carlos nelson coutinho_ caio prado junior

Upload: rafacpp

Post on 04-Jun-2018

219 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

  • 8/13/2019 Carlos Nelson Coutinho_ Caio Prado Junior

    1/23

    VISO DO R SIL N O R DE C IO PRDO JNIOR

    \.~---- --------

    C RLOS NELSON COUTINHOPr of . da UFRJ

    . . .

    Trabal ho apresentado no Encont r o Anual da ANPOCS, out ubr o de 1988,em guas de so Pedr a, SP, GT - Movi ment os e Par t i dos de Esquerda.

  • 8/13/2019 Carlos Nelson Coutinho_ Caio Prado Junior

    2/23

    ,.

    01.

    1Embor a t enha cons agr ado a mai or par t e de s ua obr a hi s -t o r i ogr f i ca anl i s e de nos s o pas s ado, i negvel que o obj ~

    t i vo cent r al da r ef l e~o de Cai o Pr ado J ni or - o pont o f ocal apar t i r do qua~ s e ar t i c ul a o conj unt o de s ua ampl a i nves t i gaohi s t r i ca a compr eens o do Br as i l moder no. No cas ual qmo t i t ul o de s ua hi s t r i a ger al de nos s o Pa s - pr evi s t a par a q~t r o t omos , mas dos quai s f oi es c r i t o apenas o pr i mei r o, dedi ca-do poca col oni al - s ej a For mao do Br as i l c ont empor neo. Pode- s e t r aar uma l i nha cont nua que l i ga ent r e s i a i dent i f i c a-o do s ent i do da col oni z ao , ef et uada no br i l hant e cap t ul ocom que s e i ni c i a s ua obr a- pr i ma ( de 1942) , e as pr opos t as par aa r evol uo br as i l ei r a , expl i c i t adas em sua l t i ma pr oduos i gni f i c at i va ( de 1966) . Mesmo quando t r at a do pas s ado, Cai oPr ado t em sempr e em vi s t a a i nves t i gao do pr es ent e como hi s -t r i a , o que i mpl i ca par a el e, enquant o mar xi s t a, uma anl i s edi al t i ca da gnes e e das per s pec t i vas des s e pr es ent e.

    Or a, s e es s e movi ment o di a l t i c o o nc l eo de s ua r ef ~xo hi s t or i ogr f i ca, i s s o i ndi ca que nel a es t o cont i dos , ai ndaque s i mpl i c i t ament e , concei t os de Ut r ans i o ou de l t moder ni -z ao . Se el e quer pens ar o pr es ent e como hi s t r i a, t em de r e. , .ponder neces s a r i ament e s egui nt e ques t o: de que modo e por quevi as o Br as i l evol ui u da s i t uao col oni al or i gi nr i a , at r avsdo I mpr i o e das vr i as Repbl i cas , par a a cons t el ao hi s t r i -co- s oc i al que apr es ent a hoj e? Embor a exi s t a em sua obr a umacer t a ambi gi dade a r es pei t o da car ac t er i z ao do pont o de par -t i da - ou s ej a, do modo de pr oduo e da f or mao econm co- s o-

  • 8/13/2019 Carlos Nelson Coutinho_ Caio Prado Junior

    3/23

    c i al vi gent es no Br as i l ant es da Abol i o - , i ndubi t vel queo hi s t or i ador paul i s t a no hes i t a em i dent i f i c r c omo pl enameBt e capi t a l i s t a o Br as i l r ephbJ i c ano. Em opos i o ao model o i Bt er pr et at i vo dom nant e na Ter cei r a I nt er nac i onal e do Par t i doComuni s t a Br as i l ei r o ( pel o menos a par t i r de 1930), el e i ns i s t eem que nos s o Pa s no e j amai s f oi f eudal ou s em f eudal e, p~i s s o, no car eceu nem car ece de uma r evol uo agr r i a e ant i i ~per i al i s t a par a s e ~or nar moder no e capi t a l i s t a 1. Mas , porout r o l ado, Cai o Pr ado r econhece . t r aos ext r emament e pecul i ar es

    f - ,em nos s o capi t al i smo - t r aos que poder 1amos chamar de nao c l ~s i c os - , dedi c ando boa par t e de s ua pes qui s a a i dent i f i c~- l ose des cobr i r - l hes a gnes e. Nes s e s ent i do, a ques t o que ant esf or mul amos ganha mai or conc r et i c i dade: quai s f or am as vi as par ao capi t al i smo e que cons eqnc i as t i ver am na cons t i t u i o de nf f is o pr es ent e 1

    Na l i t er at ur a mar xi s t a, exi s t em doi s concei t os ext r ema-ment e f ecundos par a anal i s ar v i as n c l s s i c as de pas s agempar a o capi t al i smo ou, - numa l i nguagem menos pr ec i s a, par a a mo :dc r ni dade : o de v i a pr us s i anall, eJ l bor ado por Leni n com o obj g,t i vo pr i nc i pal de concei t uar a moder ni z ao agr r i a; e o de I I r evol uo pas s i va , ut i l i z ado por Gr ams c i par a det er m nar pr oces -s os s oc i a i s e pol i t i c os de t r ans f or ma i o pel o al t o . No h~,na obr a de Cai o Pr ado, nenhuma r ef er nc i a expl c i t a a t ai s con-

    ,cei t os , nem e de s upor que el e os conheces s e, s obr et udo a noode r evol uo pas s i va , el abor ada por Gr ams c i nos Cader nos docr cer e e t or nada pbl i c a s oment e no f i nal dos anos 40 . Cai o

    ,Pr ado j amai s c i t a Gr ams c i e nao e f r eqent e ( s e excet uar mos asr ef er nc i as a O I mper i al i smo) que c i t e Leni n.

    O r egi s t r o des s a aus nc i a s uger e uma obs er vao mai s ge02. r al : o es t oque de cat egor i a s mar xi s t as de que s e val e Cai o Pr a-

  • 8/13/2019 Carlos Nelson Coutinho_ Caio Prado Junior

    4/23

    , ..~ do no mui t o r i c o. ( Es s a r el a t i va ~~obreza s obr et udo evi -dent e em suas obr as de f i l os of i a. ) Nos t r abal hos de hi s t r i a,por exempl o, t em pouco pes o o concei t o de modo de pr odu i o , oque o l e va por vez es a conf undi r , na anl i s e da Col ni a e do 1mpr i o , o pr edom ni o i nequ voco de r el aes mer cant i s com a exi st ; nc i a de um s i s t ema capi t al i s t a ( ai nda que i ncompl et o ) , o qmder i va da pr i or i dade m~t odol gi c a que el e cons c i ent ement e at r i -bu i es f e r a d~ c i r cul ao em det r i ment o da es f e r a da pr oduo 2.I s s o f az t ambm com que el e ut i l i z e de modo pouco r i gor os o a nE.o de bur gues i a: s er i am gr andes bur gues es nac i onai s , por eX6 lpI o, os l at i f undi ~r i os es c r avoc r at as do I mpr i o 3. Res ul t a i -gual ment e do des conhec i ment o do concei t o mar x i s t a de capi t a l i s -mo de Es t ado ( ou de capi t al i smo monopo l i s t a de Es t ado) o empr e-go t ar di o da i mpr ec i s a noo de capi t a l i smo bur oc r t i co - umt er mo i nvent ado por ex- t r ot s k i s t as par a def i ni r o r egi me s oc i alv \ \, Q.Y\ \~ YS~Uni o Sovi t i c a s t al i ni s t a - em s eu es f or o par a i der t i f i c a ras pecul i ar i dades do pr es ent e br as i l e i r o 4.

    Es s e r egi s t r o, nat ur al ment e, no decor r e da p re tensoque s er i a mesqui nha e r i d i cul a - de s ubmet er Cai o Pr ado a um e~me de mar xi s mo. El e f ei t o aqui no t ant o par a i ndi c ar os ev~t uai s l i m t es de s ua pr oduo, que cer t ament e exi s t em mas s ob~t udo par a s ubl i nhar a s ua c r i at i v i dade e os s eus ext r aor di nr i osmr i t os pi onei r os ~nquant o i nt r pr et e mar xi s t a da hi s t 6r i a br as il ei r a. Nes s e t er ~eno, as cat egor i as mar xi s t as de que Cai o Pr adodi s punha - e mui t as das que el e i nvent ou - per m t i r am- l he che-gar , na mai or i a dos cas os , a anl i s es l c i das , f ecundas e quas es empr e j us t as . Por exempl o: a pr i pr i dade at r i bui da es f er a dac i r cul ao no o i mpedi u de def i ni r de modo s ubs t anc i al ment e a-dequado a f o r mao econm co- s oc i al da er a col oni al , i dent i f i c~

    03. da por el e como um es c r evi smo mer cant i l f undado na grande expl . 2.

  • 8/13/2019 Carlos Nelson Coutinho_ Caio Prado Junior

    5/23

    r ao r ur al , pr odut or a de val or es de t r oca par a o mer cado i nt ~nac i onal . Suas i ndi caes nes s e dom ni o, r ecebendo um t r at am~t o cat egor i al mai s adequado, f or am dec i s i vas na el abor ao dei mpor t ant es t r abal hos mar xi s t as pos t er i or es , c omo os de Fer naEdo Novaes , ei r o F l ammar i on Car dos o e J acob Gor ender . Do mesmomodo, o des conhec i ment o de noes como a de t l vi apr us s i ana t a,pouco f o i obs t cul o f o r mul ao de cont r i bui es def i ni t i vaspar a a compr eens o dos . pr oces s os e das modal i dades de moder ni -z ao cons er vador a ocor r i dos no Br as i l . Pode- s e mesmo di z erque, gr aas ao apor t e da exper i nc i a es pec f i c a do Br as i l e deal gumas r egi es da Amr i ca. L at i na, ' Cai o Pr ado cont r i bui u par a oenr i quec i ment o do pr 6pr i o concei t o mar xi s t a de vi as no c l s s icas par a o capi t al i smo. t o que t ent ar ei mos t r ar , ai nda que- = - ~ s umar i ament e, nos pr xi mos doi s i t ens .

    2.Quando Leni n t ent a concei t uar a di ver s i dade de vi as pa-r a o capi t al i smo, i novando em r el ao ao mar xi smo evol uc i oni s t a

    e Q~i l i near da Segunda I nt er nac i onal , c ons t r i s ua t i p o l ogi a ~par t i ~ do modo pel o qual o cap i t a l i s mo r es ol ve a ques t o agr -r i a . Nar-x j di z i a - r ecor da Leni n - que a f orrna de pr opr i edEde agr r i a que o modo de pr oduo capi t al i s t a encont r a na hi s t r i a, ao comear a des envol ver - s e, no cor r es Donde ao capi t a l i s -mo. O pr pr i o capi t al i smo c r i a par a s i as f or mas cor r es ponden-t es de r el aes agr r i a s , par ~i ndo das vel has f or mas de pos s e dat er r a ( . ) . Na Al emanha, a t r ans f or mao das f or mas medi evai sde pr opr i edade agr r i a s e pr oces s ou, por as s i m di z er , s egui ndoa vi a r ef o r m s t a, adapt ando- s e r ot i na, t r adi o, s pr opr i ~dades f eudai s , que s e f o r ~m t r ans f or mando l ent ament e em f a z en-

    04. das de j unker s ( ) . Rffi Est ~dE' Ui doP, a t r ans f or mao f o i v i o: -r

  • 8/13/2019 Carlos Nelson Coutinho_ Caio Prado Junior

    6/23

    l ent a ( ) . As t er r as Idos l at i f undi r ~091 f or am f r ac i onadas ;a gr ande pr opr i edade agr r i a f eudal s e conver t eu , . emequena pr , 2pr i edade bur gues a 5

    s o aqui i ndi cadas duas vi as pr i nc i pai 9 que L eni n chama-r i a de amer i c ana ( ou c l s s i c a ) e de pr us s i ana . A vi a c l ;~i ~l i c a rs~ca ( uma r adi cal t r ans f or mao da es t r ut ur a agr ar i a: a ant i gapr opr i edade pr - c api t al i s t a des t r u da, conver t endo- s e em peq~na expl or a o c ampones a. . . ,Nes s e cas o, nao s o des apar ecem as r e-l aes de t r abal ho pr - c api t al i s t a, f undadas na coer o ext r a-econm ca s obr e o t r abal hador , mas t ambm er r adi cada a vel hac l as s e r ur al dom nant e, j que s o el i m nadas as f or mas econmcas em que el a s e apoi ava e de cuj a r epr oduo dependi a a s uapr pr i a r epr Oduo como c l as s e. ,Di ver so e o cas o da I 1vi a pr us -s i anall: aqui , a vel ha pr opr i edade r ur al , cons er vando s ua gr andedi mens o, vai s e t or nando pr ogr es s i vament e empr es a agr r i a capi -t al i s t a, mas no quadr o da :manut an ; o}de f or mas de t r abal ho f un-dadas na coer o ext r a- econm ca, em v ncul os de dependnc i a ous ubor di nao que s e s i t uam f o r a das r el aes i mpes s oai s do merc ado, e ,qrn vo des de a vi o l nc i a aber t a at a i nt r om s s o na vi dapr i vada do t r abal hador . evi dent e que i s s o per m t e a cons er va-o ( ou mesmo o f or t al ec i ment o) do poder pol t i c o do vel ho t i pode pr opr i e t r i o r ur al , que cont i nua a ocupar pos t os pr i v i l egi a-dos no apar el ho de Es t ado da nova or dem capi t al i s t a.

    O l ei t or at ent o de Cai o Pr ado no t ar dar ~ em r econhecera pr oxi m dade de s uas anl i s es da ques t o agr r i a br as i l ei r a coma des c r i o l eni n i ana da vi a pr us s i ana . Par a o hi s t or i adorpaul i s t a, a moder ni z ao de nos s a es t r ut ur a agr r i e no s e deus egundo uma vi a c l s s i cau; no s e pode f al ar , aqui , da supres -s o r adi cal da gr ande pr opr i edade pr - capi t al i s t a e de s ua s ubs -

    5 t i t ui o pel a pequena pr opr i edade campones a. Obs er va el e: liA s i

  • 8/13/2019 Carlos Nelson Coutinho_ Caio Prado Junior

    7/23

    . .. t uao no Br as i l s e apr es ent a de f or ma di s t i nt a, poi s na bas ee na or i gem de nos s a es t r ut ur a agr r i a no encont r amos , t al c2mo na Eur opa, uma econom a campones a, e s i m a gr ande expl or a or ur al que s e per pet uou des de os i ni c i os da col oni z ao br as i l eir a at nos s os di as ; e s e adapt ou ao s i s t ema capi t al i s t a de pr o-duo at r avs de um pr oces s o ai nda em pl eno des envol vi ment o eno i nt e i r ament e cor npl e, t ad. ~ ) de s ubs t i t ui o do t r abal ho esc r avo pel o t r abal ho l i v, r e 6.

    Pens o que Leni n no hes i t ar i a em def i ni r como no c l ss i ca es s a pecul i ar adapt ao da gr ande expl or ao r ur al es c r avi s t a, her dada da Col ~ni a, ao capi t al i smo - uma adapt ao quecons er va, al m da gr ande pr opr i edade, t r aos s er vi s nas r el ar ode t r abal ho. Car ac t er s t i c a da vi a no c l s s i c a , ou pr us si a-na , pr ec i s ament e es s a compl exa ar t i cul &o de pr ogr e s s o ( aadapt ao ao capi t a l i s mo) e cons er vao ( a per mannc i a de i mpoEt ant es el ement os da ant i ga or dem) . Nas , al m de r egi s t r ar a pr ~sena des se pr oces so de moder ni z ao cons er vador a ( na f el i zexpres s o de Bar r i ngt on Moor e J r . ) no Br as i l , Cai o Pr ado apont at ambm seus t r aos es pec i f i c os e mesmo s i ngul ar es , o que per m t ed i s t i ngui - I o de out r os cas os i gual ment e ' ho c l s s i c os , como o

    da pr pr i a Al emanha dos J unker s , ao qual s e r e f e r e Lerr.n , Ao

  • 8/13/2019 Carlos Nelson Coutinho_ Caio Prado Junior

    8/23

    ,.' f eudal i smo' br as i l ei r o s ; o r emanes cent es de r el a~es es c r av i s -~, o que bem di f er ent e, t ant o no que r es pei t nat ur ez a i ~t i t uc i onal des s as r el a~es , c omo, e mai s ai nda, no que s e r ef e-r e s cons eqnc i as de or dem econm ca, s oc i al e pol t i c a dadecor : r mt es 7.Rl~,~ t a i s c ons eqnc i as , Cai o Pr ado enumer a i nmer as f or mas de coer o ext r a- econm ca s obr e o t r abal hador r ur al ,o que c r i a par a es s e uma s i t ua6 t oda es pec i al de depend~nc i ae cons t r angi ment o que ~o exi s t e par a o t r abal hador ur bano 8: opr opr i et ~r i o exer ce s obr e a pes s oa. ,do s eu mor ador , por exempl o,uma dom nao que vai al m do us o de s ua f or a de t r abal ho ad-.' ~qi r i da no mer cado, J a que i nt er f er e na es f ~r a do cons umo ( obr igao de compr ar no bar r ac~o ) e no s eu di r ei t o i v i l de' o rga-ni z ar a pr bpr i e v i da pr i vada ( i mpedi ment o de mor ar c om a f am l ~ou de r eceber vi s i t as , et c. ) . Tudo i s s o encont r a s ua mxi ma expr es s o - pens a Cai o Pr ado - na compl et a aus nc i a de di r ei t oss o c i a l - t r abal hi s t as no campo, s i t uao que vi gor ou at r ecen te -ment e ( e de cer t o modo cont i nua a vi gor ar at hoj e ) . Em s eustr-abaLho s dos anos 60, o aut or de A ques t o agr r i a_ ono BFas i lc ons i der ava a s uper ~o des s a s i t ua~o como a t ar ef a pr i mor di alda r evol u o br as i l ei r a no campo. Cabe r egi s t r ar que es s a mo-dal i dade de v i a pr us s i ana , al m de cons er var o poder pol t i c odo gr ande pr opr i e t r i o r ur al , per m t i u ao capi t al i s mo br as i l ei -r o exer cer uma s uper expl or ao da f or a de t r abal ho, t ant o r u-r al quant o ur bana, com o que s e mant eve um t r ao mar cant e da e-r a col oni al : o bai x s s i mo padr o de vi da do pr odut or di r et o.

    Um dos pr i nc i pai s mr i t os des s a car ac t er i z ao cai opr a-di ana da nat ur ez a de nos s a f or mao s oc i al moder na, def i ni da ob-j et i vament e como um capi t a l i smo Pno Cl s s i co , f o i pr ec i s amen-t e a de per m t i r ao hi s t or i ador ppr es ent - l a c omo capi t al i s t a .

    07. Es s a no er a uma pos i o cons ens ual ent r e os mar xi s t as , pel o me

  • 8/13/2019 Carlos Nelson Coutinho_ Caio Prado Junior

    9/23

    J ,c

    nos at os anos 60 . I gnor ando a pr obl e~t i c a das f or mas noc l s s i cas de t r ans i i o par a o capi t al i s mo ( e as pecul i ar i dadesda f or mao capi t al i s t a que del a r es ul t a) , os mar xi s t as br as i -l e i r os - s obr et udo os l i gados ao PCB - af i r mar am dur ant e mui t osanos que o Br as i l er a . . a um pa~s s em f eudal e s em col o-ni al , que s e def r ont ava ai nda, por cons egui nt e, com a t ar ef ade ef et uar uma r evol uo democ r t i co- bur gues a ou de l i ber t a-

    t J ~ .:; ,~ ,-- 4..\;,yn.S~ \ ) o nac i onal t1 . \ ( Es t ava i mpi i c i t a, a .noo - f al s a - de que par a '-IA \> cv_: : \ ; V\ c . . . ,J~..Js er pl enament e capi t a l i s t ~~~f : HYs egui r uma vi a c l s s i -

    ca de t r ans i o e apr es ent ar t odos os t r aos de um capi t al i smoi gual ment e c l s s i co . ' fOs 1numer os equ1vocoS a que i s s o condu-

    . *z i u, t ant o na t eor 1a como na pr at ~ca, s ao apont ados por Cai o Pmdo em A r evol uo br as i l ei r a. De par t i c ul ar i mpor t nc i a, der es t o, s ua c l ar a af i r mao de que no s a f or mao s oc i al ~ger al , mas t ambm a es t r ut ur a agr r i a do Br as i l de nat ur e za,capi t al i s t a: Os paI o s pr i nc i pai s da es t r ut ur a s oc i al do campobr as i l ei r o - di z el e no so o Let.f undir-L o ou ' pr opr i et -

    ,r i o s enhor f eudal ou s em f eudal ' , de um l ado, e o campon~s , deout r o; e s i m r es pec t i vament e, o empr es r i o capi t al i s t a e o t r abal hador empr egado, as sal ar i &doou as s i m l vel econm ca e s o-9 queyc i al ment e ao as sal ar i ado tposs{vel ( no ar dor da pol ~m ca,Cai o Pr ado t enha em al guns cas os s uper es t i mado a pos s i bi l i dadede as s i m l ar det er m nadas f or mas de r emuner ao do t r abal ho r u-

    I ( .-. ) I' 10 '.'r a como a par cer 1a ao as s a ar 1ament o ; mas e 1negavel queel e def i ni u com mui t o mai s r i gor do que os def ens or es da t es edos r es t os f eudai s a r eal nat ur ez a da moder na es t r ut ur a agr -r i a br as i l ei r a.

    Por out r o l ado, gr aas s ua ut i l i z ao t c i t a do concei -t o de vi as no c l s s i cas par a o capi t al i s mo, Cai o Pr ado comb~

    8 t eu cor r et ament e a i di a de que es s es r es t os s er vi s c ons t i t uh

  • 8/13/2019 Carlos Nelson Coutinho_ Caio Prado Junior

    10/23

    . .. s em bi ces ao des envol v i ment o do modo de pr oduo capi t a l i s t aent r e ns , c omo s empr e s ups o dual i smo cepal i ano e aquel e i m-pl c i t o nas ~qS1t : m do PCB. Ant ec i pando pos i es que poucot empo depoi s s er i am r et omadas e apr of undadas por Fr anc i s co deOl i vei r a, Cai o Pr ado af i r ma que as s obr ~vi vhc i as pr - capi t a -l i s t as nas r el aes de t r abal ho da agr opecur i a br as i l ei r a, l on-ge de ger ar em obs t cul os e cont r adi es opos t as ao des envol v i -ment o capi t al i s t a, t m pel o cont r r i o cont r i bu do par a el e. O

    J. ,.

    ' negc i o ' da agr i cul t ur a - e nes s a bas e que' s e es t r ut ur a amai o r e pr i nc i pal par t e da econom a r ur al br as i l ei r a - no s emant m mui t as vez es s eno gr aas pr ec i s ament e aos bai xos padr r ode vi da dos t r abal hador es , e poi s ao r eduz i do cus t o da mo- de- o11br a que empr ega De pas s agem poder i a r e c o r dar que , nes s ar ecus a de uma vi s o dual i s t a. - par a a qual o l ado at r as ado se-r i a um empec i l ho, e no al go f unc i o nal , ao des envol v i ment o do I ado moder noll -, as i nves t i gaes de Cai o Pr ado conver gem obj et i -vament e com as anl i s es de Gr ams c i acer ca da ques t o mer i di o-nal i t a l i ana 12

    Ai nda que a ques t o ag r r i a t enha l ugar de des t aque nadet er m nao da vi a de t r ans i o moder ni dade, um pos t o cent r m,nes s e pr oces s o pode t ambem s er ocupado, em moment os det er m na-dos , por uma out r a ques t o nac i onal , i nc l us i ve de nat u r e za s u-per es t r ut ur al . tes s a a pos i o de Leni n, ao compar ar a Rs s i ac om a Al emanha: t a ques t o agr r i a que encar na agor a na Rs s i aa ques t o nac i onal do des envol v i ment o bur gus ( . ) . Na Al ema-nha, ent r e 1~48 e 1~71, el a cons i s t i a na uni f i c ao / na c r i a ode um Es t ado nac i onal uni f i c ado/ , e no na ques t o agr r i a 13 .

    09. Em out r as pal avr as : o modo de r es ol ver a ques t o nac i onal

  • 8/13/2019 Carlos Nelson Coutinho_ Caio Prado Junior

    11/23

    .., .e ~ cent r al que i r i ndi c ar s e a i mpl ant a? ou cons ol i dao da o~mao econm co- s oc i al c api t al i s t a s er ,. . r _ . d e t i p o pr us s i ano ou, ao cont r r i o , de t i po c l s s i co . Leni n pr os -s egue: Os anos 1948-1971 f or am/ na Al emanha a poca de uma l ut ar evol uc i onr i a e. c ont r a- r evol uc i onr i a ent r e duas v' i as par a auni f i c a o, ou s ej a, par a a s ol uo do pr obl ema nac i onal do de-s envol v i ment o bur gus na 4aemanha, uma das quai s conduz i a un if i c ao at r avs da r epbl i ca da Gr ande Al emanha, e a out r a at r a, 14ves da monar qui a pr us s i ana

    Tambm a I t l i a, em meados do s cul o pas s ado, def r o n t a -. que e r -a e n t r ova- se com o des af i o da cons t r uo de um Es t ado uni f i c~ i ~ues t o bs i c a de s ua t r ans i o def i ni t i va par a o capi t al i smo.Como s e s abe, a s ol uo que pr edom nou f oi a de uma t r ans f o r ma -o pel o al t o : a cas a r ei nant e do Pi emont e, s ob a di r eo del i ber ai s moder ados , l i der ou um pr oces s o de ar r anj os pol {t i c osent r e as vr i as c l a s s es dom nant es das di f er ent es r egi es i t a-l i anas , al gumas das quai s bas eavam ai nda s ua dom nao em f o r maseconm co- s oc i ai s de t i po f eudal ; c om i s s o, as mas s as popul ar esda penl ns ul a f o r am exc l u das de qual quer papel det er m nant e nonovo Es t ado nac i onal uni f i c ado. Foi bus cando compr ecnd er as vi -c i s s i t udes da uni f i c ao i t al i ana - o Ri s or Ei r nent o - , bem comosuas cons eqnc i as par a o pr es ent e da I t l i a, que Gr ams c i el abo-

    >o ~ - ~ le ..

  • 8/13/2019 Carlos Nelson Coutinho_ Caio Prado Junior

    12/23

    . - , .t o, a r evol uao pas s i va opezs mudan as . 'nec es s ar - a. asao pr ogr e. 50 mas o f az no quadr o da cons er vao de i mpor t ant es el emen~t os s oc i ai s , pol t i c os e econm cos da vel ha or dem As mas s as ,des or gani z adas e r epr i m das , f az em s ent i r s ua pr es ena, mas s o-br et udo at r avs de movi ment os s em i nc i d~~c i a ef e t i va, al go queGr ams c i chamou de s ubver s i vi smo espor ~di co e el ement ar . E umdos modos pel os quai s ? s c l as s es dom nant es quebr am a r es i s t nc i a s ua dom nao, al m nat ur al ment e da r epr es s o aber t a, acoopt ao das l i der anas dos gr upos opos i t or es : um pr oces s o queo pens ador i t al i ano chama de t r ans f o r m s mo 15.

    As anal ogi as ent r e o Ri or gi ment o i t al i ano e os event osque cons t i t uem o pr oces so da I ndepend~nc i a e da cons ol i do doEs t ado i mpe r i al no Br as i l s o s i gni f i cat i v as . As s i m no ca-s ual que Cai o Pr ado J ~ni or , es c r evendo s obr e es s es event os em1933 - no mesmo moment o, por t ant o ) em que Gr ams c i el abor ava s euconcei t o de r e vol uo pass i va - , t i v es s e chegado a r es ul t adosmui t o s emel hant es aos do pens ador i t al i ano. Ant es de mai s nada,t ant o par a el e cor no par a Gr ams c i , os p roces s os em ques t o - em-bor e conduz i dos pel o al t o - l evar am a mudanas ef et i vas : coma I ndependnc i a, di z Cai o Pr ado, a s upe r e s t r u t u r a po l : 1 . t i cado Br as i l - Co15ni a que, j ~ no cor r espondendo no es t ado das f or -

    Ao fas pr odut i vas e a l . nf r a - es t r ut ur a econOI Dl ca do pal s , s e r ompe,par a dar l ugar a out r as f or mas mai s adequadas . Ess as mudan as ,cont udo, no anul am o f at o de que, na nova or dem per manecemai s ou menos i nt ac t a a or gani z ao s oc i al v i gen te na poca col oni al . E por que i s s o ocor r e? A r es pos t a de Cai o Pr ado t nxat i va: A f or ma pe l a qual s e oper ou a emanc i pao do Br as i lt mlo car t er de ' ar r anj o pOl 1. t i co' ( ) , de manobr as debas t i dor es , em que a l ut a s e des enr ol a exc l us i vament e em t or no

    11. do pr nc i pe- r egent e ( ) . Res ul t a da que a I ndependnc i a s e

  • 8/13/2019 Carlos Nelson Coutinho_ Caio Prado Junior

    13/23

    f az por um s i mpl es t r ans f e r nc i a p01 t i ea de poder es da met r -pol e par a o novo gover no br as i l ei r o. E, na f a1t ' ade movi ment mpopul ar es , na f a l t a de par t i c i pao di r et a das mas s as nes s e pr ~ces s o, o poder t odo abs or vi do pel as c l as s es s uper i or es da ex-Col &ni a ( ) . Fez - s e a I ndepend~nc i a pr at i c ament e ~ r evel i ado povo; e i s s o ( ) af as t ou por compl e t o s ua par t i c i pao nanova or dem pol t i c a. A I ndependnc i a br as i l ei r a f r ut o mai sde uma c l as s e do que de nao t omada em s eu conj unt o 16.

    Es s a expl i cao da I ndependnc i a c omo t r ans f or mao J I pe10 al t o - que i mpl i c a mudana, mas t ambm cons er vao - no e~got a os pont os de apr oxi mao ent r e a anl i s e de Cai o Pr ado e ade Gr ams c i . Es t udando os movi ment os popul 8r es que mar c ar am oper i odo de cons ol i dao do Es t ado i mper i a l , o hi s t or i ador pau-

    ,l i s t a chega a conc l us es s emel hant es as do aut or dos Cader nos I . . . em t ai s movi ment S . do car cer e t ambem no que s e r ef e r e pr e sen a W e: s r de um s ub-

    ver s i v i smo es por di c o e el ement ar . As s i m r ef e r i ndo- s e ba-l ai ada, mas em obs er v. eo que poder i a val er , mut at i s mu : . ndi s ,par a t odos os l evant es da poca r egenc i a l , di z Cai o Pr ado: Emvez de um l evant e de mas s a, l ogo apr ovei t ado par a a r eal i z aode umpol t i c a cons eqent e, o que vemos ( . ) / s o/ apenas ban-dos ar mados que per cor r em o s er t o em s aques e depr r daes 17Embor a no us e a gr ams c i ana expr es s o s oc i edade c i vi l ( mas SEJ 5 0 l i t i c a , es t r ut ur a~oc r at i c a e popul a r ) , Cai o Pr ado i ndi c a na. aus n . .c i a de aut o- or gani z ao e de coes o dos gr upos s oc i ai s s ubal t ernos~ que os i mpede de t or nar em- s e at or es pol t i c os ef et i vos~as r a z es da der r ot a de uma vi a I t j acobi na par a a r es ol uo denos s a ques t o nac i onal . A pr i nc i pal c l as s e s ubal t er na, os es -c r avos , es t ava i mpos s i bi l i t ada por condi es obj et i vas e s ubj e-t i vas de al c anar um gr au ef e t i vo de or gani z ao: t I Os es c r avo~

    12 no f o r mam uma mas s a coes a ( ) e, por i s s o, r epr es ent am um pa

  • 8/13/2019 Carlos Nelson Coutinho_ Caio Prado Junior

    14/23

    ..L pel pol {t i co i ns i gni f i c ant e ( ~ Fal t ayam aos es c r avos br as i -

    l e i r os t odos os eLemerrtio s par a s e cons t i t ul r em . apes ar do s eucons i der vel nmer o, em f at or es de vul t o no equi l l br i o pol l t i -c o nac i onal . O mesmo pode s er di t o da popul B~o l i v r e das camades m~di as e i nf er i or es : n~o at uavam s obr e el a - pr os s egueCai o Pr ado - f at or es capaz es de l he dar coes o s oc i al e pos s i -bi l i dades de uma ef i c i ~nt e at uao pol l . t i c a . E, l ogo aps , el e

    ~-~ ,~ o di agno~t i co des s a s i t uao de amor f i smo, de f al t a decoes o: A econom a nac i ona~ e com el a nos s a ' or gani z ao s oc i al ,as s ent e como es t ava numa l ar ga bas e es c r av i s t a, no c ompor t avanat ur al ment e uma es t r ut ur a pol l t i c a democr ~t i c a e popul ar 18.E, s e a r ebel di a das camadas s ubal t er nas r evel ou- s e i mpot ent e,em f uno da r epr es s o es t at al e da. des or gani z ao i nt e r na, ascont r adi 5es no s ei o das c l as s es dom nant es podi am s er r es ol vi -das, e e f e t i vament e o f or am pel a vi a da coopt ao e do t r ans -f or m smo: Os gover nos que s e s eguem ~ Mai or i dade t ~m t odos omesmo car t er . Se bem que di f er enc i ados no r t ul o com as des i Ena5 es de ' l i ber al ' e ' cons e r vador ' , t odos evol u l . r amem i guals ent i do, s em que es s a var i edade de nomenc l at ur a t i ves s e mai ors i gni f i c a o. ,Por i s s o mesmo e comum e mal s e es t r anha, a pa~

    ( 19s egem de um pol ~t i c o de um par a o u t r o grupo.' .Poder ~amos des t acar aqu~, numa anal ~s e c ompar at i va en~t r e vi as no c l s s i c as ' , uma es pe c i f i c i dade br as i l e i r a: enquD. 1,t o na Al emanha a s ol uo pr us s i ana da ques t o agr r i a pr ecedea s ol uo i gual ment e pr us s i ana da ques t o da uni f i ca ; o nac i onal , e enquant o na I t &l i a as duas ques t 5 es s o r es ol vi das pas -s i vament e ao mes mo t empo, not a- s e no Br as i l ur na seqnc i a c r o -nol gi ca di ver sa. A s ol uo pel o al t o da ques t o do . J ; s t adonac i onal uni f i c ado pr ecede e cndi c i ona a s ol uo pr us s i anada moder ni z ao agr r i a : c ons er v ando a grande expl or ao r ur al13. e o dom . ni o pol l . t i c o dos pr opr i et r i os de t er r a e de es c ravos ,

  • 8/13/2019 Carlos Nelson Coutinho_ Caio Prado Junior

    15/23

  • 8/13/2019 Carlos Nelson Coutinho_ Caio Prado Junior

    16/23

    ,s Car l os Mnr i t egui ( cuj o es t oque cat egor i al mar xi s t a, di ga- s ede pas s agem er a i gual ment e r eduz i do e pr obl emt i co) r eDl i z ou ma obr a s emel hant e par a um pa{s conc r et o, ao anal i s ar a I ndepen-d~nc i a per uana como uma r evol uo abor t ada e ao apont ar as danos as cons eqnc i as des s e abor t o Das vr i as es f e r as s oc i ai sdo Per u moder no 22. E n~o me par ece cas ual que es s es doi s pen-c.l.o ~s ador es t enham r eal i z ado s uas i nves t i gaes mar gem ~ ou mesmoem aber t a opos i ~o~~ model os t er i cos que a ~er cei r a I nt er -nac i onal t ent ava i mpor ao mar xi smo l a t i no- ame~i cano , at r av~s s o-br et udo de nos s os par t i dos cOQuni s t as .

    Mas, s e Cai o Pr ado det er m nou adequadament e as r ai z esde nos~o capi t al i smo~ n80 c r ei o que t enha s empr e f ei t o o mes mo~ .~r ac t e r i z Hao_ - A? _ ,em r e l aao, s a Bras i l de hoj e: aqui , s ua i nt er pr et ao - expr e s -s a s obr et udo em obr as mai s r ec ent es - apr e s ent a pont os pr obl emt i cos . As r az es des s a pr obl emat i c i dade me par ecem r es i di r nof at o de que, s e o hi s t or i ador paul i s t a capt ou com acui dade o mo-ment o c ons er vador de nos s os pr oces s os de t r ans i o, t endeu am ni m zar e s ubes t i mar os el ement o s de moder ni z a ~o que el est amb~m t r ouxer am cons i go. Gr ams c i , quando t r at a dos pr oces s osde t r ans f o r mao pel o al t o , empr ega em al guns cas os o t er mo r evol u ~o- r es t aur ao , pr e t endendo com i s s o i ndi c ar que o mo-ment o r e st aur a dor ou c ons ervador dess e t i po de t r ans f or maono i mpede que at r av~s del a ocor r am t ambm modi f i c a es ef et i vasna or dem s oc i a l . Di z Gr ams c i : l i As modi f i caes mol ecul ar es / p~movi das pel as ' r evol ues pas s i vas ' / modi f i c am pr ogr es s i vament ea compos i o ant er i or de f or as e, por cons egui nt e, t or nam- s emat r i z de novas modi f i c aes 2~.

    Embor a Cai o Pr ado cer t ament e r econhea que o cam nho no c l s s i co par a o capi t a l i smo br as i l ei r o ger ou mudanas em

    15. nos s a es t r ut ur a s oc i al , t ende a pr uma nf as e mai or no moment o

  • 8/13/2019 Carlos Nelson Coutinho_ Caio Prado Junior

    17/23

    .. .da cons er vao, da r epr oduo do vel ho. Ai nda em 1977, repe-t i ndo uma i di a f r eqUent ement e expr es s a em aua o~r a mai s r ecegt e, el e af i r ma o s egui nt e: Es s enc i al ment e, com as adapt B~esneces s r i as det er m nadas pel as cont i ngnc i as do nos s o t empo, s omos o mesmo do pas s ado. s er o quant i t at vament e, na qual i dade( ) . Embor a em mai s compl exa f or ma, o s i s t ema col oni al br a-s i l ei r o s e per pet uou e cont i nua mui t o s emel hant e. I s t o , nabas e, uma econom a f undada na pr oduo de mat r i as - pr i mas e g-ner os al i ment c i os demandados nos mer c ados i nt er nac i onai so Br as i l no s cont i nuar i a es s enc i a l ment e col oni al , mas a a-gr i c ul t ur a t er i a ai nda, na es t r ut ur a gl obal do Pa s , um papelde pr i mor di al i mpor t ~nc i a 2 5 Or a, par a que i s s o pos s a s er

    . , ~af i r mado, Cai o Pr ado e obr i gado a con t r ar i a r as evi denc i as 8 amt i 61ui r que, no Br as i l cont empor ~neo, n~o h~ nada ( ~ ) qu~ s eas s emel he a um pr oces s o de i ndus t r i al i z ao di gno des s e nome 25 .

    M~s r no quando r econhece a ocor r nci a de f at os novos , ohi s t or i ador paul i s t a t ende a t r at - l os como apar ~nc i as quen~o al t er am a es s nc i a - ou quan t i dades que n~o mudam a qual idade - , como mani f es t a es que, l onge de i mpl i c ar em a_ s uper a~odo pas s ado, cont r i buem par a acent uar s eus t r aos mai s per ver s osEs s e me par ece s er o cas o, por exempl o, de s ua t eor i a t ar di a do capi t al i s mo bur o cr ~t i c o : no Br a s i l , ao l ado de ' um s et or bur -gus or t odoxo , que s e des envol v e com bas e n l i vr e mer cado,t er i a s ur gi do uma bur cues i a ger ada e al i ment ada pel o Es tado .No di f c i l per ceber que Cai o Pr ado m s t u r a aqui duas ordens

    . . . ,de f enor nenos . El e r ec i s t r a c o r r e t ament e a ocor r enc i a en t r e nos~a i f es t aoes de de ( c or r up o na maqui na es t a t a l , ' a. squai s , na i nt ens i de. de comocor r er am e ai nda ocor r em no Br as i l , -ao em par t e r es ul t ado deuma vi s o pat r i mbni al i s t a do Es t ado, que t em s uas r a z es em nos -s o pas s ado e s o expr es s es de nos s o I t at r as o . j us t a s ua i n -16 di gna i o cont r a t ai s f at os e, em par t i c ul ar , a c r i t i ca que f az ~

    . '00 _

  • 8/13/2019 Carlos Nelson Coutinho_ Caio Prado Junior

    18/23

    uma c er t a s ubes t i mao dos mes mos pel a ~s quer da.Mas es s a i ndi gnao o i mpede, por out r o, l ado, de di s -

    . .t i ngui r ent r e es s e f enomeno per ver s o - mas r el at i vament e mar gi -nal - e um t r ao bs i c o, es t r ut ur al , de nos s o capi t a l i smo noc l s s i c o : lU- , de q te o pr oces s o de Lndus tz-Lal .z.aco no Br as i l ,yer ~f Lc r ando- s e t a r di ament e , demandou - t a l como ocor r eu em ou-t r os pal s es que s egui r am t amb~m vi as no c l ~s s i c as , cor no a A-l emanha e o J apo - uma ampl a e pr ecoce par t i c i pao do Es t adona acumul ao de capi t al , no s at r avs de pr oces s os de r egu-l ao, mas t amb~m da c r i ao de empr es as di r et ament e pr odut i -vas . No aqui o l ugar par a t r at ar em det al he das es pec i f i c i -dades do capi t al i smo de Es t ado no Br as i l ( que a poca di t at o~r i al pos t er i or a 1964 cont r i b u i u par a t r ans f o r mar em capi t Rl i s -mo monopol i s t a de Es t ado) 2 7 Mas cabe pel o menos s ubl i nharque, ao i nv~s de r epr es ent ar um obs t cul o par a o des envol v i meEt o capi t al i s t a s audvel e de s er uma mani f es t ao de nos s o28 at r as o , como s up~e Cai o Pr ado, a i nt e r veno do Es t ado Z2f6_c ons t i t ~.. til [ el ement o dec i s i v o na acumul ao de capi t al e, em pa r t i

    cul ar , no pr oces s o de i ndus t r i al i z ao, cons t i t u i ndo as s i m umt r ao - e um t r ao s ubs t anc i al - de nos s a moder ni dade . No pod.s cas ual que a r-evo Luo pas s i va que s e i ni c i a em 1930,s e f or t al ec e com o Es t ado Novo e pr os s egue na poca popul i s t a- uma r evol u~o que, i ndus t r i al i z ando o Pai s com o apoi o dai nt er veno es t at al , cons ol i dou def i ni t i vament e o modo de p ro -duo capi t al i s t a no Br as i l - s ej a s ubes t i mada ( ou mesmo i gno-r ada) na r e pr e sent a o c ai opr adi ana do Br as i l moder no. Todo ess e per i odo par ece poder s er s ubs um do na expr es s o com que ~l ecar ac t er i z ou o Gover no J oo Goul ar t : lUID per l odoma f adadd, 29.E t ampouco cas ual que, em sua t endnc i a a s ubes t i mar as novi -~os pr i mei r os doz e anos j17. dades , el e s e r ef i r a ; _ ( hua di t adur a m l i tor - que el e-

  • 8/13/2019 Carlos Nelson Coutinho_ Caio Prado Junior

    19/23

    ... <

    18

    vou nos s o capi t al i s mo ao es t gi o de capi t al i smo monopol i s t a deEs t ado - como um per l odo que n~o as s i nal a ef et i vament e ( )nenhum s i nal s i gni f i c at i vo de mudana es s enc i al do pas s ado 30.

    Embor a t enha s i do um dos mai s dur os c r f t i c os do par adi ~ma t er cei r o- i nt er na. c i onal i s t a, pode- s e cons t at ar que - na anl is e do nos s o pr es ent e - Cai o Pr ado s e apr oxi ma em mui t os pont osdo es t agnac i oni s mo co~t i do em t ~l par adi gma: o des envol v i men-t o br as i l e i r o, s ua pa s aagem def i n i t i va par a a modez-ndad e t es -t ar i a bl oqueado pel o at r a s o , s ej ? nas r el a~es agr ~r i as , s ej a

    ti ' no s et or i ndus t r i a l , um at r as o pr oven1ent e, pensa el e, d~ al i m t a i o es t r ut ur al do mer cado i nt er no e da depend~nc i a ao i m-per i al i smo. E, al m des s a apr oxi ma i o, ocor r eu t ambm uma cur i os a conver gnc i a obj et i va ent r e o Cai o Pr ado t ar di o e os t e r i -cos do des envol vi ment o do s ubdes envol vi ment o , c omo Andr Gur i ~der Fr ank e Ruy Maur o Mar i ni , o que l evou a um mal - ent endi do nopl ano pol t i co: A r evol uo br as i l e i r a, publ i cada em 1966, t e r -: ni nou por al i ment ar a i deol ogi a da ul t r a- esquerda no Br as i l , ~

    . aue se bas eava na. .~ f al s a al t er nat i va ent r e s o c i a l i smo j ou d.tadur-a f asc i s -t t - A 11a com es agnaao econom CB Essa al t er na t i va n~o e s t & abs ol u~ment e pr e sent e no l i vr o de Cai o Pr ado; mas a s ua vi s o lIa t r a s a -da 11 do Br as i l podi a cont r i bui r obj ( . : : t iament e par a al i men t - l a,como de f a t o ocor r eu.

    F i nal ment e, cabe obs er var que es s a vi s o l I at r a s a da po. r ~,~.I\../ce~ r es pons vel pel a i ns uf i c i ent e f or mul ao da quest o da de-moc r ac i a pol t i c a nas anl i s es de Cni o Pr ado 31 Se o Br as i l

    pl enament e capi t al i s t a, mas chegou a es s a s i t uao at r a v s depr oces s os de t r ans i ~o que conf i gur a r am uma or dem exc l udent e eaut or i t r i a - como nos ens i na Cai o Pr ado - , ent o a p r i nc i pal t aho je Ol.L .. :.j-c . \ -r ef a hi s t r i c a que se col oc i i Y i nos s o povo ; f o cont edo da r evo-

    Lo\t\si.~~~ o~l uo br a. s i l ei r a : ' - R I uh - l nver t er es s a t endnc i a pr us s i ana ,

  • 8/13/2019 Carlos Nelson Coutinho_ Caio Prado Junior

    20/23

    .. , o I...v.s ,,,,',Il, l\>0' wV} c:~. '_ ~~ns~~consol i da~aowqui l O que, em s~a obr a de 1933, ~~chamava de est r ut ur a pol l t i ca democ~t i ca e pop. ul ar t', agoratornada possi vel pel a emerG~nci a de novas condi 5es b5~t i va~:

    0.. . - VY\

  • 8/13/2019 Carlos Nelson Coutinho_ Caio Prado Junior

    21/23

    20.

    li O TAS:

    1. Es s e cr i t i ca ao parad i gma t er cei r o- i nt er n ac i onal i s t a es t ~em Cai o Pr ado J r . , A r evol uo br as i l ei r a, s o Paul o , Br a-s i l i ens e, 7' ed. , 1987, pp. 29-75.

    2. Em : E' or ma. oo Br as i l cont empor neo ( s o Paul o, Br as i l i en-s e, 5 ed , , 1957, p . 266) , el e di z : liA anl i s e da e s t r u t u r acomer ci a l de um pai s r evel a s empr e, mel hor que a de qual qu~um dos s et or es par t i cul a r es da pr oduo, o car ~t er de uma e-conom a, sua na tu reza e or gani z a : o .- . .3. Cf . , por exempl o, Evol uao E. 0 l ~ l ~8 do ~ . ' as l 1e out r o s es tu -dos , s o Paul o, Br as i l i eoe, 2 . ed. , 1957, p . 81, _ e Ei s t r i aec or - m ca do Br as i l , s o Paul o, Br es i l i es e, 5 ed. , 1959,pas s i ~.

    4. Cf . A r evol uo br as i l ei r a, c i t . , s obr et udo pp. 122 e s s . ,232 e s s . e 253 e s s .5 Cf . V. I . Leni n, O pr obr am~_ . agr r i o , ed. br as i l e i r a, s o Pau-l o, Ci nc i as Humanas , 1980, p. 63.6. Cai o Pr ado J r . , A ques t o agr r i a no Br as i l , S~o Paul o , Br a-s i l i ense, 1979, p , 158.7 I d . , A r ev ol uo br - as .Le i.r e t c i t . , p. 104.

    quest o , c i t . , 96 pas s i r n.. I d. , A ag r a r i a, pp. e9. I d . , A r evol u j i o_~.'~:':s j - l e i n: c i t . , p. 105.10. Cf . , par a uma cr t i ca des s as pos i es de Cai o Pr ado, r ui -do Mant ega, A econom a pol i t i c a br as i l ei r a, s o Paul o/ Pe-t r pol i s , Pol i s / Vozes , 1981. J - ,p. 250 e s s .11. Cai o Pr - ado J r . , 1 1 . r evol uo br : : ; s i l e i r . : . ~,P. 97-98.12. Cf . , em par t i cul ar , f us ens ai os de Gr ar ns c i cont i dos em Aquest o me r i d i o: : ~' al ,ed, br as i l e i r a, Ri o de J anei r o, Paze Ter r a, 1987.13. V. I . Leni n, Let t r e I . Skovor s t s ov- St panov , i n OEuvres ,ed. f r ancesa, Par i s , Ed. Soc i al es , vol . 16, 1973, p. 122.14. I bi d. , p. 124.

  • 8/13/2019 Carlos Nelson Coutinho_ Caio Prado Junior

    22/23

    15 . Par a uma s nt es e do concei t o gr ams c~ano de r evol uo pas -s i va , c f . C. N. Cout i nho, As cat egor i as de ~r ams c i e ar e.l i dade br as i l ei r a , i n Pr es ep~, n 8, s et embr o de 1986,pp. 141- 162.16. Cai o P rado J r . , Evol uo pol i t i c a _ < o..Br as i l , c i t . , pp. 49-

    5 0 .17 . I b i d. , p. 74.18 . I bi d. , p. 63 .19 . I b i d . , p. 81.20 . I b i d . , p. 91 .21 . I bi d. , p. 94 .22. Cf . J . C. Mar i t egui , Set e ens ai os de i nt er pr et ao d~ r e~l i dade peruna~; ed. br-a s Le .ra , s o Paul o, Al f a - mega, 1075,pas s .m23. Gr amsc i , QUBder ni deI car cer e, Tur i m Ei naudj , 1975, p.1767.24 . Cai o Pr ado J r . , A r evol uo br as i l e i r a, c i t . , p. 240.25 . I bi d. , p. 30. ESf ' ; Bcent r a l i dade ,,~;n[:fid ? do campo , . .r eaf i r mada em 1978, no pr ef a c l . o que Cal . OPr ado es c r eveu pa

    r a s ua col et ~nea s~br e A ques t o agr ~r i a, c i t . , pp. 12- 1 3 .26. I d~~, A r evol uo br as i l ei r a, c i t . , p. 243. De cer t o modo,es s a t axat i va af i r mao - f ei t a em 1977 - modi f i c a s uaspos i ~es ant e r i o r es , mai s equi l i br adas ) embor a s empr e c~t i -cas , s obr e a i ndus t r i al i z ao e s uas pot enc i al i dades : c f . ,por exempl o, Hj s t r i a eco~m~ca do Br e; s i l , s o Paul o, Br a-s i l i ens e, 5 ed. , 1959, pp. 263- 274.27 . Remet o , par a uma di s cus s o do pr obl ema, ao meu ens ai o 110capi t a l i s mo monopol i s t a de Es t ado no Br as i l , i n C. N. Cou-t i nho, A democ r ac i a como val or uni ver s al e out r os ens ai os ,Ri o de J anei r o, Sal amandr a, 1984, pp. 163- 195.28 . Cf . , por exempl o , A r ev ol uo. br as i l e i r a, c i t . , p. 123.29. I bi d. , p , 23 . Tambm o Gover no Kubi t s c hek r ecebeu d. ur : 1s s i -

    . . -, -mas c r l t l c as de Cal o Pr ado, nao s o em A r evol uao br as i l e i -~, mas j nos ens ai os dos anos 50, publ i cados na Revi s t aB r a s i l i ens e. Cr ei o que el e no s s ubes t i mou o i negvel21.

  • 8/13/2019 Carlos Nelson Coutinho_ Caio Prado Junior

    23/23

    22

    des envol vi ment o da i ndus t r i al i z ao. ' qm ,re proaE S011,: n p, 2pul i s t a, mas i gnor ou compl et ament e o c r es c i ~ent o dn s oc i e-dade c i vi l nel a ocor r i do, s obr et udo no per i ~do mal f adadodo Gover no Goul ar t .

    30~ Cai o Pr ado J r . , A r evol uxo br as i l ei r a, c i t . , p. 244.31. Es s e um dos pont os cor r et os da c r i t i ca di r i gi da a Cai oPr ado, em 1966, por As s i s TFva res , ps eud~ni mo s ob o qualer a ent o obr i gado a s e ocul t ar um i mpor t ant e di r i gent e c . 2muni s t a, ' 1ar coAnt ni o Coel ho ( c f . A. Tavar es , Cai o Pr adoe a t eor i a ' da r evol uo br as i l e i r a , i n Revi s t a C: i y i l i z aoBr as i l ei r a, n 11- 12, dez embr o de 1966/ ma' r o de 1967, p.79) . Tambm j us t a a obs er vao s eundo a qual Cai o Pr a-do nem sequer cogi t ou de exam nar as camadas mdi as ur be-

    nas _ ( , i . bi d. ,p , 77) . Es s a aus nc i a, a meu ver , decor r e dacent r al i dade que el e at r i bui ao campo) em cons eqnc i a des ua vi s~o at r a~ada do Br as i l . Apes ar de obs er v B ~es per -t i nent es , o ar t i go de Tavar es - que mer eceu uma l onga r e s -pos t a de Cai o Pr ado , . .j , p. c l ui da nas ed.l. e s mai s r ecent esde A r evol uo br as i l e i r a - r epr oduz , no es s enc i a l , o par a-di gma anal t i co da Ter cei r a I nt er nac i onal .

    32. Cai o Pr ado J r . , A r ev ol u~o br as i l ei r a, c i t . , p. 267.