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Língua portuguesa é o cimento agregador Domingos Simões Pereira, Secretário-geral da CPLP, sublinha que a lusofonia é um espaço cada vez mais integrado e solidário Nº 112 Mensal Janeiro 2012 2.20# (IVA incluído) Carlos Gomes Júnior Primeiro-ministro da Guiné-Bissau Carlos Rocha Presidente da Eurocabos Fernando Albino Presidente da Carnalentejana PROMOVALOR CONSTRóI HOTEL SHERATON EM PERNAMBUCO

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Janeiro 2012 | País €conómico › 1

Língua portuguesa é o cimento agregadorDomingos Simões Pereira, Secretário-geral da CPLP, sublinha que a lusofonia é um espaço cada vez mais integrado e solidário

nº 112 › Mensal › Janeiro 2012 › 2.20# (IVA incluído)

carlos Gomes JúniorPrimeiro-ministro da Guiné-Bissau

carlos RochaPresidente da Eurocabos

Fernando albinoPresidente da carnalentejana

PRomovaLoR constRói hotEL shERaton Em PERnamBuco

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› hEad

2 › País €conómico | Janeiro 2012 Janeiro 2012 | País €conómico › 3

Editorial

A discussão criada recentemente sobre a eventualidade de algumas classes profis-

sionais, entre as quais as dos docentes, emigrarem por evidente falta de oportuni-

dades de trabalho em Portugal, tem sido acesa e polémica, com opiniões para todos

os gostos. Também não queremos fugir a essa discussão.

Independentemente da maior ou menor contextualização das declarações do Pri-

meiro-Ministro a respeito das oportunidades para muitos professores emigrarem

para países como Angola e o Brasil – e existem certamente outros de língua portu-

guesa porventura até com maiores necessidades de formadores e educadores – o

assunto deve ser discutido de forma clara e franca. E acima de tudo sem tabus

nem com entendimentos de que existem castas na sociedade portuguesa que são

intocáveis. Sejam dos professores ou de outros quaisquer.

Empregos para a vida e profissões imutáveis simplesmente já não existem. Além

disso, pretender que o Estado deve proporcionar emprego a toda a gente e, cumu-

lativamente, desejavelmente à porta da casa de cada um, é de um tempo passado

sem retorno.

Obviamente que as mudanças sociais e sócio-profissionais são inelutáveis, e não

necessariamente para pior. No presente, as pessoas têm de obter renovadas qua-

lificações, muitas vezes em áreas profissionais diferentes, e consequentemente

devem estar preparadas para mudar de trabalho (e mesmo de profissão) se neces-

sário e até talvez com alguma frequência.

Esta mobilidade profissional obriga inevitavelmente também a mudanças sociais

e de locais onde se exerce a profissão. E isto serve tanto no plano interno como no

plano externo.

É óbvio que qualquer país, a começar pelo seu governo, tudo deverá fazer no âm-

bito das políticas públicas de desenvolvimento bem como no apoio ao progresso

empresarial privado, de criar as melhores condições para que o maior número

possível dos seus cidadãos tenha as condições indispensáveis para o exercício pro-

fissional no seu país.

Mas, isto não significa, e não significará cada vez mais, que um número alargado

de cidadãos não procure no estrangeiro as oportunidades profissionais que podem

faltar ou no seu próprio país em número ou em qualidade necessária. Por isso,

procurar aproveitar oportunidades no exterior, sobretudo em países que também

falam português, constitui uma mais-valia pessoal e para o próprio país. Curio-

samente, muitas das vozes contrárias que se levantam, são de muitos que sem-

pre viveram à sombra do Estado ou que pouco de currículo profissional tem para

apresentarem na vida. Os que partem à procura de melhores condições de vida e

profissionais não pensam assim. E ainda bem. Oxalá regressem um dia.

JoRGE GonçaLvEs aLEGRia

mobilidade social é para todos

Ficha técnicaPropriedadeEconomipress – Edição de Publicações e Marketing, Lda.

sócios com mais de 10% do capital social› Jorge Manuel Alegria

contribuinte506 047 415

director› Jorge Gonçalves Alegria

conselho Editorial:› Bracinha Vieira › Frederico Nascimento› Joanaz de Melo › João Bárbara › João Fermisson› Lemos Ferreira › Mónica Martins› Olímpio Lourenço › Rui Pestana › Vitória Soares

Redacção› Manuel Gonçalves › Valdemar Bonacho› Jorge Alegria

Fotografia› Rui Rocha Reis

Grafismo & Paginação› António Afonso

departamento comercial› Valdemar Bonacho (Director)

direccção administrativa e Financeira› Ana Leal Alegria (Directora)

serviços Externos› António Emanuel

moradaAvenida 5 de Outubro, nº11 – 1º Dto.

2900-311 Setúbal

telefone26 554 65 53

Fax26 554 65 58

sitewww.paiseconomico.eu

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delegação no BrasilAldamir AmaralNS&A CearáAv. Santos Dumont, 3131-A-SL. 1301Torre del Paseo – AldeotaCEP: 60150-162 – Fortaleza – Ceará – BrasilTel.: 005585 3264-0406 • Celular: 005585 88293149

[email protected]

Pré-impressão e impressãoLisgráficaRua Consiglieri Pedroso, 90Queluz de Baixo2730-053 Barcarena

tiragem30.000 exemplares

depósito legal223820/06

distribuiçãoLogista PortugalDistribuição de Publicações, SAEd. Logista – Expansão da Área Ind. do PassilLote 1-A – Palhavã – 2890 AlcocheteInscrição no I.C.S. nº 124043

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Janeiro 2012 | País €conómico › 54 › País €conómico | Janeiro 2012

Grande Entrevista

índiceDomingos Simões Pereira, Secretário-Ge-

ral da CPLP – Comunidade dos Países de

Língua Portuguesa, em entrevista à País €conómico, sublinhou que a CPLP

pode e deve ser uma das prioridades ex-

ternas de Portugal na procura da ultrapas-

sagem das dificuldades que o país atual-

mente enfrenta. O responsável guineense

que lidera o organismo de cúpula dos pa-

íses de expressão portuguesa acredita no

reforço e desenvolvimento da cooperação

entre todos os países integrantes de uma

comunidade de cerca de 250 milhões de

euros que falam português no Mundo.

pág. 18 a 22

Os tempos difíceis que vivemos levaram a APAVT a

desistir de realizar o seu congresso anual na cidade

brasileira de Fortaleza, tendo-o realizado na cidade

de Viseu, na Região de Turismo do Centro. Debates

interessantes a mostrarem que o turismo deverá

continuar – e até a reforçar – a constituir uma trave-

-mestra no desenvolvimento económico e social do

país. Destaque para as posições da TAP nas ligações

aéreas entre Portugal e o Brasil, bem como as apostas

conseguidas do Grupo Visabeira na área turística.

Primeiro-ministro da Guiné-BissauO Primeiro-Ministro da Guiné-Bissau, Carlos Gomes

Júnior concedeu uma importante entrevista à País €conómico, onde destaca os progressos que o país

está a fazer na consolidação do processo político in-

terno, bem como dos esforços para desenvolver os

vários sectores económicos guineenses. E, natural-

mente, apela ao aumento do investimento empresa-

rial português na Guiné-Bissau.

pág. 24 a 28

ainda nesta edição…

16 nova Business school distinguida

17 timor-Leste quer mais investimentos portugueses

31 Paulo Portas reúne-se com câmaras de comércio em Lisboa

32 Embraer assinou contratos com a ogma e a EEa

36 Promovalor vai construir hotel sheraton em Pernambuco

44 Refer telecom na vanguarda tecnológica

46 Exclusive networks aposta na segurança tecnológica

56 carmim com 40 anos

57 mobiliário promove-se internacionalmente

58 china tree Gorges ganha EdP

Grande Plano

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Janeiro 2012 | País €conómico › 76 › País €conómico | Janeiro 2012

› GRandE PLano

XXXVII Congresso da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e de Turismo (APAVT) decorreu em Viseu e ficou marcado pelos desafios difíceis que marcam o ano de 2012

É preciso criatividade para captar mais turistas

Esteve agendado para a cidade brasileira de Fortaleza, mas acabou por decorrer na cidade

de Viseu, afinal a cidade fundadora da lusitanidade. O XXXVII Congresso da APAVT

reuniu quase quinhentos congressistas e autoridades do setor do turismo português, e

ficou marcado por discussões fortes sobre o percurso seguido até agora, mas sobretudo

pelas incógnitas e pelos desafios que marcarão o ano de 2012, não apenas pela recessão

que assola a economia portuguesa, mas também pela evidente desaceleração económica

das principais economias europeias, afinal, onde estão os cinco principais mercados

de origem de turistas para Portugal. Alguma compensação poderá vir do Brasil,

mas diversos responsáveis alertaram para a necessidade das autoridades turísticas

portuguesas fazerem muito mais do que o que têm feito para captar mais turistas

brasileiros para o nosso país. O Vice-Presidente da TAP, Luiz da Gama Mór, referiu mesmo

que «é a grande China de Portugal», mas alertou que a TAP não pode fazer tudo sozinha

do lado de lá do Atlântico. É preciso que outros intervenham para mostrar Portugal e as

suas vantagens para o turista brasileiro.tExto › JORGE ALEGRIA | FotoGRaFia › CORtESIA APAVt

na sua intervenção inicial de

abertura do 37º Congresso da

APAVT, que decorreu no início

de Dezembro na cidade de Viseu, o presi-

dente da organização das agências de via-

gens portuguesas lamentou os incómodos

causados ao trade turístico da cidade bra-

sileira de Fortaleza, mas lembrou que pe-

rante a difícil situação em que se encontra

o país, «a APAVT nunca deixou de colocar,

acima de tudo, os interesses da Nação».

E perante cerca de 450 congressistas do

setor turístico e das agências de viagens,

João Passos criticou o que considerou

«uma interferência continuada e despro-

positada do Estado na vida das empresas»,

mencionando sobretudo o agravamento

dos custos de contexto. Para o então presi-

dente da APAVT, «o papel do Estado deve

ser fundamentalmente o de regular e não o

de regulamentar ao arrepio do mercado e

ao arrepio do interesse dos consumidores».

Numa resposta mais abrangente, o minis-

tro dos Assuntos Parlamentares, Miguel

Relvas, não deixou de sublinhar na sua

intervenção na sessão inaugural do Con-

gresso, que «será igualmente necessário

optimizar o licenciamento e a acção regu-

ladora, no sentido de simplificar processos,

estimular o empreendorismo e atrair cada

vez mais investidores, nacionais e estran-

geiros. Não podemos continuar a colocar

mais e mais obstáculos no caminho dos

nossos empreendedores no setor do turis-

mo, muitas vezes agravando sem qualquer

razão económica o regime contido em dire-

tivas europeias para o setor».

O responsável do governo português su-

blinhou ainda que o executivo aposta

numa «estratégia de reforço e na iden-

tidade da Marca Destino Portugal, não

apenas na sua imagem de confiança e de

segurança, mas também como destino di-

ferenciado para consumidores em todo o

mundo».

Entretanto, a intervenção do Estado me-

receu diversos reparos de diversos inter-

venientes presentes em Viseu, nomeada-

mente a subida do IVA na restauração e

no golfe, além da introdução de portagens

nas antigas Scut, tanto as que servem a

região centro do país, bem como na A22

no Algarve.

Elidérico Viegas, presidente da Aheta –

Associação dos Hotéis e Empreendimen-

tos Turísticos do Algarve, lembrou que o

turismo representa 15% da atividade ex-

portadora do país e contribui para a afir-

mação e consolidação da Marca Portugal

no Mundo, mas sublinhou que «não pode

deixar de constituir uma contradição ta-

xar ainda mais este setor, via aumento do

IVA sobre o golfe e a alimentação e bebi-

das, face ao grande desígnio nacional da

atualidade – aumentar as exportações -,

tendo em vista esbater a nossa maior fra-

queza, o endividamento externo».

os números do turismoOs números da importância do turismo na

economia nacional são bem evidentes. Em

2010, o setor do turismo representou 9,2%

do PIB, ou seja, registou um aumento de

0,4% face a 2009, tendo atingido uma quo-

ta de 14% no total das exportações nacio-

nais de bens e serviços. De referir que em

2010 atingiu-se os 12 milhões de turistas

em Portugal, daí resultando receitas que

quase atingiram os 16 mil milhos de euros,

um aumento de 7,9 por cento face ao perí-

odo homólogo. Não estando ainda contabi-

lizados na altura os números de 2011, era

expetativa de todo o setor que ultrapassas-

sem os atingidos em 2010.

No entanto, a recessão económica em Por-

tugal e a evidente desaceleração económi-

ca nos principais países europeus, alguns

deles (Reino Unido, Alemanha, França,

Espanha e Holanda) de onde provêem o

maior número de turistas para Portugal,

configuram grandes incógnitas para o

presente ano.

Continuar a apostar nestes mercados

continuará a ser uma prioridade para

Portugal, nomeadamente para o Turismo

de Portugal, agora presidido por Frede-

rico Costa, que por todos foi saudado e

elogiado no Congresso da APAVT. No en-

tanto, vários intervenientes sublinharam

a importância de existir alguma diversifi-

cação na promoção e captação de novos

mercados emissores, nomeadamente na

Rússia, outros países da Europa de Leste,

na China e na Índia, além de países da

América do Sul, a começar naturalmente

pelo Brasil.

Neste último país gigante que fala portu-

guês, todos destacaram o papel desenvol-

vido pela TAP, que em 2011 ultrapassou

a histórica marca de 1,5 milhões de pas-

sageiros transportados entre Portugal e o

Brasil, mas todos sublinharam que as au-

toridades portuguesas responsáveis pelo

turismo, naturalmente com a cooperação

dos agentes privados, terão de fazer muito

mais no país irmão para captar mais tu-

ristas brasileiros. É que, como bem subli-

nhou Luiz da Gama Mór, Vice-Presidente

da TAP, o Brasil poderá ser «a grande Chi-

na de Portugal». ‹

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Janeiro 2012 | País €conómico › 98 › País €conómico | Janeiro 2012

› GRandE PLano

Mário de Carvalho, Diretor da TAP no Brasil, destaca crescimento no tráfego aéreo entre Portugal e o Brasil

Em 2011 ultrapassámos 1,5 milhões de passageiros

No momento em que recebia a notícia de que a TAP tinha sido galardoada com o

prémio da “Melhor Companhia Aérea Internacional”, entre as várias companhias

que operam nos aeroportos brasileiros, Mário de Carvalho, Diretor da TAP no Brasil,

referiu à País €conómico no decorrer do Congresso da APAVT em Viseu que a

companhia portuguesa ultrapassaria em 2011 o número de 1,5 milhões de passageiros

transportados entre os dois países. Apesar de não estar neste momento em equação

algum novo destino em território brasileiro, o responsável português não excluiu essa

possibilidade futuramente.

tExto › JORGE ALEGRIA | FotoGRaFia › ARquIVO

no momento em que escrevo estas linhas ainda não estão

apurados os números finais do ano a respeito do tráfego

aéreo entre Portugal e o Brasil, mas Mário de Carvalho,

Diretor da TAP no Brasil, não teve dúvidas em exprimir a sua con-

vicção logo no início de Dezembro, aquando da sua presença no

Congresso da APAVT em Viseu, de que o número de passageiros

transportados pela TAP nas rotas entre Portugal e o Brasil, ultra-

passaria este ano a barreira de 1,5 milhões de passageiros.

Recorde-se que a TAP voa de Lisboa e do Porto em mais de 70

frequências semanais para dez destinos em território brasileiro, a

saber, Fortaleza, Natal, Recife, Salvador, Brasília, Belo Horizonte,

Rio de Janeiro, São Paulo, Campinas e Porto Alegre (desde Junho

do ano passado).

Mário de Carvalho mostrou grande satisfação com os números e

sublinhou que a companhia está a fazer todos os possíveis para

consolidar a sua operação no Brasil, mas sublinhou igualmente

para a importância das autoridades do turismo, tanto portugue-

sas como brasileiras, incrementarem os seus programas e acções

de promoção e apoio ao desenvolvimento turístico entre os dois

países. ‹

taP eleita melhor companhia a EuropaSegundo a revista norte-americana de turismo Global Traveler, a TAP foi eleita a melhor companhia aérea da Europa, um prémio entre-

gue em cerimónia realizada em Beverly Hills, na Califórnia. O prémio é resultante de uma consulta realizada durante os primeiros oito

meses de 2011 a mais de 36 mil passageiros frequentes e passageiros executivos, que fazem uma média de 16 viagens internacionais e

16 viagens domésticas por ano.

A TAP recebeu igualmente na mesma ocasião o prémio de “Melhor vinho tinto servido em Classe Executiva Internacional”, no concurso

“2011 GT Wines on the Wing”. ‹

Marcelo Pedroso, Diretor de Mercados Internacionais da Embratur, no Congresso da APAVT, destacou importância do turismo português para o Brasil

Portugal é um mercado prioritário na Europa

A Embratur – Instituto Brasileiro de Turismo – esteve em Viseu representada por Marcelo

Pedroso, responsável pelos Mercados Internacionais do organismo brasileiro. Apesar de

reconhecer que o número de turistas portugueses tem diminuído desde 2006 até ao

ano passado, ainda assim, Marcelo Pedroso realçou que o mercado emissor português

continua a ser o mais valioso na Europa para o Brasil, tanto pelas afinidades culturais,

como pelas intensas relações entre os dois países e que o fato de em 2012 se comemorar

o Ano de Portugal no Brasil e do Brasil em Portugal, constitui um estímulo e um desafio

ao crescimento das relações turísticas entre os dois países.

tExto › JORGE ALEGRIA | FotoGRaFia › CORtESIA APAVt

Em 2006 foram 260 mil os turistas

portugueses que demandaram o

Brasil, mas em 2010 esse número

caiu para apenas 189 mil. Ainda assim,

Portugal continua a ser um dos mercados

principais em termos de emissão de turis-

tas europeus para o Brasil. Marcelo Pedro-

so, Diretor de Mercados Internacionais da

Embratur, reconhece a importância dos

números, mas salienta que também cons-

tituiu um desafio a melhorar as condições

de divulgação do destino, sendo necessá-

rio refrescar as ações promocionais e mos-

trar o grande potencial turístico do país

para os visitantes portugueses.

Uma das questões que vai brevemente

corrigida prende-se com a reabertura do

escritório da Embratur em Lisboa, estan-

do aprazada já para Março do corrente

ano. No início de Março, o Brasil também

é o país convidado da BTL – Bolsa de Tu-

rismo de Lisboa, e vai ocupar um grande

espaço no Pavilhão Internacional do Par-

que das Nações em Lisboa, mostrando o

que de melhor possui o país.

Numa ação consertada, a TAP vai trazer

um vasto conjunto de agentes de viagens

brasileiros a Lisboa para vender não só

o Brasil aos portugueses, mas também

para poderem vender Portugal aos brasi-

leiros. Além disso, a transportadora aérea

portuguesa também vai trazer um grande

número de agências de viagens europeias

tendo como objetivo proporcionar en-

contros de negócios para vender o Brasil

na Europa. Naturalmente com a TAP en-

quanto interligador aéreo entre os dois

continentes

O fato de o ano de 2012 ser o Ano de

Portugal no Brasil e o Ano do Brasil em

Portugal, permitirá segundo Marcelo Pe-

droso, «resgatar o relacionamento cultu-

ral entre os dois países, reforçar os laços

de identidade entre ambos e aproveitar

consequentemente as potencialidades

e as oportunidades que se abrem com a

comemoração deste importante evento

entre os dois países irmãos», sublinhou o

responsável do turismo brasileiro presen-

te em Viseu. ‹

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Janeiro 2012 | País €conómico › 1110 › País €conómico | Janeiro 2012

› GRandE PLano

Eugénio Fernandes, Diretor Comercial da euroAtlantic, apresentou novo contrato com canadianos

da Sunwing para trazer 7.500 turistas daquele país a Lisboa, Porto e outras cidades europeias

Euroatlantic é um ator aéreo global

A euroAtlantic anunciou numa reunião com jornalistas no âmbito do Congresso da

APAVT em Viseu o acordo estabelecido com a empresa Sunwing, que trará nos primeiros

três meses deste ano cerca de 7.500 turistas canadianos a várias cidades europeias,

incluindo Lisboa e Porto. Eugénio Fernandes, Diretor Comercial da euroAtlantic, esteve

em Viseu em representação de Tomaz Metello, presidente da companhia portuguesa

de avião, e sublinhou o contributo que este conjunto de turistas poderão ter para

a economia das duas maiores cidades portuguesas. O responsável da euroAtlantic

aproveitou o momento para referir outras novidades da atividade da empresa a nível

mundial, e sublinhou a sua convicção de que o aeroporto de Beja poderá constituir uma

alternativa à Portela em Lisboa no que ao parqueamento de aeronaves diz respeito.

tExto › JORGE ALEGRIA | FotoGRaFia › JOãO AzEVEDO

nos primeiros três meses do presente ano, a euroAtlantic

airways (EAA) vai realizar 12 voos turísticos semanais,

utilizando aeronaves B767-300ER, para transportar

cerca de 7.500 turistas provenientes das cidades canadianas de

Toronto e Montreal, e que visitarão várias cidades europeias, in-

cluindo Lisboa e Porto. O acordo fechado pela euroAtlantic com

o operador turístico canadiano Sunwing, participado do operador

alemão TUI, repre-

senta, segundo do-

cumento assinado

por Tomaz Metello,

«um pequeno con-

tributo para o esfor-

ço do país, permite

a entrada de divisas

e agitar o consumo

nas nossas duas

grandes cidades».

Ainda segundo o presidente da euroAtlantic, «a EAA pode servir

de via junto da Sunwing para amanhã o Algarve ser divulgado

nos seus programas, os canadianos são consumidores de golfe de

excelência, pois o fator inverno obriga-os a viajar para campos no

exterior, temos uma das melhores ofertas mundiais, servidas por

uma hotelaria de excelência, um clima ameno, onde se joga golfe

enquanto chove ou neva noutros países».

Mas, enquanto divulgava esta novidade, a empresa pela voz de

Eugénio Fernandes apresentava também as novidades da euro-

Atlantic ter sido convidada para em Janeiro participar numa reu-

nião na cidade de Maputo, capital de Moçambique, tendo por ob-

jetivo a criação da LAM Internacional, companhia moçambicana

que pretenderá lançar-se nas rotas entre Maputo e as cidades de

São Paulo, Montevideu (Uruguai) e Beijing (China). Na ilha vizi-

nha de Madagascar, onde a euroAtlantic já possui uma operação

entre a ilha e o aeroporto parisiense Charles de Gaulle, a compa-

nhia portuguesa pondera colocar lá uma segunda aeronave.

A euroAtlantic tam-

bém foi convidada

para o projeto de

criar a TLA – Timor

Leste Airlines, mas

se assim acontecer,

segundo Eugénio

Fernandes, a com-

panhia portuguesa

será apenas parceira

e não está previsto a

sua entrada como accionista no mesmo.

Atualmente, a euroAtlantic possui oito aeronaves, uma das quais

faz o voo semanal entre São Tomé e Príncipe e Lisboa, cuja taxa

de ocupação, segundo informou Caetano Pestana, Diretor de Re-

lações Exteriores da companhia portuguesa, ronda os 80%. Ainda

segundo este responsável, após as obras de beneficiação do ae-

roporto santomense, a euroAtlantic pondera colocar em serviço

uma aeronave de 40/50 lugares para distribuir passageiros vindos

da capital portuguesa e que pretendam deslocar-se para outros

países africanos vizinhos. ‹

dR. aRsÉnio LEitE

Tenho uma ideia para criar um tipo de lâmina a ser usada na indústria de vidro que permitirá in-crementar drasticamente a exatidão de corte de vidro. Para tal necessitarei de construir uma fá-brica de raiz, a que corresponde um investimen-to de cerca de 2 milhões de euros. Dada a restri-ção existente ao nível da concessão de crédito bancário, pretendia obter apoios comunitários. Poderei candidatar-me ao QREN?RESPOSTASe a lâmina a criar possuir um elevado perfil diferenciador face aos demais produtos existentes no mercado destinados ao corte de vidro, existe a possibilidade do seu projeto se en-quadrar no SI Inovação.No SI Inovação são elegíveis os investimentos de natureza produtiva, isto é, os equipamentos sem os quais a empresa não poderia prestar os seus serviços, a maquinaria de produ-ção do produto inovador. São ainda apoiados investimentos complementares ao fabrico deste novo produto, nomeada-mente, equipamentos para outros departamentos não dire-tamente produtivos, informática e software, instalação de sis-temas de energias renováveis, aquisição de patentes, criação de website, projetos de arquitetura, planos de marketing e despesas com promoção internacional (aluguer de equipa-mentos e espaços de exposição, presença em feiras interna-cionais do sector).Os critérios de elegibilidade são, entre outros:• Encontrar-se legalmente constituído e cumprir as condi-

ções legais necessárias ao exercício da respetiva atividade;• Possuir a situação regularizada face à administração fiscal,

à segurança social e às entidades pagadoras dos incenti-vos;

• Apresentar uma situação económico-financeira equilibra-da, isto é, um rácio de autonomia financeira pré-projeto não inferior a 20%, para o caso de grandes empresas, e de 15% para o caso de PME;

• Assegurar pelo menos 25% dos custos elegíveis com recur-sos próprios ou alheios, que não incluam qualquer finan-ciamento estatal;

• Financiar o projeto com pelo menos 20% de capitais pró-prios ou apresentar uma autonomia financeira pós-projeto mínima de 20%;

• Corresponder a uma despesa mínima elegível de € 150 000;

Ter uma duração máxima de execução de dois anos;• Apresentar viabilidade económico-financeira e contribuir

para a melhoria da competitividade da empresa promo-tora.

No último concurso, foram estabelecidos critérios de elegibi-lidade adicionais ao nível da exigência na orientação para os mercados externos, no impacto do investimento no ativo da empresa e na estratégia de internacionalização. Os projetos com despesa elegível inferior a 1,5milhões de euros apenas se poderiam candidatar à dotação empreendedorismo quali-ficado, sendo que o investimento máximo elegível na dotação geral foi de 25 milhões de euros.A taxa base de apoio é de 45%, podendo beneficiar de ma-jorações consoante a dimensão da empresa (20pp para pe-quenas empresas e 10pp para médias empresas), inserção em EEC (10pp se se enquadrarem no âmbito de um cluster/EEC) ou se existir empreendedorismo feminino ou jovem (10pp se os sócios forem mulheres ou jovens até 35 anos que de-têm pelo menos 50% do capital e sejam sócios-gerentes por 2 anos). Este apoio tem a natureza de subsídio reembolsável (empréstimo sem juros e com prazo de 6 anos e 3 anos de ca-rência de capital) existindo a possibilidade de até 75% deste subsídio se converter em fundo perdido.No que respeita à questão do enquadramento do projeto num cluster/EEC, é de referir que a CAE do projeto (25732 – fabrico de ferramentas mecânicas) é uma das CAE incluídas no âmbito sectorial do Pólo de Competitividade e Tecnologia Engineering & Tooling. Uma das tipologias de investimento elegíveis por este cluster/EEC no último concurso do SI Ino-vação foi a produção de peças maquinadas de alta precisão e exatidão, sendo que a lâmina inovadora que pretende criar poderá enquadrar-se nesta tipologia. Outras tipologias elegíveis foram, entre outras:Conceção e fabrico de moldes ou ferramentas para processa-mento de novos materiais;• Conceção e produção de moldes inteligentes e com incor-

poração de soluções de mecatrónica; • Processos e métodos de fabrico inovadores decorrentes da

introdução de novas tecnologias de maquinagem ou mani-pulação de superfícies;

• Processos inovadores visando Sistemas de Produção Fle-xível;

• Empresas de base tecnológica, cuja atividade seja a área da maquinação de componentes de alta precisão e/ou produ-ção de microcomponentes/ moldes.

www.sibec.pt [email protected] 228 348 500

si inovação

consuLtóRioFundos comunitáRios

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Janeiro 2012 | País €conómico › 1312 › País €conómico | Janeiro 2012

› GRandE PLano

José Arimateia, Presidente da Comissão Executiva da Visabeira Turismo, aponta estratégia de consolidação em Portugal e Moçambique, mas admite aproveitar oportunidades para crescer

vamos abrir restaurante em Lisboa

A Visabeira Turismo ganha cada vez mais visibilidade no sector turístico português

e moçambicano. Em Portugal devido ao forte portefólio de unidades turísticas, de

restauração e animação e lazer que possui na região centro do país, em Moçambique pelo

desenvolvimento na área hoteleira e mais recentemente pela atribuição de requalificar

uma área importante do Parque Nacional da Gorongosa. José Arimateia, Presidente da

Comissão Executiva da Visabeira Turismo, em entrevista à País €conómico, explica

a estratégia de consolidação do desenvolvimento dos activos do grupo, não deixando

de admitir o potencial interesse em novas unidades, admitindo algumas hipóteses em

Portugal, França, Angola e Moçambique. Certo será a abertura na próxima Primavera de

um restaurante em Lisboa próximo do Castelo de S. Jorge.

tExto › JORGE ALEGRIA | FotoGRaFia › CEDIDAS PELA VISAbEIRA tuRISMO

O Grupo Visabeira ganhou recentemente a incumbência de re-qualificar o Acampamento de Safaris de Chitengo, no Parque Nacional da Gorongosa, em Moçambique. Qual vai ser o inves-timento e qual a importância na estratégia turística do grupo em Moçambique?Antes de mais permita que lhe diga que para o Grupo Visabeira

e para a cadeia Girassol Hotéis é uma enorme honra e um enor-

me desafio este novo projecto. Sentimo-nos lisonjeados pelo facto

do Ministério do Turismo de Moçambique e do Projecto de Res-

tauração da Gorongosa terem escolhido o Grupo Visabeira para

requalificar e gerir

o Acampamento de

Safaris de Chitengo.

Pela frente temos o

enorme desafio de

dotar o espaço das

infra-estruturas ne-

cessárias e adaptá-lo

às necessidades actu-

ais com renovações e

novas instalações de

alojamento e equi-

pamentos turísticos,

para catapultar de

novo Chitengo e

Gorongosa a uma

posição histórica

como um dos princi-

pais Parques Nacionais na África. O Acampamento de Safaris do

Chitengo foi inicialmente construído em 1941 e, durante muitos

anos, acolheu milhares de turistas oriundos de todo o mundo que

queriam visitar o famoso Parque Nacional da Gorongosa.

Para o Grupo Visabeira passar a apresentar no seu portefólio esta

nova unidade turística assume, por um lado, a abertura a um novo

segmento de negócio – o ecoturismo/aventura, por outro surge

em complemento à oferta que já temos com os hotéis da cadeia

Girassol. Aumenta a nossa presença no território e diversifica

geográfica e conceptualmente a nossa oferta. Quanto ao inves-

timento, estimamos

aplicar cerca de 2 mi-

lhões de dólares.

Ainda em Moçam-bique, através dos hotéis Girassol, a Visabeira Turismo projecta novas uni-dades turísticas? Em que cidades? E quais os investi-mentos previstos?Para já posso adian-

tar que estamos a

projectar um novo

hotel de cidade, em

Tete, que deverá

estar concluído em

2013. Será uma unidade pensada na óptica do turismo de negó-

cios, com 129 quartos e com um investimento na ordem dos 20

milhões de dólares, criando cerca de 80 empregos directos. Es-

tamos ainda a estudar a construção de outros hotéis em outras

cidades, nomeadamente na Beira. Para breve contamos arrancar

com o primeiro resort de praia, na costa moçambicana.

Para além de Moçambique, a Visabeira Turismo perspectiva realizar nos próximos anos outros investimentos turísticos em África? Para já estamos com a operação turística em Moçambique, país

que tem um enorme potencial turístico permitindo ter uma oferta

diversificada (negócios, praia, ecoturismo e aventura). Para além

de existirem várias oportunidades, outro dado importante é que

as autoridades moçambicanas têm tomado um conjunto de ini-

ciativas no sentido de promover o turismo (nomeadamente no

que respeita à facilidade de obtenção de vistos). Adicionalmente

o Grupo Visabeira tem em Moçambique uma enorme capacida-

de instalada o que nos permite crescer com relativa facilidade, se

comparado com outros países.

Estes três factores fazem com que a nossa prioridade seja Moçam-

bique pois, tal como referido, permite-nos rapidamente ter um

portefólio de opções bastante completo. No entanto, continuamos

atentos a outras oportunidades, nomeadamente, em Angola e na

Europa com especial interesse em França onde o Grupo já está

envolvido em operações significativas na área das telecomunica-

ções.

consolidar os investimentos efectuadosNesta última década, a Visabeira Turismo realizou importantes investimentos na região centro, com particular incidência no concelho de Viseu. Qual é neste momento o portfólio do grupo na região centro?A Visabeira Turismo é a sub-holding do Grupo Visabeira e na área

detém diversas empresas que abrangem a hotelaria, a restauração,

o desporto e serviços dentro do sector, em Portugal e em Moçam-

bique.

Os Empreendimentos Turísticos Montebelo (ETM) gerem os ho-

téis em Portugal através da cadeia Montebelo Hotels & Resorts:

Montebelo Viseu Hotel & Spa, Montebelo Aguieira Lake Resort

& Spa, na Barragem da Aguieira (Mortágua), Hotel Casa da Ín-

sua (Penalva do Castelo), Hotel Palácio dos Melos e Hotel Prínci-

pe Perfeito, ambos em Viseu. Sob a gestão dos ETM estão ainda

o Montebelo Golfe – campo de 27 buracos localizado em Viseu,

bem como o Montebelo Hípico. O Montebelo Golfe tem sido pal-

co de inúmeros torneios dos quais destacamos o Expresso BPI

Golf Cup, Alcatel/Lucent, Pousadas/Mercedes, projecto Drive da

Federação Portuguesa de Golfe, Ordem de Mérito do Clube de

Golfe de Viseu e o Montebelo/ Carlsberg, entre outros. O Comple-

xo Desportivo Príncipe Perfeito, em Viseu, é outra das unidades

Casa da Insua

Restaurante Girassol Indy

Page 8: carlos Gomes Júnior - · PDF fileJaneiro 2012 | País €conómico › 1 Língua portuguesa é o cimento agregador Domingos Simões Pereira, Secretário-geral da CPLP, sublinha que

Janeiro 2012 | País €conómico › 1514 › País €conómico | Janeiro 2012

› GRandE PLano

de desporto e lazer. É um espaço multifuncional que integra um

parque aquático, piscinas interiores e exteriores, courts de ténis,

pavilhão desportivo, academia de golfe e um parque radical. A

academia de golfe desenvolve actividade na área de formação de

novos jogadores em parceria com o Clube de Golfe de Viseu.

Na área da restauração, a Visabeira Turismo tem diversas unida-

des que são geridas pela empresa Ródia. Estão neste caso os Res-

taurantes Forno da Mimi, Rodízio Real, Rodízio do Gelo, Pedro

dos Leitões e Cervejaria Antártida. Ainda em Viseu a Ródia é a

responsável pela exploração do Expocenter/ Forno da Mimi, um

centro de congressos/ eventos com capacidade até 2000 pessoas,

local onde se realizou o jantar oferecido pela Travelport/Galileo

no âmbito do Congresso da APAVT. Este é também o local onde

realizamos, anualmente, o jantar dançante “Os Melhores Anos”,

um dos acontecimentos mais mediáticos e prestigiados na cena

musical nacional. Outra das mais reconhecidas marcas é o Bar

de Gelo Viseu, espaço integralmente construído com gelo prove-

niente de glaciares do Canadá. Este espaço localizado no Palácio

do Gelo Shopping constitui um pólo de atracção turístico, nome-

adamente para os mercados nacional e espanhol de proximidade.

O leque de empresas da Visabeira Turismo completa-se ainda com

a Movida e a Mundicor. A Movida é a empresa que assegura o

management do Palácio do Gelo Shopping e os negócios ligados à

animação turística situados neste empreendimento. Destacamos

aqui o Forlife, complexo de desporto, bem-estar e lazer, 20 mil

metros quadrados em que se enquadram uma piscina olímpica,

a única pista de gelo activa durante todo o ano no país, ginásios,

squash, saunas, banho turco e uma sala de cardio fitness equipada

com equipamento de top mundial. A Mundicor é uma agência de

viagens com três unidades de negócio complementares: viagens

de negócios, Eventos/Congressos e Lazer. A missão da Mundicor é

cada vez mais, ser um consultor de viagens, devidamente prepara-

do para abordar as necessidades de um cliente exigente.

Restaurante em LisboaNa região, está previsto nos próximos anos alguns novos inves-timentos no sector turístico?Para já estamos numa fase de consolidar as apostas que fizemos

com a criação das unidades que elenquei anteriormente. A nossa

filosofia assenta na melhoria constante dos nossos serviços, no

acrescentar de valências a algumas das unidades como aconte-

ceu durante 2011 com a construção das piscinas exterior do Hotel

Casa da Ínsua e interior do Montebelo Aguieira.

O nosso objectivo a curto e médio prazo passa, primordialmente,

pela execução de práticas e políticas orientadas para a satisfação

do cliente, especialmente a nível da relação preço/ qualidade/ ser-

viço.

E noutras regiões do país? Existem notícias que apontam para a possibilidade da Visabeira Turismo investir em unidades de res-tauração e turismo em Lisboa, Porto e Figueira da Foz Tal como já referi, a Visabeira Turismo está sempre atenta a opor-

tunidades de investimento. Temos em curso estudos para ver

quais serão as melhores apostas. Queremos, naturalmente, crescer

com a construção de raiz ou através de gestão de unidades já edifi-

cadas. As zonas que apontou são apetecíveis. Mas, como disse, no

capítulo da hotelaria não temos nada em concreto.

Já na restauração vamos iniciar a exploração de um restauran-

te em Lisboa. Trata-se de um espaço em pleno centro histórico

da capital junto ao Castelo de S. Jorge. Será um restaurante com

esplanada panorâmica no topo do Parque de estacionamento do

Chão do Loureiro e deverá abrir na próxima Primavera.

congresso da aPavt foi muito importanteQual será o volume de negócios da Visabeira Turismo em 2011? Aumentaram os resultados face a 2010?Em 2010 o volume de negócios foi de 40 milhões de euros, es-

tando previsto encerrar o ano de 2011 com 41 milhões de euros.

Como avalia o facto do Congresso da APAVT se ter realizado em Viseu, onde as estruturas da Visabeira Turismo assumiram uma relevância e protagonismo muito acentuado?Sendo o Congresso da APAVT um dos mais importantes que se

realizam no sector obviamente que é foi uma mais-valia não só

para a Visabeira Turismo, como operador privado, mas também

para toda a Região Centro que deverá, sem margem para dúvidas,

beneficiar a curto e médio prazo, com este acontecimento.

Reunir em Viseu agentes de viagens, operadores turísticos, com-

panhias aéreas e jornalistas da especialidade, entre muitos outros

intervenientes oriundos de diversos países, foi uma oportunida-

de, diria, quase única, para darmos a conhecer as nossas unidades.

O facto do Congresso se ter realizado no Montebelo Viseu Hotel &

Spa foi um sinal claro da capacidade que temos em receber uma

iniciativa como esta e que pode catapultar, ainda mais, este tipo

de eventos, que para nós são, felizmente, uma parcela importante

do negócio.

Uma vez que a Visabeira Turismo detém empresas e actividades

tão variadas como aquelas que já foram aqui mencionadas, esta

foi uma forma de quem “vende destinos” conhecer in loco a reali-

dade turística, cultural e social desta região.

Permita que dê um exemplo concreto de algo que nos deixa mui-

to orgulhosos. Remeto para a cerimónia de encerramento do

Congresso da APAVT que decorreu no Salão Príncipe da Beira

no Hotel Casa da Ínsua, em Penalva do Castelo. Antes do jantar,

os Congressistas e acompanhantes tiveram a oportunidade de co-

nhecer um pouco do interior do hotel de charme, numa visita

pelas principais áreas do solar do Século XVIII. A visita despertou

o interesse de muitas dessas pessoas para voltarem e desfrutarem

das capacidades e facilidades do hotel. Tivemos, a propósito, mui-

tas referências nesse sentido com perguntas sobre as reservas e

condições de alojamento.

Não queria deixar, entretanto, de sublinhar o empenhamento ex-

traordinário da Entidade Regional de Turismo Centro de Portugal,

da Câmara Municipal de Viseu e dos patrocinadores privados as-

sociados ao congresso, cuja contribuição foi decisiva para a reali-

zação deste Congresso. ‹

Montebelo Hotel spa em Viseu Montebelo golfe

Page 9: carlos Gomes Júnior - · PDF fileJaneiro 2012 | País €conómico › 1 Língua portuguesa é o cimento agregador Domingos Simões Pereira, Secretário-geral da CPLP, sublinha que

17 › País €conómico | Janeiro 201216 › País €conómico | Janeiro 2012

antónio mELo PiREsO Director Geral da Autoeuropa é o primeiro português a dirigir a fábrica de Palmela e comemorou em Dezembro os 20 anos do arranque da construção de uma unidade industrial estratégica para o desenvolvimento de Portugal nas últimas duas décadas. Assim fique pelo menos mais outras duas décadas. ‹

Luís FiLiPE viEiRaO Presidente da Promovalor lançou a primeira pedra de um hotel Sheraton no Brasil, dentro de um grande investimento turístico e residencial no resort Reserva do Paiva. O empresário (e presidente do Benfica) prepara-se também para investir em África, nomeadamente em Moçambique, numa aposta crescente da internacionalização da empresa. ‹

assunção cRistasA Ministra da Agricultura e do Mar conseguiu uma importante vitória nas negociações em Bruxelas ao garantir um aumento de seis por cento nas quotas de pesca atribuídas a Portugal para o presente ano de 2012. O aumento de exportações em vários setores agrícolas, como o vinho, pêra rocha e azeite, credibilizam a atuação da governante. ‹

› a aBRiR

João duarteO CEO da YoungNetwork acaba de

ser nomeado presidente do clube de

empreendores Homo Faber Clube de

Portugal, quatro anos depois da sua

fundação. O novo presidente aposta

num mandato de maior participação dos

empreendedores, a uma maior visibilidade

e numa aposta de internacionalização

empresarial. ‹

Yann horrentÉ o novo Director Administrativo e

Financeiro da GEFCO Portugal. O novo

elemento do operador logístico será

responsável pela organização, coordenação

e gestão das actividades administrativas e

financeiras da filial portuguesa. ‹

Luís chibelesÉ o novo colaborador comercial da

CilNet, tendo como principais funções

a prospecção de clientes, de potenciais

oportunidades de negócios, manutenção e

a expansão da actual carteira de clientes,

bem como as actividades comerciais de

desenvolvimento. Possui certificações

obtidas na Cisco e Alcatel-Lucent. ‹

subindo na Pirâmide

› notícias

Nova School of Business and Economics (Nova SBE) novamente distinguida internacionalmente

“melhor Escola do ano”

a Nova School of Business and Economics (Nova SBE) ganhou o prémio mais

prestigiado da rede de escolas de gestão CEMS, ao ser eleita como a “Melhor

Escola do Ano”, o que acontece pela segunda vez consecutiva.

Segundo João Amaro de Matos, diretor-geral da CEMS e sub-diretor da Nova SBE para

a internacionalização, «a importância da Nova tem crescido dentro da rede, que a escola

foi escolhida de novo este ano». O responsável da escola portuguesa adiantou que «foi o

grupo das melhores escolas de cada país que escolheu a Nova», pois apesar deste apenas

pertencer à rede desde 2007, a escola portuguesa já faz parte de cinco comités que coor-

dena a CEMS.

O responsável da Nova SBE lembrou também que no ano passado «concorremos pela pri-

meira vez a estes prémios, dos oito, ganhámos três primeiros prémios e quatro segundos

prémios e trouxemos ainda o prémio de “Melhor Escola do Ano”».

A rede CEMS, segundo declarações recentes do seu presidente e diretor da escola Saint

Gallen, «gera valor para os estudantes, que têm um excelente mestrado em gestão inter-

nacional e uma experiência internacional e intercultural, para os parceiros empresariais

que têm acesso aos melhores estudantes e às melhores universidades». ‹

Ministro da Economia de Timor-Leste apela a mais investimento português no seu país

ministro agradeceu apoio do município de Paredes

O Ministro da Economia e do Desenvolvimento de

Timor-Leste, João Mendes Gonçalves, encontrou-se

em Paredes com o edil local, Celso Ferreira, para lhe

agradecer o contributo que o município e diversos

empresários do concelho da Rota dos Móveis têm

prestado ao desenvolvimento daquele país de

língua oficial portuguesa. Mas, o ministro timorense

quer mais investimento português no seu país,

sublinhando que Timor-Leste «pode muito bem vir

a ser a ponte de acesso asiático para as pequenas e

médias empresas portuguesas».

Em 2006 o Município de Paredes tomou uma iniciativa inovadora e que consistiu

no contributo para a criação da primeira unidade industrial de raiz do setor imo-

biliário em Timor-Leste, designado como Centro Tecnológico de Baucau – Rota

dos Móveis. Em meados de Dezembro, o Ministro da Economia e Desenvolvimento de Ti-

mor-Leste, João Mendes Gonçalves, foi a Paredes agradecer ao edil Celso Ferreira o apoio

no que considerou «um dos melhores e mais entusiasmantes exemplos de cooperação

entre os dois países».

Aliás, o ministro timorense logo acrescentou que estava em Paredes para «desafiar o seu

presidente a organizar uma missão empresarial a Timor-Leste já no próximo ano». Esta

foi a segunda vez que João Mendes Gonçalves esteve em Paredes no espaço de um ano,

pois no âmbito da Conferência de Doadores por Timor, que o Município de Paredes orga-

nizou em Outubro passado, segundo Celso Ferreira, «no total, superámos os três milhões

de euros, numa resposta que superou as nossas melhores expetativas, já reunimos uma

lista muito diversa de equipamentos, bens e serviços, incluindo ofertas de formação no

valor de um milhão de euros». O autarca de Paredes desafiou ainda para que «outros mu-

nicípios portugueses possam replicar de futuro este modelo de cooperação com Timor-

-Leste em outros setores da atividade económica».

Celso Ferreira aproveitou a visita do ministro para sublinhar que Timor-Leste é um país

ainda com muitas necessidades, mas que está a crescer a um ritmo elevado, oferecendo

oportunidades em múltiplos setores de atividade». ‹

terminal xxi com 5º pórticoNo âmbito do plano de expansão do Porto de Sines foi já colocado no cais o 5º pórtico

super-post-panamax, tratando-se de um equipamento de última geração que permite um

alcance de 22 fiadas de contentores a bordo dos navios, estando assim vocacionado para

operar os megacarriers de última geração inseridos nas principais rotas marítimas inter-

continentais, bem como os de 16.000 e 18.000 TEU que agora estão a ser construídos.

Oferecendo já um cais de acostagem com 730 metros de comprimento e fundos de 17,5

metros, o Terminal CCI contará ainda em 2012 com um 6º pórtico de caraterístias simila-

res ao 5º, preparando-se, assim, para continuar a crescer e a reforçar o posicionamento de

Portugal na rota dos principais fluxos de mercadorias entre as grandes regiões do globo. ‹

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Janeiro 2012 | País €conómico › 1918 › País €conómico | Janeiro 2012

› GRandE EntREvista

Domingos Simões Pereira, Secretário Executivo da CPLP

«a nossa força está na Língua Portuguesa

A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) foi criada em 17 de Julho de

1996, há  precisamente 15 anos e ao longo da sua existência ela tem sido o elo de

ligação estreita entre os seus Estados membros: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-

Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, nomeadamente na

preservação da Língua Portuguesa, que constitui, sem dúvida, a sua maior força. Em

entrevista que concedeu à PAÍS€ECONÓMICO, Domingos Simões Pereira, Secretário

Executivo da CPLP recorda o percurso desta organização em domínios como a Educação,

Saúde, Ciência e Tecnologia, Defesa, Agricultura, Administração Pública, Comunicações,

Justiça, Segurança Pública, Cultura, Desporto, e até ao nível da Comunicação, deixando

bem claro que a Língua Portuguesa tem sido a âncora de suporte e orientação de todo

o trabalho até agora levado a cabo no seio da CPLP. «A Lingua Portuguesa é a nossa

âncora maior, o nosso cimento agregador», destacou Domingos Simões Pereira.tExto › VALDEMAR bONACHO | FotoGRaFia › RuI ROCHA REIS

concorda quando se afirma que a

Língua Portuguesa é a grande força

da CPLP? Domingos Simões Perei-

ra não hesitou na resposta. «Em relação à

Língua Portuguesa não tenho a menor dú-

vida. A CPLP foi criada com o propósito de

congregar os Estados membros, permitir

o reconhecimento da língua comum que

partilham, estruturas que foram aprimo-

radas com a vivência comum através de

todo um conjunto de traços que também

são comuns, e que permitiram através dos

tempos desenvolver estratégias de relacio-

namento, cooperação internacional e de

ligação a outros organismos internacio-

nais. Mas sempre lembrando que o ponto

de partida é a Língua Portuguesa. Esta é

a nossa âncora maior», referiu o Secretá-

rio Executivo da CPLP para, a propósito,

acrescentar ainda que em relação à Língua

Portuguesa e à Cultura não tem quaisquer

dúvidas de que são dois factores de im-

portância transcendente dentro da CPLP,

sempre discutidos e abordados com a ac-

tualidade que se deseja e se impõe.

Tem sido fácil para si desempenhar esta

missão? «Eu diria que não sido fácil nem

difícil. Eu diria simplesmente que este

tem sido um trajecto que me obrigou a

muita aprendizagem, um projecto dife-

rente, muito enriquecedor. Compreender

as especificidades dos Estados, compre-

ender as diferentes dinâmicas, conseguir

agregar os Estados à volta de agendas

comuns e a partir daí permitir que aquilo

que a CPLP faz seja relevante para todos,

tem sido realmente um exercício muito

rico e muito interessante para mim. Quan-

do deixar este meu cargo na CPLP já saio

daqui bastante mais Lusófono e convenci-

do da relevância deste projecto», reconhe-

ce Domingos Simões Pereira, nascido em

Farim, Guiné-Bissau em 1963, e Secretário

Executivo da CPLP desde a VII Conferên-

cia de Chefes de Estado e do Governo re-

alizada em Lisboa a 25 de Julho de 2008.

Mas é pena que ainda haja gente que não

pensa assim, do conteúdo lusófono de um

projecto como a CPLP. Domingos Simões

Pereira fez uma breve pausa, e reagiu com

muita convicção. «Não sei se é pena, mas

seria bom que mais gente pensasse assim.

Digo isto porque precisamos também de

outras vozes que nos alertem de modo a

que todos os dias possamos renovar os

desafios e possamos dar-lhes mais intensi-

dade. Mas eu compreendo bem o sentido

da questão porque de facto por vezes é

lamentável constatar que há pessoas que

esgotam todo o seu manancial, todo o seu

potencial só para encontrarem elementos

que contrariem este projecto. Aí, realmen-

te, eu penso que desperdiçamos recursos,

que não são abundantes. Temos muito

potencial junto da nossa Comunidade, e

era bom que apesar das críticas, que são

saudáveis, as pessoas também dedicassem

um bocado delas próprias à Comunidade.

Ficaríamos todos mais enriquecidos», co-

mentou o Secretário Executivo da CPLP,

que também é Engenheiro Civil e In-

dustrial pelo Instituto de Engenharia de

Odessa, ex-URSS, (Ucrânia), e Mestre em

Ciências da Engenharia Civil pela Univer-

sidade da Califórnia.

Domingos Simões Pereira garantiu que os

objectivos que norteiam a acção da CPLP

estão a ser conseguidos. Como é que tem

visto a cooperação entre os Estados mem-

bros aos níveis não só da Educação, da

Saúde, da Ciência e da Tecnologia, como

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Janeiro 2012 | País €conómico › 2120 › País €conómico | Janeiro 2012

› GRandE EntREvista

também aos níveis da Agricultura, da Ad-

ministração Pública, e outras áreas impor-

tantes. Como é que tem visto estas acções?

Com optimismo ou com preocupação?

Progresso na cooperação entre Estados membros«Em alguns momentos com preocupação,

mas na maioria dos casos com optimismo

e com muita convicção de que estamos

a progredir e que vamos chegar a bom

porto. Mas há pressupostos que temos de

levar em linha de conta quando fazemos

este tipo de avaliação. Em primeiro lugar,

quando a CPLP foi criada em 1996 os Esta-

dos membros encontravam-se, alguns, em

fase diferente, quase embrionária. E os

objectivos e as expectativas eram muito

diferentes de Estado para Estado. O que

quer dizer que, ao mesmo tempo que está-

vamos a tentar criar uma organização que

congregasse todos, alguns estavam mais

concentrados na própria estruturação do

seu aparelho de Estado. Era uma corrida a

duas velocidades. Uma velocidade interna

de consolidação das estruturas nacionais,

outra internacional no sentido de trazer

algum contributo ao espaço internacional.

O que quero eu dizer com isso? Para al-

guns Estados a agenda que é levada para

o espaço multilateral é aquela que já está

consolidada a nível interno. Para outros

Estados o espaço multilateral é um espaço

complementar e, portanto, tudo o que tem

dificuldades em ser implementado a nível

interno é levado à análise e consideração

do espaço multilateral. Por isso era preciso

que houvesse algum tempo para a matu-

ração dessas ideias, até que finalmente pu-

déssemos verificar que em todas as áreas

definidas existem mecanismos de coope-

ração. Neste momento, quer estejamos a

falar de Educação, da Defesa e Segurança,

da Justiça, dos sectores Económicos, do

Empresariado, temos mecanismos de co-

operação», esclareceu Domingos Simões

Pereira, que a propósito desta problemá-

tica avançaria com dois exemplos muito

concretos.

segurança alimentar e a cimeira de maputo«O primeiro exemplo concreto tem a ver

com o Plano Estratégico de Cooperação

para a Saúde. Em dois anos foi possível

estabelecer uma estratégia, acordar essa

estratégia com todos os países, apresen-

tar a estratégia à Organização Mundial

de Saúde, instalar uma Escola Técnica em

Cabo Verde que hoje já está a formar pes-

soas e a reciclar técnicos no domínio da

Saúde. Mas temos vindo a trabalhar nou-

tros domínios, como é o caso concreto do

Ambiente, mas eu preferia nesta altura de

falar da Componente Alimentar. Estamos

a trabalhar no sentido de congregar os

Estados e a partir daí podermos avançar

para uma estratégia comum para a Se-

gurança Alimentar. Podemos apresentar

esse documento à FAO, já demos conta

dessa intenção aos Estados membros,

e vamos trabalhar no sentido de que na

próxima Cimeira de Maputo a realizar em

2012 se possam aprovar indicações muito

concretas sobre esta matéria», anunciou o

Secretário Executivo da CPLP.

a cPLP atenta à crise globalNuma altura a que se assiste a uma crise

profunda à escala global, que papel es-

sencial poderá a CPLP desempenhar na

contribuição para minimizar esta mesma

crise?

O Secretário Executivo da CPLP não se

esquivou à pergunta, dizendo desde logo

que procura acompanhar de perto a evo-

lução desta situação. «Estamos a acompa-

nhar a situação e a tentar compreendê-la

melhor», começou por dizer, para depois

ir mais ao fundo da questão.

«Nós vamos ter nos próximos tempos,

provavelmente em Fevereiro de 2012,

dois momentos que nos irão ajudar cer-

tamente a compreender melhor como é

que a CPLP se posiciona em relação a esta

situação da crise. Vamos ter um encontro

de peritos da área Económica para apre-

sentar em cada um dos Estados membros

uma reflexão sobre a situação económica

global. Este é o papel que a CPLP pode de-

sempenhar e vamos ter dois Presidentes

da República que a convite da CPLP irão

comentar as resoluções que vão sair desse

encontro de peritos. Mas até lá, aquilo que

nos tem sido dado observar permite-nos

concluir que, primeiro, ainda não há uma

posição concertada da CPLP em relação

à crise. Nós verificamos que por exem-

plo o Brasil é visto como uma economia

próspera e em franco desenvolvimento.

O Brasil é uma situação especial em todo

este contexto. Portugal está no centro de

uma grande turbulência europeia que

todos nós acreditamos que será ultrapas-

sada. Os Estados Africanos estão, a meu

ver, demasiado concentrados no risco da

redução das verbas disponíveis para in-

vestimento público. Perante este cenário

o caminho é reconhecer que temo-nos de

preparar porque os próximos tempos vão

ser difíceis e em função disso vai haver

uma redução substancial dos recursos dis-

poníveis para investimento público», ilus-

trou o Secretário Executivo da CPLP que

ainda se pronunciaria sobre o que pensa

desta crise global.

«Eu devo estar verdadeiramente protegi-

do pela minha própria ignorância sobre

estas questões. Mas a minha convicção é

que estamos a ver a crise numa perspec-

tiva errada. Acho até que esta crise tem

vindo a ser analisada numa perspectiva

errada, que é concentrar-se num espaço

financeiro e pretender que mecanismos

financeiros produzidos na Europa pos-

sam realmente resgatar as ideologias. Ora

eu considero que se conseguirmos retirar

Portugal desse contexto, a CPLP podere-

mos representar uma oportunidade histó-

rica em todos os limites. Portugal tem um

conhecimento dos nossos países que pou-

cas sociedades europeias têm. Um estudo

recente do Instituto Camões demonstra

que 17 por cento do PIB português depen-

de de regalias ligadas à Língua Portugue-

sa, deixou bem vincado Domingos Simões

Pereira.

Esta a sugerir também uma viragem de

Portugal para os Palop´s? O Secretário

Executivo da CPLP não podia ser mais

claro. «Eu estou não só a sugerir não só

uma viragem ao Atlântico Sul, mas estou

sobretudo a sugerir que a resposta sobre

a questão da crise, seja uma resposta eco-

nómica e não uma resposta exclusivamen-

te financeira. Isto não é uma descoberta

minha, porque alguns economistas já

abordaram esta questão. Mas, repito, esta

é a meu ver uma visão correcta», refere

Domingos Simões Pereira que aproveitou

o ensejo para lembrar que se repararmos

o que tem sido a economia americana e

a economia europeia nos últimos dez ou

vinte anos, «os grandes impulsos com

base económica vieram da área da infra-

-estruturas e da imobiliária. Hoje, na Eu-

ropa, esses produtos são produtos de es-

peculação. São produtos especulativos»,

lembra para prosseguir com o seu racio-

cínio.

china pode representar risco?«Um europeu que hoje procura uma casa,

não é se calhar por precisar de uma casa,

mas sim por saber que provavelmente nos

próximos anos poderá vendê-la e ganhar

dinheiro. Ora a partir do momento em

que a confiança no mercado e a capacida-

de de ele fazer dinheiro com esse produto

desaparecem, ele não vai comprar. Basta

olhar para outros quadrantes, como o qua-

drante africano para constatar que esses

produtos continuam a ser necessidades

básicas. Quem me diz que África não é

suficientemente estável para merecer es-

ses investimentos, eu respondo que não

conhece os mecanismos internacionais

de mediação dos riscos. Quem me diz que

falta investimento, que faltam recursos

para investir nesses mercados eu respon-

do dizendo que não vai imaginar que a

China faz essas coisas de forma gratuita.

Acho que em vez de andarmos a alertar

as economias africanas para o risco que

a China pode representar, nós devíamos

era, em conjunto, sermos capazes de pro-

duzir uma alternativa ou a solução para

essas situações.

Mas como já vos disse, vamos ter em breve

um encontro de peritos da área económica

onde estas questões serão exaustivamente

discutidas e estudadas, e esperamos todos

que igualmente os Presidentes da Repú-

blica convidados pela CPLP para estarem

presentes neste encontro nos ajudem a

esclarecer melhor esta questão», justifi-

cou o Secretário Executivo da CPLP, que

fecharia esta entrevista que gentilmente

concedeu à P€, com mais uma declaração

pertinente.

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Janeiro 2012 | País €conómico › 2322 › País €conómico | Janeiro 2012

› GRandE EntREvista

«Defendemos que em vez de Portugal se

posicionar no fundo da crise que esta a

alastrar-se pela Europa, Portugal deveria

estar na crista da onda, a apontar as so-

luções. E uma dessas soluções passa por

atacar aquelas economias que têm espaço

de progressão, e que a Europa não ataca

porque não as conhece. A Alemanha não

conhece África, a Alemanha não conhece

a América do Sul. Não deixa de ser curioso

que agora se ponham em causa os acordos

que foram estabelecidos em Lisboa (Trata-

do de Lisboa).

É para mim curioso e porquê? Já disse

isto, e repito. O erro do Tratado de Lisboa

foi porque se ficou pelas declarações po-

líticas.

Mas todos assinaram. Por isso eu digo

que Portugal está bem posicionado para

liderar o processo de identificação de no-

vos horizontes de progressão económica

e tem de assumir essa posição. Se o deve

assumir em parceria com a Espanha ou

com outras nações da Europa, nada digo

porque essa é uma área onde não sou

especialista e como tal não me vou pro-

nunciar. Mas afirmo que Portugal é um

interveniente sério, mas é importante que

nunca seja visto como um pedinte», con-

clui o Secretário Executivo da CPLP. ‹

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Carlos Gomes Júnior, Primeiro-Ministro da Guiné-Bissau, sublinha clima de pacificação e estabilização do país, aponta os recursos de desenvolvimento e convida ao investimento

Guiné-Bissau tem grande potencial para os investidores portugueses

O Primeiro-Ministro da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Júnior, concedeu uma entrevista

exclusiva à País€conómico, onde traçou o percurso recente do país, nomeadamente

o processo de estabilização política e de segurança, mas adiantou as vastas reformas

implementadas para desenvolver económica e socialmente este país de língua

portuguesa na África Ocidental. O chefe do governo guineense quer que Pedro Passos

Coelho visite brevemente a Guiné e apela aos empresários portugueses para investirem

no país, como fez ainda há poucos dias perante o presidente da AIP e uma comitiva

empresarial portuguesa.tExto › JORGE ALEGRIA | FotoGRaFia › CORtESIA APAVt

A Guiné-Bissau é muitas vezes notícia a nível internacional pela instabilida-de política e problemas de segurança, nomeadamente por conflitos entre for-ças militares. Como o Senhor Primeiro--Ministro avalia o momento presente em termos de estabilidade política e de segurança do país?A questão da insegurança é um desafio

real da nossa governação. Contudo, de-

pois do grave incidente de 1 de Abril de

2010, o país tem estado tranquilo, e não

se verificaram sobressaltos de nature-

za militar, nem de ordem política, o que

nos tem permitido prosseguir a reforma

do sector de Defesa e Segurança, crucial

para a estabilidade institucional e para o

desenvolvimento nacional. O Parlamento,

actualmente reunido na sua última sessão

plenária deste ano, acabou de aprovar o

Orçamento Geral do Estado para 2012.

O Governo entrou praticamente no últi-

mo ano do seu mandato, que esperamos

cumprir até finais de 2012. Será um facto

inédito, uma vez que desde a instauração

do multipartidarismo, no início dos anos

90, até aqui, nenhum Executivo guineen-

se conseguiu cumprir a totalidade do seu

mandato. A nível diplomático, os parcei-

ros que mostraram alguma reserva em

relação à situação político-militar guine-

ense, casos da União Europeia e dos Es-

tados Unidos da América, estão a mudar

gradualmente de atitude. A nossa coope-

ração com Bruxelas está em vias de estar

normalizada.

Em vários momentos, responsáveis dos países integrantes da CPLP têm mani-festado o seu interesse em contribuir para a estabilidade política da Guiné--Bissau. Em que medida a comunidade internacional, e em particular a CPLP, tem contribuído para a melhoria dos ní-veis de relacionamento político interno na Guiné-Bissau?O papel dos nossos parceiros externos é

imprescindível neste processo e todo o

apoio é bem-vindo. Como é do vosso co-

nhecimento, a ONU tem desde o conflito

político-militar de 1998/99 em Bissau uma

estrutura, agora denominado Gabinete In-

tegrado das Nações Unidas para a Conso-

lidação da Paz na Guiné-Bissau, o UNIO-

GBIS, que tem, entre outros atributos, o

mandato de promover o diálogo nacional

inclusivo e o reforço das instituições do

Estado. A organização mundial disponibi-

lizou ainda um Fundo de Consolidação da

Paz que presta um valioso contributo no

apaziguamento do país e contamos com

o seu apoio para a realização de uma con-

ferência de alto nível para a mobilização

de fundos com vista a implementar a re-

forma da segurança. Por seu lado, a comu-

nidade dos países de língua portuguesa,

por razões óbvias, sempre esteve do nosso

lado na década de turbulência. E hoje, a

CPLP continua a sua assistência solidária

à Guiné-Bissau, que até foi reforçada sob a

presidência de Angola, que não tem pou-

pado esforços para consolidar a estabilida-

de política no país. Provavelmente ainda

em Dezembro de 2011 vamos assinar

um memorando de entendimento com

a CPLP e com a CEDEAO, a mais impor-

tante comunidade político-económica da

nossa área geográfica, a África Ocidental,

que certamente contribuirá para tornar a

reforma da segurança irreversível.

Primeiras eleições autárquicas em 2012Do ponto de vista da consolidação e de-senvolvimento da democracia no país, como avalia o processo que tem sido seguido na Guiné-Bissau e o que enten-de ainda ser necessário evoluir nesse desenvolvimento e consolidação demo-cráticos?A democratização da nossa sociedade

começou de facto com as primeiras elei-

ções multipartidárias, em 1994. É um pro-

cesso que não parou, tem os seus altos e

baixos, porque a democracia não se faz

com decretos e a cultura democrática leva

gerações para se enraizar. A maioria das

instituições democráticas já existe, mas

precisa ser desenvolvida e consolidada.

Até porque o país passou por uma dolo-

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Janeiro 2012 | País €conómico › 2726 › País €conómico | Janeiro 2012

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rosa e destruídora guerra civil. Por isso

temos na agenda a realização, em Janeiro

de 2012, de uma conferência de reconci-

liação nacional, que vem sendo preparada

desde 2010 com a auscultação das diferen-

tes sensibilidades, a fim de identificar os

mecanismos e decisões a tomar para ultra-

passar os traumas dos conflitos, reforçar

a coesão social e colocar a Guiné-Bissau

no caminho do progresso. A democracia

necessita também de uma base económi-

ca sólida, porque sem desenvolvimento

vamos caminhar para um beco sem saí-

da. Por isso a paz e a segurança são fun-

damentais para nós. Nesta conjuntura,

constituem factores de competitividade,

porque os investimentos que criam rique-

za e o bem-estar requerem um ambiente

sereno e o funcionamento das institui-

ções. Paralelamente, temos de promover a

participação popular na vida democrática,

com maior implicação das zonas rurais

neste processo, que não se pode limitar

apenas à capital. Por isso, o orçamento do

próximo ano já prevê a institucionaliza-

ção do poder local, com a realização das

primeiras eleições autárquicas. Depois de

quase duas décadas de multipartidarismo,

convém repensar o nosso sistema políti-

co e o funcionamento dos partidos, para

colocá-los em sintonia com os desafios ac-

tuais. Nesta perspectiva, o papel da justiça

é crucial, por isso está em curso a reforma

deste sector, onde se assinala, entre outras

medidas, a entrada em funcionamento

dos Centros de Acesso à Justiça. Também

vai ser revista a Constituição da República

e foi reforçado o papel da Comissão Nacio-

nal dos Direitos Humanos.

Normalmente é entendível que não existe verdadeira democracia política sem a existência de desenvolvimento económico e social. O que é que o actual Governo a que Vossa Excelência preside tem levado por diante no plano do forta-lecimento da economia e da sociedade do seu país? Quando entrámos em funções focalizá-

mos o esforço de governação na estabili-

zação do país, no saneamento das contas

públicas e no melhoramento do ambiente

de negócios. E os resultados saltam hoje à

vista. Apesar dos surtos de violência em

2009, conseguimos preservar a unidade

nacional e o funcionamento das institui-

ções, após a realização das eleições presi-

denciais antecipadas. E estamos em vias

de fazer história, ao entrarmos no quarto

ano de mandato, o que nenhum Governo

conseguiu desde a instauração do multi-

partidarismo na Guiné-Bissau, há cerca de

20 anos. Graças às reformas da governa-

ção económica e da gestão das finanças

públicas conseguimos atingir o ponto de

conclusão do programa do Fundo Mone-

tário Internacional (FMI) de redução da

dívida dos Países Pobres Altamente Endi-

vidados (HIPC), que conduziu ao perdão

de mais de 80% da nossa dívida externa

multilateral e que foi imitado por alguns

dos nossos parceiros bilaterais. Logramos

regularizar os salários em atraso na Fun-

ção Pública e já implementámos várias

medidas do programa de modernização e

maior profissionalismo da Administração

Pública. Outra iniciativa importante con-

cluída nesta governação é a elaboração

do Documento de Estratégia Nacional de

Redução da Pobreza (DENARP II), que

traça o rumo de desenvolvimento do país

de 2011 a 2015, cuja formulação teve por

suporte o inúmero trabalho de recolha

de estatísticas económicas e sociais, no-

meadamente o III Recenseamento Geral

da População e da Habitação em 2009, os

IV Inquéritos aos Indicadores Múltiplos

MICS e o II Inquérito Ligeiro para a Ava-

liação da Pobreza (ILAP). Demos também

um forte impulso ao melhoramento do

abastecimento de energia e fornecimento

de água potável na capital e nas regiões.

Foi reforçada a capacidade de produção

e de distribuição de electricidade, com a

aquisição de geradores mais potentes e o

início da construção de uma nova central

não longe de Bissau. Está em curso a am-

pliação dos depósitos de água e a reestru-

turação da empresa pública de Electricida-

de e Água, enquanto se prepara a abertura

deste sector à iniciativa privada, nomea-

damente através de parcerias públio-pri-

vadas. Outra fonte adicional de energia

eléctrica a mais longo prazo é a rede hi-

droelectrica da Organização de Aproveita-

mento do Rio Gâmbia (OMVG) de que a

Guiné-Bissau faz parte. Esperamos que os

resultados destas medidas se farão sentir

mais claramente nos próximos anos. No

que toca ao ambiente de negócios, acele-

rámos e facilitámos os mecanismos para

a criação e registo de empresas, através da

instituição do Centro de Formalização de

Empresas, o que valeu ao país um salto de

cinco lugares no índice de Doing Business

2012 do Banco Mundial. Procedemos à

revisão do Código de Investimento, com

incentivos mais favoráveis à atracção de

investimentos. Sinal da nossa preocupa-

ção com o desenvolvimento económico

e social é o Orçamento do Estado para

2012, aprovado em meados de Dezembro.

A infraestruturação do país beneficiou de

maior dotação orçamental, com 14,19%,

seguido pela Educação, Agricultura e Saú-

de. As verbas da Secretaria de Estado do

Ambiente registraram um aumento de

cerca de mil por cento.

Fortes investimentos na agriculturaA Guiné-Bissau possui inegáveis poten-cialidades nas áreas agrícola e piscató-ria, no fundo em todo o sector primário. Quais são as políticas prosseguidas para desenvolver esse grande potencial? A agricultura e as pescas estão identifica-

das no DENARP II como sectores porta-

dores de crescimento, com um impacto

considerável na nossa estratégia de segu-

rança alimentar e de redução da pobreza.

A agricultura é o pilar da economia na-

cional e a principal fonte de rendimento

para mais de 85% da nossa população.

Este ano foi validado o Programa Nacio-

nal de Investimento Agrícola (PNIA), que

traça as prioridades para os próximos 15

anos. Alguns parceiros já se dispuseram

a comparticipar no seu financiamento. A

sua implementação promoverá um rápido

crescimento do sector. No domínio agríco-

la procuramos tirar maior partido da pro-

dução da castanha de caju, que representa

mais de 90% das nossas receitas de expor-

tação e emprega bastante mão-de-obra. Va-

mos promover a sua transformação local,

assim como de outros produtos frutícolas,

com a instituição do Fundo Nacional de

Promoção Industrial (FUNPI), que já tem

uma verba considerável a correr juros

em alguns bancos comerciais da capital.

Conseguimos ainda mobilizar fundos de

vários doadores que estão sendo aplicados

em projectos de apoio à produção popular

em quase todas as regiões e que vão mu-

dar a face do país nos próximos anos. Em

2012 arranca um projecto de cultura in-

tensiva de arroz com recursos a irrigação

na época seca. Aqui, a aposta é na cultura

do arroz local, a fim de reduzir a factura

da importação deste cereal e equilibrar a

balança de pagamentos.

Quanto ao desenvolvimento do sector

pesqueiro, um novo plano estratégico está

em vias de adopção, com um novo modelo

de gestão do sector. Também está quase

concluído um porto de pesca industrial

em Bissau, melhor apetrechado, e que

disporá de um laboratório para certificar

a qualidade do pescado, o que permitirá o

seu processamento local e exportação, no-

meadamente para a Europa. Fizemos um

esforço de maior controlo da pesca ilegal

nas nossas águas marítimas, com a cons-

trução de postos de fiscalização em zonas

estratégicas do território, nomeadamente

no arquipélago dos Bijagós. Em Novem-

bro foi lançado no país o Programa Re-

gional das Pescas, de dimensão regional,

com um financiamento de 8 milhões de

dólares por dez anos

No entanto, como país com potencial

agrícola, necessita das complementares

indústrias para a transformação dos

produtos. O que é que a Guiné-Bissau

tem feito para desenvolver a sua indús-

tria, nomeadamente com o apoio e in-

vestimentos de empresas estrangeiras? Já nos referimos à instituição do FUN-

PI, à revisão do Código de Investimento

mais incitativo e a criação do Guiché Úni-

co. Também aprovamos o decreto-lei de

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Janeiro 2012 | País €conómico › 2928 › País €conómico | Janeiro 2012

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simplificação de licenças e alvarás para o

início de actividades no domínio comer-

cial, industrial e do turismo, assim como

a lei das Parcerias Público-Privadas. Uma

nova Zona Industrial foi recentemente

delimitada em Ndame Tete, nos subúr-

bios da capital, com as respectivas vias

de acesso.

Possuindo uma localização privilegiada na costa ocidental africana, a Guiné--Bissau precisa do sector dos transpor-tes para se conectar com os restantes países da região, bem como com os ou-tros continentes. Como avalia as actuais infra-estruturas portuárias e aeroportu-árias do país, assim como o que se afigu-ra de mais urgente em termos de novas infra-estruturas?A criação de infra-estruturas económicas

de base em diferentes sectores da eco-

nomia, designadamente nos transportes

portuários e aeroportuários, é uma das

nossas apostas. Sendo o porto de Bissau

fundamental para o comércio com o exte-

rior, beneficiou durante o nosso mandato

da reabilitação das suas infraestruturas

e equipamentos de movimentação de

carga. Os métodos de gestão do porto de-

vem mudar, com vista a melhorar o seu

desempenho operacional e reduzir as suas

tarifas, a fim de puder competir com os

países vizinhos. Temos em vista contruir

um novo terminal portuário na região de

Biombo, a oeste da capital. Adquirimos

dois navios de transporte de passageiros

e de carga, que permitiram restabelecer a

ligação com o sul do país e as zonas in-

sulares e que poderão inclusive realizar

viagens para os países vizinhos.

A nível do transporte aéreo, já no próximo

ano deverá começar a operar uma trans-

portadora nacional. Entretanto, a Royal

Air Maroc iniciou dois voos por semana

entre Bissau e Casablanca, o que veio au-

mentar as possibilidades de ligação com

outros destinos mais longínquos.

turismo com grande potencialExistem notícias recentes de intenções para o desenvolvimento turístico no país, onde o potencial também é signi-ficativo. Qual é a estratégia do Governo

para desenvolver o turismo na Guiné--Bissau?O turismo, apesar das suas enormes po-

tencialidades, em termos de diversidade

cultural, da fauna e da flora, ainda é um

sector economicamente embrionário.

Contudo, está identificado como uma área

estratégica, susceptível de gerar riqueza

e emprego em grande escala, sobretudo

entre as camadas mais pobres da popu-

lação. Além da adopção de uma visão es-

tratégica do sector, em fase de elaboração,

temos em vista a capacitação dos actores

desta fileira, a criação de infra-estruturas

de acolhimento e promoção de sistemas

de financiamento e de investimento nesta

área.

O desenvolvimento do turismo é uma

das actividades previstas no Eixo III do

DENARP II, relativo à promoção do de-

senvolvimento económico durável nos

próximos cinco anos.

O vizinho estado de Cabo Verde desen-volveu muito o turismo devido às liga-ções aéreas com Portugal e depois com outros países. Para atingir patamares de desenvolvimento turístico aproximados, não considera importante aumentar as ligações aéreas da Guiné-Bissau com Portugal e também com outros países europeus? O aumento das ligações aéreas com Portu-

gal é desajável, se permitir melhor serviço

e baixar as tarifas das passagens. A nossa

abertura é total neste domínio.

Empresários portugueses invistam na Guiné-Bissau!Considera satisfatórias as relações polí-ticas, económicas e empresariais entre a Guiné-Bissau e Portugal? Que novas me-didas poderão ser levadas a efeito pelos dois países para incrementar ainda mais esse relacionamento? As nossas relações são excelentes a todos

os níveis, mas precisam ser incrementa-

das. Por isso convidei o primeiro-ministro

português a vir à Guiné-Bissau. Nenhum

chefe de Governo português visitou o

nosso país desde a abertura política, já lá

vão duas décadas. Um grupo de 12 em-

presários portugueses, conduzidos pelo

presidente da AIP passou uma semana

em Bissau em Dezembro e a minha men-

sagem foi que venham investir na Guiné,

que utilizem o nosso país como base de

negócio com a sub-região oeste-africana.

Desde a abertura do Guichet Único foram

criadas cerca de 30 empresas com capitais

portugueses.

Que apelo poderia efectuar aos empre-sários portugueses, bem como a muitos profissionais portugueses qualificados para apostarem na Guiné-Bissau para instalarem empresas e aí trabalharem? O mercado europeu está saturado e a crise

da dívida não ajuda. Portugal aposta na

exportação e na internacionalização da

sua economia. Partilhamos a mesma lín-

gua. Temos proximidade geográfica, laços

históricos e afectivos antigos e sólidos.

Possuímos recursos naturais ainda quase

inexplorados.

Estamos a modernizar a nossa adminis-

tração pública e a melhorar o nosso am-

biente de negócio. Tudo isto cria uma ja-

nela de oportunidades nas mais variadas

áreas de negócio. O sector bancário é in-

cipiente, assim como o dos serviços. Por

isso, propomos que olhem para a Guiné-

-Bissau. Venham investir! Não o investi-

mento do contentor. Queremos que criem

empresas de direito local e exportem para

um amplo e dinâmico mercado da África

Ocidental e mesmo para a Europa, como

já fazem em Cabo Verde. Interessam-nos

investimentos produtivos, que fomentem

o emprego e desenvolvem o capital huma-

no.

Como perspectiva o futuro de médio e

longo prazo da Guiné-Bissau, enquadran-

do a evolução do país com a subida da sua

importância no concerto das nações?

A nossa visão do país é optimista. Temos

potencialidades turísticas e mineiras que

ainda estão por explorar. Se os nossos par-

ceiros nos apoiarem a concluir a reforma

do sector da Defesa, Segurança e Justiça, e

se em 2012 a mesa redonda para o finan-

ciamento do DENARP II corresponder às

expectativas, acho que estarão reunidas as

condições mínimas para o relançamento

definitivo do país, rumo ao desenvolvi-

mento. ‹

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Janeiro 2012 | País €conómico › 3130 › País €conómico | Janeiro 2012

› LusoFonia › Brasil

Continua a crescer o comércio entre Portugal e o Brasil

Quase nos 3 biliões de dólares

no final de Novembro, o total do comércio entre Portu-

gal e o Brasil atingiu a cifra de 2,6 biliões de dólares,

superando o recorde anual de 2008 quando o comércio

bilateral atingiu os 2,3 biliões de dólares. Só no mês de Novembro,

as empresas portuguesas exportaram para o Brasil 96,7 milhões

de dólares, enquanto as exportações brasileiras para Portugal atin-

giram apenas os 74,7 milhões de dólares. Este foi o terceiro mês

ao longo de 2011 em que Portugal conseguiu atingir um superávit

nas relações comerciais com o Brasil.

No acumulado dos primeiros onze meses de 2011, Portugal expor-

tou para o Brasil um total de 733 milhões de dólares, enquanto

importou do território brasileiro um total de 1,88 biliões de dó-

lares. Os principais produtos de exportação portugueses foram

o azeite (mais de 20%) seguido do bacalhau (cerca de 10%), do

vinho, das peras e dos sulfatos de minérios de cobre. Já no que res-

peita às importações do Brasil, elas incidiram sobretudo no petró-

leo (quase 55%), da cana do açúcar (mais de 7%), dos laminados

de ferro e aço e da soja. ‹

santa catarina incrementa relação com PortugalO Vice-Governador do estado brasileiro de Santa Catarina.

Eduardo Pinho Moreira, esteve no final do passado mês de

Novembro em Portugal, e aproveitou a ocasião para assinar

um memorando de entendimento com o Estado Português

tendo como objetivo a colaboração em matéria de moder-

nização administrativa e troca de tecnologia e conhecimen-

to. Do lado português, o acordo foi assinado pelo Secretário

de Estado Adjunto do Ministro dos Assuntos Parlamenta-

res, Feliciano Barreiras Duarte.

Acompanhando a visita do Vice-Governador a Portugal,

Espanha, França e Alemanha, esteve o Secretário do De-

senvolvimento Económico do governo catarinense, Paulo

Bornhausen, que destacou à margem da visita a experi-

ência em inovação de gestão de processos de Portugal e

a experiência tecnológica de Barcelona. Este responsável

sublinhou ainda que «Santa Catarina, por sua importância

económica no País e por sua liderança no empreendoris-

mo, está sendo escolhida como porta de entrada para os

europeus no mercado brasileiro». ‹

José Gravia foi um marco empresarialO empresário de origem por-

tuguesa que há 50 anos tinha

rumado ao Brasil em busca de

mais oportunidades para ser

bem sucedido na vida, faleceu

recentemente aos 76 anos. Ori-

ginário de Vila Nova de Ourém,

José Gravia estava radicado no

Brasil desde 1951, primeiro na

região de São Paulo, tendo ru-

mado depois a Brasília em 1958,

quando decorriam as obras de

construção da nova capital fede-

ral do país.

Entretanto, em 1961, em conjun-

to com o seu irmão Carlos, fundou a serralharia Gravia, empresa que

esteve na origem do maior grupo empresarial na área da metalurgia

do Centro Oeste, com sede na cidade de Anápolis, no estado de Goiás.

José Gravia foi distinguido com uma comenda pelo estado português,

e foi durante muitos anos um dos impulsionadores e patrocinador da

Associação Portuguesa de Brasília – Clube Português de Taguatinga. ‹

Ministro dos Negócios Estrangeiros chama todas as câmaras de comércio portuguesas espalhadas pelo mundo a Lisboa

diplomacia económica na agenda

o Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas,

convidou todos os presidentes das câmaras de comércio por-

tuguesas espalhadas pelo mundo para virem no próximo dia

13 do corrente a Lisboa, tendo como objetivo traçar estratégias para

estimular e desenvolver o comércio externo português.

Paulo Portas vai expor as principais directrizes da designada “nova di-

plomacia económica” com que o atual governo está a apostar forte para

estimular as exportações e captar mais investimento estrangeiro para

Portugal.

A reunião foi confirmada à País €conómico pelos presidentes das

câmaras de comércio portuguesas de Brasília e do Ceará, respetiva-

mente, Fernando Brites e Jorge Chaskelmann, tendo ambos mostrado

uma forte esperança de que as autoridades do país consigam melhores

resultados em 2012 e também que prestem mais atenção e apoio às

atividades desenvolvidas pelas câmaras de comércio portuguesas espa-

lhadas pelo mundo, sublinhando que as que existem no Brasil poderão

contribuir de forma decisiva para melhorar as relações comerciais en-

tre Portugal e o Brasil. ‹

sonae sierra vai inaugurar uberlândia shoppingA Sonae Sierra anunciou que vai inaugurar em Março deste ano o seu 11º shopping no

Brasil, concretamente o Uberlândia Shopping, situado na região do Triângulo Mineiro. O

novo centro representa um investimento de 62 milhões de euros e conta já com 89% dos

45.300 m2 da sua Área Bruta Local comercializada. Nos dois pisos, o centro acolherá 166

lojas satélite, 11 lojas de grande dimensão, 21 restaurantes, um hipermercado e 6 salas

de cinema. O espaço contará também com um parque de estacionamento para 2.400

automóveis.

Segundo Fernando Guedes de Oliveira, CEO da Sonae Sierra, «este é mais um importante

marco para a Sonae Sierra no Brasil, um dos nossos mercados-chave e onde já temos

10 centros em operação e mais dois em construção, que representam um investimen-

to toral de 255 milhões de

euros. Pretendemos con-

tinuar o crescimento da

nossa operação no Brasil

aproveitando a excelente

performance da economia

brasileira, e reforçar a posi-

ção da Sonae Sierra como

um dos principais plyers

do setor neste país». ‹

aicep e PLmJ abordam mercado angolanoA Aicep – Agência para o Investimen-

to e Comércio Externo de Portugal e a

sociedade de advogados PLMJ vão rea-

lizar nos próximos dias 9 e 10 do cor-

rente mês, dois workshops destinados

a empresários portugueses interessa-

dos em conhecer melhor a economia

angolana. O primeiro desses encontros

realizar-se-á no dia 9 na cidade do Porto

(Hotel Porto Palácio), enquanto no dia

10 acontecerá a sessão de Lisboa, no

caso, a acontecer na Culturgest (sede

da Caixa Geral de Depósitos). De re-

ferir que atualmente mais de sete mil

empresas portuguesas vendem para

Angola e cerca de 250 investem nesse

mesmo mercado. ‹

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Janeiro 2012 | País €conómico › 3332 › País €conómico | Janeiro 2012

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Ogma e EEA assinaram acordo com Embraer

Empresas portuguesas vão produzir componentes para o Programa Kc-390

sob o olhar atento do Ministro da Economia, Álvaro Santos

Pereira, e do Secretário de Estado do Empreendorismo,

Competitividade e Inovação, Carlos Oliveira, as empresas

portuguesas Ogma e EEA, assinaram contratos de parceria com a

Embraer Defesa, visando o desenho, prototipagem, construção e

fornecimento de partes estruturais para o avião KC-390.

Segundo fonte do Ministério da Economia, o acordo prevê que

Portugal, sob a coordenação da EEA – Empresa de Engenharia

Aeronáutica e através da CEIIA – Centro para a Excelência e

Inovação na Indústria Automóvel, o projeto de engenharia do

Profundor, Sponson e Portas do Trem de Aterragem Principal se

fabricará na Ogma, além desses três segmentos, a Fuselagem Cen-

tral da aeronave.

Na cerimónia da assinatura dos contratos, o presidente da Embra-

er Defesa, Luiz Carlos Aguiar, sublinhou que a «participação de

Portugal no KC-390, além de alargar e aprofundar os laços histó-

ricos de cooperação bilateral, representa uma porta de entrada do

KC-390 para o seleto mercado europeu». Por sua vez, o presidente

da Ogma, Almir Borges, referindo que esta «é uma oportunidade

única para a Ogma ser parceira da Embraer em um programa de

longo prazo com fornecimento de segmentos de alto valor agre-

gado». Segundo dados vindos a público, a Ogma realizará um in-

vestimento de 3,8 milhões de euros na aquisição de máquinas e

equipamentos para a sua fábrica de Alverca, de modo a responder

aos desafios da sua inserção neste projeto. A empresa admite que

este projeto possibilite a criação de 200 postos de trabalho.

O Secretário de Estado Carlos Oliveira efectuou o discurso oficial

referindo que este momento «atesta o talento existente em Portu-

gal e as competências e o know how das empresas nacionais, que

vão projetar, desenhar e testar componentes essenciais de um dos

aparelhos mais avançados do ponto de vista tecnológico», salien-

tando ainda que «quando se realizar o voo inaugural do KC-390

será a primeira vez que um avião voará com tecnologia desenha-

da, concebida, testada e fabricada em Portugal». De acordo com

os termos do programa, a produção do primeiro protótipo será

iniciada em 2013 e o voo inaugural está previsto para 2014. ‹

Galp e Petrobrás acordam “Formação avançada”A Galp Energia e a Petrobras assinaram no Rio de Janeiro um acordo de colaboração para o lançamento do “Programa

de Formação Avançada e de Investigação Conjunta em Geo-engenharia de Reservatórios”, que envolve três universi-

dades portuguesas e duas universidades brasileiras. O objetivo será desenvolver os quadros das duas empresas para

reforçar a eficiência na exploração de petróleos.

Entre as universidades portuguesas envolvidas no projeto contam-se a Universidade de Aveiro, o Instituto Superior

Técnico e a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, sendo responsáveis pelo desenvolvimento de aptidões

e métodos de investigação no domínio da geo-engenharia de reservatórios carbónicos. Presente no Rio de Janeiro, o

Ministro português da Educação, Nuno Crato, referiu que «este programa é um exemplo da ligação entre a universi-

dade e a indústria, e é o casamento perfeito entre os dois lados do Atlântico, entre a Petrobras e a Galp». ‹

Câmara de Comércio Brasil-Portugal Brasília discutiu com Sudeco desenvolvimento do Centro Oeste

muitos projetos para investir

a Câmara de Comércio Brasil-

-Portugal Brasília (CCBPB), lide-

rada pelo empresário Fernando

Brites, realizou em Dezembro um almoço

com o Diretor-Presidente da Superinten-

dência de Desenvolvimento do Centro

Oeste (Sudeco) Marcelo Dourado, que

teve a oportunidade de expor detalhada-

mente aos 26 empresários e membros do

Governo do Distrito Federal presentes, as

prioridades e os projetos que o organismo

pertencente ao Ministério da Integração.

Marcelo Dourado traçou os grandes objeti-

vos da Sudeco, realçando a construção de

grande infraestruturas, o apoio ao empre-

endorismo e o combate à pobreza extre-

ma. O gestor reconheceu as dificuldades

da região do Centro Oeste, mas preferiu

sublinhar o enorme potencial de desen-

volvimento e de inclusão social, realçando

os grandes projetos de infraestruturas que

estão previstos para serem construídos

em Brasília, nos 22 municípios do entor-

no e em toda a região que vai de Brasília a

Goiânia, capital do estado de Goiás e que

dista apenas 209 quilómetros.

Apontando um cenário promissor de

desenvolvimento económico para 2012,

Marcelo Dourado lembrou que neste ano

haverá mais de cinco biliões de reais (cer-

ca de dois mil milhões de euros) em linhas

de crédito oferecidas pelo Banco do Brasil

e pelo Banco de Brasília, totalmente des-

tinadas a empresas privadas, sendo que

o Fundo de Desenvolvimento do Centro

Oeste destinará mais de um bilião de re-

ais (cerca de 400 milhões de euros) para

a implantação de projetos de desenvolvi-

mento de infraestruturas como sejam a

privatização de aeroportos, o VTL Brasília-

-Luziânia, o anel viário em Brasília, o gaso-

duto São Paulo-Brasília, o Pólo Industrial

em Formosa, projetos de tratamento de

resíduos, além da construção de trechos

ferroviários e de um aeroporto de carga. ‹

carlos moedas em são PauloO Consulado de Portugal em São Paulo realizou na Fiesp um se-

minário designado “Oportunidades de Investimento em Portugal”,

onde para além de diversos empresários brasileiros, esteve o Se-

cretário de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro, Carlos Moedas.

Segundo o membro do governo português, o Brasil pode ensinar

bastante a ultrapassar as dificuldades por que passa a economia

portuguesa, tendo sublinhado que «estamos a pedir aos nossos

amigos que venham investir em Portugal. Queremos muito ver o

brilhantismo do empreendorismo brasileiro gerar frutos no nos-

so país». Para além das privatizações da EDP e da Galp no setor

energético, o governante português apontou as oportunidades de

entrada no capital da TAP e da ANA no setor aeroportuário. ‹

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Janeiro 2012 | País €conómico › 3534 › País €conómico | Janeiro 2012

› LusoFonia › Brasil

Enquanto António Pita de Abreu recebia uma grande distinção

EdP Brasil iniciou obras da Barragem no amapá

Em São Paulo, António Pita de Abreu, presidente da

EDP Brasil, recebia o prémio de líder do setor de ener-

gia, no âmbito do Prémio Líderes do Brasil 2011, em

votação realizada pelo jornal Brasil Econômico. Já no Amapá,

norte do Brasil, a elétrica iniciava as obras de construção da

Barragem de Santo António do Jari.

Na capital económica e financeira do país, António Pita de

Abreu referiu que «esta premiação é o reconhecimento da vi-

sibilidade atingida pela EDP no Brasil. O reconhecimento de

uma prática que, sendo baseada na ética, transparência e res-

peito aos colaboradores e aos clientes, tem conduzido a uma

significativa criação de valor económico». O gestor recebeu o

prémio no Palácio dos Bandeirantes, sede do Governo Estadu-

al de São Paulo.

Já no norte do território brasileiro, no estado do Amapá, a EDP

Brasil deu início às obras de constrição da Barragem de Santo

António do Jari, um investimento de 575 milhões de euros

para obter uma capacidade instalada de 373,4 MW, que pro-

duzirá energia suficiente para abastecer uma cidade com cerca

de três milhões e habitantes, seis vezes o número da cidade de

Macapá, a capital do Amapá. A conclusão da obra está prevista

para Dezembro de 2014 e a entrada em laboração comercial

logo em Janeiro de 2015. ‹

câmara Portuguesa do Rio de Janeiro lançou livroA Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa do Rio de

Janeiro lançou no passado dia 15 de Dezembro, em Lisboa, o

livro “A Outra Margem do Atlântico – A Câmara de Comér-

cio e Indústria do Rio de Janeiro e as relações comerciais

luso-brasileiras 1911-2011”. Este livro conta a história da

mais antiga câmara de comércio portuguesa no Brasil, que

no ano passado atingiu o seu primeiro centenário. O livro

foi lançado originariamente em Setembro por ocasião das

comemorações do centenário e conta a história do comér-

cio português no Rio de Janeiro ao longo do século passado

além de mostrar a importância da Câmara Portuguesa como

representante das relações económicas, sociais e políticas

entre o Brasil e Portugal, bem como o seu contributo para a

formação cultural e económica na sociedade carioca. ‹

cGi no Rio de JaneiroA consultora portuguesa CGI lançou recentemente no Rio

de Janeiro a primeira edição brasileira do Green Project

Awards, uma iniciativa originalmente criada em Portugal

para distinguir os melhores projetos de sustentabilidade e

ambiente do país. No Brasil, o período de candidaturas já

está a decorrer desde este mês de Janeiro e prolongar-se-á

até Março do presente ano. Em Abril as candidaturas serão

apreciadas por um júri presidido por Marilene Ramos, es-

tando prevista a cerimónia da entrega dos prémios para o

próximo dia 19 de Junho de 2012.

O Green Project Awards possui como objetivos essenciais

o de mobilizar a sociedade civil e as empresas em torno da

agenda da sustentabilidade, premiar e reconhecer boas prá-

ticas e dar visibilidade às entidades, pessoas e instituições

que identificaram oportunidades no apoio e promoção da

sustentabilidade. ‹

Aicep Capital Global, Caixa Capital e Mota-Engil Indústria e Inovação aprovaram primeiro projeto de internacionalização de uma PME

Peru é o primeiro destinoo projeto da Aicep Capital Global,

Caixa Capital e Mota-Engil In-

dústria e Inovação, destinado a

apoiar PME’s portuguesas a se internacio-

nalizarem fechou o seu primeiro contrato

tendo em vista a constituição de uma joit-

-venture para o Peru na área da metalome-

cânica com a Solargus.

De acordo com Arnaldo Figueiredo, Ad-

ministrador da Mota-Engil, os mercados

que as empresas mais têm procurado são

essencialmente Angola, Brasil, Polónia,

República Checa, Peru e Moçambique.

Já José Manuel Carrilho, administrador

da Caixa Capital, referiu que o apoio

prestado às PME’s passará sempre pela

tomada de uma posição minoritária nas

sociedades que venham a ser constituí-

das, entrando no capital por um período

de três ou quatro anos que é considerada

a fase mais crítica da internacionalização.

No caso da joint-venture com a Solargus,

estas três entidades detém 49% do capital

da empresa no projeto peruano. ‹

Enotel amplia resort em Porto de GalinhasO grupo hoteleiro madeirense Enotel prepara-se para avançar já este mês com

as obras de ampliação do resort Enotel Porto de Galinhas, no estado brasileiro

de Pernambuco, um investimento avaliado em cerca de 100 milhões de euros e

que deverá estar pronto em Outubro de 2013.

Segundo o diretor responsável pelos novos projetos do grupo Agostinho Ar-

raias, a ampliação significará na prática construir um novo hotel no hotel já

existente, pois esse aumento significará a adição de mais 440 apartamentos, um

novo parque aquático e a ampliação do centro de convenções já existente no

local. Mas, Agostinho Arraias explicou ao Jornal do Commercio de Pernambuco

que haverá uma segunda etapa na ampliação e que consistirá na construção de

mais 300 unidades na área do resort, o que elevará a oferta hoteleira do Enotel

Porto de Galinhas para 1.088 apartamentos, mais do triplo dos atuais 348.

Ainda segundo o responsável do grupo português, «não é pela Copa do Mundo,

que é importante, mas representa apenas dois meses no calendário de ocu-

pação. São as projeções de que em cinco anos o Brasil esteja entre as cinco

maiores nações do mundo e Pernambuco cresce mais que o País», sublinhou. ‹

sinuta investe em são PauloA Sinuta, empresa com sede no concelho de Estarreja,

vai avançar na construção de uma unidade industrial

próxima de São Paulo, no Brasil, num investimento

estimado em cinco milhões de euros, possibilitando

a produção anual de 1,2 milhões de parabólicas, um

setor em forte crescimento no mercado brasileiro.

Segundo referiu Diamantino Nunes, administrador da

empresa, ao Jornal de Negócios, o objetivo da empresa

é deter cerca de 25% do mercado brasileiro de para-

bólicas. A perspetiva atual do líder da Sinuta é que

o mercado brasileiro permita à empresa de Estarreja

duplicar as atuais vendas em três anos, alcançando en-

tão cerca de 40 milhões de euros anuais. O empresário

referiu que já possui uma encomenda para o Brasil em

2012 de 200 mil antenas, mas espera atingir este ano

neste mercado as 500 mil antenas parabólicas. ‹

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Janeiro 2012 | País €conómico › 3736 › País €conómico | Janeiro 2012

Luís Filipe Vieira e Tiago Vieira, Presidente e Administrador da Promovalor, levam cadeia hoteleira de luxo para a Reserva do Paiva em Pernambuco (Brasil)

investimento de 45 milhões de euros

A portuguesa Promovalor e a brasileira Odebrecht Realizações Imobiliárias, uniram-se

para concretizarem um ambicioso projeto turístico e imobiliário na Reserva do Paiva, a

apenas 14 quilómetros da cidade de Recife, capital do estado brasileiro de Pernambuco.

Luís Filipe Vieira e Tiago Vieira, respetivamente, Presidente e Administrador da

Promovalor, estiveram ao lado do Governador de Pernambuco, Eduardo Campos,

no lançamento da primeira pedra do futuro Sheraton Reserva do Paiva Hotel and

Convention Center, um investimento direto de 45 milhões de euros e que se integra num

investimento mais vasto da dupla luso-brasileira de 186 milhões de euros naquela região

do nordeste brasileiro. tExto › JORGE ALEGRIA | FotoGRaFia › CEDIDAS PELA PROMOVALOR

Eram 9.00 horas da manhã do dia

9 de Dezembro quando o Gover-

nador de Pernambuco, Eduardo

Campos, colocou simbolicamente a pri-

meira pedra do futuro Sheraton Reserva

do Paiva Hotel and Convention Center,

um investimento de grande porte levado

a efeito pela Promovalor e pela Odebrecht

Realizações Imobiliárias. O futuro Shera-

ton tem abertura prevista para Março de

2014 e implicará um investimento de 45

milhões de euros.

› LusoFonia › Brasil

Construído junto a uma das praias

mais bonitas do nordeste brasileiro,

o Sheraton Reserva do Paiva de cin-

co estrelas disporá de 289 quartos,

incluindo 21 suites júnior e 7 Deluxe

Suites. Contará também com SPA,

um exclusivo Club Lounge no último

andar, além de um Beach Club. O ho-

tel disporá igualmente de 120 lugares

de estacionamento privativo.

Por outro lado, uma marca distintiva

consistirá no seu moderno Centro de

Convenções com mais de 2.800 m2 de

área num único pavimento, incluindo

dois ballrooms de 800 m2 e 400 m2.

Esta grande estrutura poderá albergar

2.100 pessoas, sendo a maior e mais

bem equipada do nordeste brasilei-

ro. Se considerarmos a proximidade

do porto de Suape (14 km) e outros

tantos da própria cidade de Recife, ve-

rifica-se o quão importante será este

Centro de Convenções para o turismo

de negócios de Pernambuco.

Tiago Vieira referiu na ocasião que

«este é o primeiro investimento do

Grupo Promovalor no Brasil e a es-

colha recaiu sobre a Reserva do Paiva

porque o projeto tem um conceito

inovador e claramente diferenciador,

além de gozar de uma localização

com um enquadramento natural úni-

co». Referindo-se concretamente ao

projeto hoteleiro que marcava a oca-

sião, o gestor português referiu que

«nós escolhemos a marca Sheraton

para ser nossa parceira neste projeto,

pelo reconhecimento global e longa

história que a marca tem aqui no

Brasil, para assim introduzir na área

metropolitana do Recife um novo

pólo de turismo, de convenções e de

lazer».

Para além do futuro hotel Sheraton, o

projeto desenvolvido na terceira fase

da Reserva do Paiva integra também

a construção de um condomínio re-

sidencial de apartamentos e o maior

centro de negócios do Estado, com-

posto por torres empresariais e um

open mall com oferta de comércio e

serviços. ‹

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Janeiro 2012 | País €conómico › 3938 › País €conómico | Janeiro 2012

› EmPREsaRiado

Francisco Murteira Nabo, Presidente da Galp Energia, sublinha que o Brasil será o maior mercado produtor de petróleo a nível mundial da companhia portuguesa e garante interesse na prossecução de projeto de biocombustíveis em Moçambique

sempre defendi uma aposta forte de Portugal na Lusofonia

Francisco Murteira Nabo é desde há sete anos o Presidente do Conselho de

Administração da Galp Energia, embora sem funções executivas. Representando o

Estado português na administração da petrolífera, o gestor de 72 anos com um currículo

invejável na sociedade portuguesa, desde a sua passagem por Ministro do Equipamento

até ao de Presidente da PT, sublinhou em entrevista à País€conómico que o Brasil

assumirá naturalmente no final da presente década como o maior mercado produtor a

nível mundial de petróleo no portfólio da Galp Energia, atingindo então uma produção

de 100 mil barris diários. Por outro lado, realce também para a garantia da prossecução

do projeto de produção de matéria-prima para biocombustíveis em Moçambique, através

de uma parceria com a Petrobras, e que se estende ao Brasil, não apenas na exploração

petrolífera, mas também ao nível dos biocombustíveis. Entretanto, questionado enquanto

cidadão de qual o modelo que mais gostaria de ver ser seguido na privatização em

curso de empresas portuguesas, Francisco Murteira Nabo, sublinhou que gostaria de

ver uma preferência � caso as propostas se apresentem em termos de igualdade � por

parceiros europeus ou provenientes de países lusófonos, mormente do Brasil e de

Angola. Já quanto ao futuro do país, acredita que a União Europeia vai reforçar a sua

união e solidez, pelo que acredita na capacidade de simultaneamente Portugal conseguir

reforçar-se e afirmar-se melhor tanto no contexto europeu como no plano global.

tExto › JORGE ALEGRIA | FotoGRaFia › RuI ROCHA REIS

A Petrogal Brasil, subsidiária da Galp Energia, alienou recentemente uma per-centagem do seu capital aos chineses da Sinopec. Qual é a importância da entra-da do novo accionista para o reforço da capacidade de atuação da empresa no Brasil?A Galp Energia estava confrontada com

uma forte necessidade de financiamento,

tanto para si própria, como para suportar

os elevados investimentos que o projeto

em curso no Brasil, e que prosseguirá até

ao final da presente década com investi-

mentos em novos poços petrolíferos. Por

outro lado, a empresa não gera, nem ge-

rará nos anos mais próximos, os recursos

suficientes para atender a todas essas ne-

cessidades de investimento e expansão de

capacidades produtivas.

Por conseguinte, deparou-se-nos duas

hipóteses: ou fazíamos um aumento de

capital na holding, ou vendíamos uma

parte importante da nossa participada no

Brasil. A opção recaiu nesta segunda hi-

pótese, com a venda de uma percentagem

da nossa subsidiária no Brasil à empresa

chinesa Sinopec, uma empresa prove-

niente da própria indústria petrolífera,

e não um fundo financeiro, logo, acredi-

to que conseguimos um bom parceiro e

que contribuirá futuramente não apenas

para o reforço da capacidade financeira

da empresa como para conseguirmos de-

senvolver os ambiciosos projetos em que

estamos envolvidos.

Qual será a importância do Brasil nos próximos anos para a Galp Energia?É verdade que a Galp Energia já atua em

várias partes do Mundo, mas indiscutivel-

mente que o Brasil assumirá o principal

papel na estratégia seguida pela empresa

desde há vários anos e que se posicionou

crescentemente como uma empresa pro-

dutora de petróleo e já não apenas refi-

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Janeiro 2012 | País €conómico › 4140 › País €conómico | Janeiro 2012

› EmPREsaRiado

nadora e distribuidora como acontecia

antigamente.

Se é verdade que atualmente apenas ex-

traímos petróleo de dois campos, esti-

mamos que no final da presente década

com a entrada em exploração de outros

campos petrolíferos, a nossa produção no

Brasil atinja os 100 mil barris diários, ou

seja, uma produção que permitirá garantir

o abastecimento de cerca de um terço das

necessidades de consumo nacional.

Para atingir esse nível de produção, de quanto é que prevê necessário investir no Brasil por parte da Galp Energia?A previsão aponta para um investimento

anual na ordem dos 500 milhões de euros,

pelo que se compreende que em face des-

tas necessidades de investimento durante

praticamente uma década, a empresa ti-

nha de encontrar uma solução sólida de

financiamento e penso que encontramos

o parceiro adequado.

Do outro lado do Atlântico, Angola cons-tituiu o primeiro passo na internaciona-lização da produção petrolífera da Galp. Qual é o peso atual de Angola, bem como a expetativa de evolução no país?Até há pouco tempo, Angola representava

a quase totalidade da nossa atividade de

extracção petrolífera. Com a entrada em

funcionamento da produção brasileira, e

sobretudo com a expetativa de crescimen-

to exponencial dessa produção, o peso de

Angola tenderá naturalmente a diminuir

no portfólio da Galp Energia, embora con-

tinue a ser um espaço importante e a que

damos imensa importância e atenção.

Rumando ainda mais para leste, mas igualmente no continente africano, mais propriamente em Moçambique, a empre-sa a que preside assinou no ano passado um protocolo com a brasileira Petrobras tendente à produção no país de matéria--prima para a produção de biocombustí-veis. Em que ponto é que está esse pro-jeto?O projeto avançou em termos de concep-

ção, embora no que respeita à sua imple-

mentação esteja um pouco atrasado no

calendário previsto.

Este projeto é muito ambicioso, necessi-

ta de um espaço muito considerável de

terras para a plantação da matéria-prima

com a qual produziremos o biocombus-

tível e temo-nos deparado com algumas

resistências por partes de pessoas que ge-

ram a componente agrícola do país.

Gostaria de frisar que os promotores do

projeto não são agricultores, pelo que es-

tamos empenhados em realizar parcerias

com os moçambicanos de modo a que se-

jam eles a produzir as oleaginosas de que

necessitamos.

Para além de Moçambique, também obte-

remos matéria-prima produzida no Brasil

e gostaríamos futuramente de incluir An-

gola nessa estratégia. Como é conhecido,

a produção do próprio biocombustível de

segunda geração ocorrerá em Sines e par-

te dessa produção será exportada para o

mercado europeu.

moçambique tem potencial no gás naturalEntretanto, ainda em Moçambique, foi anunciado recentemente a descoberta de importantes poços de gás natural, onde a Galp Energia poderá vir a partici-par na sua exploração. É assim?Em Moçambique já estamos na área pe-

trolífera em parceria com a ENI (n.d.r. a

ENI é um dos principais accionistas da

Galp Energia). Confirmo, de fato, que

recentemente foi avaliado um grande

potencial do país na área do gás natural,

mas ainda estamos no início do processo

para garantir de forma absolutamente fir-

me que vamos extrair importantes quan-

tidades de gás. É possível, mas isso não

acontecerá antes de decorrer os próximos

cinco anos.

Ainda mais para leste, mas já no Pacífico, a Galp também já está em Timor-Leste. O que esperam da vossa presença no mais longínquo país de língua portuguesa?Já estamos na região, mais uma vez em

parceria com a ENI. Nós estamos num

segundo campo de exploração petrolífero

do país, pois o primeiro está a ser explora-

do pelos australianos e os resultados nesse

campo são bastante positivos. No segundo

campo, onde estamos, ainda se procedem

aos estudos pelo que o processo de ex-

ploração ainda está mais atrasado do que

acontece em Moçambique. Mas acredita-

mos no potencial de Timor-Leste.

Lusofonia deve ser importante para as empresas portuguesasNo fundo, ao percorrermos este traje-to internacional da Galp Energia, que não esgota obviamente a atividade de-senvolvida pela empresa no exterior, pretendemos mostrar a importância que os países de expressão portugue-sa espalhados pelos cinco continentes poderão ter para o desenvolvimento e o crescimento das empresas portuguesas. Como observa o papel e a importância da lusofonia para o mundo empresarial português?A minha posição sobre essa matéria é pú-

blica e tenho vindo a defender desde há

muitos anos que Portugal sendo um país

europeu e que possui uma economia bas-

tante dependente da própria economia

europeia, com a qual baseia cerca de 70%

do seu comércio externo, possui essa fra-

gilidade, mas possui também alguns fato-

res positivos.

A dependência da economia europeia

deve-nos obrigar a diversificar mercados

justamente para diminuir essa dependên-

cia. Ora, essa diversificação, para ser con-

sequente e positiva, terá de ocorrer para

os designados mercados emergentes. En-

tre estes contam-se obviamente Angola e

o Brasil, países que registam importantes

taxas de crescimento anuais.

Portanto, considero de primordial impor-

tância que Portugal e as nossas empresas

apostem decisivamente nesses mercados

para se desenvolverem e crescerem. O

exemplo da Galp Energia é paradigmático

e muito relevante.

Ainda a respeito da questão que colocou,

gostaria de sublinhar que cada vez mais

os países individualmente de pouco va-

lem, antes cresce a sua importância e ca-

pacidade de atuação no âmbito da sua in-

serção em plataformas regionais. É o caso

de Portugal no quadro da sua inserção e

atuação na União Europeia. É também o

caso do Brasil no quadro do Mercosul, ou

ainda de Angola e de Moçambique no âm-

bito da SADCC. E passa-se o mesmo mais

acima no continente africano com os res-

tantes países de língua portuguesa.

Naturalmente que essa relação de integra-

ção nos espaços regionais também poderá

constituir um grande potencial de apro-

veitamento dessas mesmas plataformas

regionais para a penetração empresarial

de países amigos nos restantes países de

cada uma dessas plataformas.

Por outras palavras, se é certo que o con-

junto dos países de língua portuguesa

possuem cerca de 250 milhões de habi-

tantes, se contarmos com todos os países

com que fazem fronteira, podermos colo-

car um potencial de dois mil milhões de

pessoas, pois não podemos esquecer neste

aspeto a importância de Macau e a sua

ligação à China. Tudo isto constitui um

grande potencial para irradiar negócios e

parcerias entre empresas do espaço lusó-

fono para essas áreas circundantes.

nas privatizações, preferência às empresas europeias e lusófonasO empresário José Roquette defendeu publicamente que no processo em curso de privatizações de empresas portugue-sas se deveriam privilegiar as empresas brasileiras que concorressem. Qual é a sua opinião sobre a melhor estratégia a seguir nas privatizações das nossas em-presas?Se pudesse preferir, em igualdade de con-

dições, preferiria em primeiro lugar as

empresas europeias, e depois as do espaço

lusófono. Do ponto de vista conceptual

faz mais sentido no quadro do modelo de

desenvolvimento apontado anteriormen-

te, ter uma empresa brasileira ou angola-

na do que uma empresa indiana, ou por

exemplo ter uma empresa alemã do que

uma sul-africana.

Eu sou defensor de um mercado único da

lusofonia, sou defender de uma liberaliza-

ção progressiva de capitais, de pessoas e

bens na lusofonia, no fundo de um maior

entrosamento no espaço lusófono.

Portanto, considera que os capitais an-golanos e brasileiros são bem-vindos para Portugal?São bem-vindos a Portugal, da mesma for-

ma que os capitais portugueses devem ser

considerados bem-vindos nesses países

(Angola e Brasil). Sou a favor das parce-

rias para o desenvolvimento conjunto de

todos os nossos países.

Repito o que afirmei atrás, em igualdade

de condições oferecidas nas propostas, e

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Janeiro 2012 | País €conómico › 4342 › País €conómico | Janeiro 2012

› EmPREsaRiado

este constitui um item fundamental, pre-

feriria que se desse preferência às empre-

sas europeias e lusófonas nas privatiza-

ções em Portugal.

diplomacia deve contribuir para fazer negóciosO que deverá constituir em sua opinião a diplomacia económica?É colocar a diplomacia ao serviço do fo-

mento económico, dos negócios, do esta-

belecimento de parcerias, de fomento do

comércio externo, no fundo, na promoção

de negócios bilaterais e multilaterais.

Portugal precisa de utilizar melhor a sua

extensa rede diplomática para efetuar

aproximações entre empresários portu-

gueses e dos diferentes países onde temos

representação diplomática, possibilitando

dessa forma a concretização de negócios,

seja em matéria de exportação seja na

componente de investimentos recíprocos.

É isso a diplomacia económica.

Os nossos diplomatas, em particular, e a rede diplomática portuguesa em geral, será capaz de se adaptar às mudanças profundas e necessárias que precisam de implementar nesse aspeto?Afigura-se uma necessidade de mudança

de mentalidades. Repare, exportar já não

é o que era antigamente, onde exportar

representava tão somente enviar para o

exterior um conjunto de produtos acaba-

dos. Ponto final.

Mas, esse tempo acabou.

No presente, exportar significa muito

mais do que isso, significa reter no país

de origem o máximo de valor acrescenta-

do, podendo a produção da empresa estar

localizada em países distantes, por exem-

plo, no Vietname, a criação de design estar

na Itália e a central de compras estar nos

EUA, mas a sede e os capitais estarem se-

diados em Portugal.

No fundo, é preciso que o país detenha

uma maior capacidade de mobilidade, e

para isso deve também contribuir o con-

junto da rede diplomática portuguesa

espalhada pelo mundo, com especial inci-

dência nos nossos próprios embaixadores.

Como observa e entende o futuro de Por-tugal?

Se a Europa tiver sucesso Portugal será

uma região da Europa com capacidade

de desenvolvimento e afirmação. Ou seja,

numa visão optimista, e eu sou sempre

optimista, se a Europa trilhar um cami-

nho de fortalecimento e de união inte-

grada, com centros de investigação euro-

peus, com universidades uniformizadas

e cursos reconhecidos em toda a Europa,

então, Portugal integrada nessa evolução

reforçada da construção europeia, apre-

sentará vantagens competitivas muito

interessantes, tanto pela sua localização

geográfica de abertura ao Atlântico, mas

precisamente pela nossa maior riqueza

que possuímos, justamente o mar e o sol.

Cada região europeia apresentará a sua

vantagem e especialização, e no caso de

Portugal, o aproveitamento das potencia-

lidades do mar, do clima, da gastronomia,

no fundo, das nossas potencialidades

turísticas, devem ser potencializadas e

devidamente aproveitadas num desígnio

de desenvolvimento e progresso presente

e futuro do país. Naquilo em que somos

bons, Portugal deve aproveitar de forma

mais intensa as nossas vantagens compa-

rativas e competitivas. ‹

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Janeiro 2012 | País €conómico › 4544 › País €conómico | Janeiro 2012

› EmPREsaRiado

Eduardo Pinto, Presidente da Comissão Executiva da Refer Telecom, apresentou a nova solução empresarial para as empresas portuguesas

cloud solutions é referência no mercado nacional

A Refer Telecom, empresa do universo da Refer, apresentou a nova gama de serviços

cloud com tecnologia da HP, que permitirá oferecer aos clientes o acesso a uma

infraestrutura de elevada performace. Baseada nos data centers da empresa localizados

em Lisboa, Porto e Viseu, Eduardo Pinto, Presidente da Comissão Executiva da Refer

Telecom, explicou que a nova solução permite grandes economias em termos de

tecnologias de informação aos clientes, bem como constitui uma solução tecnológica que

a empresa gostaria de exportar no futuro. O Brasil poderá mesmo ser um dos primeiros

mercados na internacionalização da Refer Telecom.

tExto › MANuEL GONÇALVES | FotoGRaFia › ARquIVO

a Refer Telecom anunciou no

princípio de Dezembro a sua

nova oferta de serviços e solu-

ções na área de cloud computing, fazen-

do uso para o efeito da sua infraestrutura

de fibra ótica, com abrangência nacional,

assim como nos Data Centers localizados

em Lisboa, Porto e Viseu. A plataforma

CloudSystem Matrix desenvolvida pela

HP foi a escolhida para suporte da ofer-

ta, permitindo disponibilizar uma oferta

completa tanto à Administração Pública

bem como ao Mercado Empresarial, des-

de a camada física até aos serviços cloud,

assente exclusivamente em território por-

tuguês.

A partir dos referidos Data Centers e de

uma rede de fibra ótica totalmente enter-

rada e com vários anéis de redundância,

conjugados com uma larga experiência

comprovada no desenho, implementação

e gestão de projetos de telecomunicações,

tecnologias de informação e de redes pri-

vativas de elevado desempenho, seguran-

ça e criticidade.

Deste modo, segundo a Refer Telecom, “o

cliente tem acesso a uma infraestrutura

de elevada robustez e alta performance.

Estes recursos incluem capacidade de

processamento (CPU), memória e espa-

ço para armazenamento (storage), ferra-

mentas de protecção (firewall anti-vírus),

salvaguarda (backups) e continuidade (Di-

saster Recovery)”.

De referir, segundo Eduardo Pinto, Pre-

sidente da Comissão Executiva da Refer

Telecom, que a qualidade do serviço que

a empresa tem prestado aos seus clientes

atingiu uma qualidade de 99,99 por cento,

de forma regular e sustentada, pelo que

«permite configurar uma certeza muito

grande quanto à qualidade do novo servi-

ço que colocamos à disposição dos nossos

clientes».

Constituída em 2001, a Refer Telecom

tem prestado sobretudo serviços à pró-

pria Refer, mas desde há alguns anos, essa

situação começou a modificar-se com a

empresa a diversificar o seu portfólio de

clientes, embora até ao momento, como

referiu Eduardo Pinto, tem estado mais

concentrada na prestação de serviços às

grandes empresas, tanto no campo das

telecomunicações, bem como nas tecnolo-

gias de informações.

Elucidativo é verificar o volume de negó-

cios alcançado em 2011 (24,1 milhões de

euros) pela Refer Telecom, onde os ser-

viços prestados à casa-mãe (Refer) já só

representaram 49% da faturação obtida,

enquanto as empresas de telecomunica-

ções representaram 44% e as empresas de tecnologias de informação representaram

7%. Ou seja, a empresa já obteve 51% de

receitas fora do quadro do próprio univer-

so Refer.

A tendência será para acelerar, acentuou

Eduardo Pinto, para quem o novo servi-

ço cloud poderá vir a abranger um leque

mais vasto de clientes, já não apenas as

grandes empresas, mas outras de menor

dimensão, nomeadamente as de caráter

médio e mesmo algumas designadas de

pequenas empresas, mas que vejam nos

serviços da Refer Telecom uma mais-valia,

não apenas do ponto de vista tecnológico,

mas igualmente na componente econó-

mica, pois segundo informação avançada

pela empresa a solução agora apresentada

poderá permitir uma poupança de cerca

de 22% face às empresas que apostam

numa infraestrutura própria.

Ainda a respeito dos resultados da Refer

Telecom em 2011, cujo volume de negó-

cios atingiu os 24,1 milhões de euros (25,2

milhões de euros em 2010), a empresa

informou que os resultados operacionais

atingiram os 3,9 milhões d euros, enquan-

to os resultados líquidos se cifraram nos

2,8 milhões de euros. Já quanto ao EBI-

TDA registou 7,5 milhões de euros.

Encontro Luso-Brasileiro sobre telecomunicações FerroviáriasA convite da Agência Nacional de Trans-

portes Terrestres do Brasil (ANTT), e

por iniciativa da Refer Telecom, uma

delegação ferroviária do Grupo Refer

deslocou-se ao Brasil para participar no

“Encontro Brasil e Portugal para Troca

de Experiências nas Telecomunicações

Ferroviárias”.

No Encontro, os representantes da Refer

Telecom tiveram a oportunidade de des-

crever e demonstrar algumas aplicaçõs e

sistemas em serviço na rede que desen-

volveram em Portugal, nomeadamente

na área da videovigilância, passagens de

nível, telefonia de exploração e CCOs.

Para além do Encontro na ANTT, a dele-

gação teve a ocasião de visitar o Centro de

Comando Operacional do Metro de São

Paulo, bem como visitou o Centro de Co-

mando, terminal ferroviário e instalações

portuárias da Companhia Vale, em S. Luís

do Maranhão. ‹

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Janeiro 2012 | País €conómico › 4746 › País €conómico | Janeiro 2012

› EmPREsaRiado

Exclusive Networks

um especialista em segurança informática

Há três anos em Portugal, a Executive Networks com sede em Lisboa, é vista como uma

empresa de referência europeia no lançamento e consolidação de novas tecnologias,

nomeadamente nas vertentes da Segurança e das Comunicações. Em entrevista que

concedeu à País €conómico, Sónia Casaca, Country Manager desta organização

considera «muito positivo» o saldo da acção em Portugal da Exclusive Networks

considerada um especialista e um diferenciador na área da Segurança Informática, onde

é um especialista.tExto › VALDEMAR bONACHO | FotoGRaFia › RuI ROCHA REIS

não obstante estar em Portugal

somente há três anos a Executi-

ve Networks tem vindo a assina-

lar um crescimento sustentado apreciável,

e mesmo em 2011 com uma crise instala-

da à escala planetária, Sónia Casaca está a

prever para este ano um crescimento de

20 por cento nos negócios da empresa,

que de 2009 para 2010 registou um cresci-

mento de cinquenta por cento.

«O saldo da presença da Exclusive Ne-

tworks é muito positivo. Contudo têm

existido também algumas dificuldades,

especialmente derivadas à crise mundial

que se regista hoje. No entanto, a área

da Segurança Informática continua a ser

uma preocupação dos nossos dias, e ainda

muito recentemente este assunto preen-

cheu as notícias dos principais jornais e

dos canais de televisão. Mas estamos a fa-

lar de uma área de grande interesse, uma

área de grande preocupação e constitui,

sem dúvidas, um valor acrescentado para

os nossos clientes, para os nossos parcei-

ros e para Portugal inteiro», disse Sónia

Casaca, que referindo-se ao portefólio da

Exclusive Networks sublinhou tratar-se de

um portefólio muito completo que abran-

ge as áreas de actividade mais díspares,

nomeadamente a Banca, a Saúde, a Ad-

ministração Central e as Autarquias. «Em

todas elas temos as soluções mais eficazes

adequadas ao mercado português que re-

presentam alguns dos mais conceituados

fabricantes de que somos distribuidores»,

salientou.

segurança informática uma área de grande futuroSónia Casaca refere que apesar da Exclu-

sive Networks ser portadora de um porte-

fólio bastante vasto ao nível da Segurança

Informática que vão ao encontro das ne-

cessidades do mercado português, e que

se complementam. «Apesar de termos

um portfólio vasto a nível de Segurança

Informática (hoje temos em Portugal 13

fabricantes, uns com maior enfoque pois

tudo depende do ano e do período que

coincida) que representam 13 produtos

que se complementam e todos eles fazem

parte da área de Segurança, incluindo a

área da Segurança Informática», escla-

receu a Country Manager da Exclusive

Networks, revelando desde logo que no

primeiro ano da empresa em Portugal o

portefólio inicial era constituído por seis

produtos, a maior parte deles novos no

mercado português.

«Havia alguns desses produtos que já

estavam a ser lançados em Portugal há

cerca de três anos antes de aqui nos ter-

mos fixado, mas a maior parte deles eram

produtos novos e muito inovadores, como

aliás são nossa tradição», resumiu a nossa

entrevistada.

tornar um ano difícil em oportunidadesApesar do crescimento acentuada que a

Exclusiva Networks assinalou em 2009 e

2010, Sónia Casaca não esconde que 2011

tem sido um ano repleto de dificuldades.

«O ano de 2011 está a ser difícil, o cresci-

mento não está a ser o mesmo dos anos

anteriores, mas mesmo assim projecta-

mos um crescimento à volta dos 20 por

cento, o que não é nada mau…», sublinhou

esta gestora, aproveitando desde logo

para lembrar que 2012 deverá ser um ano

muito mais difícil, apesar de existirem

expectativas porque a área da Segurança

Informática envolve um certo ineditismo

e, como tal, poderá vir a constituir, mes-

mo num ano difícil como se prevê que

seja 2012, um produto que continue a

despertar o mercado português, porque

é uma área que está a ser encarada por

diversos sectores empresariais como uma

área vital onde as apostas terão de prosse-

guir, tamanha é a seriedade desta questão.

«Temos soluções de vários tipos na área

da Segurança Informática que vão desde

a área de protecção de dados, protecção de

aplicações.

Ou seja, todo o nosso portfólio vai desde a

entrada num simples edifício à parte mais

interna do sistema de informação de uma

empresa», justificou a Country Manager

da Exclusive Networks.

A Exclusive Networks é uma empresa

distribuidora, não efectuando vendas di-

rectas. Essa competência está entregue a

revendedores com elevada experiência no

ramo, muito conhecedores das soluções

que fazem parte do portefólio da empre-

sa, técnicos que abraçaram com sucesso

a área das tecnologias de informação na

área da Segurança. «Estas pessoas estão

aptas a esclarecerem junto dos vários

agentes económicos e outras as vantagens

das nossas soluções, e esta tarefa envolve

muito trabalho de avaliação, consultoria e

auditoria. Avaliamos aquilo que está mal,

que está mais fragilizado e depois de toda

essa análise, avançamos.

Antes mesmo de concretizarmos qual-

quer projecto, realizamos o nosso relató-

rio interno que foque as principais neces-

sidades do cliente.

Sabemos que os nossos clientes detestam

as altas tecnologias, avaliamos as suas

pretensões, apresentamos relatórios para

serem apresentados à Administração e

para se ver onde está a parte mais fragi-

lizada da empresa», deixou claro Sónia

Casaca. ‹

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› EmPREsaRiado

Carlos Rocha, Presidente da EUROCABOS, SA

«Brasil vai ser a nossa próxima oportunidade»

Em entrevista que concedeu à País €conómico, Carlos Rocha, presidente da Eurocabos

descreve o crescimento sustentável que a Eurocabos tem registado ao longo dos seus

25 anos de existência, e salienta o significado que o mercado externo já tem para o

futuro deste projecto. «Angola tem sido o nosso principal mercado externo, seguindo-

se Moçambique e Cabo Verde, mas para atingirmos a meta dos 50% nas exportações

estamos a contar com o Brasil onde pensamos até 2015/2016 acrescentar uma

facturação anual entre os 5 e os 10 milhões de euros», sublinhou o presidente da

Eurocabos, SA.tExto › VALDEMAR bONACHO | FotoGRaFia › RuI ROCHA REIS

a excelência na qualidade dos pro-

dutos e serviços, e a relação com

os próprios clientes, têm sido a

base da estratégia e da filosofia seguidas

pela Eurocabos ao longo dos seus 25 anos

de existência, assinalados em Outubro

passado.

Mas será que mesmo em tempo de crise

como aquele que vivemos presentemente

é possível manter padrões de qualidade e

bons serviços?

Carlos Rocha, fundador e presidente da

Eurocabos está seguro que mesmo em

tempo de crise é possível manter produ-

tos de altíssima qualidade e prestar bons

serviços aos clientes.

A este propósito e em entrevista que gen-

tilmente concedeu à País €conómico,

Carlos Rocha lembrou que mesmo em

tempo de crise «não temos qualquer pro-

blema em exibir padrões de qualidade

elevados, tradição, aliás, que tem sido apa-

nágio da Eurocabos nestas duas décadas e

meia de vida».

Segundo o presidente da Eurocabos,

«quando em 1986 apostei na criação de

uma empresa distribuidora, a minha

aposta foi sempre numa empresa distri-

buidora não de terceiro andar, mas numa

empresa distribuidora de armazém pre-

parada para entregar produtos no mesmo

dia ou no dia seguinte. Essa foi sempre a

minha filosofia e tenho-me dado bem com

ela, até porque me permite uma relação

própria e muito estreita com os clientes,

garantindo-lhes ao mesmo tempo pro-

dutos de altíssima qualidade. Aliás, uma

das razões da preferência dos nossos

clientes por nós é o facto de sentirem que

ao trabalharem com a Eurocabos têm os

seus problemas resolvidos, porque nunca

ficam com as obras paradas por falta de

materiais», esclareceu Carlos Rocha, enge-

nheiro mecânico e grande obreiro deste

projecto.

O nosso entrevistado fez questão de subli-

nhar a postura séria que a Eurocabos tem

mantido ao longo de todos estes anos nos

mercados onde está presente. «A serie-

dade tem sido uma das nossas melhores

marcas, e não podia ser de outra forma»,

diz Carlos Rocha, para justificar que «nes-

te ramo de actividade há as solicitações,

os concursos, as encomendas, e as exigên-

cias por parte dos clientes são cada vez

maiores. A partir de uma determinada

altura assistiu-se ao aparecimento do just-

-in-time, mas esta prática já é seguida e já

está enraizada pela Eurocabos há muitos

anos. Desde há muito que garantimos

a distribuição e a entrega de produtos e

equipamentos num período de 24 horas, e

por vezes até em menos tempo», recordou

o presidente da Eurocabos.

Esta empresa que tem os seus Serviços

Centrais no lugar de Sabugo (Pêro Pinhei-

ro), nas proximidades de Lisboa distribui

os seus negócios em três áreas de activi-

dade: Uma diz respeito à parte de energia

dos cabos normais e correntes de energia,

depois existe a gama de cabos especiais

com a qual poucos distribuidores traba-

lham («inclusivamente temos concorren-

tes no mercado que se servem do nosso

apoio para poderem responder às necessi-

dades dos seus clientes, sobretudo na área

dos cabos especiais»), e existe ainda na

Eurocabos uma área de Telecomunicações

onde entram as fibras ópticas e as cabla-

gens estruturadas para computadores.

Embora o “cérebro” da Eurocabos esteja

localizado em Sabugo, esta empresa tem

uma delegação em Vila Nova de Gaia, e

está representada no Algarve e nas cida-

des espanholas de Barcelona, Madrid, La

Coruña, Bilbao, Málaga e Las Palmas.

Para se ser tão rápido e tão preciso na ac-

tividade que exerce, a Eurocabos (e tive-

mos a oportunidade de testemunhar isso

mesmo) tem uma retaguarda fortíssima

que tudo faz para que a entrega dos seus

produtos e equipamentos se processe a

um ritmo satisfatório que vá ao encontro

das necessidades e exigências dos seus

clientes.

Carlos Rocha alega que a retaguarda da

Eurocabos consubstancia-se na riqueza

dos seus stocks, muito variados e repre-

sentando algumas das marcas mais pres-

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Janeiro 2012 | País €conómico › 5150 › País €conómico | Janeiro 2012

› EmPREsaRiado

tigiadas de fornecedores europeus e até

mundiais. «Hoje não está acontecer tanto

isso, mas chegámos a ter aqui entre 9 a 10

milhões de euros de materiais em stock

para servirem a nossa clientela, e estamos

a falar de materiais que na nossa especia-

lidade cobrem todas as áreas. Podemos

dizer sem rodeios que dentro da nossa

actividade existe no nosso armazém de

stocks “tudo como na Farmácia”. O pre-

sidente da Eurocabos referiria também

«que em função dos prazos de entrega

que nós conhecemos dos nossos fornece-

dores, vamos adaptando os nossos stocks

à resposta que deles nos chega. Estamos

a falar de fornecedores que trabalham a

três meses, e por isso mesmo temos de

saber atempadamente a programação das

compras, mas também temos fornecedo-

res com entregas mais rápidas. Quando

vamos para uma obra o que acontece que

temos sempre uma parte dos materiais

disponíveis em stock para o instalador co-

meçar a trabalhar, e a outra parte de ma-

teriais é-nos entregue pelos fornecedores

em tempo acordado não prejudicando a

acção do instalador», relata Carlos Rocha.

um stock de produtos de grande dimensãoEste empresário sabe bem que a sua em-

presa tem de corresponder às expecta-

tivas do mercado, um mercado que está

em constante mutação e muito rendido

às soluções mais modernas e exigentes.

«Entre o portfólio de produtos que nós

temos em stock assiste-se a uma grande

evolução. Vamos adaptando e vamos re-

cebendo os feedbacks dos fabricantes de

novos lançamentos, há depois que fazer

o trabalho junto das engenharias para

promover os nossos produtos e as nossas

soluções, e a partir daí estar no mercado

com todos esses produtos. E isso é o que

temos feito durante toda a vida da empre-

sa», sobressai o presidente da Eurocabos,

para dizer ainda a este propósito que a

Eurocabos tem apostado muito nesta área

e inclusivamente «temos alargado a nossa

gama de produtos, porque esta é uma em-

presa de cabos que hoje vende uma série

de materiais que não têm nada a ver com

cabos».

Carlos Rocha recorda o modo como de-

cidiu abraçar o projecto da Eurocabos.

«Eu trabalhava numa fábrica em que eu

estava a ter problemas relacionados com

a qualidade e modernização dos produ-

tos e que não estava a corresponder às

expectativas que eu tinha. Para além dis-

so era uma empresa familiar envolta em

questões familiares que prejudicavam

de certa maneira a normalidade da ges-

tão. E resolvi sair para em 1986 abraçar

a Eurocabos, e olhando para trás e apesar

de me aperceber que nem tudo tem sido

fácil, reconheço que valeu a pena apostar

nesta empresa e ver aquilo que ela é hoje

fruto de muito trabalho e muita dedicação

de todos os que aqui trabalham», recorda

com alguma saudade o presidente da Eu-

rocabos que aproveitaria a oportunidade

para sublinhar que «este projecto foi cons-

truído com base em conhecimentos que

recebi de alguns clientes, de empresas que

estavam à procura de quem as represen-

tasse em Portugal. Fui desenvolvendo con-

tactos e a pouco e pouco fui conseguindo

fazer da Eurocabos a empresa respeitada

que ela é hoje», disse Carlos Rocha que

fez questão de referenciar nesta entrevis-

ta «alguns parceiros do dia-a-dia e com

quem mantemos relações de negócios (e

que também são de grande amizade) há

muitos anos», revive.

Representar as melhores do mundoSão os casos da General Cable (líder no

fabrico de cabos a nível mundial), a Alca-

tel (fornecedor de referência em Portugal

no domínio das telecomunicações e for-

necimento de soluções de comunicações

avançadas), a Prysmian (um dos líderes

no sector dos cabos e sistemas de alta tec-

nologia para energia e telecomunicações),

e mesmo o Grupo Cabelte (líder no domí-

nio do fabrico de cabos eléctricos e de te-

lecomunicações, para não falar de muitos

outros nomes de grande prestígio que a

Eurocabos se honra representar.

E quando é que a Eurocabos decidiu ir

para o mercado externo?! Carlos Rocha

faz um curto exercício de memória, como

que a pretender recordar-se dessa data.

«Isso já foi há muito tempo, foi por volta

de 1993 ou 1994. «Apareceu-me um ami-

go, que era também cliente e distribuidor,

que possuía uma pequena empresa em

Barcelona que estava a passar por dificul-

dades. Pediu-me que o ajudasse pois ele

não tinha condições para continuar com

a empresa, achei que poderia ser uma

oportunidade, comprei-lhe a empresa, fi-

quei com os empregados que lá estavam

e comecei a trabalhar em Espanha. A in-

ternacionalização da Eurocabos começou

por Espanha, e hoje para além de estar-

mos em Barcelona, estamos também em

Madrid, Sevilha, Málaga, e Las Palmas de

Gran Canária. Depois temos alguma pre-

sença através de representantes na Galiza

e no País Basco», revelou Carlos Rocha.

Angola é um mercado que interessa à

Eurocabos? «Interessar, interessa», diz

Carlos Rocha que visitou aquele país pela

primeira vez em 1997/1998. «Tentámos

algumas parcerias com portugueses que

já lá estavam há muito tempo, mas as coi-

sas não resultaram. Por esse motivo nunca

nos decidimos em ir para Angola sozinho

e com uma presença logística forte. Neste

momento estamos a pensar numa nova

parceria em Angola, mas uma parceria

com um pequeno stock e a funcionar com

um representante nosso, sendo que os for-

necimentos passarão sempre de Portugal

para Angola, sem grandes investimentos

em armazéns. Temos realizado bons negó-

cios com Angola mas sempre através de

instaladores, especialmente instaladores

portugueses que estão lá, que nós já ser-

víamos aqui, e agora estamos a servi-los

em obras lá em Angola. Este tem sido o

melhor procedimento, a melhor aposta»,

resumiu o presidente da Eurocabos.

A fechar esta entrevista, Carlos Rocha

falaria do interesse da Eurocabos pelo

mercado do Brasil. «Estamos a ultimar

pormenores jurídicos e outros que con-

duzam à constituição de uma empresa na-

quele país conjuntamente com um sócio

brasileiro, e as nossas perspectivas é que

isso venha a acontecer já a partir de 2012.

Tudo caminha para que essa empresa se

localize no Estado do Espírito Santo, bem

localizado estrategicamente, que possui

um porto novo, moderno e com grande

capacidade operacional. O Brasil é uma

economia em ascensão, pelo menos por

mais uns anos.

Depois de estarmos ali instalados preve-

mos que lá para 2015 ou 2016 aquele mer-

cado externo nos permita um acréscimo

de facturação entre os 5 e os 10 milhões

de euros», perspectivou Carlos Rocha

que quer que a Eurocabos atinja o mais

rapidamente possível o índice de 50 por

cento no mercado externo. «O Brasil vai-

-nos ajudar a conseguir esses objectivos»,

concluiu. ‹

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Janeiro 2012 | País €conómico › 5352 › País €conómico | Janeiro 2012

› aLimEntação

Fernando Carpinteiro Albino, Presidente da CARNALENTEJANA, SA e a conquista do “Prémio Melhor Empresa Alentejana de 2011”.

«É acima de tudo um prémio à produção agrícola»

No dia em que nos encontrámos na sede da Carnalentejana, SA em Elvas para

realizarmos esta entrevista, Fernando Carpinteiro Albino, presidente desta empresa e

um dos mais respeitados empresários da Região do Alentejo tinha razões de sobra para

sorrir. É que depois de ter sido nomeado pela segunda vez consecutivo produtor do ano

em Portugal, a Carnalentejana, SA acabara de receber o “Prémio de Melhor Empresa

Alentejana de 2011”, iniciativa integrada na 10ª. Edição dos Prémios Mais Alentejo

2011. Em entrevista à País €conómico, Fernando Carpinteiro Albino considerou esta

distinção como «algo reconfortante», porque ela no fundo «traduz o reconhecimento

pelo trabalho que temos vindo a realizar», mas deixou bem sublinhado que este é acima

de tudo um prémio e uma homenagem à Produção Agrícola.

tExto › VALDEMAR bONACHO | FotoGRaFia › RuI ROCHA REIS

com mais de vinte anos de existência a Carnalentejana é

neste momento o maior agrupamento nacional de produ-

tores em produção extensiva, e no entender do seu presi-

dente Fernando Carpinteiro Albino traduz uma responsabilidade

acrescida.

O facto de a Carnalentejana ter sido reconhecida pelo segundo

ano consecutivo como produtor do ano em Portugal (em 2010

e 2011) e de em 2011 ter sido distinguida como a melhor em-

presa do ano numa iniciativa que se integrou na 10ª. Edição dos

Prémios Mais Alentejo, é visto por Fernando Carpinteiro Albino

como o corolário de uma luta de coragem que teve o seu início

em 1 de Junho de 1992, data da constituição da Carnalentejana.

«Estas atribuições são importantes para nós, que procuramos dia-

-a-dia levar por diante um trabalho de qualidade ao nível do sector

onde operamos. E ao escolher-se a Carnalentejana como a melhor

empresa alentejana do ano também tem um significado especial

para nós, porque esta distinção partiu dos leitores da Revista

Mais Alentejo, que são consumidores dos nossos produtos. Ao

terem votado em nós quiseram dizer-nos que estamos no cami-

nho certo e correcto, e isso agrada-nos sobremaneira», salientou o

presidente da Carnalentejana, para sublinhar uma vez mais que

«foi muito reconfortante recebermos um prémio como este», que

também (como faz questão de referir) é um prémio à produção

agrícola. «Nos tempos que decorrem é bom receber-se um prémio

como este, até porque Portugal precisa de produção agrícola. Afi-

nal de contas, os leitores e os consumidores ao estarem a eleger

a Carnalentejana numa iniciativa onde estiveram presentes pro-

dutores de grande prestígio como o Grupo Delta, encheram-nos

de orgulho e deram-nos ainda mais força para transformarmos o

nosso projecto mais forte e mais competitivo. Mas, repito, este é

um prémio que, antes de mais, é um reconhecimento à produção

agrícola», deixa claro Fernando Carpinteiro Albino, nascido há 66

anos, e que se considera um jovem agricultor já que se iniciou na

agricultura em 1979, logo após o período conturbado da Reforma

Agrária.

Produtores devem-se organizar em agrupamentosNo decorrer da Gala que assinalou a entrega do Prémio da Melhor

Empresa Alentejana de 2011, Fernando Carpinteiro Albino, ao re-

ceber esta distinção, desejou que este prémio «sirva para que os

produtores agrícolas que ainda não estejam organizados em agru-

pamento, que o façam», acrescentando que está mais do provado

que a produção organizada tem possibilidades de ir mais longe,

de ter mais sucesso. «E para Portugal que vive momentos que não

são os mais agradáveis, isto pode ser bom », destacou o fundador

da Carnalentejana.

O nosso entrevistado não escondeu a satisfação por constatar

que este prémio acaba por ser o corolário de uma luta difícil que

transformou a Carnalentejana num projecto vitorioso. «Quando

arrancámos éramos 33 criadores de bovinos alentejanos, e passa-

dos 20 anos, esse número cresceu substancialmente. Somos neste

momento 141, o último dos quais o conhecido empresário e cria-

dor, Manuel Rui Azinhais Nabeiro que aderiu à carne alentejana,

produtores pecuários associados da Carnalentejana, que se reú-

nem a uma marca que comercializa os seus produtos não só em

Portugal mas também em vários países europeus e em África»,

recordou Fernando Carpinteiro Albino, que revela os pilares que

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Janeiro 2012 | País €conómico › 5554 › País €conómico | Janeiro 2012

› aLimEntação

têm sustentado a Carnalentejana através

dos anos: Trabalho, Qualidade e Trans-

parência.

Fernando Carpinteiro Albino reconhece

nesta entrevista à P€ que era quase ima-

ginável prever-se naquela altura (há 20

anos atrás) que a Carnalentejana viesse a

atingir o grau de desenvolvimento e a po-

sição que ocupa hoje no seu sector de acti-

vidade. «Ao longo destes anos há factores

que têm sobressaído, e o empenho, a von-

tade de trabalharmos em conjunto que

temos manifestado ao longo deste per-

curso, a vontade de sermos cada vez mais

inovadores e a preocupação que temos

tido sempre com as questões relacionadas

com a qualidade (especialmente o cuida-

do enorme com a prova da qualidade, ou

seja com a certificação dos nossos produ-

tos), tudo isto são factores determinantes

para que a Carnalentejana seja reconhe-

cida como um projecto de vanguarda»,

justificou Fernando Carpinteiro Albino

que aproveitaria para dizer que sempre

lutou para que a Carnalentejana optasse

por umas dupla certificação. «Porque nós

temos o produto certificado pela Certis

e temos depois todo o nosso modelo de

gestão e todo o nosso modelo de trabalhar

certificados pela Lloyds, um grupo muito

antigo que não certifica qualquer entida-

de. A certificação dos bens alimentares é

cada vez mais essencial e o rigor da Lloyds

garante-nos a tranquilidade para quem,

como nós, quer estar na primeira fila das

exigências com a qualidade», sublinhou o

presidente da Carnalentejana, para dizer

ainda a este propósito que a orientação

que desde o princípio foi dada à empresa

no sentido desta dupla certificação está

neste momento a recolher os seus frutos.

Rigor na qualidadeFernando Carpinteiro Albino reconhece

que a Carnalentejana ao ter-se sujeitado a

uma certificação com as exigências e com

o rigor da Lloyds, desde logo estava a assu-

mir um compromisso com os mais eleva-

dos padrões de qualidade. «Assumo esse

compromisso e digo-vos a propósito que

como estamos absolutamente à vontade

em termos da confiança que nós temos na

nossa produção, optámos por uma certi-

ficação no âmbito da Lloyds, que é muito

exigente e rigorosa, e estamos completa-

mente à vontade em termos da confiança

que nós temos na nossa produção, Temos

as nossas portas abertas durante as 24

horas para qualquer entidade, nomeada-

mente a entidade certificadora», justificou

o presidente da Carnalentejana.

Fernando Carpinteiro Albino falara de

Manuel Rui Azinhais Nabeiro sem escon-

der uma certa emoção, e sobre esta figura

bem conhecida em todo o País e muito

especialmente no Alentejo, teceria pala-

vras muito carinhosas. «A pessoa de que

estamos a falar já tem 80 anos, e ninguém

é eterno. Mas a obra que ele já construiu

é um orgulho para todos os alentejanos.

Pena é que em Portugal não existam mil

ou dois mil homens como este, pois se

existissem não estaríamos como estamos

hoje. Teríamos o interior do País povoado,

porque o Grupo Delta tem a sua sede em

Campo Maior e o desenvolvimento que lá

existe, a ele se deve», sublinhou o presi-

dente da Carnalentejana.

criar parcerias duradoirasSerá que Fernando Carpinteiro Albino

também está preocupado com a crise que

nos afecta. Uma pausa, e veio a resposta.

«E quem é que não está?! Preocupados

estamos todos, mas a nossa preocupação

combate-se. E combate-se com muito tra-

balho e com muita inovação. Temos de

estar sempre a inovar em novos produtos,

atractivos, que despertem as atenções dos

mercados. E isso que temos feito sempre.

No princípio do ano vamos apresentar

novos produtos, à semelhança do que já

aconteceu este ano, e ainda por cima fo-

ram eleitos produtos do ano. Portanto a

inovação e o trabalho são indispensáveis

para vencermos esta crise», comentou

Fernando Carpinteiro Albino.

Para este empresário, a Carnalentejana é

uma força de desenvolvimento e de pro-

gresso. «A marca Carnalentejana está pre-

sente em todas as grandes superfícies por-

tuguesas e também já nas estrangeiras.

Hoje em dia já estamos no estrangeiro,

nomeadamente em Angola que conside-

ramos um mercado importante. Sabemos

que por vezes nas relações comerciais

com estes países externos existem pro-

blemas, nomeadamente aqueles que se

prendem com a liquidez. Mas existem

mecanismos que nos dão confiança. Tra-

balhamos naquele país africanos com os

grupos Zahara e Kero, que são os nossos

distribuidores em Angola e que possuem

uma cadeia de supermercados. Quer isto

dizer que tal como acontece em Portugal,

também em Angola estamos a ser ven-

didos numa cadeia de supermercados»,

esclareceu Fernando Carpinteiro Albino,

que encerrou esta entrevista com a P€

lembrando que a Grande Distribuição é

em Portugal o principal mercado da Car-

nalentejana. «Vimos na Grande Distribui-

ção o nosso grande parceiro.

Além de uma relação de fornecedora e

compradora, a nossa relação com estes

grupos excede um bocado a relação nor-

mal, porque temos verdadeiras parcerias

basicamente com todos os grupos, e par-

cerias que já tê, (algumas) mais de dez

anos, e que traduzem a nossa maneira de

estar no mercado», concluiu o presidente

da Carnalentejana. ‹

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› aLimEntação Economia iBÉRica

a Carmim, maior produtora de vi-

nhos do Alentejo e €Cooperativa

do Ano€ segundo a revista Vi-

nhos, comemorou em 2011 os seus 40

anos de existência com vários lançamen-

tos assumindo um especial destaque o

Vinho Licoroso Edição Comemorativa 40

Anos. Este licoroso Monsaraz pretendeu

juntar um momento doce aos vários que

têm proporcionado ao longo dos anos,

tendo sido obtido a partir das castas An-

tão Vaz, Gouveio e Semillon. Esta é uma

produção limitada a 1.408 garrafas e tem

um PVP de 100,00 €.

Mas, as novidades do final do ano da Car-

mim não se ficaram pelo vinho licoroso,

antes incidiu também no lançamento de

uma Aguardente Vínica Velha Monsaraz,

obtida a partir das castas Síria

e Rabo de Ovelha. O estágio

ocorreu durante 7 anos

em balseiro novo de

4000 litros de car-

valho Limou-

sin. Mas, uma

empresa produtora

de vinhos vive também

de prémios obtidos, e mais

um vinho da Carmim, o vinho

branco Régia Colheita Reserva DOC

Reguengos 2010, alcançou a medalha

Tambuladeira de Ouro, atribuída pela As-

sociação dos Escanções de Portugal, que o

elegeu como sendo o €Vinho do Mês.

Finalmente, é de destacar o facto de a

Carmim ter visto o seu Monsaraz Azeite

Virgem Extra, um produto gourmet, obter

91 pontos, classificação que equivale a um

excelente, numa prova cega organizada

pela Associação dos Escanções de Portu-

gal. ‹

viniPortugal reforça promoção externaDecorreu nas instalações do CNEMA em Santarém o

Fórum Anual ViniPortugal 2011, que teve como ponto

forte a apresentação do plano de promoção dos vinhos

portugueses para o ano de 2012, assim como os cerca de

250 participantes tiveram a oportunidade de analisar e

avaliar os diferentes desafios que o sector enfrenta para o

escoamento, exportação e recepção por parte dos merca-

dos importadores de produtos vitivinícolas portugueses.

No arranque do Fórum, o secretário de Estado da Agri-

cultura, José Diogo Albuquerque, reforçou o interesse e o

valor de se conseguir potenciar as exportações de produ-

tos agrícolas e vitivinícolas para apoiar o relançamento

da economia nacional, tendo de seguida Jorge Monteiro,

presidente da ViniPortugal salientado que «o investi-

mento que estamos a fazer é seguro, pois estaremos a

marcar presença em todos os principais eventos mun-

diais do sector, estaremos a dialogar com os canais de

distribuição e de venda, bem como estaremos a chegar

junto do consumidor final.

Procuramos criar um plano que nos permita tornar os

vinhos portugueses conhecidos e reconhecidos por todos

os agentes».

O investimento promocional da ViniPortugal estará

concentrado em oito mercados estratégicos, respectiva-

mente, nos EUA, Brasil, China, Canadá, Angola, Portugal,

Reino Unido, Países Nórdicos e Alemanha. ‹

Vinho licoroso especial em aniversário especial

carmim em 40 anos produtivos

Paços de Ferreira e Paredes apostam na internacionalização

as associações Empresarial de Paços de Ferreira (AEPF)

e Empresarial de Paredes (AEParedes) assinaram pro-

tocolos com a Associação Portuguesa das Indústrias de

Mobiliário e Afins (APIMA), visando estabelecer um quadro de

cooperação no âmbito do apoio à internacionalização das empre-

sas de mobiliário de Paços de Ferreira e de Paredes. O objectivo é

poder reforçar a aproximação ao principal instrumento de aces-

so aos mercados externos da indústria de mobiliário portuguesa,

através da cooperação interinstitucional.

De referir que como parte integrante do plano estratégico da API-

MA, o Interfurniture visa essencialmente dar continuidade ao

esforço realizado em concertação com a estratégia individual das

empresas, possibilitar ao sector penetrar em mercados prioritá-

rios, afirmar-se perante a concorrência, desenvolver-se de forma

sustentada e aumentar o seu volume de negócios internacional.

Lançada em finais de 2008 com o apoio do Compete, o Interfur-

niture constitui a mais forte campanha de comunicação externa

do sector de sempre, com um investimento acumulado de 11 mi-

lhões de euros.

Entretanto, no quadro da realização de feiras na região espanhola

da Galiza, a Associação Empresarial de Paços de Ferreira levou a

efeito em Novembro passado uma feira na cidade de Vilagarcia de

Arosa, e já no início de Dezembro último, um conjunto de empre-

sas da Capital do Móvel esteve presente na ExpoCorunha, que se

realizou nesta cidade do norte da Galiza com a presença de mais

de 80 mil visitantes. ‹

oni e alcatel ligam Lisboa a Badajoz em alta velocidadeA Oni Communications e a Alcatel-Lucent, anunciaram o estabe-

lecimento de uma ligação de alta velocidade a 100 Gigabit por

segundo, através da rede de fibra óptica que liga Lisboa a Badajoz

em Espanha, criando uma das redes de dados mais rápidas e com

maior capacidade na Europa.

Para consegui-lo, a Alcatel-Lucent actualizou a ligação da Oni

Communications, de 10G para 100G, permitindo aumentar assim

a capacidade de lidar com o tráfego da ligação de fibra óptica e,

simultaneamente, reduz o consumo de energia e os seus custos

de operação e manutenção. Para Ilídio Cardoso, administrador da

Oni Communications, «tirar o máximo partido das redes de fibra

óptica existentes, é extremamente importante para a Oni, pois

permite-nos dar resposta às contínuas solicitações de crescimento

de tráfego». Já para António Beato Teixeira, responsável pelas ac-

tividades de negócios da Alcatel-Lucent em Portugal, referiu que

«estamos plenamente empenhados em apoiar a evolução da rede

da Oni, permitindo-lhe oferecer os serviços empresariais mais

avançados e da mais alta qualidade aos seus clients». ‹

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› a FEchaR

China Tree Gorges é a vencedora da privatização de 21,35% do capital da EDP

Pacote financeiro e apoio económico decisivos

a China Tree Gorges venceu a privatização dos 21,35% do

capital da EDP que o Estado decidiu vender no âmbito

do processo de privatizações em curso. A empresa chi-

nesa apresentou uma oferta de 3,45 euros por acções, o que per-

fazia o valor de 2,693 mil milhões de euros, um prémio de 53,6%

face à cotação da empresa no dia 21 de Dezembro, dia anterior à

decisão que escolheu a companhia chinesa como vencedora do

concurso.

Para além da aquisição dos 21,35% detidos até agora pela Parpú-

blica, a China Tree Gorges injetará mais dois mil milhões de eu-

ros na aquisição de parques eólicos detidos pela EDP Renováveis,

estando também disponível para garantir um financiamento até

mais dois mil milhões de euros na praça financeira de Hong Kong,

verba essencial para garantir as necessidades de financiamento

da EDP, nomeadamente no que respeita ao refinanciamento da

sua dívida, atualmente em cerca de 16,5 mil milhões de euros.

Por outro lado, fontes ligadas ao processo estimam que os inves-

timentos globais chineses em Portugal em virtude desta vitória

possam ultrapassar os oito mil milhões de euros, entre os quais se

contam a construção de uma fábrica de produção de turbinas eó-

licas para futura exportação para os mercados europeus, podendo

gerar receitas anuais de 500 milhões de euros. ‹

EdP Renováveis cresce no BrasilA EDP Renováveis conseguiu celebrar contratos para

a venda de eletricidade a longo prazo no Brasil, ao

conseguir no último leilão do ano no setor ganhar a

licitação de um os principais parques eólicos – Baixa

do Feijão - no estado do Rio Grande do Norte. A venda

da eletricidade gerada está garantida a partir de 2016

para 120 MW. O investimento no futuro Parque da

Baixa do Feijão ascenderá a mais de 190 milhões de

euros e gerará receitas globais equivalentes a 390 mi-

lhões de euros. ‹

soares da costa constrói shopping em LuandaO consórcio Soares da Costa/Griner vai construir o Shopping

Fortaleza junto ao viaduto da nova marginal em Luanda, num

investimento de 62,7 milhões de dólares e para uma obra que de-

verá ser concluída em 18 meses. O empreendimento, com frente

virada para a Baía de Luanda, integra um edifício de sete pisos. A

Soares da Costa referiu, em comunicado, que assim reforçou a sua

carteira total de encomendas no mercado angolano, que, recorde-

-se, já somava no final do terceiro trimestre de 2011 um valor de

484 milhões de euros. ‹

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