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Movimento Dignidade aos Aposentados e Trabalhadores do Brasil
Carta aberta à Jornalista Miriam Leitão
São Paulo, 21 de maio de 2010.
Sra. Miriam Leitão, sendo uma conceituada jornalista Global, vimos ontem (20/05), V.Sa.
reiteradamente e ardorosamente defender através da imprensa escrita, televisiva e de rádios
(várias) que o Presidente Lula da Silva deve vetar o fim do Fator Previdenciário e o aumento dos
aposentados, alegando ser um absurdo e uma irresponsabilidade do Congresso brasileiro. Disse
peremptoriamente que toda nação irá pagar por esse absurdo. Cita para embasar seu raciocínio
números absurdos da economia gerada à Previdência e relacionados à prática do fator. Predispõe-
se à contínua cantilena do “déficit” do RGPS; numa discussão vazia e nula de qualquer crédito,
transparecendo apenas uma inconsequente conversa de botequim - sem a ética e moralidade
mínima a permear os interesses de 8,4 milhões de famílias de aposentados e de 48 milhões de
trabalhadores, que são na verdade os maiores contribuintes do Orçamento da Seguridade Social
desta nação com mais de 190 milhões de habitantes.
Em todas suas matérias escritas ou faladas, tem demonstrado conhecimento nulo em previdência
social brasileira ou de qualquer outro país do mundo. Ontem, fez questão de comparar o Brasil
com a Inglaterra, Dinamarca, Noruega, Itália, França etc...; países estes onde são fixadas idades
mínimas para a concessão de aposentadorias. De fato é verdade, porém lá a idade é fixada aos
homens é de 60 anos, por exemplo, mas a expectativa média de vida supera 80/81 anos aqui é de
72,2 anos. Lá a saúde pública é gratuita ou no máximo coparticipada. Inclui-se nesta assertiva o
atendimento médico hospitalar; odontológico; e medicamentos e onde pessoas com mais de 70
anos nem da coparticipação (que já é baixa) são cobradas. A título de exemplo, todos os franceses
ao irem a uma consulta médica pagam a taxa simbólica de €1,00; uma mulher grávida paga apenas
a primeira consulta. Na Itália a coparticipação na aquisição de medicamentos é limitada a
€36,00/mês e a depender do medicamento e a condição social do cidadão, ou doença é totalmente
gratuito. Em todos os países da Europa Ocidental estas regras estão alinhadas especialmente no
tratamento privilegiado aos cidadãos com mais de 70 anos, e aqui sequer há saúde pública. Além
“destas pequenas diferenças” os aposentados que V.Sa. afirma não serem dignos de um irrisório
aumento de 2%, além da inflação dos doze meses anteriores, perderam metade do valor real de
suas aposentadorias se comparadas aos reajustes concedidos ao salário mínimo desde setembro de
1.991.
Certos jornalistas em nosso país são patentes “papagaios de piratas”; mencionam fontes de
informações tentando calçar suas “matérias” (ou verdadeiros “press releases”) de aparente
fidedignidade daquilo que dizem relatar. Sra. Leitão V. Sa. citou o IBGE (?) que calculou que o
Fator Previdenciário economizou durante sua existência (?) R$ 40 bilhões (declaração enfática na
TV Globo). - Não é preciso ser economista para simplesmente refutar esta informação, e que sua
emissora de alcance nacional impostou à nação, basta apenas ser alfabetizado. A própria
Previdência Social, divulgou várias vezes; além do relatório do Deputado Pepe Vargas (PT/RS –
relator na CFT) que a economia gerada pelo fator previdenciário foi de R$ 10 bilhões em 10 anos;
ou seja, R$ 1 bilhão por ano; ou ainda 0,6% dos dispêndios globais do RGPS. Frisa-se, dispêndios
totais onde estão inclusos os benefícios assistenciais como LOAS e RMV; além dos Encargos
Previdenciários da União, uma vez estes retirados tal economia cai a aproximadamente 0,4% ao
ano do total de dispêndios do Regime.
Antes de falar da precocidade da aposentadoria do brasileiro, Vsa. foi indagada por uma
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apresentadora do jornal Global, - “ - com a queda do fator agora as pessoas poderiam requisitar a
aposentadoria com 40 anos de idade?”. Sinceramente nem sei se houve resposta à indagação tão
absurda que lhe foi formulada; pois o meu bom senso não me permitiu ouvir.
O fator previdenciário, e como se sabe, leva em conta a expectativa de vida; ou seja, em outras
palavras a ampliação da expectativa de vida de um cidadão corresponde a um desembolso por
maior tempo do Regime Previdenciário. Este “fenômeno” acontece em todos os países, mas por
aqui se tornou elemento trágico para usurpar os direitos dos trabalhadores de forma mais do que
proporcional ao que se possa dar nexo causal ao dito “fenômeno”. Exemplificando, atualmente
nossa população de idosos acima de 60 anos pouco supera 10% do total, nos países citados por
V.Sa. tal participação situa-se entre 23% (Noruega) a 31% (Alemanha e Itália). Nestes países, a
possibilidade de um cidadão chegar aos 60 anos de idade varia de 6,3% (Suécia) a 7,8%
(Inglaterra); enquanto isso no Brasil - 20,4%. Por lá os gastos com saúde pública per capita variam
de U$ 2.686 (Itália) a US$ 4.763 (Noruega); e no Brasil US$ 367. Tudo isto sem contar a
concentração de renda; posto que sistema Previdenciário e de Cobertura Social – de qualquer país
- visa minimizar as discrepâncias Nos países sugeridos pela senhora, os 20% da população mais
rica: Alemanha 23,7%; Itália 36,3%; Suécia 34,5%; França 40,2%; Inglaterra 43,2%; Noruega
35,3%; Dinamarca 32,6%; e no Brasil os 20% mais ricos detém 64,1% da riqueza da nação e os
10% mais pobres só tem 0,7%. Enfim a senhora comparou alhos com bugalhos aos quatro cantos
do país de forma soberba esbanjando sabedoria intrépida jamais vista. Apenas para lhe colocar, o
RGPS atua com mais preponderância sobre 80% da população brasileira; creio que a senhora saiba
quantos habitantes significa – talvez mais do que todos os demais países da América do Sul
juntos. A renda per capita desta parte da população (excluída os 20% mais ricos) é de
aproximadamente US$ 3.600/ano (Turcomenistão). Já os mais ricos possuem uma renda per capita
de US$ 45.800/ano (França).
Sra. Leitão, assim como a suas matérias, muitos analistas e também enganadores da opinião
pública, sequer têm ideia de que o RGPS talvez seja o maior sistema previdenciário com potencial
de distribuição de renda do planeta. Basta tão apenas um simples cálculo e verá que se
distribuirmos o total gasto pelo RGPS em 2009 – R$ 225 bilhões pelos 150 milhões de habitantes
a que correspondem estes 80% brasileiros de segunda classe; o RGPS foi responsável, em média
por mais de 55% da renda média per capita de U$ 3.600/ano. Obviamente se incluirmos os RPPS,
a influência dos Regimes Previdenciários brasileiros seria maior ainda; mas os RPPS são
privilegiadíssimos. Aliás tão privilegiados que são estranhamente omitidos das suas considerações
“sobre déficits”.
Em 2009 o RGPS, em seu subsistema URBANO, registrou saldo previdenciário negativo, de R$
2,6 bilhões – ou seja, R$ 138/por segurado/ano (18,9 milhões de segurados). O RURAL registrou
saldo previdenciário negativo de R$ 40,3 bilhões – ou seja, R$ 4.950,00 por segurado/ano
(8,1milhões de segurados). Já o RPPS – FEDERAL, e que atende apenas 1.068.000 mil inativos e
pensionistas, registrou um DÉFICIT, e a ser coberto pelo Tesouro de R$ 60,2 bilhões - ou seja, R$
53.300,00/ex- servidor/ ano. O que equivale a 3,4 vezes a renda per capita brasileira. Sra. Leitão, a
guiza de seu interesse, e na busca de outros gastos, e que como declarou ironicamente na Rádio
CBN: “nós é que pagamos por esses absurdos”(referia-se a sociedade como um todo), - saiba que
no Brasil coexistem 992 RRPS (servidores públicos) além do federal; e sem as agruras do fator,
sem a angustia de reajustes, pois a eles concorre a benesse de equiparação com os colegas da ativa.
Interessante, pois isto só existe no Brasil e nunca vi um crítico ao RGPS registrar isto na TV ou na
mídia. Isto não dá audiência?
É uma sandice afirmar, e com fez V.Sa que a sociedade vai pagar pelo que o Congresso decidiu na
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medida 475. Nós já pagamos; aliás, paga-se todos os dias, pois nem mesmo uma jornalista Global
pode ignorar o que existe na Constituição - Orçamento da Seguridade Social, e onde se configura
o financiamento tripartite:- empregados; empregadores, e contribuições específicas (CSSL e
COFINS). Estas últimas garantem, e com sobras, o superávit da cobertura social do Regime
brasileiro. Tantos outros quanto a senhora desdenham a Constituição e acham e noticiam
desinformando a nação, que usar recursos destas fontes para a Previdência é usurpar o Tesouro ou
até irresponsabilidade do Congresso.
Senhora, irresponsabilidade social e cívica é permitir calado e sem se contrapor àqueles que a
guiza de interesses contrários à Cobertura Social criaram uma legislação secundária que permite
um “desvio legal” de 20% destas contribuições que se destinavam diretamente à Previdência;
irresponsabilidade moral é saber que o atual governo tem retirado além do que a DRU permite (os
citados 20%) para utilizar em outros Ministérios e até para pagamento da Dívida Pública. Sra.
Leitão estamos falando de centenas de bilhões; e muito maior imoralidade ou até falta de vergonha
é dar isenção previdenciária, e que está prevista em 2010 pela SEPLAN, em quase R$ 20 bilhões,
e saber que nessa farra inclui-se até times de futebol profissionais. Incompetência declarada é de
quem administra o sistema previdenciário, e coloca em seus relatórios que existe uma sonegação
visível prevista de R$ 40 bilhões para este ano. E quanto será a sonegação invisível? E depois
alega que o Regime não pode gastar mais R$ 1,8 bilhão ao ano.
Desta forma, com estes desvios, chamam aquilo que é o resultado operacional ou saldo
previdenciário de déficit como sendo um resultado derradeiro. Transmite-se assim para a nação
que a Previdência está falida.
Em suma, uma especial e proposital distorção que serve de pano de fundo para que o governo
possa retirar recursos do Orçamento da Seguridade para outras dotações (inconstitucional), e que
cada vez mais me convenço que isto se trata de um profundo e obscuro jogo de interesses de
poderosos contra os direitos da nação que destoam de discursos dos populistas, pois são atos
orquestrados em desprover o orçamento da seguridade social em desvios para outras rubricas do
orçamento da União, e até para pagamento da dívida pública conforme já comprovado. Neste
contexto, e próprio de algo bem planejado e que já assistimos no início dos anos 90, com cânticos
da recuperação econômica enquanto se desferia um autêntico golpe contra a economia popular no
sequestro das poupanças; no embalo público contra as benesses dos servidores nomeando a todos
de “marajás”, e assim se assistiu com complacência a desestruturação de áreas fiscalizatórias além
de abrir caminho a toda sorte de oportunistas e a corrupção altamente organizada e desenfreada.
Naquela ocasião a dar sustento para eleger a corja que se instalou no Poder, não se dispensou o
poder da mídia; assim como quando ela retirou seu sustento a camarilha caiu. Nada difere do atual
momento, passaram-se vinte anos e muitos dos atores são os mesmos, mas ocupando personagens
interpretados por outros. E quem, como naquela época, e ainda hoje desinforma, e/ou veicula
falsas ou meias verdades e com fingida e soberba assertividade não passa de lesa pátria, e que no
caso da cobertura social solapa os interesses dos mais humildes ou no mínimo de quem contribuiu
para a Previdência Social por mais de três décadas, e que não merece ouvir bobagens como
comparar a realidade brasileira com a de países do primeiro mundo.
Sra. Leitão aqui no meu país é que eu pago meus impostos e a minha Previdência, aqui quero
meus direitos. Tem sorte V.Sa. em estar no Brasil do que nos países que citou, pois na Itália, na
França, Inglaterra e por muito menos do que V.Sa. “chutou em suas matérias” provavelmente
haveria um grande movimento de protesto na porta da emissora que lhe emprega.
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Evidentemente não farei comparações generalizadas e absurdas da classe jornalística brasileira
para com outros países, e isto em qualquer sentido, pois aqui certamente há excelentes e condignos
profissionais cientes da importância de seus ofícios, e não papagaios de piratas ou leitores de press
releases travestidos de jornalistas.
Oswaldo Colombo Filho
Economista
São Paulo - SP
Marcadores: INIMIGOS DOS APOSENTADOS
2 comentários:
Anônimo
26 de maio de 2010 14:59
Carlos Alberto Sardenberg.
Caros Aposentados e pensionistas não só Miriam Leitão esta contra , mas o seu fiel
escudeiro Carlos Alberto Sardenberg também.Escutem pela CBN as reportagens que são
trazidas pelo jornalista , nenhuma delas é favoravel a nossa causa.Lê pela mesma cartilha
de Miriam Leitão.Não respeita as nossas reivindicações , pois se respeitasse o nosso direito
adquirido através dos tempos já teria entrevistado economistas e demais conhecedores da
previdencia que diariamente estão postanto mensagem sobre o assalto a previdencia pelo
governo e os esclarecimentos necessarios a quem quizer ser verdadeiro da real situação da
previdência no Brasil.
Rede Globo e CBN devem estar precisando muito de capital, pois as inverdades a favor do
governo são total descalabros.
Não é atoa que muitos ouvintes e telespectadores estão preferindo outros jornais mais
sérios e honestos , que praticam a ética da moralidade em suas noticias.
RCSM
Anônimo
27 de maio de 2010 12:01
Holocausto dos aposentados
As Organizações Globo têm muito do que se envergonhar perante a Nação. Fazem uma
edição criminosa do debate Collor X Lula, nas eleições de 2000; tentam ignorar
deliberadamente a campanha das Diretas Já, e o editor e apresentador do Jornal Nacional
chama o povo brasileiro de Homer Simpson, um idiota de histórias em quadrinho, e
permenece impassível no cargo, são alguns exemplos. A tantas peças se junta agora o
editorial do jornal, publicado nesta quinta-feira (27), onde defende, em linguagem direta,
que aposentado bom é aposentado morto.
Apesar da gravidade, a opinião do jornal não terá repercussão, pois O Globo não tem
mesmo nenhuma credibilidade. É publicação que se move aos ventos do poder, seja
econômico, político ou militar. Ah, estes últimos e O Globo!!!
Contudo, por tratar de aposentados e pensionistas, faremos aqui algumas ressalvas
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necessárias. O citado editorial defende o veto ao reajuste de 7,72% no valor dos benefícios,
bem como para o fim do redutor das aposentadorias, chamado fator previdenciário. As
duas medidas foram aprovados, com larga maioria, no Senado e na Câmara Federal.
Com o maior cinismo, O Globo se faz de “bom conselheiro” para o presidente Lula,
apelando para a “sensatez”, para a verdadeira dimensão de “homem público” e abandono
das propostas aventureiras e irresponsáveis do programa do PT.
Mais do que fantasiar-se de cordeiro, da forma como O Globo defende os vetos, ele comete
crimes de discriminação e preconceito. Não há respeito e consideração nenhuma para com
9 milhões segurados do INSS que recebem mais do que um salário mínimo. Abusam de
expressões como demagogia, febre de gastança, hemorragia nas finanças públicas e
projetos irreais. O texto está impregnado de excessos, falsidades e desonestidade.
As entidades que legitimamente defendem os aposentados são denominadas “grupos
organizados”, termo que remete às quadrilhas do crime organizado. Afirma-se que o fim
do fator implicará em despesas de R$ 4 bilhões por ano, quando ele nunca possibilitou
“economia” superior a R$ 1 bi/ano, nos seus dez anos de existência. Insiste-se que as
contas da Previdência têm um déficit de R$ 40 bilhões, quando, no mesmo dia, o senador
Paulo Paim afirmou que o sistema arrecadou R$ 273 bi e pagou R$ 211 bi, no ano passado,
com base em dados da Secretaria de Política de Previdência Social.
Em janeiro deste ano o salário mínimo teve reajuste de 9,68% e não houve quebradeira
alguma. As finanças públicas do Brasil estão melhores do que nunca. Se os aposentados
não puderem ter agora alguma melhoria, quando isso será possível? Dizer que não há
perdas, porque os benefícios são corrigidos pela inflação oficial implica em desconhecer
todas as mobilizações de trabalhadores no mundo por ganhos reais, única forma de galgar
algum avanço. O que se reivindica é simplesmente a paridade entre os benefícios e as
contribuições pagas enquanto na ativa.
Lembramos, por fim, que o cuidado e o respeito com as pessoas estão muito acima da
liberdade de imprensa. Claro que o dito editorial não é jornalismo, mas ainda assim deveria
evitar essa verdadeira apologia contra os aposentados. Evitar esse incitamento a
hostilidades contra os mesmos, como se o reajuste e o fim do redutor fossem o caos. Um
pouco de equilíbrio e ética. Mas talvez isso seja querer demais de O Globo.
Robson de Souza Bittencourt
Presidente da FAP/MG BH - 27/05/201