSÓRIOS................................................30Quais são os direitos de quem mora no imóvel?......................................................30O que é reintegração de posse?............................................................................31Quais são os outros tipos de ações possessórias?....................................................31O oficial de justiça chegou com ordem do juiz para desocupar minha casa, maseu nem sabia que havia uma ação na justiça. Isso é permitido? O que devo fazer?......32E se o imóvel estava abandonado e eu fui residir lácom a minha família, pois não tinha outro lugar para morar?...................................33Quais são os direitos das pessoas que devem ser respeitados em despejos coletivos?......33

8. PROJETOS QUE ENVOLVEM DESPEJOS E REMOÇÕES..................................................34Em quais casos é possível que aconteça uma remoção de comunidade?......................34Como respeitar os direitos humanos da populaçãoafetada nos casos em que a remoção não puder ser evitada?....................................35

9. CONSUMIDOR E DIREITOS DOS MUTUÁRIOS PARA CASA PRÓPRIA...........................36Quais os cuidados que devem ser tomadosno momento de fazer um financiamento imobiliário?..............................................36Sou obrigado a aceitar título de capitalizaçãoou seguro de vida para fazer o meu financiamento?................................................37Na propaganda era tudo muito bonito, mas depoisas coisas ficaram mais difíceis. O que posso exigir em razão da propaganda?..............37

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A cartilha Direito à Moradia: cidadaniacomeça em casa! é fruto de uma parce-ria da Secretaria Nacional de ProgramasUrbanos do Ministério das Cidades coma Associação Nacional dos DefensoresPúblicos e tem como objetivo orientaros cidadãos sobre seus direitos emrelação à moradia.

A moradia é um direito previsto naConstituição do nosso país que deveser assegurado a todos os cidadãos.

Ao longo das últimas décadas, a faltade moradias para pessoas de baixarenda fez com que as cidades brasileirassofressem com as ocupações irregularese obrigou seus moradores a viveremem condições muito precárias.

APRESENTAÇÃO

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Não ter uma moradia segura, ou seja,com papel passado, fornecimento deágua e luz, coleta de esgoto e de lixo,acesso próximo a transportes públicos,hospitais, escolas, praças, parques eoutros serviços públicos, impede queas pessoas vivam com tranquilidade.

Por isso a moradia é tão importante!

Quando o direito à moradia está garanti-do, outros direitos, como saúde, educa-ção, trabalho e lazer, também são prote-gidos e os padrões de vida em nossascidades melhoram.

O Governo Federal, a Defensoria Públicae muitas outras instituições têm traba-lhado para superar o desafio de garantiro direito à moradia a toda a populaçãobrasileira, principalmente às pessoasde baixa renda.

Neste ano de 2010, os DefensoresPúblicos escolheram o direito à moradiacomo tema da campanha nacional daAssociação Nacional dos DefensoresPúblicos, com lançamento marcado parao dia 19 de maio, data que comemorao Dia Nacional da Defensoria Pública.

A campanha conta com o apoio do Mi-nistério das Cidades e pretende divulgaramplamente o direito à moradia e o pa-pel de cada um dos envolvidos – PoderPúblico, Defensorias Públicas, cidadãos– na sua promoção.

Esperamos que esta cartilha ajude vocêa conhecer seus direitos e a exigir o seucumprimento, pois com isso você estaráexercendo efetivamente a cidadania.

Afinal, cidadania começa em casa!

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O Ministério das Cidades, criado no ano de2003, é o órgão responsável, na adminis-tração pública federal, pelas políticas deapoio à melhoria das cidades brasileiras eà consolidação do direito à moradia portodo o país. Cabe à Secretaria Nacional deProgramas Urbanos desenvolver programasque fortaleçam as políticas de ampliaçãodo acesso à terra urbanizada nos municí-pios brasileiros.

Terra urbanizada é aquela bem localizada,dotada de infraestrutura – abastecimentode água, coleta de esgoto, energia elétrica,coleta de lixo – com acesso a transportespúblicos, escolas, postos de saúde, áreas delazer, onde se possa viver com dignidade.

Para que o direito à moradia seja garanti-do, a terra urbanizada, que é produzidapelo trabalho conjunto de toda a socieda-de, deve ser democratizada e acessível atodos os cidadãos brasileiros que moramem cidades.

1. ACESSO À TERRAURBANIZADA EDIREITO À MORADIA

Quais as açõesnecessárias paraampliar o acessoà terra urbanizadapela população?Para ampliar e democratizar o acesso à terrapara todas as pessoas que moram em cida-des, várias ações são necessárias, como evi-tar a especulação imobiliária, incentivandoa utilização de terrenos e edifícios vaziosou ociosos para construção de moradias,principalmente em áreas centrais, e a urba-nização e regularização fundiária dasfavelas e loteamentos.

Para conseguir isso, é preciso que o GovernoFederal, as Prefeituras, os Estados, a socie-dade civil organizada, os movimentos demoradia, a Defensoria Pública, o MinistérioPúblico, o Judiciário, o Poder Legislativo e,principalmente, a população de uma formageral estejam envolvidos nessas ações.

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Como a SecretariaNacional de ProgramasUrbanos trabalha paraque isso aconteça?Um dos objetivos do Ministério das Cidadesé apoiar todos que participam desse esforçonacional para ampliar o acesso à terra urba-nizada e garantir o direito à moradia, fazen-do valer o que diz a Constituição Federal.

Esse apoio se dá pela transferência de recur-sos financeiros e pela realização de seminá-rios, cursos, cooperação entre instituições epublicações com a finalidade de troca deexperiências, divulgação e capacitação daspessoas envolvidas nesses trabalhos.

A Secretaria Nacional de Programas Urbanosapoia ações de regularização fundiária, ela-boração, revisão e implementação de PlanosDiretores, de implementação de instrumen-tos de política urbana e de reabilitação deáreas centrais, além de atuar na prevençãoe mediação de conflitos fundiários urbanos.

Para desenvolver esses programas, são fir-madas parcerias com Municípios, Estados,organizações não-governamentais, associa-ções de moradores e Defensoria Pública,que são atores importantes para a promo-ção e proteção do direito à moradia.

Outra atividade muito importante realizadapelo Ministério das Cidades é participar,junto com o Congresso Nacional, damelhoria das leis federais. Muitas dessasleis são utilizadas pela Defensoria Públicae outros agentes envolvidos para garantiro direito à moradia dos cidadãos.

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2. DEFENSORIA PÚBLICAE DEFESA DA MORADIAO que éDefensoria Pública?A Defensoria Pública é formada por profis-sionais formados em Direito - que presta-ram um concurso público específico - quesão contratados pelo Estado para defenderos direitos das pessoas que não podem pa-gar advogados particulares nem arcar comos custos de um processo judicial.

Os Defensores Públicos podem ingressarcom ações na justiça, orientar a populaçãosobre seus direitos e buscar acordos sema necessidade de um processo judicial,fazendo a defesa individual ou coletiva,nas áreas criminal, cível, de família,entre outras áreas do direito.

A Defensoria Pública atua também napromoção dos direitos humanos, comodireito à educação, à saúde e à moradia,por exemplo.

Quem pode usaros serviços daDefensoria Pública?Pessoas que não podem pagar um advogadoparticular e as custas do processo. Paracomprovar essa situação, o Defensor Públicoirá perguntar sobre renda familiar, patrimô-nio e gastos mensais, e poderão ser pedidosdocumentos para comprovar essas informa-ções. A pessoa deverá ainda assinar umadeclaração por escrito confirmando quenão tem condições financeiras.

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Como a DefensoriaPública pode atuarna defesa da moradia?Uma das formas mais conhecidas é defen-dendo as pessoas na Justiça, por exemplo,em ações de reintegração de posse ouações de despejo. Essa defesa se dá diantede um conflito possessório, individual oucoletivo, urbano ou rural. O Defensor Pú-blico também pode atuar de forma preven-tiva, buscando um acordo entre as pessoasque estão em conflito.

A defesa da moradia pode ainda ser feitapor meio da regularização fundiária plena.A Defensoria é importante nesse caso, prin-cipalmente, para ingressar com ações noJudiciário, como a ação de usucapião.

Outra forma de atuação é entrar na Justiçacom ação civil pública. Essa ação é para adefesa coletiva do direito à moradia e podeser utilizada, por exemplo, para obrigar oEstado a assegurar esse direito previsto naConstituição.

No caso dos conflitos coletivos, além daorientação jurídica, é importante a partici-pação da Defensoria Pública no diálogo comos órgãos do Poder Público e outras pessoasenvolvidas no conflito, em busca de umasolução pacífica, seja para evitar levar o casoà Justiça, como também para solucionar aação judicial que já tenha sido iniciada.

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3. O DIREITOÀ MORADIA E ODIREITO À CIDADEO que é moradiaadequada?Moradia adequada é aquela onde se podeviver com dignidade, sem ameaça de remo-ção, servida de infraestrutura básica, comoágua, esgoto, energia elétrica, coleta deágua de chuva e coleta de lixo, localizadaem áreas com acesso à educação, à saúde,ao transporte público, ao lazer e a todos osoutros benefícios da cidade.

Para eu ter direitoà moradia, é precisoque eu seja donode um terreno?Não, o direito à moradia é muito diferentedo direito à propriedade. Pela Constituiçãobrasileira, todas as pessoas têm direito àmoradia, ainda que não sejam proprietáriasde nenhum imóvel.

Assim, o direito à moradia deve ser garan-tido mesmo que você não tenha o títulode propriedade de sua casa registrado nocartório de registro de imóveis, que aconstrução não esteja regular junto àPrefeitura ou que você more de aluguel.

O que é direitoà cidade?Ter direito à cidade é poder aproveitar to-dos os benefícios que as cidades oferecem,como os transportes públicos, o lazer,o meio ambiente, a água tratada, a coletade esgoto, a coleta de lixo, entre outros.

Esse direito deve ser garantido igualmentea todos os moradores da cidade, indepen-

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Por que a participaçãodas comunidades éimportante para queo direito à moradiae o direito à cidadesejam respeitados?A participação das comunidades é muitoimportante, pois permite que as decisões so-bre a organização da cidade sejam tomadasconsiderando a vontade de seus moradores.

Um momento importante para participaré na elaboração da lei municipal do PlanoDiretor, que diz como deve ser a organizaçãodo espaço das cidades, incluindo moradia,transporte, lazer, escolas, postos de saúde,etc. De acordo com o Estatuto da Cidade,a participação da população na elaboraçãodo Plano Diretor é obrigatória.

Procure se informar mais sobrecomo você pode participar dasdecisões sobre a cidade em quevive, em contato com a Prefeitura,vereadores, com organizaçõesnão-governamentais, associaçõescomunitárias, entre outros.

dentemente de renda, classe social ou raça.Ninguém pode ser proibido, por exemplo,de andar por uma rua ou utilizar umapraça pública.

O direito à cidade está previsto na Consti-tuição Federal, em leis federais, como oEstatuto da Cidade, e em leis municipais,como o Plano Diretor.

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4. O ESTATUTODA CIDADE E ODIREITO À MORADIAO que é Estatutoda Cidade?O Estatuto da Cidade é a lei federal quedá as orientações gerais para o planejamen-to e o desenvolvimento das cidades, com oobjetivo de garantir bem-estar e qualidadede vida aos seus habitantes.

Esse planejamento das cidades é realizadopelos Municípios, por meio do Plano Diretor.

O que é Plano Diretor?É uma lei municipal que organiza o cresci-mento e o planejamento da cidade, deter-minando regras sobre o uso da propriedadeurbana em benefício da coletividade, paragarantir que a propriedade cumpra suafunção social.

O Plano Diretor é obrigatório para cidadescom mais de 20 mil habitantes e deveprever espaços para todos morarem comdignidade e desfrutarem de uma cidadecom qualidade de vida.

No Plano Diretor, também são previstas fer-ramentas voltadas para a garantia do direi-to à moradia, como as Zonas Especiais deInteresse Social e a regularização fundiária.

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O que são ZonasEspeciais de InteresseSocial, as chamadasZEIS?São áreas da cidade onde a prioridade é aregularização fundiária e a construção demoradias de interesse social. Para saberonde ficam estas áreas, é necessárioconsultar o Plano Diretor da cidade.

O que é função socialda propriedade?A nossa Constituição Federal garante o direi-to de propriedade, mas diz que ela devecumprir sua função social. Isso significa queo proprietário não pode deixar o seu imóvelvazio durante anos, sem que sofra conse-quências por tal abandono. Deve garantir obom uso de sua propriedade, em benefíciodo conjunto dos moradores da cidade.

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5. REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIAE DIREITO À MORADIAO que é regularizaçãofundiária plena?É a transformação de moradias irregulares emmoradias legalizadas, registradas no cartóriode registro de imóveis, e adequadas, comserviços de água, esgoto, ruas pavimentadas,iluminação e limpeza públicas, em locaiscom acesso a escolas, hospitais, praças eoutros equipamentos públicos que melho-rem a qualidade de vida das pessoas.

É muito importante a participaçãode toda a comunidade em cadaetapa da regularização fundiária,para possibilitar que o assenta-mento regularizado atenda àsdemandas da população.

Por que regularizarminha casa?A regularização fundiária garante a segu-rança na posse, afastando as constantesameaças de remoção. Além disso, quandoo local onde a pessoa mora é regular, seubairro torna-se parte legalizada da cidade eseu endereço é reconhecido, o que dá o di-reito à comunidade moradora de reivindicarmelhorias no bairro. A Prefeitura fica obri-gada, por exemplo, a realizar a coleta delixo e a limpeza das ruas.

A regularizaçãofundiária éum direito?Sim, a regularização fundiária é um direitode toda a população previsto na Constitui-ção Federal, no Estatuto da Cidade, naLei do Programa Minha Casa, Minha Vidae em muitas outras leis.

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Como fazerpara conseguira regularizaçãofundiária daminha moradia?Existem várias formas de fazer a regulariza-ção fundiária. Muitos Estados e Prefeiturastêm programas de regularização e fazemtodo o trabalho de obras para fornecimentode água, coleta de esgoto, pavimentação,etc., além de registrar as ruas, as praças e oslotes no cartório de registro de imóveis.

Quando é possível, também podem entregartítulos de posse dos lotes para os moradorese registrar esses títulos no cartório de regis-tro de imóveis, ou auxiliar os moradores aregistrar seus contratos de compra e vendanas matrículas dos lotes.

Porém, há muitas situações em que a regu-larização fundiária depende de assistênciajurídica, seja para cobrar obrigações doPoder Público, seja para complementaralguma ação das Prefeituras e dos

Estados, quando estes não têm o poderde resolver a situação dos moradoressem o auxílio da Justiça.

Nas leis, há vários instrumentos de regulari-zação fundiária, como a usucapião, a con-cessão de uso, a legitimação de posse, odireito de superfície, a doação, a adjudica-ção compulsória, etc. Situações diferentespodem exigir instrumentos diferentes, e oDefensor Público orienta os moradores eas comunidades a escolherem os maisindicados para cada situação.

Procure a Defensoria Pública maispróxima para buscar orientação!

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5.1. USUCAPIÃOO que é usucapião?A usucapião ocorre quando uma pessoa,uma família ou um grupo de pessoas ocu-pa, como se fosse dono, um imóvel parti-cular na cidade ou no campo, por muitotempo e sem que ninguém reclame.

Com o passar dos anos, a lei permite que,se comprovarem a posse sem reclamação,os ocupantes passem a ser proprietáriosdo imóvel, o que deve ser reconhecidopor meio de ação judicial.

Quanto tempo deposse é preciso paraque eu tenha direito aadquirir a propriedadepor usucapião?Existem vários tipos de usucapião, e otempo de posse varia para cada um deles.Vamos falar aqui sobre usucapião especialurbano, que exige o prazo menor.

Porém, se você não se encaixar nas situa-ções descritas a seguir, procure a DefensoriaPública para saber se pode ser utilizadooutro tipo de usucapião para regularizara sua casa.

O que é usucapiãoespecial de imóvelurbano?Esse tipo de usucapião serve para regularizara situação de quem mora nas cidades, masnão tem o título de propriedade nem doterreno em que vive, nem de nenhum outroterreno no Brasil.

Em geral, a usucapião é individual. Contu-do, para os casos de áreas ocupadas por mo-radias de população de baixa renda, ondenão for possível identificar o terreno decada possuidor, existe a usucapião coletiva.

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O que é precisopara ter essedireito reconhecido?NO CASO DE USUCAPIÃO ESPECIALDE IMÓVEL URBANO INDIVIDUAL:

• O terreno deve ter no máximo250 metros quadrados e estarlocalizado dentro da cidade.

• A ocupação deve ter pelo menos cincoanos seguidos, sem que ninguém reclame.

• A finalidade da ocupação deve ser a mo-radia da própria pessoa ou da família dela.

• O morador não pode ser proprietáriode outro imóvel, urbano ou rural.

NO CASO DE USUCAPIÃO ESPECIALDE IMÓVEL URBANO COLETIVO:

• O terreno deve estar localizado dentroda cidade e ser ocupado por várias famílias.

• A ocupação deve ter pelo menos cincoanos seguidos, sem que ninguém reclame.

• A finalidade da ocupação deve ser amoradia de população de baixa renda.

• Os moradores não podem ser proprietáriosde outro imóvel, urbano ou rural.

• A parte de terreno de cada possuidor nãopode ser maior que 250 metros quadrados.

ATENÇÃO: Para a contagem do prazo de cin-co anos, o possuidor atual do terreno podesomar o tempo de sua posse com o tempode posse do morador anterior, desde que asposses sejam seguidas. Por exemplo: se apessoa comprou uma casa de alguém ouherdou de algum parente, a contagem dotempo pode somar o tempo de moradia dequem vendeu a casa ou do parente falecido.

A usucapião só pode ser aplicada em terre-nos particulares. As áreas públicas, perten-centes à União, aos Estados ou aos Municí-pios, não podem ser adquiridas por usuca-pião. Nesses casos, é possível a concessãode uso especial para fins de moradia.

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5.2. CONCESSÃO DE USOESPECIAL PARA FINS DE MORADIAO que é concessãode uso especial parafins de moradia?A concessão de uso especial para fins demoradia é um direito de quem mora emáreas públicas, ou seja, em terrenos dosMunicípios, dos Estados ou da União.É utilizado para a regularização da mora-dia de uma pessoa, de uma família ou deum grupo de pessoas que ocupa, como sefosse dono, um imóvel público, por muitotempo e sem que o Poder Público proprie-tário da área reclame.

A concessão de uso especial para fins demoradia também pode ser, assim como ausucapião, individual ou coletiva.

ATENÇÃO: Caso a concessão deuso não possa ser dada no própriolocal onde as pessoas moram,por ser uma área de risco,por exemplo, o Poder Públicodeve concedê-la em outrolocal próximo.

O que é precisopara ter essedireito reconhecido?NO CASO DE CONCESSÃO DE USO ESPECIALPARA FINS DE MORADIA INDIVIDUAL:

• O terreno deve ter no máximo250 metros quadrados e estarlocalizado dentro da cidade.

• A ocupação deve ter pelo menos cincoanos seguidos, completos em 30 de junhode 2001, sem que ninguém reclame.

• A finalidade da ocupação deve ser a mo-radia da própria pessoa ou da família dela.

• O morador não pode ser possuidor ou pro-prietário de outro imóvel, urbano ou rural.

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NO CASO DE CONCESSÃO DE USO ESPECIALPARA FINS DE MORADIA COLETIVA:

• O terreno deve estar localizado dentroda cidade e ser ocupado por várias famílias.

• A ocupação deve ter pelo menos cincoanos seguidos, completos em 30 de junhode 2001, sem que ninguém reclame.

• A finalidade da ocupação deve ser amoradia de população de baixa renda.

• Os moradores não podem ser possuidoresou proprietários de outro imóvel, urbanoou rural.

• A parte do terreno de cada possuidor nãopode ser maior que 250 metros quadrados.

Assim como na usucapião, o possuidortambém pode somar a sua posse coma do ocupante anterior a ele, desdeque as duas posses sejam contínuas.

ATENÇÃO: O direito à concessão de usoespecial para fins de moradia foi reconhe-cido em lei apenas para aquelas pessoasque preencheram os requisitos até a datade 30 de junho de 2001.

Concessão de usoespecial para fins demoradia é a mesmacoisa que concessãode direito real de uso?Não. A concessão de direito real de uso nãoé um direito. Contudo, a concessão de direi-to real de uso também regulariza a posse doterreno e é muito utilizada pelas Prefeiturasou pelo Estado. Quando quem mora no ter-reno não preenche os requisitos da conces-são de uso especial para fins de moradia, épossível regularizar por meio da concessãode direito real de uso. Ela pode ser utiliza-da, por exemplo, quando o terreno formaior que 250 metros quadrados oumesmo quando o uso não for residencial.

Para regularizar por meio da concessão dedireito real de uso, é preciso a concordânciado dono do terreno. Assim, se o imóvel fordo Município, só o Município pode usaresse instrumento para regularizar.

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5.3. LEGITIMAÇÃODE POSSEO que é legitimaçãode posse?A legitimação de posse foi prevista recen-temente na lei do Programa Minha Casa,Minha Vida (Lei nº 11.977/2009) e temcomo objetivo dar proteção às posses depessoas de baixa renda que moram emocupações urbanas informais.

É uma forma rápida do Poder Público, ouseja, União, Estados ou Municípios, reco-nhecer as posses de moradias irregulares.Após levantamento da área e cadastro dosmoradores, o Poder Público entrega ao pos-suidor o título de legitimação de posse,que deve ser registrado no cartório deregistro de imóveis.

Passados cinco anos, a posse legitimada eregistrada em cartório pode se transformarem propriedade, sem a necessidade de umprocesso judicial.

O que é precisoparater a legitimaçãode posse?• A ocupação deve atender às exigênciasde usucapião especial urbano ou para aconcessão de uso especial para fins demoradia, ou a área deve ser uma ZonaEspecial de Interesse Social ou umaárea pública declarada de interessepara regularização fundiária.

• A finalidade da ocupação deve ser a mo-radia da própria pessoa ou da família dela.

• O morador não pode ser possuidor,proprietário ou foreiro de outro imóvel,urbano ou rural.

• O possuidor não pode ter sido benefi-ciado anteriormente por outra legitimação de posse.

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6. ALUGARPARA MORARHá várias formas de exercer o direito àmoradia. Como já falado aqui, o direitoà moradia não depende da propriedade.Morar de aluguel é também uma forma deexercer esse direito, que deve ser protegido.

O direito à moradia de quem vive em casaalugada é garantido por leis que proíbemabusos de quem aluga.

Só os proprietáriospodem locar?Não, mesmo quem não é proprietário podealugar, desde que esteja de posse da casa.

A pessoa que aluga oimóvel pode aumentaro valor do aluguelquando quiser?Não, o aumento do aluguel só pode ocorrerde ano em ano, conforme estabelecido nocontrato e com índice de reajuste compatível.

Devo pedir o recibo(comprovante de paga-mento) quando pago?Sim. Se você pagar e não pegar o recibo,não terá provas de que pagou o aluguel.Se o locador não quiser dar recibo, então émelhor não pagar e procurar imediatamentea Defensoria Pública.

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A casa que alugueiestá em péssimascondições e o locadornão faz nada paramelhorar. Posso pararde pagar o aluguel?Ninguém é obrigado a pagar o aluguel deuma casa em péssimas condições. Porém,antes de parar de pagar, é preciso procurara Defensoria Pública para entrar com as me-didas certas e, assim, evitar o despejo porfalta de pagamento e ainda sair devendo.

Se não tiver comopagar o aluguel,o que devo fazer?Deve procurar a Defensoria Pública, paraque o Defensor entre em contato com olocador e possa tentar um acordo, ou,se for pagar atrasado, saber o que pode eo que não pode ser cobrado pelo atraso.Há leis em alguns Estados que proíbema cobrança de honorários advocatíciosse o locador na justiça.

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O que acontecequando deixo depagar o aluguel?O locador pode entrar com ação de despe-jo. Mesmo após a ação, ainda se pode pa-gar os atrasados. Para não ser despejado,o pagamento deve ser feito até 15 diasapós ter recebido a comunicação do juiz.

É importante procurar a Defensoria Públi-ca para orientação jurídica e verificaçãodas medidas cabíveis sempre que vocêreceber uma intimação da justiça.

O que é fiança?Fiança é uma garantia para o locado de queo aluguel vai ser pago. Se a pessoa que estáalugando um imóvel não pagar, o fiador ficaobrigado a fazer por ela. O fiador é a pessoaque se compromete com o locador a pagaro aluguel, se o locatário deixar de pagar.

Assim, se o locatário pagar todos osaluguéis, o fiador não será incomodado.

O que é caução?Caução é o depósito de um valorcomo garantia em caso de nãopagamento do aluguel pelo locatário.

Este valor não pode ser maiordo que três meses de aluguel.

Se o locatário pagar todos os aluguéis,ao deixar o imóvel, recebe de voltaeste valor com juros e correção.

Posso pedir a tarifasocial de energiaelétrica, mesmosendo locatário?Sim. Para tanto, deve procurar acompanhia de energia elétrica everificar quais são as exigências.

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7. DIREITO ÀMORADIA E CONFLITOSPOSSESSÓRIOSNas cidades brasileiras, ocorrem várias dis-putas pela posse de imóveis, muitas vezesenvolvendo terrenos ou prédios utilizadospara moradia de pessoas, famílias ougrupos de pessoas de baixa renda.

Essas disputas são travadas por aquelesque estão na posse, ou seja, aqueles queocupam os imóveis, e por quem acha queessa ocupação é indevida e quer reivindicarpara si essa posse.

Quais são osdireitos de quemmora no imóvel?Aquele que mora em uma casa tem a possedessa casa, portanto, é o seu possuidor.A lei diz que o possuidor de um imóveltem o direito de ser mantido na posse sealguém o estiver perturbando. Além disso,se alguém retirar o possuidor injustamente,é direito da pessoa voltar para a possede seu imóvel.

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O que é reintegraçãode posse?É o tipo mais comum de ação possessória.Pode ser usada quando a pessoa que nãoestá mais na posse do terreno ou da casadeseja voltar a usar o imóvel e entra najustiça para retomá-lo.

Quais são os outrostipos de açõespossessórias?Existe a ação de “manutenção de posse”,que pode ser usada quando o possuidor doterreno ou da casa está sendo incomodadopor outra pessoa, que tenta fazê-lo sairdo imóvel.

Existe também o “interdito proibitório”,um tipo de ação que pode ser usada quandoexiste ameaça de perder a posse ou de tera posse incomodada por outra(s) pessoa(s).A principal diferença é que neste caso aposse só está sendo ameaçada, mas nin-guém tentou ainda tirar a pessoa do imóvel.

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O oficial de justiçachegou com ordemdojuiz para desocuparminha casa, mas eunem sabia que haviauma ação na justiça.Isso é permitido?O que devo fazer?Você deve procurar imediatamente a Defen-soria Pública mais próxima, já que há prazopara fazer defesa na Justiça, por meio deum advogado. O Defensor Público analisaráa situação e definir qual a medida jurídicapossível para defender sua posse e moradia.

Em alguns casos, a lei permite que o juizordene a saída dos moradores, antes que seapresente uma defesa no processo. Trata-seda chamada liminar.

A liminar pode ser concedida quando exis-tem provas de que os ocupantes estão noimóvel há menos de um ano e um dia, edesde que o autor da ação comprove quetinha a posse anterior e também a data emque essa posse foi perdida, passando a serincomodado ou ameaçado.

Porém, mesmo nesses casos, o direito àmoradia precisa ser garantido. Por isso éimportante procurar a Defensoria Públicaimediatamente.

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E se o imóvel estavaabandonado e eufui residir lá coma minha família,pois não tinha outrolugar para morar?A ocupação de imóveis abandonados porquem não tem onde morar é legítima, poisé uma forma de tornar concreto o direitoà moradia e de permitir que a propriedadecumpra sua função social.

Você pode alegar isso para o juiz, masé preciso procurar a Defensoria Públicapara fazer a sua defesa no processo.

Quais são os direitosdas pessoas quedevem ser respeitadosem despejos coletivos?Deve haver prévia consulta para ouvir osenvolvidos, prévia intimação informandoa data do despejo, presença das autorida-des governamentais ou de seus represen-tantes, identificação de todos que vãoexecutar o despejo, auxílio médico aosdoentes, auxílio aos necessitados, etc.

Além disso, é dever do Poder Público(União, Estados e Municípios) garantir amoradia das pessoas, que não podem ficarna condição de “sem teto”. Como o Brasilassinou vários tratados internacionais queprotegem o direito à moradia e a segurançada posse, se não houver esforços para asse-gurar esses direitos, o país pode ser denun-ciado aos Sistemas Internacionais deDireitos Humanos.

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8. PROJETOS QUEENVOLVEM DESPEJOSE REMOÇÕESA execução de obras para a construçãode ruas e avenidas, urbanização de favelas,infraestrutura para grandes eventos esporti-vos (como Olimpíadas e Copa do Mundo)sempre devem respeitar o direito à moradiaadequada das comunidades atingidas.

Em quais casos épossível que aconteçauma remoção decomunidade?A remoção só deve acontecer em casosabsolutamente necessários, quando nãohouver outra forma de manter as pessoasno local onde moram.

Isto ocorre, por exemplo, com aquelas fa-mílias que moram em áreas de risco, comonas encostas dos morros não urbanizáveiscom possibilidade de deslizamentos, ouáreas ambientalmente frágeis, como nabeira de grandes reservatórios de água queabastecem as residências da cidade. Nessassituações, o reassentamento das pessoasé necessário para sua própria proteção.

Antes de haver uma decisão sobre asremoções, as pessoas envolvidas devemter conhecimento do projeto, para pode-rem opinar, discutir e elaborar um possívelprojeto alternativo.

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Como respeitar osdireitos humanosda população afetadanos casos em que aremoção não puderser evitada?Se a remoção for a única alternativa,é importante que os direitos humanossejam respeitados:

• Devem ser dadas todas as informaçõespara as pessoas com uma boa antecedência,

permitindo que elas se organizem e possamfazer a mudança, que deve ocorrer antesdo início das obras.

• As pessoas têm direito de ser ouvidas e de-cidir sobre seu próprio destino, participandode todo o processo de remoção. Os morado-res devem participar da decisão sobre o locale sobre as condições de sua nova moradia.

• As pessoas que não forem reassentadas têmque ser recompensadas de forma justa, consi-derando as perdas em relação à casa e à terra.

• A remoção não pode ocorrer sem que sejagarantido o direito das pessoas se defende-rem. Recorrer à justiça é um direito de todos.

• Deve ser garantido o acesso à saúde, àeducação e ao trabalho, sendo proibidaqualquer violência ou intimidação antes,durante ou depois da remoção.

• Deve ser ainda prestado todo o auxílio àspessoas que possuam condições específicascomo, por exemplo, crianças, idosos,mulheres e pessoas com deficiência.

• As condições de moradia do novo assen-tamento deverão, no mínimo, ser iguais ousuperiores às existentes antes da remoção.

Vale lembrar que áreas de risco são aquelascomprovadas por estudo técnico realizadopor profissionais preparados para analisaresse tipo de situação, ou mesmo de peritosnomeados por um juiz, em caso de dúvida.

Também é preciso destacar que as pessoasdevem acompanhar esses estudos, numprocesso democrático com a participaçãodos moradores, e que é necessário prever,antes da remoção, formas de garantir odireito à moradia das famílias atingidas.

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9. CONSUMIDOR EDIREITOS DOS MUTUÁRIOSPARA CASA PRÓPRIAComprar a casa própria muitas vezes sóé possível mediante um financiamentobancário. E não há problemas em fazerum financiamento, desde que a pessoatome alguns cuidados.

No Brasil, esses contratos de financia-mento, ou mútuo, são regidos pela Leinº 8078/90 (Código de Defesa do Consu-midor – CDC), o que garante aos mutuáriosuma maior proteção perante o agentefinanciador.

O CDC garante aos mutuários,dentre outros, os seguintes direitos:

• inverter o ônus da prova – caberá aoagente financiador provar que o problemaalegado pelo mutuário não aconteceu;

• não cumprir uma obrigação que nãolhe foi dita com clareza antes;

• interpretar as cláusulas do contrato demaneira mais favorável ao consumidor.

Quais os cuidados quedevem ser tomadosno momento de fazerum financiamentoimobiliário?Antes de assinar o contrato, seja com aCaixa Econômica Federal ou qualquer outrobanco, é preciso muita atenção. Você deve:

• observar quais os índices de atualizaçãoda prestação e pedir, por escrito, a diferençaentre um e outro (a informação verdadeira eprévia é o principal direito do consumidor);

• pedir as opções comtaxa pré e pós-fixada;

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Sou obrigado a aceitartítulo de capitalizaçãoou seguro de vidapara fazer o meufinanciamento?Não. Esta exigência seria uma prática abu-siva repudiada pelo CDC chamada “vendacasada”. O único seguro que você vai serobrigado a fazer é o habitacional (é uma me-dida preventiva regulada pela Medida Provi-sória nº 2197/43, de 24 de agosto de 2001).

Na propaganda eratudo muito bonito,mas depois as coisasficaram mais difíceis.O que posso exigir emrazão da propaganda?De acordo com o Código de Defesa doConsumidor, qualquer propaganda, mesmoque seja anúncio de jornal ou folheto dis-tribuído na rua, tem o mesmo valor que ocontrato: é a partir daí que o consumidorfaz a opção pela compra. Então, guardetodos! Se a oferta não for cumprida comodescrito na publicidade, você poderá pedirjudicialmente o cumprimento.

• verificar o valor que está sendo financia-do, que se está recebendo para comprar acasa e o que pagará ao final do pagamentode todas as prestações;

• pesquisar em pelo menos três bancos an-tes de fazer o financiamento e, com a cópiado contrato em mãos, procurar a DefensoriaPública para conferir se está tudo certo.

Se você puder ir adiantando o pagamentode prestações, tem o direito à reduçãoproporcional dos juros.

Além desses cuidados relativos ao contra-to, é preciso verificar se a construtora jáestá com todas as licenças para a constru-ção, principalmente a ambiental. Procurarexaminar outras obras desta construtoraque você está querendo contratar, se entre-gou no prazo, se a qualidade é boa, etc.Pergunte tudo. É seu direito!

Outra questão muito importante: antes depedir o financiamento, vá até o Cartório deRegistro de Imóveis e peça uma certidãoatualizada do imóvel que você pretendecomprar. Esta certidão dirá se há hipoteca,dívida, penhora, se você está comprandodo verdadeiro dono e outras informaçõesimportantes.

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ASSOCIAÇÃO DOS DEFENSORES PÚBLICOSDO ESTADO DO ACRE – ADPACRESite: www.adpacre.org.brE-mail: [email protected] e Fax: (68) 3244 2138

ASSOCIAÇÃO DOS DEFENSORES PÚBLICOSDE ALAGOAS – ADEPALE-mail: [email protected]: (82) 3315 2783 / Fax: (82) 3315 2784

ASSOCIAÇÃO DOS DEFENSORES PÚBLICOSDO ESTADO DO AMAZONAS – ADEPAMSite: www.adepam.org.brE-mail: [email protected] e Fax: (92) 3233 8573

ASSOCIAÇÃO DOS DEFENSORES PÚBLICOSDO ESTADO DA BAHIA – ADEP-BASite: www.adepbahia.com.brE-mail: [email protected] e Fax: (71) 3321 4185

ASSOCIAÇÃO DOS DEFENSORES PÚBLICOSDO ESTADO DO CEARÁ – ADPECSite: www.adpec.org.brE-mail: [email protected]: (85) 3268 2988 / Fax: (85) 3261 7858

ASSOCIAÇÃO DOS DEFENSORES PÚBLICOSDO DISTRITO FEDERAL – ADEP-DFSite: www.adepdf.org.br - E-mail: [email protected] e Fax: (61) 3326 0830

ASSOCIAÇÃO DOS DEFENSORES PÚBLICOSDO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO – ADEPESSite: www.adepes.com.brE-mail: [email protected]: (27) 3222 7528 / Fax: (27) 3222 4689

ASSOCIAÇÃO DOS DEFENSORES PUBLICOSDO ESTADO DO MARANHÃO – ADPEMASite: www.adpema.org.brE-mail: [email protected]: (98) 3082 6197

ASSOCIAÇÃO MATOGROSSENSEDE DEFENSORES PÚBLICOS – AMDEPSite: amdep.wordpress.comE-mail: [email protected] e Fax: (65) 3052 7337

ASSOCIAÇÃO DOS DEFENSORES PÚBLICOSDO MATO GROSSO DO SUL – ADEP-MSSite: www.adep-ms.com.brE-mail: [email protected]: (67) 3342 2413 / Fax: (67) 3342 3141

ASSOCIAÇÃO DOS DEFENSORES PÚBLICOSDE MINAS GERAIS – ADEP-MGSite: www.adepmg.org.brE-mail: [email protected] / [email protected] e Fax: (31) 3295 0520

INSTITUIÇÕES FILIADAS À ANADEP EM TODO O BRASIL

ASSOCIAÇÃO PARAIBANA DOSDEFENSORES PÚBLICOS – APDPE-mail: [email protected] e Fax: (83) 3241 1618

ASSOCIAÇÃO DOS DEFENSORES PÚBLICOSDO ESTADO DO PARÁ – ADPEPSite: www.adpep.org.br - E-mail: [email protected] e Fax: (91) 3241 8372

ASSOCIAÇÃO DOS DEFENSORES PÚBLICOSDO ESTADO DE PERNAMBUCO – ADEPEPESite: www.adepepe.com.brE-mail: [email protected]: (81) 3421 5469 / Fax: (81) 3421 5642

ASSOCIAÇÃO PIAUIENSE DOSDEFENSORES PÚBLICOS – APIDEPSite: www.apidep.org.brE-mail: [email protected] / [email protected] e Fax: (86) 3222 0226

ASSOCIAÇÃO DOS DEFENSORES PÚBLICOSDO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE – ADPERNE-mail: [email protected]: (84) 3218 8043

ASSOCIAÇÃO DOS DEFENSORES PÚBLICOS DOESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – ADPERGSSite: www.adpergs.org.brE-mail: [email protected] e Fax: (51) 3224 6282 / 3286 7797

ASSOCIAÇÃO DOS DEFENSORES PÚBLICOSDO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – ADPERJSite: www.adperj.com.br - E-mail: [email protected]: (21) 2220 6022 / Fax: (21) 2220 0698

ASSOCIAÇÃO DOS MEMBROS DA DEFENSORIAPÚBLICA DO ESTADO DE RONDÔNIA – AMDEPROE-mail: [email protected] e Fax: (69) 3216 5057

ASSOCIAÇÃO DOS DEFENSORES PÚBLICOSDO ESTADO DE RORAIMA – ADPERSite: www.adper.orgE-mail: [email protected]: (95) 2121 4791 / Fax: (95) 2121 4775

ASSOCIAÇÃO DOS DEFENSORES PÚBLICOSDO ESTADO DE SERGIPE – ADPESEE-mail: [email protected]: (79) 3043 2471 / Fax: (79) 3179 7446

ASSOCIAÇÃO PAULISTA DEDEFENSORES PÚBLICOS – APADEPSite: www.apadep.org.brE-mail: [email protected] e Fax: (11) 3107 3347

ASSOCIAÇÃO DOS DEFENSORES PÚBLICOSDO ESTADO DO TOCANTINS – ADPETOE-mail: [email protected]: (63) 3218 6750 / Fax: (63) 3225 6215

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Associação Nacional dos Defensores Públicos - AnadepSCS Quadra 01 - Bloco M - Ed. Gilberto Salomão - Conjunto 1301 - Brasília-DF

CEP: 70305-900 - Fone/Fax: (61) 3963 1747 / 3039 1763 - www.anadep.org.br

Ministério das Cidades/ Secretaria Nacional de Programas UrbanosSetor de Autarquias Sul - Quadra 01 - Lote 01/06, Bloco H - Ed. Telemundi II

Brasília-DF - CEP: 70.070-010 - www.cidades.gov.br

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ASSOCIAÇÕES FILIADAS À ANADEP