carta aberta prefeito de curitiba gustavo fruet

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Carta Aberta ao Prefeito da Cidade de Curitiba Ao Sr. Gustavo Fruet. Esta carta foi elaborada pelo grupo Curitiba Lixo Zero com o objetivo de propor novas abordagens para a gestão de resíduos sólidos da cidade, visto a necessidade e demanda de Curitiba em ser novamente referência no assunto. Somos um grupo de jovens atuantes e simpatizantes da área e vislumbramos como objetivo, a aplicação da economia circular, a preservação ambiental e a inovação em nossa cidade, visando a sustentabilidade e a qualidade de vida. Assim, por meio deste documento, propomos sugestões de melhoria nas gestões de resíduos em nossa cidade: 1. Adotar o Princípio Lixo Zero “Lixo Zero é uma meta ética, econômica, eficiente e visionaria, para orientar as pessoas em mudar seu estilo de vida e adotar práticas que favoreçam os ciclos naturais, onde todos os materiais descartados são projetados para tornarem-se recursos para outras pessoas ou empresas utilizarem. Para tornar Curitiba lixo zero, são necessárias novas abordagens e a principal é o envio de máximo 10% dos resíduos para aterros sanitários e a recuperação de 90% dos resíduos por meio da reciclagem, compostagem, eliminando assim a implantação e utilização de incineradores. Lixo Zero significa projetar e gerenciar produtos e processos para sistematicamente evitar e eliminar o volume e toxicidade dos resíduos e materiais, conservar e recuperar todos os recursos, e não queimar ou enterrá-los. Implementar o Lixo Zero eliminará todas as descargas para a terra, água ou ar, que são uma ameaça planetária, humana, animal e vegetal. 2. Abandonar o termo LIXO. Este termo já foi amplamente discutido e utilizado. Porém, não faz mais sentido utilizarmos esse termo, pois, seu significado remete a tudo aquilo que não é mais possível de se utilizar. Porém, sabemos que materiais recicláveis, entre outros, podem e dever ser reutilizados de diversas formas. Educar as novas

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Page 1: Carta Aberta Prefeito de Curitiba Gustavo Fruet

Carta Aberta ao Prefeito da Cidade de Curitiba

Ao Sr. Gustavo Fruet.

Esta carta foi elaborada pelo grupo Curitiba Lixo Zero com o objetivo de propor novas abordagens para a gestão de resíduos sólidos da cidade, visto a necessidade e demanda de Curitiba em ser novamente referência no assunto.

Somos um grupo de jovens atuantes e simpatizantes da área e vislumbramos como objetivo, a aplicação da economia circular, a preservação ambiental e a inovação em nossa cidade, visando a sustentabilidade e a qualidade de vida.

Assim, por meio deste documento, propomos sugestões de melhoria nas gestões de resíduos em nossa cidade:

1. Adotar o Princípio Lixo Zero

“Lixo Zero é uma meta ética, econômica, eficiente e visionaria, para orientar as pessoas em mudar seu estilo de vida e adotar práticas que favoreçam os ciclos naturais, onde todos os materiais descartados são projetados para tornarem-se recursos para outras pessoas ou empresas utilizarem.

Para tornar Curitiba lixo zero, são necessárias novas abordagens e a principal é o envio de máximo 10% dos resíduos para aterros sanitários e a recuperação de 90% dos resíduos por meio da reciclagem, compostagem, eliminando assim a implantação e utilização de incineradores.

Lixo Zero significa projetar e gerenciar produtos e processos para sistematicamente evitar e eliminar o volume e toxicidade dos resíduos e materiais, conservar e recuperar todos os recursos, e não queimar ou enterrá-los. Implementar o Lixo Zero eliminará todas as descargas para a terra, água ou ar, que são uma ameaça planetária, humana, animal e vegetal.

2. Abandonar o termo LIXO.

Este termo já foi amplamente discutido e utilizado. Porém, não faz mais sentido utilizarmos esse termo, pois, seu significado remete a tudo aquilo que não é mais possível de se utilizar. Porém, sabemos que materiais recicláveis, entre outros, podem e dever ser reutilizados de diversas formas. Educar as novas gerações a conhecer o termo resíduos, ao invés de Lixo, é parte do caminho para ser Lixo Zero.

3. Utilizar fundos de estímulo econômico para fomentar projetos na área de resíduos, bem como taxas incidentes sobre toneladas de resíduos depositados em aterro e as multas Ambientais.

Curitiba possui uma enorme capacidade técnica e comunitária que urge a necessidade de fundos municipais para projetos relacionados aos resíduos e a sustentabilidade. A população pode e deve ter acesso a editais voltados a educação para a sustentabilidade de forma a aumentar e distribuir uniformemente a atuação da Secretaria Municipal de Meio Ambiente por toda a cidade, como por exemplo, utilizando-se do Fundo Municipal de Meio Ambiente.

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4. Incentivo a compostagem doméstica e comunitária.

Reduzir em casa os resíduos é uma das melhores maneiras para termos uma população mais consciente da sua responsabilidade sobre os resíduos gerados. Um programa de parceria público-privada que incentive a compostagem nas residências e a criação de composteiras comunitárias em praças e parques, trazendo benefícios para a cidade e reduzindo custos a médio prazo com coleta de resíduos, além da melhorar a nutrição do solo e tornar o assunto mais próximo das pessoas.

5. Educar os moradores, empresas e visitantes.

Lixo Zero é uma estratégia e não uma tecnologia, portanto visa organização e educação. As regionais devem estabelecer programas para educar e treinar moradores e conseguir a mudança cultural necessária para chegar a meta lixo Zero. Estudar, realizar auditorias nos bairros, para descobrir as quantidades e os tipos de resíduos, bem como os problemas a serem resolvidos, são norteadores para desenvolver instalações convenientes para o encaminhamento dos resíduos.

6. Construção de Pontos de Entrega Voluntária completos

Os pontos de entrega voluntária devem ser estruturados para receber resíduos de difícil encaminhamento pela população como por exemplo, restos de construção civil, madeira, isopor, pneus, etc. A localização destes Pontos de entrega voluntária deve ser pensada para atender os bairros centrais, bem como as periferias. Oferecer incentivo a empresas que queiram ter um ponto de recolhimento de determinados resíduos. Estes pontos somente para recicláveis, são ineficientes, visto que os recicláveis não são parte do grande problema ambiental da cidade.

7. Criação de um Selo para eventos sustentáveis

Nossa cidade vive um boom de eventos de todos os tipos, gastronômicos, culturais, em espaços públicos e privados. O que se observa nos eventos é a falta de política ambiental voltada para a redução e recuperação máxima dos resíduos gerados. A criação de um selo para eventos sustentáveis, com o envolvimento das secretarias da cidade, abre um novo leque de oportunidades e de inovação. É visto a necessidade de lixeiras para coleta seletiva, coleta privada, parceria com cooperativas com remuneração para o serviço de separação, educação ambiental do público e incentivo ao uso de embalagens reutilizáveis e duráveis.

8. Canal de comunicação ambiental na cidade

Sugerimos a criação de um portal em forma de website, ou página nas redes sociais, específicas para compartilhamento das ações educativas que acontecem pela cidade, de iniciativa pública, privada e de organizações do terceiro setor, a afim de fortalecer a educação ambiental na cidade. Neste canal, podem ser veiculados utilidades públicas sobre preservação ambiental, plantio correto de árvores, compostagem, horários e datas da coleta de resíduos em cada bairro, etc.

9. Inovar a área de resíduos da construção civil

Entendemos a dificuldade da prefeitura em atender todas as solicitações de coleta de resíduos da construção civil, bem como de podas, entre outros. Há uma crise de bota-fora na cidade destes resíduos em beira de rios, terrenos baldios e até mesmo praças. Criar um programa específico para este assunto de forma centralizada, utilizando-se da tecnologia que grande

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parte da população tem em mãos, que é o celular, na criação de aplicativo específico e incentivo a aqueles que destinam corretamente seus resíduos.

Estabelecer a modernização de frotas de caminhões das empresas de recolhimento de resíduos da construção civil, bem como, incentivar a pintura adequada das caçambas, a fixação do número da licença ambiental nas caçambas e também nos veículos utilizados para o transporte dos resíduos.

10. Fiscalização sob resíduos

Determinar veículos e servidores da prefeitura para realizar a fiscalização dos pontos de descarga irregular de resíduos se faz necessário para que a cidade possa diminuir esta prática.

11. Atuação da Secretaria de Meio Ambiente no assunto resíduos

Hoje é a SMMA que atua na educação da população referente a todos os assuntos ambientais da cidade. Sabemos da dificuldade de atuação da SMMA em todas os assuntos, visto o número reduzido de servidores e educadores ambientais. Em grande parte das cidades brasileiras, esta atuação é de responsabilidade da empresa licitada para gestão de resíduos municipal. Esta forma de atuação unifica e fortalece o serviço da prefeitura e da empresa contratada, deixando a cargo da iniciativa privada, as ações e convênios em prol do Lixo Zero.

12. Metodologia de separação dos resíduos

Há muito difundido, o sistema de separação por cores e categorias (papel, plástico, metal, vidro, etc), está ultrapassado e não atende de forma adequada a realidade brasileira e principalmente curitibana. A reciclagem é dinâmica, e hoje em dia, a forma de separar tem muito a ver com a destinação dos resíduos. Sugerimos adotar o Sistema de separação de 5 categorias, já estudado e implantado em diversos locais. São eles: Recicláveis (juntos, pois ainda dependemos de cooperativas para separação e mesmo com as lixeiras coloridas, acabam sendo misturados), Orgânicos (a compostagem urbana está próxima, e há necessidade das pessoas começarem a entender o que é orgânico para seu envio correto), especiais (lâmpadas, pilhas, baterias, óleo, etc.) e doações, pois muitos objetos bons são encaminhados juntos com os recicláveis, sujando-os ou invalidando sua reutilização.

13. Campanhas Ambientais

É válido toda e qualquer campanha ambiental voltada a resíduos, mas devem ser abrangentes a todos os assuntos envolvidos, e não somente embalagens como se está propondo pela campanha do Dr. Sigmundo. Incentivar a compra de alimentos a granel, diminuir o uso de sacolas plásticas, incentivar a redução dos orgânicos nas residências, e principalmente, incentivar o uso de embalagens duráveis como copos e sacolas, por exemplo. Dar instrumentos cabíveis para a população poder reduzir seus resíduos é importante, de forma inovadora e que oportunize novos mercados sustentáveis.

14. Construção de um parque de Reúso

Presente em muitos países, o parque de reuso é um espaço onde a população encaminha objetos inutilizados como camas, colchões, guarda-roupas, como se fosse uma loja de usados, oportunizando a compra destes objetos por outras pessoas e instituindo uma fonte de renda para a prefeitura aplicar em projetos com catadores, por exemplo.

15. Participação popular

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Curitiba está passando por um novo momento, onde mudanças estão e irão acontecer na área de gestão de resíduos sólidos. Desta forma, como acontece com a mobilidade, é imprescindível a participação popular na forma de consulta e sugestões, na tomada de decisões em assuntos que tangem a gestão de resíduos sólidos de nossa cidade.

Acreditamos no potencial de nossa cidade e da competência daqueles que estão governando e o grupo Curitiba Lixo Zero se coloca à disposição da Prefeitura Municipal de Curitiba para cocriar, colaborar, reunir, fortalecer, afinar linguagens e contribuir para tornarmos juntos, Curitiba Lixo Zero.

Grupo Curitiba Lixo Zero

Contatos:

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41 9167-8896